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Política e Guerra
Ainda antes de nascer, o jovem príncipe já era visto como a única esperança de Portugal
se manter independente de Espanha. D. Maria, filha de D. João III, tinha casado anos
antes com D. Filipe, filho do imperador Carlos V. Desse casamento tinha nascido um
filho, D. Carlos, sendo que a mãe, D. Maria falecera pouco depois.
Assim, se D. Sebastião tivesse falecido ao nascer ou pouco depois – algo muito comum
na altura –, o trono recairia sobre D. Carlos, uma vez que passava a ser o único outro
neto – e ainda para mais homem – de D. João III.
Durante a menoridade de D. Sebastião, o reino foi gerido, entre 1557 e 1562, pela
rainha D. Catarina que, pelos seus laços familiares, mantinha relações muito próximas
com Espanha. Entre 1562 e 1568, o governo do reino foi exercido pelo cardeal D.
Henrique, um homem que privilegiava sobretudo os assuntos internos. Só em 1568, aos
14 anos, D. Sebastião assumiu o governo. Durante muito tempo, o casamento de D.
Sebastião foi negociado na europa, mas o rei acabou por nunca casar.
D. Sebastião demonstrou, desde cedo, interesse pela vida militar. Por isso, organizou as
companhias de Ordenanças – unidades militares – de forma inovadora, e prestou grande
atenção à defesa das praças marroquinas.
Durante o seu reinado, o estado da Índia enfrentou uma grave crise político-militar,
entre 1565 e 1575, que, no entanto, conseguiu ultra- passar com sucesso. Em 1557, os
Portugueses conseguiram, por fim, autorização do governo da china para se
estabelecerem em Macau. Nos anos seguintes, a cidade tornou-se um importante ponto
de contacto no comércio com a China e o Japão. Foi também no reinado de D. Sebastião
que se fundou a cidade de Luanda (1576), em Angola. Em 1578, D. Sebastião
comandou pessoalmente um exército numa expedição ao norte de África. Marrocos
encontrava-se a meio de uma guerra civil, e um dos lados pediu auxílio ao rei português,
em troca da entrega de algumas praças. A expedição portuguesa acabou por ser
derrotada na batalha de Alcácer Quibir, em 1578, e D. Sebastião desapareceu, sendo
dado como presumivelmente morto.
O desaparecimento de D. Sebastião, sem deixar descendência, levou ao trono o seu
familiar vivo mais próximo, o cardeal-infante D. Henrique, seu tio-avô. D. Henrique
(1578-1580) nasceu em 1512, filho de D. Manuel I (1495-1521). Ao longo do reinado
de D. João III (1521-1557), seu irmão, foi um dos seus conselheiros mais próximos,
tendo sido arcebispo de Évora, arcebispo de Lisboa, e tendo mesmo chegado a
desempenhar as funções de inquisidor-geral do reino.
A principal questão do seu reinado foi a sucessão da coroa portuguesa. D. Henrique era
um clérigo, com a avançada idade de 66 anos, pelo que tinha de pedir dispensa ao Papa
para poder casar e produzir herdeiros. Devido às pressões diplomáticas exercidas por D.
Filipe II de Espanha, o Papa nunca concedeu a desejada dispensa. Ao rei de Espanha
interessava, por ser um pretendente ao trono português, que o cardeal-rei falecesse sem
gerar descendência, como viria a acontecer.
D. Henrique convocou as cortes, em 1579 e 1580, para decidir quem lhe sucederia no
trono. Por não ter um herdeiro direto, o cardeal-rei procurava no direito a solução para a
crise. Os pretendentes mais importantes ao trono eram D. Filipe II, rei de Espanha e
neto de D. Manuel I, e D. Catarina, duquesa de Bragança e também neta de D. Manuel
I. Um outro candidato, D. António, prior do crato, também era neto do rei D. Manuel,
embora por via ilegítima.
D. Henrique acabou por falecer em 1580, sem se ter alcançado um compromisso, o que
gerou uma crise de sucessão.
Economia e Sociedade
Cultura e Artes
Do Maneirismo ao Barroco
O Maneirismo foi um estilo de transição entre o Renascentista e o Barroco. Consistia,
essencialmente, na deturpação de outros estilos, concedendo-lhes características que
aqueles não possuíam. Por esse motivo durou relativamente pouco tempo, na transição
do século XVI para o século XVII.
O Barroco foi o estilo artístico por excelência das grandes construções na europa, em
particular no sul. Em Portugal, o principal exemplo é o convento de Mafra, mandado
construir por D. João V, como veremos no capítulo seguinte.
As decorações do Barroco são menos austeras do que as de estilos anteriores, e
predominam as imagens e os símbolos religiosos. Para os reis católicos (em Portugal,
Espanha e França), era muito importante educar as populações dentro de uma matriz
católica, para que não pendessem para o Protestantismo. Também o uso de azulejos e,
em particular, de talha dourada (sobretudo nas igrejas), revela bem a opulência do
Barroco.
Não é por acaso que as grandes obras do Barroco português surgiram no período em que
mais riquezas, sobretudo ouro, tiveram origem no Brasil. Também nesse território se
construíram obras magníficas, como a igreja Matriz de nossa Senhora do Pilar, em Ouro
Preto, estado de Minas Gerais. Nesta igreja, por exemplo, predomina a talha de ouro no
altar.
O auge do Barroco português ocorreu no século XVIII, pelo que será analisado com
mais detalhe no capítulo dedicado a esse século.