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Módulo 2: A Conquista da Península Ibérica pelos Muçulmanos

TariK (muçulmano), lugar-tenente de Muza (governador da Tunísia, Norte de África), atravessa o estreito
de Gibraltar para dar apoio a uma das fações visigodas (cristãos) que então lutavam pelo domínio da
Península. Na batalha de Guadalete vence as tropas de D. Rodrigo (visigodo) e decide continuar a ocupar o
711
país. A Península é conquistada pelos muçulmanos, à exceção do território das Astúrias. Os muçulmanos
são então impedidos de prosseguir para norte na Batalha de Covadonga. Pelágio (cristão) terá liderado a
resistência cristã no referido confronto. Nesse território formar-se-á um reino cristão.
É deste período (751-754) que se registam novas notícias sobre o reino cristão do Norte, agora liderado
por Afonso I (das Astúrias) e que desenvolve campanhas militares até ao Douro, contra os muçulmanos,
Meado
remetendo-os para a parte sul desse limite. Afonso I não conseguirá, contudo, ocupar todo esse território.
s do
Assim, a região correspondente ao Entre Douro e Minho fica desprovida de quadros administrativos e
século
militares: terra de ninguém (espaço entre os territórios dominados pelos cristãos e os territórios
VIII
dominados pelos muçulmanos). As populações desse território ficarão dependentes dos pequenos
senhores locais, descendentes da aristocracia romano-suevo-visigótica.
A partir de meados do século IX, Afonso III, rei das Astúrias e de Leão, implementou um conjunto de ações
de repovoamento com o objetivo de consolidar a administração dos territórios conquistados aos Mouros
Século
até à linha do Douro. Os seus companheiros de armas, dominaram a «marca» portuguesa durante cerca
IX
de dois séculos, tendo possivelmente sob o seu controlo outros condes e imperantes não titulados. Serão
a primeira elite portucalense.

