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Resumos 10ºano

A GEOGRAFIA CULTURAL EUROPEIA DE


QUATROCENTOS E QUINHENTOS
Época Moderna (XV-XVIII)

Causas/ condições responsáveis pela expansão cultural- PORTUGUESES

 Abertura para o mundo, com as descobertas marítimas levadas a cabo pelos


portugueses e espanhóis e o consequente encontro de povos
 Revolucionam-se as técnicas e conhecimentos:
-Desenvolvimento da náutica e da cartografia (permitem o
conhecimento do espaço planetário)
-A pólvora e as armas de fogo fortalecem os povos do ocidente
-A imprensa, ou seja os caracteres metálicos e a prensa de impressão
(inventados por Gutemberg) espalham-se pelo muno e permitem: Expansão
cultural, intercâmbio de ideias e difusão de notícias.

Este contexto permite o surgimento do:

RENASCIMENTO- HOMEM COMO O CENTRO DO CONHECIMENTO

 Península Ibérica
Aderiu a este movimento através da criação de universidades e colégios de artes e
humanidades, que constituíram importantes focos do humanismo.

O COSMOPOLITISMO DAS CIDADES HISPÂNICAS

IMPORTÂNCIA DE LISBOA E SEVILHA

A Península Ibérica foi importante na europa do renascimento porque:

 Afluxo das mercadorias ultramarinas


 Conhecimentos geográficos e saber técnico
 Ambas eram cidades ricas
 Atraíam e acolhiam grande variedade de gentes
 Eram portas abertas para o mundo, ponto de partida e de chegada das rotas
transatlânticas.
 Pelo conhecimento de novas terras e novos povos, contribuem para a promoção do
renascimento

LISBOA
 Grande metrópole comercial, constitui um ponto de ligação entre a Europa, África,
Ásia e América.
 Ponto de encontro entre várias gentes, tripulações, soldados, mercadores,
funcionários da Alfândega, da casa da Guiné e índia, banqueiros e escravos.
 Estaleiros da Ribeira das Naus
 Bazares da Rua Nova dos Mercadores
 Casa da Guiné e Índia (produtos)
 Metrópole política, onde estava instalada a administração do reino e do Ultramar
 Paço da ribeira, nova morada do rei.
 O rei organizava os tráficos ultramarinos pela via do monopólio régio.
 D. Manuel leva a cabo uma reconstrução urbanística na cidade de Lisboa, construindo
vários edifícios e monumentos.

SEVILHA

A descoberta da América por Cristóvão Colombo, proporcionou à Espanha uma enorme


riqueza em ouro e prata.

No século VI, Espanha construi um enorme império territorial.

A cidade de Sevilha ocupa o papel de capital económica de Espanha, pois era nesta cidade que
tinha início e fim a carreira das índias, através da qual se fazia a articulação entre Espanha e os
territórios americanos.

Carreira das Índias:

 Em Abril/ Maio, o destino era Vera Cruz (México)


 Em Agosto, o destino era Cartagena das Índias (Colômbia)
 Estes dois portos recebiam as riquezas da América Central e do Sul: ouro, prata,
açúcar, couros e plantas tintureiras. A Vera Cruz chegava ainda pérolas e especiarias
das Filipinas. Promoveram também a circulação de pessoas

 A prosperidade destas potências ficou também a dever-se ao tráfico de seres humanos


(principalmente de África para a América)

O ALARGAMENTO DO CONHECIMENTO DO MUNDO

Os descobrimentos, nos séculos XV e XVI, permitiram aos portugueses um enorme


desenvolvimento dos conhecimentos técnicos e científicos.

Os portugueses, tanto pela inovação na náutica e na cartografia, bem como pela observação e
descrição da natureza, contribuíram para o alargamento do conhecimento do mundo e para o
progresso da civilização renascentista.

