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CONGRESSO INTERPROVINCIAL:
“SÃO JOSÉ: ENTRE O SILÊNCIO E A AÇÃO”
CARMELO DESCALÇO
BRASIL
9 a 15 de outubro de 2021
“Assim, tomei por Advogado e Senhor o Glorioso São José, encomendando-me
muito a ele. Vi com clareza que esse Pai e Senhor meu me salvou, fazendo mais do que eu
podia pedir, tanto dessa necessidade como de outras maiores, referentes à honra e à perda da
alma.
Não me lembro até hoje de ter-lhe suplicado algo que ele não tenha feito.
Espantam-me muito os muitos favores que Deus me concedeu através desse bem-
aventurado Santo, e os perigos, tanto do corpo como da alma, de que me livrou.
Se a outros Santos, o Senhor parece ter concedido a Graça de socorrer numa dada
necessidade, a esse Santo Glorioso, a minha experiência mostra que Deus permite socorrer
em todas, querendo dar a entender, que São José, por ter-Lhe sido submisso na terra, na
qualidade de Pai adotivo, tem no Céu todos os seus pedidos atendidos1.”
1
TERESA DE JESUS, Santa. Obras Completas. Texto estabelecido por Fr. Tomas Alvarez, O.C.D. Direção
Pe. Gabriel C. Galache, SJ. Tradução de Adail Ubirajara Sobral e outros. – São Paulo: Edições Carmelitanas:
Edições Loyola, 1995, Livro da Vida, p. 49.
SUMÁRIO
11. NOVENA DE SANTA TERESA DE JESUS COM SÃO JOSÉ (Estela da Paz,
OCDS)………………………………………………………………………………………131
1º Dia…………………………………………………………………………………...……132
2º Dia………………………………………………………………………………...………133
3º Dia……………………………………………………………………………………...…134
4º Dia………………………………………………………………………………...………135
5º Dia……………………………………………………………………………………...…136
6º Dia……………………………………………………………………………………...…137
7º Dia………………………………………………………………………………..……….139
8º Dia……………………………………………………………………………………...…140
9º Dia………………………………………………………………………………………...141
Ladainha de Santa Teresa de Jesus…………………………………………………...…..143
Referências……………………………………………………………………………….....144
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APRESENTAÇÃO
CONGRESSO INTERPROVINCIAL DO CARMELO DESCALÇO NO BRASIL2
2
Texto originalmente publicado no Informativo Carmelitano (Província Nossa Senhora do Carmo – OCD),
Porto Alegre, n°. 021, 11/2021, p. 4-5.
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carmelitas descalços seculares das comunidades Santa Teresa Benedita da Cruz (São
Leopoldo, RS), Nossa Senhora do Carmo e Santa Teresa de Jesus (Porto Alegre, RS).
Nesta noite de encerramento, também tivemos a apresentação musical do
grupo “Amigos do Carmelo”, de Curitiba, e as mensagens dos apresentadores do
Congresso, Romário e Gilcivânia Pinheiro (OCDS), e da presidente da Província São
José, Rose Lemos (OCDS), que fez um agradecimento à comissão organizadora, ao ex-
delegado geral para a OCDS, Frei Alzinir Debastiani (OCD), e a todos os participantes.
Este Congresso, inspirado no ano de São José, convocado pelo Papa Francisco,
foi uma homenagem aos 150 anos da proclamação de São José como Patrono da Igreja
Católica, celebrando também o tríduo e a Solenidade de nossa Santa Madre Teresa de
Jesus. Esse evento testemunhou a comunhão no carisma carmelitano dos freis, monjas e
seculares do Brasil. Esperamos que esta semente josefina frutifique espiritualmente,
com a Graça Divina, colaborando para crescermos na fé, na esperança e na caridade.
PRESENTACIÓN
LAS PROVINCIAS DEL CARMELO DESCALZO DE BRASIL ORGANIZAN UN
CONGRESO EN HONOR DE SAN JOSÉ3
Del 9 al 15 de octubre, con ocasión del año dedicado a San José, se celebró el 1er
Congreso interprovincial del Carmelo Descalzo, cuyo tema era “San José: entre silencio y
acción”. El evento online, organizado por las Provincias del Carmelo Descalzo en Brasil, ha
sido transmitido a través de los canales YouTube de la OCDS. Los vídeos alcanzaron un total
de más de ocho mil visitas, con participantes de diferentes países.
El congreso fue un gran momento de fraternidad y formación para toda la familia
teresiana brasileña y un notable testimonio de comunión en el carisma teresiano: las tres
ramas (frailes, monjas y seculares) de las dos provincias de Brasil (San José y Virgen del
Carmelo) asumieron juntos toda la organización, permitiendo así a todos participar en la
difusión de nuestro amor común por San José.
Los participantes tuvieron acceso a varias actividades formativas para profundizar en
la espiritualidad de San José: enfoque bíblico, enseñanza de los Papas, paternidad,
devociones, artes, etc. El evento también se caracterizó por varias actuaciones artísticas, en
particular la de los participantes en el concurso musical en honor de San José. Las misas de
apertura y de clausura fueron celebradas por los superiores de las dos provincias brasileñas, y
se pudo celebrar un triduo en homenaje a Santa Teresa de Jesús, nuestra Madre.
Este congreso interprovincial en honor de San José celebró, desde una perspectiva
teresiana, el 150 aniversario de la proclamación de San José como patrono de la Iglesia.
Esperamos que este gran acontecimiento dé frutos espirituales para el bien de todo el pueblo
de Dios y la bendición de San José para toda la familia carmelita en Brasil.
3
Texto originalmente publicado no Communicationes – OCD, Roma, n. 370, 10/2021.
9
palavra pronunciada por Deus. Este nosso mundo e cultura consegue encontrar cada vez
mais e melhores razões que expliquem os fenômenos e as suas causas, e cada vez o faz
mais rápido, mais direto, mais perfeito. Merece nosso aplauso e reconhecimento e até a
nosso gratidão. O problema é que essa mesma pretensão é aplicada ao âmbito do sagrado, e
o homem acaba por rejeitar quanto não consegue explicar ou compreender. Faltam
“razões”, é o argumento. E o erro de tantos cristãos, especialmente os que temos o dever da
catequese, é querer apresentar razões. Muitas das realidades da vida, quem sabe se as mais
determinantes das opções que fazemos, não pedem para ser explicadas, mas, antes,
interpretadas. E a lente com a qual lemos marca a diferença; morte e vida, egoísmo e amor,
treva e luz, guerra e paz, covardia e heroísmo, atraso e progresso, fome e dignidade.... é
evidente que conhecemos as suas razões e porquês e, no entanto, nem sempre acertamos a
interpretar corretamente qual deva ser a nossa escolha, já que, vez por outra, acabamos do
lado escravizador. Por que não questionamos a “razão” de tamanho desatino?
Aqui encontra espaço a figura bíblica do nosso querido José; ele forma parte dessa
chave interpretativa que o Evangelho nos oferece. Sua figura está construída desde as
convicções religiosas e da fé, inserida no que chamamos desígnio salvífico de Deus, e
desenhada a través da roupagem histórica das estruturas daquele tempo, tais como a
família, os deveres e obrigações, os costumes, a situação social e econômica. Pretender
repetir tais estruturas e costumes, sob o argumento de imitar São José pode esconder um
não pequeno erro, qual possa ser sacramentar atrasos que a nossa sociedade atual levou
séculos para superar, nas áreas sociológica e psicológica, mormente se pensarmos na
situação e papel da mulher. Na figura de José condensam-se, como num ícone ou epônimo,
valores cristãos constitutivos de um modo de ser, aquele revelado por Deus, recolhido-
narrado nos Evangelhos e que chega até nos nesse rio vital que chamamos Tradição.
Epônimo é uma biografia “construída” com o intuito de conferir visibilidade de
uma crença ou convicção. Nessa figura reconstruímos as esperanças e projetos do que
julgamos ser a nossa autêntica identidade. É claro que a linguagem adota uma tonalidade
profundamente afetiva, quando não gloriosa e triunfante. Interessa salientar o “valor” do
que queremos crer. A História torna-se uma narrativa, onde o fato histórico relatado está a
serviço da transmissão da mensagem do narrador. Diríamos que é uma história contada
“desde dentro”, na qual o fato deixa de ser fato para tornar-se evento, e o tempo deixa de
ser kronos para se tornar Kairós.
Na Bíblia, que é, não esqueçamos, a transmissão da Palavra de Deus como
“Escritura”, o modo de escrever (chamado “gênero literário”) mais comum é o chamado
midraxe ( ==== explicar). O relato tem uma pretensão fundamentalmente catequética:
ensinar a “ver e entender” o projeto de identidade pessoal e comunitário (hagádico), e
ensinar a observar um comportamento correto e adequado a tal identidade (halakico). No
NT o melhor historiador é Lucas. No prólogo da seu Evangelho esclarece bem esta
pretensão: “para que tenhas certeza da solidez dos ensinamentos que recebeste” (Lc 1,4).
Os fatos narrados já são conhecidos por Teófilo; o que o narrador pretende é que o leitor /
ouvinte / destinatário da catequese “conheça / veja / sinta / experimente” a consistência e o
valor da sua identidade.
A figura bíblica de São José entra nesta dinâmica narrativa. Na Carta Apostólica
“Patris Corde” o Papa Francisco faz esta releitura da figura de São José pondo em
11
destaque, desde a missão da paternidade que Deus lhe confiou, os valores cristãos do amor,
da ternura, da obediência, da acolhida, da valentia criativa, do trabalho, do silêncio. São
valores / qualidades do José de Nazaré?; sem dúvida nenhuma. Porém são valores do
cristão de qualquer época e de qualquer cultura que precisamos constantemente reconstruir
e encarnar num presente sem fim. A historicidade que conta não é tanto a do personagem,
mas a do leitor. Os valores sentidos e professados pelo leitor precisam ser alavancados em
uma figura próxima ao núcleo da fé, em uma figura querida, que tenha impacto e
importância nas fibras sensíveis que movem a vida. É por isso que a linguagem, com toda a
sua riqueza parabólica e significativa, revela-se fundamental; é primordial uma linguagem
não tanto conceitual e abstrata, mas antes impactante, sonora, tirada do dia-a-dia dos
ouvintes, elaborada como um ourives ou um pintor, com aqueles elementos que acalentam
o viver quotidiano, com as suas dificuldades e as suas alegrias.
Mas, pode perguntar-se alguém, não estaríamos, assim, esvaziando a figura
histórica de José? Em modo algum. José foi, sim, um trabalhador de Nazaré, mas não é esse
o motivo pelo qual aparece nas páginas evangélicas. Ele aparece como um trabalhador de
Nazaré “que responde a Deus”, ainda que sem pronunciar palavra alguma. Ele aparece
como a sintonia, sem interferências, de que precisamos para interpretar hoje qual deva ser
nossa postura de cristãos nas estruturas deste nosso mundo, qual deva ser a razão para não
continuar a cometer desatinos. O valor histórico está, pois, não apenas na existência de
José, mas na responsabilidade que hoje experimentamos como exigência em continuar
encarnando a mensagem do Evangelho que ele encarnou.
Em concreto, nos relatos evangélicos sobre São José encontramos aqueles traços
típicos dos Patriarcas, como Abraão, Jacó, José, o que equivale a afirmar que ele tem a
categoria de alguém com quem Deus conta desde as origens, não apenas da história e do
tempo, mas, principalmente daquilo que é constitutivo e fontal na existência de um povo.
Os elementos redacionais da história de José assim o confirmam: As visões e os sonhos,
que são o modo de dizer que Deus age e dirige os acontecimentos. A vocação ou chamado,
que desarticula projetos pessoais para situá-lo em benefício do povo. As dúvidas, medos e
incertezas, que acenam para a exigência ativa da fé, levantando-se, descendo e subindo do
Egito, tendo que elaborar a resposta a cada passo, como peregrino guardião da uma
promessa carregada no silêncio da noite e perseguida pelos Faraós/Herodes tiranos de
qualquer era da história, mas que um dia brilhará como luz para as nações e glória de Israel.
Aparecem, ainda, os valores da obediência, da colaboração com Deus, da responsabilidade
pela missão recebida, da dedicação generosa....
Os evangelistas do NT condensam na figura histórica de José alguns dos
paradigmas bíblicos mais característicos do AT. Vejamos alguns deles:
(quem não renunciar... não pode ser meu discípulo. José é modelo dessa atitude diante de
todas as pessoas de todos os tempos e lugares.
Em diversos círculos do pensamento religioso moderno não é raro depararmo-nos
com a suspeição de que a luta pela justiça é algo próprio de desordeiros, extremistas,
violentos e ateus, ao mesmo tempo em que buscam refúgio e consolação na vivência de
uma fé intimista e devocional que, não raramente, leva à irrelevância quando não à
alienação. Acredito que podemos aprender com José o que se deu em chamar de “mística
dos olhos abertos”. Saber ver o mundo e as suas realidades com os olhos da experiência
religiosa da fé. Convido a sintonizar com três atitudes de José que iluminem nosso
itinerário de cristãos. Em primeiro lugar, a sensibilidade para as coisas de Deus, porque tal
vez Deus não seja o deus que nós pensamos, fabricado e preso pelo nosso entendimento,
dogmatismos e paixões. Por que José nunca reclamou de nenhuma das decisões divinas
sobre a sua existência? Qual o laço que o unia assim com Deus? O que era que ele via em
Deus que nós não vemos quando reclamamos tanto da nossa fragmentariedade? E
sensibilidade, também, para as coisas dos outros, para não julgar só desde a própria postura.
O que será que ele pensou de Maria?
Em segundo lugar, o compromisso. O Evangelho não apresenta a José negociando
com Deus, mas fiando tudo na conta da gratuidade. Quando a retribuição é o primeiro
quesito da nossa fé, deixamos a Deus de mãos amarradas e coração desolado clamando:
“filho, tudo o que é meu é teu”; no entanto, o filho só vê o que o Pai lhe deve. Tal atitude
egoísta nunca permitirá ver Jesus naqueles pequenos aos que fizemos ou não fizemos o
bem.
E, finalmente, o silêncio. Como se fosse a moldura de um belo quadro. Desconfio
que hoje sobra-nos propaganda disfarçada de evangelização e nos falta testemunho do
mistério. Se há algo que a justiça não aceita é a mentira, o falso testemunho, tanto perante
os tribunais quanto perante a própria consciência. Os evangelistas não nos transmitiram
nenhuma palavra de José, porém sim o fizeram do testemunho que, com a sua vida e o
comportamento, deu da Palavra que habitou entre nós. E por isso é que o chamaram
“justo”.
Não deixemos nunca de pedir a intercessão de São José nas necessidades. Mas,
junto com isso, poderíamos pedir-lhe que nos ensinasse a ler melhor o Evangelho. Não tem
ali nenhuma palavra dele, mas ali está a Palavra à qual ele consagrou sua existência; se
assim o fez, foi porque entendeu. Por que não lhe pedimos que nos ajude a “interpretar” o
que tantas vezes não compreendemos devido a que, provavelmente, não o aceitamos? Será
questão de “razões” ou de luz de leitura?
2. ESPIRITUALIDADE JOSEFINA
Pe. José Antonio Bertolin
2.1 Introdução
1- Todo povo cristão precisa de valores referenciais em sua vida, vale dizer que
precisa de figuras de frente nas coisas de Deus. São José foi uma dessas que se tornou ao
longo dos séculos um referencial que aponta caminhos seguros para a fidelidade às coisas
de Deus com o exercício da responsabilidade à missão que recebeu. Não por nada o Papa
João XXIII no dia 19 de março de 1963 determinou edificar um altar a ele na basílica do
Vaticano e ele mesmo o abençoou e quis que este se “tornasse um ponto de atração e de
piedade” a fim de que se “acendesse, também no máximo templo do cristianismo, a
devoção a São José, Protector Sanctae Ecclesiae e Protetor do Concílio ecumênico
Vaticano II”. A palavra devoção vem do latim devotio que se traduz numa manifestação de
amor, de fervor e de veneração. O conceito faz também referência à entrega total de uma
pessoa a uma experiência mística e à vivência de uma espiritualidade que no caso em
relação a São José se torna uma espiritualidade josefina.
2- São José sempre foi um referencial para a vida espiritual dos cristãos porque
foi um escolhido a dedo por Deus para uma missão em que o próprio Deus o obedeceu e
precisou dele para realizar o seu plano de salvação e por isso, ele teve toda a sua vida
orientada para o fiel cumprimento dessa missão encarando-a como um dever a ser
desempenhado com fidelidade, docilidade, escondimento, obediência, amor, humildade e
prontidão. Ele foi consciente de que da sua escolha e de que do desempenho dessa dependia
a salvação dos homens, e, portanto, foi fiel (da ladainha diz José fidelíssimo) a ela e nesse
sentido é um exemplo edificante para os cristãos.
3- Desde quando recebeu a mensagem do anjo São José estava convencido de
que a grandeza do projeto de Deus ao seu respeito com o qual ele colaboraria juntamente e
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abaixo de Maria, sua esposa, só se realizaria efetivamente se ele estivesse disposto a olhar
além do seu próprio horizonte e assim entregar-se sem reservas na fiel obediência à vontade
de Deus. Nesse sentido ele é o modelo de servidor aos interesses de Jesus.
4- Para que o projeto de Deus fosse possível em sua vida, José precisou escutar
a voz de Deus e cumprir escrupulosamente a sua vontade estando aberto a toda iluminação
que lhe seria advinda por meio da Palavra e dos acontecimentos. Por isso, é do exemplo de
pessoas como São José que precisamos; pessoas abertas à vontade de Deus; pessoas
desarmadas como uma criança que segue as orientações e se coloca nas mãos do pai;
pessoas disponíveis, humildes e obedientes. Essas pessoas são essenciais para a Igreja e
para o mundo. Portanto, os exemplos de São José e consequentemente a vivência de uma
espiritualidade josefina são indispensáveis para os cristãos leigos e para os consagrados
dentro da missão que têm na Igreja.
5- De São José não vamos encontrar quase nada de elucidativo em palavras
sobre o exercício de sua missão, pois dele os escritores sagrados praticamente não se
ocuparam. Por que não se ocuparam? Porque bastaram as suas ações. Ele foi um homem do
agir, da disponibilidade, da humildade, do silêncio frutuoso, do fazer a vontade de Deus na
obediência e no escondimento; isso caracteriza o exemplo de sua espiritualidade; uma
espiritualidade concreta, fruto de sua união com Deus.
6- Embora José não tenha sido objeto de grande preocupação na reflexão
teológica ao longo dos séculos, ele sempre morou profundamente na devoção do povo,
certamente mais fortemente do que aparece na liturgia e nas fórmulas de louvor com que a
Igreja celebra os seus santos, e talvez mesmo além dos próprios tratados teológicos, tão
parcos em comentá-lo. Contudo, muitas igrejas, oratórios, lugares, congregações religiosas,
etc., foram dedicados a ele. O Papa Francisco não deixou desapercebida essa realidade ao
referir-se a ele em sua carta apostólica Patris corde como um pai amado. Ainda hoje muitas
pessoas o homenageiam tomando o nome de José, que é fora de dúvida um dos mais
populares. Muitos santos foram fascinados por ele e por meio do seu amor a ele e da
imitação de suas virtudes se santificaram.
7- É chegada a hora de conhecermos e de darmos mais importância a essa
pessoa fascinante; é chegada a hora de buscarmos nos espelhar mais em seus exemplos e
consequentemente introjetarmos em nossa vida de cristãos a riqueza da espiritualidade
josefina. O ano de São José nos está oferecendo essa oportunidade. Talvez nunca ou muito
pouco ouvimos falar de São José e do seu papel na nossa redenção, na História da salvação.
O seu silêncio, o seu escondimento, a sua modéstia, foram uma constante para a maioria
dos cristãos e continua sendo ainda hoje. Talvez pouco fizemos para reforçar a devoção a
ele entre o povo, salvo exceções. Talvez nem mesmo sabemos que existe uma
“josefologia”, uma teologia de São José que reforçam o conhecimento de sua participação
no plano de Deus como “ministro da nossa salvação” e como “coordenador do nascimento
de Jesus”. Consequentemente em decorrência a isso não sabemos e muito menos vivemos a
Espiritualidade josefina.
8- É verdade que o empenho sobre a devoção a São José algo aconteceu sim; é
verdade que alguns Padres, místicos, fundadores e devotos, se esforçaram em reforçar os
fundamentos de uma teologia josefina, de uma devoção josefina e da Espiritualidade
josefina procurando garimpar alguns dados espalhados na tradição da Igreja. Entretanto,
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isso foi e é muito pouco, muito tímido ainda visto que a sua pessoa ficou contida na
“problemática da infância de Jesus”, esse espaço que a história registrou com ênfase com
acontecimentos de curiosidade e que foram abundantemente preenchidos por lendas dos
apócrifos, ou seja, por relatos pouco confiáveis.
9- Apesar de tudo, do seu silêncio, do seu escondimento, da sua humildade, do
desconhecimento de sua missão como colaborador na obra da nossa redenção, São José
continua no coração do povo que o admira e presta-lhe culto. Diante disso é sinceridade
afirmar que a devoção a ele, a busca de uma espiritualidade josefina e o referencial de sua
missão no plano da salvação tem uma fundamentação, uma razão de ser que precisamos ter
a paciência de garimpar ao longo dos séculos buscando pérolas escondidas sobre ele ao
longo dos séculos dentro de nossa Igreja.
10- É preciso dizer que o que encontramos sobre ele (sobretudo com os estudos
josefológicos das últimas décadas) é o suficiente para asseguramos a ele o lugar que ocupa
na Igreja e nos nossos corações. O seu silêncio não será obstáculo para não exaltá-lo e não
tê-lo como o nosso mestre espiritual; não tenho dúvida que o seu silêncio, a sua humildade,
o seu escondimento, sejam justamente o fascínio que ele exerce sobre nós, seja nas pessoas
simples, seja nos santos e nos modelos de santidade para nós como Santa Tereza de Ávila,
e mais recentemente São João XXIII, o Papa bom, São Paulo VI, a quem devemos
profundas reflexões josefológicas e São João Paulo II, o Papa que o lançou para a Igreja
com a sua Exortação Apostólica Redemptoris Custos. Por fim, o Papa Francisco que como
grande devoto de São José fez referências dele em várias de suas homilias, colocou a flor
de nardo que na tradição hispânica representa São José, colocou o nome dele nas orações
eucarísticas II, II e IV, escreveu a carta apostólica Patris corde e por fim, proclamou em
2021 o ano de São José para toda a Igreja.
11- Sem a colaboração de São José, o plano da salvação de Deus não se
completaria, pois foi por meio da sua humilde e preciosa colaboração que o plano salvífico
de Deus chegou ao porto seguro. É certo que ele passou pelo evangelho sem pronunciar
uma só palavra, mas o seu silêncio não era de temperamento, mas era um silêncio
preenchido de fé, de amor e tinha razão de ser assim para deixar espaço para a sua esposa e
para deixar que o seu Salvador e seu filho fosse o protagonista. Muito interessante é a
colocação do escritor francês Paul Claudel que teve um fascínio sobretudo pelo silêncio de
São José; ele ao escrever a um seu amigo dizia “O silêncio é o pai da Palavra. Aí em
Nazaré há somente três pessoas, muito pobres, que simplesmente se amam. São aqueles que
irão mudar o rosto da Terra”. Sim são eles, porque simplesmente se amavam e porque
foram exemplo de doação e de fidelidade à vontade de Deus.
mais elevado nos céus depois de Maria e dessa maneira tem todos os meios para se tornar o
nosso modelo de santidade. Ele é, como afirma São Bernardo, o servidor fiel e prudente
que o Senhor constituiu como sustentador de Maria, o pai do Redentor e o cooperador
fidelíssimo na terra do grande desígnio da encarnação do Salvador. Missão única e
privilégio único.
7- Por isso, para podermos compreender o que significa a Espiritualidade
josefina é preciso que tenhamos o conhecimento das virtudes ou dos exemplos que são
característicos na vida de São José, pois a espiritualidade é compreendida como a busca
pelo significado da vida interior a partir da ligação e da assimilação dos exemplos vividos
ou ensinados por um modelo referencial para a nossa vida.
8-Podemos definir a espiritualidade como uma propensão na busca de um
significado espiritual para a nossa vida por meio de exemplos que transcendem o nosso dia
a dia nos fazendo conectar com algo maior que nós próprios. Portanto, a espiritualidade
está relacionada com a busca por um sentido e de um propósito para a nossa vida espiritual.
Esse sentido e propósito é um algo maior, ou seja, é o próprio Deus e que se busca cultivar
na vida e, no caso da Espiritualidade josefina, por meio de um estilo josefino vivido por
São José.
9-Para podermos viver bem a Espiritualidade josefina precisamos, como
afirmamos, individuar as virtudes mais características de São José que compõem o
substrato dessa espiritualidade. Antes de tudo precisamos ressaltar que o fato de São José
ser o esposo de Maria e o pai de Jesus faz dele um personagem inigualável em santidade,
devido às singulares graças e os dons celestes com os quais Deus abundantemente o
enriqueceu para o exercício de sua missão; missão única e grandiosa, pois foi aquela de
proteger o Filho de Deus e de guardar a virgindade e a santidade de Maria, assim como
também de cooperar com o plano da salvação. O conteúdo de toda a
santidade de São José está justamente no cumprimento fiel até ao escrúpulo dessa
missão tão grande e tão humilde, tão alta e tão escondida, tão resplandecente e tão
envolvida na escuridão.
10- A sua missão foi, conforme o ensinamento de Paulo VI, “Ter feito de sua
vida um serviço, um sacrifício, ao mistério da encarnação e à missão redentora a qual está
unida; de ter usado da autoridade legal que lhe competia sobre a Sagrada Família, para
tornar-se total dom de si, de sua vida, de seu trabalho; de ter convertido a sua vocação
humana ao amor doméstico na sobre-humana oblação de si, do seu coração e de toda a sua
capacidade no amor colocado a serviço do Messias nascido em sua casa”.
