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DOS IRMÃOS DA BEM-AVENTURADA VIRGEM MARIA DO

MONTE CARMELO

Aos Veneráveis Pastores da Santa Madre Igreja de Deus dos irmãos da Bem-aventurada Virgem
Maria do Monte Carmelo.

História do Carmelo

ORIGENS E DESENVOLVIMENTO INICIAL.

Os carmelitas surgiram dos cruzados estabelecidos no Monte


Carmelo da Galiléia no século XII. Ali estão no início do século
seguinte “ao exemplo e imitação do santo e solitário homem Profeta
Elias, junto à fonte que de Elias leva o nome, em cubículos como
colméias, onde como abelhas colhiam o mel divino da doçura
espiritual” (Jacques de Vitry, Historia Orientalis, c. LII). Tanto na época
como depois, os carmelitas nunca deram a alguém em particular o
título de fundador, permanecendo fiéis ao modelo de Elias, ligado ao
Monte Carmelo pelo episódio narrado em 1Rs 18, 20-45 (sacrifício e
nuvenzinha) e pela tradição patrística greco-latina. Construíram uma
capela e a dedicaram a Maria, Mãe de Jesus. Isto fez com que surgisse
neles o sentimento de pertença a Nossa Senhora como Senhora do
Lugar. Dela tomaram o nome e a ela deram os atributos dados ao
fundador e padroeiro. Em seguida o elemento mariano foi
enriquecido. A “forma de vida” – de acordo com o “propositum”
manifestado pelos eremitas – foi dada num ano não sabido entre
1206 e 1214 pelo patriarca de Jerusalém Santo Alberto. Ele, porém,
residia em São João de Acre. Antes de ir para a Terra Santa, tinha sido
bispo de Vercelli. Parece que, por causa das conhecidas restrições do
IV Concílio do Latrão, se julgou oportuno também pedir a
confirmação pontifícia. Esta foi concedida pelo Papa Honório III em 30
de janeiro de 1226.
Depois foi confirmada mais vezes até se tornar verdadeiramente uma
própria regra. Os Papas conduziram a Ordem do Carmo em direção ao
movimento dos Mendicantes, quando foi necessária a transferência
para o Ocidente por causa de instável situação política na Palestina. O
Papa Inocêncio IV, servindo-se de dois dominicanos, adaptou a regra
(a pedido de um capítulo geral da Ordem) e a confirmou
definitivamente no dia 1º de outubro de 1247.
A Ordem foi erradicada da Terra Santa com a caída do reino latino
(1291). Os conventos existentes na Palestina: do Monte Carmelo, de
São João de Acre e de Tiro desapareceram. No entanto
permaneceram com o título de Província da Terra Santa os conventos
da ilha de Chipre até 1571.

No final do século XIII a Ordem se tinha estendido pela Europa.


Contava com cerca de 150 casas agrupadas em 12 províncias. Sofreu
dificuldades internas de adaptação. Nicolau Gálico, que foi prior geral
depois da metade do século, tentou reconduzir os carmelitas à vida
puramente eremítica. Neste sentido, é célebre a sua Ignea Sagitta de
1270-71. Mas também houve dificuldades externas devido ao
ambiente contrário aos Mendicantes e à decisão do II Concílio de
Lyon (1274) de tolerar os carmelitas até nova decisão. O Papa
Honório IV os confirmou na prática, e pouco depois foram
confirmados de direito pelos papas Bonifácio VIII (05/05/1298) e João
XXII (13/03/1317 e 21/11/1326). Esta última data assinala a extensão
aos Carmelitas da bula Super cathedam, já concedida aos
franciscanos e dominicanos.

A história da Ordem se articula na obra de mais ou menos 130


capítulos gerais (o número não é de todo seguro devido às
incompletas informações relativas ao século XIII) e de mais de 90
entre priores gerais e vigários gerais apostólicos. Nos século XIV e XV
a Ordem seguiu nas grandes linhas as vicissitudes das outras Ordens
Mendicantes: o florescimento dos estudos, o enfraquecimento do
espírito religioso causado pelas calamidades em geral (peste negra[2]
(1347-1350), cisma do Ocidente, “claustralidade”). O esforço de
restauração através dos santos e dos movimentos de “observância”
mais ou menos vastos.

Em relação aos estudos, quando os carmelitas apareceram na Europa


as várias escolas já estavam formadas. Foram bastante ecléticos e não
tiveram até o século XIV prescrições precisas da cúpula da Ordem.
Recordamos os nomes de Gerardo de Bolonha (1240-1317), que foi o
primeiro mestre parisiense da Ordem e prior geral (1297-1317);
Roberto Walsingham (+ após 1312): Guido Terreni (1270 – 21.8.1342),
prior general (1318-21), depois bispo de Maiorca (1321-32) e Elne
(1332-42); Siberto di Beka (1260/70-1322?), o primeiro grande
liturgista da Ordem; João Baconthorp (1290?-1348) que interpretou
Averróis; Osberto Anglico; Paulo de Perugia (+1344+); Miguel Aiguani
(1320+-1400) exegeta, prior general (1380-6); Francisco de Bacon
(+1372?); João Brammart (+1407), cofundador da universidade de
Colônia; Francisco Martí; Tomás Netter ou Walden (+1431),
conselheiro, pregador e confessor de Henrique IV, V, e VI da
Inglaterra, por Martinho V foi chamado de «validus ensis Ecclesiae»
por causa de seus escritos contra Wicliff (Doctrinale antiquitatum
fidei Ecclesiae catholicae, 3 vol.).

A OBSERVÂNCIA

Os movimentos de reforma organizados tiveram início logo após a


reconstrução da unidade da Ordem (Capítulo geral de 1411), que
seguiu ao cisma. Foi a “Observância das Selvas”, surgida no convento
homônimo junto a Florença em 1412-3, depois uniu-se às reformas
dos conventos de Gironda na Suíça e de Mântua e se tornou a
Congregação Mantuana, aprovada pelo Papa Eugênio IV em
03/09/1442. Esta prometia a restauração do fervor da vida em
comum, renunciando também à mitigação da regra concedida por
Eugênio IV em 1435 (a data oficial no entanto é 15/02/1432), mas
manteve este ponto só por uns 20 anos. No período de maior
expansão teve 53 conventos e mais de 700 religiosos e em torno de
15 mosteiros femininos. Entre os seus homens mais ilustres,
recordamos: o beato Ângelo Agostinho Mazzinghi de Florença
(+17.8.1438, beatificado em 1721); beato Bartolomeu Fanti de
Mântua (+1495, beatificado em 1909); beato Battista Spagnoli,
também de Mântua (1447-1516, beatificado em 1885), seis vezes
vigário general da Congregação e três anos prior general de toda
Ordem, insigne humanista (mais de 50.000 versos latinos e outras
obras em prosa), chamado por Erasmo como o Virgílio cristão; beata
Joana Scopelli (+9.7.1491, beatificada em 24.8.1771), fundadora do
mosteiro de Reggio Emília; beata Arcângela Girlani (+25.1.1495,
beatificada em 1º.10.1864), fundadora do mosteiro de Mântua;
Alberto Leoni da Revere (1563ca-1642), reformador dos conventos de
Castellina e das Selvas (ambos perto de Florença) e em Florença
instituidor da «Obra dos catecúmenos» para a conversão de hebreus
e outros, e precursor da obra benefício aos dementes; João Domingos
Lucchesi (1652-1713), grande penitente. A Congregação Mantuana
teve freqüentes controvérsias com o prior geral da Ordem por causa
da visita canônica, especialmente nos dois primeiros séculos de
existência. Fui reunida ao antigo tronco da Ordem pelo Papa Pio VI
em 1783.

