Você está na página 1de 147

PROVÍNCIA SÃO JOSÉ

PROVÍNCIA NOSSA SENHORA DO CARMO

CONGRESSO INTERPROVINCIAL:
“SÃO JOSÉ: ENTRE O SILÊNCIO E A AÇÃO”

CARMELO DESCALÇO
BRASIL
9 a 15 de outubro de 2021
“Assim, tomei por Advogado e Senhor o Glorioso São José, encomendando-me
muito a ele. Vi com clareza que esse Pai e Senhor meu me salvou, fazendo mais do que eu
podia pedir, tanto dessa necessidade como de outras maiores, referentes à honra e à perda da
alma.
Não me lembro até hoje de ter-lhe suplicado algo que ele não tenha feito.
Espantam-me muito os muitos favores que Deus me concedeu através desse bem-
aventurado Santo, e os perigos, tanto do corpo como da alma, de que me livrou.
Se a outros Santos, o Senhor parece ter concedido a Graça de socorrer numa dada
necessidade, a esse Santo Glorioso, a minha experiência mostra que Deus permite socorrer
em todas, querendo dar a entender, que São José, por ter-Lhe sido submisso na terra, na
qualidade de Pai adotivo, tem no Céu todos os seus pedidos atendidos1.”

Santa Teresa de Jesus (1515-1582)

1
TERESA DE JESUS, Santa. Obras Completas. Texto estabelecido por Fr. Tomas Alvarez, O.C.D. Direção
Pe. Gabriel C. Galache, SJ. Tradução de Adail Ubirajara Sobral e outros. – São Paulo: Edições Carmelitanas:
Edições Loyola, 1995, Livro da Vida, p. 49.
SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO: CONGRESSO INTERPROVINCIAL DO CARMELO


DESCALÇO NO BRASIL........................................................................................................6
PRESENTACIÓN: LAS PROVINCIAS DEL CARMELO DESCALZO DE BRASIL
ORGANIZAN UN CONGRESO EN HONOR DE SAN JOSÉ.............................................8

1. SÃO JOSÉ, UMA LUZ DESDE O EVANGELHO (Frei Rafael Santamaria,


OCD)…………………………………………………………………………………..............9

2. ESPIRITUALIDADE JOSEFINA (Pe. José Antonio Bertolin,


OSJ)………………………………………………………………………………………......15
2.1 Introdução…………………………………………………………………………..……15
2.2 Razões para uma Espiritualidade Josefina………………………………….…………17
2.3 Em que podemos fundamentar as riquezas da
Espiritualidade Josefina?.......................................................................................................21

3. MESA REDONDA (Frei César Cardoso, OCD; Estela da Paz,


OCDS)………………………………………………………………………………..………27
3.1 O silêncio de São José…………………………................................................................28
3.1.1. Silêncio e escuta em São José………………….............................................................28
3.1.2. Silêncio e ação………………………………………….................................................32
3.1.3 Silêncio e caridade...................................……………………........................................34
3.2 História de São José no Carmelo...................................…………..................................37
3.3 Propósito do Devocionário de São José, com a Virgem Maria e Santa Teresa……...43
3.4 Breve resumo da oração do Pai-Nosso, com base no Devocionário de São José….....44
3.5 O contexto doutrinário teresiano citado pelo Papa Francisco da experiência de santa
Teresa com São José……………………………………………….......................................47
3.6 Referências bibliográficas………………………………………….................................50

4. SÃO JOSÉ NA VOZ DOS PAPAS (Carlos Vargas, OCDS)……………………...…....51

5. SÃO JOSÉ: ESPOSO DA SANTÍSSIMA VIRGEM MARIA E PATRONO DO


CARMELO (Carlos Vargas, OCDS).....................................................................................62
5.1 O Culto a São José no Carmelo........................................................................................63
5.2 São José e Santa Teresa de Jesus.....................................................................................63
5.3 O Patrocínio de São José..................................................................................................64
5.4 São José Patrono de todo o Carmelo...............................................................................65
5.5 Oração................................................................................................................................65

6. PEQUENA COLETÂNEA DE TEXTOS RECENTES DO FREI PATRÍCIO


SCIADINI, OCD, SOBRE SÃO JOSÉ……………………………………………………..66
6.1 Oração a São José……………………………………………………………..................66
6.2 Por que São José não fala?...............................................................................................67
6.3 Duas flores quaresmais…………………………………………………………….……68
6.4. São José está muito contente………………………………………………………...…69
6.5. José de Nazaré……………………………………………………………………..........70
6.6 São José……………………………………………………………………………..........71
6.7 O Evangelho de São José………………………………………………………..………73
6.8 Oração a São José………………………………………………………………..………73
6.9 Notícia sobre o lançamento do livro do Frei Patrício Sciadini em honra a São José:
"Caminhando com São José" (Silvonei José Protz)…………………………………....…74

7. O QUE É DEVOÇÃO (Ir. Sheron Maria da Cruz, OCD)………………………….76


8. AS DIVERSAS DEVOÇÕES A SÃO JOSÉ: DEVOÇÃO OU DEVOÇÕES? (Ir.
Sheron Maria da Cruz, OCD)………………………………………………………….82
8.1 O que não é devoção……………………………………………..…………………........82
8.1.1 O que são devoções……………………………………………………………………..83
8.2. Compreensão Teológica da Missão de José…………………………………………...84
8.2.1 A imagem de José………………………………………………………………………85
8.2.2 O culto à São José………………………………………………………………………85
8.3. Devoção a José………………………………………………………………..................86
8.3.1. Devoção carmelita-teresiana…………………………………………………….….….86
8.4. A ternura…………………………………………………………………………….…..87
8.5. Devoções à São José………………………………………………………………….….89
8.5.1. Trintena a São José……………………………………………………………….……89
8.5.2. Sete dores e sete alegrias de São José: sete domingos………………………................89
8.5.3. Rosários e terços a São José…………………………………………………….….…..90
8.5.4. Ladainha de São José………………………………………………………..................91
8.5.5. Visitas a São José………………………………………………………………………91
8.5.6. Escapulário de São José………………………………………………………………..92
8.5.7. O cordão ou cíngulo de São José………………………………………………………92
8.5.8. Coração de São José………………………………………………………………...….93
8.5.9. Outras pias práticas………………………………………………………………….....93
8.5.10. Relíquias………………………………………………………………………………93
8.5.11. Liturgia das Horas……………………………………………………………...……..94
8.5.12 Ofício Parvo………………………………………………………………………..…95
8.6 Conclusão: Consagração a São José……………………………………………………95
8.7 APÊNDICE………………………………………………………………………............96
8.8 BIBLIOGRAFIA…………………………………………………………………...……98

9. PEQUENO DEVOCIONÁRIO JOSEFINO (Ir. Sheron Maria da Cruz, OCD).99


9.1 Manto sagrado ou trintena a São José……………………………………………..…100
9.2 Sete súplicas a São José ..................................................................................................105
9.3 Sete domingos em honra a São José .............................................................................106
9.4 Terço a São José .............................................................................................................109
9.5 Rosário a São José ..........................................................................................................110
9.6 Ladainha em honra a São José ......................................................................................111
9.7 Cordão de São José ........................................................................................................115
9.8 Pia súplica a São José .....................................................................................................118
9.9 Súplica a São José ...........................................................................................................119
9.10 São José Operário .........................................................................................................120

10. O PAI-NOSSO E A PATERNIDADE DE SÃO JOSÉ (Luciano Dídimo,


OCDS)………………………………………………………………………………………121
10.1. Pai Nosso que estais nos céus, santificado seja o Vosso nome……………….……123
10.2 Venha a nós o Vosso reino…………………………………………………………....124
10.3. Seja feita a vossa vontade assim na terra como no Céu……………………………125
10.4. O pão nosso de cada dia nos dai hoje…..………………………………………..….126
10.5. Perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem
ofendido……………………………………………………………………………..………127
10.6. E não nos deixeis cair em tentação……………………………………………….…128
10.7. Mas livrai-nos do mal……………………………………………………………...…129
10.8. Amém…………………………………………………………………………...……..130

11. NOVENA DE SANTA TERESA DE JESUS COM SÃO JOSÉ (Estela da Paz,
OCDS)………………………………………………………………………………………131
1º Dia…………………………………………………………………………………...……132
2º Dia………………………………………………………………………………...………133
3º Dia……………………………………………………………………………………...…134
4º Dia………………………………………………………………………………...………135
5º Dia……………………………………………………………………………………...…136
6º Dia……………………………………………………………………………………...…137
7º Dia………………………………………………………………………………..……….139
8º Dia……………………………………………………………………………………...…140
9º Dia………………………………………………………………………………………...141
Ladainha de Santa Teresa de Jesus…………………………………………………...…..143
Referências……………………………………………………………………………….....144
6

APRESENTAÇÃO
CONGRESSO INTERPROVINCIAL DO CARMELO DESCALÇO NO BRASIL2

As Províncias do Carmelo Descalço no Brasil realizaram, entre os dias 9 e 15


de outubro deste ano de São José, o I Congresso Interprovincial do Carmelo Descalço.
O evento, com o tema “São José: entre o silêncio e a ação”, foi organizado pelas
Províncias do Carmelo Descalço no Brasil, sendo transmitido pelos canais da OCDS no
YouTube, com vídeos que chegaram a somar milhares de visualizações. Foi um grande
momento de formação e confraternização para a família teresiana no Brasil, quando
freis, monjas e seculares assumiram a organização do evento, abrindo as portas para
essa missão comum de divulgar o nosso amor a São José e o nosso carisma
carmelitano.
Depois das mensagens iniciais do Padre Geral, Frei Miguel Márquez Calle,
OCD, dos Provinciais OCD e dos Presidentes Provinciais OCDS, ocorreu a Missa de
abertura do Congresso, presidida pelo Superior da Província São José, Frei Émerson
Santos, OCD. Nesta mesma noite inicial foram divulgados os vencedores do concurso
da música em homenagem a São José: Paulo Sérgio Dutra, Edison da Silva Santos e
Hederson Ramos de Freitas.
No domingo, tivemos as palestras do Frei Rafael de Santamaria, OCD (“São
José na perspectiva bíblica”) e do Padre José Antônio Bertolin, OSJ (“a espiritualidade
josefina”), além da mesa redonda que contou com a participação da Professora
Estela da Paz, OCDS, e do Frei Cesar Cardoso, OCD.
Na segunda-feira, 11/10, tivemos a palestra do Carlos Vargas, OCDS,
presidente da Província Nossa Senhora do Carmo, com o tema: “São José na voz dos
Papas”. No dia seguinte, Solenidade de Nossa Senhora Aparecida, Frei Patrício
Sciadini, OCD, falou sobre “São José no pontificado do Papa Francisco”.
Na quarta-feira, 13/10, tivemos as palestras de Luciano Dídimo, OCDS (“São
José na paternidade”) e do artista sacro Lúcio Américo de Oliveira (“São José
representado nas artes e ícones”). No dia seguinte, tivemos palestras das irmãs Sheron
Maria da Cruz, OCD (“As diversas devoções a São José”) e Maria Bernadete da Santa
Mãe de Deus, OCD (“São José nos santos do Carmelo”).
Durante o Congresso, também tivemos apresentações musicais dos outros
participantes do concurso musical em homenagem a São José e celebramos o tríduo em
honra a Santa Teresa de Jesus, Nossa Mãe, com participação do Frei Carlos Eduardo,
OCD (Caratinga, MG), dos Frei Alceu Filipin e Gilberto Alexandre da Luz, OCD
(Santa Maria, RS) e do Frei Luciano Henrique Veras Tito, OCD (Maceió, AL).
A Missa da Solenidade de nossa Santa Madre, na Paróquia do Santíssimo
Sacramento e de Santa Teresinha, foi presidida pelo Frei Everton Berny Machado
(OCD), Superior da Província Nossa Senhora do Carmo, com a participação de

2
Texto originalmente publicado no Informativo Carmelitano (Província Nossa Senhora do Carmo – OCD),
Porto Alegre, n°. 021, 11/2021, p. 4-5.
7

carmelitas descalços seculares das comunidades Santa Teresa Benedita da Cruz (São
Leopoldo, RS), Nossa Senhora do Carmo e Santa Teresa de Jesus (Porto Alegre, RS).
Nesta noite de encerramento, também tivemos a apresentação musical do
grupo “Amigos do Carmelo”, de Curitiba, e as mensagens dos apresentadores do
Congresso, Romário e Gilcivânia Pinheiro (OCDS), e da presidente da Província São
José, Rose Lemos (OCDS), que fez um agradecimento à comissão organizadora, ao ex-
delegado geral para a OCDS, Frei Alzinir Debastiani (OCD), e a todos os participantes.
Este Congresso, inspirado no ano de São José, convocado pelo Papa Francisco,
foi uma homenagem aos 150 anos da proclamação de São José como Patrono da Igreja
Católica, celebrando também o tríduo e a Solenidade de nossa Santa Madre Teresa de
Jesus. Esse evento testemunhou a comunhão no carisma carmelitano dos freis, monjas e
seculares do Brasil. Esperamos que esta semente josefina frutifique espiritualmente,
com a Graça Divina, colaborando para crescermos na fé, na esperança e na caridade.

Carlos Vargas, OCDS, pela comissão organizadora do Congresso Interprovincial.


8

PRESENTACIÓN
LAS PROVINCIAS DEL CARMELO DESCALZO DE BRASIL ORGANIZAN UN
CONGRESO EN HONOR DE SAN JOSÉ3

Del 9 al 15 de octubre, con ocasión del año dedicado a San José, se celebró el 1er
Congreso interprovincial del Carmelo Descalzo, cuyo tema era “San José: entre silencio y
acción”. El evento online, organizado por las Provincias del Carmelo Descalzo en Brasil, ha
sido transmitido a través de los canales YouTube de la OCDS. Los vídeos alcanzaron un total
de más de ocho mil visitas, con participantes de diferentes países.
El congreso fue un gran momento de fraternidad y formación para toda la familia
teresiana brasileña y un notable testimonio de comunión en el carisma teresiano: las tres
ramas (frailes, monjas y seculares) de las dos provincias de Brasil (San José y Virgen del
Carmelo) asumieron juntos toda la organización, permitiendo así a todos participar en la
difusión de nuestro amor común por San José.
Los participantes tuvieron acceso a varias actividades formativas para profundizar en
la espiritualidad de San José: enfoque bíblico, enseñanza de los Papas, paternidad,
devociones, artes, etc. El evento también se caracterizó por varias actuaciones artísticas, en
particular la de los participantes en el concurso musical en honor de San José. Las misas de
apertura y de clausura fueron celebradas por los superiores de las dos provincias brasileñas, y
se pudo celebrar un triduo en homenaje a Santa Teresa de Jesús, nuestra Madre.
Este congreso interprovincial en honor de San José celebró, desde una perspectiva
teresiana, el 150 aniversario de la proclamación de San José como patrono de la Iglesia.
Esperamos que este gran acontecimiento dé frutos espirituales para el bien de todo el pueblo
de Dios y la bendición de San José para toda la familia carmelita en Brasil.

Carlos Vargas, OCDS, pela comissão organizadora do Congresso


Interprovincial.

3
Texto originalmente publicado no Communicationes – OCD, Roma, n. 370, 10/2021.
9

1. SÃO JOSÉ, UMA LUZ DESDE O EVANGELHO


Frei Rafael Santamaria, ocd

A piedade popular cristã, no decurso da sua milenar história, expressou a sua


devoção e amor por São José mediante um rico acervo de imagens; a maioria delas,
autênticas catequeses, embora tenhamos que reconhecer que, infelizmente, algumas delas
não fazem justiça àquele homem chamado justo pelo evangelista. O povo cristão criou,
assim, uma referência aonde dirigir seu pensamento, seu coração e a sua prece,
especialmente nos momentos difíceis da vida. São José foi constituído como uma espécie
de embaixador, aquele que leva, e até corrige, os pedidos a Deus. Quem de nós não rezou
em alguma oportunidade a famosa jaculatória “Lembrai-vos....”? Diríamos, pois, que esta
imagem de São José encontra o seu lugar e razão de ser apropriada no caminho do cristão
para Deus.
É claro que isto tem um profundo valor, pois que sintoniza com aquela experiência
cristã da confiança desde a debilidade experimentada como indignidade para apresentar-se
diante de Deus. Quem melhor para representar-nos senão aquele a quem lhe foi confiada a
missão de cuidar da grandeza de todo um Deus escondida na debilidade de uma criança?
Porém eu gostaria de considerar a figura de José desde a outra vertente: aquela do
caminho que vem de Deus até nós e, assim, pôr em relevância algo bastante descuidado: ele
é uma modalidade da Palavra que Deus dirige ao seu povo, e como tal palavra deve ser
ouvida e interpretada. Acredito que para nós cristãos é muito mais conveniente
aproximarmo-nos de José não tanto como a um agente ou procurador, mas como a uma
sintonia, uma espécie de sensibilidade que tem algo a ver com a nossa identidade, com o
nosso modo de ser; acudir a ele não tanto para resolver problemas, mas para entender das
coisas de Deus. José não pronuncia palavra nenhuma nos Evangelhos; ele é, contudo,
10

palavra pronunciada por Deus. Este nosso mundo e cultura consegue encontrar cada vez
mais e melhores razões que expliquem os fenômenos e as suas causas, e cada vez o faz
mais rápido, mais direto, mais perfeito. Merece nosso aplauso e reconhecimento e até a
nosso gratidão. O problema é que essa mesma pretensão é aplicada ao âmbito do sagrado, e
o homem acaba por rejeitar quanto não consegue explicar ou compreender. Faltam
“razões”, é o argumento. E o erro de tantos cristãos, especialmente os que temos o dever da
catequese, é querer apresentar razões. Muitas das realidades da vida, quem sabe se as mais
determinantes das opções que fazemos, não pedem para ser explicadas, mas, antes,
interpretadas. E a lente com a qual lemos marca a diferença; morte e vida, egoísmo e amor,
treva e luz, guerra e paz, covardia e heroísmo, atraso e progresso, fome e dignidade.... é
evidente que conhecemos as suas razões e porquês e, no entanto, nem sempre acertamos a
interpretar corretamente qual deva ser a nossa escolha, já que, vez por outra, acabamos do
lado escravizador. Por que não questionamos a “razão” de tamanho desatino?
Aqui encontra espaço a figura bíblica do nosso querido José; ele forma parte dessa
chave interpretativa que o Evangelho nos oferece. Sua figura está construída desde as
convicções religiosas e da fé, inserida no que chamamos desígnio salvífico de Deus, e
desenhada a través da roupagem histórica das estruturas daquele tempo, tais como a
família, os deveres e obrigações, os costumes, a situação social e econômica. Pretender
repetir tais estruturas e costumes, sob o argumento de imitar São José pode esconder um
não pequeno erro, qual possa ser sacramentar atrasos que a nossa sociedade atual levou
séculos para superar, nas áreas sociológica e psicológica, mormente se pensarmos na
situação e papel da mulher. Na figura de José condensam-se, como num ícone ou epônimo,
valores cristãos constitutivos de um modo de ser, aquele revelado por Deus, recolhido-
narrado nos Evangelhos e que chega até nos nesse rio vital que chamamos Tradição.
Epônimo é uma biografia “construída” com o intuito de conferir visibilidade de
uma crença ou convicção. Nessa figura reconstruímos as esperanças e projetos do que
julgamos ser a nossa autêntica identidade. É claro que a linguagem adota uma tonalidade
profundamente afetiva, quando não gloriosa e triunfante. Interessa salientar o “valor” do
que queremos crer. A História torna-se uma narrativa, onde o fato histórico relatado está a
serviço da transmissão da mensagem do narrador. Diríamos que é uma história contada
“desde dentro”, na qual o fato deixa de ser fato para tornar-se evento, e o tempo deixa de
ser kronos para se tornar Kairós.
Na Bíblia, que é, não esqueçamos, a transmissão da Palavra de Deus como
“Escritura”, o modo de escrever (chamado “gênero literário”) mais comum é o chamado
midraxe ( ==== explicar). O relato tem uma pretensão fundamentalmente catequética:
ensinar a “ver e entender” o projeto de identidade pessoal e comunitário (hagádico), e
ensinar a observar um comportamento correto e adequado a tal identidade (halakico). No
NT o melhor historiador é Lucas. No prólogo da seu Evangelho esclarece bem esta
pretensão: “para que tenhas certeza da solidez dos ensinamentos que recebeste” (Lc 1,4).
Os fatos narrados já são conhecidos por Teófilo; o que o narrador pretende é que o leitor /
ouvinte / destinatário da catequese “conheça / veja / sinta / experimente” a consistência e o
valor da sua identidade.
A figura bíblica de São José entra nesta dinâmica narrativa. Na Carta Apostólica
“Patris Corde” o Papa Francisco faz esta releitura da figura de São José pondo em
11

destaque, desde a missão da paternidade que Deus lhe confiou, os valores cristãos do amor,
da ternura, da obediência, da acolhida, da valentia criativa, do trabalho, do silêncio. São
valores / qualidades do José de Nazaré?; sem dúvida nenhuma. Porém são valores do
cristão de qualquer época e de qualquer cultura que precisamos constantemente reconstruir
e encarnar num presente sem fim. A historicidade que conta não é tanto a do personagem,
mas a do leitor. Os valores sentidos e professados pelo leitor precisam ser alavancados em
uma figura próxima ao núcleo da fé, em uma figura querida, que tenha impacto e
importância nas fibras sensíveis que movem a vida. É por isso que a linguagem, com toda a
sua riqueza parabólica e significativa, revela-se fundamental; é primordial uma linguagem
não tanto conceitual e abstrata, mas antes impactante, sonora, tirada do dia-a-dia dos
ouvintes, elaborada como um ourives ou um pintor, com aqueles elementos que acalentam
o viver quotidiano, com as suas dificuldades e as suas alegrias.
Mas, pode perguntar-se alguém, não estaríamos, assim, esvaziando a figura
histórica de José? Em modo algum. José foi, sim, um trabalhador de Nazaré, mas não é esse
o motivo pelo qual aparece nas páginas evangélicas. Ele aparece como um trabalhador de
Nazaré “que responde a Deus”, ainda que sem pronunciar palavra alguma. Ele aparece
como a sintonia, sem interferências, de que precisamos para interpretar hoje qual deva ser
nossa postura de cristãos nas estruturas deste nosso mundo, qual deva ser a razão para não
continuar a cometer desatinos. O valor histórico está, pois, não apenas na existência de
José, mas na responsabilidade que hoje experimentamos como exigência em continuar
encarnando a mensagem do Evangelho que ele encarnou.
Em concreto, nos relatos evangélicos sobre São José encontramos aqueles traços
típicos dos Patriarcas, como Abraão, Jacó, José, o que equivale a afirmar que ele tem a
categoria de alguém com quem Deus conta desde as origens, não apenas da história e do
tempo, mas, principalmente daquilo que é constitutivo e fontal na existência de um povo.
Os elementos redacionais da história de José assim o confirmam: As visões e os sonhos,
que são o modo de dizer que Deus age e dirige os acontecimentos. A vocação ou chamado,
que desarticula projetos pessoais para situá-lo em benefício do povo. As dúvidas, medos e
incertezas, que acenam para a exigência ativa da fé, levantando-se, descendo e subindo do
Egito, tendo que elaborar a resposta a cada passo, como peregrino guardião da uma
promessa carregada no silêncio da noite e perseguida pelos Faraós/Herodes tiranos de
qualquer era da história, mas que um dia brilhará como luz para as nações e glória de Israel.
Aparecem, ainda, os valores da obediência, da colaboração com Deus, da responsabilidade
pela missão recebida, da dedicação generosa....
Os evangelistas do NT condensam na figura histórica de José alguns dos
paradigmas bíblicos mais característicos do AT. Vejamos alguns deles:

• Obediente ao desígnio de Deus. Ressoam, neste comportamento de José, os


elementos das narrativas vocacionais de tantos personagens veterotestamentários, a
começar por Abraão, seguindo por Moisés e, principalmente, plasmados nas vivências dos
Profetas:
• Javé que toma posse total do personagem: a total iniciativa é dele
• O Silêncio do protagonista, para “ouvir” a voz de Deus, num esforço por
entender o que não entende
12

A experiência expressada em linguagem epifânica, o sonho e a vigília, símbolo de


que o mistério é elemento essencial da experiência vivida, muito mais profundo e
importante do que o simples episódio histórico. Quando despojamos a história bíblica do
seu pendor místico, os personagens protagonistas ficam reduzidos a fantasmas criados pela
fantasia alienante.
A realização do mandato divino levada a efeito num dinamismo sempre superior
às forças do protagonista. O caráter milagroso está não tanto na admiração pela “mirabilia”,
mas não certeza da presença de Deus na fragmentariedade e na pobreza. A autossuficiência,
pelo contrário, é a chance de manipular a Deus.

• Peregrino da Fé. Para crer em Deus, é preciso ir além-fronteiras, aquelas


que nos dão a segurança: nossos sistemas de pensamento, nossos esquemas e instituições. É
necessário descer ao Egito, pois na terra da Promessa só entra quem nasceu no êxodo:
• Como Moisés e Elias: viagem de ida e volta, para ver Deus na sarça ou na
brisa.
• Envolvido pelo mistério, onde sobram as palavras, e o silêncio é o marco
adequado e necessário para o “diálogo”
O caminhar físico como imagem de um êxodo que acontece dentro do coração do
protagonista: sem conhecer a meta, mas tendo certeza dela pela confiança (a fonte que
mana e corre... ainda que de noite).

• Companheiro que Deus coloca ao lado, o “anjo” (malak elohim): Uma


“transfiguração do Deus de quem não se pode fazer figura de nenhuma espécie, mas que é
urgente afirmar que SIM está presente. Alguém deveria estar significando essa
“providência” no momento em que a redenção se orientava ao seu desfecho pleno.

• Uma paternidade, memória de origem: alongamento até o presente


daquelas “toledot”, genealogias explicativas de uma consciência de pertença a um povo que
entronca, muito além da biologia e do sangue, com o desígnio salvífico do próprio Javé.
Em José uma modalidade narrativa de expressar a convicção de que a Encarnação de Cristo
escapa à lógica, a qualquer explicação, e até à compreensão, simplesmente porque Deus
não cabe em nenhuma delas. A linguagem avançando por caminhos “outros” (como os
Magos experimentarão mais tarde). Esta linguagem não precisa de fórmulas, só precisa de
alguém que lhe dê um nome, alguém que lhe dê uma oportunidade. Provavelmente é esta a
razão pela qual José nunca diz nada em todos os relatos que a ele se referem. Ele não tem
nada que dizer, porque ele mesmo é uma palavra dita por Deus.

• A solidariedade, virtude própria dos pequenos. O estar e saber estar


presente às necessidades e situações vitais do outro. No serviço solidário de José para com
Maria e Jesus reedita-se o livro de Jó, que acaba proclamando como única solução para a
incerteza da fé o fato de ter ou não ter a compaixão e compreensão para com o amigo que
assim precisar.
13

Como síntese do significado desses paradigmas AT os Evangelhos o denominam


“JUSTO”. Sem entrar em questões semânticas sobre o alcance do adjetivo, há nele uma
proposta profundamente evangélica para a nossa realidade de discípulos daquele que José
cuidou como a filho e serviu como a Senhor:
Os Evangelhos, de fato, muito pouco falam dele, e sempre restrito aos primeiros
anos da vida de Jesus. Contudo, o definem como “Justo”. Um título que ilumina a
identidade deste homem, situando-o na longa herança de Abraão, chamado também de
“justo” por ter acreditado na promessa de Javé. É desde esta perspectiva que devemos
entender essa denominação. Não se trata da justiça que determina os direitos e deveres de
uma pessoa, mas trata-se da atitude religiosa de obediência ao desígnio salvífico de Deus.
Ressoam, ainda, nesse adjetivo os aspectos da universalidade de uma herança, iniciada com
a bênção a Abraão e seus descendentes, e culminada na última ordem de Jesus de fazer
todas as gentes discípulos do Reino (Mt 28, 19-20). O conceito de justiça inclui, além desta
universalidade, um comportamento ético adequado, que irá tornar-se critério para ser aceito
no Reino quando Cristo voltar para julgar o mundo (Mt 25, 31ss).
É neste contexto de desígnio salvífico universal onde a figura bíblica de José
adquire a real e profunda importância que ele tem na vida da fé cristã. Ele, como patriarca,
é referência de origem e de herança e, por isso mesmo, aparece no relato evangélico como
servidor do Menino em quem, no dizer de Isaias (9,5), brilha uma grande luz para o povo
em trevas. E como obediente a Deus, José encarna o ideal ético de servir a Deus nos
pequenos e pobres, dentre eles Aquele que nasceu numa estalagem por falta de pousada.
José é, pois, justo porque foi fiel dispensador, como fora o outro José que no Egito
refez a vida para poder servir aos próprios irmãos que o haviam vendido. Justiça, pois, na
dimensão de cuidar das coisas de Deus. A José Deus lhe encomendou cuidar do herdeiro da
promessa, da mesma forma que o fez àqueles vinhateiros (Mt 24,33-41). Conceitos como
zelo, cuidado, carinho, desvelos, dedicação, trabalho, etc., são comuns para definir o
comportamento adequado para com as coisas de Deus. Se comparado com os vinhateiros da
parábola, José aparece como aquele que fez produzir os frutos da vinha. Há uma gritante
diferença entre o comportamento dos vinhateiros e o de José: Aqueles pretendem apoderar-
se da herança e do herdeiro. Comportam-se como os donos que mandam. E querem a
herança para o seu lucro pessoal. José, ao contrário deles, fez da sua vida um serviço ao
herdeiro e à sua missão, fugindo ao Egito com ele e retornando-o à terra prometida,
encarnando a vivência do Êxodo dos antepassados na fé. Frente à prepotência assassina dos
vinhateiros que não hesitaram em matar, José aparece como o obediente que entrega a sua
vida em testemunho martirial de serviço, a fim de que o herdeiro possa viver. Contra a
ambição dos violentos, José não tem outra coisa a dar a Deus a não ser a sua pobreza
ofertada em silêncio.
José é justo, em definitivo, porque vive o espírito das bem-aventuranças. Nos
valores de mansidão, da generosidade, da pobreza, das lágrimas, da misericórdia, da pureza
de coração, da resistência pela justiça, da paz... realiza-se a justiça do Reino (Mt 5, 3-11). É
justo porque espera e coopera para que Deus seja Emanuel, Deus conosco. É justo porque
“levantando-se” acolheu Maria, como Ela antes acolhera a Palavra, tornando assim possível
a presença do mistério da salvação entre os homens. Dois são os núcleos irrenunciáveis do
servidor do Reino: Liberdade interior (se queres, vem e segue-me) e entrega sem reservas
14

(quem não renunciar... não pode ser meu discípulo. José é modelo dessa atitude diante de
todas as pessoas de todos os tempos e lugares.
Em diversos círculos do pensamento religioso moderno não é raro depararmo-nos
com a suspeição de que a luta pela justiça é algo próprio de desordeiros, extremistas,
violentos e ateus, ao mesmo tempo em que buscam refúgio e consolação na vivência de
uma fé intimista e devocional que, não raramente, leva à irrelevância quando não à
alienação. Acredito que podemos aprender com José o que se deu em chamar de “mística
dos olhos abertos”. Saber ver o mundo e as suas realidades com os olhos da experiência
religiosa da fé. Convido a sintonizar com três atitudes de José que iluminem nosso
itinerário de cristãos. Em primeiro lugar, a sensibilidade para as coisas de Deus, porque tal
vez Deus não seja o deus que nós pensamos, fabricado e preso pelo nosso entendimento,
dogmatismos e paixões. Por que José nunca reclamou de nenhuma das decisões divinas
sobre a sua existência? Qual o laço que o unia assim com Deus? O que era que ele via em
Deus que nós não vemos quando reclamamos tanto da nossa fragmentariedade? E
sensibilidade, também, para as coisas dos outros, para não julgar só desde a própria postura.
O que será que ele pensou de Maria?
Em segundo lugar, o compromisso. O Evangelho não apresenta a José negociando
com Deus, mas fiando tudo na conta da gratuidade. Quando a retribuição é o primeiro
quesito da nossa fé, deixamos a Deus de mãos amarradas e coração desolado clamando:
“filho, tudo o que é meu é teu”; no entanto, o filho só vê o que o Pai lhe deve. Tal atitude
egoísta nunca permitirá ver Jesus naqueles pequenos aos que fizemos ou não fizemos o
bem.
E, finalmente, o silêncio. Como se fosse a moldura de um belo quadro. Desconfio
que hoje sobra-nos propaganda disfarçada de evangelização e nos falta testemunho do
mistério. Se há algo que a justiça não aceita é a mentira, o falso testemunho, tanto perante
os tribunais quanto perante a própria consciência. Os evangelistas não nos transmitiram
nenhuma palavra de José, porém sim o fizeram do testemunho que, com a sua vida e o
comportamento, deu da Palavra que habitou entre nós. E por isso é que o chamaram
“justo”.
Não deixemos nunca de pedir a intercessão de São José nas necessidades. Mas,
junto com isso, poderíamos pedir-lhe que nos ensinasse a ler melhor o Evangelho. Não tem
ali nenhuma palavra dele, mas ali está a Palavra à qual ele consagrou sua existência; se
assim o fez, foi porque entendeu. Por que não lhe pedimos que nos ajude a “interpretar” o
que tantas vezes não compreendemos devido a que, provavelmente, não o aceitamos? Será
questão de “razões” ou de luz de leitura?

Frei Rafael Santamaria, ocd


I Congresso Interprovincial do Carmelo Descalço
Carmelitas Seculares Sul-Sudeste do Brasil Curitiba, outubro 2021
15

2. ESPIRITUALIDADE JOSEFINA
Pe. José Antonio Bertolin

2.1 Introdução

1- Todo povo cristão precisa de valores referenciais em sua vida, vale dizer que
precisa de figuras de frente nas coisas de Deus. São José foi uma dessas que se tornou ao
longo dos séculos um referencial que aponta caminhos seguros para a fidelidade às coisas
de Deus com o exercício da responsabilidade à missão que recebeu. Não por nada o Papa
João XXIII no dia 19 de março de 1963 determinou edificar um altar a ele na basílica do
Vaticano e ele mesmo o abençoou e quis que este se “tornasse um ponto de atração e de
piedade” a fim de que se “acendesse, também no máximo templo do cristianismo, a
devoção a São José, Protector Sanctae Ecclesiae e Protetor do Concílio ecumênico
Vaticano II”. A palavra devoção vem do latim devotio que se traduz numa manifestação de
amor, de fervor e de veneração. O conceito faz também referência à entrega total de uma
pessoa a uma experiência mística e à vivência de uma espiritualidade que no caso em
relação a São José se torna uma espiritualidade josefina.
2- São José sempre foi um referencial para a vida espiritual dos cristãos porque
foi um escolhido a dedo por Deus para uma missão em que o próprio Deus o obedeceu e
precisou dele para realizar o seu plano de salvação e por isso, ele teve toda a sua vida
orientada para o fiel cumprimento dessa missão encarando-a como um dever a ser
desempenhado com fidelidade, docilidade, escondimento, obediência, amor, humildade e
prontidão. Ele foi consciente de que da sua escolha e de que do desempenho dessa dependia
a salvação dos homens, e, portanto, foi fiel (da ladainha diz José fidelíssimo) a ela e nesse
sentido é um exemplo edificante para os cristãos.
3- Desde quando recebeu a mensagem do anjo São José estava convencido de
que a grandeza do projeto de Deus ao seu respeito com o qual ele colaboraria juntamente e
16

abaixo de Maria, sua esposa, só se realizaria efetivamente se ele estivesse disposto a olhar
além do seu próprio horizonte e assim entregar-se sem reservas na fiel obediência à vontade
de Deus. Nesse sentido ele é o modelo de servidor aos interesses de Jesus.
4- Para que o projeto de Deus fosse possível em sua vida, José precisou escutar
a voz de Deus e cumprir escrupulosamente a sua vontade estando aberto a toda iluminação
que lhe seria advinda por meio da Palavra e dos acontecimentos. Por isso, é do exemplo de
pessoas como São José que precisamos; pessoas abertas à vontade de Deus; pessoas
desarmadas como uma criança que segue as orientações e se coloca nas mãos do pai;
pessoas disponíveis, humildes e obedientes. Essas pessoas são essenciais para a Igreja e
para o mundo. Portanto, os exemplos de São José e consequentemente a vivência de uma
espiritualidade josefina são indispensáveis para os cristãos leigos e para os consagrados
dentro da missão que têm na Igreja.
5- De São José não vamos encontrar quase nada de elucidativo em palavras
sobre o exercício de sua missão, pois dele os escritores sagrados praticamente não se
ocuparam. Por que não se ocuparam? Porque bastaram as suas ações. Ele foi um homem do
agir, da disponibilidade, da humildade, do silêncio frutuoso, do fazer a vontade de Deus na
obediência e no escondimento; isso caracteriza o exemplo de sua espiritualidade; uma
espiritualidade concreta, fruto de sua união com Deus.
6- Embora José não tenha sido objeto de grande preocupação na reflexão
teológica ao longo dos séculos, ele sempre morou profundamente na devoção do povo,
certamente mais fortemente do que aparece na liturgia e nas fórmulas de louvor com que a
Igreja celebra os seus santos, e talvez mesmo além dos próprios tratados teológicos, tão
parcos em comentá-lo. Contudo, muitas igrejas, oratórios, lugares, congregações religiosas,
etc., foram dedicados a ele. O Papa Francisco não deixou desapercebida essa realidade ao
referir-se a ele em sua carta apostólica Patris corde como um pai amado. Ainda hoje muitas
pessoas o homenageiam tomando o nome de José, que é fora de dúvida um dos mais
populares. Muitos santos foram fascinados por ele e por meio do seu amor a ele e da
imitação de suas virtudes se santificaram.
7- É chegada a hora de conhecermos e de darmos mais importância a essa
pessoa fascinante; é chegada a hora de buscarmos nos espelhar mais em seus exemplos e
consequentemente introjetarmos em nossa vida de cristãos a riqueza da espiritualidade
josefina. O ano de São José nos está oferecendo essa oportunidade. Talvez nunca ou muito
pouco ouvimos falar de São José e do seu papel na nossa redenção, na História da salvação.
O seu silêncio, o seu escondimento, a sua modéstia, foram uma constante para a maioria
dos cristãos e continua sendo ainda hoje. Talvez pouco fizemos para reforçar a devoção a
ele entre o povo, salvo exceções. Talvez nem mesmo sabemos que existe uma
“josefologia”, uma teologia de São José que reforçam o conhecimento de sua participação
no plano de Deus como “ministro da nossa salvação” e como “coordenador do nascimento
de Jesus”. Consequentemente em decorrência a isso não sabemos e muito menos vivemos a
Espiritualidade josefina.
8- É verdade que o empenho sobre a devoção a São José algo aconteceu sim; é
verdade que alguns Padres, místicos, fundadores e devotos, se esforçaram em reforçar os
fundamentos de uma teologia josefina, de uma devoção josefina e da Espiritualidade
josefina procurando garimpar alguns dados espalhados na tradição da Igreja. Entretanto,
17

isso foi e é muito pouco, muito tímido ainda visto que a sua pessoa ficou contida na
“problemática da infância de Jesus”, esse espaço que a história registrou com ênfase com
acontecimentos de curiosidade e que foram abundantemente preenchidos por lendas dos
apócrifos, ou seja, por relatos pouco confiáveis.
9- Apesar de tudo, do seu silêncio, do seu escondimento, da sua humildade, do
desconhecimento de sua missão como colaborador na obra da nossa redenção, São José
continua no coração do povo que o admira e presta-lhe culto. Diante disso é sinceridade
afirmar que a devoção a ele, a busca de uma espiritualidade josefina e o referencial de sua
missão no plano da salvação tem uma fundamentação, uma razão de ser que precisamos ter
a paciência de garimpar ao longo dos séculos buscando pérolas escondidas sobre ele ao
longo dos séculos dentro de nossa Igreja.
10- É preciso dizer que o que encontramos sobre ele (sobretudo com os estudos
josefológicos das últimas décadas) é o suficiente para asseguramos a ele o lugar que ocupa
na Igreja e nos nossos corações. O seu silêncio não será obstáculo para não exaltá-lo e não
tê-lo como o nosso mestre espiritual; não tenho dúvida que o seu silêncio, a sua humildade,
o seu escondimento, sejam justamente o fascínio que ele exerce sobre nós, seja nas pessoas
simples, seja nos santos e nos modelos de santidade para nós como Santa Tereza de Ávila,
e mais recentemente São João XXIII, o Papa bom, São Paulo VI, a quem devemos
profundas reflexões josefológicas e São João Paulo II, o Papa que o lançou para a Igreja
com a sua Exortação Apostólica Redemptoris Custos. Por fim, o Papa Francisco que como
grande devoto de São José fez referências dele em várias de suas homilias, colocou a flor
de nardo que na tradição hispânica representa São José, colocou o nome dele nas orações
eucarísticas II, II e IV, escreveu a carta apostólica Patris corde e por fim, proclamou em
2021 o ano de São José para toda a Igreja.
11- Sem a colaboração de São José, o plano da salvação de Deus não se
completaria, pois foi por meio da sua humilde e preciosa colaboração que o plano salvífico
de Deus chegou ao porto seguro. É certo que ele passou pelo evangelho sem pronunciar
uma só palavra, mas o seu silêncio não era de temperamento, mas era um silêncio
preenchido de fé, de amor e tinha razão de ser assim para deixar espaço para a sua esposa e
para deixar que o seu Salvador e seu filho fosse o protagonista. Muito interessante é a
colocação do escritor francês Paul Claudel que teve um fascínio sobretudo pelo silêncio de
São José; ele ao escrever a um seu amigo dizia “O silêncio é o pai da Palavra. Aí em
Nazaré há somente três pessoas, muito pobres, que simplesmente se amam. São aqueles que
irão mudar o rosto da Terra”. Sim são eles, porque simplesmente se amavam e porque
foram exemplo de doação e de fidelidade à vontade de Deus.

