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A CONTRA -REFORMA
E 0 ALEM -MAR
Tempo de reforma
episcopal'. Mas já nesse ponto, em meio a simples reafirmaçao da cais as quais a Igreja devia se adaptar. Descobriram -se rnais do
tradicâo eclesiástica romana, percebe-se o movimento de avanço que nunca, uma religiao folciorizada, moralidades impudicas
a luz
do catolicisrno e cia Igreja, fruto da profunda autocrItica de tem- dos mandamentos, e urn clero paroquial não somente desprepa-
pos idos, e que marcaria decisivamente o conjunto das sociedades rado, mas integrado a vida da comunidade, cujo dia -a -dia so p0
-
européias e näo européias nos Tempos Modernos. deria indicar o triunfo absoluto do Demônio na Terra. A que atri-
Resguardando seu meio contra a difusão luterana ou calvi- buir tantas epidemias, corno a Peste Negra, as guerras fratricidas
nista, insinuando avanços em novos territórios, a Contra -Reforma em solo cristao, as resistências e os avancos dos infieis e tantas
não esgotou, entretanto, no episódio do ConcIlio, nern se limi-
se
outras calamidades, señâo a fragilidade da Igreja ante os pecados
tou a reagir acuada contra a onda protestante. Foi, antes, a refor -
distância que a separava dos fiéis, para o se o século XVI, a começar pela freqUente ausência de vocação
que muito contribuIarn
o despreparo, o absenteismo e a ineficácia do
clero, desde a alta sacerdotal e qualificacao profissional dos curas paroquiais: entre
hierarquia aos curas paroquiais. 0 que levou os reformadores do as profissOes autorizadas aos padres pelos estatutos de urn bispa
-
yarn a importância da
rneditaçao pessoal, da introspecçâo da fé e religiosa.Näo scm razão a moderna historiografia prefere falar em
da difusâo do cristianismo
pelo povo -
idéias que marcariam Reformas, pois ambas as vertentes, protestante e católica, parti-
Lutero, Calvino, Erasmo, Inácio de Loyola e muitos outros, católi -
testararn valor da maioria dos sacramentos, as normas comunitária5 casamento5 e uniOeS conjugais no
social, regulavam
o
questionararn o cell
dii escaha segundo tradicOes e
-
sernpre
-
a intenesses ligados
nos sempre Delumeau
afigurava -se para os protestantes muito
-
anteS de tudo
diam neforco
mais aterradora, indelével e irremissIvel. Mas as duas Reformas de poden, conserVacão de linhagens,
carninharam mônio, distnibUicão do que a bêncão
juntas no mais extraordinário processo de es cornuflais.
Mais importanteS
de sohidaried de casamentO" feitas
aculturaçao posto em prática no Ocidente. Pierre Bérard localiza as uniOes eram as "promessas
nessa
convergência de propósitos o nücleo da modernizaçao do
sacerd0tal os chamados esponsais
ou des
-
a famIhia da noiva
-
Ocidente, expresso no conflito então instaurado entre urna pelO homem corn gnandes festas
e troca de presentes,
mentalidade rural, popular, relativamente p0s6ri0S comernorad05
aos olhos da comunidade
envolvida a coabitacãO dos
ligada a sacralidades autorizavam ton
pagãs, e uma "ideologia proselitista", cristã e moderna, veiculada intervencão eclesiástica processo
-
nesse
A
futuros conjugeS. adaptou, em
por uma elite baseada na cultura escrita6. Processo do século XIII, mas se
comum as nou -se crescente a partir casamento não
duas Reformas e articulado, em diversos de cada lugar. 0 verdadeiro
aspectos, a concentracao
dos poderes estatais, ao geral, aos costumes matrimonial dos DoutoreS da Igreja,
forma -
-5e o sacramento
ao
conseguiam viver castos era o
que
-
parentesco que o
tação precederam a inclusão do matrimônio
coabitacãodos noivos antes do recebimentO
mentos da
entre os sete sacra -
trimônio8, impedir a
matrimonial, so
Igreja o
que definitivamente ocorreu corn as Senten- a indissolubilidade
reforcar
-
a
cupou -se, como jamais o fizera, corn
10 11
Reforma Protestante que julgava charla-
çOes entre pais e flihos, maridos e esposas, Os sentimentos do
Combatida pela a
possibilidades que ofereciam para vigiar e educar a massa de tomar -se -iarn genuinarnente
a moral nem a religiosidade popular
fiéis"10. Foi portanto comum as duas Reformas
projeto de eclesiástico: profissionalizá -lo,
cristas, cumpria remodelar o corpo
o
dornesticaçao dos indivIduos via célula familiar. De igual modo o de seminários; estimular a vocação sa-
sobretudo corn a criação
foi, como veremos a seu
tempo, repressâo mais violenta das valorizando a
-a das imposicOes familiares e
a
tIpica do
as
Generalizada pelo
IV concIlio de Latrão Europa
(1215), estendjda obrigatoriarnente a todos alguma resistência por parte da monarquia,
mas na
ram
os fiejs na
Meridional forarn irnediatarnente acoihidas. Na Espanha, Felipe
época da Quaresma, a confissâo sacramental tomar-se II
-
ia, diz-nos Foucault, matriz da produçao discursiva sobre o sexo de 1564, ainda sob reserva
as recebeu triunfalmente em julho que
no 0cidente11. Datam do de 12
século XIII os modelos de sumas e ma -
a
partir do século XV, os quais, eliminando a sInodos encarregaram de
superficialidade dos minaçOes conciliares, e numerosos
-se
pecados e
respectivos castigos -, habilitariam os confessores a
decifraçaominuciosa de atos e Trento14.
intençOes, sentimentos e desejos. era governado pe
Na merioridade de D. Sebastião, Portugal
-
A argUição dos
penitentes e o atiçar de memOrias individuais no
rastreamento das lo Cardeal Infante D. Henrique, irmâo de D. João III e Inquisidor-
culpas basear-se -jarn, desde entao, nos dez man
damentos da Lei divina, Reino, Contra -Reforma não
-
no século
XVI, especialrnente or DeUS (...)" e dos conflitos que opuserarn
preocupada corn o avanço protes- forãrn poucaS -,
tante na
Europa reja
-e nãO estarlarnoS de acordo
Brasil,
açãO mis5i0flá
e corn a no
arneaça turca no Mediterráneo15
disso, a posiçao defensiva assurnida Além cloniahismo
e
indissolüvel entre a Cruz
pelo ConcIlio, bern corno a Boxer: "a alianca estreita e
composiçao rnajoritariarnente italiana dos corn Charles 0 altar, a Fe
e o Império, era urna das prin-
o levariam a
conciliares dificilmente 0 trono
e
ministros e
formular, ern meados daquele século, uma e a CorOa, aos monarcaS ibéricos,
ccmUnS
global para o Novo Mundo. Erarn outras as polItica cipaiS preocUPacoes
em geral"19.
objetivos alcançar: defesa
prioridades, outros os
miSS10nOs entre as Americas
entanto, as diferencas
a
dos sacrarnentos e do
ern face dos
direito canônjco Foram muitas,
no
eclesiástica
ataques protestantes e rnodificacao da no tocante a organizacãO
disciplina e da espanhola e portugUesa se fez
qualidade do corpo eclesiástico a firn de onde a administracã0 metropolitafla
da nova pastoral. Mas não capacitá4o ao exercIcjo secular. Na prirneira, o avanco da
subestirnemos as pretensôes da
notar desde
cedo, a Igreja acornpanhou pan passu arcebispados
já no próprio século XVI, escreve Igreja: havia quatro
Mullet16, o espIrito de defesa ce- modo que ate 1565 já
deu lugar ao de
ataque de rnissao, e a conqUi5t2t, de MexicO, Lirna e Bogota.
