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RESUMO DE HISTÓRIA

Economia, sociedade e revoltas na República Velha


Antes da República, o Brasil era considerado atrasado devido a vários fatores,
incluindo a falta de desenvolvimento econômico, a falta de investimentos em
infraestrutura e educação, e a ausência de uma liderança política forte e eficaz. Além
disso, a sociedade era fortemente influenciada pelo sistema escravista e pela presença
de elites econômicas poderosas, o que impediu o crescimento e o desenvolvimento da
classe trabalhadora. Também havia uma falta de modernização industrial e
tecnológica, o que dificultava a competitividade do país no cenário internacional.
Em resumo, a falta de investimentos e de uma liderança política forte, combinados com
a presença do sistema escravista e a falta de modernização, levaram à percepção de que
o Brasil era atrasado antes da República.

Na segunda metade do século XIX, o café era o mais importante produto


brasileiro de forma que 70% de toda a produção mundial era proveniente dos
cafezais do Brasil.

A expansão cafeeira se avolumava pelas terras de São Paulo, como resultado


dos altos preços do produto no mercado internacional.

Os primeiros sinais da crise surgiram ainda no final do século XIX, quando o


mercado consumidor, sobretudo o mercado externo, não crescia na mesma
proporção (crise de 1929)

Com isso os preços caíram assustadoramente. Em 1893, a saca era vendida a


4,09 libras, em 1896 caiu para 2,91, chegando a 1,48 em 1899.

Convênio de Taubaté
O café era a base da economia do país, e os grandes fazendeiros, a classe
dominante e vários governadores empenharam-se em evitar que a cafeicultura
tivesse prejuízos.

A solução começou a surgir em 26 de fevereiro de 1906, quando reuniram-se,


na cidade paulista de Taubaté, os governadores de São Paulo (Jorge Tibiriça),
Rio de Janeiro (Nilo Peçanha) e Minas Gerais (Francisco Sales).

O resultado da reunião foi a assinatura do Convênio de Taubaté, que


estabeleceu as bases da política da valorização do café.
Os governos dos três estados comprometeram-se a realizar empréstimos no
exterior, visando comprar os excedentes da produção cafeeira e mantê-los nos
portos brasileiros, evitando desta forma a baixa de preço no mercado
internacional.

O convênio estabelecia que a amortização e os juros desses empréstimos


seriam cobertos com um novo imposto cobrado sobre cada saca de café
exportado. Para solucionar o problema a longo prazo, os estados produtores
deveriam desestimular a expansão da plantação.

O presidente Rodrigues Alves não concordou em dar ajuda federal ao


Convênio, alegando a necessidade de conter gastos e deter a inflação. Só em
1907, com a nomeação do mineiro Afonso Pena para a presidência do país, o
Convênio de Taubaté, recebeu apoio federal.

As determinações do Convênio de Taubaté trouxeram amplos benefícios desde


os primeiros momentos de sua aplicação. No entanto, a longo prazo o plano
fracassou, pois a valorização do café somente poderia ter sucesso caso o Brasil
possuísse o monopólio da produção mundial.

Entretanto a própria elevação do preço no mercado internacional acabou por


estimular a produção de café em outros países, aumentando a concorrência. A
política foi adotada por vários governos, quando em 1926, o Estado de São
Paulo passou a bancar sozinho a valorização.

Borracha Aquisição do Acre (na Bolivia) ao território brasileiro

Encontrado na seringueira, a planta nativa da Amazônia, o latéx com que se faz


a borracha já era exportado desde 1827. Mas só foi com a invenção do
pneumático e sua aplicação ao automóvel, em 1895, que nossas exportações de
borracha se tornaram significativas.
Os capitais conseguidos com a exportação da borracha serviram ainda para financiar a
urbanização de parte de cidades amazônicas, como Manaus e Belém, em um período
conhecido como Belle Époque amazônica.
Contudo, no final XIX, contudo, grupos ingleses introduziram mudas de seringueira
amazônicas na Ásia. Por volta de 1913, a produção asiática superou a brasileira,
provocando ao mesmo tempo enorme queda nos preços. Pouco depois, em 1919, a
borracha já não tinha mais a importância econômica que antes.
( O trabalho nos serimguais da floresta amazônica atraiu milhares de nordestinos que fugiam das secas)

