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Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distância

Centro de Recursos de Nampula

Os Pilares da Educação Face Aos Desafios Tanto das Pessoas Como da Sociedade

Olinda Caetano Policarpo: 708208501

Curso: Licenciatura em Ensino da Língua Portuguesa

Disciplina: Didáctica do Português III

Ano de Frequência: 4º Ano

Turma: “E”

Nampula, Junho de 2023


Olinda Caetano Policarpo

Código: 708208501

Os Pilares da Educação Face Aos Desafios Tanto das Pessoas Como da Sociedade

Trabalho a ser submetido ao docente da cadeira de


Didáctica do Português III, para fins avaliativos.

Docente: Alberto Ireneu António.

Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distância

Nampula

2023
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• Capa 0.5
• Índice 0.5
Aspectos • Introdução 0.5
Estrutura organizacionais • Discussão 0.5
• Conclusão 0.5
• Bibliografia 0.5
• Contextualização
(Indicação clara do 1.0
problema)
• Descrição dos 1.0
Introdução objectivos
• Metodologia adequada
ao objectivo do 2.0
trabalho
• Articulação e domínio
Conteúdo do discurso académico
(expressão escrita 2.0
cuidada, coerência /
Análise e discussão coesão textual)
• Revisão bibliográfica
nacional e
internacional relevante 2.0
na área de estudo
• Exploração dos dados 2.0
Conclusão • Contributos teóricos
práticos 2.0
• Paginação, tipo e
Aspectos Formatação tamanho de letra, 1.0
gerais parágrafo,
espaçamento entre
linhas
Referências Normas APA 6ª • Rigor e coerência das
Bibliográficas edição em citações citações/referências 4.0
e bibliografia bibliográficas
Folha para recomendações de melhoria: A ser preenchida pelo tutor
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Índice

Introdução .............................................................................................................................................. 6

1. Os Pilares da Educação Face Aos Desafios Tanto das Pessoas Como da Sociedade ....................... 7

1.1. Os Desafios da Educação do Futuro............................................................................................... 7

1.2. Os Pilares da Educação .................................................................................................................. 9

1.2.1. O Aprender a Conhecer ............................................................................................................... 9

1.2.2. O Aprender a Fazer ................................................................................................................... 11

1.2.3. O Aprender a Conviver, Viver Juntos, Aprender a Viver Com os Outros ................................ 12

1.2.4. O Aprender a Ser ....................................................................................................................... 13

Conclusão ............................................................................................................................................ 15

Referências Bibliográficas .................................................................................................................. 16


Introdução

Elaborados em 1999 pelo professor político e econômico francês, Jacques Delors, os 4 pilares
regem a educação e determinam o que não pode faltar numa sala de aula. Esses 4 pilares refletem
uma educação completa, ou seja, aquela que visa preparar o aluno para a vida em sociedade,
tornando-o cidadão. Os quatro pilares são o contexto certo para trabalhar na educação, pois sendo
onde tudo acontece na vida dos alunos em seu desenvolvimento, desde aprender a falar
correctamente a seu carácter, como respeito e ética para a sociedade em que vivemos, os pilares tem
o poder de construir nos alunos sua identidade.

O presente trabalho de pesquisa compila informações da seguinte temática: os pilares da educação


face aos desafios tanto das pessoas como da sociedade. Com este tema, o trabalho tem por
objectivos:

• Explicar os desafios da educação no contexto das pessoas como da sociedade;


• Identificar os quatro pilares da educação ou do conhecimento;
• Descrever os quatro pilares da educação ou do conhecimento;
• Justificar o impacto que cada pilar traz à componente educativa.

A pesquisa é de carácter qualitativo, com base em uma pesquisa bibliográfica, elaborada a partir
de material já publicado em revistas, livros, artigos e teses, assim como também materiais
disponíveis na internet e no caso do manual de Língua Portuguesa II, de vários autores da área, os
quais abordam o tema em questão, e os mesmos forneceram subsídios teóricos bastante
significativos para a fundamentação da temática em questão.

No que concerne à estrutura do trabalho, este apresenta: uma introdução, onde se fez uma breve
visão dos conteúdos abordados no trabalho, objectivos da pesquisa, desenvolvimento onde estão
detalhados os principais conteúdo do trabalho propostos pelo tutor da cadeira, conclusão onde se
fez a síntese do que se percebeu relativamente ao longo do desenvolvimento do trabalho e
finalmente termina com a sua respectiva bibliografia onde estão listadas as obras consultadas e
citadas no acto da elaboração do trabalho de pesquisa.

