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A Reconquista (também referenciada como Conquista cristã) é a designação

historiográfica para o movimento cristão com início no século VIII que visava à
recuperação dos Visigodos cristãos das terras perdidas para os árabes durante a
invasão da Península Ibérica.

Os muçulmanos não conseguiram ocupar a região montanhosa das Astúrias,


onde resistiram muitos refugiados; aí surgiria Pelágio (ou Pelaio) que se pôs à frente dos
refugiados, iniciando imediatamente um movimento para reconquistar o território
perdido.

A reconquista de todo o território peninsular vai durar cerca de oito séculos, só


ficando concluída em 1492 com a reconquista do reino muçulmano de Granada pelos
Reis Católicos (Isabel e Fernando). Em Portugal, a reconquista terminou com a
conquista definitiva de Silves pelas forças de D. Afonso III, em 1253. Mais tarde, a
expansão marítima portuguesa, precedida pela conquista das praças africanas foi
considerada, em parte, como uma continuação da Reconquista.

Por volta do ano 711 toda a Península Ibérica seria invadida por hordas mouras,
comandadas por Tarik ibn-Ziyad, obrigando os visigodos a recolher-se principalmente
nas Astúrias, uma região no Norte da Península, que, pelas suas características naturais,
colocava grandes dificuldades ao domínio muçulmano. Além disso, os muçulmanos
estavam mais interessados em atravessar os Pirenéus e derrotar os Francos, visto terem
como objetivos conquistar todos os territórios à volta do Mediterrâneo, o que acabou
por não acontecer, pois foram derrotados pelos Francos (Batalha de Poiters). O período
compreendido entre 711 e 1492 foi marcado, na Península Ibérica, entre outros fatos,
pela presença de governantes muçulmanos. Em nome da recristianização da região,
ocorreu um longo processo de lutas, considerado por alguns como parte do movimento
de cruzadas, resultando finalmente na completa reconquista do teritório por parte dos
cristãos. Durante esta fase, dá-se o nascimento do Reino de Portugal e de diversos
outros reinos na Península Ibérica, vindo estes últimos, posteriormente, a se unificar
dando origem ao reino de Espanha, apesar das turbulências existentes até hoje, como se
verifica pela existência de movimentos separatistas.

Quanto a Portugal, já em 1250 tinha seus limites muito próximos dos atuais,
representando, talvez, a maior continuidade de soberania de uma nação sobre o seu
território na história moderna.

Se rápida foi a ocupação muçulmana da Península Ibérica, a reconquista pelos


Visigodos foi francamente mais lenta. Este processo gradual originou o nascimento de
pequenos reinos que iam sendo alargados à medida que a Reconquista era bem
sucedida. Primeiro, o Reino das Astúrias, que viria a dividir-se entre os filhos de Afonso
III das Astúrias quando morreu. Assim nasciam os reinos de Leão e Galiza e, mais
tarde, de Navarra e Aragão e de Castela, sendo que este compreendia já as terras de
Portucale, que correspondia mais ou menos os territórios que hoje fazem parte de
Portugal, até à cidade de Coimbra.

Em 1096, Afonso VI entrega o governo do Condado Portucalense ao Conde D.


Henrique de Borgonha, juntamente com a sua filha, D. Teresa, passando assim a ser
Conde de Portucale. Na prática, o Condado Portucalense passa a prestar vassalagem ao
Reino de Leão.

Deste condado, nasceria o reino de Portugal. D. Henrique governou no sentido


de conseguir uma completa autonomia para o seu condado e deixou uma terra
portucalense muito mais livre do que aquela que recebera. Com a morte de D. Henrique
(1112), sucede-lhe a viúva deste, D. Teresa, no governo do condado durante a
menoridade do seu filho Afonso Henriques.

Inicialmente, o pensamento de D. Teresa foi idêntico ao do seu marido:


fortalecer a vida portucalense, conseguir a independência para o condado. D. Teresa
começou (1121) a intitular-se «Rainha», mas os muitos conflitos diplomáticos e a
influência que concedeu a alguns nobres galegos (principalmente a Fernão Peres) na
gerência dos negócios públicos prejudicou o seu esforço de tal maneira a que D. Teresa
foi obrigada a abdicar das suas pretensões, e mudar de política. Por esta altura, D.
Teresa planejava unir novamente o Condado Portucalense ao Reino de Galiza,
inviabilizando toda e qualquer aspiração portuguesa à independência.

Aos catorze anos de idade (1125), o jovem Afonso Henriques, com o apoio da
nobreza portuguesa, arma-se a si próprio cavaleiro – segundo o costume dos reis –
tornando-se assim guerreiro independente. A posição de favoritismo em relação aos
nobres galegos e a indiferença para com os fidalgos e eclesiásticos portucalenses por
parte de sua mãe, D. Teresa, originou a revolta destes, sob chefia do seu filho, D.
Afonso Henriques.

A luta entre D. Afonso Henriques e sua mãe desenrola-se, até que a 24 de Junho
de 1128 se trava a Batalha de São Mamede (Guimarães) e D. Teresa é expulsa da terra
que dirigira durante 15 anos. Uma vez vencida, D. Afonso Henriques toma conta do
condado, declarando-o reino independente, dado que ele era neto de Afonso VI,
Imperador de toda a Hispânia, passando a assinar todos os documentos oficiais não
como Conde, mas sim como Rei.

Continuou, no entanto, a lutar contra as forças de Afonso VII de Leão e Castela


(inconformado com a perda das terras portuguesas, pois à semelhança de seu pai,
Afonso VI, ele também se intitulava como Imperador), enquanto paralelamente travava
lutas contra os muçulmanos. Em 1139, depois de uma estrondosa vitória na batalha de
Ourique contra um forte contingente mouro, D. Afonso Henriques afirma-se como Rei
de Portugal, e com o apoio dos chefes portugueses, é aclamado como Rei soberano.

Nascia, pois, em 1139, o Reino de Portugal e sua primeira dinastia, com o Rei
Afonso I de Portugal (D. Afonso Henriques). Só a 5 de Outubro de 1143 é reconhecida
a independência de Portugal pelo rei Afonso VII de Leão e Castela, no Tratado de
Zamora, assinando-se a paz definitiva. Desde então, D. Afonso Henriques (Afonso I)
procurou consolidar a independência por si declarada. Fez importantes doações à Igreja
e fundou diversos Conventos. Dirigiu-se ao Papa Inocêncio II e declarou Portugal
tributário da Santa Sé, tendo reclamado para a nova monarquia a protecção pontifícia.
Em 1179 o Papa Alexandre III, através da Bula Manifestis Probatum, reconhece a
existência de Portugal como país independente e vassalo da Igreja Católica Apostólica
Romana.

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