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Pedro Menezes: Professor de Filosofia, Mestre em Ciências da Educação

Que a Filosofia nasceu na Grécia antiga todo mundo sabe. Que teve um importante
momento na Alemanha e na França também. Mas hoje, vamos falar dos pensadores e
pensadoras da filosofia no Brasil. Escolhemos, dentre muitos, oito filósofos e filósofas
brasileiros que buscam popularizar a filosofia e que você já conhece ou deveria conhecer.

Os autores e autoras dão continuidade à área de conhecimento nascida na Grécia antiga e


propõem, cada um a seu jeito, formas filosóficas interessantes de interpretar a realidade.

1. Djamila Ribeiro (1980)

Djamila Ribeiro, mestre em filosofia política pela Unifesp, é especialista em questões de


desigualdades raciais e de gênero, além de ser um dos grandes nomes da filosofia
atualmente.

Seu livro O que é Lugar de Fala? (2017) tornou-se referência e é uma leitura incontornável
para quem se interessa pelos temas.

Nele é abordada a questão de privilégios a partir de uma noção de que o padrão do


homem branco é entendido como padrão universal. Essa perspectiva coloca à margem e
silencia todas as outras falas (de mulheres, negros e negras e outros grupos silenciados
historicamente). A autora propõe a quebra do silêncio e a promoção da fala desses grupos.

Também é autora do livro Quem tem Medo do Feminismo Negro? (2018), é colunista da
revista Carta Capital e possui uma ampla atuação na mídia e nas redes sociais.

Minha luta diária é para ser reconhecida como sujeito, impor minha existência numa
sociedade que insiste em negá-la.

2. Mario Sergio Cortella (1954)

Mario Sergio Cortella é formado em Filosofia e Doutor em Educação pela PUC-SP, tendo
sido orientado por Paulo Freire.

Seu pensamento engloba, principalmente, as questões relativas ao cotidiano e suas


relações com a Ética e a Educação. Acredita na democratização dos conhecimentos e da
filosofia. Busca viabilizar o acesso ao pensamento filosófico tradicional e sua relação com
o dia a dia. Utiliza as redes sociais e a internet para divulgar seus trabalhos.

Tem livros publicados que fazem esse elo, como A Sorte Segue a Coragem!
Oportunidades, competências e tempos de vida (2018). Por que Fazemos o que Fazemos?
- Aflições vitais sobre trabalho, carreira e realização (2016), Ética e Vergonha na Cara!
(com Clóvis de Barros, 2014), Descartes: A Paixão pela Razão (1988), entre outros.

O conhecimento serve para encantar as pessoas, não para humilhá-las.


3. Luiz Felipe Pondé (1959)
Luiz Felipe Pondé é doutor em Filosofia pela Universidade de São Paulo (USP) e pós-
doutor pela Universidade de Tel Aviv, em Israel.

Em 2012, lançou o Guia Politicamente Incorreto da Filosofia. No livro, o autor afirma que os
grupos sociais excluídos reivindicam para si o monopólio do sofrimento e defendem uma
"mentira universal" chamada de "politicamente correto".

O filósofo se considera um liberal conservativo ou liberal-conservador. Segundo ele, o


pensamento do filósofo inglês David Hume é uma união entre o pensamento liberal para a
economia com o conservadorismo dos costumes.

Como pesquisador, é especialista em Pascal, tendo publicado alguns livros sobre o


pensamento do filósofo e matemático francês.

Escreve para uma coluna no jornal Folha de São Paulo onde comenta sobre a política e
questões relativas ao cotidiano.

Quando se deixa de acreditar em Deus, passa-se a acreditar em qualquer besteira… na


natureza, na história, na ciência ou em si mesmo. Essa última eu acho, é a pior de todas.
Coisa de gente cafona.

4. Marcia Tiburi (1970)


Marcia Tiburi é doutora em Filosofia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul
(UFRGS), especialista no pensamento de Adorno e na Escola de Frankfurt. Seus trabalhos
estão relacionados com a filosofia contemporânea.

A filósofa aborda temas sobre a indústria cultural, comunicação de massa e as redes


sociais. Durante anos, participou de um programa de tv em que comentava questões
cotidianas e relacionadas ao feminismo.

Atua também politicamente. Em 2018, foi candidata e disputou as eleições para a


prefeitura do Rio de Janeiro pelo Partido dos Trabalhadores.