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1. Os Pilares da Educação Face Aos Desafios Tanto das Pessoas Como da Sociedade

1.1. Os Desafios da Educação do Futuro

Um dos maiores desafios para a educação será a transmissão, de forma maciça e eficaz, da
informação e da comunicação adaptadas à civilização cognitiva (pois estas são as bases das
competências do futuro). Simultaneamente, compete ao ensino encontrar e ressaltar as referências
que impeçam as pessoas de ficarem ilhadas pelo número de informações, mais ou menos efêmeras,
que invadem os espaços públicos e privados. Assim como, orientar os educandos para projectos de
desenvolvimento individuais e coletivos. (Dolors, 1998).

À educação cabe fornecer, de algum modo, a cartografia dum mundo complexo e constantemente
agitado e a bússola que permita navegar através dele.

Para Piaget (1966), o ensino, tal como o conhecemos, debruça-se essencialmente sobre o domínio
do aprender a conhecer e, em menor escala, do aprender a fazer. Estas aprendizagens, direcionadas
para a aquisição de instrumentos de compreensão, raciocínio e execução, não podem ser
consideradas completas sem os outros dois domínios da aprendizagem, muito mais complicados
de explorar, devido ao seu carácter subjectivo e dependente da própria entidade educadora.

Delors (1998) aponta como principal consequência da sociedade do conhecimento a necessidade


de uma aprendizagem ao longo de toda vida, fundamentada em quatro pilares, que são,
concomitantemente, do conhecimento e da formação continuada.

Diante dos múltiplos desafios do futuro, a educação se apresenta como o caminho para a
construção da paz, da justiça social e da sustentabilidade. Uma educação que busca a formação
integral do ser humano, que propicie a vivência de valores e da ética do cuidado com os
elementos que compõem a teia da vida. Uma educação que contribua para que os grupos
humanos adotem formas de produção condizentes com os recursos naturais de cada região e da
escolha de tecnologias apropriadas à natureza, à comunidade e a sua cultura. (Splitter & Sharp,
1999).

Para a UNESCO, a educação do futuro se apresenta como uma via que conduza a um
desenvolvimento humano mais harmonioso, mais autêntico, de modo a fazer recuar a pobreza, a
exclusão social, as incompreensões, as opressões, as guerras. (Dolors, 1998, p.11).

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Todavia, se para garantir a sustentabilidade da vida no Planeta, a adoção de novas atitudes, acções
e comportamentos são necessários, porque apesar de todo o conhecimento intelectual, a
humanidade não consegue agir de acordo com esse propósito? Uma das respostas talvez esteja no
facto de a educação de hoje não conseguir desenvolver o ser humano em sua integridade,
incorporando valores, como a generosidade, a fraternidade, a solidariedade e o amor. Ou ainda, na
fragilidade de uma educação fragmentada, que por vezes, fragmenta também os contextos e as
complexidades. (Charlot, 2000).

Nesse sentido, a abordagem transdisciplinar se apresenta hoje como um caminho para superar e/ou
minimizar essas fragilidades da educação, propiciando o desenvolvimento de uma atitude de paz,
de um pensamento ambiental orientado para a sustentabilidade da vida e da ação humana
comprometida com seu contexto local. “O que exige de cada ser humano um repensar sobre o modo
como se relaciona consigo mesmo, com os outros e com a natureza em suas atividades cotidianas”,
nas palavras de Oliveira e Viana (2008).

Assim, a educação tem o desafio de introduzir, na referência cotidiana de mundo, a abordagem


transdisciplinar como uma proposta que tem como objectivo integrar as diferentes áreas do
conhecimento e também as várias formas de produzir e vivenciar conhecimentos que a humanidade
vem elaborando no decorrer de sua história.

A educação ao longo de toda a vida está relacionada não somente com as alterações da vida
profissional, mas com a construção contínua da pessoa humana, dos seus saberes e aptidões, de
sua capacidade de discernir e agir. A educação deve levar cada um a tomar consciência de si
próprio e do meio ambiente que o rodeia, e a desempenhar o papel social que lhe cabe enquanto
trabalhador e cidadão (Dolors, 1998. p.18).

