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A História e Formação de Portugal

Juliana Bezerra
 
Professora de História

A formação de Portugal, como país independente, tem origem em 1093, através


das terras doadas pelo rei dom Afonso VI de Leão e Castela a D. Henrique de
Borgonha.

A história de Portugal, porém, deve ser entendida desde a ocupação da


Península Ibérica, habitada pelos iberos, entre outros povos.

Igualmente, não podemos separar a formação de Portugal da história da


Espanha.

No século VI a.C., entraram na península os celtas, procedentes da Gália – atual


França. Suas tribos espalharam-se pelo território, principalmente na região do
rio Tejo e deram origem a várias populações, entre as quais estavam os
lusitanos.

Império Romano e Portugal


Em 206 a.C., os romanos invadem a Península Ibérica e ali permanecem até o
século V. O território foi dividido em três grandes províncias: Tarraconense,
Bética e Lusitânia. Esta compreendia os atuais centro e sul de Portugal, mas
também cidades que hoje estão na Espanha como Salamanca e Mérida.

Os romanos ocuparam a foz dos rios e ali instalaram seus materiais para a
produção do “garo”, um tempero muito apreciado em todo Império. Mais tarde,
a região sofre a mesma sorte que o Império Romano, quando este é ocupado
pelas tribos germânicas.

A invasões "bárbaras" e Portugal

Os “bárbaros” germanos (vândalos e suevos) chegam e dividem o território


entre si. A Lusitânia é ocupada pelos suevos, que fundam um reino
independente a noroeste do Tejo

Nesse período aparece pela primeira vez a denominação "Porto Cale" (porto fiscal na
entrada do rio Douro) onde hoje se encontra a cidade do Porto. Deste vocábulo se
originaria o nome do país, Portugal.
Em 585 é a vez dos visigodos, aliados dos romanos e de origem germana, se fixarem na
região.

Os visigodos adotaram os costumes romanos, espalham-se pelos campos, retendo para


si grandes extensões de terra. Haviam se convertido ao cristianismo ariano, o que
provocará inúmeras guerras de religião na Península Ibérica que só terminam quando o
abandonam em 589.

A invasão árabe
No século VIII, a Península Ibérica é invadida pelos árabes que ficariam ali
aproximadamente sete séculos. Importante lembrar que em alguns pontos do território,
os muçulmanos ficaram menos tempo.

À exceção da região das Astúrias, núcleo de resistência cristã, o restante da península


esteve sob o controle árabe.

No Reino de Leão, foragidos dos domínios muçulmanos se unem para conquistar terras.
Posteriormente, por disputas internas, o reino de Leão seria desmembrado e nasceria o
Reino de Castela, no século XI. Mais a leste surgiram os reinos cristãos de Aragão e
Navarra.

Em 910, foi criado o Reino de Galícia, no extremo noroeste da Península Ibérica, cuja
capital era Braga, atualmente em Portugal. Nesse novo reino constitui-se um condado
hereditário denominado Portucalense, de onde nasceria Portugal.

O rei dom Fernando I de Leão (ou Fernando Magno) conquista cidades como Lamego,
Viseu e Coimbra. Em 1065, com a morte de D. Fernando I de Leão, seu reino é dividido
entre seus três filhos. Um deles, D: Afonso VI, herda o reino de Castela, e mais tarde,
anexa-lhe o reino de Leão e Galícia.

As conquistas de D. Afonso VI aumentaram as lutas entre muçulmanos e cristãos. Estes


tiveram que recorrer a cristãos de outras terras a fim de combatê-los. Um dos aliados foi
D. Henrique de Borgonha (atualmente território francês).

A “Reconquista da Península Ibérica” foi um movimento ibérico cristão de


cunho militar e religioso, que opôs cristão e os muçulmanos numa guerra
secular pela recuperação dos territórios perdidos para os conquistadores árabes
na Península Ibérica, durante o século VIII, quando os muçulmanos invadiram a
península e estabeleceram um domínio que durou de 711 a 1492.