Inovação Técnica

Os portugueses, quando iniciaram a expansão marítima beneficiavam já de conhecimentos


trazidos pelos árabes e Judeus.
A navegação portuguesa no Atlântico fez com que as técnicas náuticas evoluíssem.
 Navegação à bolina – navegação em ziguezague, com sucessivas inclinações
oblíquas de velas, para vencerem os ventos contrários
 Caravelas– surgiram da necessidade de navegar à bolina. Tinham dois e mais
tarde três mastros com velas triangulares ou latinas, fáceis de manobrar e que
permitiam tirar partido de todas as variações do vento. Eram velozes, de forma
adelgaçada, com cerca de 15 metros de quilha e raramente pesavam mais de
150 toneladas.
 Nau e o Galeão – Surgem mais tarde, com as viagens ao oriente e à América.
Eram navios mais resistentes, maiores e com maior capacidade de
carga. Associavam à vela latina a vela redonda (ou quadrangular), tinham
entre 20 a 70 metros de quilha e, um peso 500 a 700 toneladas. Eram minudas
de artilharia e dominavam os oceanos.
 Navegação Astronómica – A Navegação por Rumo e Estima, utilizada pelos
marinheiros portugueses no regresso da Guiné e da Mina, que era feita com o
apoio da bússola e dos seus rumos e o cálculo por estimativa das distâncias,
revelou-se insuficiente. Para maximizar a navegação em alto mar, na segunda
metade do séc. XV , os portugueses, ensaiaram um conjunto de práticas
náuticas que deram origem à navegação astronómica:
 Simplificaram o astrolábio e o quadrante e inventaram a balestilha,
com eles mediam a altura dos astros.
 Socorreram-se de tábuas solares e de regimentos dos astros
 Descoberta da latitude

Cartografia

Antes da expansão marítima:


 Primitiva e simplista
 Planisférios T0 – terra apresentada como um disco plano, com 3
continentes e rodeada de oceano
 Um outro planisfério do séc. XV, decompunha a terra em zonas, em
que a zona equatorial e a polar eram inabitáveis.
 Estas representações não tinham caracter científico
 Algumas repreensões desta época, baseavam-se na obra do geógrafo
grego Ptolemeu (séc. II) e entendiam não ser possível passar do
oceano Atlântico para o indico por mar.

Com a expansão marítima:

 Verificou-se um aperfeiçoamento da cartografia


 Deram-se a conhecer, com boa exatidão, muitas regiões da terra
pouco ou mesmo desconhecidas.
 Os contornos de mares e terras tornaram-se mais rigorosos.
 As distâncias tornaram-se mais próximas da realidade.
 O cartógrafo alemão Henricus Martellus, com base na viagem de
Bartolomeu Dias, criou um planisfério, onde pela primeira vez se
representou o cabo da Boa Esperança.
 O planisfério Cantino, um dos mais famosos mapas da coleção de
cartas portuguesa de quinhentos, representa África com bastante
exatidão, bem como um largo trecho do litoral brasileiro. – serviu de
modelo a vários cartógrafos europeus na primeira metade do séc. XVI.
 Os cartógrafos portugueses eram os mais habilitados:
-introduziam troncos de léguas e escalas de latitudes
-Ilustravam os mapas com iluminuras que forneciam informações úteis
sobre povos, plantas e animais.
 A cartografia evoluiu por toda a europa, associando a ciência à arte.

Observação da natureza

A expansão marítima proporcionou aos portugueses uma atenta observação da natureza, que
revolucionou os conhecimentos nestas matérias:

 Adquiriu-se uma mais correta perceção de mares e continentes


 Explicou-se o funcionamento dos ventos e correntes marítimas
 Calcularam-se distâncias e latitudes.
 Provou-se que as zonas equatoriais eram habitadas
 Provou-se que a terra é esférica e que existem antípodas.
 Desenvolveram os conhecimentos sobre etnias, botânica, zoologia e cosmografia.
 Os portugueses descreveram a realidade observada – Ex: D. João de Castro, cujos
Roteiros descrevem com rigor a hidrografia de baías e portos, a determinação de
latitudes e magnetismo terreste.
 Os portugueses também descrevem de forma pormenorizada a fauna e flora de África,
Oriente e Brasil, dando a conhecer pela primeira vez animais como a girafa, elefante,
rinoceronte, frutos e plantas como o ananás, a manga, entre outros.
 A botânica e a farmacopeia orientais foram divulgadas por Tomé Pires, Garcia de Orta,
Cristóvão da Costa e Amato Lusitano

Ao negar e ao corrigir os antigos, os portugueses ajudaram a construir um novo saber, um


saber com base na experiência – o experimentalismo.