A transdisciplinaridade envolve e desenvolve diferentes aspectos do ser humano, integrando


pensamento, sentimento, intuição, sensibilidade, cognição, representação e emoção. Pressupõem
iniciar um exercício de melhoria do ser, do pensar e do fazer com base em uma práxis educativa
que integra o objectivo e o subjectivo, o racional e o afectivo, as vivências e os significados, as
percepções e representações de mundo. (Charlot, 2000).

Na visão de Delors (2012), a educação é, portanto um processo complexo, contínuo e histórico, de


formação humana, cuja abrangência vai além da escola. Um processo social e cultural que envolve

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a acção entre as pessoas, que vai além da simples aquisição e transmissão de conhecimentos
técnico-científicos.

Tendo como pano de fundo, o fluxo vertiginoso de informações no mundo actual, assim como a
diversidade e diversificação das fontes epistemológicas, a educação deve necessariamente adequar-
se aos novos ventos, de tal forma, que a escola, não deve ter simplesmente a acumulação de saberes
no plano quantitativo, mas sim propiciar a cultura da actualização permanente, uma actualização
que permite responde as exigências não só económicas e profissionais, mas também de natureza
ética e de construção do episteme. (Piaget, 1966).

1.2. Os Pilares da Educação

A Educação para o século XXI que Jacques Delors (2001) remete a UNESCO, na forma de
relatório, compreende os quatro pilares fundamentais de educação:

 Aprender a conhecer (adquirir instrumentos de compreensão);

 Aprender a fazer (para poder agir sobre o meio envolvente);

 Aprender a viver juntos (cooperação com os outros em todas as actividades humanas); e

 Aprender a ser (conceito principal que integra todos os anteriores).

Estas quatro vias do saber, na verdade, constituem apenas uma, dado que existem pontos de
interligação entre elas, eleitos como os quatro pilares fundamentais da educação.

Mas, regra geral, o ensino formal orienta-se, essencialmente, se não exclusivamente para o
aprender a conhecer e, em menor escala, para o aprender a fazer. As duas outras aprendizagens
dependem, a maior parte, de circunstâncias aleatórias quando não são tidas como prolongamento,
dalgum modo natural, das duas primeiras. (Delors, 1998, apud Franze & Vunguire (s/d)).

1.2.1. O Aprender a Conhecer

O primeiro dos 4 pilares da educação trata tanto da aquisição do saber quanto do domínio sobre os
próprios meios para isso. Esse aprendizado pretende que cada pessoa possa conhecer o mundo que

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a rodeia, conseguindo assim viver dignamente, desenvolver capacidades profissionais e
se comunicar. (Delors et al, 2001).

Este pilar versa sobre a compreensão do mundo que habitamos e de nós mesmos, do objectivo
de se viver dignamente, da necessidade de se desenvolver capacidades apropriadas à realidade
actual, voltadas ao raciocínio lógico com autonomia. (Delors, 1998, apud Franze & Vunguire
(s/d)).

Assim, desde tenra idade, é imprescindível se despertar o interesse por novas descobertas,
instrumentalizando o conhecimento com paradigmas actualizados.

O conhecimento evolui de forma rápida e em várias direcções, o que torna quase impossível
o conhecimento total. O indicado por este pilar do aprender a conhecer é buscar a ampla
cultura geral e colocar o foco em determinados assuntos de interesse, aprofundando os
detalhes para torna-los ótimos. A cultura geral permite facilitar a comunicação, quando já se
tem o conhecimento de outras linguagens. Com o conhecimento aprofundado em outras
linguagens, o indivíduo sente a facilidade de comunicação e interação com as outras pessoas
e, poderá se manter cooperativo em quaisquer circunstâncias. (Splitter & Sharp, 1999).

Para Delors et al (2001), o Aprender a aprender compõe-se do todo necessário do aprender a


conhecer e requisita a constante actualização em exercitar a memória e o pensamento, além de
prestar atenção às coisas e às pessoas. A velocidade com que ocorrem as informações, devido à
rápida evolução dos meios tecnológicos, podem prejudicar o encontro com as descobertas, pois
estas demandam tempo maior para alcançar o conhecimento recebido. Este tempo é primordial
na execução de tarefas diárias como participação em jogos, atualização continuada, viagens,
afazeres práticos de ciências e outros.

Os professores, em geral, fazem seus planos de aulas com requintes de conteúdo e técnicas que
irão aplicar, mas esquecem de pensar e planejar o que os alunos vão fazer com ou sobre este
conteúdo. Como afirma Doug (1967): Pensar a respeito e planejar as actividades dos alunos é
crucial. Ajuda a ver a aula pela perspectiva deles e mantê-los engajados de forma produtiva.

