Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Benedito Nunes
Escritor e Professor Universitário (UFPa)
PASSAGEM
PARA 0 POÉTICO
(Filosofia e poesia em Heidegger)
Coordenação editorial
Maria Carolina de Araújo
Capa
Ary Almeida Normanha
Edição de arte (miolo)
Antônio do Amaral Rocha
Produção gráfica
Elaine Regina de Oliveira
Preparação dos originais
Sueli Campopiano
Conselho editorial
Alfredo Bosl, da Universidade do Paulo
Azls SinMio. da Universidade de Sío Pauto
Flávio Vespaslano Di Giorgl, de PwiMçhi ttofversWado Csftíffce
Haqulra Osakat», do Universidade do Campinas
Rodolfo llari. da Universidade da Campinos
Ruy Galvflo de Andrada Coelho, da Universidade do Sio Paulo
ISBN 85 08 01571 2
1986
Todos os direitos reservados
Editora Atica S.A. — Rua Barão de Iguape, 110
Tel.: (PABX) 278-9322 — Caixa Postal 8656
End. Telegráfico "Bomlivro" — São Paulo
SUMÁRIO
Primeira Parte
A caminho de Ser e tempo
1. O contexto biográfico-histórico .................... .................. 18
Excurso — Intermezzo político ................... 29
II. O problema e a questão do ser ....................... .................... 34
III. O que é fenomenologia?...................... ... 46
IV. O Dasein ....................................... 63
Segunda Parte
Do ser ao tempo
V. Analítica do Dasein ...................................... 78
VI. A lida cotidiana ............................................. 88
1. O mundo circundante e os entes .................... 88
2. Aproximação proustiana................................ • . 95
3. A gente (das Man) .................... 97
4. As dimensões da abertura................................... 98
5. A queda na linguagem................................... 102
VII. Angústia e liberdade ................... 106
1. Dos sentimentos............................. 106
2. Conceito de angústia ......... 108
3. Poder-ser e cuidado.............................. -- UI
4. Liberdade e Nada ................ 113
VIII. Do cuidado à temporalidade ..................................... 117
1. O ser para a morte........................... . . . ... 117
2. A pré-meditação da morte ................................................. 121
3. A voz da consciência e a culpa.......................................... 124
4. O poder-ser próprio ............. 126
5. Maiêutica ao revés................................................................ 130
IX. Temporalidade e historicidade................... 132
1. Temporalidade e cuidado......................... , , , 132
2. Tempo e temporalidade ......................... 134
3. O tempo originário finito........................ 138
4. A temporalidade e o Eu........................................................... 141
5. Existência e historicidade ........................................ 143
Terceira Parte
Do tempo ao ser
X. A Ontologia fundamental ................................................. 152
1. A finitude do Dasein............................................................ 152
2. A revolução heideggeriana de Kant.............................. 157
O CONTEXTO BIOGRÁFICO-HISTÓRICO
8 Aus einem Gesprãch von der Sprache — zwischen einem Japaner und einem
Fragenden [De uma conversação da linguagem — entre um japonês e um
argüidor], US, p. 96.
22
II
!• Cf. id.. Dic Katego<ri*rt und Bedeulimgí.1ehre des Duns Sfiotus [A doutrina
das eâttftOTÍM e da fignificação cm Duns Scotus], FS, p. Mã-
111d,, Der Zeitbegriff in der OtsehldiiswisMiiKhaft [O conceito de tempo nas
clcikIÍb históricas]- ES, p. Í47,
12 Id, SZ, p. 190, nota 1.
26
1 Nur noch ein Gott kann uns reten. Spiegel-Gesprãch mit Martin Hei
degger am 23 September 1966 [Somente um deus ainda pode salvar-nos.
Entrevista com Martin Heidegger em 23 de setembro de 1966], Der Spiegel,
(23), 31 Mai 1976.
31
2Ibid.
3 Ibid.
32
O QUE É FENOMENOLOGIA?
1 “Nesse domínio, onde nada se pode demonstrar, muito pode ser mostrado.”
Heidegger, Identidade e diferença.
47
nas vivências sob uma visão reflexiva direta. Essa decisão de prin-
cípfo, com a taiitude dc um ato dc vontade, que, produto da
particular paixão do pensamento {Lcidenfichaft dc Dcnkens) dc
Husserl» pela lógica, ‘'depende de nossa inteira liberdade"«,
ítffngí rt tee da atitude natural dentro da qual vivemos, c consubs
tancia, numa remodelada versão da dúvida metodológica de Des
cartes, a íporAí /«ifflTwrotógrca, que desliga ou coloca entre parên
teses a tácita e irrçflexiva admissão, correspondente àquela tese,
da realidade “do mundo em que me encontro e que ao mesmo
tempo me rodeia” 12 14.
13
Praticada a epoché, abre-se, sob o registro da redução, ins
taurado o primado da atitude reflexiva sobre a atitude natural, o
domínio da consciência pura — o fluxo do vivido, “as vivências
da consciência com toda a plenitude concreta”15, e a Fennmcno-
logia toma-se, como Filosofia transcendental do sentido, a ciência
radical e primeira dos verdadeiros princípios. Mas, conquanto fosse
comprometida com esse radicalismo, e conseqüentemente com a
idéia de fundar a Filosofia científica, a redução, que faz sobressair
a descritividade do método, era a extrema conseqüência da inter
pretação da intencionalidade por Husserl. A constituição do sen
tido das diferentes espécies de objetos pela consciência comple
taria a redução. Tarefa última da Fenomenologia, constituir signi
fica remontar da cogitatio ao Cogito, das vivências intencionais à
origem das evidências nos atos da experiência reflexiva, resguardada
pela evidência originária do Eu. No Eu, fonte do sentido, encon-
trar-se-ia o fundamento, e o próprio mundo, reduzido a correlato
da consciência, constituir-se-ia por essa mesma evidência.
A Fenomenologia, cujo status disciplinar fora ambíguo, ora
aproximando-se da Psicologia, ora da Lógica, restava, no termo de
seu desenvolvimento, com a experiência transcendem al da Filosofia
moderna, que, concluía Heidegger, “pressupõe a atuação da subje
tividade, do sujeito cognoscente agindo e instaurando valores” 16.