Contexto Histórico: Resumo


Antes da invasão árabe, a Península Ibérica era habitada por povos germânicos
convertidos ao Cristianismo durante a Alta Idade Média.
Contudo, após a morte de Maomé, os muçulmanos expandiram seus domínios
pelo norte da África, até que, em 711, o general do Império Islâmico, Tarik ibn-
Zyiad atravessou o estreito de Gibraltar (nome dado em sua homenagem) e
adentra a península, derrotando os cristãos e expulsando os visigodos para uma
região montanhosa no norte da península (Astúrias), de onde teve início a
ofensiva cristã.

Por conseguinte, em 718, Pelágio, líder dos Visigodos, reúne um grupo de


montanheses que estavam refugiados nas montanhas, dando inicio a
reconquista dos territórios perdidos.

Com efeito, ele obtém uma grande vitória em 722, na Batalha de Covadonga e,
no ano de 740, as terras localizadas ao norte do rio Douro já eram cristãs
novamente. Sem espanto, as populações das regiões reconquistadas passavam
aos exércitos cristãos, engrossando suas fileiras.

Contudo, foi a partir do século XI que o processo de reconquista da península


acelerou-se, uma vez que a reconquista daquele território passou a ser
considerada uma missão sagrada.

Assim, com o apoio do movimento das Cruzadas, os reinos ibéricos retomaram


cerca de metade dos territórios muçulmanos em pouco tempo, conquistando o
Califado de Córdoba, ainda em 1031.

Ora, pelas Cruzadas, ordens religiosas e militares como a dos Templários,


passaram a combater os muçulmanos, bem como todos aqueles cristãos que
buscavam indulgências e perdão divino.

Consequentemente, vários reinos cristãos surgiram das derrotas mouras, como


o Condado Portucalense, o Reino de Aragão, o Reino de Castela, o Reino de
Navarra e o Reino de Leão.

O mais precoce foi Portugal, o qual logrou sua reconquista em 1147, com a
reconquista da cidade de Lisboa e em 1187, com a formação do Condado
Portucalense no noroeste da Península.

A conquista da cidade de Faro abriu caminho para o repovoamento da região


Sul e consolidou a dinastia de Borgonha, a qual governou o primeiro Estado
Nacional europeu até 1383.

No século XV, as campanhas militares patrocinadas pela união conjugal dos reis
Fernando de Aragão e Isabel Castela consolidaram o processo de reconquista,
culminando na expulsão completa dos invasores muçulmanos em 1492, com a
retomada do reino de Granada e na unificação da Espanha como Estado
Nacional.
Principais Características
De partida, vale destacar que a reconquista da Península Ibérica foi motivada
pela religião e pela retomada de territórios ricos e prósperos. Vale acrescentar
que foi um processo longo que durou quase oito séculos, especialmente nos
territórios espanhóis, onde a reconquista demorou mais que em outras regiões.

Ademais, merece destaque o uso de estratégias militares e equipamentos de


combate que eram utilizados pelos exércitos ibéricos.

Enquanto as forças muçulmanas eram compostas principalmente por uma


infantaria leve, os cristãos contavam com uma numerosa cavalaria, composta
pela união das forças reais, dos nobres locais, bem como dos plebeus mais
abastados que possuíam cavalos e equipamentos de combate, os quais eram,
basicamente, compostos por armadura leve, braceletes, escudo e espadas
longas de dois gumes, dardos e lanças.

Para as tropas auxiliares de infantaria, armadura de couro, arcos e flechas, lanças


e espadas curtas. Do ponto de vista estratégico, a ação mais comum eram os
ataques de longa distância da cavalaria e infantaria cristã sobre as forças
mouras, até enfraquecê-las, quando um ataque devastador era desferido pela
cavalaria. No século XI, novas táticas de batalha foram empregadas pelos
cristãos, como a introdução da cavalaria pesada.

