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Universidade do Estado do Pará

Pró-Reitoria de Graduação
Centro de Ciências Sociais e Educação
Curso de Licenciatura em Pedagogia-Vespertino 2022
Disciplina: Didática
Docente: Maria Josevett Almeida
Discentes: Ariana Viana
Ana Beatriz Batista
Cristiany Costa
Clélia Glayse
Elisa Mesquita
Lucicleide Vieira

“A ESSÊNCIA DO PENSAMENTO DE JOHANN FRIDRICH HERBART: UMA


CIÊNCIA EDUCACIONAL”
Autora: Greice Herédia dos Santos Moura

Belém-PA
2022
INTRODUÇÃO

Veremos no presente artigo escrito por Greice Herédia dos Santos Moura uma breve apresentação
geral sobre a vida do filósofo e grande influenciador da pedagogia tradicional Johann Friedrich
Herbart com o objetivo de apontar suas relevantes contribuições para a educação. Onde suas
importantes teorias e ideias exerceram marcante influência particularmente na didática. o objeto de
estudo, metodologia e objetivos.
Para tal, abordaremos sobre sua biografia, seu contexto histórico, sua psicologia educacional, seus
princípios e métodos educacionais. No qual Herbart inaugurou o empirismo na educação ao
caracterizar a pedagogia, não apenas como arte, mas sim como ciência da educação.
Proporcionando um novo processo instrucional com a formação de um método único de ensino a
partir de teorias testadas e balizadas pelos métodos, com estrutura teórica baseada em uma filosofia
do funcionamento da mente, tendo a psicologia aplicada como eixo central da educação e como
proposta educativa a moralidade e a ética.
Influências na construção do pensamento de Herbart: Vida e obras

Johann Friedrich Herbart nasceu em Oldenburg, na Alemanha, no ano de 1776, desenvolveu-se


em meio ao resultado de importantes mudanças advindas dos grandes movimentos sociais, reflexo
das revoluções ocorridas no período que vai do final do século XVII e início do século XIX, eventos
que moldaram o jovem filósofo alemão e revolucionário intelectual, precursor tanto da psicologia,
quanto da ciência da educação moderna.
Herbart possuía um gosto eclético, estendeu seus estudos pelas Ciências, pelas Letras, pela
Matemática e pela Arte. Aos onze anos de idade estudou Lógica e aos doze, Metafísica. (Eby, 1976)
e aos vinte anos, Herbart já havia estudado todos os principais sistemas da Filosofia antiga e
moderna nas melhores escolas da Alemanha. Aos dezoito anos já era aluno do filósofo Johann
Fichte, na Universidade de Iena.
Realizou sua primeira experiência pedagógica, aos vinte anos, enquanto professor particular em
Interlaken, na Suíça, período em que ficou amigo de Pestalozzi. No ano de 1802, doutorou-se em
Göetingen, e dentre suas teses, três tratavam de Educação. Lá também foi professor de Filosofia e
mais tarde em Königsberg, onde fundou um seminário pedagógico com uma escola de aplicação e
um internato. Três anos depois foi chamado para lecionar Filosofia nesta mesma universidade.
Mais tarde, na Universidade de Königsberg lecionou de 1809 a 1833, ocupando a cátedra de
Filósofo ocupada anteriormente por Immanuel Kant. Foi através desta mesma idéia que surgiu mais
tarde, por meio dos discípulos de Herbart, as escolas experimentais e os cursos regulares para
professores do ensino secundário onde eles podiam aplicar o conhecimento adquiridos através dos
estágios.
O filósofo alemão conheceu alguns dos mais importantes intelectuais da sua época, Herbart
faleceu no dia 14 de agosto de 1841, depois de uma vida entregue inteiramente à atividade
acadêmica
Os estudos mais importantes de Herbart foram sobre a Filosofia da Mente, à qual subordinou suas
obras (entre elas, Pedagogia Geral e Esboço de um Curso de Pedagogia).
Muitos pensadores tiveram a influência de sua teoria, dando origem a várias interpretações, até
entrar em declínio no início do século XX.

