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SOCIOLOGIA – MÓDULO 1: INTRODUÇÃO À SOCIOLOGIA

PARA COMEÇAR!

1. Você sabe o que é Sociologia?

A Sociologia é a ciência que estuda a sociedade


e os fenômenos que nela ocorrem sejam eles culturais,
econômicos, religiosos.
A sociologia se ocupa basicamente de cinco
elementos: a estrutura social, os grupos sociais, a família, as
classes sociais e os papéis que o indivíduo ocupa em
sociedade.

1.1 Para que serve a Sociologia?

A Sociologia busca explicar os vários fatores que diferenciam o comportamento humano ou, pelo
contrário, porque grupos sociais diversos tendem a comportar-se de maneira semelhante.
Para o estudo sociológico se considera o grupo social, as interações entre os indivíduos e os
meios usados para a comunicação destes indivíduos no grupo.
Assim, o objeto de estudo do sociólogo pode ser as diferentes organizações humanas como
igrejas, empresas, escolas, hospitais, times esportivos, etc. ou seja, todas as instituições sociais.
Igualmente analisa grupos culturais, a forma e o impacto da gestão governamental dentro de um
determinado grupo. Assim, a sociologia parte de um determinado conceito de sociedade para investigar
sua estrutura social e as relações sociais neste meio.

1.2 Como surgiu a Sociologia? O que a Era das Revoluções tem a ver com isso?

Os estudos relativos à sociedade vão ganhar força após o fim da Revolução Francesa e o advento
da sociedade dominada pelo modo de produção industrial.
Por isso, mais que buscar a resposta na teologia ou na política, vários pensadores preferiram
entender as mudanças econômicas a partir dos grupos sociais.
A sociologia como disciplina separada das demais ciências humanas surgirá com o francês
Auguste Comte (1798 - 1857) que cunhou o termo.
Ele foi o autor do primeiro estudo sistemático sobre sociologia e para ele, esta ciência é a
culminação do método científico.
Comte defendia o racionalismo diante de tudo, mas quis transformar as matérias científicas numa
nova religião, o Positivismo.
No entanto, outros pensadores já tinham analisado as relações humanas de um ponto de vista do
grupo como Saint-Simon (1760-1825) e Alexis de Tocqueville (1805 - 1859). Além disso, Karl Marx (1818 -
1883) fará uma contribuição primordial com a teoria das classes sociais.
Pioneiros da sociologia como ciência foram Émile Durkheim (1858 - 1917), Vilfredo Pareto (1848 -
1923), Max Weber (1864 - 1920) e Marcel Mauss (1872 -1950).
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1.3 Resumo sobre a sociologia

Atualmente, várias disciplinas se fundiram com a sociologia dando origem a sociologia da


educação, do direito, da cultura, etc. Contudo, o destaque pode ser dado a:

• Sociologia da Educação - A sociologia da educação estuda a relação de aprendizagem e


sociedade, o impacto da escola em diferentes âmbitos sociais, o papel do professor, etc. Explora o
tema do professor como agente educativo, mas também a estrutura de uma sala de aula e da
comunicação aluno-professor.

• Sociologia Jurídica - A Sociologia do Jurídica ou Sociologia do Direito tem como fim entender o
conjunto de leis jurídicas que regem uma sociedade a partir da ação social de partidos políticos,
grupos de pressão, elites econômicas, etc. Entre seus campos de pesquisa estão a diferença entre
a lei e sua aplicação à sociedade onde ela se circunscreve. Desta forma, o Direito pode ser
questionado se é justo, se protege determinado grupo social e prejudica outro, se contém elementos
que favorecem a inserção de extratos desprotegidos, etc.

• Sociologia do Trabalho - A Sociologia do Trabalho analisa as relações do ser humano e a natureza


seja por meio de atividades físicas, seja por intelectuais. Falar de trabalho significa estudar as
mudanças provocadas pelo homem na natureza, pois dela é que retira materiais para transformá-la.
Com sua criatividade, o homem usará sua inteligência para sobreviver na natureza. Como em tudo
na Sociologia, o conceito não é estanque e também a ideia de trabalho mudará de acordo com o
momento histórico. Por exemplo: nas sociedades escravistas há uma clara divisão em quem realiza
o trabalho pesado e quem faz o trabalho mais leve. Alguns intelectuais foram fundamentais para
pensar as relações de trabalho como Adam Smith (1723-1790), Karl Marx, Frederick Taylor (1856-
1915) e Henry Ford (1863-1947).

1.4 A Sociologia no Brasil

A criação da sociologia no Brasil ocorre de maneira paralela ao seu desenvolvimento na Europa,


mas com as especificidades que marcam os países subdesenvolvidos (os emergentes).
Se na Europa se avaliava a constituição de uma sociedade capitalista, após uma sociedade
medieval, no Brasil, os primeiros objetos de estudo não poderiam deixar de ser a própria formação da nação.
Como definir o brasileiro? Que papel caberia ao Brasil no "contexto das nações"?
A questão vai ocupar todos os pensadores brasileiros como Manoel Bonfim (1868-1932), Eduardo
Prado (1860-1901), Gilberto Freyre (1900-1987), Sérgio Buarque de Holanda (1902-1982), e muitos
outros.

1.5 Alguns Sociólogos Brasileiros

• Fernando Henrique Cardoso (1931-) - é um sociólogo, professor


universitário, político e escritor brasileiro. Foi Ministro das Relações
Exteriores e Ministro da Fazenda. Presidente do Brasil por dois
mandatos, de 1995 até 2002. Consolidou o Plano Real, estabeleceu
reformas constitucionais, privatizou empresas estatais, instituindo o
neoliberalismo no país. Antes de ocupar o cargo de presidente da
República entre 1995 e 2003, o sociólogo fez trajetória acadêmica e
se consolidou como um cientista social de relevância para o País.
Professor Emérito da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências
Humanas (FFLCH) da USP, formou-se em Ciências Sociais em 1952
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na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras (FFCL) da USP — hoje


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a FFLCH —, foi aluno de Florestan Fernandes (1920-1955) e é autor

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de Dependência e Desenvolvimento na América Latina: Ensaio de Interpretação Sociológica, de


1969, escrito no Chile em parceria com Enzo Faletto, sua obra mais famosa.

• Florestan Fernandes (1920-1995) - Um dos mais importantes


sociólogos brasileiros do século XX. De origem humilde, viveu as
consequências da desigualdade social no Brasil. Por isso,
dedicou sua obra intelectual e sua vida a defender as seguintes
pautas: a redução desta desigualdade, a inserção do negro na
sociedade brasileira e a democratização do ensino. Conciliou
seus escritos e a luta ativa em prol de mudanças efetivas. É
considerado o criador da sociologia crítica no Brasil. Para
Fernandes, não houve uma integração efetiva dos libertos.
Apenas adquiriram a condição de livres, mas permaneceram
excluídos da sociedade. Há no Brasil, segundo Florestan Fernandes, uma relação entre a classe
social e a cor. A intersecção entre pobreza e ser negro. Isso acontece porque não houve a
integração dos libertos.

• Darcy Ribeiro (1922-1997) - Foi ministro da Educação e


ministro-chefe da Casa Civil no governo do então presidente
João Goulart, quando criou a UnB (Universidade de Brasília).
Assim como Paulo Freire, outro pensador em atividade na
época, Darcy Ribeiro teve seus projetos para a educação
brasileira interrompidos pelo golpe militar de 1964. Por 12
anos, exilou-se no Uruguai, Venezuela, Chile, Peru, Costa Rica
e México, ajudando a criar e estruturar universidades nestes
países. Além disso, produziu obras relevantes como “O
processo civilizatório” e “O dilema da América Latina”. De volta
ao Brasil, foi vice-governador no mandato de Leonel Brizola, no
Rio de Janeiro, entre 1983 a 1987. Influenciado pela defesa de
Anísio Teixeira das escolas em tempo integral, criou os Centros Integrados de Educação Pública
(Ciesp). O terceiro e último cargo político de Darcy Ribeiro foi como senador, exercendo o mandato
de 1991 a 1997, enquanto enfrentava um câncer. Neste período, foi responsável pelo projeto de lei
que criou a LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira), uma das mais importantes
legislações de educação do país, que abarca do Ensino Básico ao Superior.

2. O Eu e o mundo: os tipos de conhecimento

O conhecimento surge a partir da necessidade do homem em compreender a realidade. É


resultado da interação com o meio em que vive. Dependendo da circunstância na qual o sujeito adquire o
saber, podemos reconhecer os seguintes tipos de conhecimento: teológico, filosófico, senso comum e
científico.