Por sua vez, no decorrer dos séculos XII e XIII, o equipamento utilizado pelas
forças da cristandade melhoraram significativamente, com soldados vestindo
armaduras de cota de malha, elmos e capacetes de ferro, braçadeiras, coxetes e
escudos recobertos por couro e ferro, armados com espadas, lança, dardos, arco
e flechas ou besta e virotes. Até mesmo os cavalos com armaduras de cota de
malha eram comuns.

Por fim, vale destacar que os judeus e muçulmanos foram politicamente


expulsos, mas aqueles que aceitaram a fé católica continuaram habitando
Portugal e Espanha. Ademais, o legado muçulmano naquela região permitiu
notáveis avanços técnicos e científicos, sobretudo os avanços marítimos que
permitiram as grandes navegações.

Origem de Portugal
Uma vez vitoriosos, D. Afonso VI casa sua filha, D.Teresa de Leão, com D: Henrique
de Borgonha. Igualmente, em 1093, doa ao genro, as terras que compreendiam o antigo
condado Portucalense, do rio Minho à cidade Coimbra. Este território não era
independente e sim vassalo do Reino de Leão.

Com a morte de D. Henrique, o herdeiro dom Afonso Henriques tinha apenas três anos
e o governo é ocupado pela viúva, dona Teresa, que tenta ser reconhecida como herdeira
do reino de Castela, ao mesmo tempo que se proclama reina de Portugal.

Com o tempo, dona Teresa deixa se influenciar por nobres galegos, afastando-se dos
propósitos de tornar independente o condado. No entanto, D: Afonso Henriques ganha o
apoio do bispo de Braga, dom Paio Mendes e seus sucessores, que desejavam conquistar
a independência de sua arquidiocese.

Em 1128, D. Afonso Henriques enfrenta a mãe e seus aliados, na Batalha de São


Mamede e sai vitorioso. Mais tarde, ele se recusa a reconhecer ao rei dom Afonso VII,
rei da Galícia, Leão, Castela e Toledo, como seu soberano.

D. Afonso Henriques expande seu território tomando terras aos muçulmanos. Após a
Batalha de Ourique, em 1139, onde vence cinco líderes muçulmanos, Dom Afonso
Henriques se proclama rei de Portugal como Afonso I.

O rei dom Afonso VII o reconhece como soberano através do Tratado de Zamora, em
1143 e o Papa Alexandre III o fará em 1179.

D. Afonso Henriques inaugura a Dinastia de Borgonha e seus sucessores encarregam-se


de consolidar as fronteiras do novo país.

O último monarca da dinastia de Borgonha foi D. Fernando, que faleceu em 1381. Dois
anos depois, a corte proclama D. João, o novo rei de Portugal, mestre da ordem militar
de Avis, que dá início à dinastia do mesmo nome. Este episódio seria conhecido como a
Revolução de Avis.
Mouro era o nome dado pelos cristãos às pessoas de pele escura e de religião
muçulmana que habitaram a Península Ibérica, do século VIII ao XV.

O termo vem dos romanos que nomearam Mauritânia a uma de suas províncias
na África. Com a invasão dos árabes muçulmanos neste continente, os
habitantes dessa região adotaram o Islã também como sua religião.

Desta forma, "mouro", aos olhos dos cristãos, passou a ser sinônimo de uma
pessoa muçulmana e de pele escura. Os mouros, no entanto, não constituem
um povo, nem uma etnia e sim uma generalização que os cristãos europeus
fizeram dos muçulmanos tanto africanos, como árabes.

Significado de mouro
A palavra “mouro” vem do latim - mauro - e significa “escuro”.

Mouros na Espanha e Portugal


Os mouros chegaram à Península Ibérica (Espanha e Portugal) por volta do séc.
VIII e ali permaneceram vários séculos deixando sua marca na cultura e no
idioma.

Palavras que fazem parte do português como “guitarra”, “azulejo”, “alface”,


“chafariz” pertencem à língua árabe e foram trazidas pelos mouros.

Também o fado, estilo de música portuguesa, e o canto flamenco, têm sua


origem na maneira de cantar deste povo.