Concepções Filosóficas

As concepções filosóficas de Herbart não acompanharam o movimento filosófico de sua época que
possuía um caráter idealista e romântico. Ao decidir por enveredar pela concepção filosófica realista
crítica, seu sistema educacional pautado por esta concepção não fez dele um filósofo popular em
sua época, porém foi sua posição realista que o fez revolucionário.
A “vida mental” pode-se afirmar foi objetivo constante de estudo desse filósofo quase meio século
antes que Sigmund Freud edificasse a Psicanálise. Johann F. Herbart já desenhava uma
organização de aparelho psíquico à semelhança do pai da psicanálise. No que tange ao âmbito da
instrução educativa, Herbart acreditava que certos conteúdos mentais são trazidos à consciência,
isto é, a memória e atenção. Vejamos como o pensamento filosófico, influenciou a pedagogia.
Nesse sentido, em sua metafísica realista Herbart dirá que os alunos são meros observadores,
enquanto que os professores são observadores experientes, que tem a função de fornecer as
informações necessárias aos alunos para que este saiba se portar diante da realidade universal. A
teoria realista em que esta concepção se apoia afirma que o “universo existe independentemente de
nós e é governado por leis naturais imutáveis e absolutas, sobre as quais exercemos reduzida
influência”.
Por sua vez, a epistemologia realista e a educação herbartiana dirão que a verdade realista deverá
ser provada através da observação e da percepção, nesta perspectiva o aluno é visto como um
“organismo funcional”, o que consiste em dizer que est pode conhecer o mundo através da
experiência sensorial. A partir daí, sendo a autora, Herbart proporá um método sistematizado de
instrução iniciando pelas experiências concretas até o aluno ser capaz de fazer generalizações.
A axiologia realista de Herbart, este concebe o bem e a beleza como inseparáveis, para ele o
objetivo final da concepção educativa está ligado à formação do homem como ser harmônico e
responsável. Assim sendo, cabe a educação a tarefa de passar aos educandos esses conceitos,
pois para os realistas, qualquer sistema educacional deve ser engrenado para certos valores bem
definidos.

A psicologia educacional

Johann Friedrich Herbart baseava-se em uma filosofia do funcionamento da mente e adotava a


psicologia aplicada como eixo central da educação, ele foi o precursor da introdução da psicologia
na pedagogia.
Para a pedagogia conquistar o título de ciência, segundo Herbart, o planejamento curricular, a
organização do espaço escolar e a metodologia educacional deveriam estar de acordo com as leis
de funcionamento da mente. Então ele desenvolveu uma estrutura teórica a partir de experiências
como professor e conseqüentemente, essa teoria psicológica formulou pela primeira vez a
pedagogia como uma ciência.
Herbart introduziu os conceitos de consciência, limiar da consciência e inconsciente, que se
entendia da seguinte forma: As representações e/ou manifestações que estão acima do limiar são
compatíveis com a consciência e permanecem lá por algum tempo, já as que estão abaixo do limiar
não são compatíveis com a consciência, então estas são expulsas de lá para baixo, mas não
desaparecem, ficam no inconsciente mantendo-se ativas e podendo ascender e subir ao consciente,
ou seja, acima do limiar.
As representações e manifestações são objetos de pensamentos, que podem ser imagens, ideias e
percepções que adquirimos nas nossas experiências ao longo da vida. Herbart acreditava que a
mente funciona com base nessas representações e manifestações psíquicas isoladas que sobem à
consciência sendo então substituídas por outras ideias e que poderiam se combinar e produzir
resultados ou entrar em conflitos, já as memórias, os sentimentos e os desejos seriam apenas
modificações das representações mentais.
Portanto, o filósofo não acreditava que alguém pudesse nascer com habilidade ou capacidades
para desempenhar determinadas atividades. A partir disso, ele criou uma teoria educacional que
pretendia interferir diretamente nos processos mentais dos estudantes como meio de orientar suas
formações, ou seja, para ele o aluno poderia ser moldado psicológica e intelectualmente por agentes
externos e através da instrução.

Princípios e métodos educacionais herbartianos

Para formular seus princípios educacionais Herbart leva em consideração algumas leis: a “lei da
frequência “que afirma que a mente apreende uma ideia quando o interesse a traz de volta a mente,
e quanto mais frequente essa ideia for trazida a consciência mais fácil será sua volta e maior o seu
poder sobre a mente, isto acontece em decorrência da “lei do hábito”. É a lei da associação que diz
que há uma relação entre ideias semelhantes e contraste com ideias não semelhantes. Tendo como
ponto de partida essas leis Herbart introduz a Teoria dos Interesses que se define por um “poder
ativo “que residi no conteúdo da mente e determina quais ideias e experiências receberão atenção.