2.2 Razões para uma Espiritualidade josefina

1- Viver a Espiritualidade josefina, (isto é fazer uma caminhada espiritual


tendo São José como referência) é se dispor colocar a nossa vida para o crescimento na
santidade espelhada em São José, ou seja, tomá-lo como modelo e exemplo para a nossa
caminhada de busca de santidade. Todos os santos são modelos e exemplos para uma nova
vida cristã, para isso precisamos estar dispostos a imitar as suas virtudes, os seus exemplos
de vida; além de tê-los como os nossos intercessores.
18

2- Buscar uma vida de santidade espelhada na Espiritualidade Josefina vem ao


encontro do desejo do Papa São João Paulo II que ao presentear a Exortação apostólica
Redemptoris Custos (em 1989) aos cristãos, ensejou que pudesse crescer em todos a
devoção ao Patrono da Igreja universal e o amor ao Redentor, que ele serviu de maneira
exemplar. Salientou ainda o seu desejo de que se buscasse um maior conhecimento
daquele a quem Deus “confiou a guarda dos seus tesouros mais preciosos”, ou seja, Jesus e
Maria. O Papa quis que o amor a São José ajudasse ao povo cristão a recorrer a ele não
apenas com maior fervor e consequentemente poder invocar confiadamente o seu
patrocínio, mas também que pudesse ter “sempre diante dos olhos o seu modo humilde e
amadurecido de servir e de participar na economia da salvação”. Tê-lo diante dos olhos
significa olhá-lo como proposta no caminho da santificação e da fidelidade à vontade de
Deus; ora, isso é Espiritualidade josefina.
2- O Papa Francisco em sua carta apostólica Patris Corde (2021) afirma que
devemos buscar em São José a imitação das suas virtudes, amá-lo e servir-se de sua
intercessão; por isso, ele presenteou esse documento à Igreja por ocasião do Ano de São
para que se possa “aumentar o amor por este grande Santo, para nos sentirmos impelidos a
implorar a sua intercessão e para imitarmos as suas virtudes e o seu desvelo”. Isso é, para
que possamos desencadear em nós uma Espiritualidade josefina.
3- Em vista disso, São José tem muito para nos ensinar e contribuir para a
nossa busca de santidade por meio da imitação dos seus exemplos e das suas virtudes, e é
nesse sentido que devemos considerar a Espiritualidade josefina, ou seja, como um
caminho para a nossa santificação. A grandeza de São José nos é dada devido a sua
convivência com Jesus e Maria, e em virtude disso ele torna-se o modelo de vida interior,
de humildade, de escondimento, de obediência, de recolhimento, de união com Deus e de
laboriosidade no serviço aos interesses de Jesus; portanto ele é um grande mestre de vida
espiritual.
4- São José foi o homem de perfeita conformidade à vontade de Deus, homem
do relacionamento íntimo com o Verbo divino, homem de Maria que com ela recebeu
incontáveis graças já que com ela ele teve uma vocação comum, ou seja, a de ser o
colaborador de Deus na obra da salvação e por isso o “coordenador do nascimento de
Jesus” o “ministro da salvação”, o pai do Filho de Deus, o esposo da Mãe de Deus. Devido
a tudo isso ele recebeu uma missão excepcional e consequentemente foi preciso que ele
tivesse uma santidade proporcionada à sua missão, conforme afirma Santo Tomás de
Aquino que Deus concede a graça a cada um conforme a sua missão; “Aqueles que Deus
elege para alguma missão, os prepara e os dispõe de tal maneira para que sejam capazes
desta referida missão”.
5- São José é o homem da benevolência divina, da profundidade interior e ao
mesmo tempo o homem da família, da carpintaria, o educador do Salvador; além disso ele
foi uma referência para as pessoas do seu vilarejo em Nazaré, visto ser um “hasid”. Um
homem todo de Deus que prestou o seu serviço no silêncio e no escondimento, dando valor
a tudo àquilo que é simples, humilde e pequeno.
6- São José tem muito para nos ensinar e portanto, a Espiritualidade Josefina é
riquíssima porque, como afirma o Papa Leão XIII, ninguém como ele se aproximou da
dignidade supereminente da Mãe de Deus. Em vista disso, dentre todos os santos ele é o
19

mais elevado nos céus depois de Maria e dessa maneira tem todos os meios para se tornar o
nosso modelo de santidade. Ele é, como afirma São Bernardo, o servidor fiel e prudente
que o Senhor constituiu como sustentador de Maria, o pai do Redentor e o cooperador
fidelíssimo na terra do grande desígnio da encarnação do Salvador. Missão única e
privilégio único.
7- Por isso, para podermos compreender o que significa a Espiritualidade
josefina é preciso que tenhamos o conhecimento das virtudes ou dos exemplos que são
característicos na vida de São José, pois a espiritualidade é compreendida como a busca
pelo significado da vida interior a partir da ligação e da assimilação dos exemplos vividos
ou ensinados por um modelo referencial para a nossa vida.
8-Podemos definir a espiritualidade como uma propensão na busca de um
significado espiritual para a nossa vida por meio de exemplos que transcendem o nosso dia
a dia nos fazendo conectar com algo maior que nós próprios. Portanto, a espiritualidade
está relacionada com a busca por um sentido e de um propósito para a nossa vida espiritual.
Esse sentido e propósito é um algo maior, ou seja, é o próprio Deus e que se busca cultivar
na vida e, no caso da Espiritualidade josefina, por meio de um estilo josefino vivido por
São José.
9-Para podermos viver bem a Espiritualidade josefina precisamos, como
afirmamos, individuar as virtudes mais características de São José que compõem o
substrato dessa espiritualidade. Antes de tudo precisamos ressaltar que o fato de São José
ser o esposo de Maria e o pai de Jesus faz dele um personagem inigualável em santidade,
devido às singulares graças e os dons celestes com os quais Deus abundantemente o
enriqueceu para o exercício de sua missão; missão única e grandiosa, pois foi aquela de
proteger o Filho de Deus e de guardar a virgindade e a santidade de Maria, assim como
também de cooperar com o plano da salvação. O conteúdo de toda a
santidade de São José está justamente no cumprimento fiel até ao escrúpulo dessa
missão tão grande e tão humilde, tão alta e tão escondida, tão resplandecente e tão
envolvida na escuridão.
10- A sua missão foi, conforme o ensinamento de Paulo VI, “Ter feito de sua
vida um serviço, um sacrifício, ao mistério da encarnação e à missão redentora a qual está
unida; de ter usado da autoridade legal que lhe competia sobre a Sagrada Família, para
tornar-se total dom de si, de sua vida, de seu trabalho; de ter convertido a sua vocação
humana ao amor doméstico na sobre-humana oblação de si, do seu coração e de toda a sua
capacidade no amor colocado a serviço do Messias nascido em sua casa”.
11- Por tamanha importância aos olhos de Deus Paulo VI afirma que “São José
é esta luz que irradia os seus raios benéficos na casa de Deus que é a Igreja; enche-a de
humanas e inefáveis lembranças da vinda no cenário deste mundo do Verbo de Deus feito
homem para nós e como nós, e vivido sob a proteção, a guia e a autoridade do pobre
carpinteiro de Nazaré. José é a luz que ilumina com seu incomparável exemplo aquilo que
caracteriza o santo, dentre todos afortunado por tamanha comunhão de vida com Jesus e
Maria”. Aqui está o fundamento da Espiritualidade josefina.
12- São José, por meio do exercício de sua missão, “é a prova de que para ser
bons e autênticos seguidores de Cristo não são necessárias grandes coisas, mas bastam
virtudes comuns, humanas e simples, contanto que verdadeiras e autênticas”, afirma Paulo
20

VI. Por isso, a Espiritualidade josefina é muito simples como era José, pois “São José fala
pouco, mas vive intensamente, não se esquivando de qualquer responsabilidade que a
vontade de Deus lhe impõe. Ele oferece um exemplo de atraente disponibilidade ao divino
chamado, de calma em cada acontecimento, de plena confiança, atraído para uma vida de fé
e de caridade sobre-humana e do grande meio da oração”, ensina o Papa João XIII.
13- Por isso, a Igreja não cessou e não cessará de confiar a ele a vida espiritual
dos cristãos, “na certeza de que aquele que recebeu a plena confiança de Deus em relação
ao seu predileto Filho, desejará continuar a reproduzir os mesmos sentimentos na sua
Igreja”. Portanto, a espiritualidade de São José proposta pela Igreja é acessível para todos,
porque supõe a grandeza de uma vida cotidiana que, enquanto tal, foi vivida de uma
maneira simples, mas extraordinária.
14- São Bernardo afirma que “O Senhor encontrou José segundo o seu coração e
lhe confiou com plena segurança o mais misterioso e sagrado segredo de seu coração. A ele
revelou a obscuridade e os segredos de sua sabedoria, dando-lhe a conhecer o mistério
desconhecido por todos os príncipes deste mundo”. Ora, se Deus confiou tanto em São José
e o escolheu a dedo, como não o ter como um exemplo para a nossa busca no crescimento
da santidade?
15- A vida de São José foi uma vida imbuída de silêncio denso, de comunhão
profunda com Deus, de laboriosidade, de dedicação aos interesses de Jesus e de uma
poderosa força para o florescimento da mensagem cristã, por isso, não há dúvida de que a
sua figura tem uma renovada atualidade para a Igreja do nosso tempo, como afirmou o
Papa João Paulo II na Exortação Apostólica Redemptoris Custos.
16- Portanto, pela sua importância aos olhos de Deus e pela consideração que
ele teve ao longo dos séculos pelos cristãos e na Igreja, não é suficiente que o coloquemos
simplesmente ao lado de Maria no presépio. Aliás, ali já estão os animais que têm apenas
uma função decorativa e que em nada diminuiriam o mistério da encarnação se não
estivessem. Quanto a São José, a sua função não é decorativa, secundária e sem nenhuma
incidência na realidade do acontecimento do nascimento de Jesus, e, portanto, na
participação do mistério da nossa salvação.
17- O Papa João Paulo II afirma que o lugar de São José no coração de Deus
está no fato que lhe foi confiado o mistério cuja realização esperava tantas gerações, seja as
da estirpe de Davi, seja as de toda a casa de Israel. Ao mesmo tempo, foi-lhe confiado tudo
aquilo de que dependia a realização de tal mistério na história do povo de Deus. Eis porque
São José é um santo importante e atual para nós e a Espiritualidade josefina é atualíssima
para todos os cristãos.
18- Ao vivermos a Espiritualidade josefina vamos nos beneficiar dos seus
exemplos assim como Jesus se beneficiou dos seus exemplos no decorrer dos anos que
conviveu com ele. A respeito disso o Papa Paulo VI afirma que “São José é o tipo do
evangelho que Jesus, depois de ter deixado a pequena oficina de Nazaré e iniciado a missão
de profeta e de mestre, anunciará como programa para a redenção da humanidade”. Isso
significa que o homem “novo” anunciado por Jesus foi se formando aos poucos em sua
mente humana ao longo dos anos transcorridos ao lado de José, correspondendo àquele
modelo concreto que tinha diante de si.
21

19- Na verdade, a contínua presença desse homem sério, honesto, virtuoso não
podia não deixar de influenciar positivamente a pessoa e o comportamento de Jesus. Ora, se
o próprio Jesus, que é Deus cresceu na companhia de José e recebeu os seus cuidados,
quanto mais não poderemos nós crescer no amor na vivência de uma autêntica
Espiritualidade Josefina?
20 - Nesse sentido, a missão de São José foi muito além daquela de um simples
guardião de Jesus (o Papa preferiu optar pelo título “Redemptoris Custos” para ressaltar a
sua missão e também para não impressionar os simples fiéis com um título mais incisivo;
por isso, recorreu a uma expressão mais familiar e já presente no Breviário da Liturgia das
Horas usado na França antes do ano de 1569; expressão esta bastante difundida na piedade
popular). Sua presença não foi limitada a uma assistência puramente externa de Jesus,
destinada a prover-lhe o que lhe era necessário e a defende-lo dos perigos, quase que
tivesse a função de guardar o seu corpo, mas foi uma presença sumamente positiva e
incisiva e necessário, e, portanto, de pai sobre a vida de Jesus.
21- Foi dentro de sua família que Jesus experimentou a sua condição humana
em suas múltiplas facetas. Nela Jesus viveu a sua primeira escola de bondade, de
compreensão recíproca e de humanidade autêntica. Isto foi tão forte na vida de Jesus que
ele, durante o seu ministério público, irá falar sobre a figura do Pai celeste como bom e
misericordioso, ensinando aos discípulos a invocá-lo como Abbá. É evidente que essa
referência estava impregnada pela experiência que teve em sua santa família na
convivência com Maria e José. A sua acolhida alegre das crianças e a sua delicadeza com
as mulheres marginalizadas na sociedade eram reflexos dos sentimentos de carinho e de
respeito por sua mãe e seu pai.
22- A Espiritualidade josefina nos ensina a nos reportarmos à casa de Nazaré;
nessa, como ensina Paulo VI, está “A escola onde nós começamos a compreender a vida de
Jesus, ou seja, a escola do evangelho. Aqui se aprende a observar, a escutar, a meditar, a
penetrar o significado profundo e misterioso da manifestação do Filho de Deus de uma
maneira simples, humilde e bonita. Aqui descobrimos a necessidade de observar o quadro
da sua permanência entre nós: ou seja, os lugares, os tempos, os costumes, a linguagem, os
ritos sagrados, enfim, tudo aquilo do qual Jesus se serviu para se manifestar ao mundo”.
23- Nessa escola o amor de José por Jesus e Maria foi vivido e ensinado sem
reticências e sem reservas; foi marcado por um amor traduzido em generosidade, sacrifício,
serviço, dom de todo o seu próprio ser. O lava-pés que Jesus realizou no cenáculo, como
modelo de serviço, ele o tinha certamente experimentado na casa de Nazaré, onde servir era
a regra áurea, a expressão de obediência que todos os seus membros tinham em relação à
vontade de Deus. A Espiritualidade josefina nos ensina a vivência dos valores em nossos
lares.

2.3 Em que podemos fundamentar as riquezas da


Espiritualidade Josefina?

1- Podemos falar de Espiritualidade josefina quando tomamos os exemplos que


foram vividos por São José no exercício de sua missão e em decorrência disso ressaltar a
sua dignidade que é iluminada pelos exemplos que ele nos oferece. Tanto na dignidade com
22

a qual foi adornado como nas graças e nos privilégios que recebeu de Deus, José superou
todos os santos e os anjos; ele somente não foi superado por sua esposa, a Mãe de Deus.
Em vista disso, ele dirigiu para Cristo toda a sua mente, toda a sua vontade, todas as suas
ações, pois o seu ministério “foi tão íntimo a Jesus que todos os anjos juntos não serviram
familiarmente a Deus quanto José o serviu sozinho”, afirma Isolani.
2- De sua dignidade procedem as suas virtudes que fundamentam a vida cristã
e consequentemente a Espiritualidade josefina. Virtudes estas que podemos distinguir na
afirmação feita pelo evangelho de que José era um homem justo” (Mt 1,19); esta é na
verdade, uma afirmação que condensa a plenitude dos seus dons sobrenaturais, pois a
expressão “justo” significa um homem revestido de todas as virtudes; ou seja, ótimo,
irrepreensível que se apresenta diante de nós no grau de homem perfeito e de modelo de
santidade.
3- Como justo José viveu a fé de maneira perfeita, mesmo porque estava em
íntima união com Jesus e Maria. Viveu em alto grau a sua fé no Deus que se fez homem, na
concepção do menino por Maria por obra do Espírito Santo, na convicção de que Maria,
sua esposa, permaneceu virgem e de que o filho por ela concebido era o Redentor do
mundo ao qual ele próprio devia prestar a sua colaboração servindo-lhe de pai.
4- José viveu a sua fé na vontade de Deus de maneira inabalável apesar da
obscuridade do mistério que lhe foi confiado pelas palavras do anjo, sem hesitar em crer
acerca da concepção virginal de Jesus, acreditando firmemente nessa verdade que lhe foi
revelada por meio de sua simplicidade de coração. Essa obscuridade sobre o nascimento de
Jesus apareceu a ele mais concretamente quando constatou o despojamento e a pobreza em
que nasceu Jesus, não encontrando um lugar para o seu nascimento nem na última das
hospedarias de Belém, simplesmente um nascimento em meio a pobreza sem nada poder
lhe oferecer a não ser o seu amor.
5- A sua confiança em Deus se manifestou por ocasião da perseguição de
Herodes, depois do nascimento de Jesus, em que precisou esconder o menino, fugir para o
Egito onde ninguém o conhecia e onde nem mesmo sabia como poderia ganhar o pão para
sustentar sua família. Aqui está toda a sua confiança na Providência. Sua confiança em
Deus se revelará também quando no templo, quando Simeão lhes dirá “essa criança será
um sinal de contradição”. Aqui ele aceita o mistério da redenção pelo sofrimento.
6- José manifestou a sua confiança em Deus colocando-se ao seu dispor na
fidelidade ao seu chamado; ele podia ter perguntado: Por que Deus me deu o seu filho
único para eu guardar? Por que não a qualquer outro homem? Foi somente pelo desígnio de
Deus que José foi escolhido e preferido desde toda a eternidade. Ele aparece como o mais
humilde de todos os santos, depois de Maria, mais humilde do que qualquer anjo e por isso
mesmo o maior dentre eles. (aquele que dentre vós é o menor, este será o maior Lc 9,48).
“Possuindo o maior tesouro, por graça extraordinária do Pai, José ficou longe de se
vangloriar dos seus dons ou em mostrar suas vantagens, ao contrário, escondeu-se tanto
quanto pode aos olhos dos mortais, alegrando-se especificamente com Deus pelo mistério
que lhe foi revelado e pelas riquezas infinitas que Deus lhe deu para guardar” (Jesus e
Marias), disse Bossuet.
7- São José se nos oferece como modelo de Espiritualidade porque ele fez a
experiência amorosa da presença de Jesus em sua casa todos os dias. Assim, visto que o seu
23

amor paterno não podia não influenciar sobre o amor filial de Jesus e o amor filial de Jesus
não podia não influenciar sobre o amor paterno de José, havia, portanto, uma profundidade
de relacionamento entre ambos; por isso, o vemos como um exemplo luminoso de vida
interior.
8- José nos mostra um exemplo de Espiritualidade porque viveu a virtude da
esperança a qual se fundamenta na onipotência e na misericórdia divina. A sua esperança se
fortaleceu a respeito da redenção que Cristo devia realizar e foi alimentada pelo
progressivo conhecimento que foi adquirindo deste mistério (Redenção). Toda a sua vida
foi transcorrida no abandono e na submissão aos desígnios de Deus, sempre sereno diante
das angústias e empenhado em todas as circunstâncias, seja em Belém, seja na fuga e na
volta do Egito, seja depois em Nazaré, no humilde trabalho de carpinteiro. Ele se
abandonou em Deus e tudo esperou dele.
9- São José nos dá um exemplo de Espiritualidade porque ele viveu o amor
para com Deus não apenas porque teve o seu coração unido a Deus, mas também porque
sempre esteve dedicado a Deus e às coisas divinas e sendo que amar a Deus equivale a
amar ao próximo, e que quanto maior é o amor a Deus tanto maior será o amor para o
próximo, São José amou todas e cada uma das pessoas com grande amor, porque amou a
Deus.
10- São José nos ensina uma Espiritualidade porque viveu a virtude da
prudência tão necessária hoje. A esse respeito o Papa Francisco ao considerar as
características de São José na Patris corde enfoca a coragem criativa de José acompanhada
de toda prudência. José refletiu serenamente sobre o anúncio do anjo e depois agiu com
obediência na execução do plano de Deus. Também na fuga e permanência no Egito,
exercitando a sua missão com prudência na defesa de Jesus. O mesmo aconteceu na perda
de Jesus no Templo, quando com diligência o procurou até encontrá-lo.
11- José nos mostra o exemplo de Espiritualidade porque praticou a justiça
manifestando-a no cumprimento fiel de seus deveres, como humilde trabalhador, sendo um
carpinteiro simples e honrado e assegurando o sustento para Jesus e Maria e sendo um
referencial de homem exemplar como um "Sadiq", portanto, um “homem justo e devoto,
ligado aos mandamentos de Deus”. Para a mentalidade hebraica, "Sadiq" quer dizer aquele
que reconhece o fundamento absoluto da lei e o seu valor moral. De fato, um homem
religioso, que vive um relacionamento pessoal com Deus, é um "hassid", ou seja, um
homem fiel, que, enquanto educa levando o povo por meio da irradiação de sua presença,
da sua integridade e do seu caminho, se torna um "sadiq”, um fiel que, através da eficácia
de sua obra, ilumina o povo no caminho da fidelidade e do amor.
12- São José nos mostra uma Espiritualidade porque ele viveu a virtude da
fortaleza, a qual significa a firmeza no bem que o fez superar os obstáculos. Ele foi forte
diante dos desafios da sua vocação; por isso, nós o vemos bater de porta em porta, pedindo
hospitalidade, em Belém, para a sua esposa e para Jesus. Nós o vemos intrépido diante dos
desafios da fuga e da permanência no Egito.
13- São José nos mostra o exemplo da Espiritualidade porque viveu a virtude da
temperança testemunhado uma vida simples e pobre, embora a virtude que Santo Tomás
mais destaca em São José é sua obediência, que é antes de tudo expressão do
24

reconhecimento por parte dele da maternidade divina de sua esposa; a sua incondicional
obediência expressa no serviço que ele desempenhou no mistério da encarnação.
14- Não menos expressiva se apresenta na escola da Espiritualidade josefina a
virtude da humildade, bastam para ilustrar esse fato as palavras de Paulo VI: “O que de
mais humilde, de mais simples, de mais silencioso, de mais escondido nos poderia oferecer
o Evangelho a ser colocado ao lado de Maria e Jesus? A figura de José é precisamente
descrita nos traços de modéstia como o mais popular, o mais comum, o mais, pode-se dizer
usando o critério de valores humanos, insignificante, uma vez que não achamos nele
nenhum sinal que pode nos dar conta de sua magnitude e da extraordinária missão que a
Providência lhe confiou, e que forma, com razão, o tema de muitas considerações, aliás, de
muitos panegíricos em sua honra”.
15- “Olhando para ele no espelho da história do evangelho, José nos é
apresentado com os traços mais salientes de extrema humildade; um trabalhador modesto e
pobre, obscuro, pequeno, primitivo operário que nada tem de especial, que não deixa no
evangelho nenhuma palavra sua. Nenhuma palavra sua nos é lembrada; fala-se apenas de
seu comportamento, de sua conduta, do que ele fez, e tudo em silencioso escondimento e
em perfeita obediência”. Por isso Paulo VI ensina que para ser cristão não precisa fazer
coisas grandiosas, mas coisas simples, pequenas mas carregadas de significado como fez
São José.
16- A dimensão do silêncio é marcante na Espiritualidade Josefina; de fato, o
Papa Bento XVI ensina que o silêncio de São José é “permeado de contemplação do
mistério de Deus, em atitude de total disponibilidade à vontade divina. Em outras palavras,
o silêncio de São José não manifesta um vazio interior, mas, ao contrário, na plenitude de
fé que ele traz no coração e que orienta cada pensamento seu e cada uma das suas ações.
Um silêncio graças ao qual ele em comunhão com Maria, conserva a Palavra de Deus,
conhecida por meio das Sagradas Escrituras, confrontando-a continuamente com os
acontecimentos da vida de Jesus; um silêncio tecido de oração, de bênção do Senhor, de
adoração da sua vontade e de confiança sem reservas na sua Providência...”.
17- Por fim, aproveitando o ano de São José e a carta apostólica Patris Corde do
Papa Francisco, lembremos alguns aspectos muito bonitos que o Papa nos ensina sobre
algumas outras virtudes características vivenciadas por São José no seu ministério paterno.
São sete características e todas elas iluminam a riqueza da espiritualidade josefina. Por
questão de tempo, lembro apenas três delas:
18- a)- São José Pai na ternura: O Papa afirma que Jesus experimentou a ternura
de Deus graças a São José que o acompanhou no caminho do crescimento “em sabedoria,
em estatura e em graça, diante de Deus e dos homens” (Lc 2, 52), que “ensinou Jesus a
andar, segurando-o pela mão e era para ele como o pai que levanta o filho e o coloca
junto ao seu rosto”. Esta mesma atitude amorosa para com Jesus, José manifestou para
com a sua esposa Maria; basta pensar quando ele tomou conhecimento de sua gravidez
quando ela era apenas sua noiva e ainda não tinham celebrado o casamento.
19- O exemplo de ternura de São José enriquece muito a Espiritualidade josefina
porque este deve fazer com que o Jesus que seguimos continue agindo por meio de nós
como José que abraçava, tocava, afagava, beijava, alimentava Jesus; nos ajuda a termos
uma atitude a fim de podermos curar os corações feridos, animar os desanimados e os
25

desesperançosos com a ternura de Deus, como viveu São José. Ele, homem forte e
trabalhador, deixou sobressair de seu íntimo uma grande ternura que denota o seu profundo
amor. Assim, a Espiritualidade josefina nos mostra que não devemos ter medo da ternura a
qual se fez presente na vida do nosso modelo e protetor por meio de seu serviço humilde e
concreto, e como ele, devemos abrir os braços para os nossos irmãos e acolher com afeto e
ternura cada pessoa que nos é confiada em nosso caminho, especialmente os mais pobres,
doentes, fracos e pequeninos, pois uma das características do cristão é ser manifestação da
misericórdia, da bondade, da ternura de Deus, particularmente aos mais necessitados. Por
isso, o Papa ensina que no nosso mundo de hoje há a necessidade de uma “revolução da
ternura”.
20- b)- O Papa nos ensina também que São José é pai no acolhimento, pois ao
acolher Maria grávida em sua casa ele a trouxe para mais perto de si, compreendeu a sua
situação e embora sabendo que ela era a Mãe de Deus, tinha consciência de que ela tinha
algo em comum com ele, ou seja, a sua humanidade. São José não a deixou sozinha, mas
acolheu-a e a respeitou na sua individualidade e missão, e muito embora os evangelhos não
nos relatem, ele soube escutar o que ela tinha a lhe dizer e soube guardar o segredo de sua
maternidade divina em seu coração. A vivência da Espiritualidade josefina nos mostra que
atitude de São José ilumina o empenho que podemos ter com nossa acolhida aos irmãos e
irmãs fazendo com que eles se sintam bem em estar conosco, em conversar conosco e vice-
versa. A nossa acolhida aos irmãos e irmãs nos ajudará a ver neles a imagem e semelhança
de Deus, ou como quer Jesus, nos faz ver e acolher o próprio Deus neles. A nossa acolhida
fará com que as pessoas se tornem mais felizes se as consideramos importantes, por isso,
qualquer pessoa que recebermos em nossas casas deveria receber a mesma consideração
que daríamos se recebêssemos um Presidente da República ou o Papa. Essa será uma
dimensão riquíssima da Espiritualidade Josefina.
21- c)- Outra característica bonita do exercício do ministério paternal de José
descrita pelo Papa é que ele é o Pai na sombra; ele foi a sombra do Pai na vida de Jesus
com o exercício de sua paternidade e ao mesmo tempo deixou que a sombra fosse projetada
sobre si mesmo. Decorre daqui a ênfase na virtude da sua humildade, do seu escondimento,
do seu silêncio. Tudo nele falava de Deus e nada nele falava de si mesmo. Toda a sua vida
foi envolvida em escondimento, numa vida oculta, mas numa vida oculta que tinha a sua
subsistência na vida interior pelo fato de que estava quotidianamente em contacto com o
mistério "escondido desde todos os séculos", que "estabeleceu a sua morada" sob o teto da
sua casa. Como sombra do Pai para Jesus, ele nunca se colocou a si mesmo no centro;
soube descentralizar-se, colocar Maria e Jesus no centro da sua vida”.
22- O mundo precisa de pessoas e sobretudo de pais assim, que saibam se doar,
que rejeitam a dominação e o autoritarismo, pois toda a verdadeira vocação é doação e
“mesmo no sacerdócio e na vida consagrada, se requer este gênero de maturidade. Quando
uma vocação matrimonial, celibatária ou virginal não chega à maturação do dom de si
mesmo, detendo-se apenas na lógica do sacrifício, então, em vez de significar a beleza e a
alegria do amor, corre o risco de exprimir infelicidade, tristeza e frustração”, afirma o Papa.
23- Concluo afirmando que a Espiritualidade josefina é possível para todos e por
isso o Papa Leão XIII aponta São José como modelo dos diversos estados de vida do povo
cristão: “Em José os pais de família têm o mais sublime modelo de paterna vigilância e
26

providência; os casados um perfeito exemplar de amor, concórdia e de fidelidade conjugal;


os virgens um exemplo e defensor da integridade virginal. Os nobres aprendem dele a
conservar também na fortuna a sua dignidade, e os ricos compreendam quais são os bens
que são necessários desejar”.
27

3. MESA REDONDA
Frei César Cardoso, OCD.
Estela da Paz, OCDS.

Temas desenvolvidos:

1. O silêncio de S. José: (20 minutos)

A) na oração e escuta
B) silencio e ação
C) silêncio e caridade

2. O Patrocínio de São José (o que diz o documento dos dois padres gerais)?
(15 minutos)

3. O devocionário de São José (15 min)


28

3.1 O silêncio de São José


Frei César Cardoso, OCD.
I Congresso Interprovincial OCD e OCDS

3.1.1. Silêncio e escuta em São José

A vida de José e Maria somente pode ser lida pela sua relação com Deus, que os
chama, os prepara, os orienta, os enche da sua graça e lhes conforta. Um casal que vive e
age em contínuo desejo de não fazer nada que não seja a santa vontade de Deus, e para isso,
ambos vivem naquela atenção interior, em atitude de escuta constante, com os sentidos
abertos e prontos a captar os mínimos sinais do Senhor, para nada que lhes escape, para que
as respostas sejam acertadas, as escolhas justas, as atitudes santas. Qual a importância e o
lugar do silêncio nas relações entre São José e Deus?

A primeira grande realidade que devemos ter em conta é que Deus se comunica,
Deus nos fala continuamente, e sua palavra é ouvida no silêncio. Diz o livro da Sabedoria,
cap. 18, v.14: “Quando um silêncio profundo envolvia todas as coisas e a noite mediava o
seu rápido percurso, tua Palavra onipotente lançou-se.”

O silêncio interior é a porta por onde a voz de Deus pode ecoar e ser ouvida, sem
obstáculos, sem desvio algum. Em São José e em Maria o Senhor operou aquilo que fora
missão do Batista: de preparar os caminhos do Senhor, aplainar as veredas, encher os vales
e rebaixar os montes. Aquelas almas santas eram o receptáculo ideal onde vibrava o sopro
silencioso de Deus.

Vejamos como é eloquente o silêncio de José no reencontro dele e de Maria com o


Menino Jesus no templo de Jerusalém, depois daqueles angustiosos três dias à sua procura,
desde que perceberam o seu “desaparecimento” na caravana que iniciava o seu retorno para
casa.

Maria, naquele reencontro, chama a atenção do Menino Jesus. Ele impôs aos seus
pais um trabalho, uma angústia, uma preocupação que poderia ter sido evitada. Porque não
lhes disse nada, porque não deixou um recado, porque não lhes preparou para algo que
parece ter sido premeditado? Certamente, com quem já acostumado às surpresas de Deus,
Jesus poderia estar tranquilo quanto ao entendimento para o qual os encaminharia,
forçando-os a procurá-lo por três dias, como o número dos dias até sua ressurreição,
número perfeito, indicativo da totalidade, até compreenderem bem, vendo-o no Templo,
habitação de Deus, que Ele é sim, como disse o anjo, Deus conosco, Deus entre nós. Tenho
a tentação de ver neste episódio uma alusão da Palavra àqueles momentos cruciais na nossa
vida, como a adolescência e a juventude, em que sentimos a necessidade imperiosa do
verdadeiro momento de corte do cordão umbilical, em que temos que dar o passo difícil,
mas importante de seguir nossos caminhos, procurando outras seguranças que não o colo de
nossos pais. No caso de Nosso Senhor, o episódio é figura daquele dia em que Ele deverá
29

seguir o caminho que o Pai lhe indica, ainda que tal estrada vá desassossegar o coração de
sua mãe. Fazer a Vontade Santa do seu Pai do Céu, é o caminho que Ele, seus pais terrenos,
e todas as pessoas devem seguir. Todos devemos nos mover por meio desta única luz: a
vontade de Deus que chama cada um de nós a realizar pessoal destino que Ele mesmo nos
aponta. A mensagem mais importante daquele episódio é esta. Devemos fazer a vontade do
nosso Pai.

Quando Nossa Senhora fala e desabafa, num dos raros momentos do Evangelho
em que vemos A Virgem Maria um pouco alterada, dominada e movida pela
responsabilidade materna sobre o Menino, diante dos tantos riscos para ele mesmo que o
seu desaparecimento poderia trazer-lhe e que povoaram a mente da mãe, e isso durante três
dias intermináveis, em que cada hora acentuava nos pais o cansaço, pelas poucas horas de
sono instável, pelas muitas horas de infrutífera busca... Quando Maria finalmente encontra
seu Filho, ali mesmo, diante de todos, lhe comunica os sentimentos aflorados de aflição e
angústia que ele lhes impôs. Maria provoca a consciência de Jesus ao perguntar-lhe –
porque nos fizeste isto? – esperando que ele assuma a própria culpa e se desculpe por ter
colocado seus pais numa situação constrangedora, podendo ser apontados como negligentes
por terem-no se perdido dele, mas que, na verdade, agiram daquela forma tranquila porque
confiavam tanto nele, de modo a jamais nem sonharem ser possível que ele fosse capaz de
fazer o que fez.

Em todo o momento José coloca-se em silêncio, vendo e escutando Maria que fala
com Jesus. Ela fala também em seu nome. Coloca-o em primeiro lugar, quando diz: “teu
pai e eu andávamos à tua procura”, manifestando o papel de José no seio da família, o
respeito que Maria lhe tinha, o reconhecimento de seu lugar, mas que, na prática, era ela,
como mãe, que era levada a tomar a iniciativa de expressar-se, já conhecedora do
temperamento silencioso de seu esposo.

De fato, José, como em todas as passagens referentes a ele nos Evangelhos, está
ali, assistindo a tudo, em silêncio. O que se passava em sua mente? José era um homem de
Deus, e como tal via e vivia todas as coisas com um coração dilatado que se adiantava, que
lhe abria vias para além do ponto em que se encontrava, tal é a atitude de quem está
mergulhado na graça divina. Certamente José está ansioso por ouvir as razões do filho
como resposta à pergunta da Santíssima Mãe. Quer ouvir algo que lhe confirme o que, no
fundo do seu coração, ele já sentia. Ou seja, de que em Deus está a razão, a última razão
das atitudes de seu Filho. São José é o homem da confiança extremada. Aquela confiança
que surge mais forte e se antecipa principalmente quando estamos envoltos em dificuldades
tão grandes que apenas as razões humanas não são suficientes para nos consolar. José tem
um olhar para além do horizonte, para além daquilo que nossos olhos podem ver, para além
do material e terreno, do concreto e mensurável. Um verdadeiro olhar de fé. Não
deveríamos também nós deixarmo-nos transportar por esta confiança, pela amplidão da fé,
especialmente nestes tempos em que vivemos, e confiar de que, as tragédias podem trazer
dentro de si possibilidades de renovação, de apelos divinos, de vida renovada? Deus tem
poder para tirar o bem do mal que nos alcança e no qual nos envolve. O trágico momento
30

pode, sim, ser um kairós, um momento de graça. José confia que Deus tem razões que ele
mesmo desconhece. Foi a atitude que viveu quando, lá atrás, ficou sabendo da gravidez de
sua esposa. Jamais passou pela sua mente pensar qualquer coisa que pudesse fazê-lo
desconfiar da honestidade de Maria. Deus a envolveu nos seus planos, e o que ele tinha que
fazer era respeitar a sua Vontade imperiosa e santa, retirando-se em segredo... Até que o
anjo lhe comunica que ele fora envolvido também, no mesmo mistério. José sabe que seu
menino terá razões de sobra para não decepcioná-lo jamais, a ele e a Maria que são
extremamente bons, responsáveis, amáveis e justos. E é o que advém, conforme
desconfiava confiando: “Não sabíeis – lhes disse Jesus – que vim para fazer a vontade do
Pai?” Era a resposta que fez com Maria guardasse todas estas coisas no seu coração, com
que José ficasse satisfeito, com aquele sorriso suave no rosto e os olhos brilhantes e
bondosos, afirmando com a cabeça o que ele já trazia no interior de seu coração, abraçando
com sua mão a cabeça de Jesus e o levando, feliz, de volta de Nazaré.
Deus nos fala e cabe a nós aprender a escutá-Lo. Aprendamos de Maria e José a
estar à escuta do Senhor, sempre. O silêncio, interior e exterior, é de grande valia, ajuda
muito, principalmente quando acompanhado de algumas qualidades, tão presentes na
constituição espiritual e humana dos pais do Senhor Jesus. Ei-las:

a) Em primeiro lugar um coração bom, cheio de bondade. José era um homem


mais que justo. José era um homem bom, sem maldade, sem malícia, sem segundas
intenções, sem desconfianças, e que assumiu o cuidado de Maria e Jesus acima de qualquer
coisa, porque isso lhe pedira Deus.

b) Em segundo lugar o silêncio orante de José forjou-lhe um coração aberto às


novidades de Deus, capaz de se colocar diante de cada desafio com aquela capacidade de
enfrentar o que tiver de ser enfrentado a cada momento: vai para Belém; enfrenta a falta de
abrigo; foge para o Egito, sem nem ter tempo de preparar-se; fica lá; vai para Nazaré. Nada
do que Deus lhe pediu tinha sido previsto.

c) Em terceiro lugar é preciso ter um coração disposto em servir e obedecer a


Deus. José aprendeu isso de pequeno. Certamente isto cresceu nele por quanto aprendeu de
Maria, a serva do Senhor. Santa Teresa dizia que o pedido mais difícil que fazemos na
oração do Pai Nosso é aquele em que dizemos “seja feita a sua vontade assim na terra como
no céu”. Dizer isso é deixar Deus tomar a dianteira, estabelecer os prazos e exigir de mim
os sacrifícios que quiser.

d) Em quarto lugar é importante ter um coração que busque constantemente a


verdade, sem as rédeas dos interesses pessoais que distorcem as coisas e que podem
orientar-nos a buscar somente as razões que corroboram minhas posições já definidas. Nem
em José, nem em Maria é possível ver reclamando pelas coisas que lhes tenham faltado,
batendo o pé por algum direito que achavam que lhes convinham, à espera passiva de
milagres...
31

e) Em quinto lugar está a necessidade de se ter um espírito orante. José e Maria


eram pessoas dispostas a não largar jamais a mão de Deus, a quem continuamente temiam,
louvavam, clamavam, ouviam e obedeciam, porque o amavam.

f) Por fim, o silêncio orante nos permite de alcançar aquela sabedoria divina
que nos dá a graça do discernimento, tão necessário para poder distinguir a voz de Deus
entre as vozes do mundo. Maria e José não se preocupavam tanto com o que falavam ou
poderiam falar deles ou do seu filho. E certamente o falatório não deve ter sido pouco, nas
grandes ocasiões, especialmente nos momentos mais difíceis, como nos últimos meses da
vida do Senhor. José e Maria eram felizes por serem fiéis, constantes, firmes, virtudes tão
caras ao Senhor e raras ao mundo.

Buscando estas coisas boas, o nosso coração se assemelhará aos corações de Maria
e José, que de tão bons, abertos, acolhedores, obedientes, silenciosos, orantes e sábios,
fizeram-se tão unidos ao seu Senhor, fazendo com que o querer Dele se sobrepusesse aos
seus, em tudo e sempre. Que assim seja para nós também.