2.1 O conhecimento Teológico

A fé religiosa é a base desse conhecimento (DOGMA). E, por se tratar de uma crença em doutrinas
sagradas ou divinas, é tomada como verdade absoluta. Esse saber é capaz de responder a todas as dúvidas
sobre a vida e seus mistérios. O conhecimento teológico não necessita de comprovação para ser aceito,
não é verificável, portanto, é considerado exato e infalível.
O conhecimento religioso se fundamenta em dogmas, verdades inquestionáveis orientadas pela fé.
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Em geral, esses dogmas estão representados em escrituras sagradas como a Bíblia, a Torá, o Alcorão, etc.
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2.2 O conhecimento Filosófico

O conhecimento filosófico existe pela capacidade que o homem possui de refletir sobre tudo que
envolve o mundo subjetivo ou que não é material. Não é verificável e nem necessita de comprovação porque,
apesar de ser racional, o assunto da reflexão, não é material, ou seja, é baseado em dedução.

2.3 O Senso Comum

Este tipo de conhecimento é pessoal e está dentro de um contexto individual. Corresponde ao saber
adquirido pelo indivíduo ao longo da vida. Por ser tão particular é muito difícil de ser explicado. São
habilidades que se incorporam ao nosso ser, armazenadas de forma inconsciente.
O senso comum é um tipo de conhecimento popular, adquirido pela observação e pela repetição,
que não foi testado metodicamente. É adquirido, muitas vezes, por meio das convenções coletivas. O senso
comum é um tipo de pensamento que não foi testado, verificado ou metodicamente analisado.

2.4 O conhecimento científico

Engloba todas as informações e fatos que foram comprovados com


base em um método composto por análises e testes científicos. Para isso, no
entanto, o objeto analisado deve passar por uma série de experimentações e
análises que atestam ou refutam determinada teoria.
O conhecimento científico está relacionado com a lógica e o
pensamento crítico e analítico. Representa o oposto do conhecimento empírico
(senso comum).

3. As Instituições Sociais

São instâncias moralizadoras, modeladoras de comportamento e que


dão sentido à vida em sociedade. Geralmente, se apresentam como agentes de socialização. Existem
várias: a escola, a Igreja, o Governo, a Família, mas podemos organizar melhor, da seguinte forma:

SOCIEDADE

ESTADO

RELIGIÃO

FAMÍLIA
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EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM

01. Explique os tipos de conhecimento do mundo d) A socialização é determinada por uma rede
de acordo com a Sociologia. complexa de relações sociais que vão se
_______________________________________ desenvolvendo durante a vida dos indivíduos.
_______________________________________ e) Os processos de socialização antigos e
_______________________________________ modernos não se modificaram ao longo do tempo,
_______________________________________ pois os indivíduos se socializam da mesma forma.
_______________________________________
_______________________________________ 04. Art. 1.º Serão punidos, na forma desta Lei, os
_______________________________________ crimes resultantes de discriminação ou
preconceito de raça, cor, etnia, religião ou
_______________________________________
procedência nacional.
02. A sociologia é uma ciência humana que estuda
(Lei n.º 7716 de 5 de janeiro de 1989)
a sociedade. Das opções abaixo, a que não
contempla um de seus objetivos é:
O preconceito é um juízo de valor criado sem
razão objetiva e que se manifesta por meio da
a) Compreender e explicar as transformações e
intolerância. Explique de onde surge o Racismo
mudanças nas sociedades humanas.
numa sociedade como a Brasileira.
b) Entender o funcionamento das sociedades e
das relações entre os seres humanos.
_______________________________________
c) Estudar os fatores sociais e culturais
_______________________________________
relacionados com os comportamentos humanos.
d) Compreender a existência humana e o saber _______________________________________
por meio da análise racional relacionada com a _______________________________________
história. _______________________________________
e) Compreender os interesses dos movimentos
sociais, fruto de práticas sociais incoerentes com 05. A sociologia surgiu para suprir a necessidade
a ordem social. de se entender os fenômenos sociais e as regras
fundamentais pelas quais se baseiam nossas
03. Sobre o processo de socialização, o sociólogo relações. Entretanto, a sociologia contemporânea
brasileiro Gilberto Freyre afirma: difere-se da ideia original, na medida em que:

(...) É a condição do indivíduo (biológico) a) entende-se que as sociedades são como


desenvolvido, dentro da organização social e da organismos vivos, com leis de funcionamento
cultura, em pessoa ou homem social, pela estabelecidas e imutáveis.
aquisição de status ou situação, desenvolvidos b) é amplamente aceito que as diferenças raciais
como membro de um grupo ou de vários grupos. determinam características do convívio do sujeito,
uma vez que é a raça que estabelece o
Sobre isso, é incorreto afirmar: comportamento social.
c) entende-se que as sociedades e as relações
a) Existem diferentes formas de socialização que sociais possuem infinitas variações, não sendo
estão relacionadas com a cultura, o local e o possível traçar leis gerais que justifiquem ou
contexto histórico dos indivíduos. expliquem, em termos absolutos, todas as formas
b) O processo de socialização formal é conduzido, de interação humana no mundo social.
por exemplo, por instituições como a igreja e a d) deixou de ser uma área do conhecimento
escola. válida, uma vez que não é possível estudar uma
c) O processo de socialização informal é mais sociedade em razão da enorme quantidade de
abrangente e acontece primeiramente no núcleo diferenças entre os sujeitos que a compõem.
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familiar.
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SOCIOLOGIA – MÓDULO 2: A ERA DAS REVOLUÇÕES, POSITIVISMO
E TEORIAS RACIAIS DO SÉCULO XIX

PARA COMEÇAR!

1. Uma Era de Revoluções?

Fruto de transformações iniciadas no século XVIII, nos


primeiros 50 anos do século XIX, ocorreram várias
transformações na parcela ocidental do mundo. A indústria e as
comunicações mostraram crescimento significativo.
Outro setor que cresceu foi o militar, em que a
oportunidade de seguir carreira no exército era uma grande
atração para a juventude da plebe, influenciada pela filosofia
liberalista. Naquele momento houve também um processo de
expansão da educação primária pública e aumento da
população que habitava as principais cidades.
Com este advento, as pessoas que viviam na
cidade começam a ter mais acesso à cultura e participar
mais ativamente de questões referentes à sociedade.
Questões como formas de trabalho e a evolução do modo de produção foram afetadas pela
Revolução Industrial. Com o movimento da Revolução Francesa, a sociedade inaugurava uma nova era
de conhecimento com o conceito de cidadania superando laços medievais. O caminho, então se abriu para
um novo entendimento da sociedade e para uma verdadeira Revolução Científica.

1.1 O Positivismo e as primeiras tentativas de compreender a sociedade

O positivismo foi uma corrente teórica criada pelo filósofo francês Auguste Comte (1798-1857) que
defendia que a regra para o progresso social seriam a disciplina e a ordem, o que influenciou a teoria
moral utilitarista de John Stuart Mill (1806-1873). Stuart Mill reformulou o primeiro utilitarismo fundado por
seu professor, o filósofo e jurista Jerehmy Bentham.
No Brasil, o positivismo político de Comte, renovado pela carga moral utilitarista, influenciou a
política praticada nos primeiros anos da Primeira República (1889-1930), devido às referências positivistas
trazidas pelos militares e pelo primeiro presidente, o marechal Manuel Deodoro da Fonseca.

1.2 Principais autores

• Saint-Simon - Para ele, a sociedade com tradições medievais não estava


pronta para comportar as mudanças ocorridas na modernidade, por isso
acreditava, que as mudanças político-sociais são determinadas pelo avanço da
ciência, da moral e da religião. Precursor do socialismo, idealizou uma sociedade
futura dominada por cientistas, banqueiros, industriais, comerciantes e operários.
O lema do pensamento saint-simonista era: “A cada um segundo sua capacidade,
a cada capacidade segundo seu trabalho”.

• Auguste Comte - apresentou uma proposta de saída para as crises vividas na


modernidade e na superação da cultura medieval: a criação da Sociologia para
entender a sociedade e uma teoria que explicava o progresso científico e
determinava o modo de agir das pessoas (leis naturais). Entendia a sociedade
como sendo composta por partes interdependentes. Comte formulou uma
teoria segundo a qual, todas as sociedades passam por um processo de
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evolução que abrange, necessariamente, três estágios distintos, aos quais ele

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SOCIOLOGIA – MÓDULO 2: A ERA DAS REVOLUÇÕES, POSITIVISMO
E TEORIAS RACIAIS DO SÉCULO XIX

chamou de Teológico, Metafísico e Positivo. Para que o homem possa compreender esses
processos, é necessário observar e estudar esses estágios de forma criteriosa.