O Desenvolvimento Industrial
Os primeiros setores industriais a desenvolver foram os ramos têxtil, de
alimentação e de vestuário, cujos produtos eram largamente consumidos e sua
fabricação não dependia de tecnologia sofisticada. Em 1920, esses bens
representavam 68,1% da produção industrial brasileira.

A industrialização tardia no Brasil mostrou os mesmos problemas iniciais que


a Revolução Industrial na Inglaterra do século XVIII: longas jornadas de
trabalho que podiam, salários muito baixos, inexistência de leis
trabalhistas, ambientes de trabalho sujos, mal iluminados e exploração do
trabalho de crianças e mulheres.

Além disso, os alimentos básicos aumentavam de preço a cada ano, mas esse
aumento não era acompanhado pelos salários. Tudo isso acabou gerando
problemas e consequentemente a insatisfação entre os trabalhadores, que se
organizavam para exigir direitos. Esse movimento de reivindicar os seus direitos
passou a ser mais sistemático com a vinda de imigrantes italianos e
espanhóis aos centros urbanos. Entre essas pessoas, os ideais anarquistas de
organização de trabalhadores eram amplamente difundidos, o que inspirou a
criação de sindicados e de associações de operários nas fábricas. Os sindicados
foram importantes mecanismos de reivindicações de direitos e negociação
entre trabalhadores e patrões. Uma das ações de reivindicações de direitos
foram as greves. Nas duas primeiras décadas do século XX, ocorreram mais de
400 greves no Brasil. A mais importante delas ocorreu no ano de 1917.

Greve de 1917
[...] Os imigrantes italianos e espanhóis, que vinham trabalhar nas fábricas
paulistanas, começaram a divulgar os princípios anarquistas e socialistas através
de jornais operários. Neles, chamavam a atenção para a necessidade de
organização e mobilização dos trabalhadores, a fim de conseguirem direitos
trabalhistas. Nas primeiras décadas do século XX, houve várias paralisações de
trabalhadores por direitos no Brasil, as quais se tornaram mais frequentes ano a
ano. Em julho de 1917, o trabalhador de origem espanhola José Martinez foi
morto pela polícia, que tentava reprimir uma manifestação. A morte do
trabalhador foi o estopim para uma grande paralisação que ficou conhecida
como Greve de 1917. Estimou-se que mais de 45 mil trabalhadores aderiram a
esse movimento, o qual reivindicou os direitos trabalhistas, o fim do trabalho
infantil e da repressão contra os trabalhadores que protestavam. Essa greve se
iniciou em São Paulo e durou 30 dias: fábricas, oficinas, bondes e ferrovias
foram paralisadas. Houve saques a lojas, armazéns e caminhões. As atividades
só foram retomadas depois do reajuste salarial e da promessa do governo
estatal de libertar grevistas presos e da fiscalização do trabalho de menores.
Mesmo com o fim da greve na capital, ela se estendeu para o interior do estado
e para outras regiões do país. A partir de 1920, a repressão do governo se
intensificou contra o movimento operário, prendendo manifestantes e
expulsando imigrantes do país.

Revolta da Vacina
Entre 1902 e 1906, o Rio de Janeiro passou por um processo de modernização
sem precedentes (bota-abaixo) população composta majoritariamente por
ex-escravizados. O prefeito da cidade, Francisco Pereira Passos, abriu novas
avenidas, como a avenida Central (atual Rio Branco), reconstruiu o cais do porto
e mandou derrubar mais de seiscentos prédios antigos, muitos utilizados como
moradias populares no centro da cidade (cortiços). Ao mesmo tempo, o
médico sanitarista Oswaldo Cruz deu início a uma ampla campanha de
extermínio de ratos e de destruição de focos do mosquito transmissor da febre
amarela. Na época, essa doença e a varíola eram as principais causas de
epidemias que matavam anualmente milhares de pessoas na capital da
República.

