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Fases da Reconquista

Do Condado Portucalense ao Reino de Portugal


Introdução

• As conquistas aos Muçulmanos e o desenvolvimento


económico permitiram a afirmação de Portugal no conjunto
das monarquias ibéricas.

• A fixação do território português foi um resultado da


Reconquista Cristã. Esta foi um processo de sucessos e
revezes.

• O avanço das fronteiras fez-se de Norte para Sul e de


Ocidente para Oriente, acompanhando o curso dos rios
(Douro, Mondego, Tejo, Sado, Guadiana).

• A fixação do território ficou concluída no século XIII,


definindo-se então as fronteiras que, aproximadamente,
permaneceram até hoje.
D. Afonso Henriques (1109?-1185)
O Conquistador
• Com origem no Condado Portucalense, o Reino de
Portugal tornou-se independente, no século XII, graças
à acção de D. Afonso Henriques.

• 1128 – Batalha de São Mamede. D. Afonso Henriques


derrota as tropas de sua mãe, D. Teresa, assumindo o
governo do Condado.

• A partir desta data dedicou-se principalmente a duas


tarefas:
- aumentar os territórios para sul, conquistando novas terras
aos Muçulmanos;
- conseguir a independência do Condado, travando para isso
várias guerras contra o primo, Afonso VII, rei de Leão e
Castela, a quem devia vassalagem.

• As batalhas de Cerneja (1137) e de Arcos de Valdevez


(1140), que D. Afonso Henriques venceu, são exemplos
dessas lutas.
D. Afonso Henriques (1109?-1185)
D. Afonso Henriques
(Reinado: 1143-1185)
• 1143 – Conferência de Zamora. Afonso VII
reconheceu a D. Afonso Henriques o título de rex, que
já usava desde 1139 (Batalha de Ourique), mas com a
condição de continuar a prestar-lhe vassalagem.
• Decidido a pôr cobro a tal sujeição, D. Afonso
Henriques procurou o reconhecimento do seu título e
do seu reino perante o Papa.
- Nesta época, o Papa, chefe supremo da Igreja Católica tinha muitos
poderes. Todos os reis e imperadores cristãos lhe deviam
obediência e fidelidade.
- Quando se formava um reino cristão era necessário que o Papa
reconhecesse a sua independência e confirmasse o título de rei ao
seu primeiro monarca. Só assim a independência do novo reino
seria respeitada pelos outros reis cristãos.

• Em 1142, encomendou Portugal à Santa Sé,


considerando-se seu vassalo lígio e prometendo um
tributo anual em ouro.
• Mandou construir e restaurar sés e igrejas, e deu
algumas propriedades e regalias aos mosteiros.
D. Afonso Henriques (1109?-1185)
• 1179 – Bula Manifestis Probatum. Finalmente, o
Papa Alexandre III reconheceu D. Afonso Henriques
como rei e Portugal como reino independente.
• “Alexandre, Bispo, Servo dos Servos de Deus, ao Caríssimo filho em Cristo,
Afonso, Ilustre Rei dos Portugueses, e a seus herdeiros, in perpetuum.
Está claramente demonstrado que, como bom filho e príncipe católico,
prestaste inumeráveis serviços a tua mãe, a Santa Igreja, exterminando
intrepidamente em porfiados trabalhos e proezas militares os inimigos do
nome cristão e propagando diligentemente a fé cristã, assim deixaste aos
vindouros nome digno de memória e exemplo merecedor de imitação. Deve
a Sé Apostólica amar com sincero afecto e procurar atender eficazmente,
em suas justas súplicas, os que a Providência divina escolheu para governo
e salvação do povo. Por isso, Nós, atendemos às qualidades de prudência,
justiça e idoneidade de governo que ilustram a tua pessoa, tomamo-la sob
a protecção de São Pedro e nossa, e concedemos e confirmamos por
autoridade apostólica ao teu excelso domínio o reino de Portugal com
inteiras honras de reino e a dignidade que aos reis pertence, bem como
todos os lugares que com o auxílio da graça celeste conquistaste das mãos
dos Sarracenos e nos quais não podem reivindicar direitos os vizinhos
príncipes cristãos. E para que mais te fervores em devoção e serviço ao
príncipe dos apóstolos S. Pedro e à Santa Igreja de Roma, decidimos fazer
a mesma concessão a teus herdeiros e, com a ajuda de Deus, prometemos
defender-lha, quanto caiba em nosso apostólico magistério”.
D. Afonso Henriques (1109?-1185)

Estátua de D.
Afonso Henriques, Túmulo de D.
no Castelo de S. Afonso Henriques,
Jorge, em Lisboa. no Mosteiro de
Santa Cruz, em
Coimbra.