Outro movimento de observância foi na França a Congregação


Albiense, iniciada em 1499 com elementos da Congregação
Mantuana por obra do bispo de Albi, Luís d’Amboise. Foi aprovada
pelo Papa Leão X em 15/09/1513 e suprimida pelo Papa Gregório XIII
em 1º/05/1584, mas durou na prática até 1602. Teve poucos
conventos e esteve quase sempre em luta com os superiores gerais
da Ordem. Não se destacou pelo espírito interior devido às condições
gerais da França na segunda metade daquele século.

Ente os conventos individualmente que abraçaram vida mais austera


deve-se ressaltar o de Monte Oliveto, perto de Gênova, fundado por
Hugo Marengo – que também pertenceu à Mantuana – com a licença
do Papa Leão X em 02/08/1516. Mais tarde passou à imediata
dependência do prior geral e depois à Província Lombarda.

Até este período floresceram almas santas também fora dos


movimentos oficiais de reforma. Pode-se indicar: Santo Alberto de
Sicília (+1307, culto reconhecido em 1457 e 1476), considerado o «pai
da Ordem» porque é o primeiro de seus santos; Santo André Corsini
(1315?-1374, beatificado em 1440, canonizado em 1629), bispo de
Fiésole (1349-74); São Pedro Tomás (1305+-66), bispo
sucessivamente de Patti e Lipari, de Coron na Moréia, de Creta,
patriarca de Constantinopla, legado da Santa Sé em várias cortes da
Europa e do Médio Oriente, negociador da reunião dos Gregos com
Roma, principal fundador da faculdade teológica de Bolonha (1364),
chefe espiritual da cruzada promovida por Pedro de Lusignano
(1365); beato Franco de Sena (+1291?), grande penitente; beato
Nuno Álvares Pereira (1360-1431, beatificado em 1918), Grande
Condestável e herói nacional português, cujas façanhas foram
cantadas nos «Lusíadas» de Luís de Camões, depois «donato»
carmelita; beato Giacomino da Crevacuore (+3.3.1508, beatificado
3.3.1845), converso; beato Luís Rabatá (+1490, beatificado em 1841)
prior do convento de reforma de Randazzo na Sicília, celebrado pelo
perdão das ofensas; beata Francisca d’Amboise (1427-85, beatificada
em 1863), duquesa da Bretanha, depois carmelita, fundadora do
mosteiro de Bon Don (as primeiras carmelitas na França). Para o
século XV vai recordado o prior general beato João Soreth (1394+-
1471, beatificado em 1866), que, sob a base da regra mitigada pelo
Papa Eugênio IV, organizou nas províncias um vasto movimento de
reforma, que tomou dele o nome.

Também para os carmelitas a questão principal por longo tempo foi a


da reforma. As tentativas do século XV produziram notáveis frutos,
mas não sempre duradouros. No século seguinte se dedicaram a este
problema os grandes priores gerais Nicolau Audet (1481+ – 1562),
João Batista Rossi (1507-78) e João Batista Caffardo (+1592).
Audet, prior geral de 1523 a dezembro de 1562, percebeu que a
responsável última pela situação da Ordem era a Cúria Roma,
sobretudo por causa da praxe das dispensas que anulava na prática
toda tentativa séria de reforma. Uniu-se como os superiores gerais
das outras Ordens (foi amicíssimo de Seripando, dos agostinianos)
para uma ação comum. Contribuiu para manter vivo o problema que
em parte pôde ser resolvido ainda antes do término do Concílio de
Trento. No interior da Ordem promoveu a restauração da perfeita
vida comum, da clausura, da pobreza, da cura dos doentes, da
observância litúrgica, da formação dos noviços e do progresso nos
estudos, da prevenção e cura dos efeitos negativos da doutrina
protestante.

III. A REFORMA TERESIANA.

A obra de Audet foi retomada – em melhores condições devido à


publicação da reforma tridentina – pelo sucessor João Batista Rossi
(ou Rubeo) de Ravena (1562-78). Ele se encontrou diante às
dificuldades de crescimento da Reforma de Santa Teresa, iniciada no
ramo feminino com a fundação do mosteiro de São José em Ávila no
ano 1562 e no ramo masculino com a abertura do primeiro convento
em Duruelo no ano 1568..
A reforma promovida por Audet visava a restauração das antigas
prescrições e se pode dizer que ainda mantinha sua inspiração
medieval. Mas a insatisfação explodida com tanta violência na Igreja
tinha fundamento também na transformação dos tempos, que
também devia ser levada em conta. Por isto surgiram vária formas
novas de vida religiosa ou reformas das antigas Ordens. Pretendia-se
dar uma alma mais profunda às várias prescrições de caráter externo,
algumas das quais foram até mesmo agravadas. Tratava-se de uma
nova fórmula, pelo menos na interpretação, que para muitos parecia
a única válida e para vivê-la mais intensamente foram tentadas
também perigosas aventuras.

O Prior Geral Rossi captou o espírito formador deste novo curso e o


exaltou, desejando que se tornasse o fermento para toda a Ordem.
Em abril de 1567 ele se encontrou com Santa Teresa de Ávila e a
exortou a fundar tantos mosteiros femininos “quantos os cabelos que
tinha na cabeça”. Quanto aos religiosos, já antes que Santa Teresa
projetasse a extensão da sua reforma ao ramo masculino (para que as
monjas “descalças” pudessem ter ajuda espiritual dos seus
confrades), o prior geral Rossi tinha favorecido várias tentativas de
maior interiorização da vida, seja na Itália como na Espanha. Quanto
aos conventos dos descalços, ele permitiu, em 10 de agosto de 1567,
que se abrissem dois. Nestes os “contemplativos” deviam
permanecer sempre sujeitos à obediência do provincial de Castilha.
Sobre o número dos conventos ele próprio autorizou o seu aumento,
mas em relação ao território manteve a exclusão (datada em 1567
quando tinha faculdade apostólica) da Andaluzia por motivos
objetivamente graves. Surgiu um sério “conflito de jurisdição”,
sobretudo por causa do visitador apostólico, o dominicano Francisco
Vargas, que queria casa dos descalços na Andaluzia, e do núncio
Nicolau Ormaneto. O conflito teve fases dramáticas, em particular
depois que o capítulo geral de Piacenza de 1575, com autoridade
apostólica, impôs o fechamento dos conventos andaluzes, e o núncio
Ormaneto ajudou a quem se opôs a tal decisão. Um episódio da
controvérsia, porém, materialmente ligado principalmente a fatos
acontecidos no mosteiro da Encarnação em Ávila, foi o
encarceramento de São João da Cruz no convento de Toledo, de onde
conseguiu fugir nove meses mais tarde (dezembro de 1577 a agosto
de 1578). O conflito terminou no momento em que os descalços
obtiveram a província separada (breve Pia consideratione de 22 de
junho de 1580, atuada no capítulo de Alcalá de 3 de março de 1581).
O prior geral Rossi já tinha morrido e o seu substituto era João Batista
Caffardo (1578-92), que manteve boas relações com os descalços. Ele,
além disso, trabalhou na execução dos decretos tridentinos. No
capítulo geral de Cremona de 1593 (quando foi eleito João Estêvão
Chizzola), os descalços obtiveram a separação jurídica do velho
tronco. Neste meio tempo tinham elaborado constituições próprias e
tinha deixado o rito da Ordem pelo Romano, conseguindo um próprio
procurador junto ao Papa (breve Quae a praedecessoribus, de 20 de
setembro de 1586), e tinham se reunido em Congregação (breve
Cum de statu de 10 de julho de 1587), compreendendo 5 províncias e
governada pela rígida “Consulta” de 7 pessoas, das quais a principal
teve Nicolau Doria como vigário.

OS EFEITOS DA REFORMA PROTESTANTE.