No Brasil,
em São Domingos,
e
partir do século XVII a instalados ter
perspectiva mundial da Contra -Reforma da instituicão eclesiástica parece
tucionais corn a adquiriu contornos insti- pelo cofltrári0, o pr0gre550
notável o processo
criaçao da Sagrada Congregaçao da a seguir corn
atraso
Da Fe (1622), Propaganda sido lento e arrastado, o quanto a ocupacão
que, sob o irnpulso de Monsenhor Francesco rnesmO se considerarmos
buscou supervisionar, orientar Ingoli, colonizatórj0, 1551, o bispado da
financiar a obra rnissionária no litoral. Criado em
mOstrOU5e apegada
e ao
rnundo descoberto
a Unica diocese colonial, cabendo-ihe
rNo ultrarnar Bahia foi por rnuito tempo imensa colônia
ibérico, por outro lado, a
expansao do catoli- administrar todos os negócioS ec1e5iá5tic05
na
sentido missionarjo da
culando -a, não é a catedral
o
colonizacao: secular nern a igreja isolada
e sO, ou
da justica
os desenganad0S
15
do mosteiro ou abadia (...) [mas] a AculturacàO no trópico
capela do engenho"23. Clero
subserviente ao privatismo dos aculturacão
senhores, religiao circunscrita a DernoniZacãO da vida cotidiana das populacOes,
esfera das farnIlias poderosas,
igreja descentralizada, a estrutura fundarnentais da Reforma
eclesiástica colonial em nada istã, rnissão salvacionista, os traços
parecia concorrer para o êxito tn- atOlica na Europa estiverarn sirnultaneamente presentes nos
dentino no Brasil. A sólida
organizaçao de parOquias atreladas aos DmInios ibénicos do ultrarnar. Mas se nos voltarnos agora para
o
)S
integrava ja uma estratégia ofensiva da Igreja, reunindo o que de ekgiar
mais caro havia no no, fizerarn -no desencantados,
rnais propagandisticos no
pular e rural, e não mais a pregação lirnitada aos centros urbanos, Paraiso Terreal rnuitos imaginaram
os mitos e lendas sobre que
o
como faziarn os franciscanos nos séculos XIV e XV. De entre os quais o
-culturaçao o sul do Equador. Para os lusitanos dos 1500,
e
catequese das massas, dernonizaçao e aculturaçao dos nâo ficava no Brasil e os poucos
campos, prOprio Caminha, o ParaIso
-
e
taura perrnanenternente: e urn
processo, urn conjunto de poll -
nos avant Ia
leure, nâo por acaso viriam a gozar de enorrne pres- baratas que enxameavarn por
toda a
dos insetos, das pulgas e
tIgio junto a Curia Rornana, exercendo extraordinánia influência lembra -nos a autora a contar
parte. Nao esteve urn jesulta
-
-
aos
ao trabaiho escravo, a difusão dos
engenhos e trapiches. Castillo compararia o triunfo casteihano
Afastando -se, porém, dessa esfera titian, e Bemal Diaz del
quase edênica cju preva- bataiha de Granada, exigindo do rei jguais be
-
bitos, dos quais o mais repulsivo consistia na nhola, a primeira grande singularidade
da visao portuguesa acerca
antropofagia que
-
que os indios
mantirnentos e armas30. No
Mexico, o irnpiedoso Hernán Cortés, progresso da catequese e a receptividade piedosa
da obra missio-
sempre pronto a ressakar, pam grandeza de seus devotavam aos padres da Companhia. A apologia
feitos, a fero- nária era, porem, exercIcio de perseveranca e recurso politico dos
cidade da resistência local, admitia ser
aquela gente "meihor que obedecer conseihos de Francisco Xavier,
a da
Africa", pois vivia em cidades corn ordern e inacianos; parecia aos
usava vestidos,
policiamento, que, antes de viajar ao Japão, em 1549, recornendou aos padres
calçados, e ornava -se corn preciosas jóias de ouro
e prata. Em carta de 1519 a Carlos I, adrnirava -se de
das Molucas como se devia escrever aos superiores da Europa:
edificantes; cuidado, näo escrevam
ver o
tinham e como viviam os quanto "(...) que seja sobre assuntos e
Indios, "considerando
gente barbara
ser
e tao
apartada do conhecirnento de Deus"31. Ao célebre sobre assuntos que nâo o sejam (...) Lernbrem-Se que muita gente
tador nâo faltou a conquis- vai ler essas cartas e, assirn, devern ser escritas de
forma a que
irnagem de nobles salvajes, que Sérgio Buarque
de Holanda percebeu todos fiquern edificados"35.
frequente na crônica casteihana.
18 19
No dia -a -dia da
catequese, na correspondêncja interna em nao se baseou tanto apa- na
que abordavam os problernas
se Mas dernOfliZacãO dos Indios
a cole-
especIficos da missâo e sobre- na presuncãO d qualquer pacto
tudo nos discursos voltados nte falta de govemO
ou
para os Indios, predorninaram, sem Cardim os vira "pouco
endemofliad0s", e
düvida, detraçao, DernôfliO.
a a
hostiizacao dos costumes, a ma vontade vo corn o
a veneracãO dos
trovOes, negando que
que Laura de Mello e Souza observou
nos jesuItas em face das nchieta so ihes atribuira DernôfliO"41. Usavam de feitiços,
o
gentes do trópico. Vêmo-la em quase todos os "comunicacao corn
padres, inclusive
vessem não por neles acreditarern,
entre os que mais se admitiam, e ouviam feiticeirOS
eles ajudavarn nas enferrnidades42.
empenharam em defender os Indios contra a odos
escravizacao Anchieta considerou-os "de tal forrna lisse Cardim, mas porque crer no Diabo?
bárbaros e a Deus, corno poderiarn
indômitos" que pareciarn
"aproxirnar-se mais a natureza das feras .final, se nao conheciarn matéria de fé, portanto,
a os jesuitas. Ern
que dos homens". Nóbrega, em seus era o que pensaVarn
Apontamentos de 1558, de certa anornia, urna
constatacâ0
-
recomendava castigo e
sujeiçäo dos aborigenes como ünico re Darece ter predominad0 a
do adoracãO satânica43.