Mouros na Espanha

No total, os mouros ficaram na Espanha durante 8 séculos, pois em certas zonas


do país eles estiveram 300 anos, em outras, 500 anos.

O último reino muçulmano a ser conquistado foi o de Granada, em 1492, pelos


reis católicos, Isabel de Castela e Fernando de Aragão.

Seguiu-se um século de perseguição mais intensa, com os mouros sendo


obrigados a se converter ao cristianismo ou deixar o país. Em 1609, os
muçulmanos que ainda permaneciam na Espanha foram definitivamente
expulsos. Por sua vez, seus descendentes passaram a ser conhecidos como
“mouriscos”.

Mouros em Portugal
Além do idioma, podemos encontrar a influência moura em Portugal na
arquitetura e na decoração. Os melhores exemplos são os arcos em ferradura,
os azulejos e os enfeites coloridos.

Em Lisboa, o bairro habitado pelos mouros foi denominado como "mouraria" e


o nome permanece até hoje.

Do mesmo modo, encontramos traços da influência moura na culinária


portuguesa em pratos como os bolinhos de amêndoa e os ensopados de
carneiro, entre outros.

Mouro, árabe ou muçulmano?

Muitas vezes usa-se mouro como sinônimo de árabe.

No entanto, mouro, como vimos, se refere aos povos berberes e aos


muçulmanos que viviam na Península Ibérica e que não eram árabes.

Afinal, os árabes são aqueles que nascem nos países como o Egito, Arábia
Saudita, Iêmen, Líbano, etc. Ser árabe, portanto, tem mais a ver com a
identidade cultural e idioma do que com a religião.

Finalmente, muçulmano é aquele que pratica o Islã. O maior país muçulmano do


mundo, a Indonésia, não é um país árabe.

Mouros na Europa
Os mouros chegaram na Europa através da Península Ibérica.

Na alta Idade Média, os reis visigodos viviam em guerra uns contra os outros.
Um dos monarcas pede ajuda a Musa ibn Nusair, líder de uma tribo iemita, que
habitava o norte da África.

Assim, os iemitas atendem ao pedido do monarca e conquistam o que hoje é


grande parte da Espanha e Portugal.

Uma vez na Península Ibérica, os cristãos que moravam nestas terras passaram a
denominar mouros àquelas pessoas de pele escura que praticavam o Islã, em
referência à Mauritânia. Nas regiões onde eles se instalaram, os cristãos
começaram a se converter ao islamismo. Estes novos muçulmanos, também
foram chamados de mouros, embora já não fossem africanos ou árabes de
origem, nem tivessem a pele escura.
Igualmente, os próprios muçulmanos que viviam na Península, começaram a
usar a palavra "mouro" para referir a si mesmos. Por isso, tanto em Portugal
como na Espanha, mouro é praticamente um sinônimo para "muçulmano".

A cultura árabe envolve tradições, idioma e costumes de povos que são


originários dos territórios do Oriente Médio, África Setentrional e Ásia
Ocidental.

Igualmente, a cultura árabe é um conceito independente da religião, pois


engloba povos muçulmanos, judeus, cristãos e pagãos.

Se considerarmos apenas os países da "Liga Árabe" (1946), são ao menos


trezentos milhões de pessoas que fazem parte dessa cultura.

Países Árabes

Países Árabes
Os principais países de cultura árabe são:
Península Arábica

 Iraque
 Barein
 Catar
 Arábia Saudita
 Emirados Árabes Unidos
 Iêmen
 Kuwait
 Omã

Vale do Nilo

 Egito
 Sudão

Magrebe

 Líbia
 Tunísia
 Argélia
 Marrocos
 Mauritânia
 Saara Ocidental

Crescente Fértil

 Iraque
 Líbano
 Síria
 Palestina
 Jordânia

Mundo Árabe
O mundo árabe compreende aqueles países e povos que adotaram a língua
árabe. Estão concentrados, principalmente, no norte da África.

Não se deve confundir "mundo árabe", que se identifica com o idioma, com
"mundo islâmico", que se refere à religião.