Fora da Itália e da Espanha, os efeitos foram graves. No final do


século XVI, no capítulo de 1593, devia-se nomear 6 provinciais
“titulares”, em vez dos efetivos para as províncias que tinham sido
destruídas: Saxônia, Boêmia, Dácia (países bálticos), Inglaterra,
Escócia e Irlanda. Nomeou-se também o provincial titular da Terra
Santa, visto que a Província de Chipre (herdeira do título) tinha se
perdido com a tomada da ilha por parte dos turcos em 1571. Graves
foram também os danos nas províncias que conseguiram se manter
em pé, ou seja, as duas das Alemanha (Inferior e Superior) e as sete
da França, onde foram destruídos 20 convento e mortos vários
religiosos.
No início da reforma protestante vemos os carmelitas Teodoro de
Gouda na universidade de Colônia, Nicolau Edmundano e João van
Paeschen na de Lovaina, empenhados na luta contra Erasmo e
inovadores. Valiosos defensores da ortodoxia na Alemanha foram
particularmente André Stoss (1477?-1540), provincial da Província
Germaniae Superioris a partir de 1529, e Everardo Billick (1500+-57),
de 1542 provincial da Província Germaniae Inferioris. Este último
participou dos colóquios de Regensburgo e Ausburgo (1547s) e em
julho de 1547 foi encarregado por Carlos V da pacificação religiosa.
Na Dinamarca o último e grande defensor da Igreja Católica foi o
carmelita frei Paulo Elias, eleito provincial em 1522 (+ 1534?),
polemista e conselheiro dos bispos católicos. Na França se
distinguiram os provinciais Mateus Lelande (da França), Alberto
Jeannin (de Narbona) e Vital de Luperia (da Gasconha). Na Itália, Gian
Maria Verrati, da Congregação Mantuana, defendeu a doutrina
católica com numerosos escritos.

A contribuição dos carmelitas no Concílio de Trento nos seus três


períodos foi no total em torno de 40 participantes, entre padres e
teólogos. Os efeitos do protestantismo na Itália foram bastante
modestos, também por mérito das disposições adotadas nos
capítulos da Congregação Mantuana de 1527 e 534 e no capítulo
geral da Ordem de 1548.

MISSÕES.

As perdas causadas pelo protestantismo foram em parte


compensadas pelo aumento das casas na Itália (até de modo
exuberante, tanto que o Papa Clemente VIII, em 1592, autorizou o
prior geral de suprimir os conventos que causavam preocupações) e
no Novo Mundo, especialmente no Brasil (onde em 1606 havia 99
religiosos carmelitas em 6 conventos). A expansão na “Índias
Ocidentais”, mais que um intento missionário (não excluído, antes
positivamente previsto), foi querida como forma normal de
apostolado e um modo de defender a devoção a Nossa Senhora.

Grandes foram as dificuldades encontradas na América espanhola.


Parece que, no início, se tratava de iniciativas individuais. O primeiro
carmelita, que se sabe, a trabalhar nas Américas foi Gregório de Santa
Maria junto com Francisco de Montejo em Yucatán no ano 1527.
Houve conventos no Panamá por volta de 1535, em Nova Granada
(Colômbia) em torno de 1560 e em Santa Fé de Bogotá em 1569. No
tempo do prior geral Rossi vagavam pelas Américas religiosos
carmelitas por vários motivos. Ele tentou fazer com que se juntassem
e vivessem em convento. O Pe. Antonio Vásquez de Espinosa (+1630)
trabalhou nas missões e viajou pela América Latina “descobrindo
novos países” e escrevendo depois no livro Compendio y descripción
de las Indias Occidentales(editado muitas vezes, também em versão
inglesa em 1942) notícias da geografia, botânica, antropologia,
história civil e eclesiástica da América espanhola. A partir de 1588, a
Coroa da Espanha pôs repetidamente obstáculos à presença
carmelita e por fim ordenou que os carmelitas abandonassem as suas
fundações e voltassem pra a pátria, alegando como motivo que
tinham fundado conventos sem licença e que davam escândalos
recolhendo esmolas, mesmo se o objetivo era de piedade. As
autoridades locais, ao contrário, elogiavam a sua atuação.

Mais livre foi a ação no Brasil, onde os carmelitas foram oficialmente


convidados a ir em 1579 pelo cardeal Infante Henrique. Os quatro
carmelitas foram ao Brasil no ano seguinte. Com o tempo formaram 3
províncias religiosas.

Notáveis também foram os resultados obtidos nas Antilhas pela


Reforma de Touraine nas missões começadas em 1646 e duraram até
o tempo da Revolução Francesa.
Na Itália a reforma de Monte Santo ou Primeiro Instituto surgiu com
um objetivo missionário, mas as suas tentativas de abrir missões na
Palestina, em Chipre e na Pérsia faliram. Conseguiu só fazer trabalhar
alguns religiosos na Dalmácia, na região de Sebenico, por um período
de mais ou menos 20 anos.

A MAIS ESTRITA OBSERVÂNCIA

As boas esperanças suscitadas pela reforma dos descalços não se


tornaram de tudo desilusão para o resto da Ordem com a separação
de 1593. De fato, por mérito da chamada “reforma clementina”, isto é
de Clemente VIII, comum a outras famílias religiosas, e especialmente
reforma Touronense surgida na França no embalo entre os dois
séculos, a mais “estrita observância” fez sentir o potente sopro da
renovada espiritualidade.

Em Ennes, na província de Touraine, Pedro Behourt e, no estudo de


Paris, Luís Charpentier e Felipe Thibault deram início ao movimento
chamado de Reforma Tourunense (o nome é posterior). No capítulo
provincial de 1604, presidido pelo prior geral Henrique Silvio, foi
decidido de estendê-la a toda a província, e que de fato em 1619
tinha um vigário próprio e foi aprovada no capítulo geral do ano
seguinte. O organizador foi o Pe. Thibault (1572-1638): penitente do
cartuxo dom Beaucousin, ele se liga aos inícios da Escola Francesa e à
“invasão mística”. Esteve por longo tempo pelo menos duas vezes
com os carmelitas descalços, e portanto, pôde inspirar-se também
neles, especialmente à organização da observância religiosa. No mais,
para a instrução dos noviços em Rennes se usava o Stimulus
compunctionis do carmelita descalço João de Jesus Maria. Um outro
descalço Domingos de Jesus foi o censor dos estatutos de Rennes. Ele
introduziu a reforma na província Flandro-Belga (1624, obra
continuada depois pelos padres Martino de Hooghe e Livino da
Santíssima Trindade) e na da Aquitânia (reformada pelo Pe. João
Thuaut), em 1636 aceitou também as constituições reformadas
elaboradas no mesmo ano sob a direção do Pe. Leão de São João. Tais
constituições, em 1645, foram pedidas também pelas províncias da
França e de Tolosa; a da Provença naquele ano também foi reformada
com exceção de dois conventos; a de Narbona, em 1644, teve os seus
estatutos compostos pelo cardeal Ginetti. O mestre espiritual da
reforma foi o irmão converso cego João de São Sansão, cujo nome era
João Moulin (1571-1636).

A reforma fez progressos também fora da França. Foi a Província


Santo Alberto da Sicília a dar início à “mais estrita observância” com
os padres Desidério Placa e Alfio Licandro. Em 1619 teve início em
Catânia a reforma chamada de Primeiro Instituto ou de Monte Santo,
inspirada na reforma dos descalços, aprovada em 1621 pelo prior
geral Sebastião Fantoni (1612-23). Como já foi dito, para melhor viver
a vida espiritual, esta quis pôr o acento sobre o espírito missionário,
mas não obteve bons resultados, em parte devido a obstáculos
surgidos fora dela.