O seu propalado “retorno às coisas” terminava nesse reatamento
consciente e decidido, entregando-lhe, ao mesmo tempo, a explo
II
III
—' IHIU—i
65
n
Com base no anteriormente exposto, podemos avaliar o al
cance da redução heideggeriana e estabelecer a posição do conceito
de Dasein, que ocupa um nível filosófico distinto dos conceitos
vizinhos de “consciência” e “homem”.
Considerando que a Fenomenologia era o método da crítica
do conhecimento, Husserl ainda indagava sobre a possibilidade de
que o conhecimento saísse de si mesmo para alcançar “um ser que
não se pode encontrar no quadro da consciência” 1B. Ora, a inten
cionalidade não justifica semelhante formulação. O sujeito é excên
trico e sai permanentemente fora de si mesmo. Mas é o Dasein
que circunscreve, pela compreensão do ser, a relação do sujeito
com os objetos concretizada no conhecimento. Desse ponto de
vista, a redução heideggeriana atinge o Eu transcendental, como
unidade monádica que existiría em contínua evidência para si mes
mo, no qual Husserl, que bem próximo ficou de Kant, e mais ainda
de Descartes, reinvestiu, tomando por modelo o Cogito cartesiano,
o sujeito transcendental da Filosofia moderna. Colocando entre
parênteses o Eu assim concebido, a epoché de Heidegger suspende
a certeza do Cogito em que se baseou a Fenomenologia enquanto
ciência filosófica rigorosa.
Descartes conquistou a certeza do Cogito frente à incerteza
do mundo. A obstinação da dúvida, que nos furta às insídias do
Gênio Maligno — dessa ficção do logro permanente a que nos
expõem o testemunho dos sentidos e a consciência vigilante —, só
cessa diante da existência reflexiva do pensamento: a percepção
clara e distinta de mim mesmo, que já possuo ao duvidar. Sei16
que sou e que existo, enquanto penso ser alguma coisa, e “por
todo o tempo em que penso” 18; tal evidência primeira de que sou,
obriga-me a reconhecer o que sou: “uma coisa que pensa (res
cogitans), isto é, um espírito, um entendimento ou uma razão. . ,”16
1718
*
A segunda redução — a epoché heideggeriana — levanta ou
suspende a certeza do Cogito, em proveito da imediata e obstinada
incerteza do mundo, ã que o sujeito se encontra aderido antes de
descobri-la reflexivamente. Colocado o Eu entre parênteses, é a
adesão pré-reflexiva ao mundo, anteposta ao Cogito, e posposta
à sua evidência, o qqe o Dasein expressa. Nesse sentido, Dasein
significa, preliminarmente, a existência como ser-no-mundo (in-
-der-Welt sein).
Dentro desse contexto, o conceito de Dasein atende à pro
blemática da experiência transcendental, de que é a reformulação,
numa perspectiva ontológica ausente da Filosofia crítica moderna.
E, como réplica à posição de Husserl, restabelece a tese da atitude
natural que serve de fundo à redução fenomenológica. Conse-
qüentemente, a relação com o mundo “a que se reporta o feixe das
atividades espontâneas da consciência com suas múltiplas varia
ções . . . ” 18, e a que Husserl sobrepôs, praticando a epoché, a
atitude reflexiva pura, passa a vigorar fora dos parênteses. Pode-se
compreender mais claramente, a propósito dessa questão, a sepa
ração entre a Fenomenologia transcendental e a Fenomenologia
hermenêutica. Enquanto a primeira procurou ultrapassar a ativi
dade espontânea da consciência pela reflexão pura, a segunda se
deteve nessa atividade espontânea e pré-reflexiva, que o autor das
Idéias ligou ao Cogito.
Enquanto estou engajado na vida natural, minha vida toma sem
cessar essa forma fundamental de toda vida “atual”, mesmo se
não posso enunciar o Cogito nessa ocasião, e mesmo se não posso
me dirigir “reflexivamente” para o “Eu” e o “Cogitare”.10
xivo, nada tem de unt liamc natural, com» 0 que liga uma coisa
a outra coisa; ela é diferente do nexo construído pelo sujeito, que
sc acrescentaria á sua "naturcKa" uu à sua “essência”» pospondo-sc
ao comercio que entretem com os objetos. Trata-se, sc quisermos,
dc um liamc mais primitivo ç fundamental dó que a relação entre
sujeito e objeto a que se limitou a teoria nçokaii liana do eonhe-
ciinailo.
Podendo significar tanto a totalidade dos entes naturais quanto
uma região ontológica, o tnrmdo nunca é, porém, uma realidade
dada. Representa antes, conforme já o entendera Kant ao capi
tulá-lo entre as idéias da razão, uma totalidade inexaurivel pela
experiência, ou seja, uma fütalidadc transcendental, para além da
síntese das representações mima experiência possível. A atitude
“natural’’, com 0 registro do viver espontâneo, por oposição à
atitude reflexiva, dc que Husserl sc ocupou, é, para Heidegger, a
atitude dc um ser que sc conduz antes de tudo cm relaç&o a entes.
“B óbvio”, diz Heidegger, ”quc nós homens nos conduzimos
cm relação ao ente (zu Sciendem vcrhaltcn)” (KPM, p. 204).
Sc nos conduzimos cm relação ao ente c porque já 0 compreende
mos primariamente cm seu ser, o que também importa cm afirmar
que a conduta humana sc configura num ultrapassamcnto dos entes
cm sua totalidade, na direção dojnundo, O mundo que aí está,
diante de nós, não é ente ou receptáculo dc objetos. A própria
noção dc objeto, com que lida a Teoria do Conhecimento, pres
supõe 0 inundo como termo da transcendência do Dasein.