Experimentalismo – Todo o conhecimento deveria ser comprovado através da experiência


científica. Apoiados na observação da natureza, os novos conhecimentos, deitaram por terra
mitos dos sábios antigos.

O saber português dos séculos XV e XVI, ainda não era ciência:

 Resumia-se a observações e descrições empíricas da natureza


 Não era resultado de experiências efetuadas para verificação de hipóteses
 Não permitia elaborar leis e princípios universalmente válidos

Mas este saber português, contribuiu para o exercício do espírito crítico que constituiu a
base do pensamento moderno:

- Fez rever as verdades dos antigos

-Alastrou o sentido de curiosidade pelo mundo terreste, pela fisiologia do ser humano, pelo
movimento dos astros e pelo conhecimento do universo.
A produção cultural

 Renascimento: movimento cultural que revolucionou as artes, a literatura e a ciência e


teve origem em Itália, no século XV
 Humanista: intelectual dos séculos XV e XVI, que baseia o seu saber no estudo da
Antiguidade Clássica, conciliando com os valores do cristianismo. Defendem o
antropocentrismo e o individualismo
 Antropocentrismo- homem no centro do Universo. Distingue-se pela sua racionalidade
 Classicismo- consideração dos valores clássicos nas artes e na literatura como modelos a
imitar

Valorização da antiguidade clássica

 Base da inspiração humanista


 Estudo do grego e da língua latina
 No ensino- estudo do latim, grego, hebraico, literatura em prosa e em verso, da
história e filosofia antigas

Literatura:

 Imitação de autores greco-latinos


 Portugal- Camões com os Lusíadas onde glorifica os feitos dos portugueses (à
semelhança da Eneida)
 Afirmação das línguas nacionais
 Espírito crítico (por exemplo aos líderes da Igreja) - formação das utopias (sociedade
ideal) - utopia de Thomas More
 Estudo clássico- instrumento que possibilita o indivíduo o desenvolvimento das suas
capacidades

Ultrapassagem dos clássicos com o naturalismo:

1. PINTURA:
 Representação da figura humana
 Realizada sobre a tela ou óleo
 Variedade de cores
 Pormenorizada
 Efeitos de luz
 Paisagem- naturalismo
 Perspetiva- ponto de fuga, pirâmide visual, profundidade, volume de formas,
relevo
 Geometrização- formas geométricas (preferência para a piramidal)-
matematização
 Proporção – matematização
 Naturalismo- representações da natureza e das suas leis e do real –
expressividade, imperfeições, representação de sentimentos e de personalidades,
rigor anatómico.
2. Escultura:
 Humanistas e naturalistas
 Interesse pela figura humana
 Rigor anatómico e expressão fisionómica
 Equilíbrio e racionalidade
 Composição geométrica- piramidal
 Realismo
 Representação do nu

3. Arquitetura
 Matematização rigorosa
 Relações proporcionais entre várias partes dos edifícios
 Proporcionalidade no comprimento
 Presença de cubos e paralelepípedos
 Perspetiva linear (pirâmide visual)
 Linhas e ângulos retos – predomínio da horizontalidade

Renascimento em Portugal

 Séculos XV a XVI
 Gótico dá origem a um novo estilo arquitetónico- Manuelino

Gótico-manuelino:

 Fortes ligações às descobertas marítimas


 Arte heterogénea
 Manifestou-se na arquitetura e na decoração arquitetónica:
 Gótico final (plateresco e estilo mourisco)
 Naturalismo
 Exotismo das colunas
 Heráldica régia de D. Manuel (esfera armilar, cruz da ordem de Cristo, etc)
 Simbólica cristã
 Estilo gótico foi mantido com algumas alterações
 Arcos quebrados para uma profusão de arcos
 Abóbadas- redes complexas de nervuras
 Abóbada rebaixada
 Decoração- formas naturalistas

Arquitetura renascentista

A RENOVAÇÃO DA RELEGIOSIDADE E DA ESPIRITUALIDADE

Crise da Cristandade e da Igreja de Roma (séc. XIV e XV):

 Fomes, pestes e guerras que causaram uma enorme mortalidade geraram a crença
de castigo divino e final do mundo
 Imagem de desuniam que a igreja passava – Cisma do Ocidente: a cristandade
devia obediência a dois papas (um em Roma e outro em Avinhão)
 Os papas que surgiram após o final do Cisma, tinham uma conduta duvidosa face
ao modelo cristão:
-Tinham filhos a quem davam privilégios
- Acumulavam riquezas e honras
- Júlio II envolveu-se nas guerras de Itália como forma de aumentar o poderio
temporal do Vaticano
-Leão X escandalizou com o luxo da sua corte
 Bispos e prelados acumulavam benefícios e ausentavam-se das suas obrigações.