• Herbert Spencer - foi um filósofo inglês, um dos maiores representantes do


positivismo na Inglaterra. É considerado o fundador da teoria do darwinismo social,
onde as classes diferenciadas formariam a seleção natural na sociedade. Teve
grande influência em estudiosos como Durkheim. Para Spencer, os valores morais
são instrumentos de adaptação do homem às condições em que está vivendo e são
também comportamentos, regras e experiências selecionadas pela evolução e
transmitidas hereditariamente, como proteger a família e transmitir conhecimentos
para os filhos.

2. Teorias Raciais do Século XIX

Na esteira das perspectivas evolucionistas e


darwinistas sociais, floresceram outros tipos de abordagens que
lidavam com a questão das raças e que ganharam ampla
aceitação pública. Desde a expansão marítima europeia do
século XV e o encontro dos europeus com diferentes pessoas e
civilizações, a busca de justificativas ditas "cientificas• para a
colonização desses povos foi de grande interesse para os
colonizadores.
As teorias raciais e o darwinismo social serão
utilizados pelas potências europeias para legitimar a
dominação sobre a África e seus habitantes. A propagação
destes valores foram fundamentais no processo de colonização
e irão perpetuar visões distorcidas e preconceituosas sobre o
continente. A partir disso, é possível discutir a historiografia
propondo um novo olhar sobre a África e os africanos.
Foi nesse período que, embaladas palas novas
descobertas sobre a origem e evolução dos homens, surgiram
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novas teorias de cunho raciais. Além disso, o termo raça deixou


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de ter um sentido estritamente biológico para também ter um


sentido social.

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SOCIOLOGIA – MÓDULO 2: A ERA DAS REVOLUÇÕES, POSITIVISMO
E TEORIAS RACIAIS DO SÉCULO XIX

2.1 Vamos conhecer alguns autores que fundamentaram o Racismo Científico

• Georges Cuvier – Considerado o responsável por foi introduzir a noção de raça, foi um naturalista
francês que dividiu as raças puras em: caucasiana (branca), etíope (negra) e mongólica (amarela).
As demais seriam variações dessas três raças principais, cada uma delas possuindo características
físicas, morais e culturais específicas, determinadas biologicamente. Para Cuvier e outros seguidores
de suas ideias, a raça caucasiana (branca) era superior tanto fisicamente quanto moralmente às
demais - esse argumento serviu como um melo de justificar a dominação europeia sobre outros
povos.
• Arthur de Gobineau - Inspirado por Cuvier, defendia que a miscigenação, ou seja, a reprodução
entre raças diferentes, era algo ruim, pois prejudicava a raça considerada superior. Ele defendia que
quanto maior tosse a miscigenação em um país, como no caso do Brasil, maior seria o nível de
degeneração observado.
• Cesare Lombroso - foi um italiano, que acreditava que era possível determinar a diferença entre
uma pessoa honesta e outra criminosa a partir de certos traços físicos. Lombroso desenvolveu uma
série de medidas físicas que eram consideradas próprias de criminosos, como o formato e tamanho
do crânio, nariz, olhos, etc. Uma pessoa poderia ser condenada ou absolvida de um crime apenas
baseada em suas características físicas.
• Francis Galton – Primo de Charles Darwin, foi um inglês, que, influenciando pelas ideias de Herbert
Spencer, buscava aplicar as noções de seleção natural aos indivíduos, criando um programa de
reprodução seletiva chamado EUGENIA. Galton acreditava que era possível - e desejável - criar
seres humanos melhores controlando fatores genéticos, da mesma forma que era feito com plantas
ou gados. Isso pode parecer algo sem Importância, mas, na prática, significou uma forma de
discriminação não apenas racial, mas também em relação a Indivíduos com deficiências físicas e
mentais ou com qualquer outro tipo de característica considerada "não desejável". As teorias
eugênicas tiveram grande Impacto na Europa e nos EUA, além de terem inspirado os ideais
nazistas de Adolf Hitler.

2.2 O Racismo Científico em outras partes do mundo

O racismo científico, em suas várias formas, teve uma grande difusão também na América Latina
e no Brasil, estimulando uma série de políticas públicas de cunho racista. Uma delas foi a política de
“branqueamento” da população brasileira. Vista como solução para o atraso do país, ela consistia em
impulsionar a vinda de imigrantes brancos para o país, a fim de que auxiliassem na "limpeza” étnica no Brasil
ao se reproduzirem com os nativos.
Essas teorias foram propagadas como sendo científicas, portanto, neutras. Entretanto, elas revelam
uma série de preconceitos e orientações políticas, que utilizavam o argumento da ciência para promover
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uma visão de mundo que beneficiasse um certo grupo de pessoas em detrimento de outras. Por isso, são
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importantes os questionamentos trazidos pela filosofia e pela Sociologia a fim de debater os limites éticos
da ciência.

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E TEORIAS RACIAIS DO SÉCULO XIX

EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM

01. Explique quais os três Estágios ou Estados da História da humanidade, de acordo com Auguste Comte
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_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
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TEXTO PARA AS QUESTÕES 2 A 4

Eugenia

A eugenia surgiu sob o impacto da publicação, em 1859, de um livro que mudaria para sempre o
pensamento ocidental: A Origem das Espécies, de Charles Darwin. Darwin mostrou que as espécies não
são imutáveis, mas evoluem gradualmente a partir de um antepassado comum à medida que os indivíduos
mais aptos vivem mais e deixam mais descendentes. Pela primeira vez, o destino do mundo estava nas
mãos da natureza, e não nas de Deus.
Darwin restringiu sua teoria ao mundo natural, mas outros pensadores a adaptaram – de um jeito
meio torto – às sociedades humanas. O mais destacado entre eles foi o matemático inglês Francis Galton,
primo de Darwin. Em 1865, ele postulou que a hereditariedade transmitia características mentais – o que
faz sentido. Mas algumas ideias de Galton eram bem mais esquisitas. Por exemplo, ele dizia que, se os
membros das melhores famílias se casassem com parceiros escolhidos, poderiam gerar uma raça de
homens mais capazes. A partir das palavras gregas para “bem” e “nascer”, Galton criou o termo “eugenia”
para batizar essa nova teoria.
Galton se inspirou nas obras então recém-descobertas de Gregor Mendel, um monge checo morto
12 anos antes que passaria à história como fundador da genética. Ao cruzar pés de ervilhas, Mendel havia
identificado características que governavam a reprodução, chamando-as de dominantes e recessivas.
Quando ervilhas de casca enrugada cruzam com as de casca lisa, o descendente tende a ter casca
enrugada, pois esse gene é dominante. Os eugenistas viram na genética o argumento para justificar seu
racismo. Eles interpretaram as experiências de Mendel assim: casca enrugada é uma degeneração (hoje
sabe-se que estavam errados – tratava-se apenas de uma variação genética, algo ótimo para a
sobrevivência). Misturar genes bons com “degenerados”, para eles, estragaria a linhagem.
Para evitar isso, só mantendo a raça “pura” – e aí eles não estavam mais falando de ervilhas. O
eugenista Madison Grant, do Museu Americano de História Natural, advertia em 1916: “O cruzamento entre
um branco e um índio faz um índio, entre um branco e um negro faz um negro, entre um branco e um hindu
faz um hindu, entre qualquer raça européia e um judeu faz um judeu”. As idéias eugenistas fizeram sucesso
entre as elites intelectuais de boa parte do Ocidente, inclusive as brasileiras. Mas houve um país em que
elas se desenvolveram primeiro, e não foi a Alemanha: foram os EUA. Não tardou até que os eugenistas de
lá começassem a querer transformar suas teorias em políticas públicas. “Em suas mentes, as futuras
gerações dos geneticamente incapazes deveriam ser eliminadas”, diz o jornalista americano Edwin Black,
autor de A Guerra contra os Fracos. A miscigenação deveria ser proibida.

(Adaptado da revista Superinteressante, jul. 2005.)


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02. (UNESP) Ao final do século passado (XIX), a dominação e a espoliação assumiam características novas
nas áreas partilhadas e neocolonizadas. A crença no progresso, o darwinismo social e a pretensa
superioridade do homem branco marcavam o auge da hegemonia europeia. Assinale a alternativa que
encerra, no plano ideológico, certo esforço para justificar interesses imperialistas.

a) A humilhação sofrida pela China, durante um século e meio, é algo inimaginável para os ocidentais.
b) A civilização deve ser imposta aos países e raças onde ela não pode nascer espontaneamente.
c) A invasão de tecidos de algodão do Lancashire desferiu sério golpe no artesanato indiano.
d) A diplomacia do canhão e do fuzil, a ação dos missionários e dos viajantes naturalistas contribuíram para
quebrar a resistência cultural das populações africanas, asiáticas e latino-americanas.
e) O mapa das comunicações nos ensina: as estradas de ferro colocavam os portos das áreas colonizadas
em contato com o mundo exterior.

