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HISTÓRICO DAS CONSTITUIÇÕES TERESIANAS

1562-1567 – Constituições Primitivas - que eram válidas só para o Convento S. José de Ávila.

1567 – O Geral da Ordem, João Batista Rossi, visita Ávila e muda as Constituições do Convento de
S. José que passam da jurisdição do bispo para a jurisdição da Ordem.
1567 – Se falam das Constituições Teresiano-Rubiana.

1581 – Constituições de Alcalá

1590 – Constituições de Sixto V

1592 – Constituições de Sixto V-Gregório XIV chamada de Doriana.

Com a expansão da Ordem para fora do território espanhol:


Itália – 1590 – Gênova
França – 1604 – Paris
Bélgica – 1607 – Bruxelas

Foram havendo adaptações e surgiram várias linhas constitucionais, e que se perpetuaram


entre os séculos XVII E XIX, em 5 linhas de observância Constitucionais:
- A linha Espanhola
- A linha Italiana
- A linha Francesa
- A linha Belga
- A linha Anglo-Belga

O texto Primitivo das Constituições de S. José de Ávila se perdeu quando entrou em vigor o
texto Teresiano Rubiano de 1567.
Este texto Teresiano Rubiano foi observado pelo Convento da Imagem de Alcalá de
Henares, este convento nunca dependeu dos superiores da Ordem, mas sim do arcebispo de Toledo.

O texto das Constituições de Alcalá de 1581, segundo a edição de 1588, foi observado, até
certo ponto, pelas linhas: Francesa, Belga e Anglo Belga.

O texto de Sixto V de 1590 não foi observado por nenhum Convento.

As Constituições de Sixto V-Gregório XIV – Dorianas de 1591 foram observadas na


Espanha e na Itália e deram origem mais tarde as Constituições da Congregação da Itália (1630) e
as próprias da Congregação da Espanha e Portugal (1616).

Até então, as Constituições das Carmelitas Descalças foram sendo adaptadas aos ambientes
e as culturas, mas a partir de 1630 se fecharam a toda evolução revitalizadora. Só no século XX,
depois da promulgação do Código de Direito Canônico (1917) é que se tenta fazer com que as leis
se adaptem e tenham sintonia espiritual novamente com o ambiente e respondam aos apelos que os
tempos requerem.

Depois de vários esforços de adaptação ao novo Código de Direito Canônico de 1917, se


chega à unificação das Constituições de todos os mosteiros do mundo em 1936, por querer e
mandato do Papa Pio XI, se faz um texto novo, derivado das Constituições da Congregação da
Itália.

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Mas o Vaticano II exigiu um novo passo na adaptação evolutiva das Constituições, e sua
adaptação ao sinal dos tempos. Esse trabalho fez surgir as Declarações aprovadas pelo Papa Paulo
VI em 1977.

VICISSITUDES HISTÓRICAS SOBRE AS CONSTITUIÇÕES

A mudança do texto Primitivo de S. José de Ávila para o texto Teresiano Rubiano de 1567,
não teve nenhuma dificuldade. Nem tampouco a substituição do texto Teresiano Rubiano pelo novo
texto de Alcalá em 1581, mudança essa, que foi acompanhada pela mesma Santa Teresa e o Padre
Gracián, esta adaptação também não causou qualquer problema.
Porém o novo texto proposto em 1590 pelo Papa Sisto V, a pedido de um grupo de monjas e
frades Descalços, foi recusado fortemente pelas autoridades dos Carmelitas Descalços. Os porta-
vozes dos 2 grupos, foram, de um lado, o Padre Gracián e a Madre Ana de Jesus que eram
favoráveis às novas Constituições, e do outro lado, o Padre Dória com a consulta na oposição.
Só se chegou a paz com a intervenção do Papa Gregório XIV (1591) que encerrou as
discussões e elaborou um novo texto.
A ruptura e a discussão surgiu por ocasião da ida á França das primeiras Carmelitas
Descalças em 1604. Uma vez lá, em vez de traduzir para o francês e editar as Constituições vigentes
de 1591, como tinha acontecido na fundação da Itália em 1593, foram traduzidas e impressas as
Constituições de Alcalá de 1588.
Esse andar para trás constitucional, e os desgostos das monjas fundadoras vindas da Espanha
acerca da jurisdição sobre as Descalças dos superiores franceses, suscitaram muitas discussões e
deram origem às variações constitucionais da linha francesa, Belga e Inglesa. Deu-se uma ruptura
de ordem jurídica, ficando alguns mosteiros sob a jurisdição dos superiores da Ordem, e que
observavam as Constituições vigentes na Congregação da Espanha e na Congregação da Itália; e
outros mosteiros ficavam sob a jurisdição dos bispos diocesanos e outros sobre a jurisdição dos
visitadores apostólicos, que observavam as Constituições de Alcalá com algumas modificações.