3.1.2. Silêncio e ação

Em Deus, ação e palavra coincidem. A palavra de Deus é eficaz: Deus fala e o que
diz se realiza, basta dizer que a obra se dá. É o quanto nos revela o texto da criação no livro
do Gênesis: "Deus disse: “Faça-se a luz!”. E a luz foi feita." "Deus disse: “Faça-se um
firmamento entre as águas, e separe ele umas das outras”. E assim se fez. "Deus disse:
“Produza a terra plantas, ervas que contenham semente e árvores frutíferas. E assim foi
feito. A cada expressão “Deus disse”, sucede um “e assim se fez”. Não há intervalo entre o
dizer e o operar em Deus, quando se trata da criação.
Em nós nem sempre é assim. Temos a inspiração da palavra que me diz: faça isso,
deixe de fazer aquilo, caminhe por esta estrada, tome aquele caminho... e em grande parte
das vezes eu deixo para amanhã ou para nunca, o que um dia, em pensamento, o Espírito
me pedia. Claro que nós somos feitos diferentes e cada um de nós tem uma disposição
diversa para realizar as coisas. Uns são mais lentos, outros mais ousados e dispostos. Uns
são mais medrosos, outros mais corajosos. Uns arriscam mais, outros são prudentes demais.
Eu, por exemplo, para levantar-me de manhã, a fim de chegar à hora da oração em meu
convento, devo colocar o celular para despertar meia hora antes do horário certo para
levantar-me, e, neste tempo, vou adiando o despertador. Isto é o de menos. Cada um deve
exercitar-se segundo suas deficiências ou adaptar-se segundo suas carências. Mas quando
está em jogo a salvação de minha alma, é importante decisões mais firmes e uma
colaboração mais empenhada com a graça de Deus que não nos falta. Quantas vezes
colocamos mil condições para realizar o que Deus me pede? Ou buscamos mil razões para
justificar uma ação condenável.
Num esquema célebre de Santa Teresa, na sua obra carismática denominada
“Caminho de perfeição”, ela elenca três virtudes necessárias para quem quer trilhar o caminho
de oração: o desapego, a humildade e o amor fraterno. Alguns capítulos adiante, porém, ela
como que acrescenta uma outra virtude fundamental que ela chama de “determinada
32

determinação”, ou seja, aquela afirmação da vontade, firme e decidida, a prosseguir, custe o


que custar, a prosseguir sem desanimar, a não voltar atrás. Amar e agir, sempre que a ocasião
se apresentar, sem muito pensar, porque a oração não consiste em pensar muito, mas em
muito amar e, quem ama, age.
O silêncio orante de José, a escuta atenta, a disposição em obedecer sem colocar
obstáculos desemboca na ação imediata, é o quanto vemos nos momentos do Evangelho em
que Deus lhe fala nos sonhos. Os quatro episódios se encontram no Evangelho de São
Mateus:
• Primeiro sonho: em Mateus 1,20-21 o anjo pede a José que não tenha medo
de desposar Maria.
• Segundo sonho: em Mateus 2,13 José é alertado para que deixe Belém e fuja
para o Egito com a sua família.
• Terceiro sonho: em Mateus 2,19-20 ainda no Egito, José recebe a notícia de
que Herodes morreu e que é seguro retornar.
• Quarto sonho: em Mateus 2,21 é avisado para ir para a Nazaré na Galileia.
Em ambas passagens, o Evangelista nos diz que José, ao despertar, fez como o anjo
lhe dissera. Ouve no silêncio e no silêncio coloca imediatamente em prática o que ouviu. Ora,
uma coisa é ter feito o discernimento e saber o que se deve fazer... outra é agir. O que
acontece conosco? Quantas inspirações, quantos pensamentos bons, quantos propósitos
bonitos, mas quantos obstáculos se interpõem à nossa frente dificultando nossa ação. Posso
elencar alguns: ,a preguiça, o medo, o comodismo, a letargia, o apego, o respeito humano, a
falta de confiança, etc.
Olhemos para Maria, nossa mãe: ela não pensa duas vezes para correr apressada à
casa de Isabel; ela não se nega a interceder em favor dos noivos em Caná e não desiste ao
escutar de Jesus que sua hora não havia chegado; ela contra tudo e contra todos para estar com
seu filho em sua paixão e não se intimida em estar com os discípulos na hora mais difícil. E
José? O bom homem escuta, entende sem compreender, e age imediatamente. Acorda do sono
e faz como lhe foi dito. Aceita Maria, sem pedir-lhe nenhuma explicação; não retruca; não
contesta; age simplesmente. Quando do nascimento do menino não se desespera, apesar do
aperto que passa; a responsabilidade de encontrar um lugar é dele; certamente fica desolado
em ter conseguido somente aquele estábulo onde instalar-se com Maria grávida; mas para
quem consegue ver para além das realidades, consegue perceber a ação de Deus, age
conforme aquilo que é disposto, dentro dos limites que lhe são impostos, certo de estar
fazendo a coisa certa, como foi. O nascimento de Jesus naquela situação é um dos mais belos
e perfeitos momentos da manifestação de Deus que se despe de si para entrar na vida humana
no profundo silêncio e no esvaziamento mais abissal.
Portanto, o que podemos dizer? O silêncio não só nos ajuda a fazer as escolhas
certas e colocá-las em prática: mas é virtude para se fazer as coisas por convicção, sem outro
motivo de vanglória. São José e Maria não só silenciam-se para agir, mas agem no silêncio.
AGIR NO SILÊNCIO... Como isto é importante. Não nos ensina o Salvador a não tocar a
trombeta quando se der a esmola? Não foi ele também que nos orientou a entrar no segredo
do nosso quarto e aí orar, porque o Pai nos dará a recompensa? Ah, que grande vitória a nossa
quando chegarmos a fazer as coisas boas, as boas ações sem que sintamos a necessidade de
dar a elas publicidade. Basta que Deus veja o meu esforço. Vitória maior é o que nos indica
33

Santa Teresinha do Menino Jesus. Certa vez ela disse que se Jesus estivesse distraído e não
percebeu quando ela fazia escondidamente os tantos e pequenos sacrifícios, só para Ele, ao
saber disso ela os faria mesmo assim, porque os fez por amor a Ele e não para receber dele
qualquer coisa.
Já lhe aconteceu de você ter feito algo belo e ninguém aplaudiu? De não ter
recebido algum elogio por uma ação nobre? Já aconteceu com você de não ter tido uma
palavra sequer de gratidão por algo de bom feito a alguém? Já lhe aconteceu de ter
realizado um ato heroico e ninguém notou? De não ter sido valorizado por algo que fez?
As pessoas podem sofrer de falta de educação, mas se você, diante de tudo isto, não
cultivou rancores, não alimentou vinganças e não desistiu de continuar fazendo o bem,
você alcançou a virtude, você é de fato um com o Cristo, filho de Maria, filho de José.
São os políticos que têm o dever de dar satisfação aos seus eleitores e fazerem
propaganda dos seus feitos, mesmo que escondam os atos que possam destruir suas
imagens. Mas na vida pessoal e espiritual dos cristãos, não cabe publicidade sobre seus
atos. O silêncio é demonstração de fé: basta que Deus o saiba.
Concluo esta simples meditação sobre o silêncio e a ação em São José chamando a
atenção para uma tendência muito comum entre nós. A tendência de se falar muito e agir
pouco. Todos nós conhecemos o ditado popular que diz: “carroça vazia faz muito barulho”.
Em geral são faladores contumazes os charlatães, os enganadores, os mentirosos e os
hipócritas. São aqueles que muito falam, mas seus atos contradizem suas palavras. São José é
o homem da ação. Pelo seu silêncio e pelo seu agir, aprendemos a valorizar o que de fato
interessa: as atitudes, os gestos, a ação. A palavra tem o seu valor, ela é fundamental, mas o
que conta no fim é o modo concreto de vida que levamos. Como dizia o Padre Vieira: ”para
falar ao vento bastam palavras, para falar ao coração são necessárias obras”. Numa carta
escrita às monjas carmelitas de Beas, na Espanha, São João da Cruz se desculpava por ter
deixado passar muito tempo sem enviar-lhes alguma missiva. Mas justificou-se dizendo que,
na verdade, elas já sabiam o suficiente sobre o que era importante saber e, portanto, não
haveria necessidade de lhes falar mais. E concluiu o santo místico: o que importa agora é calar
e obrar. Que a admirável Mãe do Carmo e o glorioso São José, nossos patronos, Que a
admirável Mãe do Carmo e o glorioso São José, nossos patronos, em quem tão perfeitamente
coincidiam a palavra e ação, a ação e a contemplação, nos auxiliem para sermos menos
falantes e mais práticos.
34

3.1.3 Silêncio e caridade (caridade silenciosa)

Nossa Senhora e São José são todos amores. Apaixonados por Deus, apaixonados
um pelo outro, amantes do povo, apaixonados por Jesus, Maria e José viveram a caridade
em sua perfeição. Por terem seus corações inflamados, viveram as particularidades de um
amor encandecido como o despojamento de seus desejos pessoais para assumirem em sua
vida a sublime missão de gerarem o Santíssimo Filho de Deus e de darem a ele uma
família.
Ambos conheciam muito bem o preceito de Moisés: “Amarás o Senhor teu Deus
com todo o teu coração, com toda a tua alma e com todas as tuas forças” (Dt 6,5); as palavras
de Abraão a Ló: “Não haja discórdia entre mim e ti, entre os meus descendentes e os teus,
porque nós somos irmãos” (Gn. 13,8) e a prescrição da lei que diz: “quando vires o jumento
do teu inimigo tombar sob o fardo, não o abandones a si mesmo, mas vai ajudá-lo” (Ex. 23,5).
A estes mandamentos São José aderiu com prontidão e com constância, reconhecendo neles a
sabedoria e a bondade do Senhor. Por dezenas de anos esteve junto a Jesus, a Caridade por
essência e ao lado de Maria, a mais caridosa das criaturas. O amor que os animava não era
esporádico, colocado em ato de quando em quando, mas um hábito, por quanto eram
continuamente unidos a Deus e incapazes de não pensar nem querer jamais a mínima coisa
que pudesse contrastar o amor divino, no trato com as pessoas e nas vivências quotidianas.
José e Maria amavam com toda a capacidade de seus corações, sabendo-se amados
por Deus e pelo Cristo, ocupados a demonstrar com suas ações, o seu amor por todos e para
sempre, preocupados somente de não amar o bastante e solícitos em salvar e conservar o
Redentor para todos. Os esposos de Nazaré vivem de amor e não é demais supor que ao
pregar o mandamento novo aos seus discípulos, Jesus não tivesse sempre em mente as figuras
de seus pais, que tudo davam de si, sem cálculos de egoísmo, com o desejo de ver nas pessoas
com quem convivem o sorriso e a tranquilidade.
São José foi um homem que amou profundamente sua esposa e seu Filho adotivo.
Tanto que dedicou a sua vida completamente a eles. Sem nenhuma reserva e sem nenhum
medo. Viveu a caridade olhando para as necessidades da Virgem Maria, de Jesus e
daqueles que estavam ao seu lado.
Santo Inácio de Loyola diz que o amor se manifesta nas obras e não nas palavras, e
São José é o amor posto em prática. Um amor demonstrado em pequenos gestos.
Ó glorioso São José, em todas as virtudes és grande, mas no amor de Jesus Cristo
és incomparável, ultrapassado somente pela Virgem Maria.
Santo Henrique de Ossó e Cervelló, fundador espanhol, devotíssimo de Santa
Teresa, dizia que “José tirava do coração de Jesus a caridade para com os homens e a
derramava sobre todos aqueles que dele se aproximavam.” Foi por amor que fizeste pai para
com Jesus, que foste esposo da Virgem, por amor trabalhaste como carpinteiro, por amor e
com amor foste bom e fiel. Aplica-se-lhe muito bem as palavras do Gênesis: “tudo o que fez o
fez muito bem, porque tudo foi feito por amor.” Só o trato e a comunicação familiar e caseira
com Jesus e Maria por tantos anos, os beijos, os abraços, as carícias do Menino Jesus,
produziam tais incêndios de caridade naquele coração puro, sensível e amoroso e bem
disposto, que não se pode explicar. Depois do abraço infinito entre o eterno Pai e o Filho, do
qual procede o infinito amor que é o Espírito Santo, entre todos os princípios de amor,
35

nenhum foi mais eficaz que os abraços amorosos que Jesus dava a Maria e a José. Nenhum
dos homens nascidos foi mais semelhante a Cristo que S. José, nos costumes e condições e no
ter padecido trabalhos pelo seu Senhor. Deu-lhe o eterno Pai, a quem representou na terra, um
coração de pai para com seu filho, o mais formoso dos filos dos homens, e estes foram os
motivos sobre-humanos que incendiavam e aquilatavam ainda mais o amor de São José ao seu
Deus.
Os dois discípulos de Emaús, comenta Santo Afonso, sentiam-se abrasados de amor
divino nos poucos momentos que acompanharam o Salvador e ouviram a sua palavra: Não é
verdade, diziam eles entre si, que nosso coração ardia dentro de nós, enquanto Ele nos falava
pelo caminho? (Luc. 24, 32). Que devemos nós pensar das chamas de santa caridade que se
desenvolveram no coração de São José, durante os trinta anos que Ele passou na companhia
do Filho de Deus, escutando os planos de vida eterna que saíam da sua boca, observando os
exemplos perfeitos da humildade, paciência e obediência que Ele dava, mostrando-se tão
pronto em ajudá-lo em seus trabalhos e servi-lo em tudo na casa? Ó santa intimidade de amor
mais abrasado que o dos Serafins! Se os santos favorecidos de visões divinas se abrasaram de
um tão vivo amor, a ponto de quase morrerem nos ardores da caridade num rápido êxtase, que
diríamos de São José na intimidade de Jesus durante trinta anos! Ó amor de Pai, amor ardente
e pronto, fiel até os maiores sacrifícios! Como Jesus o amava! Ele amava ardentemente a
Jesus! Nenhum espírito celeste, diz São Cipriano, teve a ousadia de chamar a Deus: Meu
Filho! Simeão exultou de alegria e entoou o seu Nunc dimittis, porque viu e tomou nos braços
um instante o Salvador do mundo! Que diremos da honra, do amor e da felicidade de São José
por viver na intimidade de Pai com Jesus? João, o discípulo amado, teve a honra de recostar a
cabeça sobre o peito de Jesus e se abrasou de amor. Foi o Apóstolo da caridade. E José? O
próprio Deus, o Rei dos Serafins recostou-se e adormeceu sobre o coração de seu Pai
Adotivo!
Santo Epifânio louva aquela ventura de José de Arimateia por ter recebido o corpo
de Jesus na descida da cruz. E São José não O teve nos braços, vivo e palpitante de amor?
Não encontramos no Evangelho quem, depois de Maria, tenha merecido a honra de uma
intimidade tão grande com o Filho de Deus. Quem, pois, haveria de amar a Jesus e ser amado
pelo Ele mais que São José?
Se São José era o homem silencioso, certamente também no silêncio praticou a
caridade. Quantas vezes não terá socorrido seus conhecidos em suas necessidades e os
edificado com sua paciência e mansidão? Com quanta prontidão não terá perdoado as ofensas
recebidas, e evitado de responder com aspereza os que lhe causaram algum infortúnio. Pelo
contrário. Contam, as piedosas estórias cristãs, que ele teria oferecido um jantar improvisado
aos pastores e aos magos que foram ver o menino nos dias de seu nascimento.
O certo é que muitas lições podemos tomar para nós, olhando para São José, sobre a
importância da mansidão que se expressa também no silêncio nas nossas relações pessoais. Se
São José é movido pelo amor, seu amor é tanto mais doce e eficaz, quanto mais praticado no
silêncio. De fato, o silêncio de São José dá segurança à família de Nazaré e gera confiança,
pois ele sabe sempre o que fazer, sem que sinta necessidade de ficar resmungando o tempo
todo, sem julgamentos precipitados, sem reclamações. Como é importante aprendermos a
silenciar nas nossas relações. Penso que o tempo, neste sentido, é um grande mestre. Com o
tempo, de fato, vamos aprendendo a reter nossas palavras, depois de tantas experiências
36

desastrosas por termos falado sem pensar, por termos jogado palavras ao vento que
entristeceram nossos familiares, por termos dito coisas que pioraram os situações que já não
eram boas. Aprendemos com o tempo a tapar a boca, a conter a palavra maldosa, a segurar a
língua, a evitar a fofoca.
É claro que existe um silêncio negativo, o silêncio da indiferença, que deve ser
evitado. O silêncio bom é aquele que edifica, evita o mal, e recoloca a paz de volta às
relações. Nós sabemos que hoje os ânimos estão acirrados. Devemos pedir sempre o Senhor
aquela sabedoria e aquele amor que orienta e disciplina meu falar e meu silenciar. Dentre as
características do amor elencadas por São Paulo não capítulo 13 da 1ª Carta aos Coríntios,
está a da “discrição”. O amor não é inconveniente, diz o Apóstolo. Ora, quanta
inconveniência praticamos com nossas palavras fora de lugar, criando situações difíceis para
nossos irmãos, criando divisões no interior da família, perdendo amigos. Fiquemos atentos
porque em grande parte das vezes, em que as pessoas têm suas opiniões sedimentadas, não
ajuda em nada contrapô-las. Opiniões sobre futebol, religião, política, por exemplo, podem
levar a divisões desnecessárias e, ao invés de ganharmos o irmão, como o Apóstolo Paulo,
que se fazia tudo com todos, os perdemos. Evitemos a criação de fossos que nos separam por
causa de discussões acaloradas. Não percamos os amigos por causa de opiniões, nem
deixemos que a cizânia da divisão na família e na Igreja ocorram por causa de palavras ditas
de modo desacertado. Muitas vezes calar é a melhor forma de exercer a caridade.
Usemos o santo silêncio para ouvir o outro, como nos pede o Papa Francisco,
saibamos usar retamente a palavra, como nos ensina do livro dos Provérbios (Pr 10,6-32);
evitemos a inconstância da palavra (Ecl 5,9-15 ), como nos indica o livro do Eclesiastes; não
pequemos pela língua (Eclo 23, 7-15), cubramos a boca com as mãos sempre que sentirmos a
tentação de dizer algo que, de antemão, sei que não fará bem – nos ensina o livro de Jó (21,5),
dominando nossa língua (Tg 3,1-10), e curando o nosso coração, pois as palavras más nascem
lá, dizia Jesus (Mt. 15,19).
Que Maria e José, tão vibrantes de amor, intercedam por nós para que, do mesmo
modo que silenciamos para conseguir uma união maior com o Senhor, silenciemos também
para praticar com maior perfeição a virtude das virtudes, aquela que não passa, aquela que faz
as bases do Reino de Deus, que é a caridade.
37

3.2 HISTÓRIA DE SÃO JOSÉ NO CARMELO (cf. O.Carm e OCD)


Estela da Paz, OCDS.
I Congresso Interprovincial OCD e OCDS

• Faz-nos bem pensar novamente em São José, meditar sobre quem a nossa
tradição reconheceu como patrono e modelo da vida carmelitana. Queremos fazê-lo juntos
como família carmelitana O.Carm. e O.C.D., pois no culto a São José e no constante
referimento a ele encontramos um dos elementos mais preciosos de nossa comum herança
histórica e espiritual.
• Este ano convida-nos a isso também por causa de um aniversário
significativo: o da proclamação de São José como patrono de toda a Igreja há 150 anos, dia
8 de dezembro de 1870, por vontade do beato Pio IX.
• O culto a São José faz parte de nossa formação cristã, de nossa tradição
e cultura. Somos habituados a colocar São José ao lado de Jesus e de Maria, ao ponto de
pensar que a Igreja sempre tributou a este santo que viveu em estreita intimidade
com o mistério da Encarnação, a dignidade e a honra com os quais estamos
acostumados. Mas na realidade, não foi assim.

HISTÓRICO DA DEVOÇÃO – INICIADA NO CARMELO. Entre lendas e


realidade comprovada:

• No primeiro milênio são raríssimos os traços de uma reflexão teológica sobre


São José, sobretudo de particular veneração a ele. Foi somente com o florescimento
das Ordens Mendicantes que a devoção a São José irá desenvolver-se. Além do teólogo
francês Jean Gerson, uma contribuição particularmente determinante foi a dos Franciscanos e
Carmelitas.
• Para os Carmelitas o interesse pela figura de São José foi um desenvolvimento
natural da inspiração mariana da Ordem. Todos os familiares de Maria (os pais Sant’Ana e
São Joaquim como protetores secundários do Carmelo; até mesmo as supostas suas irmãs
Maria de Tiago e Maria de Salomé) receberam uma honra particular no Carmelo.
Não podia faltar o esposo de Maria!
• Lendas pias medievais narram visitas da Sagrada Família de Nazaré ao Monte
Carmelo para conversar com os Filhos dos Profetas
(descendentes do Profeta Elias) e afirmar a ligação peculiar da Ordem com a
Sagrada Família de Jesus, Maria e José; talvez tenham se inspirado no Evangelho
apócrifo de PseudoMateus. Outros falam de uma suposta parada da Sagrada Família no
Monte Carmelo na viagem de volta do Egito.
• Esta ligação com a Ordem deve ter transparecido tão fortemente que
autores antigos, como o beneditino Iohannes Trithemius, considerava que o culto a
São José na Igreja Latina teria sido levado para a Europa pelos eremitas Carmelitas
quando emigraram para lá. Esta convicção atualmente contestada, foi expressa também
pelo papa Bento XIV que faz remontar a prática do culto litúrgico em honra a São
José ao Carmelo.
38

SÉCULOS XIV E XV – COM PROVADA NA LITURGIA CARMELITA

• O que temos certeza é que a devoção a São José no Carmelo foi


desde o início marcada pelo culto litúrgico. Sucessivamente desenvolver-se-á até os
nossos tempos uma impostação também eucarística na devoção a São José,
apresentando-o como aquele que tem na mão o pão da salvação, nosso alimento. Na
verdade, é impossível dizer quando exatamente tiveram início as celebrações da festa
de São José nas igrejas carmelitanas. Com toda probabilidade já durante o século XIV
devia ser apenas difundido localmente. Porém, no século XV, a devoção a São José vemos
difundida mais amplamente. Nos breviários e missais Carmelitanos da segunda metade do
século XV, aparecem normalmente a missa e ofício próprios de São José e o
carmelita flamingo Arnoldo Bostio (em 1476), testemunha que os Carmelitas
celebram sua festa com culto solene.

HISTORIADORES E LITURGISTAS COMPROVAM:

• Primeiro Monumento na Igreja Latina é CARMELITA, a Liturgia. Os


historiadores e liturgistas consideram como o primeiro monumento na Igreja Latina em
honra de São José a liturgia própria da Ordem Carmelitana. A liturgia antiga celebrava São
José como o primeiro entre seus contemporâneos em Nazaré a ser escolhido pela divina
Providência para esposo da Virgem, a fim de que o Filho de Deus pudesse entrar no
mundo de forma honrada e escondida.

JOSÉ CONTEMPLATIVO – ESPIRITUALIDADE DE SILÊNCIO.

• O Verbo encarnou no ventre de Maria. E, em José, através da


contemplação – 5 sonhos. Pregadores carmelitas afirmam: assim como Maria concebeu o
Verbo no seu seio por obra do Espírito Santo, assim São José por obra do Espírito Santo
concebeu na contemplação o Cristo na sua alma, tornando-se pai de Jesus sobre esta terra.
• Protetor da virgindade de Maria. A liturgia celebrava também a união
nupcial de José com a Virgem e o contemplava como protetor de sua virgindade e da vida
do Filho de Deus encarnado. Com a sensibilidade típica do carisma contemplativo do
Carmelo, a liturgia daquele tempo celebrava a pureza da Virgem e de São José em termos
de disponibilidade a Deus, que torna possível a acolhida do mistério da Encarnação.

PUREZA DE SÃO JOSÉ

• Envolta nesta espiritualidade litúrgica, santa Maria Madalena de Pazzi


considerará a proteção de São José uma consequência da virtude da pureza:
• “A pureza de São José encontra com aquela de Maria no paraíso, onde o
reflexo do esplendor que fazem um ao outro, parece fazer com que a pureza de
José faça aparecer a da Virgem ainda mais resplendente e gloriosa. São José está
39

em meio a Jesus e Maria como uma estrela resplandecente e tem um cuidado


particular do nosso mosteiro, porque nós estamos sob a custódia da Virgem Maria”.
• São José é ainda apresentado na liturgia antiga do Carmelo como o
esposo virginal de Maria, unido a ela com um matrimônio verdadeiro, no qual a sua
autoridade de esposo, protetor e pai manifesta-se no total serviço a ela.
• São José, contemplado no Carmelo em sua OBEDIÊNCIA. Além disso,
São José é contemplado na sua obediência a Deus; Ele é o homem justo, o
digno senhor da casa do seu Senhor a quem foi confiada a responsabilidade de dar o
nome divino revelado pelo anjo ao Menino Jesus. Assim fazendo, São José é quem por
primeiro proclama: no Menino de Nazaré Deus nos salva!
• Em síntese, na liturgia antiga da Ordem sob a figura de São José encontramos
um compêndio da espiritualidade do Carmelo: 1) A puritas cordis que torna possível a
visão de Deus; 2) a união com Maria; 3) e a fruição da vida mística apresentada em
termos de concebimento e nascimento do Verbo Encarnado na alma pura. São José
por isso é celebrado como o espelho da vida mística carmelitana em Deus.

SÉCULO XVI – A PARTIR DE SANTA TERESA

• SANTA TERESA DE JESUS é herdeira de um culto intenso e da


devoção josefina do Carmelo.
• Santa Teresa de Jesus ampliará esta tradição trazendo um grande proveito
para todo o Carmelo e para a Igreja universal. É inegável que mais do que nenhum outro
Teresa de Jesus fez do culto a São José um dos elementos característicos da piedade e da
fisionomia espiritual do Carmelo. O encontro com São José ocorreu num dos períodos
mais difíceis de sua vida. Teresa está com cerca de 25 anos, sofreu uma longa e penosa
enfermidade e as curas dos médicos da terra resultaram não só ineficazes, mas também
prejudiciais: permaneceu paralisada e esgotada fisicamente e psicologicamente.
• São José e Santo Elias. Presença de São José na vida de Teresa e em sua
atividade de fundadora dos Carmelos reformados ao lado da figura tradicional do santo
Pai Elias coloca-se agora o Santo Pai José.
• São José e Santo Elias. Em carta ao P. Gracián, a respeito do nome que
os Carmelitas Descalços deveriam dar a um convento que estavam fundando em
Salamanca, escreve: “Seria muito justo dar a este convento o nome de São José”
(carta de 22 de maio de 1578); mas o convento será intitulado Santo Elias.
40

SÉCULO XVII – SÃO JOSÉ É PRECEDIDO APENAS POR NOSSA


SENHORA (SÃO JOÃO DA CRUZ):

25 anos mais tarde esta incerteza aparece definitivamente resolvida. Na Instrução


aos noviços (1605) do P. João de Jesus Maria, a veneração a São José é precedida
somente pelo culto à Virgem Maria e é seguida pela devoção aos santos profetas
Elias e Eliseu, “fundadores da nossa Ordem” (Instrução aos noviços, III, cap. 4, 29-30).

SÉCULO XVII E XVIII – FESTA DO PATROCÍNIO DE SÃO JOSÉ NO


CARMELO

Uma das opiniões características de Teresa é: enquanto os outros santos são


destinados por Deus a socorrer em certas necessidades específicas, São José possui uma
espécie de mandato universal e pode vir em ajuda de qualquer necessidade, tanto como
ajuda material e espiritual (Vida 6, 6).
1. Em 1628, o Capítulo Geral intermediário dos Carmelitas Descalços da
Congregação Espanhola havia declarado São José “patrono principal” da Ordem.
2. De 1625-1700. A iniciativa de celebrar a festa do patrocínio de São José
deve-se ao Carmelita Descalço Juan de la Concepción (1625-1700), que antes fora
Provincial da Província da Catalunha e depois Prepósito Geral da Congregação
espanhola.
3. Festa do Patrocínio, aprovada no Capitulo Geral de 1679.
4. De 1642-1718. Textos litúrgicos foram elaborados por outro Carmelita
Descalço catalão, o P. Juan de San José. Festa do Patrocínio – 3º Domingo da Páscoa. A
Congregação dos Ritos, após uma verdadeira reelaboração dos textos por obra do
card. G. Casanate, os aprovou no dia 6 de abril de 1680. A festa patrocínio ficou
estabelecida para o terceiro domingo depois da Páscoa, dia em que normalmente
eram convocados os Capítulos Gerais e provinciais.
5. Em 1723. Histórico de São José. Digno de menção é Rafael, o Bávaro,
que publicou uma História de São José. O P. Rafael exorta àqueles que amam Jesus
e Maria a amar quem pelos dois é amado.
6. Propagador do Patrocínio de são José, Mestre P. José Maria Sardi. Ele
pode ser considerado como o grande propagador do patrocínio de São José, não somente
na Ordem, mas também para os pais cristãos e outros, que encontram nele um
modelo de santidade. Não é sem sentido que São José seja invocado no Carmelo
como educator optime e proposto como protetor e patrono, especialmente para
aqueles que se sentem cansados, estacionados ou mesmo perdidos no seguimento a
Cristo.
41

SÉCULO XIX – PIO IX ESTENDEU O PATROCÍNIO DE SÃO JOSÉ A


TODA A IGREJA, após o Concílio Vaticano I

7. A 10 de setembro de 1847, com o decreto da Congregação dos Ritos,


Inclytus Patriarcha Joseph, o Papa Pio IX, em tempos de fortes tribulações, estendeu para
toda a Igreja a festa do patrocínio de São José, a ser celebrada no terceiro domingo de
Páscoa. Os textos litúrgicos para a Missa e o ofício foram adotados os que eram
utilizados pelos Carmelitas, feitas algumas adaptações. Esta foi a primeira
intervenção em favor do culto a São José por Pio IX, quando apenas havia passado
um ano do início do seu pontificado, o qual foi caracterizado por uma grande devoção
ao pai de Jesus. Por ocasião da convocação do Concilio Vaticano I, chegaram ao papa
numerosos pedidos para que se aprimorasse ainda mais o culto a São José,
particularmente com a proclamação de patrono da Igreja universal. O Concílio não
chegou a atender tal pedido pois foi interrompido bruscamente em setembro de
1870. Assim, a 8 de dezembro do mesmo ano, Pio IX procedeu à solene
proclamação com o Decreto da Congregação dos Ritos, Quemadmodum Deus.

SÉCULO XX – NA IGREJA...

• Patrocínio de São José – Para São José Operário.


• O Carmelo continuou a celebrar SÃO JOSÉ, “protetor e patrono da nossa
Ordem”.
• A reforma litúrgica posterior ao Concílio Vaticano II.
• Seguindo a Instrução da Congregação do culto divino para os calendários
particulares (29 de junho de 1969), a solenidade do patrocínio de São José foi
abolida também do calendário do Carmelo Descalço.
• O Definitório Geral O.C.D. decidiu então transferir o título “protetor da
nossa Ordem”, para a solenidade de 19 de março.
• Memória facultativa de São José operário fosse celebrada na Ordem toda.
• No entanto, as Constituições pós-conciliares de ambas as Ordens continuam
referindo-se a São José como seu “protetor” (Const. O.Carm., 91; Const. O.C.D.,
52). Nisso podemos reconhecer um importante elemento de unidade de toda a família
carmelitana, que talvez não tenhamos valorizado suficientemente.

8. A festa do patrocínio de São José foi transferida em 1913 para a


quarta-feira da terceira semana depois da Páscoa e em 1956 substituída pela
memória de São José Operário no dia 1º de maio. No entanto, aos Carmelitas
Descalços foi concedida com a aprovação do calendário litúrgico da Ordem em 1957
de continuar a celebrar a festa do patrocínio de São José “protetor e patrono da nossa
Ordem”.
9. A reforma litúrgica posterior ao Concílio Vaticano II. Trouxe, entre outras
coisas, uma notável simplificação do calendário litúrgico. No calendário aprovado no
dia 14 de fevereiro de 1969, o título “protetor da Igreja universal” desapareceu da
festa principal de São José dia 19 de março. Naturalmente ele não foi abolido, mas
42

considerou-se oportuno manter somente o título bíblico de “esposo da Virgem


Maria”, deixando a cada conferência episcopal e às famílias religiosas a possibilidade
de escolher outros apelativos.
10. Seguindo a Instrução da Congregação do culto divino para os calendários
particulares (29 de junho de 1969), a solenidade do patrocínio de São José foi
abolida também do calendário do Carmelo Descalço.
11. O Definitório Geral O.C.D. decidiu então transferir o título “protetor da
nossa Ordem” para a solenidade de 19 de março.
12. Analogamente, decidiu-se que a memória facultativa de São José operário
fosse celebrada na Ordem toda. Tais decisões parecem ter sido rapidamente esquecidas.
Enquanto o título “protetor da Ordem” foi conservado nos textos litúrgicos dos Carmelitas
da antiga observância, este desapareceu logo nos textos dos Carmelitas Descalços, não
sendo incluído no calendário particular da Ordem nem na solenidade, nem na
memória de São José.
13. No entanto, as Constituições pós-conciliares de ambas as Ordens continuam
referindo-se a São José como seu “protetor” (Const. O.Carm., 91; Const.
O.C.D., 52). Nisso podemos reconhecer um importante elemento de unidade
de toda a família carmelitana, que talvez não tenhamos valorizado suficientemente.
43

3.3 Propósito do Devocionário de São José, com a Virgem Maria e Santa Teresa
Estela da Paz, OCDS.
I Congresso Interprovincial OCD e OCDS

1. Conduzir os cristãos à intimidade com Deus Pai, por meio Jesus, através da
meditação das “Sete Petições” da oração que Ele mesmo nos ensinou, o Pai Nosso, dando
assim a devida resposta ao Decreto das Indulgências do Ano Santo de São José, que propõe
entre outras indicações a meditação, de ao menos 30 minutos, da Oração do Pai Nosso, para
lucrar a indulgência neste Ano Santo de são José.

2. Relação da Oração do Pai Nosso e São José:


1º. As meditações sobre a “paternidade de São José para Jesus” nos sete temas da
Carta Apostólica Patris Corde, entre elas a importante afirmação do Papa Francisco:
• No prefácio: Com coração de pai: assim José amou a Jesus, designado nos
quatro Evangelhos como «o filho de José».
• Patris Corde 2: Jesus viu a ternura de Deus em José: «Como um pai se
compadece dos filhos, assim o Senhor Se compadece dos que O temem» (Sl 103,13).
2º. O contexto doutrinário teresiano citado pelo Papa Francisco da experiência de
santa Teresa com São José:
“Por este seu papel na história da salvação, São José é um pai que foi sempre
amado pelo povo cristão, como prova o fato de lhe terem sido dedicadas numerosas igrejas
por todo o mundo; de muitos institutos religiosos, confrarias
e grupos eclesiais se terem inspirado na sua espiritualidade e adotado o seu
nome; e de, há séculos, se realizarem em sua honra várias representações sacras. Muitos
santos e santas, foram seus devotos apaixonados, entre os quais se conta Teresa de Ávila
que o adotou como advogado e intercessor, recomendando-se instantemente a São José e
recebendo todas as graças que lhe pedia; animada pela própria experiência, a Santa
persuadia os outros a serem igualmente devotos dele” (cf. Livro da Vida, 6, 6-8).

3. O Devocionário reservou momentos de “meditação silenciosa” para cada


petição do Pai-Nosso, compondo um conjunto de orações com base nas experiências de
santa Teresa, a fim de conduzir o orante a crescer na intimidade “com Aquele que sabemos
nos amar” (V 8,5), estabelecendo o movimento de vida interior centrado em sua doutrina.
Todas as meditações foram baseadas na obra “Caminho de Perfeição” (Capítulos 27-42), e,
no Catecismo da Igreja.
44

3.4 Breve resumo da oração do Pai-Nosso, com base no Devocionário de São


José.
Estela da Paz, OCDS.
I Congresso Interprovincial OCD e OCDS

“Pai Nosso que estais nos Céus”. Rezar o «Pai Nosso» é rezar com e por todos os
homens, para que conheçam o único e verdadeiro Deus e sejam reunidos na unidade. A
expressão «que estais nos céus» não indica um lugar, mas uma maneira de ser: Deus está
para lá e acima de tudo. Designa a majestade, a santidade de Deus, e também a sua
presença no coração dos justos. O céu, ou a Casa do Pai, constitui a verdadeira pátria para a
qual tendemos na esperança, enquanto estamos ainda na terra. Nós vivemos já nela
«escondidos com Cristo em Deus» (Cl 3, 3). (cf. CCC 582-586) Santa Teresa: «Pai Nosso,
que estais nos Céus». Ó Bom Jesus! com que clareza mostrastes ser uma mesma coisa com
Ele e que a Vossa vontade é a Sua, e a d'Ele a Vossa! Que confissão tão clara, Senhor
meu! Que amor é esse que nos tendes! (...) Oh! valha-me Deus! quanto tendes aqui com
que vos consolar; mas para não me alongar mais, quero deixá-lo aos vossos
entendimentos; que, por desbaratado que ande o pensamento, entre tal Filho e tal Pai,
forçosamente há-de estar o Espírito Santo; que Ele enamore vossa vontade, e vo-la prenda
tão grandíssimo amor, se para isto não bastar tão grande interesse. (C 27,14.7)

“Santificado seja o vosso Nome, venha a nós o vosso Reino”. Desejar santificar
o Nome de Deus é, antes de mais nada, um louvor que reconhece Deus como Santo. É
santificar o Nome de Deus que nos chama «à santificação» (1Ts 4,7) é desejar que a
consagração batismal vivifique toda a nossa vida. É pedir, além disso, com a nossa vida e a
nossa oração, que o Nome de Deus seja conhecido e bendito por todos os homens. (cf. CCC
587-590) Santa Teresa: “Ó Sabedoria eterna! Entre Vós e Vosso Pai isto bastava, e assim
pedistes no Horto; mostrastes a Vossa vontade e temor, mas entregastes-Vos à Sua. Mas
conheceis-nos, Senhor meu, e sabeis que não estamos tão rendidos como Vós o estáveis à
vontade de Vosso Pai, e vistes que era importante pedir coisas determinadas, para que nos
detivéssemos a ver se é bem ao nosso gosto o que pedimos e, não sendo, não Lho peçamos.
(C 30,2-4)

“Seja feita a vossa vontade assim na terra como no Céu”. A vontade do Pai é
que «todos os homens sejam salvos» (1 Tm 2,3). Para isso é que Jesus veio: para realizar
perfeitamente a Vontade salvífica do Pai. Nós pedimos a Deus Pai que una a nossa vontade
à do seu Filho, a exemplo de Maria Santíssima e dos Santos. (cf. CCC 591) Santa Teresa:
“Ó bom Jesus, que recebeis tão pouco da nossa parte, como pedis tanto para nós! Sim, que
isso que damos, em si é nada para tanto que se deve, e para tão grande Senhor! Mas certo
é, Senhor meu, que não nos deixais sem nada, e que damos tudo quanto podemos, se o
damos como dizemos”. (C 32,1)

“O pão nosso de cada dia nos dai hoje”. Ao pedir a Deus, com o confiante
abandono dos filhos, o alimento quotidiano necessário a todos para a subsistência,
45

reconhecemos o quanto Deus nosso Pai é bom e está acima de toda a bondade. Pedimos
também a graça de saber agir de modo que a justiça e a partilha, a este pedido refere-se
igualmente à fome da Palavra de Deus e à do Corpo de Cristo recebido na Eucaristia (cf.
CCC 592-593). Dai-nos hoje o nosso pão...! A Eucaristia torna-se síntese da oração:
momento da mais intensa comunhão com Deus, da presença de Cristo dentro de nós que
convida ao recolhimento; diante da Eucaristia - que Teresa contempla especialmente neste
capítulo como presença, comunhão, sacrifício - a síntese dos empenhos de fé e de amor do
cristão. Santa Teresa: “Vendo o bom Jesus a necessidade buscou um meio admirável por
onde nos mostrou o máximo de amor que nos tem e, em Seu nome e no de Seus irmãos, fez
esta petição: «O pão nosso de cada dia, nos dai hoje, Senhor». Entendamos... por amor de
Deus, isto que pede o nosso bom Mestre, que não nos vá a vida em passar de corrida sobre
isto, e tende em muito pouco o que haveis dado, pois tanto haveis de receber. Este
mantimento e maná da humanidade, que O achamos como queremos; e, a não ser por
nossa culpa, não morreremos de fome, pois, de todos os modos e maneiras que a alma
quiser comer, achará no Santíssimo Sacramento sabor e consolação. Não há necessidade,
nem trabalho, nem perseguição que não seja fácil de passar, se começamos a saborear os
Seus." (C 33- 34)

“Perdoai-nos as nossas ofensas, ‘assim como’ nós perdoamos a quem nos tem
ofendido”. Ao pedir a Deus Pai para nos perdoar, reconhecemo-nos pecadores diante
d’Ele. E, ao mesmo tempo, confessamos a sua misericórdia, porque, no seu Filho e através
dos sacramentos, «recebemos a redenção, o perdão dos pecados» (Cl 1,14). Porém, o nosso
pedido só será atendido se tivermos perdoado aos que nos ofenderam. O perdão participa
da misericórdia divina e é um vértice da oração cristã. (cf. CCC 594-595) Assim a oração
forja desde dentro atitudes de maturidade cristã e o cristão torna-se “contemplativo”, isto é,
cristão empenhado com Deus e com os irmãos, consumido no amor (cf. C 36-37). Santa
Teresa: “Vendo, pois, o nosso bom Mestre que, com este manjar celestial, tudo nos é fácil,
a não ser por nossa culpa, e que podemos cumprir bem o que dissemos ao Pai: que se faça
em nós a Sua vontade. Aqui, tem lugar a Vossa misericórdia. Bendito sejais Vós, por me
sofrerdes assim tão pobre que, falando o Vosso Filho em nome de todos nós, sendo eu tal
como sou e tão pobre de haveres, tenho de me pôr fora da conta. Mas, Senhor meu, haverá
pessoas que me tenham feito companhia e não haja entendido isto? Se as houver, em Vosso
nome lhes peço que se lembrem disto e não façam caso dumas coisitas a que chamam
agravos; parece que fazemos como as
crianças, casas de palhinhas, com estes pontos de honra!” (C 36,1-3)

“Não nos deixeis cair em tentação”. Quando dizemos: «Não nos deixeis cair em
tentação», pedimos a Deus Pai que não nos deixe sozinhos e à mercê da tentação. Pedimos
ao Espírito para sabermos discernir entre a provação que ajuda a crescer no bem e a
tentação que conduz ao pecado e à morte, e, ainda, entre ser tentados e consentir na
tentação. Esta petição coloca-nos em união com Jesus, que, com a sua oração, venceu a
tentação e solicita a graça da vigilância e da perseverança final. (cf. CCC 596) Santa
Teresa: "Tenho por muito certo que, os que chegam à perfeição, não pedem ao Senhor os
livre de trabalhos, nem das tentações, nem de perseguições e pelejas; mas antes os
46

desejam, pedem e amam, como disse há pouco... Os soldados de Cristo, ou seja, os que têm
contemplação e tratam de oração, estão desejosos por ver chegada a hora do combate.
Nunca temem muito a inimigos declarados; já os conhecem e sabem que não têm força...
Bom é andar de sobreaviso, não haja quebra da humildade ou gerar-se alguma
vanglória... Dá-nos o demônio a entender que temos certa virtude, digamos a paciência,
porque nos determinamos e fazemos propósitos muito contínuos de sofrer muito por Deus...
pois acontecerá que, a uma palavra que vos digam do vosso desagrado, caia por terra a
vossa paciência... Mas torno a avisar-vos: embora vos pareça que a tendes, temei de vos
enganardes, porque o verdadeiro humilde sempre anda duvidoso das virtudes próprias, e
muito habitualmente julga mais seguras e de mais valia as que vê no próximo." (C 38, 1-9)

“Livrai-nos do Mal. Amém.” Concluímos pedindo: «Mas livra-nos do Mal». O


Mal indica a pessoa de Satanás que se opõe a Deus e que é «o sedutor de toda a terra» (Ap
12, 9). A vitória sobre o diabo já foi alcançada por Cristo. Mas nós pedimos para que a
família humana seja libertada de Satanás e das suas obras. Pedimos também o dom
precioso da paz e a graça da esperança perseverante da vinda de Cristo, que nos libertará
definitivamente do Maligno. «Depois, acabada a oração, tu dizes: Amém, corroborando
com o Amém, que significa “Assim seja, que isso se faça”, tudo o que está contido na
«oração que Deus nos ensinou» (S. Cirilo de Jerusalém). (cf. CCC 597-598) Nesta última
petição do Pai-Nosso, Santa Teresa explode, de maneira poderosa a orientação escatológica
do cristão que deseja adquirir a verdadeira liberdade de poder amar a Deus sem o risco de
perdê-lo. A esperança cristã aponta para a vida eterna e para o desejo de ver Deus para ficar
nele livres, porque já libertos de qualquer possibilidade de ser alcançados pelo mal (cf. C
42). Santa Teresa: “Parece-me que tem razão o bom Jesus ao pedir isto para Si, porque
bem vemos como estava cansado desta vida, quando na Ceia disse a Seus Apóstolos:
«Desejei com grande desejo comer convosco esta ceia», que era a última da Sua vida. Por
aí se vê que cansado já devia estar de viver. Verdade é que não a passamos tão mal nem
com tanto trabalhos como Sua Majestade a passou, nem tão pobremente... E quanta razão
tinha de suplicar ao Pai que O livrasse já de tantos males e trabalho e O pusesse para
sempre no descanso de Seu reino, pois era dele o verdadeiro herdeiro! "Amém". Com este
amém entendo eu, pois com ele se acabam todas as coisas. E assim o suplico eu ao Senhor
que me livre de todo o mal para sempre, pois não acabo de pagar o que devo, e pode ser,
porventura, que eu me esteja a me endividar cada dia mais. Livrai-me já de todo o mal, e
sede servido de me levar aonde estão todos os bens! Que esperam já, aqui na terra,
aqueles a quem tendes dado algum conhecimento do que é o mundo, e os que têm viva fé
no que o Pai Eterno lhes tem guardado?” (C 42,1-2)
47

3.5 O contexto doutrinário teresiano citado pelo Papa Francisco da


experiência de santa Teresa com São José.
Estela da Paz, OCDS.
I Congresso Interprovincial OCD e OCDS

Como dissemos acima, na Patris Corde o papa Francisco desenvolve sete subtemas
sobre a “paternidade de São José para Jesus”, mas assinala de maneira concreta a devoção
de Santa Teresa ao “glorioso santo” quando explica a paternidade de São José e sua
contribuição com a história da salvação, sendo assim como “um pai que foi sempre amado
pelo povo cristão”, paternidade essa comprovada no fato de lhe “terem sido dedicadas
numerosas igrejas por todo o mundo; de muitos institutos religiosos, confrarias e grupos
eclesiais se terem inspirado na sua espiritualidade e adotado o seu nome; e de, há séculos,
se realizarem em sua honra várias representações sacras”, destacando, portanto, que
“muitos santos e santas foram seus devotos apaixonados, entre os quais se conta Teresa de
Ávila que o adotou como advogado e intercessor, recomendando-se instantemente a São
José e recebendo todas as graças que lhe pedia; animada pela própria experiência, a
Santa persuadia os outros a serem igualmente devotos dele”. (cf. Vida, 6,6-8) Concluímos
traçando a relação da paternidade de São José com Jesus na Patris Corde e a devoção de
Santa Teresa.