11- Por tamanha importância aos olhos de Deus Paulo VI afirma que “São José
é esta luz que irradia os seus raios benéficos na casa de Deus que é a Igreja; enche-a de
humanas e inefáveis lembranças da vinda no cenário deste mundo do Verbo de Deus feito
homem para nós e como nós, e vivido sob a proteção, a guia e a autoridade do pobre
carpinteiro de Nazaré. José é a luz que ilumina com seu incomparável exemplo aquilo que
caracteriza o santo, dentre todos afortunado por tamanha comunhão de vida com Jesus e
Maria”. Aqui está o fundamento da Espiritualidade josefina.
12- São José, por meio do exercício de sua missão, “é a prova de que para ser
bons e autênticos seguidores de Cristo não são necessárias grandes coisas, mas bastam
virtudes comuns, humanas e simples, contanto que verdadeiras e autênticas”, afirma Paulo
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VI. Por isso, a Espiritualidade josefina é muito simples como era José, pois “São José fala
pouco, mas vive intensamente, não se esquivando de qualquer responsabilidade que a
vontade de Deus lhe impõe. Ele oferece um exemplo de atraente disponibilidade ao divino
chamado, de calma em cada acontecimento, de plena confiança, atraído para uma vida de fé
e de caridade sobre-humana e do grande meio da oração”, ensina o Papa João XIII.
13- Por isso, a Igreja não cessou e não cessará de confiar a ele a vida espiritual
dos cristãos, “na certeza de que aquele que recebeu a plena confiança de Deus em relação
ao seu predileto Filho, desejará continuar a reproduzir os mesmos sentimentos na sua
Igreja”. Portanto, a espiritualidade de São José proposta pela Igreja é acessível para todos,
porque supõe a grandeza de uma vida cotidiana que, enquanto tal, foi vivida de uma
maneira simples, mas extraordinária.
14- São Bernardo afirma que “O Senhor encontrou José segundo o seu coração e
lhe confiou com plena segurança o mais misterioso e sagrado segredo de seu coração. A ele
revelou a obscuridade e os segredos de sua sabedoria, dando-lhe a conhecer o mistério
desconhecido por todos os príncipes deste mundo”. Ora, se Deus confiou tanto em São José
e o escolheu a dedo, como não o ter como um exemplo para a nossa busca no crescimento
da santidade?
15- A vida de São José foi uma vida imbuída de silêncio denso, de comunhão
profunda com Deus, de laboriosidade, de dedicação aos interesses de Jesus e de uma
poderosa força para o florescimento da mensagem cristã, por isso, não há dúvida de que a
sua figura tem uma renovada atualidade para a Igreja do nosso tempo, como afirmou o
Papa João Paulo II na Exortação Apostólica Redemptoris Custos.
16- Portanto, pela sua importância aos olhos de Deus e pela consideração que
ele teve ao longo dos séculos pelos cristãos e na Igreja, não é suficiente que o coloquemos
simplesmente ao lado de Maria no presépio. Aliás, ali já estão os animais que têm apenas
uma função decorativa e que em nada diminuiriam o mistério da encarnação se não
estivessem. Quanto a São José, a sua função não é decorativa, secundária e sem nenhuma
incidência na realidade do acontecimento do nascimento de Jesus, e, portanto, na
participação do mistério da nossa salvação.
17- O Papa João Paulo II afirma que o lugar de São José no coração de Deus
está no fato que lhe foi confiado o mistério cuja realização esperava tantas gerações, seja as
da estirpe de Davi, seja as de toda a casa de Israel. Ao mesmo tempo, foi-lhe confiado tudo
aquilo de que dependia a realização de tal mistério na história do povo de Deus. Eis porque
São José é um santo importante e atual para nós e a Espiritualidade josefina é atualíssima
para todos os cristãos.
18- Ao vivermos a Espiritualidade josefina vamos nos beneficiar dos seus
exemplos assim como Jesus se beneficiou dos seus exemplos no decorrer dos anos que
conviveu com ele. A respeito disso o Papa Paulo VI afirma que “São José é o tipo do
evangelho que Jesus, depois de ter deixado a pequena oficina de Nazaré e iniciado a missão
de profeta e de mestre, anunciará como programa para a redenção da humanidade”. Isso
significa que o homem “novo” anunciado por Jesus foi se formando aos poucos em sua
mente humana ao longo dos anos transcorridos ao lado de José, correspondendo àquele
modelo concreto que tinha diante de si.
21
19- Na verdade, a contínua presença desse homem sério, honesto, virtuoso não
podia não deixar de influenciar positivamente a pessoa e o comportamento de Jesus. Ora, se
o próprio Jesus, que é Deus cresceu na companhia de José e recebeu os seus cuidados,
quanto mais não poderemos nós crescer no amor na vivência de uma autêntica
Espiritualidade Josefina?
20 - Nesse sentido, a missão de São José foi muito além daquela de um simples
guardião de Jesus (o Papa preferiu optar pelo título “Redemptoris Custos” para ressaltar a
sua missão e também para não impressionar os simples fiéis com um título mais incisivo;
por isso, recorreu a uma expressão mais familiar e já presente no Breviário da Liturgia das
Horas usado na França antes do ano de 1569; expressão esta bastante difundida na piedade
popular). Sua presença não foi limitada a uma assistência puramente externa de Jesus,
destinada a prover-lhe o que lhe era necessário e a defende-lo dos perigos, quase que
tivesse a função de guardar o seu corpo, mas foi uma presença sumamente positiva e
incisiva e necessário, e, portanto, de pai sobre a vida de Jesus.
21- Foi dentro de sua família que Jesus experimentou a sua condição humana
em suas múltiplas facetas. Nela Jesus viveu a sua primeira escola de bondade, de
compreensão recíproca e de humanidade autêntica. Isto foi tão forte na vida de Jesus que
ele, durante o seu ministério público, irá falar sobre a figura do Pai celeste como bom e
misericordioso, ensinando aos discípulos a invocá-lo como Abbá. É evidente que essa
referência estava impregnada pela experiência que teve em sua santa família na
convivência com Maria e José. A sua acolhida alegre das crianças e a sua delicadeza com
as mulheres marginalizadas na sociedade eram reflexos dos sentimentos de carinho e de
respeito por sua mãe e seu pai.
22- A Espiritualidade josefina nos ensina a nos reportarmos à casa de Nazaré;
nessa, como ensina Paulo VI, está “A escola onde nós começamos a compreender a vida de
Jesus, ou seja, a escola do evangelho. Aqui se aprende a observar, a escutar, a meditar, a
penetrar o significado profundo e misterioso da manifestação do Filho de Deus de uma
maneira simples, humilde e bonita. Aqui descobrimos a necessidade de observar o quadro
da sua permanência entre nós: ou seja, os lugares, os tempos, os costumes, a linguagem, os
ritos sagrados, enfim, tudo aquilo do qual Jesus se serviu para se manifestar ao mundo”.
23- Nessa escola o amor de José por Jesus e Maria foi vivido e ensinado sem
reticências e sem reservas; foi marcado por um amor traduzido em generosidade, sacrifício,
serviço, dom de todo o seu próprio ser. O lava-pés que Jesus realizou no cenáculo, como
modelo de serviço, ele o tinha certamente experimentado na casa de Nazaré, onde servir era
a regra áurea, a expressão de obediência que todos os seus membros tinham em relação à
vontade de Deus. A Espiritualidade josefina nos ensina a vivência dos valores em nossos
lares.
a qual foi adornado como nas graças e nos privilégios que recebeu de Deus, José superou
todos os santos e os anjos; ele somente não foi superado por sua esposa, a Mãe de Deus.
Em vista disso, ele dirigiu para Cristo toda a sua mente, toda a sua vontade, todas as suas
ações, pois o seu ministério “foi tão íntimo a Jesus que todos os anjos juntos não serviram
familiarmente a Deus quanto José o serviu sozinho”, afirma Isolani.
2- De sua dignidade procedem as suas virtudes que fundamentam a vida cristã
e consequentemente a Espiritualidade josefina. Virtudes estas que podemos distinguir na
afirmação feita pelo evangelho de que José era um homem justo” (Mt 1,19); esta é na
verdade, uma afirmação que condensa a plenitude dos seus dons sobrenaturais, pois a
expressão “justo” significa um homem revestido de todas as virtudes; ou seja, ótimo,
irrepreensível que se apresenta diante de nós no grau de homem perfeito e de modelo de
santidade.
3- Como justo José viveu a fé de maneira perfeita, mesmo porque estava em
íntima união com Jesus e Maria. Viveu em alto grau a sua fé no Deus que se fez homem, na
concepção do menino por Maria por obra do Espírito Santo, na convicção de que Maria,
sua esposa, permaneceu virgem e de que o filho por ela concebido era o Redentor do
mundo ao qual ele próprio devia prestar a sua colaboração servindo-lhe de pai.
4- José viveu a sua fé na vontade de Deus de maneira inabalável apesar da
obscuridade do mistério que lhe foi confiado pelas palavras do anjo, sem hesitar em crer
acerca da concepção virginal de Jesus, acreditando firmemente nessa verdade que lhe foi
revelada por meio de sua simplicidade de coração. Essa obscuridade sobre o nascimento de
Jesus apareceu a ele mais concretamente quando constatou o despojamento e a pobreza em
que nasceu Jesus, não encontrando um lugar para o seu nascimento nem na última das
hospedarias de Belém, simplesmente um nascimento em meio a pobreza sem nada poder
lhe oferecer a não ser o seu amor.
5- A sua confiança em Deus se manifestou por ocasião da perseguição de
Herodes, depois do nascimento de Jesus, em que precisou esconder o menino, fugir para o
Egito onde ninguém o conhecia e onde nem mesmo sabia como poderia ganhar o pão para
sustentar sua família. Aqui está toda a sua confiança na Providência. Sua confiança em
Deus se revelará também quando no templo, quando Simeão lhes dirá “essa criança será
um sinal de contradição”. Aqui ele aceita o mistério da redenção pelo sofrimento.
6- José manifestou a sua confiança em Deus colocando-se ao seu dispor na
fidelidade ao seu chamado; ele podia ter perguntado: Por que Deus me deu o seu filho
único para eu guardar? Por que não a qualquer outro homem? Foi somente pelo desígnio de
Deus que José foi escolhido e preferido desde toda a eternidade. Ele aparece como o mais
humilde de todos os santos, depois de Maria, mais humilde do que qualquer anjo e por isso
mesmo o maior dentre eles. (aquele que dentre vós é o menor, este será o maior Lc 9,48).
“Possuindo o maior tesouro, por graça extraordinária do Pai, José ficou longe de se
vangloriar dos seus dons ou em mostrar suas vantagens, ao contrário, escondeu-se tanto
quanto pode aos olhos dos mortais, alegrando-se especificamente com Deus pelo mistério
que lhe foi revelado e pelas riquezas infinitas que Deus lhe deu para guardar” (Jesus e
Marias), disse Bossuet.
7- São José se nos oferece como modelo de Espiritualidade porque ele fez a
experiência amorosa da presença de Jesus em sua casa todos os dias. Assim, visto que o seu
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amor paterno não podia não influenciar sobre o amor filial de Jesus e o amor filial de Jesus
não podia não influenciar sobre o amor paterno de José, havia, portanto, uma profundidade
de relacionamento entre ambos; por isso, o vemos como um exemplo luminoso de vida
interior.
8- José nos mostra um exemplo de Espiritualidade porque viveu a virtude da
esperança a qual se fundamenta na onipotência e na misericórdia divina. A sua esperança se
fortaleceu a respeito da redenção que Cristo devia realizar e foi alimentada pelo
progressivo conhecimento que foi adquirindo deste mistério (Redenção). Toda a sua vida
foi transcorrida no abandono e na submissão aos desígnios de Deus, sempre sereno diante
das angústias e empenhado em todas as circunstâncias, seja em Belém, seja na fuga e na
volta do Egito, seja depois em Nazaré, no humilde trabalho de carpinteiro. Ele se
abandonou em Deus e tudo esperou dele.
9- São José nos dá um exemplo de Espiritualidade porque ele viveu o amor
para com Deus não apenas porque teve o seu coração unido a Deus, mas também porque
sempre esteve dedicado a Deus e às coisas divinas e sendo que amar a Deus equivale a
amar ao próximo, e que quanto maior é o amor a Deus tanto maior será o amor para o
próximo, São José amou todas e cada uma das pessoas com grande amor, porque amou a
Deus.
10- São José nos ensina uma Espiritualidade porque viveu a virtude da
prudência tão necessária hoje. A esse respeito o Papa Francisco ao considerar as
características de São José na Patris corde enfoca a coragem criativa de José acompanhada
de toda prudência. José refletiu serenamente sobre o anúncio do anjo e depois agiu com
obediência na execução do plano de Deus. Também na fuga e permanência no Egito,
exercitando a sua missão com prudência na defesa de Jesus. O mesmo aconteceu na perda
de Jesus no Templo, quando com diligência o procurou até encontrá-lo.
11- José nos mostra o exemplo de Espiritualidade porque praticou a justiça
manifestando-a no cumprimento fiel de seus deveres, como humilde trabalhador, sendo um
carpinteiro simples e honrado e assegurando o sustento para Jesus e Maria e sendo um
referencial de homem exemplar como um "Sadiq", portanto, um “homem justo e devoto,
ligado aos mandamentos de Deus”. Para a mentalidade hebraica, "Sadiq" quer dizer aquele
que reconhece o fundamento absoluto da lei e o seu valor moral. De fato, um homem
religioso, que vive um relacionamento pessoal com Deus, é um "hassid", ou seja, um
homem fiel, que, enquanto educa levando o povo por meio da irradiação de sua presença,
da sua integridade e do seu caminho, se torna um "sadiq”, um fiel que, através da eficácia
de sua obra, ilumina o povo no caminho da fidelidade e do amor.
12- São José nos mostra uma Espiritualidade porque ele viveu a virtude da
fortaleza, a qual significa a firmeza no bem que o fez superar os obstáculos. Ele foi forte
diante dos desafios da sua vocação; por isso, nós o vemos bater de porta em porta, pedindo
hospitalidade, em Belém, para a sua esposa e para Jesus. Nós o vemos intrépido diante dos
desafios da fuga e da permanência no Egito.
13- São José nos mostra o exemplo da Espiritualidade porque viveu a virtude da
temperança testemunhado uma vida simples e pobre, embora a virtude que Santo Tomás
mais destaca em São José é sua obediência, que é antes de tudo expressão do
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reconhecimento por parte dele da maternidade divina de sua esposa; a sua incondicional
obediência expressa no serviço que ele desempenhou no mistério da encarnação.
14- Não menos expressiva se apresenta na escola da Espiritualidade josefina a
virtude da humildade, bastam para ilustrar esse fato as palavras de Paulo VI: “O que de
mais humilde, de mais simples, de mais silencioso, de mais escondido nos poderia oferecer
o Evangelho a ser colocado ao lado de Maria e Jesus? A figura de José é precisamente
descrita nos traços de modéstia como o mais popular, o mais comum, o mais, pode-se dizer
usando o critério de valores humanos, insignificante, uma vez que não achamos nele
nenhum sinal que pode nos dar conta de sua magnitude e da extraordinária missão que a
Providência lhe confiou, e que forma, com razão, o tema de muitas considerações, aliás, de
muitos panegíricos em sua honra”.
15- “Olhando para ele no espelho da história do evangelho, José nos é
apresentado com os traços mais salientes de extrema humildade; um trabalhador modesto e
pobre, obscuro, pequeno, primitivo operário que nada tem de especial, que não deixa no
evangelho nenhuma palavra sua. Nenhuma palavra sua nos é lembrada; fala-se apenas de
seu comportamento, de sua conduta, do que ele fez, e tudo em silencioso escondimento e
em perfeita obediência”. Por isso Paulo VI ensina que para ser cristão não precisa fazer
coisas grandiosas, mas coisas simples, pequenas mas carregadas de significado como fez
São José.
16- A dimensão do silêncio é marcante na Espiritualidade Josefina; de fato, o
Papa Bento XVI ensina que o silêncio de São José é “permeado de contemplação do
mistério de Deus, em atitude de total disponibilidade à vontade divina. Em outras palavras,
o silêncio de São José não manifesta um vazio interior, mas, ao contrário, na plenitude de
fé que ele traz no coração e que orienta cada pensamento seu e cada uma das suas ações.
Um silêncio graças ao qual ele em comunhão com Maria, conserva a Palavra de Deus,
conhecida por meio das Sagradas Escrituras, confrontando-a continuamente com os
acontecimentos da vida de Jesus; um silêncio tecido de oração, de bênção do Senhor, de
adoração da sua vontade e de confiança sem reservas na sua Providência...”.
17- Por fim, aproveitando o ano de São José e a carta apostólica Patris Corde do
Papa Francisco, lembremos alguns aspectos muito bonitos que o Papa nos ensina sobre
algumas outras virtudes características vivenciadas por São José no seu ministério paterno.
São sete características e todas elas iluminam a riqueza da espiritualidade josefina. Por
questão de tempo, lembro apenas três delas:
18- a)- São José Pai na ternura: O Papa afirma que Jesus experimentou a ternura
de Deus graças a São José que o acompanhou no caminho do crescimento “em sabedoria,
em estatura e em graça, diante de Deus e dos homens” (Lc 2, 52), que “ensinou Jesus a
andar, segurando-o pela mão e era para ele como o pai que levanta o filho e o coloca
junto ao seu rosto”. Esta mesma atitude amorosa para com Jesus, José manifestou para
com a sua esposa Maria; basta pensar quando ele tomou conhecimento de sua gravidez
quando ela era apenas sua noiva e ainda não tinham celebrado o casamento.
19- O exemplo de ternura de São José enriquece muito a Espiritualidade josefina
porque este deve fazer com que o Jesus que seguimos continue agindo por meio de nós
como José que abraçava, tocava, afagava, beijava, alimentava Jesus; nos ajuda a termos
uma atitude a fim de podermos curar os corações feridos, animar os desanimados e os
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desesperançosos com a ternura de Deus, como viveu São José. Ele, homem forte e
trabalhador, deixou sobressair de seu íntimo uma grande ternura que denota o seu profundo
amor. Assim, a Espiritualidade josefina nos mostra que não devemos ter medo da ternura a
qual se fez presente na vida do nosso modelo e protetor por meio de seu serviço humilde e
concreto, e como ele, devemos abrir os braços para os nossos irmãos e acolher com afeto e
ternura cada pessoa que nos é confiada em nosso caminho, especialmente os mais pobres,
doentes, fracos e pequeninos, pois uma das características do cristão é ser manifestação da
misericórdia, da bondade, da ternura de Deus, particularmente aos mais necessitados. Por
isso, o Papa ensina que no nosso mundo de hoje há a necessidade de uma “revolução da
ternura”.
20- b)- O Papa nos ensina também que São José é pai no acolhimento, pois ao
acolher Maria grávida em sua casa ele a trouxe para mais perto de si, compreendeu a sua
situação e embora sabendo que ela era a Mãe de Deus, tinha consciência de que ela tinha
algo em comum com ele, ou seja, a sua humanidade. São José não a deixou sozinha, mas
acolheu-a e a respeitou na sua individualidade e missão, e muito embora os evangelhos não
nos relatem, ele soube escutar o que ela tinha a lhe dizer e soube guardar o segredo de sua
maternidade divina em seu coração. A vivência da Espiritualidade josefina nos mostra que
atitude de São José ilumina o empenho que podemos ter com nossa acolhida aos irmãos e
irmãs fazendo com que eles se sintam bem em estar conosco, em conversar conosco e vice-
versa. A nossa acolhida aos irmãos e irmãs nos ajudará a ver neles a imagem e semelhança
de Deus, ou como quer Jesus, nos faz ver e acolher o próprio Deus neles. A nossa acolhida
fará com que as pessoas se tornem mais felizes se as consideramos importantes, por isso,
qualquer pessoa que recebermos em nossas casas deveria receber a mesma consideração
que daríamos se recebêssemos um Presidente da República ou o Papa. Essa será uma
dimensão riquíssima da Espiritualidade Josefina.
21- c)- Outra característica bonita do exercício do ministério paternal de José
descrita pelo Papa é que ele é o Pai na sombra; ele foi a sombra do Pai na vida de Jesus
com o exercício de sua paternidade e ao mesmo tempo deixou que a sombra fosse projetada
sobre si mesmo. Decorre daqui a ênfase na virtude da sua humildade, do seu escondimento,
do seu silêncio. Tudo nele falava de Deus e nada nele falava de si mesmo. Toda a sua vida
foi envolvida em escondimento, numa vida oculta, mas numa vida oculta que tinha a sua
subsistência na vida interior pelo fato de que estava quotidianamente em contacto com o
mistério "escondido desde todos os séculos", que "estabeleceu a sua morada" sob o teto da
sua casa. Como sombra do Pai para Jesus, ele nunca se colocou a si mesmo no centro;
soube descentralizar-se, colocar Maria e Jesus no centro da sua vida”.
22- O mundo precisa de pessoas e sobretudo de pais assim, que saibam se doar,
que rejeitam a dominação e o autoritarismo, pois toda a verdadeira vocação é doação e
“mesmo no sacerdócio e na vida consagrada, se requer este gênero de maturidade. Quando
uma vocação matrimonial, celibatária ou virginal não chega à maturação do dom de si
mesmo, detendo-se apenas na lógica do sacrifício, então, em vez de significar a beleza e a
alegria do amor, corre o risco de exprimir infelicidade, tristeza e frustração”, afirma o Papa.
23- Concluo afirmando que a Espiritualidade josefina é possível para todos e por
isso o Papa Leão XIII aponta São José como modelo dos diversos estados de vida do povo
cristão: “Em José os pais de família têm o mais sublime modelo de paterna vigilância e
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3. MESA REDONDA
Frei César Cardoso, OCD.
Estela da Paz, OCDS.
Temas desenvolvidos:
A) na oração e escuta
B) silencio e ação
C) silêncio e caridade
2. O Patrocínio de São José (o que diz o documento dos dois padres gerais)?
(15 minutos)
A vida de José e Maria somente pode ser lida pela sua relação com Deus, que os
chama, os prepara, os orienta, os enche da sua graça e lhes conforta. Um casal que vive e
age em contínuo desejo de não fazer nada que não seja a santa vontade de Deus, e para isso,
ambos vivem naquela atenção interior, em atitude de escuta constante, com os sentidos
abertos e prontos a captar os mínimos sinais do Senhor, para nada que lhes escape, para que
as respostas sejam acertadas, as escolhas justas, as atitudes santas. Qual a importância e o
lugar do silêncio nas relações entre São José e Deus?
A primeira grande realidade que devemos ter em conta é que Deus se comunica,
Deus nos fala continuamente, e sua palavra é ouvida no silêncio. Diz o livro da Sabedoria,
cap. 18, v.14: “Quando um silêncio profundo envolvia todas as coisas e a noite mediava o
seu rápido percurso, tua Palavra onipotente lançou-se.”
O silêncio interior é a porta por onde a voz de Deus pode ecoar e ser ouvida, sem
obstáculos, sem desvio algum. Em São José e em Maria o Senhor operou aquilo que fora
missão do Batista: de preparar os caminhos do Senhor, aplainar as veredas, encher os vales
e rebaixar os montes. Aquelas almas santas eram o receptáculo ideal onde vibrava o sopro
silencioso de Deus.
Maria, naquele reencontro, chama a atenção do Menino Jesus. Ele impôs aos seus
pais um trabalho, uma angústia, uma preocupação que poderia ter sido evitada. Porque não
lhes disse nada, porque não deixou um recado, porque não lhes preparou para algo que
parece ter sido premeditado? Certamente, com quem já acostumado às surpresas de Deus,
Jesus poderia estar tranquilo quanto ao entendimento para o qual os encaminharia,
forçando-os a procurá-lo por três dias, como o número dos dias até sua ressurreição,
número perfeito, indicativo da totalidade, até compreenderem bem, vendo-o no Templo,
habitação de Deus, que Ele é sim, como disse o anjo, Deus conosco, Deus entre nós. Tenho
a tentação de ver neste episódio uma alusão da Palavra àqueles momentos cruciais na nossa
vida, como a adolescência e a juventude, em que sentimos a necessidade imperiosa do
verdadeiro momento de corte do cordão umbilical, em que temos que dar o passo difícil,
mas importante de seguir nossos caminhos, procurando outras seguranças que não o colo de
nossos pais. No caso de Nosso Senhor, o episódio é figura daquele dia em que Ele deverá
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seguir o caminho que o Pai lhe indica, ainda que tal estrada vá desassossegar o coração de
sua mãe. Fazer a Vontade Santa do seu Pai do Céu, é o caminho que Ele, seus pais terrenos,
e todas as pessoas devem seguir. Todos devemos nos mover por meio desta única luz: a
vontade de Deus que chama cada um de nós a realizar pessoal destino que Ele mesmo nos
aponta. A mensagem mais importante daquele episódio é esta. Devemos fazer a vontade do
nosso Pai.
Quando Nossa Senhora fala e desabafa, num dos raros momentos do Evangelho
em que vemos A Virgem Maria um pouco alterada, dominada e movida pela
responsabilidade materna sobre o Menino, diante dos tantos riscos para ele mesmo que o
seu desaparecimento poderia trazer-lhe e que povoaram a mente da mãe, e isso durante três
dias intermináveis, em que cada hora acentuava nos pais o cansaço, pelas poucas horas de
sono instável, pelas muitas horas de infrutífera busca... Quando Maria finalmente encontra
seu Filho, ali mesmo, diante de todos, lhe comunica os sentimentos aflorados de aflição e
angústia que ele lhes impôs. Maria provoca a consciência de Jesus ao perguntar-lhe –
porque nos fizeste isto? – esperando que ele assuma a própria culpa e se desculpe por ter
colocado seus pais numa situação constrangedora, podendo ser apontados como negligentes
por terem-no se perdido dele, mas que, na verdade, agiram daquela forma tranquila porque
confiavam tanto nele, de modo a jamais nem sonharem ser possível que ele fosse capaz de
fazer o que fez.
