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Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distância

Resolução das Questões

Olinda Caetano Policarpo: 708208501

Curso: Licenciatura em Ensino da Língua Portuguesa

Disciplina: Didáctica de Literatura

Ano de Frequência: 4º Ano

Turma: “E”

Nampula, Abril de 2023


Olinda Caetano Policarpo

Código: 708208501

Resolução das Questões

Trabalho a ser submetido ao docente da cadeira de


Didáctica de Literatura, para fins avaliativos.

Docente: Lancha Saíde.

Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distância

Nampula

2023
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• Capa 0.5
• Índice 0.5
Aspectos • Introdução 0.5
Estrutura organizacionais • Discussão 0.5
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• Bibliografia 0.5
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(Indicação clara do 1.0
problema)
• Descrição dos 1.0
Introdução objectivos
• Metodologia adequada
ao objectivo do 2.0
trabalho
• Articulação e domínio
Conteúdo do discurso académico
(expressão escrita 2.0
cuidada, coerência /
Análise e discussão coesão textual)
• Revisão bibliográfica
nacional e
internacional relevante 2.0
na área de estudo
• Exploração dos dados 2.0
Conclusão • Contributos teóricos
práticos 2.0
• Paginação, tipo e
Aspectos Formatação tamanho de letra, 1.0
gerais parágrafo,
espaçamento entre
linhas
Referências Normas APA 6ª • Rigor e coerência das
Bibliográficas edição em citações citações/referências 4.0
e bibliografia bibliográficas
Folha para recomendações de melhoria: A ser preenchida pelo tutor
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Índice

Introdução .............................................................................................................................................. 6

1. Relação Entre a Ciência de Literatura com Outras Ciências e Sistemas........................................... 7

1.1. Relação Entre a Ciência de Literatura com a Língua ..................................................................... 7

1.2. Relação Entre a Ciência de Literatura com a Pintura ..................................................................... 7

1.3. Relação Entre a Ciência de Literatura com a Arquitetura .............................................................. 8

1.4. Relação Entre a Ciência de Literatura com o Cinema.................................................................... 8

2. O Contributo da Didáctica de Literatura na Formação de Professores ............................................. 9

2.1. As Estratégias de Ensino dos Textos Narrativos e Poéticos ........................................................ 11

3. A Pertinência de Cânones: As Vantagens de seu Uso em Aulas da Língua Portuguesa ................ 12

4. Contributos da Poética Clássica e da Poética Romântica Para Teorização Actual Sobre Gêneros
Literários ............................................................................................................................................. 13

5. Estratégias Especificas Para Ensinar um Texto Poético no Ensino Secundário ............................. 14

Conclusão ............................................................................................................................................ 16

Referências Bibliográficas .................................................................................................................. 17


Introdução

A didáctica de literatura é, geralmente, entendida como uma ciência da mediação, a qual, ao transmitir
os conhecimentos de literatura, deverá atender às capacidades e aos conhecimentos dos destinatários.
É, pois, Disciplina que se ocupa do ensino do modo de ser da literatura. Introduzida nos currículos
universitários portugueses apenas na década de 1980, na formação inicial de professores de Português,
esta disciplina concentra-se em problemas aprioristicamente pragmáticos da literatura, que envolvem
tanto a definição daquilo que se ensina como de quem ensina e, sobretudo, como é que se ensina. É
esta última questão, talvez, o principal fim da didáctica.

O presente trabalho visa desenvolver as questões apresentadas pela docente de forma cientifica. Com
estas questões, o trabalho tem por objectivos de cada questão:

 Estabelecer relações entre a didáctica de literatura e outras ciências e sistemas;


 Reflectir sobre o contributo da didáctica de literatura na formação de professores de português
e estratégias de ensino dos textos narrativos e poéticos;
 Identificar os contributos da poética clássica e da poética romântica para a teorização actual
sobre os géneros literários;
 Conhecer as vantgens do uso de textos canónicos em aulas de língua portuguesa; e
 Desenvolver estratégias específicas para ensinar um texto poético no ensino secundário.