ENTRE 1562 E 1600 TEMOS 5 TEXTOS:

1º. TEXTO PRIMITIVO TERESIANO (1562-1567)


Redigido por Teresa e suas companheiras para as irmãs de S. José de Ávila.
Não chegou cópia até nós desse primeiro texto. Provavelmente foram destruídas, quando
foram publicadas a do Padre Rubeo para evitar confusões.

2º. TEXTO – TERESIANO- RUBEANO DE 1567


Chegando o Padre Rubeo a Ávila em abril de 1567, Teresa apresenta as Constituições que
regem o Convento de S. José. O Padre Rubeo as revisa, as manda examinar por alguns consultores,
e depois as aprova e promulga como obrigatórias para as futuras fundações de Carmelitas Descalças
na região da Castilha. Essas Constituições recebem alguns retoques.

3º. TEXTO – DE ALCALÁ DE 1581


Foi promulgado no dia 13 de março de 1581 no Capítulo Provincial dos Carmelitas
Descalços celebrado em Alcalá de Henares.
Este texto surgiu da necessidade de completar alguns pontos e uniformizar as práticas, pois
muitas coisas ficavam a critério da adaptação de algumas prioras.
Em 22 de junho de 1580 o Papa Gregório XIII separa os frades e monjas Descalças em
Província independente das demais Províncias Carmelitas existentes.
Santa Madre Teresa junto com o Padre Gracián convocam as monjas e pedem para elas
mandarem seus pareceres sobre os pontos das Constituições que deveriam ser aprovados no
Capítulo Provincial. E as monjas mandam um memorial para a Madre Teresa de Jesus, que deveria
revisar e apresentar os pontos a serem aprovados das novas constituições. Entre as recomendações
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da Santa feitas ao Capítulo se incluem as sugestões dos seguintes temas: sobre o veú, os vigários e
confessores, o número de monjas em cada comunidade, a liberdade de escolher confessores e
pregadores, as tocas, os jejuns, as orações, o jejum, as rendas, os títulos senhoriais, a abstinência, a
pobreza comum, os sufrágios, a clausura, a conventualidade das fundadoras etc.
Participam da revisão das Constituições das monjas Jerônimo Gracián e Nicolás Doria.
As Constituições de Alcalá mudam radicalmente a estrutura das Constituições de 1567.
A de 1567 era dividida em 3 partes: 1º. Observância regular; 2º. Ofícios e Capítulo; e 3º.
Culpas e penas.
As de Alcalá seguem a estrutura da regra de Santo Alberto, e é composta de 20 capítulos,
acrescenta-se um capítulo sobre os ofícios e outro sobre o Capítulo, e conclui como as antigas
Constituições Carmelitanas com 5 capítulos sobre as culpas e penas.
O Padre Gracián se encarregou de imprimir a obra e apareceu em um pequeno tomo de
14x10cm e com 78 páginas no ano de 1581, dedicadas à Santa.
Em 1588 surge uma 2ª. edição dessas Constituições, que é corrigida e ampliada e é impressa
na cidade de Madri.