Segundo Charlot (2000), especialistas em cérebro afirmam que as crianças devem ser
preparadas, desde cedo, a exercitarem os vários tipos de memória. O exercício da memória, onde
ficam armazenadas as ideias e imagens, deve ser preservado. Isto não se aplica ao exercício da
memória associativa, que é a habilidade do cérebro em recordar por associação. Por exemplo: a

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simples lembrança do cheiro de uma comida, pode nos afastar ou agradar no contato com o
mesmo prato, tempos depois. A memória, como função cognitiva, permite tanto as informações
ativas, quanto as transitórias (Metring, 2014). Continua esse autor informando que a memória
inclui habilidades de armazenar, recordar e reconhecer fatos e atividades cognitivas, tais como:
compreensão, aprendizado e raciocínio.

Segundo Piaget (1996), o pensamento, parte integrante do aprender a conhecer, deve contemplar
situações do concreto ao abstrato, do método indutivo ao dedutivo. No método indutivo, o
pensamento caminha da indução para se chegar à conclusão. No método dedutivo, o pensamento
caminha da análise geral para a particular, até a conclusão. No exercício do pensar deve-se
optar pelo método, que melhor se ajuste ao caso. Ou a usar os dois imbricados.

Aprender a conhecer deve fazer parte do desenvolvimento humano, ao longo de sua existência,
e se tornará aprendizado eficaz ao conseguir produzir nas pessoas, o impulso e as bases das suas
atividades. (Delors, 2012).

1.2.2. O Aprender a Fazer

O segundo dos 4 pilares da educação está intrinsecamente ligado ao primeiro. Ele se refere à
formação do profissional. Fala sobre como conseguir usar os conhecimentos adquiridos na prática,
no mercado de trabalho. (Delors et al, 2001).

Como ensinar o aprender a fazer a partir do aprender a conhecer que é evolutivo e incerto? Se
falamos em evolução o ensinar a fazer adquire variadas conjunturas. Assim, as aprendizagens
também são evolutivas embora as de rotina pedagógica continuem a ter o valor formativo, o que
não pode ser negligenciado, pois compõe sua competência pessoal.

A competência pessoal faz com que o conhecimento inteligente se coloque em prática, o qual é
valorizado no fazer. Não basta fazer, é preciso ser criativo e inovador, fazer por sua inteligência
estudada e organizada com que as máquinas se tornem mais inteligentes, facilitando o trabalho
e ganhando em produção.

Isto resulta em exigências de educação que vá além do trabalho rotineiro, para a capacitação
técnica e profissional, adaptação ao trabalho coletivo em equipe, que exercite a criatividade, a

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iniciativa, ser ousada e propensa a desafios. Para Kamii (2003), o educador ao interagir com a
criança, dá ênfase ao aprender a colocar suas próprias ideias.

O desenvolvimento no sector de serviços, hoje, não pode ser resistente às mudanças, muito
embora o novo, por lidar com o desconhecido, possa desestabilizar o chão do trabalhador. O
dirigente empresarial, que assume compromisso pessoal com o trabalho e com o trabalhador,
pode se tornar um agente transformador, desenvolvendo capacidades de comunicar, de trabalhar
em equipe, de gerir e resolver conflitos, importantes habilidades exigidas no comando de uma
empresa.

O trabalho assalariado existe desde que se tornou prática, a troca da força de trabalho por
salário. Esta fase do trabalho é caracterizada pela relação interpessoal de dependência. Esta
foi a chamada Era Industrial. Anteriormente, vivenciamos a Era da Agricultura, pela qual o
relacionamento interpessoal era quase nulo, pois se caracterizava pelo individualismo. O
desenvolvimento dos serviços, nesta Era do Conhecimento, não se dá nem pela dependência,
menos ainda pelo individualismo. A exigência é pelo trabalho coletivo, com a efectiva relação
social e eficaz entre as pessoas. (Splitter & Sharp, 1999).

Cada vez mais, a realidade que vivemos está no alcance de formar o profissional social, ligado
à cultura científica com acesso à tecnologia actualizada, agregada às capacidades de inovação e
criação do contexto local.