Em todo o momento José coloca-se em silêncio, vendo e escutando Maria que fala
com Jesus. Ela fala também em seu nome. Coloca-o em primeiro lugar, quando diz: “teu
pai e eu andávamos à tua procura”, manifestando o papel de José no seio da família, o
respeito que Maria lhe tinha, o reconhecimento de seu lugar, mas que, na prática, era ela,
como mãe, que era levada a tomar a iniciativa de expressar-se, já conhecedora do
temperamento silencioso de seu esposo.
De fato, José, como em todas as passagens referentes a ele nos Evangelhos, está
ali, assistindo a tudo, em silêncio. O que se passava em sua mente? José era um homem de
Deus, e como tal via e vivia todas as coisas com um coração dilatado que se adiantava, que
lhe abria vias para além do ponto em que se encontrava, tal é a atitude de quem está
mergulhado na graça divina. Certamente José está ansioso por ouvir as razões do filho
como resposta à pergunta da Santíssima Mãe. Quer ouvir algo que lhe confirme o que, no
fundo do seu coração, ele já sentia. Ou seja, de que em Deus está a razão, a última razão
das atitudes de seu Filho. São José é o homem da confiança extremada. Aquela confiança
que surge mais forte e se antecipa principalmente quando estamos envoltos em dificuldades
tão grandes que apenas as razões humanas não são suficientes para nos consolar. José tem
um olhar para além do horizonte, para além daquilo que nossos olhos podem ver, para além
do material e terreno, do concreto e mensurável. Um verdadeiro olhar de fé. Não
deveríamos também nós deixarmo-nos transportar por esta confiança, pela amplidão da fé,
especialmente nestes tempos em que vivemos, e confiar de que, as tragédias podem trazer
dentro de si possibilidades de renovação, de apelos divinos, de vida renovada? Deus tem
poder para tirar o bem do mal que nos alcança e no qual nos envolve. O trágico momento
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pode, sim, ser um kairós, um momento de graça. José confia que Deus tem razões que ele
mesmo desconhece. Foi a atitude que viveu quando, lá atrás, ficou sabendo da gravidez de
sua esposa. Jamais passou pela sua mente pensar qualquer coisa que pudesse fazê-lo
desconfiar da honestidade de Maria. Deus a envolveu nos seus planos, e o que ele tinha que
fazer era respeitar a sua Vontade imperiosa e santa, retirando-se em segredo... Até que o
anjo lhe comunica que ele fora envolvido também, no mesmo mistério. José sabe que seu
menino terá razões de sobra para não decepcioná-lo jamais, a ele e a Maria que são
extremamente bons, responsáveis, amáveis e justos. E é o que advém, conforme
desconfiava confiando: “Não sabíeis – lhes disse Jesus – que vim para fazer a vontade do
Pai?” Era a resposta que fez com Maria guardasse todas estas coisas no seu coração, com
que José ficasse satisfeito, com aquele sorriso suave no rosto e os olhos brilhantes e
bondosos, afirmando com a cabeça o que ele já trazia no interior de seu coração, abraçando
com sua mão a cabeça de Jesus e o levando, feliz, de volta de Nazaré.
Deus nos fala e cabe a nós aprender a escutá-Lo. Aprendamos de Maria e José a
estar à escuta do Senhor, sempre. O silêncio, interior e exterior, é de grande valia, ajuda
muito, principalmente quando acompanhado de algumas qualidades, tão presentes na
constituição espiritual e humana dos pais do Senhor Jesus. Ei-las:
f) Por fim, o silêncio orante nos permite de alcançar aquela sabedoria divina
que nos dá a graça do discernimento, tão necessário para poder distinguir a voz de Deus
entre as vozes do mundo. Maria e José não se preocupavam tanto com o que falavam ou
poderiam falar deles ou do seu filho. E certamente o falatório não deve ter sido pouco, nas
grandes ocasiões, especialmente nos momentos mais difíceis, como nos últimos meses da
vida do Senhor. José e Maria eram felizes por serem fiéis, constantes, firmes, virtudes tão
caras ao Senhor e raras ao mundo.
Buscando estas coisas boas, o nosso coração se assemelhará aos corações de Maria
e José, que de tão bons, abertos, acolhedores, obedientes, silenciosos, orantes e sábios,
fizeram-se tão unidos ao seu Senhor, fazendo com que o querer Dele se sobrepusesse aos
seus, em tudo e sempre. Que assim seja para nós também.
Em Deus, ação e palavra coincidem. A palavra de Deus é eficaz: Deus fala e o que
diz se realiza, basta dizer que a obra se dá. É o quanto nos revela o texto da criação no livro
do Gênesis: "Deus disse: “Faça-se a luz!”. E a luz foi feita." "Deus disse: “Faça-se um
firmamento entre as águas, e separe ele umas das outras”. E assim se fez. "Deus disse:
“Produza a terra plantas, ervas que contenham semente e árvores frutíferas. E assim foi
feito. A cada expressão “Deus disse”, sucede um “e assim se fez”. Não há intervalo entre o
dizer e o operar em Deus, quando se trata da criação.
Em nós nem sempre é assim. Temos a inspiração da palavra que me diz: faça isso,
deixe de fazer aquilo, caminhe por esta estrada, tome aquele caminho... e em grande parte
das vezes eu deixo para amanhã ou para nunca, o que um dia, em pensamento, o Espírito
me pedia. Claro que nós somos feitos diferentes e cada um de nós tem uma disposição
diversa para realizar as coisas. Uns são mais lentos, outros mais ousados e dispostos. Uns
são mais medrosos, outros mais corajosos. Uns arriscam mais, outros são prudentes demais.
Eu, por exemplo, para levantar-me de manhã, a fim de chegar à hora da oração em meu
convento, devo colocar o celular para despertar meia hora antes do horário certo para
levantar-me, e, neste tempo, vou adiando o despertador. Isto é o de menos. Cada um deve
exercitar-se segundo suas deficiências ou adaptar-se segundo suas carências. Mas quando
está em jogo a salvação de minha alma, é importante decisões mais firmes e uma
colaboração mais empenhada com a graça de Deus que não nos falta. Quantas vezes
colocamos mil condições para realizar o que Deus me pede? Ou buscamos mil razões para
justificar uma ação condenável.
Num esquema célebre de Santa Teresa, na sua obra carismática denominada
“Caminho de perfeição”, ela elenca três virtudes necessárias para quem quer trilhar o caminho
de oração: o desapego, a humildade e o amor fraterno. Alguns capítulos adiante, porém, ela
como que acrescenta uma outra virtude fundamental que ela chama de “determinada
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Santa Teresinha do Menino Jesus. Certa vez ela disse que se Jesus estivesse distraído e não
percebeu quando ela fazia escondidamente os tantos e pequenos sacrifícios, só para Ele, ao
saber disso ela os faria mesmo assim, porque os fez por amor a Ele e não para receber dele
qualquer coisa.
Já lhe aconteceu de você ter feito algo belo e ninguém aplaudiu? De não ter
recebido algum elogio por uma ação nobre? Já aconteceu com você de não ter tido uma
palavra sequer de gratidão por algo de bom feito a alguém? Já lhe aconteceu de ter
realizado um ato heroico e ninguém notou? De não ter sido valorizado por algo que fez?
As pessoas podem sofrer de falta de educação, mas se você, diante de tudo isto, não
cultivou rancores, não alimentou vinganças e não desistiu de continuar fazendo o bem,
você alcançou a virtude, você é de fato um com o Cristo, filho de Maria, filho de José.
São os políticos que têm o dever de dar satisfação aos seus eleitores e fazerem
propaganda dos seus feitos, mesmo que escondam os atos que possam destruir suas
imagens. Mas na vida pessoal e espiritual dos cristãos, não cabe publicidade sobre seus
atos. O silêncio é demonstração de fé: basta que Deus o saiba.
Concluo esta simples meditação sobre o silêncio e a ação em São José chamando a
atenção para uma tendência muito comum entre nós. A tendência de se falar muito e agir
pouco. Todos nós conhecemos o ditado popular que diz: “carroça vazia faz muito barulho”.
Em geral são faladores contumazes os charlatães, os enganadores, os mentirosos e os
hipócritas. São aqueles que muito falam, mas seus atos contradizem suas palavras. São José é
o homem da ação. Pelo seu silêncio e pelo seu agir, aprendemos a valorizar o que de fato
interessa: as atitudes, os gestos, a ação. A palavra tem o seu valor, ela é fundamental, mas o
que conta no fim é o modo concreto de vida que levamos. Como dizia o Padre Vieira: ”para
falar ao vento bastam palavras, para falar ao coração são necessárias obras”. Numa carta
escrita às monjas carmelitas de Beas, na Espanha, São João da Cruz se desculpava por ter
deixado passar muito tempo sem enviar-lhes alguma missiva. Mas justificou-se dizendo que,
na verdade, elas já sabiam o suficiente sobre o que era importante saber e, portanto, não
haveria necessidade de lhes falar mais. E concluiu o santo místico: o que importa agora é calar
e obrar. Que a admirável Mãe do Carmo e o glorioso São José, nossos patronos, Que a
admirável Mãe do Carmo e o glorioso São José, nossos patronos, em quem tão perfeitamente
coincidiam a palavra e ação, a ação e a contemplação, nos auxiliem para sermos menos
falantes e mais práticos.
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Nossa Senhora e São José são todos amores. Apaixonados por Deus, apaixonados
um pelo outro, amantes do povo, apaixonados por Jesus, Maria e José viveram a caridade
em sua perfeição. Por terem seus corações inflamados, viveram as particularidades de um
amor encandecido como o despojamento de seus desejos pessoais para assumirem em sua
vida a sublime missão de gerarem o Santíssimo Filho de Deus e de darem a ele uma
família.
Ambos conheciam muito bem o preceito de Moisés: “Amarás o Senhor teu Deus
com todo o teu coração, com toda a tua alma e com todas as tuas forças” (Dt 6,5); as palavras
de Abraão a Ló: “Não haja discórdia entre mim e ti, entre os meus descendentes e os teus,
porque nós somos irmãos” (Gn. 13,8) e a prescrição da lei que diz: “quando vires o jumento
do teu inimigo tombar sob o fardo, não o abandones a si mesmo, mas vai ajudá-lo” (Ex. 23,5).
A estes mandamentos São José aderiu com prontidão e com constância, reconhecendo neles a
sabedoria e a bondade do Senhor. Por dezenas de anos esteve junto a Jesus, a Caridade por
essência e ao lado de Maria, a mais caridosa das criaturas. O amor que os animava não era
esporádico, colocado em ato de quando em quando, mas um hábito, por quanto eram
continuamente unidos a Deus e incapazes de não pensar nem querer jamais a mínima coisa
que pudesse contrastar o amor divino, no trato com as pessoas e nas vivências quotidianas.
José e Maria amavam com toda a capacidade de seus corações, sabendo-se amados
por Deus e pelo Cristo, ocupados a demonstrar com suas ações, o seu amor por todos e para
sempre, preocupados somente de não amar o bastante e solícitos em salvar e conservar o
Redentor para todos. Os esposos de Nazaré vivem de amor e não é demais supor que ao
pregar o mandamento novo aos seus discípulos, Jesus não tivesse sempre em mente as figuras
de seus pais, que tudo davam de si, sem cálculos de egoísmo, com o desejo de ver nas pessoas
com quem convivem o sorriso e a tranquilidade.
São José foi um homem que amou profundamente sua esposa e seu Filho adotivo.
Tanto que dedicou a sua vida completamente a eles. Sem nenhuma reserva e sem nenhum
medo. Viveu a caridade olhando para as necessidades da Virgem Maria, de Jesus e
daqueles que estavam ao seu lado.
Santo Inácio de Loyola diz que o amor se manifesta nas obras e não nas palavras, e
São José é o amor posto em prática. Um amor demonstrado em pequenos gestos.
Ó glorioso São José, em todas as virtudes és grande, mas no amor de Jesus Cristo
és incomparável, ultrapassado somente pela Virgem Maria.
Santo Henrique de Ossó e Cervelló, fundador espanhol, devotíssimo de Santa
Teresa, dizia que “José tirava do coração de Jesus a caridade para com os homens e a
derramava sobre todos aqueles que dele se aproximavam.” Foi por amor que fizeste pai para
com Jesus, que foste esposo da Virgem, por amor trabalhaste como carpinteiro, por amor e
com amor foste bom e fiel. Aplica-se-lhe muito bem as palavras do Gênesis: “tudo o que fez o
fez muito bem, porque tudo foi feito por amor.” Só o trato e a comunicação familiar e caseira
com Jesus e Maria por tantos anos, os beijos, os abraços, as carícias do Menino Jesus,
produziam tais incêndios de caridade naquele coração puro, sensível e amoroso e bem
disposto, que não se pode explicar. Depois do abraço infinito entre o eterno Pai e o Filho, do
qual procede o infinito amor que é o Espírito Santo, entre todos os princípios de amor,
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nenhum foi mais eficaz que os abraços amorosos que Jesus dava a Maria e a José. Nenhum
dos homens nascidos foi mais semelhante a Cristo que S. José, nos costumes e condições e no
ter padecido trabalhos pelo seu Senhor. Deu-lhe o eterno Pai, a quem representou na terra, um
coração de pai para com seu filho, o mais formoso dos filos dos homens, e estes foram os
motivos sobre-humanos que incendiavam e aquilatavam ainda mais o amor de São José ao seu
Deus.
Os dois discípulos de Emaús, comenta Santo Afonso, sentiam-se abrasados de amor
divino nos poucos momentos que acompanharam o Salvador e ouviram a sua palavra: Não é
verdade, diziam eles entre si, que nosso coração ardia dentro de nós, enquanto Ele nos falava
pelo caminho? (Luc. 24, 32). Que devemos nós pensar das chamas de santa caridade que se
desenvolveram no coração de São José, durante os trinta anos que Ele passou na companhia
do Filho de Deus, escutando os planos de vida eterna que saíam da sua boca, observando os
exemplos perfeitos da humildade, paciência e obediência que Ele dava, mostrando-se tão
pronto em ajudá-lo em seus trabalhos e servi-lo em tudo na casa? Ó santa intimidade de amor
mais abrasado que o dos Serafins! Se os santos favorecidos de visões divinas se abrasaram de
um tão vivo amor, a ponto de quase morrerem nos ardores da caridade num rápido êxtase, que
diríamos de São José na intimidade de Jesus durante trinta anos! Ó amor de Pai, amor ardente
e pronto, fiel até os maiores sacrifícios! Como Jesus o amava! Ele amava ardentemente a
Jesus! Nenhum espírito celeste, diz São Cipriano, teve a ousadia de chamar a Deus: Meu
Filho! Simeão exultou de alegria e entoou o seu Nunc dimittis, porque viu e tomou nos braços
um instante o Salvador do mundo! Que diremos da honra, do amor e da felicidade de São José
por viver na intimidade de Pai com Jesus? João, o discípulo amado, teve a honra de recostar a
cabeça sobre o peito de Jesus e se abrasou de amor. Foi o Apóstolo da caridade. E José? O
próprio Deus, o Rei dos Serafins recostou-se e adormeceu sobre o coração de seu Pai
Adotivo!
Santo Epifânio louva aquela ventura de José de Arimateia por ter recebido o corpo
de Jesus na descida da cruz. E São José não O teve nos braços, vivo e palpitante de amor?
Não encontramos no Evangelho quem, depois de Maria, tenha merecido a honra de uma
intimidade tão grande com o Filho de Deus. Quem, pois, haveria de amar a Jesus e ser amado
pelo Ele mais que São José?
Se São José era o homem silencioso, certamente também no silêncio praticou a
caridade. Quantas vezes não terá socorrido seus conhecidos em suas necessidades e os
edificado com sua paciência e mansidão? Com quanta prontidão não terá perdoado as ofensas
recebidas, e evitado de responder com aspereza os que lhe causaram algum infortúnio. Pelo
contrário. Contam, as piedosas estórias cristãs, que ele teria oferecido um jantar improvisado
aos pastores e aos magos que foram ver o menino nos dias de seu nascimento.
O certo é que muitas lições podemos tomar para nós, olhando para São José, sobre a
importância da mansidão que se expressa também no silêncio nas nossas relações pessoais. Se
São José é movido pelo amor, seu amor é tanto mais doce e eficaz, quanto mais praticado no
silêncio. De fato, o silêncio de São José dá segurança à família de Nazaré e gera confiança,
pois ele sabe sempre o que fazer, sem que sinta necessidade de ficar resmungando o tempo
todo, sem julgamentos precipitados, sem reclamações. Como é importante aprendermos a
silenciar nas nossas relações. Penso que o tempo, neste sentido, é um grande mestre. Com o
tempo, de fato, vamos aprendendo a reter nossas palavras, depois de tantas experiências
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desastrosas por termos falado sem pensar, por termos jogado palavras ao vento que
entristeceram nossos familiares, por termos dito coisas que pioraram os situações que já não
eram boas. Aprendemos com o tempo a tapar a boca, a conter a palavra maldosa, a segurar a
língua, a evitar a fofoca.
É claro que existe um silêncio negativo, o silêncio da indiferença, que deve ser
evitado. O silêncio bom é aquele que edifica, evita o mal, e recoloca a paz de volta às
relações. Nós sabemos que hoje os ânimos estão acirrados. Devemos pedir sempre o Senhor
aquela sabedoria e aquele amor que orienta e disciplina meu falar e meu silenciar. Dentre as
características do amor elencadas por São Paulo não capítulo 13 da 1ª Carta aos Coríntios,
está a da “discrição”. O amor não é inconveniente, diz o Apóstolo. Ora, quanta
inconveniência praticamos com nossas palavras fora de lugar, criando situações difíceis para
nossos irmãos, criando divisões no interior da família, perdendo amigos. Fiquemos atentos
porque em grande parte das vezes, em que as pessoas têm suas opiniões sedimentadas, não
ajuda em nada contrapô-las. Opiniões sobre futebol, religião, política, por exemplo, podem
levar a divisões desnecessárias e, ao invés de ganharmos o irmão, como o Apóstolo Paulo,
que se fazia tudo com todos, os perdemos. Evitemos a criação de fossos que nos separam por
causa de discussões acaloradas. Não percamos os amigos por causa de opiniões, nem
deixemos que a cizânia da divisão na família e na Igreja ocorram por causa de palavras ditas
de modo desacertado. Muitas vezes calar é a melhor forma de exercer a caridade.
Usemos o santo silêncio para ouvir o outro, como nos pede o Papa Francisco,
saibamos usar retamente a palavra, como nos ensina do livro dos Provérbios (Pr 10,6-32);
evitemos a inconstância da palavra (Ecl 5,9-15 ), como nos indica o livro do Eclesiastes; não
pequemos pela língua (Eclo 23, 7-15), cubramos a boca com as mãos sempre que sentirmos a
tentação de dizer algo que, de antemão, sei que não fará bem – nos ensina o livro de Jó (21,5),
dominando nossa língua (Tg 3,1-10), e curando o nosso coração, pois as palavras más nascem
lá, dizia Jesus (Mt. 15,19).
Que Maria e José, tão vibrantes de amor, intercedam por nós para que, do mesmo
modo que silenciamos para conseguir uma união maior com o Senhor, silenciemos também
para praticar com maior perfeição a virtude das virtudes, aquela que não passa, aquela que faz
as bases do Reino de Deus, que é a caridade.
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• Faz-nos bem pensar novamente em São José, meditar sobre quem a nossa
tradição reconheceu como patrono e modelo da vida carmelitana. Queremos fazê-lo juntos
como família carmelitana O.Carm. e O.C.D., pois no culto a São José e no constante
referimento a ele encontramos um dos elementos mais preciosos de nossa comum herança
histórica e espiritual.
• Este ano convida-nos a isso também por causa de um aniversário
significativo: o da proclamação de São José como patrono de toda a Igreja há 150 anos, dia
8 de dezembro de 1870, por vontade do beato Pio IX.
• O culto a São José faz parte de nossa formação cristã, de nossa tradição
e cultura. Somos habituados a colocar São José ao lado de Jesus e de Maria, ao ponto de
pensar que a Igreja sempre tributou a este santo que viveu em estreita intimidade
com o mistério da Encarnação, a dignidade e a honra com os quais estamos
acostumados. Mas na realidade, não foi assim.
SÉCULO XX – NA IGREJA...
3.3 Propósito do Devocionário de São José, com a Virgem Maria e Santa Teresa
Estela da Paz, OCDS.
I Congresso Interprovincial OCD e OCDS
1. Conduzir os cristãos à intimidade com Deus Pai, por meio Jesus, através da
meditação das “Sete Petições” da oração que Ele mesmo nos ensinou, o Pai Nosso, dando
assim a devida resposta ao Decreto das Indulgências do Ano Santo de São José, que propõe
entre outras indicações a meditação, de ao menos 30 minutos, da Oração do Pai Nosso, para
lucrar a indulgência neste Ano Santo de são José.
“Pai Nosso que estais nos Céus”. Rezar o «Pai Nosso» é rezar com e por todos os
homens, para que conheçam o único e verdadeiro Deus e sejam reunidos na unidade. A
expressão «que estais nos céus» não indica um lugar, mas uma maneira de ser: Deus está
para lá e acima de tudo. Designa a majestade, a santidade de Deus, e também a sua
presença no coração dos justos. O céu, ou a Casa do Pai, constitui a verdadeira pátria para a
qual tendemos na esperança, enquanto estamos ainda na terra. Nós vivemos já nela
«escondidos com Cristo em Deus» (Cl 3, 3). (cf. CCC 582-586) Santa Teresa: «Pai Nosso,
que estais nos Céus». Ó Bom Jesus! com que clareza mostrastes ser uma mesma coisa com
Ele e que a Vossa vontade é a Sua, e a d'Ele a Vossa! Que confissão tão clara, Senhor
meu! Que amor é esse que nos tendes! (...) Oh! valha-me Deus! quanto tendes aqui com
que vos consolar; mas para não me alongar mais, quero deixá-lo aos vossos
entendimentos; que, por desbaratado que ande o pensamento, entre tal Filho e tal Pai,
forçosamente há-de estar o Espírito Santo; que Ele enamore vossa vontade, e vo-la prenda
tão grandíssimo amor, se para isto não bastar tão grande interesse. (C 27,14.7)
“Santificado seja o vosso Nome, venha a nós o vosso Reino”. Desejar santificar
o Nome de Deus é, antes de mais nada, um louvor que reconhece Deus como Santo. É
santificar o Nome de Deus que nos chama «à santificação» (1Ts 4,7) é desejar que a
consagração batismal vivifique toda a nossa vida. É pedir, além disso, com a nossa vida e a
nossa oração, que o Nome de Deus seja conhecido e bendito por todos os homens. (cf. CCC
587-590) Santa Teresa: “Ó Sabedoria eterna! Entre Vós e Vosso Pai isto bastava, e assim
pedistes no Horto; mostrastes a Vossa vontade e temor, mas entregastes-Vos à Sua. Mas
conheceis-nos, Senhor meu, e sabeis que não estamos tão rendidos como Vós o estáveis à
vontade de Vosso Pai, e vistes que era importante pedir coisas determinadas, para que nos
detivéssemos a ver se é bem ao nosso gosto o que pedimos e, não sendo, não Lho peçamos.
(C 30,2-4)
“Seja feita a vossa vontade assim na terra como no Céu”. A vontade do Pai é
que «todos os homens sejam salvos» (1 Tm 2,3). Para isso é que Jesus veio: para realizar
perfeitamente a Vontade salvífica do Pai. Nós pedimos a Deus Pai que una a nossa vontade
à do seu Filho, a exemplo de Maria Santíssima e dos Santos. (cf. CCC 591) Santa Teresa:
“Ó bom Jesus, que recebeis tão pouco da nossa parte, como pedis tanto para nós! Sim, que
isso que damos, em si é nada para tanto que se deve, e para tão grande Senhor! Mas certo
é, Senhor meu, que não nos deixais sem nada, e que damos tudo quanto podemos, se o
damos como dizemos”. (C 32,1)
“O pão nosso de cada dia nos dai hoje”. Ao pedir a Deus, com o confiante
abandono dos filhos, o alimento quotidiano necessário a todos para a subsistência,
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reconhecemos o quanto Deus nosso Pai é bom e está acima de toda a bondade. Pedimos
também a graça de saber agir de modo que a justiça e a partilha, a este pedido refere-se
igualmente à fome da Palavra de Deus e à do Corpo de Cristo recebido na Eucaristia (cf.
