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10 ano

Mundo romano – instabilidade política.


Europa se inspirava no modelo romano, o que trouxe instabilidade na idade média.

SENHORIO – possui terras, nobre ou membro do alto clero. Para além dos rendimentos
econômicos tirados da posse da terra em agricultura, pasto e etc, os senhorios
também exerciam poderes sobre os cidadãos que lá residiam, podendo aplicar penas,
lançar impostos, e recrutar para o exército. Exerciam um conjunto de poderes políticos
(chamados ban ou bonnus na época) que hoje pertencem apenas ao Estado.
*duplo poder do senhorio: sobre a economia e sobre os homens.

DUQUES E CONDES – altos escalões da nobreza. Possuíam grandes senhorios (terras de


um senhor) aldeias, cidades..., contavam com os benefícios de casamentos e doações.
Ricos e poderosos, as vezes desafiavam o rei.

REINO – unidades políticas extensas, que têm a cabeça um rei. Devem respeitar e
aceitar o rei e a sua superioridade, e o regime hereditário para o bem comum
prevalecer. O facto de nascer nas delimitações do reinado o torna independentemente
da sua vontade, dependente do rei.

O IMPERIO – sonho de um império universal e cristão. Carlos Magno, rei dos francos,
nomeado pelo papa no ano 800. Otão I, rei da Alemanha, também nomeado pelo papa
(sacro império romano-germânico). Os impérios não deram certo pelas constantes
disputas entre os imperadores e o papa.

AS COMUNAS – século XI, movimento da luta pela cidade citadina (contra o poder dos
senhores). Encabeçado pelos mercadores, obrigou a união de todos os habitantes da
cidade, selada por um juramento de lealdade. Associação de gentes da cidade, que
apresenta ao senhor reinvindicações e, se o senhor resiste, luta por elas. Podendo ser
de forma violenta ou negociada, recebiam a ‘carta comunal’ com as garantias e
liberdades concedidas pelos senhorios ou reis. Algumas dessas comunas conseguiram
poderes administrativos, políticos e sociais, e eram comandados pelos mercadores
mais ricos; conquistaram uma economia prospera.

A IMPRECISAO DAS FRONTEIRAS – Instáveis. Anexações, guerras e acordos políticos


alteravam constantemente as fronteiras. Internamente: junção ou separação de
senhorios, liberdades conquistadas pelas cidades, contornos mal definidos traçados
pelas autoridades reais.

RELIGIAO OCIDENTE – Europa ocidental, conjunto unido pela mesma fe. A igreja era a
única instituição que ultrapassava fronteiras e unia todos os países, consolidando uma
identidade comum.
Cristandade latina: povos cuja língua era o latim e obedeciam ao bispo de Roma, o
papa.
O poder do bispo de Roma: a supremacia sobre os outros bispos suscitou desavenças e
o corte de relações entre o clero do Ocidente e do Oriente.
Papa gregorio VII: reforma gregoriana, proclamou a supremacia absoluta do papado.
Consolidação do poder da igreja de roma. Se colocou em um plano superior ao de
qualquer monarca, incluindo o imperador (do sacro império) e isso originou conflitos.
Papa foi obrigado a reconhecer as prerrogativas dos monarcas no seu território. Porem
a igreja se tornou a instituição mais poderosa e organizada do ocidente:
- Tem um centro reconhecido (roma) e um chefe supremo (papa)
- Exerce o poder sobre o ocidente e seus habitantes
- Possui meios. Corpo de clérigos numeroso e dizima garantindo a riqueza.
- Código de leis próprias, o direito canônico, que individualiza os seus membros face a
restante população.

RELIGIAO ORIENTE – Em 1453 o império romano do oriente (Constantinopla) sucumbe


ao poder do império turco.
O império romano do oriente (bizantino), considerava-se herdeiro direto do mundo
romano. Assumia-se como um espaço civilizado, cultura requintada, se considerava
superior aos ‘bárbaros’ ocidentais.
Constantinopla, erguida por Constantino, era símbolo de esplendor, 500 igrejas
(destacada Santa Sofia). Língua oficial – grega.
Tinham também o patriarca (papa), figura mais reverenciada do clero cristão do
oriente.
Rivalidade entre os bispos de Constantinopla e Roma: discordavam em alguns
pormenores doutrinais (dogma de santíssima Trindade e à forma de comunhão), mas
sobretudo a recusa do patriarca bizantino em aceitar a supremacia romana.