Em Nápoles no ano 1623, por obra de alguns religiosos do Convento


Carmine Maggiore, surgiu a reforma de Santa Maria da Vida. Foi
reconhecida como província autônoma em 1660, abrangia 8
conventos. Entre seus filhos mais ilustres recorda-se: Daniel Scoppa,
primeiro provincial; André Matelloni, grande pregador mariano;
Eliseu Vassallo e os conversos Paulino Zabata, Pedro da Cruz (morto
por contágio servindo aos apestados) e Estevão Pelosio, grande
penitente.

A reforma de Piemonte[3] ou de Turim foi instituída em 1633 em


Turim por Ludovico Bolla (+ 1635), que foi feito comissário pelo prior
geral Teodoro Straccio (1631-42) e teve como sucessor Domingos de
Santa Maria (1605-65). Os estatutos da reforma foram aprovados
pelo vigário geral Alberto Massari em 1642 e pelo capítulo geral de
1645, e em 1671 foi erigida em província. A reforma, porém, não
estava de toda estabelecida, tanto que o cardeal protetor Paluzzo
Altieri dos Albertoni, em 1685, chamou da Aquitânia o Pe. Valentim
de São João (1631-91). Entre seus homens ilustres se recorda:
Jerônimo Aymo (1621-1705), provincial, o os dois priores gerais
Jerônimo Aro (1660-66) e Paulo de Santo Inácio (1686-92).
Sucederam-se vários contrastes e uma reforma na reforma, concluída
em 1729.

No século XVIII aconteceu na Itália uma outra reforma, a de Santa


Maria Escada do Paraíso, iniciada em Siracusa em 1724 por obra do
Pe. Salvador Statella (1679-1728) e do venerável frei Jerônimo Terzo
(1683-1758, processo apostólico 1793). Junto com outros 7
conventos, em 27 de julho de 1641 a Reforma foi erigida como
província.
A reforma foi adotada também em outros lugares. Limitando-se às
formas de vida organizada, recorda-se: em Portugal foi iniciada no
convento de Santa Ana de Colares; no capítulo geral de 1686 se
estabeleceu que se devia fazer estatutos especiais e que os
reformados da província fossem chamados de “recoletos”. Pouco
depois a reforma foi introduzida em Goiana (Pernambuco – Brasil) e
se tornou província autônoma em 1744.
Na Alemanha trabalharam especialmente os padres Gabriel da
Anunciação e José da Circuncisão. Em 1660 as duas províncias alemãs
estavam reformadas. Também a Polônia teve uma província
reformada.

Este movimento de “mais estrita observância”, na prática, foi


suscitado pela Reforma Touronense, mas nem esta nem as outras se
constituíram numa congregação autônoma. Tratava-se sobretudo de
um espírito que se aceitava livremente e vivido dentro da Ordem.
Tanto que, paralelamente à “mais estrita observância”, havia aquela
comum, regulada também pelas constituições próprias, aprovadas no
capítulo geral de 1625. O capítulo de 1645 se preocupou de tornar
acessível todas as reformas as constituições da Touronense. Portanto
foi elaborada uma nova redação (com introdução de algumas
modificações desejadas pelo Papa Inocêncio X: os “artigos
inocencianos”), impressa em 1650. Esta devia ser a base de todas,
mas as reformas individuais podiam acrescentar estatutos
particulares (denominados também como “leis municipais”), como já
havia feito a província de Gasconha em 1639. Os 28 “artigos filipinos”
(assim conhecidos porque foram dados pelo prior geral João Antonio
Filippini, 1648-54) ditaram normas para a introdução da Touronense
nas outras províncias.

Destas constituições resulta que a “mais estrita observância”


pretendia renovar o espírito contemplativo da Ordem através da
meditação diária, um maior retiro e solidão nas celas, o silêncio e a
mortificação. De outro lado foram revogados os privilégios dos
graduados e restaurada a perfeição da vida comum. Foi revogada
também a “filiação” dos religiosos aos conventos individuais. Com
isto os religiosos ficaram mais livres no âmbito da província.

Os dois corpos de constituições (para os reformados e para aos


outros) permaneceram distintos até 1904, quando foram refeitas as
constituições turonenses para toda a Ordem. Com a promulgação do
CIC em 1917 as constituições foram readequadas ao código e
aprovadas em 1930. A atualização pós-conciliar produziu as
constituições de 1971. O novo CIC, publicado em 1983, provocou uma
nova versão aprovada no capítulo geral de 1995.

VII. SÉCULOS XVII e XVIII

Se é lícito argüir a partir do elevado número de casas e religiosos, os


séculos XVII e XVIII foram de intensas atividades para os carmelitas.
Trabalhou-se especialmente pela expansão da devoção mariana
através de escritos e dedicação às Ordens Terceiras e Confrarias do
Escapulário do Carmo. Cada convento ou mosteiro carmelita tornou-
se um centro de vida mariana. No início do século XVII havia 30
províncias e vicariados, com 693 conventos e mais de 12.000
religiosos. Os mosteiros femininos, sob a jurisdição da Ordem, eram
33 com mais ou menos 1.500 monjas (estes dados não incluem os
descalços, visto que já tinham se separado no final do século
anterior). A maioria dos conventos se encontrava na Itália, onde as
outras ordens religiosas também eram numerosas. Portanto nem
sempre era possível que a vida se desenvolvesse com garantia de
segurança econômica indispensável para observância regular. Por
isto em 1633 o prior geral Teodoro Straccio recebeu a faculdade de
fechar os pequenos conventos e depois a Sagrada Congregação dos
Religiosos, seguindo as decisões daInstaurandae regularis disciplinae
de Inocêncio X, declarou supressos 217 conventos carmelitas na
Itália, mas mais tarde 20 destes puderam continuar existindo sob a
autoridade dos bispos como delegados da Santa Sé. Além destes,
alguns foram fechados ou foram reabertos logo em seguida. Deste
modo, dos 503 conventos que existiam em 1650, o número baixa
para 322 em 1685. No século seguinte há um pequeno crescimento,
ou seja, aumenta para 353 em 1765. Também na França, onde havia 7
províncias e um convento generalício com um total de 122 casas e
1691 carmelitas, em 1669 o prior geral Mateus Orlando (1666-74), a
pedido de Clemente IX, fechou 19.
A atividade científica e literária nestes dois séculos registra notáveis
nomes.
Nas Ciências Sacras (outros autores serão indicados quando a
propósito da espiritualidade e doutrina mariana): os teólogos João
Antonio Bovio (1566?-1622), bispo de Molfetta; Antonio Marinari
Junior (1605-89); Pedro Tomás Cacciari (+ 1768); o biblista e canonista
João da Sylveira (1592-1687) e João Batista de Lezana (1586-1659).

Na literatura: Gaudenzio Roberti (1655-95), fundador do «Giornale


dei letterati» de Parma; Elias D’Amato (1668-1748), chamado
«Tirinarco» na academia dos Incultos de Montalto da Calábria;
Teobaldo Ceva (1697-1746); Agostinho Arcangelo (1661-1746),
tradutor de 127 volumes do francês (com o pseudônimo de Selvaggio
Canturani); Mariano Ruele (1699-?) na Arcádia «Gilasco Eutelidense»;
José Maria Pagnini (1737-1814), na academia «Eritisco Pileneio»,
tradutor das línguas clássicas.
Na bibliografia: os franceses Ludovico Jacob (1608-70) e Cosme de
Villiers (1683-?), cuja «Bibliotheca carmelitana» editada em 1752
continua sendo um indispensável repertório; os italianos Pellegrino
Antonio Orlandi (1660-1727, autoridade também no campo da
pintura) e João Batista Archetti (1700-65); o português Manuel de Sá
(1674-1735); o belga Norberto de S. Juliana (1710-57).
Nas ciências naturais e matemáticas recordamos os astrônomos
Pacífico Giuntini (1522-90); Paulo Antônio Foscarini (verdadeiro nome
Scaridini, 1565ca-1616), ficou célebre por causa da sua «Lettera»
publicada em Nápoles em 1615 defendendo as idéias de Galileu
sobre a mobilidade da terra; o matemáticos Elias Del Re (+ 1733) e
Elias Astorini (1651-1702) que entendia também de medicina, de
filosofia e foi profundo controversista teológico.