03. (UFPR) Ao definir eugenia e situar historicamente o surgimento desse conceito, o autor do texto
publicado na revista Superinteressante também avalia as afirmações dos eugenistas. Assinale a alternativa
que NÃO comporta uma avaliação das ideias eugenistas.

a) A partir das palavras gregas para “bem” e “nascer”, Galton criou o termo “eugenia” para batizar essa nova
teoria.
b) Os eugenistas viram na genética o argumento para justificar seu racismo.
c) Darwin restringiu sua teoria ao mundo natural, mas outros pensadores a adaptaram – de um jeito meio
torto – às sociedades humanas.
d) Em 1865, ele postulou que a hereditariedade transmitia características mentais – o que faz sentido.
Algumas ideias de Galton eram bem mais esquisitas.

04. (UFPR) A respeito da afirmação de Madison Grant citada no texto, assinale a alternativa correta.

a) O índio, o negro, o hindu e o judeu, para Grant, são equivalentes à ervilha de casca enrugada.
b) As combinações ideais para se obter a raça pura são o cruzamento do branco com índio, do branco com
negro, do branco com hindu e das raças europeias com judeu.
c) Grant defende a eugenia com base no pressuposto de que o índio, o negro, o hindu e o judeu são raças
imutáveis.
d) Grant faz uma advertência aos seus contemporâneos, pois teme a adesão em massa às propostas
eugenistas.
e) Com a sua afirmação, Grant mostra como aproveitar as experiências de Mendel para se obter uma boa
linhagem entre os seres humanos.

05. (UFPR) Segundo o texto, é correto afirmar:

a) Tanto a teoria de Darwin como as experiências genéticas de Mendel são impróprias para subsidiar
aqueles que buscaram na ciência o respaldo para a discriminação de grupos humanos.
b) A eugenia foi uma reação à obra de Darwin A Origem das Espécies: enquanto esta defende o cruzamento
de raças, a eugenia se opõe a essa prática.
c) Madison Grant consolidou a teoria de Mendel ao comprovar que há espécies dominantes.
d) Segundo Black, as primeiras propostas eugenistas norte-americanas partiram de um trabalho educacional
que procurava eliminar das mentes das pessoas as lembranças das gerações dos geneticamente incapazes.
e) Alguns pensadores perceberam que os resultados das experiências de Mendel estavam errados quanto
aos genes dominantes e criaram a teoria eugenista para corrigir as distorções constatadas.
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06. (Enem PPL 2015) O filósofo Auguste Comte (1798 – 1857) preenche sua doutrina com uma imagem do
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progresso social na qual se conjugam ciência e política deve assumir o aspecto de uma ação científica e a

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SOCIOLOGIA – MÓDULO 2: A ERA DAS REVOLUÇÕES, POSITIVISMO
E TEORIAS RACIAIS DO SÉCULO XIX
política deve ser estudada de maneira científica (a física social). Desde que a Revolução francesa favoreceu
a integração do povo na vida social, o positivismo obstina-se no programa de uma comunidade pacífica. E
o Estado, instituição do “reino absoluto da lei”, é a garantia da ordem que impede o retorno potencial das
revoluções e engendra o progresso.

RUBY, C. Introdução à filosofia política. São Paulo: Unesp, 1998 (adaptado).

A característica do Estado positivo que lhe permite garantir não só a ordem, como também o desejado
progresso das nações, é ser:

a) Espaço coletivo, onde as carências e desejos da população se realizam por meio das leis.
b) Produto científico da física social, transcendendo e transformando as exigências da realidade.
c) Elementounificador, organizando e reprimindo, se necessário, as ações dos membros da comunidade.
d) Programa necessário, tal como a Revolução Francesa, devendo, portanto, se manter aberto a novas
insurreições.
e) Agente repressor, tendo um papel importante a cada revolução, por impor pelo menos um curto período
de ordem.

07. (UEMA) Auguste Comte, Karl Marx e Émile Durkheim são considerados os grandes pilares da Sociologia
como ciência burguesa. Nessa época, a Sociologia, para se afirmar no campo das ciências, adotou o
Positivismo. Assinale a assertiva que melhor expressa o sentido do Positivismo sociológico.

a) Busca da complexidade e dualidade – sociedade concebida como prenhe de conflitos e contradições; há


uma circularidade entre todo e parte, ou seja, um determina o outro simultaneamente.
b) Busca da objetividade e neutralidade – sociedade concebida como um organismo combinado de partes
integradas e coesas que funcionam harmoniosamente, de acordo com um modelo físico ou mecânico de
organização.
c) Busca da singularidade e objetividade – sociedade concebida como mutável, visto que não há homem e
nem sociedade ideal isolados na natureza, mas ambos conjugados concretamente a um momento histórico
definido.
d) Busca da complexidade e singularidade – sociedade e seus sistemas não atemporais. Privilégio da parte
sobre o todo.
e) Busca de subjetividade e pluralidade – sociedade é uma verdadeira máquina organizada, cujas partes,
todas elas, contribuem de uma maneira diferente para o avanço do conjunto, adequando-se às demandas
do mercado.

LEIA O TEXTO E JULGUE SE OS ITENS SUBSEQUENTES ESTÃO CERTOS (C) OU ERRADOS (E)

A doutrina positivista, cujo principal representante foi o francês Augusto Comte (1798 -1857), nasceu em um
ambiente cientificista. Em sua obra Curso de Filosofia Positiva, propôs-se a examinar como ocorreu o desenvolvimento
da inteligência humana desde os primórdios, a fim de dar as diretrizes de como seria melhor pensar o progresso da
ciência.

08. Para Comte, o termo “positivo” designa o sobrenatural descrito através das ações dos deuses.

(C) (E)

09. Positivismo se refere as forças abstratas e sua influência sobre o universo.


7
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(C) (E)

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SOCIOLOGIA – MÓDULO 2: A ERA DAS REVOLUÇÕES, POSITIVISMO
E TEORIAS RACIAIS DO SÉCULO XIX

10. Na verdade, o Positivismo afirma que os fenômenos da sociedade podem ser explicados por leis
fundamentais.

(C) (E)

11. O Positivismo prega o real em oposição ao imaginário, a certeza em oposição à indecisão, o preciso em
oposição ao vago.

(C) (E)

12. O estado positivo corresponde à maturidade do espírito humano.

(C) (E)

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SOCIOLOGIA – MÓDULO 3: DURKHEIM, WEBER E MARX

PARA COMEÇAR!

1. Você sabe o que é Política?

A palavra política tem origem nos tempos em que os


gregos estavam organizados em Cidades-Estado chamadas
“pólis”, nome do qual se derivaram palavras como “politiké”
(política em geral) e “politikós” (dos cidadãos, pertencente
aos cidadãos), que estenderam-se ao latim “politicus” e
chegaram as línguas europeias modernas através do francês
“politique” que, em 1265 já era definida nesse idioma como
“ciência do governo do Estado”.
O termo política é derivado do grego antigo πoλτєіa
(politéia), que indicava todos os procedimentos relativos à
pólis ou Cidade-Estado. Por extensão, poderia significar tanto
Cidade-Estado quanto sociedade, comunidade, coletividade e
outras definições referentes à vida urbana.
Este termo, se expandiu graças à influência de Aristóteles. Para este filósofo, política significava
funções e divisão do Estado e as várias formas de governo, com a significação mais comum de arte ou
ciência do Governo; desde a origem ocorreu uma transposição de significado das qualificadas como político,
para a forma de saber mais ou menos organizado sobre esse mesmo conjunto de coisas.
Na época moderna, o termo política perdeu seu significado original, substituído pouco a pouco por
outras expressões como ciência do Estado, doutrina do Estado, ciência política, filosofia política, passando
a ser comumente usado para indicar a atividade ou conjunto de atividades que, de alguma maneira, têm
como termo de referência a pólis, ou seja, o Estado.

1.1 Ciência Política: Estudo do poder e do Estado

O termo “Ciência Política” foi cunhado em 1880 por Herbert Baxter Adams, professor de história da
Universidade Johns Hopkins. A Ciência Política é o estudo da política – dos sistemas políticos, das
organizações políticas e dos processos políticos. Envolve o estudo da estrutura (e das mudanças de
estrutura) e dos processos de governo – ou qualquer sistema equivalente de organização humana que tente
assegurar segurança, justiça e direitos civis.
Política é ciência, porque estuda o comportamento humano e assim se torna possível estabelecer
cientificamente algumas regras sobre a vida humana em sociedade e sobre como os seres humanos
deveriam reagir em cada situação.
Os cientistas políticos estudam as instituições governamentais ou não governamentais (ONGs)
como corporações (ou empresas), uniões (ou sindicatos, associações), igrejas, ou outras organizações cujas
estruturas e processos de ação se aproximem de um governo, como partidos políticos em complexidade e
interconexão.
Em uma concepção ampla, política é o estudo do poder, por que a tomada de decisões de
interesses da coletividade (comum) é sempre um ato de poder. Nesta concepção consideram-se as relações
de dominação seja através da política, da economia ou da ideologia, como relações de dominação de uma
pessoa sobre a outra.
Na concepção restrita, política é ciência do Estado, por que atualmente a capacidade de tomar
decisões, de interesse de toda a sociedade está nas mãos do Estado ou depende dele.