Consequências:

Alterações nas práticas religiosas

Críticas à igreja:

 Por sentirem desapoio da igreja, muitos fiéis dedicaram-se à superstição (feitiçarias) e


ao fanatismo ( sobretudo na altura da peste negra, realizavam-se procissões de
flagelantes – frequentes na Alemanha, Países Baixos e em certas regiões da França).
 Individualismo religioso da Devotio Moderna – movimento religioso mais intimista e
individualista, que apelava à espiritualidade interior e à relação mística do homem
com Deus. Reunia um conjunto de clérigos e leigos que promoviam uma filosofia de
desapego dos bens materiais, de devoção a Deus e ajuda ao próximo. Estes princípios
foram publicados na obra “Imitação de Cristo”, que exerceu uma enorme influência no
individualismo religioso dos finais da Idade Média.
 Surto de heresias:
- Em Inglaterra, 1380, Wiclif, pôs em dúvida a utilidade do clero e o valor dos
sacramentos, considerando a bíblia a única fonte de fé. O movimento dos lolardos,
padres pobres que se associaram aos camponeses na luta contra os senhores, esteve
associado a esta heresia.
- Estas ideias foram bem acolhidas na Boémia, Jan Huss (reitor da universidade de
Praga), defendeu a criação de uma igreja que não obedecesse ao Papa. – acabou na
fogueira
- O monge Savonarola, após denunciar os vícios do clero e do Papa e, de instigar á
revolta contra os Médicis, também foi condenado à fogueira.
- Os humanistas, denunciaram os abusos da igreja. Criticaram a corrupção e falsidade
do clero bem como a ambição dos Papas, cardeais e bispos.

Preparou-se o caminho para a REFORMA

Reforma da Igreja

Concretizou-se no séc. XVI com Martinho Lutero.

Cisma (ou divisão) ocorrido na igreja católica, que viabilizou o aparecimento das doutrinas
protestantes – o luteranismo, o calvinismo, o anglicanismo, entre outras.

Os credos protestantes têm como pontos comuns:


 A justificação pela fé
 A exclusividade da Bíblia como fonte da fé
 O sacerdócio universal
 A não aceitação da supremacia do papa

A reforma protestante foi despoletada pela questão das Indulgências.

Indulgências: perdão das penitências devidas pelos pecados praticados. São exemplo dessas penas
as orações, os jejuns, as peregrinações, donativos em dinheiro.

 No final da Idade Média, a compra de indulgências vulgarizou-se

Martinho Lutero revoltou-se e, em 1517 afixou na porta da Catedral de Wittenberg as “95 Teses
contra as indolências”:

 Onde acusava o papa e os dogmas da igreja


 Afirmava que a salvação depende da Fé e não de boas obras (como penitências ou
compra de indolências)

Impôs a sua doutrina e criou o luteranismo.

LUTERANISMO

A justificação pela fé é a grande base doutrinária da reforma praticada por Lutero:

 Nova doutrina da salvação


 O homem é um pecador, as suas obras serão sempre maculadas e nunca o
poderão salvar
 Só a fé em Deus poderá tornar o homem justo e conduzi-lo á salvação
 A fé é uma questão de eleição, de graça divina – Teoria da predestinação
(independentemente das ações praticadas, Deus determinava quem eram os
merecedores da fé. Deus escolhia uns para a salvação e outros estavam
destinados à condenação)
 A Bíblia é a única fonte de fé e autoridade doutrinal, rejeitando as publicações
dos padres da Igreja e as decisões dos concílios e, negou o monopólio papal na
interpretação das escrituras. Qualquer crente poderia ler a bíblia desde que
estivesse traduzida
 A missa em latim foi substituída por uma cerimónia litúrgica em alemão
 O culto da virgem e dos santos foi abandonado (não há necessidades de
mediadores entre Deus e o Homem)
 Rejeitou a distância entre clero e laicos pela proclamação do sacerdócio
universal
 O celibato e as ordens religiosas deixaram de existir
 Defendeu a renúncias da Igreja sobre os bens materiais, que passaria a
pertencer aos fiéis luteranos
 Negou o primado do papa. Nos países luteranos o chefe de estado – Criação
da Igrejas Nacionais Evangélicas
 Só reconheceu dois sacramentos: Batismo e Eucaristia (comunhão).
Considerou os restantes falsos, criados pelo homem e não por Deus.
 Relativamente á Eucaristia, rejeitou a transubstanciação e propôs a
consubstanciação, o sacerdote não transforma o pão e o vinho na carne e no
sangue de Cristo, o sangue e o corpo coexistem com o vinho e com o pão.

