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Sebastianismo

Com a morte de D. Sebastião em Alcácer Quibir e a anexação de Portugal à


Espanha em 1580, Portugal enfrentou o período mais negro da sua
história, estando sob o domínio castelhano, que o oprimiu.
Assim, o Sebastianismo surge como o mito sebastianista, fundado em
superstições do povo em que toda esta opressão, todo este sofrimento e
miséria será vencido pelo aparecimento de D. Sebastião (numa manhã de
nevoeiro...) que libertará Portugal dos castelhanos, restaurando a sua
antiga grandiosidade.
Por consequência, este movimento adapta-se à realidade, pois alimenta-se
de uma grandeza passada, que em tempos de crise, surge como esperança
de dias melhores.

Sebastianismo em “Os Lusíadas”:


Em “Os Lusíadas”, Luís de Camões dedica a sua obra ao monarca D.
Sebastião, a quem oferece inúmeros elogios e conselhos. Nesta
dedicatória reflete-se a esperança do povo português, uma vez que D.
Sebastião é a garantia da independência de Portugal e a representação da
esperança na luta contra os Mouros. Camões afirma ainda que,
considerando todos os feitos e conquistas dos heróis portugueses, estes
têm a missão pré destinada de levar Portugal ao sucesso (razão pela qual
Júpiter, no Concílio dos Deuses, foi a favor destes homens determinados)
e, perante isso, D. Sebastião deve de ficar orgulhoso de ser rei desta pátria.

Sebastianismo em Padre António Vieira:


Denominado por Fernando Pessoa como o “Imperador da Língua
Portuguesa”, Padre António Vieira apresentando-se como o principal
formulador da mais importante conquista espiritual, o Quinto Império,
tendo em vista seu caráter evidentemente profético. Através dos seus
textos e sermões, Vieira interpreta o seu contexto histórico e viu-se
materializar, em suas interpretações, a esperança sebástica do Quinto
Império, a esperança de Portugal voltar a ser um país grandioso.
Sebastianismo em Frei Luís de Sousa
Nesta obra, Almeida Garrett integra o Sebastianismo nas personagens
Telmo e Maria e no desaparecimento de D. João de Portugal na batalha de
Alcácer Quibir. D. Madalena, sete anos depois do desaparecimento de D.
João de Portugal, casa-se com Manuel de Sousa Coutinho e acredita que
qualquer sinal que achasse fora do comum era uma chamada de atenção
para ações que provavelmente acontecerão no futuro (presságios). Assim,
em “Frei Luís de Sousa” é apresentada uma mensagem anti sebastianista,
mostrando que com o regresso de D. João de Portugal (D. Sebastião) iria
originar-se uma catástrofe que alerta para a fraqueza de um país que
aguarda, ansiosamente, pela chegada de um salvador.

Sebastianismo em Mensagem
Fernando Pessoa aborda o Sebastianismo como um mito que exprime o
drama de um país em decadência que necessita de acreditar de novo nas
suas capacidades e nos valores que antigamente lhe permitiram os
Descobrimentos e a independência. Ao longo da obra, a figura de D.
Sebastião apresenta-se como a esperança na regeneração futura de
Portugal impulsionadora da criação do Quinto Império.
Além disso, a figura de D. Sebastião aparece ao longo da obra em dois
momentos distintos, no “Brasão” e no “Encoberto”. Na primeira parte,
correspondente ao nascimento de Portugal, são apresentadas referências
a mitos (Ulisses) e a figuras históricas que contribuíram com coragem e
grandiosidade para o nascimento do país, como é o exemplo de D.
Sebastião. Na última parte, correspondente à esperança e à conquista
espiritual (Quinto Império), D. Sebastião surge como o símbolo dessa
mesma esperança com o objetivo de “ressuscitar” o Império português e
devolvê-lo ao mais alto nível de grandiosidade.

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