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Povos originários do Brasil

No Brasil, povos originários são aqueles que estavam aqui antes da chegada dos europeus
—nesse caso, os indígenas, explica a professora do Departamento de Geografia da Universidade
Federal do Amazonas (UFAM), Ivani Ferreira de Faria. Ela ressalta que esses mais de 300 povos
indígenas que ainda habitam o país têm cultura, língua e organização social e política próprias. "É
o que lhes dá essa denominação de povo. Isso é diferente de considerá-los como etnias. O termo
'etnia' surge mais no sentido de grupo cultural, é uma palavra que se contrapõe ao sentido de
povo".
Mesmo após a Constituição Federal de 1988 reconhecer organização social, costumes,
línguas, crenças, tradições e o direito originário sobre o local que esses povos ocupavam, a luta
por terras ainda é uma demanda permanente dessa população.
A situação dos povos originários é extremamente crítica, avalia a professora da UFAM. Ela
argumenta que, ao longo do processo de colonização, os indígenas que vivem no Brasil não
sofreram apenas um genocídio em decorrência de doenças ou violência física, relacionadas a
iniciativas governamentais, sobretudo, na região da Amazônia. Houve também uma morte
cultural, chamada pela professora de etnocídio, e de conhecimentos, visão de mundo e filosofias
próprias desses povos, o epistemicídio. "Houve um ataque a suas organizações próprias, para
que eles deixassem de ser quem são e passassem a viver como nós", pontua.
Os quilombolas são os descendentes e remanescentes de comunidades formadas por
escravizados fugitivos (os quilombos), entre o século XVI e o ano de 1888 (quando houve a
abolição da escravatura), no Brasil. Atualmente as comunidades quilombolas estão presentes em
todo o território brasileiro, e nelas se encontra uma rica cultura, baseada na ancestralidade negra,
indígena e branca. No entanto, os quilombolas sofrem com a dificuldade no acesso à saúde e à
educação.
A origem em comum dos remanescentes de quilombos é a ancestralidade africana de
negros escravizados que fugiram da crueldade da escravidão e refugiaram-se nas matas. Com o
passar do tempo, vários desses fugitivos aglomeravam-se em determinados locais, formando
tribos. Mais adiante, brancos, índios e mestiços também passaram a habitar os quilombos,
somando, porém, menor número da população.
Há uma dificuldade, por exemplo, de acesso à saúde e à educação. Devido a isso, desde o
início dos anos 2000, há uma tentativa governamental de demarcar as terras quilombolas para
que elas não sejam tomadas por fazendeiros, madeireiros e grileiros e para que haja maior
garantia de sobrevivência das comunidades que vivem nelas.
Há uma proximidade cultural geral entre populações quilombolas e populações indígenas.
Os dois grupos vivem, no geral, de maneira simples e integrados à natureza, tirando a maior parte
de seu sustento da terra. No entanto, com o avanço da urbanização, do agronegócio e do
extrativismo não sustentável, o modo de vida dessas comunidades e a sua preservação correm
perigo.
Com exceção do Acre, Roraima e Distrito Federal, todos os estados brasileiros possuem
quilombos. Apesar do Distrito Federal não os possuir, nas regiões do entorno distrital
pertencentes a Goiás eles estão presentes. Os estados brasileiros com o maior número de
comunidades remanescentes de quilombos são Bahia, que possui 229 quilombos cadastrados;
Maranhão, com 112; Minas Gerais, com 89; e Pará, com 81 comunidades quilombolas
cadastrados.

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