1.2.3. O Aprender a Conviver, Viver Juntos, Aprender a Viver Com os Outros

O terceiro dos 4 pilares da educação diz respeito ao aprendizado da não-violência. Ele parte da
premissa de que o combate à intolerância e à violência é mais efectivo se grupos diferentes
encontrarem objectivos em comum pelos quais lutar, em vez de simplesmente serem postos um em
contato com o outro. Dessa maneira, a hostilidade dá lugar a um espírito colaborativo. (Delors et
al, 2001).

Aprendendo a conviver, a viver e a trabalhar junto a outros, apresentar proposições, participar


de planos e projetos, comemorar conquistas, na família e no trabalho, esta é a direção do
aprendizado fundamental. No educacional o mesmo aprendizado se aplica.

Aprender a conviver é o mecanismo da educação para pessoas em desenvolvimento. Essa


educação deve tender para objectivos comuns, atenuando diferenças. Quando se trabalha em
cooperação nas actividades esportivas, culturais, nas apresentações de feiras de livros, de
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profissões, a tendência é estabelecer uma convivência de ajuda, de encadeamento de ideias e de
alegria. Os conflitos perdem força e abrem espaço para a construção de um grupo coeso,
harmonioso e feliz, sendo referência para a vida futura.

É de louvar a idéia de ensinar a não-violência na escola, mesmo que apenas constitua um


instrumento, entre outros, para lutar contra os preconceitos geradores de conflitos. A tarefa é
árdua porque, muito naturalmente, os seres humanos têm tendência a supervalorizar as suas
qualidades e as do grupo que a pertencem, e a alimentar preconceitos desfavoráveis em relação
aos outros. (Delors, 1998).

Por outro lado, o clima geral de concorrência que caracteriza, atualmente, a atividade econômica
no interior de cada país, e sobretudo em nível internacional, têm a tendência de dar prioridade ao
espírito de competição e ao sucesso individual. De facto, esta competição resulta, atualmente em
uma guerra econômica implacável e numa tensão entre os mais favorecidos e os pobres, que divide
as nações do mundo e exacerba as rivalidades históricas. É de lamentar que a educação contribua,
por vezes, para alimentar este clima, devido a uma má interpretação da idéia de emulação. (Delors,
1998, apud Franze & Vunguire (s/d)).

Sem dúvida, está aprendizagem representa, hoje em dia, um dos maiores desafios da educação. O
mundo atual é, muitas vezes, um mundo de violência que se opõe à esperança posta por alguns no
progresso da humanidade. A história humana sempre foi conflituosa, mas há elementos novos que
acentuam o problema e, especialmente, o extraordinário potencial de autodestruição criado pela
humanidade no decorrer do século XX (Splitter e Sharp, 1999). A opinião pública, através dos
meios de comunicação social, torna-se observadora impotente e até refém dos que criam ou
mantém conflitos. Até agora, a educação não pôde fazer grande coisa para modificar esta situação
real.

1.2.4. O Aprender a Ser

O último dos 4 pilares da educação fala sobre o desenvolvimento do ser como um todo. Ele defende
que o ser humano precisa se tornar apto a pensar de forma autônoma e crítica, sendo capaz de
formular o próprio juízo de valor e sabendo que atitudes tomar ante as circunstâncias da vida. Para
isso, ele precisará de referências intelectuais que lhe permitam uma compreensão de mundo e o
desenvolvimento de um comportamento responsável e justo. (Delors et al, 2001).

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Para Delors (2012), a educação deve contribuir para o desenvolvimento total da pessoan espírito e
corpo, inteligência, sensibilidade, sentido estético, responsabilidade pessoal, espiritualidade. Todo
o ser humano deve ser preparado, especialmente graças à educação que recebe na juventude, para
elaborar pensamentos autónomos e críticos e para formular os seus próprios juízos de valor, de
modo a poder decidir, por si mesmo, como agir nas diferentes circunstâncias de vida.

Mais do que nunca, a educação parece ter como papel essencial, conferir a todos os seres humanos
a liberdade de pensamento, discernimento, sentimento e imaginação de que necessitam para
desenvolver os seus talentos e permanecerem tanto quanto possível, donos do seu próprio destino.

A educação como meio para uma tal realização é, ao mesmo tempo, um sucesso individualizado e
uma construção social interactiva.

O relatório apresentado para a UNESCO alerta que a educação seja processo contínuo, ao longo
da vida, em constante actualização e que vise a qualidade total. Desta forma, o aprender a ser
contribui com a formação integral do indivíduo, em todos os sectores do conhecimento, quais
sejam, inteligência, habilidades para o pensar e com critérios do raciocínio lógico, da
argumentação fundamentada na cultura, nas diversidades e no conhecimento científico.