Em termos metodológicos, na elaboração do presente trabalho usou-se o método bibliográfico que


consistiu na leitura de várias obras citadas nas referências bibliográficas. Para a concretização da
resolução das questões, a autora fez estudo no manual de Didáctica de Literatura e facilitou-lhe a
compreensão da matéria nela constante.

No que concerne à estrutura do trabalho, este apresenta: uma introdução, onde se fez uma breve visão
dos conteúdos abordados no trabalho, objectivos da pesquisa, desenvolvimento onde estão detalhados
os principais conteúdo do trabalho propostos pelo tutor da cadeira, conclusão onde se fez a síntese do
que se percebeu relativamente ao longo do desenvolvimento do trabalho e finalmente termina com a
sua respectiva bibliografia onde estão listadas as obras consultadas e citadas no acto da elaboração do
trabalho de pesquisa.

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1. Relação Entre a Ciência de Literatura com Outras Ciências e Sistemas

A concepção da didáctica de uma disciplina como uma ciência de integração parte do princípio de que
a disciplina em causa trata do objecto, a sociologia e a psicologia estudam o aluno e a sociedade, e a
pedagogia estabelece e fundamenta os objectivos gerais da educação, de forma que, ao organizar os
processos de aprendizagem, ela terá de reunir as três áreas.

Refira-se também que o estabelecimento de relações entre as obras literárias e outras manifestações
artísticas e culturais, como o cinema, a música e a pintura, contribui para o desenvolvimento de uma
compreensão mais alargada do papel cultural e social da literatura. (Portugal, 2009, p.139).

1.1. Relação Entre a Ciência de Literatura com a Língua

A relação didáctica entre a língua e a literatura não pode ser entendida como uma relação de
sucessividade ou sobreposição quando sabemos que é parte integrante da competência do falante, a
capacidade de explorar, desde sa fases mais precoces da sua actuação verbal, as virtualidades
cognitivas e lúdico-catárticas de uma relação autotélica com a língua. (Covane, p. 19).

O estudo das línguas converte-se então numa disciplina nobremente auxiliar para o
estudo dos textos, aí compreendidas as obras literárias. Os estudos
de língua e literatura caminharão emparelhados, tanto para a constituição quanto para
a interpretação dos corpora. (Saussure, 2012).

A Literatura deve ser compreendida como arte e, como tal, não possui compromisso com a objetividade
e com a transparência na emissão de ideias. A linguagem literária faz da linguagem um objeto estético,
e não meramente linguístico, ao qual podemos inferir significados de acordo com nossas singularidades
e perspectivas.

1.2. Relação Entre a Ciência de Literatura com a Pintura

A Literatura é a arte da palavra e a pintura é a arte das cores e formas e, quando nos propomos a
identificar essa união, verificamos que a linguagem é formadora de imagens que são criadas a partir
de determinada linguagem adotada e trabalhada.

Para Bernardes & Mateus (2011), no campo especifico da relação literatura e pintura, estão lá, entre
outras:

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a possibilidade desta clarificar aquela em relação a categorias comuns (por
exemplo, a alegoria, a paródia etc.), tornando a compreensão menos teórica e
mais plástica; proporcionar uma contextualização mais abrangente de determinadas
constantes ideológicas e estéticas que se manifestam simultaneamente na
literatura e pintura (por exemplo, o Renascimento, o Modernismo); ilustrar a
presença de elementos contextuais na gênese do texto e sua influência maior
ou menor sobre ele; oportunizar que a educação literária seja o móbil de um
horizonte formativo maior, a educação estética; oferecer compreensões do texto
literário a partir de perspectivas de leitura iluminadas por “múltiplos e complexos
cruzamentos” (...), como sejam a adaptação, a tradução, a reescrita e a paródia, etc.
(Bernardes & Mateus, 2011, p. 23).