Conclusão: para Lutero a prática cristã define-se pela relação de cada um com Deus e não pelo
cumprimento de regras, leis e ritos estabelecidos pelo homem. A vida religiosa é uma ação de
amor a Deus a que se deve expressar fé.

O Protestantismo de Calvino (Calvinismo)

 Foi o movimento reformista mais importante que surgiu após a rutura Luterana
 João Calvino era francês, em 1536 fixou-se em Genebra e, publicou a tradução
francesa de “Da instituição da religião cristã” que contem o essencial da sua doutrina
 Baseava o cristianismo na justificação pela fé, no sacerdócio universal e na autoridade
exclusiva da Bíblia
 Introduziu alterações em relação ao Luteranismo, que davam um caracter mais
rigoroso á sua doutrina:
-Entendia a predestinação como absoluta, o ser humano jamais perderia a fé de
nascesse com ela
-Intolerância para com os outros credos (o fiéis calvinistas sentiam parte de um grupo
de eleitos – os predestinados)
- A marca da eleição fazia-se sentir logo em vida (um homem de negócios bem-
sucedido era um predestinado)
- Calvino defendeu que só a ele competia a interpretação da Bíblia
- Sacramentos: reconheceu o batismo e a Eucaristia apenas com a presença espiritual
de Cristo (Lutero admitia a presença real)
- A chefia da igreja não deveria ser entregue a chefes de estado, Calvino defendia a
supremacia da igreja em relação ao estado, o que o levou a transformar Genebra
numa Sociedade teocrática (dirigida por um consistório eclesiástico que perseguiu
católicos e protestantes
 O calvinismo propagou-se à França, aos principiados renanos da Alemanha, às
Províncias Unidas, Hungria, Boémia, Polónia, Inglaterra e Escócia.
 Obteve o apoio de nobres, burgueses, homens do ofício e eruditos

A REFORMA NA INGLATERRA: O ANGLICANISMO

A Reforma em Inglaterra teve um processo original:

1º Rutura com a igreja romana

Começou com Henrique VIII, que sem um filho varão, pretendeu anular o seu casamento com
Catarina de Aragão para se casar com Ana Bolena. O papa Clemente VII não permitiu e o
monarca rompeu com Roma. Proclamou-se chefe da igreja.

Embora tenha autorizado a tradução da bíblia para inglês, bem como a secularização dos bens
dos conventos, manteve-se fiel ao dogma católico.

2º Faceta Calvinista
Com Eduardo VI, a reforma aproximou-se do calvinismo:

-Reconheceu apenas os sacramentos do batismo e da Eucaristia (com a presença espiritual de


Cristo)

- Proibiu o culto das imagens e suprimiu os altares

No breve reinado de Maria Tudor há uma reconciliação com o catolicismo e perseguição dos
protestantes.

3º Anglicanismo

Com a subida ao trono de Isabel I, consolidou-se o protestantismo sob a forma de


anglicanismo, cuja carta doutrinal é a “Declaração dos Trinta e Nove Artigos” datada de 1563.