Em 1054, ruptura definitiva.


Oriente: se intitula ORTODOXA (aquela que segue a doutrina certa) por se proclamar
fiel aos primitivos dogmas. Língua grega. Apoiada no império bizantino.
Ocidente: igreja latina, sobre a égide de Roma. Apoiada no sacro império e nas
monarquias em geral.
Agravamento do fosso político e cultural entre as duas partes. Se afrontam
declaradamente.
Em 1024, os cavaleiros da quarta cruzada que haviam partido para o Oriente com a
missão de combater o infiel mulçumano, assaltam e saqueiam Constantinopla. Foram,
de certo, motivados pela cobiça das riquezas da cidade. Este episodio mostra como
Bizâncio representava outro mundo, que os ocidentais consideravam pérfido (infiel,
traidor) e hostil, ao ponto de esquecerem que partilhava a mesma fé em cristo.

A CRISTANDADE OCIDENTAL FACE AO ISLÃO:


O islão: religião.
Livro sagrado- alcorão (que segundo Maomet, continham princípios que constituíam a
verdadeira revelação de Deus).
Iniciado por Maomet (mercador do deserto da arabia) nos anos 610. Acreditava ter
sido mandado por deus para tirar os árabes da idolatria e conduzi-los à salvação. Uma
noite, enquanto meditava no deserto, viu aparecer-lhe o anjo Gabriel, que lhe disse
“Maomet, tu és o profeta de Allah. Prega.”
Após, os árabes que viviam em tribos dispersas, tornaram-se unidos sob a bandeira de
uma mesma fe. Para a espalharem, pregaram a guerra santa – jihad. O islão se
estendeu por três continentes e uma multiplicidade de povos.
Durante 4 seculos (VIII ao inicio do século XII) a cristandade apequenou-se face ao
islão. Este impôs o seu poder militar e apropriou-se do comercio mediterrânico.
Civilização prospera ( Bagdad, córdova), ciências, poesia e filosofia floresceram.

CRUZADAS: 1095, ao apelo do papa urbano II, o ocidente atacou militarmente a


palestina, onde lugares santos estavam sob domínio dos muçulmanos. O movimento
das cruzadas fortaleceu a ideia deu uma sociedade encabeçada para um líder religioso,
forte para lutar contra os inimigos da fé.
Várias zonas foram reconquistadas pelos cristãos, na península ibérica, no sul da
Europa e no mediterrâneo.
No seculo XIII, a Europa tinha recuperado do seu abatimento face ao islao. vieram
tempos deu uma rivalidade mais equilibrada, com avanços e recuos das 2 partes. Mas
ficou delimitado: o ocidente era cristão, o oriente era muçulmano.