4º. TEXTO CONSTITUIÇÕES DE SISTO V, 1590


A origem dessas Constituições se devem a luta do Padre Gracián e Ana de Jesus contra o
governo da Consulta, que o Padre Doria instituiu como instância de decisão máxima sobre os frades
e as monjas. O amor das carmelitas às Constituições deixadas pela santa Madre Teresa antes de sua
morte, mediante a legislação de Alcalá em 1581, e depois confirmada no ano de 1588 pelo núncio
Speziano, fazem com que elas travem uma verdadeira guerra. A consulta queria deliberar e decidir
(os conselheiros e vigário geral) sobre pequenos assuntos dos conventos das monjas e sobre as
pessoas. Reagindo contra essa intromissão indevida, Gracián formou uma coalizão com algumas
Madres, e recorreu à Santa Sé pedindo para não se submeter ao governo da Consulta, e também que
a Santa Sé garantisse a intocabilidade das Constituições de Alcalá, que estavam sendo modificadas.
E em princípio de 1589 Gracián e algumas Prioras, a saber: Ana de Jesus de Madri, Isabel de Santo
Domingo de Zaragoza, e Maria de S. José de Lisboa, enviam um sacerdote a Roma para fazer um
recurso pedindo ao Papa para não haver deturpação das Constituições das monjas Carmelitas
Descalças.
O papa Sixto V exclui a Consulta do governo das monjas e institui um vigário ou visitador
para assisti-las. E confirma as Constituições de Alcalá, que são revisadas e depois impressas
novamente em latim. Em 1590 sai a nova edição das Constituições, que são impressas em Roma, Ee
após serem revisadas, são aumentadas em alguns pontos.
O breve papal anula todas as outras Constituições das monjas observadas até então.
No entanto, essas constituições nunca serão observadas por nenhum mosteiro.
Ao tomar conhecimento dessas novas Constituições, o Padre Doria faz uma exposição
elencando às mudanças dessas novas Constituições:
- Segundo ele as Constituições foram modificadas em mais de 40 lugares.
- Se dão às monjas 3 superiores com igual poder: o Geral da Ordem do Carmo; o vigário
geral dos Descalços; e o comissário para as monjas.
- As prioras poderão se re-eleger até durante 25 anos consecutivos;
- Precisa-se de licença para que as monjas saiam do convento, e inclusive para fundar.
- Se aumentou para mais de 20 monjas por convento, e os que não tem rendas, só podem
chegar a 14.
- Se proíbe que as monjas falem com os frades, inclusive sob graves censuras.
- As Constituições novas não obrigam a pecado mortal.
- Propõe-se que se adote novamente o estilo de rezar da Ordem do Carmo abandonado pelos
Descalços.

Quinto texto - Constituições de Sisto V- Gregório XIV – 1592


Esta é a última e definitiva solução do conflito entre os superiores da Ordem com as monjas.
Os superiores da Ordem mandam a Roma o seu próprio procurador para apresentar suas
propostas e recorrem ao Rei Felipe II, para que o Papa favoreça a Consulta. Ou seja, esse
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procurador pede que se aprove as Constituições dos frades feitas no Capítulo de Madri de 1590 e
que revogue o breve ‘salvatoris” sobre o governo das monjas e que elas guardem as Constituições e
breves que haviam antes do breve de Sixto V.
Em 25 de abril de 1591 Gregório XIV firma o breve “Quoniam non ignoramus”, em que
procurar moderar as diferenças entre os 2 grupos (da Consulta e das monjas):
Quanto aos pedidos da Consulta, a Santa Sé não aprova as Constituições dos frades do
Capítulo realizado em Madri em 1590.
O novo breve concede à consulta somente tratar das culpas e dos casos gravíssimos. A partir
de então, se suprime o cargo de visitador das monjas, e se restitui aos provinciais os cargos que lhe
competiam de governo ordinário das monjas.
Quanto às constituições das monjas, se cede às propostas dos superiores da Ordem nos
seguintes pontos:
- Que não hajam re-eleição das prioras, a não ser por mais um triênio, Sixto V concedia a re-
eleição durante até 25 anos seguidos.
- Que as monjas recitem o ofício divino como os frades, ou seja, usem o ofício romano,
Sixto V tinha voltado ao rito jerosolimitano.
- Que o Provincial proveja de confessores e pregadores as monjas, e não a Priora como
concedia Sixto V.
- Que as fundadoras possam voltar a seus mosteiros de origem quando os superiores o
considerarem oportuno, sem recorrer a Santa Sé.
- Que os conventos de renda ou que não tenham renda não tenham mais do que 21 monjas.
- Que as monjas não tenham nada próprio e nem propriedades sem a permissão da priora.
- Que as constituições não obriguem nem a pecado mortal nem a venial.