• Os passos mais importantes do seu reinado foram:


• Procurou fixar a população, promoveu o municipalismo e concedeu forais. Contou
com a ajuda da ordem religiosa dos Cistercienses para o desenvolvimento da
economia, predominantemente agrária.
• Fundou o Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra em 1131.
• Pacificou o reino e alargou o território através de conquistas aos Mouros: Leiria
em 1135; Santarém em 1146; Lisboa, Almada e Palmela em 1147; Alcácer em
1160 e quase todo o Alentejo (que posteriormente foi de novo recuperado pelos
Mouros).
• O seu túmulo encontra-se no Mosteiro de Santa Cruz, em Coimbra, ao lado do
túmulo do filho D. Sancho I.
D. Sancho I (Reinado:1185-1211)
O Povoador
• Tendo Coimbra como centro do seu reino, Sancho deu
por finda as guerras fronteiriças pela posse da Galiza e
dedicou-se a guerrear os Mouros localizados a Sul.
• Aproveitou a passagem pelo porto de Lisboa dos
cruzados da terceira cruzada, na primavera de 1189,
para conquistar Silves.
• Sancho ordenou a fortificação da cidade e construção
do castelo que ainda hoje pode ser admirado.
• A posse de Silves foi efémera já que em 1190
Almançor cercou a cidade de Silves com um exército e
com outro atacou Torres Novas, que apenas conseguiu
resistir durante 10 dias, devido ao rei de Leão e Castela
ameaçar de novo o Norte.
• Sancho I concedeu várias cartas de foral
principalmente na Beira e em Trás-os-Montes: Gouveia
(1186), Covilhã (1186), Viseu (1187), Bragança (1187),
etc., criando assim novas cidades e povoando áreas
remotas do reino, em particular com imigrantes da
Flandres e Borgonha.
• O seu túmulo encontra-se no Mosteiro de Santa Cruz,
em Coimbra, ao lado do túmulo do pai.
D. Afonso II (Reinado:1211- 1223)
O Gordo
• D. Afonso II (cognominado O Gordo, O Crasso ou O Gafo, em
virtude da doença que o teria afectado), 3º rei de Portugal, nasceu
em Coimbra a 23 de Abril 1185 e morreu na mesma cidade a 25 de
Março 1223.
• Afonso II não contestou as suas fronteiras com Galiza e Castela,
nem procurou a expansão para Sul (não obstante no seu reinado
ter sido tomada aos Mouros a cidade de Alcácer do Sal, em 1217,
mas por iniciativa de um grupo de nobres liderados pelo bispo de
Lisboa), preferindo consolidar a estrutura económica e social do
país.
• Foi sem a presença do rei que as tropas portuguesas intervieram,
ao lado dos castelhanos, aragoneses e franceses, na defesa da
Península contra os Mouros, derrotando-os na batalha de Navas de
Tolosa (1212).
• Igualmente sem a presença do rei e aproveitando o declínio do
poderio dos Almóadas na Andaluzia, a reconquista do território
prosseguiu com a integração de Alcácer do Sal, Monforte, Borba,
Vila Viçosa e Moura.
• Com a existência de Portugal firmemente estabelecida, Afonso II
procurou minar o poder clerical dentro do país e aplicar parte das
receitas das igrejas em propósitos de utilidade nacional.
• Esta atitude deu origem a um conflito diplomático entre o
Papado e Portugal. Depois de ter sido excomungado pelo Papa
Honório III, Afonso II prometeu rectificar os seus erros contra a
Igreja, mas morreu em 1223 excomungado. O seu túmulo
encontra-se no Mosteiro de Alcobaça.
D. Sancho II (Reinado:1223-1247)
O Capelo
• D. Sancho II (cognominado O Capelo por haver usado um enquanto
criança; 4º rei de Portugal, nasceu em Coimbra a 8 de Setembro
1209, filho do rei Afonso II de Portugal e de sua rainha Urraca de
Castela. Sancho subiu ao trono em 1223 e foi sucedido pelo irmão
Afonso III em 1248 (embora tenha abdicado em 1247, só após a sua
morte Afonso se declarou rei).
• Sancho II provou ser um general capaz e eficiente: a fronteira
portuguesa avançou no Alentejo, conquistando Cáceres, Mérida
