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O espaço português- a consolidação de um reino cristão ibérico

A fixação do território

Ação de D. Afonso Henriques para transformar o Condado Portucalense no reino de


Portugal:
●Assumiu o governo do condado em 1128 (Batalha de São Mamede contra as tropas
de sua mãe).●Guerreou o seu primo, o rei Afonso VII de Leão e Castela e Imperador
das Espanhas, para obter a independência de Portugal.
●Na Conferência de Zamora, é reconhecido rei mas não de um reino independente.
●Ação diplomática junto do Papa para o reconhecimento do seu domínio com o reino
e dele como rei (Bula Manifestis Probatum, 1179).
Reconquista cristã e alargamento do território nos reinados de D. Afonso Henriques,
Sancho I, Afonso I, Sancho II e Afonso III:
●Avanço até à linha do Tejo (conquistas de Lisboa, Santarém, Almada) e do Sado
(conquista de Alcácer do Sal).
●Conquistas no Alentejo e Algarve oriental.
●Conclusão da conquista do Algarve (1249) e termo da reconquista.
●Incentivo papal à Reconquista através de bulas de cruzada e apoio de
cruzados.Estabelecimento definitivo das fronteiras:
●Litígio entre D. Afonso III de Portugal e Afonso X de Castela, que reivindicou o Algarve
ocidental.
●Mediação papal para evitar a guerra entre os dois reinos.
●Resolução definitiva da posse portuguesa do Algarve (Tratado de Badajoz, 1267).
●Fixação definitiva, com pequenas exceções, dos limites territoriais entre Portugal e
Castela (Tratado de Alcanises, 1297)

O país rural e senhorial


O exercício do poder senhorial: privilégios e imunidades
O lugar mais alto da hierarquia dos nobres ficou então ocupado pelos ricos-homens,
que possuíam grandes domínios onde exerciam poder jurídico e gozavam de isenções
fiscais. Outros graus de nobreza medieval eram preenchidos com:
Os cavaleiros (pertenciam à ordem militar da Cavalaria, dedicavam-se à guerra e
deviam cumprir um código rigoroso de honra e cortesia)
Os escudeiros. O poder senhorial caracterizava-se mais pelo exercício de funções
militares, jurisdicionais e fiscais. O poder senhorial comportava vários privilégios.
Baseava-se, em primeiro lugar, na posse das armas e no comando militar. Em segundo,
fazia-se sentir na exigência de multas judiciais. Em último, afirmava-se na cobrança de
crescentes exigências fiscais, entre as quais: As banalidades, pelo uso de instrumentos
de produção e sobre as atividades comerciais e transportes; O jantar, dever de
alimentar o senhor e o seu séquito; A lutuosa e a manaria, espécie de impostos de
sucessão; As osas ou gaiosas, prestações pagas por quem casasse fora do domínio
senhorial.
O poder senhorial converteu-se num fator de prestígio e enriquecimento para
infanções e ricos-homens.
A situação social e económica das comunidades rurais dependentes
Nos seus domínios e senhorios (honras e coutos), os senhores tutelavam uma
enorme massa de homens, os dependentes, a quem exigiam tributos e prestações.
Uns, provenientes da exploração do solo: as rendas e as jeiras, eram os direitos
dominais. Outros, resultantes do exercício do poder político, os direitos senhoriais. Os
camponeses dependentes trabalham e viviam nos senhorios. Estes tinham uma vida
muito pobre, uma fraca mobilidade (principalmente dos servos adscritos á terra). A
situação destes era parecia com a dos escravos, apenas eram considerados pessoas e
tinham segurança na sua subsistência. A fraca mobilidade vai mudar, já que as
necessidades de povoamento e de reconquista favorecem alguma mobilidade, social e
geografia e em alguns casos ate á sua libertação. Esta evolução da servidão veio
introduzir uma nova relação entre a terra e o trabalhador, bem como faz aparecer
diversas categorias de servidão, embora as difíceis condições de vida continuem. Entre
estes servos os solarengos tinham melhores condições, mais favoráveis.
O país urbano e concelhio
A multiplicação de vilas e cidades concelhias
O país rural complementou-se com um país urbano, de vilas e cidades concelhias, que
impulsionou o desenvolvimento do reino. Entretanto a Reconquista prosseguia e, com
ela, territórios de forte presença urbana, que o domínio muçulmano além de preservar
soubera estimular, acrescentavam-se ao Norte tradicionalmente rural e senhorial. A
presença da corte nas cidades do Centro e Sul contribuiu para a consolidação das
estruturas urbanas do reino nos seus primeiros séculos de existências. E se a presença
régia prestigiava uma cidade, não menor engrandecimento derivava das suas funções
eclesiásticas. As sedes de bispado eram as únicas a merecerem a designação de
cidades. A urbanidade de uma povoação media-se pelo seu grau de superintendência
jurídica. A cidade e a vila concelhia dispunham, na verdade, de uma capacidade auto
administrativa, maior ou menor, que os monarcas e, às vezes, um senhor lhe
concederiam através da carta de foral.
A organização do espaço citadino;
O território distinguia-se por um urbanismo cristão, a norte, de um urbanismo
muçulmano a sul. Apesar de não faltarem no primeiro as ruas tortuosas e os becos
sem saída, a cidade cristã sempre dispunha de uma ou mais praças e, de um modo
geral, irradiava a partir de um centro.
O espaço amuralhado
A cidade medieval portuguesa destacava-se na paisagem uma cintura de muralhas.
Estas davam-lhe proteção e proventos (pelas inúmeras taxas nas portas e postigos),
além de embelezá-la!
Toda a cidade medieval possuía uma zona nobre, um centro, que se distinguia do
restante espaço porque lá se situavam os edifícios do poder e moravam as elites locais.
Não longe, o mercado principal, numa praça ou rossio. As ruas iam diretamente de um
ponto ou outro da cidade, ligando as duas portas. Chamavam-se ruas direitas e, tal
como as ruas novas enchiam de satisfação os citadinos, que aí abriram as suas
melhores oficinas, lojas e estalagens. Tudo o resto eram ruas secundárias, autênticas
vielas.
As minorias étnico-religiosas
Judeus: eram mesteirais (ourives, alfaiates, sapateiros), mas houve-os também
médicos, astrónomos, cobradores de renda. Mais letrados que o comum dos cristãos,
mais abastados, dados à usura e ao negócio, embora os humildes não faltassem, os
judeus viviam em bairros próprios, as judiarias, como seus funcionários, juízes e
hierarquia religiosa.
Mouros: Tinham também bairros próprios, as mourarias e situavam-se no arrabalde.
O arrabalde
O arrabalde acabou por se transformar num prolongamento da cidade. Nele se
encontravam as hortas e os ofícios poluentes. Para muitos mesteirais e mercadores, o
arrabalde constituía um local privilegiado. No arrabalde não faltava a animação
(malabaristas, touradas). Um certo ar de marginalidade rodeava o arrabalde. Os
pedintes e leprosos, que eram considerados parasitas na época medieval, confinavam-
se ao arrabalde.
O termo - Era a fonte de sobrevivência da cidade. Espraiava-se para além do arrabalde.
Era um espaço de olivais, vinhas ou searas e aldeias várias incluídas. Nele exercia-se a
jurisdição e o domínio fiscal e impunham-se obrigações militares. Havia uma feira
semanalmente de produtos da terra.
O exercício comunitário de poderes concelhios; a afirmação política das elites
urbanas
Comunidades territoriais habitadas, predominantemente, pelos tratos populares,
conhecidos por vizinhos, os quais administravam comunitariamente o conselho.
Fundadas pelos reis ou senhores através de uma carta de foral, que reconhece aos
vizinhos privilégios governativos, isenções judiciais e fiscais, a par de obrigações.
O número mais significativo de concelhos situava-se nas Beiras, na Estremadura e no
Alentejo, e eram chamados concelhos urbanos ou perfeitos. Todos os homens livres,
maiores de idade e habitantes do concelho eram chamados vizinhos. A eles competia