Na música ou sua teoria: Alexandre Tadei (1585ca-1667); Lourenço


Penna (1631-93); Jerônimo Filago Casati (1598-1677); Mateus Flecha
(1530-1604); Manoel Cardoso (1570-1650) e Manoel Correa (+1657).

Cultores da história da Ordem: o já recordado João Batista de Lezana;


Daniel da Virgem Maria (1615-78), autor do «Speculum
carmelitanum»; Ludovico Pérez de Castro (1635-89); João Batista
Guarguanti (1604-82); Carlos Vaghi (1644-1729); Mariano Ventimiglia
(1703-90); Eliseu Monsignani (+ 1737) e José Alberto Ximenez (1719-
80), editores — estes dois últimos — do «Bullarium carmelitanum»;
Serafim Potenza (1697-1763); José Pereira de S. Ana (1696-1759).

A Ordem teve também — de 1600 à revolução francesa — cerca de


80 bispo e alguns servos de Deus cujos processos encontram-se na
Congregação para as Causas dos Santos: Ângelo Paoli (1642-1720), o
«Pai dos pobres» em Roma; Jerônimo Terzo (1683-1758), fundador do
convento de Noto; João Domingos Lucchesi (1652-1714); Rosa Maria
Serio de S. Antonio (1674-1726); Serafina de Deus (1621-99), que foi
coordenadora de um grupo de mosteiros conhecidos também como
«Congregação do SS. Salvador»; a terciária Ângela Maria Virgili (1662-
1734).

VIII. SUPRESSÕES.

Em 1788, às vésperas da Revolução Francesa, a Ordem tinha 42


províncias e 3 vicariados (17 na Itália, 8 na França, 4 na Espanha, 5 na
Europa central, 4 no Brasil, 3 na Alemanha, 2 na Valônia e Bélgica, 1
em Portugal e 1 na Irlanda), cerca de 780 conventos e 15.000
religiosos. A tempestade das supressões já estava no ar há tempo. Em
1768 o edito da República Vêneta continha pontos sobre a vida
religiosa e no ano seguinte aconteceu o fechamento de conventos
religiosos, entre os quais 12 carmelitas. Em 1717, na Baviera foi
proibida a criação de novos conventos e no início de 1800 foram
supressos todos. Em 1778 o príncipe eleitor de Mogúncia (Mainz)
tirou do prior geral todos os poderes de jurisdição em seu território.
Foi imitado pelo bispo de Worms e pelo imperador José II na Áustria e
Bélgica. Também tomaram a mesma medida Leopoldo, irmão do
imperador, na Toscana, e Ferdinando IV na Sicília em 1788. O rei da
Sardenha Vitório Amadeu II pediu a união dos conventos em suas
posses no continente (Piemonte). Esta situação, que não tinha nada a
ver com problemas financeiros urgentes, determinou o pedido por
parte da Ordem para que fossem supressas e unidas ao seu tronco as
reformas de Piemonte, Monte Santo e Congregação Mantuana. Isto
foi concedido pelo Papa Pio VI com a bula Exigit em 21 de março de
1783 (uma declaração sucessiva, datada 30 de setembro de 1785,
esclarecia que a bula incluía também as províncias sicilianas de
Monte Santo e da Escada do Paraíso).
Na França as 8 províncias com seus 130 conventos foram supressos
em 1790 e os religiosos foram dispersos (vários sofrearam deportação
ou foram mortos: o mais conhecido destes é o Pe. Martinho
Pannittier, decapitado em Bordeaux em 21 de julho de 1794. Em 1925
foi iniciada a sua causa de beatificação). O convento de Paris foi
usado como cárcere e lugar de execução de 113 sacerdotes de várias
proveniências na “matança setembrina” de 1792.

Na Bélgica a supressão aconteceu em 1796, e em 1812 na Holanda,


onde permaneceu reconhecido só o convento de Boxmeer, que,
porém, até 1841 não podia receber noviços. A secularização na
Alemanha aconteceu entre 1801 e 1803. Também ali só se permitiu a
existência de um só convento, aquele de Straubing, mas com a
proibição de receber noviços.

A idéias francesas, transportadas pelos soldados do exército de


Napoleão, tiveram a sua influência também na Itália até se chegar à
supressão em 1810. O prior geral Timóteo Maria Ascensi já tinha sido
deportado para a França um ano antes.
Na Espanha, em 1772, o prior geral José Alberto Ximenez havia
supresso 6 conventinhos para dar maior respiro aos outros. A pedido
do rei Carlos IV, o Papa Pio VII, em 15 de maio de 1804, concedeu aos
carmelitas espanhóis – mais numerosos do que em outros lugares, se
dizia, e necessitados de renovada disciplina – um superior geral
próprio com paridade de direitos como o outro para o resto da
Ordem. Para se salvar a unidade se diria alternativamente a um prior
geral e ao outro vigário. A supressão na península Ibérica aconteceu
em 1832 em Portugal e em 1835 na Espanha, onde foram fechados
78 conventos.

Na Europa centro-oriental a província da Boemia foi danificada no


tempo de José II; os 34 conventos da Volínia, Lituânia e Rússia Branca
foram em grande parte supressos após a insurreição de 1832 e em
1863, permanecendo só 7 conventos da Galícia austríaca (estes
também foram supressos mais tarde).

No Brasil, o imperador dom Pedro II, em 1855, proibiu a aceitação de


noviços. Em 1890, das antigas e florescentes províncias só restavam 8
sacerdotes.
Conhecidíssimas são as supressões na Itália nos anos 1855-73. Dos
124 conventos carmelitas e cerca de 1.050 religiosos do ano 1850, em
1908 – portanto quando a restauração já tinha sido iniciada – havia
32 conventos com 212 religiosos; dos 82 conventos da Sicília só
permaneceram 6, com os quais, em 1903, se pensou em erigir um
comissariado.

RESTAURAÇÃO E ESTATÍSTICA ATUAL.

Apesar das leis de supressão foi possível salvar aqui e ali algum
convento, que foi a semente de restauração. Na Holanda se instituiu
em 1879 uma província que abrangia também o convento alemão de
Straubing. Em 1896 foi criado o Vicariado da Baviera. Na Espanha se
recriou uma província em 1889, que em 1906 foi dividida em duas.
Carmelitas bávaros, em 1864, lançaram nos Estados Unidos da
América para uma província reconhecida como tal em 1889. Em 1896
na ilha de Malta foi erigida uma província. Na França não se
conseguiu entrar: uma tentativa feita em Montpellier em 1878 foi
anulada dois anos mais tarde por leis contrárias.
Muito ativa foi a província da Irlanda. Em 1881 alguns carmelitas
irlandeses foram para a Austrália, outros, em 1889, partiram para
Nova Yorque. Em 1926 re-introduziram a Ordem na Inglaterra (hoje
Província Britânica), e em 1946 abriram missões na Rodésia
(Zimbabwe)
Muito notável também foi a obra da província da Holanda. Em 1904
assumiu a restauração do Carmelo Brasileiro na Província do Rio de
Janeiro; em 1923 abriu missões em Java (hoje província de
Indonésia). Em 1924 retomou as fundações na região da Renânia
alemã (erigida província em 1969) e em 1958 implantou a Ordem nas
Filipinas (hoje Comissariado Geral).

