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REGRA

E
CONSTITUIÇÕES
DAS RELIGIOSAS DESCALÇAS
DA ORDEM DA GLORIOSÍSSIMA
VIRGEM MARIA
DO MONTE CARMELO
para os Mosteiros de Carmelitas Descalças
(segundo Cânon 615)
acomodadas ao Concílio Vaticano II
e às Leis Canônicas vigentes,
de acordo com as normas dadas por
Sua Santidade João Paulo II
a 15 de Outubro de 1984.
Promulgadas
pelo mesmo Sumo Pontífice
no dia 8 de Dezembro de 1990,
Solenidade da Imaculada Conceição,
1990

Concorda com o original de língua espanhola, que se conserva no Arquivo da Congregação para os
Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica.

Depósito legal: M. 35.615-1991 ISBN: 84-604-0437-4


Imprime: Gráficas Don Bosco
Arganda del Rey (Madrid)

1
CONGREGATIO
PRO INSTITUTIS VITAE CONSECRATAE
ET SOCIETATIBUS VITAE APOSTOLICAE
Prot. n. C. 20b-8/90

DECRETO
As Prioras dos Mosteiros de Monjas Descalças da Ordem da Bem-aventurada Virgem Maria
do Monte Carmelo, de S. José de Ávila e do Cerro dos Anjos, de Getafe (Madrid), em nome de 92
Mosteiros submeteram diretamente ao Santo Padre o texto da Regra e Constituições (1581), revistas
segundo os documentos do Concílio Ecumênico Vaticano II e os cânones do novo Código de
Direito Canônico.
O Sumo Pontífice deseja assegurar às Carmelitas Descalças dos mencionados mosteiros a
possibilidade de viver segundo as referidas Constituições e em consonância com as orientações
dadas na carta de 15 de Outubro de 1984, do Cardeal Secretário de Estado, Emmo. Agostinho
Casaroli.
Com despacho da Secretaria de Estado n. 266.204 / G. N. , enviado a este Dicastério a 23 de
Novembro de 1990, o Santo Padre dispôs que seja aceite a instância das referidas Monjas,
aprovando para os mencionados 92 mosteiros, como também para os que posteriormente optarem
por fazer o mesmo, o texto proposto pelas duas Prioras acima citadas, segundo o exemplar em
língua espanhola que se conserva no Arquivo da Congregação para os Institutos de vida consagrada
e Sociedades de vida apostólica.
Não obstante cualquer coisa em contrário.
Dado em Roma a 8 de Dezembro de 1990, na Solenidade da Imaculada Conceição da Bem-
aventurada Virgem Maria. Fr. Jerónimo Card. Hamer, O.P.
Prefeito
V. Fagiolo
Secretário

2
CARTA
DE S. EMA. REVDMA. O CARDEAL
AGOSTINHO CASAROLI
ao muito Revdo. P. Filipe Sáinz de Baranda
Prepósito Geral dos Carmelitas Descalços

SECRETARIA DE ESTADO
N.135.770
Do Vaticano, 15 de Octubro de 1984

Reverendíssimo Padre
Filipe Sáinz de Baranda
Prepósito Geral dos Carmelitas Descalços
ROMA

Reverendíssimo Padre,
Com carta de 22 do passado mês de Janeiro dirigia-se V.P. ao Sumo Pontífice
submetendo à sua suprema solicitude pastoral o problema da legislação das Monjas Descalças
da Bem-aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo (Carmelitas Descalças), sublinhando
que o problema requeria uma solução definitiva.
Os acontecimentos dos últimos vinte anos, com a mescla de tensões e controvérsias que
deles têm derivado, fizeram com que a questão seja «grave e difícil», como disse Vossa
Paternidade. Por outra parte, a reta solução da mesma reveste grande importância para toda a
Igreja, dado que a consagração religiosa na vida contemplativa se situa no próprio centro da sua
missão, e desempenha uma função indispensável a favor de todo o Corpo Místico de Cristo.
Por outro lado, sabe-se que numerosíssimas vozes pedem, dentro da grande Família das
Carmelitas Descalças — petição que se tornou mais insistente nos últimos tempos — uma
legislação fiel ao carisma teresiano e aos documentos do Concílio Vaticano II, e que ofereça uma
orientação segura para esta opção vocacional tão exigente.
Não pode, com efeito, ocultar-se o clima de incerteza criado entre as Monjas por causa
dos diversos pareceres surgidos nestes últimos anos acerca da legislação «ad experimentum».
Por isso justamente manifestava Vosso Paternidade, no seu escrito, a preocupação de que se
mantivesse a unidade entre as Filhas de Santa Teresa.
A unidade é, efetivamente, um valor de eminente relevo. Mas, para que continue sempre
a ser autêntica, a unidade deve conjugar-se inseparavelmente com a fidelidade ao carisma
fundacional e, portanto, com a verdade intrínseca do Instituto Religioso que, ao longo dos
tempos, sempre se deve definir e apresentar em termos de clara autenticidade, na medida em
que corresponder a si mesmo e às suas notas essenciais.
A unidade que a todo o custo se deve buscar, não é de natureza sociológica, nem é resultado
das opiniões faváráveis e da maioria numérica dos Mosteiros. A unidade, no seu sentido verdadeiro,
consiste na adesão aos fundamentos intangíveis do carisma originário. Isto é, se está na unidade
quando se está conforme com tudo o que quis a Santa Fundadora; quando se é fiel às suas intenções,
ilustradas e garantidas pela competente Autoridade da Igreja.
Semelhante princípio é também básico no Decreto Conciliar sobre a Renovação da Vida
Religiosa. Nele lemos, efetivamente: «Recordem todos, contudo, que a esperada renovação se há
3
de pôr antes na observância mais exata da Regra e das Constituições, do que na multiplicação das
leis» (Perf. Car, 4) Isto vale antes de tudo, por razão da sua índole peculiar, para aqueles
«Institutos que se dedicam inteiramente à contemplação, de maneira que os seus membros se
ocupam só de Deus, na solidão e no silêncio, em assídua e generosa penitência» (Ib. 7).
A fidelidade ao carisma originário é fundamental e imprescindível para a sobrevivência de
um Instituto de Perfeição, porque coincide com a própria fidelidade ao Espírito de Deus, de cuja
ação, silenciosa mas determinante, dependem o nascimento, a continuidade e o desenvolvimento de
toda a forma de consagração total a Cristo e à Igreja, na linha dos conselhos evangélicos. De fato,
como já observava o Papa Paulo VI, «o carisma de vida religiosa, longe de ser um impulso nascido
"da carne e do sangue" , ou proveniente de uma mentalidade que "se conforma com o mundo
presente" , é fruto do Espírito Santo, que sempre atua na Igreja» (Exortação Ap. Ev. Test. , 11).
***
À luz destas observações acerca da unidade — que deriva da adesão plena e livre a uma
mesma vocação bem definida e às normas canônicas que a concretizam — emergem algumas
consequências importantes, que merecem ser destacadas.
Se a unidade é fruto da fidelidade ao carisma originário e com ela se identifica na prática, só
procurando com toda a decisão defender e incrementar acima de tudo a fidelidade, é que se
conseguirá necessariamente a verdadeira unidade, ainda que seja à custa de alguma compreensível
tensão inicial.
Pois bem: Está fora de dúvida que o carisma da Reforma Teresiana tem a sua genuína
expressão nas Constituições de 1581, último texto ardentemente desejado e aprovado pela Santa
Fundadora. Se as Constituições de 1567 já expressavam as suas intuições fundamentais, isto é, o
modo proposto por ela para voltar à Regra «primitiva» e para a viver em toda a sua plenitude, as
de 1581, enriquecidas com a experiência de catorze anos, fixam com maior precisão e força
mais incisiva a linha concreta a seguir, para a concretização daquelas inspirações reformadoras.
Redatadas em forma simples e sintética, partindo das indicações e dos textos da Santa, as
Constituições de Alcalá, do ano de 1581, representam certamente (como foi posto em relevo por
diversos autores) o seu último pensamento e o seu testamento, e contêm a «intenção» e os
«projetos» da Fundadora, os quais, juntamente com as sãs tradições, «devem ser observados com
fidelidade» pelas Carmelitas Descalças (Cfr. Cân. 578). Com os sucessivos retoques aprovados
pela autoridade de diversos Sumos Pontífices, ao longo de cinco seculos, elas têm sido até estes
últimos anos um texto familiar, que todas as Carmelitas Descalças têm tido diariamente entre
mãos.
***
Partindo destas considerações, a Santa Sé não quer subtrair-se ao cumprimento da missão
que lhe é própria e a que Vossa Paternidade também se referiu na sua carta: a de resolver «o
problema grave e difícil» da legislação das Carmelitas Descalças. A competente S. Congregação
presidirá à redação de um texto definitivo, que respeite as exigências irenunciáveis da fidelidade e
da adaptação, segundo as normas do Concílio Vaticano II e do novo Código de Direito Canônico.
Desta forma se levará à prática o serviço específico da autoridade eclesiástica, que o mesmo Código
indica claramente ao dizer: «Corresponde à competente autoridade da Igreja... cuidar de que os
institutos cresçam e se expandam segundo o espírito dos Fundadores e suas sãs tradições». (Cân
576).
***
Em cumprimento deste serviço, o Romano Pontífice — que seguiu de perto a questão —,
depois de um atento exame de pareceres autorizados, e de madura reflexão, quis dar as seguintes