1.2 Tipos de Poder

O elemento especifico do poder político pode ser obtido das várias formas de poder, buscadas nos
1

meios de que se serve o sujeito ativo da relação para determinar o comportamento do sujeito passivo. Assim,
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podemos distinguir três grandes classes de um conceito amplíssimo de poder:

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SOCIOLOGIA – MÓDULO 3: DURKHEIM, WEBER E MARX

• PODER ECONÔMICO – é o que se vale da posse de certos bens, necessários ou considerados


como tais, numa situação de necessidade, para controlar aqueles que não os possuem. Quem possui
abundância de bens é capaz de determinar o comportamento de quem não os tem pela promessa
e concessão de vantagens.

• PODER IDEOLÓGICO – este se refere na influência que as ideias da pessoa investida de autoridade
exercem sobre a conduta dos demais: deste tipo de conhecimento nasce a importância social
daqueles que sabem, quer os sacerdotes das sociedades arcaicas, quer os intelectuais ou cientistas
das sociedades evoluídas. É por estes, pelos valores que difundem ou pelos conhecimentos que
comunicam que ocorre a socialização necessária à coesão e integração do grupo.

• PODER POLÍTICO – este se baseia na posse dos instrumentos (institucionais) com os quais se
exerce a autoridade legal do uso da força. A possibilidade de recorrer à força distingue o poder
político das outras formas de poder. A característica mais notável é que o poder político detém a
exclusividade do uso da força em relação à totalidade dos grupos sob sua influência.

2. Émile Durkheim: o pai da Sociologia Moderna:

2.1 Émile Durkheim

Foi um sociólogo, filósofo e antropólogo judeu francês. É


considerado o "Pai da Sociologia", pois trouxe para esta ciência
elementos como a pesquisa quantitativa para embasar os
estudos. Também conseguiu que a Sociologia fosse considerada
uma disciplina acadêmica.
Escreveu centenas de estudos acerca de temas como
educação, crimes, religião e suicídio. Suas obras estudadas são
"Regras do método sociológico", publicada em 1895 e "O suicídio",
de 1897. Faleceu em Paris, em 15 de novembro de 1917, onde
encontra-se enterrado no Cemitério de Montparnasse.

Além de ser o fundador da "Escola Francesa de Sociologia", Émile Durkheim, constituiu a Sociologia
Moderna, ao lado de Karl Marx e Max Weber.
Também é um dos responsáveis por tornar a sociologia uma disciplina universitária, tal qual era a
filosofia ou a história. Ainda assim, inovou ao introduzir a pesquisa empírica à teoria, o que daria mais solidez
à sociologia.
A obra "As regras do método sociológico", publicada em 1895, é de suma importância para
ciência moderna.
Neste livro, o autor define a metodologia de estudo de toda área das ciências sociais. Nestas
páginas, Durkheim estabelece as regras para a sociologia enquanto ciência, seus métodos de pesquisa e
lhe atribui um objeto de estudo - a sociedade.
Destacamos algumas regras do método sociológico, segundo este pensador:

• o objeto da sociologia é o fato social;


• deve-se utilizar instrumentos próprios das ciências exatas como estatísticas para realizar o estudo
sociológico;
• é preciso construir uma ligação entre o fenômeno observável e a experimentação;
• formula-se hipóteses sobre o fato social que serão validadas ou não.
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2.1.1 Teorias de Émile Durkheim

Ao afirmar que "os fatos sociais devem ser tratados como coisas", ele coloca o objeto sociológico
enquanto objeto científico.
Assim, ele considerava que só a ciência e um novo paradigma racionalista poderiam conduzir a
respostas acertadas frente às mudanças sociais cada vez mais rápidas. Durkheim viveu numa época onde
as pessoas abandonavam o campo e iam em direção à cidade. Ali encontravam melhores condições
materiais, mas perdiam sua identidade e a solidariedade que existe nas zonas rurais.

• SOCIABILIDADE - Segundo ele, o homem seria um animal bestial que só se tornou humano na
medida em que se tornou sociável. Por isso, o processo de aprendizagem, que foi chamado de
"socialização" por Durkheim, é o fator basilar na construção de uma “consciência coletiva”.
Através da educação formal entramos em contato com ideias que nos darão o sentimento de
pertencimento ao grupo, seja ele uma igreja ou a uma pátria. Desta forma, a vida na cidade e sob
o capitalismo, retiraria do ser humano suas referências identitárias para criar seres sem esperança.
Somente com a construção de uma escola laica e de valores morais seria possível superar este
impasse.

• FATO SOCIAL - O fato social é a realidade que já encontramos quando nascemos: escola,
governo, religião, ritos sociais. Resumindo: tudo aquilo que temos que cumprir por obrigação
social ou porque a lei pode nos punir. Aqui, três propriedades são cruciais: generalidade,
exterioridade e coercitividade. Estas são as leis que conduzem o comportamento social, ou seja, o
que governa os fatos sociais. O ser humano não é responsável pelos fatos sociais. Afinal, o que as
pessoas sentem, pensam ou fazem não dependem totalmente de suas vontades individuais, pois
são uma conduta instituída pela sociedade.

• INSTITUIÇÃO SOCIAL - seria o conjunto de regras e artifícios uniformizados socialmente para


conservar a organização do grupo e, por isso, são tradicionalistas por essência. Como exemplo ele
citava a família, escola, governo, religião, etc. Estas atuam dificultando a oposição às mudanças,
pela conservação da ordem.

• ANOMIA - seria uma situação onde a sociedade ficaria sem regras claras, sem valores e sem
limites. Este cenário ocorre quando a sociedade se vê incapaz de integrar determinados
indivíduos que estão afastados devido ao abrandamento da consciência coletiva.

PENSANDO NO TODO

SOBRE O SUICÍDIO NA SOCIOLOGIA DE ÈMILE DURKHEIM


O suicídio, na sociologia de Durkheim, é visto como um ato executado pela vítima,
conscientemente, que resulta em sua morte.

Autor: João Francisco P. Cabral

"O suicídio é, segundo Durkheim, “todo o caso de morte que resulta, direta ou indiretamente, de um
ato, positivo ou negativo, executado pela própria vítima, e que ela sabia que deveria produzir esse resultado”.
Conforme o sociólogo, cada sociedade está predisposta a fornecer um contingente determinado de mortes
voluntárias, e o que interessa à sociologia sobre o suicídio é a análise de todo o processo social, dos fatores
sociais que agem não sobre os indivíduos isolados, mas sobre o grupo, sobre o conjunto da sociedade.
Cada sociedade possui, a cada momento da sua história, uma atitude definida em relação ao suicídio.
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Há três tipos de suicídio, segundo a etimologia de Èmile Durkheim, a saber:

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• SUICÍDIO EGOÍSTA: é aquele em que o ego individual se afirma demasiadamente face ao ego
social, ou seja, há uma individualização desmesurada. As relações entre os indivíduos e a sociedade
se afrouxam fazendo com que o indivíduo não veja mais sentido na vida, não tenha mais razão para
viver;

• SUICÍDIO ALTRUÍSTA: é aquele no qual o indivíduo sente-se no dever de fazê-lo para se


desembaraçar de uma vida insuportável. É aquele em que o ego não o pertence, confunde-se
com outra coisa que se situa fora de si mesmo, isto é, em um dos grupos a que o indivíduo
pertence. Temos como exemplo os kamikazes japoneses, os muçulmanos que colidiram com o World
Trade Center em Nova Iorque, em 2001, etc.;

• SUICÍDIO ANÔMICO: é aquele que ocorre em uma situação de anomia social, ou seja, quando há
ausência de regras na sociedade, gerando o caos, fazendo com que a normalidade social não seja
mantida. Em uma situação de crise econômica, por exemplo, na qual há uma completa desregulação
das regras normais da sociedade, certos indivíduos ficam em uma situação inferior a que ocupavam
anteriormente. Assim, há uma perda brusca de riquezas e poder, fazendo com que, por isso mesmo,
os índices desse tipo de suicídio aumentem. É importante ressaltar que as taxas de suicídio anômico
são maiores em países ricos, pois os pobres conseguem lidar melhor com as situações de anomia
social.

Desse modo, ficam especificados os tipos de suicídios e suas causas, que são, segundo Durkheim, sempre
sociais."

