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Vida Social

Grande Imigração

Junto aos Estados Unidos, Argentina e Canadá, o Brasil está entre as nações que mais
receberam imigrantes europeus e asiáticos na época contemporânea.

A imigração no país se intensificou durante a Primeira República, numa estimativa de que


mais de 3,5 milhões de estrangeiros tenham entrado no Brasil.

Muitos desses imigrantes foram atraídos por incentivos e anúncios, divulgados pelo governo
brasileiro no exterior. Os imigrantes vinham em busca de trabalho e melhores condições de
vida. Muitos deles também sonhavam em enriquecer. O uso da expressão “Fare I'America"
(em português, “Fazer a América”) expressa esse desejo.

Segundo pesquisas, os italianos representavam 33% do total de imigrantes, seguidos por


portugueses (29%) e espanhóis (15%). Os grupos percentualmente menores foram os
alemães, japoneses, sírio-libaneses, russos, lituanos austríacos, entre outros.

Entre os estados brasileiros, São Paulo recebeu o maior número de imigrantes: cerca de
57% do total. Isso explica a expansão da economia cafeeira (que abria milhares de postos
de trabalho) e a política do governo paulista de incentivo à imigração.

A chegada dos estrangeiros contribuiu para mudar muitos aspectos da vida social do país,
como transformações nos hábitos de alimentação, nas rotinas e técnicas de trabalho, nos
valores culturais, entre outros.

Política indigenista

Durante o período colonial, a política indigenista se baseava na catequese promovida pela


igreja Católica e na criação e manutenção de aldeamentos indígenas.

Com a República, a Igreja foi separada do Estado. E o governo não tinha mais interesse em
incentivar a catequese. No início do século XX, existia um consenso de que o trabalho
missionário falhava em converter os indígenas, defender seu território e em impedir ações
do extermínio.

Ao longo do período republicano, ocorreram confrontos com grupos indígenas em várias


regiões do país. Como por exemplo, em Santa Catarina e Paraná, os xokléng lutaram
contra a ocupação de suas terras por colonos italianos e alemães.

Mais tarde foi criado o Serviço de Proteção aos Índios (SPI), em 20 de junho de 2010,
dirigido pelo militar Cândido Rondon.

Com a criação do SPI, o governo federal lutava contra o extermínio do povo indígena e na
apaziguação dos conflitos indígenas. Porém, o SPI não teve o apoio suficiente para impedir
a exploração de mão de obra indígena e a invasão de suas terras. Em 1967, o SPI foi
extinto, sendo substituído pela Fundação Nacional do Índio (Funai).

Avanço Industrial

A época da Primeira República foi quando a industrialização ganhou o seu maior impulso.
Isso aconteceu devido à expansão dos cafezais e as crises de superprodução do café, o
que levou muitos cafeicultores a aplicarem na indústria parte de seus lucros, garantidos pelo
governo após o Convênio de Taubaté.

Números do crescimento

Em 1889, no Brasil existiam mais de 600 fábricas, nas quais 54 mil operários trabalhavam.
Em 1930, já existiam cerca de 13 mil indústrias, que empregavam 275 mil operários. Havia
ainda cerca de 233 usinas de açúcar onde trabalhavam 18 mil operários, e 231 salinas, que
empregavam cerca de 5 mil trabalhadores.

O principal centro da industrialização brasileira era o estado de São Paulo, onde viviam os
mais importantes produtores de café do país, e onde havia um grande número de
ex-escravos e imigrantes que viviam do trabalho na agricultura. Muitos deles deixaram o
campo em busca de novas oportunidades, e acabaram constituindo a mão de obra do setor
industrial.

A indústria brasileira se desenvolveu procurando substituir os produtos importados até


então, durante a Primeira Guerra Mundial, quando caíram as exportações europeias. Se
dedicou principalmente à fabricação de algodão, calçados, materiais de construção e
móveis e à produção de alimentos. Em 1928, o setor industrial superou o da agricultura.

Movimento operário

O avanço industrial deu ao setor urbano maior importância e visibilidade. Por conta disso,
operários e grupos médios urbanos começaram a exigir cada vez mais o direito de participar
das decisões políticas e econômicas do país, como foi o caso do movimento operários.