Os
mais que
LngeflUa irreligiosidade,do
rnédio para cessar o sofrimento da
-
o a
grande rnedida, que
o
por sua incredulidade: "(...) porque tava-os, em e as relacOeS
a
gente destas terras e a mais a exibicao do corpo
bruta, a mais ingrata, a mais inconstante, a mais avessa, sência de interdicOes quanto
a mais
trabalhosa de ensinar de sexuaiS.
quantas ha no rnundo"37. a nudez
Anirnalizaçao e demonizacao andaram de braços dados nesse ou religiosOs,
todos sem excecãO ressaltaram
Leigos naturalidade.
discurso, que, essencialmente jesuItico, embora muitos a registraSsem corn
espalhar-se -ia entre outros dos Indios, coisa cobrir",
religiosos leigos não estirnavam "nenhuma
F]
e ate bern
avancado o século XVIII. Nas dificul-
dades da catequese, no tardio Carninha, ao dizer que limitOu -se a constatar
descobrimento do inocentes. GandavO
cristâos, na origern dos Indios, em quase tudo se viatrópico pelos julgou -Os naturairnente traziam "descoberto quanto a
cobriarn no corpo, e
o
Dernônio, nada viram
Inirnigo, "lobo infernal". 0 ünico mito que em sua maioria, que
Forarn os jesuitas,
o o
edenizador genuina- natureza ihes deu"44. de torpezas
mente
português concorria para dernonizar os 1ndios38: se uma prova de
escândalO, ocasiâO
fora na nudez indigena de tal despudor,
verdade que o apóstolo Tome
deixara pegadas nas pedrs e nos e de ofensa a Deus.
DecifrandO a genealogia da nu
caminhos do Brasil (e os de Cam, que escarnecera
-
zia Nuno
era, alias, a doorigem gentio, di dão45. 0 pecado de Carn renderia, a origern legitirna
da
Marques Pereira, veriam
-
rem os
das famIlias
escravidão no rnund046.
uma
que haviam migrado de Babel,
"por serern hornens soberbos, teimosos e não face a nudez dos in
-
L
de Cristo, escreveu Baeta
Neves, cabia "ler essas marcas" e saber corpoern banhos pOblicos, Bologne, a mo-
ate que ponto o Demônio ocasiâo. Inaugurar-se -ia, lernbra-nOS Jean-Claude
conseguira embaralhá-1as4°. XVIII algumaS congregacoes
derna era do pudor, e no século
20 21
chegariam ate, por aversão a
banharem, nudea, a proibir Os
salvo por estritas
razOes de ordern religiosos de se matéria de incesto, poligamia e
Os habitantes
nus do médica47 tupinambás não cornetessem em
os meninos ensinan
Brasil seiscentista causaram outrOs mais; veihas, observou, granjeavam
-
desalento aos as
jesuItas, a cornecar por profundo
do -ihes 0 que nao sabiam53, e todos "sujidades"
so conversavam
vesti-los desde
que chegou a NObrega, que tudo fez para
lente dos padres Bahia quis dar a cometiam "a cada hora". Aos apetites libidinosos, certamente,
para os Indios roupa sobressa. que
0 peniS: "costu-
Sirnao
Rodrigues; batizados. pediu atribuiu 0 hábito que rnuitos tinham de engrossar
roupas ao padre
dios fiarem seus COnsiderou a PosSibilidade de os mam pôr nele o pêlo de urn bicho tao peçonhento que lho faz
de que noite, veräo cada ato luxurioso em particular, em vez de perguntar-ihes gene
-
se
utilizavam os
e
inverno, era a ünica
entanto, seria
aborigenes 0 que mais
lhe
roupa ricamente sobre o sexto e o nono mandamentos, preocupado
que viviam 100 ou aturdiria,
a
nurn so
promiscuidade em no
fato de a "lingua geral" não possuir vocábulos que expri-
lugar,
reunidas "sern 200 pessoas
corn o
os
quantas que os
Indios tinharn
corn a queriam, o fliho se unindo tantas
logo", foi o rnais empenhado em decifrar a logica
matrimonial
innã, o primo corn a corn a
mae, "o irrnao
prirna, buscando demarcar a "verdadeira regra" das uniOes por
encOntra"50 e o
FOrnicacao poligamia e incestoencontrado corn a que indIgena,
meio de analogias com os preceitos cristãos57. Reconheceu
o
assim
que tambem viu em todos
o
jesuIta os graus foi identificou
1602: "sujIssjnios noJerônimo lege naturae,
in o ma
que Os Indios se casavam
-
carijos em
Rodrigues, Visitando
vIcio da os tio sobrinha e a interdição
uniam as trimOnio preferencial entre o materno e
filhas, os tios as car", diria, os pais se
descenderites "pela linha
cornvárias rnulheres e sobrinhas, os avôs as
rietas; os homens que havia de casamentos corn muiheres
ate mulheres
Soares de Souza corn "dois
maridos"5' Gabriel
dos machos" descobrindo, corn isso, a primazia do matrimônio
-
memorial corn o
chegou a
nornear urn dos avuncular patrilinearismo que regia o parentesco tupinambá58.
e o
tItulo "Que trata capItulos de seu de
escrevendo de da iuxjria
destes Confundiu-lhe, porern, como a todos os jesuitas, a variedade
rIndias. iuxuriosos
fato, o mais
compieto resurno das bárbarOs"52, muiheres que "coabitavam" ou tratavam sexualmente corn Os
extremo, nào havia pecado torpezas ame-
ao
homens. Seriam as temiricô mancebas de urn sO homem,
22 da came
que prisioneiras de guerra ou muiheres em geral? Seria agoacã
os 0
23
nome dado a
"barrega ou manceba comum a qualquer homem ou rigor dos impedirnentos: que
Sua Santi-
que Roma atenuasse
o
muiher?" indagava -se, Atordoaram -no, ainda, a deixasse
dade tivesse "largueza destes direitos positivos", e os
-
a
lado dos franceses no Rio de levar a Reforma CatOlica
Janeiro, Guaixará
Aimbirê, Os e
quais exaltavarn como obra sua a vida
desregrada dos amerIndjos.
Dançar, pintar-se de vermeiho, beber cauim ate Vicios do tropico, pecados do mundo
matar e vomitar,
corner
prisioneiros, fazer falsas confissOes, viver
amancebado lndios, demo
cometer
adultérjo, os bailes, os cantos e os jesuItas virarn os a
-
vos encontrados no
Mas a base da outro lado, corno mdi-
aculturacao praticada sobre os Indios no Novo Mundo pelos europeus. Integra, por
Brasil consistia em faze -los
casar, urna vez pacificados, verdadeira carnos de iniciO, o processo
rnais arnplo da Refoima Católica. 0
obsessäo dos padres a o do colonialismo euro-
julgar pela correspondência do século XVI. olhar que deforrnou o arnerindio foi
o ideal, nesse
ponto, era casá-los na observncia das mas seria ainda olhar tridentino da Contra -Reforma, o
regras que cêntrico, o
ConcIlio de Trento nâo tardaria as condicOes em que
a
homologar, e nos vários cate- mesmo que simultaneamente deplorava
cisrnos vertidos em de Deus, prOximos
"lInguas brasIlicas" encontramos viviam os fiéis da velha cristandade, afastados
preocupacao registrada a
corn
impedirnentos, proclarnas, palavras de pre do Inferno.
sente, testernunhas e o Novo Mundo no
-
escreve Delurneau
-, do mesmo humanismo nismo pessimista e triunfante
que, por rnültiplos
Frei
possibilidade de leitura aos conhecia oconternporâneOS.
carninhos e vertentes, buscava redirnir urna olhos dos
hurnanidade injusta,
obscurecida e decadente. 0 apego a cultura clássica, o sonho de cente do Salvador, que bern trópico, julgou que
resgatar urna Idade do Ouro perdida, a própria os homens corn o adntc
valorizaçao do dendo o Dernônio o controle sobre
saber experimental, tao caracterIstjcos do Arnéricas e ali construIra o
da rnesrna visão pessirnista do
Quattrocento, partiriarn cristianismO, rnigrara para as
cristanc
prirnro historiador idealizava, pois,
a
mundo, que seria ainda a dos reino67. Nosso
reforrnadores do século XVI. Humanismo rnundô descoberto
-i- far.
