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Agrupamento de Escolas Poeta António Aleixo

Escola Secundária Poeta António Aleixo


Ano letivo 2019-2020
Disciplina: História A
Tema: “Formas de povoamento e organização administrativa de Portugal durante a Idade Média”

Reconquista Cristã
A Reconquista Cristã ,baseia-se na recuperação do território da Península Ibérica ocupado pelos
Muçulmanos. Os Cristãos refugiaram-se nas Astúrias, no Norte da Península Ibérica e organizaram
a resistência aos Muçulmanos. Chefiados por Pelágio, têm a sua primeira grande vitória na Batalha
de Covadonga, em 722. Forma-se o primeiro reino cristão, o Reino das Astúrias. Esta Reconquista
durou oito séculos,apesar de também ter havido períodos de paz.
Com a formação do condado Portucalense em 1096,D. Afonso VI,o rei de Leão e Castela, teve
muitas dificuldades em vencer os muçulmanos e para o conseguir pediu ajuda, ao qual vieram
Cavaleiros Cruzados vindos da Europa,destacando-se D.Raimundo e D,Afonso Henriques.
Como agradecimento, D.Afonso VI deu a mão da sua filha D.Urraca e o condado de Galiza a
D.Raimundo, enquanto que a D.Afonso Henriques foi lhe oferecido a mão da sua filha D.Teresa e o
condado Portucalense. Esta Reconquista foi entregue ao mesmo, que se pôs contra o seu primo
D.Afonso VII, ao qual devia vassalagem e fidelidade.
Pode-se afirmar que Portugal resultou da Reconquista Cristã. Devido ás vitórias no campo de
batalha contra o Islão, deram a D. Afonso Henriques o prestigio e a autoridade necessários para
exigir, junto das autoridades castelhana e papal, o direito de usar o titulo de rei e ser aceite como
soberano pelos seus súbditos. Este foi reconhecido por D.Afonso VII,na conferência de Zamora.
D.Afonso Henriques conquista a cidade de Santarém em 1147. A sua posse abriu-lhe caminho à
conquista de Lisboa, com a ajuda dos cruzados, em 14 de Outubro desse mesmo ano. Mais tarde
sucederam-se as conquistas de Sintra, Almada e Palmela que se tornaram fortalezas importantes
para a defesa de Lisboa, e seguidamente de Alcácer do Sal (1158-1160).
O rei D. Afonso Henriques e os seus sucessores dividiam os seus esforços no povoamento e na
organização administrativa, económica e social das áreas conquistadas, elementos fundamentais
para a consolidação das fronteiras e para a própria sobrevivência do Reino. Para isto foram
concedidos inúmeras cartas de Foral, criaram-se os primeiros órgãos da administração central e
fizeram-se importantes doações de terras e privilégios às ordens religiosas e às ordens militares.
Após duas tentativas bem sucedidas da conquista do Algarve, os Almóadas dominaram as forças
portuguesas,o que fez com que perdessem as conquistas que estavam a sul do Tejo, exceto Évora.
D.Afonso II, substituiu D.Sancho I, onde foi rei de 1211 a 1223,sendo este responsável por
assegurar o poder real. Houveram ainda tentativas da parte das tropas portuguesas para a conquista
do Alentejo mas,por sua vez,foram derrotados(1212).
No reinado de D.Sancho II, conquistaram-se as seguintes terras:
Serpa,Moura,Beja,Elvas,Juromenha,Aljustrel e Mértola,por fim, Algarve Oriental.
Por fim, D.Afonso III (1248-1279) atingiu a conquista ao Algarve, terminando assim a
Reconquista Cristã.