4
disposições:
A) A Legislação das Carmelitas Descalças será composta pelas seguintes partes, todas elas
com valor normativo: Regra Primitiva (também chamada de Santo Alberto) de 1247, seguida por
Santa Teresa; Constituições de Santa Fundadora, de 1581, com as oportunas anotações; capítulos
adjuntos, destinados a recolher as normas não previstas pela Santa, mas requeridas pela atual
legislação da Igreja.
B) As anotações acima indicadas, destinadas especialmente a dar esclarecimentos sobre pontos
secundários que já não correspondem às condições atuais, poderão inserir-se no texto das mesmas
Constituições ou ser postas em «Notas», ao pé do texto.
C) A todo o corpo legislativo deverá antepor-se um «Proêmio» que indique os seus princípios
evangélicos e teológicos, e que também reafirme as perspectivas espirituais e eclesiais do carisma
carmelitano.
***
A estrutura fundamental do mencionado corpo legislativo será, deste modo, constituída
pelas Constituições de 1581.
O seu ordenamento interno permitirá, assim, perceber imediatamente o caráter central dessas
Constituições, a sua dependência histórica da Regra Primitiva e a sua adaptação, ordenada a
assegurar a fidelidade e a promover a renovação da Ordem.
Vale a pena notar que semelhante método também foi adotado — após a promulgação
do Código Pio Beneditino — para a legislação de 1826-36, e que esta favoreceu o
amadurecimento de preciosos frutos de unidade na Ordem, como acertadamente indicou
Vossa Paternidade.
Pelo que se refere à atual legislação, conferir-lhe-ão uma vigorosa força unificadora tanto
a primazia dada à fidelidade, como a clareza das normas, além do justo equilíbrio entre uma
atenta precisão sobre os pontos fundamentais (oração e penitência, disposições sobre a clausura,
competência da Priora atribuições e limites do Conselho e do Capítulo Conventual, etc.) e a
margem de liberdade deixada às Monjas sobre outros pontos em que encontrem lugar as tradições
particulares e as decisões autônomas dos Mosteiros, sempre dentro dos limites da lei eclesiástica
e, se esta o tiver previsto, com a aprovação da competente Autoridade.
Para a atuação das diretrizes acima indicadas, poderá buscar-se uma preciosa orientação na
Carta de Sua Santidade às Carmelitas Descalças, por ocasião do IV Centenário de Santa Teresa de
Ávila (31 de Maio de 1982). Nela se define claramente o carisma essencialmente contemplativo e
ao mesmo tempo eclesial e mariano da Ordem. A propósito da clausura — ponto tão decisivo da
Reforma Teresiana do Carmelo, como também recordou Vossa Paternidade — ter-se-á a máxima
consideração pela norma estabelecida no Concílio: «Guardem santamente a sua separação do
mundo e os exercícios própios da vida contemplativa» (Decr. Perf. Car.7), além de tudo o que Sua
Santidade disse aos Membro da S. Congregação para os Religiosos e Institutos Seculares: «Use-se
de uma justa severidade na observância da clausura» (AAS. 72, 1980, 211).
A partir de quanto até aqui se expôs, perfila-se em toda a sua luminosa grandeza o estado
de perfeição que as Filhas de Santa Teresa professam. Não lhe é certamente alheia aquela busca
exigente e total do Absoluto, que impulsionava as supremas aspirações da Santa, e que a graça
divina torna possível, em todos os tempos, à fragilidade da criatura humana. Não obstante isso,
àquelas Religiosas que após um período de prudencial espera não conseguirem reconhecer-se
neste projeto claramente carmelitano-teresiano — devemos pensar e esperar que serão poucas —,
poderão eventualmente oferecer-se outras formas de vida consagrada.
***

5
As diretrizes acima expostas foram comunicadas à S. Congregação para os Religiosos e
Institutos Seculares, que recebeu expresso mandato do Santo Padre para as pôr em prática, em
conformidade com .a «praxis» do mesmo Dicastério.
Enquanto formulo os melhores desejos de que Vossa Paternidade encontre nelas a solicitada
ajuda para o cumprimento da função que lhe é própria, em estreita colaboração com a Sé
Apostólica, tenho a certeza de que as Filhas de Santa Teresa — oportunamente informadas e
confirmadas na disponibilidade por elas tantas vezes manifestada perante as normas propostas
pela Igreja — se alegrarão vivamente, com gozoso espírito de fé, por poderem seguir uma
legislação que provém diretamente da mesma Sé Apostólica e assegura a sua fidelidade ao
carisma própio da Santa Madre Fundadora.
Invocando a assistência divina para o feliz êxito de um projeto eclesial de tanta
importância, gostoso aproveito a ocasião para reafimar os meus sentimentos de especial estima.
Devmo no Senhor
Agostinho Cardeal Casaroli