CCC 592-593). Dai-nos hoje o nosso pão...! A Eucaristia torna-se síntese da oração:
momento da mais intensa comunhão com Deus, da presença de Cristo dentro de nós que
convida ao recolhimento; diante da Eucaristia - que Teresa contempla especialmente neste
capítulo como presença, comunhão, sacrifício - a síntese dos empenhos de fé e de amor do
cristão. Santa Teresa: “Vendo o bom Jesus a necessidade buscou um meio admirável por
onde nos mostrou o máximo de amor que nos tem e, em Seu nome e no de Seus irmãos, fez
esta petição: «O pão nosso de cada dia, nos dai hoje, Senhor». Entendamos... por amor de
Deus, isto que pede o nosso bom Mestre, que não nos vá a vida em passar de corrida sobre
isto, e tende em muito pouco o que haveis dado, pois tanto haveis de receber. Este
mantimento e maná da humanidade, que O achamos como queremos; e, a não ser por
nossa culpa, não morreremos de fome, pois, de todos os modos e maneiras que a alma
quiser comer, achará no Santíssimo Sacramento sabor e consolação. Não há necessidade,
nem trabalho, nem perseguição que não seja fácil de passar, se começamos a saborear os
Seus." (C 33- 34)
“Perdoai-nos as nossas ofensas, ‘assim como’ nós perdoamos a quem nos tem
ofendido”. Ao pedir a Deus Pai para nos perdoar, reconhecemo-nos pecadores diante
d’Ele. E, ao mesmo tempo, confessamos a sua misericórdia, porque, no seu Filho e através
dos sacramentos, «recebemos a redenção, o perdão dos pecados» (Cl 1,14). Porém, o nosso
pedido só será atendido se tivermos perdoado aos que nos ofenderam. O perdão participa
da misericórdia divina e é um vértice da oração cristã. (cf. CCC 594-595) Assim a oração
forja desde dentro atitudes de maturidade cristã e o cristão torna-se “contemplativo”, isto é,
cristão empenhado com Deus e com os irmãos, consumido no amor (cf. C 36-37). Santa
Teresa: “Vendo, pois, o nosso bom Mestre que, com este manjar celestial, tudo nos é fácil,
a não ser por nossa culpa, e que podemos cumprir bem o que dissemos ao Pai: que se faça
em nós a Sua vontade. Aqui, tem lugar a Vossa misericórdia. Bendito sejais Vós, por me
sofrerdes assim tão pobre que, falando o Vosso Filho em nome de todos nós, sendo eu tal
como sou e tão pobre de haveres, tenho de me pôr fora da conta. Mas, Senhor meu, haverá
pessoas que me tenham feito companhia e não haja entendido isto? Se as houver, em Vosso
nome lhes peço que se lembrem disto e não façam caso dumas coisitas a que chamam
agravos; parece que fazemos como as
crianças, casas de palhinhas, com estes pontos de honra!” (C 36,1-3)
“Não nos deixeis cair em tentação”. Quando dizemos: «Não nos deixeis cair em
tentação», pedimos a Deus Pai que não nos deixe sozinhos e à mercê da tentação. Pedimos
ao Espírito para sabermos discernir entre a provação que ajuda a crescer no bem e a
tentação que conduz ao pecado e à morte, e, ainda, entre ser tentados e consentir na
tentação. Esta petição coloca-nos em união com Jesus, que, com a sua oração, venceu a
tentação e solicita a graça da vigilância e da perseverança final. (cf. CCC 596) Santa
Teresa: "Tenho por muito certo que, os que chegam à perfeição, não pedem ao Senhor os
livre de trabalhos, nem das tentações, nem de perseguições e pelejas; mas antes os
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desejam, pedem e amam, como disse há pouco... Os soldados de Cristo, ou seja, os que têm
contemplação e tratam de oração, estão desejosos por ver chegada a hora do combate.
Nunca temem muito a inimigos declarados; já os conhecem e sabem que não têm força...
Bom é andar de sobreaviso, não haja quebra da humildade ou gerar-se alguma
vanglória... Dá-nos o demônio a entender que temos certa virtude, digamos a paciência,
porque nos determinamos e fazemos propósitos muito contínuos de sofrer muito por Deus...
pois acontecerá que, a uma palavra que vos digam do vosso desagrado, caia por terra a
vossa paciência... Mas torno a avisar-vos: embora vos pareça que a tendes, temei de vos
enganardes, porque o verdadeiro humilde sempre anda duvidoso das virtudes próprias, e
muito habitualmente julga mais seguras e de mais valia as que vê no próximo." (C 38, 1-9)
Como dissemos acima, na Patris Corde o papa Francisco desenvolve sete subtemas
sobre a “paternidade de São José para Jesus”, mas assinala de maneira concreta a devoção
de Santa Teresa ao “glorioso santo” quando explica a paternidade de São José e sua
contribuição com a história da salvação, sendo assim como “um pai que foi sempre amado
pelo povo cristão”, paternidade essa comprovada no fato de lhe “terem sido dedicadas
numerosas igrejas por todo o mundo; de muitos institutos religiosos, confrarias e grupos
eclesiais se terem inspirado na sua espiritualidade e adotado o seu nome; e de, há séculos,
se realizarem em sua honra várias representações sacras”, destacando, portanto, que
“muitos santos e santas foram seus devotos apaixonados, entre os quais se conta Teresa de
Ávila que o adotou como advogado e intercessor, recomendando-se instantemente a São
José e recebendo todas as graças que lhe pedia; animada pela própria experiência, a
Santa persuadia os outros a serem igualmente devotos dele”. (cf. Vida, 6,6-8) Concluímos
traçando a relação da paternidade de São José com Jesus na Patris Corde e a devoção de
Santa Teresa.
São José, “Pai Amado”. A grandeza de São José consiste no fato de ter sido o
esposo de Maria e o pai de Jesus. São Paulo VI faz notar que a sua paternidade se exprimiu,
concretamente, «em ter feito da sua vida um serviço, um sacrifício, ao mistério da
encarnação e à conjunta missão redentora; em ter usado da autoridade legal que detinha
sobre a Sagrada Família para lhe fazer dom total de si mesmo, da sua vida, do seu trabalho;
em ter convertido a sua vocação humana ao amor doméstico na oblação sobre-humana de si
mesmo, do seu coração e de todas as capacidades no amor colocado ao serviço do Messias
nascido na sua casa. A liturgia carmelita celebrava também a união nupcial de José com a
Virgem e o contemplava como protetor de sua virgindade e da vida do Filho de Deus
encarnado. (Carta à Família Carmelitana) Dirá Santa Teresa: "A outros santos parece ter
dado o Senhor graça para socorrerem numa necessidade; deste glorioso santo tenho
experiência que socorre em todas. O Senhor nos quer dar a entender que, assim como lhe
foi sujeito na terra - pois como tinha nome de pai, embora sendo apoio, O podia mandar -,
assim no Céu faz quanto Lhe pede". ((cf. PC 1; Vida 6,6).
São José, “Pai na ternura”. Jesus viu a ternura de Deus em José: «Como um pai
se compadece dos filhos, assim o Senhor Se compadece dos que O temem» (Sl 103,13).
Com certeza, José terá ouvido ressoar na sinagoga, durante a oração dos Salmos, que o
Deus de Israel é um Deus de ternura, que é bom para com todos e «a sua ternura repassa
todas as suas obras» (Sal 145,9). A vontade de Deus, a sua história e o seu projeto passam
também através da angústia de José. Assim ele ensina-nos que ter fé em Deus inclui
também acreditar que Ele pode intervir inclusive através dos nossos medos, das nossas
fragilidades, da nossa fraqueza. E ensina-nos que, no meio das tempestades da vida, não
devemos ter medo de deixar a Deus o timão da nossa barca. Por vezes queremos controlar
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tudo, mas o olhar d’Ele vê sempre mais longe. São José é contemplado na sua obediência a
Deus; Ele é o homem justo, o digno senhor da casa do seu Senhor, a quem foi confiada a
responsabilidade de dar o nome divino revelado pelo anjo ao Menino Jesus. Assim fazendo,
São José é quem por primeiro proclama: no Menino de Nazaré Deus nos salva! (Carta à
Família Carmelitana) Dirá Santa Teresa: "Em especial, as pessoas de oração sempre lhe
haviam de ser afeiçoadas. É que não sei como se pode pensar na Rainha dos Anjos - no
tempo em que tanto passou com o Menino Jesus - sem que se dê graças a São José pelo
muito que então Os ajudou". (cf. PC 2; Vida 6,8)
São José, “Pai na obediência”. De forma análoga a quanto fez Deus com Maria,
manifestando-Lhe o seu plano de salvação, também revelou a José os seus desígnios por
meio de sonhos, que na Bíblia, como em todos os povos antigos, eram considerados um dos
meios pelos quais Deus manifesta a sua vontade. José sente uma angústia imensa com a
gravidez incompreensível de Maria: mas não quer «difamá-la», e decide «deixá-la
secretamente» (Mt 1,19). O Verbo encarnou no ventre de Maria. E, em José, através da
contemplação – 5 sonhos. Pregadores carmelitas afirmam: assim como Maria concebeu o
Verbo no seu seio por obra do Espírito Santo, assim São José por obra do Espírito Santo
concebeu na contemplação o Cristo na sua alma, tornando-se pai de Jesus sobre esta terra.
(Carta à Família Carmelitana) Confiando-se a S. José e à Virgem Maria, Santa Teresa relata
sua experiência de ser por eles guardada: "Dia de Nossa Senhora da Assunção... Eu com
grandíssimo deleite e glória, logo me pareceu Nossa Senhora pegar-me nas mãos. Disse-me
que Lhe dava muito gosto sendo devota do glorioso S. José; que tivesse por certo que, o
que eu pretendia do mosteiro, se havia de fazer e nele se serviria muito o Senhor e a eles
ambos; que não temesse que nisto houvesse jamais quebra, embora a obediência que dava
não fosse a meu gosto, porque Eles nos guardariam e já Seu Filho nos tinha prometido
andar conosco". (cf. PC 3; Vida 33,14)
São José, “Pai no acolhimento”. José acolhe Maria, sem colocar condições
prévias. Confia nas palavras do anjo. «A nobreza do seu coração fá-lo subordinar à
caridade aquilo que aprendera com a lei; e hoje, neste mundo onde é patente a violência
psicológica, verbal e física contra a mulher, José apresenta-se como figura de homem
respeitoso, delicado que, mesmo não dispondo de todas as informações, se decide pela
honra, dignidade e vida de Maria. O acolhimento de José convida-nos a receber os outros,
sem exclusões, tal como são, reservando uma predileção especial pelos mais frágeis,
porque Deus escolhe o que é frágil (cf. 1Cor 1,27), é «pai dos órfãos e defensor das viúvas»
(Sl 68,6) e manda amar o forasteiro. Posso imaginar ter sido do procedimento de José que
Jesus tirou inspiração para a parábola do filho pródigo e do pai misericordioso (cf. Lc
15,11-32). Em São José, o Carmelo encontra um compêndio de sua espiritualidade: A
pureza de coração (puritas cordis) que torna possível a visão de Deus; a união com Maria;
e a fruição da vida mística apresentada em termos de concebimento e nascimento do Verbo
Encarnado na alma pura. Por isso, São José é celebrado como o espelho da vida mística
carmelitana em Deus. Com a sensibilidade típica do carisma contemplativo do Carmelo, a
liturgia celebrava a pureza da Virgem e de São José em termos de disponibilidade a Deus,
que torna possível a acolhida do mistério da Encarnação. (Carta à Família Carmelitana)
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Dirá Santa Teresa: "Quem não encontrar mestre que lhe ensine oração, tome a este glorioso
Santo por mestre e não errará no caminho. Praza ao Senhor não haja eu errado em atrever-
me a falar dele; porque embora publique ser-lhe devota, no seu serviço e imitação sempre
tenho falhado. Ele procedeu como quem é, fazendo com que eu me pudesse levantar e
andar e não ficasse tolhida, e eu, como quem sou, usando mal merecimento". (cf. PC 4;
Vida 6,8)
São José, “Pai com coragem criativa”. José é o homem por meio de quem Deus
cuida dos primórdios da história da redenção; é o verdadeiro «milagre», pelo qual Deus
salva o Menino e sua mãe. O Filho do Todo-Poderoso vem ao mundo, assumindo uma
condição de grande fragilidade. Necessita de José para ser defendido, protegido, cuidado e
criado. José, continuando a proteger a Igreja, continua a proteger o Menino e sua mãe.
Assim, todo o necessitado, pobre, atribulado, moribundo, forasteiro, recluso, doente são «o
Menino» que José continua a guardar. Por isso mesmo, São José é invocado como protetor
dos miseráveis, necessitados, exilados, aflitos, pobres, moribundos. Teresa de Ávila que o
adotou como advogado e intercessor, recomendando-se instantemente a São
José e recebendo todas as graças que lhe pedia; animada pela própria experiência,
a Santa persuadia os outros a serem igualmente devotos dele. Dirá Santa Teresa: "Tomei
por advogado e senhor ao glorioso São José e encomendei-me muito a ele. Vi claramente
que, tanto desta necessidade como de outras maiores de honra e perda de alma, este Pai e
Senhor meu me tirou com maior bem do que eu lhe sabia pedir. Não me recordo até agora
de lhe ter suplicado coisa que tenha deixado de fazer". (cf. PC 5; Vida 6,6)
São José, “Pai trabalhador”. São José era um carpinteiro que trabalhou
honestamente para garantir o sustento da sua família. Com ele, Jesus aprendeu o valor, a
dignidade e a alegria do que significa comer o pão fruto do próprio trabalho. Neste nosso
tempo em que o trabalho parece ter voltado a constituir uma urgente questão social e o
desemprego atinge por vezes níveis impressionantes, mesmo em países onde se
experimentou durante várias décadas um certo bem-estar, é necessário tomar renovada
consciência do significado do trabalho que dignifica e do qual o nosso Santo é patrono e
exemplo. Santa Teresa ampliará esta tradição trazendo um grande proveito para todo o
Carmelo e para a Igreja universal (Carta à Família Carmelitana). Dirá Santa Teresa: "Se eu
fora pessoa que tivesse autoridade para escrever, de boa vontade me alongaria a dizer muito
por miúdo as mercês que este glorioso santo me tem feito a mim e a outras pessoas... Só
peço, por amor de Deus, que faça a prova quem não me acreditar e verá, por experiência, o
grande bem que é o encomendar-se a este glorioso patriarca e ter-lhe devoção". (cf. PC 6;
Vida 6,8)
São José, “Pai na sombra”. Ser pai significa introduzir o filho na experiência da
vida, na realidade. Não segurá-lo, nem prendê-lo, nem subjugá-lo, mas torná-lo capaz de
opções, de liberdade, de partir. Talvez seja por isso que a tradição, referindo-se a José, ao
lado do apelido de pai colocou também o de «castíssimo». Não se trata duma indicação
meramente afetiva, mas é a síntese duma atitude que exprime o contrário da posse. A
castidade é a liberdade da posse em todos os campos da vida. Um amor só é
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verdadeiramente tal, quando é casto. O encontro de Santa Teresa com São José ocorreu
num dos períodos mais difíceis de sua vida, ela estava com cerca de 25 anos, sofreu uma
longa e penosa enfermidade e as curas dos médicos da terra resultaram não só ineficazes,
mas também prejudiciais: permaneceu paralisada e esgotada fisicamente e
psicologicamente. (Carta à Família Carmelitana) Dirá Santa Teresa: "É coisa de espantar as
grandes mercês que Deus me tem feito por meio deste bem-aventurado Santo e dos perigos
de que me tem livrado, tanto no corpo como na alma". (Vida 6,6) Atribuímos à Santa
Teresa a herança de um culto intenso e da devoção josefina do Carmelo. (Carta à Família
Carmelitana) Dirá Santa Teresa: "Quisera eu persuadir a todos a serem devotos deste
glorioso Santo, pela grande experiência que tenho dos bens que alcança de Deus. Não tenho
conhecido pessoa que deveras lhe seja devota e lhe presta particulares obséquios, que a não
veja mais aproveitada na virtude; porque aproveita de grande modo às almas que a ele se
encomendam". (cf. PC 7; Vida 6,7)
Estela da Paz, OCDS (Estela Maria Teresa de Jesus)
Comissão de História.
Comissão de Espiritualidade.
“Depois de Pedro, muitos Joãos, Bentos, Paulos, Gregórios, mas nenhum José.
Nunca teve um Papa com este nome. Porém, muitos deles, especialmente no último século,
o tiveram como nome de Batismo... No início do século XX José Sarto torna-se Pio X e,
mais tarde, temos Ângelo José Rocalli (João XXIII), Karol Józef Wojtyla (São João Paulo
II) e Joseph Ratzinger (Bento XVI).” (https://www.vaticannews.va).
“Desde o início de seu pontificado, que começou em 1846 e durou 31 anos (sendo
o mais longo da história até agora), o Beato Papa Pio IX havia fixado a festa e a liturgia
para o “Patrocínio de São José” no III domingo depois da Páscoa” (Padre José Antônio
Bertolin, OSJ).
“E Nós mesmos... movidos seja pelos exemplos dos nossos ilustres Predecessores,
seja pela particular devoção que nutrimos desde a juventude para com o santo Patriarca,
com o decreto de 10 de dezembro de 1847... ampliamos a Festa de seu Patrocínio com rito
duplo de segunda classe para toda a Igreja” (Beato Pio IX).
“A “Festa do Patrocínio de São José”... era já comemorada, de modo privado,
desde 1680 (no tempo do Beato Papa Inocêncio XI), pelos Carmelitas na Itália e na França”
(Pe. Mauro Negro, OSJ).
“Da mesma maneira que Deus havia constituído José, gerado do Patriarca Jacó,
superintendente de toda a terra do Egito para guardar o trigo para o povo, assim, chegando
a plenitude dos tempos, estando para enviar à terra o seu Filho Unigênito Salvador do
mundo, escolheu um outro José, do qual o primeiro era figura, o fez Senhor e Príncipe de
sua casa e propriedade e o elegeu guarda dos seus tesouros mais preciosos... E Aquele que
tantos Reis e Profetas desejaram ver, José não só viu, mas com Ele conviveu e com paterno
afeto abraçou e beijou...
Por esta sublime dignidade, que Deus conferiu a este fidelíssimo servo seu, a
Igreja teve sempre em alta honra e glória o Beatíssimo José, depois da Virgem Mãe de
53
Deus, sua esposa, implorando a sua intercessão em momentos difíceis.” (Beato Pio IX,
declarando São José como Patrono da Igreja Católica).
Em 1871, na Carta Apostólica “Inclytum Patriarcham”, o Beato Papa Pio IX, além
de acrescentar antífonas josefinas para as orações das Laudes e Vésperas, acrescentou uma
oração litúrgica e o nome de José na oração “A cunctis” (De todos os perigos…”), logo
após o nome da Virgem Maria”. Esta oração visa implorar os Sufrágios dos Santos:
“Senhor, Vos suplicamos, defendei-nos de todos os perigos da alma e do corpo; e,
por intercessão da Gloriosa Maria, Mãe de Deus e sempre Virgem, do Beato José, dos
vossos Beatos Apóstolos Pedro e Paulo, do Beato (Patrono Local) e de todos os Santos,
concedei-nos benigno a salvação e a paz, a fim de que, destruídas todas as adversidades e
erros, a vossa Igreja possa servir-Vos com segurança e liberdade. Pelo mesmo Nosso
Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na Unidade do Espírito Santo. Amém.”
“Quamquam pluries”
(“Ainda que por diversas vezes”, 1889)
“Com efeito, eis que o imortal Leão XIII apresenta para a festa da Assunção de
1889, com a Encíclica Quamquam pluries, o documento mais amplo e copioso até então
publicado por um Papa, em honra do pai putativo (suposto) de Jesus, elevado em sua luz
característica de modelo dos pais de família e dos operários” (São João XXIII, 1961).
“Esta Encíclica considera as razões pelas quais São José é tido como Patrono da Igreja e
convida a todos os cristãos de qualquer condição ou estado para confiar e abandonar-se à
amorosa proteção de São José: sejam os pais de famílias, os esposos, os consagrados a
Deus, os ricos, os pobres, os operários...” (Pe. José Bertolin, OSJ).
54
Citando o Padre José Bertolin, OSJ: “com a mesma devoção seguirá o Papa Bento
XV (1854-1922) o qual insere no Missal Romano o prefácio próprio de São José e e o da
missa dos defuntos, concedendo indulgências especiais pela oração do Pequeno Ofício de
São José.
Em 1920, com um Motu Próprio, o Papa Bento XV (1914-1922) enfatiza a
necessidade e a eficácia da devoção a São José como remédio dos problemas depois da I
Guerra Mundial (1914-1918)”: “posto que diversos são os modos aprovados por esta Sé
Apostólica com os quais se podem venerar o santo Patriarca, especialmente em todas as
quartas-feiras do ano e durante todo o mês a ele consagrado, Nós queremos que, a critério
de cada bispo, todas estas devoções, porquanto possível, sejam praticadas em todas as
Dioceses” (Bonum Sane, 1920).
ATO DE LOUVOR
“Se olharmos para este período (da I Guerra Mundial), uma longa série de
instituições piedosas aparecem diante de nossos olhos que atestam que o culto do
Santíssimo Patriarca (São José) cresceu gradualmente até agora entre os fiéis de Cristo. Se
considerarmos então as calamidades que afligem a humanidade hoje, parece ainda mais
necessário que este culto seja muito aumentado entre os povos e mais difundido em todos
os lugares...
Na Escola de José, que todos aprendam a considerar o presente e as coisas
passageiras à luz do futuro aquele último eterno...
Por José vamos diretamente a Maria e, por Maria, à origem de toda a santidade,
Jesus, que consagrou as virtudes domésticas com a sua obediência a José e Maria. Portanto,
queremos que as famílias cristãs sejam totalmente inspiradas por esses exemplos
maravilhosos de virtude e se adaptem.” (Papa Bento XV).
“O Papa Pio XII (1939-1958) fez referências a São José em várias mensagens. Ele
apresenta ainda São José como modelo dos operários e, em 1º/5/1955 institui a Festa
litúrgica de São José Operário”, que atualmente é uma “memória facultativa”. “Esta Festa,
fixada a 1° de maio, veio suprimir a da 4ª feira da segunda semana de Páscoa, enquanto a
Festa tradicional de 19 de março marcará de agora em diante a data mais solene e definitiva
do Patrocínio de São José sobre a Igreja Católica” (São João XXIII, 1961).
Na Encíclica "Haurietis aquas“, sobre o culto ao Sagrado Coração de Jesus, de
1956, o Papa Pio XII evidenciou o amor de Jesus pelo “seu pai putativo José, ao qual
obedecia sendo fiel colaborador no trabalhoso serviço de carpinteiro”:
“Palpitava de amor o seu coração, em perfeita harmonia com os afetos da sua
vontade humana e com o seu amor divino, quando, na casa de Nazaré, ele mantinha aqueles
celestiais colóquios com sua dulcíssima Mãe e com seu pai putativo, São José, a quem
obedecia e com quem colaborava no fatigante ofício de carpinteiro. Esse mesmo... amor
movia o seu coração nas suas contínuas excursões apostólicas...” (Papa Pio XII).
“Ó Glorioso Patriarca São José, humilde e justo artesão de Nazaré, que deste a
todos os cristãos o exemplo de uma vida perfeita no trabalho assíduo e na admirável união
com Maria e Jesus, auxilia-nos no esforço cotidiano para que nós, trabalhadores católicos,
possamos encontrar nele os meios eficazes de glorificar o Senhor, de nos santificarmos e de
sermos úteis à sociedade em que vivemos, ideais supremos de todas as nossas ações.
Obtenha para nós, do Senhor, nosso amado Protetor, humildade e simplicidade de coração,
carinho para o trabalho e benevolência para com os que nele estão, conformidade com a
vontade divina nas inevitáveis angústias desta vida e alegria em suportá-las, consciência de
nossa missão social específica e sentido de responsabilidade, espírito de disciplina e oração,
docilidade e respeito para com os superiores, fraternidade para com os iguais, caridade e
indulgência com os colaboradores. Permanecei conosco nos momentos de prosperidade,
quando tudo nos convida a saborear com honestidade os frutos do nosso trabalho; mas,
sobretudo, apoia-nos nas horas tristes, quando o Céu parece se fechar para nós e até as
ferramentas de trabalho parecem escapar de nossas mãos.
Em sua imitação, vamos manter nossos olhos fixos em nossa Mãe Maria, sua doce
esposa, que estava, silenciosa, ao seu lado, apoiando-te com o mais doce sorriso em seus
lábios; e não tiremos os olhos de Jesus, que estava ocupado convosco na sua oficina de
58
carpinteiro, para que, assim, possamos levar uma vida pacífica e santa na terra, um prelúdio
para a eternidade feliz que nos espera no Céu. Amém.” (Papa Pio XII, 11/3/1958,
adaptado).
“São João XXIII (1881-1963) foi um grande devoto de São José, seu santo
onomástico (Ângelo José) e fez questão de divulgar o seu amor por ele a todos.
Ele afirma São José como: “o meu primeiro e predileto protetor”, o nomeia
protetor do Concílio Vaticano II, com a Carta Apostólica “Le Voci” (1961), insere o nome
de São José no Cânon da Missa e dispõe um altar dedicado ao Santo na Basílica do
Vaticano” (Padre José Bertolin, OSJ).
“São José, pelo contrário, excetuando algum traço de sua figura, encontrado aqui e
ali nos escritos dos Padres, permaneceu durante séculos e séculos em seu característico
apagamento, um pouco como figura de ornamento no quadro da vida do Senhor. E foi
necessário tempo até que seu culto passasse dos olhos aos corações dos fiéis e despertasse
neles singular fervor de oração e abandono confiante. E estas foram as piedosas alegrias
reservadas às efusões da época moderna: oh! quão abundantes e grandiosas!...
...[Como o Concílio Vaticano II] parece destinado a marcar época na história da
Igreja contemporânea, a nenhum dos protetores celestes poderia ser mais bem confiado do
que a São José, augusto chefe da família de Nazaré e protetor da Santa Igreja...
Ó São José! Aqui, aqui mesmo é vosso lugar de "Protetor da Igreja universal“...
Que vosso espírito interior de paz, de silêncio, de bom trabalho e de oração, a serviço da
santa Igreja, nos vivifique sempre e nos alegre em união com vossa santa esposa, nossa
dulcíssima Mãe Imaculada, num fortíssimo e suave amor a Jesus, Rei glorioso e imortal dos
séculos e dos povos. Assim seja.” (São João XXIII).
