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A reconquista

Nos séculos XII e XIII ocorreu a reconquista cristã, onde o reino de Leão e Castela estava a

tentar reconquistar os territórios da península ibérica aos mouros. Para isso

D. Afonso Henriques nasceu em 1109 no Condado Portucalense e era filho do Conde

D.Henrique e D. Teresa.

A 24 de junho de 1128 D. Afonso Henriques travou em Guimarães a Batalha de S. Mamede

contra a sua mãe na qual venceu.

Em 1143 o rei de castela D. Afonso VII com o tratado de Zamora reconheceu a independência

do reino de Portugal.

Em 1147 Lisboa foi reconquistada com o apoio do exército inglês. Consolidou assim, a linha do

Tejo com a conquista de Santarém e Lisboa.

Em 1179 o Papa alexandre III assinou a Bula Manifestis Probatum onde reconheceu a

independência do reino de Portugal. Nesta Bula, Portugal estava sobre a condição da Santa Fé

em troca de um pagamento anual em ouro.´

A fronteira entre Portugal e Castela foi sofrendo diversas alterações e o principal responsável

foi D. Afonso Henriques.

Em 12

97 foi assinado o tratado de Alcanices entre os reinos d eCastela e Portugal. Nesse tratado os

reis D. Dinis (Portugal) e D. Fernando (Castela) definiram as fronteiras definitivas entre os dois

condados.

2.2 O país rural e senhorial

Nos séculos XII e XIII, Portugal estava organizado em senhorios e concelhos. Os senhorios no

mundo rural e os concelhos no urbano.

2.2.1 Os senhorios- sua origem, detentores e localização

Senhorio- território, extenso ou não, pertence a um senhor e pode ser contínuo ou dividido

por diferentes áreas. O senhor tem poder no território e nas pessoas que lá habitam.

Os senhorios formavam-se por doação régia, como recompensa no processo de Reconquista

opara garantir o desenvolvimento económico das regiões e a fixação da população.

Os senhorios que pertenciam ao rei eram os reguengos. Os que pertenciam aos nobres eram

as honras e os que pertenciam ao clero eram os coutos.


Os senhoriais dividiam-se em reservas, quinta ou paço que eram partes do senhorio

exploradas pelo senhor. Embora isso não signifique que seja ele a trabalhar nela.

Quem trabalhava nas terras eram os camponeses de forma gratuita (jeiras).

A parte da reserva era separada do local onde viviam os camponeses por um rio ou uma

estrada. A reserva é o local onde eram construídos equipamentos que depois quem quisesse

utilizar tinha de pagar impostos, por exemplo na utilização do moinho, forno…,)

Nas honras os nobres viviam em castelos, paços ou torres de menagens. Situavam-se mais no

Norte do país devido à nobreza ter um papel defensivo e militar, e como Portugal começou por

se formar no Norte davam esses territórios aos nobres.

Nos coutos, o clero vivia nos mosteiros, junto das Sés ou em castelos. Situavam-se mais no

Centro e Sul do país. Os coutos formavam -se através da atribuição de uma carta de

administração dos territórios dado pelo rei.

Foi na Idade Média que se desenvolveu a relação de dependência conhecidas como relações,

de vassalagem ou feudais, que eram feitas com a assinatura de um contrato chamado de

contrato feudo-vassálico.

O contrato feudo-vassálico é feito por 2 pessoas dos grupos sociais privilegiados, o clero e a

nobreza. O mais rico era o suserano, dava ao mais pobre o vassalo (o menos importante)

feudo.

O feudo podia ser uma renda, uma casa que podia ser ou não com campo, um campo ou uma

floresta, garantindo assim a sua subsistência. Ambos dão apoio militar, económico e dão

conselhos um ao outro.