PORTUGAL:
A RECONQUISTA
Nos séculos XII e XIII, em plena reconquista crista, Portugal constituiu-se como
identidade política independente (estado) e fixou seu território nas fronteiras que
ainda hoje mantém.
Afonso Henriques transformou o condado em Reino autônomo de Portugal. Para o
efeito, rebelou-se contra o seu primo, Afonso VII, imperador das Espanhas e reino de
Leão e castela, a quem devia obediência na qualidade de vassalo.
*CONFERÊNCIA DE ZAMORA, 1143- Afonso VII reconhece Afonso Henriques como rex
(rei).
*Bula manisfestis probatum, 1179 – papa Alexandre III dignou-se a acolher sob a
proteção da santa fé, o reino de Portugal, em troca do pagamento anual de um tributo
em ouro. Os reis de Portugal, viram-se assim, desobrigados de desobedecer qualquer
outro soberano, e Portugal finalmente se desvinculou dos vínculos com o rei Afonso
VII, da Espanha.
*Entretanto, Afonso Henriques prosseguia a conquista de territórios muçulmanos.
1147- domínio sob a linha do Tejo, conquista de Lisboa e Santarém. obteve, a posse de
Sintra, Almada, Palmela para assegurar a defesa de Lisboa. Em 1158, firmou a presença
portuguesa na linha do sado com a conquista de alcácer do sal. Em 1162 e 1165 Beja e
Évora.
1185 – morre Afonso Henriques, primeiro rei de Portugal, a quem a historia chamaria
de o conquistador.
*D. Sancho I, sucessor e filho, rei de 1185 a 1211. Depois de duas expedições vitoriosas
ao algarve, sofreram ataques dos almoadas (povos de Marrocos) e perderam todas as
suas posições a sul do tejo, à exceção de Évora.
*D. Afonso II, rei de 1211 a 1223, monarca de ação militar inferior, fortalecimento do
poder real. As tropas portuguesas avançaram no Alentejo e até intervieram, ao lado de
outros países na defesa da península contra os mouros (norte da africa convertidos ao
islamismo), derrotando-os na batalha de Navas de Tolosa 1212.
*D. Sancho II, rei de 1223 a 1245, o território português expandiu-se no Alentejo, com
as conquistas de Elvas, juromenha, serpa, cerpa, moura, beja, aljustrel e mertola.
Chegaram ao algarve oriental.
*D. Afonso III rei de 1248 a 1279, concluiu-se a conquista do Algarve, quando o
monarca se apoderou do território que estava em posse dos muçulmanos, no que se
incluía faro, albufeira e silves. Portugal concretizou a reconquista portuguesa.
-entre a reconquista (1249) e o estabelecimento definitivo das fronteiras portuguesas
(1297) decorreu quase meio século.

As fronteiras:
*Em 1252, Afonso X rei de Leão e Castela, acabado de chegar ao trono, reivindicou o
ex Reino algarvio de Niebla (onde se incluía silves), alegando que a sua soberania lhe
havia sido cedida pelo respectivo rei mouro. Face a uma presumível guerra entre os 2
reinos cristãos, o papa inocencio IV interveio na celebração do tratado de paz em
1253. Afonso III casaria com Beatriz, filha ilegítima de Afonso X, renunciaria,
temporariamente os seus direitos como suserano do Algarve.
*1267- tratado de Badajoz - decidiu, de vez, a soberania sobre o Algarve. O território
ficou para o filho do casamento entre Beatriz, filha do rei de leão e castela, com Afonso
III.
*posteriormente em 1295-1297, Portugal reascendeu hostilidades com Castela ao
participar da guerra civil que assolou aquele reino.
*1297-tratado de Alcanises – entre D. Dinis e Fernando IV de castela, acordaram
casamentos reais e paz de 40 anos baseada na amizade e defesa mútuas. Fixaram
limites territoriais. Portugal abriu mao de Aroche e Aracena, e dos direitos que possuía
sobre valenca, ferreira, espargal, e aiamonte. Em troca recebeu Olivença, campo
maior, zona da beira, alfaiates, castelo rodrigo, vila maior, castelo bom, almeida,
castelo melhor e monforte. Com pequenas exceções, Portugal adquiriu a sua
configuração definitiva, o que o faz o país europeu com as fronteiras mais antigas.

