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MOVIMENTO OPERÁRIO.

O movimento operário se trata de uma organização coletiva de trabalhadores em prol de


seus interesses, através da busca de direitos que devem reger as relações de trabalho.
Abrange fatores relacionados à política, vida social e econômica de trabalhadores.
HISTÓRIA
As classes populares vislumbravam a participação política, entretanto, o governo
buscava conter qualquer emancipação política dos populares, mesmo que para isso fosse
necessário recorrer a violência. Um dos argumentos usados para impedir essa
emancipação era de que se deixados a si mesmos, através da liberdade de voto, por
exemplo, os populares sempre estariam submetidos a um líder e sempre escolheriam as
piores lideranças. Qualquer aspirante a líder que tivesse "prestígio" poderia ludibriar as
massas através do processo: "afirmação/repetição/contágio".

A burguesia investia na otimização da produção fabril, e esse investimento tinha um


objetivo claro: a maximização de lucros. Esse processo teve um custo humano muito
alto: homens, mulheres, crianças e idosos moviam essa economia trabalhando em
exaustivas jornadas diárias de até 14 horas, com remuneração escassa e constantemente
sujeitos a acidentes de trabalho.

Diante de tamanha exploração, os operários ingleses passaram a se organizar para


contestar as condições de vida e trabalho que levavam. Buscavam não só jornadas de
trabalho menores e melhoria nos ambientes de trabalho, mas também exigiam maior
poder de participação nas decisões políticas. Veremos alguns destes movimentos
operários a seguir.

Ludismo

O ludismo foi um movimento de trabalhadores que se uniram e revoltaram-se contra as


máquinas no princípio da Revolução Industrial. A ação organizada dos ludistas consistia
em invadir uma indústria têxtil e promover a destruição das máquinas que produziam as
mercadorias, fazendo com que esses ficassem conhecidos como “destruidores de
máquinas”. Esse movimento iniciou-se em Nottingham e espalhou-se por toda a
Inglaterra, entre 1811 e 1816
Cartismo

O cartismo foi um movimento operário radical e reformista que surgiu na Grã-Bretanha na


década de 1830 como resultado das consequências sociais e econômicas da Revolução
Industrial. Seu nome deve-se à Carta do Povo, documento escrito por William
Lovett e Francis Place em 7 de junho de 1837, no British Coffee House em Londres para
a Associação de Homens Trabalhadores de Londres (LWMA), que foi enviado
ao Parlamento do Reino Unido em 1838 com seis petições:[3]

 Sufrágio universal masculino, um voto para cada homem com 21 anos de


idade ou mais, em sã consciência e que não tenha sido punido por um crime
 Voto secreto
 Cancelar a qualificação da propriedade
 Pagamento aos membros do Parlamento, permitindo aos trabalhadores
interromperem o seu sustento para satisfazer as necessidades da nação
 Distritos eleitorais iguais, garantindo a mesma quantidade de representação
para o mesmo número de eleitores
 Eleição anual

O movimento cartista ganhou notoriedade justamente por entender que a pressão


política era o meio viável para transformações reais da vida dos trabalhadores
britânicos.

Trade Unions (Sindicatos)

A mais conhecida organização de trabalhadores de qualquer categoria profissional é o


sindicato. Nele, empregados se organizam para que juntos possam ter um peso maior na
hora de negociar com o patronato. Formas semelhantes de atuações de trabalhadores são
conhecidas antes mesmo da Revolução Industrial, mas é neste momento que elas vão ser
mais popularizadas.

Pelo fato de muitos industriais influenciarem nas decisões do Parlamento Inglês, – isso
quando eles mesmos não ocupavam cadeiras no Ministério –, os sindicatos, greves e
paralisações foram criminalizados e combatidos por muito tempo. Para garantir a
repressão dos movimentos operários, foi utilizado o poder coercitivo da polícia, que
invadia reuniões e dissipava manifestações com violência.

Apesar de serem duramente combatidos, os sindicatos não desapareceram. Lutando para


sobreviver, passaram a ganhar força, tanto na Europa como nos Estados Unidos, onde
na região norte fazia sua própria Revolução Industrial.

Inclusive, o dia 1º de Maio é celebrado em memória aos trabalhadores que morreram no


confronto com policiais em Chicago em meio a uma greve geral. Ainda assim, a
exploração da mão de obra infantil e as desigualdades salariais entre homens e mulheres
continuaram a existir legalmente até o século XX na maioria dos países ocidentais.

MOVIMENTO OPERÁRIO NO BRASIL

As origens do movimento operário no Brasil remontam à urbanização crescente e à


industrialização no final do século XIX. Influenciado por ideias do anarquismo,
socialismo e anarcossindicalismo, trazidas por imigrantes italianos e espanhóis, o
movimento operário brasileiro começou a se organizar em torno de demandas por
melhores condições de trabalho, salários justos e direitos básicos.
No início do século XX, o movimento operário brasileiro já estava ganhando forma,
com os operários se manifestando por meio de greves, jornais e associações. O Partido
Operário, fundado em 1890, a Confederação Operária Brasileira em 1906 e o Primeiro
Congresso Operário, também em 1906, foram marcos importantes na organização dos
trabalhadores no Brasil. O Rio de Janeiro, então capital do país, se tornou um centro de
atividade operária e sindical.

Com a industrialização no Brasil, principalmente nas cidades do Rio de Janeiro e São


Paulo, houve uma rápida urbanização, na qual as cidades aumentaram sem nenhum
planejamento, trazendo sérios problemas: falta de tratamento de água e esgoto,
principalmente nos arredores onde se localizavam os bairros operários e os cortiços,
agravando a falta de higiene e proliferação de doenças. Geralmente os operários viviam
precariamente e miseravelmente com suas famílias nos cortiços ou habitações
sublocadas.

Em 1917, o Brasil testemunhou sua primeira greve geral, envolvendo cerca de 100 mil
trabalhadores e paralisando setores como transporte público e ferrovias. A greve, que
começou em São Paulo e se espalhou para outros estados, marcou um momento
significativo no fortalecimento do movimento operário no país.

O Movimento Operário no Brasil conquistou avanços significativos, incluindo a criação


da CLT em 1943, que estabeleceu normas trabalhistas abrangentes. O movimento
também alcançou a jornada de trabalho de oito horas, férias remuneradas e o 13º salário.
Contribuiu para a criação do sistema previdenciário, fortaleceu o movimento sindical,
protegeu o trabalho das mulheres e menores, promoveu a igualdade de gênero e lutou
contra a discriminação no trabalho. Além das vitórias legais, o movimento trouxe
conscientização sobre direitos trabalhistas e influenciou uma mudança cultural em
relação ao trabalho e aos direitos dos trabalhadores.
O Movimento Operário no Brasil nos dias de hoje enfrenta um cenário complexo, mas
continua desempenhando um papel fundamental na defesa dos direitos dos
trabalhadores e na busca por justiça social. Adaptando-se às mudanças do mundo do
trabalho, adotando estratégias inovadoras e abraçando questões contemporâneas, o
movimento tem a oportunidade de continuar sendo uma força relevante na
transformação da sociedade brasileira.

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