1.3. Relação Entre a Ciência de Literatura com a Arquitetura

Arquitetura e literatura são formas distintas de manifestação artística, que unem a inteligência abstrata
e racional à imaginação criadora na produção de obras de valor estético, autônomas e significativas.
Apresentam-se, dessa forma, como construções humanas complexas, que envolvem conhecimento,
invenção, expressão e produção, e revelam não apenas o universo sócio-histórico-cultural em que
foram produzidas, mas também um modo particular de encarar (assumir) e exercer a atividade criadora,
a qual podemos chamar de projecto poético ou simplesmente poética, que rege o fazer artístico.
(Contente, 1995).

Arquitetura e literatura são manifestações artísticas, porém, de naturezas distintas. A arquitetura se


dedica à criação de espaços habitáveis, enquanto a literatura busca criar verbalmente simulacros da
vida do homem no mundo, suas ações, pensamentos, sentimentos, dilemas existenciais, sociais,
políticos, éticos e culturais. (Barbosa, 1975, p.17).

1.4. Relação Entre a Ciência de Literatura com o Cinema

De acordo com Scorsi (2006), entre a literatura e o cinema, podemos afirmar que as relações existentes
são de inúmeras as possibilidades: em determinados momentos o cinema faz uso da literatura, e em
outros a literatura se utiliza do cinema. Ao falarmos do cinema e da literatura enquanto meios de
representações ideológicas, estamos falando, também, da possibilidade de fazermos nossos alunos
pensarem criticamente sobre a realidade que os cerca, fazendo-os se compreender enquanto sujeitos
modificadores da realidade, enquanto produtores de cultura. Além das possibilidades de compreensão
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cultural, percebemos que ao aliarmos o cinema e a literatura, instrumentalizamos os aprendizes para
que se tornem consumidores de arte, porém críticos acerca daquilo que eles entendem como realização
artística, incitando-os a leitura da literatura a partir da mediação fílmica.

Scorsi (2006) diz que, a literatura precede em milênios o cinema e por isso compõem-se esteticamente
de forma distinta: a literatura não se vale da estética da imagem, enquanto o cinema se constrói sob
ela. Ambas as linguagens, enquanto produto humano, se influenciam mutuamente. Entre os meios
literário e cinematográfico existe um paralelo comum, formado pelo diálogo e pela imagem, sendo que
no primeiro o texto propriamente dito é que acionará os sentidos e, na mente do leitor, se transformará
em imagem, enquanto no segundo imagens em movimento é que serão expostas aos olhos do
espectador, e serão decodificadas através das palavras.

2. O Contributo da Didáctica de Literatura na Formação de Professores

A Didáctica de Literatura procura contribuir para a segurança e a autonomia do futuro professor de


português. Vejamos que, para além de muitos assuntos que devem ser abordados na disciplina, o
programa deve abarcar a análise crítica de textos literários e as suas edições, a situações de tratamento
de textos literários e a selecção de textos escolares. (Covane, p. 23).

A didáctica de literatura, sendo embora uma disciplina que goza de autonomia, e, actualmente,
ferramenta pedagógica indispensável para os professores de língua portuguesa, faz convergir pontos
de contactos para a consolidação de atitudes literárias que lhes permitem agir com uma postura
linguística aceitável na sala de aula, bem como fora dela.

Cabe ao professor de Língua Portuguesa uma das tarefas mais impulsivas existentes
no currículo escolar, pois, tendo o dever de abordar conteúdos gramaticais, de
produção textual, como também o ensino de Literatura, em uma carga horária que
apesar de ser a mais extensa ainda se torna pequena, o professor ver-se em um difícil
panorama para planejar e realizar uma separação adequada para o trabalho em sala de
aula. Visto que os conteúdos a serem abordados possuem um nível elevado de
complexidade. (Wittke, 2012).