“Objeto" vem dc ob-jectum, aquilo que é posto diante do
sujeito, e com que ele sc defronta. Mas, para que haja esse con
fronto, de tal modo que o objeto do conhecimento se oponha ao
sujeito que o apreende, será preciso que as coisas nos sejam dadas,
c que os entes, de qualquer forma, se nos tomem acessíveis num
“horizonte dc realidade indeterminada1' já abrangido pelo Dasein.
O conhecimento, enquanto correlação irreversível do sujeito e do
objeto — do sujeito que apreende o objeto c do objeto que deter
mina as representações do sujeito H , só é possível mediante 3
transcendência da conduta, que se espraia no mundo sem estar
dentro dele.
Sc podemos figurar 0 mundo como horizonte transcendental,
é no sentido da totalidade cm que se apresentam os entes que não
o Dasein, aos quais Heidegger chama dc àí/ramwic£cwto,r. “Ser-no-
-mundo" é, pois, a condição transcendental de um ente que se
n
Dois pontos metodológicos, desprezados no capítulo anterior,
c que identificam o porte hermenêutico da Fenomenologia trans
formada cm Ontologia, precisam, agora, de especificação: o cará
ter expresso do mostrar-se fenomenológico c a prcpúraçáo ow abor
dagem do ente para esse fim.
Como Ontologia hermenêutica, a Fenomenologia radicaliza a
idéia husscriiana dc IFcscnrcltnw. Entretanto a intuição originária
a que ela chega não é nem uma apreensão imediata nem o conhe
cimento dc coincidência, “sem símbolos”, das coisas. O originário,
que a intuição capta, tanto dista da realidade pela primeira vez
adentrada por simpatia — o absoluto da intuição bergsoniana —
quanto da idéia evidente, a título de fundamento inconensso garan
tindo ao conhecimento filosófico um verdadeiro começa. O que
w mostra por si mesmo tal como efetivamente se mostra, dá-se a
ver numa experiência pré-lcórica envolvente, que tem a simplici
dade impositiva das situações fádicas incontomáveis. Assim o
mundo natural vivido — o Lcbensweft — e pré-teórico, no sentido
81
III
A LIDA COTIDIANA
2. Aproximação proustiana
4. As dimensões da abertura
llJCÍ. Senfli.RH. Xtíix. fitica. [Der Formalismus in der Fthik. ürid dié Mate-
rinlc Wertwhik]. fluenoí Aires, Revista de OcckJente, 194?- t. I, Adota, a
ntesiua üfitntafjio, Nk-olsi í lartdiíirin (Erftffs [Hilnk|. i-ündün/New York,
Üeôt[P Allcn & tJnwin./Tbc M&erruÉIan, k950. J *,). ,, ,
11 Fira a Iràihlçio do 1émw fíefi/\rlliçhkril c rfc seu CQnrcspòiiJtntc JirfflíHWHÍ,
acompanhamos a versão de WaJter Bicmet iLc eonétpt dc ni<t»dc chez //ri-
tfrfíer, LcuvainZPHri*, F_ NaUwílnertiíJ. Vrin, 1950). sambém seguida
por Richardsou na obra anieriorniciHe cítnda.
100
12 “It is with Rede that Heidegger translates the Greek lógos.” Richardson,
W. J., op. cit., p. 66. Discurso parece-nos trasladar a totalidade das co
nexões referenciais que implica o fenômeno da significação (Bedeutung).
Referentemente ao todo relacionai em que se mantém o Dasein, o discurso
é o constituinte ontológico (cf. id., ibid., p, 66).
102
5. A queda na linguagem
1. Dos r sentimentos
■■..:■ I. • I> 'j;;<í>y>4ií.', ■■■■.......... i . . i. ■. I!1F. H p .> - Jjljfll
1 RAtiMt-AiRE, C. Qenvreu les flctir» <iu mal. Tcxte établi et nnnoiê par
Y.-G. dc t-c Danlec. P-iris, Gallimnrd, 1954. Splten. l.XXVI. Hibliotèquc
dc la Fleiade.)
aId.. ibid., Spleen, I.XXV1JI.
108
2. Conceito de angústia
3. Poder-ser e cuidado , f ,
4. Liberdade e Nada
8 “Das reine Sein und das reine Nichts ist also dasselbe” (IVIM, p. 40)-
Vni
DO CUIDADO À TEMPORALIDADE
2. A pré-meditação da morte
Hssa voz desviaria Sócrates da ação, c foi por ouvi-la que o pcn-
*
$ador abstcve-s dos negócios públicos. Como um efeito que sc
confundisse com a causa, sua atitude dc abstenção denunciava a
existência dessa voz e traduzia-lhe a intimação. A voz intimava-o
a um certo procedimento que ele adotaria ao ouvi-la, atendendo a
um chamamento — a uma vocação que dela vinha e que, ao im
pedi-lo de exercer cargos políticos, muito embdra nada expressasse
mediante palavras, e se ‘fizesse ouvir em silêncio e como silêncio,
convocava-o para outra espécie de tarefa. Sócrates julgou-se in
cumbido de um mandado divino e parecia agir sob as ordens de
um Deus. No silêncio da voz, era o seu daímon que lhe falava.
Ele a compreendia ouvindo-a em silêncio, como voz estranha que
traduzisse a vocação de um outro diferente de si mesmo. Eis o
dado mais embaraçoso: a voz (das Ruf) convocava-o para uma
tarefa da qual ele apenas sabia que não era política, e que, de
imedito, se concretizou pelo seu isolamento no meio dos outros.
Essa vocação que se fazia ouvir, retirando-o do círculo da gente,
e que o condenou ao sacrifício, entregava-o, impotente, ao nume
que falava por ele e em lugar dele, Quando ouvido, o silencioso
apelo (Anruf), que "não enuncia nada, não dá notícia alguma de
acontecimento do mundo" (SZ, p. 273), nada conta e nada expres
samente ordena, já apagou a linguagem mundana e ambígua, e é
o nume que, numa interferência imprevista, parece falar de algo,
“sem que o esperemos e até contra a própria vontade” (SZ, p.
