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I. MOMENTOS
711 — Desembarque dos Muçulmanos na Península Ibérica, com objectivos de conquista. O rei
visigodo é derrotado na batalha de Guadalete.
868 — Concessão de Portucale a Vímara Peres por Afonso III, rei das Astúrias (1º passo na
colonização do Porto)
1065 — Morte de Fernando I e divisão de seus reinos por seus filhos (Sancho à frente de Castela,
Afonso VI de Leão e Garcia da Galiza).
1096 — Concessão da Terra Portucalense por Afonso VI ao conde franco D. Henrique, como
recompensa militar e a título de dote de casamento (com D. Teresa, filha natural do rei)
1139 — combate entre o exército chefiado por Afonso Henriques e o exército almorávida (talvez
perto da povoação alentejana do mesmo nome, se não mais a Norte), de inegável relevo
para Afonso Henriques e os que o rodeavam, pois na sequência da batalha o infante
português começou a intitular-se Rei. Desde finais do século XII este combate será
rodeado de uma aura mítica, claramente expressa na Crónica de Portugal de 1419.
1143 — Tratado de Zamora (acordo definitivo de paz, com a intervenção de um legado papal)
em que o imperador Afonso VII reconhece Afonso Henriques como rei.
1179 — O papa Alexandre III reconhece Afonso como rei e o seu Estado como reino.
1212 — Batalha de Navas de Tolosa em que uma coligação peninsular vence os Almóadas.
1245/1248 — Guerra civil entre D. Sancho II (acusado de rei inábil para manter a ordem e a paz)
e seu irmão conde de Boulogne, chamado a Portugal para repor a ordem e a justiça. D.
Sancho II, deposto pelo papa, morre no exílio em Toledo e Afonso, vitorioso, assume o
poder.
1249/1250 — A conquista de Faro e o final da Reconquista portuguesa
1267 — Tratado de Badajoz, em que foi reconhecida por Castela a soberania plena de Portugal
no Algarve
1297 — Tratado de Alcañices (Portugal recebe a região entre os rios Coa e Águeda e rectifica-se
a fronteira no Alentejo) — delimitação da fronteira portuguesa que se manteria até hoje,
com poucas alterações.
1383/1385 — crise política na sequência da morte de D. Fernando, sem herdeiro masculino, com
uma única filha legítima, D. Beatriz, casada com D. João I, rei de Castela. Uma guerra e
uma rebelião social que termina com a vitória do Mestre de Avis , a emergência de uma
nova dinastia e de uma nova classe dirigente.
2. CONCEITOS
Califado de Córdova: Sistema de governo político e religioso que, entre 929 e 1008,
unificou e robusteceu toda a Península Ibérica sob domínio islâmico.
Reconquista Cristã: Resistência por parte dos Cristâos ao domínio muçulmano, marcada
por avanços e recuos e por sucessivos espaços de fronteira.
“Império Hispânico”: Afonso VI de Leão que, a partir de 1076 passa a ser , por herança,
também rei de Castela, intitula-se, a partir dessa data imperator Hispaniae,
imperator Hispaniarum. O uso do título representa a crença da sua superioridade
sobre os demais gevernantes da Península com a tendência para os considerar
vassalos, à maneira feudal. Seu neto Afonso VII foi solenemente proclamado
imperador numa cerimónia que teve lugar na cidade de Leão. No dizer das
Crónicas Afonso VII governava “do oceano ao Ródano”
Bispados: grande unidade administrativa de matriz religiosa. Dividiam-se, por sua vez,
em arcediagados, cada qual, mais ou menos correspondente a uma terra.
Villa: Grande exploração agrária constituída por vários tipos de terra (campos de cereais,
vinhas, pomares, bosques, etc), parte explorada directamente pelo propietário (o
paço, que incluía a casa de morada, as casa dos trabalhadores, os estábulos, os
celeiros e a igreja) e parte dividida em parcelas, aforadas ou arrendadas a vários
tipos de detentores (casais, vilares).
Quintã: regra geral pertença da nobreza, a quintã é identidficada, quer como prédio
urbano (paço ou residência do senhor), quer como prédio rústico com residência
paçã.