O objetivo da educação para Herbart é formar o caráter humano através da aquisição de


uma cultura moral, portanto um homem de moral valiosa é aquele que diante de qualquer situação
se mantém ético em suas atitudes que também inclui o belo, o justo, digno Segundo Herbert a
educação moral é decorrente da educação intelectual, pois as ideias formam o caráter, o
conhecimento produz ideias, que por sua vez moldam à vontade, isto é o caráter.

Visando alcançar esse objetivo, o teórico desenvolveu a seguinte metodologia educacional: Para
Herbert o ensino deveria consistir em três processos: o narrativo, o analítico e o sintético.

Narrativo: neste processo é imprescindível que o professor saiba descrever e narrar com clareza o
conhecimento a ser passado ao aluno.

Analítico: nesta etapa acontecerá a leitura, pesquisa e discussão do tema estudado.

Sintético: processo que completa a educação do pensamento.

Para conduzir o aluno nesses três processos Herbart propõe três procedimentos básicos:
Governo, Instrução e Disciplina.

Governo a intenção aqui é o controle da agitação da criança, fazer com que elas obedeçam as
regras do mundo adulto esta ação a princípio e exercida pelos pais, e depois pelos professores,
obtidas através de recompensas ou punições, sem excessos.

Instrução baseia- se no desenvolvimento do “interesse” do aluno e para garantir que houvesse êxito
em seus objetivos Herbert propôs cinco passos para a instrução educativa. São eles:

●Preparação: o professor deve trazer na memória do aluno um conhecimento ou


alguma experiência adquirida anteriormente para servir de base para que este
consiga assimilar o novo conteúdo.

●Apresentação: deve-se expor com clareza o conteúdo que fará parte do processo
de ensino-aprendizagem, partindo do processo concreto para o abstrato, ou das
experiências simples a mais complexa.

●Assimilação: após serem apresentadas as novas ideias e conceitos estes serão


completamente assimilados pelos alunos a medida que forem relacionados com
conceitos e ideias adquiridas anteriormente.

●Generalização: neste passo a mente já está desenvolvida ao máximo, não sendo


necessário para os alunos experiências concretas pois ele já consegue chegar a
concepções gerais.

●Aplicação: este passo final consiste no exercício daquilo que o aluno aprendeu.
Tudo o que foi aprendido por ele fará parte da sua mente e o auxiliará na
interpretação da vida e de tudo a sua volta. O conhecimento que o aluno assimila e
aplica em sua vida é a segurança de que as informações passadas a ele não serão
acúmulos de informações sem valor para a mente. Herbart acreditava que através
desses meios, o aluno teria uma visão de mundo objetiva, científica e sem
possibilidade de erros.

Disciplina a finalidade deste procedimento é preservar e firmar a vontade ou seja, o caráter


no caminho da virtude.

Quanto ao currículo - Herbert dá grande importância ao currículo escolar, e referindo-se


totalidade que a mente humana é capaz de compreender as representações se resumem
em dois tipos, as quais servirão de base para o currículo: as que nascem do contato com a
as forças ou leis da natureza, ou seja conhecimento Empírico e as que vem do contato com
a sociedade, através do convívio social. A Pedagogia de Herbart garante uma diversidade
de interesses e abrange ensinos eruditos e morais simultaneamente.
CONSIDERAÇÕES FINAIS

As contribuições que Herbart proporcionou para a educação são amplas e completas, sendo
possível aplicá-las desde a primeira infância até a adolescência. A fim de organizar e direcionar a
multiplicidade de interesses da criança, o filósofo nos mostra a importância da psicologia na
teorização do ensino, vendo a pedagogia como ciência, empregando rigor e cientificidade ao seu
método.
Essas contribuições marcaram fortemente o desenvolvimento da educação, havendo até hoje nas
práticas educativas escolares a presença de algum traço desse método herbartiano.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FREITAS, Ana Beatriz Machado de. Herbart e o Neo-humanismo: Contribuições e perspectivas
para a educação contemporânea. Artigo publicado em:
https://seer.pucgoias.edu.br/index.php/educativa/article/view/65-78, acessado em: 31/11/2022.

HAYDT, Regina Célia C. Curso de Didática Geral. São Paulo: Ática,2000.

MOURA. Greice Herédia dos Santos. A essência do pensamento de Johann Friedrich Herbart:
Uma ciência educacional. Publicado em WEBARTIGOS em 18/04/2013. Acessado em
30/11/2022https://www.webartigos.com

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