Organização do território
Com a Reconquista Cristã surgiram vários reinos cristãos na Península Ibérica, o reino de Leão e
Castela deu origem a senhorios/condados, denominado por Condado Portucalense.
O território Nacional estava organizado em quatro partes:
Concelhos, que prevaleciam no Norte e no Sul. Devido às batalhas entre cristãos e muçulmanos,
vários territórios não possuíam o domínio de um senhor, o que levou à própria população a auto-
organizar em reuniões públicas, ou seja, assembleias de vizinhos, os 'concilia'. Onde o seu principal
objetivo era gerir as terras comunais, as fontes de água e o gado dos que ali viviam. Os reis
mostraram-se cativados por estas instituições,aprovando forais com diversas finalidades como por
exemplo: atrapalhar a expansão dos senhorios pela falsificação das terras e direitos
humanos,organizar a administração do reino,convocar soldados para a guerra,povoar as terras
assegurando a sua defesa,e impedir a expansão dos direitos senhoriais. Existiam concelhos rurais e
concelhos urbanos. As populações começam a ter menos deveres para com os senhores.
Legalizados mediante as Cartas de Foral.
Honras- Situavam-se geralmente no Norte Atlântico. Eram compostos por uma ou mais freguesias,
ou partes de freguesia. Tratava-se de uma terra, ou circunscrição administrativa, que pertencia a um
Senhor ou Fidalgo. A sua imunidade resultava de o seu senhor ser um nobre que exercia os poderes
públicos e que, por isso, “honrava” o respetivo território.
Coutos- Encontravam-se no Norte Atlântico. Eram bastante semelhantes às Honras, a diferença está
no modo como a imunidade foi conquistada. No caso dos coutos, foi através da carta de couto.
Reconheciam-se através da existência de um Mosteiro, Sé Catedral e um Castelo.
Póvoas-

O exercicío do poder senhorial


Em relação à origem do poder senhorial, deu-se principalmente por causa da nobreza senhorial do
Norte Atlântico.
O poder senhorial caracterizava-se mais pelo exercício de funções militares, jurisdicionais e fiscais
do que pela posse e exploração de terras.
Tendo então uma natureza política,correspondendo ao poder banal (bannus) da Europa, que conferia
aos senhores o comando , a punição e a coação sobre os habitantes do senhorio.
O poder senhorial dispunha de vários privilégios. Baseava-se,principalmente, na posse das armas e
no comando militar. De seguida,na exigência de multas judiciais. Por fim,vê-se na cobrança de
crescentes exigências fiscais.
Os vários privilégios eram: Comando militar (O senhor impedia o poder de recrutar homens para a
guerra,vigiar os castelos e estruturar remessas ofensivas); Coação fiscal (O senhor exigia
determinados pagamentos obrigatórios às populações); Punição judicial (Era exercido pelo
senhor,justiça perante os homens do seu território,ao qual determinava as penas e cobrava as
multas)
A atribuição de imunidade aos senhores foi feita através de uma carta de couto e da atribuição do
poder público a um nobre.

