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historiográfica para o movimento cristão com início no século VIII que visava à
recuperação dos Visigodos cristãos das terras perdidas para os árabes durante a
invasão da Península Ibérica.
Por volta do ano 711 toda a Península Ibérica seria invadida por hordas mouras,
comandadas por Tarik ibn-Ziyad, obrigando os visigodos a recolher-se principalmente
nas Astúrias, uma região no Norte da Península, que, pelas suas características naturais,
colocava grandes dificuldades ao domínio muçulmano. Além disso, os muçulmanos
estavam mais interessados em atravessar os Pirenéus e derrotar os Francos, visto terem
como objetivos conquistar todos os territórios à volta do Mediterrâneo, o que acabou
por não acontecer, pois foram derrotados pelos Francos (Batalha de Poiters). O período
compreendido entre 711 e 1492 foi marcado, na Península Ibérica, entre outros fatos,
pela presença de governantes muçulmanos. Em nome da recristianização da região,
ocorreu um longo processo de lutas, considerado por alguns como parte do movimento
de cruzadas, resultando finalmente na completa reconquista do teritório por parte dos
cristãos. Durante esta fase, dá-se o nascimento do Reino de Portugal e de diversos
outros reinos na Península Ibérica, vindo estes últimos, posteriormente, a se unificar
dando origem ao reino de Espanha, apesar das turbulências existentes até hoje, como se
verifica pela existência de movimentos separatistas.
Quanto a Portugal, já em 1250 tinha seus limites muito próximos dos atuais,
representando, talvez, a maior continuidade de soberania de uma nação sobre o seu
território na história moderna.
Aos catorze anos de idade (1125), o jovem Afonso Henriques, com o apoio da
nobreza portuguesa, arma-se a si próprio cavaleiro – segundo o costume dos reis –
tornando-se assim guerreiro independente. A posição de favoritismo em relação aos
nobres galegos e a indiferença para com os fidalgos e eclesiásticos portucalenses por
parte de sua mãe, D. Teresa, originou a revolta destes, sob chefia do seu filho, D.
Afonso Henriques.
A luta entre D. Afonso Henriques e sua mãe desenrola-se, até que a 24 de Junho
de 1128 se trava a Batalha de São Mamede (Guimarães) e D. Teresa é expulsa da terra
que dirigira durante 15 anos. Uma vez vencida, D. Afonso Henriques toma conta do
condado, declarando-o reino independente, dado que ele era neto de Afonso VI,
Imperador de toda a Hispânia, passando a assinar todos os documentos oficiais não
como Conde, mas sim como Rei.
Nascia, pois, em 1139, o Reino de Portugal e sua primeira dinastia, com o Rei
Afonso I de Portugal (D. Afonso Henriques). Só a 5 de Outubro de 1143 é reconhecida
a independência de Portugal pelo rei Afonso VII de Leão e Castela, no Tratado de
Zamora, assinando-se a paz definitiva. Desde então, D. Afonso Henriques (Afonso I)
procurou consolidar a independência por si declarada. Fez importantes doações à Igreja
e fundou diversos Conventos. Dirigiu-se ao Papa Inocêncio II e declarou Portugal
tributário da Santa Sé, tendo reclamado para a nova monarquia a protecção pontifícia.
Em 1179 o Papa Alexandre III, através da Bula Manifestis Probatum, reconhece a
existência de Portugal como país independente e vassalo da Igreja Católica Apostólica
Romana.