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Ficha Informativa

A História de Manuel Milho (Memorial do Convento)


Português – 12º ano

Encaixada na epopeia da pedra, surge uma história contada por Manuel Milho, quando,
à noite, os homens extenuados por um dia de trabalho, se aqueciam à volta da fogueira. A
história, em jeito de folhetim, deixava-os interessados para ouvirem a continuação no dia
seguinte. Aparece esta personagem como um típico contador de histórias que mantém os
ouvintes «presos às suas palavras».
A sua história dizia que uma rainha vivia com o rei e os filhos no palácio, porém, a rainha,
ao contrário do rei, não sabia se gostava de ser rainha, pois nunca tinha sido outra coisa para
poder comparar.
Um dia foi ter com um ermitão que vivia sozinho no monte para se aconselhar com ele.
A rainha queria saber o que era preciso fazer para uma rainha se sentir mulher e um rei se sentir
homem. A conversa que tiveram sobre a existência, sobre o que se é e o que se deseja ser e
sobre a rebelião necessária para se deixar de ser o que não se quer, foi tão profunda que a rainha
se retirou com o seu séquito para refletir.
Mas, um dia, a rainha desapareceu do palácio e o marido, ciumento, sentindo-se traído
e humilhado, envia o exército à procura dos fugitivos. Não os encontraram e não se sabe se a
rainha se fez mulher e se o ermitão se fez homem.

Também nós podemos ficar a refletir sobre o mistério da existência humana, pois, mais
importante do que ser rei ou rainha, ou ermitão, ou ter qualquer outro cargo ou profissão, é ser-
se homem ou mulher. O próprio Manuel Milho disse: «não se averiguou se o ermitão chegou a
fazer-se homem e se a rainha chegou a fazer-se mulher, eu por mim acho que não foram
capazes.» (capítulo XIX)
Podemos então, por estas palavras, perceber a mensagem: o que é difícil é ser-se
homem, é ser-se mulher, simplesmente, integralmente, por dentro. A resposta de Baltasar ao
dizer «talvez voando» pode ajudar-nos a encontrar um caminho que passa pelo sonho, por um
objetivo a atingir, ou por uma realização pessoal.

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