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AULA 1

Sociologia I
O que é
Sociologia

Prof. Renato Herbella

1
Sumário
Objetivo da Aula 1

Nesta aula buscaremos responder a questão:


“O que é Sociologia?”.

Iremos abordar os aspectos gerais do pensamen-


to humano ao longo da história, pois estes propi-
ciaram o surgimento da sociologia no século XIX.
Enfrentaremos, portanto, questões atinentes à
“pré-sociologia”, notadamente a relação “homem e
sociedade” e suas três principais correntes teóri-
cas. Por fim, destacaremos a importância da disci-
plina no curso de direito, a sua complementaridade
com relação às demais matérias da matriz curricu-
lar, além de comentar sobre o necessário “desper-
tar crítico” do estudante.

Aula 1 - O que é Sociologia?


1. Introdução
2. Definições
2.1 A relação homem x sociedade
2.1.1 O homem como animal social
2.1.2 O homem como indivíduo
3. Objeto de estudo da Sociologia
4. Utilidade da Sociologia
5. Conclusão
6. “Mergulhando no conteúdo”
7. Referências Bibliográficas

Versão 2.1 1
Olá! Bem-vindo a nossa primeira aula!
Na aula de hoje buscaremos responder a seguinte pergunta: “- O que é
Sociologia?”.

Pois bem, considerando a divisão das ciências em áreas de concen-


tração, como a clássica divisão entre ciências humanas, exatas e biológicas,
além de suas subdivisões em matérias específicas, como por exemplo, a an-
tropologia (humanas), a matemática (exatas) e a biologia (biológicas), surgem
as seguintes dúvidas com relação à nossa matéria: - O que a sociologia se
propõe a estudar? - Há alguma ligação dela com outras matérias do curso de
Direito? - Sociologia é algo muito abstrato e distante da nossa realidade coti-
diana?

Nesta aula, além de responder estas questões, traremos outras indaga-


ções e informações importantes que se mostram necessárias para o avanço
na disciplina, no curso e na formação intelectual do estudante de direito.

Desde já é importante destacar que, ao contrário da filosofia, a sociologia


(como ciência) não tem origem na Grécia antiga, ou períodos mais longínquos.
Pelo contrário, a sociologia - como ciência - surge em um contexto histórico
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próximo da Revolução Industrial , compreendida principalmente a partir do iní-
cio do século XVIII e se solidifica no século XIX.

Apesar deste distanciamento cronológico com a filosofia, isso não sig-


nifica dizer que ela está totalmente dissociada desta. Ao longo do curso você
perceberá que diversos autores estudados na sociologia são também estuda-
dos na filosofia, seja pela complexidade e amplitude de suas obras, seja pela
proximidade do conteúdo das duas matérias.

1
Revolução Industrial foi o período compreendido entre os séculos XVIII ao XIX, cuja principal
característica foi a substituição do trabalho artesanal pelo assalariado com uso de máquinas.

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A sociologia é tida por muitos como uma ciência contraditória. Questões
como: “Para que serve?” ou “Para quem serve?”, fizeram com que esta disci-
plina fosse interpretada em determinados momentos históricos como conser-
vadora ou, até mesmo como revolucionária. Daí o motivo de sua contradição.

Em ditaduras da América do Sul, por exemplo, foi tida como revolucio-


nária, de esquerda, vista como aparato teórico para posteriores revoluções,
interpretação que fez com que a sociologia fosse banida da matriz curricular
das universidades. De outra banda, esta mesma disciplina já foi vista como
poderosa arma na mão das classes dominantes, tida como conservadora, por-
tanto.

Essa interpretação conservadora como instrumento de dominação atin-


giu seu ápice na Revolução Estudantil de maio de 1968 2, na França, quando
os estudantes de uma das mais renomadas universidades do mundo, a Sor-
bonne, picharam em seus muros que “não teríamos mais problemas quando o
último sociólogo fosse estrangulado com as tripas do último burocrata” (MAR-
TINS, 1994, p.3). Ou seja, interpretavam a sociologia como instrumento de
dominação a favor das classes dominantes.

