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Bibliografia para o teste de História Medieval de Portugal

História de Portugal, de Alexandro Herculano (págs. 34-38)


- Alexandre Herculano acreditava no crescimento da população de cristãos da região de
Córdoba, que obedeceria às leis do desenvolvimento humano, bem como as colonizações
provindas de outros continentes, como Ásia e África. A associação destes dois fatores é aquilo
que pode justificar, segundo Alexandre Herculano, que a parte Oriental não se tenha tornado
num deserto, apenas a zona do Douro. Nas fronteiras de ambas as zonas (diga-se, zona
muçulmana, a sul, e cristã, a norte), os habitantes recebiam, no período de um ano, “ora o jugo
dos califas espanhóis, ora dos reis leoneses”, sendo que os moçárabes (cristãos ibéricos que
viviam sob governo muçulmano) se habituavam a qualquer um dos domínios. Os sarracenos
(termo que era utilizado pelos cristãos para designar os muçulmanos) eram semelhantes aos
moçárabes, estabelecendo até entre si relações de parentesco, mas diferiam tanto na língua
como na religião, bem como na leis que regulavam os deveres e os direitos. A população da
antiga monarquia de Oviedo era em larga medida ténue relativamente aos moçárabes,
reduzida à condição de nómada e tribal, e ao verem se ajudados, os reis de Oviedo alargaram
os seus domínios.
- Afonso I começa a dispersar as forças muçulmanas estacionadas na Galiza. O destino de
alguns muçulmanos tornou-se assim certo, sendo assassinados por Afonso I, sendo que o
monarca fez com que os cristãos se dirigissem para territórios visigóticos, o que explica,
duplamente, o domínio da monarquia de Oviedo e o declínio do império de Córdova. O novo
estado que se erguia e via o seu domínio a crescer, tinha à sua volta uma barreira, que era uma
espécie de deserto. Os homens que se incorporaram com os godos das Astúrias, que viveram
no meio dos árabes como moçárabes, ainda não tinham alterado os seus costumes, tendo já os
muçulmanos entrado nas Astúrias e atuado na monarquia asturiana, quase desde a sua origem.
O sucessor de Afonso I, Aurélio é mencionado numa luta entre senhores e servos, que eram os
colonos dos territórios das Astúrias. Mesmo com a submissão dos colonos, o elemento
moçárabe continua dominante. Silo, rei desta monarquia, obteve paz com os muçulmanos,
visto que a sua mãe era árabe e seu pai talvez um nobre godo, que devido ao domínio
muçulmano, casaram as filhas, algo que é relatado em massa. Afonso I teve com uma serva o
bispo de Salamanca, Maugerato. A elevação deste e a expulsão do escolhido dos nobres
sucessores de Pelágio é um dos sinais preponderantes da dominância dos colonos. A escolha
de Bermudo, que rescinde em favor de Afonso, o eleito dos nobres godos reacende logo a
ideia de uma reação violenta. Afonso II estabelece em Oviedo uma capital visigótica
semelhante à de Toledo, restaurando as antigas hierarquias da corte e da igreja. Assim, o
pensamento dos primeiros foragidos das Astúrias cimenta-se nos ideais de assimilação
política com os muçulmanos, que foram trazidos pelas migrações dos moçárabes.

A Formação de Portugal, de Orlando Ribeiro (págs. 71-95)