Em outubro de 1904, o Congresso aprovou uma lei que tornava obrigatória a


vacinação contra a varíola. A medida despertou a ira da população, primeiro
porque desrespeitava os costumes da época, principalmente ligado às mulheres,
de não expor partes do corpo a estranhos, depois, porque a vacinação era feita
de casa em casa, o que configura “invasão do lar”, até então preservado pela
família. Além disso, a vacina era um procedimento ainda muito novo para a
população, e não houve campanhas de informação sobre sua importância
para os cidadãos.

No dia 10 de novembro, a insatisfação popular se transformou em revolta, e o


que se viu foram depredações, construção de barricadas e confrontos de rua
entre a polícia e grupos de manifestantes, o que resultou em dezenas de
pessoas mortas e feridas, e também presas. Controlada a revolta, ocorreu a
suspensão temporária da Lei da Vacinação Obrigatória, além disso, algum
tempo depois, o governo recomeçou a vacinação, erradicando a varíola da
cidade.

Revolta da Chibata
A Revolta da Chibata ficou conhecida por ter sido um motim realizado pela
insatisfação dos marujos brasileiros com os castigos físicos que sofriam na
Marinha brasileira no começo do século XX. O castigo físico em questão era a
chibatada, praticada pela Marinha contra todos os marujos que violassem as
regras da corporação.
O uso da chibatada como forma de punição era uma característica que a
Marinha brasileira havia herdado da Marinha portuguesa do período colonial a
partir de um código conhecido como Artigos de Guerra. Essa forma de punição
era dedicada somente aos postos mais baixos da Marinha, ocupados, em geral,
por negros e mestiços.

A insatisfação dos marujos com os castigos físicos e com o rigor da Marinha era
crescente. Relatos contam que, pouco antes da revolta, durante uma viagem nas
proximidades da costa chilena, os marujos haviam demonstrado insatisfação
com a punição dedicada a um marujo. O estopim para o início da revolta
ocorreu quando Marcelino Rodrigues Menezes foi punido com 250
chibatadas sem direito a tratamento médico.

Além disso, há de se considerar que os contatos dos marujos com estrangeiros


também fortaleceram essa insatisfação se considerarmos que Marinhas de
outras nações não possuíam a mesma prática (de castigar fisicamente) com os
marujos. Também se deve considerar que, cerca de um ano antes da revolta, o
líder do motim, João Cândido, havia estado na Inglaterra e tido conhecimento
dos acontecimentos do Encouraçado Potemkin, em que marujos russos
rebelaram-se contra o governo de seu país.

Sobre a Revolta da Chibata, é importante considerar que ela não foi fruto
apenas da insatisfação dos marujos com os castigos físicos. Os marujos, em
geral, eram originários de famílias pobres, que sofriam com a desigualdade
social existente na Primeira República. Assim, a Revolta da Chibata é
considerada pelos historiadores também como uma revolta contra a
desigualdade social e racial existente tanto na Marinha como na sociedade
como um todo.

Os marujos revoltosos escreveram um manifesto que resumia as suas


exigências e enviou-o para o gabinete do presidente da época, Hermes da
Fonseca. Coincidentemente, no dia em que se iniciou a revolta, o presidente
oferecia uma festa no Rio de Janeiro em comemoração a sua posse como
presidente.

Pressionado tanto pelas ameaças dos marujos quanto de políticos, o governo


de Hermes da Fonseca aceitou os termos propostos e pôs fim aos castigos
físicos na Marinha em 26 de novembro de 1910 e prometeu anistia a todos os
envolvidos. A promessa do governo não foi cumprida e, no dia 28 de
novembro, um decreto dispensou cerca de mil marinheiros por indisciplina.