Couto: concessões régias à Igreja, sendo que couto traduz o complexo dos privilégios e
das imunidades do território. Imunidade define-se como a proibição de entrada de
Funcionários régios, a inexistência de impostos da Coroa e o exercício , pelo
senhor, da autoridade pública, com autonomia administrativa, judicial e
financeira.
Padroado: Rendimentos e direitos que os senhores tinham sobre certas igrejas, mosteiros
e capelas (na sua qualidade de fundadores ou descendentes de fundadores dessas
instituições pias)
Chanceler: guarda do selo régio que, a partir de finais do século XIII, se tornou um
autêntico chefe do governo, passando a existir sob as suas ordens um crescente
número de funcionários formando um quadro permanente localizado em Lisboa e
constituindo uma repartição cada vez maior para a redacção de toda a espécie de
documentos régios (chancelaria).
Alcaide: magistrado directamente nomeado pelo rei e que o representava nos concelhos
onde existiam castelo. Em alguns concelhos, esse representante escolhia-se entre
os homens bons. Em regra, poré, era um nobre
Juíz de fora: também chamados juízes por el rei são juízes de nomeação régia, criados
por D. Dinis e enviados aos concelhos para vigiar o exercício da justiça por parte
dos juízes da terra.
Cúria Régia: Órgão da administração central, constituído por favoritos régios, oficiais e
membros da família real, que o rei frequentemente convocava e escutava. As
reuniões mais solenes da Cúria eram constituídas pelos membros da família real,
o arcebispo e bispos, os principais abades, os chefes da nobreza (detentores dos
cargos mores da Cúria e governadores das terras em que se dividia o Reino), os
Mestres das Ordens militares, etc.
Conselho do Rei: instituição saída da Corte, mais restrita, constituída pelos mais fiéis e
privados, em cujo conselho mais confiava. Em formação desde Afonso III, os
elementos do Conselho, diferentemente dos da Cúria, poderiam ser escolhidos não
necessariamente pelo seu status, mas pelo seu conhecimento (sapientia), jurídico
em especial.
Lei das Sesmarias: lei que, na sequência de outras anteriormente publicadas para dar
resposta à crise que grassava, obrigava os trabalhadores ao seu mester tradicional,
mpedindo a liberdade de trabalho, mantendo os salários baixos e dificultando a
vagabundagem.
Trovadores: eram, em regra, nobres que compunham canções que os jograis depois
cantavam
3. ESTRUTURAS E CONJUNTURAS
Antes de Portugal e de Espanha houve a Hispânia e esta foi durante muito tempo
romana.
A Hispânia do século V é romana mas é também bárbara, pois as autoridades romanas
organizaram a instalação dos Bárbaros na Ibéria, confiando aos Visigodos a defesa dos territórios
que já não podiam assegurar com as suas próprias forças.
A história da Ibéria política ou a história da Idade Média peninsular inicia-se com o
reinado de Leovogildo, altura em que o seu reino se torna um verdadeiro estado soberano distinto
do império romano, embora se ancore na estrutura do Estado romano. Os séculos VI e VII
podem, por isso, ser vistos como uma continuidade com a Antiguidade Tardia.
Esse 1º “Estado Espanhol” termina em 711 , quando as tropas muçulmanas derrotam
Rodrigo, o último rei visigodo. Cinco anos depois todo o território peninsular estava nas mãos
dos exércios invasores.
A Reconquista Cristã começou várias décadas mais tarde, em resultado de uma rebelião
favorecida e robustecida por migrações de nobres e de soldados cristãos e por revoltas de
berberes a partir de 740.
Pelos finais do século XI, antecedendo o movimento geral das cruzadas do Oriente,
chegaram à Península Ibérica, para combater o Infiel e ajudar os príncipes cristãos contra a
ameaça almorávida, vários contingentes de cavaleiros franceses. Um deles era Henrique Casou
com Teresa. Afonso VI concedeu-lhe como feudo Portugal (entre os rios Minho e Dourto) e
Coimbra (a Sul do Douro). Aquele governou-o com uma grande liberdade de acção até 1112,
sucedendo-lhe sua esposa que também conseguiu manter uma relativa independência. A sua
ligação com a família galega dos Travas entre outras razões, provocou a oposição ao seu
governo e, mesmo, uma rebelião que deu a Afonso Henriques a vitória fácil na batalha de S.