São José, “Pai Amado”. A grandeza de São José consiste no fato de ter sido o
esposo de Maria e o pai de Jesus. São Paulo VI faz notar que a sua paternidade se exprimiu,
concretamente, «em ter feito da sua vida um serviço, um sacrifício, ao mistério da
encarnação e à conjunta missão redentora; em ter usado da autoridade legal que detinha
sobre a Sagrada Família para lhe fazer dom total de si mesmo, da sua vida, do seu trabalho;
em ter convertido a sua vocação humana ao amor doméstico na oblação sobre-humana de si
mesmo, do seu coração e de todas as capacidades no amor colocado ao serviço do Messias
nascido na sua casa. A liturgia carmelita celebrava também a união nupcial de José com a
Virgem e o contemplava como protetor de sua virgindade e da vida do Filho de Deus
encarnado. (Carta à Família Carmelitana) Dirá Santa Teresa: "A outros santos parece ter
dado o Senhor graça para socorrerem numa necessidade; deste glorioso santo tenho
experiência que socorre em todas. O Senhor nos quer dar a entender que, assim como lhe
foi sujeito na terra - pois como tinha nome de pai, embora sendo apoio, O podia mandar -,
assim no Céu faz quanto Lhe pede". ((cf. PC 1; Vida 6,6).

São José, “Pai na ternura”. Jesus viu a ternura de Deus em José: «Como um pai
se compadece dos filhos, assim o Senhor Se compadece dos que O temem» (Sl 103,13).
Com certeza, José terá ouvido ressoar na sinagoga, durante a oração dos Salmos, que o
Deus de Israel é um Deus de ternura, que é bom para com todos e «a sua ternura repassa
todas as suas obras» (Sal 145,9). A vontade de Deus, a sua história e o seu projeto passam
também através da angústia de José. Assim ele ensina-nos que ter fé em Deus inclui
também acreditar que Ele pode intervir inclusive através dos nossos medos, das nossas
fragilidades, da nossa fraqueza. E ensina-nos que, no meio das tempestades da vida, não
devemos ter medo de deixar a Deus o timão da nossa barca. Por vezes queremos controlar
48

tudo, mas o olhar d’Ele vê sempre mais longe. São José é contemplado na sua obediência a
Deus; Ele é o homem justo, o digno senhor da casa do seu Senhor, a quem foi confiada a
responsabilidade de dar o nome divino revelado pelo anjo ao Menino Jesus. Assim fazendo,
São José é quem por primeiro proclama: no Menino de Nazaré Deus nos salva! (Carta à
Família Carmelitana) Dirá Santa Teresa: "Em especial, as pessoas de oração sempre lhe
haviam de ser afeiçoadas. É que não sei como se pode pensar na Rainha dos Anjos - no
tempo em que tanto passou com o Menino Jesus - sem que se dê graças a São José pelo
muito que então Os ajudou". (cf. PC 2; Vida 6,8)

São José, “Pai na obediência”. De forma análoga a quanto fez Deus com Maria,
manifestando-Lhe o seu plano de salvação, também revelou a José os seus desígnios por
meio de sonhos, que na Bíblia, como em todos os povos antigos, eram considerados um dos
meios pelos quais Deus manifesta a sua vontade. José sente uma angústia imensa com a
gravidez incompreensível de Maria: mas não quer «difamá-la», e decide «deixá-la
secretamente» (Mt 1,19). O Verbo encarnou no ventre de Maria. E, em José, através da
contemplação – 5 sonhos. Pregadores carmelitas afirmam: assim como Maria concebeu o
Verbo no seu seio por obra do Espírito Santo, assim São José por obra do Espírito Santo
concebeu na contemplação o Cristo na sua alma, tornando-se pai de Jesus sobre esta terra.
(Carta à Família Carmelitana) Confiando-se a S. José e à Virgem Maria, Santa Teresa relata
sua experiência de ser por eles guardada: "Dia de Nossa Senhora da Assunção... Eu com
grandíssimo deleite e glória, logo me pareceu Nossa Senhora pegar-me nas mãos. Disse-me
que Lhe dava muito gosto sendo devota do glorioso S. José; que tivesse por certo que, o
que eu pretendia do mosteiro, se havia de fazer e nele se serviria muito o Senhor e a eles
ambos; que não temesse que nisto houvesse jamais quebra, embora a obediência que dava
não fosse a meu gosto, porque Eles nos guardariam e já Seu Filho nos tinha prometido
andar conosco". (cf. PC 3; Vida 33,14)

São José, “Pai no acolhimento”. José acolhe Maria, sem colocar condições
prévias. Confia nas palavras do anjo. «A nobreza do seu coração fá-lo subordinar à
caridade aquilo que aprendera com a lei; e hoje, neste mundo onde é patente a violência
psicológica, verbal e física contra a mulher, José apresenta-se como figura de homem
respeitoso, delicado que, mesmo não dispondo de todas as informações, se decide pela
honra, dignidade e vida de Maria. O acolhimento de José convida-nos a receber os outros,
sem exclusões, tal como são, reservando uma predileção especial pelos mais frágeis,
porque Deus escolhe o que é frágil (cf. 1Cor 1,27), é «pai dos órfãos e defensor das viúvas»
(Sl 68,6) e manda amar o forasteiro. Posso imaginar ter sido do procedimento de José que
Jesus tirou inspiração para a parábola do filho pródigo e do pai misericordioso (cf. Lc
15,11-32). Em São José, o Carmelo encontra um compêndio de sua espiritualidade: A
pureza de coração (puritas cordis) que torna possível a visão de Deus; a união com Maria;
e a fruição da vida mística apresentada em termos de concebimento e nascimento do Verbo
Encarnado na alma pura. Por isso, São José é celebrado como o espelho da vida mística
carmelitana em Deus. Com a sensibilidade típica do carisma contemplativo do Carmelo, a
liturgia celebrava a pureza da Virgem e de São José em termos de disponibilidade a Deus,
que torna possível a acolhida do mistério da Encarnação. (Carta à Família Carmelitana)
49

Dirá Santa Teresa: "Quem não encontrar mestre que lhe ensine oração, tome a este glorioso
Santo por mestre e não errará no caminho. Praza ao Senhor não haja eu errado em atrever-
me a falar dele; porque embora publique ser-lhe devota, no seu serviço e imitação sempre
tenho falhado. Ele procedeu como quem é, fazendo com que eu me pudesse levantar e
andar e não ficasse tolhida, e eu, como quem sou, usando mal merecimento". (cf. PC 4;
Vida 6,8)

São José, “Pai com coragem criativa”. José é o homem por meio de quem Deus
cuida dos primórdios da história da redenção; é o verdadeiro «milagre», pelo qual Deus
salva o Menino e sua mãe. O Filho do Todo-Poderoso vem ao mundo, assumindo uma
condição de grande fragilidade. Necessita de José para ser defendido, protegido, cuidado e
criado. José, continuando a proteger a Igreja, continua a proteger o Menino e sua mãe.
Assim, todo o necessitado, pobre, atribulado, moribundo, forasteiro, recluso, doente são «o
Menino» que José continua a guardar. Por isso mesmo, São José é invocado como protetor
dos miseráveis, necessitados, exilados, aflitos, pobres, moribundos. Teresa de Ávila que o
adotou como advogado e intercessor, recomendando-se instantemente a São
José e recebendo todas as graças que lhe pedia; animada pela própria experiência,
a Santa persuadia os outros a serem igualmente devotos dele. Dirá Santa Teresa: "Tomei
por advogado e senhor ao glorioso São José e encomendei-me muito a ele. Vi claramente
que, tanto desta necessidade como de outras maiores de honra e perda de alma, este Pai e
Senhor meu me tirou com maior bem do que eu lhe sabia pedir. Não me recordo até agora
de lhe ter suplicado coisa que tenha deixado de fazer". (cf. PC 5; Vida 6,6)

São José, “Pai trabalhador”. São José era um carpinteiro que trabalhou
honestamente para garantir o sustento da sua família. Com ele, Jesus aprendeu o valor, a
dignidade e a alegria do que significa comer o pão fruto do próprio trabalho. Neste nosso
tempo em que o trabalho parece ter voltado a constituir uma urgente questão social e o
desemprego atinge por vezes níveis impressionantes, mesmo em países onde se
experimentou durante várias décadas um certo bem-estar, é necessário tomar renovada
consciência do significado do trabalho que dignifica e do qual o nosso Santo é patrono e
exemplo. Santa Teresa ampliará esta tradição trazendo um grande proveito para todo o
Carmelo e para a Igreja universal (Carta à Família Carmelitana). Dirá Santa Teresa: "Se eu
fora pessoa que tivesse autoridade para escrever, de boa vontade me alongaria a dizer muito
por miúdo as mercês que este glorioso santo me tem feito a mim e a outras pessoas... Só
peço, por amor de Deus, que faça a prova quem não me acreditar e verá, por experiência, o
grande bem que é o encomendar-se a este glorioso patriarca e ter-lhe devoção". (cf. PC 6;
Vida 6,8)

São José, “Pai na sombra”. Ser pai significa introduzir o filho na experiência da
vida, na realidade. Não segurá-lo, nem prendê-lo, nem subjugá-lo, mas torná-lo capaz de
opções, de liberdade, de partir. Talvez seja por isso que a tradição, referindo-se a José, ao
lado do apelido de pai colocou também o de «castíssimo». Não se trata duma indicação
meramente afetiva, mas é a síntese duma atitude que exprime o contrário da posse. A
castidade é a liberdade da posse em todos os campos da vida. Um amor só é
50

verdadeiramente tal, quando é casto. O encontro de Santa Teresa com São José ocorreu
num dos períodos mais difíceis de sua vida, ela estava com cerca de 25 anos, sofreu uma
longa e penosa enfermidade e as curas dos médicos da terra resultaram não só ineficazes,
mas também prejudiciais: permaneceu paralisada e esgotada fisicamente e
psicologicamente. (Carta à Família Carmelitana) Dirá Santa Teresa: "É coisa de espantar as
grandes mercês que Deus me tem feito por meio deste bem-aventurado Santo e dos perigos
de que me tem livrado, tanto no corpo como na alma". (Vida 6,6) Atribuímos à Santa
Teresa a herança de um culto intenso e da devoção josefina do Carmelo. (Carta à Família
Carmelitana) Dirá Santa Teresa: "Quisera eu persuadir a todos a serem devotos deste
glorioso Santo, pela grande experiência que tenho dos bens que alcança de Deus. Não tenho
conhecido pessoa que deveras lhe seja devota e lhe presta particulares obséquios, que a não
veja mais aproveitada na virtude; porque aproveita de grande modo às almas que a ele se
encomendam". (cf. PC 7; Vida 6,7)
Estela da Paz, OCDS (Estela Maria Teresa de Jesus)
Comissão de História.
Comissão de Espiritualidade.

3.6 Referências bibliográficas

Carta dos Superiores Gerais O.Carm. e O.C.D. à família Carmelitana, O


PATROCÍNIO DE SÃO JOSÉ NO CARMELO. Ano 2020.
Compêndio do Catecismo da Igreja Católica.
CERVERA. Frei Jesus Castellano, OCD. Teresa de Jesus, Mestra de Vida
Espiritual. Tradução: Frei Antônio Perin, OCD.
Santa Teresa de Jesus. Obras completas.
51

4. SÃO JOSÉ NA VOZ DOS PAPAS


Carlos Vargas, OCDS

São José e os Papas!

“Depois de Pedro, muitos Joãos, Bentos, Paulos, Gregórios, mas nenhum José.
Nunca teve um Papa com este nome. Porém, muitos deles, especialmente no último século,
o tiveram como nome de Batismo... No início do século XX José Sarto torna-se Pio X e,
mais tarde, temos Ângelo José Rocalli (João XXIII), Karol Józef Wojtyla (São João Paulo
II) e Joseph Ratzinger (Bento XVI).” (https://www.vaticannews.va).

São José e os Papas entre os séculos XV e XVIII

“A Festa de 19 de março entrou no Breviário e no Missal Romano em 1479 por


obra do franciscano, Papa Sisto IV (1471-1484), mas limitadamente à cidade de Roma...
A pedido dos Franciscanos Menores Conventuais, o mesmo Pontífice aprovou
uma missa de São José, de rito simples, que mais tarde o Papa Inocêncio VIII (ainda no
século XV) promoveu a festa de rito duplo (liturgia antiga)...
No dia 8 de maio de 1621, Papa Gregório XV tornou obrigatória a festa na Igreja
inteira, com rito duplo, o que foi renovado em 1642, pelo Papa Urbano VIII.
O Papa Clemente X declarou a festa de rito duplo, de classe II (“Festa”), em 06
de dezembro de 1670; e o Papa Clemente XI concedeu a São José, no dia 19 de março,
missa e ofício próprios (04/02/1714).
O Papa Bento XIII, em 1726, inseriu o nome de São José nas ladainhas dos santos
de todos os livros litúrgicos.” (Padre José Antônio Bertolin, OSJ).
52

O Beato Pio IX e São José

“Desde o início de seu pontificado, que começou em 1846 e durou 31 anos (sendo
o mais longo da história até agora), o Beato Papa Pio IX havia fixado a festa e a liturgia
para o “Patrocínio de São José” no III domingo depois da Páscoa” (Padre José Antônio
Bertolin, OSJ).
“E Nós mesmos... movidos seja pelos exemplos dos nossos ilustres Predecessores,
seja pela particular devoção que nutrimos desde a juventude para com o santo Patriarca,
com o decreto de 10 de dezembro de 1847... ampliamos a Festa de seu Patrocínio com rito
duplo de segunda classe para toda a Igreja” (Beato Pio IX).
“A “Festa do Patrocínio de São José”... era já comemorada, de modo privado,
desde 1680 (no tempo do Beato Papa Inocêncio XI), pelos Carmelitas na Itália e na França”
(Pe. Mauro Negro, OSJ).

São José e o Concílio Vaticano I (1869-1870)

“Entre os diversos pedidos que os Padres do Concílio Vaticano I (1869-1870)


apresentaram ao Papa Pio IX, os dois primeiros eram concernentes a São José. Antes de
tudo, pedia-se que seu culto tivesse lugar mais elevado na sagrada liturgia; trazia a
assinatura de 153 bispos.
O outro, assinado por 43 superiores gerais de Ordens religiosas, suplicava a solene
proclamação de São José como Padroeiro da Igreja Católica” (Padre José Antônio Bertolin,
OSJ). .
“No dia 8 de dezembro de 1870, suspenso o Concílio Vaticano pelos
acontecimentos políticos, o Papa Pio IX escolheu a feliz coincidência da festa da Imaculada
Conceição para a proclamação solene e oficial de São José como Patrono Universal da
Igreja (com o decreto "Quemadmodum Deus“), e para a elevação da festa de 19 de março à
celebração de rito duplo de 1ª classe”, tendo um culto especial, conforme determinado pelo
Decreto "Inclytum Patriarcham ", de 07 de julho de 1871, tratando da Liturgia. Fonte: São
João XXIII, Le Voci, 1961.

Trecho do Decreto “Quemadmodum Deus”


(”Da mesma maneira que Deus”, 1870).

“Da mesma maneira que Deus havia constituído José, gerado do Patriarca Jacó,
superintendente de toda a terra do Egito para guardar o trigo para o povo, assim, chegando
a plenitude dos tempos, estando para enviar à terra o seu Filho Unigênito Salvador do
mundo, escolheu um outro José, do qual o primeiro era figura, o fez Senhor e Príncipe de
sua casa e propriedade e o elegeu guarda dos seus tesouros mais preciosos... E Aquele que
tantos Reis e Profetas desejaram ver, José não só viu, mas com Ele conviveu e com paterno
afeto abraçou e beijou...
Por esta sublime dignidade, que Deus conferiu a este fidelíssimo servo seu, a
Igreja teve sempre em alta honra e glória o Beatíssimo José, depois da Virgem Mãe de
53

Deus, sua esposa, implorando a sua intercessão em momentos difíceis.” (Beato Pio IX,
declarando São José como Patrono da Igreja Católica).

Orações Josefinas na “Inclytum Patriarcham” (“Insigne Patriarca”)

Em 1871, na Carta Apostólica “Inclytum Patriarcham”, o Beato Papa Pio IX, além
de acrescentar antífonas josefinas para as orações das Laudes e Vésperas, acrescentou uma
oração litúrgica e o nome de José na oração “A cunctis” (De todos os perigos…”), logo
após o nome da Virgem Maria”. Esta oração visa implorar os Sufrágios dos Santos:
“Senhor, Vos suplicamos, defendei-nos de todos os perigos da alma e do corpo; e,
por intercessão da Gloriosa Maria, Mãe de Deus e sempre Virgem, do Beato José, dos
vossos Beatos Apóstolos Pedro e Paulo, do Beato (Patrono Local) e de todos os Santos,
concedei-nos benigno a salvação e a paz, a fim de que, destruídas todas as adversidades e
erros, a vossa Igreja possa servir-Vos com segurança e liberdade. Pelo mesmo Nosso
Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na Unidade do Espírito Santo. Amém.”

São José e o Papa Leão XIII (1810-1903)

“O Papa Leão XIII, já na sua primeira Alocução ao Colégio Cardinalício, em


1878, coloca o seu pontificado, que durou 25 anos (sendo o terceiro mais longo da
história), sob “a potentíssima proteção de São José, celeste Patrono da Igreja” (Padre José
Antônio Bertolin, OSJ).
Ele ainda aprova a reza do Ofício Votivo de São José às quartas-feiras, e
estabelece que a sua festa seja de preceito duplo em alguns lugares da Itália” (Pe. José
Bertolin, OSJ). O mesmo Papa acrescentou São José em uma oração para ser recitada
depois da Missa: “Deus, nosso refúgio e fortaleza, olhai propício para o povo que a Vós
clama; e, pela intercessão da gloriosa e imaculada Virgem Maria, Mãe de Deus, de S. José,
seu Esposo, dos vossos bem aventurados Apóstolos S. Pedro e S. Paulo e de todos os
Santos, ouvi misericordioso e benigno as preces que Vos dirigimos para a conversão dos
pecadores, para a liberdade e exaltação da Santa Madre Igreja. Pelo mesmo Jesus Cristo
Senhor Nosso. R: Amém.”

“Quamquam pluries”
(“Ainda que por diversas vezes”, 1889)

“Com efeito, eis que o imortal Leão XIII apresenta para a festa da Assunção de
1889, com a Encíclica Quamquam pluries, o documento mais amplo e copioso até então
publicado por um Papa, em honra do pai putativo (suposto) de Jesus, elevado em sua luz
característica de modelo dos pais de família e dos operários” (São João XXIII, 1961).
“Esta Encíclica considera as razões pelas quais São José é tido como Patrono da Igreja e
convida a todos os cristãos de qualquer condição ou estado para confiar e abandonar-se à
amorosa proteção de São José: sejam os pais de famílias, os esposos, os consagrados a
Deus, os ricos, os pobres, os operários...” (Pe. José Bertolin, OSJ).
54

“Vimos um grande progresso no culto a São José, anteriormente promovido pelo


zelo dos Sumos Pontífices, depois estendido a todo o mundo, especialmente quando Pio IX,
Nosso Predecessor de feliz memória, a pedido de muitíssimos bispos, declarou o Santo
Patriarca, Patrono da Igreja Universal...
Pois bem: a Sagrada Família, que José governou com autoridade de pai, era o
berço da Igreja nascente. A Virgem Santíssima, de fato, enquanto Mãe de Jesus, é também
mãe de todos os cristãos, por Ela gerados em meio às dores do Redentor no Calvário. E
Jesus é, de alguma maneira, como o primogênito dos cristãos, que por adoção e pela
redenção lhe são irmãos.
Disto deriva que São José considera como confiada a Ele próprio a multidão dos
cristãos que formam a Igreja, ou seja, a inumerável família dispersa pelo mundo, sobre a
qual Ele, como esposo de Maria e pai putativo de Jesus, tem uma autoridade semelhante a
de um pai. É, portanto, justo e digno de São José, que assim como ele guardou no seu
tempo a família de Nazaré, também agora guarde e defenda com seu patrocínio a Igreja de
Deus” (Papa Leão XIII).

Oração do Papa Leão XIII a São José


(para rezar depois do Rosário em outubro)

“A vós, São José, recorremos em nossa tribulação e, tendo implorado o auxílio de


vossa santíssima esposa, cheios de confiança solicitamos também o vosso patrocínio. Por
esse laço sagrado de caridade que vos uniu à Virgem Imaculada Mãe de Deus, e pelo amor
paternal que tivestes ao Menino Jesus, ardentemente vos suplicamos que lanceis um olhar
favorável sobre a herança que Jesus Cristo conquistou com o seu sangue, e nos socorrais
em nossas necessidades com o vosso auxílio e poder.
Protegei, ó guarda providente da Divina Família, o povo eleito de Jesus Cristo.
Afastai para longe de nós, ó pai amantíssimo, a peste do erro e do vício.
Assisti-nos do alto do céu, ó nosso fortíssimo sustentáculo, na luta contra o poder
das trevas, e assim como outrora salvastes da morte a vida ameaçada do Menino Jesus,
assim também defendei agora a Santa Igreja de Deus das ciladas do Inimigo e de toda
adversidade.
Amparai a cada um de nós com o vosso constante patrocínio, a fim de que, a vosso
exemplo e sustentados com o vosso auxílio, possamos viver virtuosamente, morrer
piedosamente e obter no céu a eterna bem-aventurança. Amém.”

São Pio X e São José

O Santo Pontífice Pio X (1835-1914) ampliou a devoção a São José,


transformando esta
Festa do Patrocínio de São José na categoria de primeira classe, dando-lhe uma
oitava. O mesmo Papa, em 1903, promulgou a indulgência às Ladainhas de São José”
(Padre José Antônio Bertolin, OSJ).
“Glorioso São José, modelo de todos os que se dedicam ao trabalho, obtende-me a
graça:
55

De trabalhar com espírito de penitência para expiação de meus numerosos


pecados; De trabalhar com consciência, pondo o culto do dever acima de minhas
inclinações;
De trabalhar com recolhimento e alegria, olhando como uma honra empregar e
desenvolver pelo trabalho os dons recebidos de Deus;
De trabalhar com ordem, paz, moderação e paciência, sem nunca recuar perante o
cansaço e as dificuldades;
De trabalhar, sobretudo com pureza de intenção e com desapego de mim mesmo,
tendo sempre diante dos olhos a morte e a conta que deverei dar do tempo perdido, dos
talentos inutilizados, do bem omitido e da vã complacência nos sucessos, tão funesta à obra
de Deus!
Tudo por Jesus, tudo por Maria, tudo à vossa imitação; oh! Patriarca São José! Tal
será a minha divisa na vida e na morte. Amém.” (São Pio X, citado em
https://www.vaticannews.va)

O Papa Bento XV:


50 anos da proclamação de São José como Patrono Universal da Igreja

Citando o Padre José Bertolin, OSJ: “com a mesma devoção seguirá o Papa Bento
XV (1854-1922) o qual insere no Missal Romano o prefácio próprio de São José e e o da
missa dos defuntos, concedendo indulgências especiais pela oração do Pequeno Ofício de
São José.
Em 1920, com um Motu Próprio, o Papa Bento XV (1914-1922) enfatiza a
necessidade e a eficácia da devoção a São José como remédio dos problemas depois da I
Guerra Mundial (1914-1918)”: “posto que diversos são os modos aprovados por esta Sé
Apostólica com os quais se podem venerar o santo Patriarca, especialmente em todas as
quartas-feiras do ano e durante todo o mês a ele consagrado, Nós queremos que, a critério
de cada bispo, todas estas devoções, porquanto possível, sejam praticadas em todas as
Dioceses” (Bonum Sane, 1920).

Papa Bento XV acrescentou a Invocação “Bendito seja Deus”


na oração da Bênção do Santíssimo Sacramento (1921).

ATO DE LOUVOR

- Bendito seja Deus.


- Bendito seja o seu santo nome.
- Bendito seja Jesus Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem.
- Bendito seja o nome de Jesus.
- Bendito seja o seu Sacratíssimo coração.
- Bendito seja o seu preciosismo sangue.
- Bendito seja Jesus no Santíssimo sacramento do altar.
- Bendito seja o Espírito Santo Paráclito.
- Bendita seja a grande mãe de Deus, Maria santíssima.
56

- Bendita seja sua santa e imaculada conceição.


- Bendita seja sua gloriosa assunção.
- Bendito seja o nome de Maria, virgem e mãe.
- Bendito seja são José, seu castíssimo esposo.
- Bendito seja Deus, nos seus anjos e nos seus santos.

Trecho de “Bonum Sane” (“Bom e Saudável”, 1920)

“Se olharmos para este período (da I Guerra Mundial), uma longa série de
instituições piedosas aparecem diante de nossos olhos que atestam que o culto do
Santíssimo Patriarca (São José) cresceu gradualmente até agora entre os fiéis de Cristo. Se
considerarmos então as calamidades que afligem a humanidade hoje, parece ainda mais
necessário que este culto seja muito aumentado entre os povos e mais difundido em todos
os lugares...
Na Escola de José, que todos aprendam a considerar o presente e as coisas
passageiras à luz do futuro aquele último eterno...
Por José vamos diretamente a Maria e, por Maria, à origem de toda a santidade,
Jesus, que consagrou as virtudes domésticas com a sua obediência a José e Maria. Portanto,
queremos que as famílias cristãs sejam totalmente inspiradas por esses exemplos
maravilhosos de virtude e se adaptem.” (Papa Bento XV).

O Papa Pio XI e São José

“Pio XI (1857–1939) introduz a invocação a São José nas orações para os


moribundos e também no rito da unção dos enfermos. Confia igualmente a São José a
Rússia (19/3/1930).
Na Encíclica “Divini Redemptoris” (19/3/1937), invoca o seu patrocínio na luta
da Igreja contra o comunismo ateu.
Na Encíclica de 1955, “aos sacerdotes católicos”, afirma que Jesus quis ser
educado na casa de Nazaré por Maria e José.” (Padre José Bertolin, OSJ).
“Em solenes alocuções, o Papa Pio XI exaltou as diferentes luzes que ornam a
fisionomia espiritual do guardião de Jesus, do castíssimo esposo de Maria, do piedoso e
modesto operário de Nazaré, e do Padroeiro da Igreja Católica, poderoso escudo de defesa
contra os esforços do ateísmo mundial que visa a desagregação das nações cristãs” (São
João XXIII, 1961).

Trecho da Encíclica “Divini Redemptoris” (“Redentor Divino,1937).

“São José, modelo e patrono”


“E, para apressar a “Paz de Cristo no Reino de Cristo”, por todos tão desejada,
pomos a grande ação da Igreja Católica contra o comunismo ateu mundial sob a égide
(proteção) do poderoso Protetor da Igreja, São José.
57

Ele pertence à classe operária e experimentou o peso da pobreza, em si e na


Sagrada Família, de que era chefe vigilante e afetuoso; a ele foi confiado o Deus Menino,
quando Herodes mandou contra ele os seus sicários.
Com uma vida de fidelíssimo cumprimento do dever cotidiano, deixou um
exemplo de vida a todos os que têm de ganhar o pão com o trabalho de suas mãos e
mereceu ser chamado o Justo, exemplo vivo daquela justiça cristã, que deve reinar na vida
social.”

O Venerável Papa Pio XII e a Festa de São José Operário

“O Papa Pio XII (1939-1958) fez referências a São José em várias mensagens. Ele
apresenta ainda São José como modelo dos operários e, em 1º/5/1955 institui a Festa
litúrgica de São José Operário”, que atualmente é uma “memória facultativa”. “Esta Festa,
fixada a 1° de maio, veio suprimir a da 4ª feira da segunda semana de Páscoa, enquanto a
Festa tradicional de 19 de março marcará de agora em diante a data mais solene e definitiva
do Patrocínio de São José sobre a Igreja Católica” (São João XXIII, 1961).
Na Encíclica "Haurietis aquas“, sobre o culto ao Sagrado Coração de Jesus, de
1956, o Papa Pio XII evidenciou o amor de Jesus pelo “seu pai putativo José, ao qual
obedecia sendo fiel colaborador no trabalhoso serviço de carpinteiro”:
“Palpitava de amor o seu coração, em perfeita harmonia com os afetos da sua
vontade humana e com o seu amor divino, quando, na casa de Nazaré, ele mantinha aqueles
celestiais colóquios com sua dulcíssima Mãe e com seu pai putativo, São José, a quem
obedecia e com quem colaborava no fatigante ofício de carpinteiro. Esse mesmo... amor
movia o seu coração nas suas contínuas excursões apostólicas...” (Papa Pio XII).

Oração do Papa Pio XII a São José

“Ó Glorioso Patriarca São José, humilde e justo artesão de Nazaré, que deste a
todos os cristãos o exemplo de uma vida perfeita no trabalho assíduo e na admirável união
com Maria e Jesus, auxilia-nos no esforço cotidiano para que nós, trabalhadores católicos,
possamos encontrar nele os meios eficazes de glorificar o Senhor, de nos santificarmos e de
sermos úteis à sociedade em que vivemos, ideais supremos de todas as nossas ações.
Obtenha para nós, do Senhor, nosso amado Protetor, humildade e simplicidade de coração,
carinho para o trabalho e benevolência para com os que nele estão, conformidade com a
vontade divina nas inevitáveis angústias desta vida e alegria em suportá-las, consciência de
nossa missão social específica e sentido de responsabilidade, espírito de disciplina e oração,
docilidade e respeito para com os superiores, fraternidade para com os iguais, caridade e
indulgência com os colaboradores. Permanecei conosco nos momentos de prosperidade,
quando tudo nos convida a saborear com honestidade os frutos do nosso trabalho; mas,
sobretudo, apoia-nos nas horas tristes, quando o Céu parece se fechar para nós e até as
ferramentas de trabalho parecem escapar de nossas mãos.
Em sua imitação, vamos manter nossos olhos fixos em nossa Mãe Maria, sua doce
esposa, que estava, silenciosa, ao seu lado, apoiando-te com o mais doce sorriso em seus
lábios; e não tiremos os olhos de Jesus, que estava ocupado convosco na sua oficina de
58

carpinteiro, para que, assim, possamos levar uma vida pacífica e santa na terra, um prelúdio
para a eternidade feliz que nos espera no Céu. Amém.” (Papa Pio XII, 11/3/1958,
adaptado).

São João XXIII e São José, Patrono do Concílio Vaticano II

“São João XXIII (1881-1963) foi um grande devoto de São José, seu santo
onomástico (Ângelo José) e fez questão de divulgar o seu amor por ele a todos.
Ele afirma São José como: “o meu primeiro e predileto protetor”, o nomeia
protetor do Concílio Vaticano II, com a Carta Apostólica “Le Voci” (1961), insere o nome
de São José no Cânon da Missa e dispõe um altar dedicado ao Santo na Basílica do
Vaticano” (Padre José Bertolin, OSJ).

Trecho da Carta Apostólica “Le Voci” (As vozes, 1961).

“São José, pelo contrário, excetuando algum traço de sua figura, encontrado aqui e
ali nos escritos dos Padres, permaneceu durante séculos e séculos em seu característico
apagamento, um pouco como figura de ornamento no quadro da vida do Senhor. E foi
necessário tempo até que seu culto passasse dos olhos aos corações dos fiéis e despertasse
neles singular fervor de oração e abandono confiante. E estas foram as piedosas alegrias
reservadas às efusões da época moderna: oh! quão abundantes e grandiosas!...
...[Como o Concílio Vaticano II] parece destinado a marcar época na história da
Igreja contemporânea, a nenhum dos protetores celestes poderia ser mais bem confiado do
que a São José, augusto chefe da família de Nazaré e protetor da Santa Igreja...
Ó São José! Aqui, aqui mesmo é vosso lugar de "Protetor da Igreja universal“...
Que vosso espírito interior de paz, de silêncio, de bom trabalho e de oração, a serviço da
santa Igreja, nos vivifique sempre e nos alegre em união com vossa santa esposa, nossa
dulcíssima Mãe Imaculada, num fortíssimo e suave amor a Jesus, Rei glorioso e imortal dos
séculos e dos povos. Assim seja.” (São João XXIII).

São Paulo VI e São José

Citando o Padre José Bertolin, OSJ, podemos dizer que o Papa São Paulo VI
(1897-1978), “na abertura da segunda sessão do Concílio Vaticano II, (29/9/1963) invoca a
presença de São José como Patrono do próprio Concílio. Na “Lumen Gentium” (1964), faz-
se referência a São José. O Papa promulgou as edições do Missal Romano (1969) e da
Liturgia das Horas onde estão presentes os textos das Missas e dos Ofícios que se referem a
São José. As suas homilias sobre São José são admiráveis em seus conteúdos: “Devemos
esperar e pedir que este humilde e grande Santo continue a missão que exerceu... como
relata o Evangelho... em benefício da Igreja que é o Corpo Místico de Cristo... Como no
Evangelho da infância do Senhor, a Igreja tem necessidade der ser defendida de
permanecer fiel à escola de Nazaré, pobre e laboriosa, mas viva, sempre consciente e forte,
para poder realizar a sua vocação messiânica. Necessita de proteção para... poder trabalhar
no mundo. Atualmente esta necessidade atingiu proporções enormes. Invoquemos pois o
59

patrocínio de São José sobre a Igreja, que, atualmente, está sujeita a tantas atribulações,
ameaças suspeitas e contestações. Mas a invocação não é suficiente; a imitação também é
necessária... A missão de São José é também a nossa: defender e fazer crescer Jesus Cristo
em nós e à volta de nós.” (São Paulo VI, Ângelus, 19/3/1970).

São João Paulo II:


o Papa mais prolífico sobre São José, Guardião do Redentor

Em 26 anos de pontificado (sendo o segundo mais longo da história), São João


Paulo II (1920-2005), falou de São José em infinitas ocasiões e rezava diariamente ao
Santo. No dia 15 de agosto de 1989, ele publicou a Exortação Apostólica Redemptoris
Custos (Guardião do Redentor), o documento mais amplo sobre São José publicado até
então por um Papa. Foi escrita no centésimo aniversário da Encíclica Quamquam Pluries
do Papa Leão XIII:
“Também quanto ao trabalho de carpinteiro na casa de Nazaré se estende o mesmo
clima de silêncio, que acompanha tudo aquilo que se refere à figura de José. Trata-se,
contudo, de um silêncio que desvenda de maneira especial o perfil interior desta figura. Os
Evangelhos falam exclusivamente daquilo que José «fez»; no entanto, permitem-nos
auscultar nas suas «ações», envolvidas pelo silêncio, um clima de profunda contemplação.
José estava cotidianamente em contato com o mistério «escondido desde todos os
séculos», que «estabeleceu a sua morada» sob o teto da sua casa. Isto explica, por exemplo,
a razão por que Santa Teresa de Jesus... se tornou promotora da renovação do culto de São
José na cristandade ocidental... A comunhão de vida entre José e Jesus leva-nos a
considerar ainda o mistério da Encarnação precisamente sob o aspecto da humanidade de
Cristo, instrumento eficaz da Divindade para a santificação dos homens...” (São João Paulo
II).

Papa Bento XVI e São José

O Papa Bento XVI (Joseph Ratzinger), nasceu em 1927, em uma família alemã
devota de São José, que era o seu santo onomástico e “Padroeiro pessoal” . Em 2010, o
Santo Padre inaugurou uma fonte dedicada a São José nos jardins do Vaticano. Como um
devoto de São José, Papa Bento XVI ficou muito satisfeito com esse ano de São José,
proclamado pelo Papa Francisco.
“O exemplo de São José é para todos nós um forte convite a desempenhar com
fidelidade, simplicidade e humildade a tarefa que a Providência nos destinou.
Penso antes de tudo, nos pais e nas mães de família, e rezo para que saibam
sempre apreciar a beleza de uma vida simples e laboriosa, cultivando com solicitude o
relacionamento conjugal e cumprindo com entusiasmo a grande e difícil missão educativa.
Aos sacerdotes, que exercem a paternidade em relação às comunidades eclesiais,
São José obtenha que amem a Igreja com afeto e dedicação total, e ampare as pessoas
consagradas na sua jubilosa e fiel observância dos conselhos evangélicos de pobreza,
castidade e obediência.
60

Proteja os trabalhadores de todo o mundo, para que contribuam com as suas várias
profissões para o progresso de toda a humanidade, e ajude cada cristão a realizar com
confiança e com amor a vontade de Deus, cooperando assim para o cumprimento da obra
da salvação” (Papa Bento XVI, 19/3/2006).

Papa Francisco e a Ladainha de São José

“O Papa Francisco aprovou, em 2021, novas invocações para a Ladainha de São


José: Guardião do Redentor, Servo de Cristo, Ministro da Salvação, Amparo nas
dificuldades, Patrono dos exilados, Patrono dos aflitos e Patrono dos pobres” (Vatican
News). Em 2008, o Papa Francisco havia adicionado a menção obrigatória do nome de São
José também às orações eucarísticas II, III e IV. A lei é válida às outras orações também
presentes no Missal da tradução brasileira”.
Exemplo: “Concedei-nos ainda, no fim da nossa peregrinação terrestre, chegarmos
todos à morada eterna, onde viveremos para sempre convosco. E em comunhão com a
Bem-aventurada virgem Maria, com São José, seu esposo, com os apóstolos e mártires
(santo do dia ou padroeiro) e todos os santos, vos louvaremos e glorificaremos, por Jesus
Cristo, vosso Filho” (http://mfccuritiba.blogspot.com).

Oração Final a São José

De acordo com os Papas, São José é o pai de Jesus, o castíssimo esposo da Virgem
Maria, obediente e humilde operário de Nazaré, Patrono da Igreja Católica e padroeiro dos
agonizantes, além de ser um modelo para a vida familiar e para a justiça social. Peçamos a
intercessão do Patrono do Carmelo, com a oração citada na Carta Apostólica Inclytum
Patriarcham, do Beato Papa Pio IX, de 1871:
“Ó Deus, que em vossa inefável providência vos dignastes escolher o Bem-
aventurado José para esposo de vossa Mãe Santíssima, pedimos que Venerando-o na terra
como protetor, mereçamos tê-lo no céu como intercessor.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na Unidade do Espírito Santo.
Amém.”

Muito obrigado, São José!

Carlos Vargas, OCDS


61

Referências

REDEMPTORIS CUSTOS Exortação Apostólica do Sumo Pontífice João Paulo II


Sobre a Figura e Missão de São José na Vida de Cristo e da Igreja.

QUAMQUAM PLURIES Carta Encíclica de Sua Santidade o Papa Leão XIII


sobre a necessidade de se recorrer ao Patrocínio de São José, junto ao da Virgem Mãe de
Deus, nas dificuldades dos tempos atuais.

INCLYTUM PATRIARCHAM Carta Apostólica de S.S. o Papa Pio IX


Concedendo as prerrogativas litúrgicas dos Patriarcas às festas de São José.

QUEMADMODUM DEUS Decreto de S.S. o Papa Pio IX Proclamando São José


como Patrono da Igreja.

BONUM SANE Carta Encíclica de S.S. o Papa Bento XV (Motu Proprio) No


Cinquentenário da Proclamação de São José como Patrono da Igreja Universal.

LE VOCE CHE DA TUTTO Carta Apostólica de S.S. o Papa João XXIII.


Devoção a São José, Padroeiro do Concílio Vaticano II.

JOSÉ DE NAZARÉ (www.josedenazare.org.br). Site que centralizas informações


sobre São José na internet brasileira e internacional.

BERTOLIN, José Antônio. Curso de Josefologia – versão online. Apucarana:


Centro de Espiritualidade Josefino-Marelliana, 2019. Disponível em:
http://josefologia.blogspot.com/
62

5. SÃO JOSÉ4
Esposo da Santíssima Virgem Maria
Patrono do Carmelo

Carlos Vargas5, OCDS

“José, seu esposo,


que era homem de bem.”
(Mt 1, 19)

4 Texto adaptado a partir da carta dos Padres Gerais (OCD e OCDS) para o ano de São José: CANNISTRÀ,
Saverio; O’NEIL, Míceál. O Patrocínio de São José no Carmelo. Roma: O.C.D., O.Carm., 2020. Disponível
em: <https://ocarm.org>. Acesso em 19 mar. 2021. A imagem foi copiada da página <https://carmelitas.org.br>.
5 Esse texto foi publicado originalmente no seguinte livro: VARGAS, Carlos (org.). Santoral Carmelitano.
Curitiba: Mona, 2021, p. 43-48.
63

5.1 O Culto a São José no Carmelo

Para os Carmelitas, o interesse pela figura de São José foi um desenvolvimento


natural da inspiração mariana da Ordem. Todos os familiares de Maria receberam uma
honra particular no Carmelo. Não podia faltar o esposo de Maria!
Na verdade, é impossível dizer quando, exatamente, tiveram início as
celebrações da Festa de São José nas igrejas carmelitanas. Com toda probabilidade, já
durante o século XIV, devia ser apenas difundido localmente. Porém, no século XV, a
devoção a São José foi difundida mais amplamente. Os historiadores consideram a
liturgia própria da Ordem Carmelitana como o primeiro monumento da Igreja Latina
em honra a São José.
A liturgia antiga celebrava São José como aquele, em Nazaré, que foi escolhido
pela Divina Providência para ser o Esposo da Virgem Maria, a fim de que o Filho de
Deus pudesse nascer de forma honrada. Pregadores carmelitas afirmavam: assim como
Maria concebeu o Verbo por obra do Espírito Santo, assim São José concebeu, na
contemplação, o Cristo, em sua alma.
A liturgia celebrava também a união nupcial de José com a Virgem Maria e o
contemplava como protetor de sua virgindade e da vida do Filho de Deus encarnado.
Com a sensibilidade típica do carisma contemplativo do Carmelo, a liturgia celebrava a
pureza da Virgem e de São José em termos de disponibilidade a Deus, que torna
possível a acolhida do mistério da Encarnação.
Em síntese, na liturgia antiga da Ordem, sob a figura de São José, encontramos
um compêndio da espiritualidade do Carmelo: 1) a “puritas cordis” (“pureza de
coração”), que torna possível a visão de Deus; 2) a união com Maria; 3) a fruição da
vida mística apresentada em termos de nascimento do Verbo Encarnado na alma pura.
São José, por isso, é celebrado como o espelho da vida mística carmelitana em Deus.