Não obstante sua contrariedade é inegável sua importância.

2. Definições
“O que é Sociologia?”, evidente que esta questão já foi analisada por
inúmeros sociólogos que a definiram de diversas formas.

Para o alemão Georg Simmel:

“A sociologia pergunta o que acontece com os homens e quais as regras


de seu comportamento, não no que se refere ao desenvolvimento perceptível
de suas existências individuais como um todo, porém na medida em que for-
mam grupos e são influenciados, devido às interações, por sua vida grupal.”

2
Revolução Estudantil de maio de 1968: Inconformados com a rigidez do sistema educacional
francês estudantes realizaram protestos que atingiram seu auge em maio de 1968. As manifes-
tações se alastraram alcançando os trabalhadores, o que ocasionou uma greve geral na França.
A revolução contribuiu significativamente para a modificação de valores conservadores da socie-
dade francesa na época.

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Já o norte Americano Robert Erza Park e o canadense Ernest Watson
Burgess, responderam que:

“É a ciência do comportamento coletivo.”

Apesar dos inúmeros conceitos, por fim, trazemos a importante definição


dada pelo brasileiro Carlos Benedito Martins (1994, p. 3):

“É um conjunto de conceitos, técnicas e métodos de investigação produ-


zidos para explicar a vida social.”

Como mencionado, óbvio que existem outras respostas para o questio-


namento levantado. Contudo, por ora basta aprendermos que a sociologia é a
ciência que estuda a relação existente entre o homem e a sociedade, abran-
gendo todos os seus desdobramentos.

2.1 A relação “homem x sociedade”


Como vimos, nas ciências sociais de uma forma geral e, a sociologia,
especificamente, estuda o comportamento social do ser humano, tornando
possível a compreensão dos fenômenos sociais para, alterá-los, melhorá-los,
criticá-los, enfim, para no mínimo, conhecê-los melhor.

Esta relação existente entre o homem e a sociedade não é tão óbvia e


atemporal como podemos imaginar, pois diversos questionamentos já foram
feitos acerca desta relação.

Afinal quem veio primeiro, o homem ou a sociedade? Existe homem fora


da sociedade?

Para Refletir e pesquisar:

● Existe homem fora da sociedade?


● Em 1797 Victor de Aveyron tornou-se um caso conhecido de um menino
criado livre em um ambiente selvagem. Em 1801 o psiquiatra Jean-Marie
Gaspard Itard no livro “A educação de um homem selvagem”, chegou à con-
clusão de que a maior parte das deficiências intelectuais são, na verdade,
falta de socialização. Concluiu que o isolamento social prejudica a sociabili-
dade do indivíduo.

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● Na literatura, o escritor anglo-indiano Rudyard Kipling escreveu sobre o Mo-
gli, o menino-lobo.
● Em 1921 duas meninas indianas Amala e Kamala, foram descobertas em
uma caverna vivendo entre lobos, tal qual a história do Mogli. Porém, após
pouco tempo em convívio social, ambas não resistiram e acabaram falecendo.
● Posto isto, existe humanidade fora do contexto social?

2.1.1 O homem como animal social


Se é possível efetuar uma divisão nos grandes paradigmas filosóficos
que permeiam a história do pensamento humano, ou seja, nas principais for-
mas de compreensão do mundo, de forma didática, podemos estabelecer três:

a) o pensamento grego;
b) o pensamento cristão; e
c) o pensamento moderno.

Mas o que isso tem haver com a sociologia?

Simples. Considerando que a sociologia se propõe a estudar as relações


que envolvem o homem e a sociedade, então, a forma do pensar influencia a
análise destas relações.