Citando o Padre José Bertolin, OSJ, podemos dizer que o Papa São Paulo VI
(1897-1978), “na abertura da segunda sessão do Concílio Vaticano II, (29/9/1963) invoca a
presença de São José como Patrono do próprio Concílio. Na “Lumen Gentium” (1964), faz-
se referência a São José. O Papa promulgou as edições do Missal Romano (1969) e da
Liturgia das Horas onde estão presentes os textos das Missas e dos Ofícios que se referem a
São José. As suas homilias sobre São José são admiráveis em seus conteúdos: “Devemos
esperar e pedir que este humilde e grande Santo continue a missão que exerceu... como
relata o Evangelho... em benefício da Igreja que é o Corpo Místico de Cristo... Como no
Evangelho da infância do Senhor, a Igreja tem necessidade der ser defendida de
permanecer fiel à escola de Nazaré, pobre e laboriosa, mas viva, sempre consciente e forte,
para poder realizar a sua vocação messiânica. Necessita de proteção para... poder trabalhar
no mundo. Atualmente esta necessidade atingiu proporções enormes. Invoquemos pois o
59
patrocínio de São José sobre a Igreja, que, atualmente, está sujeita a tantas atribulações,
ameaças suspeitas e contestações. Mas a invocação não é suficiente; a imitação também é
necessária... A missão de São José é também a nossa: defender e fazer crescer Jesus Cristo
em nós e à volta de nós.” (São Paulo VI, Ângelus, 19/3/1970).
O Papa Bento XVI (Joseph Ratzinger), nasceu em 1927, em uma família alemã
devota de São José, que era o seu santo onomástico e “Padroeiro pessoal” . Em 2010, o
Santo Padre inaugurou uma fonte dedicada a São José nos jardins do Vaticano. Como um
devoto de São José, Papa Bento XVI ficou muito satisfeito com esse ano de São José,
proclamado pelo Papa Francisco.
“O exemplo de São José é para todos nós um forte convite a desempenhar com
fidelidade, simplicidade e humildade a tarefa que a Providência nos destinou.
Penso antes de tudo, nos pais e nas mães de família, e rezo para que saibam
sempre apreciar a beleza de uma vida simples e laboriosa, cultivando com solicitude o
relacionamento conjugal e cumprindo com entusiasmo a grande e difícil missão educativa.
Aos sacerdotes, que exercem a paternidade em relação às comunidades eclesiais,
São José obtenha que amem a Igreja com afeto e dedicação total, e ampare as pessoas
consagradas na sua jubilosa e fiel observância dos conselhos evangélicos de pobreza,
castidade e obediência.
60
Proteja os trabalhadores de todo o mundo, para que contribuam com as suas várias
profissões para o progresso de toda a humanidade, e ajude cada cristão a realizar com
confiança e com amor a vontade de Deus, cooperando assim para o cumprimento da obra
da salvação” (Papa Bento XVI, 19/3/2006).
De acordo com os Papas, São José é o pai de Jesus, o castíssimo esposo da Virgem
Maria, obediente e humilde operário de Nazaré, Patrono da Igreja Católica e padroeiro dos
agonizantes, além de ser um modelo para a vida familiar e para a justiça social. Peçamos a
intercessão do Patrono do Carmelo, com a oração citada na Carta Apostólica Inclytum
Patriarcham, do Beato Papa Pio IX, de 1871:
“Ó Deus, que em vossa inefável providência vos dignastes escolher o Bem-
aventurado José para esposo de vossa Mãe Santíssima, pedimos que Venerando-o na terra
como protetor, mereçamos tê-lo no céu como intercessor.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na Unidade do Espírito Santo.
Amém.”
Referências
5. SÃO JOSÉ4
Esposo da Santíssima Virgem Maria
Patrono do Carmelo
4 Texto adaptado a partir da carta dos Padres Gerais (OCD e OCDS) para o ano de São José: CANNISTRÀ,
Saverio; O’NEIL, Míceál. O Patrocínio de São José no Carmelo. Roma: O.C.D., O.Carm., 2020. Disponível
em: <https://ocarm.org>. Acesso em 19 mar. 2021. A imagem foi copiada da página <https://carmelitas.org.br>.
5 Esse texto foi publicado originalmente no seguinte livro: VARGAS, Carlos (org.). Santoral Carmelitano.
Curitiba: Mona, 2021, p. 43-48.
63
São José é tão presente na atividade fundacional de Santa Teresa de Jesus que,
em suas viagens, ela leva sempre uma imagem de São José, o qual recebe o título de
“Fundador do Carmelo Teresiano”. Evidentemente, este apelativo deve ser entendido
pela presença de São José na vida de Santa Teresa, considerando a sua atividade de
fundadora do Carmelo Descalço. É certo, porém, que ao lado da figura tradicional do
Santo Pai Elias, coloca-se, agora, o Santo Pai José.
Em 1579, São João da Cruz deu o título a São José na fundação de Baeza, na
Espanha. O Colégio de Baeza foi, assim, a primeira fundação carmelitana masculina
dedicado a São José. Entretanto, o título perdurou somente dois anos: a partir de março
de 1581, o Colégio apareceu sob o título do célebre padre da Igreja São Basílio (330-
379). Isto significa que ainda existia, naquele tempo, muita incerteza sobre o papel que
se deveria atribuir na Ordem ao carpinteiro de Nazaré.
Vinte e cinco anos mais tarde, essa incerteza aparece definitivamente resolvida.
Na Instrução aos Noviços, publicada em 1605 pelo Venerável Frei João de Jesus Maria
(1564-1615), a devoção a São José é precedida somente pelo culto à Virgem Maria e é
seguida pela veneração aos santos profetas Elias e Eliseu, “fundadores da nossa
Ordem”.
5.5 Oração
Ó Deus, que em Vossa inefável Providência, escolhestes São José para Esposo
de Maria, Mãe do Vosso Filho; fazei que, venerando-o na terra como Protetor,
mereçamos tê-lo como Intercessor no Céu. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso
Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém7.
6
Observe-se que a Solenidade de São José (19/3) não foi incluída no calendário litúrgico próprio da O.C.D.
aprovado pela Santa Sé em 2019.
7 ORDEM CARMELITANA DESCALÇA. Orações Comunitárias Carmelitanas. 2ª ed. São Paulo: Edições
Carmelitanas, O.C.D., 2001, p. 58.
66
SENHOR, obrigado por nos doar São José para nos recordar que a vida
não é fazer discursos mas escutar no silencio da noite, no sonho a tua voz que me diz
Não tenhas medo
Levanta
E vai
Eu, teu Deus, estarei sempre contigo.
É a tua missão: ser ao lado de todos uma presença que ama, protege.
Não são necessárias palavras mas ações de amor.
Amem
Abuna Batrik O.C.D
Frei Patrício Sciadini
67
Sempre amei São José e me perguntei porque não diz nem mesmo uma palavra, nem
um bom dia? Será que não era mudo? Ou fechado em si mesmo? Mas parece que
entendi o seu silencio que é:
Escuta amorosa
Não interfere
Não dá pareceres
Não discute
Conhece a sua missão
Executa
É discreto
Protege
Permanece na sombra
Dá espaço a MARIA e JESUS
Medita e reza
Trabalha, é delicado
O seu silencio é
Comunicação
Quero aprender este silencio
E peço a São José que o ensine a todos nós
`a Igreja, ao mundo
Um silencio assim
Não incomoda
Não agride
Não divide
Cria comunicação
Dá paz Cura as
feridas.
A Ela também o
anjo diz
Não tenhas medo a
sombra amorosa do
Espirito Santo Te
cobrirá e nascerá
Jesus Maria, José
escolhidos por Deus
para acolher o
Salvador
do mundo
E florirá a
verdadeira paz e
alegria.
Estou contente e com Maria faremos todo o possível para interceder e pedir a
Jesus que socorra a todos especialmente os últimos e mais sozinhos.
Estou contente e com Maria faremos todo o possível para interceder e pedir a
Jesus que socorra a todos especialmente os últimos e mais sozinhos.
Estou contente em ver que há tantas igrejas em minha honra e como me invocam
para entender o silencio e aprender a rezar.
Eu fiquei muito feliz, disse somente obrigado São José e abri os olhos e não vi nada
mas tinha o coração cheio de alegria e de paz.
Abuna Batrik O.C.D
Frei Patrício Sciadini
70
Jovem trabalhador
sonhava uma família
com a jovem Maria
assim ele pensava
José se agitou
perdeu o sono
pensou em fugir
Deus enviou na
noite o anjo
Gabriel
José obedeceu
tomou Maria em
sua casa
Juntos caminharam
creram com fé
educaram o filho de
Deus Salvador,
Redentor da
humanidade
Eras justo
Amavas a Deus
Trabalhavas
Humilde e silencioso
Ensina-nos, José a
silenciar não por
medo mas somente
por amor
Silencio profético
contra a injustiça
Abres caminhos ao
inútil falar humano
José no
silencio leva-
nos
a Deus silencio Palavra de
vida adorada por ti Gerada
não por ti mas pelo
Espirito Santo
no seio de MARIA
Ela é Mãe
Tu não és pai
És silenciosa
Sombra protetora Para o
Filho de Deus.
Eu JOSÉ, filho de Jacó, da casa do rei Davi quando eu estava noivo da jovem
Maria de Nazaré, estando na angústia e angústia por saber que Maria estava grávida,
sabendo que eu era inocente e acreditando na sua honestidade, enquanto estava dormindo,
em sonho, Deus me enviou o seu anjo Gabriel para me dizer:
“Não tenhas medo, José, de tomar Maria como tua esposa, ela está grávida por
obra do Espirito Santo e a criança que nascerá é filho de Deus e tu a chamarás Jesus
Salvador” A paz voltou ao meu coração, tomei Maria na minha casa e toda a minha vida foi
ao seu serviço e do menino que devia nascer.
Fui com ela visitar Isabel que na velhice esperava uma criança que preparará os
caminhos do Messias.
Viajamos a Belém, era o tempo do inverno, não encontramos lugar nas
hospedarias e o menino nasceu numa manjedoura.
73
Fiquei admirado como Deus quis celebrar o nascimento do seu Filho, mandou do
céu muitos anjos para cantar, despertados do sono os pastores vieram nos visitar com
presentes, vieram os Magos do Oriente.
A paz e a alegria duraram pouco: o Rei Herodes, orgulhoso e medroso queria
matar Jesus anunciado pelos profetas.
Em sonho Deus me enviou o seu anjo para me dizer de pegar o menino e sua mãe
e fugir para o Egito.
Viagem dura, difícil; no Egito encontramos acolhida mesmo que não tenha sido
fácil viver na pobreza.
No tempo estabelecido um outro aviso: voltar para a Galileia mas tive medo dos
filhos de Herodes e fui para Nazaré.
A missão que Deus tinha me confiado era educar, proteger Jesus até os 12 anos
quando em uma viagem voltando de Jerusalém, Ele permaneceu no templo e MARIA E EU
cheios de angústia O procuramos; era no templo a sua casa.
Terminada a minha missão tomei a decisão de “desaparecer”, eu não era mais
necessário nem no caminho de Jesus e nem no caminho de Maria.
Eu escrevi estas coisas para agradecer a Deus pela confiança que teve em mim;
outras notícias as encontrareis nos Evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas.
O centro da Nova Aliança não sou eu mas JESUS e MARIA, eu fui escolhido por
Deus para ser o protetor e quando não foi mais necessário retomei o caminho do meu
silencio e ocultação.
SENHOR, obrigado por nos doar São José para nos recordar que a vida não é fazer
discursos mas escutar no silencio da noite, no sonho a tua voz que me diz
Não tenhas medo
Levanta
E vai
Eu, teu Deus, estarei sempre contigo.
É a tua missão: ser ao lado de todos uma presença que ama, protege.
Não são necessárias palavras mas ações de amor.
Amem
Abuna Batrik O.C.D
Frei Patrício Sciadini
74
6.9 Notícia sobre o lançamento do livro do Frei Patrício Sciadini em honra a São José:
"Caminhando com São José"
Silvonei José Protz
(Acadêmico correspondente da Academia Brasileira de Hagiologia - ABRHAGI /
Vatican News)
"Frei Patrício, sacerdote carmelita, lançou um livro sobre São José: “O homem
que a escritura chama de justo, traz para nós um sentido muito profundo: quer diz doer “o
homem reto”, o “homem justo”, o “homem santo”.
Frei Patrício Sciadini publicou pela Angelus Editora em coedição dom a Editora
Canção Nova neste mês de janeiro o seu livro “Caminhando com São José”. Frei Patrício
explica que o mistério da infância de Jesus e a vida da Virgem Maria seriam inexplicáveis e
surreais sem a presença de São José.
Para Frei Patrício Sciadini, São José é uma pessoa de silêncio, trabalho e vida
espiritual e que, mais do que nunca, convida a repensar o quanto o barulho em que vivemos
submersos atrofiam nossa capacidade e a sensibilidade de perceber Deus que nos fala na
vida.
“O homem que a escritura chama de justo, traz para nós um sentido muito profundo:
quer dizer “o homem reto”, o “homem justo”, o “homem santo”. É tão grande a santidade de
São José, que Deus o escolheu para uma missão tão especial: ser a presença masculina na
família de Nazaré. A ele entregou a proteção da Virgem Maria e de Jesus. Um homem
silêncio, mas que tem uma grande capacidade de escuta da voz do Senhor”, afirma o Frei.
A obra
A obra é a primeira dedicada a São José lançada neste ano de 2021 e escrita pelo
Frei Patrício Sciadini, OCD. Traz em suas páginas, novenas e ritos dedicados ao santo,
reafirmando o amor dos católicos por aquele que educa, mesmo que em sonhos, a ser
disponível à vontade de Deus.
O livro traz conteúdos como a novena e o terço de São José, já tradicionais nos
devocionários cristãos, bem como reflexões para todos os meses do ano, inserindo o leitor no
processo de confiança e espiritualidade do santo.
Ainda traz entre de cada proposta de reflexão, trechos da carta “Patris corde”, em
sintonia com a espiritualidade do mês.
A obra, sem dúvidas, levará a todos os que querem responder intensamente ao
convite de Papa Francisco, um importante material de vivência individual, em família ou em
grupo.
Sobre o autor
Frei Patrício Sciadini é sacerdote carmelita, nascido em Arezzo, na Itália. Após a
ordenação sacerdotal, veio para o Brasil, apaixonou-se por esta terra e naturalizou-se
brasileiro. Reside no Egito desde 2010, onde serve a Igreja como Provincial dos Carmelitas
Descalços. É um dos maiores especialistas no mundo em espiritualidade dos santos
carmelitas. Pregador de retiros e formações para congregações e novas comunidades.
Sobre a Angelus
Editora de livros católicos, foi lançada em julho de 2020. A Angelus foi fundada
por Maristela Ciarrocchi, que há 25 anos trabalha no mercado religioso, e durante toda a
vida dedicou-se a projetos da igreja e da juventude. Tem como objetivo, trazer ao público
obras que retratam o Verbo que se fez presente em meio a nós, através de cada livro
publicado."
Fonte:
https://www.vaticannews.va/pt/igreja/news/2021-01/frei-patriciocaminhando-com-
sao-jose.html
76
7. O QUE É DEVOÇÃO
Ir. Sheron Maria da Cruz, ocd
Oração Inicial:
Ó Glorioso São José, o vosso poder se estende sobre todas as nossas necessidades
e sabeis tornar possível o que parece impossível, lançai o vosso olhar paternal sobre todos
os vossos filhos. Amém!
São José, rogai por nós!
Devoção é:
1 Sentimento religioso.
2 Piedade, afeto.
Devoto:
1 Piedoso, religioso.
2 Amigo dedicado, cultor.
Devoção a José
Séc. XVI
• Patrono de vários reinos, nações e ordens religiosas
Séc. XVII
• Festa do Santo passa a ser celebrada em toda a Igreja
Séc. XVIII
• Incluído na Ladainha dos Santos
Séc. XIX
• Proclamado padroeiro da Igreja
Século XX
• É incluído no Cânon da Missa;
• Festa de São José Operário - 1955 Pio XII
Séc. XXI
78
Culto Digno
Procura-se honrar José com um culto digno, por participar da ordem hipostática,
por lhe ter sido confiada na terra a custódia do Filho de Deus e de sua Mãe, por ter
contribuído para a redenção.
A ternura
São José é pai, mesmo título que atribuímos a Deus
Amor - preocupação pelo filho - entrega generosa a Ele
Mais fiel imagem de Deus
Inteligência + Afeto
79
Culto no Carmelo
A devoção Josefina de Santa Teresa nasce enraizada na devoção a humanidade de
Cristo e tudo o que com ela se relacione:
Ninguém como São José esteve tão perto de Jesus Homem!
San José de Ávila – retábulo central: “Glorioso San José del Carmen -
Sevilha”
Culto no Carmelo
A imagem de São José posta nas portas dos conventos fez com que o Santo
ocupasse um lugar no espaço público e que fosse visto como uma personagem carinhosa e
próxima das pessoas.
I- PARTE
8
Santo Tomás de Aquino. ST II-II, Q 82, A 1.
83
Para que nossas devoções à São José não sejam “a bobas” precisamos entender o
valor e sentido destas que se tornam manifestas à medida em que entendemos
Teologicamente a Missão de José, ou seja a sua conexão com o Mistério da Redenção.
Obviamente este não é o tema que nos ocupa, por isso vamos passar apenas de
relance por ele.
José é uma pessoa predestinada pelo próprio Deus para servir diretamente a pessoa
e a missão de Jesus mediante o exercício da paternidade. A ele foi confiada "...a guarda dos
mistérios da salvação dos homens"9, ele
"...foi constituído chefe da vossa família para guardar com paterna solicitude o
vosso Filho Unigênito"10
No mundo devocional, com o intento de promover um amor mais cordial ao Santo,
pensando e recriando a vida de São José ao lado de Jesus, ao reconhecê-lo como
imagem/figura de Deus Pai, descobrimo-lo como o mais perfeito dos pais e esposos. De
fato, como veremos a seguir, todo o devocionário Josefino estará assentado sobre estas
duas prerrogativas.
São José é, assim, o protetor das necessidades materiais e espirituais: de protetor
da casa de Nazaré, chega a ser o protetor da casa de Deus que é a Igreja.
Frei Jerónimo Gracián enumera dez ofícios que São José prestou ao Menino Deus
e que lhe conferem o título de Pai, todos eles fazem pensar em ternura e carinho, cuidado e
proteção: José é para o Menino Jesus
aio, padrinho, pai companheiro, tutor, pai adotivo, amo de leite, pai por eleição,
senhor, marido de sua mãe, pai de boas obras.11
No mundo devocional vemos salientar-se o aspecto terno, em gestos de carinho
para com o Menino: nas imagens o vemos representado carregando-o ao colo, abraçando-o,
atém mesmo ensinando um ofício na carpintaria, etc. Isto é muito interessante: “José ensina
Jesus a realizar algum pequeno trabalho: a sua grande mão cobre a pequena do Menino”12.
São José, que exerceu sobre Jesus todas as funções de pai, excetuando-se a
geração física foi testemunha privilegiada de todos os fatos que precederam e que se
sucederam à encarnação de Jesus Cristo. Dele é dito que é pai legal, nutrício, putativo,
adotivo, virginal, vicário, representante, sombra do Eterno Pai – que encobriu a pessoa e o
mistério de Deus, mas também encobriu Jesus, que aparecia aos seus contemporâneos
como filho do casal formado por José, o carpinteiro, e Maria.
9
Oração Coleta da Solenidade de São José
10
Prefácio da Solenidade de São José
11
GRACIÁN, Jerónimo, Excelencias de San José, esposo de la Virgen María, Apostolado
de la Prensa, Madrid, 1944, pp.57-62 citado por FRONTELA, Luis J. FERNANDEZ, A
ternura de São José, Revista de Espiritualidade 29 (2021), Grupo Editorial FONTE, pp.
127-145 artigo revisto de Estudios Joséfinos, Año 68, Nº. 136, 2014, págs. 191-214.
12
FABER, Federico Guillermo, Belén o el mistério de la Santa Infancia, Madrid, Hijos de
Gregorio del Amo, 1930, p. 257 citado por FRONTELA.
85
Ao longo dos tempos antigos e na Idade Média, São José é esquecido, as poucas
vezes que aparece em representações artísticas é como um ancião velhíssimo e
adormecido13, em cenas narrativas. Isto muda a partir do Sec. XVI. Segundo nosso irmão,
Frei Jerónimo Gracián, José foi escolhido para sustentar a Virgem com o trabalho de suas
mãos, acompanhá-la nos seus caminhos, defendê-la dos juízos temerários... isto exige que
ele fosse um homem jovem!
Depois disso proliferaram as imagens (estampas e gravuras) de São José com o
Menino nos braços, insistindo no exercício das funções próprias dos pais. Assim
desenvolve-se com clareza a imagem de São José cristóforo, aquele que conduz Jesus.
Se aos anjos foi encomendada a guarda e a proteção dos homens, aos arcanjos a
proteção dos principados, reinos e impérios, São José foi escolhido pelo próprio Deus para
custodiar, alimentar, educar e proteger o Deus Homem. São José, acolhendo Maria e Jesus,
protege-os, e é ele, como chefe de família, e não Maria, que recebe as ordens divinas
quando há que tomar alguma providência na família. O mundo devocional vê São José
como “grande em dignidade, grande em poder, grande na beneficência para com os
necessitados”14.
João Gerson o chama “nosso advogado” e no sermão pronunciado no Concílio de
Constança em 1416 foi o primeiro a sugerir que se elevasse São José a um nível superior ao
dos Apóstolos e próximo do da Virgem Maria15.
Em meados do séc. XVIII, o Papa Bento XIII afirma a superioridade de São José
sobre João Batista, ao sustentar que “São José pertence aos santos do Novo Testamento e
São João Batista, pelo contrário, aos do Antigo Testamento (cuja lista conclui), assim como
Maria e José começam a serie dos santos do Novo”. Da mesma forma chega-se a afirmar a
superioridade de São José em relação a todos os anjos e santos, incluindo os apóstolos, cujo
ofício é o “maior dos instituídos na lei da graça”. E esta superioridade de São José, o santo
mais querido de Deus, segundo a expressão de um autor do séc. XIX, é justificada pela sua
proximidade a Jesus Cristo e pela sua contribuição ao mistério da encarnação.
13
São Máximo, Confessor, é muito indulgente ao afirmar que São José teria mais de 70 anos
ao casar com a Virgem Maria – ainda diz que era viúvo e pobre de posses materiais. A Vida
da Virgem, São Máximo Confessor, Minha Biblioteca Católica, 2020
14
DE BARRAMEDA, Manuel María de Sanlucar, Nueva Joséfina o grandeza del Patriarca
San José, Tomo I, Imprenta de Juan Francisco Montero, Santiago de Compostela, 1831, p.
400 citado por FRONTELA.
15
João Gerson também propôs que se comemorasse os desposórios de Maria e José, que não
foi aprovada mas contribuiu para intensificar o culto ao Santo.
86
Desde o séc. XV e até finais do séc. XIX, assistimos a um processo lento, mas
progressivo, que vai levar a situar São José dentro das práticas litúrgico-devocionais da
Igreja.
- No séc. XVI é nomeado patrono de vários reinos, nações e ordens religiosas
- No séc. XVII (1621) a festa do Santo passa a ser celebrada em toda a Igreja –
inclusive como preceito (Gregório XVI)
- No séc. XVIII (1726) Bento XIII inclui o nome de São José na Ladainha dos
Santos
- No séc. XIX é proclamado padroeiro da Igreja
- No séc. XX é incluído no Cânon da Missa; em 1955 Pio XII estabelece a Festa
de São José Operário.
- No séc. XXI é proclamado o Ano de São José16.
Procura-se honrar José com um culto digno, por participar da ordem hipostática,
por lhe ter sido confiada na terra a custódia do Filho de Deus e de sua mãe, por ter
contribuído para a redenção.
Desde o século XVI vemos proliferarem-se os exercícios devocionais em honra de
São José, como veremos na segunda parte.
Como consequência do desenvolvimento da devoção à São José´, crescerá também
a devoção à Sagrada Família, que é considerada “a trindade na terra” e na qual José é a
“terceira pessoa da trindade criada”. O mundo devocional tem claro que, no lar de Nazaré,
São José dirige tudo. Isto explica-se no contexto da economia da encarnação, segundo a
qual Jesus Cristo estava predestinado a vir ao mundo, coisa que se realizaria por meio de
uma mulher, embora virgem, esposa. O Filho de Deus teria na terra uma mãe e um pai,
nasceria de um verdadeiro casamento, seria membro de uma verdadeira família.
Santa Teresa tinha consciência de que São José foi o seu “refúgio ordinário nas
suas angústias e trabalhos” e que seus conventos, o Carmelo que ela estava fundando eram
“casas do gloriosos São José”17.
Anedótico o fato de 10 de suas 14 fundações levarem no título “San José” e quatro
com o adjetivo “del Glorioso”. Em Santa Teresa se vê muito clara a paternidade de São
José sobre a sua obra e por ele se sentia protegida e defendida18.
Conta-nos Frei Jerónimo Gracián que Santa tinha o costume de pôr sobre a
portaria de todos os mosteiros que fundara Nossa Senhora e o glorioso São José; e em todas
16
Em comemoração aos 150 anos da proclamação de São José como guardião universal da
Igreja, pelo Papa Pio IX, o Papa Francisco institui o “Ano de São José” através da Carta
Apostólica Patris Corde “Coração de Pai”.
17
Carta a Dona Inés Nieto, Sevilla, 19 de junho de 1575. A D. Hernando de Pantoja, Ávila,
31 de janeiro de 1579.
18
V 32,11; CC 30,2; etc.
87
as suas fundações levava sempre consigo uma imagem de grandes dimensões deste
glorioso santo, que agora está em Ávila, chamando-lhe fundador desta Ordem.
Este gesto, que virá a converter-se num hábito nos nossos conventos (colocar a
imagem de São José nas portas dos conventos), pode parecer ingênuo, mas teve uma
grande importância pois fez com que o Santo ocupasse um lugar no espaço público e que
fosse visto como uma personagem carinhosa e próxima das pessoas. A devoção Josefina de
Santa Teresa não é fruto do acaso, mas nasce enraizada na devoção que ela tem da
humanidade de Cristo e tudo o que com ela se relacione, e ninguém como São José esteve
tão perto de Jesus Homem.
