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Módulo 2: Unidade 2

O espaço português – a consolidação de um reino cristão

A fixação do Território
Aprendizagem essencial:

• Contextualizar a autonomização e independência de Portugal no


movimento de expansão demográfica, económica, social e religiosa
europeia.
A conquista muçulmana da P. Ibérica
e o início da Reconquista Cristã
O reino dos
Suevos e o
dos Visigodos
O reino cristão
Adoção do Direito Romano

Breviário de Alarico, compilação de leis romanas do reino de


Tolosa sob Alarico II (r. 487–507)
Integração na Europa Cristã
• O I.º Concílio de Braga, no séc. VI
(então capital do reino dos Suevos e
metrópole religiosa), foi presidido por
Martinho de Dume, bispo de Braga e de
Dume.
• Nele estiveram bispos de toda a Península.
A Conquista da P. Ibérica pelos muçulmanos
• Em 711, tropas mouras tiveram a vitória
decisiva para a conquista da Península Ibérica,
ocupada até então pelos visigodos.
• Entraram pelo estreito de Gibraltar.
• O exército berbere (tribos da Mauritânia) ,
comandado pelo general Tariq, na maioria,
mas havia também árabes e sírios muçulmanos
e judeus.
O nome Gibraltar, um promontório, deriva do nome árabe Jab al-Tarik, “montanha de Tariq”.
A Batalha com
os visigodos
Batalha de Guadalete,
perto de Sevilha, entre
Tariq e os visigodos, onde
foi morto Rodrigo, rei dos
Visigodos. (711)
• O rei Rodrigo, último rei
Visigodo, em 711, antes da
Batalha com os muçulmanos
Astúrias
• A tomada de Saragoça, em 714,
é o final da conquista moura da
Península Ibérica.
• Os visigodos sobreviveram
apenas nos vales do norte da
península (Astúrias).
Pelágio e o Reino das Astúrias
• Pelágio das Astúrias, descendente
dos reis visigodos, conseguiu
revoltar-se contra o domínio árabe
(recusou pagar tributo) e foi
aclamado rei do, então nascente,
Reino cristão das Astúrias.

Monumento a Pelágio em Covadonga, Astúrias


A batalha de Covadonga (722)

• A Batalha de Covadonga foi a 1.ª


vitória das forças Cristãs a seguir à
invasão árabe.
• A vitória garantiu a sobrevivência
dos visigodos no norte da Península
e é considerada o início da
Reconquista (722).
Pelágio
• O quartel general
em Covadonga
A Batalha de Poitiers (732) e o fim da expansão
muçulmana na Europa (Francos, Carlos Martel, contra os muçulmanos)
A Reconquista
Definição de Reconquista
1. É o nome dado às campanhas militares dos
reinos cristãos da P. Ibérica contra os Muçulmanos
para recuperarem os territórios ocupados por estes
entre os séc. VIII -XV. (começa a partir do reino das
Astúrias (722) e acaba com a conquista do último reino
muçulmano – Granada - 1482).
Objetivos e caracterização
da Reconquista
• 1. Foi um processo muito lento, com
avanços e recuos, facilitado/dificultado pelos
problemas/oportunidades dos reino.
•As barreiras geográficas também
ajudaram–Feita de Norte para Sul, e
diagonalmente, ao longo do curso dos rios.

• 2. O contexto em que decorreu mudou


os objetivos:
a) séc. VIII – XI - objetivo militar e
político (reinos cristãos e reinos muçulmanos,
muitas vezes aliados entre eles);
b) séc. XII - época das Cruzadas, o
objetivo é também religioso (Guerra Santa)
a) O caráter político da Reconquista
• Os reinos tentavam afirmar-se,
defendendo ou alargando os seus
territórios, era uma questão de poder
(os territórios conquistados
pertenciam ao rei);
- Foi neste contexto que se formou,
entre outros reinos, Portugal.
b) O caráter religioso da Reconquista
• conquistar terras aos inimigos da fé e
ganhar prestígio junto do papado.
- Os reis cristãos contaram com o apoio de
cruzados;
­- e também com as ordens militares e
religiosas: Templários, Hospitalários
(fundamentais na conquista e na manutenção e
povoamento).
A sua presença contribuiu para dar uma
ideia de Guerra Santa à Reconquista.
As dificuldades dos
muçulmanos que Clique no ícone para adicionar uma imagem
facilitaram a Reconquista
A divisão do Império
Muçulmano em vários califados
(séc. X)