Podemos ver em Aristóteles 3 (384-322 a.C.), sem sombra de dúvidas o


maior pensador de toda a pré-sociologia, especialmente em seu texto “A Polí-
tica”, uma dessas visões que demonstram a forma de interpretar o homem e a
sociedade.

Para este pensador há uma primazia da sociedade sobre o indivíduo.

Ademais, as coisas só são plenas, completas e perfeitas se mais próxi-


mas estiverem com o cosmos, com a natureza. Ou seja, quanto mais próximas
estiverem de sua finalidade.

Quando Aristóteles afirma que o homem é por natureza um animal polí-


tico (anthropos physei politikon zoon), diz que a exigência da perfeição, a pro-

3
Aristóteles: No contexto desta aula vale destacar a noção construída por Aristóteles em torno de
ideia de o homem ser um animal político por natureza. Isto é, que a cidade é natural e que o fim do
homem é a felicidade. Essa última, por sua vez, só será atingida na cidade (pólis). Portanto, quem
vive fora da cidade organizada ou é um ser degradado ou um ser sobre-humano (divino).

5
cura do bem melhor, a tendência para a realização daquilo que é o seu bem o
impelem para a polis.

A sociabilidade do homem, portanto, é inerente a ele, faz parte de sua


natureza, da mesma forma em que bebe, come e dorme para satisfação de
suas necessidades.

Em suas próprias palavras (2002, s.p.):

“a cidade é uma criação natural, e que o homem é por natureza um animal


social, e que é por natureza e não por mero acidente, não fizesse parte de
cidade alguma, seria desprezível ou estaria acima da humanidade […] Agora
é evidente que o homem, muito mais que a abelha ou outro animal gregário, é
um animal social. Como costumamos dizer, a natureza não faz nada sem um
propósito, e o homem é o único entre os animais que tem o dom da fala. Na
verdade, a simples voz pode indicar a dor e o prazer, os outros animais a pos-
suem (sua natureza foi desenvolvida somente até o ponto de ter sensações do
que é doloroso ou agradável e externá-las entre si), mas a fala tem a finalidade
de indicar o conveniente e o nocivo, e portanto também o justo e o injusto; a
característica específica do homem em comparação com os outros animais é
que somente ele tem o sentimento do bem e do mal, do justo e do injusto e de
outras qualidades morais, e é a comunidade de seres com tal sentimento que
constitui a família e a cidade.”

Posto isto, questiona-se:

Se a sociedade é imanente ao homem, se ele só atingirá a sua plenitude


na vida social, o que vem a ser a sociedade para Aristóteles?

A sociedade é a condição necessária para realização da finalidade do


homem, a forma última da comunidade humana, aquela que pode permitir aos
homens uma “vida melhor”.

Na obra mencionada, Aristóteles estabelece uma espécie de organiza-


ção em camadas da vida social. O homem é social, porque nasce, necessaria-
mente, de uma sociedade conjugal - relação entre homem e mulher. Daí que
nunca poderá ser individualista no nascimento, na sua criação e até mesmo
quando adulto. Não há esfera na qual o interesse do indivíduo possa se alienar
do interesse do todo. Isto é, novamente vemos a primazia do social perante o
indivíduo.

Fenômenos sociais podem até hoje serem explicados com base nos en-

6
sinamentos de Aristóteles, principalmente a noção de hierarquia social, socie-
dade estamental, entre outros. Mas, isso será estudado noutro momento.

Resumindo: Aristóteles vê no homem um animal político cuja cone-


xão social é parte natural de sua formação. Não há, portanto, homem fora
da sociedade e, somente nela, atinge-se a plenitude.

Para refletir

● Com fundamento no pensamento aristotélico, é possível afirmar a exis-


tência de um direito humano? Ou seja, de um direito natural do indivíduo fora
da sociedade?