PRÓLOGO

6
As Constituições das Carmelitas Descalças foram escritas por Santa Teresa de Jesus para
as Irmãs de sua primeira fundação, de S. José de Ávila, com expressa licença de Sua Santidade
Pio IV, otorgada no Breve de Fundação, a 7 de Fevereiro de 1562. Foram aprovadas
primeiramente pelo Bispo de Ávila, D. Álvaro de Mendonça e, depois, pelo R. P. Frei João
Batista Rubeo de Ravena, Geral da Ordem do Carmo (1). Num Breve concedido por Pio IV, a
17 de Julho, dizia-se: «Com autoridade apostólica determinamos que tais Constituições e
ordenações, assim as feitas como as mudadas, reformadas, alteradas e de novo estabelecidas, se
devem inviolavelmente guardar».(2)

1. Cfr. EFRÉN DE LA MADRE DE DIOS, Obras Completas de S. Teresa, 629.


2. Cfr. SILVÉRIO DE S. TERESA, Biblioteca Mística Carmelitana, T. II, p. 163.

As Descalças foram tirando cópias do original primitivo (que não se conservou) e


observaram-nas fielmente em todas as novas fundações. Acrescentaram-se algumas cláusulas que
parecem da própria Santa e do seu estilo, «pelo que estas Constituições se devem ter por suas e,
absolutamente, chamar da Santa» (3).

3. Cfr. JERÓNIMO DE S. JOSÉ. Historia de la Reforma, T. IV, c. 7, n. 4.

As Irmãs regeram-se por estas Constituições até 1581, ano em que os Descalços, erigindo-se
em Província à parte, celebraram o seu primeiro Capítulo, em Alcalá de Henares. Nele se aprovaram
oficialmente as normas que a Santa tinha escrito para o Convento de S. José (4). Ela própria as tinha
cuidadosamente revisto, durante os meses que precederam o Capítulo, como se pode ver no seu
epistolário (5). O texto foi elaborado pelo P. Gracián, a partir do original da Madre, enriquecido com
a sua experiência de catorze anos de fundadora e, finalmente, corroborado com a assinatura de S.
João da Cruz (6). São, pois, a expressão mais genuína do carisma teresiano, como a Santa Sé
recentemente acaba de afirmar (7).

4. Ibid. IV, c. 2.
5. Cfr. SANTA TERESA DE JESUS, Cartas 351, 352, 358, etc.
6. Cfr. TOMÁS ALVAREZ, S. Teresa de Jesus, Constituciones de 1581. Prólogo. Edição Facsimil.
7. Cfr. Carta do Cardeal Casaroli ao Prep. Geral da Ordem do Carmo, 15.10.1984.

Com a aprovação das Constituições, a Santa Madre recebeu uma das maiores alegrias da sua
vida (8) e não descansou até vê-las impressas — o que conseguiu antes do fim desse ano —,
observando-as fielmente até à morte. Levou-as consigo na viagem a Burgos e na sua última
jornada a Alba de Tormes. Ali, no seu leito de morte e entre inflamadas ânsias de amor de
Deus, exortou suas filha a guardá-las (9), como único caminho de santificação para elas:

8. S. TERESA DE JESUS. Fundações 29, 31; Cfr. SILVÉRIO DE S. TERESA, Historia del Carmen
Descalzo, T. IV, c. XXVI. p. 543.
9. Cfr. TOMÁS ÁLVAREZ, Const. Prólog.

«Filhas e Senhoras minhas: por amor de Deus lhes peço que tenham grande cuidado com a
guarda da Regra e Constituições» (10).

10. "Procesos de S. Teresa de Jesus. Declaração de Constância dos Anjos, Biblioteca Mística Carmelitana, T. I,

7
p. 103; Cfr. Declaração de Maria de S. Francisco, T. III, p. 219. Vida de S. Teresa de Jesús, P. RIBERA, p. 335.

As Constituições são, portanto, a forma mais concreta do ideal teresiano. Nelas se


encontra Santa Teresa toda inteira (11) e, sobretudo, elas são — como toda a sua obra — fruto
do Espírito de Deus, cuja Palavra nunca passará. Assim o viram gerações inteiras de Carmelitas,
levando-as esta realidade a considerá-las como uma herança sagrada.

11. Cfr.GABRIEL DE S. MARIA MADALENA, Comentário Espiritual das Constituições das Carmelitas Descalças.

É certo que no decurso de quatro séculos as Constituições se viram submetidas a diversas


modificações ou adaptações, mas estas foram sempre de caráter acidental, e sancionadas pela
autoridade da Santa Sé.
A última dessas adaptações teve lugar em 1926, com motivo na compilação do Código de
Direito Canônico. A revisão foi levada a cabo com sumo cuidado, «por temor de que fosse
alterado o venerando texto que a Santa Madre, inspirada pelo céu, com tanta precisão tinha composto
e observado» (12). Ainda que a redação não tenha sido literalmente a mesma que a de Alcalá (por se
ter escrito em italiano), o conteúdo era idêntico: o novo texto coincidia ponto por ponto com o de
1581.

12. GUILHERME DE S. ALBERTO, Prep. Geral da Ordem. Constituições de 1926, Prólogo.

Aprovadas por S. Santidade Pio XI, as Constituições de 1926 foram professadas e vividas
pelas Carmelitas, até que pelo Concílio Vaticano II foram permitidas algumas experiências, em
ordem a obter uma adequada renovação da vida religiosa.
Ao terminar o prazo assinalado para essas experiências, o nosso Venerado Pontífice João
Paulo II dignou-se assinalar — a pedido de R.P. Prepósito Geral de Ordem do Carmo — as normas
que devem reger a legislação definitiva das Carmelitas Descalças, para a sua adaptação ao Concílio
Vaticano II e ao novo Código de Direito Canônico.
Em total fidelidade às disposições de Sua Santidade, as Constituições de 1581 foram
novamente adaptadas e, com a Regra Primitiva e as leis canônicas vigentes, constituem o Código
Fundamental das Carmelitas Descalças, para os mosteiros autônomos a que se refere o Cânon 615.
As determinações que a diversidade dos tempos, lugares e mentalidades possam impor, serão
incluídas em Códigos Adicionais, segundo a norma do Cânon 587. Este conjunto é precedido por
um Proêmio que põe em relevo a perene Atualidade do Carmelo Teresiano e a perfeita sintonia
dos decretos conciliares com a doutrina da Santa Doutora (13).

13. Cfr. Carta do Cardeal Casaroli, 15.10.1984.

Estas são, pois, essencialmente as mesmas Constituições que Santa Teresa de Jesus deu a
suas filhas e que durante quatro séculos viveram as Carmelitas espalhadas pelo mundo inteiro.
Caminho de santifição insuperável, acessível a pessoas de toda a raça, lingua, povo e nação, são
tão atuais agora como quando se escreveram, e continuam a dar ao mundo Carmelitas santas,
que a Igreja propôs como modelo para os nossos tempos, ao proclamar solenemente a sua
glorificação.
De tudo o que fica exposto se deduz que as Constituições de Santa Teresa de Jesus
pertencem, sem dúvida, àquela «doutrina segura, em ordem a alcançar a perfeição», que o Concílio
considerou como um dos patrimônios dos Institutos Religiosos e um dos maiores benefícios que
8
eles devem garantiar aos seus membros (14). São, portanto, o único meio válido que permitirá às
Carmelitas continuar a servir a Santa Igreja, já que «a esperança da renovação se deve pôr mais na
diligente observância da Regra e Constituições, do que na multiplicação das leis» (15).

