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RELATÓRIO

Douglas Peixoto da Silva – Nº USP: 11910232 – História Ibérica I (Vespertino)


Texto: MEGIANI, Ana Paula Torres. 1580. Lisboa: Tinta da China, 2019.
Texto e Debate
Dom Sebastião sua origem e o destino de Portugal: No ano de 1554 D. Sebastião vem ao
mundo e logo de início é reverenciado como a salvação da autonomia de Portugal enquanto
“Nação”, ameaçada por uma possível sucessão espanhola após à morte de D. João III (seu
avô). O Príncipe D. João Manuel, morre enquanto sua mulher estava gravida, D. Sebastião
carrega o fardo desde então.
Esta situação imprescindível, aliada a outros fatores, como a sua educação, o seu meio
familiar e entre outros aspectos, marcam uma personalidade teimosa, impulsiva e autoritária,
aliada a uma exacerbada rigidez moral e religiosa em meio alguns elementos literários,
principalmente as Novelas de Cavalaria.
O reinado demasiado complexo manifesta-se a persona de D. Sebastião e seu círculo familiar,
tomado por constante ingerência nos assuntos Nacionais, ao curso dos próprios
acontecimentos o reinado termina com o enorme fracasso militar em Marrocos, destinado
Portugal ao reinado dos Filipes de Espanha, e fortalecendo o que ocorreria a frente, a crendice
do Sebastianismo.

Messianismo Régio (Sebastianismo): O sebastianismo foi uma crença profética que surgiu
em Portugal como consequência do desaparecimento do rei D. Sebastião no século XVI.

O rei estava obstinado em reconquistar o norte da África (Marrocos), mesmo a população


dividida em relação a estas investidas, sendo a elite e nobreza os mais favoráveis, a
popularidade do Rei mantivera-se sempre em auge.
Após o seu desaparecimento na Batalha de Alcácer-Quibir, em 1578, dado que não havia um
corpo, os lusitanos construíram uma mística em torno do desaparecimento. Acreditava-se que
em um ideal messiânico em que D. Sebastião voltaria para salvar o Reino de Portugal e
resolveria todos os problemas desencadeados após o seu desaparecimento, mas isso nunca
ocorreu de fato.

Os falsos Dom Sebastião: Os chamados falsos "D. Sebastião" acabou por ganhar contornos
políticos preocupantes para Madri, já que o possível retorno prejudicaria a sucessão e
linhagem de Dom Filipe I (da Espanha, II em Portugal) conseguinte a União Ibérica.
Uma série de outros pretendentes tentaram se passar pelo rei desaparecido e as tentativas
foram punidas com a morte. O caso mais simbólico e consumado foi o do "Sebastião de
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Veneza", um calabrês, Marco Túlio Cattizzone, que se fizera passar por D. Sebastião. O mais
interessante é o fato de não falar português, o calabrês também tinha uma família em Veneza,
e mesma assim houve pessoas próximas a Dom Sebastião que garantiram a veracidade do
falso rei, todos acabaram condenados à morte.

Crise de sucessão: Havia 5 possíveis candidatos a suceder D. Sebastião, porém, o mais forte
era Filipe II (Espanha). Entre 1580/83 Filipe II articula negociações políticas com a elite
portuguesa ofertando títulos, rendas, postos e privilégios.
Contudo existe uma resistência da parte de D. Antônio (Portugal), primo de D. Sebastião. Sua
tentativa de usurpar o trono é arruinada mediante a perseguição do cardial D. Henrique que
justifica sua ilegitimidade por meio de sua origem, sua mãe seria uma “cristã nova” e D.
Antônio teria sangue impuro. Disputas que cominariam em batalhas e a ocupação de Portugal.
Filipe II se consolida rei em 1581 com o Pacto de Tomar, reconhecido pelas cortes
portuguesas e casas reais. Filipe II reside no mosteiro de Tomar até 1583, quando em seguida
retorna a Espanha, engendrando um sentimento contrário nos portugueses que acreditavam
que a cede do império Habsburgo se mantivesse na capital em Lisboa.

O sebastianismo no Brasil: O sebastianismo resumidamente foi um movimento messiânico


secular, esta crendice logrou-se no Brasil em algumas ocasiões, épocas e regiões. Em
Pernambuco no século XIX, o sebastianismo apresentou-se como um movimento político-
religioso violento, vide exemplo o evento da “Tragédia do Rodeador” (1819- 1820) que
cominou no “Massacre de Bonito”.
Outro caso emblemático é o de Canudos (sertão baiano), entre 1893 e 1897, no qual Antônio
Conselheiro, adverso a recém-inaugurada republica no Brasil, embarcou em seus discursos o
retorno de Dom Sebastião, dizendo que o rei Luso retornaria dos mortos para restaurar a
monarquia no Brasil. O resultado foi a destruição (massacre) do Arraial de Canudos pelo
Exército em 1897.

Aumento das expectativas: No capítulo II (“o reino e seu vasto mundo”), ressalta-se as
mudanças promovidas pela expansão mercantil e as descobertas Ibéricas, principalmente o
aumento da expectativa de vida e o nascimento de uma mundialização.
Nota-se idem a influência de Fernand Braudel e sua tese de economia mundo, no qual é
possível acompanhar o crescimento econômico das capitais de Lisboa e Madri detendo um
poder centralizador e levando a migração interna de um pequeno êxodo rural entre o séc. XV
e XVI.
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Em meio a isto, temos uma crescente modificação na percepção de poder régio e eclesiástico,
com o advento dos novos horizontes tem-se a possibilidade e as justificativas jurídicas e
teológicas da expansão ibérica e católica.

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