Exploração económica do senhorio


A exploração económica do senhorio baseava-se num conjunto de parcelas territoriais distribuídas
por campos de cereais, vinhas, pomares, pastos, bosques, etc.
Um senhorio era constituído por:
A quintã, uma reserva,que incluía o castelo, os estábulos, celeiros e igreja. Explorado pelos servos e
colonos livres dos casais ao qual prestavam serviços gratuitos e obrigatórios durante um certo
número de dias por ano:as jeiras.
Os casais eram subdivididos em canteiros, que coincidiam aos mansos europeus. Era definido um
contrato entre os senhores e os colonos,para a sua exploração que podia se passados de geração para
geração ou ter duração de uma vida inteira. Em relação às rendas existiam dois tipos: fixas ou de
parceria, onde as de parceria correspondiam a uma fração das colheitas.
A determinada altura do século XIII estabeleceu-se o pagamento da dízima à igreja que
correspondia a 10% de toda a produção bruta.
Depois da saída de uma lei por Afonso II,em 1211, todos os homens livres passaram a depender
de um senhor. Com isto,a escravatura aumentou a partir da segunda metade do século XI, através do
afluxo crescente de cativos mouros, empregados em trabalhos domésticos, no artesanato e na
agricultura.
Formas de organização espacial e administrativa dos concelhos
(das cidades medievais)
Primeiramente,o acontecimento da Reconquista levou à integração de territórios muçulmanos com
características urbanas presentes, tal como, as urbes moçárabes de Coimbra,Lisboa,Évora e
Santarém,destacam-se pela sua grande intensidade populacional. Seguidamente, a movimentação da
corte régia levou à modificação de determinados membros populacionais em urbes de grande
importância e até dimensão.
No reinado de D.Afonso Henriques a corte saiu de Guimarães e foi para Coimbra.
A instituição dos concelhos perfeitos estava associada ao fortalecimento do carácter urbano de uma
povoação. Era feito através de uma carta de foral entregue pelo rei ou por um nobre quando este
estava inserido num senhorio.
O desenvolvimento urbano foi originado por conta do reaparecimento comercial,beneficiado na
diligência dos centros urbanos pelo auxílio dos mercadores europeus que se encontravam na costa
atlântica. Nos meios rurais,as tarefas pertenciam aos camponeses. Os mesteres,presentes nos centros
urbanos, eram trabalhadores profissionais mecânicos ou artesões. Enquanto que, existiam também
nas urbes um conjunto de mercadores empreendedores com competências para incentivar o
artesanato e possibilitar a expansão agrícola.
Os concelhos urbanos estavam localizados tanto no Alentejo como na Estremadura, locais onde era
necessário defensores e povoadores para combater a guerra entre os muçulmanos e castelhanos.
Nesta época,cada cidade apresentava um termo. Eram os monarcas que permitiam o seu
alargamento, em caso de compensação, ou a sua diminuição,em caso de penalização das cidades em
causa. Quanto mais amplo fosse(o termo), maior seria a riqueza em relação aos alimentos
agrícolas,à atividade comercial, ao acesso à mão de obra,assim como,a defesa das cidades tornava-
se muito mais potente.
Na Idade Média, as cidades medievais tinham características próprias, tal como, o facto de terem
uma atmosfera tenebrosa e uma topografia confusa. Uma outra característica era a cintura de
muralhas que cercava estas cidades de forma a definir o espaço urbano,rendimento,promover
proteção e ainda se tornava algo encantador.
O arrabalde encontravam-se na parte externa dos muros,onde estavam os excedentes demográficos
e os mesteres julgados poluentes. Era considerado um local delinquente.
É importante realçar também que, todos os homens livres da idade medieval,eram chamados de
vizinhos. Estes tinham que ter mais de dezoito anos,habitar o concelho há tempo suficiente e
possuir bens. O seu dever era administrar o concelho de forma comunitária. Eram responsáveis pela
organização da distribuição de terras,exercícios dos mesteres,o abastecimento dos mercados e
tabelamento dos valores, exploração dos bosques e pastos,regras de higiene,a preservação de
normas entre a população e eram ainda encarregues de eleger os magistrados(alcaides ou juízes,o
procurador,almotacés,o chanceler).
Aos magistrados que estavam na elite social do concelho eram designados homens-bons. Tinham
funções importantes na reconquista e defesa do território a sul do Mondego. Eram tratados de forma
respeitável judicialmente. Colaboravam na guerra com os seus cavalos e armas de ferro. Eram
portanto homens privilegiados.
Foram muitos séculos seguidos com a presença de judeus na comunidade portuguesa, porém, em
dezembro de 1496 no século XV, D. Manuel expulsou-os. Fazendo depois a mesma coisa com a
comunidade mourisca (espanhóis muçulmanos batizados depois da política pragmática dos Reis
Católicos), onde os enviaram para bairros.
Concluindo,a Reconquista Cristã formou,de certa forma, Portugal. Foi um dos marcos mais
importantes da História Medieval da Península Ibérica, bem como da História Medieval de
Portugal. Com esta pesquisa apercebi-me dos diferentes métodos utilizados por cada individuo da
Idade Média,ao voltar às ideologias e religiões tradicionais, também regressa o tipo de mentalidade
que existia anteriormente à invasão árabe,por exemplo,quando os Muçulmanos invadem a Península
Ibérica em 711, em vez de se preocuparem em tomar o território peninsular na sua totalidade,
procuram em vez disso conquistar e povoar locais estratégicos. Podemos verificar também a
realidade social e política nesta época medieval e comparar com a atualidade, percebendo a
evolução que já passámos.

Suéli Malter, Nº29, 10K

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