14. Cfr. PAULO VI, Exort. «Evangelica Testificatio», 37.


15. Concílio Vaticano II, Decreto Perfectae Caritatis, 4.

PROÊMIO
9
PRINCÍPIOS EVANGÉLICOS E TEOLÓGICOS E
PERSPECTIVAS ESPIRITUAIS DO CARISMA TERESIANO

I
A ORDEM DA BEM-AVENTURADA
VIRGEM MARIA DO MONTE CARMELO
E A RENOVAÇÃO DE SANTA TERESA DE JESUS

A Ordem da Bem-aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo. Origens a expansão.


A Regra de S. Alberto. Regresso às fontes. As Constituições de S. Teresa de Jesus. Os
Carmelitas Descalços. Unidade de doutrina e separação jurídica.

A Ordem da Bem-aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo, como o seu próprio nome o
dá a entender, foi instituída para honrar a Mãe de Deus (1). Uma tradição multissecular identifica os
primeiros Carmelitas com os ermitães do Monte Carmelo, discípulos dos Profetas Elias o Eliseu.

1. Cfr. Inocêncio IV, Ex parte dilectorum, 13.1.1252 em An. OC 2, 1928; Urbano VI, Quoniam ut ait, 20.2.1263 (Bull.
Carm. I, 28).

No Profeta Elias — que a Sagrada Escritura apresenta em profunda oração no cimo do


Monte Carmelo (2), abrasado de zelo pela glória de Deus e vivendo continuamente na Sua presença
(3) —, reconhece a Ordem o inspirador da vida carmelita, dedicada à contemplação solitária. Elias
realiza a sua obra e desaparece, «deixando após si uma sucessão espiritual» (4).

2. Cfr. I Reis 18, 36-37.


3. Cfr. Ibid. 15; 19, 14.
4. Cfr. 2 Reis 2, 15-16.

Durante séculos floresce nas vertentes do Monte Carmelo a vida eremítica.


Posteriormente organiza-se a vida cenobítica e, por volta de 1210, o Superior, Frei Brocardo,
pede e obtém de S. Alberto, Patriarca de Jerusalém, uma Regra que ratifica e concretiza o seu
propósito de viver «em obséquio de Jesus Cristo». Ao passar para o Ocidente, a Regra sofre
algumas modificações, e os Carmelitas adotam uma vida mista, de ação e contemplação,
embora com grande preponderância do espírito contemplativo.
A Regra, que já tinha sido aprovada pelo Papa Honório II, foi de novo por Inocencio IV,
com alguns retoques que em nada afetaram o fundo primitivo. A Ordem propagou-se
rapidamente pela Europa, onde adquiriu um prestígio extraordinário, pelas suas grandes figuras
intelectuais e, sobretudo, pelos seus santos.
A Regra Primitiva oferece aos membros da Ordem do Carmo uma doutrina
experimentada, para conseguir a perfeição (5). Nela se destaca, como fim principal, o
seguimento de Cristo, que o Concilio prescreve aos Institutos de vida consagrada.

5. Concílio Vaticano H, Const. Dog. Lumen Gentium 43.

Para o alcançar, a Regra impõe a profissão dos conselhos evangélicos: castidade oferecida
a Deus, pobreza e obediência. Esses conselhos, fundados nas palavras e exemplos do Senhor e

10
recomendados pelos Apóstolos, pelos Padres, Doutores e Pastores da Igreja, são um dom divino
que ela recebeu do Senhor e, com Sua graça, perpetuamente conserva (6).

6. Ibid.

A fim de conservar este «dom divino», a Regra prescreve a solidão na cela, para viver «dia e
noite meditando na lei do Senhor e velando em oração» (7).

7. Regra de S. Alberto, 4.

O centro desta vida é a Sagrada Escritura, fonte de que se nutrem a oração contemplativa e a
eclesial, ajustada às prescrições da Sagrada Liturgia. Viver em obséquio de Jesus Cristo exige que a
alma trabalhe por se libertar dos impedimentos que a poderiam afastar do fervor da caridade (8). Para o
conseguir, a Regra acrescenta a guarda dos conselhos evangélicos o trabalho assíduo e a penitência,
concretizada na abstinência e no jejum, no silêncio e na guarda dos sentidos. Exorta, além disso, a
precaver-se contra os perigos e tentações, e a defender-se das ciladas do inimigo.

8. Conc. Vat. II, Const. Dog. Lumen Gentium 44.

A Regra da Ordem do Carmo não só promove o heroísmo das virtudes, como também
convida a avantajar-se mais e mais neste caminho.
Uma prudência sobrenatural deverá moderar um gênero de vida tão austero e penitente. Mas,
no entanto, não se devem pôr limites às suas exigências, derivadas do seguimento de Cristo. «Se
algum fizer mais, o Senhor, quando vier, lho pagará» (9).

9. Regra de S. Alberto, 15.

As terríveis comoções sofridas pela Europa no final da Idade Média repercutiram-se, também,
nas Ordens Religiosas. Alegando a necessidade de se dedicarem mais à vida ativa, os Carmelitas
solicitaram uma maior amplitude no que se referia ao retiro de cela, aos jejuns e abstinência. A Regra
foi mitigada por S.S. Eugênio IV, em 1431, e, excetuando algumas reformas provinciais, que não
tiveram caráter definitivo, assim se observou em toda a Ordem até a fundação do Carmelo de S. José de
Ávila, a 24 de Agosto de 1562.
Santa Teresa de Jesus, aprofundando a primitiva inspiração do seu Instituto, o espírito dos
fundadores e as sãs tradições, propõe por modelo a suas filhas aqueles santos ermitães do Monte
Carmelo, que gastaram a vida em obséquio de Jesus Cristo e Sua Mãe Santíssima: «Lembremo-nos dos
nossos santos padres passados, os ermitães do Monte Carmelo, cuja vida pretendemos imitar. Quantas
dores passariam e que a sós! Quantos frios e fome, sol e calor, sem ter a quem se queixar, a não ser
a Deus!» (10).

10. S. TERESA DE JESUS, Caminho de Perfeição, 11, 4.

Com um admirável equilíbrio e prudência sobrenatural, S. Teresa adapta esse gênero de vida
(como depois pedirá o Concílio Vaticano II) às condições de um convento de monjas. Além da
oração e contemplação, conserva o espírito eremítico, a solidão e o silêncio, a pobreza absoluta, a
austeridade e a penitência.
Em conformidade com a Regra (11), apresenta a figura da Priora como o centro e a alma da
11
vida comum, vida fundada na caridade e gozosamente cercada por uma clausura voluntária (12).