O Califado de Córdova (929 – 1031) foi a


forma de governo islâmico que dominou a
maior parte da Península Ibérica e do
Norte de África com capital em Córdova.
As dificuldades dos
muçulmanos que Clique no ícone para adicionar uma imagem
facilitaram a
Reconquista
Séc. XI, há avanços na
Reconquista por causa da
divisão do Califado de
Córdova
O Califado tem crises internas e
fragmenta-se, no séc. XI, em
pequenos reinos (taifas)
O nascimento dos reinos cristãos durante a Reconquista
No contexto da Reconquista, dá-
se a formação dos reinos cristãos, nos
territórios que vão tomando ao
Califado de Córdova

1. Reino de Leão (Antigo reino das Astúrias e


Leão),
2. Reino de Castela (que mais tarde se junta
a Leão),
3. Reino de Navarra,
4. Reino de Aragão.

O rei de Astúrias e Leão, sendo descendentes dos


Visigodos, chamava-se imperador sobre os
outros reinos da Península
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A formação de Portugal
no quadro da Reconquista
A formação de Portugal
durante a Reconquista
Insere-se numa sociedade
feudal:
Os outros feudos e condados
da Península também se foram
autonomizando uns dos
outros, à medida que os “Cada senhor, mais ou menos poderoso, estava
territórios iam crescendo e os preocupado em defender o que era seu. Era assim
reis iam dando feudos… que viam a terra, fosse pequena ou fosse um
condado: uma coisa sua, que alargavam ou
defendiam dos outros.
E, se possível, deixar de prestar vassalagem uns
aos outros.” - Oliveira Martins
O território de
Portucale nos séc. IX-X

O nome resulta da junção


de:
portus (porto, em latim) e
cale (passagem entre a
Galécia e a Lusitânia).

No séc. IX, é a região entre a margem


direita do rio Ave e o sul do Douro.
Nascimento do Condado Portucalense durante a Reconquista
(séc. IX): A 1.ª nobreza portucalense e o 1.º Conde de Portucale

No século IX, o rei das Astúrias e de Leão,

para consolidar a administração e o

povoamento dos territórios conquistados

aos Mouros, entregou o feudo a um conde

leonês, seu vassalo.

Vímara Peres, conde do Porto – 1.º de


(

Portucale - Estátua de Vímara Peres na cidade do Porto; foi também o


fundador de Vimarães)
O desaparecimento do Condado (séc. XI): A 2.ª nobreza do
território portucalense
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A partir do século XI, os infanções
(senhores feudais descendentes
dos visigodos, pequena nobreza,
hierarquicamente abaixo dos
condes) aproveitam-se da fraqueza
destes (por problemas entre si e os
reis) e apoderam-se de muitos
territórios destes.

Antepassados do Aio de Afonso Henriques:


Egas Moniz da família de Ribadouro
Lenda de Egas Moniz (durante os confrontos de Afonso Henriques com
o primo, Afonso VII )
• Depois da Batalha de Valdevez (1141), entre os exércitos de Afonso Henriques e Afonso VII,
Afonso Henriques retirou-se para Guimarães .
•O rei Afonso VII cercou Guimarães mas, Afonso Henriques preferia morrer a render-se ao primo.
Egas Moniz, decidiu negociar a paz com Afonso VII, a troco da vassalagem de D. Afonso
Henriques e dos nobres que o apoiavam.
•Afonso VII aceitou a palavra de Egas Moniz de que D. Afonso Henriques cumpriria a vassalagem.
•Mas, um ano depois, Afonso Henriques quebrou o prometido e invadiu a Galiza.
• Vestidos de condenados e com corda ao pescoço, Egas Moniz apresentou-se com a sua família
na corte de Afonso VII, pondo nas mãos do rei as suas vidas como penhor da promessa quebrada.
•O rei, diante da humildade de Egas Moniz, decidiu perdoá-lo. Este ato heroico impressionou
também Afonso Henriques, que deu ao seu velho aio grandes terras.
•Talvez Egas Moniz tenha desenvolvido esta estratégia para o rei de Portugal ganhar tempo para
preparar a futura independência de Portugal.
O renascimento do Condado:
a 3.ª nobreza de Portucale •

Está ligada às Cruzadas.