Trabalho nas fábricas

As condições de trabalho brasileiro nos anos da Primeira República eram bastante


desfavoráveis. Não havia uma legislação específica que limitasse, por exemplo, a extensão
de jornada de trabalho. Assim, as pessoas trabalhavam de segunda a sábado, até 15 horas
por dia. Não tinham salário mínimo, férias, pagamentos por horas extras. Quando um
trabalhador era demitido, não tinha direito a aviso prévio nem a indenização. Os operários
ganhavam pouquíssimo, o que obrigava toda a família a trabalhar, inclusive crianças.

As instalações das fábricas eram ruins, com pouco espaço e ambientes mal iluminados,
quentes e sem ventilação. Não havia cuidado com a higiene e nem com a segurança dos
locais de trabalho. Por isso, era comum acontecer acidentes entres os operários e as
doenças, sendo as crianças as principais vítimas.
Meninos e meninas frequentemente sofriam castigos físicos, e as mulheres eram afetadas
pela violência sexual.

Organização operária

Por causa das más condições de trabalho, os operários provocaram mobilizações, que se
uniram para realizar protestos e reivindicações. Surgiram então várias formas de
organização operária, entre elas o sindicato, que assumiram a luta pela conquista de
direitos trabalhistas e sociais.

Dentre as correntes políticas que influenciaram ideologicamente o movimento operário,


destaca-se o anarquismo.

Também podem ser citadas outras tendências como: o sindicalismo revolucionário, uma
corrente anarcossocialista que defendia a greve como o principal instrumento de luta dos
operários, e a corrente católica, que procurava afastar os trabalhadores de influências
anarquistas e socialistas.

A luta pela autonomia feminina

A força de trabalho feminino passou a ser muito procurada nas primeiras fábricas,
tornando-se maioria em muitos setores, como o têxtil e de alimentos. Apesar de
exploradas, as mulheres operárias contribuíram na luta pela autonomia feminina. Mesmo
recebendo um salário inferior ao dos homens, igualavam-se a eles ao sair dos lares para ir
trabalhar nas fábricas e completar o reduzido orçamento familiar. Elas também mostravam
que podiam executar outros trabalhos além dos tradicionais, como enfermeira e professora.

Um dos fatores que contribuíram para abalar o mito da inferioridade feminina foi o
surgimento do cinema no Brasil, em 1907. Por meio de diversos filmes, as mulheres foram
estimuladas a tomar contato com um mundo fora dos limites do lar. Muitas personagens
femininas eram reflexo de uma sociedade moderna e industrializada e eram
psicologicamente fortes, determinadas e participativas.

Em 1920, Berta Lutz fundou a Liga pela Emancipação Intelectual da Mulher para lutar pela
igualdade de salários e pelo sufrágio feminino. No entanto, as mulheres só conquistaram o
direito ao voto em meados da década de 1930.

Greve de 1917

Em julho de 1917, foi organizada em São Paulo a primeira greve geral da história do Brasil,
provocada pelo descontentamento dos operários com as condições de trabalho às quais
estavam submetidos.

As manifestações dos operários, em passeatas pelas ruas, provocaram muitos


conflitos com a polícia. Em um deles, em 9 de julho, o sapateiro anarquista José
Martinez, de 21 anos de idade, morreu baleado.
Esse episódio ampliou o movimento: a greve tornou-se geral, paralisando as fábricas da
cidade de São Paulo e de outras regiões do país. Estima-se que entre 50 mil e 70 mil
trabalhadores tenham participado dessa greve. Os grevistas exigiam, entre outras
reivindicações, aumentos salariais, jornada de trabalho de oito horas, direito de associação
e libertação dos grevistas presos.

Diante da situação do protesto, o governo decidiu negociar, e prometeu melhores salários e


condições de trabalho e assumiu o compromisso de não punir os grevistas, caso todos
voltassem a seus postos. As promessas e os compromissos, no entanto, não foram
cumpridos à risca.

Repressão Policial

Em 1922 foi fundado o Partido Comunista do Brasil (PCB), inspirado na vitória dos
comunistas na Revolução Russa de 1917. O Partido Comunista foi considerado ilegal pelas
autoridades judiciárias logo após sua fundação, mas continuou a existir clandestinamente. A
luta operária também se manteve atuante.

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