11. Regra de S. Alberto, 155.


12. Cfr. S. TERESA DE JESUS, Fundações, 31, 46.

Recomenda a humildade, como fundamento de todas as outras virtudes, especialmente da


caridade e de uma obediência livre e generosa. Dá, finalmente, a tudo isto um sentido apostólico e
eclesial, com um selo peculiar de simplicidade e radiante alegria.
Assim estabelece em seus mosteiros um admirável gênero de vida, em que as suas Irmãs
«buscam e amam antes de tudo a Deus, Que nos amou primeiro, e procuram diligentemente
fomentar a vida escondida com Cristo em Deus, vida de onde dimana e se estimula o amor do
próximo, para salvação do mundo e edificação da Igreja» (13).

13. Conc. Vat. II, Decr. Perfectae Caritatis 6.

Para consolidar a sua obra e completar detalhes que a Regra não pôde prever, S. Teresa
escreveu umas Constituições que são a mais concreta criação do gênio prático da Santa Reformadora.
Ainda que inspiradas nas antigas Constituições da Ordem, ela soube imprimir-lhes a sua própria
fisionomia e o fervoroso calor do seu amor divino. Estas Constituições, juntamente com a Regra,
foram a Lei por que se regeram as Carmelitas Descalças desde as suas origens, e que S. Teresa lhes
deixou por herança, no seu leito de morte.
A envergadura dos santos que o Carmelo deu Igreja é uma demonstração palpável da
perfeição das leis com que eles se santificaram.
Assim, S. Teresa de Jesus não voltou apenas ao espírito e fervor primitivo, mas fez muito mais:
renovou o espírito do Carmelo, com os seus ardentes desejos de perfeição; enriqueceu-o com a sua
vida santa e experiências místicas, que depois havia de expor insuperavelmente em seus escritos;
fundou na Igreja uma família religiosa, que seria o rebento mais exímio do venerável tronco do
Carmelo, e conquistou para a sua Ordem S. João da Cruz. Ela própria lhe expôs o ideal carmelitano, de
que o Santo viria a ser mestre consumado, legando ao tesouro da Igreja os seus maravilhosos
tratados. Alguns deles foram escritos a pedido das Descalças e a elas dedicados.
Conservar e transmitir este gênero de vida consagrada — que a Igreja atualizou, honrando
os seus santos fundadores com o título de Doutores — é o principal dever das Carmelitas Descalças.
Este é o patrimônio do nosso Instituto, de que a Igreja disse, por meio de S. Santidade Paulo
VI: «Uma doutrina segura, em ordem a alcançar a perfeição, é considerada pelo Concílio como um
dos patrimônios dos Institutos e um dos maiores benefícios que eles lhes devem assegurar» (14).

14. Cfr. PAULO VI, Exort. Apost. Evangelica Testlficatio, 37.

A origem da Reforma dos Carmelitas da Antiga Observância deve-se também a uma


inspiração divina, que encontrou generoso acolhimento no coração de S. Teresa de Jesus, não
obstante o pressentimento que teve, dos muitos trabalhos que ela lhe ia custar.
A Santa estava convencida de que só quem vivesse a mesma vida das Carmelitas Descalças
as poderia ajudar no seu caminho espiritual (15). Dado que esta condição não se verificava então
nos Padres Carmelitas que Professavam a Regra Mitigada, pediu licança ao P. Geral de Ordem, Frei
João Batista Rubeo de Ravena, para fundar duas casas de frades reformados. Deu a maior
importância à escolha das pessoas que as haviam de começar, pois queria religiosos com o
espírito necessário para levar «por diante o rigor que se requeria» (16), e não se contentou de todo
12
até que a Providência lhe pôs no caminho S. João da Cruz. A própria Santa lhe ensinou o gênero
de vida e estilo de irmandade de seus Carmelos (17). Ele implantou-os, depois, em Duruelo,
Mancera e Pastrana, e a vida dos Descalços veio, assim, a ser uma cópia fiel da das Carmelitas,
sem outras diferenças do que uma certa atividade apostólica, nos professos. Deste modo nasceu a
reforma dos Carmelitas Descalços, seis anos após a das monjas. S. João da Cruz foi o seu
primeiro Mestre de noviços e, também, o primeiro diretor espiritual das carmelitas.

15. Cfr. S. TERESA DE JESUS, Fundações. 2, 5.


16. Ibid., 3, 16.
17. Cfr. Ibid., 10, 4; 13, 5.

A expansão da Reforma durante os treze anos seguintes foi extraordinária, não obstante
as dificuldades inerentes à falta de independência jurídica. Apoiando-se nas prescrições em que
o Concílio Tridentino ordenava que os prelados dos religiosos professasem a mesma regra que
os súditos (18), S. Teresa trabalhou incansavelmente até alcançar esse fim. Em 1580 obteve de
S.S. Gregório XIII um Breve em que se ordenava a separação de Calçados e Descalços, erigindo estes
em Província à parte, com faculdade — entre outras — de fazer Constituições próprias. Ia, finalmente,
realizar-se o desejo de S. Teresa, de que as suas Constituições obtivessem o referendo da Igreja. No
primeiro Capítulo Geral dos Carmelitas Descalços, celebrado em Alcalá de Henares, a 13 de Março de
1581, foram aprovadas as Constituições que a Santa tinha escrito para as suas monjas — depois de
previamente ordenadas pelos Padres Capitulares e completadas com outras normas então vigentes na
Igreja —, e também se redigiram as Constituições dos Frades, inspiradas pela Madre Fundadora e muito
semelhantes às das religiosas (19).

18. P. SILVÉRIO DE S. TERESA, História del Carmen Descalzo. L. IV, XIV. Ed. «El Monte Carmelo». Burgos,
1926.
19. Cfr. P. SILVÉRIO DE S. TERESA, Biblioteca Mística Carmelitana, T. VI, p. 447 e seguintes.

Santa Teresa viu nesta separação um grande bem para a Ordem do Carmo: Já todos poderiam
servir a Deus em paz, Calçados e Descalços, e ela podia cantar o seu «Nunc dimitis» (20).

20. Cfr. S. TERESA, Fundações, 29, 32; MARIA DE S. JOSÉ, Livro de Recreações, p. 150, Ed. «El Monte Carmelo»,
Burgos, 1913.

Dois anos mais tarde a Santa Madre voava para o céu. As últimas palavras que pronunciou
foram para proclamar o seu amor e submissão à Santa Igreja, e para recomendar a suas filhas a guarda
da Regra e Constituições pois, a seu ver, a sua observância bastava para as canonizar (21).

21. Cfr. P. SILVÉRIO DE S. TERESA, Bibl. Mist. Carm., T. II, p. 242 (Testemunho da M. Maria de S.
Francisco).

S. Teresa deixou este desterro com a consolação de ver transformada em realidade a


sua primeira inspiração, ao empreender a reforma dos Frades. A partir daquele momento as
Carmelitas poderiam ser governadas por aqueles que viviam a mesma vida que elas.
Esta foi, no que se refere às religiosas, a novidade do Capítulo de Alcalá. As profundas
modificações hoje introduzidas na legislação dos Padres Carmelitas, foram causa de que tal
dependência tenha perdido a razão de ser. Atualmente os mosteiros de Carmelitas Descalças são
autônomos e a sua dependência jurídica difere segundo os casos (22).
13
22. Cfr. Câns 614-615.