3. O Estado

O termo Estado parece ter origem nas antigas Cidades-Estados que se desenvolveram na
antiguidade, e em várias regiões do mundo; atualmente podemos conceituar Estado como o conjunto das
instituições que formam a organização político-administrativa de uma sociedade, com um governo
próprio e uma população em um território determinado, o Estado é formado pelo governo, força
policial, forças armadas, escola públicas, prisões, tribunais, hospitais públicos, bem como todos
aqueles que fazem parte dessas instituições que são chamados de funcionários públicos – desde um
gari ao presidente da República – exercem atividades estatais, pois servidores do Estado, ou melhor,
servidores da sociedade.

3.1 Estado, Nação e Governo

• NAÇÃO - é um conjunto de pessoas que se identificam pela língua, pelos costumes, pelas
tradições e por uma história em comum, como os ciganos, os armênios etc; um povo nem sempre
vivem em território fixo. Povo é anterior ao Estado, podendo existir sem ele; por outro lado, um Estado
pode compreender várias nações. Há nações sem Estado, como acontecia com os judeus antes da
criação do Estado de Israel, e ainda acontece com os ciganos. E há Estado que tem várias nações,
como o Reino Unido (formado pela Escócia, Irlanda, Pais de Gales e Inglaterra). Teoricamente não
existe nação dentro de nação, podem existir povos diferentes dentro de um mesmo Estado-Nação.

• GOVERNO - é a cúpula, a parte dominante do Estado. Por isso, muitas vezes confundimos Estado
com governo, pois se trata de termos relacionados. A diferença é que o governo – mesmo sendo
decisivo, o que comanda – é somente uma parte do Estado, este é mais amplo e, como vimos,
engloba outros setores, além de compreender todos os níveis de governo – Federal, Estadual e
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Municipal – e todas as atividades a eles ligadas.


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O Estado é, portanto, a nação com um governo. Porém, Estado é diferente de governo. O Estado
é uma instituição permanente, e governo um elemento transitório do Estado. Assim dizemos: “muda o
governo e o Estado continua”. Como o Estado é uma entidade abstrata, que não tem “querer” nem “agir”
próprio, o governo (grupo de pessoas) age em seu nome.

3.2 Funções do Estado

Todo e qualquer Estado possui obrigações para com os cidadãos, no que lhe dá o sentido e a
importância de existir, assim as principais funções de um Estado moderno são:

• GARANTIR A SOBERANIA - ou seja, o direto que cada Estado tem de manter seu próprio governo,
elaborar suas próprias leis e de administrar os negócios públicos sem a interferência de outros
Estados, manter a ordem interna e a segurança externa (defender o território das ameaças externas),
integridade territorial e poder de decisão. Embora o poder e a autoridade possam ser encontrados
nas funções e relações sociais, em diferentes campos da vida social, centralizam no Estado. Dado o
seu legitimo monopólio da força, o governo, evidentemente, detém o poder supremo na sociedade.
O reconhecimento da independência de um Estado em relação aos outros, permitindo ao primeiro
firmar acordos internacionais, é uma condição fundamental para o estabelecimento da soberania.

• MANTER A ORDEM - o Estado se diferencia das demais instituições por ser o único que se encontra
investido de poder coercitivo, proibindo uma série de atos ou obrigando os cidadãos a agir de uma
ou de outra maneira adequando-se às leis, ou serão usados o poder coercitivo do uso da força física.
A coerção tem como objetivo propiciar um ambiente de ordem, preservando os direitos individuais e
coletivos. As leis estabelecem, portanto, o que deve ou não ser feito, o que pode ser feito, e
prescrevem as punições por sua violação. O Estado é, pois, a instituição autorizada a decretar, impor,
administrar e interpretar as leis na sociedade moderna. É por tudo isso que o estado exerce um
grande controle sobre a vida das pessoas.

• PROMOVER O BEM ESTAR SOCIAL - isto é, propiciar à população de um Estado além da ordem
interna e externa, a paz, o respeito às leis, provendo a justiça, dispor de meios suficientes para
atender as necessidades humanas em seus diferentes aspectos: físico, moral, espiritual, psicológico
e cultural; organizando serviços básicos à população: educação, saúde, aposentadoria, segurança,
justiça e etc. manter a ordem social através de leis existentes ou redigindo novas, que reajustem a
própria ordem, quando as condições de mudanças exigirem.

4. Max Weber e as origens da civilização ocidental

4.1 Max Weber

Foi um dos maiores intelectuais alemães de sua época, destacando-


se como jurista, economista e sociólogo. Viveu durante a criação e
consolidação do Império Alemão e foi testemunha da industrialização
que tomava conta deste novo país. Assim, acompanhou de perto o
crescimento da organização de um grande Estado e como os
cidadãos eram incorporados à nova burocracia que regia suas vidas
Quando Max Weber lecionou a Sociologia já era uma disciplina
consolidada e ele foi um dos fundadores da Associação Alemã de
Sociologia.
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4.2 A Sociologia Weberiana


A sociologia weberiana é essencialmente hermenêutica e busca compreender a rede de
significados que o homem teceu e se “enroscou”. Ela afirma que a sociedade seria o resultado das
formas de relação entre seus sujeitos constituintes.
Ele percebeu, portanto, que a ciência participa de um processo histórico geral de racionalização e
intelectualização da vida.
Por isso, o objeto da sociologia seria a realidade infinita. Para analisá-la, Weber argumenta que só
poderíamos fazer através de "tipos ideais", que serviriam como modelos interpretativos.
O sociólogo argumenta que o ser humano é levado por ações socais que por sua vez são
caracterizadas em racionais e não-racionais. São elas:

• AÇÃO SOCIAL RACIONAL COM RELAÇÃO A FINS - quando os atos estão orientados para um
fim específico. Exemplos: "Tenho que trabalhar para ganhar dinheiro." "Quero fazer ginástica para
emagrecer."

• AÇÃO SOCIAL RACIONAL COM RELAÇÃO A VALORES - neste caso, as atitudes passam a ter
influência direta de nossas crenças morais.

Abaixo, as ações sociais que Weber considerava que não passavam pela racionalidade e se
orientavam pelo subjetivismo:

• AÇÃO SOCIAL AFETIVA - aquelas ações que fazemos porque cultivamos algum sentimento,
positivo ou negativo, em relação às pessoas. Exemplos: presentear em determinadas datas;
expressar o afeto tocando ou fazendo declarações.

• AÇÃO SOCIAL TRADICIONAL - aqui se encaixam os costumes que seguimos por tradição ou
hábitos. Exemplos: festas, maneira de cozinhar, vestir-se, etc.

Portanto, na medida em que a realidade é infinita, não fazemos senão um recorte, uma
interpretação, como uma tentativa de explicá-la.
Weber não acredita haver leis gerais que expliquem a totalidade do mundo social. Por outra
parte, seu contemporâneo Emile Durkheim (1858-1917) se alicerça nas ciências naturais enquanto modelo
metodológico de análise.
Para Max Weber, as leis gerais caminham de acordo com a dinâmica cultural e delas podemos
apenas buscar as leis causais, as quais são suscetíveis de entendimento a partir da racionalidade científica.

4.3 Os três tipos de dominação legítima de Max Weber


Legitimidade é o fundamento do poder numa determinada sociedade, é o valor que leva as
pessoas a aceitarem a obediência a algo, que diz se um comando deve ou não ser obedecido. A legalidade
o enquadramento do poder em um sistema de leis, como veremos a seguir, só se dá na dominação Legal.
A dominação é dividida em:

• DOMINAÇÃO TRADICIONAL – Esse tipo de dominação é o poder da tradição, da ordem social em


sua mais pura forma, das instituições que perduram no tempo, sendo a sua forma mais pura o
patriarcalismo, nessa dominação quem manda é o Senhor, e quem obedece é o súdito. O senhor
diferentemente do líder é deificado através do tempo, dos costumes, se o senhor vai de encontro
com algum aspecto consuetudinário ele põe em risco sua posição, já que abala a fonte de sua
legitimidade, a tradição.
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SOCIOLOGIA – MÓDULO 3: DURKHEIM, WEBER E MARX

• DOMINAÇÃO CARISMÁTICA – É aquela devida ao apreço puramente dito, à admiração pessoal


ao dominador e a seu carisma, ou seja, suas qualidades, seus poderes. Os tipos mais puros são
com o dominador na posição de profeta, herói guerreiro ou demagogo. É importante distinguir que
a origem do poder é intrínseca às qualidades do líder, seus apóstolos não o obedecem por sua
posição ou cargo, ou mesmo pela tradição, mas pura e simplesmente por suas qualidades, tendo
esse carisma desaparecido assim desaparece também sua dominação. Da mesma forma o carisma
é o fator de escolha do corpo administrativo, a administração não é regida por regras estamentais
ou estatuídas, as decisões vêm do irracional, da decisão pessoal do chefe, e só podem ser
substituídas por outra decisão do Líder.