Nem todo árabe é muçulmano (ou islâmico) e muitas pessoas que não tem
como idioma o árabe são muçulmanas.
A cultura árabe viajou com os povos dessas regiões e chegaram à Espanha,
Portugal e dali passaram às Américas. Em países como Brasil e Argentina há
importantes comunidades descendentes de árabes.

Origem da Cultura Árabe

Aspecto de uma feira na cidade de Marrakesh, Marrocos


A cultura árabe surge na Península Arábica com os povos semitas descendentes
de Ismael, filho patriarca de Abraão.

As figuras mais representativas são os nômades beduínos, os quais viviam em


regiões desérticas e se sustentavam, principalmente, da criação de gado.

Entretanto, com a formação do Império Árabe no século VII, a cultura e a


religião islâmica se espalham pela península, modificando os costumes desses
povos nômades. Assim, o islamismo e o idioma serão a base do processo de
“arabização” no norte da África.

Como este domínio se fez com relativa tolerância, houve uma influência
recíproca entre aqueles que eram muçulmanos e falavam árabe e os povos que
foram dominados. Através das suas viagens, os árabes entraram em contato
com os povos helênicos, aprenderam e preservaram sua filosofia grega.
Desta maneira, as comunidades cristãs e judaicas eram toleradas nos territórios
de maioria muçulmana e acabaram absorvendo tradições árabes.

Veja também: Persas
Costumes da Cultura Árabe
Em comum, esta cultura possui valores como lealdade, honra, tradicionalismo,
sentido de hospitalidade e conservadorismo. Priorizam a amizade, o respeito, a
paciência e a privacidade acima de tudo.

Também é muito conhecida a tradição árabe para os negócios, nos quais é


necessário ter paciência para pechinchar e negociar o valor das mercadorias.

Outro aspecto importante desta cultura diz respeito às formas de comer. Árabes
muçulmanos não se alimentam de carne de porco, comem somente com a mão
direita e normalmente fazem suas refeições sentados no chão.

Religião Árabe
Calcula-se que 90% dos povos árabes professem a religião islâmica, fundada
por Maomé (Mohamad) no ano 622 da Era Cristã.

Esta fé uniu as numerosas tribos beduínas da Península Arábica e do norte da


África. Por esta razão, é muito comum pensar que todos os árabes são
muçulmanos.

No entanto, sobrevivem ali comunidades de cristãos, judeus e até aqueles que


conservam crenças animistas como os yazidis, um dos povos que formam os
curdos.

Igualmente, os judeus e a Igreja Ortodoxa já estavam instalados nos territórios


onde o islamismo floresceu. Há ainda denominações cristãs como os melquitas,
coptas, maronitas, entre outras.

Por isso, é incorreto afirmar que todo árabe é muçulmano. Por fim, lembremos
que o maior país islâmico do mundo, a Indonésia, não é um país árabe.

Veja também: Curdos
Família Árabe

A família árabe é patriarcal. A mãe é responsável pelos afazeres domésticos e


cuidados da casa, enquanto o pai é o provedor e toma as decisões da casa.
Atualmente, porém, em vários países árabes, a mulher trabalha fora de casa.
É comum encontrar homens que se abraçam e trocam beijos na bochecha ou
andando de mãos dadas (isso é um sinal de grande amizade).

Contudo, quando se dirigem a uma mulher, normalmente os homens árabes


não as encaram e somente a cumprimentam com palavras. Isso porque na
maioria dos países árabes, o beijo público entre casais é proibido.

Vestimenta Árabe

Geralmente, por influência religiosa, os povos árabes tendem a cobrir mais o


corpo do que os Ocidentais. As altas temperaturas também fazem necessário o
uso de véus e turbantes a fim de proteger o rosto e a cabeça.

As mulheres, costumam se vestir com mais decoro e dificilmente são


encontradas com os cabelos descobertos.

Utilizam um hijab (tecido que cobre a cabeça sem esconder o rosto),


uma abaya (túnica preta e longa) ou um niqab (tecido que cobre a parte inferior
do rosto). É importante ressaltar que cada país tem seus códigos próprios para
roupas.