O breve chegou à Espanha em julho do mesmo ano 1591 e o Padre Doria no dia 12 de julho,
comunica às monjas a chegada do breve “Quoniam non ignoramus”, ele recorda que elas pediram
“sem conhecimento da Ordem” o breve de Sixto V em 1590 e conseguiram o de Gregório XIV a
pedido de Felipe II. Esse breve revoga o anterior, e Doria elenca as mudanças ocorridas nas
Constituições das monjas. Promete a edição latina e castelhana das Constituições o quanto antes. E
o Padre Doria descarregou todo o seu veneno nessas linhas que escreve: “saibam que as ordenações
de Gregório XIV foram feitas a pedido de sua majestade Felipe II, e as outras do breve de Sixto V
vossas reverências que pediram. Por tudo isso, já que a Ordem não tem mais nada a ver com isso,
espero que estejam todas do agrado de vossas reverências”.

Para o Padre Doria foi um golpe duríssimo, pois derrubou sua forma de governo, a Consulta,
com a não aprovação das Constituições dos frades, e com a redução da influência dele sob o
governo das monjas. Ficando circunscrito somente aos casos gravíssimos. Lhe foi tirada toda a
autoridade sobre as constituições das monjas. A ele competia somente obedecer ao Papa e inserir no
texto latino de Sixto V as normas que o breve “Quoniam non ignoramus” tinha substituído. Ele
deveria traduzir para o castelhano e dar para as monjas para a sua exata observância. E o tradutor
fez um texto com uma linguagem e vocabulário próprio, tirando todo o estilo suave da Madre
Teresa e do Padre Gracián. Com essas Constituições desaparecem definitivamente da legislação das
monjas o sabor e a linguagem da Santa Madre Teresa.
Porém, essas constituições têm uma nota cômica. Essas constituições de 1592 são chamadas
de Constituições do Doria ou Dorianas. Porém, isso não passa de uma ironia da história, porque
para ninguém foi mais amarga, do que para ele, estas leis das monjas carmelitas, que marcaram o
início e o fim da Consulta, que Doria defendeu como a sua própria vida. Doria se opôs a elas o
quanto pode, quando se apresentaram como Constituições de Sixto V em 1590, chegando inclusive
a abandonar nas mãos do núncio o governo das Carmelitas Descalças; depois, tentou através do seu
procurador e usando a influência do rei Felipe II, que se cancelasse as Constituições de 1590, sem
conseguir; procurou também mudar as Constituições em muitos pontos, mas não conseguiu; e por
fim, estas Constituições foram impostas pelo breve “Quoniam non ignoramus” de 1591 e teve que
recebê-las como imutáveis e definitivas. Mas depois de 1592, quando as Constituições são
aprovadas por Clemente VIII, essas leis seguiram sendo odiosas para ele, que de todas as formas
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tentou abandonar o governo das monjas, e inclusive o rei Felipe II recebeu uma comunicação de
Roma, nesse sentido. E ainda por fim, ficou para ele a tarefa de adaptar as Constituições segundo as
diretrizes do breve e traduzi-las para o castelhano. E não é à toa, que nessas Constituições se
tenham apagado os traços e o tom bem teresianos, e ao texto tenha sido dado um tom estritamente
jurídico.