A Conquista da Península Ibérica pelos Cristãos: A Reconquista Cristã


Reconquista: termo utilizado para designar as campanhas militares que os reinos cristãos da Península Ibérica
dirigiram contra os muçulmanos, que a conquistaram em 711. A Reconquista iniciou-se a partir do pequeno reino das
Astúrias e só terminou com a conquista do reino mouro de Granada em 1492 (no reino português, terminou em 1249
com a conquista do Algarve). Foi um processo lento, com avanços e recuos, condicionado pelo relevo, pelos rios, pela
unidade e divisão dos mouros ou dos cristãos. Contou com o auxílio da Igreja pois eram considerados infiéis.
O avanço da reconquista efetuou-se de ocidente para oriente, num traçado diagonal:
E de norte para sul:
As Linhas da - tal facto resultou de um acordo tácito entre os reinos cristãos (cada soberano cristão conquistava
Reconquista a sul dos seus territórios sem interferir nos territórios dos outros);
- a zona sul, nomeadamente o Algarve, era mais difícil de conquistar já que tinha uma maior
concentração urbana.
A Reconquista serviu aos reis ibéricos para:
- sobreviverem politicamente (conquistavam ou eram conquistados);
O carácter - afirmar e engrandecer o poder real;
político da - a partir do século X, passaram a considerar-se como legítimos descendentes dos monarcas
Reconquista visigodos (apesar de não estar provada a relação entre uns e outros) – consideravam que toda a
terra que conquistavam era uma recuperação do antigo território dos visigodos, cristãos (daí a
designação de Reconquista);
A partir do século XI, as razões de caráter religioso passam a ter mais peso na justificação da guerra da
reconquista:
- Cessa o clima de tolerância que até então existia entre cristãos e muçulmanos;
- O fanatismo intensifica-se com a chegada dos almorávidas e almóadas (berberes convertidos ao
O carácter islamismo – associam as orações a um rigoroso treino militar);
religioso da - A reconquista assume caráter de guerra santa e considera-se que a península deve ser libertada
Reconquista dos infiéis como a Palestina – as conquistas aos mouros passam a ser designadas por cruzadas do
ocidente; Recebem o auxílio dos Cruzados:
- Para o fortalecimento do ideal de cruzada contribuíram também as ordens militares e religiosas:
Templários, Hospitalários, monges de Calatrava e de Santiago (fundamentais na conquista das
terras alentejanas e algarvias e na sua manutenção e povoamento).
A Fixação Do Território Português
Afonso I Foi responsável pelas conquistas aos mouros: Lisboa, Sintra, Palmela, Alcácer do Sal, Évora, Beja,
1106 – 1185 Moura, Serpa, Juromenha, Cáceres, Trujillo, Montánchez, Alconchel.
A ofensiva almóada de 1174-1184 vai determinar a perda da grande maioria dos castelos conquistados
a sul do Tejo.
Quando morre deixa consolidada a linha do Tejo com alguns pontos avançados no sul: Palmela,
Alcácer e Évora.
Sancho I Mostrou-se um grande chefe guerreiro, mas foi menos feliz nas expedições militares que realizou.
1154 - 1211 Fez duas expedições vitoriosas ao Algarve, mas foi obrigado a recuar devido à investida dos almóadas
(dinastia marroquina).
Os mouros recuperaram as terras algarvias e as povoações a sul do Tejo, exceto Évora.
Afonso II Ação militar inferior. Com a sua administração consolidou-se o poder real. A sua política de
1185 - 1223 administração estatal foi inovadora, deixando ao seu sucessor um reino organizado internamente.
Sancho II A fronteira portuguesa avança vitoriosamente no Alentejo.
1209 - 1248 O país passou por um período de grande instabilidade social.
Em 1245 foi deposto pelo Papa Inocêncio IV que nomeou o seu irmão como governante do Reino.
Afonso III Conquistou definitivamente o Algarve (1249).
1210 - 1279 O Norte Cristão anexava para sempre o sul islâmico e a Reconquista portuguesa chegava ao fim.
As fronteiras portuguesa só foram, contudo, estabelecidas depois já que Afonso X reivindicou para si o
Algarve. Inicia-se um período de conflitos entre Portugal e Castela que termina com um tratado de paz
- Tratado de Badajoz (1267). Afonso III passa a ser, então, de direito, Rei de Portugal e do Algarve.
Em 1297, celebra com Castela (Fernando IV) o Tratado de Alcanises, pelo qual se consolida a definição
D. Dinis da fronteira portuguesa. O território português adquire então a sua configuração definitiva, sendo o
1261 a 1325 Estado com fronteiras mais antigas na Europa.

A Fixação Do Território Português – Os Tratados


Afonso III de Portugal conquistou definitivamente o Algarve em 1249.
Afonso X, contudo, quando chegou ao trono de Leão e Castela, reivindicou para si o Algarve, alegando
que a sua soberania nessas terras lhe havia sido concedida pelo rei mouro que aí governava.
Tratado de Inicia-se um período de conflitos entre Portugal e Castela que termina com um tratado de paz
Badajoz celebrado com a intervenção do Papa Inocêncio IV: Afonso III casava com a filha de Afonso X e
(1267) renunciava temporariamente aos seus direitos de suserano nessas terras, em benefício do sogro – Afonso
III fica vassalo de Afonso X.
No Tratado de Badajoz (1267) foi reconhecido a Portugal o direito às terras do Algarve – Afonso X
renunciava a favor do infante D. Dinis, a quaisquer direitos sobre o Algarve.
Afonso III passa a ser, de direito, Rei de Portugal e do Algarve.
Em 1297, D. Dinis celebra com Castela (Fernando IV) o Tratado de Alcanises, pelo qual se consolida
Tratado de a definição da fronteira portuguesa. Projetam-se casamentos e uma paz de 40 anos entre os dois reinos.
Alcanises A sul do Tejo Portugal desistia da soberania sobre as terras de Arochee Aracenae as povoações de
(1297) Valência, Alcântara, Ferreira, Esparregal e Aiamonte. Em troca receberia Olivença, Campo Maior, São
Félix e Ouguela, e ainda algumas terras na zona da Beira.
O território português adquire então a sua configuração definitiva, sendo o Estado com fronteiras
mais antigas na Europa.

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