2.2.2 O exercício do poder senhorial: privilégios e imunidades

Os senhores tinham poderes senhoriais que eram de dois tipos:

- Poderes económicos ou dominiais: rendas (dinheiro pago pela utilização ou exploração de

uma casa ou campo); jeiras (trabalho gratuito na terra do senhor) e poderes políticos ou

públicos que correspondiam ao poder banal, incidiam sobre as pessoas que viviam no

senhorio, têm poder militar (capacidade de organização do exército e decidir a guerra e a paz),

poder judicial (aplicação da justiça exceto pena de morte e amputação de membros), poder

fiscal (cobrança de impostos). Os impostos podiam ser banalidades (pela utilização do forno,

moinho e dos lagares de vinho e azeite); portagens (pela circulação de mercadorias) e pajens

(circulação de pessoas).
Os senhorios tinham imunidade perante o rei e seus funcionários, exceto nos casos de

aplicação de pena de morte e amputação de membros.

Dar a imunidade aos senhores faz-se através de uma carta de couto e da atribuição do poder

público a um nobre.

2.2.3 A exploração económica do senhorio

A exploração económica da terra constituía uma das fontes de rendimento dos nobres e

senhores.

Os domínios senhoriais incluíam campos de cereais, vinha, pomares, pastos, bosques.

Os domínios da nobreza compreendiam uma reserva (quintã ou paço) e as unidades de

exploração arrendadas- casais (mansos ou vilares). Ambas eram fonte de direitos dominiais.

A Quintã incluía: os estábulos, os celeiros, os moinhos e lagar, e uma porção diminuta de terras

e a morada dos senhores.

A exploração da quintã cabia aos escravos, servos e colonos livres dos casais que nele

prestavam trabalho obrigatório e gratuito- jeiras.

Os senhores preferiam o arrendamento das suas propriedades divididas em casais-mansos ou

vilares.

A exploração dos casais era feita por contratos entre os senhores e colonos, conhecidos por

“caseiros”. Estes contratos podiam ser perpétuos ou durar de duas a três gerações.

Nos domínios eclesiásticos (do clero) o controlo era ais apertado, o clero preferia a exploração

direta das suas reservas- granjas.

Para além das rendas pagas aos caseiros a igreja cobrava a dízima-10% de toda a produção

bruta (agrícola e pecuária) de todos os proprietários.

2.2.4 A situação social e económica das comunidades rurais dependentes

Os dependentes- homens controlados pelo clero e pela nobreza, a quem exigiam tributos e

prestações nos seus territórios.

Pagamento dos Direitos:

Forma de pagamento Direitos Dominiais- Exploração económica do solo e rendas e jeiras

Forma de pagamento Direitos Senhoriais- Exercício do poder político, como a obrigatoriedade

de servir na guerra, as multas judiciais e os pagamentos fiscais.

No séc. XIII assistiu-se a um agravamento da situação social e económica das comunidades


rurais dependentes.

Os herdadores- proprietários de terras- isentos do pagamento de Direitos Dominiais, passaram

a ser cobrados Direitos Senhoriais pelos senhores ou pelo rei. Isto em virtude de uma lei de D.

Afonso II que determinava que todo o homem livre devia depender de um senhor.

Os colonos- homens livres que trabalhavam em terra alheia, iram os contratos a prazo

prevalecerem sobre os arredondamentos perpétuos, misturando-se neles as prestações

dominiais com novas imposições de cariz senhorial.

A confusão entre domínio e senhorio tornou-se cada vez maior.

A sociedade senhorial comportava a existência de servos- descendentes de escravos

libertados, a quem foram entregues casais para exploração e que viviam sempre a fazer

trabalho gratuito- jeiras. Progressivamente libertados da servidão, deixaram de se distinguir

dos colonos.

A servidão diminuía e a escravatura aumentava, através do crescente afluxo de cativos

mouros, empregues em trabalhos domésticos, no artesanato e na agricultura.

Os assalariados que viviam do aluguer do seu trabalho- muito na época das colheitas e pouco

no inverno. Estes achavam-se mal integrados na lógica do sistema senhorial.

2.3 O país urbano e concelhio

2.3.1. A multiplicação de vilas e cidades concelhias

O mundo rural e senhorial deteve, durante a idade média, a primazia em todos os setores da vida
histórica do país. Nele concentravam-se as fontes de riqueza e as elites sociais nobres e eclesiásticas.