Nesse sentido, vê-se um distanciamento do ensino de literatura para com o ensino de língua portuguesa,
onde o texto literário é citado apenas uma vez como um dos variados campos discursivos. Ora que
gênero textual e gênero literário não são sinônimos, percebe-se que o campo textual em geral vem

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tendo uma demasiada expansão, dificultando o trabalho docente; assim, o professor vai utilizar o texto
literário em uma perspectiva presente constantemente no material didáctico, onde o texto literário
transforma-se em um texto didáctico servindo como objecto para a interpretação de textos em
gramática, no entanto, isso pode ocorrer, porém relacionando o desenvolvimento das potencialidades
expressivas e de produção criativa, propostas pela literatura em seu sentido macro.

O texto literário pode ser utilizado no ensino de língua materna ou da gramática; contudo, mesmo
nessas circunstâncias, ele se relaciona, antes de tudo, a atividades que, para se mostrarem coerentes
com a denominação das disciplinas que as abriga, têm em vista o desenvolvimento das potencialidades
expressivas e produção criativa dos estudantes. (Zilberman, 1988, p. 125).

"Língua” e "literatura" são termos que se associam de um modo quase automático, formando um
sintagma sólido e coeso. Nomeadamente quando se fala de ensino. Não se trata de ensinar língua mais
literatura ou de ensinar língua e depois literatura, mas de ter consciência de que faz parte da
competência do falante e está nela fundamente enraizada desde as fases mais precoces da
aprendizagem linguística a capacidade de explorar as amplas virtualidades cognitivas e lúdico-
catárticas de uma relação autotélica com a língua. (Covane, p. 20).

Nesta perspectiva, o estudo do texto literário revela-se um meio privilegiado, no


ensino da língua materna, de tomada de consciência da língua e do seu funcionamento
porque proporciona a percepção dinâmica da plasticidade de recursos linguísticos que
não são exclusivos da literatura. O uso literário não se institui, pois, como "desvio"
em relação ao uso "corrente" mas antes como intensificação e exploração de um
potencial comum. (Covane, p. 21).

Cabe ao professor de língua materna promover a activação intencional e o aprofundamento gradual


dessas capacidades e motivações presentes desde a primeira infância, fazendo-as evoluir para formas
de percepção e fruição mais elaboradas, nomeadamente no âmbito da recepção do texto literário. O
desenvolvimento e exercitação dessas competências constitui um trabalho "subterrâneo" realizado pelo
professor de língua materna no sentido de preparar o terreno em que poderá ganhar raízes profundas o
conhecimento-fruição do texto literário. (Covane, p. 23).

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2.1. As Estratégias de Ensino dos Textos Narrativos e Poéticos

Textos Narrativos: Uma narrativa é uma descrição de eventos, baseados em experiências, ocorridas
ou ficcionadas, seleccionados por quem escreve ou conta e descritos de acordo com uma organização
(Grasser, Golding & Long, 1991) estrutural que permite a antecipação de quem ouve ou lê. Explorar a
compreensão dos textos narrativos implica trabalhar histórias curtas, pequenas novelas e obras
completas adequadas à idade e interesse das crianças, fomentando o raciocínio dedutivo, a análise de
acções, a antecipação de acontecimentos, a previsão de consequências, o raciocínio inferencial e a
apreciação valorativa do texto.

Segundo Sim-Sim (2006), o ensino explícito da compreensão de textos narrativos deve incluir
estratégias:

 Que visem uma compreensão global de todo o texto ou de partes específicas do mesmo
(capítulos, parágrafos, frases, expressões, palavras) e interligações entre as partes específicas;
 Que desenvolvam a interpretação, i.e., o relacionamento entre a compreensão do texto e a
experiência individual do leitor;
 Que contemplem a análise da estrutura intratextual (organização e forma: como se ligam os
capítulos numa obra, ou os parágrafos num texto; como expressa o autor a passagem do tempo;
Como são caracterizadas as personagens; quais as palavras que melhor descrevem algo, etc.);
 Que explorem o tema central, as personagens principais, os acontecimentos determinantes, os
pequenos detalhes;
 Que tomem em linha de conta todos os elementos da narrativa, i.e., eventos, personagens,
contextos espacial e temporal, conflitos e a sua resolução;
 Que explorem o significado mais profundo do texto (subjacente ou explícito), através da
discussão colectiva, para que as crianças aprendam acerca da vida, delas próprias e do poder
da leitura de boas obras.