5.2 São José e Santa Teresa de Jesus

Herdeira da devoção josefina no Carmelo, Santa Teresa de Jesus ampliará esta


tradição, trazendo um grande proveito para todo o Carmelo e para toda a Igreja. É
inegável que Santa Teresa fez do culto a São José um dos elementos característicos da
piedade e da fisionomia espiritual carmelitana.
A partir da experiência teresiana, a devoção a São José tornar-se-á um traço
distintivo do Carmelo Descalço, centrado na amizade com Jesus Cristo. Como São José
cuidou da Virgem Maria e do Menino Jesus, defendendo-os dos perigos externos e
cuidando da casa, igualmente ele se compromete a vigiar sobre os Carmelos, que, como
a Família de Nazaré, querem ser um lugar onde se acolhe a humanidade de Jesus e
vive-se somente para ela e com ela.
Por isso, São José não é somente o Patrono, mas também o Mestre daqueles que
praticam a oração: ninguém mais do que ele sabe como viver em intimidade com Jesus
e Maria, tendo passado tantos anos com eles e tornado possível a existência mesma da
Família de Nazaré. Não surpreende, portanto, que dez, dos quinze mosteiros fundados
diretamente por Santa Teresa de Jesus, sejam dedicados a São José!
64

São José é tão presente na atividade fundacional de Santa Teresa de Jesus que,
em suas viagens, ela leva sempre uma imagem de São José, o qual recebe o título de
“Fundador do Carmelo Teresiano”. Evidentemente, este apelativo deve ser entendido
pela presença de São José na vida de Santa Teresa, considerando a sua atividade de
fundadora do Carmelo Descalço. É certo, porém, que ao lado da figura tradicional do
Santo Pai Elias, coloca-se, agora, o Santo Pai José.
Em 1579, São João da Cruz deu o título a São José na fundação de Baeza, na
Espanha. O Colégio de Baeza foi, assim, a primeira fundação carmelitana masculina
dedicado a São José. Entretanto, o título perdurou somente dois anos: a partir de março
de 1581, o Colégio apareceu sob o título do célebre padre da Igreja São Basílio (330-
379). Isto significa que ainda existia, naquele tempo, muita incerteza sobre o papel que
se deveria atribuir na Ordem ao carpinteiro de Nazaré.
Vinte e cinco anos mais tarde, essa incerteza aparece definitivamente resolvida.
Na Instrução aos Noviços, publicada em 1605 pelo Venerável Frei João de Jesus Maria
(1564-1615), a devoção a São José é precedida somente pelo culto à Virgem Maria e é
seguida pela veneração aos santos profetas Elias e Eliseu, “fundadores da nossa
Ordem”.

5.3 O Patrocínio de São José

Uma das opiniões características de Santa Teresa de Jesus é: enquanto os outros


Santos são destinados por Deus a socorrer em certas necessidades específicas, São José
possui uma espécie de mandato universal e pode vir em ajuda de qualquer necessidade,
material ou espiritual. Esta convicção é o fundamento da Festa de São José tipicamente
carmelitana, a do “Patrocínio”.
Já em 1628, o Capítulo dos Carmelitas Descalços da Congregação Espanhola
havia declarado São José “Patrono Principal” da Ordem. Frei João da Conceição
Oviedo Monroy (1625-1700), carmelita descalço, obteve do Capítulo Geral de 1679 a
aprovação da Festa do Patrocínio de São José, cujos textos litúrgicos foram elaborados
por outro carmelita descalço, o Frei João de São José (1642-1718).
No Vaticano, a Congregação dos Ritos, após uma reelaboração dos textos
litúrgicos, os aprovou no dia 6 de abril de 1680, por obra do Cardeal Girolamo
Casanate (1620-1700). A Festa do Patrocínio ficou estabelecida para o terceiro
domingo depois da Páscoa, dia em que, normalmente, eram convocados os Capítulos
Gerais e provinciais. Logo, a Festa passou também aos carmelitas da antiga
observância, cujo Capítulo Geral de 1680 havia declarado unanimemente São José
como protetor primário da Ordem dos Carmelitas. Rapidamente, esta celebração
estendeu-se a outras Ordens e Congregações religiosas.
No dia 10 de setembro de 1847, em tempos de fortes tribulações, o Beato Papa
Pio IX, com o Decreto Inclytus Patriarcha Joseph, estendeu para toda a Igreja a Festa
do Patrocínio de São José. Os textos litúrgicos foram adaptados a partir daqueles que
eram utilizados pelos Carmelitas. Finalmente, no dia 8 de dezembro de 1870, o Beato
Papa Pio IX procedeu à solene proclamação de São José como Patrono Universal da
Igreja Católica com o Decreto Quemadmodum Deus.
65

Em 1913, a Festa do Patrocínio de São José foi transferida para a quarta-feira da


terceira semana depois da Páscoa e, em 1956, foi substituída pela memória de São José
Operário, celebrada no dia 1º de maio. No entanto, aos Carmelitas Descalços foi
concedida, em 1957, autorização para continuar a celebrar a Festa do Patrocínio de São
José, “Protetor e Patrono da nossa Ordem”.

5.4 São José Patrono de todo o Carmelo

A reforma litúrgica, posterior ao Concilio Vaticano II, trouxe uma notável


simplificação do calendário litúrgico. No calendário litúrgico, aprovado no dia 14 de
fevereiro de 1969, o título “Protetor da Igreja Universal” foi retirado da Solenidade de
São José, celebrada no dia 19 de março. Naturalmente, ele não foi abolido, mas
considerou-se oportuno manter somente o título bíblico de “Esposo da Virgem Maria”,
deixando a possibilidade de cada Conferência Episcopal e cada Família Religiosa
escolher outros apelativos.
O título “Protetor da Ordem” foi conservado nos textos litúrgicos dos carmelitas
da antiga observância, mas desapareceu nos textos dos carmelitas descalços6. No
entanto, as Constituições pós-conciliares (O.Carm. e O.C.D.) continuam referindo-se a
São José como seu “Protetor”. Nisso, podemos reconhecer um importante elemento de
unidade de toda a família carmelitana, que talvez não tenhamos valorizado
suficientemente.

5.5 Oração

Ó Deus, que em Vossa inefável Providência, escolhestes São José para Esposo
de Maria, Mãe do Vosso Filho; fazei que, venerando-o na terra como Protetor,
mereçamos tê-lo como Intercessor no Céu. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso
Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém7.

6
Observe-se que a Solenidade de São José (19/3) não foi incluída no calendário litúrgico próprio da O.C.D.
aprovado pela Santa Sé em 2019.
7 ORDEM CARMELITANA DESCALÇA. Orações Comunitárias Carmelitanas. 2ª ed. São Paulo: Edições
Carmelitanas, O.C.D., 2001, p. 58.
66

6. PEQUENA COLETÂNEA DE TEXTOS RECENTES


DO FREI PATRÍCIO SCIADINI, OCD,
SOBRE SÃO JOSÉ

6.1 Oração a São José

SENHOR, obrigado por nos doar São José para nos recordar que a vida
não é fazer discursos mas escutar no silencio da noite, no sonho a tua voz que me diz
Não tenhas medo
Levanta
E vai
Eu, teu Deus, estarei sempre contigo.

Te confio o meu único Filho Jesus e sua mãe Maria Que é


toda a humanidade.

É a tua missão: ser ao lado de todos uma presença que ama, protege.
Não são necessárias palavras mas ações de amor.
Amem
Abuna Batrik O.C.D
Frei Patrício Sciadini
67

6.2 Por que São José não fala?

Sempre amei São José e me perguntei porque não diz nem mesmo uma palavra, nem
um bom dia? Será que não era mudo? Ou fechado em si mesmo? Mas parece que
entendi o seu silencio que é:
Escuta amorosa
Não interfere
Não dá pareceres
Não discute
Conhece a sua missão
Executa
É discreto
Protege

Permanece na sombra
Dá espaço a MARIA e JESUS
Medita e reza
Trabalha, é delicado

O seu silencio é
Comunicação
Quero aprender este silencio
E peço a São José que o ensine a todos nós
`a Igreja, ao mundo

Um silencio assim
Não incomoda
Não agride
Não divide

Cria comunicação
Dá paz Cura as
feridas.

Obrigada São José pelo teu silêncio. Abuna


Batrik O.C.D
Frei Patrício Sciadini - 27/02/2021.
68

6.3 Duas flores quaresmais

Sempre no austero terreno


quaresmal vestidas de roxo
penitencial florescem duas
flores
belas, perfumadas

São José Justo, atento


aos sonhos do Alto
escuta de Deus Não
tenhas medo

Toma contigo Maria


como esposa Tudo é
obra do divino Espírito

Uma flor mais bela o Verbo,


semente de Deus se faz carne
no seio
da Virgem Maria

A Ela também o
anjo diz
Não tenhas medo a
sombra amorosa do
Espirito Santo Te
cobrirá e nascerá
Jesus Maria, José
escolhidos por Deus
para acolher o
Salvador
do mundo

Livres do medo nos


ensinam a não ter
medo de dizer o
nosso pobre SIM aos
escondidos
projetos de Deus

Pelos nossos SIM ao


AMOR muda o
homem e o mundo.
69

E florirá a
verdadeira paz e
alegria.

Abuna Batrik O.C.D


Frei Patrício Sciadini - 10/03/2021.

6.4. São José está muito contente

Não sei se era um sonho ou se estava acordado ou meio adormentado, me


pareceu que São José quisesse me dizer alguma coisa, me coloquei a escutá-lo.
Era ele mesmo com a sua barba “borrifada” de branco...o seu lírio.....
Me disse:
Estou muito contente que o Papa Francisco colocou o meu
nome nas preces eucarísticas e que tenha me dedicado este ano.
A Igreja tomou seriamente tudo isso e o povo me invoca para que
proteja: A família
Os trabalhadores
Os refugiados
Os exilados
Os doentes
Os moribundos
Toda a humanidade

Estou contente e com Maria faremos todo o possível para interceder e pedir a
Jesus que socorra a todos especialmente os últimos e mais sozinhos.
Estou contente e com Maria faremos todo o possível para interceder e pedir a
Jesus que socorra a todos especialmente os últimos e mais sozinhos.
Estou contente em ver que há tantas igrejas em minha honra e como me invocam
para entender o silencio e aprender a rezar.
Eu fiquei muito feliz, disse somente obrigado São José e abri os olhos e não vi nada
mas tinha o coração cheio de alegria e de paz.
Abuna Batrik O.C.D
Frei Patrício Sciadini
70

6.5. José de Nazaré

Jovem trabalhador
sonhava uma família
com a jovem Maria
assim ele pensava

O Deus de Israel não


pensava assim tinha
já escolhido Maria
para Mãe do Filho
Seu Jesus

José se agitou
perdeu o sono
pensou em fugir
Deus enviou na
noite o anjo
Gabriel

Não tenhas medo


MARIA não traiu tu
és justo Tudo é obra
do Espirito Santo

José obedeceu
tomou Maria em
sua casa

Juntos caminharam
creram com fé
educaram o filho de
Deus Salvador,
Redentor da
humanidade

José, Maria, Jesus caminhem


conosco e juntos seremos
felizes. Abuna Batrik O.C.D
Frei Patrício Sciadini
15/03/2021
71

6.6 São José

Nada ou quase nada


sabemos da tua vida
Tudo é silencio Tu
fostes silencio no
silencio te escondestes
Onde nascestes?
E os teus pais?
Quando nascestes?
Silencio

O pouco que sabemos é aquilo


que te faz santo

Eras justo
Amavas a Deus
Trabalhavas
Humilde e silencioso

Deus amou o teu silencio de amor te


escolheu para uma missão secreta

Todos sabiam que eras


pai de Jesus Tu sabias
que não eras
guardastes silencio

Um silencio pesado, duro


humilde e doce é um
silencio que ama sofre
cala

Mestre do silencio guardas os


segredos
da alegria e da cruz

Não discutes escutas e


fazes segues as ordens
do sonho e vais onde o
coração
te diz
72

Ensina-nos, José a
silenciar não por
medo mas somente
por amor

Silencio profético
contra a injustiça
Abres caminhos ao
inútil falar humano

José no
silencio leva-
nos
a Deus silencio Palavra de
vida adorada por ti Gerada
não por ti mas pelo
Espirito Santo
no seio de MARIA

Ela é Mãe
Tu não és pai
És silenciosa
Sombra protetora Para o
Filho de Deus.

Abuna Batrik O.C.D


Frei Patrício - 18/03/2021

6.7 O Evangelho de São José

Eu JOSÉ, filho de Jacó, da casa do rei Davi quando eu estava noivo da jovem
Maria de Nazaré, estando na angústia e angústia por saber que Maria estava grávida,
sabendo que eu era inocente e acreditando na sua honestidade, enquanto estava dormindo,
em sonho, Deus me enviou o seu anjo Gabriel para me dizer:
“Não tenhas medo, José, de tomar Maria como tua esposa, ela está grávida por
obra do Espirito Santo e a criança que nascerá é filho de Deus e tu a chamarás Jesus
Salvador” A paz voltou ao meu coração, tomei Maria na minha casa e toda a minha vida foi
ao seu serviço e do menino que devia nascer.
Fui com ela visitar Isabel que na velhice esperava uma criança que preparará os
caminhos do Messias.
Viajamos a Belém, era o tempo do inverno, não encontramos lugar nas
hospedarias e o menino nasceu numa manjedoura.
73

Fiquei admirado como Deus quis celebrar o nascimento do seu Filho, mandou do
céu muitos anjos para cantar, despertados do sono os pastores vieram nos visitar com
presentes, vieram os Magos do Oriente.
A paz e a alegria duraram pouco: o Rei Herodes, orgulhoso e medroso queria
matar Jesus anunciado pelos profetas.
Em sonho Deus me enviou o seu anjo para me dizer de pegar o menino e sua mãe
e fugir para o Egito.
Viagem dura, difícil; no Egito encontramos acolhida mesmo que não tenha sido
fácil viver na pobreza.
No tempo estabelecido um outro aviso: voltar para a Galileia mas tive medo dos
filhos de Herodes e fui para Nazaré.
A missão que Deus tinha me confiado era educar, proteger Jesus até os 12 anos
quando em uma viagem voltando de Jerusalém, Ele permaneceu no templo e MARIA E EU
cheios de angústia O procuramos; era no templo a sua casa.
Terminada a minha missão tomei a decisão de “desaparecer”, eu não era mais
necessário nem no caminho de Jesus e nem no caminho de Maria.
Eu escrevi estas coisas para agradecer a Deus pela confiança que teve em mim;
outras notícias as encontrareis nos Evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas.
O centro da Nova Aliança não sou eu mas JESUS e MARIA, eu fui escolhido por
Deus para ser o protetor e quando não foi mais necessário retomei o caminho do meu
silencio e ocultação.

José, o carpinteiro de Nazaré


19/03/2021

6.8 Oração a São José

SENHOR, obrigado por nos doar São José para nos recordar que a vida não é fazer
discursos mas escutar no silencio da noite, no sonho a tua voz que me diz
Não tenhas medo
Levanta
E vai
Eu, teu Deus, estarei sempre contigo.

Te confio o meu único Filho Jesus e sua mãe


Maria Que é toda a humanidade.

É a tua missão: ser ao lado de todos uma presença que ama, protege.
Não são necessárias palavras mas ações de amor.
Amem
Abuna Batrik O.C.D
Frei Patrício Sciadini
74

6.9 Notícia sobre o lançamento do livro do Frei Patrício Sciadini em honra a São José:
"Caminhando com São José"
Silvonei José Protz
(Acadêmico correspondente da Academia Brasileira de Hagiologia - ABRHAGI /
Vatican News)

"Frei Patrício, sacerdote carmelita, lançou um livro sobre São José: “O homem
que a escritura chama de justo, traz para nós um sentido muito profundo: quer diz doer “o
homem reto”, o “homem justo”, o “homem santo”.

Em comemoração aos 150 anos da proclamação de São José como guardião


universal da
Igreja, pelo Papa Pio IX, o Papa Francisco deu um grande presente à Igreja, o
“Ano de São José” através da Carta Apostólica Patris Corde “Coração de Pai”. Esta Carta,
como o próprio título sugere, é cheia de afeto. Nasce do coração paternal de Francisco, que
deseja, por meio dela, chegar ao coração de todos os católicos, convidando cada um a
conhecer melhor o pai adotivo do Senhor e a sua importância no plano salvífico de Deus.

“Pai amoroso”, “Pai acolhente”, “Pai dos trabalhadores”, “Sombra da família”.


Vários são os títulos atribuídos a São José que ajudam os cristãos a compreenderem como
viver “à sombra” daquele a quem Deus confiou a Sagrada Família, e à criação do seu filho.

Frei Patrício Sciadini publicou pela Angelus Editora em coedição dom a Editora
Canção Nova neste mês de janeiro o seu livro “Caminhando com São José”. Frei Patrício
explica que o mistério da infância de Jesus e a vida da Virgem Maria seriam inexplicáveis e
surreais sem a presença de São José.

Para Frei Patrício Sciadini, São José é uma pessoa de silêncio, trabalho e vida
espiritual e que, mais do que nunca, convida a repensar o quanto o barulho em que vivemos
submersos atrofiam nossa capacidade e a sensibilidade de perceber Deus que nos fala na
vida.
“O homem que a escritura chama de justo, traz para nós um sentido muito profundo:
quer dizer “o homem reto”, o “homem justo”, o “homem santo”. É tão grande a santidade de
São José, que Deus o escolheu para uma missão tão especial: ser a presença masculina na
família de Nazaré. A ele entregou a proteção da Virgem Maria e de Jesus. Um homem
silêncio, mas que tem uma grande capacidade de escuta da voz do Senhor”, afirma o Frei.

Frei Patrício conversou com a Rádio Vaticano –


Vatican News sobre a figura de São José.
75

A obra
A obra é a primeira dedicada a São José lançada neste ano de 2021 e escrita pelo
Frei Patrício Sciadini, OCD. Traz em suas páginas, novenas e ritos dedicados ao santo,
reafirmando o amor dos católicos por aquele que educa, mesmo que em sonhos, a ser
disponível à vontade de Deus.
O livro traz conteúdos como a novena e o terço de São José, já tradicionais nos
devocionários cristãos, bem como reflexões para todos os meses do ano, inserindo o leitor no
processo de confiança e espiritualidade do santo.
Ainda traz entre de cada proposta de reflexão, trechos da carta “Patris corde”, em
sintonia com a espiritualidade do mês.
A obra, sem dúvidas, levará a todos os que querem responder intensamente ao
convite de Papa Francisco, um importante material de vivência individual, em família ou em
grupo.

Sobre o autor
Frei Patrício Sciadini é sacerdote carmelita, nascido em Arezzo, na Itália. Após a
ordenação sacerdotal, veio para o Brasil, apaixonou-se por esta terra e naturalizou-se
brasileiro. Reside no Egito desde 2010, onde serve a Igreja como Provincial dos Carmelitas
Descalços. É um dos maiores especialistas no mundo em espiritualidade dos santos
carmelitas. Pregador de retiros e formações para congregações e novas comunidades.

Sobre a Angelus
Editora de livros católicos, foi lançada em julho de 2020. A Angelus foi fundada
por Maristela Ciarrocchi, que há 25 anos trabalha no mercado religioso, e durante toda a
vida dedicou-se a projetos da igreja e da juventude. Tem como objetivo, trazer ao público
obras que retratam o Verbo que se fez presente em meio a nós, através de cada livro
publicado."

Fonte:
https://www.vaticannews.va/pt/igreja/news/2021-01/frei-patriciocaminhando-com-
sao-jose.html
76

7. O QUE É DEVOÇÃO
Ir. Sheron Maria da Cruz, ocd

Oração Inicial:

Ó Glorioso São José, o vosso poder se estende sobre todas as nossas necessidades
e sabeis tornar possível o que parece impossível, lançai o vosso olhar paternal sobre todos
os vossos filhos. Amém!
São José, rogai por nós!

Devoção é:
1 Sentimento religioso.
2 Piedade, afeto.

Devoto:
1 Piedoso, religioso.
2 Amigo dedicado, cultor.

O que não é devoção:


Sentimentalismo subjetivista no exercício da vida religiosa - ou de piedade.

Devoção é “a vontade pronta para se entregar a tudo que pertence ao serviço de


Deus” (Santo Tomás de Aquino. ST II-II, Q 82, A 1)

O que são Devoções


• práticas piedosas
• privadas ou públicas
• exercitam nossa vontade
77

• retroalimentam nosso amor à Deus

De devociones o bobas nos libre Dios!


• Mistério da Redenção
• Sem fundamento,
• Sem conhecimento
• Sem sentido
• Inconsideradas

Compreensão teológica da missão de São José:


• "guarda dos mistérios da salvação dos homens"
• "chefe da vossa família para guardar com paterna solicitude o vosso Filho
Unigênito".
• mais perfeito dos pais e esposos

A imagem de São José:


• ancião velhíssimo e adormecido
• cenas narrativas

O culto a São José


• superior ao dos Apóstolos
• Advogado
• próximo do da Virgem Maria

Devoção a José

Séc. XVI
• Patrono de vários reinos, nações e ordens religiosas

Séc. XVII
• Festa do Santo passa a ser celebrada em toda a Igreja

Séc. XVIII
• Incluído na Ladainha dos Santos

Séc. XIX
• Proclamado padroeiro da Igreja

Século XX
• É incluído no Cânon da Missa;
• Festa de São José Operário - 1955 Pio XII

Séc. XXI
78

• É proclamado o Ano de São José

Culto Digno
Procura-se honrar José com um culto digno, por participar da ordem hipostática,
por lhe ter sido confiada na terra a custódia do Filho de Deus e de sua Mãe, por ter
contribuído para a redenção.

A ternura
São José é pai, mesmo título que atribuímos a Deus
Amor - preocupação pelo filho - entrega generosa a Ele
Mais fiel imagem de Deus
Inteligência + Afeto
79

Dez ofícios de São José


Aio
Padrinho
Pai companheiro
Pai adotivo
Amo de leite
Pai por eleição
Senhor
Marido de sua mãe
Pai de boas obras
Tutor

Frei Jerónimo Gracián - “refúgio ordinário nas suas angústias e trabalhos”.


Os Carmelos são “casas do glorioso São José”.
Fundador desta Ordem
Culto no Carmelo

Culto no Carmelo
A devoção Josefina de Santa Teresa nasce enraizada na devoção a humanidade de
Cristo e tudo o que com ela se relacione:
Ninguém como São José esteve tão perto de Jesus Homem!

São José Cristóforo: “Aquele que conduz Jesus”.

San José de Ávila – retábulo central: “Glorioso San José del Carmen -
Sevilha”

Culto no Carmelo
A imagem de São José posta nas portas dos conventos fez com que o Santo
ocupasse um lugar no espaço público e que fosse visto como uma personagem carinhosa e
próxima das pessoas.

Capela de São José – Toledo, Espanha.


Primeira capela da cristandade dedicada a São José.

Retábulo central - uma das primeiras pinturas do Santo jovem - El Greco.


A família de Zayas (~1600)

Devoções a São José


Trintena a São José , também conhecida como Manto de São José, para honrar o
pai adotivo de Jesus ao longo de trinta dias consecutivos por sua fidelidade e entrega a
Deus por meio da missão de cuidar da Sagrada Família de Nazaré.
80

Sete dores e sete alegrias de São José


SETE DOMINGOS - sete Pai Nosso e sete Ave-Maria em memória de suas dores;
sete alegrias de São José.

Rosários e Terços a São José


Oração a São José
Jejum
Oração do Rosário a Nossa Senhora

Ladainha de São José


Tem sua origem no séc. XX
31 invocações
Em maio deste ano (2021)
Papa Francisco adicionou sete novas invocações

Ladainha de São José


Guardião do Redentor
Custos Redemptoris
Servo de Cristo
Serve Christi
Ministro da Salvação
Minister salutis
Amparo nas dificuldades
Fulcimen in difficultatibus
Patrono dos exilados
Patrone exsulum
Patrono dos aflitos
Patrone afflictorum
Patrono dos pobres
Patrone pauperum

Visitas a São José


31 visitas: orações dedicadas ao casto esposo de Maria
Introduz o devoto nas meditações sobre São José
Padroeiro da Boa Morte

Escapulário de São José


Pureza - humildade - modéstia
Intercessão principalmente na hora da morte
“São José Padroeiro Universal”
“O Espírito do Senhor é o seu guia”
81

Cordão ou cíngulo de São José


Cura milagrosa de uma monja - 1659
Confraria e Arquiconfraria do Cordão de São José
(Verona - 1865)
Pio IX enriqueceu a devoção com várias indulgências plenárias e parciais.

Coração de São José


Este é o coração do glorioso São José, esposo de Maria Santíssima, que não é
conhecido, nem amado pelos cristãos, mas que o Senhor deseja que seja conhecido, amado
e honrado, ao lado dos corações de Jesus e Maria.

Outras Orações à São José


Orações Litúrgicas: São José Esposo de Maria - São José Operário
Ofício Parvo de São Jose
Oração a São José pelas almas do Purgatório (por uma alma)
Oração a São José, Terror dos demônios
Oração a São José pelos moribundos/pelos agonizantes/boa morte
Oração a São José pelas vocações
São José dormindo
Novenas à São José
“Relíquias”

Consagração a São José


São José é modelo de pureza, castidade e de vida interior: legítima intimidade e
amizade com Jesus. E ele pode, e ouso dizer, quer alcançar-nos estas graças.

Deus lhe pague!


São José, valei-nos!
82

8. AS DIVERSAS DEVOÇÕES A SÃO JOSÉ:


DEVOÇÃO OU DEVOÇÕES?
Ir. Sheron Maria da Cruz, ocd

I- PARTE

8.1. O que não é devoção

A definição da língua portuguesa nos remete imediatamente ao coração do


problema: a do sentimento (sentimentalismo) e da subjetividade (subjetivismo) no exercício
da vida religiosa - ou de piedade.
Esta é uma falsa noção - pelo menos a católica - a respeito da "devoção", que
gostaríamos de aclarar a seguir.
Segundo Santo Tomás, devoção é “a vontade pronta para se entregar a tudo que
pertence ao serviço de Deus”8, portanto é um ato decidido e determinado da vontade
pronta.
Portanto, devoção é um ato da religião – atos de culto - que é uma virtude de
Justiça (dar a Deus o culto devido) - que difere da caridade/amor, virtude teologal, que tem
a Deus por objeto direto. Sendo seres corporais (e não puramente espirituais - como os
anjos), temos a necessidade de valer-nos de mediação para viver esta caridade/amor.
No exercício da devoção podem surgir sentimentos bons: paz, alegria, gozo
interior... ou não! Na experiência espiritual, sempre sob influxo da graça divina, a devoção
pode ser acompanhada de sentimentos e consolações, como normalmente acontece nos
iniciantes. No entanto, na prática da devoção pode acontecer também a aridez espiritual,

8
Santo Tomás de Aquino. ST II-II, Q 82, A 1.
83

que é bem diferente da tibieza, especialmente com as pessoas mais adiantadas


espiritualmente.
Na Idade Média a religião se tornou algo cultural: não havia problemas ou
dificuldades para ser católico. Já por volta dos sécs. XIV e XV este tecido social começou a
se dilacerar, corrompendo-se, e então já não se podia depender da sociedade para viver a
religião e as atitudes individuais passaram a ser valorizadas. Esta é a Devotio Moderna
que acentuava muito o sentido pessoal - subjetivo do ato de religião. Vários santos
sofreram influência deste Movimento: Santo Inácio, Santa Teresa, São João da Cruz, Santa
Terezinha... mas também Lutero!
A Devotio Moderna coloca um peso grande sobre a afetividade: o sujeito com seus
pensamentos vai criando os sentimentos/emoções...
A devoção é algo bom, mas precisa uma certa atenção para não cair no
sentimentalismo subjetivista.
Então, para não cair nesta armadilha, é necessário que a nossa devoção seja
iluminada pela razão, já que o ato de religião é, de per si, ato pronto da vontade,
implicando uma decisão!
A devoção é, portanto:
Querer Deus - que não é somente o Sumo Bem, mas o meu Bem.
Isto vai acontecer à medida em que este Bem aparecer aprazível para mim. Para
isto a meditação da vida de Cristo - Humanidade. Quando meditamos na vida de Cristo o
ato de religião se realiza dentro de nós!
Então agora podemos falar em ato de devoção, o que costumamos chamar de
devoções.

8.1.1 O que são devoções

Quando nos referimos à devoções, pensamos em atividades: orações, práticas,


exercícios, etc. Enfim, algo em que nos aplicamos. Ou seja: coisas que fazemos para Deus
(ou para os santos...). A própria Santa utiliza esta expressão no Livro da Vida:
“Procuraba soledad para rezar mis devociones, que eran hartas, em especial e
rosário de que mí madre era muy devota, e así nos hacía serlo.” V 1,6
Aqui a Santa usa o substantivo no plural, com a mesma aplicação que costumamos
fazer, associando "devociones" (devoções) à prática do rosário: uma atividade religiosa;
e o adjetivo "devota", que aplica à sua mãe, para dizer que esta gostava ou talvez
que se aplicava a fazer com regularidade.
Aqui podemos pontuar qual a finalidade de uma devoção que é retroalimentam
nosso amor à Deus: afinal, são atos pelos quais expressamos nosso amor à Deus e/ou
exercitamos nossa vontade para aumentar nosso amor.
Agora faz todo o sentido a expressão teresiana: De devociones a bobas, nos libre
Dios! V 13,16. A Santa foge de devoções sem fundamento, sem conhecimento ou
inconsideradas...
Afirmamos que para uma devoção não ser “a bobas” deve estar estritamente
ligada ao Mistério da Redenção: Encarnação – Paixão – Morte – Ressurreição e em
consonância com a Tradição.
84

Para que nossas devoções à São José não sejam “a bobas” precisamos entender o
valor e sentido destas que se tornam manifestas à medida em que entendemos
Teologicamente a Missão de José, ou seja a sua conexão com o Mistério da Redenção.

8.2. Compreensão Teológica da Missão de José

Obviamente este não é o tema que nos ocupa, por isso vamos passar apenas de
relance por ele.
José é uma pessoa predestinada pelo próprio Deus para servir diretamente a pessoa
e a missão de Jesus mediante o exercício da paternidade. A ele foi confiada "...a guarda dos
mistérios da salvação dos homens"9, ele
"...foi constituído chefe da vossa família para guardar com paterna solicitude o
vosso Filho Unigênito"10
No mundo devocional, com o intento de promover um amor mais cordial ao Santo,
pensando e recriando a vida de São José ao lado de Jesus, ao reconhecê-lo como
imagem/figura de Deus Pai, descobrimo-lo como o mais perfeito dos pais e esposos. De
fato, como veremos a seguir, todo o devocionário Josefino estará assentado sobre estas
duas prerrogativas.
São José é, assim, o protetor das necessidades materiais e espirituais: de protetor
da casa de Nazaré, chega a ser o protetor da casa de Deus que é a Igreja.
Frei Jerónimo Gracián enumera dez ofícios que São José prestou ao Menino Deus
e que lhe conferem o título de Pai, todos eles fazem pensar em ternura e carinho, cuidado e
proteção: José é para o Menino Jesus
aio, padrinho, pai companheiro, tutor, pai adotivo, amo de leite, pai por eleição,
senhor, marido de sua mãe, pai de boas obras.11
No mundo devocional vemos salientar-se o aspecto terno, em gestos de carinho
para com o Menino: nas imagens o vemos representado carregando-o ao colo, abraçando-o,
atém mesmo ensinando um ofício na carpintaria, etc. Isto é muito interessante: “José ensina
Jesus a realizar algum pequeno trabalho: a sua grande mão cobre a pequena do Menino”12.
São José, que exerceu sobre Jesus todas as funções de pai, excetuando-se a
geração física foi testemunha privilegiada de todos os fatos que precederam e que se
sucederam à encarnação de Jesus Cristo. Dele é dito que é pai legal, nutrício, putativo,
adotivo, virginal, vicário, representante, sombra do Eterno Pai – que encobriu a pessoa e o
mistério de Deus, mas também encobriu Jesus, que aparecia aos seus contemporâneos
como filho do casal formado por José, o carpinteiro, e Maria.

9
Oração Coleta da Solenidade de São José
10
Prefácio da Solenidade de São José
11
GRACIÁN, Jerónimo, Excelencias de San José, esposo de la Virgen María, Apostolado
de la Prensa, Madrid, 1944, pp.57-62 citado por FRONTELA, Luis J. FERNANDEZ, A
ternura de São José, Revista de Espiritualidade 29 (2021), Grupo Editorial FONTE, pp.
127-145 artigo revisto de Estudios Joséfinos, Año 68, Nº. 136, 2014, págs. 191-214.
12
FABER, Federico Guillermo, Belén o el mistério de la Santa Infancia, Madrid, Hijos de
Gregorio del Amo, 1930, p. 257 citado por FRONTELA.
85

8.2.1 A imagem de José

Ao longo dos tempos antigos e na Idade Média, São José é esquecido, as poucas
vezes que aparece em representações artísticas é como um ancião velhíssimo e
adormecido13, em cenas narrativas. Isto muda a partir do Sec. XVI. Segundo nosso irmão,
Frei Jerónimo Gracián, José foi escolhido para sustentar a Virgem com o trabalho de suas
mãos, acompanhá-la nos seus caminhos, defendê-la dos juízos temerários... isto exige que
ele fosse um homem jovem!
Depois disso proliferaram as imagens (estampas e gravuras) de São José com o
Menino nos braços, insistindo no exercício das funções próprias dos pais. Assim
desenvolve-se com clareza a imagem de São José cristóforo, aquele que conduz Jesus.

8.2.2 O culto a São José

Se aos anjos foi encomendada a guarda e a proteção dos homens, aos arcanjos a
proteção dos principados, reinos e impérios, São José foi escolhido pelo próprio Deus para
custodiar, alimentar, educar e proteger o Deus Homem. São José, acolhendo Maria e Jesus,
protege-os, e é ele, como chefe de família, e não Maria, que recebe as ordens divinas
quando há que tomar alguma providência na família. O mundo devocional vê São José
como “grande em dignidade, grande em poder, grande na beneficência para com os
necessitados”14.
João Gerson o chama “nosso advogado” e no sermão pronunciado no Concílio de
Constança em 1416 foi o primeiro a sugerir que se elevasse São José a um nível superior ao
dos Apóstolos e próximo do da Virgem Maria15.
Em meados do séc. XVIII, o Papa Bento XIII afirma a superioridade de São José
sobre João Batista, ao sustentar que “São José pertence aos santos do Novo Testamento e
São João Batista, pelo contrário, aos do Antigo Testamento (cuja lista conclui), assim como
Maria e José começam a serie dos santos do Novo”. Da mesma forma chega-se a afirmar a
superioridade de São José em relação a todos os anjos e santos, incluindo os apóstolos, cujo
ofício é o “maior dos instituídos na lei da graça”. E esta superioridade de São José, o santo
mais querido de Deus, segundo a expressão de um autor do séc. XIX, é justificada pela sua
proximidade a Jesus Cristo e pela sua contribuição ao mistério da encarnação.

13
São Máximo, Confessor, é muito indulgente ao afirmar que São José teria mais de 70 anos
ao casar com a Virgem Maria – ainda diz que era viúvo e pobre de posses materiais. A Vida
da Virgem, São Máximo Confessor, Minha Biblioteca Católica, 2020
14
DE BARRAMEDA, Manuel María de Sanlucar, Nueva Joséfina o grandeza del Patriarca
San José, Tomo I, Imprenta de Juan Francisco Montero, Santiago de Compostela, 1831, p.
400 citado por FRONTELA.
15
João Gerson também propôs que se comemorasse os desposórios de Maria e José, que não
foi aprovada mas contribuiu para intensificar o culto ao Santo.
86

8.3. Devoção a José

Desde o séc. XV e até finais do séc. XIX, assistimos a um processo lento, mas
progressivo, que vai levar a situar São José dentro das práticas litúrgico-devocionais da
Igreja.
- No séc. XVI é nomeado patrono de vários reinos, nações e ordens religiosas
- No séc. XVII (1621) a festa do Santo passa a ser celebrada em toda a Igreja –
inclusive como preceito (Gregório XVI)
- No séc. XVIII (1726) Bento XIII inclui o nome de São José na Ladainha dos
Santos
- No séc. XIX é proclamado padroeiro da Igreja
- No séc. XX é incluído no Cânon da Missa; em 1955 Pio XII estabelece a Festa
de São José Operário.
- No séc. XXI é proclamado o Ano de São José16.
Procura-se honrar José com um culto digno, por participar da ordem hipostática,
por lhe ter sido confiada na terra a custódia do Filho de Deus e de sua mãe, por ter
contribuído para a redenção.
Desde o século XVI vemos proliferarem-se os exercícios devocionais em honra de
São José, como veremos na segunda parte.
Como consequência do desenvolvimento da devoção à São José´, crescerá também
a devoção à Sagrada Família, que é considerada “a trindade na terra” e na qual José é a
“terceira pessoa da trindade criada”. O mundo devocional tem claro que, no lar de Nazaré,
São José dirige tudo. Isto explica-se no contexto da economia da encarnação, segundo a
qual Jesus Cristo estava predestinado a vir ao mundo, coisa que se realizaria por meio de
uma mulher, embora virgem, esposa. O Filho de Deus teria na terra uma mãe e um pai,
nasceria de um verdadeiro casamento, seria membro de uma verdadeira família.

8.3.1. Devoção carmelita-teresiana

Santa Teresa tinha consciência de que São José foi o seu “refúgio ordinário nas
suas angústias e trabalhos” e que seus conventos, o Carmelo que ela estava fundando eram
“casas do gloriosos São José”17.
Anedótico o fato de 10 de suas 14 fundações levarem no título “San José” e quatro
com o adjetivo “del Glorioso”. Em Santa Teresa se vê muito clara a paternidade de São
José sobre a sua obra e por ele se sentia protegida e defendida18.
Conta-nos Frei Jerónimo Gracián que Santa tinha o costume de pôr sobre a
portaria de todos os mosteiros que fundara Nossa Senhora e o glorioso São José; e em todas

16
Em comemoração aos 150 anos da proclamação de São José como guardião universal da
Igreja, pelo Papa Pio IX, o Papa Francisco institui o “Ano de São José” através da Carta
Apostólica Patris Corde “Coração de Pai”.
17
Carta a Dona Inés Nieto, Sevilla, 19 de junho de 1575. A D. Hernando de Pantoja, Ávila,
31 de janeiro de 1579.
18
V 32,11; CC 30,2; etc.
87

as suas fundações levava sempre consigo uma imagem de grandes dimensões deste
glorioso santo, que agora está em Ávila, chamando-lhe fundador desta Ordem.
Este gesto, que virá a converter-se num hábito nos nossos conventos (colocar a
imagem de São José nas portas dos conventos), pode parecer ingênuo, mas teve uma
grande importância pois fez com que o Santo ocupasse um lugar no espaço público e que
fosse visto como uma personagem carinhosa e próxima das pessoas. A devoção Josefina de
Santa Teresa não é fruto do acaso, mas nasce enraizada na devoção que ela tem da
humanidade de Cristo e tudo o que com ela se relacione, e ninguém como São José esteve
tão perto de Jesus Homem.
Podemos dizer que da visão da Santa, se depreende uma devoção moderna: porque
José cura/remedia todos os males, em comparação com outros santos, que só se ocupam de
alguns negócios: “a otros santos parece les dio el Señor gracia para socorrer en una
necesidad; a este glorioso santo tengo experiencia que socorre en todas”19
Não só nas necessidades corporais, também (e mais!) nas espirituais:
“En especial personas de oración siempre le habían de ser aficionadas (…) Quien
no hallare maestro que le enseñe oración, tome este glorioso santo por maestro y no
errará en el camino”.20
Gostaríamos de destacar, a modo de conclusão, que as imagens colocadas pela
Santa, em geral, representam-no com o Menino, quer nos braços, quer levando-O pela mão:
portanto como Cristóforo, portados de Cristo, em sintonia com a ideia teresiana de que não
podemos imaginar São José sozinho, mas sempre unido a Virgem e a Cristo, isto é, inserido
no mistério da Salvação.
A partir das reflexões dos espirituais e da iconografia vai-se desenhando uma nova
imagem de São José, que já não é a do idoso de antigamente, indiferente ao que se passa ao
seu redor, mas o varão vigoroso, o "amante e terno pai", escolhido por Deus para atender a
sua família, aquele que em Jesus - a quem sente como filho - abraça o próprio Deus.

8.4. A ternura

Existe uma palavra muito cara ao Papa Francisco e que o define muito bem, em
seus gestos e palavras como pontífice. Ela servirá de link para passarmos à outra margem.
Afirma o Papa São João Paulo II na Redemptoris Custos que "a salvação, que passa
através da humanidade de Jesus, realiza-se nos gestos que fazem parte do quotidiano da
vida familiar"21. Partindo desta afirmação, podemos dizer que se Deus é conhecido nos seus
santos, que são a sua imagem viva, São José, que por um lado é sombra que oculta o
mistério que encerra Jesus, o filho de Maria, que aos olhos dos seus conterrâneos passa por
seu filho, o filho do carpinteiro, por outro lado, e imagem que revela, que manifesta algo do
mistério de Deus, do seu amor paternal e da sua providência. O evangelho afirma que era
justo e bom, o que levou o mundo devocional a atribui-lhe a caridade, a compaixão e a
ternura.

19
V 6,6
20
V 6,8
21
JOÃO PAULO II, Redemptoris Custos, n. 8.
88

À luz da imagem de São José que a piedade nos desenha, descobrimos um Deus
próximo, um Deus bom, terno e carinhoso, que se preocupa conosco, como São José se
preocupou e ocupou de Jesus, a quem amou com bondade de coração e com generosidade.
A ternura, que pertence não a ordem do pensamento, mas da sensibilidade, está
carregada de afeto e de participação, implica amar com o coração e sentir-se amado de
coração; é o que o universo devocional atribui ao Santo, que "que tratava com Deus infinito
feito criança"22.
Os textos dos autores espirituais, dos quais se alimenta a piedade dos fiéis, não se

fixam por simples enunciados sobre a bondade de São José; antes, particularizam o seu
carinho, a sua ternura para com o Menino, manifestada nos mil detalhes da vida quotidiana,
o que faz de São José um santo próximo e muito querido por todos. Ao universo devocional
não basta afirmar que foi pai, mas insiste em que ele “não teve apenas o título de pai, mas
também a ternura, o amor”23.
Frei Jerónimo Gracián, comentando o título de Amo de leite que ele mesmo dá a
São José, imagina o Santo comportando-se com o Menino como um pai faz com o seu
filho: “pegava no Menino em seus braços e andava com Ele cantarolando, sossegava-o se
Ele chorava, brincava com Ele para que adormecesse no berço, palrava com Ele,
acariciava-o e dava-lhe enfeites como a uma criança, e nunca saía de casa sem que
trouxesse algum passarinho, maçãzinha, ou algo do gênero, coisas de que costumam gostar
as crianças, para o seu Menino Jesus”24.
Quando dizemos que São José é pai, tal como quando atribuímos esse título a
Deus, estamos a significar que é amor, preocupação pelo filho, entrega generosa a Ele. Por
isso, quando a piedade pensa em São José como pai, atribui-lhe as melhores qualidades que
podemos encontrar num pai. Neste sentido, portanto, São José é a mais fiel imagem de
Deus, sabendo embora que Deus supera tudo o que nós possamos pensar d'Ele. Mas a
fantasia, retamente formada, funciona assim, adapta tudo a nossa medida. Por isso não é
fácil chegar ao conhecimento do Pai, e de São José com o Pai, só com a inteligência; é
necessário lançar mão do afeto. O amor leva a perceber São José como um pai terno nos
gestos de atenção e de preocupação pelo Menino Jesus, seu filho, na vida quotidiana.

