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O país concelhio

A criação dos conselhos foi uma das formas de organização territorial,


através da concessão de cartas de foral, que limitavam o poder senhorial e
reforçaram a autoridade régia.
A concessão de cartas de foral trazia vantagens, quer para os seus
habitantes como para o rei, possibilitando o povoamento, a defesa e a exploração
econômica dos territórios. Para além disso definia as fronteiras do mesmo.
Os concelhos diferiam entre si, de acordo com as características da sua
população e da sua localização geográfica, como é evidente no nosso país, em que
os concelhos do norte eram na sua maioria rurais e de pouca autonomia e os do sul
eram urbanos e de maior autonomia, porém ambos centravam as suas atividades
na agricultura.
Todos os concelhos, rurais ou urbanos, eram constituídos pela sede e pelo
termo. A sede do concelho, era efetivamente o centro político e administrativo, e era
onde os homens-bons se reuniam na casa da câmara. Enquanto que, no termo, ou
seja, fora das muralhas ficavam alguns povoados dispersos, as terras de cultivo e
os mesteres mais poluentes.
Em termos gerais, ambos os tipos de conselhos apresentavam na sua
constituição uma muralha, ruas de traçado irregular e uma rua chamada “Rua Nova”
ou “Rua Direita”, onde os burgueses comercializavam e exerciam o seu mester. Os
bairros etnico-religiosos, por sua vez, eram também comuns nos concelhos, tais
como as Mourarias e as Judiarias.
Todos os concelhos tinham os seus próprios símbolos, nomeadamente o
pelourinho, que era o símbolo da justiça local, a bandeira, o selo, e a casa da
câmara.
Os habitantes destes concelhos denominavam-se vizinhos. Os que
habitavam na sede do concelho tinham mais direitos do que aqueles que habitavam
no termo, evidenciando assim uma separação de caráter social.
A categoria social dos vizinhos era hierarquizada, em função da sua riqueza.
No topo da pirâmide social estavam os cavaleiros-vilãos, que para além de gozarem
de isenções fiscais, dispunham de bens que lhes permitiam manter um cavalo. No
meio da pirâmide ficavam os peões, pois estes não tinham condições suficientes,
nem terrenos para manter um cavalo. E por último, na base da pirâmide, ficavam a
maioria da população, os dependentes, estas pessoas tinham rendimentos muito
baixos e a sua participação no governo era estritamente proibida.
O poder dos concelhos era exercido pela elite, uma assembleia de
homens-bons que elegia os magistrados e tomava as decisões sobre a vida
comunitária. Entre os magistrados eleitos na assembleia : Vereador, Almotacé,
Almoxarife, Tesoureiro e Escrivão, existiam também oficiais régios,nomeados pelo
rei, sendo eles: Alcaide, Meirinho-mor, Corregedor e Juiz de Fora.
A carta de foral, o documento que estabelecia as condições do exercício do
governo concelhio, também estabelecia alguma autonomia, sendo esta suficiente
para a criação de leis locais.
Para concluir, os concelhos, para além de limitarem os poderes senhoriais,
também organizavam a vida local e promoviam o desenvolvimento da agricultura e
comércio.

Bárbara e Lucas.

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