Podemos dizer que da visão da Santa, se depreende uma devoção moderna: porque
José cura/remedia todos os males, em comparação com outros santos, que só se ocupam de
alguns negócios: “a otros santos parece les dio el Señor gracia para socorrer en una
necesidad; a este glorioso santo tengo experiencia que socorre en todas”19
Não só nas necessidades corporais, também (e mais!) nas espirituais:
“En especial personas de oración siempre le habían de ser aficionadas (…) Quien
no hallare maestro que le enseñe oración, tome este glorioso santo por maestro y no
errará en el camino”.20
Gostaríamos de destacar, a modo de conclusão, que as imagens colocadas pela
Santa, em geral, representam-no com o Menino, quer nos braços, quer levando-O pela mão:
portanto como Cristóforo, portados de Cristo, em sintonia com a ideia teresiana de que não
podemos imaginar São José sozinho, mas sempre unido a Virgem e a Cristo, isto é, inserido
no mistério da Salvação.
A partir das reflexões dos espirituais e da iconografia vai-se desenhando uma nova
imagem de São José, que já não é a do idoso de antigamente, indiferente ao que se passa ao
seu redor, mas o varão vigoroso, o "amante e terno pai", escolhido por Deus para atender a
sua família, aquele que em Jesus - a quem sente como filho - abraça o próprio Deus.
8.4. A ternura
Existe uma palavra muito cara ao Papa Francisco e que o define muito bem, em
seus gestos e palavras como pontífice. Ela servirá de link para passarmos à outra margem.
Afirma o Papa São João Paulo II na Redemptoris Custos que "a salvação, que passa
através da humanidade de Jesus, realiza-se nos gestos que fazem parte do quotidiano da
vida familiar"21. Partindo desta afirmação, podemos dizer que se Deus é conhecido nos seus
santos, que são a sua imagem viva, São José, que por um lado é sombra que oculta o
mistério que encerra Jesus, o filho de Maria, que aos olhos dos seus conterrâneos passa por
seu filho, o filho do carpinteiro, por outro lado, e imagem que revela, que manifesta algo do
mistério de Deus, do seu amor paternal e da sua providência. O evangelho afirma que era
justo e bom, o que levou o mundo devocional a atribui-lhe a caridade, a compaixão e a
ternura.
19
V 6,6
20
V 6,8
21
JOÃO PAULO II, Redemptoris Custos, n. 8.
88
À luz da imagem de São José que a piedade nos desenha, descobrimos um Deus
próximo, um Deus bom, terno e carinhoso, que se preocupa conosco, como São José se
preocupou e ocupou de Jesus, a quem amou com bondade de coração e com generosidade.
A ternura, que pertence não a ordem do pensamento, mas da sensibilidade, está
carregada de afeto e de participação, implica amar com o coração e sentir-se amado de
coração; é o que o universo devocional atribui ao Santo, que "que tratava com Deus infinito
feito criança"22.
Os textos dos autores espirituais, dos quais se alimenta a piedade dos fiéis, não se
•
fixam por simples enunciados sobre a bondade de São José; antes, particularizam o seu
carinho, a sua ternura para com o Menino, manifestada nos mil detalhes da vida quotidiana,
o que faz de São José um santo próximo e muito querido por todos. Ao universo devocional
não basta afirmar que foi pai, mas insiste em que ele “não teve apenas o título de pai, mas
também a ternura, o amor”23.
Frei Jerónimo Gracián, comentando o título de Amo de leite que ele mesmo dá a
São José, imagina o Santo comportando-se com o Menino como um pai faz com o seu
filho: “pegava no Menino em seus braços e andava com Ele cantarolando, sossegava-o se
Ele chorava, brincava com Ele para que adormecesse no berço, palrava com Ele,
acariciava-o e dava-lhe enfeites como a uma criança, e nunca saía de casa sem que
trouxesse algum passarinho, maçãzinha, ou algo do gênero, coisas de que costumam gostar
as crianças, para o seu Menino Jesus”24.
Quando dizemos que São José é pai, tal como quando atribuímos esse título a
Deus, estamos a significar que é amor, preocupação pelo filho, entrega generosa a Ele. Por
isso, quando a piedade pensa em São José como pai, atribui-lhe as melhores qualidades que
podemos encontrar num pai. Neste sentido, portanto, São José é a mais fiel imagem de
Deus, sabendo embora que Deus supera tudo o que nós possamos pensar d'Ele. Mas a
fantasia, retamente formada, funciona assim, adapta tudo a nossa medida. Por isso não é
fácil chegar ao conhecimento do Pai, e de São José com o Pai, só com a inteligência; é
necessário lançar mão do afeto. O amor leva a perceber São José como um pai terno nos
gestos de atenção e de preocupação pelo Menino Jesus, seu filho, na vida quotidiana.
22
GRACIAN, Jeronimo, o.c., p. 60.
23
La vida y muerte del hombre Justo, propuesta en las ejemplos de San José, esposo de Maria
Santi sima, sacada de las evangelios, segun la interpretación de las Santo s Padres, traducida del
italiano por el R. P. Fr. MANUEL DE SANTO THOMAS AQUINO, Carmelita Descalzo, en
Valencia, por Francisco Burguete, impressor del Santo Oficio, 1794, p. 125 citado por
FONTELA.
24
GRACIAN, Jeronimo, o.c., p. 80.
89
II – PARTE
A Trintena a São José, também conhecida como Manto de São José, é uma
devoção inspirada em graças alcançadas pelo próprio manto marrom que São José ganhou
de Nossa Senhora no dia do casamento. O registro mais antigo encontrado dessa devoção é
de 1882, quando o Monsenhor Dom Francesco M. Petrarca, o arcebispo de Lanciano -
Itália, aprovou, convidando os fiéis a fazer uso dessa devoção.
A devoção consiste em honrar o pai adotivo de Jesus ao longo de trinta dias
consecutivos, elevando-lhe uma oração de louvor por sua fidelidade e entrega a Deus por
meio da missão de cuidar da Sagrada Família de Nazaré.
Existem fórmulas específicas para a oração, permitindo aos devotos incluir seus
pedidos e causas impossíveis. Contudo, para uma oração mais piedosa, a fórmula sugere
que o devoto se encontre em estado de graça santificante e a fidelidade na participação
da Santa Missa dominical. Esta devoção parece estar ligada ao fato de São José alcançar
graças "impossíveis"... Em algum folheto se afirma que Santa Teresa utilizava-se desta
devoção - embora diga explicitamente que "eram muitas as suas devoções", à não ser o
Rosário, não as enumera; então não podemos afirmar com exatidão a respeito. Segundo
Frei Maximiliano Herraiz, “Lo único que sabemos con certeza es que Santa Teresa fue muy
devota de san José: "Lo tomó por medianero y abogado", y "las grandes mercedes que
me ha hecho Dios por medio de este bienaventurado Santo, confesando que siempre que se
encomendó a él, le alcanzó la gracia que ella le pedía". (CF. V6,6)
Um capuchinho italiano, João de Fano (+1539), propôs essa devoção a São José,
atribuindo sua autoria ao mesmo santo que, depois de ter aparecido e salvado dois monges
do naufrágio, lhes pediu que diariamente rezassem sete Pai Nosso e sete Ave-Maria em
memória de suas dores.
Um grande promotor dessa devoção foi o Papa Gregório XVI, que concedeu
muitas indulgências e fomentou a devoção dos sete domingos de São José. Mais tarde, o
Beato Januário Maria Sarnelli (+1744) acrescentou também as sete alegrias de São José,
constituindo assim, a “fórmula definitiva” e mais difundida até a atualidade.
25
Acta Sancta Sedis 01 [1865-66].
Disponível em: https://www.vatican.va/archive/ass/documents/ASS-01-1865-66-
ocr.pdf Acta Sancta Sedis 06 [1870-71]. Disponível em:
https://www.vatican.va/archive/ass/documents/ASS-06-1870-71-ocr.pdf
https://pt.aleteia.org/2018/07/03/os-7-domingos-em-honra-de-sao-José/
https://rumoasantidade.com.br/devocao-7-domingos-honra-sao-José/
90
26
CONGREGACIÓN PARA EL CULTO DIVINO Y LA DISCIPLINA DE LOS
SACRAMENTOS, DIRECTORIO SOBRE LA PIEDAD POPULAR Y LA LITURGIA
PRINCIPIOS Y ORIENTACIONES, CIUDAD DEL VATICANO 2002.
https://www.vatican.va/roman_curia/congregations/ccdds/documents/rc_con_ccdds_doc_200
20513_vers-direttorio_sp.html#Cap%C3%ADtulo%20IV acessado em 09092021.
91
A Ladainha em honra a São José tem origem no século XX e foi aprovada para
uso público pelo Santo Padre, o Papa São Pio X, em 190927. Esta oração consiste em 31
invocações em honra a São José, descrevendo suas virtudes e o papel que ele desempenhou
no mistério da Redenção, sendo pai adotivo de Jesus, virtudes quais devem ser recordadas e
imitadas com frequência. Foi composta tendo como base a Ladainha em honra a Nossa
Senhora28.
Em maio deste ano (2021), o Santo Padre, o Papa Francisco adicionou sete novas
invocações à Ladainha a São José, retiradas das intervenções dos papas que refletiram
sobre alguns aspectos da figura do Padroeiro Universal29; ainda As Conferências
Episcopais poderão acrescentar invocações locais:
1. Guardião do Redentor (Custos Redemptoris), extraído da exortação
apostólica Redemptoris custos de São João Paulo II;
2. Servo de Cristo (Serve Christi), pronunciada por São Paulo VI em sua homilia
na Festa de São José em 1966, e citada tanto por São João Paulo II como pelo Papa Francisco
em Patris corde;
3. Ministro da Salvação (Minister salutis) de São João Crisóstomo, também
citado pelo Papa Wojtyla em Redemptoris custos;
4. Amparo nas dificuldades (Fulcimen in difficultatibus), usado pelo Papa
Francisco no prólogo da Patris corde); por fim
5. Patrono dos exilados, dos aflitos e dos pobres (Patrone exsulum, afflictorum,
pauperum), também na Patris corde.
27
Acta Apostolicae Sedis 1 [1909] p290-292. Disponível em:
https://www.vatican.va/archive/aas/documents/AAS-01-1909-ocr.pdf
28
Padre Paulo Ricardo. Ladainha em honra a São José. Christo Nihil Præponere, 2018.
Disponível em: https://padrepauloricardo.org/blog/ladainha-em-honra-a-sao-José. Acesso em:
02 de setembro de 2021
29
Carta aos Presidentes das Conferências Episcopais acerca das novas invocações nas
ladainhas em honra de São José, de 1 de maio de 2021. Disponível em:
https://www.vatican.va/roman_curia/congregations/ccdds/documents/rc_con_ccdds_doc_202
10501_invocazioni-san-giuseppe_po.html. Acesso em: 03 de setembro de 2021
30
Visitas a Jesus Sacramentado, a Nossa Senhora e a São José. Rumo à Santidade. Disponível
em: https://rumoasantidade.com.br/visitas-jesus-sacramentado-nossa-senhora-sao-
José/#José_2. Acesso em: 05 de setembro de 2021. LIGÓRIO, Santo Afonso M. de. Visitas
92
ao SS. Sacramento, A SS. Virgem Maria e a São José. Tradução pelo Pe. Francisco Alves,
C.Ss.R. Oficinas Gráficas Santuário de Aparecida, 1960, 5ª Edição. LIGÓRIO, Santo Afonso
M. de. Visitas a Jesus Sacramentado e a Nossa Senhora. Ucrânia: Editora Santuário, 2020.
31
A pouco conhecida tradição de São José difundida pelos Capuchinhos. Franciscanos
Capuchinhos do Brasil. Disponível em: https://www.capuchinhos.org.br/blog/a-pouco-
conhecida-relacao-dos-capuchinhos-e-sao-José. Acesso em: 05 de setembro de 2021.
Escapulário de São José. Quem reza se salva. Disponível em:
https://quemrezasesalva.com.br/devocao/escapulario-de-sao-José
32
Acta Sancta Sedis 34 [1901-902] p317. Disponível em:
https://www.vatican.va/archive/ass/documents/ASS-34-1901-2-ocr.pdf
93
Esta devoção teria sido revelada pelo próprio São José a um religioso de clausura da
cidade de Palermo. Disse-se que no dia 7 de junho em 1977, Festa do Coração Imaculado de
Maria, o religioso anônimo estava rezando o Santo Terço, quando teve uma visão. Viu um sol
fulgidíssimo emanando luz branca e no centro um coração de carne, do qual saíam três lírios
brancos. O vidente pensou que fosse o Coração de Maria Santíssima; porém, o seu anjo da
guarda disse-lhe:
“Este é o coração do glorioso São José, esposo de Maria Santíssima, que não é
conhecido, nem amado pelos cristãos, mas que o Senhor deseja que seja conhecido, amado e
honrado, ao lado dos corações de Jesus e Maria.”
O anjo continuou dizendo que a Festa do Coração de São José deve ser no domingo
após a festa dos Corações de Jesus e Maria, e que todos aqueles que por três domingos
consecutivos, em qualquer período do ano comungarem, receberem a Sagrada Eucaristia, em
honra do Coração de São José, receberão dele grandes graças e que, qual pai amoroso,
sustentará suas almas em todas suas necessidades, e os consolará na hora da morte e será seu
advogado ante o tribunal de Deus.
Em outras ocasiões, São José ditou, para o vidente, as Ladainhas do seu Coração e
outras orações.
Coração puríssimo de São José, confio que tudo podeis junto ao Coração de Jesus.
8.5.10. Relíquias
- Aliança nupcial: Perúgia (na Itália), desde 1477 gloria-se de possuir a aliança
nupcial de São José, provinda de Chiusi, onde por sua vez teria chegado de Jerusalém no
séc. XI. Infelizmente, há pelo menos mais seis entre mosteiros e igrejas reclamando a
mesma honra.
Notre-Dame de Paris afirma possuir as 2 alianças do noivado entre José e Maria!
- Cinta: Em 1254, um dos Cruzados trouxe para a França a “cinta” de São José,
que foi, porém, destruída no incêndio da Capela onde estava guardada, pelo ano de 1668.
Parte da relíquia, todavia, tinha sido doada em 1649 à Igreja da Ordem dos “Feuillants” em
Paris e outra, em 1662, ao Bispo de Châlon (França) para sua Catedral.
- Faixas: Aquisgrana (Alemanha) possui faixas com as quais o Santo teria
protegido as pernas ou, como outros pensam, protegido o Menino Jesus.
- Bastão: A Igreja dos Camaldulenses em Florença (Santa Maria dos Anjos)
guarda um bastão de São José, trazido de Constantinopla nos tempos do concílio
Florentino. Fragmentos dele acham-se em Roma (nas Igrejas de Santa Cecília e Santa
Anastácia), em Beauvais e alhures... (introduzidas nos séc. XIV e XV)
94
“Tempos tristíssimos”, assim chama Pio IX sua era como Papa: a Igreja é atacada
e oprimida por todos os lados. Para enfrentar “os males que afligiam a Igreja” – a rebeldia
contra o Papa que culminou na instituição da República Romana, consequência da
Revolução Francesa enfraquecimento da fé - no ano de 1870, proclamou São José como
Padroeiro da Igreja Universal, através do Decreto Quemadmodum Deus. Em seguida
instaurou a festa litúrgica, o ofício e os privilégios litúrgicos de São José, através da Carta
Apostólica Inclytum Patriarcham, de 1871.
Em 1.º de maio de 1955, Pio XII instituiu a festa litúrgica de São José
Operário, para impor uma barreira à onda do comunismo.
Quando o mundo quis acabar com a figura do pai espiritual que é o Papa, a Igreja
propôs São José como um pai espiritual; da mesma forma, diante do perigo das ideologias
nefastas do comunismo, São José foi presenteado aos trabalhadores, como modelo e
intercessor no Céu; ambas as festas sendo celebradas na Liturgia da Igreja.
Desde então, a Igreja celebra a Solenidade de São José na Liturgia das Horas em
19 de março, a Memória de São José Operário em e 1º de maio.
95
Todos somos consagrados pelo Batismo: não nos pertencemos, mas à Deus –
fomos separados para ELE! Deus existe e eu sou para ELE. Mas, nossa realidade de pecado
torna difícil a vivência concreta desta entrega, de confiar em Deus, olhamos para Deus com
reserva, quando não com medo! Dar o nosso fiat não é automático nem fácil: a vontade de
Deus assusta. Por isso precisamos de ajuda e o caminho, é o da pequenez – a kenosis:
Jesus, embora sendo Deus, humilhou-se a Si mesmo33, fazendo-se pequenino... e viveu
como homem pequenino por 30 anos submisso à Nossa Senhora... e à São José, que embora
fosse o último em grandeza era o primeiro em autoridade no lar de Nazaré: até mesmo o
Arcanjo São Gabriel respeita esta ordem: quando o Menino se vê em perigo, não é à
Virgem que ele avisa em sonho para salvá-lo, mas ao pai.
Mas o que significaria uma consagração à São José? Não é suficiente que lhe
sejamos devotos? Parafraseando São Luís Maria Grignion de Montfort, poderíamos dizer,
sem erro, que consagrar-se à São José é querer ter um coração como o dele, é querer imitar
suas virtudes.
A consagração à São José sugerida é uma forma de reverência, um desejo de
assemelharmos com o próprio Deus feito Homem que quis ser submisso à São José. É uma
33
Fl 2,11
96
declaração de que desejamos viver espiritualmente esta mesma kenosis, confiando-nos, não
somente à intercessão de Nossa Senhora, mas também à de São José.
Pe. Donald Calloway34 explica que a palavra 'consagração' significa tecnicamente
deixar algo de lado para um propósito sagrado. Consagramos altares, por exemplo, porque
vamos usá-los para a missa. Ou consagramos pessoas que temos em comunidades
religiosas e outras.
Neste sentido, a consagração a São José significa que reconhecemos que ele é
nosso pai espiritual e que queremos ser como ele. Para demonstrar isso, entregamo-nos
inteiramente ao seu cuidado paternal para que ele o ajude com amor a adquirir as suas
virtudes e a ser santo... José, por sua vez, oferecerá aos seus consagrados o seu amor,
proteção e orientação.
Bem-aventurados os puros de coração porque verão à Deus. Mt 5,8
Mais que tudo, São José é um modelo de pureza, castidade e de vida interior,
espiritual, legítima intimidade-amizade com Jesus. E ele pode, e ouso dizer, quer alcançar-
nos estas graças.
8.7 APÊNDICE
34
CALLOWAY, Donald H., Consagração a São José - As glórias de nosso pai espiritual,
Ecclesiae, 2021.
97
7) Rezar o Terço com a sua família para que “todas as famílias cristãs se sintam
encorajadas a recriar a mesma atmosfera de comunhão íntima, de amor e oração que se
vivia na Sagrada Família”.
8) Os casais de namorados também podem receber uma indulgência rezando o
Terço juntos.
9) Meditar por pelo menos 30 minutos a oração do Pai-Nosso, porque São José
“nos convida a redescobrir nossa relação filial com o Pai, a renovar a fidelidade à oração, a
ouvir e corresponder com profundo discernimento à vontade de Deus”.
10) Fazer uma oração aprovada a São José no Domingo de São José, que é o
domingo depois do Natal na tradição católica bizantina.
11) Celebrar a festa de São José em 19 de março, realizando um ato de piedade em
honra a São José.
12) Fazer uma oração aprovada a São José no dia 19 de qualquer mês.
13) Honrar São José realizando um ato de piedade ou fazendo uma oração
aprovada em qualquer quarta-feira, dia tradicionalmente dedicado a São José.
14) Rezar a São José na festa da Sagrada Família celebrada em 27 de dezembro.
15) Celebrar a festa de São José Operário no dia 1º de maio, realizando um ato de
piedade ou oferecendo sua oração.
“Todos os fiéis terão assim a possibilidade de se comprometer, através da oração e
das boas obras, a obter com a ajuda de São José, chefe da celeste Família de Nazaré, o
consolo e o alívio nas graves tribulações humanas e sociais que hoje afligem o mundo
contemporâneo".
Os idosos, os doentes e os moribundos que não podem sair de suas casas devido à
pandemia da COVID-19 também têm permissão especial para receber uma indulgência
plenária, "oferecendo com confiança em Deus as dores e desconfortos" de suas vidas com
uma oração a São José, esperança dos enfermos e padroeiro de uma morte feliz.
A Penitenciária Apostólica permite qualquer oração a São José aprovada
pela Igreja, em particular, a oração "A ti, bendito José" composta pelo Papa Leão XIII, que
partilhamos a seguir:
“A vós, São José, recorremos em nossa tribulação e, depois de ter implorado o
auxílio de Vossa Santíssima Esposa, cheios de confiança solicitamos o vosso patrocínio.
Por esse laço sagrado de caridade, que os uniu à Virgem Imaculada, Mãe de Deus, pelo
amor paternal que tivestes ao Menino Jesus, ardentemente vos suplicamos que lanceis um
olhar benigno para a herança que Jesus conquistou com seu sangue, e nos socorrais em
nossas necessidades com o vosso auxílio e poder”.
“Protegei, ó Guarda providente da Divina Família, a raça eleita de Jesus Cristo.
Afastai para longe de nós, ó Pai amantíssimo, a peste do erro e do vício; Assisti-nos do alto
do céu, ó nosso fortíssimo sustentáculo, na luta contra o poder das trevas; assim como
outrora salvastes da morte a vida do Menino Jesus, assim também defendei agora a Santa
Igreja de Deus contra as ciladas de seus inimigos e contra toda adversidade. Amparai a
cada um de nós com o vosso constante patrocínio, a fim de que, a vosso exemplo, e
sustentados com vosso auxílio, possamos viver virtuosamente, morrer piedosamente e
obter, no céu, a eterna bem-aventurança. Assim seja. Amém”.
98
8.8 BIBLIOGRAFIA
Orientação Inicial
Para recebermos as graças de Deus com maior fruto, é necessário que estejamos em
Estado de Graça, ou seja, com a confissão em dia e participando devotamente da Santa
Missa dominical. A Santa Missa pela TV só serve para quem está doente ou impossibilitado
de deslocar-se.
Aconselha-se rezar estas orações por trinta dias consecutivos, em memória dos trinta
anos de vida vividos por São José em companhia de Jesus Cristo, o Filho de Deus.
INÍCIO
• Iniciar com o Sinal da Cruz.
• Jesus, Maria e José, eu Vos dou o meu coração e a minha alma.
• Rezar 3x a oração do Glória, à Santíssima Trindade (dando-lhe graças por ter
exaltado São José a uma dignidade inteiramente excepcional):
OFERECIMENTO
Eis-me, ó grande Patriarca, prostrado devotamente diante de Vós. Apresento-Vos
este Manto precioso e ao mesmo tempo Vos ofereço o propósito da minha devoção fiel e
sincera. Tudo o que poderei fazer em Vossa honra durante a minha vida tenciono fazê-lo para
Vos mostrar o amor que Vos tenho. Ajudai-me, São José. Assisti-me, agora e durante toda a
minha vida, mas especialmente assisti-me na hora da minha morte, como Vós fostes assistido
por Jesus e por Maria, para que Vos possa um dia honrar na Pátria celeste por toda a
eternidade. Amém!
Ó glorioso Patriarca São José, prostrado diante de Vós, apresento-Vos com devoção
as minhas homenagens e começo por Vos oferecer esta preciosa coleta de orações em
memória das inumeráveis virtudes que ornaram vossa santa Pessoa. Em Vós teve
cumprimento o sonho misterioso do antigo José, cuja figura antecipou a Vossa: não só, de
fato, o Sol divino cingiu-vos com seus luminosíssimos raios, mas também a mística Lua,
Maria, Vos aclarou com a sua doce luz. Ó glorioso Patriarca, se o exemplo de Jacó, que se
regozijou pessoalmente com seu filho predileto, exaltado sobre o trono do Egito, serviu para
arrastar também os outros filhos à salvação, não me valerá o exemplo de Jesus e de Maria,
que Vos honraram com toda a sua estima e com toda a sua confiança, para trazer a mim
também, para tecer em Vossa honra este Manto precioso? Eia pois, ó grande Santo, fazei que
o Senhor volva sobre mim um olhar benévolo. E, como o antigo José não expulsou os irmãos
culpados, mas, pelo contrário, os acolheu cheio de amor, os protegeu e os salvou da fome e da
morte, assim Vós, ó glorioso Patriarca, mediante a Vossa intercessão, fazei com que o Senhor
nunca queira me abandonar neste vale de degredo. Alcançai-me, além disso, a graça de me
conservar sempre entre os Vossos servos devotos, que vivem serenos sob o Manto do Vosso
patrocínio. Este patrocínio eu desejo tê-lo em cada dia da minha vida e no momento do meu
último suspiro. Amém!
ORAÇÃO
Salve, ó glorioso São José, depositário dos tesouros incomparáveis do Céu e pai
adotivo d’Aquele que alimenta todas as criaturas. Depois de Maria Santíssima, sois Vós o
Santo mais digno de nosso amor e merecedor de nossa veneração. Entre todos os santos, só
Vós tivestes a honra de criar, guiar, alimentar e abraçar o Messias que tantos Profetas e Reis
desejaram ver. São José, salvai a minha alma e alcançai-me da Misericórdia Divina a graça
101
que humildemente imploro (pedir a graça). E também alcançai para as Benditas Almas do
Purgatório um grande alívio para os seus sofrimentos.
• Rezar 3x Glória
• Rezar 1 vez “Doce coração de Jesus, sede o nosso amor, doce coração de
Maria e José, sede a nossa salvação”.