275). Quanto mais pronta e completamente nos entregamos à voz,
e quanto mais constantemente ela de nós se estranha, estranhando-
-nos dos outros, mais perfeitamente sabemos a que tarefa nos
convoca. O chamamento também cobra-nos uma dívida, e leva
mos, como a Sócrates, à barra de um tribunal que já prejulga a
culpa dos réus. Sabia-o, depois de Sócrates, o Vigário Saboiardo
de Rousseau, que identificou a voz da consciência, em sua Pro-
fession de foi, endereçada a Emílio, a um instinto divino — a uma
voz “celeste e imortal” 3.
Rousseau converteu o nume socrático no juízo infalível do
bem e do mal. Não é mais a voz, como em Sócrates, que absorve
a consciência, e sim a consciência que absorve a voz:
Há, pois, no fundo das almas um principio inato de justiça e de
virtude, baseado no qual, a despeito de nossas próprias máximas,
julgamos nossas ações e as dos outros como boas ou más, e é
a esse princípio que eu dou o nome de consciência 4.
4. O poder-ser próprio
5. Maiêutica ao revés
1. Temporalidade e cuidado
2. Tempo e temporalidade
ficado, que nada delimita, posto que qualquer um dos seus mo
mentos é pensável como momento de uma sequência sem princí
pio nem fim — e ao qual, por conseguinte, inere a infinitude —,
terá o seu correspondente substancialista no mundo superior das
idéias: a eternidade, de que é a “imagem movente”., Para a Ana
lítica, porém, a eternidade e o seu reflexo nas coisas descendem do
fundamento sem fundei do Dasein, que se revela na angústia e
gera a proteção encobridora da facticidade, pela fuga à existência
própria c à morte. A infinitude seria um “artifício da eternidade”,
qvs aliena o Dasein de si mesmo, dc sua cxistcncia própria c finita.
4. A temporalidade e o Eu
5. Existência e historicidade
11 "Le tetnpa, tn effct, iTcM pas sculcment cc quoi (das Worinneii) iom
lei phdqQrnírçeí w prateiseni, te mllieu de louiei fcs ch<wcs ci dc lau * le
*
évêrxntcitu, il eu lusii ct cTaboril cc pnr qvcã (das Wodurch) lout ce qui
eu pcu Étre cl iwus app.araítrc duns son Blre. Ert ec sens, 1c temps «1 Io
possibililí COiilmc Icltç: le poisibic — das Moflfiche — dont parle la Leilfc
íllf LJnijnniiism# à prepo
* de Pcirc. Le leiiipí eal 1c nn>ycn donnc i Icwjt
« qui e*l, d êiíú uíin dc n êirc plvs.” Ruuuct, Henri, fMlrgw cr 1‘wcpd-
ríencf d? paris, Galliraiard, 197S. p. 536.
144
A ONTOLOGIA FUNDAMENTAL
1. A finitude do Dasein
2 Cf. Kant, E. Werke; Kritik der reinen Vernunft. Berlin, Georg Reimer,
1911. v. 4, p. 48.
8 "O juíw é. pois, o conhecimento imediato de um objeto (Gegenstand),
portanto, a rcprcwnlação de uma representação (die Vontcltung einer Vors-
tctlun$) desse objeto."' Id., íbid-, p. 58.
159
1. A proposição e a verdade
2. A interpretação e o discurso
3 Werke; Aus dem Nachlass der Achtzigerjahre. München, Carl Hanser, 1954.
v. 3, p. 503.
173
• “Ê por isso q»e a primeira determinação do dizer não é o falar, mas o par
escutar-calar-se. Ainda aqui. Heidegger toma a contrapartida da maneira
ordinária e. mamo. linguística de situar no primeiro plano a operação de
falar (locução, intcrlocução)." Rtcovnt, Paul. A tarefa da Hermenêutica.
In: —. Interpr-taçào t ideologias. São Paulo. Francisco Alves. 1977. p. 35.
175
3. Epistéme, alétheia
d ÇwVtf-cr c/iwr? (Die Traje nach dem Ding], Traduit par Jean
Rcbüul et Jicqucj Taminiaux, Paris, Gallimard, 1971. p. 46
1 Cf. Hrrsfljmr., E Sixiéme rcíherche, In: —. Recherches logiques. Paris,
PUF, 1961. í 39.
178
4. A essência do fundamento
A ESSÊNCIA DA VERDADE
1. O § 44 de Ser e tempo
2. Verdade e liberdade
3 Em Hegel und die Griechen (Hegel e os gregos), diz Heidegger que, sendo
o homem, determinado pelo lógos, aquele que diz, o dizente (der Sagende),
a essência da linguagem repousa na alétheia (Cf. WM, p. 271). Lê-se em
Einführung in die Metaphysik (Introdução à Metafísica) que “o ser do ho
mem é, segundo a sua essencialização historiai (Geschichte erõffnendem
Wesen), lógos, coligência e percepção do ser do ente: o acontecer daquilo
que é o mais estranho e em que, pela força do embate, o vigor predomi
nante (überwãltigend) aparece e é trazido à consistência. Mas ouvimos do
canto do Coro da Antigona de Sófocles: com a irrupção do ser, acontece
a linguagem, o encoillrar-se na palavra (Sich-finden in das Wort)” (EM,
p. 131). A irrupção do homem no ser — o seu Dasein — e a linguagem
são simultâneas, constituindo um acontecimento único. “A linguagem guar
da, como o pronunciado o dito e como aquilo que é dizível, o ente respecti
vamente aberto” (EM, p. 141).
212
1. Os pré-socráticos e a Filosofia
1 “Eis o que eu digo: presta toda a consideração à palavra, que ouves sobre
/ Quais caminhos se há de ter em mira, como os únicos próprios de uma
investigação. / O primeiro: como é (o que o Ser é) e também quão impos
sível, o Não-ser. / A senda de uma confiança fundada é seguir a re-velação
(Unverborgenheit). / O segundo: Como não é e também, quão necessário (é)
o não ser. Heidegger, Martin. Introdução à Metafísica. Tradução de Em-
manuel Carneiro Leão. Rio de Janeiro, Tempo Brasileiro, 1969. p. 137.