Nesta fase estão algumas ordens
religiosas e senhores feudais da Europa
(sobretudo filhos segundos).
Vão sobrepor-se à nobreza antiga.
D. Henrique de Borgonha

•No séc. XI, durante a Reconquista,


Afonso VI, o rei de Leão, pediu
auxílio ao Papa e vieram cruzados
franceses, como
D. Henrique de Borgonha, filho
segundo, à conquista de riqueza .
Raimundo e Henrique da Borgonha
Os casamentos e a vassalagem
D. Henrique e D. Raimundo, mais tarde,
desposam as filhas do Imperador:
D. Raimundo casou com D. Urraca (filha
legitima) e D. Henrique casou com D. Teresa
(filha ilegítima)

A escolha de membros da família real para


governar como condes, a Galiza e Portucale,
visava conter os nobres infanções com
tendências autonomistas.
1096 – a cerimónia de
investidura, por Afonso VI aClique no ícone para adicionar uma imagem
D. Henrique de Borgonha

Afonso VI de Leão e Castela entrega o Condado


Portucalense a D. Henrique em 1096
O governo do Condado
• Até à morte de Afonso VI (1109)
Portucalense com D.
cumpriu as obrigações dos laços de
Henrique vassalagem auxiliando nas campanhas
militares e estando presente na corte
imperial
• Fez algumas incursões em território
muçulmano, defendendo o condado.
(também participou em cruzadas à Terra Santa)
O governo do Condado
Portucalense com • D. Afonso VI quis deixar o trono a um filho
D. Henrique bastardo (homem), mas D. Urraca era a filha
D. Urraca legitima.
• À morte de D. Afonso VI, começa uma guerra
civil entre os reinos espanhóis, D. Urraca ganha
e sobe ao trono. Sendo mulher, herdou o reino
mas não o título de imperador…
• D. Henrique vai deixando de cumprir as
obrigações de vassalo e a governar o condado de
forma independente.
O governo do Condado • 1.ª fase: D. Teresa continuou a
Portucalense com D. Teresa política separatista de D. Henrique
(intitula-se “rainha” por ser filha de rei);

• 2.ª fase: Aproxima-se da Galiza -


casa a sua filha com um membro
da família Trava; Quer unir-se com
a Galiza, contra Urraca.

Começa a oposição do clero e da


nobreza (infanções) portugueses.

D. Teresa, com a filha (Urraca) e o Trava galego.


A oposição ao governo
de D. Teresa e o apoio a
Afonso Henriques

• Os nobres infanções portucalenses,


ao escolherem D. Afonso Henriques
para seu chefe, recusavam-se a
aceitar a vassalagem a senhores de
Leão e Castela e os clérigos a
vassalagem ao arcebispo de
Compostela (destacou-se o
arcebispo de Braga)
Os senhores nobres de
Portucale (infanções)
Gonçalo Mendes da Maia (senhor da Maia)
Gonçalo de Sousa (região de Celorico e Chaves)
Martim Moniz de Riba Douro (conde de Coimbra)
A oposição do Arcebispo de Braga
(padroeiro desta cidade): S. Geraldo

Galego, foi arcebispo de Braga no tempo do conde D. Henrique. Era


da ordem de Cluny que teve muita influência na Península Ibérica.
Procurou elevar a condição de Braga perante os arcebispados de
Toledo e de Santiago de Compostela.