Em 1600, os frades se dividem em 2 ramos: Contemplativo e Missionário. E houve novas


adaptações das leis da Congregação Italiana e da Congregação Espanhola.

As Constituições das monjas seguem sofrendo transformações;


A Congregação da Espanha faz uma revisão das Constituições das monjas em 1616.
A Congregação da Itália faz uma revisão das Constituições das monjas em 1630.

CONSTITUIÇÕES DE BRUXELAS DE 1621


O Papa Paulo V tinha pedido no dia 26 de janeiro de 1610 para os Carmelitas da Itália
assumirem sob sua jurisdição e governo as Carmelitas Descalças da Bélgica. E nesse mesmo ano, os
frades do Convento de Bruxelas ficam encarregados do governo das monjas.
No entanto, a situação logo se complicará. Ao confrontar a realidade e a vida das Carmelitas
da Bélgica e as Constituições que elas seguem que são as da Congregação da Itália, surgirão
desacordos e dificuldades, como por ex: em relação à nomeação de confessores e ao trato com as
pessoas de fora e etc.
Esse desacordo das Carmelitas da Bélgica se dá entre a Madre Ana de Jesus e os superiores
da Ordem, não somente em relação a alguns pontos concretos das Constituições, mas em relação a
algo mais radical: os superiores da Ordem exigiam que se observassem as constituições de Sixto V
– Gregório XIV de 1591, por outro lado, as monjas defendiam que só estavam obrigadas a observar
as Constituições de Sixto V de 1590. A ata do Definitório de 27 de abril de 1613, determina que se
resolva essa questão das monjas da Bélgica no próximo Capítulo Geral de 1614.
Esse desacordo radical nasceu da existência de 3 textos constitucionais das Carmelitas
Descalças: o de Alcalá de 1581, o de Alcalá corrigido por Sixto V em 1590, e o texto de Sixto V
moderado por Gregório XIV em 1591.
No fundo está em jogo uma questão de autonomia e de liberdade de escolha, e o medo das
monjas de serem tiranizadas pelos superiores.
Mas as monjas de Bruxelas cometeram um equivoco. Elas acreditavam que as Constituições
que usavam, e que foram impressas em Bruxelas em 1607, eram as de Sixto V, mas na verdade,
eram as Constituições de Alcalá de 1581, segundo a edição de Madri de 1588. Esse equivoco se deu
porque as constituições de Sixto V foram publicadas só em latim em Roma no ano de 1590.
Diante da ameaça dos superiores da Ordem de abandonarem o governo das monjas, muitos
conventos passaram para a jurisdição dos bispos, e este foi o caso do grupo Anglo-Belga.
No capítulo geral de 1614 se determinou que os frades continuassem com o governo das
monjas da Bélgica e da Polônia, e que seguissem as Constituições de Sixto V e Gregório XIV, com
alguma moderação. Em relação à questão dos confessores, o Definitório manda que além dos
confessores da Ordem, se assinalem 3 ou 4 onde hajam conventos de monjas e a quem elas possam
recorrer.
Em 1616 João de Bretigny e a Madre Ana de Jesus editam as Constituições que estão em
uso, as de Bruxelas de 1607, colocando numa nota à parte, a petição da Madre Ana, e a ampliação
do número de confessores que foi obtido no Definitório extraordinário de 1614.
Em 1621 surge outra edição corrigida e melhorada das Constituições segundo a edição
francesa de 1607, tendo inseridas em seus lugares as moderações de Gregório XIV, e ignorando
totalmente os pontos mudados por Sixto V. E o Definitório assume esta edição e a usa como ponto
de partida para chegar a um acordo entre a Ordem e as monjas Descalças que queriam ser fiéis a sua
obediência.
O Capítulo Provincial da França de 1632 aprovou que as comunidades de Descalças que
estivessem dispostas a aceitar o governo da Ordem, deveriam seguir essas Constituições seguidas
em Flandes (de 1621).
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CONSTITUIÇÕES TERESIANO-BERULIANAS DA FRANÇA (1603- 1937)