Esse país rural comtemplou-se com um país urbano, de vilas e cidades concelhias, que impulsionou o
desenvolvimento do reino.

Quando e como se afirmaram as cidades e vilas do reino de Portugal?

A ação da própria reconquista que, no avanço de norte para sul, ocasionou a integração de
territórios muçulmanos com marcadas características urbanas. Incluem-se as urbes moçárabes de
Coimbra, reconquistadas no século XI, e de santarém, lisboa e Évora. As urbes sobressaíram-se pela
sua densidade populacional, tanto mais que, apesar do domínio islâmico, a população cristã teve
autorização de nelas permanecer.

Aos moçárabes, deu-se a transmissão do legado muçulmano assimilado, merecendo particular


destaque as instituições e o urbanismo, as técnicas agrícola, artesanais e comerciais e a própria
expansão artística.

A movimentação da corte régia impulsionou a transformação de alguns agregados populacionais em


urbes de maior importância e dimensão. No tempo de D. Afonso Henriques, a corte transferiu-se de
Guimarães para Coimbra. Durante a época medieval, leiria, santarém, lisboa e Évora acolheram
frequentemente a corte régia.

Se a presença régia, mesmo que temporária, ajudou a consolidar as estruturas urbanas do reino, se
sede de bispado e possuir a sua sé catedral tornou-se indispensável para receber o nome de cidade,
mesmo se de dimensões demográfica e territorial reduzidas. O reino de Portugal só conhece apenas
nove cidades: Braga, Coimbra, Évora, guarda, lamego, lisboa, porto, silves e Viseu, que se
recuperaram com a reconquista cristã.

O fortalecimento do carater urbano associado á instituição dos chamados concelhos perfeitos ou


urbanos. No conjunto dos concelhos do reino, por os seus habitantes disporem de uma significativa
capacidade para administrar os assuntos comunitários e isenções fiscais e judiciais. A instituição dos
concelhos fazia-se através de uma carta de foral, ortogada pelo rei – quando a população era um
bem reguengo - ou por um nobre ou eclesiástico - quando se inseria num senhorio.

Os concelhos perfeitos situavam-se maioritariamente na beira interior, na estremadura e no


Alentejo.

O desenvolvimento urbano do território português relacionou-se com o ressurgimento comercial


que o ocidente medieval viveu a partir do seculo XII. Os mercadores europeus acabaram por
contribuir para o dinamismo de centros urbanos. Nestas urbes, afirmou-se um grupo de mercadores
empreendedores com capacidade para dinamizar o artesanato local e promover a expansão da
produção agrícola nos territórios adjacentes.

Nos centros urbanos existia um grupo socioprofissional encarregue dos ofícios ou mesteres
artesanais – os mesteirais. Os praticantes dessas atividades eram tecelões, tintureiros, curtidores,
ferreiros, ouvires, pedreiros, carniceiros, padeiros. Com o seu bulício animavam as ruas, a sua
memória ficou perpetuada na toponímia das nossas cidades: ruas dos sapateiros, correeiros,
pelames, fanqueiros, caldeireiros, ferreiros, do ouro, da bainharia.

2.3.2- A organização do espaço citadino

A cidade era caracterizada pela sua topografia desordenada e labiríntica.

No Norte havia uma maior influencia cristã, as cidades possuem um ou mais praças onde

havia várias ruelas. No Sul encontramos maior influência muçulmana que distribuía as

cidades pela alcáçova e almedina, zona popular.

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O espaço amuralhado

No século V foi construída uma cintura da muralha (cerca moura) à volta da cidade,

delimitando o espaço urbano. A muralha dava-lhes proteção, rendimento por cauda das

portagens pagas nas suas entradas e também embelezava a cidade.

Nos séculos XIII, XIV e XV com o crescimento demográfico no reino consequentemente na

cidade foi necessário a construção de novas muralhas, assim no século XIV foi construída a
cerca Fernandina, que passava a incluir no interior arrabaldes. (INTERNET)

No núcleo central era habitado pelos dirigentes e pelas elites locais. Nas cidades com

influência muçulmana, esse núcleo central era a alcáçova, zona alta e acastelada.