215
fraBflWPfo l dc Htráditft
* p a prtpwto des ln&ptiienle^ que nSo
L-omprcentíc111 o Idgçj, para lembrar qm mm termo capital do
rjcíiçàmcnlo grego é inerçnic à alétheia (cf, SZ. p. 219). A ínter-
çunEXão dtsses significados alerta para a concordância das duas
Ltuiccpíões Qoc LÍm representado o caso dc,aposição típica da
Filosofia antiga: a doutrina tio ser em Pannénidts è a do vir-a-wr
em Heráclito.
Diz Parmênides que o ser “possui, com efeito, uma estrutura
inteira inabalável e sem mcis; jamais foi nem será, pois é, no
irtscanie presente, todo inteira, una e contínuo"
.
* No caminho da
verdade o pneta aprende c enuncia a sentença.
O pensar e o ser, porém, são o mesmo
(tò gar aúto nóein te kai eínai)
Heráclito fala-nos do vir-a-ser, do fluxo das coisas (“Descemos e
não descemos os mesmos rios: somos e não somos”2 345); mas pro
clama também que “todas as coisas são um” B. O lógos, comum a
todos, e conforme ao qual tudo acontece, revela-se na unidade dos
contrastes que os inexperientes não percebem, porque “a Natureza
ama esconder-se” 6. Segundo a interpretação de Heidegger, a uni
dade heraclitiana, que une os contrastes, expressa o significado do
lógos, que deriva de légein, como estender, deitar, recolher: o que
se desvela, surgindo e durando em seu não-velamento.
O lógos põe diante na presença e subpõe, quer dizer, estende o
que é presente na presença. Ser presente quer dizer então: durar
surgindo no não-oculto (Unverborgen). Na medida em que o
lógos deixa como repousado o que se estende, desoculta o presente
em presença. O desvelamento é, porém, alétheia. Esta e o lógos
são a mesma coisa (VA, v. 3, p. 16).
2. O esquecimento da diferença
3. Pensamento do ser
17 Heidegger, M. Die Kehre. In: —. Die Technik und die Kehre. Pfullin-
gen, Günther Neske, 1962. p. 40.
XIV
1. A vontade de potência
*5C
jram à vontade dc potência c formam, juntos, os elos de uma
concepção metafísica, correspondente à terceira época da História
do scr, na fase do domínio planetário da técnica. Para adentrar
nessa interpretação, precisamos reconsiderar o acontecimento his
toriai, referido no capítulo anterior, e com o qual se inaugura a
fase moderna: a passagem do cu pensante à posição' de elemento
substancial, que sc tornou, mantendo a consistência da owrrfl, o
paradigma da Metafísica modtrna.
O Cogito em que o homem se põe como sujeito implica um
me cogitare, um pensar-me: o Eu não é apenas o acompanhamento
das representações, mas "a medida da coisa representada, assegu
rando o que se representa (vor-stellen)” (N, v. 2, p. 155), como
princípio capaz de comensurar o ente à certeza indubitável da cons
ciência de si. “Para u alo de representar, o si do homem é essen-
cialmcntc o que constitui o fundamento. O si (das Selbst) é sub-
-itftüwi (sujeito)" (A, v. 2, p. 155). Portanto a Metafísica mo
derna está inteiramenic contida na “casca de noz” do Cogito, em
cujo âmago a afirmação do sujeito pensante, que delineia a razão
dos novos tempos — a racionalidade da máthesis, do saber mate-
mático —, guarda a semente do voluntarismo. A vontade livre,
autônoma, é o que determina, em última análise, conforme per
cebeu Kant, os fins do homem como ser racional. Confirmou-o
Fichtc, cm sua Teoria da ciência, desdobrando o eu penso num
e.çí> volo (eu quero), desdobramento já implícito à Ética de Spinoza
e à dc I-cibniz. A evidência da dJfrío originária
(Tathandlung), que põe o mundo como o seu contrário — o
não-Eu — anteriormente à experiência empírica, funda-se num
querer. Schelling identificaria a vontade ao saber, e Hegel o saber
ao querer.
Nietzsche rebateu a subordinação idealista da vontade à idéia
ou às representações, que ainda aparecia em Schopcnhauer. O
querer, potência afirmativa, 4 soberano, mas como um instinto dc
domínio, que cresce dc suas próprias forças, nào lendo a vontade
outro fim além dc sua expansão indefinida, determinante da volição
e do conhecimento. Nessas condições, porím, o que a vontade
quer senão o seu querer? “Seu querer", explica Heidegger, “é o
querido por ela. A vontade sc quer a si mesma” p. 216)-
Certos fragmentos póstumos dc Nietzsche justificam o alcance me
tafísico que Heidegger atribui à doutrina da vontade de potência
concebida nesses termos.
O filósofo de A origem da tragédia escreveu num desses
fragmentos, com a sua atenção dirigida para a arte, que o sentido
do real é “tal qual a vontade plasmadora, dc que provém o amor
ao belo, o meio dc que dispomos para conquistar o poder, visando
232
17 Como se filosofa a golpes de martelo (Wie man mit den Hammer philo-
sophiert) é subtítulo de Gõtzen-Dammerung. O fecho desse livro traz como
Discurso do martelo (Der Hammer Redet) a passagem II de Also sprach
Zarathustra (op. cit., p. 460).
18 Nietzsche, F. Le livre.../ Das Philosophenbuch..., p. 52-3.
19 "Etc trabalha pnra a edificação de uma vida nova: restituiu seus direitos
à arte," ld„ ibid., p. 52-3 e 54-5.
'2° Id,. ibid., p. 58-9.
21 Id., ibid., p. 212-3.
237
3. O fim da Filosofia
37 Séminaire du Thor, 1969. In: —. Questions IV. Traduit par Jean Beaufret
et alia, Puris, Gallímard, 1976. p. 2B4L Oríg. alemão.