Em 1603 – Quando o Papa Clemente VIII erige o Convento de Paris, o coloca sob a
jurisdição de um visitador apostólico, que era o comissário geral dos Carmelitas Descalços na Itália.
E enquanto os Carmelitas Descalços não fundassem na França, a visita das monjas seria realizada
pelo Geral dos Cartuxos, e o governo imediato, ficaria confiado a 3 administradores, que eram
sacerdotes seculares, a saber: Santiago Gallemant, Andrés Du Val e Pedro Bérulle.
Em 1606 – Como o Geral dos Cartuxos não aceitou ser visitador das Carmelitas Descalças
da França, no dia 9 de novembro desse ano, o Papa Paulo V mudou a jurisdição das monjas da
França, de ora em diante, independente da vinda dos frades ou não para a França, o governo das
monjas ficaria a cargo do núncio de Paris, e sob sua autoridade ficariam os 3 sacerdotes seculares
administradores dos Carmelos. Portanto, as monjas da França vão ter outra configuração jurídica: os
carmelos franceses não vão mais depender da Ordem e do Prepósito Geral da Itália, mas
diretamente do núncio de Paris.
E quando em maio de 1611, os frades Carmelitas Descalços fundam o seu primeiro convento
na França, em Paris, Ana de Jesus e Ana de S. Bartolomeu seguem a contra gosto essa obediência
ao núncio.
Em 1614 – acontece uma mudança jurídica completa. No dia 17 de abril deste ano, o Papa
Gregório XV, através do breve “Cum pridem”, exclui de cuidar do governo dos conventos de
Carmelitas Descalças da França, tanto os frades Carmelitas Descalços como o núncio de Paris, e o
concede a Pedro de Bérulle e a seus sucessores, os Superiores Gerais do Oratório por ele fundado.
Em 1620 Bérulle dá a conhecer esse breve, que suscitará violentas polêmicas com os frades e com
as monjas Descalças. O governo das monjas dado a Bérulle, a pedido do rei da França, é
confirmado por meio de 3 breves pontifícios entre 1620-1623.
Em 1630 – Morre o cardeal Pedro Bérulle, e os oratorianos renunciam a este cargo de
superiores das Carmelitas Descalças da França. Mas o Papa Urbano VIII, não concedeu a jurisdição
aos Carmelitas Descalços, mas a devolveu ao núncio de Paris, ao qual caberia nomear os
administradores e visitadores das Descalças. Este regime perdurou até a Revolução Francesa em
1789.
Depois da Revolução, com o Concordato Napoleônico de 1800, todas as monjas claustrais
da França, foram rebaixadas a classe de irmãs de votos simples, até após a primeira Guerra Mundial
de 1914-1918, elas ficaram submetidas ao governo dos ordinários, e ainda hoje é assim.

PRIMEIRO TEXTO: CONSTITUIÇÕES FRANCESA DE 1607


Desde a fundação do Carmelo de Paris em 1603, de 1603 a 1606 se observam as
Constituições de 1592.
Mas em 1607 é editada novas Constituições na França e que seguem as Constituições de
1588.
Nessas constituições, se segue a seguinte estrutura:
- Introdução
- A Regra primitiva de Santo Alberto
- O texto das Constituições de 1588
- O breve “Salvatoris” de Sixto V em 1590
- Algumas ordenações finais

Na capa está escrito: Contitutions des religieuses Carmélites de la prémiere observance,


nominée les dechaussées, faites et ordonées avec esprit divin par la mére Thérese de Jésus, premiere
fondatrice du dite ordre, approuvées par les supériores et capitres génèraux et provinciaux et depuis
approuvées et confirmées du S. Siége apostolique, comme appert par les bulles et brefs concedées à
la dite religion, tant de notre saint pére le Pape Grégoire XIII, que de Sixte V et de ses successeurs,
jusqu’á clement viii, que aussi les a confirmées et approuvées avec force, de perpetue memóire”.
Afirma que o texto foi composto pela Madre Teresa e aprovado pelos Capítulos Gerais e
Provinciais da Ordem e pelos Papas. Que contradição! E isso vai causar inúmeras confusões, pois

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nesse texto já no No. 1 dizia “que as monjas estão sujeitas ao Geral da Ordem carmelitana
Descalça”.