(S. Geraldo na Sé de Braga, mandada construir em 1089, por D. Paio


Mendes)
Os arcebispos conselheiros
de D. Afonso Henriques
D. Paio Mendes e D. João Peculiar
(este conduziria a política e as
relações diplomáticas com o Papa,
que levariam mais tarde à Bula
Manifestis Probatum)
O governo do Condado Portucalense com D. Afonso Henriques
O governo do Condado Portucalense com D. Afonso Henriques
1. Conquistar a independência relativamente à mãe
e ao Reino de Leão e Castela

Objetivos e linhas de ação 2. Ver reconhecido o condado como reino


de D. Afonso Henriques: independente pelo Papa;

3. Alargar as fronteiras do território,


prosseguindo a Reconquista contra
os mouros.
1. A oposição à mãe, • Em 1122, sob a orientação do
aliada aos galegos arcebispo de Braga, e apoiado pelos
infanções, Afonso pretendeu tomar o
governo do condado à mãe e armou-se
cavaleiro a si próprio (costume reservado aos reis).
Tinha 16 anos.
• Aos 20 anos opõe-se frontalmente à
mãe: ele governa o condado a sul e ela
a norte.
Os momentos decisivos da
construção da independência
– a oposição à mãe

1.º momento: 1128 – Batalha de S.


Mamede – início da libertação da
influência estrangeira no condado
Com o exército de infanções,
derrota o da mãe e dos galegos e
assume o governo completo do
Condado Portucalense

(A tradição diz que D. Teresa ter-se-ia refugiado


no castelo de Póvoa de Lanhoso, mas o mais
provável é ter ido para a Galiza)
1. A oposição ao • D. Afonso Henriques nunca reconheceu o
imperador de Leão e título de imperador a seu primo.
Castela, Afonso VII • Num ato de insubmissão evidente a Afonso
2.º momento: 1137 – Ataque VII, Afonso Henriques ataca a Galiza.
a Leão • Em 1137 depois de perder Tui, é levado a
assinar um acordo: o Acordo de Tui, onde é
reforçado o contrato de vassalagem (e os
deveres de Afonso Henriques).
Tui - Valença
3. Alargamento do território
a sul, fortalecimento face a
Leão e Castela
3.º momento: 1139 – Batalha de Ourique

• Volta-se para Sul, para os


territórios muçulmanos, como
forma de fortalecer Portucale.
• Depois da Batalha de Ourique
(1139), declara-se
arrogantemente “rei”, à revelia de
Afonso VII.
Na época, ser rei não significava independência, o
primo era imperador e muitos reis eram vassalos.
O Milagre da Batalha de Ourique (1139)
• Ourique serve de argumento para justificar a independência de
Portugal: a intervenção pessoal de Deus era a prova da existência de
um Portugal independente por vontade divina:
D. Afonso Henriques teria tido uma visão de Jesus Cristo rodeado de
anjos, garantindo-lhe a vitória em combate e dizendo «Com este sinal
vencerás!».

O milagre está retratado no brasão de armas de Portugal: cinco escudos representando as Cinco
Chagas de Cristo e os cinco reis mouros vencidos na batalha.
1. O reconhecimento
do título de Rei
4.º momento: 1143 – Tratado de Zamora

Novos confrontos com o primo na Galiza e


no norte de Portucale: invadiu a Galiza e
Afonso VII retaliou entrando nas nossas
terras - Arcos de Valdevez (1141) [lenda de
Egas Moniz].
Em 1143, na Conferência de Zamora, assina-
se a paz com Castela, sendo reconhecido por
Afonso VII como rei.*

*… mas ser rei não implica deixar de ser vassalo… e Afonso VII
precisava de continuar a defender a fronteira dos muçulmanos a sul.
O reconhecimento
do rei e do reino pela
Santa Sé
5.º momento: (1179)a Bula papal Manifestis
Probatum
Depois de muitas diligências diplomáticas (lideradas por
clérigos de Braga), encomendou* o território
portucalense à Santa Sé e prometeu um tributo anual em
ouro.
O Papa Alexandre III, através da Bula, permite o
reconhecimento internacional de Portugal como
reino independente e de Afonso Henriques como rei .