2.1.2 O homem como indivíduo


Continuando com a “tripartição da história do pensamento”, principal-
mente pelo fato de ser muito didática, passaremos ao período medieval 4, com
o paradigma filosófico do cristianismo, determinante para compreensão da
pré-sociologia 5.

Com o cristianismo a pré-sociologia entrou numa nova fase. Diferente


de Aristóteles, que estabelecia a sociedade como ponto de partida para seus
pensamentos - primazia da sociedade sobre o indivíduo -, no paradigma cris-
tão esta máxima não encontra mais sentido. Agora, a partir da divindade, ou
seja, de pressupostos alheios à própria realidade social, há a explicação da
sociedade. Isto é, as mazelas e benesses sociais são explicadas a partir de
Deus.

Pode-se dizer que sociologia medieval é metafísica (além da física, para


além da realidade), afastada dos vínculos reais da sociedade. Por conta dos
dogmas, crenças e explicações metafísicas para explicar os fenômenos sociais,
alguns chegam a dizer que a sociologia na idade média foi tida como pré-socio-

4
Período Medieval: Período da história da Europa compreendido principalmente entre os séculos V
e XV. Tem início com a queda do Império Romano e término com a transição para a Idade Moderna.

5
Utiliza-se a expressão “pré-sociologia”, pois, como mencionado, a sociologia como ciência só sur-
giu no século XIX. Assim, o período anterior que contribuiu para o seu surgimento é chamado de
“pré-sociologia”.

7
lógica ou, até mesmo como anti-sociológica (MASCARO, 2009, p. 45).
6
Nada obstante, no início da idade moderna com o Renascimento , posterior-
mente com o iluminismo 7 há uma nova tentativa de explicação social. Trata-se do
período que compreende a passagem do feudalismo 8 para o capitalismo 9 e, pos-
teriormente, com a expansão da burguesia e o surgimento do Estado Moderno.

Os modernos, iluministas e burgueses, interpretam a relação homem e


sociedade de forma diversa dos gregos e dos pensadores do período medieval
teológico (pensamento cristão), pois, os fundamentos deste novo modelo são
o individualismo e o contrato social.

Mas o que vem a ser o individualismo?

O individualismo decorre das necessidades econômicas burguesas, pois


o capitalismo é o sistema produtivo baseado na apropriação do capital por al-
guns indivíduos. Seus valores são individuais, não são sociais. A propriedade
não é um bem coletivo, social, mas apenas do burguês (MASCARO, 2009, p,
58), daquele que detém o capital.

Como explicar a relação homem e sociedade desta forma individualista?

É neste contexto que surge a teoria do contrato social ou, contratualista.

Ao contrário do proposto por Aristóteles, aqui, o homem não é social por


natureza. Pelo contrário, ele é individual, isolado, vive sozinho. Assim, median-
te um acordo de vontade, cada um dos indivíduos que antes vivia isoladamen-
te, passa a viver em sociedade.

Então, a sociedade não é natural nem necessária. A sociedade é artifi-


cial, resulta de um contrato entre os indivíduos. Uma criação dos homens que,

6
Renascimento ou Renascentismo: Período marcado por grandes transformações na cultura, so-
ciedade, economia, política e religião, caracterizando, principalmente, a transição do feudalismo
para o capitalismo.

7
Iluminismo: O iluminismo foi um movimento global, filosófico, político, social, econômico e cultu-
ral, que defendia o uso da razão como o melhor caminho para se alcançar a liberdade, a autono-
mia e a emancipação.
8
Feudalismo: Organização social e política baseada nas relações servo-contratuais (servis). Tem
suas origens na decadência do Império Romano.

9
Capitalismo: Sistema econômico baseado no modo de produção através da propriedade priva-
da dos meios de produção e distribuição. Existe, portanto, o detentor do capital e o trabalhador
assalariado.

8
logicamente, vieram antes da sociedade.

Tome nota: aqui há uma primazia do homem sobre a sociedade.

Obviamente que esse contrato é uma ficção para explicar a sociedade.