Unidas a seus irmãos de hábito por vínculos tão sagrados como os que acabamos de
recordar, trabalham «por corresponder devidamente às exigências profundas que brotam de um
amor total a Cristo e de uma entrega sem reservas à missão da Igreja» (23).

23. JOÃO PAULO II, Carta às Carmelitas Descalças, 31.5, 1982, AAS 74 (1982), 836-841.

Esta confirmou a Atualidade do Carmelo Teresiano recomendando vivamente a todos os


Carmelitas a fidelidade ao carisma da sua Santa Reformadora, e recordando-lhes aquelas suas
palavras:
«Todos os que trazemos este sagrado hábito do Carmo, somos chamados à oração e à
contemplação (Cfr. V Mor., 1-3).
É, portanto, necessário que os Carmelitas Descalços e as Carmelitas Descalças, fiéis à vida
de oração e ao seu exercício, perseverem na sua vocação, para alcançarem esse conhecimento do
Deus vivo, que deve ser o seu título de glória, a sua vocação específica, a sua missão providencial.
Esforcem-se por ser, com maior intensidade, adoradores em espírito e verdade, como o Pai
os quer, na convicção de que este itinerário do "Caminho de Perfeição" não será apenas de proveito
paras suas própias almas, mas ainda para bem de muitas outras, como afirma Santa Teresa (Cfr.
Vida, 11 e más II. 4)» (24).

24. JOÃO PAULO II, Virtutis exemplum et magistra, AAS 73 (1981), 692-700.

II
JESUS CRISTO, CENTRO DA VIDA CONSAGRADA A DEUS NO CARMELO

O amor a Jesus Cristo, em Nossa Santa Madre Teresa de Jesus. Jesus Cristo, Mestre e
Modelo de santidade. Jesus Cristo, Mestre de oração. Jesus Cristo único Mediador.
Seguimento de Cristo. União com Cristo e fecundidade apostólica.

O estado religioso é o que «imita mais de perto e renova perpetuamente na Igreja aquela
forma de vida que o Filho de Deus asumiu, ao vir ao mundo para cumprir a vontade de Pai, e
propos aos discípulos que O quisessem seguir» (1). Entre estes discípulos destaca-se com eminência
S. Teresa de Jesus. Jesus Cristo, Filho de Deus, foi para ela Caminho, Verdade e Vida; Senhor e
Dono, Mestre e Modelo, Esposo e Amigo; Bem de todos os bens e único amor do seu coração.

1. Conc. Vat. II, Const. Dog Lumen Gentium 44.

Os fundamentos de amor a Jesus Cristo são nela profundamente teológicos. Sabe que
Cristo é um com o Pai (2), que tem poder para que se faça no céu o que Ele diz na terra (3), e
que todos os bens nos vieram por Ele (4). Sabe que — como definiu o Concílio — é o «único
mediador» entre os homens e o Pai(5), e que «muito contenta a Deus ver que uma alma, com
humildade, toma por terceiro o Seu Filho» (6). Sabe que Jesus Cristo é a grande revelação do
amor que Deus tem aos homens: «Vosso Pai Vos deu a nós. Não perca eu, Senhor meu, joia tão
preciosa». (7) Sabe, enfim, que se alguma coisa aplaca Sua Majestade e detém a mão da Sua
justiça, é «ter cá tal penhor» (8).

14
2. Cfr. S. TERESA, Caminho, 27.
3. Ibid.
4. Cfr. Ibid., Vida 22, 4; VI Moradas, 7, 15.
5. Conc. Vat. II, Const. Dog. Lumen Gentium 8.
6. S. TERESA, Vida, 22, 11.
7. Ibid. Exclamações da alma a Deus. 14, 2.
8. Ibid. Caminho, 35, 4.

Nosso Senhor Jesus Cristo — segundo definiu o Concílio Vaticano II — pregou a santidade
de vida, de que é Mestre e Modelo. (9)

9. Cfr. Conc. Vat. II, Const. Dog . Lumen Gentium 40.

Em perfeita sintonia com o decreto conciliar, S. Teresa não concebe outro caminho de
santificação. Assegura que Sua Majestade foi sempre o seu Mestre (10) e que muitas das coisas
que ensina a suas filhas, lhas disse antes a ela o seu Mestre celestial (11). Garante-lhes que o
mesmo fará com elas, porque este Mestre de Sabedoria ensina mui tas coisas a quem se presta a
ser ensinado por Ele (12).

10. Cfr.S. TERESA, Vida, 12, 6.


11. Cfr. Ibid. id., 39, 8.
12. Cfr. S. Teresa Caminho, 21, 4; 6, 3.

Comentando o Pai Nosso, exorta-as a considerar «quem é o Mestre que nos ensinou esta
oração» (13). Porque vai muito de mestre a mestre e este, que tanto nos ama, as ajudará a aprender
Suas lições (14).

13. Ibid. Id. 24, 2.


14. Cfr. Ibid. Id. 24, 3; 21, 4.

«Reuni-vos junto desde bom Mestre, muito determinadas a aprender o que vos ensina, e Sua
Majestade fará com que não deixeis de vos tornar boas discípulas, nem vos deixará, se O não
deixais. Reparai nas palavras que diz aquela boca divina, e logo à primeira entendereis o amor que
vos tem. Não é pequeno bem e deleite para o discípulo, ver que seu mestre o ama» (15).

15. Ibid. Caminho, 26, 10.

Este «bom Mestre» há de forçosamente ser também modelo dos que se prestam a ser
ensinados por Ele. Por isso S. Teresa pede a suas filhas que nunca se cansem de olhar para Ele.
Pondo os olhos em Cristo Nosso Bem, aprenderão a verdadeira humildade (16). Vendo-O diante
dos juízes, todos os trabalhos se lhes farão fáceis de sofrer; (17) contemplando-O na cruz, tão pobre
e despojado, aprenderão a amar a pobreza (18), e vendo-O obediente até à morte, não quererão
ir por outro caminho diferente do d'Ele (19). Quer que olhem também para Cristo nosso
Modelo, a fim de aprenderem a passar os trabalhos desta tão longa vida como Ele os passou
(20), porque pondo os olhos em Cristo Crucificado, tudo lhes parecerá pouco (21).

16. Ibid. I Moradas, 2, 11.


17. Ibid. Vida, 22, 6.
15
18. S. Teresa, Vida, 35, 3.
19. Ibid. Fundações, 5, 3.
20. Ibid. VI Moradas, 7, 13.
21. Ibid. VII Moradas, 4, 8.

A oração, para S. Teresa, não é outra coisa senão esta companhia com Jesus Cristo «nosso
Companheiro e Santo dos santos» (22), este olhar para Cristo e considerar Sua vida e exemplos, a
fim de conformar a nossa com a d'Ele (23).