Da mesma maneira, essas indumentárias ou vestimentas árabes que mostram o


lado mais conservador desta cultura.
Por sua parte, os homens podem ser encontrados vestidos à moda ocidental,
com calça jeans e camisa. No entanto, em países como a Arábia Saudita, deve
usar turbante e túnica.

Casamento Árabe

Ritual de casamento da religião islâmica


A cerimônia de casamento árabe varia de acordo com a religião. Contudo, uma
característica é certa: independente da crença, a festa será longa e muito
animada.

Casamento árabe muçulmano

O casamento árabe muçulmano (Nikah) é um cerimonial colorido, alegre, farto e


cheio de rituais simbólicos. Normalmente, o evento dura até três dias.

Podem ser celebrados a qualquer momento, exceto no dia após o Ramadão ou


entre o nono e décimo dia do primeiro mês do calendário do Islão.

Como a cultura árabe é permeada pelo Islamismo, o casamento deve ser


realizado numa mesquita, sob as bênçãos de um Imam ou Xeique.

Tradicionalmente, o primeiro dia é consagrado à cerimônia de noivado


(Mangni). Essa representa uma sagração oficial na qual ocorre a troca de
alianças e a assinatura de casamento.
Trata-se de um contrato civil, firmado pelo noivo, a noiva e seu guardião,
endossado ainda por mais duas testemunhas.

No segundo dia (Manjha), a atenção está voltada para a noiva. Ela é produzida
para o casamento com as tradicionais tatuagens de hena (nos pés e nas mãos),
as quais só podem ser tatuadas por mulheres solteiras.

Finalmente, no terceiro dia, é quando ocorre a festa de casamento


propriamente dita. Nesse momento, as famílias dos noivos irão se reunir com os
demais convidados, em meio a muita comida, música e dança.

Quanto às vestimentas, vale destacar que a noiva pode usar até sete vestidos
diferentes, desde que o vestido utilizado no terceiro dia da festa seja branco. Já
o noivo, normalmente, veste-se com seda e turbante.

Veja também: Características da Cultura Muçulmana


Língua Árabe

Alfabeto Árabe
Com efeito, a língua árabe é um fator unificante nesta civilização, tanto quanto
o Islamismo, uma vez que a maioria dos árabes são seguidores do Islã.

Vale ressaltar que a palavra “árabe” significa “claro” ou “compreensível” para se


referir aqueles cuja língua era inteligível.

Ao contrário das línguas latinas e anglo-saxãs, o idioma árabe é escrito da


direita para a esquerda e só possui 3 vogais e 22 consoantes.

Difusão de Descobertas e Conhecimentos

As mesquitas são um exemplo da engenharia e da arte árabe, como o Domo da


Rocha, em Jerusalém
Os povos árabes foram grandes criadores e transmitiram ao mundo ocidental
conhecimentos de navegação que permitiram avanços notáveis, como a bússola
e o astrolábio.

Além disso, os alquimistas foram os precursores da química moderna e a eles é


atribuída a descoberta do álcool.
Os matemáticos foram igualmente importantes, de onde herdamos o
conhecimento sobre os algarismos arábicos, a álgebra e o conceito do zero
(trazido da Índia).

Arquitetura Árabe

A partir destes cálculos algébricos, a engenharia e arquitetura árabes puderam


construir belíssimas mesquitas, palácios, com seus arcos, cúpulas e minaretes.

Todos eles são bem ornamentados pela arte decorativa dos arabescos, onde
predominam os motivos geométricos de influência persa, indiana e bizantina.

Vale destacar aqui a proibição religiosa de representar figuras humanas, o que


justifica o predomínio das figuras geométricas, plantas e flores em seus
preciosos mosaicos.
Sunitas e Xiitas

Juliana Bezerra
 
Professora de História

Os sunitas e os xiitas são dois grupos de muçulmanos que apresentam


diferenças políticas e por isso, estiveram muito tempo em conflito.