Nesta teoria os indivíduos viviam isolados e este era seu estado de natureza.

É possível perceber a diferença entre o pensamento grego e o moderno,


pois se naquele o homem social era o natural, neste é o contrário. O individual
é o natural.

Por fim, se no período clássico foi citado Aristóteles como grande ex-
poente, aqui, nas teorias contratualistas, destacam-se Thomas Hobbes, John
Locke, Jean-Jacques Rousseau e, em certa medida, Immanuel Kant.

Resumindo: Em oposição ao pensamento aristotélico, no período moder-


no o homem é um indivíduo isolado que, ao manifestar sua vontade em viver
em sociedade através de um contrato social, passa a viver em comunidade.

Para refletir

● A nossa sociedade atual continua presa ao paradigma moderno individu-


alista?
● Como são as relações humanas em grandes centros urbanos? São to-
madas por afetividade, ou são relações impessoais e individualistas? Esse
comportamento favorece o surgimento de conflitos? Brigas no trânsito, por
exemplo?

3. Objeto de estudo da Sociologia


Estabelecidas as premissas iniciais do pensamento sociológico, ou me-
lhor, pré-sociológico, no próximo módulo, o estudo da sociologia moderna se
tornará mais compreensiva, vez que intimamente ligado com os conceitos e
conteúdos aqui abordados.

Constataremos quais são os principais objetos de estudo da sociologia,


através do surgimento dos métodos sociológicos, da sociologia como ciência e
da importância atribuída aos fatos sociais, principalmente com o pensamento
do francês Émile Durkheim (1858-1917). Ou seja, veremos que a sociologia se
propõe a analisar os agentes sociais capazes de provocar mudanças na socie-

9
dade, bem como, criar instrumentos teóricos para reflexão dos problemas da
sociedade contemporânea.

Já na sociologia jurídica, questões sobre a quantidade de processos nos


tribunais, os conflitos agrários, a política criminal, os conflitos de família, enfim,
serão fatos que passarão a ser estudados a partir de um viés sociológico.

Portanto, novamente, inegável a relevância da matéria.

4. Utilidade da Sociologia
Há, na contemporaneidade, um conceito prévio, um pré-conceito com rela-
ção aos estudos sociológicos e/ou filosóficos. Muitos estudantes não conseguem
compreender a amplitude e magnitude destas matérias e acabam a rotulando de
chata, inútil, meras estatísticas para matemáticos ou cientistas políticos.

Mas afinal, há alguma utilidade na sociologia?

Evidente que a resposta a esta pergunta é positiva, principalmente no


curso de direito.

Devemos reconhecer que persiste a ideia no senso comum de que o


melhor jurista é aquele que melhor conhece as leis. Ledo engano.

É importante conhecer as leis? Sem dúvida! Porém, em qual contexto


histórico surgiram, quais pressões sociais fizeram com que ela fosse aprova-
da, qual a interpretação mais adequada para aquela legislação, enfim, inúme-
ros desdobramentos surgem para justificar a importância da sociologia.

Alguma vez você já se perguntou, por exemplo, por que surgiu o Direito
Ambiental?

Seria porque o ambiente é fundamental ao bem de todos? Ou, porque a


industrialização capitalista já não precisa tanto mais explorar a natureza e ela
já pode ser protegida melhor juridicamente? Ou ainda, por conta de ambienta-
listas que dominaram melhor a sua capacidade de expressão e conquistaram
novos adeptos dos seus pensamentos? Por fim, seria talvez pela quantidade
enorme de catástrofes ambientais que fizeram com que os homens refletissem
melhor sobre o tema?

Na complexidade do mundo, a sociologia é mais uma das interpretações


possíveis e necessárias para facilitar sua compreensão. Isto é, a sociologia é

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fundamental para o entendimento do direito e sua relação com a sociedade.

