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1562-1567 – Constituições Primitivas - que eram válidas só para o Convento S. José de Ávila.
1567 – O Geral da Ordem, João Batista Rossi, visita Ávila e muda as Constituições do Convento de
S. José que passam da jurisdição do bispo para a jurisdição da Ordem.
1567 – Se falam das Constituições Teresiano-Rubiana.
O texto Primitivo das Constituições de S. José de Ávila se perdeu quando entrou em vigor o
texto Teresiano Rubiano de 1567.
Este texto Teresiano Rubiano foi observado pelo Convento da Imagem de Alcalá de
Henares, este convento nunca dependeu dos superiores da Ordem, mas sim do arcebispo de Toledo.
O texto das Constituições de Alcalá de 1581, segundo a edição de 1588, foi observado, até
certo ponto, pelas linhas: Francesa, Belga e Anglo Belga.
Até então, as Constituições das Carmelitas Descalças foram sendo adaptadas aos ambientes
e as culturas, mas a partir de 1630 se fecharam a toda evolução revitalizadora. Só no século XX,
depois da promulgação do Código de Direito Canônico (1917) é que se tenta fazer com que as leis
se adaptem e tenham sintonia espiritual novamente com o ambiente e respondam aos apelos que os
tempos requerem.
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Mas o Vaticano II exigiu um novo passo na adaptação evolutiva das Constituições, e sua
adaptação ao sinal dos tempos. Esse trabalho fez surgir as Declarações aprovadas pelo Papa Paulo
VI em 1977.
A mudança do texto Primitivo de S. José de Ávila para o texto Teresiano Rubiano de 1567,
não teve nenhuma dificuldade. Nem tampouco a substituição do texto Teresiano Rubiano pelo novo
texto de Alcalá em 1581, mudança essa, que foi acompanhada pela mesma Santa Teresa e o Padre
Gracián, esta adaptação também não causou qualquer problema.
Porém o novo texto proposto em 1590 pelo Papa Sisto V, a pedido de um grupo de monjas e
frades Descalços, foi recusado fortemente pelas autoridades dos Carmelitas Descalços. Os porta-
vozes dos 2 grupos, foram, de um lado, o Padre Gracián e a Madre Ana de Jesus que eram
favoráveis às novas Constituições, e do outro lado, o Padre Dória com a consulta na oposição.
Só se chegou a paz com a intervenção do Papa Gregório XIV (1591) que encerrou as
discussões e elaborou um novo texto.
A ruptura e a discussão surgiu por ocasião da ida á França das primeiras Carmelitas
Descalças em 1604. Uma vez lá, em vez de traduzir para o francês e editar as Constituições vigentes
de 1591, como tinha acontecido na fundação da Itália em 1593, foram traduzidas e impressas as
Constituições de Alcalá de 1588.
Esse andar para trás constitucional, e os desgostos das monjas fundadoras vindas da Espanha
acerca da jurisdição sobre as Descalças dos superiores franceses, suscitaram muitas discussões e
deram origem às variações constitucionais da linha francesa, Belga e Inglesa. Deu-se uma ruptura
de ordem jurídica, ficando alguns mosteiros sob a jurisdição dos superiores da Ordem, e que
observavam as Constituições vigentes na Congregação da Espanha e na Congregação da Itália; e
outros mosteiros ficavam sob a jurisdição dos bispos diocesanos e outros sobre a jurisdição dos
visitadores apostólicos, que observavam as Constituições de Alcalá com algumas modificações.
O breve chegou à Espanha em julho do mesmo ano 1591 e o Padre Doria no dia 12 de julho,
comunica às monjas a chegada do breve “Quoniam non ignoramus”, ele recorda que elas pediram
“sem conhecimento da Ordem” o breve de Sixto V em 1590 e conseguiram o de Gregório XIV a
pedido de Felipe II. Esse breve revoga o anterior, e Doria elenca as mudanças ocorridas nas
Constituições das monjas. Promete a edição latina e castelhana das Constituições o quanto antes. E
o Padre Doria descarregou todo o seu veneno nessas linhas que escreve: “saibam que as ordenações
de Gregório XIV foram feitas a pedido de sua majestade Felipe II, e as outras do breve de Sixto V
vossas reverências que pediram. Por tudo isso, já que a Ordem não tem mais nada a ver com isso,
espero que estejam todas do agrado de vossas reverências”.
Para o Padre Doria foi um golpe duríssimo, pois derrubou sua forma de governo, a Consulta,
com a não aprovação das Constituições dos frades, e com a redução da influência dele sob o
governo das monjas. Ficando circunscrito somente aos casos gravíssimos. Lhe foi tirada toda a
autoridade sobre as constituições das monjas. A ele competia somente obedecer ao Papa e inserir no
texto latino de Sixto V as normas que o breve “Quoniam non ignoramus” tinha substituído. Ele
deveria traduzir para o castelhano e dar para as monjas para a sua exata observância. E o tradutor
fez um texto com uma linguagem e vocabulário próprio, tirando todo o estilo suave da Madre
Teresa e do Padre Gracián. Com essas Constituições desaparecem definitivamente da legislação das
monjas o sabor e a linguagem da Santa Madre Teresa.