Textos Poéticos: A leitura de poesia alimenta o gosto pela sonoridade da língua (rima, ritmo, som das
palavras aliterações e onomatopeias), pelo poder da linguagem (sentido literal, sentido figurativo) e
pelo uso da linguagem poética e simbólica (Sim-Sim, 2006).

Para Sim-Sim (2006), as estratégias específicas de ensino da compreensão de um poema devem incluir:

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 A escolha antecipada do poema pelo professor (com humor, nonsense, alusivo a uma data ou
tópico, com diálogos...);
 A leitura do poema em voz alta pelo professor;
 A releitura em coro (professor/alunos);
 A explicação de palavras desconhecidas ou de um segundo sentido da palavra; a identificação
de “pontos chave” (conteúdo, forma);
 Associações de sentimentos, emoções e sensações individuais ao poema; “interrogar” o autor
sobre o sentido do poema, o uso de repetições ou expressões... a realização de actividades com
base no poema (rimas, paráfrases, sinónimos...reescrita);
 A partilha de leitura (partes do poema por crianças diferentes);
 A memorização do poema pelas crianças;
 A recitação do poema;
 A criação de uma “antologia” pessoal com os poemas preferidos por cada criança.

3. A Pertinência de Cânones: As Vantagens de seu Uso em Aulas da Língua Portuguesa

O cânone literário escolar é, por definição, o conjunto de textos que os programas oficiais consideram
de estudo obrigatório, por ser considerado ilustrativo da excelência e da variedade de um património
nacional merecedor de conservação e perpetuação. (Covane, p. 57).

Numa simples análise aos programas da Língua Portuguesa, sobretudo do ensino secundário em que o
caro estudante é candidato a ser ensinante, dá-se conta de textos incontornáveis, como os de Gil
Vicente, Camões (Covane, p. 57). Este facto poderá merecer uma atenção no sentido de se questionar
a sua pertinência. Porém, por se considerar necessário conciliar o estudo dos textos literários, nutre
apresentar-se as seguintes vantagens para o aluno:

 Diversificar as experiências de leitura, reconhecer afinidades e/ou contrastes entre vários


espaços, épocas, géneros e tipos de textos;
 Desenvolver a competência de interpretação pela apropriação progressiva de instrumentos
linguísticos e estético-literários;
 Apreciar criticamente diferentes tipos de textos, recorrendo a critérios pessoais; problematizar
a natureza e o valor do texto literário como documento e monumento histórico-cultural e
artístico;
 Integrar as realizações e as produções literárias na história e na cultura nacional e universal.
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Por outro lado, a afixação do cânone escolar tem para o professor as seguintes finalidades:

 Proporcionara aquisição, numa perspectiva diacrónica e sincrónica, de uma visão panorâmica


clara da literatura portuguesa que permita distinguir e caracterizar, nas suas linhas mestras,
época, períodos e correntes da nossa história literária e nesta situar os autores e obras lidas com
fundamento estético literário, ideológico e histórico-cultural;
 Contribuir para a identificação crítica com as manifestações e as realizações da cultura,
regionais, nacionais e universais, facultando os conhecimentos que possibilitem o diálogo
intertextual com obras do passado e do presente; proporcionar uma educação básica. (Covane,
p. 57).

4. Contributos da Poética Clássica e da Poética Romântica Para Teorização Actual Sobre


Gêneros Literários

A questão de integração de saberes na didáctica de literatura implica o reconhecimento de que o ensino


se apoia em teorias e instrumentos metodológicos, bem como em estratégias de ensino-aprendizagem
da literatura. A integração de saberes em contexto didáctico constitui um processo dinâmico, nunca
acabado, dada a própria natureza evolutiva dos saberes teóricos sobre a literatura e o seu ensino, bem
como a natureza dinâmica da prática pedagógica. (Covane, p. 70).