Anglicanismo

 Compromisso entre o catolicismo e o calvinismo


 Defendia a justificação pela fé (não aceita a predestinação absoluta)
 Defendia a autoridade eclesiástica da Bíblia
 Reconhecia o Batismo e a Eucaristia com a presença espiritual de Cristo
 Negava o culto dos santos, imagens e relíquias
 Aboliu o celibato dos padres, mas possuía uma hierarquia eclesiástica semelhante à
católica
 Os templos mantinham os altares e os órgãos onde se entoavam salmos.
 Isabel I foi considerada pelos católicos como uma “bastarda”, foi excomungada e
deposta pelo papa. Por sua vez, os calvinistas acusavam a igreja inglesa de ser
semelhante à católica e não lhes agradava o papel tutelar que a rainha sobre ela
exercia. Este rigor calvinista valeu-lhes a designação de PURITANOS.
 Católicos e Puritanos foram perseguidos por Isabel I.
 Isabel I fez da reforma um instrumento de reforço da autoridade real.

CONTRARREFORMA E REFORMA CATÓLICA

A resposta da igreja católica à dissidência protestante:

Contrarreforma – Combate doutrinário, ideológico e repressivo ao protestantismo.

Reforma católica – Renovação do catolicismo para ir ao encontro das expectativas dos crentes.

Instrumentos que permitiram levar a cabo a Reforma e a Contrarreforma

1. Concilio de Trento
2. Criação de novas congregações com o objetivo de difundir o catolicismo (ex.
companhia de jesus)

3. Ação da Inquisição e do Index

1. Concílio de Trento

Concílio – Assembleia de bispos e cardeais, presidida pelo Papa., para decisões importantes.
Convocado pelo Papa Paulo III, o concílio reuniu-se em 1545 em Trento (cidade do Tirol
Italiano). O concilio só terminou o seu trabalho em 1563.

Deste concílio resultou o seguinte:

 Em matérias de dogma e de culto

 Condenação do protestantismo
 Condenaram-se os princípios da predestinação e da justificação pela fé. As obras
humanas é que salvam as almas.
 Confirmou-se a existência do purgatório
 Manteve-se a bíblia em latim, rejeitando-se as traduções
 Proclamou-se como fontes de fé a Bíblia e a tradição, presentes nas obras dos padres e
da igreja, nas decisões dos concílios e nos relatos de milagres dos santos
 Mantiveram os 7 sacramentos (batismo, confissão, eucaristia (com a presença de
cristo na hóstia consagrada), crisma, matrimónio, penitência, extrema-unção
 Reforçou-se o poder do Papa
 Legitimou-se o culto dos santos e da virgem Maria

 Reforma disciplinar (para acabar com os abusos e condutas erradas do clero):

 Proibição da acumulação de benefícios eclesiásticos


 Residência obrigatória dos padres e dos bispos nas paróquias e dioceses
 Manutenção do celibato eclesiástico
 Proibição da ordenação de sacerdotes e bispos com idades inferiores a 25 e 30
anos, respetivamente
 Fundação de seminários diocesanos para a formação moral, intelectual e religiosa
dos futuros clérigos

Pio V, Gregório XIII e Sisto V, foram os 3 Papas reformadores que implementaram as decisões
do concílio de Trento:

- Redação de um catecismo romano (compilação dos princípios definidos em Trento)

-Redação de um breviário e um missal destinados a regular a oração e o culto

-Era necessário disciplinar a sociedade espiritual, impondo-lhes uma doutrina unânime

2)O proselitismo das novas congregações

Proselitismo – Atividade religiosa exercida com extremo zelo e fervor, com o objetivos de angariar
seguidores.

A companhia de Jesus:
 Surgiu no contexto da Contrarreforma e contribuiu para a renovação do
catolicismo.
 Foi criada por Inácio de Loyola e mais 6 companheiros, reconhecida pelo papa,
não parou de crescer.
 O seu proselitismo ajudou a expansão do catolicismo.
 O seu funcionamento era semelhante ao de um exército: o seu fundador tinha
formação militar, a ordem chamava-se companhia e era dirigida por um
general que superintendia as províncias
 Os jesuítas consideravam-se soldados de Cristo, faziam 4 votos: pobreza,
castidade, obediência ao superior e obediência ao Papa.
 Muitos dotados intelectualmente, viviam junto da população e tinham um
papel muito interativo:
- Missionários: chegaram a todos os pontos do planeta com as suas missões, através das quais
difundiam a fé cristã e ensinavam costumes e a cultura europeia
-Professores: tinham uma enorme rede de colégios com grande qualidade de ensino e grande
influência sobre os jovens.
-Pregadores: conseguiram, através dos seus sermões, recuperar para o catolicismo regiões
convertidas ao protestantismo.