Porém, essas constituições têm uma nota cômica. Essas constituições de 1592 são chamadas
de Constituições do Doria ou Dorianas. Porém, isso não passa de uma ironia da história, porque
para ninguém foi mais amarga, do que para ele, estas leis das monjas carmelitas, que marcaram o
início e o fim da Consulta, que Doria defendeu como a sua própria vida. Doria se opôs a elas o
quanto pode, quando se apresentaram como Constituições de Sixto V em 1590, chegando inclusive
a abandonar nas mãos do núncio o governo das Carmelitas Descalças; depois, tentou através do seu
procurador e usando a influência do rei Felipe II, que se cancelasse as Constituições de 1590, sem
conseguir; procurou também mudar as Constituições em muitos pontos, mas não conseguiu; e por
fim, estas Constituições foram impostas pelo breve “Quoniam non ignoramus” de 1591 e teve que
recebê-las como imutáveis e definitivas. Mas depois de 1592, quando as Constituições são
aprovadas por Clemente VIII, essas leis seguiram sendo odiosas para ele, que de todas as formas
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tentou abandonar o governo das monjas, e inclusive o rei Felipe II recebeu uma comunicação de
Roma, nesse sentido. E ainda por fim, ficou para ele a tarefa de adaptar as Constituições segundo as
diretrizes do breve e traduzi-las para o castelhano. E não é à toa, que nessas Constituições se
tenham apagado os traços e o tom bem teresianos, e ao texto tenha sido dado um tom estritamente
jurídico.
Em 1603 – Quando o Papa Clemente VIII erige o Convento de Paris, o coloca sob a
jurisdição de um visitador apostólico, que era o comissário geral dos Carmelitas Descalços na Itália.
E enquanto os Carmelitas Descalços não fundassem na França, a visita das monjas seria realizada
pelo Geral dos Cartuxos, e o governo imediato, ficaria confiado a 3 administradores, que eram
sacerdotes seculares, a saber: Santiago Gallemant, Andrés Du Val e Pedro Bérulle.
Em 1606 – Como o Geral dos Cartuxos não aceitou ser visitador das Carmelitas Descalças
da França, no dia 9 de novembro desse ano, o Papa Paulo V mudou a jurisdição das monjas da
França, de ora em diante, independente da vinda dos frades ou não para a França, o governo das
monjas ficaria a cargo do núncio de Paris, e sob sua autoridade ficariam os 3 sacerdotes seculares
administradores dos Carmelos. Portanto, as monjas da França vão ter outra configuração jurídica: os
carmelos franceses não vão mais depender da Ordem e do Prepósito Geral da Itália, mas
diretamente do núncio de Paris.
E quando em maio de 1611, os frades Carmelitas Descalços fundam o seu primeiro convento
na França, em Paris, Ana de Jesus e Ana de S. Bartolomeu seguem a contra gosto essa obediência
ao núncio.
Em 1614 – acontece uma mudança jurídica completa. No dia 17 de abril deste ano, o Papa
Gregório XV, através do breve “Cum pridem”, exclui de cuidar do governo dos conventos de
Carmelitas Descalças da França, tanto os frades Carmelitas Descalços como o núncio de Paris, e o
concede a Pedro de Bérulle e a seus sucessores, os Superiores Gerais do Oratório por ele fundado.
Em 1620 Bérulle dá a conhecer esse breve, que suscitará violentas polêmicas com os frades e com
as monjas Descalças. O governo das monjas dado a Bérulle, a pedido do rei da França, é
confirmado por meio de 3 breves pontifícios entre 1620-1623.
Em 1630 – Morre o cardeal Pedro Bérulle, e os oratorianos renunciam a este cargo de
superiores das Carmelitas Descalças da França. Mas o Papa Urbano VIII, não concedeu a jurisdição
aos Carmelitas Descalços, mas a devolveu ao núncio de Paris, ao qual caberia nomear os
administradores e visitadores das Descalças. Este regime perdurou até a Revolução Francesa em
1789.
Depois da Revolução, com o Concordato Napoleônico de 1800, todas as monjas claustrais
da França, foram rebaixadas a classe de irmãs de votos simples, até após a primeira Guerra Mundial
de 1914-1918, elas ficaram submetidas ao governo dos ordinários, e ainda hoje é assim.
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nesse texto já no No. 1 dizia “que as monjas estão sujeitas ao Geral da Ordem carmelitana
Descalça”.
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA:
- Antonio Fortes. Textos constitucionais de las carmelitas descalças (1562-1982). Monte Carmelo,
vol 3, 96 (1988) pp. 509-550; vol 1, 97 (1989) pp. 89-125; vol 3, 97 (1989) pp. 483-516; vol 2, 99
(1991) pp. 335-363.