Há, ainda, a finalidade do despertar crítico do pensamento, isto é, dizer


um basta ao senso comum, aos preconceitos, ao que “todo mundo pensa”, em
especial neste momento histórico com a explosão das redes sociais permea-
das por raciocínios superficiais. Além disso, questionar o porquê de as coisas
serem como são, os comportamentos, as situações, a sociedade, o nosso
modo de vida, entre outras. (CHAUÍ, 2000, p. 9).

O projeto cultural da sociologia é contribuir para que nosso pensamento


seja independente e para que saibamos agir tendo a reflexão como base.

A partir deste raciocínio, aprendendo a pensar com a sociologia, alcan-


çaremos o desenvolvimento do “pensar crítico” fundamental para o curso e
para a vida.

5. Conclusão
Nesta aula pudemos constatar principalmente o que é a sociologia, as
principais correntes teóricas do pensamento pré-sociológico, o seu principal
objeto de estudo, sua importância e, por fim, a sua utilidade.

Vimos que a sociologia possui relações com as demais disciplinas do


curso de direito e tem importância ímpar para o despertar de um pensamento
crítico, inerente à academia.

Esperamos que com os fundamentos aqui delineados, principalmente


com a noção aristotélica de homem e sociedade e com a visão moderna, no-
vos passos possam ser dados em busca de um conhecimento mais completo
da matéria.

6. “Mergulhando no conteúdo”
Caso queira se aprofundar nos temas abordados nesta aula, abaixo es-
tão sugestões de filmes e livros:

● O Garoto Selvagem - François Truffaut


● Mogli, o menino lobo - Steve Trenbirth
● Texto anexo: BORON, Atilio A. Filosofia política moderna. De Hobbes a
Marx. En publicacion: Filosofia política moderna. De Hobbes a Marx Boron, Ati-

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lio A. CLACSO, Consejo Latinoamericano de Ciencias Sociales; DCP-FFLCH,
Departamento de Ciencias Politicas, Faculdade de Filosofia Letras e Ciencias
Humanas, USP, Universidade de Sao Paulo. 2006. ISBN: 978-987-1183-47-0.
● Os utilizados nas referências bibliográficas da aula.

7. Referências bibliográficas
ARISTÓTELES. A política. Traduzido por Roberto Leal Ferreira. São Paulo:
Martins Fontes, 2002.

CHAUÍ, Marilena. Convite à filosofia. São Paulo: Editora Ática, 2000.

FERREIRA, Delson. Manual de sociologia: dos clássicos à sociedade da infor-


mação. 2ª ed. 9. reimpr. São Paulo: Atlas, 2012.

MARTINS, Carlos Benedito. O que é sociologia. 38ª ed. São Paulo: Brasilien-
se, 1994. (Coleção primeiros passos; 57)

MASCARO, Alysson Leandro. Lições de Sociologia do Direito. 2ª ed. São Pau-


lo: Quartier Latin, 2009.

DE CICCO, Cláudio. História do pensamento jurídico e da filosofia do direito.


3ª ed. reform. São Paulo: Saraiva, 2006.

Glossário
Imanente: Que está inseparavelmente contido na natureza de um ser ou
de um objeto; inerente.

Sociedade estamental: Sociedade marcada pela divisão de classes.


Semelhante a castas, porém é mais aberta. Na sociedade estamental, a mu-
dança social vertical ascendente é possível, mas muito difícil. Na sociedade de
castas esta mobilidade social vertical é impossível.

Metafísica: Que está para além da física. É uma doutrina que busca o
conhecimento da essência das coisas.

Estado Moderno: Conjunto de instituições sociais destinadas a manter


a organização política de um povo, possuindo o monopólio da força.

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Sociologia Jurídica: Ciência acadêmica que trata da relação entre fatos
sociais e o Direito. Atualmente se orienta pela compreensão do direito para
dignificação da pessoa humana, e não somente na supremacia da forma, da
lei ou, do poder.

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