-
como
contraditório, sirnulta- européia demonizava o
e
nearnente criador e e de Espanha na rnesrna ép
pessimista, aberto aos mais variados campos alias, outrOs cronistas de Portugal
do saber, porérn melancOlico e Norte fizerarn o op
por isso ligado a difusâo da mais Houve, porérn, os que no hernisfériq,
rigorosa ascética já inventada no Ocidente; capaz de desalentados corn o ternpo ern
homens tao diferentes como Leonardo da Vinci e
produzir inspirados no rnundo novo e cristãs (era o
Lutero, Erasmo viviarn, projetararn sociedades genuinarnente
e Calvino, Giordano Bruno e macjo de Loyola. Cidade do So!, de Tornaso (
diziarn), justas e tolerantes. A
terreal, situava-se perto de Sri
0 impacto dos descobrirnentos nesse La
movirnento intelectual panella, quase urn paraIso do it
do Ocidente näo é fácil de avaliar. Roberto
Romano considerou -o ao sul do Equador, e a ilha do legendário Utopus,
decisivo nos rurnos que tornou o hurnanismo e toleri
europeu no século Thomas Moms, exernplo de equidade, temperanca
f
XVI: rnais individualista, da America: de suas rnaravilhas
possessivo e universalista, menos aberto cristãs, ficava nos confins
as diversidades do de origern que v
urn certo Rafael Hitlodeu, portuguêS
que parecia ser no século anterior65. Hurna- grega
nismo mais claramente corn Américo VespU
pessirnista, dirIarnos, estreitarnente vincu- anos .na ilha da utopia apOs naveg'ar
lado a inquietaçao das Reformas, e que, alérn de empenhar-se na rnediacOes, outras conexOes entre Vel,
Houve, pois, outras
depuraçao da cultura e religiosidade populares nos palses euro- Novo Mundo após o dos descobrirnentOS sobre o
impacto
peus, voltou -se contra as próprias manifestacoes da cultura em nenhurna delas pôde sobrepujar o
1
Ocidente, desencantados corn o rnundo conhecido e aterrados fossern do alérn -mar, fossei
abateria sobre todas as gentes,
ante a constataçao de seu Primeiro catec
que vasta porçäo do globo possuIa hurnani- velha cristandade. Lutero, prefaciando
dades que jarnais haviarn conhecido a cristãos, sâo
verdade cristä. A simulta- anirnalizaria os alemâes: "todos se denorninarn
neidade dos processos foi de não sabern nern c
qualquer rnodo notável: o Novo zados e recebern o Santo Sacramento,
e
Mundo a estimular o desencanto na velha MandarnentOS (...). Vivern
cristandade e sofrendo, Nosso, nern a Fe, nem os Dez
em escala
arnpliada, o impacto dessa mesma ética detratora do urn rebanho inconsciente,
corno sulnos desprovidos de ra2
homern colorida no trOpico por urn racisrno de diferentes e rnoralistas do
Seguindo-lhe o exernplo, alguns pregadores rnesmo a "india
-
rna-
tizes.
Curiosamente, a detraçao da humanidade parecia ecoar nos lo XVII, católicos ou protestantes chegariarn
dois lados do Atlântjco. pastoral: je
popular européia irredutIvel
acultura a nova os
26
de Huelva, a oeste de Sevilha, considerariam seus habitantes de São Vicente, apar-
estrago feito pelo demônio"
na capitania
"mais parecidos Indios do
-
aos
queoanhOis", e Sir Benjamin tando arnancebados do lugar.
RudyeddTsursando na Câmara dos Comunsëñi 1628, diria
que Escrevendo em junho de 1553, NObrega veria no célebre
havia partes
na Inglaterra Pals de Gales onde
exemplo perfeito do que faziam os portugueses
e no
cristianismo
Joao Ramaiho
o o
escasso, onde Deus sO ligeirarnente Brasil: sua vida corria a moda dos Indios, rodeado de mulheres
era era "rnelhor conhecido do no
que entre os Indios"70. Pensavam, pois, como o célebre Antonio nUrnero de filhos, os quais, mal atingiarn
Vieira que, pregando na Catedral de que ihe davam copioso
Lisboa, sentenciou: "Dizeis puberdade, seguiarn exemplo do pai, unindo -se a várias mu -
a o
que sois Cristãos? Assim é, [mas] somos cristãos de
meias, temos cuidarern irmãs ou parentas. Assim, indignava
-
de coni-
Bispado da Bahia (1551), acusados de iguais pecados e
Fosse pela intolerância moral de seu rnau
que ostentavam por princlpio, vência corn os amancebamentos dos ieigos: "alérn
fosse pelo que observaram no inlcio da em pecado corn as
colonizaçao, os jesultas exempio e costumes", diziam "ser llcito estar
cedo perceberam que o mal não
campeava so entre o gentio. 0 escravas", absoiviam quantos os procu-
negras, sendo elas suas e
"excesso de liberdades", a "falta de lei" moral corn caminho
que o ame- ravarn em confissão, fazendo-ihes mui largo o estreito
rindio ofendia a Deus, viram-nas tambérn na evitarão
conduta dos por- do Céu. "A evitar pecados, [esse clerol não veio, nem se
tugueses recém-chegados do Reino.
nunca (...). Outras coisas veio fazer que YR. e cu deverlarnos
Principal porta-voz da lamOria inaciana no século XVI, chorar" -
escrevia ao Padre Sirnão Rodrigues em i553. Pas
-
NObrega não pouparia criticas aos primeiros colonos que, tao sados seis anos, Nobrega não mudaria de opinião,
em carta a
logo desembarcavam, tratavam de arnancebar-se corn as indias da Tome de Souza, denunciando padres que insistiarn em manter-se
terra, e não contentes corn esse já monstruoso
pecado, muitos se des próprios amancebados corn
suas escravas, "que para esse
uniam a várias mulheres de urna so
vez, prontos a copiar o estilo efeito escoihiarn as rnelhores e de mais preco". Estenderia, assirn,
dos caciques e dos
principais do gentio. Quase todos, ti dizia, -
no
Cultivar o pecado e dar
escândalos, comprometendo corn isso a dote "scm ser sua vida muito aprovada" repetiria, incansável, o
-
poucos
-
nossos
-
relatava Leonardo
Nunes, que pretendera desfazer "o grande cianos -
corn exceção de Gilberto Freyre, adversário
mordaz dos
28
29
jesuIstas, que ma! disfarçou
benevolência com
sua
minou "abrasileiramento" do c!ero colonia!76. Mas
nossos
to de
padres não destoava, ao menos no
desonestassem
com
ou perpetuameflte
invadiarn mosteiros parr arrebatar
virgens ou
tias, primas e outras parentas;
no Brasil
esposas
as de
freiráticos que
eram os
Cristo; os que
despreparo dos curas levara Roma a incentivar missOes na Europa menores sob tutela; os que, vivendo
da hospedagern alheia,
ao longo dos sécu!os XVI e
dormissem corn parentas, criadas ou escravas brancas do anfitrião;
XVII, e muito antes do ConcI!io, em
1522, o Papado outorgaria privilegios na esfera rnulheres casadas, e as próprias adülteras,
os que dormissem corn
paroquial as a!coviteiros de
ordens religiosas atuantes no ultramar visando
suprir a falta e a em certas circunstâncias; as amantes de clerigos; os
nâo provassem o
mação de urn "clero profissional" parece ter ma!ogrado desde o ridos que matassem esposas adU!teras, caso
inIcio, o que, somado a fragilidade da estrutura eclesiástica co!o- casamento corn as muiheres assassinadas. •o Além desses, a legis-
nial, rnuito comprometeu a eficácia das resoluçOes tridentinas. degredo parr feiticeiros, homicidas que e outros a
lação previa o
re,
-
o vezes
Companhia a chocar-se corn a
a
da Coroa
polItica co!onizadora da mo verernos oportunamente.