• A administração do concelho e integravam a assembleia, que era o maior órgão


deliberativo do concelho;
• as funções concelhias mais significativas estavam relacionadas com a
administração da justiça; a eleição dos magistrados. O poder régio, fator
estruturante da coesão interna do reino
Sociedade:
●Vizinhos: compreendem os cavaleiros-vilãos e os peões.
●Os cavaleiros são mais abastados, proprietários de terras, gado, ou oficinas,
barcos ou ricos mercadores. Conhecidos por homens-bons, ocupam os cargos de
magistrados. Alguns forais dão-lhes privilégios judiciais da nobreza, não podendo
receber açoites.
●Os peões trabalham na agricultura, nos mesteres e no comércio.
●Outros: mulheres solteiras e casadas, servos, escravos, judeus, mouro
Da monarquia feudal á centralização do poder
Nos primeiros tempos, a monarquia portuguesa enquadrava-se no que designa por
monarquia feudal, caracterizada pelo facto de o rei ser o mais poderoso dos
senhores, ampliando e reforçando as relações de dependência perante os seus
vassalos. Na monarquia feudal portuguesa tudo apontava para a inegável
superioridade da função régia. Na centralização do poder, o rei passou a
ser considerado um representante de Deus na Terra, associando-se ao
poder divino e assumindo o papel de órgão máximo do poder público. O monarca
era assim o chefe de todos os poderes militares, judiciários e administrativos,
concentrando em si a justiça maior. Tinha ainda o exclusivo da legislação suprema.
A centralização do poder: defesa, justiça, legislação e fiscalidade
Os reis de Portugal fundamentaram o seu poder na doutrina do direito divino
(“pela graça de Deus, rei de Portugal”) e achavam ser o representante de Deus na
Terra, por isso, assumiram como principais funções:

• A chefia militar;
• A manutenção da paz e da justiça;
• Juiz supremo: condena á morte ou ao corte de membros e tem função de
tribunal de apelação;
• Cunhagem da moeda e a sua desvalorização
Coadjuvado por:
●Altos funcionários: alferes-mor (depois designado de Condestável), mordomo-mor,
chanceler
●Cúria Régia:
Ordinária - evolui no século XIII para Conselho Régio
Extraordinária - evolui no século XIII para Cortes e Tribunais Superiores
●Funcionalismo local: alcaides-mores, mordomos, juízes, juízes de fora, almoxarifes,
corregedores, vereadores, meirinhos.
Os magistrados concelhios
Escolhidos pela Assembleia dos Vizinhos
●Alcaide-menor, juízes ou alvazis: defesa militar do concelho e administração da
justiça
●Mordomo: administração dos bens concelhios
●Almotacés: vigilância dos mercados, dos pesos, medidas e preços, da sanidade,
higiene e obras públicas
●Procurador: funções de tesoureiro e de representação externa do concelho
●Chanceler: guardião do selo e da bandeira do concelho
●Meirinhos, saiões, porteiros: cobradores de impostos e multas judiciais
Escolhidos pelo Rei1
●Alcaide-maior (ou mor): governação da fortaleza e chefia das expedições militares
ordenadas pelo rei
●Mordomo: administração dos bens e direitos régios na área do concelho
●Almoxarife: cobrança e arrecadação dos impostos e rendas devidos aos monarcas
●Vereadores: supervisão da administração concelhia
●Meirinhos, corregedores e juízes de fora: supervisão da justiça concelhia

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