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Identidade cultural do Brasil no século XIX

Respirando os ares das revoluções e do nacionalismo, o Brasil do século XIX esteve marcado pelo
interesse em se pensar a “nação brasileira”. Artistas e intelectuais realizavam a busca por elementos de
identidade em uma época na qual as modas parisienses eram abraçadas pelas elites. Nesse sentido, a
europeização teve grande influência para que a produção literária, a pintura e a música ganhassem
espaço entre um pequeno universo de pessoas instruídas no Brasil.
Durante a Segunda metade do século XIX, a sociedade brasileira passou por mudanças
fundamentais nos campos políticos, sociais e consequentemente na forma de ver e entender a nova
realidade que estavam vivendo.
Foi nesse período que se mudou a forma de governo, foi feita a Constituição, se iniciou a
substituição do trabalho escravo pelo trabalho assalariado e as fazendas de café e outras lavouras
brasileiras modernizaram-se. As cidades cresceram e nelas as primeiras indústrias se instalaram.
Para se ter ideia dessas mudanças sabemos que entre 1850 e 1860 ocorreu o que podemos chamar de
surto industrial no Brasil, pois foram inauguradas no Brasil 70 fábricas que produziam chapéus, sabão,
tecidos de algodão e cerveja, artigos que até então vinham do exterior. Além disso, foram fundadas 14
bancos, três caixas econômicas, 20 companhias de navegação a vapor, 23 companhias de seguro, oito
estradas de ferro. Criaram-se, ainda, empresas de mineração, transporte urbano, gás, etc.
Este processo de industrialização proporcionou, através dos anos, que províncias como São Paulo,
Rio de Janeiro e Minas Gerais se tornassem polos de atração para que os colonos que, espremidos pelo
latifúndio, se deslocassem para a cidade à procura de uma vida melhor, mais confortável financeiramente.
Isto quer dizer que para os grandes fazendeiros, a vinda para a cidade significava que seus filhos
poderiam frequentar escolas e faculdades, tomar contato com os jornais e revistas em circulação.
Surgiram, neste período, as primeiras grandes greves, pois o operariado, cujas condições de
trabalho eram bastante precárias, tenta desenvolver uma ação política independente de oposição através
das greves. A jornada de trabalho podia chegar a 16 horas e a mão-de-obra infantil e feminina era usada
de maneira indiscriminada, não havendo nenhuma regulamentação salarial.
É claro que essas transformações ocorrem de forma lenta e não atingiram nem todas as regiões do
país e nem todas das partes das províncias. Regiões do Nordeste, por exemplo, poderiam ser descritas
como imensas terras cercadas com trabalhadores escravos, somente pequenos núcleos urbanos, nos
quais os únicos edifícios de destaque eram a igreja e a câmara municipal. Lugares marcados pelo poder
dos proprietários de terras.
O Rio de Janeiro, por exemplo, era uma cidade heterogênea, com mansões e palacetes ao lado de
bairros miseráveis. Na rua do Ouvidor podiam-se encontrar as últimas novidades de Paris, mas a febre
amarela e a varíola periodicamente dizimavam a população pobre. Uma aristocracia culta e exigente
povoava os salões e os espetáculos de ópera, enquanto o desemprego empurrava milhares de pessoas
para uma vida incerta de pequenos trabalhos avulsos, quando não para o baixo meretrício e a
malandragem. Nos palacetes de Laranjeiras falava-se francês nas noites de gala, enquanto não longe dali,
nos cortiços, a fome e a miséria faziam estragos na população.
  O processo de emancipação aspirado pelos negros só ganhou força a partir da segunda metade do
século XIX quando o protesto de alguns setores da classe dominante se juntou à luta dos negros.
Mas, devemos levar em conta que essa política emancipacionista ocorreu de forma progressiva,
devido a resistência dos fazendeiros escravocratas que eram a base de sustentação política da
monarquia.
O primeiro passo neste processo de liberdade ocorreu em 1871, quando foi aprovada a Lei do
Ventre Livre que estabelecia que os filhos de escravos que nascessem no Império seriam considerados
livres. Na verdade, esta lei só beneficiava de fato os senhores de escravos já que estes proprietários
deveriam criar os menores até os oito anos, quando poderia entregá-los ao Governo e receber uma
indenização; ou mantê-los consigo até os 21 anos, utilizando seus serviços como retribuição pelos gastos
que tivera com seu sustento. A questão é que esta lei não foi cumprida na realidade, pois poucos escravos
eram libertados, fazendo com que a situação dos negros continuasse a mesma e por isso, os fazendeiros
que em um primeiro momento atacaram a lei, acabaram defendendo-a depois.
Somente em 1878, tomou corpo o movimento abolicionista, liderado por pessoas como Joaquim
Nabuco, José do Patrocínio, André Rebouças, Luís Gama e Joaquim Serra.
Uma série de mudanças e crises políticas ocorridas durante o Reinado de D. Pedro II davam suporte à
uma agitação republicana. No final da década de 1880, a população chegaria a 14 milhões, com
crescimento demográfico acentuado nas províncias do sudeste. Esse aumento demográfico e a expansão
da lavoura cafeeira de exportação, ampliação e diversificação das atividades econômicas e financeiras,
modernização dos serviços urbanos, ingresso cada vez maior de imigrantes europeus, e o crescimento
das atividades do estado foram fatores que contribuíram para o movimento republicano.

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