A polItica de povoamento
Monarquia e corn poderosos interesses
escravistas ja esboçados confiimar função e a irnagern que
século XVI. E conhecida a portuguesa parece, assim,
no a
oposição de purgacâo",
que fizeram a escravidâo do amerIndio batizado, e tao Laura de Mello e Souza atribui a Colônia: "!ugar
grave XVI81.
quanto essa foi a contestaçao que, através da desde século
"purgatório da MetrOpole"
o
into!erância rnoral,
Tizerarn a polItica oficial de dirninuir a vinda
povoarnento da co!ônia. Povoar a Na medida do possIvel, os jesultas tentararn
viesse "rnelhor
qualquer preco, ainda que por intermédio de pecados, essa foi dos indesejáveis do Reino para a Colônia: que
sabidarnente a diretriz da polItica de bern", especialmente pessoas
colonizadora, e Gi!berto Preyre gente", que "mandassem homens
foi dos que mais insistirarn nesse fazern muito rnal"82,
ponto, relacionando a escassez casadas no lugar dos "degredados que cá
da populaçao desde 1549. Mas, colônia de exp!oracao, o
portuguesa, sua limitada capacidade migratória, reiterava Nobrega
corn a frouxidão da ortodoxia mora! a vinda de famI!ias
na
colonizaçao do Brasi178. Brasil nâo facilitaria, pelo menos no corneco,
de enri-
Nâo fa!taram de fato vozes oficiais a
incentivarern veladarnente as do Reino, estimu!ando antes os aventureiros desejosos
vinham a forca,
quecimento rápido, a!ém dos degredados que viver em terra
"solturas" que tanto incornodavarn os
jesuItas: Pero Borges, ouvi-
dor na Bahia, !embraria ao maioria, ternerosos de
monarca, em 1550, necessário quão homens errantes em sua
Cientes do que ani-
era "nâo se guardarern em
algurnas coisas" leis do Reino no
as estranha, ansiosos por voltarern a Portugal.
a extraçâo de riquezas e a
Brasi!; Duarte da Costa diria 1555 que, sendo o Brasil "terra maya a Coroa a colonizar o Brasil
-
em
tao (...) os jesuItas trataram de ao
nova e tao minguada", nãose poderia
povoar sem rnuitos ocupacão litorânea a todo custo -'
perdOes; Mern de rnenos atenuar as conseqUências
morais da irnigracão predo-
Sá, cinco anos
depois, tornaria a dizer que, se o
rei não fosse "fácil recusavam a casar corn suas
em
perdoar", nâo teria "gente no Brasi!"; e rninante. que os homens se
Alegando
solicitaram a D.
nosso primeiro
Bispo, tao rigoroso em várias matérias, afirrnaria escravas concubinas por nao quererem libertá-las,
tais matrimônios nâo forrariarn
que muitas coisas se haveriarn de "dissimu!ar", morrnente em terra Joâo III provisao declarando que
tao nova79. Muitos foram os muitos amancebados erarn ja
que !embrararn ao rei o as esposas Indias. Constatando que
imperioso voltar as esposas ou a
objetivo co!onizador, buscando provavelrnente neutralizar o furor casados no Reino, obrigavam -nos a para
.
rigorista dos inacianos. buscá-!as ern usando todos os meios de que dispunham:
Portugal,
danacao etema, excornunhOes e, sobretudo,
E recusa
afã de povoar a Colônia,
no
ameacas de
Portugal utilizou -se sisternati- conduzia a dese-
camente do degredo, de absolvicao nas confissOes que as vezes
importante mecanismo co!onizador
o -
e, ainda, Os inaciaflOs as
depurador da
própria Metrópole. Dentre os vários crimes que o jada emenda. No entanto, que rnais suplicaram
o
base
direito régio penalizava corn o
degredo para o Brasil, as trans
autoridades metropolitanas foi o envio de rnu!heres brancas,
Colônia
-
gressOes morris nao foram as menos notáveis: condenados a viver para a construçao de uma ordem
familiar portuguesa na e
30 31
-
garantia de que as Indias ficariarn a salvo dos da cruzada tridefi-
pecados. E já clás- Jesuitas a frente, o discurso aterrorizante
sica a obsessão de Nóbrega a esse clamando todo e qualquer obstáculo, e a intimi-
respeito, inümeras tina dispôs -se a combater
pela vinda de órfãs, rnoças que dificilmente se casariarn em -se -ia logo corn a dos
daçao dos Indios no século XVI articular
vezes
Portugal, meretrizes, muiheres erradas, todas enfim, desde que colonos, uns e outros, cada qual a seu modo, merguihados no
brancas
e casadouras83. E, corn
efeito, Nóbrega foi urn grande Demônio. Já vimos, no Auto de São
pecado e govemados pelo
casamenteiro no século XVI: andou
"escogitando maridos e alco- Indios que, incré
destino que Deus traçara pam os
-
Lourenco, o
vitando namoros", tao logo vislumbrava a
possibilidade de matri- dubs por origem, ainda auxiliararn o herege frances: Guaixará
e
Empenhados em difundir casamentos e concorrer para o na condenação do Inferno, apOs se vangloriarem dos "pe-
eterna
povoamento da terra sem prejuIzo de Deus, os jesuItas acabaram cados indigenas" ousando obstar a divina obra dos padres. 0
cedendo no rigor das regras oficiais. Como nos matrimônios manti-
mdl- sentido da mensagern era claro e generalizante: os que
genas onde pediram dispensa destino semeihante ao de
pam casar tios maternos e vessem "costumes de gentio" teriam
-
sobrinhas, contrariando o
impedimento consangUIneo de segundo Guaixará, inglOrio rival de Deus. E tambérn nesse drama peda-
grau -, solicitaram o afrouxamento tias dois tipos de ameacas que a pastoral do
normas que
impediarn gógico combinaram -se os
portugueses de casarem corn mndias,
especialmente a que proibia medo apreciava vincular: o perigo da danação eterna
e o castigo
e
quaisquer suas
parentes dela". Dois meses depois de considerá -lo yam a catequese, e seus desejos libidinosos, que comprornetiam
petra scandali
de São Vicente, percebera o moralista da
quanto podia usa -b na "conversão toda aobra missionária no alérn -mar. A obsessão
destes gentios". Domesticar o pecado de mil faces e convertê-bo fartamente
pregacão inaciana no sécubo XVI, sugerida
na corres-
em instrumento da nos sécubos seguin-
Fe, assim pretendiam os jesuItas levar a seria ainda ampliada
Reforma CatOlita ao ukramar. pondência dos padres,
sermonário católico
tes, espelhando a temática privilegiada pelo
, A
dos Tempos Modernos85.