22. Ibid. Caminho, 29, 4.


23. Ibid. Id., 22, 7.

«Não vos peço agora que penseis n'Ele... , nem que façais grandes e delicadas considerações
com o entendimento. Só vos peço que olheis para Ele... Vede que não está à espera de outra coisa,
como diz a Esposa, senão de que O olhemos. Como O quiserdes O achareis» (24).

24. Ibid. Id., 26, 3.

«Se nem todas as vezes se pode pensar na Paixão... por ser penoso, quem nos impede de
estar com Ele depois de ressuscitado, já que tão perto o temos no Sacramento, onde já está
glorificado? Aí não O veremos tão fatigado e feito em pedaços, escorrendo sangue, cansado dos
caminhos, perseguido por aqueles a quem fazia tanto bem, não aceite pelos Apóstolos... Ei-lo aqui
sem penas, cheio de glória, esforçando a uns, animando outros antes de subir ao céu, companheiro
nosso no Santíssimo Sacramento, parecendo não estar em Sua mão apartar-Se de nós um só
momento» (25).

25. S. Teresa, Vida, 22, 6.

Segundo a definição teresiana, a oração — que é «tratar de amizade com Deus» — requer
que haja antes um acerta presença viva d'Aquele «que sabemos nos ama» e é o protagonista
constante do diálogo, o amigo que nos fala «sem ruído de palavras» (Cfr. Caminho, 25,2) e Se nos
dá de uma maneira inefável.
Santa Teresa considera a oração como uma manifestação suprema da vida teologal dos
cristãos que «acreditando no amor, procuram desprender-se de tudo, para alcançar aquela presença
cheia de amor» em que «a mente e o coracão estão fixos na Sacratíssma Humanidade no "Bom
Jesus" , porta" que conduz ao Pai e através da qual Deus nos introduz em Sua intimidade» (26).

26. JOÃO PAULO II, Carta Virtutis exemplum et magistra.

«Que mais queremos que um tal amigo a nosso lado?... Bem-aventurado quem de verdade O
ama e sempre O traz junto de si» (27). «Se vos habituardes a trazê-Lo ao pé de vós e Ele vir que
procurais contentá-Lo, não podereis — como dizem — afastá-Lo de vós. Nunca vos faltará, ajudar-
vos-á em todos os vossos trabalhos, e em toda a parte O tereis convosco» (28).

27. S. TERESA, Vida, 22,7.


28. Ibid. Caminho, 26,1.

Este modo de oração não é só para os principiantes. A Santa considera necessário segui-lo
no princípio, no meio e no fim, e que nem mesmo nos últimos graus de oração se deve pôr de lado.
16
«Não pode sofrer» (29) a idea de se afastar um instante de Cristo. «Por isso esta Mestra da oração
jamais se separa de Cristo, da sacratíssma humanidade do Filho de Deus. A Sua amizade e a Sua
companhia iluminam as veredas da sua vida espiritual, até à sublime experiência do mistério de
Santíssima Trindade. Ali a criatura contempla como estas Pessoas da Trindade «nunca mais se
afastam dela, antes vê claramente que estão no interior da sua alma, e no mais interior, numa coisa
muito profunda... sente em si esta divina companhia (Cfr. VII Moradas, I, 7)» (30).

29. Ibid. Vida, 22,1.


30. JOÃO PAULO II, Carta Virtutis exemplum et magistra.

O Concílio Vaticano II, ratificando a doutrina da Igreja, voltou a proclamar Jesus Cristo
como «Único Mediador» (31). Tão segura estava a Nossa Santa Madre desta verdade que a
defendeu com enorme energia, ante os teólogos do seu tempo.

31. Conc. Vat. II, Const. Dog. Lumen Gentium 8.

«Vejo claramente — escreve —, e vi depois, que para contentar a Deus e para que Ele nos
faça grandes mercês, quer que seja por mãos desta Humanidade Sacratíssima, em que Sua
Majestade disse que Se deleita. Muitas e muitas vezes o vi por experiência, e tem-mo dito o Senhor.
Tenho visto claramente que por esta porta temos de entrar, se queremos que a Soberana Majestade
nos mostre grandes segredos. Assim, não queira V. Mercê outro caminho, ainda que esteja no cume
da contemplação. Por aqui vai seguro. E por este Senhor nosso que nos vêm todos os bens» (32).

32. S. TERESA, Vida, 22, 6-7.

Se S. Teresa quer que suas filhas tomem Cristo por modelo, é para que O sigam de perto e a
isso as exorta com estas inflamadas expressões:
«Tomai, filhas, aquela cruz. Não se vos dê nada de que vos atropelem os judeus, para que
não vá Ele com tanto trabalho. Não façais caso do que vos disserem: fazei-vos surdas às
murmurações. Tropeçando e caindo com o vosso Esposo, não vos separeis da cruz nem a deixeis»
(33).

33. Ibid. Caminho, 26, 7.

Consequente com estes desejos, estabelece em seus «pombaizinhos» un gênero de vida pobre
e penitente. Volta à austeridade da Regra Primitiva e junta-lhes — em suas Constituições — outros
rigores que lhe parecem necessários para a cumplir com mais perfeição (34). É que, segundo a Santa,
a alma que deveras ama a Cristo «tem gosto em imitar nalguma coisa a vida trabalhosíssima que
Cristo: viveu» (35). Se tivesse de escolher um caminho para Deus, «sempre escolheria o do padecer,
ao menos para imitar a Nosso Senhor Jesus Cristo» (36) , pois vê que «há poucas almas que O
acompanhem e sigam nos trabalhos» (37), e que Nosso Senhor não veio ao mundo senão para sofrer.
Quem mais O imitar nisto, mais glória terá. (38). Por isso exclama: «Juntos andemos, Senhor; por
onde fordes tenho que eu ir; por onde passardes tenho de passar» (39).

34. S. Teresa, Vida, 36,27.


35. Ibid. Meditações sobe os Cantares, 7,8.
36. Ibid. VI Moradas, 1,7.
37. Ibid. Caminho, 35,2.
38. Cfr. Ibid. Carta 347.
17
39. Ibid. Caminho, 26, 6.

Assim vive Santa Teresa! Jesus Cristo é seu modelo, seu companheiro de caminho, sua
confiança, seu alento, seu gozo e seu descanso. Seu supremo anelo é ver a Cristo: «Que será quando
virmos a eterna Majestade!» (40). A sua esperança é saber que vai ser julgada por Cristo, a Quem
amou sobre todas as coisas (41), e sua consolação é a certeza que tem de que «naquela eternidade as
moradas são conforme o amor com que imitámos a vida de nosso Bom jesus» (42).
40. Ibid. Poesias.
41. S. Teresa, Caminho, 40, 8.
42. Ibid. Fundações, 14, 5.

De tudo o que fica exposto se deduz que S. Teresa de Jesus instaurou na Igreja um gênero de vida
que se adapta maravilhosamente ao ideal de vida consagrada promovido pelo Concílio. Por certo que
quem assim dedica a vida inteira à consideração da vida de Jesus Cristo e ao Seu seguimento, «vive cada
vez mais para Cristo e para o seu Corpo, que é a Igreja» (43).