O quadro conceptual que entendemos para a integração dos saberes didácticos de que nos ocupamos
norteia-se por três princípios que servem de orientação teórica, metodológica e prática: o princípio da
aprendizagem integrada, o princípio a interactividade pedagógica e o princípio da construção da
aprendizagem.

A aprendizagem integrada envolve, nas actividades do ensino da literatura, em complementaridade


com o da língua materna. Do princípio a aprendizagem integrada decorre a aprendizagem dos
processos de compreensão dos textos incluindo as estratégias específicas das diversas modalidades de
leitura, como o comentário textual, quer no domínio oral, quer no escrito, deste modo, pode operar-se
uma mudança no tipo de aula tradicional que se desenrola preferencialmente em torno de discursos
centrados no professor. (Covane, p. 70).

A interactividade pedagógica diz respeito ao papel activo do aluno nas diversas actividades de ensino-
aprendizagem: na planificação dos projectos da leitura, nas aulas, nas estratégias de avaliação, etc.

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A construção da aprendizagem é entendida, no cenário didáctico-pedagógico, como desenvolvimento
da autonomia intelectual do aluno, respeitando-se uma articulação entre saber e saber fazer. (Covane,
p. 70).

No caso de literatura, estratégias entendemos um conjunto de processos de ensino. O estabelecimento


das estratégias envolve opções diversas(Covane, p. 76):

 Quanto aos procedimentos metodológicos de abordagem dos textos, de acordo com a sua
natureza modal e genológica;
 Quanto á selecção de obras de referência teórica, com vista à informaçào que se deve transmitir
aos alunos;
 Quanto à selecção de textos literários em função dos objectivos de aprendizagem, e dos
conteúdos programaticos.

5. Estratégias Especificas Para Ensinar um Texto Poético no Ensino Secundário

O texto literário – mais propriamente, o texto poético desempenha um papel um papel decisivo na
formação escolar, educativa e cultural dos jovens e não existem razões substantivas para que se altere
significativamente, e muito menos para que se abandone essa herança multissecular. (Covane, p. 49).

Os textos poéticos orais e escritos foram e são por excelência os espaços e os


organismos da constituição, do desenvolvimento e da ilustração das línguas históricas.
Neles coexistem, em tensão criadora, a exemplaridade e a normatividade linguísticas
e a inovação, a inventividade e a fantasia verbais, muitas vezes bordejando mesmo a
transgressividade e nessa fronteira de aventura e risco abrindo novos horizontes de
expressão e comunicação. Os textos poéticos são os mais perduráveis, mais vivos e
mais fecundantes, de todas as culturas. (Covane, p. 49).

Não se pode ensinar a língua sem ensinar a poesia, não se pode ensinar poesia sem o estudo da língua.

Os textos literários lidos e estudados na disciplina de português do ensino secundário devem ser
escolhidos tendo em consideração os estádios de desenvolvimento linguístico, psicológico, cognitivo,
cultural e estético dos alunos, mas devem ser sempre textos de grande qualidade literária, isto é, no
sentido mais lídimo da expressão, textos canónicos: textos modelares pela utilização da língua
portuguesa, pela beleza das formas, pela densidade semântica, pela originalidade, pela riqueza e pela
sedução dos mundos representados.
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Ao longo do ensino secundário, a disciplina de Português, tendo o texto literário como área nuclear,
deve desempenhar um papel central na educação das crianças, dos jovens e dos adolescentes, com
adequado aproveitamento das possíveis articulações dos textos fílmicos, por exemplo.

O texto literário, nas suas estruturas formais, retóricas, estilísticas, semânticas e pragmáticas, deve ser
o fulcro do processo de ensino-aprendizagem e será a partir da descrição, da análise, da interpretação
e da valorização dessas estruturas que se efectuarão as aconselháveis ou indispensáveis correlações e
articulações com a história da língua e da literatura, com os períodos literários e com os textos
histórico-sociais. (Covane, p. 50).