intimidaçäo da Colônia insis-
Estigmatizacão dos desejos e das transgressOes sexuais,nossos
nada disso faltou em
téncia no castigo infernal ou terreno,
Organizar as massas corn base na famIlia cristã, faze -las crer em 1699, o padre
serrnOes dos séculos XVII e XVIII. Escrevendo
na verdade divina segundo as castidade o destino
regras da Igreja, o ampbo programa Manuel Bemardes relataria em seu Armas da
a m5derna Reforma
Católica carecia de outros meios além dos de dois amancebados, urn homem e sua comadre, habitanres d
njos institucionais e da disciplina eclesiástica homologados em Brasil no século XVI: depois de mortos, dizia, vinham todas a
partiam urn
fiéis, permanente ameaça corn os horrores que Deus reservava segundo pregador, apelaria a José de
aos que ousassem desviar
drontar a populacão, que, o
-se de si. A
irradiaçao dessa "pastoral do Anchieta para esconjurar a terrIvel visão. "Bern claramente se
a
-
.1
então se
percorrendo o Brasil a inIcios do século XVIII. Pregando contra o discordaria do estilo demasiado "violento e tirânico" que
adultério, atribuiria mortes terrIveis a farnosos pecadores de quem usava
-
qua! brevemente ihe acudiu, e vendo -o naquele horrive! estado, tao alto tenharn rnuito que entender os que
que não sabem, e que
sem saber determinar
-se, se resolveu a subir pela árvore cortada, sabern"91.
levando urn machado na mao: e Estilos de pregacão a parte, a pastoral do medo acabaria
na
quanto mais subia, mais o aper-
tava, oprimindo corn o peso do pau, ate que referências básicas pratica inti-
Colônia por adotar três
em sua
chegando junto do
padecente, se determinou a cortar urn dos gaihos que o pren- a exploracão social e as transgressOes
rnidatOria: a religiosidade,
diarn: e foi tal o golpe que, errando o
pau, ihe acertou no pesco- rnorais -
os em
pregadores aos
-
várias rnulheres em
Deus, desde que confessassern perfeita e verdadeirarnente todos seguiarn exernplo, arnancebando-se corn
o
os pecados, sem suas almas e da prOpria atuação
missionária no con -
repetiarn a farta os cOdigos, surnas e manuais cató!icos. africano como alvo de culpabilizacão e objeto de exploracão so-
Já dizia Vieira no seu indefectIvel estilo arneacador: "(...) 0 inicialmente centrada nos costu-
cial e, de outro, a dernonizacão
pecado tern muitas portas para entrar, e urna sO para sair pelo conjunto da sociedade
é a que
mes amerIndios iria espaihar -se
torn", grave e soturno, nos sermOes sobre a morte dos jesuitas dos séculos XVII
cravos. Perceberia, assim, a exemplo
massa. Vieira, mestre da
dirigidos a senhores em
pregaçao barroca em lingua portuguesa, r e XVIII, o interessados mostravam
quanto
-se os
34 35
deixar seus negros a margern da catequese, cultos da senzala
os a Deus, mas também por aglutinar os escravos, solidarizá-los,
deve-
funcionando como lenitivo das tensOes o conformismo genuinamente cristão que
geradas pela escravidâo. empalidecendo
A crItica demonizadora a
religiosidade das gentes de cor, niam cultivar.
dos Indios e sobretudo dos
africanos, acabaria por confundir-se 0 modelo patriarcal de famIlia, perfeitamente ajustado a
Colônia os limites que
pastoral dos novos tempos, extrapolaria
corn os ataques a
religiosidade popular vivida na Colônia por-
-
na
tuguesa, no século XVI, e cada vez mais sincrética no transcurso triunfo do "privatismo", da forca dos proprie-
devia guardar: o
da colonizaçao pela contInua do Estado levaria, nesse
agregação e justaposiçao de ele- tários rurais sobre os frágeis poderes
mentos amerIndios e africanos93. missão. Ficaram, pois, os jesultas a atorrnen
Contradiçao insolUvel da Re campo, a derrota da
-
tar os
Igreja a oportunidade de expandir-se no ultrarnar, ao rnesmo mise
para que suportasSem
o seu
-
aos escravos
quantO pregavam
corn máximo brilho
tempo operando -se a base da escravidão ravel estado. Vieira, uma vez mais, assurniria
em que, e da misci-
genação cultural, inviabilizava a "cristianizaçao das massas" levada o Inferno e a
aos senhores ameaçava corn
esse duplo papel: de
a efeito na
Europa. Nada parecia refrear, no entanto, o Impeto de rebelião se continuassern a supliciar os escravos e a impedi-los
seguidores de Trento; como na Europa, condenaram os escravos, que sofressern piamente
nossos os
abraçar o cnistianismo; aos
espetáculos profanos, a irreverência das festas populares, os di- irnitadores do martIrio de Cristo,
piores castigos e horrores pois, dinia
Reino dos Céus.97 Nosso principal jesuita
vertimentos, a mistura da piedade cristâ corn superstiçOes e não
deles seria o
crenças, o lado alegre do cotidiano, enfirn, aos pobres de Lisboa: não lamentassem
que rnarcava a vida outra coisa, pregando que
das populaçoes.94 Afinal, Cristo a comida, pois quanto mais esquálidos
fossern,
jarnais nra, diria Bossuet no século por faltar-ihes
XVII; "ser risIvel, concordaria Vieira, é a prirneira devorados seriarn na sepultura; ja os corpos dos nicos,
propriedade do menos
racional e a major não daniam para os
impropriedade da razão".95 "estando cheios e carnudos", que banquetes
Mas a condenaçao da vivência "corner para serem
profana da religiao pnivi- vermes? "Oh! triste destino" teniarn os nicos:
legiaria Brasil os cukos negros, e mais intimidados do mundo, lembra -nos Delu-
no
que os comidos." A logica do desprezo pelo
corn mais razão, de
a "recusa de toda sedicao e,
escravos seriarn
por isso os senhores, acusados de tolerantes e rneau, implicava
coniventes corn a prática dos calundus. Os
jesuitas tornar-se -jarn toda revoluçâo" .
contra as
puniçôes,
as rnás a
condicOes em que viviarn os catjvos, a resistêncja que os senhores que desde século XVI visaria
darnento -
ofensiva generalizada, o
opunham a catequese dos negros. Se corn respeito ao Indjo con a dos colonos por-
-
tanto a licensiosidade natural do Indio como
testaram a própria
escravização, limitaram-se no caso dos africa pecados da came, os que mais
-
e
jesuitas
-
-
da Co
africanos. Jorge Benci os veria cornO os maiores pecadores
não conseguiam dissimular.