• Rezar 10 vezes “Jesus, Maria e José, nós Vos amamos, salvai almas”!
Ó poderoso São José, foste declarado Patrono Universal da Igreja, e eu Vos invoco,
entre todos os Santos, como fortíssimo protetor dos miseráveis, e bendigo mil vezes o Vosso
coração, sempre pronto a socorrer toda espécie de necessidade. A Vós, ó querido São José,
recorrem a viúva, o órfão, o abandonado, o aflito, toda espécie de desventurados; não há dor,
angústia ou desgraça que Vós não tenhais piedosamente socorrido. Dignai-Vos, portanto, usar
em meu favor os meios que Deus pôs em Vossas mãos, para que eu possa conseguir a graça
que Vos peço. E Vós, Santas Almas do Purgatório, suplicai a São José por mim.
• Rezar 3x Glória
• Rezar 1x “Doce coração de Jesus, sede o nosso amor, doce coração de Maria e
José, sede a nossa salvação”
• Rezar 10x “Jesus, Maria e José, nós Vos amamos, salvai almas”!
A tantos milhares de pessoas que Vos suplicaram antes de mim, Vós destes conforto
e paz, graças e favores. A minha alma, triste e amargurada, não encontra repouso no meio das
angústias que a oprimem. Vós, ó querido Santo, conheceis todas as minhas necessidades,
ainda antes que eu as exponha na oração. Vós sabeis quanto preciso da graça que Vos peço.
Eu me prostro na Vossa presença e suspiro, ó querido São José, sob o grande peso que me
oprime. Nenhum coração humano está tão próximo de mim que eu possa confiar meus
sofrimentos; e mesmo que eu encontrasse compaixão junto a alguma alma caridosa, ela,
todavia não me poderia valer. A Vós, portanto, recorro e espero que não queirais me rejeitar,
porque Santa Teresa disse, e deixou escrito em suas memórias: “Qualquer graça que pedirdes
a São José, será certamente concedida”. Ó São José, consolador dos aflitos, tende piedade da
minha dor e tende piedade das Santas Almas do Purgatório, que tanto esperam de nossas
orações.
• Rezar 3x Glória
• Rezar 1x “Doce coração de Jesus, sede o nosso amor, doce coração de Maria e
José, sede a nossa salvação”
• Rezar 10x “Jesus, Maria e José, nós Vos amamos, salvai almas”!
Ó excelso Santo,
Pela Vossa perfeitíssima obediência a Deus, tende piedade de mim.
Pela Vossa santa vida, cheia de merecimentos, atendei-me.
Pelo Vosso queridíssimo Nome, ajudai-me.
Pelo Vosso clementíssimo Coração, socorrei-me.
Pelas Vossas santas lágrimas, confortai-me.
Pelas Vossas sete dores, tende compaixão de mim.
Pelas Vossas sete alegrias, consolai o meu coração.
De todo o mal da alma e do corpo, libertai-me. De todo perigo e
desgraça, livrai-me.
102
FECHO DO MANTO
Ó glorioso São José, que Deus pôs na chefia e guarda da mais santa dentre as
famílias, dignai-Vos ser-me, do Céu, custódio da minha alma que pede para ser aceita sob o
Manto do Vosso patrocínio. Desde agora, eu Vos elejo pai, protetor, guia e ponho sob Vossa
especial custódia a minha alma, o meu corpo, tudo o que possuo e sou, a minha vida e a
minha morte. Olhai-me como Vosso filho; defendei-me de todos os meus inimigos visíveis e
invisíveis; assisti-me em todas as necessidades; consolai-me em todas as amarguras da vida,
mas especialmente na agonia da morte. Dirigi uma palavra por mim Àquele amável Redentor
que, quando Criança, levastes em Vossos braços, e àquela Virgem gloriosa, de quem fostes
diletíssimo esposo. Impetrai-me as bênçãos que julgais proveitosas ao meu verdadeiro bem, à
minha salvação eterna, e eu procurarei não me tornar indigno de Vosso especial patrocínio.
Amém!
Encerrar com a oração a seguir, que foi introduzida por Papa Leão XIII, com a
Encíclica Quamquam pluries.
A Vós recorremos, ó bem-aventurado São José, em nossas tribulações e depois de
ter implorado o auxílio de Vossa Santíssima Esposa, cheios de confiança, solicitamos também
a Vosso patrocínio. Por esse laço sagrado de caridade que Vos uniu à Virgem Imaculada, Mãe
de Deus e pelo amor paternal que tivestes para com o Menino Jesus, ardentemente suplicamos
que lanceis um olhar benigno sobre a herança que Jesus Cristo conquistou com o seu sangue e
nos assistais em nossas necessidades com o Vosso auxilio e poder.
Protegei, ó guarda providentíssimo da Sagrada Família, a raça eleita de Jesus Cristo.
Afastai para longe de nós, ó Pai amantíssimo, a peste do erro e do vício. Assisti-nos do alto do
Céu, ó nosso fortíssimo sustentáculo, na luta contra o poder das trevas e assim como outrora
salvastes da morte a vida ameaçada do Menino Jesus, assim também defendei agora a Santa
Igreja de Deus das ciladas dos seus inimigos e de toda a adversidade. Amparai a cada um de
nós com o Vosso constante patrocínio, afim de que, a Vosso exemplo e sustentados com o
Vosso auxílio, possamos viver virtuosamente, morrer piedosamente e obter no Céu a eterna
bem-aventurança. Amém!
105
1 – Amabilíssimo São José, pela singular honra com que vos distinguiu o Eterno
Pai escolhendo-vos para serdes seu representante aqui na terra como Pai Virginal de seu Filho
Unigênito, obtende-me de Deus, ó grande santo, a graça que tanto desejo.
Pai-Nosso, Ave-Maria, Glória.
2 – Felicíssimo São José, pelo amor filial que Jesus vos consagrou
reconhecendo-vos como pai e obedecendo-vos como respeitoso filho, alcançai-me de Deus, ó
meu caro santo, a graça que do fundo do coração vos imploro. Pai-Nosso, Ave-Maria, Glória.
3 – Puríssimo São José, pela graça especialíssima que recebestes do Divino
Espírito Santo ao dar-vos por esposa Maria Santíssima, nossa Mãe querida, rogai a Deus me
outorgue a graça que instantemente vos peço. Pai-Nosso, Ave-Maria, Glória.
4 – Amantíssimo São José, pelo amor puríssimo que tivestes a Jesus e a Maria
amando a Jesus como vosso filho e vosso Deus e Maria Santíssima como vossa esposa,
obtende-me de Deus, ó glorioso santo, a graça desejada. Pai-Nosso, Ave-Maria, Glória.
5 – Dulcíssimo São José, pelo grande gozo que vos inundou o coração por terdes
sempre convosco Jesus e Maria e pelos serviços que lhes prestastes, impetrai de Deus, ó
grande santo, a graça desejada.
Pai-Nosso, Ave-Maria, Glória.
6 – Poderosíssimo São José, pela bela sorte que vos coube de morrer nos braços
de Jesus e Maria e de ser por eles consolado e confortado na vossa agonia e morte, tornando-
se ambos um verdadeiro êxtase de amor, alcançai-me de Deus, meu caro santo, a graça que
tanto almejo. Pai-Nosso, Ave-Maria, Glória.
7 – Gloriosíssimo São José, pai poderoso de minha alma, pela reverência que
vos tributa a corte celeste como Pai nutrício de Jesus e esposo da Mãe de Deus, Rainha de
todo o Universo, atendei, meu grande santo, minhas súplicas e dignai-vos acolhê-las
piedosamente. Assim seja. Pai-Nosso, Ave-Maria, Glória.
Rogai por nós, bem-aventurado São José, para que sejamos dignos das promessas de
Cristo!
Oração
Ó Deus, que pela inefável providência vos dignastes escolher São José para esposo
de vossa Mãe Santíssima, concedei-nos, vo-Lo suplicamos, mereçamos ter como intercessor
no céu aquele que veneramos na terra como protetor. Vós que viveis e reinais por todos os
séculos dos séculos. Amém.
106
PRIMEIRO DOMINGO
Medite-se sobre Mt 1, 18-25 e faça-se, depois, a seguinte oração.
Ó esposo puríssimo de Maria Santíssima, glorioso São José, assim como foi grande
a amargura do vosso coração na perplexidade de abandonardes a vossa castíssima esposa,
assim foi indizível a vossa alegria quando pelo anjo vos foi revelado o soberano mistério da
Encarnação.
Por esta dor e por este gozo, vos pedimos a graça de consolardes, agora e nas
extremas dores, nossa alma, com a alegria de uma vida justa e de uma santa morte semelhante
à vossa, assistidos por Jesus e por Maria.
Pai Nosso, Ave Maria, Glória.
V. São José, R. Rogai por nós!
SEGUNDO DOMINGO
Medite-se sobre Lc 2, 1-20 e faça-se, depois, a seguinte oração.
Ó felicíssimo patriarca, glorioso São José, que fostes escolhido como pai adotivo do
Verbo humanado, a dor que sentistes ao ver nascer em tanta pobreza o Deus Menino se vos
mudou em júbilo celeste ao ouvirdes a angélica harmonia e ao contemplardes a glória daquela
noite brilhantíssima.
Por esta dor e por este gozo, vos suplicamos a graça de nos alcançardes que, depois
da jornada desta vida, passemos a ouvir os angélicos louvores e a gozar dos esplendores da
glória celeste.
Pai Nosso, Ave Maria, Glória.
V. São José, R. Rogai por nós!
TERCEIRO DOMINGO
Medite-se sobre Lc 2, 21 e Mt 1, 25, e faça-se, depois, a seguinte oração.
107
Ó obedientíssimo das divinas leis, glorioso São José, o sangue preciosíssimo que na
circuncisão derramou o Redentor Menino vos trespassou o coração, mas o nome de Jesus vo-
lo reanimou, enchendo-o de contentamento.
Por esta dor e por este gozo, alcançai-nos viver sem pecado, a fim de expiar cheios
de júbilo, com o nome de Jesus no coração e nos lábios.
Pai Nosso, Ave Maria, Glória.
V. São José, R. Rogai por nós!
QUARTO DOMINGO
Medite-se sobre Lc 2, 22-35 e faça-se, depois, a seguinte oração.
Ó fidelíssimo santo, glorioso São José, que também tivestes parte nos mistérios de
nossa Redenção, se a profecia de Simeão a respeito do que Jesus e Maria teriam de padecer
vos causou mortal angústia, também vos encheu de sumo gozo pela salvação e gloriosa
ressurreição que, como igualmente predisse, teria de resultar para inumeráveis almas.
Por esta dor e por este gozo, obtende-nos que sejamos do número daqueles que,
pelos méritos de Jesus e pela intercessão da santíssima Virgem, sua mãe, hão de ressuscitar
gloriosamente.
Pai Nosso, Ave Maria, Glória.
V. São José, R. Rogai por nós!
QUINTO DOMINGO
Medite-se sobre Mt 2, 13-14 e Is 19, 1, e faça-se, depois, a seguinte oração.
Ó vigilantíssimo custódio, íntimo familiar do Filho de Deus Encarnado, glorioso São
José, quanto sofrestes para alimentar e servir o Filho do Altíssimo, particularmente na fuga
com Ele para o Egito. Mas qual não foi também vosso gozo por terdes sempre convosco o
mesmo Deus e por verdes cair por terra todos os ídolos egípcios.
Por esta dor e por este gozo, alcançai-nos que, afastando para longe de nós o infernal
tirano, especialmente com a fuga das ocasiões perigosas, sejam derrubados dos nossos
corações todos os ídolos dos afetos terrenos, e que, inteiramente dedicados ao serviço de
Jesus e de Maria, para eles somente vivamos e na alegria do seu amor expiremos.
Pai Nosso, Ave Maria, Glória.
V. São José, R. Rogai por nós!
SEXTO DOMINGO
Medite-se sobre Mt 2, 19-23 e Lc 2, 40, e faça-se, depois, a seguinte oração.
Ó anjo na terra, glorioso São José, que cheio de pasmo vistes o Rei do Céu submisso
aos vossos mandatos, se a vossa consolação, ao reconduzi-lO do Egito, foi turbada pelo temor
de Arquelau, filho de Herodes, contudo, sossegado pelo anjo, permanecestes alegre em
Nazaré com Jesus e Maria.
Por esta dor e por este gozo, alcançai-nos a graça de desterrar do nosso coração todo
temor nocivo, de gozar a paz de consciência, de viver seguros com Jesus e Maria, e também
de morrer assistidos por eles.
Pai Nosso, Ave Maria, Glória.
V. São José, R. Rogai por nós!
108
SÉTIMO DOMINGO
Medite-se sobre Lc 2, 41-50 e faça-se, depois, a seguinte oração.
Ó exemplar de toda a santidade, glorioso São José, perdestes sem culpa o Menino
Jesus, e para maior angústia houvestes de buscá-lO por três dias, até que, com sumo júbilo,
gozastes do que era vossa vida, achando-O no templo entre os doutores.
Por esta dor e por este gozo, vos suplicamos com palavras saídas do coração, que
intercedais a nosso favor para que nunca nos aconteça perder a Jesus por algum pecado grave.
Mas, se por desgraça O perdermos, fazei com que O procuremos com tal dor que
não tenhamos sossego até encontrá-lO, benigno, especialmente na hora da nossa morte, para
podermos glorificá-lO no Céu e lá cantarmos eternamente suas divinas misericórdias.
SINAL DA CRUZ
Pelo sinal da Santa Cruz, livrai-nos, Deus, Nosso Senhor, dos nossos inimigos. Em
nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Amém.
Lembrai-vos ó puríssimo Esposo de Maria Virgem, ó meu doce protetor, São José,
que jamais se ouviu dizer que alguém tivesse invocado a vossa proteção, implorado vosso
socorro e não fosse por vós consolado e atendido. Com esta confiança venho à vossa presença
e a vós fervorosamente me recomendo. Não desprezeis a minha súplica ó Pai adotivo do
Redentor, mas dignai-vos acolhê-la piedosamente. Assim seja.
ORAÇÃO FINAL
Deus Todo-Poderoso, pelas preces de Nosso Pai, São José, a quem confiastes as
primícias da Igreja, concedei que ela possa levar à plenitude os mistérios da salvação. Por
Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.
OBSERVAÇÃO
Pode-se finalizar recitando a Ladainha a São José ou a oração da Salve Rainha.
110
É composto de sete mistérios que formam as sete dores e alegrias que São José teve
no mundo. Sugere-se rezar em cada primeira quarta-feira do mês.
2º mistério: Ó José santo, pela dor e alegria que tiveste na ocasião do nascimento de
Jesus, assisti-me paternalmente na vida e na morte.
Rezar 1 Pai-Nosso, 10 Ave-Marias e 1 Glória.
3º mistério: Ó José santo, pela dor e alegria que tiveste na ocasião circuncisão do
menino Jesus, assisti-me paternalmente na vida e na morte.
Rezar 1 Pai-Nosso, 10 Ave-Marias e 1 Glória.
4º mistério: Ó José santo, pela dor e alegria que tiveste na ocasião da profecia de
Simeão, assisti-me paternalmente na vida e na morte.
Rezar 1 Pai-Nosso, 10 Ave-Marias e 1 Glória.
5º mistério: Ó José santo, pela dor e alegria que tiveste na ocasião da fuga para o
Egito, assisti-me paternalmente na vida e na morte.
Rezar 1 Pai-Nosso, 10 Ave-Marias e 1 Glória.
6º mistério: Ó José santo, pela dor e alegria que tiveste na ocasião do retorno do
Egito, assisti-me paternalmente na vida e na morte.
Rezar 1 Pai-Nosso, 10 Ave-Marias e 1 Glória.
7º mistério: Ó José santo, pela dor e alegria que tiveste na ocasião da perda e do
reencontro do Menino Jesus no templo, assisti-me paternalmente na vida e na morte.
Rezar 1 Pai-Nosso, 10 Ave-Marias e 1 Glória.
ORAÇÃO FINAL:
Pode-se finalizar recitando a Ladainha de São José ou a Salve Rainha.
111
famílias, Fúlcimen in
Amparo nas difficultátibus,
dificuldades, Solátium miserórum,
Alívio dos
miseráveis, Spes ægrotántium,
Esperança dos
doentes, Patróne éxsulum,
Patrono dos
exilados, Patróne afflictórum,
Patrono dos
aflitos, Patróne páuperum,
Patrono dos
pobres, Patróne moriéntium,
Patrono dos
moribundos, Terror dæmonum,
Terror dos
demônios, Protéctor sanctæ
Protetor da Santa Ecclésiæ,
Igreja, Agnus Dei, qui tollis
Cordeiro de peccáta mundi, parce nobis,
Deus, que tirais os pecados Dómine.
do mundo, perdoai-nos
Senhor. Agnus Dei, qui tollis
Cordeiro de Deus, peccáta mundi, exáudi nos,
que tirais os pecados do Dómine.
mundo, ouvi-nos Senhor. Agnus Dei, qui tollis
Cordeiro de Deus, que peccáta mundi, miserére
tirais os pecados do nobis.
mundo, tende piedade de
nós.
114
Deve-se rezar, diariamente, Sete Glórias ao Pai em honra das sete dores e das sete
alegrias de São José, ou qualquer outra oração a São José.
O Papa Pio IX enriqueceu essa fácil e benéfica devoção, com várias indulgências
plenárias e parciais mencionadas abaixo.
INDULGÊNCIAS
Dias nos quais se lucram indulgências plenárias trazendo consigo o cordão:
• No dia do recebimento do Cordão:
• Natal (25/12);
• Festas de Nossa Senhora Mãe de Deus e Circuncisão (01/01);
• Solenidade da Epifania - Reis (06/01);
• Páscoa;
• Ascensão;
• Pentecostes;
• Corpus Christi;
• Sagrado Coração de Jesus;
• Imaculado Coração de Maria;
• Assunção de Nossa Senhora (15/08);
• Esponsais de São José (23/01);
• Solenidade de São José (19/03); Memória de São José Operário (01/05);
• Em perigo de morte.
RITUAL DE BENÇÃO
Revestido de sobrepeliz, cuja alvura representa a pureza da alma que todo o
sacerdote deve ter, e trazendo ao pescoço a estola da imortalidade, símbolo do poder eterno
116
que Jesus lhe conferiu pelo Sacramento da Ordem, o sacerdote começa a bênção declarando
que seu poder está em Deus, e diz: V. Nosso auxílio está em nome do Senhor.
R. Aquele que fez o céu e a terra.
V. O Senhor esteja convosco.
R. E com o vosso espírito.
Oremos
Senhor Jesus Cristo, que inculcas conselhos e amor da virgindade e dais preceito da
castidade, rogamos à vossa clemência se digne abençoar e santificar esses cordões, senha de
castidade, para que todos os que com ele se cingirem no intuito de bem guardar a castidade,
por intercessão de São José, esposo de vossa Mãe Santíssima, consigam manter uma
castidade que Vos seja agradável, obedecer a vossos mandamentos, alcançar perdão de seus
pecados e obter a vida eterna. Vós, que viveis e reinais com Deus Padre em união com o
Espírito Santo que é Deus, por todos os séculos dos séculos. Amém.
Oremos
Oremos
Ó Deus todo-poderoso, que aos cuidados de São José, varão castíssimo, entregastes
a puríssima sempre Virgem Maria e o Menino jesus, suplicantes vos exoramos que os fiéis
que, em vossa honra e sob proteção do mesmo São José, cingirem estes cordões, por vossa
generosidade e por intercessão dele, perseverem na castidade sempre e devotamente. Pelo
mesmo Jesus Cristo vosso Filho, que convosco vive e reina em unidade com Deus Espírito
Santo, por todos os séculos dos séculos. Amém.
Oremos
Ó Deus, restaurador e amigo da inocência, nós Vos pedimos que os vossos fieis que
fizerem uso destes cordões, pela intercessão do bem-aventurado José, esposo da vossa Mãe
Santíssima, estejam sempre cingidos nos rins e tenham nas mãos lâmpadas acesas e sejam
como os servos que esperam que o Senhor volte das bodas, para Lhe abrirem a porta logo que
chegar e bater, e mereçam ser recebidos nas alegrias eternas. Vós, que viveis e reinais nos
séculos dos séculos. Amém.
Havendo antes posto incenso no turíbulo, o sacerdote borrifa com água benta os
cordões, dizendo aquela súplica de David no Salmo 50, que reza:
“Vós me aspergireis com o hissopo e serei purificado: Lavar-me-eis e me tornarei
mais branco que a neve.”
A água benta, com que se asperge, dá aos cordões a virtude de afugentar os
demônios e frustrar-lhes as artimanhas, como pede a Deus a Igreja na bênção da água.
117
Oremos
Deus de misericórdia, Deus de clemência, a quem tudo o que é bom é grato, sem
quem nada de bom tem princípio nem nada se faz de bom, ouçam os ouvidos de vossa
piedade as nossas preces humildes, e aos fiéis que em vosso Nome Santo trouxerem, sob a
proteção e em honra de São José, o cordão bento, defendei-os dos empecilhos do mundo, ou
dos desejos do século; concedei-lhes que, perseverando devotos neste propósito, remidos,
consigam penetrar no consórcio de vossos eleitos. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso
Filho, que convosco vive e reina em unidade com o Espírito Santo que é Deus, por todos os
séculos dos séculos. Amém.
118
São José, rogue a Jesus que venha à minha alma e a santifique. São José, rogue a
Jesus que venha ao meu coração e o inflame de caridade.
São José, rogue a Jesus que venha à minha inteligência e a ilumine.
São José, rogue a Jesus que venha à minha vontade e a fortifique.
São José, rogue a Jesus que venha nos meus pensamentos e os purifique.
São José, rogue a Jesus que venha nos meus desejos e os dirija. São José, rogue a
Jesus que venha nas minhas operações e as abençoe.
São José, obtende de Jesus o seu santo amor.
São José, obtende de Jesus a imitação de suas santas virtudes.
São José, obtende de Jesus a verdadeira humildade de espírito.
São José, obtende de Jesus a mansidão de coração.
São José, obtende de Jesus a paz da alma.
São José, obtende de Jesus o desejo da perfeição.
São José, obtende de Jesus a docilidade de caráter.
São José, obtende de Jesus um coração puro e caritativo.
São José, obtende de Jesus o amor ao sofrimento.
São José, obtende de Jesus a sabedoria das verdades eternas.
São José, obtende de Jesus a perseverança no operar o bem.
São José, obtende de Jesus a fortaleza no suportar a cruz. São José, obtende de Jesus
o desprendimento do bem desta terra.
São José, obtende de Jesus o caminhar na via estreita do céu.
São José, obtende de Jesus ser liberto de toda a ocasião de pecado.
São José, obtende de Jesus um santo desejo do paraíso.
São José, obtende de Jesus a perseverança final.
São José, faça que o meu coração não cesse mais de amar-te nem minha língua de
louvar-te.
São José, pelo amor que tiveste a Jesus, ajuda-me a amá-lo.
São José, dignai-vos acolher-me como teu devoto.
São José, eu me dou a ti, aceita-me e socorre-me. São José, não me
abandone na hora da morte.
São José, dou-vos o meu coração e a minha alma.
(Rezar 3x Glória)
119
Glorioso São José, pai nutrício de Jesus Cristo e esposo de Maria Santíssima, volvei
vosso olhar de misericórdia para as nossas famílias, protegendo-as como protegestes a
Sagrada Família de Nazaré.
Abençoais os pais, para que saibam dirigir o lar com prudência e firmeza,
promovendo a felicidade da família.
Abençoai os filhos, para que sejam a honra e a esperança dos seus genitores. Não
permitais que venham a faltar em nossos lares o carinho e o amparo de que todos necessitam.
Enfim, abençoais todos os moradores de nossa casa, para que encontrem no recanto
do lar a felicidade tão desejada. Pelo amor que demonstrastes para com o vosso Filho
adotivo, zelai pelos nossos filhos.
Pelo carinho que tivestes para com vossa Santíssima Esposa, Maria, Mãe de Jesus
Filho de Deus, amparai as mães. Já que nos colocamos debaixo da vossa poderosa proteção,
livrai-nos dos males que estão ameaçando as famílias cristãs. Ensinai a todos a fugir do
abismo que destruirá os laços sagrados que unem as famílias cristãs.
Nós vos pedimos, glorioso protetor:
Dos ataques de satanás, livrai as nossas famílias.
Dos males que nos ameaçam, livrai as nossas famílias.
Das rixas e contendas, livrai as nossas famílias.
Das doenças e aflições, livrai as nossas famílias.
Da tristeza e do desespero, livrai as nossas famílias.
Do espírito mundano, livrai as nossas famílias.
Da imoralidade degradante, livrai as nossas famílias.
Da rebeldia religiosa, livrai as nossas famílias.
Da falta de amor, livrai as nossas famílias.
Das dificuldades financeiras, livrai as nossas famílias.
Da desonra e leviandade, livrai as nossas famílias.
Da falta de pão e agasalho, livrai as nossas famílias.
Dos perigos do mundo, livrai as nossas famílias.
Das enfermidades, livrai as nossas famílias.
Da moda escandalosa, livrai as nossas famílias.
Das amizades nocivas e perigosas, livrai as nossas famílias.
Da falta de fé, livrai as nossas famílias.
Das incompreensões e dúvidas, livrai as nossas famílias.
Da morte eterna, livrai as nossas famílias.
Da desunião e fraqueza, livrai as nossas famílias.
Isto vos suplicamos, ó grande Santo, pelo amor que tivestes a Jesus e a Maria. Ó
Deus de bondade e misericórdia, pela intercessão de São José, salvai as nossas famílias, dai
que vivamos enlaçados em vosso amor, que nem a morte desfaça, e assim como nos fizestes
unidos nesta vida pelo sangue, reunimos pela caridade no vosso Reino eterno. Por Cristo,
Nosso Senhor. Amém.