22
GRACIAN, Jeronimo, o.c., p. 60.
23
La vida y muerte del hombre Justo, propuesta en las ejemplos de San José, esposo de Maria
Santi sima, sacada de las evangelios, segun la interpretación de las Santo s Padres, traducida del
italiano por el R. P. Fr. MANUEL DE SANTO THOMAS AQUINO, Carmelita Descalzo, en
Valencia, por Francisco Burguete, impressor del Santo Oficio, 1794, p. 125 citado por
FONTELA.
24
GRACIAN, Jeronimo, o.c., p. 80.
89

II – PARTE

8.5. Devoções a São José

8.5.1. Trintena a São José

A Trintena a São José, também conhecida como Manto de São José, é uma
devoção inspirada em graças alcançadas pelo próprio manto marrom que São José ganhou
de Nossa Senhora no dia do casamento. O registro mais antigo encontrado dessa devoção é
de 1882, quando o Monsenhor Dom Francesco M. Petrarca, o arcebispo de Lanciano -
Itália, aprovou, convidando os fiéis a fazer uso dessa devoção.
A devoção consiste em honrar o pai adotivo de Jesus ao longo de trinta dias
consecutivos, elevando-lhe uma oração de louvor por sua fidelidade e entrega a Deus por
meio da missão de cuidar da Sagrada Família de Nazaré.
Existem fórmulas específicas para a oração, permitindo aos devotos incluir seus
pedidos e causas impossíveis. Contudo, para uma oração mais piedosa, a fórmula sugere
que o devoto se encontre em estado de graça santificante e a fidelidade na participação
da Santa Missa dominical. Esta devoção parece estar ligada ao fato de São José alcançar
graças "impossíveis"... Em algum folheto se afirma que Santa Teresa utilizava-se desta
devoção - embora diga explicitamente que "eram muitas as suas devoções", à não ser o
Rosário, não as enumera; então não podemos afirmar com exatidão a respeito. Segundo
Frei Maximiliano Herraiz, “Lo único que sabemos con certeza es que Santa Teresa fue muy
devota de san José: "Lo tomó por medianero y abogado", y "las grandes mercedes que
me ha hecho Dios por medio de este bienaventurado Santo, confesando que siempre que se
encomendó a él, le alcanzó la gracia que ella le pedía". (CF. V6,6)

8.5.2. Sete dores e sete alegrias de São José: sete domingos25

Um capuchinho italiano, João de Fano (+1539), propôs essa devoção a São José,
atribuindo sua autoria ao mesmo santo que, depois de ter aparecido e salvado dois monges
do naufrágio, lhes pediu que diariamente rezassem sete Pai Nosso e sete Ave-Maria em
memória de suas dores.
Um grande promotor dessa devoção foi o Papa Gregório XVI, que concedeu
muitas indulgências e fomentou a devoção dos sete domingos de São José. Mais tarde, o
Beato Januário Maria Sarnelli (+1744) acrescentou também as sete alegrias de São José,
constituindo assim, a “fórmula definitiva” e mais difundida até a atualidade.

25
Acta Sancta Sedis 01 [1865-66].
Disponível em: https://www.vatican.va/archive/ass/documents/ASS-01-1865-66-
ocr.pdf Acta Sancta Sedis 06 [1870-71]. Disponível em:
https://www.vatican.va/archive/ass/documents/ASS-06-1870-71-ocr.pdf
https://pt.aleteia.org/2018/07/03/os-7-domingos-em-honra-de-sao-José/
https://rumoasantidade.com.br/devocao-7-domingos-honra-sao-José/
90

Tradicionalmente, essa devoção estava associada aos “sete domingos em honra a


São José”, amplamente utilizada como preparação para a Solenidade de São José, celebrada
em 19 de março. Porém, o Diretório sobre Piedade Popular e Liturgia26 (n. 95) advertiu que
o domingo não é dia adequado para prática de piedade em honra dos santos, uma vez que é
o dia do Senhor. O mesmo diretório propõe como alternativa as “sete quartas-feiras em
honra a São José”, prática mais utilizada atualmente.
Ao recordar as dores e alegrias de São José o devoto medita os respectivos eventos
por meio das passagens do Evangelho, recordando, assim, a infância de Jesus e aprendendo
com o Patriarca São José como ser pronto e fiel para seguir a Deus e servi-lo na pessoa dos
mais necessitados.
A devoção parece moldada sobre aquela correspondente de Nossa Senhora das
Dores, então muito popular.

8.5.3. Rosários e terços a São José

A narração mais antiga conhecida a respeito da oração de terços e rosários a São


José refere-se a uma carta que o Papa Júlio enviou ao Imperador Carlos em 1505,
recomendando uma oração a São José, juntamente com a prática de jejuns e a oração
do Rosário a Nossa Senhora. Toda a esquadra obedeceu e a batalha foi vencida.
Com o passar do tempo, surgiram diferentes fórmulas dos Rosários e Terços a São
José, mas em geral, são semelhantes à do Terço Mariano, inclusive, pode-se utilizar o mesmo
terço para ambas orações. Na fórmula do Terço a São José contemplam-se os eventos
bíblicos relacionados à vida de São José, enquanto que, o Rosário é composto de
mistérios que formam as sete dores e sete alegrias de São José. No final reza-se a
Ladainha de São José ou a Salve Rainha.
Tanto a oração do terço como do rosário, são oferecidas ao santo Patriarca protetor
da Sagrada Família, pedindo-lhe que proteja também os trabalhadores e os lares cristãos.
Há, por exemplo, a divulgação de um “terço à São José” em que se repete a
jaculatória: São José, valei-me!

26
CONGREGACIÓN PARA EL CULTO DIVINO Y LA DISCIPLINA DE LOS
SACRAMENTOS, DIRECTORIO SOBRE LA PIEDAD POPULAR Y LA LITURGIA
PRINCIPIOS Y ORIENTACIONES, CIUDAD DEL VATICANO 2002.
https://www.vatican.va/roman_curia/congregations/ccdds/documents/rc_con_ccdds_doc_200
20513_vers-direttorio_sp.html#Cap%C3%ADtulo%20IV acessado em 09092021.
91

8.5.4. Ladainha de São José

A Ladainha em honra a São José tem origem no século XX e foi aprovada para
uso público pelo Santo Padre, o Papa São Pio X, em 190927. Esta oração consiste em 31
invocações em honra a São José, descrevendo suas virtudes e o papel que ele desempenhou
no mistério da Redenção, sendo pai adotivo de Jesus, virtudes quais devem ser recordadas e
imitadas com frequência. Foi composta tendo como base a Ladainha em honra a Nossa
Senhora28.
Em maio deste ano (2021), o Santo Padre, o Papa Francisco adicionou sete novas
invocações à Ladainha a São José, retiradas das intervenções dos papas que refletiram
sobre alguns aspectos da figura do Padroeiro Universal29; ainda As Conferências
Episcopais poderão acrescentar invocações locais:
1. Guardião do Redentor (Custos Redemptoris), extraído da exortação
apostólica Redemptoris custos de São João Paulo II;
2. Servo de Cristo (Serve Christi), pronunciada por São Paulo VI em sua homilia
na Festa de São José em 1966, e citada tanto por São João Paulo II como pelo Papa Francisco
em Patris corde;
3. Ministro da Salvação (Minister salutis) de São João Crisóstomo, também
citado pelo Papa Wojtyla em Redemptoris custos;
4. Amparo nas dificuldades (Fulcimen in difficultatibus), usado pelo Papa
Francisco no prólogo da Patris corde); por fim
5. Patrono dos exilados, dos aflitos e dos pobres (Patrone exsulum, afflictorum,
pauperum), também na Patris corde.

8.5.5. Visitas a São José

Em seu livro "Visitas a Jesus Sacramentado e a Nossa Senhora", de 1745, Santo


Afonso Maria de Ligório apresenta um itinerário de orações diárias (31 visitas) dedicadas ao
Santíssimo Sacramento e a Virgem Maria. Anos mais tarde, um padre da Congregação do
Santíssimo Redentor adicionou a esse itinerário orações dedicadas ao casto esposo de
Maria30. Esta devoção tem como objetivo introduzir o devoto nas meditações sobre São José,
principalmente sobre o título de Padroeiro da boa morte.

27
Acta Apostolicae Sedis 1 [1909] p290-292. Disponível em:
https://www.vatican.va/archive/aas/documents/AAS-01-1909-ocr.pdf
28
Padre Paulo Ricardo. Ladainha em honra a São José. Christo Nihil Præponere, 2018.
Disponível em: https://padrepauloricardo.org/blog/ladainha-em-honra-a-sao-José. Acesso em:
02 de setembro de 2021
29
Carta aos Presidentes das Conferências Episcopais acerca das novas invocações nas
ladainhas em honra de São José, de 1 de maio de 2021. Disponível em:
https://www.vatican.va/roman_curia/congregations/ccdds/documents/rc_con_ccdds_doc_202
10501_invocazioni-san-giuseppe_po.html. Acesso em: 03 de setembro de 2021
30
Visitas a Jesus Sacramentado, a Nossa Senhora e a São José. Rumo à Santidade. Disponível
em: https://rumoasantidade.com.br/visitas-jesus-sacramentado-nossa-senhora-sao-
José/#José_2. Acesso em: 05 de setembro de 2021. LIGÓRIO, Santo Afonso M. de. Visitas
92

8.5.6. Escapulário de São José

A devoção ao escapulário de São José surgiu entre os capuchinhos franceses no ano


de 1880 e foi aprovada pelo Santo Padre, o papa Leão XIII em 18 de abril de 1893 32, para
31

que estes obtivessem a licença de imposição.


Esta devoção consiste na imposição e utilização sobre os ombros de um cordão com
tecidos na extremidade, da cor amarela no interior e roxa no exterior, contendo em um dos
lados a imagem de São José com o Menino Jesus no braço direito e segurando o lírio no braço
esquerdo, abaixo desta imagem está escrito: “São José Padroeiro Universal”. No outro lado se
encontra a imagem das armas pontifícias e abaixo o escrito: “O Espírito do Senhor é o seu
guia”. Tem como finalidade recordar a pureza, humildade e modéstia de São José, que
intercede por toda a Igreja, e principalmente por seus fiéis na hora da morte.

8.5.7. O cordão ou cíngulo de São José

Irmã Elizabeth, uma religiosa agostiniana de Antuérpia (Anvers, na Bélgica), que


em 1659 foi sarada de cálculo renal pela imposição de um cordão benzido em honra do Santo
deu origem à devoção. O milagre foi registrado e publicado em Verona, na Igreja de São
Nicolau (entre 1810-1842). A devoção difundiu-se muito no mês de março de 1842. Em 14 de
janeiro de 1859, o Bispo de Verona peticionou junto à Sagrada Congregação dos Ritos, que
promulgou em 19 de setembro do mesmo ano, a fórmula da Benção do Cordão de São José.
Dada a comprovação da eficácia contra os males corporais, espirituais e morais, a
Santa Sé autorizou esta devoção, permitindo que fosse usado privada e solenemente; além
disso permitiu a fundação da Confraria e Arquiconfraria do Corsão de São José, em Verona
em 1865. Outras confrarias nasceram depois na Itália e na Europa.
O papa Pio IX enriqueceu a devoção com várias indulgências plenárias e parciais.

ao SS. Sacramento, A SS. Virgem Maria e a São José. Tradução pelo Pe. Francisco Alves,
C.Ss.R. Oficinas Gráficas Santuário de Aparecida, 1960, 5ª Edição. LIGÓRIO, Santo Afonso
M. de. Visitas a Jesus Sacramentado e a Nossa Senhora. Ucrânia: Editora Santuário, 2020.
31
A pouco conhecida tradição de São José difundida pelos Capuchinhos. Franciscanos
Capuchinhos do Brasil. Disponível em: https://www.capuchinhos.org.br/blog/a-pouco-
conhecida-relacao-dos-capuchinhos-e-sao-José. Acesso em: 05 de setembro de 2021.
Escapulário de São José. Quem reza se salva. Disponível em:
https://quemrezasesalva.com.br/devocao/escapulario-de-sao-José
32
Acta Sancta Sedis 34 [1901-902] p317. Disponível em:
https://www.vatican.va/archive/ass/documents/ASS-34-1901-2-ocr.pdf
93

8.5.8. Coração de São José

Esta devoção teria sido revelada pelo próprio São José a um religioso de clausura da
cidade de Palermo. Disse-se que no dia 7 de junho em 1977, Festa do Coração Imaculado de
Maria, o religioso anônimo estava rezando o Santo Terço, quando teve uma visão. Viu um sol
fulgidíssimo emanando luz branca e no centro um coração de carne, do qual saíam três lírios
brancos. O vidente pensou que fosse o Coração de Maria Santíssima; porém, o seu anjo da
guarda disse-lhe:
“Este é o coração do glorioso São José, esposo de Maria Santíssima, que não é
conhecido, nem amado pelos cristãos, mas que o Senhor deseja que seja conhecido, amado e
honrado, ao lado dos corações de Jesus e Maria.”
O anjo continuou dizendo que a Festa do Coração de São José deve ser no domingo
após a festa dos Corações de Jesus e Maria, e que todos aqueles que por três domingos
consecutivos, em qualquer período do ano comungarem, receberem a Sagrada Eucaristia, em
honra do Coração de São José, receberão dele grandes graças e que, qual pai amoroso,
sustentará suas almas em todas suas necessidades, e os consolará na hora da morte e será seu
advogado ante o tribunal de Deus.
Em outras ocasiões, São José ditou, para o vidente, as Ladainhas do seu Coração e
outras orações.
Coração puríssimo de São José, confio que tudo podeis junto ao Coração de Jesus.

8.5.9. Outras pias práticas

Tempos particulares dedicados ao Santo: “O mês de março” e toda quarta-feira –


missas votivas, por exemplo. Na Bélgica, durante o séc. XVII, foram aprovadas as
devoções das 07 ou 15 ou 19 quartas-feiras, que precedem a festa do Santo.

8.5.10. Relíquias

- Aliança nupcial: Perúgia (na Itália), desde 1477 gloria-se de possuir a aliança
nupcial de São José, provinda de Chiusi, onde por sua vez teria chegado de Jerusalém no
séc. XI. Infelizmente, há pelo menos mais seis entre mosteiros e igrejas reclamando a
mesma honra.
Notre-Dame de Paris afirma possuir as 2 alianças do noivado entre José e Maria!
- Cinta: Em 1254, um dos Cruzados trouxe para a França a “cinta” de São José,
que foi, porém, destruída no incêndio da Capela onde estava guardada, pelo ano de 1668.
Parte da relíquia, todavia, tinha sido doada em 1649 à Igreja da Ordem dos “Feuillants” em
Paris e outra, em 1662, ao Bispo de Châlon (França) para sua Catedral.
- Faixas: Aquisgrana (Alemanha) possui faixas com as quais o Santo teria
protegido as pernas ou, como outros pensam, protegido o Menino Jesus.
- Bastão: A Igreja dos Camaldulenses em Florença (Santa Maria dos Anjos)
guarda um bastão de São José, trazido de Constantinopla nos tempos do concílio
Florentino. Fragmentos dele acham-se em Roma (nas Igrejas de Santa Cecília e Santa
Anastácia), em Beauvais e alhures... (introduzidas nos séc. XIV e XV)
94

- Manto ou túnica: nas Igrejas de Santa Cecília e Santa Anastácia (Roma)


possuem também parte do manto ou da túnica, mas (como parece costume acontecer em
tais casos) compartilham esta honra com duas Igrejas de Bolonha (São José do Mercado e
São Domingos), com a Igreja dos Carmelitas Descalços de Antuérpia, e muitas outras
mais...
- Relíquias ósseas: Contrariando todas as tradições mais antigas, algumas Igrejas
chegam a afirmar até mesmo de possuir relíquias ósseas.
- Fragmentos do seu túmulo existem em Roma (S. Maria in Pórtico e S. Maria in
Campitelli) e Alhures...
- Objetos vários, pertencidos ao Santo, são guardados em Roma (São Alécio; SS.
João e Paulo), Orvieito, Fracati, Loreto e em muitos outros lugares.

8.5.11. Liturgia das Horas

São José, Esposo de Maria – 19 de março

“Tempos tristíssimos”, assim chama Pio IX sua era como Papa: a Igreja é atacada
e oprimida por todos os lados. Para enfrentar “os males que afligiam a Igreja” – a rebeldia
contra o Papa que culminou na instituição da República Romana, consequência da
Revolução Francesa enfraquecimento da fé - no ano de 1870, proclamou São José como
Padroeiro da Igreja Universal, através do Decreto Quemadmodum Deus. Em seguida
instaurou a festa litúrgica, o ofício e os privilégios litúrgicos de São José, através da Carta
Apostólica Inclytum Patriarcham, de 1871.

São José Operário - 1º de maio

Em 1.º de maio de 1955, Pio XII instituiu a festa litúrgica de São José
Operário, para impor uma barreira à onda do comunismo.
Quando o mundo quis acabar com a figura do pai espiritual que é o Papa, a Igreja
propôs São José como um pai espiritual; da mesma forma, diante do perigo das ideologias
nefastas do comunismo, São José foi presenteado aos trabalhadores, como modelo e
intercessor no Céu; ambas as festas sendo celebradas na Liturgia da Igreja.
Desde então, a Igreja celebra a Solenidade de São José na Liturgia das Horas em
19 de março, a Memória de São José Operário em e 1º de maio.
95

8.5.12 Ofício Parvo

Com a mesma devoção seguirá o para Bento XV (1914-1922), o qual insere no


Missal Romano um prefácio próprio de São José e concede indulgências especiais pela
reza do Pequeno Ofício de São José. Em 25/7/1920 com o Motu Próprio “Bonum Sane”,
enfatiza a necessidade e a eficácia de sua devoção como remédio dos problemas depois da
guerra, e acrescentou depois em 1921, a Invocação “Bendito seja São José, seu
santíssimo esposo” na oração “Bendito seja Deus”.
O Ofício Parvo do Glorioso São José, mais comumente rezado por fiéis leigos.
OFÍCIO: A palavra “ofício” vem de “opus” que em latim significa “obra”.
Devemos reservar um momento para parar em meio a toda a agitação da vida e recordar
que a Obra é de Deus. Trata-se da oração quotidiana em diversos momentos do dia, através
de Salmos e cânticos, da leitura de passagens bíblicas e da elevação de preces a Deus. Com
essa oração, a Igreja procura cumprir o mandato que recebeu de Cristo, de rezar
incessantemente, louvando a Deus e pedindo-Lhe por Si e por todos os homens.
PARVO: São chamadas de “parvas” as versões simples ou simplificadas das
orações e liturgias, uma vez que vem de “parvus”, que em latim significa justamente
“pequeno”. São elementos do Ofício Parvo de Nossa Senhora: textos bíblicos com maior
ou menor referência ao mistério, com salmos e antífonas apropriadas, responsórios,
intercessões e oração, toda de um caráter mariano. Pois é em São José que está toda a
ênfase do Ofício, sempre ligada, porém, ao mistério de Cristo e ao plano de Deus para a
salvação e santificação da Humanidade.

8.6 Conclusão: Consagração a São José

Todos somos consagrados pelo Batismo: não nos pertencemos, mas à Deus –
fomos separados para ELE! Deus existe e eu sou para ELE. Mas, nossa realidade de pecado
torna difícil a vivência concreta desta entrega, de confiar em Deus, olhamos para Deus com
reserva, quando não com medo! Dar o nosso fiat não é automático nem fácil: a vontade de
Deus assusta. Por isso precisamos de ajuda e o caminho, é o da pequenez – a kenosis:
Jesus, embora sendo Deus, humilhou-se a Si mesmo33, fazendo-se pequenino... e viveu
como homem pequenino por 30 anos submisso à Nossa Senhora... e à São José, que embora
fosse o último em grandeza era o primeiro em autoridade no lar de Nazaré: até mesmo o
Arcanjo São Gabriel respeita esta ordem: quando o Menino se vê em perigo, não é à
Virgem que ele avisa em sonho para salvá-lo, mas ao pai.
Mas o que significaria uma consagração à São José? Não é suficiente que lhe
sejamos devotos? Parafraseando São Luís Maria Grignion de Montfort, poderíamos dizer,
sem erro, que consagrar-se à São José é querer ter um coração como o dele, é querer imitar
suas virtudes.
A consagração à São José sugerida é uma forma de reverência, um desejo de
assemelharmos com o próprio Deus feito Homem que quis ser submisso à São José. É uma

33
Fl 2,11
96

declaração de que desejamos viver espiritualmente esta mesma kenosis, confiando-nos, não
somente à intercessão de Nossa Senhora, mas também à de São José.
Pe. Donald Calloway34 explica que a palavra 'consagração' significa tecnicamente
deixar algo de lado para um propósito sagrado. Consagramos altares, por exemplo, porque
vamos usá-los para a missa. Ou consagramos pessoas que temos em comunidades
religiosas e outras.
Neste sentido, a consagração a São José significa que reconhecemos que ele é
nosso pai espiritual e que queremos ser como ele. Para demonstrar isso, entregamo-nos
inteiramente ao seu cuidado paternal para que ele o ajude com amor a adquirir as suas
virtudes e a ser santo... José, por sua vez, oferecerá aos seus consagrados o seu amor,
proteção e orientação.
Bem-aventurados os puros de coração porque verão à Deus. Mt 5,8
Mais que tudo, São José é um modelo de pureza, castidade e de vida interior,
espiritual, legítima intimidade-amizade com Jesus. E ele pode, e ouso dizer, quer alcançar-
nos estas graças.

8.7 APÊNDICE

Condições para lucrar Indulgências no Ano de São José

O Decreto da Penitenciaria Apostólica oferece a possibilidade até 8 de dezembro


de 2021 de receber Indulgências especiais ligadas à figura de São José, “chefe da celeste
Família de Nazaré”.
As condições habituais para lucrar Indulgências: confissão sacramental, comunhão
eucarística e oração de acordo com as intenções do Papa.
De acordo com o decreto da Penitenciária Apostólica, existem 15 formas de
receber uma indulgência no Ano de São José:
1) Participar de um retiro espiritual de pelo menos um dia que inclua uma
meditação sobre São José.
2) Pedir em oração a intercessão de São José para que os desempregados possam
encontrar um emprego digno.
3) Rezar as Ladainhas de São José a favor dos cristãos perseguidos. Os católicos
bizantinos têm a opção de rezar um Akathistos para São José.
4) Confiar o trabalho e as atividades diárias à proteção de São José Operário.
5) Seguir o exemplo de São José e realizar uma obra de misericórdia corporal
como alimentar os famintos, dar de beber aos sedentos, vestir os nus, hospedar o peregrino,
visitar os presos e os enfermos e enterrar os mortos.
6) Realizar uma das obras espirituais de misericórdia, como confortar os tristes,
dar bons conselhos a quem precisa, ensinar a quem não sabe, corrigir quem se engana,
sofrer pacientemente os defeitos dos outros, perdoar quem nos ofende e rezar pelos vivos e
pelos mortos.

34
CALLOWAY, Donald H., Consagração a São José - As glórias de nosso pai espiritual,
Ecclesiae, 2021.
97

7) Rezar o Terço com a sua família para que “todas as famílias cristãs se sintam
encorajadas a recriar a mesma atmosfera de comunhão íntima, de amor e oração que se
vivia na Sagrada Família”.
8) Os casais de namorados também podem receber uma indulgência rezando o
Terço juntos.
9) Meditar por pelo menos 30 minutos a oração do Pai-Nosso, porque São José
“nos convida a redescobrir nossa relação filial com o Pai, a renovar a fidelidade à oração, a
ouvir e corresponder com profundo discernimento à vontade de Deus”.
10) Fazer uma oração aprovada a São José no Domingo de São José, que é o
domingo depois do Natal na tradição católica bizantina.
11) Celebrar a festa de São José em 19 de março, realizando um ato de piedade em
honra a São José.
12) Fazer uma oração aprovada a São José no dia 19 de qualquer mês.
13) Honrar São José realizando um ato de piedade ou fazendo uma oração
aprovada em qualquer quarta-feira, dia tradicionalmente dedicado a São José.
14) Rezar a São José na festa da Sagrada Família celebrada em 27 de dezembro.
15) Celebrar a festa de São José Operário no dia 1º de maio, realizando um ato de
piedade ou oferecendo sua oração.
“Todos os fiéis terão assim a possibilidade de se comprometer, através da oração e
das boas obras, a obter com a ajuda de São José, chefe da celeste Família de Nazaré, o
consolo e o alívio nas graves tribulações humanas e sociais que hoje afligem o mundo
contemporâneo".
Os idosos, os doentes e os moribundos que não podem sair de suas casas devido à
pandemia da COVID-19 também têm permissão especial para receber uma indulgência
plenária, "oferecendo com confiança em Deus as dores e desconfortos" de suas vidas com
uma oração a São José, esperança dos enfermos e padroeiro de uma morte feliz.
A Penitenciária Apostólica permite qualquer oração a São José aprovada
pela Igreja, em particular, a oração "A ti, bendito José" composta pelo Papa Leão XIII, que
partilhamos a seguir:
“A vós, São José, recorremos em nossa tribulação e, depois de ter implorado o
auxílio de Vossa Santíssima Esposa, cheios de confiança solicitamos o vosso patrocínio.
Por esse laço sagrado de caridade, que os uniu à Virgem Imaculada, Mãe de Deus, pelo
amor paternal que tivestes ao Menino Jesus, ardentemente vos suplicamos que lanceis um
olhar benigno para a herança que Jesus conquistou com seu sangue, e nos socorrais em
nossas necessidades com o vosso auxílio e poder”.
“Protegei, ó Guarda providente da Divina Família, a raça eleita de Jesus Cristo.
Afastai para longe de nós, ó Pai amantíssimo, a peste do erro e do vício; Assisti-nos do alto
do céu, ó nosso fortíssimo sustentáculo, na luta contra o poder das trevas; assim como
outrora salvastes da morte a vida do Menino Jesus, assim também defendei agora a Santa
Igreja de Deus contra as ciladas de seus inimigos e contra toda adversidade. Amparai a
cada um de nós com o vosso constante patrocínio, a fim de que, a vosso exemplo, e
sustentados com vosso auxílio, possamos viver virtuosamente, morrer piedosamente e
obter, no céu, a eterna bem-aventurança. Assim seja. Amém”.
98

8.8 BIBLIOGRAFIA

1. CALLOWAY, Donald H., Consagração a São José - As glórias de nosso pai


espiritual, Ecclesiae, 2021.
2. DIAS, Padre Cleber E. S. (org.), Devocionário à São José, Bagé, RS: Gráfica
Instituto de Menores, 2016.
3. Instituto Hesed, O manto sagrado e o cordão de São José, Fortaleza.
4. FRONTELA, Luis J. FERNANDEZ, A ternura de São José, Revista de
Espiritualidade 29 (2021), Grupo Editorial FONTE, pp. 127-145 artigo revisto de Estudios
Joséfinos, Año 68, Nº. 136, 2014, págs. 191-214.
5. São Máximo, Confessor, A Vida da Virgem, Minha Biblioteca Católica, 2020.
6. Papa Francisco, Carta Apostólica Patris Corde, 2020.
7. JOÃO PAULO II, Redemptoris Custos,1989.
8. Acta Sancta Sedis 01 [1865-66]: Disponível em:
https://www.vatican.va/archive/ass/documents/ASS-01-1865-66-ocr.pdf
9. Acta Sancta Sedis 06 [1870-71]. Disponível em:
https://www.vatican.va/archive/ass/documents/ASS-06-1870-71-ocr.pdf
10. CONGREGACIÓN PARA EL CULTO DIVINO Y LA DISCIPLINA DE
LOS SACRAMENTOS, DIRECTORIO SOBRE LA PIEDAD POPULAR Y LA LITURGIA
PRINCIPIOS Y ORIENTACIONES, CIUDAD DEL VATICANO 2002. Disponível em:
https://www.vatican.va/roman_curia/congregations/ccdds/documents/rc_con_ccdds_
doc_20020513_vers-direttorio_sp.html#Cap%C3%ADtulo%20IV
11. Acta Apostolicae Sedis 1 [1909] p290-292. Disponível em:
https://www.vatican.va/archive/aas/documents/AAS-01-1909-ocr.pdf
12. Carta aos Presidentes das Conferências Episcopais acerca das novas
invocações nas ladainhas em honra de São José, de 1 de maio de 2021. Disponível em:
https://www.vatican.va/roman_curia/congregations/ccdds/documents/rc_con_ccdds_doc_202
10501_invocazioni-san-giuseppe_po.html
13. LIGÓRIO, Santo Afonso M. de. Visitas ao SS. Sacramento, A SS. Virgem
Maria e a São José. Tradução pelo Pe. Francisco Alves, C.Ss.R. Oficinas Gráficas Santuário
de Aparecida, 1960, 5ª Edição.
14. A pouco conhecida tradição de São José difundida pelos Capuchinhos.
Franciscanos Capuchinhos do Brasil. Disponível em: https://www.capuchinhos.org.br/blog/a-
pouco-conhecida-relacao-dos-capuchinhos-e-sao-José. Acesso em: 05 de setembro de 2021.
15. Acta Sancta Sedis 34 [1901-902] p317. Disponível em:
https://www.vatican.va/archive/ass/documents/ASS-34-1901-2-ocr.pdf
99

9.PEQUENO DEVOCIONÁRIO JOSEFINO


Ir. Sheron Maria da Cruz, ocd

“Ó Glorioso são José, o vosso poder se estende


sobre todas as nossas necessidades
e sabeis tornar possível o que parece impossível,
lançai o vosso olhar paternal sobre todos os vossos filhos.
Amém!”

Orientação Inicial
Para recebermos as graças de Deus com maior fruto, é necessário que estejamos em
Estado de Graça, ou seja, com a confissão em dia e participando devotamente da Santa
Missa dominical. A Santa Missa pela TV só serve para quem está doente ou impossibilitado
de deslocar-se.

Nas vossas maiores aflições o anjo não vos valeu?!


Valei-nos, São José!
100

9.1 Manto sagrado ou trintena a São José

Aconselha-se rezar estas orações por trinta dias consecutivos, em memória dos trinta
anos de vida vividos por São José em companhia de Jesus Cristo, o Filho de Deus.

INÍCIO
• Iniciar com o Sinal da Cruz.
• Jesus, Maria e José, eu Vos dou o meu coração e a minha alma.
• Rezar 3x a oração do Glória, à Santíssima Trindade (dando-lhe graças por ter
exaltado São José a uma dignidade inteiramente excepcional):

OFERECIMENTO
Eis-me, ó grande Patriarca, prostrado devotamente diante de Vós. Apresento-Vos
este Manto precioso e ao mesmo tempo Vos ofereço o propósito da minha devoção fiel e
sincera. Tudo o que poderei fazer em Vossa honra durante a minha vida tenciono fazê-lo para
Vos mostrar o amor que Vos tenho. Ajudai-me, São José. Assisti-me, agora e durante toda a
minha vida, mas especialmente assisti-me na hora da minha morte, como Vós fostes assistido
por Jesus e por Maria, para que Vos possa um dia honrar na Pátria celeste por toda a
eternidade. Amém!
Ó glorioso Patriarca São José, prostrado diante de Vós, apresento-Vos com devoção
as minhas homenagens e começo por Vos oferecer esta preciosa coleta de orações em
memória das inumeráveis virtudes que ornaram vossa santa Pessoa. Em Vós teve
cumprimento o sonho misterioso do antigo José, cuja figura antecipou a Vossa: não só, de
fato, o Sol divino cingiu-vos com seus luminosíssimos raios, mas também a mística Lua,
Maria, Vos aclarou com a sua doce luz. Ó glorioso Patriarca, se o exemplo de Jacó, que se
regozijou pessoalmente com seu filho predileto, exaltado sobre o trono do Egito, serviu para
arrastar também os outros filhos à salvação, não me valerá o exemplo de Jesus e de Maria,
que Vos honraram com toda a sua estima e com toda a sua confiança, para trazer a mim
também, para tecer em Vossa honra este Manto precioso? Eia pois, ó grande Santo, fazei que
o Senhor volva sobre mim um olhar benévolo. E, como o antigo José não expulsou os irmãos
culpados, mas, pelo contrário, os acolheu cheio de amor, os protegeu e os salvou da fome e da
morte, assim Vós, ó glorioso Patriarca, mediante a Vossa intercessão, fazei com que o Senhor
nunca queira me abandonar neste vale de degredo. Alcançai-me, além disso, a graça de me
conservar sempre entre os Vossos servos devotos, que vivem serenos sob o Manto do Vosso
patrocínio. Este patrocínio eu desejo tê-lo em cada dia da minha vida e no momento do meu
último suspiro. Amém!

ORAÇÃO

Salve, ó glorioso São José, depositário dos tesouros incomparáveis do Céu e pai
adotivo d’Aquele que alimenta todas as criaturas. Depois de Maria Santíssima, sois Vós o
Santo mais digno de nosso amor e merecedor de nossa veneração. Entre todos os santos, só
Vós tivestes a honra de criar, guiar, alimentar e abraçar o Messias que tantos Profetas e Reis
desejaram ver. São José, salvai a minha alma e alcançai-me da Misericórdia Divina a graça
101

que humildemente imploro (pedir a graça). E também alcançai para as Benditas Almas do
Purgatório um grande alívio para os seus sofrimentos.
• Rezar 3x Glória
• Rezar 1 vez “Doce coração de Jesus, sede o nosso amor, doce coração de
Maria e José, sede a nossa salvação”.
• Rezar 10 vezes “Jesus, Maria e José, nós Vos amamos, salvai almas”!
Ó poderoso São José, foste declarado Patrono Universal da Igreja, e eu Vos invoco,
entre todos os Santos, como fortíssimo protetor dos miseráveis, e bendigo mil vezes o Vosso
coração, sempre pronto a socorrer toda espécie de necessidade. A Vós, ó querido São José,
recorrem a viúva, o órfão, o abandonado, o aflito, toda espécie de desventurados; não há dor,
angústia ou desgraça que Vós não tenhais piedosamente socorrido. Dignai-Vos, portanto, usar
em meu favor os meios que Deus pôs em Vossas mãos, para que eu possa conseguir a graça
que Vos peço. E Vós, Santas Almas do Purgatório, suplicai a São José por mim.
• Rezar 3x Glória
• Rezar 1x “Doce coração de Jesus, sede o nosso amor, doce coração de Maria e
José, sede a nossa salvação”
• Rezar 10x “Jesus, Maria e José, nós Vos amamos, salvai almas”!
A tantos milhares de pessoas que Vos suplicaram antes de mim, Vós destes conforto
e paz, graças e favores. A minha alma, triste e amargurada, não encontra repouso no meio das
angústias que a oprimem. Vós, ó querido Santo, conheceis todas as minhas necessidades,
ainda antes que eu as exponha na oração. Vós sabeis quanto preciso da graça que Vos peço.
Eu me prostro na Vossa presença e suspiro, ó querido São José, sob o grande peso que me
oprime. Nenhum coração humano está tão próximo de mim que eu possa confiar meus
sofrimentos; e mesmo que eu encontrasse compaixão junto a alguma alma caridosa, ela,
todavia não me poderia valer. A Vós, portanto, recorro e espero que não queirais me rejeitar,
porque Santa Teresa disse, e deixou escrito em suas memórias: “Qualquer graça que pedirdes
a São José, será certamente concedida”. Ó São José, consolador dos aflitos, tende piedade da
minha dor e tende piedade das Santas Almas do Purgatório, que tanto esperam de nossas
orações.
• Rezar 3x Glória
• Rezar 1x “Doce coração de Jesus, sede o nosso amor, doce coração de Maria e
José, sede a nossa salvação”
• Rezar 10x “Jesus, Maria e José, nós Vos amamos, salvai almas”!
Ó excelso Santo,
Pela Vossa perfeitíssima obediência a Deus, tende piedade de mim.
Pela Vossa santa vida, cheia de merecimentos, atendei-me.
Pelo Vosso queridíssimo Nome, ajudai-me.
Pelo Vosso clementíssimo Coração, socorrei-me.
Pelas Vossas santas lágrimas, confortai-me.
Pelas Vossas sete dores, tende compaixão de mim.
Pelas Vossas sete alegrias, consolai o meu coração.
De todo o mal da alma e do corpo, libertai-me. De todo perigo e
desgraça, livrai-me.
102

Socorrei-me com a Vossa santa proteção e impetrai-me, na Vossa misericórdia e


poder, o que me é necessário e, sobretudo, a graça do que mais preciso. Às Almas queridas
do Purgatório, alcançai a pronta libertação dos seus sofrimentos.
• Rezar 3x Glória
• Rezar 1x “Doce coração de Jesus, sede o nosso amor, doce coração de Maria e
José, sede a nossa salvação”
• Rezar 10x “Jesus, Maria e José, nós Vos amamos, salvai almas”!
Ó glorioso São José, são inúmeros as graças e os favores que Vós alcançais para os
pobres aflitos. Doentes de todo gênero, oprimidos, caluniados, traídos, privados de qualquer
humano conforto, míseros necessitados de pão ou de apoio, imploram o Vosso real patrocínio
e seus pedidos são atendidos. Eia! Não permitais, ó São José caríssimo, que seja eu, entre
tantas pessoas beneficiadas, a única a ficar sem a graça que Vos peço. Mostrai-Vos, também
para comigo, poderoso e generoso, e eu, agradecendo-Vos, exclamarei: “Viva para toda a
eternidade o glorioso Patriarca São José, meu grande protetor e especial libertador das Almas
santas do Purgatório”.
• Rezar 3x Glória
• Rezar 1x “Doce coração de Jesus, sede o nosso amor, doce coração de Maria e
José, sede a nossa salvação”
• Rezar 10x “Jesus, Maria e José, nós Vos amamos, salvai almas”!
Ó Eterno e Divino Pai, pelos méritos de Jesus e de Maria, dignai-Vos conceder-me a
graça que imploro. Em nome de Jesus e de Maria, eu me prostro na Vossa Divina Presença e
peço-Vos devotamente que queirais aceitar a minha firme decisão de perseverar nas fileiras
dos que vivem sob o patrocínio de São José. Abençoai, portanto, o precioso Manto que hoje
dedico a Ele, qual penhor da minha devoção.
• Rezar 3x Glória
Eterno Pai, ofereço-Vos o Preciosíssimo Sangue de Vosso Divino Filho Jesus, em
união com todas as Santas Missas que hoje são celebradas em todo o mundo; por todas as
santas almas do Purgatório, pelos pecadores de todos os lugares, pelos pecadores da Igreja
Católica, pelos pecadores de todas as outras igrejas, pelos de minha casa e de meus vizinhos.
Amém.
Recitar as piedosas súplicas seguintes:
PIEDOSAS SÚPLICAS EM MEMÓRIA DA VIDA ESCONDIDA DE SÃO JOSÉ
COM JESUS E MARIA
São José, rogai a Jesus que venha em minha alma e a santifique. São José, rogai a
Jesus que venha no meu coração e o inflame de caridade.
São José, rogai a Jesus que venha em minha inteligência e a ilumine.
São José, rogai a Jesus que venha na minha vontade e a fortifique.
São José, rogai a Jesus que venha nos meus pensamentos e os purifique.
São José, rogai a Jesus que venha nos meus afetos e os regre.
São José, rogai a Jesus que venha nos meus desejos e os dirija. São José, rogai a
Jesus que venha nas minhas obras e as abençoe.
São José, alcançai-me de Jesus o Seu santo amor.
São José, alcançai-me de Jesus a imitação das Suas virtudes. São José, alcançai-me
de Jesus a verdadeira humildade de espírito.
103

São José, alcançai-me de Jesus a mansidão do coração.