- Orlando Ribeiro propõe-se a criticar a teoria do ermamento, elaborada por Claudio Sánchez-
Albornoz relativamente ao ermamento, sobre o qual as provas são duvidosas e pouco claras.
Orlando Ribeiro remete para a dúvida de que território se trataria, se do vale do Douro (que
não aparece documentado) ou a região entre o Minho e a Galiza, região para a qual os relatos
e as fontes remetem, que devido à sua riqueza, fazia com que a nobreza subsistisse. Para
Orlando Ribeiro, Sánchez-Albornoz aceitou a autenticidade dos factos narrados nas crónicas
cristãs, confirmando-a com relatos de muçulmanos.
-Orlando Ribeiro sugere a ideia de que, após Alexandre Herculano ter lido as crónicas escritas
de Afonso III, este terá elaborado a teoria da desertificação estratégica do Douro, que,
segundo o mesmo, Afonso III seguiu o exemplo do pai e do seu avô, e desenvolve assim a
ideia de que o repovoamento foi feito com moçárabes do Sul, admitindo o domínio do
elemento moçárabe sobre o leonês, referindo a invasão do árabe Almançor, que destruiu as
cidades mas não faz com que a população rural desapareça. A este líder muçulmano
destacam-se 57 expedições bem sucedidas, chegando mesmo a Leão, Santiago de Compostela
e à Galiza.
- Na Crónica Albeldense, o rei das Astúrias invadiu as cidades que estavam entre Leão e
Astorga, estendendo assim os reinos dos cristãos pelos Campos Góticos até ao Douro,
destacando-se dois momentos da sua ação: um de consolidação das principais povoações, e
outro de tomada e ermamento da comarca dos Campos Góticos ou Campos de los Godos.
Assim, foi constituída uma pequena divisão tradicional, sem que a anterior se tivesse perdido
no tempo. Já na Crónica de Afonso III, ou Crónica Rotense, Afonso I adquire uma maior
amplitude nas ações por ele tomadas, que juntamente com Froilão, o seu irmão, tomou cerca
de 30 cidades, chacinando muçulmanos e trazendo para a terra cristãos. Mas o facto de esta
crónica utilizar uma fonte contemporânea faz com que se tenha uma outra visão do que
aconteceu aos muçulmanos, que permaneceram na cidade, trabalhando nos campos.

Do Condado Portucalense à Monarquia Portuguesa (Séculos XI-XII) (págs 17-47)