Após isso, uma segunda revolta na Marinha iniciou-se, dessa vez, no Batalhão
Naval estacionado na Ilha das Cobras. Essa segunda revolta, no entanto, foi
massacrada violentamente, e os envolvidos foram aprisionados e torturados
nessa ilha. Outras centenas de marinheiros foram enviados para trabalhar em
seringais na Amazônia e muitos foram fuzilados durante o trajeto.

Guerra de Canudos
A Guerra de Canudos foi um confronto bélico entre o exército brasileiro e a
comunidade liderada pelo religioso Antônio Conselheiro, em Canudos, interior
da Bahia. O conflito aconteceu entre 7 de novembro de 1896 e 5 de outubro de
1897. O governo da época, do presidente Prudente de Morais, do Brasil em
processo de passagem para o regime republicano, considerou o movimento
“rebelde” e assim enviou o exército para combatê-lo, matando mais de 20 mil
pessoas e configurando um dos maiores massacres de nossa história.
As causas da Guerra de Canudos foram:

 A união entre o governo da Bahia e latifundiários contra a comunidade de Canudos. A


justificativa corrente era de que não pagavam impostos e não seguiam as leis vigentes,
já que eram seguidores de Antônio Conselheiro, um beato religioso que ditava, naquela
comunidade ao seu redor, seus próprios ordenamentos, manifestando-se contrário a
questões caras à época, como o casamento civil e o pagamento de impostos.
 Em muitas de suas pregações, Antônio Conselheiro dizia-se contra as desigualdades
sociais e afirmava ser um enviado de Deus para dar fim às injustiças contra o povo,
organizando-se com ele. Logo, a luta contra a fome e a seca, que assolavam o Nordeste
brasileiro, foi uma das causas.
 Nesse mesmo sentido, suas falas, que beiravam a um cristianismo primitivo, eram
malvistas pela Igreja Católica, que não queria perder seu poder e, por isso, chamava
ele e seus seguidores de heréticos, aliando-se aos latifundiários e ao governo.
 A república, que estava em processo de implementação no Brasil, também era alvo de
críticas do beato. Os grandes donos de terra o acusavam de querer a volta da
monarquia. No entanto, ele tratava da forma como o republicanismo estava sendo
concretizado. De todo modo, para o presidente eleito Prudente de Morais, ele
representava uma ameaça aos seus poderes.
 Euclides da Cunha, escritor de Os Sertões, que foi durante longo período a principal
obra para estudar Canudos, foi para o ambiente dos confrontos para averiguar tudo de
perto, tendo em vista suas concepções do positivismo e darwinismo social, comuns à
época. Porém, depois, passou a explicar o conflito como uma dicotomia entre o litoral e
o sertão, em que um era o civilizado e o outro, a barbárie. Em sua opinião final, ambos
eram barbarizados.

Antônio Conselheiro e seus seguidores ocuparam, em 1893, uma fazendo


chamada Belo Monte, de terras improdutivas, no interior da Bahia, local de
muita seca e desigualdades, já que não era costume entre os governantes dar a
devida atenção ao sertão do país. Além disso, a abolição da escravatura era
muito recente e havia sido feita de maneira tal que os negros e negras, antes
escravizados, ficaram completamente desassistidos, restando-lhes a fome e a
miséria (além de ex-jangunços ou ex-cangaceiros)
Canudos foi destruída depois de várias tentativas. A primeira e a segunda delas
foram pelo governo da Bahia, pressionado pela Igreja junto aos coronéis locais,
que mandou duas campanhas, que foram derrotadas pela comunidade da
fazenda Belo Monte.

A terceira foi enviada pela vice-presidência da república, de Manuel Vitorino,


que estava substituindo o então presidente Prudente de Morais. Esta também
foi derrotada, e o próprio coronel que comandava a expedição foi executado
em uma das batalhas, ferindo a “honra militar”, contrária ao que chamavam
de fanáticos. Tal episódio gerou crise para o governo federal, que, na capital,
Rio de Janeiro, era chamado de fraco.