Mais lenta foi a restauração na Itália, se considerarmos o seu antigo


esplendor. Em 1909 a S. Congregação dos Religiosos consignou os
conventos remanescentes das províncias da Sardenha e da Romanha
para as províncias Romana e Toscana. Em 1987 deu-se início a um
caminha em direção a criação de uma federação entre as províncias
Romana, Toscana, Siciliana e o Comissariado de Vittorio Veneto, que
em 1989 chegou a uma unificação formando uma nova entidade de
uma única província chamada Italiana.

Na Espanha a restauração, iniciada em 1875, se propagou de Palma


de Maiorca às várias regiões, sendo em 1889 erigida a província de
Espanha, da qual posteriormente deu origem às atuais 4 províncias:
Arago-Valentina, Bética, Catalunha e Castilha. Em 1894 deram início à
restauração do Carmelo Brasileiro. Um duro golpe foi a guerra civil
que ensangüentou a Espanha entre os anos 1936-39, ceifando a vida
de 57 carmelitas. Porém, nos anos sucessivos se recompôs e se
abriram missões na América Latina. Em 1930 começou a restauração
em Portugal. A Ordem se refez também na Polônia, que contou com a
ajuda espanhola.

Após a Segunda Guerra Mundial, que causou graves danos e


destruição nos países da Europa, nos anos da reconstrução se nota na
Ordem um novo impulso não só de ministério e de ciência, mas
também a abertura de atividades missionárias propriamente ditas,
especialmente na África, Ásia e América Latina. Em 1990 houve o
retorno à França.

Em primeiro plano, oportunamente atualizadas segundo as diretrizes


do Concílio Vaticano II, estão as atividades paroquiais e no campo da
justiça e paz, unidas às formas tradicionais com o ensinamento, a
pregação, os retiros espirituais, o culto mariano, a assistência
espiritual às associações ligadas ao Carmelo, e outras formas em
resposta às exigências das várias Igrejas locais e das terras de
missões.
A Ordem tinha, em 31 de dezembro de 2005, 19 províncias, 3
comissariados gerais e 3 delegações gerais, distintas por sua vez em
diversos grupos operativos chamados “Regio”. Os 1960 religiosos
carmelitas estão presentes em 38 países dos cinco continentes. Os
conventos e casas são 392.

O ramo feminino é representado por 872 monjas de clausura em 75


mosteiros e por 3.286 irmãs de 15 institutos de vida ativa com 417
comunidades.
Sobre os terciários e leigos que vivem sob a sombra do Carmelo se
pode calcular um número aproximado de 3 milhões.

Como destaques individuais pode-se citar: o holandês frei Tito


Brandsma, o “jornalista mártir” morto no campo de concentração de
Dachau em 1942, e beatificado por João Paulo II em 1985; o polonês
frei Hilário Januszewki (1907-1945), beatificado em 1999; o alemão
frei João Brenninger (1890-1946), autor do célebre “Diretório
espiritual” e morto em conceito de santidade; o catalão frei
Bartolomeu Xiberta (1897-1967), eminente teólogo e experto no
Concílio Vaticano II.

A Ordem mantém missões na Indonésia e na África e desenvolve


atividades apostólicas em vários países da América Latina e nas
Filipinas.
São 11 os bispos carmelitas na atualidade.

Promotor de estudos específicos da Ordem é o Institutum


Carmelitanum (fundado em 30 de outubro de1951) em Roma, está
sob a imediata jurisdição do prior geral. Seu órgão divulgativo é
Carmelus (desde 1954). O órgão oficial da Ordem é a revista Analecta
Ordinis Carmelitarum (fundada em 1909).

Casa generalícia e procura geral: via Giovanni Lanza, 138 – 00184


Roma.
Fonti e collezioni generali: G.B. de Cathaneis, Speculum Ordinis
Fratrum Carmelitarum, Venezia 1507; I.B. de Lezana, Annales sacri et
elioni Ordinis b.mae V. Marine de Monte Carmeli, IV, Roma 1656;
Daniel a Virgine Maria, Vinea Carmeli seu historia eliani Ordinis,
Anversa 1672; Id., Speculum carmelitanum, 2 vol. in 4 t., ivi 1680;
Bullarium carmelitanum, ed. E. Monsignani-I.A. Ximenez, 4 vol., Roma
1715-68; C. Vaghi, Commentaria fratrum et sororum Ordinis b.mae
Mariae V. de Monte Carmelo Congregationis Mantuanae, Parma
1725; C. de Villiers, Bibliotheca carmelitana, 2 vol., Orléans 1752
(ried. anastatica, Roma 1927); M. Ventimiglia, Historia chronologica
priorum generalium latinorum Ordinis B.V. Mariae de M. Carmelo,
Napoli 1773 (ried. Anastatica, Roma 1929); Id., Il sacro Carmelo
italiano, ivi 1779; B. Zimmerman, Monumenta historica carmelitana,
Lirinae 1907; Acta capitulorum generalium Ordinis Fratrum B.V.
Mariae de M. Carmelo, ed. G. Wessels, 2 vol., Roma 1912-34; B.
Xiberta, De scriptoribus scholasticis saec. XIV ex Ordine
Carmelitarum, Lovanio 1931 (Bibliothèque de la Revue d’histoire
ecclésiaslique 6); Norbertus a S. Iuliana, Batavia desolata carmelitana,
sive notitia conventuum Fratrum Ordinis B. Mariae V. de M. Carmelo
in foederato Belgio olim sitorum, inAnalOC 8 (1932-6)371-584;
Antoine-Marie de la Présentation, Le Carmel en France, 7 vol.,
Toulouse 1936-9; Ambrosius a S. Theresia, Monasticon carmelitanum,
seu lexicon geographicum-historicum omnium fundationum universi
Ordinis Carmelitarum, in AnalOCD 22 e 23 (1950 e 1951), a puntate;
L. Saggi, La Congragazione Mantovana dei Carmelitani sino alla morte
del b. Battista Spagnoli (1516), Roma 1964 (Textus et studia historica
carmelitana 1); A. Staring, Der Karmelitengeneral Nikolaus Andet und
die katholische Reform des XVI. Jahrhunderts, Roma 1959 (Textus et
studia historica carmelitana 3); P.W. Janssen, Les origenes de la
réforme des C. en France au XVIIe siècle, L’Aja 1963. 19692. (Archives
internacionales d’histoire des idées 4); O. Steggink, La reforma del
Carmelo Español, la visita canónica del general Rubeo y su encuentro
con Santa Teresa (1566-67), Roma 1965 (Textus et studia historica
carmelitana 7); L. van Wijmen, La Congrégation d’Albi (1499-1602),
Roma 1971 (Textus et studia historica carmelitana11); C. Cicconetti, La
regola del Carmelo; origine, natura, significato, Roma 1973 (Textus et
studia historica carmelitana 12). Vari studi o indicazioni di essi nelle
riviste AnalOC; Carmelus(nel cui II fasc. di ogni anno, abbondante
bibl.); EphC (dei Carmelitani scalzi, ma spesso vi sono studi
riguardanti ambedue i rami dell’Ordine); Archivum bibliographicum
carmelitanum. Roma 1956- (anche questo degli Scalzi, ma con
indicazioni valide per tutto l’Ordine); Carmel (Olanda) 1948-68, poi
sostituito da Speling; The Sword, Downers Grove, III. USA, 1937-. —
StatOrdCongr, p. 8-9, nº 30; AnnPont 1974, p. 1154. Saggi, s. v.
Carmelitani Storia, in DIP, II, 460-476. Oltre alla bibliografia ivi indicata
cf.: J. Smet, O.Carm., The Carmelites, A History of the Brothers of Our
lady of Mout Carmel, 4 voll. in 5 tomi, Darien Ill., Carmelite Spiritual
Center, 1975-1985 (tradotto in varie lingue: spagnolo, olandese,
polacco, tedesco; l’edizione italiana, curata dal centro Stampa della
provincia d’Italia e dall’Institutum Carmelitanum di Roma, presenta
aggiornamenti bibliografici e appendici proprie); E. Boaga, O.Carm.,
Come pietre vive … per leggere la storia e la vita del Carmelo, Roma,
Institutum Carmelitanum, 1993 (esiste anche edizione in portoghese,
spagnolo e in preparazione inglese e francese).
Saggi

NOTAS
[1] Dizionario degli Istituti di Perfezione, vol. II col. 460-521, Edizioni
Paoline, Roma 1975. Alguns dados foram atualizados por Emanuel
Boaga e Wilmar Santin. Tradução: Frei Wilmar Santin, O.Carm.