2º. TEXTO: CONSTITUIÇÕES REFORMADAS DE 1616


Em 1616 surge um segundo texto, ao que parece, este texto foi preparado tal como o
primeiro, por João de Quintanadueñas de Brétigny, em colaboração com a Madre Ana de Jesus, e
foi editado em Dole, Bélgica, em terrítório sob a jursidição espanhola.
E neste texto aparece pela primeira vez a dupla jurisdição da Ordem: se menciona a
obediência das Descalças aos Gerais e Provinciais da Ordem, como diziam as Constituições de
1607 No No. 1, E no No. 2 se acrescenta a obediência das Carmelitas da França ao cardeal Bérulle.
Agora se indicam 2 ramos de observância, um da Ordem e outro do ramo francês Beruliano.

TERCEIRO TEXTO: AS CONSTITUIÇÕES TERESIANO- BERULIANAS DE 1623


A passagem definitiva para o estabelecimento do texto constitucional das Carmelitas
Franco-Berulianas se deu com a edição de 1623.
Nesse texto se elimina toda referência aos frades Carmelitas Descalços e ao outro ramo da
Ordem, E se centra tudo de forma exclusiva na linha Galo-Beruliana: A profissão se faz nas mãos
dos 3 visitadores e administradores. A autoridade em relação aos Mosteiros corresponde a Bérulle
pessoalmente e a seus sucessores no Oratório. Se elimina do texto os sufrágios de irmandade entre
frades e monjas Descalças e o número que remetia às leis dos frades como códigos suplementares,
quando as Constituições das monjas se tornavam incompletas também desapareceu. E finalmente,
se muda também o estatuto das irmãs leigas.
No Século XIX Surgirão Muitas Tensões entre os Carmelos cada vez mais numerosos que
seguiam a observância da Ordem, e concretamente, seguiam as Constituições da Congregação da
Itália de 1630, e as que seguiam as Constituições da França de 1623. As monjas que seguiam a
observância da Ordem diziam que as Constituições Berulianas não estavam aprovadas pela Santa
Sé. Essas Constituições, como tal, nunca foram propostas à Santa Sé, para serem aprovadas.

4º. TEXTO – CONSTITUIÇÕES FRANCESAS DE 1924


As Constituições Teresiano-Berulianas foram submetidas a revisão, como todas as demais,
depois de ter sido promulgado o Código de Direito Canônico em 1917. O texto usado para a revisão
foi a edição do Carmelo de Poitiers de 1865 e foi mudado em poucos pontos, concretamente
somente no ponto que falava dos Visitadores tal como exigia o Direito Canônico. Este texto foi
aprovado pela Congregação dos Religiosos no dia 11 de fevereiro de 1924, e imediatamente
editado.
Porém, após poucos anos de observância, Pio XI em 1937, obrigou todos os conventos de
Carmelitas Descalças no mundo a aceitar as Constituições Teresianas preparadas pelas Descalças
que seguiam a observância da Ordem e que foram aprovadas pela Sagrada Congregação dos
Religiosos em 1926.

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA:
- Antonio Fortes. Textos constitucionais de las carmelitas descalças (1562-1982). Monte Carmelo,
vol 3, 96 (1988) pp. 509-550; vol 1, 97 (1989) pp. 89-125; vol 3, 97 (1989) pp. 483-516; vol 2, 99
(1991) pp. 335-363.

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