- Em 711, os muçulmanos chegam à Península Ibérica em 711, aproveitando-se da degradação
da monarquia visigótica, devido às guerras civis que se verificaram. Os cristãos resistentes
foram enviados para as montanhas do norte Ibérico, formando-se assim uma nova monarquia
nas Astúrias. Em 722, os cristãos derrotam os muçulmanos em Covadonga, numa batalha que
marca a Reconquista. Mais do que uma batalha, foi um marco da resistência, liderada por
Pelágio, um nobre godo. Assim, no século VIII estabelece-se uma linhagem de sucessores de
Pelágio nas Astúrias, onde o centro principal era Oviedo. No tempo de Afonso III, os
asturianos procederam à repovoação do Douro, com destaque para a ação do conde e líder
militar Vímara Peres em 868. No século X, o reino de Leão expande-se além dos limites das
Astúrias, sendo o território dividido em condados, liderado por um conde (comes), a quem o
rei delega o poder. Em Portucale, forma-se um condado com descendentes de Hermenegildo
Gonçalves e Mumadona Dias, até 1071. No início do século XI, inicia-se a Reconquista do
Ocidente peninsular, sendo o seu promotor Fernando Magno. Afonso VI atinge a linha do
Tejo e toma Toledo. Porém, os Almorávidas travam as investidas dos católicos. Em 1071,
Nuno Mendes batalha Garcia da Galiza, mas é morto por este em Braga. Os reis árabes, ao
verem a debilidade dos reinos das taifas, pedem auxilio aos Almorávidas de forma a conter os
cristãos, derrotando Afonso VI em Zalaca. De forma a proceder à defesa da fronteira
ocidental de Leão, sendo com este objetivo que, em 1096, Afonso VI concedeu ao Conde D.
Henrique os antigos condados de Portucale e Coimbra, devendo permanecer fiel ao rei de
Leão e Castela, bem como outros deveres vassálicos, casando com D. Teresa, filha do rei. Em
1105, Raimundo e Henrique assinam um pacto onde Henrique reconhece Raimundo como
sucessor do reino de Leão. Devido às cedências feitas à nobreza, Henrique de Borgonha
cristaliza assim uma entidade política autónoma no Noroeste peninsular, entre os rios Minho e
Mondego.
- Após a morte de Raimundo e de Afonso VI, a monarquia leonesa viveu períodos
conturbados. Henrique, conseguiu o apoio dos nobres do condado através das mercês,
enraizando-se regionalmente. Com a morte de D. Henrique, D. Teresa liga-se a Fernão Peres
de Trava, o que causou o desprezo e a negação por parte da nobreza portucalense, destacando-
se as famílias Sousa, Ribadouro e Maia, vendo na figura do infante Afonso Henriques um
apoio de peso. Em 1128, altura em que o confronto entre os nobres portucalenses e D. Teresa
e Fernão de Peres entra no seu clímax, Afonso Henrique tinha 18 ou 19 anos, e já aliava a si
histórico militar, ao fazer-se cavaleiro e defendido Guimarães do cerco de Afonso VII. Em
julho de 1128, no dia 24, travou-se a Batalha de São Mamede opondo os partidários de Dona
Teresa e dos nobres portucalenses. Afonso Henriques vence e passa a intitular-se príncipe e
impôs-se como governante do condado, verificando-se a separação política entre a Galiza e
aquilo que seria Portugal. No final da década de 30 do século XII, a feição guerreira do futuro
rei destaca-se, com a organização da cidade de Coimbra, sujeita às incursões dos mouros de
Santarém. Em 1137, tenta obter Tui a Afonso VII, mas a expansão teria de ser feita para sul.
Em 1139, com a vitória na Batalha de Ourique, Afonso Henriques passa a intitular-se rei dos
portugueses. De forma a deixar de ser vassalo de Afonso VII, rei de Leão e Castela, é
assinado o Tratado de Zamora em 1143, ficando o rei português sujeito ao pagamento anual
do censo de 4 onças de ouro de forma a libertar-se da subordinação. D. Afonso Henriques
tinha o apoio de D. João Peculiar, estando este presente em quase todos os momentos de
reconhecimento internacional do rei, mas não assiste ao reconhecimento de D. Afonso
Henriques como rei de Portugal por parte do papado, em 1179. Em 1147, Afonso Henriques
toma Santarém, tendo no mesmo ano atacado Lisboa, aproveitando o apoio de uma armada
que passou pela Península Ibérica que se destinava à Palestina. Ao conquistar as cidades de
Santarém, Lisboa, Sintra e Almada, fixa a fronteira na linha do Tejo. No Sul de Coimbra,
também se verificaram iniciativas de povoamento, com a fundação do Mosteiro de Alcobaça.
Foram também feitas concessões em Peniche em Alenquer, de forma a incrementar o
povoamento destas regiões, algo que seu filho D. Sancho I continuou. De forma a estabilizar o
povoamento e defesa das ofensivas mouras, destacam-se as ordens religioso-militares,
focados na defesa da fé cristã. Destacam-se Ordem do Templo/Cristo, a Ordem do Hospital
(sediada antes em Leça do Balio e depois no Crato), a Ordem de Santiago (Alcácer do Sal e
depois em Palmela) e a Ordem dos Cavaleiros de Évora/Avis. Mas não era apenas das ordens
militares e da sua capacidade militar que D. Afonso Henriques dispunha. Na tomada da
cidade de Évora, destaca-se o papel de Geraldo Sem Pavor, que a conquistou em 1165 e a
entregou ao rei.

Atlas Histórico de La España Medieval, de Jose María Monsalvo Antón (págs. 16-39)
- Desde 409 que a Península Ibérica se viu sujeita a ataques de povos bárbaros, desde que
estes começaram a cruzar os Pirenéus, sendo estes povos os suevos, vândalos e alanos. Em
411 estabelecem-se os alanos na Lusitânia e a oeste de Cartagena; os suevos na zona da
Galiza, bem como parte dos vândalos, sendo que outra parte deste povo se fixaram na Bética,
passando em 429 para África. O sucessor de Ataulfo obteve com o imperador Honório um
pacto de feudo pelos territórios do sul da Gália, com capital em Toulouse, desde o qual os
bárbaros exerceram a sua influência na Península Ibérica. Durante o reino visigótico de
Toulouse (418-507) sucederam-se diversos conflitos entre os povos bárbaros da Península
Ibérica, resultando em:
- Domínio dos suevos de 430 a 456;
- E domínio dos visigodos desde 456.
De início, o domínio dos bárbaros foi mais a nível militar, que antes eram uma minoria face à
população hispano-romana: chegaram apenas 200.000 visigodos, ante milhões dos autóctones.