Enfim, o aprendizado ao longo da vida não se resume aos ensinamentos pedagógicos de sala
de aula, mas se fundamenta na interação com o outro e com o fazer próprio. Sabemos que a
criança aprende muito com seus pares em quaisquer ambientes que estejam, aprendem muito
com o que veem e ouvem no mundo. Tanto na sala de aula como fora dela, as crianças
adquirem capacidade para discutir e explorar assuntos relevantes, num contexto de confiança
e respeito mútuos. (Splitter e Sharp, 1999).

Para Piaget (1966), o aprender a ser deve ser valorizado no mundo actual por preparar o
indivíduo ao longo da vida para desenvolver o aprender a conhecer, o aprender a fazer, o
aprender a conviver e o aprender a ser, no sentido literal da palavra “ser” como pessoa. A
aprendizagem deve ser integral, sem negligenciar nenhuma potencialidade de cada indivíduo.

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Conclusão

Diante do estudo e desenvolvimento deste trabalho é possível perceber que, é escusado dizer que
os quatro pilares da educação, acabados de escrever, não se apoiam, exclusivamente, numa fase da
vida ou num único lugar. Os quatro pilares são interdependentes e formam um único aprendizado.
Que dirige a pessoa humana à construção dos saberes, das aptidões, das capacidades de discernir,
do agir e do avaliar de forma ampla e integral.

Por sua vez, o aprender a conhecer leva a compreensão do mundo que o cerca, abertura para o
conhecimento de si mesmo e do outro, que o afasta da ignorância. O aprender a fazer conduz a
praticar o conhecimento absorvido, que o afasta do imobilismo. O aprender a conviver o
direcciona ao trabalho em equipe, que o afasta do isolamento. O aprender a ser que solidifica os
pilares e os harmoniza para conformar o ser humano íntegro.

Portanto, numa altura em que os sistemas educativos formais tendem a privilegiar o acesso ao
conhecimento, em detrimento de outras formas de aprendizagem, importa conceber a educação
como um todo. Esta perspectiva deve, no futuro, inspirar e orientar as reformas educativas, tanto
em nível da elaboração de programas como da definição de novas políticas pedagógicas.

Com base nessa visão dos quatro pilares do conhecimento, pode-se prever grandes consequências
na educação. O ensino-aprendizagem voltado apenas para a absorção de conhecimento e que tem
sido objecto de preocupação constante de quem ensina deverá dar lugar ao ensinar a pensar, saber
comunicar-se e pesquisar, ter raciocínio lógico, fazer sínteses e elaborações teóricas, ser
independente e autônomo; enfim, ser socialmente competente.

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Referências Bibliográficas

Charlot, B. (2000). Da relação com o saber: elementos para uma teoria. Tradução de Bruno
Magne. – Porto Alegre : Artmed.

Delors, J. (1998). Os quatro pilares da educação. In: Educação: um tesouro a descobrir. São
Paulo: Cortezo. p. 89-102.

Delors, J. (2012). Educação um tesouro a descobrir: Relatório para a Unesco da Comissão


Internacional sobre Educação para o Século XXI. 7ª edição. Editora Cortez/MEC.

Delors, J., et al (2001). Educação: um tesouro a descobrir . 5ª ed. São Paulo: Cortez: Brasília, DF:
MEC: UNESCO.

Franze, B. J. & Vunguire, G. F. (s/d). Manual de Didáctica de Português III. Universidade Católica
de Moçambique (UCM), Centro de Ensino a Distância (CED), Moçambique-Beira, p. 138-
141.

Kamii, C. (2003). A Teoria de Piaget e a Educação Pré-Escolar. Tradução de José Morgado. 3ª


ed. Lisboa: Instituto Piaget.

Metring, R. A. (2014). Neuropsicologia e aprendizagem: fundamentos necessários para


planejamento de ensino. 2 eds. – Rio de Janeiro: Wak Editora.

Piaget, J. (1966). O Nascimento da Inteligência na Criança. Tradução de Álvaro Cabral, 4 eds.


LTC Editora – Livros Técnicos e Científicos Editora S. A.

Splitter, L. J. & Sharp, A. M. (1999). Uma Nova Educação: A Comunidade de Investigação na


Sala de Aula: Tradução Laura Pinto Rebessi. Editora Nova Alexandria Ltda.

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