120
A São José, Deus confiou seus maiores tesouros: Jesus e Maria. Vejam só que
imenso privilégio teve esse homem, uma criatura, um homem bom, justo, como diz a Bíblia,
mas pecador, fraco, limitado, incapaz, como qualquer ser humano. Entretanto, Deus o
escolheu para essa missão ímpar na história da humanidade, a missão de ser o pai na terra do
Filho de Deus que se encarnou.
O SIM de José em receber Maria como esposa, estando ela grávida do Salvador,
foi um sim em ser o pai de Jesus, o qual unido ao SIM de Maria, teve participação
fundamental na história da salvação. Deus chama e capacita seus escolhidos para que
possam exercer a missão a eles confiada. Assim foi também com José, que recebeu essa
missão de extrema responsabilidade, pois se para um pai comum, a missão de ser pai exige
uma extrema responsabilidade e fidelidade a Deus e à família, imagine para José, sendo
responsável em cuidar do próprio Deus feito criança, dependendo dele para comer, para se
vestir, precisando de seus cuidados, de sua proteção, de seu amparo, de seu carinho.
A paternidade de São José foi uma verdadeira oração, a qual pode ser
perfeitamente relacionada com a oração do Pai-Nosso ensinada por Jesus. Ora, a oração do
Pai-Nosso, segundo Horácio Dídimo, em seu livro ‘As Harmonias do Pai-Nosso” é
composta por sete petições (sete pedidos), após a invocação dirigida a Deus Pai: PAI
NOSSO QUE ESTAIS NO CÉU, sendo essas petições de LOUVOR, UNIÃO, ENTREGA,
ALIMENTO, PERDÃO, PROTEÇÃO e LIBERTAÇÃO.
122
O CÉU
Luciano Dídimo
10.1. Pai Nosso que estais nos Céus, santificado seja o Vosso nome.
A TRANSFORMAÇÃO
OS PASTORES E OS ANJOS
(Lucas 2, 8-20)
Luciano Dídimo
125
Despertando, José fez como o anjo do Senhor lhe havia mandado e recebeu em
sua casa sua esposa. E, sem que ele a tivesse conhecido, ela deu à luz o seu filho, que
recebeu o nome de Jesus. (Mt 1, 24-25)
A terceira petição é uma oração de ENTREGA, onde se coloca tudo nas mãos de
Deus, para que Ele faça tudo segundo a Sua vontade. A paternidade de José é um grande
exemplo disso, pois ele deixa-se conduzir inteiramente por Deus, comprometendo toda a
sua vida em função daquilo que Deus lhe pedia, não só em receber Maria, mas
principalmente exercendo a paternidade de Jesus, cumprindo com todas as suas obrigações
de pai. Várias outras passagens podem atestar isso, como: em Lc 2, 21 - Completados que
foram os oito dias para ser circuncidado o menino, foi-lhe posto o nome de Jesus, como lhe
tinha chamado o anjo, antes de ser concebido no seio materno e em Lc 2, 22-23 -
Concluídos os dias da sua purificação segundo a Lei de Moisés, levaram-no a Jerusalém
para o apresentar ao Senhor, conforme o que está escrito na lei do Senhor: Todo
primogênito do sexo masculino será consagrado ao Senhor. Assim José, levando Jesus
para circuncidar e levando-o à Jerusalém para O apresentar no Templo, cumpria todos os
preceitos da religião judaica, fazendo com que exercesse sua paternidade segundo a
vontade de Deus.
José também, com certeza ensinava a Torah a Jesus, pois naquela época era
costume que o pai assim o fizesse. Vejam, portanto, o quanto José era diligente em cumprir
as suas obrigações de pai, quando vemos nos dias de hoje exatamente o contrário: os pais
se desimcubindo de suas obrigações, passando toda a responsabilidade para a escola ou
para as mães, que também não têm mais tempo para estar com seus filhos. Se as famílias
hoje não estão se preocupando nem em batizar os filhos, em levá-los a fazer a primeira
comunhão, muito menos se preocupam em ensinar-lhes a Bíblia e os mandamentos da Lei
de Deus. Dessa forma, como as crianças de hoje podem fazer a vontade de Deus, se não a
conhecem?
Que a obediência de São José seja exemplo para que os pais de família façam e
ensinem os filhos a fazerem a vontade de Deus.
São José obedientíssimo, rogai por nós!
O MISSIONÁRIO
Preciso lançar com força esse arpão,
É a força que faz cumprir os intentos.
Preciso enxergar com olhos atentos,
Partir, sem apego, o mísero pão.
Luciano Dídimo
Em seguida, desceu com eles a Nazaré e lhes era submisso. Sua mãe guardava
todas estas coisas no seu coração. E Jesus crescia em estatura, em sabedoria e graça,
diante de Deus e dos homens. (Lc 2, 51-52)
A quarta petição é uma oração de ALIMENTO, tanto material quanto espiritual, os
quais nos fazem crescer fisicamente ou espiritualmente. José, sendo o provedor da família,
era o responsável pelo sustento de Jesus e para tanto, trabalhava como carpinteiro. Esse
alimento, essa comida, fez com que Jesus crescesse em estatura. Os ensinamentos de José,
como o ofício de carpinteiro que ensinou a Jesus, fez com que crescesse em sabedoria, e o
ensino sobre a religião fazia com que Jesus crescesse em graça. Dessa forma, José proveu
Jesus em todas as suas necessidades. Outra passagem bíblica atesta isso: Lc 2, 39-40 - Após
terem observado tudo segundo a lei do Senhor, voltaram para a Galileia, à sua cidade de
Nazaré. O menino ia crescendo e se fortificava: estava cheio de sabedoria, e a graça de
Deus repousava nele.
Que a dedicação de São José seja exemplo para que os pais de família trabalhem
para o sustento de sua família e participem na educação de seus filhos, não se desviando
dessa responsabilidade pela bebida, pelas drogas, pela acomodação ou pela busca de
prazeres!
São José, Pai nutrício do Filho de Deus, rogai por nós!
A ETERNIDADE
Luciano Dídimo
10.5. Perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem
ofendido
José, seu esposo, que era homem de bem, não querendo difamá-la, resolveu
rejeitá-la secretamente. Enquanto assim pensava, eis que um anjo do Senhor lhe apareceu
em sonhos e lhe disse: José, filho de Davi, não temas receber Maria por esposa, pois o que
nela foi concebido vem do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho, a quem porás o nome de
Jesus, porque ele salvará o seu povo de seus pecados. (Mt 1, 20-21)
A quinta petição é uma oração de PERDÃO. São José é citado na Bíblia como um
homem de bem, um homem justo. Vejam vocês em que situação constrangedora ele ficou
quando soube da gravidez de Maria sem que tivessem coabitado. Segundo o costume
hebraico, o matrimônio constava de duas fases: primeiro era celebrado o matrimônio legal
(o verdadeiro) e depois de um certo período o esposo introduzia a esposa em sua casa.
Dessa forma, após o casamento e antes que Maria fosse para a casa de José, ela apareceu
grávida, e José, com todos os motivos para denunciá-la e podendo ser até apedrejada, ainda
assim resolve proteger Maria para não difamá-la e se afasta dela secretamente. Quando o
Senhor apareceu em sonhos a José revelando que a concepção de Maria provinha do
Espírito Santo, José, sendo justo, recebeu Maria em sua casa. Isso não foi propriamente um
perdão, porque não havia nenhum pecado em Maria, mas o seu ato de voltar atrás em sua
decisão e cumprir a vontade de Deus é exemplo para que haja o perdão nas famílias, entre
os esposos, entre os irmãos e entre pais e filhos e assim prevaleça a vontade de Deus.
Que a Justiça de São José nos ajude a também sermos justos na família e na
sociedade!
São José Justíssimo, rogai por nós!
O AMOR DE DEUS
(1Cor 13, 4-8)
MENINO LUZ
Jacó gerou José, esposo de Maria, da qual nasceu Jesus, que é chamado Cristo.
(Mt 1, 16)
A sétima e última petição é uma oração de LIBERTAÇÃO. Libertação é quando
nos livramos de algo que nos prende, que nos oprime. Essa passagem menciona toda a
genealogia de Jesus até chegar em José, esposo de Maria, da qual nasceu Jesus, que é
chamado Cristo. Assim, a paternidade de São José fez parte do plano de salvação de Deus
para a humanidade, para que, através do sacrifício de Cristo, o homem fosse libertado.
Dessa forma, José sendo o pai na terra de Cristo, e a Igreja sendo o Corpo Místico
de Cristo, podemos considerar José o pai da Igreja, e assim a Igreja o reconhece, pois Pio
IX declarou-o Patrono da Igreja Universal. Assim São José, ao exercer a paternidade de
Jesus, assume também a paternidade de toda a Igreja, e de todos nós, contribuindo para a
libertação de toda a humanidade.
10.8. Amém.
PAI-NOSSO
(Mt 6, 9-13)
Sinal da Cruz.
. Pai Nosso.
. Ave-Maria.
. Glória ao Pai...
. Intenções: (..........)
Oremos:
Ó Deus, que pelo Espírito Santo fizestes surgir Santa Teresa, nossa mãe, para
recordar à Igreja o caminho da perfeição, dai-nos encontrar sempre alimento em sua
doutrina celeste e sentir em nós o desejo da verdadeira santidade. Por nosso Senhor Jesus
Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.
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1º Dia – 06/10/2020.
TEMA: A oração é dom da Graça.
Doutrina Teresiana:
A oração é o carisma de Santa Teresa na Igreja, que não significa somente afirmar
que é uma sua especialidade, mas sim afirmar que é este o dom de graça, o serviço eclesial,
ontem e hoje. Deve frisar-se, porém, que a oração cristã da qual Teresa possui a chave de
compreensão é a pessoal, silenciosa, contemplativa, capaz de fazer a síntese da resposta
total a Deus na vida cristã, ponto de convergência da totalidade da experiência religiosa em
Cristo. “O bem que quem pratica a oração - refiro-me à oração mental - obtém já foi
tratado por muitos santos e homens bons. Gloria a Deus por isso! Se assim não fosse,
embora pouco humilde, eu não sou tão soberba que me atrevesse a falar disso. Do que
tenho experiência posso falar: quem começou a ter oração não deve deixá-la, por mais
pecados que cometa. Com ela, terá como se recuperar e, sem ela, terá muito mais... Por
isso, peço aos que ainda não começaram que, por amor a Deus, não se privem de tanto
bem... A oração mental nada é para mim senão um relacionamento íntimo de amizade, um
frequente entretimento a sós com Aquele que sabemos que nos ama”. (V 8,5)
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2º Dia – 07/10/2020.
TEMA: A força dinâmica da oração.
Doutrina Teresiana:
No Livro da Vida enquanto relata a sua vida e sua experiência, Santa Teresa
testemunha a força dinâmica do encontro com Cristo na oração. Em nível doutrinal, o
dinamismo da oração é expresso com o pequeno tratado sobre a oração, baseado sobre a
imagem do horto ou do jardim do Senhor no qual crescem as flores das virtudes desde o
contato com a água viva derramada na oração. As quatro formas de irrigar o horto-paraíso
do Senhor marcam a eficácia crescente da comunicação de Deus: a água derramada de um
poço; a água derramada com a ajuda de uma nora; a água viva que vem da torrente,
suavemente endereçada a irrigar o horto; e a água abundante da chuva que embebe toda a
terra e a torna fecunda (V 11-21). “Falando agora dos que começam a ser servos do amor
(que não me parece outra coisa além de nos decidirmos a seguir por esse caminho de
oração Aquele que tanto nos amou), considero uma dignidade tão grande que sinto enorme
prazer só de pensar nela; porque o temor servil logo desaparece se passamos por esse
primeiro estágio como devemos. Ó Senhor de minha alma e Bem meu! Por que não
quisestes que, determinando-se a amar-Vos — fazendo tudo o que pode para deixar o
mundo e se dedicar ao amor de Deus —, a alma não gozasse logo a elevação a esse amor
perfeito? Não me exprimo bem: tinha de falar e me queixar do fato de nós não a
querermos; a cul69A é toda nossa por não gozarmos logo de tamanha dignidade, pois, se
chegarmos a ter com perfeição esse verdadeiro amor de Deus, também obteremos todos os
bens. Somos tão difíceis e demoramos tanto a nos entregar de todo a Deus que, como Sua
Majestade não deseja que gozemos coisa tão preciosa sem pagar um grande preço, nunca
acabamos de nos dispor”. (V 11,1)
persuadia os outros a serem igualmente devotos dele. (Patris Corde 1) "Tomei por
advogado e senhor ao glorioso São José e encomendei-me muito a ele. Vi claramente que,
tanto desta necessidade como de outras maiores de honra e perda de alma, este Pai e Senhor
meu me tirou com maior bem do que eu lhe sabia pedir. Não me recordo até agora de lhe
ter suplicado coisa que tenha deixado de fazer". (Vida 6,6)
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3º Dia – 08/10/2020.
TEMA: Conteúdo da oração cristã.
Doutrina Teresiana:
No Caminho de perfeição Santa Teresa nos traz uma experiência de oração que, de
oração vocal torna-se meditação, recolhimento, quietude. É o caminho rumo à água viva
que Ela propõe a todos em nome de Cristo. Na explicação do Pai-Nosso como método e
conteúdo da oração cristã, temos todo o dinamismo original da oração cristã que é a graça
da filiação divina (Pai nosso!), ao termo da vida cristã que é a escatologia: o desejo de
morar junto de Deus na glória, já libertados de todo o mal (livra-nos de todo o mal!). E é
neste dinamismo rumo à interioridade, é onde finalmente o homem se dobra amorosamente
à vontade de Deus (Seja feita a tua vontade!), caminho que se evidencia no encontro com o
irmão, até chegar ao amor misericordioso no perdão das ofensas e numa vida marcada pelo
amor e pelo temor de Deus. “Oh! Senhor meu, como pareceis Pai de tal Filho e como o
Vosso Filho parece filho de tal Pai! Bendito sejais, para todo o sempre! No fim da oração,
não seria já tão grande, Senhor, esta mercê?... Ó Filho de Deus e Senhor meu! Como dais
tantos bens juntos logo à primeira palavra?... Se tornamos a Ele como o filho pródigo, terá
de perdoar, de nos consolar em nossos trabalhos, de nos sustentar, como fará um Pai, que
forçosamente há-de ser melhor que todos os pais do mundo, porque n'Ele não pode haver
senão a perfeição de todo o bem e, depois de tudo isto, fazer-nos participantes e herdeiros
convosco”. (C 27, 1-2)
É inegável que mais do que nenhum outro Teresa de Jesus fez do culto a São José
um dos elementos característicos da piedade e da fisionomia espiritual do Carmelo. (Carta à
Família Carmelitana) "Estando eu por estes mesmos dias, o de Nossa Senhora da Assunção
num mosteiro da Ordem do glorioso São Domingos, considerando os muitos pecados que
noutro tempo eu havia confessado naquela casa... Parecia-me, estando assim, que me via
vestir uma roupa de muita brancura e claridade. A princípio não via quem me vestia; depois
vi a Nossa Senhora a meu lado direito e a meu Pai São José à esquerda, que me vestiam
aquela roupa. Deu-se-me a entender que já estava limpa de meus pecados". (Vida 33,14)
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4º Dia – 09/10/2020
TEMA: Caminho da vida cristã.
Doutrina Teresiana:
No Castelo Interior a progressividade da oração e da vida cristã, é marcada por um
desenvolvimento mais detalhado. Há dinamismo na própria elaboração da teologia do
Castelo Interior que parte de três conceitos chaves da teologia bíblica: o homem criado a
imagem e semelhança de Deus, o homem templo e morda de Deus, o homem aberto e
chamado à comunicação com Deus. Na tensão entre a vocação do homem expressa nesses
conceitos e a sua realidade radical de pecado (é esta a elaboração apresentada nos capítulos
1 e 2 das primeiras Moradas), o caminho da vida cristã alcança a imagem ideal de cristão; à
oração é confiado este processo de crescimento e de realização do homem, tendo chegado
às sétimas Moradas, será perfeita imagem e semelhança de Deus em Cristo, com o os
santos; viverá então em Deus, como na sua mais verdadeira morada; terá total comunhão
com Deus no mistério da Trindade. “Quer já o nosso bom Deus tirar-lhe as escamas dos
olhos, e que veja e entenda alguma coisa da mercê que lhe faz, embora seja por uma
maneira estranha; e metida naquela morada por visão intelectual, por certa maneira de
representação da verdade, mostra-se-lhe a Santíssima Trindade, todas as Três Pessoas,
com uma inflamação que primeiro lhe vem ao espírito, à maneira de tema nuvem de
grandíssima claridade. E por uma notícia admirável, que se dá à alma, entende com
grandíssima verdade serem estas Pessoas distintas todas Três uma substância e um poder
e um saber e um só Deus. De maneira que, o que acreditamos por fé, ali o entende a alma,
podemos dizer, por vista, ainda que não é vista dos olhos do corpo, porque não é visão
imaginária. Aqui se lhe comunicam todas as Três Pessoas e lhe falam, e lhe dão a entender
aquelas palavras que diz o Evangelho que disse o Senhor: que viria Ele e o Pai e o Espírito
Santo a morar com a alma que O ama e guarda Seus mandamentos”. (7M 1,6)
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5º Dia – 10/10/2020
TEMA: Progressiva experiência da oração.
Doutrina Teresiana:
Para Santa Teresa é essencial na oração dirigir-se ao Deus que “sabemos” nos
ama. Nesse sabemos está a densidade da fé que nasce da palavra e se consolida na
progressiva experiência cristã da oração; um movimento de adesão na fé, mesmo nas
escuridões das ausências de Deus, na apaixonada procura de muitos anos de aridez, na fiel
expectativa daquele que crê no amor de Deus. E com a adesão da fé o seu crescimento,
numa procura mais profunda da revelação de Deus na Escritura, num apego mais radical à
fé da Igreja. Uma fé, enfim, que dirigida a Deus torna-se contínua confissão das maravilhas
que Ele cumpre e estupor que admite que Deus pode cumprir coisas ainda maiores. “Já está
dito tanto deste caminho espiritual, que não é possível ficar nada por dizer. Grande
desatino seria pensar isto; pois, se a grandeza de Deus não tem limites, tampouco o terão
as Suas obras. Quem acabará de contar Suas misericórdias e grandezas? É impossível, e
assim não vos espanteis do que está dito e do que se disser, pois não é mais que uma
insignificância de quanto há para contar de Deus. Grande misericórdia nos faz em ter
comunicado estas coisas a pessoa de quem as podemos vir a saber, para que, quanto mais
soubermos que se comunica às criaturas, mais louvemos Sua grandeza, e nos esforcemos
por não ter em pouco almas com quem tanto se deleita o Senhor. Cada uma de nós tem
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alma; porém, como não as prezamos como merece criatura feita à imagem de Deus, não
entendemos os grandes segredos que nelas estão contidos”. (7M 1,1).
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6º Dia – 11/10/2020.
TEMA: Confiança e esperança em Deus.
Doutrina Teresiana:
Na oração teresiana, há o sentido da esperança que nasce da pobreza e da
inadequação: “suportar também a pena de estar demoradamente com alguém que sentis tão
diferente de vós”. O “saber que Deus nos ama” gera o movimento da esperança,
convalidado em Teresa pela constatação que Deus a esperou por tanto tempo sem por isso
ficar cansado com ela. Assim a oração alimenta a esperança e a fortalece em diferentes
níveis: confiança em Deus aumentada pela experiência de sua misericórdia; audácia que
ousa esperar tudo de Deus, até a recuperação do tempo perdido; desejo irrefreável de ver a
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7º Dia – 12/10/2020.
Doutrina Teresiana:
A oração teresiana, por seu caráter afetivo privilegia o aspecto do amor como
atitude da vontade. Na amizade divina a caridade teologal coloca-se como resposta do
homem a Deus que é seu Amigo. Mas a oração que é alicerçada sobre o “muito amar” faz
crescer a própria experiência do amor de Deus. Da experiência concreta que Teresa faz na
sua vida: primeira é a libertação afetiva que a torna capaz de concentrar todas as suas
energias em Deus, depois o crescimento da caridade no seu coração, pela efusão do Espírito
Santo como consequência do encontro com Cristo. Mas paralelamente desenvolvem-se as
ânsias de servir ao Senhor e à Igreja, dilatando-se a capacidade de amar e servir a deus e ao
próximo. “Com grandíssima alegria de ter encontrado repouso, e que nela vive Cristo...
Há um esquecimento de si, que verdadeiramente parece que já não existe, como fica dito;
porque está toda ela de tal maneira, que não se conhece nem se lembra que para ela há-de
haver céu, nem vida, nem honra, porque está toda empregada em procurar a de Deus”.
(7M 3,1) “Olhem que a verdadeira humildade consiste, em grande parte, em estar muito
pronto em se contentar com o que o Senhor quiser fazer de cada um de nós, achando-nos
sempre indignos de nos chamarmos Seus servos. Pois, se contemplar e ter oração mental e
vocal, e cuidar dos enfermos, e servir nas coisas de casa e trabalhar, - mesmo no mais
humilde -, se tudo é servir o Hóspede que vem estar, comer e recrear-se conosco, que mais
se nos dá que seja nisto ou naquilo?” (C 17,6)
foi sujeito na terra - pois como tinha nome de pai, embora sendo apoio, O podia mandar -,
assim no Céu faz quanto Lhe pede". (Vida 6,6).
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8º Dia – 13/10/2020.
Doutrina Teresiana:
A fé cristológica de Santa Teresa é uma clara afirmação da divindade de Cristo e
da sua humanidade. Suas expressões definem bem sua fé cristológica: “Sacratíssima
humanidade”, “divino e humano juntamente”; é segura e firme na sua profissão de fé.
Nenhuma dúvida sobre a divindade do Senhor, Filho de Deus igual ao Pai; nas suas visões
trinitárias frisa com precisão esta comunhão na natureza e distinção das pessoas, com
fórmula de perfeita teologia trinitária: a revelação de Cristo como Luz, numa experiência
que recorda a do Tabor; a revelação de Cristo na plenitude dos seus mistérios. A revelação
torna-se presença contínua, convivência, comunhão com o Ressuscitado. E a efusão de
amor no Espírito Santo, que abrasa-se na caridade; no desejo de ver a Deus; e depois torna-
se eclesial: ardente vontade de servi-Lo. Esse amor sobrenatural constitui singular
participação no Pentecostes do amor pelo dom inefável do Espírito Santo, graça singular
que aparece na dita “Transverberação”. (V 29,8-14). “Sempre que o Senhor me ordenava
uma coisa na oração e o confessor me dizia outra, o próprio Senhor repetia que lhe
obedecesse; depois Sua Majestade mudava a sua opinião, para que me ordenasse outra vez
de acordo com a vontade divina. “Não sofras, que te darei livro vivo”. Eu não podia
compreender por que Ele me dissera isso, pois ainda não tinha tido visões. Mais tarde, há
bem poucos dias, o compreendi muito bem, pois tenho tido tanto em que pensar e em que
me recolher naquilo que me cerca, e tenho tido tanto amor do Senhor, que me ensina de
muitas maneiras, que tenho tido muito pouco ou quase nenhuma necessidade de livros. Sua
Majestade tem sido o livro verdadeiro onde tenho visto as verdades. Bendito seja esse
livro, que deixa impresso na alma o que se há de ler e fazer, de modo que não se pode
esquecer!” (V 26,5)
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9º Dia – 14/10/2020.
Doutrina Teresiana:
Ao seguirmos passo a passo a experiência de Santa Teresa, devemos logo notar a
passagem da conversão ao serviço eclesial que se realiza sob o patrocínio da Virgem. Já
citamos o testemunho de Teresa que atribui à Maria a sua “conversão”, o seu “retorno a
Ela”. Aparece com toda a nitidez a presença de Maria na vida de Teresa em sua
autobiografia. (V 1,10.6.7) Sabe-se, também, que ao comentário do Pai nosso feito por
Teresa no caminho de Perfeição deveria ter seguido um comentário também da Ave Maria:
“Tinha pensado dizer-vos algo também sobre o modo de recitar a Ave Maria, mas renuncia
por ter-me estendida muito sobre o Pater” (C 42,4). Meditaremos, porém, uma graça
pessoal que Teresa recebe como uma “investidura” de graça, uma comunicação de pureza
através de um sinal visível. Eis a narração: “Enquanto me encontrava naquele estado, tive
a impressão de que me cobriam com uma roupa de grande brancura e esplendor. No
início, eu não via quem o fazia, tendo percebido depois Nossa Senhora do meu lado direito
e meu pai São José do esquerdo adornando-me com aquelas vestes. Eles me deram a
entender que eu estava purificada dos meus pecados. Depois que acabaram de me vestir,
estando eu com enorme deleite e glória, tive a impressão de que Nossa Senhora tomava-me
as mãos, dizendo-me que lhe dava muito contentamento ver-me servir o glorioso São José
e que eu estivesse certa de que o mosteiro se faria de acordo com o meu desejo, sendo o
Senhor e eles dois muito bem servidos ali. Eu não devia temer que nisso viesse a haver
quebra, embora a obediência não fosse bem do meu gosto, porque eles nos guardariam, e o
seu Filho já nos prometera andar ao nosso lado. Como sinal de verdade, ela me dava uma
joia. Tive a impressão que ela me colocava no pescoço um colar de ouro muito formoso do
qual pendia uma cruz de muito valor” (V 33,14).
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Oremos:
Deus todo poderoso, que abrasastes o coração de Santa Teresa, Nossa Mãe,
fortalecendo-a a assumir árduas tarefas em prol do vosso nome; fazei-nos por sua
intercessão, sentir intimamente a força do vosso amor, o qual nos leve a trabalhar para vós
com generosidade. Por Nosso Senhor Jesus Cristo vosso Filho, na Unidade do Espírito
Santo. Amém.
Referências