No resto das cidades o centro era onde encontrava-se a Sé ou a Igreja, o paço episcopal, os

paços do concelho, as moradias dos mercadores abastados e onde se realizava o maior

mercado da cidade.

Fora da cidade havia ruas tortas, onde os despejos eram feitos a céu aberto onde as

epidemias e os fogos estavam sempre presentes. Essas ruas eram compostas pelas

habitações populares, as oficinas dos mesteirais, as tendas para venda dos produtos,

albergarias e hospitais que acolhiam peregrinos, pobres e doentes.

Nos séculos XIII e XIV, para melhor qualidade de vida para os moradores, abriram-se ruas

novas que estabeleciam uma ligação direta entre duas portas da muralha, mais largas, onde

ficavam as melhores oficinas e lojas. Dentro e fora da muralha abriram-se algumas praças

ou terreiros, a que se chamou rossios.

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As minorias étnico-religiosas

A maior parte dos judeus eram mesteirais, ou seja, ourives, alfaiates, sapateiros, mas alguns

também eram médicos, astrónomos e cobradores de rendas. Alguns até tinham mais

estudos do que alguns cristãos, eram abastados e a maior parte vivia do negócio, viviam nos

seus próprios bairros, as judiarias, com os seus funcionários, juízes e hierarquia religiosa.

Apesar da rivalidade religiosa, a sociedade portuguesa tolerou e recebeu os judeus dentro

dos muros.

No final do século XV, a convivência entre as duas religiões rompeu-se. Com o edito de

D.Manuel em dezembro de 1496 os judeus foram obrigados a converterem-se sob a pena

de expulsão.

Quanto à comunidade mourisca também foi afastada pelos cristãos e foi posta nas

mourarias, bairros próprios situados no arrabalde e condenaram-nos à expulsão.

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O arrabalde

O arrabalde ficava fora dos muros e com o tempo acabou por se tornar num prolongamento

da cidade/ vila. No arrabalde ficavam os campos agrícolas, onde o ofício poluente ia parar e
era onde os mais pobres e os excluídos da cidade viviam. Era de pobreza e exclusão que

atraiu os franciscanos e dominicanos.

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O termo

Cada cidade possuía o seu termo, território às vezes espalhado por dezenas de quilómetros.

A cidade/ vila sobre exercia a jurisdição e impunha obrigações ficais ou militares. Quanto

mais vasto o termo, maior a riqueza da cidade em proventos agrícolas, disponibilidade de

mão de obra, animação comercial e capacidade de defesa.

Os monarcas alargavam ou encurtavam o termo da cidade conforme quisessem

recompensar ou castigar a cidade.

Foi o que aconteceu na revolução de 1383-85, o Porto foi recompensado por apoiar a causa

do Mestre de Avis ao contrário de Santarém que foi castigado.

2.3.3 O exercício comunitário de poderes concelhios; a afirmação política das elites urbanas

Vizinhos=habitantes das cidades

Todos os homens livres, maiores de idade, que viviam no concelho eram considerados de

vizinhos. Os que não considerados vizinhos eram as mulheres, o clero, os judeus, os mouros,

os estrangeiros, os servos e os escravos.

Os vizinhos administravam o concelho, era uma administração comunitária, diferente do

senhorio. As decisões da Assembleia de Vizinhos eram conhecidas como posturas municipais e

regulavam a distribuição das terras, o aproveitamento dos pastos e dos bosques, o exercício

dos mesteres, o abastecimento dos mercados e o tabelamento dos preços, não pondo de parte

a higiene.

À Assembleia tinha responsabilidade sobre a eleição dos magistrados:

- os alcaides ou juízes que eram supremos dirigentes responsáveis pela administração da

justiça;

- os almotacés, que tinham de vigiar os mercados, eram encarregados dos pesos da medida e

preços das mercadorias, e da hiegene e obras públicas;

- o procurador, que exercia o cargo de tesoureiro e representava o concelho;

- o chanceler guardava o selo e a bandeira do concelho.

Todos os magistrados pertenciam à elite social do concelho, e eram chamdos de homens-bons.

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