Os programas de Português do ensino secundário devem possuir portanto uma coluna vertebral,
digamos assim, teocêntrica, mas não devem confinar-se a um teocentrismo extreme ou clausurado
sobre si mesmo. A partir de cada “ núcleo de textualidade canónica”, com sustentação nas estruturas
verbais, retóricas, estilísticas, sémicas e pragmáticas dos próprios textos, deverá ser produzida e
transmitida a informação transtextual considerada como indispensável e apropriada para tornar mais
rica, mais fascinante e mais rigorosa também a construção de sentido de cada texto.

Os núcleos de textualidade canónica devem ser equilibradamente representativos dos diversos estádios
da história da língua e da literatura.

O modelo de programa de português e literatura que se propõe para o ensino


secundário tem fundamentalmente os seguintes objectivos: reduzir a extensão dos
programas; formar leitores que leiam com gosto, com emoção e com discernimento,
na escola, fora dela e para além da escola. Se se quiser, um modelo de programa com
o objectivo de formar leitores para a vida, no sentido plural desta expressão: leitores
para toda a vida e leitores que buscam nos textos literários um conhecimento, uma
sabedoria, um prazer e uma consolação indispensável à vida. (Covane, p. 50).

Os modelos de descrição e análise textuais de matriz arquitextual não podem, todavia, ser utilizados
mecanicamente, como se o sentido de um texto fosse inteiramente subsumível naqueles modelos. Em
última instância, o professor e o aluno têm de ler e interpretar um texto literário concreto e
irredutivelmente individual, num diálogo hermenêutico entre as estruturas textuais e a memória, a
informação, a sensibilidade e a imaginação do leitor-intérprete. (Covane, p. 50).

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Conclusão

Diante do estudo e desenvolvimento deste trabalho é possível perceber que, a Didáctica da Literatura
é uma disciplina que se ocupa do ensino do modo de ser da literatura, concentrando-se em problemas
aprioristicamente pragmáticos da literatura, que envolvem tanto a definição daquilo que se ensina
como de quem ensina e, sobretudo, como é que se ensina. Por sua vez, a relação da didáctica entre a
língua e a literatura não pode ser entendida como uma relação de sucessividade ou sobreposição
quando sabemos que é parte integrante da competência do falante, a capacidade de explorar, desde das
fases mais precoces da sua actuação verbal, as virtualidades cognitivas e lúdico-catárticas de uma
relação autotélica com a língua. A Didáctica de Literatura procura contribuir para a segurança e a
autonomia do futuro professor de português. Vejamos que, para além de muitos assuntos que devem
ser abordados na disciplina, o programa deve abarcar a análise crítica de textos literários e as suas
edições, a situações de tratamento de textos literários e a selecção de textos escolares.

Por sua vez, a Didáctica de Literatura procura contribuir para a segurança e a autonomia do futuro
professor de português. Para além de muitos assuntos que devem ser abordados na disciplina, o
programa deve abarcar a análise crítica de textos literários e as suas edições, a situações de tratamento
de textos literários e a selecção de textos escolares.

Portanto, a problemática dos géneros literários é um assunto já abordado na cadeira de Introdução aos
Estudos Literários. Estamos agora a recapitula-lo, já que o mesmo se reveste de importância extrema
na compreensão da problemática da interpretação e análise textual.

Concluímos que, os programas de Português do ensino secundário devem possuir portanto uma coluna
vertebral, digamos assim, teocêntrica, mas não devem confinar-se a um teocentrismo extreme ou
clausurado sobre si mesmo. O texto literário, nas suas estruturas formais, retóricas, estilísticas,
semânticas e pragmáticas, deve ser o fulcro do processo de ensino-aprendizagem e será a partir da
descrição, da análise, da interpretação e da valorização dessas estruturas que se efectuarão as
aconselháveis ou indispensáveis correlações e articulações com a história da língua e da literatura, com
os períodos literários e com os textos histórico-sociais.

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Referências Bibliográficas

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Hannelore Araújo, Irmtraud Mey e Aires Graça, Lisboa, Dom Quixote.

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