3)Ação da Inquisição e do Index

O Índex (criado 1543)


 Combater a heresia protestante, afastando as leituras prejudiciais à
cristandade (escritos dos reformadores e obras de conteúdo humanístico)
 A Comissão do Índex criou uma lista das obras perigosas, que era atualizada
periodicamente
 Em 1564, o Papa PioIV publica o Index Librorum Prohibitorum, que englobava
Erasmo e toda a sua obra (foi aplicado apenas em Itália, Países Baixos, Baviera
e Portugal)
 Posteriormente, o Índex também contemplou personalidades como: Galileu,
Descartes, Newton e Leibniz – tendo consequências nocivas a nível cultural

A Inquisição

 Surgiu no Século XIII, quando o papa decidiu reprimir os focos de heresia que
assolavam a Europa católica.
 A atividade inquisitorial abrandou a sua atividade no final da época Medieval
 Foi exceção Castela, onde a pedido dos reis (para castigar judeus e mouros que
fingiram converter-se ao cristianismo),o papa autorizou a criação do tribunal
da Inquisição: Tribunal da igreja católica, criado no século XIII, tinha como
objetivo combater a heresia, bruxaria e quaisquer atitudes contrárias ao
catolicismo.
 Também foi chamado de Santo Ofício por se considerar que o combate á
heresia era uma causa santa.
 A atuação da Inquisição estendeu-se a toda a Espanha e, revelou-se tão
eficiente que após meio século, o papa Paulo III entendeu que a Inquisição
seria a solução para irradiar o protestantismo.
 O Cardeal Caraffa, foi encarregue pelo papa de reorganizar em Roma o
Tribunal da Inquisição.
 O tribunal romano, perseguiu além de protestantes, feiticeiros, cristãos-novos
e homens da ciência.
 Os processos eram instruídos com base em denúncias anónimas
 Os direitos dos réus era inexistentes , eram obrigados a confessar sob ameaça
de tortura.
 Os arrependidos eram presos, quem não se arrependesse era condenado à
morte.
 Os bens dos culpados eram sempre confiscados.
O IMPACTO DA REFORMA CATÓLICA NA SOCIEDADE PORTUGUESA

Portugal integrou-se nos movimentos de Reforma e contrarreforma da igreja católica.

Concílio de Trento e companhia de Jesus

- Contou com a presença de distintos membros da igreja católica, que aplicaram em Portugal
as diretivas do concílio.

- Os bispos passaram a residir nas dioceses e, a supervisionar a religiosidade, a moral e os


costumes da população.

- Instruído em seminários, o clero soube responder às necessidades da população e aproximá-


la de Deus.

- Com a entrada dos jesuítas em Portugal, chamados por D. João III, foi feita a missionação do
Oriente e do Brasil.

- Aos jesuítas, se deveu um desenvolvimento no ensino, tanto em Portugal como no resto do


império.

Inquisição e Índex

Na segunda metade do séc. XVI instala-se em Portugal um clima de intolerância religiosa:

- Em 1536, foi introduzido o Tribunal da Inquisição, que em 1540 instituiu a censura prévia

- Em 1547, o tribunal da Inquisição publicou o 1º Índex de livros proibidos.

- Os índexes portugueses eram rigorosos e violentos (atingiam obras, autores, impressores,


livreiros e leitores

-Surgiram acusações a humanistas (Damião de Gois) e a professores do colégio das artes. O


facto de conhecerem Erasmo ou de algum reformador, tornava-os suspeitos.

- Para além do protestantismo, a inquisição perseguia a bruxaria, a bigamia, a sodomia e a


blasfémia.

- Os perseguidos foram os cristãos-novos sobretudo judeus:

 Que se converteram ao cristianismo, mas secretamente continuavam a praticar a sua


religião.
 Os judeus sempre foram responsabilizados pela morte de Cristo
 Os negócios e a prosperidade dos judeus eram invejados pelos cristãos-velhos, que
temiam ser ultrapassados e perder direitos.
 Os cristãos-novos viviam permanentemente vigiados pelos vizinhos cristãos-velhos,
que os denunciavam se não jejuassem na quaresma, se recusassem a comer carne de
porco e, ou se dessem qualquer sinal de praticar a sua antiga religião.

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