• DOMINAÇÃO LEGAL-RACIONAL (BUROCRÁTICA) - mais moderno tipo de dominação, a legal


ou legal-racional, está sendo a forma mais sofisticada, para qual as outras convergem; ela tem
sua legitimidade fundada em um estatuto; a forma mais pura é a burocracia; o grupo dominante
constitui uma empresa, e é dividido em outras empresas, cada uma com sua competência, limites e
funções próprias; é então um sistema, uma unidade de fim, heterônoma e heterotocéfala. Então a
pessoa que está no poder não é mero instrumento do próprio sistema, a regra estatuída dá as
diretrizes de como se deve governar, não se obedece a pessoa, e sim o cargo estatuído.

5. Karl Marx: o Socialismo Científico e o Materialismo Histórico

5.1 Karl Marx

Foi um filósofo, ativista político alemão, um dos


fundadores do socialismo científico e da Sociologia. A obra
de Marx influenciou a Sociologia, a Economia, a História e a até
a Pedagogia.
Com a colaboração do intelectual, também alemão,
Friedrich Engels, Marx publicou o Manifesto Comunista, em
1848. Nele, Marx critica o capitalismo, expõe a história do
movimento operário e termina com o apelo pela união dos
operários no mundo todo.
Isso ocorreu às vésperas da Revolução de 1848 na
França, a chamada Primavera dos Povos.
Em 1867, ele publica o primeiro volume de sua obra
mais importante, O Capital, onde sintetiza suas críticas ao
capitalismo. Esta coleção causaria nas décadas seguintes uma
revolução na maneira de pensar a história, a economia, a
sociologia e demais ciências sociais e humanas.

5.2 A crítica ao Capitalismo

Para Marx, as condições econômicas e a luta de classes são agentes transformadores da


sociedade. A classe dominante nunca deseja que a situação mude, pois se encontra em uma situação muito
confortável. Já os desfavorecidos têm que brigar pelos seus direitos e esta luta é que moveria a
História, segundo Marx.
Marx pensava que o triunfo do proletariado faria surgir uma sociedade sem classes. Isto seria
alcançado pela união da classe trabalhadora organizada em torno de um partido revolucionário.
Também apontou para a “mais valia” quando explica que o lucro do patrão é obtido a partir
da exploração da mão de obra do trabalhador.
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5.3 O Socialismo científico

Ao elaborar uma teoria sobre as desigualdades sociais e propor uma forma para superá-las, Marx
criou o que se denominou "socialismo científico". Contra a ordem capitalista e a sociedade burguesa, Marx
considerava inevitável a ação política do operariado, a revolução socialista, que faria surgir uma nova
sociedade.
De início, seria instalado o controle do Estado pela ditadura do proletariado e a socialização
dos meios de produção, eliminando a propriedade privada. Na etapa seguinte, a meta seria o
comunismo, que representaria o fim de todas as desigualdades sociais e econômicas, incluindo a
dissolução do próprio Estado.
Em 1864, a fim de conjugar esforços, funda-se a "Associação Internacional dos Trabalhadores",
em Londres, que ficou conhecida posteriormente como a Primeira Internacional.
A entidade expandiu-se por toda a Europa, cresceu muito e acabou dividida, depois de um longo
processo de dissidências internas. Em 1876 foi oficialmente dissolvida.

5.4 O Marxismo ou Materialismo Histórico

As reações dos operários aos efeitos da Revolução


Industrial fez surgir críticos que propunham reformulações
sociais. Eles sugeriam a criação de um mundo mais justo e
foram chamados de teóricos socialistas, como Saint-Simon ou
Proudhon.
Entre os vários pensadores, o alemão Karl Marx, viveu
na França, Bélgica e Inglaterra, testemunhou as
transformações sociais decorrentes da industrialização.
As teorias de Karl Marx influenciaram a Revolução
Russa de 1917, além de teóricos e políticos, entre eles Lênin,
Stalin, Trótski, Rosa Luxemburgo, Che Guevara, Mao Tsé-
Tung, etc.
Cada um deles entendia a teoria marxista e a buscava adaptá-lo à sua realidade específica. Assim,
temos o “marxismo-lenismo”, na União Soviética ou “socialismo moreno”, na América Latina. Vários foram
os governos que se proclamaram socialistas como a URSS, Cuba, Coreia do Norte, entre muitos outros.

EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM

01. (Enem 2019) A criação do Sistema Único de Saúde (SUS) como uma política para todos constitui-se
uma das mais importantes conquistas da sociedade brasileira no século XX. O SUS deve ser valorizado e
defendido como um marco para a cidadania e o avanço civilizatório. A democracia envolve um modelo de
Estado no qual políticas protegem os cidadãos e reduzem as desigualdades. O SUS é uma diretriz que
fortalece a cidadania e contribui para assegurar o exercício de direitos, o pluralismo político e o bem-estar
como valores de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, conforme prevê a Constituição
Federal de 1988.

RIZZOTO, M. L. F. et al. Justiça social, democracia com direitos sociais e saúde: a luta do Cebes. Revista Saúde em Debate, n.
116, jan.-mar. 2018 (adaptado).

Segundo o texto, duas características da concepção da política pública analisada são:

a) Paternalismo e filantropia.
8

b) Liberalismo e meritocracia.
Página

c) Universalismo e igualitarismo.

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SOCIOLOGIA – MÓDULO 3: DURKHEIM, WEBER E MARX
d) Nacionalismo e individualismo.
e) Revolucionarismo e coparticipação.

02. (Enem 2019)

TEXTO I

A centralização econômica, o protecionismo e a expansão ultramarina engrandeceram o Estado, embora


beneficiassem a burguesia incipiente.

ANDERSON, P. In: DEYON, P. O mercantilismo. Lisboa: Gradiva, 1989 (adaptado).

TEXTO II

As interferências da legislação e das práticas exclusivistas restringem a operação benéfica da lei natural
na esfera das relações econômicas.

SMITH, A. A riqueza das Nações. São Paulo: Abril Cultural, 1983 (adaptado).

Entre os séculos XVI e XIX, diferentes concepções sobre as relações entre Estado e economia foram
formuladas. Tais concepções, associadas a cada um dos textos, confrontam-se, respectivamente, na
oposição entre as práticas de

a) Valorização do pacto colonial - combate à livre-iniciativa


b) Defesa dos monopólios régios - apoio à livre concorrência.
c) Formação do sistema metropolitano critica à livre navegação.
d) Abandono da acumulação metalista - estimulo ao livre-comércio.
e) Eliminação das tarifas alfandegárias livre-cambismo.

03. (Enem PPL 2019) Quando se trata de competência nas construções e nas artes, os atenienses acreditam
que poucos sejam capazes de dar conselhos. Quando, ao contrário, se trata de uma deliberação política,
toleram que qualquer um fale, de outro modo não existiria a cidade.

BOBBIO, N. Teoria geral da política. Rio de Janeiro: Elsevier, 2000 (adaptado).

De acordo com o texto, a atuação política dos cidadãos atenienses na Antiguidade Clássica tinha como
característica fundamental o(a)

a) Dedicação altruísta em ações coletivas.


b) Participação direta em fóruns decisórios.
c) Ativismo humanista em debates públicos.
d) Discurso formalista em espaços acadêmicos.
e) Representação igualitária em instâncias parlamentares.

04. (Enem 2017) Fala-se muito nos dias de hoje em direitos do homem. Pois bem: foi no século XVIII — em
1789, precisamente — que uma Assembleia Constituinte produziu e proclamou em Paris a Declaração dos
Direitos do Homem e do Cidadão. Essa Declaração se impôs como necessária para um grupo de
revolucionários, por ter sido preparada por uma mudança no plano das ideias e das mentalidades: o
lluminismo.

FORTES, L. R. S. O lluminismo e os reis filósofos. São Paulo: Brasiliense, 1981 (adaptado).


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Correlacionando temporalidades históricas, o texto apresenta uma concepção de pensamento que tem como
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uma de suas bases a:

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a) Modernização da educação escolar.
b) Atualização da disciplina moral cristã.
c) Divulgação de costumes aristocráticos.
d) Socialização do conhecimento científico.
e) Universalização do princípio da igualdade civil.

05. De acordo com Émile Durkheim, os fatos sociais são características que moldam o comportamento dos
indivíduos em sociedade. Os fatos sociais são definidos pelo autor como sendo:

a) Exteriores ao indivíduo, expressivos e generalizados.


b) Generalizados, expressivos e naturais.
c) Exteriores ao indivíduo, coercitivos e generalizados.
d) Coercitivos, naturais e expressivos.
e) Coesivos e naturais.