Eles estão localizados em maior parte na Arábia Saudita (maioria sunita) e no Irã
(maioria xiita).

Além desses países, é possível encontrar algumas minorias de sunitas e xiitas no


Afeganistão, Iraque, Barein, Azerbaidjão, Iêmen, Índia, Kuwait, Líbano, Paquistão,
Catar, Síria, Turquia, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos.

Diferenças entre Sunitas e Xiitas


Os sunitas e xiitas compartilham dos mesmos dogmas da fé islâmica. No
entanto, a grande questão recai sobre quem seria o verdadeiro profeta após a
morte de Maomé (570-632).

Fundador e o mais importante profeta do islamismo, Maomé (Muhammad) é


autor do Alcorão, o livro sagrado da religião islâmica.

Os sunitas (cerca de 90% dos muçulmanos) acreditam que o califa (chefe de


Estado e sucessor de Maomé) deveria ser eleito pelos próprios muçulmanos.

Já para os xiitas, o profeta e sucessor legítimo deveria ser Ali (601-661), genro
de Maomé, que por fim, foi assassinado.

No lugar deste, foi eleito o califa Muhawya, responsável pelo poder da Síria. Foi
nesse contexto que ele resolveu transferir a capital do Califado, que era na
cidade de Medina (Arábia Saudita) para Damasco (hoje capital da Síria). Ainda
hoje, Medina é um local sagrado para os islâmicos, além de Meca.

Os xiitas são considerados mais tradicionalistas. Eles conservam mais as


tradições do livro sagrado e seguem à risca as antigas interpretações do Alcorão
e da Sharia (Lei Islâmica).
Os sunitas, por sua vez, são considerados mais ortodoxos. Além de seguirem os
preceitos da religião islâmica segundo o Alcorão e a Sharia, também baseiam
suas crenças na Suna, livro que relata os feitos de Maomé.

Para esse grupo, a religião e o Estado deveriam ser uma única força.

Conflitos
Os conflitos entre sunitas e xiitas existe há séculos, ou seja, desde 632 d.C., ano
da morte de Maomé. Esse fato foi propulsor para desencadear desavenças entre
esses povos que até os dias atuais cometem atos de violência entre eles.

Como foi dito acima, após a morte de Ali, que para os xiitas deveria ser o
sucessor de Maomé, a religião islâmica foi segmentada em dois grandes grupos.

Além dele, foram assassinados seus filhos: Hassan e Hussein. A partir daí, muitos
conflitos e guerra civis foram desenvolvidas.

Antes do profeta Maomé, o politeísmo (crença em vários deuses) era praticado


por diversos grupos. Foi, portanto, ele quem uniu a sociedade árabe na crença
monoteísta, onde Alá seria o Deus supremo.

As ações do profeta foram primordiais para unir os grupos árabes numa só


religião: islamismo.

Muitos países foram palco desses conflitos, sobretudo o Líbano, a Síria, o Iraque
e o Paquistão. Entre os membros dos grupos de xiitas e sunitas, eles cultivam
ódio e aversão.

Desse modo, a maioria sunita discrimina a minoria xiita. Por isso, os xiitas são
marginalizados e oprimidos, além de possuírem as piores condições
econômicas no mundo árabe.

Todos os anos, é possível corroborar esse ódio com a violência e as execuções


que ocorrem frequentemente, por exemplo, do clérigo Nimr Al-Nimr em 2015,
xiita iraniano.

Esse fato aumentou ainda mais as tensões entre o Irã e a Arábia Saudita. É difícil
confirmar qual dos grupos são mais extremistas, no entanto, os sunitas
apresentam uma posição mais neutra.

Embora haja controvérsias visto que muitos grupos extremistas são de sunitas,
por exemplo: Al-Qaeda, o Estado Islâmico e o Boko Haram.
A Guerra Civil no Líbano, a Revolução Iraniana de 1979, os conflitos atuais na
Síria e no Irã confirmam que a história de violência entre esses grupos,
infelizmente está longe de ser resolvida.

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