- Até metade do século VI houve uma supremacia tutelar ostrogoda sobre a Hispânia, seguido
de anarquia política entre 549 e 569. A rebelião de Atanagildo contra Agila precipitou a
intervenção bizantina, fruto da qual foi a dominação de estes no sudeste da Hispânia. A figura
de Leovigildo faz dele um dos grandes reis, que batalhou contra francos, vascões, suevos e
bizantinos, que se provou ser resistente aos ataques do inimigo. Também foi muito importante
na definição do estado, sendo que no seu reinado as diferenças entre godos e hispanorromanos
se diluíram, com a legalização da contração de casamentos entre as duas etnias, e a
convergência dos interesses patrimoniais. As leis do tempo de Eurico foram revistas,
originando o Codex Revisus o Antiquae e adotando os símbolos da supremacia monárquica,
sendo estes a coroa, a espada, o manto e o anel. A integração de visigodos e hispanoromanos
acentuou-se quando um dos líderes bárbaros se converteu-se ao cristianismo, abandonando o
arianismo, sendo que no III Concílio de Toledo, em 589, o passado ariano foi eliminado,
sendo que os Concílios de Toledo e a monarquia visigótica tornaram-se nos pilares
importantes, porém, continuavam a verificar-se episódios de desigualdades e de apropriações
de poder, originando guerras civis dentro do território. Em 711, os muçulmanos desembarcam
em Guadalete, na zona de Cádiz, encontrando um reino desunido e enfraquecido, sendo que a
norte esta situação não se verificava, que por estarem perto da barreira natural das montanhas
e fora do controlo da monarquia, regiam-se de forma autónoma, dedicados ao pastoreio e à
pilhagem.

- A conquista da Península por parte dos muçulmanos pode ser vista como a continuação de
uma propagação da fé após a morte de Maomé, que chegou até ao Magreb, em África. Nesta
região a população berbere, que se tinha aliado ao califado de Damasco no século VIII, apesar
do estrato árabe deste. Em julho de 711, cerca de 10.000 berberes chegaram à Península e
derrotaram as tropas do rei D. Rodrigo na batalha de Guadalete, iniciando-se assim a
conquista da Península Ibérica. No ano de 712, Musa Ibn Nusayr entrava com cerca de 18.000
árabes, conquistando as principais zonas. A conquista muçulmana não foi um processo difícil,
dada a desorganização dos visigodos e a colaboração que alguns destacados ofereciam. Os
árabes, guiados pela solidariedade tribal (assabiyya) e pelo sagrado da guerra (jihad),
chegaram por diversas alturas a negociar pactos de capitulação com o poder local, como o
pacto entre Teodomiro, chefe godo. E as tropas muçulmanas de Abd al-Aziz. Ao longo do
território, a conquista muçulmana perpetuou-se, mas anos depois verificou os seus primeiros
contratempos, em Covadonga (722) e Poitiers (732). A zona do Al-Andalus teve muitos
governadores depois de Musa, emires inicialmente dependentes de Damasco. Em 717,
Córdoba converte-se na capital do território, fazendo com que sejam enviados variados
delegados militares aos principais núcleos urbanos da Península Ibérica. Em 756 é formado o
Emirado Independente em no Al-Andalus, que não dependia do poder de Bagdad, a nova
capital muçulmana. No reinado de Abd al-Rahman, o primeiro rei andaluz, foram travadas
algumas revoltas no Al-Andalus por aqueles que não se sentiam representados pelo poder
Cordovês. Para os sucessores deste rei, dois grandes problemas estavam relacionados com o
controlo do território em si e com questões étnicas, visto que uma liderança identificada com
o elemento árabe provocava a asabiyya, já mencionada como solidariedade tribal dos berberes
que eram discriminados, que não se identificavam com a jurisdição que se instaurou no final
do século VIII, considerando-a hierárquica e convencional. Já no século IX verificam-se
conflitos e revoltas, muitos protagonizados pela minoria cristã, destacando-se os de 850 com
os moçárabes e dos “mártires voluntários”, que na presença do juiz cometiam blasfémias
contra o Islão, sendo muitos deles punidos com a morte, o que demonstrava o mal estar entre
as duas crenças no território.