São José, alcançai-me de Jesus a paz da alma.
São José, alcançai-me de Jesus o santo temor de Deus.
São José, alcançai-me de Jesus o desejo da perfeição.
São José, alcançai-me de Jesus a doçura de caráter.
São José, alcançai-me de Jesus um coração puro e caridoso. São José, alcançai-me
de Jesus a graça de suportar com paciência os sofrimentos da vida.
São José, alcançai-me de Jesus a sabedoria das verdades eternas.
São José, alcançai-me de Jesus a perseverança em fazer o bem. São José, alcançai-
me de Jesus a fortaleza para suportar as cruzes.
São José, alcançai-me de Jesus o desprendimento dos bens terrenos.
São José, alcançai-me de Jesus caminhar pelo caminho estreito do Céu.
São José, alcançai-me de Jesus ser livrado de toda a ocasião de pecar.
São José, alcançai-me de Jesus um santo desejo do Paraíso.
São José, alcançai-me de Jesus a perseverança final.
São José não me afasteis de Vós.
São José, fazei que o meu coração nunca cesse de Vos amar, e a minha língua de
Vos louvar.
São José, pelo amor que tiveste a Jesus, ajudai-me a amá-lo.
São José, dignai-Vos acolher-me como Vosso devoto.
São José, eu me entrego a Vós: aceitai-me e socorrei-me.
São José, não me abandoneis na hora da morte.
Jesus, Maria e José, eu Vos dou o meu coração e a minha alma.
Rezar 3x Glória

LADAINHA EM HONRA A SÃO JOSÉ


Rezar a Ladainha no item 6 desse Devocionário

INVOCAÇÕES A SÃO JOSÉ


Lembrai-Vos, ó virginal esposo da Maria Virgem, ó meu querido protetor São José,
que nunca se ouviu dizer que alguém que, tendo invocado o Vosso patrocínio e pedido a
Vossa ajuda, não tivesse sido por Vós consolado. Com esta confiança, venho até Vós e a Vós
encarecidamente me recomendo. Ó São José, escutai a minha prece, acolhei-a piedosamente e
atendei-a. Amém!
Glorioso São José, esposo de Maria e pai davídico de Jesus, tomai conta de mim,
velai por mim. Ensinai-me a trabalhar pela minha santificação e tomai sob o Vosso piedoso
cuidado, as necessidades urgentes que hoje confio à Vossa solicitude paternal. Afastai os
obstáculos e as dificuldades e fazei que o feliz êxito do que Vos peço seja para a maior glória
do Senhor e pelo bem de minha alma. Em sinal da minha mais viva gratidão, prometo-Vos
tornar conhecidas as Vossas glórias, enquanto, de todo coração, bendigo o Senhor que Vos
quis tão poderoso no Céu e na Terra. Amém!
104

FECHO DO MANTO

Ó glorioso São José, que Deus pôs na chefia e guarda da mais santa dentre as
famílias, dignai-Vos ser-me, do Céu, custódio da minha alma que pede para ser aceita sob o
Manto do Vosso patrocínio. Desde agora, eu Vos elejo pai, protetor, guia e ponho sob Vossa
especial custódia a minha alma, o meu corpo, tudo o que possuo e sou, a minha vida e a
minha morte. Olhai-me como Vosso filho; defendei-me de todos os meus inimigos visíveis e
invisíveis; assisti-me em todas as necessidades; consolai-me em todas as amarguras da vida,
mas especialmente na agonia da morte. Dirigi uma palavra por mim Àquele amável Redentor
que, quando Criança, levastes em Vossos braços, e àquela Virgem gloriosa, de quem fostes
diletíssimo esposo. Impetrai-me as bênçãos que julgais proveitosas ao meu verdadeiro bem, à
minha salvação eterna, e eu procurarei não me tornar indigno de Vosso especial patrocínio.
Amém!
Encerrar com a oração a seguir, que foi introduzida por Papa Leão XIII, com a
Encíclica Quamquam pluries.
A Vós recorremos, ó bem-aventurado São José, em nossas tribulações e depois de
ter implorado o auxílio de Vossa Santíssima Esposa, cheios de confiança, solicitamos também
a Vosso patrocínio. Por esse laço sagrado de caridade que Vos uniu à Virgem Imaculada, Mãe
de Deus e pelo amor paternal que tivestes para com o Menino Jesus, ardentemente suplicamos
que lanceis um olhar benigno sobre a herança que Jesus Cristo conquistou com o seu sangue e
nos assistais em nossas necessidades com o Vosso auxilio e poder.
Protegei, ó guarda providentíssimo da Sagrada Família, a raça eleita de Jesus Cristo.
Afastai para longe de nós, ó Pai amantíssimo, a peste do erro e do vício. Assisti-nos do alto do
Céu, ó nosso fortíssimo sustentáculo, na luta contra o poder das trevas e assim como outrora
salvastes da morte a vida ameaçada do Menino Jesus, assim também defendei agora a Santa
Igreja de Deus das ciladas dos seus inimigos e de toda a adversidade. Amparai a cada um de
nós com o Vosso constante patrocínio, afim de que, a Vosso exemplo e sustentados com o
Vosso auxílio, possamos viver virtuosamente, morrer piedosamente e obter no Céu a eterna
bem-aventurança. Amém!
105

9.2. Sete súplicas a São José

1 – Amabilíssimo São José, pela singular honra com que vos distinguiu o Eterno
Pai escolhendo-vos para serdes seu representante aqui na terra como Pai Virginal de seu Filho
Unigênito, obtende-me de Deus, ó grande santo, a graça que tanto desejo.
Pai-Nosso, Ave-Maria, Glória.
2 – Felicíssimo São José, pelo amor filial que Jesus vos consagrou
reconhecendo-vos como pai e obedecendo-vos como respeitoso filho, alcançai-me de Deus, ó
meu caro santo, a graça que do fundo do coração vos imploro. Pai-Nosso, Ave-Maria, Glória.
3 – Puríssimo São José, pela graça especialíssima que recebestes do Divino
Espírito Santo ao dar-vos por esposa Maria Santíssima, nossa Mãe querida, rogai a Deus me
outorgue a graça que instantemente vos peço. Pai-Nosso, Ave-Maria, Glória.
4 – Amantíssimo São José, pelo amor puríssimo que tivestes a Jesus e a Maria
amando a Jesus como vosso filho e vosso Deus e Maria Santíssima como vossa esposa,
obtende-me de Deus, ó glorioso santo, a graça desejada. Pai-Nosso, Ave-Maria, Glória.
5 – Dulcíssimo São José, pelo grande gozo que vos inundou o coração por terdes
sempre convosco Jesus e Maria e pelos serviços que lhes prestastes, impetrai de Deus, ó
grande santo, a graça desejada.
Pai-Nosso, Ave-Maria, Glória.
6 – Poderosíssimo São José, pela bela sorte que vos coube de morrer nos braços
de Jesus e Maria e de ser por eles consolado e confortado na vossa agonia e morte, tornando-
se ambos um verdadeiro êxtase de amor, alcançai-me de Deus, meu caro santo, a graça que
tanto almejo. Pai-Nosso, Ave-Maria, Glória.
7 – Gloriosíssimo São José, pai poderoso de minha alma, pela reverência que
vos tributa a corte celeste como Pai nutrício de Jesus e esposo da Mãe de Deus, Rainha de
todo o Universo, atendei, meu grande santo, minhas súplicas e dignai-vos acolhê-las
piedosamente. Assim seja. Pai-Nosso, Ave-Maria, Glória.
Rogai por nós, bem-aventurado São José, para que sejamos dignos das promessas de
Cristo!
Oração

Ó Deus, que pela inefável providência vos dignastes escolher São José para esposo
de vossa Mãe Santíssima, concedei-nos, vo-Lo suplicamos, mereçamos ter como intercessor
no céu aquele que veneramos na terra como protetor. Vós que viveis e reinais por todos os
séculos dos séculos. Amém.
106

9.3 Sete domingos em honra a São José

ORAÇÃO INICIAL PARA TODOS OS SETE DOMINGOS


Glorioso Patriarca São José, pai nutrício de Jesus e esposo da Santíssima Virgem
Maria; vosso poder no céu é sem limites e grande sobremaneira é vossa compaixão por
nossas necessidades e misérias; pela ternura e bondade de vosso Coração, peço-vos
humildemente que tenhais compaixão deste vosso devoto e que lhe assistais em todas as suas
necessidades e misérias, alcançando-lhe de Deus a graça especial que deseja conseguir nestes
sete domingos. Vossa vida, meu pai protetor, foi um tecido de alegrias e tristezas, que Nosso
Senhor permitiu para que soubéssemos por própria experiência o que nós sofremos e mais
prontamente e com maior eficácia acudísseis às nossas súplicas.
Vinde, meu pai protetor, em meu auxílio na presente necessidade, confirmai, mais
uma vez, o que dizem todos de vós, que ninguém se retira de vossa presença sem ter recebido
vossos favores.
Este favor de que necessito, está em vossas mãos. Olhai-me com compaixão, e Jesus
fará a vossa vontade. Em vós confio, não serei jamais confundido. Amém.

PRIMEIRO DOMINGO
Medite-se sobre Mt 1, 18-25 e faça-se, depois, a seguinte oração.
Ó esposo puríssimo de Maria Santíssima, glorioso São José, assim como foi grande
a amargura do vosso coração na perplexidade de abandonardes a vossa castíssima esposa,
assim foi indizível a vossa alegria quando pelo anjo vos foi revelado o soberano mistério da
Encarnação.
Por esta dor e por este gozo, vos pedimos a graça de consolardes, agora e nas
extremas dores, nossa alma, com a alegria de uma vida justa e de uma santa morte semelhante
à vossa, assistidos por Jesus e por Maria.
Pai Nosso, Ave Maria, Glória.
V. São José, R. Rogai por nós!
SEGUNDO DOMINGO
Medite-se sobre Lc 2, 1-20 e faça-se, depois, a seguinte oração.
Ó felicíssimo patriarca, glorioso São José, que fostes escolhido como pai adotivo do
Verbo humanado, a dor que sentistes ao ver nascer em tanta pobreza o Deus Menino se vos
mudou em júbilo celeste ao ouvirdes a angélica harmonia e ao contemplardes a glória daquela
noite brilhantíssima.
Por esta dor e por este gozo, vos suplicamos a graça de nos alcançardes que, depois
da jornada desta vida, passemos a ouvir os angélicos louvores e a gozar dos esplendores da
glória celeste.
Pai Nosso, Ave Maria, Glória.
V. São José, R. Rogai por nós!

TERCEIRO DOMINGO
Medite-se sobre Lc 2, 21 e Mt 1, 25, e faça-se, depois, a seguinte oração.
107

Ó obedientíssimo das divinas leis, glorioso São José, o sangue preciosíssimo que na
circuncisão derramou o Redentor Menino vos trespassou o coração, mas o nome de Jesus vo-
lo reanimou, enchendo-o de contentamento.
Por esta dor e por este gozo, alcançai-nos viver sem pecado, a fim de expiar cheios
de júbilo, com o nome de Jesus no coração e nos lábios.
Pai Nosso, Ave Maria, Glória.
V. São José, R. Rogai por nós!

QUARTO DOMINGO
Medite-se sobre Lc 2, 22-35 e faça-se, depois, a seguinte oração.
Ó fidelíssimo santo, glorioso São José, que também tivestes parte nos mistérios de
nossa Redenção, se a profecia de Simeão a respeito do que Jesus e Maria teriam de padecer
vos causou mortal angústia, também vos encheu de sumo gozo pela salvação e gloriosa
ressurreição que, como igualmente predisse, teria de resultar para inumeráveis almas.
Por esta dor e por este gozo, obtende-nos que sejamos do número daqueles que,
pelos méritos de Jesus e pela intercessão da santíssima Virgem, sua mãe, hão de ressuscitar
gloriosamente.
Pai Nosso, Ave Maria, Glória.
V. São José, R. Rogai por nós!

QUINTO DOMINGO
Medite-se sobre Mt 2, 13-14 e Is 19, 1, e faça-se, depois, a seguinte oração.
Ó vigilantíssimo custódio, íntimo familiar do Filho de Deus Encarnado, glorioso São
José, quanto sofrestes para alimentar e servir o Filho do Altíssimo, particularmente na fuga
com Ele para o Egito. Mas qual não foi também vosso gozo por terdes sempre convosco o
mesmo Deus e por verdes cair por terra todos os ídolos egípcios.
Por esta dor e por este gozo, alcançai-nos que, afastando para longe de nós o infernal
tirano, especialmente com a fuga das ocasiões perigosas, sejam derrubados dos nossos
corações todos os ídolos dos afetos terrenos, e que, inteiramente dedicados ao serviço de
Jesus e de Maria, para eles somente vivamos e na alegria do seu amor expiremos.
Pai Nosso, Ave Maria, Glória.
V. São José, R. Rogai por nós!

SEXTO DOMINGO
Medite-se sobre Mt 2, 19-23 e Lc 2, 40, e faça-se, depois, a seguinte oração.
Ó anjo na terra, glorioso São José, que cheio de pasmo vistes o Rei do Céu submisso
aos vossos mandatos, se a vossa consolação, ao reconduzi-lO do Egito, foi turbada pelo temor
de Arquelau, filho de Herodes, contudo, sossegado pelo anjo, permanecestes alegre em
Nazaré com Jesus e Maria.
Por esta dor e por este gozo, alcançai-nos a graça de desterrar do nosso coração todo
temor nocivo, de gozar a paz de consciência, de viver seguros com Jesus e Maria, e também
de morrer assistidos por eles.
Pai Nosso, Ave Maria, Glória.
V. São José, R. Rogai por nós!
108

SÉTIMO DOMINGO
Medite-se sobre Lc 2, 41-50 e faça-se, depois, a seguinte oração.
Ó exemplar de toda a santidade, glorioso São José, perdestes sem culpa o Menino
Jesus, e para maior angústia houvestes de buscá-lO por três dias, até que, com sumo júbilo,
gozastes do que era vossa vida, achando-O no templo entre os doutores.
Por esta dor e por este gozo, vos suplicamos com palavras saídas do coração, que
intercedais a nosso favor para que nunca nos aconteça perder a Jesus por algum pecado grave.
Mas, se por desgraça O perdermos, fazei com que O procuremos com tal dor que
não tenhamos sossego até encontrá-lO, benigno, especialmente na hora da nossa morte, para
podermos glorificá-lO no Céu e lá cantarmos eternamente suas divinas misericórdias.

Pai Nosso, Ave Maria, Glória.


V. São José, R. Rogai por nós!

Oração a São José


Ó Deus, que com inefável providência Vos dignastes eleger São José esposo de
vossa santíssima Mãe, fazei que mereçamos ter no Céu a intercessão daquele que veneramos
na terra. Vós que viveis e reinais por todos os séculos dos séculos. Amém.
109

9.4 Terço a São José

SINAL DA CRUZ

Pelo sinal da Santa Cruz, livrai-nos, Deus, Nosso Senhor, dos nossos inimigos. Em
nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Amém.

LEMBRAI-VOS, SÃO JOSÉ (ORAÇÃO DE PIO IX)

Lembrai-vos ó puríssimo Esposo de Maria Virgem, ó meu doce protetor, São José,
que jamais se ouviu dizer que alguém tivesse invocado a vossa proteção, implorado vosso
socorro e não fosse por vós consolado e atendido. Com esta confiança venho à vossa presença
e a vós fervorosamente me recomendo. Não desprezeis a minha súplica ó Pai adotivo do
Redentor, mas dignai-vos acolhê-la piedosamente. Assim seja.

CONTEMPLAÇÃO DE CADA MISTÉRIO:


1.º mistério: Aparição do anjo do Senhor, em sonhos, a José. (Mt 1,18-25);
2.º mistério: José no presépio com o recém-nascido e Maria. (Lc
2,1-16);
3.º mistério: a fuga para o Egito. (Mt 2,13-15);
4.º mistério: a apresentação de Jesus no Templo. (Lc 2,22-39)
5.º mistério: o reencontro de José e Maria com Jesus no Templo
(Lc2,41-51)

NAS CONTAS DO PAI-NOSSO, REZAR:


"Ó Glorioso São José, nas vossas maiores aflições e tribulações, o Anjo não vos
valeu? Valei-me, São José."

NAS CONTAS DAS AVE-MARIAS, REZAR:


"São José, valei-me."

ORAÇÃO FINAL
Deus Todo-Poderoso, pelas preces de Nosso Pai, São José, a quem confiastes as
primícias da Igreja, concedei que ela possa levar à plenitude os mistérios da salvação. Por
Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.

OBSERVAÇÃO
Pode-se finalizar recitando a Ladainha a São José ou a oração da Salve Rainha.
110

9.5. Rosário a São José

É composto de sete mistérios que formam as sete dores e alegrias que São José teve
no mundo. Sugere-se rezar em cada primeira quarta-feira do mês.

CONTEMPLAÇÃO DE CADA MISTÉRIO:


1º mistério: Ó José santo, pela dor e alegria que tiveste na ocasião da maternidade da
Virgem Maria, assisti-me paternalmente na vida e na morte.
Rezar 1 Pai-Nosso, 10 Ave-Marias e 1 Glória.

2º mistério: Ó José santo, pela dor e alegria que tiveste na ocasião do nascimento de
Jesus, assisti-me paternalmente na vida e na morte.
Rezar 1 Pai-Nosso, 10 Ave-Marias e 1 Glória.

3º mistério: Ó José santo, pela dor e alegria que tiveste na ocasião circuncisão do
menino Jesus, assisti-me paternalmente na vida e na morte.
Rezar 1 Pai-Nosso, 10 Ave-Marias e 1 Glória.

4º mistério: Ó José santo, pela dor e alegria que tiveste na ocasião da profecia de
Simeão, assisti-me paternalmente na vida e na morte.
Rezar 1 Pai-Nosso, 10 Ave-Marias e 1 Glória.

5º mistério: Ó José santo, pela dor e alegria que tiveste na ocasião da fuga para o
Egito, assisti-me paternalmente na vida e na morte.
Rezar 1 Pai-Nosso, 10 Ave-Marias e 1 Glória.

6º mistério: Ó José santo, pela dor e alegria que tiveste na ocasião do retorno do
Egito, assisti-me paternalmente na vida e na morte.
Rezar 1 Pai-Nosso, 10 Ave-Marias e 1 Glória.

7º mistério: Ó José santo, pela dor e alegria que tiveste na ocasião da perda e do
reencontro do Menino Jesus no templo, assisti-me paternalmente na vida e na morte.
Rezar 1 Pai-Nosso, 10 Ave-Marias e 1 Glória.

Rainha da Família, rogai por nós.

ORAÇÃO FINAL:
Pode-se finalizar recitando a Ladainha de São José ou a Salve Rainha.
111

9.6. Ladainha em honra a São José

Ladainha com fórmula atualizada em 1° de maio de 2021, com as sete invocações


incorporadas pela Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos com
aprovação do Papa Francisco. A tradução para o português foi feita pela Comissão Episcopal
Pastoral para Liturgia.

Senhor, tende Kýrie, eléison.


piedade de nós. Christe, eléison.
Jesus Cristo, tende Kýrie, eléison.
piedade de nós.
Senhor, tende
piedade de nós.
Christe, audi nos.
Jesus Cristo, ouvi- Christe, exáudi nos.
nos.
Jesus Cristo, Pater de cælis, Deus,
atendei-nos. miserére nobis.
Fili, Redémptor
Pai celeste que mundi, Deus, miserére
sois Deus, tende piedade nobis. Spíritus Sancte, Deus,
de nós. Filho, Redentor do miserére nobis.
mundo, que sois Deus, Sancta Trínitas, unus
tende piedade de nós. Deus, miserére nobis.
Espírito Santo, que sois
Deus, tende piedade de
nós. Santíssima Trindade,
que sois um só Deus, tende
piedade de nós.
112

Santa Maria, Sancta Maria, ora


rogai por nós. pro nobis.

São José, Sancte Joseph,

Ilustre filho de Proles David ínclyta,


David,
Luz dos Lumen
Patriarcas, Patriarchárum,
Esposo da Mãe de Dei Genitrícis sponse,
Deus,
Guardião do Custos Redemptóris,
Redentor,
Casto guarda da Custos pudíce
Virgem, Vírginis,
Sustentador do Filii Dei nutrítie,
Filho de Deus,
Zeloso defensor Christi defénsor
de Jesus Cristo, sédule,
Servo de Cristo, Serve Christi,
Ministro da Miníster salútis, ora
salvação, pro nobis.
Chefe da Sagrada Almæ Famíliæ
Família, præses,
José justíssimo, Joseph justíssime,
José castíssimo, Joseph castíssime,
José Joseph prudentíssime,
prudentíssimo,
José fortíssimo, Joseph fortíssime,
José Joseph
obedientíssimo, oboedientíssime,
José fidelíssimo, Joseph fidelíssime,
Espelho de Spéculum patiéntiæ,
paciência,
Amante da Amátor paupertátis,
pobreza,
Modelo dos Exémplar opíficum,
operários,
Honra da vida de Domésticæ vitæ
família, decus,
Guarda das Custos vírginum,
Virgens, Familiárum cólumen,
Sustentáculo das
113

famílias, Fúlcimen in
Amparo nas difficultátibus,
dificuldades, Solátium miserórum,
Alívio dos
miseráveis, Spes ægrotántium,
Esperança dos
doentes, Patróne éxsulum,
Patrono dos
exilados, Patróne afflictórum,
Patrono dos
aflitos, Patróne páuperum,
Patrono dos
pobres, Patróne moriéntium,
Patrono dos
moribundos, Terror dæmonum,
Terror dos
demônios, Protéctor sanctæ
Protetor da Santa Ecclésiæ,
Igreja, Agnus Dei, qui tollis
Cordeiro de peccáta mundi, parce nobis,
Deus, que tirais os pecados Dómine.
do mundo, perdoai-nos
Senhor. Agnus Dei, qui tollis
Cordeiro de Deus, peccáta mundi, exáudi nos,
que tirais os pecados do Dómine.
mundo, ouvi-nos Senhor. Agnus Dei, qui tollis
Cordeiro de Deus, que peccáta mundi, miserére
tirais os pecados do nobis.
mundo, tende piedade de
nós.
114

V. Ele V. Constítuit eum


constituiu-o Senhor da dóminum domus suæ,
Sua casa,
R. E fê-lo R. Et príncipem
príncipe de todos os Seus omnis possessiónis suæ.
bens.
Oremos. Orémus.
Ó Deus, que por Deus, qui ineffábili
inefável Providência Vos providéntia beátum Joseph
dignastes escolher a S. sanctíssimæ Genitrícis tuæ
José por esposo da Vossa sponsum elígere dignátus
Mãe Santíssima; espræsta, quæsumus; ut,
concedei-nos, Vos quem protectórem venerámur
pedimos, que mereçamos in terris, intercessórem
ter por intercessor no céu, habére mereámur in cælis:
o que veneramos na terra Qui vivis et regnas in sæcula
como protetor. Vós que sæculorum.
viveis e reinais por todos Amen.
os séculos dos séculos.
Amém.
115

9.7. Cordão de São José

Deve-se rezar, diariamente, Sete Glórias ao Pai em honra das sete dores e das sete
alegrias de São José, ou qualquer outra oração a São José.
O Papa Pio IX enriqueceu essa fácil e benéfica devoção, com várias indulgências
plenárias e parciais mencionadas abaixo.

COMO USAR O CORDÃO


Pode-se usar o Cordão de São José, das seguintes formas:
• Preso à cintura sob a roupa (o cordão maior), no pulso (o cordão menor) ou tê-
lo bem guardado para ser usado por ocasião de dores e sofrimentos físicos, aplicando-o com
fé na parte enferma do corpo, como costumamos fazer com medalhas do Senhor Jesus e de
Nossa Senhora, rezando, então, a São José, sete vezes a oração do Glória;
• Pode, também, ser usado no carro, nos livros, na carteira, na carteira de
motorista, no travesseiro etc. Pode, também, ser colocado na cabeceira do doente ou no pulso
dele. As pessoas que usarem, habitualmente, o Cordão de São José terão a graça da boa
morte. Aqueles que o trouxerem, constantemente, consigo, terão proteção, especialmente, na
guarda e na defesa da sublime virtude da castidade, em qualquer de seus três graus e
categorias;
• O Cordão de São José pode e deve ser usado pelas gestantes que o levarão
cingido à cintura, protegendo-as do perigo de aborto e nos partos difíceis, como comprovam
centenas de fatos.

INDULGÊNCIAS
Dias nos quais se lucram indulgências plenárias trazendo consigo o cordão:
• No dia do recebimento do Cordão:
• Natal (25/12);
• Festas de Nossa Senhora Mãe de Deus e Circuncisão (01/01);
• Solenidade da Epifania - Reis (06/01);
• Páscoa;
• Ascensão;
• Pentecostes;
• Corpus Christi;
• Sagrado Coração de Jesus;
• Imaculado Coração de Maria;
• Assunção de Nossa Senhora (15/08);
• Esponsais de São José (23/01);
• Solenidade de São José (19/03); Memória de São José Operário (01/05);
• Em perigo de morte.

RITUAL DE BENÇÃO
Revestido de sobrepeliz, cuja alvura representa a pureza da alma que todo o
sacerdote deve ter, e trazendo ao pescoço a estola da imortalidade, símbolo do poder eterno
116

que Jesus lhe conferiu pelo Sacramento da Ordem, o sacerdote começa a bênção declarando
que seu poder está em Deus, e diz: V. Nosso auxílio está em nome do Senhor.
R. Aquele que fez o céu e a terra.
V. O Senhor esteja convosco.
R. E com o vosso espírito.

Oremos
Senhor Jesus Cristo, que inculcas conselhos e amor da virgindade e dais preceito da
castidade, rogamos à vossa clemência se digne abençoar e santificar esses cordões, senha de
castidade, para que todos os que com ele se cingirem no intuito de bem guardar a castidade,
por intercessão de São José, esposo de vossa Mãe Santíssima, consigam manter uma
castidade que Vos seja agradável, obedecer a vossos mandamentos, alcançar perdão de seus
pecados e obter a vida eterna. Vós, que viveis e reinais com Deus Padre em união com o
Espírito Santo que é Deus, por todos os séculos dos séculos. Amém.

Oremos

Dai, vo-Lo pedimos, ó Pai Eterno todo-poderoso, que venerando a integérrima


virgindade da puríssima Virgem Maria e do seu esposo São José, por intercessão deles
consigamos a pureza da alma e do corpo. Por Jesus Cristo Senhor nosso. Amém.

Oremos

Ó Deus todo-poderoso, que aos cuidados de São José, varão castíssimo, entregastes
a puríssima sempre Virgem Maria e o Menino jesus, suplicantes vos exoramos que os fiéis
que, em vossa honra e sob proteção do mesmo São José, cingirem estes cordões, por vossa
generosidade e por intercessão dele, perseverem na castidade sempre e devotamente. Pelo
mesmo Jesus Cristo vosso Filho, que convosco vive e reina em unidade com Deus Espírito
Santo, por todos os séculos dos séculos. Amém.

Oremos

Ó Deus, restaurador e amigo da inocência, nós Vos pedimos que os vossos fieis que
fizerem uso destes cordões, pela intercessão do bem-aventurado José, esposo da vossa Mãe
Santíssima, estejam sempre cingidos nos rins e tenham nas mãos lâmpadas acesas e sejam
como os servos que esperam que o Senhor volte das bodas, para Lhe abrirem a porta logo que
chegar e bater, e mereçam ser recebidos nas alegrias eternas. Vós, que viveis e reinais nos
séculos dos séculos. Amém.
Havendo antes posto incenso no turíbulo, o sacerdote borrifa com água benta os
cordões, dizendo aquela súplica de David no Salmo 50, que reza:
“Vós me aspergireis com o hissopo e serei purificado: Lavar-me-eis e me tornarei
mais branco que a neve.”
A água benta, com que se asperge, dá aos cordões a virtude de afugentar os
demônios e frustrar-lhes as artimanhas, como pede a Deus a Igreja na bênção da água.
117

Depois incensa os cordões. Como o fumo aromático do incenso sobe em aspirais,


perfumando o ambiente, assim as orações sobem até Deus, que ouvindo-as nos perfuma a
alma com sua graça.
Feito isso, o Sacerdote continua, dizendo:
V. Fazei salvos a vossos servos.
R. Que esperam, meu Deus, em Vós.
V. Do alto, Senhor, mandai-lhes auxílio.
R. E guardai-os lá de Sião.
V. O Senhor esteja convosco.
R. E com o vosso espírito.

Oremos

Deus de misericórdia, Deus de clemência, a quem tudo o que é bom é grato, sem
quem nada de bom tem princípio nem nada se faz de bom, ouçam os ouvidos de vossa
piedade as nossas preces humildes, e aos fiéis que em vosso Nome Santo trouxerem, sob a
proteção e em honra de São José, o cordão bento, defendei-os dos empecilhos do mundo, ou
dos desejos do século; concedei-lhes que, perseverando devotos neste propósito, remidos,
consigam penetrar no consórcio de vossos eleitos. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso
Filho, que convosco vive e reina em unidade com o Espírito Santo que é Deus, por todos os
séculos dos séculos. Amém.
118

9.8 Pia súplica a São José

São José, rogue a Jesus que venha à minha alma e a santifique. São José, rogue a
Jesus que venha ao meu coração e o inflame de caridade.
São José, rogue a Jesus que venha à minha inteligência e a ilumine.
São José, rogue a Jesus que venha à minha vontade e a fortifique.
São José, rogue a Jesus que venha nos meus pensamentos e os purifique.
São José, rogue a Jesus que venha nos meus desejos e os dirija. São José, rogue a
Jesus que venha nas minhas operações e as abençoe.
São José, obtende de Jesus o seu santo amor.
São José, obtende de Jesus a imitação de suas santas virtudes.
São José, obtende de Jesus a verdadeira humildade de espírito.
São José, obtende de Jesus a mansidão de coração.
São José, obtende de Jesus a paz da alma.
São José, obtende de Jesus o desejo da perfeição.
São José, obtende de Jesus a docilidade de caráter.
São José, obtende de Jesus um coração puro e caritativo.
São José, obtende de Jesus o amor ao sofrimento.
São José, obtende de Jesus a sabedoria das verdades eternas.
São José, obtende de Jesus a perseverança no operar o bem.
São José, obtende de Jesus a fortaleza no suportar a cruz. São José, obtende de Jesus
o desprendimento do bem desta terra.
São José, obtende de Jesus o caminhar na via estreita do céu.
São José, obtende de Jesus ser liberto de toda a ocasião de pecado.
São José, obtende de Jesus um santo desejo do paraíso.
São José, obtende de Jesus a perseverança final.
São José, faça que o meu coração não cesse mais de amar-te nem minha língua de
louvar-te.
São José, pelo amor que tiveste a Jesus, ajuda-me a amá-lo.
São José, dignai-vos acolher-me como teu devoto.
São José, eu me dou a ti, aceita-me e socorre-me. São José, não me
abandone na hora da morte.
São José, dou-vos o meu coração e a minha alma.

(Rezar 3x Glória)
119

9.9 Súplica a São José

Glorioso São José, pai nutrício de Jesus Cristo e esposo de Maria Santíssima, volvei
vosso olhar de misericórdia para as nossas famílias, protegendo-as como protegestes a
Sagrada Família de Nazaré.
Abençoais os pais, para que saibam dirigir o lar com prudência e firmeza,
promovendo a felicidade da família.
Abençoai os filhos, para que sejam a honra e a esperança dos seus genitores. Não
permitais que venham a faltar em nossos lares o carinho e o amparo de que todos necessitam.
Enfim, abençoais todos os moradores de nossa casa, para que encontrem no recanto
do lar a felicidade tão desejada. Pelo amor que demonstrastes para com o vosso Filho
adotivo, zelai pelos nossos filhos.
Pelo carinho que tivestes para com vossa Santíssima Esposa, Maria, Mãe de Jesus
Filho de Deus, amparai as mães. Já que nos colocamos debaixo da vossa poderosa proteção,
livrai-nos dos males que estão ameaçando as famílias cristãs. Ensinai a todos a fugir do
abismo que destruirá os laços sagrados que unem as famílias cristãs.
Nós vos pedimos, glorioso protetor:
Dos ataques de satanás, livrai as nossas famílias.
Dos males que nos ameaçam, livrai as nossas famílias.
Das rixas e contendas, livrai as nossas famílias.
Das doenças e aflições, livrai as nossas famílias.
Da tristeza e do desespero, livrai as nossas famílias.
Do espírito mundano, livrai as nossas famílias.
Da imoralidade degradante, livrai as nossas famílias.
Da rebeldia religiosa, livrai as nossas famílias.
Da falta de amor, livrai as nossas famílias.
Das dificuldades financeiras, livrai as nossas famílias.
Da desonra e leviandade, livrai as nossas famílias.
Da falta de pão e agasalho, livrai as nossas famílias.
Dos perigos do mundo, livrai as nossas famílias.
Das enfermidades, livrai as nossas famílias.
Da moda escandalosa, livrai as nossas famílias.
Das amizades nocivas e perigosas, livrai as nossas famílias.
Da falta de fé, livrai as nossas famílias.
Das incompreensões e dúvidas, livrai as nossas famílias.
Da morte eterna, livrai as nossas famílias.
Da desunião e fraqueza, livrai as nossas famílias.
Isto vos suplicamos, ó grande Santo, pelo amor que tivestes a Jesus e a Maria. Ó
Deus de bondade e misericórdia, pela intercessão de São José, salvai as nossas famílias, dai
que vivamos enlaçados em vosso amor, que nem a morte desfaça, e assim como nos fizestes
unidos nesta vida pelo sangue, reunimos pela caridade no vosso Reino eterno. Por Cristo,
Nosso Senhor. Amém.
120

9.10 São José Operário

Oração para oferecer o trabalho diário

ORAÇÃO A SÃO JOSÉ (SÃO PIO X)

Glorioso São José, modelo de todos os que se dedicam ao trabalho, obtende-me a


graça de trabalhar com espírito de penitência para expiação de meus numerosos pecados; de
trabalhar com consciência, pondo o culto do dever acima de minhas inclinações; de trabalhar
com recolhimento e alegria, olhando como uma honra empregar e desenvolver pelo trabalho
os dons recebidos de Deus; de trabalhar com ordem, paz, moderação e paciência, sem nunca
recuar perante o cansaço e as dificuldades; de trabalhar sobretudo com pureza de intenção e
com desapego de mim mesmo, tendo sempre diante dos olhos a morte e a conta que deverei
dar do tempo perdido, dos talentos inutilizados, do bem omitido e da vã complacência nos
sucessos, tão funesta à obra de Deus!

Tudo por Jesus, tudo por Maria, tudo à vossa imitação, ó


Patriarca São José! Tal será a minha divisa na vida e na morte.
Amém.

São José Operário, rogai por nós!


Amém.
121

10. O PAI-NOSSO E A PATERNIDADE DE SÃO JOSÉ


Luciano Dídimo, OCDS

A São José, Deus confiou seus maiores tesouros: Jesus e Maria. Vejam só que
imenso privilégio teve esse homem, uma criatura, um homem bom, justo, como diz a Bíblia,
mas pecador, fraco, limitado, incapaz, como qualquer ser humano. Entretanto, Deus o
escolheu para essa missão ímpar na história da humanidade, a missão de ser o pai na terra do
Filho de Deus que se encarnou.
O SIM de José em receber Maria como esposa, estando ela grávida do Salvador,
foi um sim em ser o pai de Jesus, o qual unido ao SIM de Maria, teve participação
fundamental na história da salvação. Deus chama e capacita seus escolhidos para que
possam exercer a missão a eles confiada. Assim foi também com José, que recebeu essa
missão de extrema responsabilidade, pois se para um pai comum, a missão de ser pai exige
uma extrema responsabilidade e fidelidade a Deus e à família, imagine para José, sendo
responsável em cuidar do próprio Deus feito criança, dependendo dele para comer, para se
vestir, precisando de seus cuidados, de sua proteção, de seu amparo, de seu carinho.
A paternidade de São José foi uma verdadeira oração, a qual pode ser
perfeitamente relacionada com a oração do Pai-Nosso ensinada por Jesus. Ora, a oração do
Pai-Nosso, segundo Horácio Dídimo, em seu livro ‘As Harmonias do Pai-Nosso” é
composta por sete petições (sete pedidos), após a invocação dirigida a Deus Pai: PAI
NOSSO QUE ESTAIS NO CÉU, sendo essas petições de LOUVOR, UNIÃO, ENTREGA,
ALIMENTO, PERDÃO, PROTEÇÃO e LIBERTAÇÃO.
122

• LOUVOR - SANTIFICADO SEJA O VOSSO NOME


• UNIÃO - VENHA A NÓS O VOSSO REINO
• ENTREGA - SEJA FEITA A VOSSA VONTADE ASSIM NA TERRA
COMO NO CÉU
• ALIMENTO - O PÃO NOSSO DE CADA DIA NOS DAI HOJE
• PERDÃO - PERDOAI-NOS AS NOSSAS OFENSAS ASSIM COMO
NÓS PERDOAMOS A QUEM NOS TEM OFENDIDO
• PROTEÇÃO - E NÃO NOS DEIXEIS CAIR EM TENTAÇÃO
• LIBERTAÇÃO - MAS LIVRAI-NOS DO MAL

O CÉU

O céu, em beijo azul, amanheceu


Alegre, recebendo o seu louvor.
O sol, em união, incandesceu E as
nuvens ofertaram seu alvor.

O céu, agora anil, recrudesceu,


Se dando em alimento com fervor.
A ventania forte arrefeceu,
Querendo mil perdões ou um favor.

O céu depois ficou avermelhado


E o amarelinho sol, alaranjado.
As flores violeta suplicaram,

Pedindo ao infinito a proteção


E, em sua verde fé, libertação.
Fitaram, pois, os céus e contemplaram!

Luciano Dídimo

No meu livro A ROSA MARROM (livro de poemas e orações de espiritualidade


carmelitana) consta na pág. 168 um roteiro de meditação intitulado O PAI-NOSSO E A
PATERNIDADE DE SÃO JOSÉ. Nesse roteiro eu relacionei as sete petições do Pai-Nosso
com a paternidade de São José, de acordo com 7 passagens bíblicas referentes a ele e com as 7
invocações constantes na Ladainha de São José. Aqui nesta palestra faço ainda a relação com
7 sonetos de minha autoria.
123

10.1. Pai Nosso que estais nos Céus, santificado seja o Vosso nome.

Todos lhe davam testemunho e se admiravam das palavras de graça, que


procediam da sua boca, e diziam: Não é este o filho de José? (Lc 4, 22)
A primeira petição é uma petição de LOUVOR, onde Jesus louva o Pai. Nessa
passagem onde as pessoas se admiram de Jesus e dão testemunho dele, é uma oração de
louvor a Jesus por tudo o que Ele dizia e fazia, e no momento em que o louvor é dirigido a
Jesus, Ele é reconhecido como filho de José: Não é este o filho de José? Ora, todo filho se
parece com o pai, mesmo os adotados são parecidos, porque adquirem os trejeitos, o modo
de falar, o modo de se comportar, os gestos, tudo. Jesus era a cara de José! Assim também
nós, quando louvamos e adoramos Jesus, podemos nos lembrar de José, da paternidade de
José, como aconteceu nessa passagem. E em duas ocasiões citadas na Bíblia, José estava
presente no momento em que Jesus era adorado, na adoração dos pastores e na visita dos
magos. O interessante é que com certeza, José também louvava e adorava Jesus, porque
sabia que Ele era o próprio Deus.
Que o louvor de José seja exemplo para os pais de família, que exercendo sua
paternidade, louvem e levem seus filhos a louvar a Deus.
São José, Ilustre descendente de Davi, rogai por nós!

A TRANSFORMAÇÃO

A lagarta inicia a sua vida


Rastejando na terra, humilde e feia.
Larva longa, cilíndrica, comprida,
Come a folha com tédio em sua ceia.

A rotina lhe deixa aborrecida.


Transformar seu destino é o que ela anseia.
Resolvendo fugir, desiludida,
Ela faz do casulo uma cadeia.

Na clausura, elevando a sua prece,


Oferece com fé as suas dores.
Um milagre, em seguida, lhe acontece.

Asas ganha de Deus, com muitas cores,


E voando no mundo ela agradece,
Espalhando beleza e mil louvores!
Luciano Dídimo
124

10.2. Venha a nós o Vosso reino

Foram com grande pressa e acharam Maria e José, e o menino deitado na


manjedoura. (Lc 2, 16)
A segunda petição é uma oração de UNIÃO, união de Deus com os homens, da
Divindade com a humanidade. Essa união com Deus se dá em Jesus, pois quando nos
unimos a Jesus, o Reino de Deus está em nós. Essa passagem nos mostra que os pastores
quando chegaram na manjedoura encontraram Maria, José e Jesus, uma união perfeita de
Deus com a humanidade, refletida na união da sagrada família. São José, confiado por
Deus para ser o chefe da Sagrada Família, é exemplo a ser seguido por todos os pais de
família, exemplo de fidelidade, de castidade, de prudência e de justiça.
Que a união da Sagrada Família seja exemplo para que todas as famílias sejam
cada vez mais unidas!
São José, Chefe da Sagrada Família, rogai por nós!

OS PASTORES E OS ANJOS
(Lucas 2, 8-20)

Nos campos, à noite, pastores tomaram


Um susto ao surgir-lhes um anjo contente.
"Nasceu-vos o Cristo, em Belém, felizmente".
A boa notícia, na glória, escutaram.

Em meio aos pastores, os anjos louvaram:


"A Deus nas alturas, a honra inerente,
Que a paz se derrame na terra ao temente".
Ao reino celeste depois retornaram.

Pastores correram em rumo a Belém


E acharam Jesus, o divino troféu.
Maria e José, encontraram também.

Contaram o anúncio pelo anjo lhes feito


E a festa dos anjos descidos do céu.
E tudo Maria guardava no peito!

Luciano Dídimo
125

10.3. Seja feita a vossa vontade assim na terra como no Céu

Despertando, José fez como o anjo do Senhor lhe havia mandado e recebeu em
sua casa sua esposa. E, sem que ele a tivesse conhecido, ela deu à luz o seu filho, que
recebeu o nome de Jesus. (Mt 1, 24-25)
A terceira petição é uma oração de ENTREGA, onde se coloca tudo nas mãos de
Deus, para que Ele faça tudo segundo a Sua vontade. A paternidade de José é um grande
exemplo disso, pois ele deixa-se conduzir inteiramente por Deus, comprometendo toda a
sua vida em função daquilo que Deus lhe pedia, não só em receber Maria, mas
principalmente exercendo a paternidade de Jesus, cumprindo com todas as suas obrigações
de pai. Várias outras passagens podem atestar isso, como: em Lc 2, 21 - Completados que
foram os oito dias para ser circuncidado o menino, foi-lhe posto o nome de Jesus, como lhe
tinha chamado o anjo, antes de ser concebido no seio materno e em Lc 2, 22-23 -
Concluídos os dias da sua purificação segundo a Lei de Moisés, levaram-no a Jerusalém
para o apresentar ao Senhor, conforme o que está escrito na lei do Senhor: Todo
primogênito do sexo masculino será consagrado ao Senhor. Assim José, levando Jesus
para circuncidar e levando-o à Jerusalém para O apresentar no Templo, cumpria todos os
preceitos da religião judaica, fazendo com que exercesse sua paternidade segundo a
vontade de Deus.
José também, com certeza ensinava a Torah a Jesus, pois naquela época era
costume que o pai assim o fizesse. Vejam, portanto, o quanto José era diligente em cumprir
as suas obrigações de pai, quando vemos nos dias de hoje exatamente o contrário: os pais
se desimcubindo de suas obrigações, passando toda a responsabilidade para a escola ou
para as mães, que também não têm mais tempo para estar com seus filhos. Se as famílias
hoje não estão se preocupando nem em batizar os filhos, em levá-los a fazer a primeira
comunhão, muito menos se preocupam em ensinar-lhes a Bíblia e os mandamentos da Lei
de Deus. Dessa forma, como as crianças de hoje podem fazer a vontade de Deus, se não a
conhecem?
Que a obediência de São José seja exemplo para que os pais de família façam e
ensinem os filhos a fazerem a vontade de Deus.
São José obedientíssimo, rogai por nós!

O MISSIONÁRIO
Preciso lançar com força esse arpão,
É a força que faz cumprir os intentos.
Preciso enxergar com olhos atentos,
Partir, sem apego, o mísero pão.

Preciso cumprir a minha missão,


Preciso calar e dar aos lamentos Um
gole de paz, nos lábios sedentos.
Preciso entender que existe uma unção.

Preciso avançar nas águas profundas,


126

Preciso jogar na terra as sementes,


Fazer com que as mãos se tornem fecundas.

Preciso subir a grande montanha, Em


passos de dor que trincam os dentes,
Por fim estourar, no topo, a champanha!

Luciano Dídimo

10.4. O pão nosso de cada dia nos dai hoje

Em seguida, desceu com eles a Nazaré e lhes era submisso. Sua mãe guardava
todas estas coisas no seu coração. E Jesus crescia em estatura, em sabedoria e graça,
diante de Deus e dos homens. (Lc 2, 51-52)
A quarta petição é uma oração de ALIMENTO, tanto material quanto espiritual, os
quais nos fazem crescer fisicamente ou espiritualmente. José, sendo o provedor da família,
era o responsável pelo sustento de Jesus e para tanto, trabalhava como carpinteiro. Esse
alimento, essa comida, fez com que Jesus crescesse em estatura. Os ensinamentos de José,
como o ofício de carpinteiro que ensinou a Jesus, fez com que crescesse em sabedoria, e o
ensino sobre a religião fazia com que Jesus crescesse em graça. Dessa forma, José proveu
Jesus em todas as suas necessidades. Outra passagem bíblica atesta isso: Lc 2, 39-40 - Após
terem observado tudo segundo a lei do Senhor, voltaram para a Galileia, à sua cidade de
Nazaré. O menino ia crescendo e se fortificava: estava cheio de sabedoria, e a graça de
Deus repousava nele.
Que a dedicação de São José seja exemplo para que os pais de família trabalhem
para o sustento de sua família e participem na educação de seus filhos, não se desviando
dessa responsabilidade pela bebida, pelas drogas, pela acomodação ou pela busca de
prazeres!
São José, Pai nutrício do Filho de Deus, rogai por nós!