[2] A Peste Negra foi uma epidemia que atingiu a Europa, a China, o
Oriente Médio e outras regiões do Mundo durante o século XIV
(1347-1350), matando um terço da população da Europa e
proporções provavelmente semelhantes nas outras regiões. A peste
não só dizimou a população como largamente destruiu a brilhante
civilização européia da baixa Idade Média, da construção das
catedrais e do Feudalismo, que foi substituída pela bastante diferente
civilização das Descobertas e do Renascimento, logo que a população
voltou a crescer.

A Peste na Europa

A peste responsável pela epidemia do século XIV surge durante o


cerco à colônia de Gênova, Caffa, na Criméia (Ucrânia), em Outubro
de 1347 pelos Tatares (um povo mongol ou túrquico) auxiliados pelos
venezianos. A peste matou tantos tatares que foram obrigados a
retirar-se, mas não sem contaminar a cidade. Nesta morreram tantos
habitantes que tiveram de ser queimados em piras, já que não havia
mão de obra suficiente para os enterrar. Constantinopla terá sido
infectada na mesma altura. Vários navios genoveses fugiram da peste,
indo atracar aos portos de Messina, Gênova, Marselha e Veneza, com
os porões cheios dos cadáveres dos marinheiros. A transmissão terá
sido feita pelos ratos pretos de Caffa, que transmitiram as suas pulgas
infectadas aos ratos destas cidades. Assim se explica que apesar de
algumas cidades terem recusado os navios, tenham sido infectadas
igualmente, já que os ratos escapavam pelas cordas da atracagem. “.

Assim descreve Bocaccio os sintomas: “Apareciam, no começo, tanto


em homens como nas mulheres, ou na virilha ou nas axilas, algumas
inchações. Algumas destas cresciam como maçãs, outras como um
ovo; cresciam umas mais, outras menos; chamava-as o povo de
bubões. Em seguida o aspecto da doença começou a alterar-se;
começou a colocar manchas de cor negra ou lívidas nos enfermos.
Tais manchas estavam nos braços, nas coxas e em outros lugares do
corpo. Em algumas pessoas as manchas apareciam grandes e
esparsas; em outras eram pequenas e abundantes. E, do mesmo
modo como, a princípio, o bubão fora e ainda era indício inevitável de
morte, também as manchas passaram a ser mortais”.

Uma das maiores dificuldades era dar sepultura aos mortos: “Para
dar sepultura a grande quantidade de corpos já não era suficiente a
terra sagrada junto às Igrejas; por isso passaram-se a edificar Igrejas
nos cemitérios; punham-se nessas Igrejas, às centenas, os cadáveres
que iam chegando; e eles eram empilhados como as mercadorias nos
navios”.

Em Avignon, na França, vivia Guy de Chauliac, o mais famoso


cirurgião dessa época, médico do Papa Clemente VI. Chauliac
sobreviveu à peste e deixou o seguinte relato: “A grande mortandade
teve início em Avignon em janeiro de 1348. A epidemia se apresentou
de duas maneiras. Nos primeiros dois meses manifestava-se com
febre e expectoração sanguinolenta e os doentes morriam em 3 dias;
decorrido esse tempo manifestou-se com febre contínua e inchação
nas axilas e nas virilhas e os doentes morriam em 5 dias. Era tão
contagiosa que se propagava rapidamente de uma pessoa a outra; o
pai não ia ver seu filho nem o filho a seu pai; a caridade desaparecera
por completo”. E continua: “Não se sabia qual a causa desta grande
mortandade. Em alguns lugares pensava-se que os judeus haviam
envenenado o mundo e por isso os mataram”.
No meio de tanto desespero e irracionalidade, houve alguns
episódios edificantes. Muitos médicos se dispuseram a atender os
pestosos com risco da própria vida.. Adotavam para isso roupas e
máscaras especiais. Alguns dentre eles evitavam aproximar-se dos
enfermos. Prescreviam à distância e lancetavam os bubões com facas
de até 1,80 m de comprimento.
Da Itália a doença espalhou-se pelo resto da Europa, atingindo a Grã-
Bretanha e Portugal em 1348 e finalmente a Escandinávia em 1350.
Algumas zonas foram inexplicavelmente poupadas, como Milão e a
Polônia.
Em Portugal a peste entrou no Outono de 1348. Matou entre um
terço e metade da população, segundo as estimativas mais credíveis,
e entretanto reduziu a Nação ao caos. Foram inclusivamente
convocadas as Cortes em 1352 para restaurar a ordem…On line:
<http://pt.wikipedia.org/wiki/Peste_negra > (27/11/2006)
[3] A primeira presença carmelitana na atual região do Piemonte
remonta à segunda metade do século XIII, quando os frades do
Carmelo chegaram em Asti. Ali, em 1250, contruíram uma pequena
igreja fora da cidade. Em 1269 se transferiram para o borgo Rilaio e
em 1335 para o beco S. Maria Nova, onde reconstruíram a igreja e
deram o nome de “Carmine”.
Fundaram depois os conventos de Vercelli (1275), Bassignana (1378),
Incisa (1412), Novara (1421 ou 1479), Moncalieri (1422), Cremolino
(1459), Dogliani (1480), Pino Torinese (1490), Racconigi (1493),
Vinovo (1498), Colletto (1506), Rivoli (1511), Torino (1524), Cherasco
(1527) e Alessandria (1589). Todos estes conventos pertenciam à
Província da Lombardia, que se estendia nas regiões de Piemonte,
Lombardia e Ligúria, e no início do século XVII tinha 36 conventos e
840 religiosos.
A Congregação Mantuana fundou em teritório pemontês 3
conventos: Casale Monferrato (1503), Furbine (1620) e Trino (1474).
Em Trino houve também um mosteiro de monjas carmelitas fundado
em torno de 1493.
O conventos carmelitas do Piemonte foram supressos entre 1799 e
1810 pela onda napoleônica e pela ação do reino da Itália do Norte.
Carisma

Um carisma é um dom de Deus para a Igreja e para o mundo. Uma


vez que ninguém pode esgotar as riquezas de Cristo, que é a imagem
perfeita de Deus (2 Cor. 4, 4), cada carisma existente na Igreja
exprime um aspecto da missão de Cristo na proclamação da Boa Nova
e, através da Sua morte e ressurreição, a missão de reconciliar a
humanidade inteira com Deus.

O carisma carmelita não é propriedade exclusiva da Família


Carmelita; nós somos depositários e temos o sagrado dever de o
transmitir às gerações frituras e de o partilhar com as pessoas com
quem convivemos. Naturalmente, cada geração deixa a sua marca no
carisma pela maneira como o entende e o vive. Que espécie de marca
deixaremos nós?