A quarta e última expedição foi massacrante. O presidente, visando a recuperar


seu prestígio, ordenou que o ministro da Guerra enviasse milhares de homens.
Assim marechal Bitencourt o fez: foram 5000, junto a canhões que
bombardearam Canudos, executando dezenas de milhares de pessoas, no dia 5
de outubro de 1897.
Além disso, houve a exposição em praça pública do cadáver de Antônio
Conselheiro, antes que fosse enviado para estudos, conforme vimos
anteriormente. A cabeça do beato foi o troféu do exército brasileiro, que não só
matou tantas pessoas como ateou fogo a tudo o que havia no arraial, prendeu
ou degolou os que não tinham morrido com os canhões, estuprou as
mulheres da comunidade e matou até mesmo as crianças.

Guerra do Contestado
No Sul, a mais importante rebelião camponesa ocorreu numa região de
fronteira entre o Paraná e Santa Catarina. No Contestado, como a área ficou
conhecida por ser disputada pelos dois estados, as terras eram dominadas por
grandes proprietários, que exploravam a extração de madeira e erva-mate.
Também ali, a exemplo do que acontecia em outras partes do país, os
fazendeiros submetiam os trabalhadores rurais a formas opressivas de
dominação.

Em 1908, a empresa Brazil Railway instalou-se no Contestado e deu início à


construção da ferrovia que deveria ligar São Paulo ao Rio Grande do Sul. O
proprietário da empresa, o norte-americano Percival Farquhar, havia recebido
como concessão do governo federal uma faixa de terra de 30 quilômetros de
largura ao longo da linha férrea. E, para tomar posse da área, não hesitou em
lançar mão de métodos violentos, expulsando os camponeses que ocupavam
as terras como posseiros, isto é, sem possuir título de propriedade.

Quando as obras da ferrovia terminaram, 8 mil trabalhadores foram demitidos,


o que agravou os problemas sociais da região. Em 1912, grande parte da
população do Contestado era formada por posseiros expulsos de suas terras,
desempregados da ferrovia e camponeses submetidos a condição de extrema
exploração pelos fazendeiros. Nessa mesma época, surgiu ali uma figura mística,
o monge José Maria, que começou a atrair milhares de fiéis. Com seus
seguidores, José Maria fundou um núcleo de povoamento chamado Monarquia
Celeste.

Nesse núcleo, o monge pretendia preservar os valores da Monarquia até o dia


em que dom Sebastião – rei português morto em 1578, na batalha Alcácer-
Quibir, voltasse à Terra para criar um reino de paz e prosperidade para todos.
Em resposta ao que parecia uma conspiração anti-republicana, o governo
lançou contra a comunidade diversas campanhas de repressão, mobilizando
forças do Exército e das polícias militares estaduais. Em novembro de 1912,
houve o primeiro confronto entre as tropas do governo e as forças de José
Maria, que morreu em combate.

Depois da morte do líder, porém, a crença no reino milenarista não


desapareceu. Ao contrário, nos anos seguintes a revolta se ampliaria ainda mais,
espalhando-se por uma área de 25 mil quilômetros quadrados no centro do
estado de Santa Catarina. Em janeiro de 1916, após várias tentativas de aniquilar
o movimento, 6 mil soldados do Exército, comandados pelo general Setembrino
de Carvalho e apoiados por aviões e artilharia pesada, conseguiram sufocar a
rebelião, que deixou um saldo de 20 mil mortos.