-
36 37
F BtGLtOTEC
ICHS / MAFPA
1.uFOP -
nela ja doutores.'°° Benci foi, talvez, o que mais insistiu
eram
6. Bérard, Pierre. Le sexe entre tradition et modernité (XV1e.-XVIlle.
inclinação dos negros para a fornicação, mas tanto ele co-
nessa siècles). Cahiers internationaux de sociologic, vol. 76, 1984, P.
136.
mo os jesuItas de seu In Le sexe et
tempo vinculariam as libidinagens africanas 7. Flandrin, Jean-Louis. La doctrine chrétienne du manage.
l'Occident. Paris, Seuil, 1981, p. 103. Métral, Manie-Odile.
ao desregrarnento da escravidâo. I.e manage:
Vieira, Antonil, Bencil, todos acusaram os senhores de no les hesitations de l'Occident. Paris, Aubier, 1977, p. 40-45; Duby,
combaterem a licenciosidade dos Le chevalier, la femme et le prêtre. Paris, Hachette, 1981, p.
negros, permitindo-ihes cultivar Georges.
os prazeres do
ócio, impedindo-os de aprender os mandamentos 189-197.
des
irnpedimentos dirirnentes (que anulavarn o casarnento),
-
corn e que
dotadas assim de honra corno de formosura" deixarem-nas muiher do adotado e a adotante, e a rnulher do ado
"por
-
corno entre a
de afini-
tante e o adotado). Importante tarnbérn e o impedimento
uma escrava
enorrne, monstruosa vu"?'01 Apontando
e o
desregra-
mento dos escravos, os jesuItas denunciavarn os adultérios dos dade contraIda pelo marido corn todos os parentes consaflgUIneOs
o hornern e
senhores e das sinhas, condenavam a
promiscuidade sexual da da esposa ate o quarto grau e vice -versa e, ainda, entre
ilIcita Ce
casa-grande e a
miscigenaçao
que dela resultava e se irradiava todos os parentes de uma muiher corn quern tivesse copula
incluIa, porem, vánias outras
por toda a Colônia. Antonil não deixaria de ver soberba e vício na vice -versa). A lista de impedirnentos
irnpotência, falta de testernunhas, ausência de
casta dos mulatos,
gente ingovemavel, "salvo quando por alguma situaçOes, corno rapto,
V. rol completo ern Silva, Maria
desconfiança ou ciüme o amor se muda em ódio e sai armado de pároco e disparidade de religião. Colonial. São
todo gênero de crueldade e Beatriz B. Nizza da. Sistema de casamento no Brasil
rigor."102 Paulo, Edusp, 1984, p. 129-131.
Amerindios luxuriosos, colonos
insaciáveis, negros lascivos, 9. Segundo o direito canônico, os casos
ern que mais cabia o pedido
mulatas desinquietas, senhores
desregrados, sinhás enciurnadas, o de separacâo erarn: adultério, heresia, inclinação para o
mal (roubar,
pecado estava ern todas as gentes e lugares. A todos, sern ex- .
rnatar, corneter atos sexuals contra natura), maus-tratos, vontade de
ceção, cabia portanto intimidar, arneaçar, castigar foi o rnatar ou assassinar 0 cônjuge e loucura. V. Tarczylo, Theodore.
Sexe
que
-
pensaram os seguidores de Trento no ukramar et liberte au siécle des lumiêres. Paris, Presse de Ia Renaissance, 1983,
português. Aten-
dendo a tantas lamürias e apelos, Silva esclarece que o "divOrcio" nada mais era
já no prirneiro século nossos p. 242. M.B. Nizza da
bispos enviariarn visitadores a rastrear os pecados de todos e a do que a separacão, pois os cônjuges so podiarn voltar
a casan se
puni-los corn o rigor da lei eclesiástica. Nâo tardaria, ainda, para fosse dada sentença de matrirnônio nub. Op.cit., p.210.
Id. ibid., p. 120.
que o já célebre Santo Oficio lisboeta enviasse, ambérn 10. Flandrin, J. -L. Families. Paris, Seuil, 1984, p. 120.
o seu ele, da sexualidade: A vontade de saber. Rio
prOprio visitador, acrescentando a 11. Foucault, Michel. Hlstória
intimidação jesuItica o pânico
da fogueira inquisitorial. de Janeiro, Graal, 1977, p. 62.
Mandamentos da Lei de Deus: 1) Arnarás a urn so Deus; 2)
Não
12.
3) Guardarás domingos e festas; 4)
tornarás o Seu norne em vão;
Honrarás a teu pal e a tua mae; 5) Nao rnatarás; 6) Não fornicarás;
7)
NOTAS 9) Nao desejarás a
Não furtarás; 8) Não levantarás falso testernunho;
Manda
rnulher do prOxirno; 10) Não cobiçarás as coisas alheias.
-
1. Bossy, John. The Counter Reformation and the people of Catholic e aos dias santi
mentos da Igreja: 1) Ouvir missa aos dorningos
-
Europe. Past and present, 47, 1970, p. 53. ficados; 2) Confessar ao menos urna vez ao ano; 3) Cornungar pela
2. Delurneau, J. El catolicismo de Lutero a Voltaire Barcelona, Labor, a Igreja; 5) Pagan
Páscoa da Ressureição; 4) jejuar quando manda
1973, p. 199-210. dIzirnos e pnirnIcias. Os sete Pecados Capitais: 1) Soberba; 2)
1 Ava -
5. Mullet, Michael. A Contra -Reforma. Lisboa, Gradiva, 1984, uisic espagnola. Madrid, Siglo XXI, 1980, p. 926.
p. 14.
38 39
14. Herculano, Alexandre. Fstudos sobre o casamento civil. 2 ed. Lisboa, 33. Neves, L.F.B. Op.cit., p. 60.
Tav-tres Cardoso e Irrnão, 1892, Belo Horizonte/
p. 187 e segs. Almeida, Fort .nato 34. Cardirn, Femão. Tratados da terra e gente do Brasil.
de. HistOria da Igreja em
Portugal. Porto, Livraria Civilizaçao Editora, São Paulo, Itatiaia/USP, 1980, p. 87-90.
1968, vol. 2, p. 511 e segs.
15. Boxer, Charles. A Igreja e a expando ibérica (1440-1770).
35. Apud Boxer, C. A Igreja..., p. 118.
EdiçOes 70, 1981, p. 101. Delurnean, J. El catolicismo..., p. 10.
Lisboa, 36. Leite, Serafim (org.). Novas cartas jesulticas. São Paulo, Cornpanhia
Editora Nacional, 1940, p. 73, 77.
16; Mullet, Op.cit., p. 21.
Vieira (sermOes). Lisboa,
17. 37. Cidade, Hemani (org.). Padre Antonio
Caminha, Pero Vaz de. Carta a El-Rei D.Manoel. Em 1 de maio de L. de M. e.
1500. Lisboa, J. Borsoi Agência Geral das Colônias, 1940, vol. 2, p. 321. Souza,
Impressor, 1939, P. 53. Carta a Djoão IlL Jaboatão, Frei Antonio de Santa Maria. Novo Orbe
op.cit., p. 49-71.