PAÍS RURAL

Os senhorios estruturavam o país rural enquanto os conselhos dinamizavam o país


urbano.
*senhorio: área territorial, que pertence a um senhor com poderes sobre os homens
que a habitam. No caso português, os senhorios pertenceram ao rei os reguengos, à
(nobreza as honras) e ao (clero os coutos). Os monarcas peninsulares recompensaram
com terras os nobres e clérigos que os ajudaram na guerra e administração do
território. Esperavam contar com vassalos fiéis para os ajudá-los.
*senhorios da nobreza: denominados honras, situavam-se na região do norte atlântico,
onde tiveram lugar as mais antigas conquistas territoriais. Identificavam-se pela
presença de um castelo, torre ou solar.
*senhorios do clero: norte atlântico também, os de maiores dimensão se situavam no
Centro e Sul do país. Identificavam-se pela presença de um mosteiro, Sé Catedral ou
castelo (no caso das ordens religioso-militares). As terras da igreja ultrapassavam, no
começo do sec XIII, as de qualquer proprietário do país. O auxílio dos monges
cavaleiros das ordens religioso-militares dos templários, dos hospitalários e de
Santiago de espada revelou-se decisivo no aumento do território.
Poder senhorial:
Poder econômico, dominiais, político, público, militar, judicial.
Poder banal (publico) (bannus) com privilégios:
- Militar, o senhor tinha poder de recrutar homens para a guerra, organizar
expedições.
- Judicial, o senhor exercia justiça sobre os homens do seu território, determinava
penas e cobrava multas.
- Coação fiscal, podia exigir uma variedade de pagamentos obrigatórios, similares a
impostos. Entre eles as banalidades, (pelo uso do forno, moinho ou lagar) as
portagens (pela entrada na área do senhorio, de mercadorias) (e de pessoas) as
peagens.
*nos senhorios (honras da nobreza, e coutos do clero) os senhores detinham o poder
publico, os funcionários régios ficavam impedidos de exercer funções militares,
judiciais e fiscais que competiam ao monarca, na sua qualidade de senhor supremo do
reino. Este privilégio chamava-se imunidade do senhorio e conduziu a uma
considerável perda de poderes por parte da realeza.
A concessão de imunidade aos senhores fez-se através de:
-carta de couto: território coutado equivalia a território imune. Maioria das cartas de
couto foram atribuídas à igreja. (couto: senhores eclesiásticos)
-atribuição de poderes públicos a um nobre, que se considerava honrado por o
monarca o delegar a administração de terras. (honras: patrimônio da nobreza). Com o
tempo, muitos passaram a exercer o poder publico a título pessoal e não em nome do
rei, estendendo abusivamente os seus privilégios.
A exploração econômica do senhorio:
Os domínios senhoriais incluíam campos de cereais, vinhas, pomares, pastos, bosques.
No centro e sul do país eram extensos e contínuos; no norte atlântico eram parcelas
dispersas e de menor extensão.
*os domínios da nobreza compreendiam uma reserva, conhecida por quintã, e as
unidades de exploração arrendadas, os casais. Ambas eram fonte de direitos
dominiais, provenientes da exploração do solo pela massa de camponeses.

As quintãs (chamada de ‘paço’ se nela estiver a morada do senhor) incluía estábulos,


celeiros, moinhos, lagar e uma porção diminuta de terras, o que prova o desinteresse
da nobreza de Portugal pela administração direta da terra. Os senhores preferiam o
arrendamento, que eram divididos em casais ou vilares, que correspondiam aos
mansos europeus.
A exploração da quintã cabia aos escravos, servos e colonos livres dos casais que aí
prestavam serviços gratuitos e obrigatórios durante um certo numero de dias por ano:
jeiras.
Para a exploração dos casais, eram contratos de arrendamento entre senhores e
colonos (caseiros). Os contratos podiam ser perpétuos ou abranger gerações. As
rendas podiam ser em dinheiro ou fração de colheitas.
Nos domínios eclesiásticos, havia mais controle. Os clérigos exploravam diretamente
as reservas (denominadas granjas). Cobravam rendas aos caseiros, e também
contavam com a dizima, 10% de toda a produção bruta (agrícola e pecuária) de todos
os proprietários (ate o rei).
A situação econômica e social das comunidades rurais dependentes:
Direitos dominais: exploração econômica do solo, como rendas e jeiras.
Direitos senhoriais: exercício de poder politico, obrigatoriedade de servir na guerra,
multas judiciais ou pagamentos fiscais.
Século XIII -> agravamento da situação social e econômica das comunidades rurais.
*Os herdadores, proprietários de terras independentes foram sujeitos à cobrança de
direitos senhoriais pelos senhores ou pelo rei, em virtude de uma lei de D. Afonso II
determinar que todo homem livre devia depender de um senhor.
*Os colonos (foreiros, malados, vilãos) homens livres que trabalhavam em terra alheia,
tiveram contratos a prazo prevalecerem sobre arrendamentos perpétuos, misturando
neles as prestações dominiais com novas imposições de cariz senhorial. A confusão
entre domínio e senhorio tornou-se maior.
*Servos eram descendentes de escravos libertos, a quem foram entregues casais para
a exploração e que viviam sobrecarregados com as jeiras, não podendo abandonar a
terra onde viviam. Progressivamente libertados da servidão, deixaram de se distinguir
dos colonos no século XII, tanto mais quanto as jeiras também incidiram sobre estes.
Diminuição de servidão -> aumento da *escravatura, crescente afluxo de cativos
mouros, empregues em trabalho doméstico, artesanato e agricultura.
*assalariados (cabaneiros, moços de lavoura..) viviam do aluguer do seu trabalho,
pesado na época de colheitas, escasso no inverno. Achavam-se mal integrados na
logica do sistema senhorial.