Tenentismo
O tenentismo foi um movimento político-militar, baseado em uma série de rebeliões
de jovens oficiais de baixa e média patente do Exército Brasileiro (tenentes), de
camadas médias urbanas, que estavam insatisfeitos com o governo da República
Oligárquica no início da década de 1920 no Brasil. O movimento defendia reformas na
estrutura de poder do país, entre as quais se destacam o fim do voto aberto (fim do voto
de cabresto), modalidade de voto que favorecia o coronelismo presente na República
Oligárquica, além de defenderem a instituição do voto secreto e a reforma na
educação pública.
Os movimentos tenentistas foram: a Revolta dos 18 do Forte de Copacabana em
1922, a Revolta Paulista de 1924, a Comuna de Manaus de 1924 e a Coluna
Prestes entre os anos de 1925 e 1927.
A sucessão ao governo estadual de Pernambuco, onde houve a intromissão de Hermes
da Fonseca e sua consequente prisão, precipitou a revolta do Forte de Copacabana em
1922. Tal movimento não possuía uma proposta definida, tendo conteúdo mais
corporativista, de defesa da instituição militar. Deflagrou-se assim o tenentismo.
O movimento tenentista não conseguiu produzir resultados imediatos na estrutura
política do país, já que nenhuma de suas tentativas teve sucesso, mas conseguiu manter
viva a revolta contra o poder das oligarquias, representado na Política do café com
leite. No entanto, o tenentismo preparou o caminho para a Revolução de 1930, que
alterou, definitivamente, as estruturas de poder no país.
O movimento tenentista surgiu nos quartéis espalhados em todo território nacional a
partir da década de 1920. Segundo Paulo Sérgio Pinheiro em "Estratégias da Ilusão",
em 5 de julho de 1922 ocorreu a primeira revolta que teve uma forte influência dos
tenentes, conhecida como Os 18 do Forte, que se opunha à posse do presidente
eleito Artur Bernardes. Os revoltosos, além de contestarem as bases da República
Velha, também estavam inconformados com a demissão do marechal Hermes da
Fonseca da presidência do Clube Militar
Debelada a revolta de 1922, e com a eclosão dos novos levantes tenentistas,
principalmente após as notícias que em 5 de julho de 1924 ressurgiu o movimento
armado dirigido pelo general Isidoro Dias Lopes denominado como a Revolta Paulista
de 1924, em São Paulo, onde tropas rebeldes tenentistas conseguiram dominar a capital
do estado, mas após combates com tropas legalistas recuaram e foram em direção ao Sul
do Brasil.
A Coluna Prestes, como passou a ser chamada, após dois anos de luta, enfrentando
tropas governistas e tropas de polícias estaduais, além de “provisórios” armados às
pressas no sertão do Nordeste, sempre se deslocando de um lugar para outro,
terminaram internando-se na Bolívia.
O tenentismo passou a participar da Aliança Liberal em 1929, com exceção de Luís
Carlos Prestes. A Aliança Liberal era formada pelos presidentes de Rio Grande do
Sul, Minas Gerais e Paraíba. A Aliança pregava a justiça trabalhista, o voto secreto e o
voto feminino.
O tenentismo, em sua grande maioria, apoiou esse movimento e, depois da vitória e
posse de Getúlio Vargas, vários tenentes tornaram-se interventores. Luís Carlos Prestes
não apoiou o movimento de 1930, pois aderira ao comunismo em maio daquele ano.
Siqueira Campos, que seria um dos líderes, morrera em acidente aéreo, também em
1930. O tenentismo continuou presente na vida pública nacional, mas tem uma divisão
nessa época: uma minoria acompanhou Luís Carlos Prestes e, em 1937, em outra
divisão no tenentismo, uma parte rompeu com o presidente Getúlio Vargas e passou
para a oposição; é o caso de Juracy Magalhães, Juarez Távora e Eduardo Gomes, que se
distanciaram do poder. Alguns deles, como Newton de Andrade Cavalcanti e Ernesto
Geisel, participaram da deposição de Getúlio Vargas em 1945.
Após a vitória da Revolução de 1930, quase todos os governos dos estados brasileiros
foram entregues aos tenentes, e a incapacidade dos tenentes de governar depois que
assumiram o poder nos estados foi assim comentada por João Cabanas, um dos chefes
da Revolta Paulista de 1924 e revolucionário de 1930, no seu livro "Fariseus da
Revolução" de 1932, em que escreveu sobre o tenente João Alberto Lins de Barros, que
governou São Paulo, e os demais tenentes:
Em 1945, o tenentismo antigetulista conseguiu depor Getúlio Vargas e lançou a
candidatura do brigadeiro Eduardo Gomes, um nome sempre ligado ao tenentismo, em
oposição ao candidato vitorioso Eurico Gaspar Dutra, ex-ministro de Getúlio Vargas e
que havia demonstrado interesse pela aproximação do Brasil com as potências do Eixo.
O tenentismo viveu até seus membros se retirarem da vida pública (se exilaram na
Bolívia, onde seus membros acabaram se dispersando), ou seja, a partir do meio dos
anos 1970, terminando com o governo de Ernesto Geisel como presidente, que iniciou
a Abertura.
Cangaço
Outro movimento popular de grande força no século XX foi o cangaço. Apesar
de não ter sido uma revolta, o cangaço foi muito significativo para demonstrar a
insatisfação do povo pobre do Nordeste (em relação ao coronelismo e o
contexto oligárquico no Brasil) e as secas sofridas na região devido ao clima
e a caatinga. O cangaço surgiu na época do Império e se espalhou com a
grande seca de 1877.
A origem do termo cangaceiro vem de canga, ou seja, um conjunto de arreios
que amarram o boi. É possível que esse termo tenha sido utilizado porque os
bandoleiros usavam as espingardas a tiracolo, com as correias cruzadas no
peito, lembrando a canga do boi.
Os bandos variavam de tamanho e podiam ter de três a cem integrantes. Eles
não possuíam moradia fixa e andavam pelo interior do Nordeste, a pé ou a
cavalo. Prestavam serviços a um chefe local e saqueavam povoados e cidades
em busca de armas, alimentos, dinheiro, cavalos, bebidas, roupas, etc. Os alvos
dos seus ataques eram desde pessoas ricas até vilarejos muito pobres.
O mais famoso bando de cangaceiros foi liderado por Virgulino Ferreira da
Silvia, mais conhecido como Lampião, considerado o Rei do Cangaço. Por
causa da forma como agiam, o bando e ele passaram a ser perseguidos pela
polícia de vários estados brasileiros. O final de sua vida e de seus companheiros
se deu em 1938, quando caíram em uma emboscada às margens do Rio São
Francisco em Sergipe.