* ENCOMENDAR – oferecer vassalagem. O Papa ao aceitar D. Afonso


Henriques como vassalo, reconhece não só a independência do Reino de
Portugal, como o Rei de Portugal fica livre de prestar vassalagem ao Rei de
Leão e Castela, Imperador de toda a Espanha, porque nenhum vassalo podia
ter dois senhores diretos.
“Alexandre, Bispo, Servo dos Servos de Deus, ao Caríssimo filho em Cristo,
Afonso, Ilustre Rei dos Portugueses, e a seus herdeiros, 'in perpetuum’.
Está claramente demonstrado que, como bom filho e príncipe católico,
prestaste inumeráveis serviços a tua mãe, a Santa Igreja, exterminando
intrepidamente em porfiados trabalhos e proezas militares os inimigos do nome
cristão e propagando diligentemente a fé cristã, assim deixaste aos vindouros
nome digno de memória e exemplo merecedor de imitação. Deve a fé Apostólica
amar com sincero afeto e procurar atender eficazmente, em suas justas súplicas,
os que a Providência divina escolheu para governo e salvação do povo.
Por isso, Nós, atendemos às qualidades de prudência, justiça e idoneidade de
governo que ilustram a tua pessoa, tomamo-la sob a proteção de São Pedro e
nossa, e concedemos e confirmamos por autoridade apostólica ao teu excelso
domínio o reino de Portugal com inteiras honras de reino e a dignidade que aos
reis pertence, bem como todos os lugares que com o auxílio da graça celeste
conquistaste das mãos dos Sarracenos e nos quais não podem reivindicar direitos
os vizinhos príncipes cristãos. E para que mais te fervores em devoção e serviço
ao príncipe dos apóstolos S. Pedro e à Santa Igreja de Roma, decidimos fazer a
mesma concessão a teus herdeiros e, com a ajuda de Deus, prometemos defender-
lha, quanto caiba em nosso apostólico magistério."
Em síntese…
• Portugal nasceu durante a Reconquista, foi doado por causa da
necessidade de administrar e defender os territórios conquistados.
• A sua independência resultou de:
a) rebeldia dos senhores na época feudal: – D. Afonso Henriques e os
arcebispos contra os seus suseranos (imperador Afonso VII e
arcebispo de Compostela)
b) contexto político favorável – o da Reconquista cristã (apoiada pelo
Papa)- que permitiu o crescimento do país.
Os marcos da construção da identidade nacional
1128 - Batalha de S. Mamede – Luta com a dependência em relação a
Leão e Castela (sua mãe permanece vassala e governa de acordo com os
interesses galegos);
1139 - Batalha de Ourique – Luta com os Muçulmanos – alargamento
do território de Portucale // e contra Leão, pois D. Afonso Henriques
afirma-se rei;
1143 - Tratado de Zamora – Reconhecimento do título de rei por Afonso
VII (que ainda pode implicar vassalagem ao imperador das terras de
Espanha);
1179 - Bula Manifestis Probatum – Reconhecimento do Rei e do reino de
Portugal pelo Papa (implica vassalagem ao Papado, logo, independência
em relação ao rei de Leão e Castela).
As etapas da
fixação do Território
(fronteiras)

1.ª etapa –
durante a Reconquista
PORTUGAL FIXOU O SEU TERRITÓRIO ATRAVÉS DE:

1.ª etapa:
Reconquista cristã: conquistando terras aos muçulmanos
• Durante o séc. XII e XIII, ao ritmo da Reconquista Cristã, desde Afonso
Henriques a Afonso III, chega-se ao Algarve (1249)
2.ª etapa:
Guerras e negociações com Leão e Castela
• Entre 1249 (fim da Reconquista, com Afonso III) e a definição das
fronteiras em 1297 (D. Dinis) houve uma série de conflitos e de tratados
com Leão e Castela: Tratado de Badajoz (1297); Tratado de Alcanices
(1297).
A fixação do território
“As fronteiras de Portugal oscilam durante os primeiros dois séculos
à mercê dos azares das guerras, com Leão e Castela de um lado, com
os sarracenos do outro; e Portugal vem a ser formado com dois
fragmentos do reino leonês, um, dos emirados sarracenos, outro.”
Oliveira Martins,
file:///C:/Users/Angela%20Louren%C3%A7o/Downloads/Historia%20de%20Portugal_%20Tomo%20I%20-
%20Oliveira%20Martins.pdf
a) As conquistas aos muçulmanos
Portugal anda ao ritmo da Reconquista
Conquistas no tempo
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de D. Afonso Henriques