” A dfterfão d&i dtustf, em Heidegger, i o equivalente da "morte dc
UeuC aielzschiann. wmo perecimtnto histórico. sem implicar, dc modo
algum, uma posição atelsla. Ao contrário da Ontologia fenomenolójrica dc
Sarirc, a Hermenêutica hctdegferiana não fu do ateísmo um princípio onto-
Lógico, “Não é senão a partir dn verdade do ser que sc pode pensar a
essência do sflgzmfo. Não í senão a partir da essência do Mgrado qit-c é
preciso penfair ■ essência da divindade- Não c senão à luz da essência da
divindade que se pode pensar c dizer o que deve designar a palavra ‘Dcush"
(UH, p. 130-1).
246
1. A Estética moderna
2. A “destruição” da Estétioa
de uma totalidade viva, com a força de “um olhar que nos olha”.
A visão exterior de quem contempla cede à visão interna do espírito
encarnado que nos olha na obra. “Nós diremos da arte”, afirma
Hegel, “que ela tem por fim fazer com que, em todos os pontos
de sua superfície, o fenomênico se torne olhar,, sede da alma que
torna visível o espírito.” 10 Tornar visível o espírito' é fazê-lo apa
recer, iluminando-o. Do conceito hegeliano do-belo — o aparecer
(erscheinen) sensível da .idéia — ressalta esse elemento de lumino
sidade, ínsito à palavra clareira, como forma da existência do
Dasein e da arte grega em seu embate com a aparência. “Ser
implica: apresentar-se, surgir, aparecendo, propor-se, expor alguma
coisa. Não ser, ao invés, significa: afastar-se da aparição, da pre
sença (Anwesenheit)” {EM, p. 129). Surgimento e aparição de
signam o processo mediante o qual as coisas que permaneciam na
sombra são postas ou trazidas à luz. Fazer poesia significa “pôr à
luz” {EM, p. 130), diz Heidegger, traduzindo um verso de Píndaro.
Criada ao mesmo tempo que se dá o velamento iluminador
numa projeção, a obra é algo que se produz; mas a instrumenta-
lidade técnica do produzir só chega a criar quando abrigada na
origem da obra, o acontecer historiai da verdade. Como produção,
o fazer artístico é um producere (Herkunft), um fazer emergir
algo que não se mostraria senão através da obra e que constitui
a essência poética (dichtend) da arte. “A verdade como clareira
e ocultamento do ente acontece na medida em que é poética
(gedichtet wird)” {HW, p. 59).
3. Poesia e linguagem
11 “Die Poesie, die Kunst der Rede.. . die allgemeine Kunst.” Id., ibid., v. 3,
p. 16.
12 id., ibid., v. 3, p. 231.
13 Id., ibid., v. 2, p. 221-62.
11 Id., ibid., v. 3, p. 229.
is,Sob esse aspecto, a concepção hcidc£fl.c-riana de Literatura tem notável
parentesco com o ponto de vista de CruCc acerca do cjiàttr “não-literário”
da poesia.
261
18 A observação é nossa.
XVI
A RESIDÊNCIA POÉTICA
1. Os temas de Hõlderlin
2. Poesia e pensamento
O NOVO COMEÇO
5 Para evitar que “verdade do ser” — locução que substitui “sentido do ser”
— seja interpretada como adequação, Heidegger especifica tratar-se de
localidade — Ortschaft des Sein (Séminaire du Thor. In: —. Questions IV.
Traduit par Jean Beaufret et alia. Paris, GaDilturd, 1976. p. 269. Orig.
alemão. A Filosofia torna-se uma topologia do w, à qual correspondem
descrições "lopogrifícas", de disiintos domínios da verdade (cf, P&oani.EB,
Ollo. Hcidcgjtrs HipoJügy of bejng. In: KjQCKEJ.MXKS, J. cd. and
Lrans!.. op. cil., p. 126). "A lopolofia ítldsuja çonw lima pintura de Paul
Klec, utn ptKffll de Trnkl. u que í Observado num cjfptt itUcnlO físico, o
produto da ifcnicn, uma lei, pertencem ao lodo do rvowo mundo” (id., ibid.,
p. 123-4).
283
II
III
IV
3’O mesmo jogo da liníUBgem que HeídcggFT tcnln .abordar sçirt mediações.
A niedílaçJo, como sallo. não retoeihece mais a distinção enlre o trrj.rf/fco
e o operd/óv-rtr. qUc ainda sc manteve, X dunu penas, na l-cnúnlcrtòlôstiã I1US-
MriÍMia (ver Fisiie. Etigen- Lea coiscepB opéraloircs dam la Phéno-ménotogic
de Husserl. In: Husserl. Paris, Minuit, 1959. p. 214. Cahiers de Rayau-
mont.), e que se torna quase insustentável na dimensão hermenêuiica que as
interpretações de Heidegger ocupam. Interpretar Hõlderlin, por exemplo, é
perseguir o diie-r do poctn nas palavras nunicudntas, conto JViwtrens, oam,
terrtr, fogo crlrste CIO., que por sua vez s5o onlrns tanlis manritaj de
nojnrjr o- srrg^mío. Mns, por outro lado, rtse dizer que re busca tnmbfm
confirmaria u pfmeípio da interpretaç-io, Mgundo o qual o diálogo com a
poesia é auHeitlado pclp auscultar, pelo ouvir da palavra a nós dirUãdíi.
Onde surpreendê-la? Nem nos poemas (Djçhtungen) ísoliidos de um autor,
nem no conjunto que des formam, porque cada um pode dizer indo e nada.
"Fnlretanio.” segundo afirma Heidegger. “cada qual fala a pariir do todo
de um poema que sempre diz" (t/S, p, J7-8), Entrando cm diálogo com
291
uma tautologia no sentido mais elevado, que não diz nada e diz tudo: o
que dá a sua medida ao pensamento inicial e ao pensamento futuro.” Kants
These über das Sein [Tese de Kant sobre o ser], WM, p. 306-7. A respeito
de tautologias, neologismos e paronomásias, ver Schõfer, Erasmus. Hei-
degger’s language: metalogical forms of thought and grammatical specialities.
In: Kockelmans, Joseph J., ed. and transi. On Heidegger and language.
Evanston, Northwestern Univ. Press, 1972. p. 281.
