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UM PAÍS DIVIDIDO

EM SENHORIOS E
CONCELHOS
MÓDULO 2 – UNIDADE 2
• Regiões do Território Português
A ORGANIZAÇÃO DO REINO
• O reino era formado por
senhorios (do rei, dos nobres e
do clero) e concelhos com
privilégios, imunidades e
autonomia:
• Norte: Há principalmente
senhorios nobres e eclesiásticos.
É mais rico e poderoso, aí se
concentram as elites do país.
• Centro e sul: Há mais concelhos
urbanos e senhorios
eclesiásticos (das Ordens
Religiosas Militares)
O PAÍS RURAL E
SENHORIAL
OS SENHORIOS
SENHORIOS

Castelo de Arnoia - Celorico de Basto


Situado na terra de Basto, (séc. X - XII) Era o poder senhorial da
família Lobo, que vinha ainda do tempo do reino de Galiza e
Leão, que dominava as terras de Basto, vasto território (desde
os limites de Felgueiras até Trás-os-Montes.
A DIMENSÃO DO SENHORIO EM PORTUGAL

• No norte do país eram propriedades


dispersas e de menor dimensão.
Os senhorios espalhados
encontravam-se por vezes entalados entre
outros senhorios
• No sul eram propriedades extensas e
contínuas
ORIGEM DOS
SENHORIOS
Os Senhorios aparecem durante a Reconquista Cristã.
Os 1.ºs nasceram Entre Douro e Minho e
estenderam-se para sul, à medida que se
conquistavam mais territórios:
- pelo direito de presúria (ocupação das terras
conquistadas ou deixadas pelos mouros)
- por doação do rei (OBJETIVOS DA DOAÇÃO:
a) auxílio na conquista, povoamento e administração;
b) obterem favores divinos
c) Foi uma forma de os reis se imporem, através das
relações de vassalagem, controlando os vassalos.)
PROPRIETÁRIOS DOS SENHORIOS

Coutos
Senhorios que
Honras pertenciam à Igreja:
- de Sés e Catedrais
Senhorios que
(bispados e
Reguengos pertenciam a nobres
arcebispados)
Senhorios que - de Mosteiros
pertenciam ao rei, - De Ordens Religiosas
nestes dominius rex Militares (com
era ele o Senhor castelos)
AS HONRAS

Os senhorios da Nobreza localizavam-se sobretudo no Norte


Atlântico (Entre Douro e Minho).
ORIGEM: muitos resultaram da presúria, muitos das doações dos
reis portugueses:
- POR DOAÇÃO: os vassalos do rei desempenham, na vez dele,
funções públicas (poderes públicos) que devem ser exercidas com honra.
É daí que vem o nome dos feudos doados (HONORES) que recebem
como recompensa pelos seus serviços.
- POR PRESÚRIA: alguns senhores, durante a Reconquista tomaram
por presúria os seus senhorios: usando o poder que tinham a nível local,
apoderavam-se de terras não só livres como pertencentes ao rei.
PRIVILÉGIOS DA
NOBREZA
Tipos de Nobreza Direitos e privilégios
• Ricos homens – vassalos diretos do rei • Poder dominial (PODER ECONÓMICO do
com direitos senhoriais (funções senhor no seu domínio senhorial)
administrativas e públicas e imunidade) • Poder senhorial (PODER DE BAN ou
• Infanções – média nobreza com terras IMUNIDADE - privilégio de impedir os
e direitos dominiais funcionários reais de entrarem e de
• Cavaleiros – filhos segundos de nobres, exercerem os poderes públicos nestas
sem terras mas que vivem da função terras – poder político, poder de cobrar
guerreira (ligados a estes, mas de impostos, ficando eles isentos, poder de
categoria inferior, os escudeiros, que os fazer justiça, poder de recrutar para serviço
serviam) militar).
Castelo de Santa Maria da Feira - A família Marnel foi uma das poucas da nobreza de Entre Douro e Minho
que se estabeleceu a sul do rio Douro, na região de Santa Maria da Feira.
Foi fundamental para a vitória de São Mamede, em 1128, quando o senhor deste castelo, Pêro Gonçalves de
Marnel, tomou o partido de D. Afonso Henriques contra D. Teresa e o conde de Trava.
AS HONRAS

• Castelos (símbolos
de Senhorios nobres)
no norte de Portugal
SÍMBOLOS DAS HONRAS SÃO OS CASTELOS, AS TORRES E OS
SOLARES

• Exemplos de nomes de terras


portuguesas:
Oliveira do Conde (Viseu)
Canas de Senhorim (antes: Terras de
Senhorim – Viseu)
Casal da Misarela (Coimbra);
Quintela (Vila Real)
Castelo de Paiva (Aveiro)

Torre de Quintela (V. Real); Solar com


torre em Refoios (Ponte de Lima)
OS COUTOS

• São os maiores senhorios do reino.