e Badajoz, Elvas, Juromenha, Serpa, Moura, Beja, Aljustrel e
Mértola.
• No campo administrativo mostrou-se menos dotado. O seu reinado
foi marcado por disputas internas e intrigas da nobreza. Com a
situação da Igreja bastante comprometida, o bispo do Porto fez uma
queixa formal ao Papa. No Concílio de Lyon (1245), o Papa
Inocêncio IV, através da bula “Inter alia desiderabilia e Grandi non
emmerito” excomungou e depôs Sancho II, considerando-o um «rex
innutilis» (ou seja, que não sabia administrar a justiça no seu reino),
tendo ordenado aos Portugueses que escolhessem um novo rei
para substituir o herege.
• Em 1246, o irmão mais novo de Sancho, Afonso, então a viver em França
como Conde de Bolonha, foi convidado a ocupar o trono real. A pressão da
Santa Sé levou Sancho II a abdicar em 1247 e a exilar-se em Toledo onde
morreu a 4 de Janeiro de 1248. Julga-se que os seus restos mortais
repousem na catedral de Toledo.
D. Afonso III (Reinado:1248-1279)
O Bolonhês
• D. Afonso III (n.Coimbra, 5 de Maio de 1210 – id., 16 de Fevereiro
de 1279), cognominado O Bolonhês por haver sido casado com a
Condessa de Bolonha, foi o quinto Rei de Portugal. Afonso III, o
segundo filho do rei Afonso II, sucedeu a seu irmão Sancho II em
1248.
• Em 1254: Cortes de Leiria - a primeira reunião das Cortes com
representantes de todos os grupos da sociedade.
• Concedeu inúmeros privilégios à Igreja. Recordado como
excelente administrador, Afonso III organizou a administração
pública, fundou várias vilas concedendo cartas de foral.
• Foi no seu reinado que se concluiu a conquista do Algarve:
Faro, Albufeira, Porches e Silves.
• No final da sua vida, viu-se envolvido em conflitos com a Igreja,
tendo sido excomungado em 1268 pelo arcebispo de Braga e
pelos bispos de Coimbra e Porto, à semelhança dos reis que o
precederam.
• À sua morte, em 1279, D. Afonso III jurou obediência à Igreja e a
restituição de tudo o que lhe tinha tirado. Face a esta atitude do
rei, o abade de Alcobaça levantou-lhe a excomunhão e o rei foi
sepultado no Mosteiro de Alcobaça.
O estabelecimento definitivo das fronteiras:
• Pelo Tratado de Badajoz, assinado em 1267, entre D. Afonso III
e Afonso X, rei de Castela e Leão, os castelhanos renunciavam a
qualquer direito sobre o território algarvio em favor de D. Dinis
(neto de Afonso X). Por seu lado, o rei português renunciava aos
territórios na margem esquerda do Guadiana.
• No reinado de D. Dinis ainda houve conflitos com os reis de
Castela e Leão sobre diferentes zonas fronteiriças, mas estas
questões resolveram-se com a assinatura do Tratado de
Alcanises, em 1279 (entre D. Dinis e Fernando IV).
• Com o Tratado de Alcanises o território português adquiriu
as fronteiras que praticamente permaneceram inalteradas
até hoje. D. Dinis, o Lavrador
1279-1325
• As grandes vantagens do Tratado de Alcanises resultavam da
fixação da fronteira portuguesa que, com excepção de Olivença, Pelo Tratado de
ocupada pela Espanha em 1801, correspondia então ao seu Alcanises (1297)
firmou a Paz com
traçado actual. A província da Beira constituía a zona nevrálgica
Castela, definindo-se
do reino de Portugal, por ser esse o local corrente das invasões nesse tratado as
castelhanas. D. Dinis tratou de imediato da fortificação dos fronteiras actuais entre
lugares de Riba-Côa, com os seus pontos mais salientes em os dois países
Castelo Rodrigo e no Sabugal, tendo a defendê-las o castelo da ibéricos. Por este
Guarda. Tal foi a base do acordo luso-castelhano. tratado previa-se
também uma paz de
40 anos, amizade e
defesa mútuas.
O estabelecimento
definitivo das fronteiras:

Portugal é o Estado
europeu com as fronteiras
mais antigas e estáveis.

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