A ETERNIDADE

Quando penso na nossa eternidade


E passeio no céu tão esperado,
Os meus olhos vislumbram a Verdade,
Um encontro do Amor com cada amado.

Pois um grande banquete é preparado,


Despedida de nossa iniquidade. Quantas
vezes, meu Deus, fui convidado
E eu não soube provar da liberdade?

Sei que o Amor tudo crê e sempre espera.


O convite ao abraço interminável,
127

Com paciência e bondade, nos reitera.

Para sempre saciados de maná,


Pela graça em um elo inviolável,
Na alegria do vinho de Caná!

Luciano Dídimo

10.5. Perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem
ofendido

José, seu esposo, que era homem de bem, não querendo difamá-la, resolveu
rejeitá-la secretamente. Enquanto assim pensava, eis que um anjo do Senhor lhe apareceu
em sonhos e lhe disse: José, filho de Davi, não temas receber Maria por esposa, pois o que
nela foi concebido vem do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho, a quem porás o nome de
Jesus, porque ele salvará o seu povo de seus pecados. (Mt 1, 20-21)
A quinta petição é uma oração de PERDÃO. São José é citado na Bíblia como um
homem de bem, um homem justo. Vejam vocês em que situação constrangedora ele ficou
quando soube da gravidez de Maria sem que tivessem coabitado. Segundo o costume
hebraico, o matrimônio constava de duas fases: primeiro era celebrado o matrimônio legal
(o verdadeiro) e depois de um certo período o esposo introduzia a esposa em sua casa.
Dessa forma, após o casamento e antes que Maria fosse para a casa de José, ela apareceu
grávida, e José, com todos os motivos para denunciá-la e podendo ser até apedrejada, ainda
assim resolve proteger Maria para não difamá-la e se afasta dela secretamente. Quando o
Senhor apareceu em sonhos a José revelando que a concepção de Maria provinha do
Espírito Santo, José, sendo justo, recebeu Maria em sua casa. Isso não foi propriamente um
perdão, porque não havia nenhum pecado em Maria, mas o seu ato de voltar atrás em sua
decisão e cumprir a vontade de Deus é exemplo para que haja o perdão nas famílias, entre
os esposos, entre os irmãos e entre pais e filhos e assim prevaleça a vontade de Deus.
Que a Justiça de São José nos ajude a também sermos justos na família e na
sociedade!
São José Justíssimo, rogai por nós!

O AMOR DE DEUS
(1Cor 13, 4-8)

O amor de Deus por nós nunca perece.


Se tudo sucumbir, só ele impera.
Jamais se contradiz, tudo tolera.
O amor de Deus é paz, não se enfurece.

Amor que permanece e não se esquece


Do abraço do perdão, que recupera.
Amor que tudo crê, que tudo espera.
128

Amor que na injustiça se entristece,

Porém, se rejubila na Verdade.


Amor de tanto amparo e de custódia,
Não tem nenhum orgulho nem vaidade.

Não tem nenhum rancor, não tem discórdia,


Repleto de paciência e de bondade.
O amor de Deus é só misericórdia!
Luciano Dídimo

10.6. E não nos deixeis cair em tentação

Depois de sua partida, um anjo do Senhor apareceu em sonhos a José e disse:


Levanta-te, toma o menino e sua mãe e foge para o Egito; fica lá até que eu te avise,
porque Herodes vai procurar o menino para o matar. José levantou-se durante a noite,
tomou o menino e sua mãe e partiu para o Egito. (Mt 2, 13-14)
A sexta petição é uma oração de PROTEÇÃO contra os males do mundo. José
exercendo sua paternidade, foi o protetor de Jesus e exerceu bravamente essa missão,
fugindo com Jesus para o Egito, porque Herodes queria matá-Lo, permanecendo lá até a
morte de
Herodes. Quando Herodes morreu, quis retornar para Israel, mas quando soube
que Arquelau, o pai de Herodes, reinava na Judéia, não arriscou ir para lá, mais uma vez
exercendo o seu papel de pai protetor, e novamente avisado em sonhos, foi morar na cidade
de Nazaré, na Galileia.
Outra passagem que nos mostra a proteção de José para com Jesus, foi quando, aos
doze anos de idade, Jesus se perdeu no Templo, conforme Lc 2, 42-48: Seus pais iam todos
os anos a Jerusalém para a festa da Páscoa. Tendo ele atingido doze anos, subiram a
Jerusalém, segundo o costume da festa. Acabados os dias da festa, quando voltavam, ficou
o menino Jesus em Jerusalém, sem que os seus pais o percebessem. Pensando que ele
estivesse com os seus companheiros de comitiva, andaram caminho de um dia e o
buscaram entre os parentes e conhecidos. Mas não o encontrando, voltaram a Jerusalém, à
procura dele. Três dias depois o acharam no templo, sentado no meio dos doutores,
ouvindo-os e interrogando-os. Quando eles o viram, ficaram admirados. E sua mãe disse-
lhe: Meu filho, que nos fizeste?! Eis que teu pai e eu andávamos à tua procura, cheios de
aflição. Esta passagem nos mostra Maria se referindo a José como pai de Jesus e retrata a
aflição de um pai ao perder seu filho.
Que o exemplo de cuidado e de preocupação de José seja exemplo para que os pais
de família também protejam seus filhos dos perigos do mundo, sabendo dizer “não” quando
necessário, dialogando, discernindo o bem do mal, para que assim, os filhos possam
encontrar a segurança dentro do seio familiar e em Deus e não procurem essa segurança nas
drogas, nas falsas amizades e no dinheiro.
São José, Insigne defensor de Cristo, rogai por nós!
129

MENINO LUZ

Na noite escura o céu emana fulguroso


E vem a Estrela Azul em chamas condutoras.
O Rei recém-nascido em graça, esplendoroso,
Nos jorra com vigor as bênçãos protetoras.

O nosso frágil Rei, pequeno e poderoso,


Estende para nós as mãos acolhedoras
Nos dando o seu perdão verdadeiro e amoroso
Que alento sempre traz para almas devedoras.

Em raios, sua luz, as ofensas releva,


Ferindo com amor a cada coração
Que acaba dissipando a nossa densa treva.

O Rei Menino Luz nos vem com seu clarão,


O qual nos recompõe, restaura e nos eleva,
Fazendo cintilar em nós a redenção!
Luciano Dídimo

10.7. Mas livrai-nos do mal

Jacó gerou José, esposo de Maria, da qual nasceu Jesus, que é chamado Cristo.
(Mt 1, 16)
A sétima e última petição é uma oração de LIBERTAÇÃO. Libertação é quando
nos livramos de algo que nos prende, que nos oprime. Essa passagem menciona toda a
genealogia de Jesus até chegar em José, esposo de Maria, da qual nasceu Jesus, que é
chamado Cristo. Assim, a paternidade de São José fez parte do plano de salvação de Deus
para a humanidade, para que, através do sacrifício de Cristo, o homem fosse libertado.
Dessa forma, José sendo o pai na terra de Cristo, e a Igreja sendo o Corpo Místico
de Cristo, podemos considerar José o pai da Igreja, e assim a Igreja o reconhece, pois Pio
IX declarou-o Patrono da Igreja Universal. Assim São José, ao exercer a paternidade de
Jesus, assume também a paternidade de toda a Igreja, e de todos nós, contribuindo para a
libertação de toda a humanidade.

São José, Protetor da Santa Igreja, rogai por nós!


130

COMO DEUS NOS AMA

C omo será o amor de Deus por nós?


O amor de Deus é bom e criativo,
M isericordioso e compassivo,
O s santos, pois, nos dá como trenós.

D eus não nos abandona ou deixa sós,


E le não é cruel nem vingativo.
U ntou a nossa forma com seu crivo,
S epara a cada filho o Seu kairós.

N ada pode deter o Seu amor,


O ceano de paz e de bondade,
S uave, fascinante, abrasador.

A mor imerecido que Ele oferta,


M esmo que não tenhamos lealdade.
A mor que cura, salva e nos liberta!
Luciano Dídimo

10.8. Amém.

PAI-NOSSO
(Mt 6, 9-13)

Pai Nosso que habitais em alto céu,


Que o Vosso nome seja sempre santo,
Que venha para nós como troféu O
Vosso Reino-Amor, divino encanto.

Que a Vossa sã vontade seja feita


Na terra pelos homens, sem arranjos, Da
mesma forma seja satisfeita Por toda a
legião de Vossos anjos.

A cada dia dai-nos nosso pão. E por


qualquer ofensa a Vós e a alguém,
Queremos Vos pedir vosso perdão.

Assim perdoaremos nós também.


Fazei-nos resistir à tentação, Livrai do
mal a todos nós. Amém.
Luciano Dídimo
131

11. NOVENA DE SANTA TERESA DE JESUS COM SÃO JOSÉ


Ano Santo de São José
De 06 a 14 de outubro de 2021.

Tema: Santa Teresa de Jesus, “herdeira da devoção josefina do Carmelo”.


(Carta à Família Carmelitana)

ORAÇÃO INICIAL: (Todos os dias) .

Sinal da Cruz.
. Pai Nosso.
. Ave-Maria.
. Glória ao Pai...
. Intenções: (..........)

Santa Teresa de Jesus, Doutora da Igreja, rogai por nós!

Oremos:
Ó Deus, que pelo Espírito Santo fizestes surgir Santa Teresa, nossa mãe, para
recordar à Igreja o caminho da perfeição, dai-nos encontrar sempre alimento em sua
doutrina celeste e sentir em nós o desejo da verdadeira santidade. Por nosso Senhor Jesus
Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.

xxxxxxxxxxxx
132

1º Dia – 06/10/2020.
TEMA: A oração é dom da Graça.

Doutrina Teresiana:
A oração é o carisma de Santa Teresa na Igreja, que não significa somente afirmar
que é uma sua especialidade, mas sim afirmar que é este o dom de graça, o serviço eclesial,
ontem e hoje. Deve frisar-se, porém, que a oração cristã da qual Teresa possui a chave de
compreensão é a pessoal, silenciosa, contemplativa, capaz de fazer a síntese da resposta
total a Deus na vida cristã, ponto de convergência da totalidade da experiência religiosa em
Cristo. “O bem que quem pratica a oração - refiro-me à oração mental - obtém já foi
tratado por muitos santos e homens bons. Gloria a Deus por isso! Se assim não fosse,
embora pouco humilde, eu não sou tão soberba que me atrevesse a falar disso. Do que
tenho experiência posso falar: quem começou a ter oração não deve deixá-la, por mais
pecados que cometa. Com ela, terá como se recuperar e, sem ela, terá muito mais... Por
isso, peço aos que ainda não começaram que, por amor a Deus, não se privem de tanto
bem... A oração mental nada é para mim senão um relacionamento íntimo de amizade, um
frequente entretimento a sós com Aquele que sabemos que nos ama”. (V 8,5)

Doutrina Católica da oração:


“A oração é a vida do coração novo e deve nos animar a cada momento. Nós,
porém, esquecemo-nos daquele que é nossa Vida e nosso Tudo. Por isso os Padres
espirituais, na tradição do Deuteronômio e dos profetas, insistem na oração como
"recordação de Deus", como um despertar frequente da "memória do coração": "É preciso
se lembrar de Deus com mais frequência do que se respira". Mas não se pode orar
"sempre", se não se reza em certos momentos, por decisão própria: são os tempos fortes da
oração cristã, em intensidade e duração”. (CEC 2558)

Meditando com Santa Teresa e São José:


“PROTETOR DO CORPO E DA ALMA”
O encontro de Santa Teresa com São José ocorreu num dos períodos mais difíceis
de sua vida, ela estava com cerca de 25 anos, sofreu uma longa e penosa enfermidade e as
curas dos médicos da terra resultaram não só ineficazes, mas também prejudiciais:
permaneceu paralisada e esgotada fisicamente e psicologicamente. (Carta à Família
Carmelitana) "É coisa de espantar as grandes mercês que Deus me tem feito por meio deste
bem-aventurado Santo e dos perigos de que me tem livrado, tanto no corpo como na alma".
(Vida 6,6)
ORAÇÃO FINAL: (Todos os dias)
LADAINHA DE SANTA TERESA DE JESUS

xxxxxxxxxxxxxxx
133

2º Dia – 07/10/2020.
TEMA: A força dinâmica da oração.

Doutrina Teresiana:
No Livro da Vida enquanto relata a sua vida e sua experiência, Santa Teresa
testemunha a força dinâmica do encontro com Cristo na oração. Em nível doutrinal, o
dinamismo da oração é expresso com o pequeno tratado sobre a oração, baseado sobre a
imagem do horto ou do jardim do Senhor no qual crescem as flores das virtudes desde o
contato com a água viva derramada na oração. As quatro formas de irrigar o horto-paraíso
do Senhor marcam a eficácia crescente da comunicação de Deus: a água derramada de um
poço; a água derramada com a ajuda de uma nora; a água viva que vem da torrente,
suavemente endereçada a irrigar o horto; e a água abundante da chuva que embebe toda a
terra e a torna fecunda (V 11-21). “Falando agora dos que começam a ser servos do amor
(que não me parece outra coisa além de nos decidirmos a seguir por esse caminho de
oração Aquele que tanto nos amou), considero uma dignidade tão grande que sinto enorme
prazer só de pensar nela; porque o temor servil logo desaparece se passamos por esse
primeiro estágio como devemos. Ó Senhor de minha alma e Bem meu! Por que não
quisestes que, determinando-se a amar-Vos — fazendo tudo o que pode para deixar o
mundo e se dedicar ao amor de Deus —, a alma não gozasse logo a elevação a esse amor
perfeito? Não me exprimo bem: tinha de falar e me queixar do fato de nós não a
querermos; a cul69A é toda nossa por não gozarmos logo de tamanha dignidade, pois, se
chegarmos a ter com perfeição esse verdadeiro amor de Deus, também obteremos todos os
bens. Somos tão difíceis e demoramos tanto a nos entregar de todo a Deus que, como Sua
Majestade não deseja que gozemos coisa tão preciosa sem pagar um grande preço, nunca
acabamos de nos dispor”. (V 11,1)

Doutrina Católica da oração:


“O Senhor conduz cada pessoa pelos caminhos e na maneira que lhe agradam.
Cada fiel responde ao Senhor segundo a determinação de seu coração e as expressões
pessoais de sua oração. Entretanto, a tradição cristã conservou três expressões principais da
vida de oração: a oração vocal, a meditação, a oração contemplativa. Uma característica
fundamental lhes é comum: o recolhimento do coração. Esta vigilância em guardar a
Palavra e em permanecer na presença de Deus faz dessas três expressões tempos fortes da
vida de oração”. (CEC 2560)

Meditando com Santa Teresa e São José:


“ADVOGADO”
São José é um pai que foi sempre amado pelo povo cristão, como prova o fato de
lhe terem sido dedicadas numerosas igrejas por todo o mundo; de muitos institutos
religiosos, confrarias e grupos eclesiais se terem inspirado na sua espiritualidade e adotado
o seu nome; e de, há séculos, se realizarem em sua honra várias representações sacras.
Muitos Santos e Santas foram seus devotos apaixonados, entre os quais se conta Teresa de
Ávila que o adotou como advogado e intercessor, recomendando-se instantemente a São
José e recebendo todas as graças que lhe pedia; animada pela própria experiência, a Santa
134

persuadia os outros a serem igualmente devotos dele. (Patris Corde 1) "Tomei por
advogado e senhor ao glorioso São José e encomendei-me muito a ele. Vi claramente que,
tanto desta necessidade como de outras maiores de honra e perda de alma, este Pai e Senhor
meu me tirou com maior bem do que eu lhe sabia pedir. Não me recordo até agora de lhe
ter suplicado coisa que tenha deixado de fazer". (Vida 6,6)

ORAÇÃO FINAL: (Todos os dias)


LADAINHA DE SANTA TERESA DE JESUS

xxxxxxxxxxxxxxx

3º Dia – 08/10/2020.
TEMA: Conteúdo da oração cristã.

Doutrina Teresiana:
No Caminho de perfeição Santa Teresa nos traz uma experiência de oração que, de
oração vocal torna-se meditação, recolhimento, quietude. É o caminho rumo à água viva
que Ela propõe a todos em nome de Cristo. Na explicação do Pai-Nosso como método e
conteúdo da oração cristã, temos todo o dinamismo original da oração cristã que é a graça
da filiação divina (Pai nosso!), ao termo da vida cristã que é a escatologia: o desejo de
morar junto de Deus na glória, já libertados de todo o mal (livra-nos de todo o mal!). E é
neste dinamismo rumo à interioridade, é onde finalmente o homem se dobra amorosamente
à vontade de Deus (Seja feita a tua vontade!), caminho que se evidencia no encontro com o
irmão, até chegar ao amor misericordioso no perdão das ofensas e numa vida marcada pelo
amor e pelo temor de Deus. “Oh! Senhor meu, como pareceis Pai de tal Filho e como o
Vosso Filho parece filho de tal Pai! Bendito sejais, para todo o sempre! No fim da oração,
não seria já tão grande, Senhor, esta mercê?... Ó Filho de Deus e Senhor meu! Como dais
tantos bens juntos logo à primeira palavra?... Se tornamos a Ele como o filho pródigo, terá
de perdoar, de nos consolar em nossos trabalhos, de nos sustentar, como fará um Pai, que
forçosamente há-de ser melhor que todos os pais do mundo, porque n'Ele não pode haver
senão a perfeição de todo o bem e, depois de tudo isto, fazer-nos participantes e herdeiros
convosco”. (C 27, 1-2)

Doutrina Católica da oração:


“A oração vocal é um dado indispensável da vida cristã. Aos discípulos, atraídos
pela oração silenciosa do Mestre, este ensina uma oração vocal: o "Pai-Nosso". Jesus não
só rezou as orações litúrgicas da sinagoga; os Evangelhos O mostram elevando a voz para
exprimir sua oração pessoal, da bênção exultante do Pai até a angústia do Getsêmani. Essa
necessidade de associar os sentidos à oração interior responde a uma exigência de nossa
natureza humana. Somos corpo e espírito, e sentimos a necessidade de traduzir
exteriormente nossos sentimentos. É preciso rezar com todo o nosso ser para dar à nossa
súplica todo o poder possível”. (CEC 2562-63)
135

Meditando com Santa Teresa e São José:


PAI ESPIRITUAL

É inegável que mais do que nenhum outro Teresa de Jesus fez do culto a São José
um dos elementos característicos da piedade e da fisionomia espiritual do Carmelo. (Carta à
Família Carmelitana) "Estando eu por estes mesmos dias, o de Nossa Senhora da Assunção
num mosteiro da Ordem do glorioso São Domingos, considerando os muitos pecados que
noutro tempo eu havia confessado naquela casa... Parecia-me, estando assim, que me via
vestir uma roupa de muita brancura e claridade. A princípio não via quem me vestia; depois
vi a Nossa Senhora a meu lado direito e a meu Pai São José à esquerda, que me vestiam
aquela roupa. Deu-se-me a entender que já estava limpa de meus pecados". (Vida 33,14)

ORAÇÃO FINAL: (Todos os dias)


LADAINHA DE SANTA TERESA DE JESUS

xxxxxxxxxxxxxxx

4º Dia – 09/10/2020
TEMA: Caminho da vida cristã.

Doutrina Teresiana:
No Castelo Interior a progressividade da oração e da vida cristã, é marcada por um
desenvolvimento mais detalhado. Há dinamismo na própria elaboração da teologia do
Castelo Interior que parte de três conceitos chaves da teologia bíblica: o homem criado a
imagem e semelhança de Deus, o homem templo e morda de Deus, o homem aberto e
chamado à comunicação com Deus. Na tensão entre a vocação do homem expressa nesses
conceitos e a sua realidade radical de pecado (é esta a elaboração apresentada nos capítulos
1 e 2 das primeiras Moradas), o caminho da vida cristã alcança a imagem ideal de cristão; à
oração é confiado este processo de crescimento e de realização do homem, tendo chegado
às sétimas Moradas, será perfeita imagem e semelhança de Deus em Cristo, com o os
santos; viverá então em Deus, como na sua mais verdadeira morada; terá total comunhão
com Deus no mistério da Trindade. “Quer já o nosso bom Deus tirar-lhe as escamas dos
olhos, e que veja e entenda alguma coisa da mercê que lhe faz, embora seja por uma
maneira estranha; e metida naquela morada por visão intelectual, por certa maneira de
representação da verdade, mostra-se-lhe a Santíssima Trindade, todas as Três Pessoas,
com uma inflamação que primeiro lhe vem ao espírito, à maneira de tema nuvem de
grandíssima claridade. E por uma notícia admirável, que se dá à alma, entende com
grandíssima verdade serem estas Pessoas distintas todas Três uma substância e um poder
e um saber e um só Deus. De maneira que, o que acreditamos por fé, ali o entende a alma,
podemos dizer, por vista, ainda que não é vista dos olhos do corpo, porque não é visão
imaginária. Aqui se lhe comunicam todas as Três Pessoas e lhe falam, e lhe dão a entender
aquelas palavras que diz o Evangelho que disse o Senhor: que viria Ele e o Pai e o Espírito
Santo a morar com a alma que O ama e guarda Seus mandamentos”. (7M 1,6)
136

Doutrina Católica da oração:


“A meditação é, sobretudo, uma procura. O espírito procura compreender o porquê
e o como da vida cristã, a fim de aderir e responder ao que o Senhor pede. Para tanto, é
indispensável uma atenção difícil de ser disciplinada. Geralmente, utiliza-se um livro, e os
cristãos dispõem de muitos: as Sagradas Escrituras, especialmente o Evangelho, as imagens
sacras, os textos litúrgicos do dia ou do tempo, os escritos dos Padres espirituais, as obras
de espiritualidade, o grande livro da criação e o da história, a página do "Hoje" de Deus”.
(CEC 2566)

Meditando com Santa Teresa e São José:


AUXÍLIO NAS VIRTUDES
Santa Teresa de Jesus é herdeira de um culto intenso e da devoção josefina do
Carmelo. (Carta à Família Carmelitana) "Quisera eu persuadir a todos a serem devotos
deste glorioso Santo, pela grande experiência que tenho dos bens que alcança de Deus. Não
tenho conhecido pessoa que deveras lhe seja devota e lhe presta particulares obséquios, que
a não veja mais aproveitada na virtude; porque aproveita de grande modo às almas que a
ele se encomendam". (Vida 6,7)

ORAÇÃO FINAL: (Todos os dias)


LADAINHA DE SANTA TERESA DE JESUS

xxxxxxxxxxxxxxx

5º Dia – 10/10/2020
TEMA: Progressiva experiência da oração.

Doutrina Teresiana:
Para Santa Teresa é essencial na oração dirigir-se ao Deus que “sabemos” nos
ama. Nesse sabemos está a densidade da fé que nasce da palavra e se consolida na
progressiva experiência cristã da oração; um movimento de adesão na fé, mesmo nas
escuridões das ausências de Deus, na apaixonada procura de muitos anos de aridez, na fiel
expectativa daquele que crê no amor de Deus. E com a adesão da fé o seu crescimento,
numa procura mais profunda da revelação de Deus na Escritura, num apego mais radical à
fé da Igreja. Uma fé, enfim, que dirigida a Deus torna-se contínua confissão das maravilhas
que Ele cumpre e estupor que admite que Deus pode cumprir coisas ainda maiores. “Já está
dito tanto deste caminho espiritual, que não é possível ficar nada por dizer. Grande
desatino seria pensar isto; pois, se a grandeza de Deus não tem limites, tampouco o terão
as Suas obras. Quem acabará de contar Suas misericórdias e grandezas? É impossível, e
assim não vos espanteis do que está dito e do que se disser, pois não é mais que uma
insignificância de quanto há para contar de Deus. Grande misericórdia nos faz em ter
comunicado estas coisas a pessoa de quem as podemos vir a saber, para que, quanto mais
soubermos que se comunica às criaturas, mais louvemos Sua grandeza, e nos esforcemos
por não ter em pouco almas com quem tanto se deleita o Senhor. Cada uma de nós tem
137

alma; porém, como não as prezamos como merece criatura feita à imagem de Deus, não
entendemos os grandes segredos que nelas estão contidos”. (7M 1,1).

Doutrina Católica da oração:


“Os métodos de meditação são tão diversos quanto os mestres espirituais. Um
cristão deve querer meditar regularmente. Caso contrário, assemelha-se aos três primeiros
terrenos da parábola do semeador. Mas um método é apenas um guia; o importante é
avançar, com o Espírito Santo, pelo único caminho da oração: Jesus Cristo. O que é a
oração mental? Santa Teresa responde: "A oração mental, a meu ver, é apenas um
relacionamento íntimo de amizade em que conversamos muitas vezes a sós com esse Deus
por quem nos sabemos amados". A oração mental busca "aquele que meu coração ama". É
Jesus e, nele, o Pai. Ele é procurado porque desejá-lo é sempre o começo do amor, e é
procurado na fé pura, esta fé que nos faz nascer dele e viver nele. Na oração, podemos
ainda meditar; contudo, o olhar se fixa no Senhor”. (CEC 2568.70)

Meditando com Santa Teresa e São José:


GLORIOSO PATRIARCA
Santa Teresa ampliará esta tradição trazendo um grande proveito para todo o
Carmelo e para a Igreja universal. (Carta à Família Carmelitana) "Se eu fora pessoa que
tivesse autoridade para escrever, de boa vontade me alongaria a dizer muito por miúdo as
mercês que este glorioso Santo me têm feito a mim e a outras pessoas. Mas, para não fazer
mais do que me mandaram, em muitas coisas serei mais breve do que quisera. Em outras,
mais extensa do que era importante; enfim, como quem em todo o bem tem pouca
discrição. Só peço, por amor de Deus, que faça a prova quem não me acreditar e verá, por
experiência, o grande bem que é o encomendar-se a este glorioso Patriarca e ter-lhe
devoção". (Vida 6,8)

ORAÇÃO FINAL: (Todos os dias)


LADAINHA DE SANTA TERESA DE JESUS

xxxxxxxxxxxxxxx

6º Dia – 11/10/2020.
TEMA: Confiança e esperança em Deus.

Doutrina Teresiana:
Na oração teresiana, há o sentido da esperança que nasce da pobreza e da
inadequação: “suportar também a pena de estar demoradamente com alguém que sentis tão
diferente de vós”. O “saber que Deus nos ama” gera o movimento da esperança,
convalidado em Teresa pela constatação que Deus a esperou por tanto tempo sem por isso
ficar cansado com ela. Assim a oração alimenta a esperança e a fortalece em diferentes
níveis: confiança em Deus aumentada pela experiência de sua misericórdia; audácia que
ousa esperar tudo de Deus, até a recuperação do tempo perdido; desejo irrefreável de ver a
138

Deus que desencadeia o sentido escatológico da vida cristã, tencionada ao encontro


definitivo com Cristo de quem a oração faz pré-saborear a certeza e desejar a estabilidade.
Mas na oração se forja a esperança ativa, o desejo de servir, como forma concreta de
aguardar o Reino e trabalhar por Cristo. “Já não tem em nada as obras que fazia sendo
lagarta, que era tecer a pouco e pouco o casulo; nasceram-lhe asas. Como se há-de
contentar, podendo voar, andando passo a passo? Tudo lhe parece pouco de quanto pode
fazer por Deus, segundo os seus desejos. Não tem por muito o que passaram os santos,
entendendo já por experiência como ajuda o Senhor e transforma uma alma que já não
parece ela, nem ainda sua figura”. (5M 2,8)

Doutrina Católica da oração:


“A escolha do tempo e da duração da oração mental depende de uma vontade
determinada, reveladora dos segredos do coração. Não fazemos oração quando temos
tempo: reservamos um tempo para sermos do Senhor, com a firme determinação de,
durante o caminho, não o tomarmos de volta enquanto caminhamos, quaisquer que sejam
as provações e a aridez do encontro. Nem sempre se pode meditar, mas sempre se pode
estar em oração, independentemente das condições de saúde, trabalho ou afetividade. O
coração é o lugar da busca e do encontro, na pobreza e na fé”. (CEC 2571)

Meditando com Santa Teresa e São José:


MESTRE DE ORAÇÃO
Com a sensibilidade típica do carisma contemplativo do Carmelo, a liturgia
daquele tempo celebrava a pureza da Virgem e de São José em termos de disponibilidade a
Deus, que torna possível a acolhida do mistério da Encarnação. (Carta à Família
Carmelitana) Dirá Santa Teresa: "Quem não encontrar mestre que lhe ensine oração, tome a
este glorioso Santo por mestre e não errará no caminho. Praza ao Senhor não haja eu errado
em atrever-me a falar dele; porque embora publique ser-lhe devota, no seu serviço e
imitação sempre tenho falhado. Ele procedeu como quem é, fazendo com que eu me
pudesse levantar e andar e não ficasse tolhida, e eu, como quem sou, usando mal
merecimento". (Vida 6,8)

ORAÇÃO FINAL: (Todos os dias)


LADAINHA DE SANTA TERESA DE JESUS

xxxxxxxxxxxxxxx
139

7º Dia – 12/10/2020.

TEMA: Libertação afetiva.

Doutrina Teresiana:
A oração teresiana, por seu caráter afetivo privilegia o aspecto do amor como
atitude da vontade. Na amizade divina a caridade teologal coloca-se como resposta do
homem a Deus que é seu Amigo. Mas a oração que é alicerçada sobre o “muito amar” faz
crescer a própria experiência do amor de Deus. Da experiência concreta que Teresa faz na
sua vida: primeira é a libertação afetiva que a torna capaz de concentrar todas as suas
energias em Deus, depois o crescimento da caridade no seu coração, pela efusão do Espírito
Santo como consequência do encontro com Cristo. Mas paralelamente desenvolvem-se as
ânsias de servir ao Senhor e à Igreja, dilatando-se a capacidade de amar e servir a deus e ao
próximo. “Com grandíssima alegria de ter encontrado repouso, e que nela vive Cristo...
Há um esquecimento de si, que verdadeiramente parece que já não existe, como fica dito;
porque está toda ela de tal maneira, que não se conhece nem se lembra que para ela há-de
haver céu, nem vida, nem honra, porque está toda empregada em procurar a de Deus”.
(7M 3,1) “Olhem que a verdadeira humildade consiste, em grande parte, em estar muito
pronto em se contentar com o que o Senhor quiser fazer de cada um de nós, achando-nos
sempre indignos de nos chamarmos Seus servos. Pois, se contemplar e ter oração mental e
vocal, e cuidar dos enfermos, e servir nas coisas de casa e trabalhar, - mesmo no mais
humilde -, se tudo é servir o Hóspede que vem estar, comer e recrear-se conosco, que mais
se nos dá que seja nisto ou naquilo?” (C 17,6)

Doutrina Católica da oração:


“A oração é a prece do filho de Deus, do pecador perdoado que consente em
acolher o amor com que é amado e que quer responder-lhe amando mais ainda. Esse
pecador perdoado sabe, porém, que o amor com que responde é precisamente o que o
Espírito derrama em seu coração, pois tudo é graça da parte de Deus. A oração é a entrega
humilde e pobre à vontade amorosa do Pai, em união cada vez mais profunda com seu
Filho bem-amado. Dessa forma, a oração mental é a expressão mais simples do mistério da
prece. A oração é um dom, uma graça; não pode ser acolhida senão na humildade e na
pobreza. A oração é uma relação de aliança estabelecida por Deus no fundo de nosso ser. A
oração é comunhão: a Santíssima Trindade, nesta relação, conforma o homem, imagem de
Deus, "a sua semelhança". (CEC 2573-74)

Meditando com Santa Teresa e São José:


SOCORRO NAS NECESSIDADES
Protetor da virgindade de Maria. A liturgia celebrava também a união nupcial de
José com a Virgem e o contemplava como protetor de sua virgindade e da vida do Filho de
Deus encarnado. (Carta à Família Carmelitana) Dirá Santa Teresa: "A outros santos parece
ter dado o Senhor graça para socorrerem numa necessidade; deste glorioso Santo tenho
experiência que socorre em todas. O Senhor nos quer dar a entender que, assim como lhe
140

foi sujeito na terra - pois como tinha nome de pai, embora sendo apoio, O podia mandar -,
assim no Céu faz quanto Lhe pede". (Vida 6,6).

ORAÇÃO FINAL: (Todos os dias)


LADAINHA DE SANTA TERESA DE JESUS

xxxxxxxxxxxxxxx

8º Dia – 13/10/2020.

TEMA: Comunhão com o Ressuscitado.

Doutrina Teresiana:
A fé cristológica de Santa Teresa é uma clara afirmação da divindade de Cristo e
da sua humanidade. Suas expressões definem bem sua fé cristológica: “Sacratíssima
humanidade”, “divino e humano juntamente”; é segura e firme na sua profissão de fé.
Nenhuma dúvida sobre a divindade do Senhor, Filho de Deus igual ao Pai; nas suas visões
trinitárias frisa com precisão esta comunhão na natureza e distinção das pessoas, com
fórmula de perfeita teologia trinitária: a revelação de Cristo como Luz, numa experiência
que recorda a do Tabor; a revelação de Cristo na plenitude dos seus mistérios. A revelação
torna-se presença contínua, convivência, comunhão com o Ressuscitado. E a efusão de
amor no Espírito Santo, que abrasa-se na caridade; no desejo de ver a Deus; e depois torna-
se eclesial: ardente vontade de servi-Lo. Esse amor sobrenatural constitui singular
participação no Pentecostes do amor pelo dom inefável do Espírito Santo, graça singular
que aparece na dita “Transverberação”. (V 29,8-14). “Sempre que o Senhor me ordenava
uma coisa na oração e o confessor me dizia outra, o próprio Senhor repetia que lhe
obedecesse; depois Sua Majestade mudava a sua opinião, para que me ordenasse outra vez
de acordo com a vontade divina. “Não sofras, que te darei livro vivo”. Eu não podia
compreender por que Ele me dissera isso, pois ainda não tinha tido visões. Mais tarde, há
bem poucos dias, o compreendi muito bem, pois tenho tido tanto em que pensar e em que
me recolher naquilo que me cerca, e tenho tido tanto amor do Senhor, que me ensina de
muitas maneiras, que tenho tido muito pouco ou quase nenhuma necessidade de livros. Sua
Majestade tem sido o livro verdadeiro onde tenho visto as verdades. Bendito seja esse
livro, que deixa impresso na alma o que se há de ler e fazer, de modo que não se pode
esquecer!” (V 26,5)

Doutrina Católica da oração:


“A contemplação é olhar de fé fito em Jesus. "Eu olho para Ele e Ele olha para
mim", dizia, no tempo de seu santo pároco, o camponês de Ars em oração diante do
Tabernáculo. Essa atenção a Ele é renúncia ao "eu". Seu olhar purifica o coração; A luz do
olhar de Jesus ilumina os olhos de nosso coração; ensina-nos a ver tudo na luz de sua
verdade e de sua compaixão por todos os homens. A contemplação considera também os
mistérios da vida de Cristo, proporcionando-nos "o conhecimento íntimo do Senhor", para
mais O amar e seguir”. (CEC 2576)
141

Meditando com Santa Teresa e São José:


GUARDIÃO DO MENINO JESUS
São José é contemplado na sua obediência a Deus; Ele é o homem justo, o digno
senhor da casa do seu Senhor a quem foi confiada a responsabilidade de dar o nome divino
revelado pelo anjo ao Menino Jesus. Assim fazendo, São José é quem por primeiro
proclama: no Menino de Nazaré Deus nos salva! (Carta à Família Carmelitana) Dirá Santa
Teresa: "Em especial, as pessoas de oração sempre lhe haviam de ser afeiçoadas. É que não
sei como se pode pensar na Rainha dos Anjos - no tempo em que tanto passou com o
Menino Jesus - sem que se dê graças a São José pelo muito que então Os ajudou". (Vida
6,8)

ORAÇÃO FINAL: (Todos os dias)


LADAINHA DE SANTA TERESA DE JESUS

xxxxxxxxxxxxxxx

9º Dia – 14/10/2020.

TEMA: A presença da Virgem Maria.

Doutrina Teresiana:
Ao seguirmos passo a passo a experiência de Santa Teresa, devemos logo notar a
passagem da conversão ao serviço eclesial que se realiza sob o patrocínio da Virgem. Já
citamos o testemunho de Teresa que atribui à Maria a sua “conversão”, o seu “retorno a
Ela”. Aparece com toda a nitidez a presença de Maria na vida de Teresa em sua
autobiografia. (V 1,10.6.7) Sabe-se, também, que ao comentário do Pai nosso feito por
Teresa no caminho de Perfeição deveria ter seguido um comentário também da Ave Maria:
“Tinha pensado dizer-vos algo também sobre o modo de recitar a Ave Maria, mas renuncia
por ter-me estendida muito sobre o Pater” (C 42,4). Meditaremos, porém, uma graça
pessoal que Teresa recebe como uma “investidura” de graça, uma comunicação de pureza
através de um sinal visível. Eis a narração: “Enquanto me encontrava naquele estado, tive
a impressão de que me cobriam com uma roupa de grande brancura e esplendor. No
início, eu não via quem o fazia, tendo percebido depois Nossa Senhora do meu lado direito
e meu pai São José do esquerdo adornando-me com aquelas vestes. Eles me deram a
entender que eu estava purificada dos meus pecados. Depois que acabaram de me vestir,
estando eu com enorme deleite e glória, tive a impressão de que Nossa Senhora tomava-me
as mãos, dizendo-me que lhe dava muito contentamento ver-me servir o glorioso São José
e que eu estivesse certa de que o mosteiro se faria de acordo com o meu desejo, sendo o
Senhor e eles dois muito bem servidos ali. Eu não devia temer que nisso viesse a haver
quebra, embora a obediência não fosse bem do meu gosto, porque eles nos guardariam, e o
seu Filho já nos prometera andar ao nosso lado. Como sinal de verdade, ela me dava uma
joia. Tive a impressão que ela me colocava no pescoço um colar de ouro muito formoso do
qual pendia uma cruz de muito valor” (V 33,14).
142

Doutrina Católica da oração:


“A oração mental é escuta da Palavra de Deus. Longe de ser passiva, essa escuta é
a obediência da fé, acolhida incondicional do servo e adesão amorosa do filho. Participa do
"sim" do Filho que se tornou Servo e do "Fiat" de sua humilde serva. A oração mental é
silêncio, este "símbolo do mundo que vem ou "amor silencioso. As palavras na oração não
são discursos, mas gravetos que alimentam o fogo do amor. É neste silêncio, insuportável
ao homem "exterior", que o Pai nos diz seu Verbo encarnado, sofredor, morto e
ressuscitado e que o Espírito filial nos faz participar na oração de Jesus”. (CEC 2577-78)

Meditando com Santa Teresa e São José:


COMPANHEIRO DE SERVIÇO
O Verbo encarnou no ventre de Maria. E, em José, através da contemplação – 5
sonhos. Pregadores carmelitas afirmam: assim como Maria concebeu o Verbo no seu seio
por obra do Espírito Santo, assim São José por obra do Espírito Santo concebeu na
contemplação o Cristo na sua alma, tornando-se pai de Jesus sobre esta terra. (Carta à
Família Carmelitana) Confiando-se a S. José e à Virgem Maria, Santa Teresa relata sua
experiência de ser por eles guardada: "Dia de Nossa Senhora da Assunção... Eu com
grandíssimo deleite e glória, logo me pareceu Nossa Senhora pegar-me nas mãos. Disse-me
que Lhe dava muito gosto sendo devota do glorioso S. José; que tivesse por certo que, o
que eu pretendia do mosteiro, se havia de fazer e nele se serviria muito o Senhor e a eles
ambos; que não temesse que nisto houvesse jamais quebra, embora a obediência que dava
não fosse a meu gosto, porque Eles nos guardariam e já Seu Filho nos tinha prometido
andar conosco". (Vida 33,14)
143

ORAÇÃO FINAL: (Todos os dias)

Ladainha de Santa Teresa de Jesus

Senhor, tende piedade de nós!


Jesus Cristo, tende piedade de nós!
Senhor, tende piedade de nós!
Jesus Cristo, ouvi-nos!
Jesus Cristo, atendei-nos!
Deus Pai do Céu, tende piedade de nós!
Deus Filho Redentor do Mundo, tende piedade de nós!
Deus Espírito Santo, tende piedade de nós!
Santíssima Trindade que sois um só Deus, tende piedade de nós!

Nossa Senhora do Monte Carmelo, rogai por nós!


Glorioso São José, Patrono de Carmelo, rogai por nós!
Santa Madre Teresa de Jesus, rogai por nós!
Mãe fundadora do Carmelo Descalço, intercedei por nós!
Grande Doutora da Igreja, rogai por nós!
Mestra de Vida Espiritual, rogai por nós!
Mestra do Caminho de Perfeição, rogai por nós!
Mestra do Castelo Interior, intercedei por nós!
Esposa espiritual de Cristo, rogai por nós!
Virgem prudente e fiel, rogai por nós!
Santa da alta contemplação, rogai por nós!
Testemunha do mistério cristão, intercedei por nós!
Verdadeira Filha da Igreja, rogai por nós!
Modelo dos Descalços, rogai por nós!
Modelo de Fundadora, rogai por nós!
Modelo de Santidade, intercedei por nós!
Coração transpassado pelo Amor, rogai por nós!
Glória da cidade de Ávila, rogai por nós!
Intercessora de toda a Igreja, rogai por nós!
Nossa Mãe e protetora no Céu, intercedei por nós!

Cordeiro de Deus que tirais o pecado do mundo, perdoai-nos, Senhor!


Cordeiro de Deus que tirais o pecado do mundo, ouvi-nos, Senhor!
Cordeiro de Deus que tirais o pecado do mundo, tem piedade de nós!

Rogai por nós Santa Madre Teresa de Jesus!


Para que sejamos dignos das promessas de Cristo.
144

Oremos:

Deus todo poderoso, que abrasastes o coração de Santa Teresa, Nossa Mãe,
fortalecendo-a a assumir árduas tarefas em prol do vosso nome; fazei-nos por sua
intercessão, sentir intimamente a força do vosso amor, o qual nos leve a trabalhar para vós
com generosidade. Por Nosso Senhor Jesus Cristo vosso Filho, na Unidade do Espírito
Santo. Amém.

Estela da Paz, OCDS.


(Estela Maria Teresa de Jesus)
Comissão de História. Comissão de Espiritualidade.

Referências

Obras Completas de Santa Teresa de Jesus.


Catecismo da Igreja Católica – Quarta Parte.
Carta Apostólica PATRIS CORDE, PP. Francisco.
Carta à Família Carmelitana - O.Carm e OCD.
Blog da Província São José (OCDS): http://ocdsprovinciasaojose.blogspot.com
145

São José, rogai por nós!

Você também pode gostar