• Os Coutos também existem no Norte Atlântico, mas os maiores são do Centro e do Sul
(atribuídos às Ordens Religiosas Militares): no norte são sobretudo arcebispados e
bispados ou mosteiros (na sua maioria da Ordem Beneditina)
• Chamavam-se COUTOS ou TERRAS COUTADAS porque foram criados através de uma
CARTA DE COUTO onde estão definidos os poderes públicos, as imunidades e os
limites destes.
• ORIGEM: Tiveram origem nas doações e heranças, refletindo a importância da Igreja e
a ajuda que davam aos reis, na administração e povoamento/defesa dos territórios de
fronteira durante a reconquista (O. R. M.).
PRIVILÉGIOS DO CLERO
Tipos de Clero Direitos e privilégios
• Clero secular – vive nas igrejas ou • Direitos dominiais (PODER ECONÓMICO do senhor)
nas sés, junto da população. • Direitos senhoriais (PODER DE BAN ou IMUNIDADE
• Clero regular – vive nos mosteiros (privilégio de impedir os funcionários reais de
e conventos de acordo com uma entrarem e de exercerem os poderes públicos
regra nestas terras – poder político, poder de cobrar
• Alto clero e baixo clero – os cargos impostos, ficando eles isentos, poder de fazer
superiores do clero secular ou do justiça e de dar asilo).
regular (arcebispos, bispos, • Isenção da justiça do rei (submetem-se ao direito
párocos… abades, chefes de ordens canónico e aos tribunais da Igreja. É um estado
religiosas militares…) dentro do estado porque escapa à justiça do rei)
• Recebe a dízima de toda a produção (mesmo do
rei)
SÍMBOLOS DOS COUTOS SÃO AS SÉS, OS MOSTEIROS E OS
CASTELOS (DAS ORDENS RELIGIOSAS MILITARES)

• Exemplos de nomes de terras


portuguesas:
Coutada (Santarém);
Aldeia do Bispo (Guarda)
Nossa Senhora da Granja (Idanha a
Nova)

Mosteiro das Castanheiras (V. Real)

Sé de Braga; Mosteiro de Tibães;


Castelo de Almourol (Templários)
OS REGUENGOS

• No início da Reconquista a maioria dos


territórios obtidos por presúria pertenciam ao
rei, mas, com o passar do tempo, estes
territórios foram reduzindo por causa das
doações.
• O rei exercia os poderes senhoriais nos seus Quinta do Reguengo, Melgaço
reguengos. Em muitos o rei vai criar conselhos,
com alguma autonomia, mas sempre
mantendo o seu domínio.
• Exemplos de nomes de terras
portuguesas:
Cabeças do Reguengo (Portalegre)
Reguenga (Sto Tirso)
Ponte do Reguengo (Santarém)
Reguengos de Monsaraz (Évora)

[pelourinho – símbolo de concelho - de R. de Monsaraz]


REGUENGOS
DE
MONSARAZ
COMO SE FAZIA A EXPLORAÇÃO ECONÓMICA DO
SENHORIO? (NAS HONRAS)
• A reserva senhorial era o paço ou a quintã (quinta, quintal);
- Aqui ficava a habitação do senhor, a igreja, por vezes um bosque,
os meios de produção (moinho, lagar, celeiros) e uma propriedade
agrícola não muito extensa (os senhores portugueses preferiam
viver das rendas a explorar diretamente as suas propriedades);
- Era trabalhada pelos servos (que trabalhavam nas terras dos
senhores e não as podiam abandonar) e pelos colonos ou
“caseiros” (homens livres dos casais que tinham que pagar jeiras –
rendas em trabalho)
• Os mansus eram os casais (as terras arrendadas aos camponeses). O
conjunto de alguns casais eram vilares (vilas, aldeias, pequenos
agregados de casais)
- para a sua exploração eram feitos contratos de arrendamento com os
colonos e o senhor; podiam ser perpétuos ou abranger 3 gerações.
A FORMA DE EXPLORAÇÃO ECONÓMICA DO
SENHORIO EM PORTUGAL (NOS COUTOS)

• Semelhantes aos domínios


senhoriais da nobreza, contudo
os domínios eclesiásticos tinham
normalmente reservas
senhoriais maiores (granjas e
não quintãs) porque arrendavam
menos terras e exploravam
grande parte delas diretamente.
A SITUAÇÃO DOS DEPENDENTES NOS
SENHORIOS RURAIS

• Os dependentes eram todos os que estavam


debaixo da alçada do senhor (clero, nobreza ou rei)
• Dividiam-se em:
- Herdadores
- Colonos / “caseiros”
- Servos
- Assalariados
OS HERDADORES

• São homens livres com pequenas


terras suas, ainda que integradas no
território do senhorio.
• Não pagam rendas, mas estão
sujeitos aos direitos senhoriais
(impostos, recrutamento militar,
justiça, multas…)
OS “CASEIROS” (COLONOS OU VILÃOS)

• Eram homens livres mas sem terra


sua. Tinham que alugar um casal do
senhor, pagando rendas e jeiras
(rendas em trabalho na quintã ou
granja do senhor) e banalidades
(rendas por usarem os meios de
produção do senhor);
• Tal como todos, estavam sujeitos
aos direitos senhoriais
OS SERVOS
• No início da Idade Média eram autênticos
escravos, trabalhando só na quintã do
senhor, sem poder abandonar o senhorio.
Mas, na Baixa Idade Média, começam a
assemelhar-se aos caseiros: são
progressivamente libertados da servidão e
são-lhes arrendados casais, pagam
banalidades e continuam sobrecarregados
pelas jeiras.
• Tal como todos, estão sujeitos aos direitos
senhoriais.
OS ASSALARIADOS

• Os assalariados (ou moços de


lavoura) viviam do aluguer do seu
trabalho, sazonal na maioria dos
casos (quando era preciso mais
gente para as colheitas)
• Estavam um pouco à margem do
sistema senhorial.
QUESTÕES DE APLICAÇÃO DE
CONHECIMENTOS

• Manual:
- pág. 61 – 1, 2, 3, 4 e 5.
- Pág. 63 – 1 e 2.
- Pág. 69 – 7 e 8.4.

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