Nos anos sessenta, o Concílio Vaticano II exortou todas as Ordens


Religiosas a reexaminar as suas origens e a compreender melhor o
ímpeto inicial da sua fundação. Não se encontra, nos princípios da
Ordem Carmelita, um fundador famoso, mas um grupo de homens
que chegaram ao Monte Carmelo de várias partes da Europa e que
procuraram viver em obséquio de Jesus Cristo na terra onde Ele
próprio viveu e morreu. Mais tarde, este grupo, desejoso de uma
estrutura formal e de um reconhecimento oficial por parte da Igreja,
pediu a Alberto, Patriarca de Jerusalém, que lhe redigisse uma
fórmula de vida adaptada a eles. Ele acolheu o pedido dos eremitas
entre 1206 e 1214 e este documento foi aprovado como “Regra” pelo
Papa Inocêncio IV, em 1247, com algumas pequenas modificações
que permitiram aos eremitas carmelitas viver como frades no meio
do povo.

Esta Regra é inspiração para muitas e variadas formas de vida


carmelita no mundo de hoje. A Ordem do Carmo, como a maior parte
dos grupos religiosos antigos, atravessou momentos escuros e
momentos de luz na história da sua vida. Os Carmelitas Descalços
formam outro grande ramo do mesmo tronco e, hoje, as duas Ordens
mantêm excelentes relações e estão em diálogo contínuo.

Oração, Fraternidade e Serviço

O Carmelo centra-se em Jesus Cristo, a quem nós seguimos e nos


empenhamos em servir. Os grandes modelos da nossa forma de vida
são a Virgem Maria e o profeta Elias. Com eles temos também a
inspiração dos grandes santos do Carmelo: Santa Teresa de Jesus, São
João da Cruz, Santa Maria Madalena de Pazzi, Santa Teresinha do
Menino Jesus, o Beato Tito Brandsma e muitos outros. O valor central
do carisma carmelita é a contemplação entendida como uma íntima
relação com Deus em Jesus Cristo, que transborda numa vida de
oração e fraternidade, na qual procuramos servir o nosso próximo
conforme os nossos dons particulares e a nossa vocação. A
contemplação não é somente algo para alguns cristãos; todos somos
chamados a ser íntimos amigos de Deus e a nossa amizade com Deus
produzirá efeitos notáveis na vida quotidiana.

Não podemos amar a Deus, a quem não vemos, se não amamos o


nosso próximo, que vemos (1 Jo. 4, 20). Por isso os Carmelitas
exprimem o seu amor a Deus em qualquer tipo de serviço ao seu
próximo e procuram seriamente viver em harmonia com os seus
irmãos e irmãs. A Família Carmelita compreende religiosos e
religiosas que se dedicam ao apostolado e vivem em comunidade,
monjas de clausura que vivem a sua vocação em comunidade de vida,
de oração e de sacrifício pelo bem do mundo, eremitas e muitos
leigos que vivem em famílias ou sozinhos. Tentamos viver os valores
da oração, da fraternidade e do serviço, conforme a nossa vocação
particular.

Quando iniciamos seriamente uma relação com Jesus Cristo, esta nos
levará a um processo de transformação. Gradualmente, mudará o
modo como percebemos a realidade e vivemos no mundo. As vezes,
esta mudança pode ser dolorosa, porque nos vemos realmente como
somos, não como pensamos que somos, mas este sofrimento
transformar-se-á em alegria, quando, pouco a pouco, nos
convertermos naquilo que Deus sabe que podemos ser.
A Virgem Maria e o profeta Elias

Todos nós Carmelitas encontramos na Virgem Maria a nossa Mãe e


Irmã, que nos acompanha ao longo de toda a vida e continuamente
nos mostra, com o seu exemplo, como conservar tudo o que nos
acontece, de modo que possamos discernir a presença e a ação de
Deus na nossa vida (cfr. Lc. 2, 19). Ela teve e tem a mais íntima
relação com Jesus e anima-nos a estar junto d’Ele e a fazer tudo o que
Ele manda (Jo. 2, 5). Ela é o modelo da bem aventurança “felizes os
puros de coração”, e ensina-nos a reconhecer as nossas motivações e
a pô-las de acordo com os valores do Evangelho.

Também o profeta Elias, uma das grandes figuras do Antigo


Testamento, é, na sua experiência de Deus e na sua atividade
profética, uma inspiração para todos os Carmelitas; no monte Horeb
encontrou a Deus no silêncio (1 Re. 19, 12), em Israel denunciou a
injustiça e demonstrou o vazio da idolatria. Os Carmelitas procuram a
presença de Deus neles mesmos e ajudam outros a descobrir esta
mesma presença na própria vida e assim a fugir das redes dos
numerosos ídolos modernos que escravizam o coração do homem.

O futuro

O novo milênio orienta as nossas mentes para o futuro e para os


desafios que enfrentaremos. Os Carmelitas continuarão a servir a
Igreja e o mundo com vários tipos de apostolado. A fonte de toda a
atividade deve ser o resultado de uma relação viva com Jesus Cristo,
que se mostra no desejo de servir o povo de Deus.
Nossa Senhora do Carmo nos guie para a montanha santa, que é
Cristo Senhor, porque só nEle encontraremos a nossa verdadeira
felicidade. Desejo que todos os membros da Família Carmelita sejam
fiéis ao carisma que Deus nos deu para o serviço da Igreja e do
mundo.

Vocação
O nosso propósito de vida:

Viver em obséquio de Jesus Cristo e servi-lo fielmente com coração


puro e reta consciência. Seguir Jesus e servi-lo na Igreja, imitando os
modelos da Virgem Maria e do Profeta Elias.

De Maria aprendemos a ser de Deus para servi-lo no próximo


Maria é toda de Deus e convida-nos a ser todos de Deus, a louvar a
Deus com os nossos corpos, com o nosso serviço, o nosso
acolhimento, transformando as nossas relações com Deus e com o
próximo.

Maria ensina-nos o que significa “crer”!

Crer vem do latim, credere, “cor dare” – dar o coração, por isso, é
muito mais do que um simples consentimento ou a ausência de
qualquer dúvida.
Crer é entregar totalmente o coração, é colocar-se por completo à
disposição de Deus.

De Maria recebemos o Escapulário

A devoção a Maria exprime-se, entre os carmelitas, mediante o


Escapulário. O Escapulário é sinal e memorial da comunhão com os
irmãos da Ordem do Carmo, que se dedicam ao serviço de Nossa
Senhora para o bem de toda a Igreja. O Escapulário é um espelho da
humildade e da castidade de Maria; pela sua simplicidade ele
convida-nos a vivermos na modéstia e na pureza.

O espírito de Elias repousa sobre a Ordem do Carmo

Elias é o profeta da obediência à Palavra do Senhor. Procuramos,


como ele, viver na Presença de Deus, sob a nova Aliança sinalizada na
Eucaristia.
Reconhecemos na nossa vocação um chamamento ao ministério
profético, de denúncia e anúncio, de chamamento do povo à
obediência à Palavra de Deus.

O manto profético atravessa os séculos


Num mundo ainda marcado pelo pecado, na luta contra as
potestades espirituais e os poderes terrenos da maldade, Deus
levanta, no meio do seu povo, o seu Corpo, a Igreja, pessoas com o
carisma especial do profetismo.
A missão profética é irrecusável, é importante, e terá êxito pela unção
do Espírito de Deus.

O nosso carisma e compromisso:

Meditar dia e noite na Lei do Senhor, mantendo o espírito alerta por


meio da oração.
Celebrar a presença de Cristo na Eucaristia.
Partilhar a vida na fraternidade.
Servir a Igreja com espírito operoso.
Manter o espírito vigilante e silencioso na oração.

Estimados Pastores confiamos está Decisao a Virgem do Carmo que


ela ilumine e conduza os pastores filhos de Seu Filho diretíssimo a
perfeita sabedoria.

Redator:
-Padre Diogo Ferretti Melchiore

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