É autora dos livros:

Filosofia pop (2011);


Como Conversar com Um Fascista - Reflexões sobre o cotidiano autoritário brasileiro
(2015);
Ridículo Político: uma investigação sobre o risível, a manipulação da imagem e o
esteticamente correto (2017);
Delírio do poder – Psicopoder e loucura coletiva na era da desinformação (2019), em que
narra sua experiência nas eleições cariocas.
Se levarmos em conta que falar qualquer coisa está muito fácil, que falamos em excesso e
falamos coisas desnecessárias, um novo consumismo emerge entre nós, o consumismo
da linguagem. O problema é que ele produz, como qualquer consumismo, muito lixo. E o
problema de qualquer lixo é que ele não retorna à natureza como se nada tivesse
acontecido. Ele altera profundamente nossas vidas em um sentido físico e mental. O que
se come, o que se vê, o que se ouve, numa palavra, o que se introjeta, vira corpo, se torna
existência.
5. Marilena Chauí (1941)
Marilena Chauí é uma das mais importantes filósofas do Brasil. É especialista em Spinoza
e possui importantes trabalhos sobre o autor. É autora de diversos livros didáticos e de
introdução à filosofia utilizados em todo o país.

A filósofa também possui uma grande atuação política. Foi membro-fundadora do Partido
dos Trabalhadores e secretária de cultura da cidade de São Paulo.

É professora da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de


São Paulo (FFLCH-USP), foi laureada com títulos de doutora honoris causa por diversas
universidades do Brasil e do mundo.

É autora dos livros O que é Ideologia? (1980), Convite à Filosofia (1994), vencedor do
Prêmio Jabuti, Nervura do Real (2000), vencedor do mesmo prêmio, entre outros.

A lógica ideológica só pode manter-se pela ocultação de sua gênese, isto é, a divisão
social das classes, pois sendo missão das ideologias dissimular a existência dessa divisão,
uma ideologia que revelasse sua própria origem se autodestruiria.

6. Silvio Gallo (1963)

Silvio Gallo é um filósofo e educador formado em Filosofia pela PUC-Campinas e doutor


em Educação pela Unicamp.

Seu trabalho se volta para a área de educação e o pensamento de uma educação libertária
e anarquista. Relaciona a filosofia contemporânea, sobretudo a de Foucault e Deleuze, e
os processos educativos.

É autor dos livros:

Pedagogia do Risco: Experiências Anarquistas em Educação (1995);


Ética e Cidadania: Caminhos da Filosofia (1997);
Educação do Preconceito - ensaios sobre poder e resistência (2004);
Pedagogia Libertária - Anarquistas, Anarquismos e Educação (2007), entre outros.
Também é autor do livro didático Filosofia - experiência do pensamento (2013),
amplamente utilizado nas escolas.

7. Viviane Mosé (1964)

Viviane Mosé é doutora em filosofia pelo Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da


Universidade Federal do Rio de Janeiro (IFCS-UFRJ) e especialista em Nietzsche.

Durante 2005-2006, apresentou um quadro no Fantástico (programa de tv) onde abordava


conceitos filosóficos e os relacionava com questões cotidianas como forma de popularizar
a filosofia.

A filósofa é também psicanalista, autora de livros de poesia e ministra palestras por todo o
país.
É autora de livros como Assim Falou Nietzsche (1999), Beleza, Feiúra e Psicanálise
(2004), Nietzsche hoje (2018), entre outros.

A dor da alma nada mais é do que seus limites se rasgando para caber mais mundo.

8. Leandro Konder (1936-2014)

Leandro Konder foi um filósofo brasileiro reconhecido internacionalmente. Buscou


compreender as questões da filosofia mais ligadas às questões sociais. Foi um dos
maiores especialistas no pensamento de Marx no país.

Formou-se em direito e teve uma intensa carreira na militância partidária. Estudioso do


pensamento marxista, sofreu uma grande influência do pensamento de Lukács e da Escola
de Frankfurt. Durante a ditadura militar, foi preso, torturado e exilou-se do país. Na
Alemanha, deu início a seu doutorado em filosofia, concluído no regresso ao Brasil.

Professor da PUC-Rio, publicou diversos livros. Dentre eles, Introdução ao Fascismo


(1977), O que é Dialética (1981), o romance A Morte de Rimbaud (2000) e o autobiográfico
Memórias de um Intelectual Comunista (2008).

Qualquer teoria – mesmo as melhores! – pode ser invocada para dar apoio à besteira.

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