- Santarém, Lisboa, Sintra, Beja,


Moura, Serpa e alguns territórios da atual
Espanha: Juromenha, Cáceres, Trujillo, Montánchez,
Alconchel.
- Uma contraofensiva dos muçulmanos
(almorávidas) vai fazer com que se
percam algumas conquistas a sul do
Tejo.
- Quando morre deixa consolidada a
linha do Tejo com alguns pontos
avançados no sul: Palmela, Alcácer do
Sal e Évora.
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Santarém - 1147
A Tomada de Santarém (Roque Gameiro)
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Lisboa, 1147
(Roque Gameiro)
Lisboa – Castelo dos Mouros
Lenda de Martim Moniz
De acordo com a lenda, o nobre
cavaleiro durante aquele cerco,
ao perceber o entreabrir de uma
porta no Castelo dos Mouros,
atacou-a individualmente,
sacrificando a vida ao atravessar
o seu corpo no vão da mesma.
Esse gesto heroico permitiu
ganhar o tempo necessário à
chegada dos companheiros, que
assim conseguiram entrar no
castelo e tomá-lo. Em sua
homenagem, esse acesso ficou
conhecido como Porta de
Martim Moniz.
Sintra, 1147
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Reconquista após
D. Afonso Henriques
Conquistas de D. Sancho
I, o “povoador”
Foi menos feliz nas expedições militares.
Fez expedições vitoriosas ao Algarve, mas teve de recuar
devido à investida dos almóadas.
Os mouros recuperaram as terras algarvias e as povoações a
sul do Tejo, exceto Évora.
Conquistas de D. Afonso
II, o “gordo”

Esteve mais centrado na centralização do poder do


que nas conquistas.
Conquista Alcácer do Sal definitivamente, Borba, Vila
Viçosa e Moura.
Conquistas de D. Sancho
II, o “capelo”
Durante o seu reinado teve muitas disputas com os
irmãos e com a Igreja. Perde algum poder. Casado com
uma prima da família real espanhola, acaba por ser
deposto pelo Papa, sucedendo-lhe o seu irmão. Conquista
Elvas, Moura, Serpa, Mértola, Tavira, Alvor e Aiamonte.

Foi-lhe atribuído o cognome de o Capelo porque,


enquanto criança, usou o hábito de Santo
Agostinho. A razão apontada para o uso da
vestimenta diverge: uns acreditam que se tratava
de uma promessa materna, outros afirmam que se
devia a uma doença de que padeceu.
Conquistas de D. Afonso III
(irmão), O “Bolonhês”

A Reconquista chegava ao fim (no sul ficava apenas


Granada)
Conquista definitivamente o Algarve (1249).

Apelidado de o Bolonhês por ter casado com


uma francesa, condessa de Bolonha. Mas,
acaba por casar com D. Beatriz de Castela
(oferecida pelo rei de Castela para favorecer o
acordo sobre o Algarve – sendo um futuro filho
dos 2 a herdar o Algarve, D. Dinis)
As etapas da fixação
do Território
(fronteiras)