Semana de Arte Moderna de 1922


A Semana de Arte Moderna foi uma manifestação artístico-cultural que
ocorreu no Teatro Municipal de São Paulo entre os dias 13 a 18 de fevereiro
de 1922. O evento reuniu diversas apresentações de dança, música, recital de
poesias, exposição de obras - pintura e escultura - e palestras.

Os artistas envolvidos propunham uma nova visão de arte, a partir de uma


estética inovadora inspirada nas vanguardas europeias. Juntos, eles buscavam
uma renovação social e artística no país, evidenciada na "Semana de 22".

O evento chocou parte da população e trouxe à tona uma nova visão sobre os
processos artísticos, bem como a apresentação de uma arte “mais brasileira”.
Nesse momento, o apoio da elite paulista foi fundamental. À época, em pleno auge do
período das oligarquias na República Velha, a oligarquia paulista tinha interesse em
tornar São Paulo uma referência em criação cultural, posto que era ocupado pelo Rio de
Janeiro. Além disso, o início da efervescência paulista passou a se contrapor ao
conservadorismo carioca, que era bem mais tradicional no ramo das artes e, por isso
mesmo, tinha um estilo mais consolidado e conservador. Assim, a Semana de Arte
Moderna foi amplamente financiada pela elite cafeeira, que tomou a frente do evento
que teria projeção nacional.

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