- Dom Pelágio, com a ajuda de habitantes da zona, foi eleito rei e conseguiu uma vitória
importante contra os muçulmanos em Covadonga, começando assim o reino das Astúrias, que
ficou consolidado com sucessores como Fuela I, Aurélio e Silo, que obtiveram vitórias contra
fações muçulmanas. Mais tarde, Afonso III conquista territórios, nomeadamente Porto,
Chaves e Coimbra. Os muçulmanos por sua vez efetuavam razias (invasão do território).

Identificação de um País, de José Mattoso


- Mattoso começa por referir que este livro surge da necessidade de encontrar respostas para a
historiografia moderna, focando-se no tema da identidade nacional de Portugal, tendo o país
como unidade de observação, analisando-o de maneira diferente àquela que Alfredo Pimenta,
historiador do Estado Novo.
- De forma a estudar a sua causa com sucesso, Mattoso define os anos entre 1096 e 1325
como o primeiro período da História de Portugal. A primeira data é a de 1096, no ano em que
o Condado Portucalense é reconhecido como uma entidade política, englobando assim as duas
unidades existentes dos condados de Portucale e de Coimbra. Neste ano, verificaram-se
alterações demográficas, que levaram o desbravamento de algumas terras, aproveitando-os
para a agricultura, de forma a obter novos recursos para alimentar a população. A ocupação
destes espaços impunha um novo ordenamento territorial, criando instâncias nos
relacionamentos entre as comunidades, como a multiplicação de paróquias rurais. À ocupação
do solo segue-se a organização civil e religiosa. Até esta altura, as cartas de couto eram raras,
mas o seu aparecimento beneficiou as ordens eclesiásticas. A senhorialização já estava
instituída, mas o poder monárquico reconhece-a e tenta aproveitá-la na sua esfera de
influência. No ponto de vista social, foi no final do século XI que a influência francesa se
intensificou em Leão e Castela, apoiada pela corte régia e pela Igreja, com a adoção da
liturgia romana, abandonando a moçárabe, o que provocou algumas resistências.
Militarmente, após a apropriação das regiões muçulmanas avançou a fronteira cristã até
Coimbra, e mais tarde até Toledo, o que despertou uma reação dos almorávidas de Marrocos.
Estas etapas foram importantes para a definição do estado.
- Primeiro período, de 1096 e 1131: dá-se a criação da instância política que reúne os antigos
condados de Portucale e Coimbra, criando assim uma estável relação com a aristocracia
senhorial e com as comunidades concelhias, consolidando os poderes senhoriais, nos quais a
guerra adquire um cariz de defesa contra os almorávidas. O Condado Portucalense começa a
organizar-se em torno de uma figura semelhante à do rei.
- Entre 1131-1190, dá-se o segundo período: Afonso Henriques estabelece-se em Coimbra,
iniciando uma investida contra o Islão, com sucesso militar dos seus exércitos e a ampliação
dos territórios, o que permitiu o fortalecimento dos concelhos, que acabam por se tornar em
locais institucionalizados. O papel do príncipe neste processo de legitimação é fundamental,
pelas suas façanhas militares, adotando o título de rei em 1139 exprimindo a sua autoridade,
apesar de até ao final do século ser considerado um primus inter pares. A partir de 1157, o
país acentua a guerra externa, e em 1169 começa a perder terreno, culminando com a perda
dos territórios ao sul do Tejo em 1190, com a exceção Évora.
- 1190-1250: em 1190 inicia-se um ciclo de maus anos agrícolas que perturbou o país,
provocando revoltas e conflitos sociais, procedendo de uma tentativa de centralização dirigida
por Afonso II, apoiado por legistas, mas muito dos concelhos tiveram uma atitude diferente.
Em 1123 Afonso II morre, quebrando o poder dos ideais centralizadoras, mas as contradições
na nobreza aumentam de tom. O Alentejo e grande parte do Algarve são conquistados,
verificando assim um período de estabilidade entre 1217 e 1249. Além das lutas entre fações
nobres e alguns centralizadores, a fraqueza do rei mantém-se na sua impotência para travar o
avanço da vaga senhorial, no Norte, em Trás-os-Montes e na Beira Alta, onde nestes dois
locais existiam comunidades rurais autónomas. A anarquia social cresce, com uma coligação
entre nobres e clérigos, que pedem a intervenção do papa para destituir Sancho II.

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