2.ª etapa –
do termo da Reconquista ao estabelecimento das
fronteiras
b) As guerras e negociações com Leão e Castela
A fronteira com Espanha
• Entre o fim da Reconquista (Afonso III -
1249) e o estabelecimento definitivo das
fronteiras (D. Dinis - 1297) passaram-se
quase 50 anos.
• Conquistadas as terras aos mouros,
tínhamos que nos entender com os
nossos vizinhos, que continuavam,
assim como nós, a ter pretensões nas
regiões de fronteira.
A questão do Algarve - D. Afonso III
• 1252 - Afonso X , de Leão e Castela, reclama o Algarve,
dizendo ter-lhe sido dado pelo rei dos mouros.
• Face a uma possível guerra entre os reinos cristãos, o
papa organiza uma conferência com D. Afonso III e D.
Afonso X de Leão e Castela – Tratado de paz: Afonso III
casaria com D. Beatriz de Castela (filha de Afonso X),
renunciando ao reino dos Algarves temporariamente,
uma vez que seria para o filho que os dois tivessem.
Afonso III passa a ser
• 1267 – Tratado de Badajoz – o Algarve é “Rei de Portugal e do Algarve”
definitivamente português, tendo o rei de Leão e
Castela transferido a sua soberania para o neto, D.
Dinis, ainda criança.
A guerra civil de Leão e Castela e D. Dinis
• O rei de Castela, D. Sancho IV, tinha
deixado em testamento o reino ao
filho mais velho e, como esse morreu,
deixava o trono ao neto (Fernando IV).
Havia, no entanto, um filho segundo
que pretendia o trono. Começou uma
guerra civil.
• D. Dinis apoiou os que se opunham ao
neto, juntamente com Aragão, França
e Navarra.
• Só desistiu deste conflito quando lhe
asseguraram a posse dos territórios LIVRO DE LOS CASTIGOS DO REI SANCHO IV DE CASTILLA "INFANTE
que lhe interessavam. SANCHO IV APRESENTA VASALLAJE AL REY" - SIGLO XIII
… e o tratado de Alcanices (1297)
• Em 1297, celebra com Castela (Fernando
IV) o Tratado de Alcanices, pelo qual se
consolida a fronteira portuguesa.
• A sul do Tejo, Portugal desistia da
soberania sobre algumas terras (como
Valência e Aiamonte). Em troca receberia
a sul algumas (Olivença, Campo Maior,
São Félix e Ouguela) e a norte outras
(Castelo Rodrigo, Almeida e Sabugal).
• O território português adquire então a
sua configuração definitiva, sendo o
Estado com fronteiras mais antigas na
Europa.
Síntese
A CONQUISTA MUÇULMANA DA PENÍNSULA IBÉRICA.
Séc. VIII – Reino dos Visigodos, cristianizado.
Braga é a arquidiocese mais importante do noroeste da P. I.
711 – Invasão muçulmana por Gibraltar
Batalha de Guadalete (vitória dos muçulmanos)
Início da conquista da P. I. pelos muçulmanos
Os cristãos refugiam-se nas Astúrias (N da P. I:)
722 – Batalha da Covadonga (Vitória dos cristãos)
Pelágio, lidera os cristãos e forma o reino das Astúrias
No sul mantém-se o Califado de Córdova muçulmano
A RECONQUISTA CRISTÃ
722 – Início (Batalha de Covadonga é a 1.ª vitória cristã)
Definição: Conjunto de campanhas militares dos cristãos contra os muçulmanos
na P. I. // Processo lento (desde o séc. VIII até ao séc. XV), com avanços e recuos,
no sentido norte/sul e na diagonal, ao longo das barreiras naturais (rios e
montanhas). // É durante a Reconquista que se formam os reinos cristãos:
1. Astúrias – Leão (sendo o mais antigo, o seu rei é também o imperador das Espanhas)
2. Castela
3. Navarra
4. Aragão
PROCESSO DE FORMAÇÃO DOS REINOS CRISTÃOS:
Nos territórios que vão conquistando aos muçulmanos, muitos senhores
apropriam-se de terras, outras são-lhes doadas pelos reis, no contrato de vassalagem,
originando mais tarde reinos independentes (ex. Portugal)
OBJETIVOS DA RECONQUISTA CRISTÃ
1.º Políticos e militares: os reinos cristãos defendem-se e tentam alargar os
seus territórios (os reis querem mais feudos para terem mais poder)