06. De acordo com Émile Durkheim (1987), em sua obra intitulada As regras do método sociológico, os fatos
sociais consistem em formas de agir, pensar e sentir exteriores ao indivíduo, que têm poder de coerção que
lhes impõe. Tais fatos não podem se confundir com fenômenos orgânicos e nem com fenômenos psíquicos,
devem ser qualificados de sociais. Na definição de Durkheim para fatos sociais, o autor busca:

a) definir o status da sociologia através de similaridades com a psicologia.


b) alternativas para a natureza coercitiva dos fatos sociais.
c) definir o status da psicologia através de similaridades com a sociologia.
d) definir, estabelecer, singularizar o objeto da sociologia.
e) defender a visão integral do homem como ser bio-psico-social e fundar a ciência em base interdisciplinar.

07. O suicídio (1897) inaugura a maneira científica de olhar os fatos sociais. Há três tipos de suicídio, de
acordo com a teoria de Émile Durkheim. O suicídio que acontece quando há ausência de regras na
sociedade, gerando o caos, fazendo com que a normalidade social não seja mantida, é chamado de:

a) suicídio altruísta.
b) suicídio egoísta.
c) suicídio anômico.
d) suicídio moderno.
e) suicídio anímico.

08. (UECE) Para Weber, “Estado é uma comunidade humana que pretende, com êxito, o monopólio do uso
legítimo da força física dentro de um determinado território. Especificamente, no momento presente, o direito
de usar a força física é atribuído a outras instituições ou pessoas apenas na medida em que o Estado o
permite. O Estado é considerado como a única fonte do ‘direito’ de usar a violência”.

WEBER, Max. Ensaios de Sociologia. Rio de Janeiro: Editora Guanabara, 1982, p.98.

Sobre o conceito de Estado moderno, de acordo com Max Weber, é correto afirmar que

a) O uso da força e da violência é atributo dos indivíduos em sociedade, sendo uma forma de as pessoas
resolverem suas disputas e conflitos individuais ou coletivos, cabendo ao Estado o poder de julgar quem
está com a razão.
b) Sendo o Estado o conjunto das instituições dirigidas pelo Governo, cabe a este decidir sobre os rumos
da sociedade, inclusive com o direito soberano de utilizar-se da força e da violência para impor seus
interesses a essa sociedade.
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c) O Estado não é a fonte exclusiva do poder legítimo do uso da força e da coerção física sobre os indivíduos,
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na medida em que pode delegar poderes a grupos paramilitares armados, a exemplo de milícias e ou
matadores de aluguel.

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d) Somente ao Estado é autorizado o uso legal da força e da coerção física sobre os indivíduos, por meio
do monopólio da violência como uma exclusividade legal e um procedimento que não pode ser executado
por qualquer outro grupo ou instituição, a não ser de forma ilegal.

09. (UEMA) No conjunto da sua Sociologia compreensiva, o sociólogo alemão Max Weber define ação social
como ação:

a) Racional em que o agente associa um sentido objetivo aos fatos sociais.


b) Desprovida de sentido subjetivo e motivacional.
c) Humana associada a um sentido objetivo.
d) Cuja intenção fomentada pelos indivíduos, se refere à conduta de outros, orientando-se por ela.
e) Não orientada significativamente pela conduta do outro em prol de um bem comum.

10. Segundo Weber, há três formas de dominação/legitimidade do poder. Assinale a resposta que identifica
corretamente uma dessas formas é:

a) A dominação burocrática baseia-se no poder que emana do patriarca, do direito natural e das relações
pessoais entre senhor e subordinado.
b) A dominação tradicional baseia-se no poder que emana do estatuto estabelecido, regulando os atos de
quem ordena e de quem obedece às ordens.
c) A dominação carismática baseia-se no poder que emana do indivíduo seja pelo seu conhecimento ou
feitos heroicos ou determinadas qualidades.
d) A dominação carismática baseia-se no poder que emana das normas estabelecidas, podendo ser
alteradas por uma nova regulamentação.
e) A dominação tradicional baseia-se no poder que emana do conhecimento e reconhecimento de atos
heroicos, extinguindo-se com o indivíduo.

11. "A história de toda a sociedade até aqui é a história da luta de classes."
Karl Marx e Friedrich Engels, Manifesto do Partido Comunista

O conceito de Marx sobre a luta de classes representa o antagonismo entre uma pequena classe dominante
sobre uma maioria subalternizada. Foi assim com homens livres e escravos, senhores feudais e servos, em
suma, opressores e oprimidos.

Na Idade Moderna, qual são as forças que atuam na luta de classes e em que se baseia essa distinção?

a) Capitalistas e comunistas, distinção realizada através de sua ideologia.


b) Direita e esquerda, de acordo com o local em que se sentaram na assembleia posterior à Revolução
Francesa.
c) Burguesia e proletariado, divisão entre os detentores dos meios de produção e os donos da força de
trabalho.
d) Nobreza e clero, representantes de famílias aristocratas e representantes da Igreja.

12. Para Marx, a produção de mais-valia é modo de produção o capitalista. A partir dela, o trabalhador é
explorado e o lucro é obtido.

De acordo com o conceito de mais-valia desenvolvido por Marx, é incorreto dizer que:

a) Parte do valor produzido pelo trabalhador é apropriado pelo capitalista sem que lhe seja pago o
equivalente.
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b) O trabalhador é forçado a produzir cada vez mais pelo mesmo preço, firmado em contrato.
c) O valor do salário sempre será inferior ao valor produzido.
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d) Os salários são equivalentes ao valor produzido pelo trabalhador.

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13. "Minha contribuição foi somente demostrar que: 1. a existência de classes é um resultado de
determinadas fases históricas do desenvolvimento da produção; 2. A luta de classes levará a uma ditadura
do proletariado 3. E tal ditadura não é mais do que uma transição para o fim das classes sociais e uma
sociedade sem classes"
Karl Marx, Carta a Joseph Weydemeyer

Para Marx, a ditadura do proletariado é um período de transição alcançar a meta de uma sociedade sem
classes. Esse processo se daria a partir da:

a) abolição da propriedade privada e coletivização dos meios de produção.


b) abolição das leis trabalhistas e liberdade de negociação entre patrões e empregados.
c) confirmação de um governo autocrático que concentre todo o poder.
d) confirmação dos interesses individuais para o desenvolvimento econômico e social.

14. Complete a tabela acerca dos tipos de poder.

PODER DESCRIÇÃO

Econômico

Ideológico

Político

15. Complete a tabela acerca dos tipos de DOMINAÇÃO LEGÍTIMA, segundo Weber.

DOMINAÇÃO DESCRIÇÃO

TRADICIONAL

CARISMÁTICA

LEGAL-
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RACIONAL
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Referências - Apostila de Sociologia

DALLARI, Dalmo de Abreu. O que é participação política. São Paulo: Brasiliense,1994.

CASTRO, Celso Antônio Pinheiro de. Ciência Política: Uma Introdução. São Paulo: Atlas, 2004.

COTRIN, Gilberto. Fundamentos da Filosofia: história e grandes temas. São Paulo: Saraiva, 2006.

VALLS, Álvaro L. M. O que é política. São Paulo: Brasiliense, 2006

https://www.todamateria.com.br/o-que-e-sociologia/

https://sbsociologia.com.br/project/fernando-henrique-cardoso/

https://guiadoestudante.abril.com.br/atualidades/quem-foi-darcy-ribeiro-pensador-que-quis-entender-e-
melhorar-o-brasil/

https://blog.fastformat.co/o-que-voce-precisa-saber-sobre-os-tipos-de-
conhecimento/#:~:text=Dependendo%20da%20circunst%C3%A2ncia%20na%20qual,teol%C3%B3gico)
%2C%20filos%C3%B3fico%20e%20t%C3%A1cito.

https://www.infoescola.com/historia/era-das-revolucoes/

https://www.gestaoeducacional.com.br/lei-dos-tres-estados-quais-
sao/#:~:text=O%20que%20%C3%A9%20a%20Lei%20dos%20Tr%C3%AAs%20Estados%3F,quais%20
ele%20chamou%20de%20Teol%C3%B3gico%2C%20Metaf%C3%ADsico%20e%20Positivo.

https://filosofia.com.br/historia_show.php?id=113

https://www2.olimpiadadehistoria.com.br/1-curso/planos_de_aula/plano/1039
file:///C:/Users/USURIO~2/AppData/Local/Temp/MicrosoftEdgeDownloads/c394954e-eab6-4e9e-99fe-
147a75c8aa7d/claudiomarcio,+3+Apenas+uma+questao+de+cor_Pollyanna+Rangel.pdf

https://jkcarlossofia.blogspot.com/2011/09/apostila-de-sociologia-para-o-3.html

https://www.todamateria.com.br/durkheim/

https://brasilescola.uol.com.br/filosofia/sobre-suicidio-na-sociologia-Emile-durkheim.htm

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