Mamede.
Desde logo Afonso Henriques, em permanente rebelião contra seu primo Afonso VII
pretendeu a expansão territorial do seu feudo e aspiraria ao título de rei, o que não implicava
necessariamente independência no sentido de uma quebra completa dos laços feudais. Em 1143
é negociado o tratado de Zamora, com a intervenção de um legado pontifício. Mas só trinta e
seis anos depois o papa Alexandre III reconhece Afonso como rei e o seu Estado como reino.
Em meados do século XIII fazer cúria ou corte significava reunir quantos tinham
direito a tomar parte na assembleia extrordinária, presidida pelo rei em audiência solene.
Porém, desde 1254 começam a aparecer nas audiências solenes da Cúria os representantes dos
concelhos, convocados, e já não apenas os que eram consultados em virtude do seu prestígio ou
dos seus onhecimentos. Se as cortes de 1254 e as de 1261 estão claramente relacionadas com
problemas monetários, já, por exemplo as de Évora, de 1325, convocadas por D. Afonso IV, mal
toma conta do poder, foram convocadas para prestar homenagem ao rei. Por sua vez, as Cortes
de Coimbra, de 1385, têm um relevo fundamental na história portuguesa, pois foram
deliberativas, resolveram a sucessão da Coroa e elegeram um Rei (D. João I) e propuseram
uma estrutura “constitucional” ao egime iniciado com a nova dinastia.
O reinado de Afonso III foi marcado pelo somatório de três nações, cristã, muçulmana e
moçárabe, a conversão de Portugal numa entidade homogénea nacional portuguesa, o surto de
Lisboa como “capital”, o realçar do papel do Sul e do peso dos seus valores culturais e
económicos sobre todo o País. O Sul pertencia sobretudo às ordens militares que, mercê de uma
calculada política régia, serão nacionalizadas nos finais do século XV e XVI.
No reinado de D. Dinis, apogeu da Idade Média portuguesa, o português tornou-se língua
oficial, a corte régia era um centro de cultura, o próprio rei se distingue pelos seus méritos de
poeta e funda-se a primeira universidade.
Tal como entre 1319 e 1324 uma guerra civil opôs D.Dinis e seu filho o infante Afonso
devido ao alegado favoritismo de D. Dinis para com seus filhos bastados,, também o filho de
Afonso IV, D. Pedro, subiu ao poder após uma curta guerra civil, devida à morte de Inês de
Castro. O interlúdio de paz que caracterizou o reinado de D. Pedro chega ao fim com a chegada
ao poder de seu filho,D. Fernando , que se envolve numa série de guerras com Castela. Por esta
via, Portugal viu-se também envolvido num outro conflito mais vasto que foi a Guerra dos Cem
Anos, conflito secular entre França e Inglaterra.
Para além do casamento de D.Fernando com D. Leonor de Teles que arrastara alguns
conflitos sociais, para além da política bélica que gerara descontentamento, o problema da
sucessão de D. Fernando abre novas brechas. Com uma única filha D.Beatriz casada com D.
João I de Castela, que decidiu tomar conta do poder em Portugal, qualquer soçlução pacífica se
tornou inviável. A guerra que passou por várias fases, e cujo marco mais simbólico é a batalha de
Aljubarrota, revelou-se um teste fundamental da independência de Portugal.
Em 1385, o Mestre de Avis fez-se proclamar rei de Portugal com o título de Rei, com a
ajuda de um famoso legista, João das Regras. Assim emergia uma nova dinastia, a dinastia de
Avis.
Uma vez recuperada a paz, em 1411, o monarca com seus filhos organiza um plano
expansão militar no Norte de África, que, teoricamente renovando e continuando a Reconquista
pretendia canalizar as pulsões da nobreza e conseguir rendimentos para ela e para a
burguesia.
4. OS ESPAÇOS