PAÍS URBANO E CONCELHIO

O país rural se complementou com um país urbano, de vilas e cidades concelhias, que
impulsionou o desenvolvimento do reino.
*a Reconquista, no seu avanço de norte para o sul, ocasionou a integração de
territórios muçulmanos com marcadas características urbanas. (ex: urbes moçárabes
de Coimbra, Santarém, Lisboa e Évora. Grande densidade populacional nas urbes, que
apesar do domínio islâmico, a população crista pode permanecer e preservar as
crenças. Estes cristãos (conhecidos como moçárabes) se deveu a transmissão do
legado muçulmano assimilado, como as instituições, o urbanismo, as técnicas
agrícolas, artesanais e comerciais e a própria expressão artística.
*a movimentação da corte régia impulsionou a transformação em urbes. (a corte
transferiu-se de guimaraes para Coimbra).
*Leiria, Santarem, Lisboa e evora acolheram frequentemente a corte régia (os
funcionários, serviços burocráticos e militares), incrementando o prestigio dos locais,
que se sentiam mais poderosos em relação ao mundo rural.
*acolher permanentemente um bispo, ou seja, ser sede de bispado e possuir uma Sé
Catedral era uma condição para receber o nome de cidade. (no reino de Portugal
foram nove: Beja, Coimbra, Evora, Guarda, Lamego, Lisboa, Porto, Silves e viseu).
*conselhos perfeitos ou urbanos: signicativa capacidade para administrar assuntos
comunitários e de isenções fiscais e judiciais. A instituição dos conselhos fazia-se
através de uma carta de foral (quando a povoação era um bem reguengo, do rei) ou
por um nobre ou eclesiástico (quando se inseria num senhorio). Situavam-se
maioritariamente na Beira Interior, Estremadura e Alentejo, regiões onde a
necessidade de atrair defensores (contra muçulmanos ou castelhanos) e povoadores
levou as entidades a abrirem mao dos seus poderes.
*a instituição dos conselhos, através de cartas de foral, ajudou a urbanidade do
território português, e, especificamente, os conselhos perfeitos ou urbanos foram
dotados de avultados privilégios fiscais e judiciais e autonomia administrativa. Estes
conselhos compreendiam, a cidade ou vila, sua sede, e as aldeias abrangidas pelo
respectivo termo.
*ressurgimento comercial a partir do sec XII, expansão da produção agrícola.
*nos centros urbanos havia um grupo socioprofissional encarregue dos ofícios ou
mesteres artesanais. Os mesteirais, praticantes de tecelões, tintureiros, curtidores,
ferreiros, ourives, pedreiros, carniceiros, padeiros. (tiveram homenagens, ex:rua dos
Sapateiros).
*topografia desordenada e labiríntica e atmosfera sombria, fosse o seu urbanismo
cristão – a norte – ou muçulmano – no centro e no sul.
*Cintura de muralhas: que delimitava o espaço urbano, dava-lhe segurança,
rendimentos (pelas portagens pagas nas suas entradas) e embelezava-a. com as suas
torres (cubelos) e ameias, a muralha abria-se para o exterior através de portas e
postigos, que à noite se fechavam. O crescimento demográfico dilatou a construção de
novas muralhas, que passaram a incluir no seu interior antigos bairros extramuros
(arrabaldes).
*Nucleo central habitado pelos dirigentes e elites. Nas cidades muçulmanas os núcleos
se chamavam alcáçova, zona alta e acastelada. Nas restantes urbes, coincidia com a
zona do castelo ou com a praça principal (onde se encontrava a sé, o paço episcopal,
os paços do conselho, moradias dos mercadores ricos e era onde se localizava o maior
mercado da cidade).
*fora dos centros, eram ruas tortuosas, vielas, escuras e poeirentas. Ameaças de
epidemias mortíferas e fogos devastadores estavam sempre presentes. Se localizava
habitações populares, oficinas dos mesteirais, tendas para vendas, albergarias e
hospitais dos pobres.
*abriram-se as Ruas Novas e as Ruas Direitas, mais largas que o habitual, onde ficavam
as melhores lojas. Dentro e fora dos muros abriram-se algumas praças e terreiros
conhecidos por rossios.
As minorias étnico-religiosas
*judeus (muitos deles mais estudados e mais ricos) e mouros submetidos.
Os judeus viviam em bairros próprios, as judiarias, com seus funcionários, juízes e
hierarquia religiosa.
*apesar do antagonismo religioso e inveja por parte dos portugueses com os judeus,
Portugal os tolerou, e os recebeu dentro de muros. Um grupo de judeus era entendido
como símbolo de dinamismo econômico do burgo. Em finais do sec XV, a convivência
se rompeu com o edito de D. Manuel (dez de 1496) obrigando os judeus à conversão,
sob pena de expulsão.
*os mouros tinham uma condição inferior. Afastaram-nos para bairros próprios – as
mourarias – situadas no arrebalde, e condenaram-nos, também, a expulsão.
*Arrebalde: situado fora de mudos, prolongamento da cidade ou vila. Nele convergiam
os excedentes demográficos (minorias étnico-religiosas), alguns mesteres considerados
poluentes (atividades menos limpas, como as dos carniceiros), as hortas e pomares e
os almocreves que animavam o mercado semanal. Marginalidade, mendigos e
leprosos. Eis o motivo por que as ordens mendicantes se instalaram nos arrebaldes,
atraídos pela pobreza e exclusão, franciscanos e dominicanos desempenharam com
êxito a missão de proteção aos humildes.