Apud Tapajós, Vicente. HistOria administrativa do Brasil. 2 ed. Rio Brasiliense de M. Go
Tipografia
Ser4fico Brasulico. Rio de Janeiro,
-
o
27. Holanda, Sérgio Buarque de. Visdo do Paraiso. 3 ed. São
Paulo, verno dos escravos. São Paulo, Grijalbo, 1977.
Companhia Editora Nacional, p. 1-12. Histoire de Ia pudeur. Paris, Olivier Orban,
28.
47. Bologne, Jean-Claude.
Souza, Laura de Mello e. 0 Diabo e Terra de Santa Cruz São
a
1986, p. 18; 34 e segs.
Paulo, Companhia das Letras, p. 32-48. 48. Nóbrega, Manuel da. Cartas do Brasil e mais escritos (1549-1560).
Rio
29. Id. ibid., p. 49 e segs. 1886, 49-59.
de Janeiro, Irnprensa Nacional, p.
30. Colombo, Cristóvão. Diãrios da descoberta da America. Neves frisou bern essa
2 ed. Porto 49. Cardim, F. op.cit., p. 152. Luis Felipe Baeta
Alegre, LPM, 1984, p. 45 e 123, respectivarnente. no discurso jesuitico: da visão mono
prirneira mediacão sugerida
-
I
Perspectiva, 1973, p. 12-26; 73-74. Florestan Fernandes relacionou a poligamia indigena
corn o
40 41
A decisão final do
fundamento gerontocrático do sistema cultural
tupinambá, que 61. Cartas do Brasil.,., p. 109-110. (grifo nosso).
privilegiavaos grandes guerreiros, feiticeiros ou chefes de extensas ConcIlio de Trento na seção XXIV, cap. V, foi a de que sornente se
parentelas corn a oportunidade de se .unirem a várias esposas gtau em casos de grandes prIncipes
e causa
o
-
dispensasse
no segundo
que, alias, era proibido para as mulheres. V. Oanizaçdo social dos Silva, M.B.N. de, op. cit., p. 131.
pOblica. Ver
tupinambOs. 2 ed. São Paulo, Difel, 1963, P. 153. Também Gilberto 62. Cartas do Brasil..., p. 141-142. Neves, L.F.B., op.cit., p. 38-39;
75.
ireyre atribuiua
poligamia masculina menos ao desejo sexual do de. Crônica da Companhia deJesus. Petrópolis,
"interesse econômico de cercar-se o
63. Vasconcelos, Sirnão
que ao
caçador, o pescador ou Vozes, 1977, p. 221.
o guerreiro dos valores econôrnicos e segs. V. tb. Holanda, S.B.
vivos, criadores, que as 64. Delurneau, J. Le peché..., p. 30-41; 138
muiheres representam". Op.cit.,
p. 116. e, 0 Diabo..., p. 44.
de, op.cit., p. 181-182, e Souza, L. de
M.
51. NovasCartas...,p. 232. humanismo se orientou conforme dois
65. R. 1ornano afirma que o
-
52. Souza, Gabriel Soares de. Tratado descritivo do Bra.sil em 1587. 4 histOrico que quer trazer
eixos: "clássico (e gasto) do conhecimento
ed. São Paujo, Companhia Editora corn o prirneiro, e o
Nacional, 1971, p. 308-309. o passado ao presente e alimentar o Oltimo
53. Em virtude da falta de
parceiras jovens do espaco que se abre corn a
ja que o hornem so outro, de acordo corn o conhecimento
-
poderia se casar quando fizesse urn prisioneiro, além de outras e preponderante). E pros
exploracão do mundo" (deterrninante
-
restriçOes -, os mancebos tupinambás "contentavam -se corn as "Não é acaso que o primeiro hurnanismo
o que se
-
segue: por
veihas, apesar de as saberern estéreis". Femandes, F., op.cit., alirnenta unicamente do patrimOnio clássico
é mais aberto e mais
p. 158.
-
54. Jã em 1503 Américo VespOcio observara algo nele "encontramos ensaios de sincretismo entre rnundo
semelhante, também liberal", e
anirnado por urn espIrito de
reprovaçao. "Pois que as suas mulheres, clássico e cristianismo." Jáo segundo momento, "se deu lugar ao
sendo libidinosas, fazem inchar os rnernbros dos seus outro lado,
maridos a uma exato sentido do relativismo de urn Montaigne (...), por
tal grossura que disformes humanisrno estabelecerern urna
levou as grossas fileiras do
a
parecern e brutais, e isso corn urn seu
certo artifIcio e a mordida de animais
venenosos; e por causa dessa unicidade agressiva, voraz, esmagadora".
V. "Conquista, geografia e
73.
-
43
vol. 14, p. 216.
diocesanos estabelecidos em Trento. No século XVI, 95. Vieira, A. op.cit., os letrados e a
poderes os
em Ideologia e escravidão:
jesuitas relutararn em entregar parOquias ao clero secular colonial. 96. Examinamos o assunto colonial. Petrópolis, Vozes, 1986, p.
socledade escravista no Brasil
78. Freyre, G. Op.cit., p. 245 e segs.
149-159.
79. Apud Pinho, Wanderley. Aspectos da História social da cidade de vol. 2, p. 78-114.
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vol. 7, p. 402-403.
240. 98. Vieira, A. 0p.cit.,
513.
80. Almeida, Cândido Mendes de (org.). Códigofllpino ou ordenaçöes e 99. Delumeau, J. Lepéché..., p.
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178 e segs.
Portugal. Rio de
Janeirq, Tipografia do Instituto
Philomático, 1870, Livro V, TItulos XV, XVI, XVIII, XXI, XXIV, XXVI, 101. Id. ibid., p. 103. Brasil. São Paulo,
Cultura e opulência do
XI, XXXII, XXXVIII. 102. Andreoni, João Antonio.
160.
81. Souza, L. de M. e. Op.cit., p. 82 e segs. Companhia Editora Nacional, 1967, p.
82. Novas Cartas..., p. 60. Cartas do Brasil..., p. 59.
83. Carta.sdoBrasil..., p. 54-55; 79; 83-92; 98.
84, Pinho, W. Op.cit., p. 533. V. tb. Costa, Afonso. As orfds da Rainha
(base daformacdo dafamulia brasileira). Rio de Janeiro, 1950.
85. Analisando sermOes franceses do século XVI ao XVIII, Delumeau
constatou a forte recorrência de temas como a luxiria, a beleza
fisica, o traje feminino, a castidade, o casarnento e a viuvez, corn os
quais so rivalizaram as pregaçOes sobre roubo, dinheiro, avareza e
arnbição. V. Lepeché..., p. 477.
86. Bemardes, Manuel. Armas da castidade. Lisboa, 1699, p. 198.
87. Pereira, N.M. Op.cit., vol. 1, p. 49, 288-290.
88. Constituiçàes Primeiras do arcebispado da Bahla (1707). São Paulo,
1853, Livro I, XXXIV, parags. 131-132. Sobre rnanuais de confissão
v. Lima, Lana Lage da Gama.
portugueses: Aprisionando o desejo:
confissão e sexualidade. In Vainfas, Ronaldo (org.). História e