12 Anteriormente, no capítulo 16, encontramos o jogo de espelho do mundo.
13 “Sein (ser) em Sein und Zeit não é senão o ‘tempo’ na medida em que
‘tempo’ ê designado como prenome (Vorname) da verdade do ser, verdade
em que o ser se essencializa e é, assim, o próprio ser” (IFA/, p. 205).
14 “...Não jogamos com as palavras, mas é a essência da linguagem que
joga conosco, não somente no presente caso, não apenas hoje, mas desde há
muito e sempre” (WHD, p. 83).
15 Ereignis — a mútua apropriação do homem e do ser. Heidegger liga
paronomasticamente os significados de eignen (prestar-se a) e de zueignen
(apropriar-se). “Como tal, é tão intraduzível quanto o lógos grego ou o
tao chinês” (Der Satz des Identitãt [O princípio de identidade], ID, p. 24-6).
Ereignis também mostra a apropriação do ser e do tempo. “No destinar
da destinação (Geschickes) do ser, no .alcançar do tempo, mostra-se um
apropriar-se, um transapropriar-se do ser como presença (Anwesenheit) e do
rtempo como âmbito do aberto (Offenen), no que lhes é próprio. O que
determina a ambos, tempo e ser, no que lhes é próprio, denominamos o
Ereignisis" (Zeit und Sein [Tempo e ser], ZSD, p. 20).
293
1. De Heidegger 1
1937 — Hõlderlin und das Wesen der Dichtung. (1936). München, Langen
und Müller.
— Hõlderlin et 1’essence de la poésie. In: —. Approche de Hõlderlin *.
Trad. par H. Corbin. Paris, Gallimard, 1962.
1942 — Platons Lehre von der Wahrheit (Mit einen Brief über den “Hu-
manismus”). 3. Aufi, Bern und München, Francke Verlag, 1975.
— La doctrine de Phton sur la vérité. In: —. Questions II *. Trad.
par A. Préau. Paris, Gallimard, 1968.
1943 — Vom Wesen der Wahrheit. (1930). 3. Aufl. Frankfurt, V. Klos-
termann, 1954.
— De 1’essence de la vérité. In: —. Questions I *. Trad. par A. de
Waelhens et W. Biemel. Paris, Gallimard, 1968.
— ípõre p wítrcíd da verdade. Trad. por Ernildo Stcm. São Paulo,
Duns Cidades, 1970. Republicado cm Conferências r escritos filosóficos.
Traí, por Ernildo Stein, Slo Paulo, Abril, 1973. (Os Pcnsadorci, 45); dovb
ed, S6o Pnulo, Abril Cultural, 1979.
IW-4 — ErJcúrrrrwigen tn Hcildrríins Dichrang *. 4., Enveltentc Aufl. Frank
furt, V. Ktocstermann. 1971. (Conlímr Heimiuriít/An die Vcrwamdlcn; Hõl-
rferlín uud das Wesen der Dichtung (1936); Wie wenn »ni Fciwtage...;
*
Arulenkcn; Hõlderlin Eirdc und Htmmcl; EkíiS Gcdicltl.)
— dpproehc de HHJderiltt *. Trad. par H. Corbin, M. Deguy, F.
Fédier et J, Lauiiey. Paris, Gultimard, 1962. (Contém os mesmos escritos
da edição original, menos Das Gedicht.)
1947 — Cbtr den “Hiimanisnmis” [Brief an Jean Beaufret, Paris], (1946).
2. Aufl. Frankfurt, V. ICLostCrminn, 1951.
— Letrrc rftírmarnírm<. Trad. Cl presenté par R. Munier. Paris,
Aubier, Ed. Monlaiínc, 1957. (Ortg. alemão.)
— Sabre o ^humanismo". in: —. Conferências e escritos filosóficos.
Trad. por Ernildo Stein. São Paulo, Abril, 1973. (Os PcnunJorcí, 45); nova
ed. São Paulo, Abril Cultural, 1979.
J950 — Haliwtge 5. Aufl, Frankfurt, V. KIçisicrmnn, 1972. (Con-
tím: Der UrsiHung der Kunstwtrke
* (1935-6); Die Zeit des WelibiMes (1938);
Hegefc Begrifí der ErfaJtrung (1942-3); NÈetzKht Wort "Gcdt rsl tof" (1943);
Wozn Diçhtcr? (1946); Der Spructi der Anaximander (1946).)
— fJifjrj/ir.í <firí nz jndílfJir mttíe pare *. Trad. par W. Brúkrrteier. Paris,
Gallimard, 1962. (Contém os mesmos textos da edição original.)
1953 — Der Feldweg. (1948). Frankfurt, V. Klostermann.
— Le chemin de champagne. In: —. Questions III *. Trad. par A.
Préau. Paris, Gallimard, 1966.
— O caminho do campo. Trad. e notas por Ernildo Stein, São Paulo,
Duas Cidades, 1969. (Esta edição contém Sobre a problema do ser.)
— Einführung in die Metaphysik. (1935), Tillringcn, Max Niemeyer.
— Introduction à la Metaphysique. Trad. par G. Kahn. Paris, P.U.F.,
1958.
— IntraduçAo ü Metafísica. Trad. por Emmanuel Carneiro Leão. Rio
de Janeiro, Tempo Brasileiro, 3969.
1954 — Was heisst Denken?. (1951-2). 3. Aufl. Tübingen, Max Niemeyer,
1971.
— Aus der Erfahrung des Denkens. (1947). 4. Aufl. Pfullingen, Günter
Neske, 1977.
*píriencc
— L'e de la pensée, In: —. Questions III *. Trad. par A.
Pré^m Prtm, Gallimard, 1966.
— Da experiência do pensar., Trad., introd. e notas por Maria do Car
mo Tavares de Miranda. Porto Alegre, Globo, 1969.
297
2. Sobre Heidegger ■
Coletâneas e entrevistas
Sallb, Julin. Lanpiafcc and rcvçrsal. In: Ballard, Edward G. & Scott,
Charlei E., cdf, Martin Ueidtggcr: in Europe and America. The Hague,
MBTtírws Nijtioíf, 1973. p. 129-43.