*Termo: cada cidade possuía o seu território termo, sobre ele a cidade ou vila interior
exerciam a sua jurisdição e impunham obrigações fiscais ou militares. Quanto mais
vasto o termo, maior a riqueza da cidade. Os monarcas o alargavam ou encurtavam se
desejassem agraciar ou castigar a cidade.
Ex: revolução de 1383-85 – vilas como santarem viram o seu termo, por seguirem o
partido de D. Beatriz e do rei castelhano seu marido. Já o Porto e Lisboa, que apoiaram
a causa do mestre de Avis, foram presenteados com o acrescento do seu termo.

A afirmação politica das elites urbanas


*todos os homens livres, maiores de idade, que la habitavam há um certo tempo e
nela trabalhavam ou possuíam bens eram denominados vizinhos. Destes se excluíam
nobres e clérigos, as mulheres (exceto viúvas), os judeus, mouros, estrangeiros, servos
e escravos.
*aos vizinhos competia a administração do concelho. Tratava-se de uma administração
comunitária. Eles integravam a assembleia, que era o órgão deliberativo do governo.
Conhecidas por posturas municipais, as decisões da assembleia dos vizinhos
regulamentavam questões econômicas relacionadas com a distribuição de terras,
aproveitamento de pastos e bosques, exercícios dos mesteres, abastecimento dos
mercados e tabelamento de preços, preceitos de higiene e manutenção da concordia e
bons costumes entre os moradores.
*a assembleia cabia a eleição dos magistrados:
- os alcaides ou juízes, supremos dirigentes da justiça
- os almotacés, encarregados da vigilância dos mercados, dos pesos, medidas e preços,
da sanidade, higiene e obras publicas.
- o procurador, o tesoureiro, representava externamente o concelho
-o chanceler, guardava o selo e bandeira do concelho
Todos os magistrados pertenciam a elite, chamados homens-bons. Eram proprietários
rurais, ou nas cidades, eram comerciantes. Desempenharam um papel fundamental na
reconquista e defesa do território a sul do Mondego. Por isso, a realeza os promoveu a
cavaleiros-vilãos. Serviam na guerra a cavalo, mereciam um tratamento judicial
reservado aos infanções e não podendo receber açoites, isentos do pagamento de
alguns impostos, preeminência politica, pois monopolizavam as magistraturas
municipais, evitando que os mesteirais as ocupassem.

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