2.º Religiosos (a partir do séc. XI): Guerra Santa – conquistar territórios aos
inimigos da fé.
É a fase em que a reconquista avança mais porque coincide com a ajuda
de CRUZADOS e de ORDENS RELIGIOSAS e MILITARES (Templários,
Hospitalários, Santiago, Avis, Malta) e com a divisão do Califado muçulmano
em pequenos reinos (taifas)
A FORMAÇÃO DE PORTUGAL NESTE CONTEXTO DE RECONQUISTA
O CONDADO PORTUCALENSE
Séc. IX – Porto cale é um condado na região de entre Douro e Minho,
governado por um vassalo do rei de Leão, Vímara Peres.
Início do séc. XI – O condado desfaz-se devido à apropriação dos poderes
pelos infanções nos seus feudos (pequenos senhores nobres).
Séc. XI – investida muçulmana reforçada por Almorávidas
- O rei de Leão, Afonso VI, apela ao Papa
- Chegam cruzados para ajudar (Raimundo e Henrique de Borgonha)
- Pelos serviços prestados e para os ajudar na administração dos
condados, o rei fá-los seus vassalos, casa-os com as filhas e dá-lhes um
feudo:
O CONTRATO DE VASSALAGEM COM AFONSO VI
- D. Raimundo desposa D. Urraca, filha legítima, e recebe o Condado da Galiza;
- D. Henrique desposa D. Teresa, filha ilegítima, e recebe o Condado Portucalense
Início do séc. XII – morre o rei de Leão.
D. Henrique deixa de prestar vassalagem
Governo de D. Teresa – alia-se a família Trava da Galiza.
Oposição a D. Teresa - Início do movimento de independência:
- nobreza (infanções) não aceitam submeter-se ao domínio galego;
- clero (arcebispos de Braga) não aceita continuar a submeter-se a
Santiago de Compostela (arquidiocese mais importante).
Estes grupos vão influenciar e apoiar D. Afonso Henriques.
A AÇÃO DE D. AFONSO HENRIQUES – A INDEPENDÊNCIA
1. CONQUISTAR A INDEPENDÊNCIA EM RELAÇÃO A LEÃO
•1128 – Batalha de S. Mamede opõe Afonso H. e a mãe (marca o início da resistência à
OBJETIVOS E LINHAS DE AÇÃO DE

influência estrangeira)
•1137 – 1.º ataque ao reino de Leão (Galiza) e Tratado de Tui (reforço da condição de vassalo de
D. AFONSO HENRIQUES

Afonso Henriques)
•1143 – Tratado de Zamora (na sequência de outro ataque à Galiza, a paz assinada com Afonso
VII de Leão reconhece Afonso H. como rei (mas os reis ainda são vassalos do imperador)
2. ALARGAR O TERRITÓRIO PORTUCALENSE
• 1139 – Batalha de Ourique (início do alargamento do território pela Reconquista de
territórios aos muçulmanos)
• Pela 1.ª vez, Afonso H. declara-se rei.
3. VER RECONHECIDA A INDEPENDENCIA PELO PAPA
• 1179 – Bula papal “Manifestis Probatum” – Depois de muita diplomacia, os arcebispos de
Braga conseguem o reconhecimento papal da independência do reino de Portugal e de
Afonso H. como rei.
• Ao encomendar o seu feudo ao Papa, torna-se sei vassalo direto e não pode ter outro,
deixando de prestar vassalagem ao rei de Leão.
PORTUGAL FIXOU O SEU TERRITÓRIO ATRAVÉS DE:

1.ª etapa:
Reconquista cristã: conquistando terras aos muçulmanos
• Durante o séc. XII e XIII, ao ritmo da Reconquista Cristã, desde Afonso
Henriques a Afonso III, chega-se ao Algarve (1249)
2.ª etapa:
Guerras e negociações com Leão e Castela
• Entre 1249 (fim da Reconquista, com Afonso III) e a definição das
fronteiras em 1297 (D. Dinis) houve uma série de conflitos e de tratados
com Leão e Castela: Tratado de Badajoz (1297); Tratado de Alcanices.

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