Samios, José Henrique. hslroduçãi». In: HtirnjGOÉn, Martin. Üfre í Eto, a
njçnofiiif Belo lioriiúrttc, Univ, Min» Genis, 1962- (Estante Uní-
verwrtria, Síric Filosofia, I.)
StitííttFR, Rení & KMkf.l, Arioti Lothar. Htitlefjirr, m ftítpMmct dr Ia
fif/uêe. -5. L Scghen. 1923.
SeitÔFEH, Eriwmm. Hcideggcr'» lAngriage: meUlogical írt:m:-, oí iJiought uitd
gramatical *p«ialiti<3. In: Kocki.i.ma.vks, Joscph I.. cd. and transi.
On iíeidtgger and Innguugc. Ewtnslon, Nor th western Univ. Press, 1972.
p, 2S1-3OI. (Northwcsiern Unjwjslly Studiei in PhetiomcnolDgy and
£xiitcnli?l Ptijlosopliy.)
Scorr, Charles E. Hcirfcggcr and oonwrcmsnexs. fu: JIaij.auí», Edwírd G.
& Scott, Charles E-. eds- Aforrín Wridcgger: in Etiropr and Ameríco-
The Hngtiç, Martlnus Nijlmft. 1973. p. 91-1011.
SeidCi.. Geurgc Jcícph- .Wruiirt Hcídrggcr and rfrr pre^raCTjw/c; an inlro-
diKtion ta há Lhúuflhl- Lincoln, Univ. oí Ncbnrka Press. 1964.
Smith, F. J. Two Heideggerian snalyses. In: Ballard, Edward G. & Scott,
Charles E., eds. Martin Heidtgger; in Europe and America. The Hague.
Mariinus Nijtioíf, 1973. p. 173-82.
SniN. Érnildo, A questão do mftodo na Filorofitr, nm escudo <to modelo
hçidcggeriftno. Sio Puniu, Duas Cidades, 1973.
S-tejneh, George. Mardn íleidfgger. 1‘cnjuin, Penguim Btxsks, 1960.
Tóiuriit^v, Jean-Pierre. Heldeg/irt. Paris, Eiditions Univcmliites. 1969.
(ClMsiqiiet du XX* mWc.)
TluyTWKm, Piem. Heideggtr, *1 vir. sou oetrtve; avet un etp&sí de sa
Philwüptiie. Paris, P.U.K, I96i.
W*ELHi:PS. A. de. Filai/i/la dr Marli» Htídegger. 1. ed. Madrid, Jits-
tíinlo "Luis Vives" <tc Filcsofín, 1952.
Wahl, Jean. La pensée de Hridegger et la poésie de Hõlderlin. Paris, Centre
de Documentation UniveriatiLire, s.d.
— . Heidegger et Kierkegaard. In: —. Êtudes kierkegaardiennes. Paris,
Aubier, s.d. p. 465-76.
— . Existence humaine et transcedence. Neuchâtel, 1944.
VEtTP-, Bcrnard. Heidegger et la questian dc Dicu dans la pensée de Hei
degger. Lei EiMitx Philosaphiqttti, {1} ; 69-£4, 1964.
Vaiuíényi, Laszlo- Hcidegtcr, bdnf. and tnrth. New Haven/London, Yale
Univ. Press, 1966.
VoiJtMJtNft-SCiti.ucK, K. H, The probltiii of latigtnige. In: Ballard, Edward
t). & Scarr, Charles E., eds, Martin Heidtggtr: in Europe and Ame-
___________ rica. The Hague, ManJous Nijhpíf. 1973. p. 121-8.
Fornocedw
Data de a<|>d.cçSo X)
Verba
— - ™ ^-na
lorfiraecão tfe
- Impresso jflf
■■■UI
110 Canudos na Literatura de Cordel
José Calasans Brandão da Silva
111 A Tipografia Imperial e Nacional
da Bahia
Renato Berbert de Castro
114 Oswald de Andrade: A-
201000051 Vanguarda Anhvpofágka
Maria Eugênia Borncntui.i
121 O Capital da Notícia
, Ciro Marcondes Filho
1 No Calor da Hora
Walnice Nogueira Gaívão
2 Guerra Sem Testemunhas
Osman Lins
5 O Dialeto Caipira na Região de
Piracicaba
Ada Natal Rodrigues
6 A Semântica Gerativa e o Artigo
Definido
Mary Aizawa Kato
8 A Tradição do Impasse
João Alexandre Barbosa
11 Sintaxe Transformacional do
Modo Verbal
Leila Barbara
12 Byron no Brasil
Onédia Célia de Carvalho Barbosa
13 Níveis de Significação no
Romance
Yara Frateschi Vieira
15 Crônica do Cinema Paulistano
Mana Rita Eiiezer Gaívão
20 Liçna Barreto e o Espaço
Romanesco
Osman Lins
22 A Tradição Sempre Nova
Roberto de Oliveira Brandão
26 O Intervalo Semântico
Carlos Vogt
32 Augusto dos Anjos: Poesia e
Prosa
Zer'.ir Campos Reis
36 Os Estados Subjetivos: Uma
Tentativa de Classificação de
seus Relatos Verbais
Amo Engeimann
37 Mitológica Rosiana
VVainice Nogueira Gaívão
41 Dependência, Cultura e
Literatura
Jose Hiidebrando Dacana:
43 Drummond: Uma Poética do
Risco
lumrg viaria Simon
45 Texto, Crítica, Escritura
LeOa Perrone-Moises
46 Benjamin & Adorno: Confrontos
Fia- ic René Kothe
47 O Narrador Ensimesmado
(O Foco Narrativo em Vergílio
Ferreira)
ar a LJC!a Dai Far^a
48 A Construção do Romance em
Guimarães Rosa
Vvencel Santos
49 O Insólito em Guimarães Rosa e
Borges
i_er .ra V Covizz;
50 Gil Vicente e Camões
Ceiso Lafer
52 Regionalismo e Modernismo
(O "Caso" Gaúcho)