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Estado Português
Da ascensão de Afonso Henriques à Revolução de Avis
Portugal
Área total: 92.389 km2
(incluindo Madeira e Açores)
Europa, 1135. Mapa da página 10. Fonte: The Public Schools Historical Atlas by Charles Colbeck. Longmans, Green; New
York; London; Bombay. 1905
E foi sobretudo dessas paragens ― da Borgonha, do
Languedoc, da Aquitânia ― que acorreram à
Península Hispânica cavaleiros movidos pelo intuito
de combater o poderio muçulmano e de buscar
fortuna através da atividade guerreira e da conquista
de novas terras. [...] [A] Península era, de fato, um
palco privilegiado para a atuação de jovens membros
da nobreza que não possuíam grande pecúlio ou que
se viam arredados dos títulos nobiliárquicos e do
patrimônio familiar.
RAMOS, Rui. (coord) História de Portugal, 6ª. Ed. Lisboa: A Esfera dos Livros, 2010,
p. 23.
Para muitos deles, as alternativas que se punham
eram o ingresso num mosteiro ou colocarem-se
como vassalos de um grande senhor. A carreira das
armas acabava por constituir uma das poucas vias
para a aquisição de riqueza, nomeadamente pela
oportunidade que poderia criar de casamentos com
filhas de importantes famílias da nobreza.
RAMOS, Rui. (coord) História de Portugal, 6ª. Ed. Lisboa: A Esfera dos Livros, 2010,
p. 23-24.
Não obstante a sua elevada ascendência, os jovens
cavaleiros Raimundo e Henrique, ligados por fortes
laços familiares aos condes e duques da Borgonha,
respectivamente, podem ser integrados nesta
categoria de nobres à procura de fortuna nas terras
de fronteira da Península Ibérica. Ambos eram filhos
segundos, ambos vieram para a Península em busca
de poderio, ambos conseguiram uma sólida ligação à
Casa Real leonesa por meio do casamento com duas
filhas de Afonso VI.
RAMOS, Rui. (coord) História de Portugal, 6ª. Ed. Lisboa: A Esfera dos Livros, 2010,
p. 24.
Os amores da viúva de D. Henrique, D. Teresa, com o
conde galego Fernão Peres de Trava provocaram a
atitude de revolta nos fidalgos portugueses e que
Afonso Henriques se juntou. Do recontro de
Guimarães (1128) resultou a vitória do filho e a prisão
da mãe. A maior importância deste fato reside na
ruptura da ligação entre as duas metades da Galiza,
com o triunfo do portucalense sobre a leonesa.
GORENDER, Jacob. O Escravismo Colonial. 6ª. Ed. São Paulo: Ática,1992, p. 105.
Mas se abstrairmos deste aspecto da superestrutura
e encararmos o feudalismo como um modo de
produção [...] verificaremos [...] os elementos fatuais
conducentes à conclusão sobre a existência da época
feudal na história do reino lusitano.
GORENDER, Jacob. O Escravismo Colonial. 6ª. Ed. São Paulo: Ática,1992, pp. 105-
106.
Dentro de uma cronologia própria com diversas
peculiaridades nacionais, Portugal identificou-se com
a Europa feudal no que se refere ao surgimento da
servidão da gleba e sua transição a modalidades de
servidão menos coercitivas [...]
GORENDER, Jacob. O Escravismo Colonial. 6ª. Ed. São Paulo: Ática,1992, p. 106.
Não se justifica, portanto, o recurso a expressões
indefinidas do gênero de “feudalismo atípico”,
“espécie de feudalismo”, etc. O correto seria
acompanhar C. R. Boxer e falar em “forma
portuguesa de feudalismo”.
GORENDER, Jacob. O Escravismo Colonial. 6ª. Ed. São Paulo: Ática,1992, p. 106.
Uma forma que, em virtude do condicionalismo das
lutas contra os muçulmanos e contra os espanhóis,
bem como do grau de desenvolvimento das forças
produtivas, antecipou-se a toda Europa no
fortalecimento do poder monárquico, na unificação
nacional e na extinção da servidão da gleba.
GORENDER, Jacob. O Escravismo Colonial. 6ª. Ed. São Paulo: Ática,1992, p. 106.
[...] empreendeu Armando Castro o cálculo
estimativo da renda feudal da terra, isto é, da renda
diretamente identificada com o sobreproduto
agrícola. [...] A renda mais alta chega aos 50% ou
pouco mais do produto bruto total. Em casos
excepcionais, podia alcançar mesmo os 70%. A mais
baixa, incidente sobre os cavaleiros-vilãos, seria de 11
a 13%. Para considerável camada de camponeses – os
jugadeiros – a renda da terra oscilaria entre os 15 e os
25%.
(sem incluir encargos eventuais...)
GORENDER, Jacob. O Escravismo Colonial. 6ª. Ed. São Paulo: Ática,1992, p. 106.
Uma particularidade histórica portuguesa, dado o
processo de fortalecimento precoce da centralização
monárquica, consistiu na posição mais fraca da
nobreza em comparação com outros países feudais.
Coroa e clero apropriam-se de somatórias de rendas
aproximadamente iguais, enquanto cabia à nobreza
entre um quarto e metade em comparação com cada
um dos dois outros setores privilegiados.
GORENDER, Jacob. O Escravismo Colonial. 6ª. Ed. São Paulo: Ática,1992, p. 106.
Dinastias Afonsina e de Avis: 1128-1580
FURTADO, Celso. Economia colonial no Brasil nos séculos XVI e XVII. São Paulo:
Hucitec/ABPHE, 2001, p. 27.
O Estado português [...] foi desde o início dirigido
por uma classe social sem ligações com um passado
feudal. Uma classe social marcada pelo espírito de
ganho, individualista no sentido burguês, cuja
escala de valores se pautava nas disponibilidades
materiais de cada um, e não nos privilégios de
sangue.
FURTADO, Celso. Economia colonial no Brasil nos séculos XVI e XVII. São Paulo:
Hucitec/ABPHE, 2001, p. 28.
A revolução de 1383 é ‘burguesa’. Dissemo-lo em
1965, seguindo aqui António Sérgio, e mantêmo-lo.
[...] A revolução de 1383 cortou o cordão umbilical de
uma criança que começou a dar os primeiros passos
impulsionando vertiginosamente toda a expansão
colonial portuguesa. A revolução ajudou a criança a
sair fora, uma criança proto-capitalista [...]
COELHO, António Borges. A Revolução de 1383. Lisboa: Seara Nova, 1977, p. 35.
A classe senhorial continuava classe dominante, mas
rejuvenescida: uma parte da velha nobreza, aliada ao
inimigo nacional, tinha sido alijada e substituída por
elementos enobrecidos procedentes da burguesia.
Por sua vez, a burguesia rural e mercantil, sem ter se
alçado à dominação de classe, galgou situação mais
influente, beneficiando-se da aliança com a Coroa.
GORENDER, Jacob. O Escravismo Colonial. 6ª. Ed. São Paulo: Ática,1992, p. 111.