43. Conc. Vat. II, Dec. Perfectae Caritatis 1.

De novo aparece aqui o fim eminentemente ecle-sial da Reforma de Santa Teresa. As Carmelitas
Descalças deverão, antes de tudo, unir-se fervorosamente a Jesus Cristo (44) , para que dessa união derive
aquela «misteriosa fecundidade apostólica» (45) que, em nossos tempos, a Igreja exige aos mosteiros de
vida contemplativa, e sempre reconheceu como fruto da vida consagrada a Deus no Carmelo (46).

44. Cfr. Ibid. Idem.


45. Ibid. Id., 7.
46. JOÃO PAULO II, Carta às Carmelitas Descalças, 31.5.1982.

III
A SANTÍSSIMA VIRGEM MARIA, RAINHA E MÃE DO CARMELO

A ordem de Santa Maria do Monte Carmelo. O Santo Escapulário. S. Teresa de Jesus,


filha da Virgem. A piedade para com a Santíssima Virgem, força renovadora da nossa vida. O
culto de Maria no Carmelo, e seu valor teológico. S. José, Pai e Senhor das Carmelitas
Descalças.

A Santíssima Virgem Maria, modelo incomparável para todas as almas de vida contemplativa,
é-o particularmente para as Carmelitas, «filhas de uma Ordem que desde as suas origens se
configurou como "toda de Maria" (1). Por isso a Igreja considerou sempre o Carmelo como uma
Ordem dedicada de maneira particular ao amor e serviço da Imaculada Mãe de Deus. A sua história e
tradições vincularam-na a Ela com tão dulcíssimos laços, que sem o amor a Maria o Carmelo deixaria
de ser Carmelo.

1. Cfr. JOÃO PAULO II, Carta às Carmelitas Descalças, 31.5.1982.

Desde os primeiros séculos que se pode seguir passo a passo, no «Livro da Instituição dos
Primeiros Monges», o evoluir da tradição mariana no Carmelo. E o amor a Maria que entrelaça a história
com a tradição, dando-nos uma visão dos moradores do Monte Carmelo reunidos em covas à volta
da «gruta da Senhora», prestando culto à Mãe de Deus, Rainha e Senhora daquela santa montanha.
Posteriormente, é a mesma Virgem bendita que honra os seus filhos com uma prova
18
dulcíssima da sua predileção: o santo Escapulário, entregue por Ela ao Geral da Ordem — S. Simão
Stock , como sinal de irmandade. A imagem da Santíssima Virgem vestida com o hábito da Ordem,
não só ocupou o lugar de honra nos templos dos Carmelitas, como também se difundiu pelo mundo
inteiro. Encarregados de propagar esta devoção — que lançou profundas raizes no coração do povo
cristão —, os Carmelitas convertem-se em mensageiros da Virgem Santíssima. O escapulário,
repetidas vezes abençoado e recomendado pelos Sumos Pontífices, salva de mil perigos os filhos da
Virgem e faz regressar a Deus muitas almas d'Ele afastadas (2).

2. Cfr. Inocêncio IV, Ex parte Dilectorunz, de 13.1.1252, em An OC 2, 1928; Urbano IV Quoniam ut ait, 20.11.1263
(Bull. Carm., 1, 28).

S. Teresa de Jesus sente a alma cheia de amor a Maria, desde o início da sua Renovação. No
seu intento de restituir à Ordem o fervor primitivo, a Santa Madre quis fazer esse esforço só «para
serviço do Senhor e honra do hábito de Sua gloriosa Mãe» (Vida, 36,6). Ao fundar o convento de
S. José de Ávila, o seu mais vivo desejo foi que «se guardasse esta Regra de Nossa Senhora e
Imperatriz com a perfeição com que se começou» (Caminho, 3,5). O próprio Senhor a confortou
neste sentido quando, terminada esta fundação, lhe agradeceu «o que tinha feito por Sua Mãe»
(Vida, 34,24).
Numerosas outras circunstâncias da sua vida dão testemunho de como o carisma de Teresa
de Jesus está realmente sob o signo de Maria. Em 1562 a grande Santa recebeu d' Ela como que a
investidura de Reformadora (Vida, 33,14), e em suas mãos renovou, uma vez, a sua profissão.
(Relação 48). Não é, pois, para admirar que ouçamos S. Teresa chamar repetidas vezes a suas
monjas «filhas da Virgem» (Vida, 32, II; 33,14; 36,6; 24,28; Caminho, 13,3; III Moradas, I, 3;
Fundações, 19,5; 29,23), e exortá-las com estas palavras: «Pois tendes tão boa Mãe, imitai-A e
considerai qual deve ser a grandeza desta Senhora e o bem que é tê-la por Patrona» (III Moradas, I,
3)3 .

3. JOÃO PAULO II, Carta às Carmelitas Descalças, 31.5.1982.

O antigo lema «o Carmelo é todo de Maria», ressurge com mais vigor nos carmelos
teresianos, em que a Santa Fundadora estabelece um gênero de vida que se deve assemelhar,
quanto possível, ao que a Mãe de Deus viveu na terra. Por isso chama aos seus Carmelos
«pombaizinhos da virgem», para indicar, que neles se deve renovar, na medida do possível, a
vida de Nazaré, e que as virtudes características do Carmelo são as que se praticaram naquela
santa casa. A partir dela realizou-se um apostolado maravilhosamente fecundo, que é o
apostolado específico das Carmelitas Descalças.
«A piedade para com a Santíssima Virgem constitui uma força renovadora da vida cristã
(4) e, mais ainda, da vida consagrada». É por isso, sem dúvida, que o Sumo Pontífice aconselha as
Carmelitas a meditarem — à imitação da Santa Madre — o mistério de Maria, cujo Coração é
fonte de vida para a Igreja na sua união íntima com Cristo (Cfr. Redemptor hominis, 22). Assim
se porão mais plenamente sob a luz radiante da sua vocação, das suas exigências de solidão, de
silêncio, de sacrifício total; e se convencerão, ao mesmo tempo, da sua secreta fecundidade, que é
tanto mais premente quanto mais «está a arder o mundo» (Caminho, I, 5) e são grandes os perigos
que o ameaçam» (5).
4. Cfr. Exortação Apostólica Maries cultus, 2.2.1974; AAS 66 (1974).
5. Cfr. JOÃO PAULO II, Cartas às Carmelitas Descalças, 31.5.1982.

19
A missão de Maria para com o Carmelo tem este fim: reproduzir em seus filhos os traços
espirituais do Filho Primogénito (6). Daí que as Carmelitas, especialmente consagradas pela
profissão religiosa a Santíssima Virgem, ponham a vida nas mãos de Maria, como o meio mais
seguro para chegar ao pleno conhecimento do Filho de Deus (Ef. 4,13) (7).

6. Cfr. Ex. Apost. Marialis Cultus, 57.


7. Cfr. Ibid., 25.

A santidade exemplar da Virgem, move-as a erguer os olhos para Maria, que brilha como
modelo das virtudes evangélicas que devem praticar; a fé e a dócil aceitação da palavra de Deus;
a obediência generosa, a singela humildade, a caridade solícita, a sabedoria reflexiva, a piedade
para com Deus — pronta para o cumprimento dos deveres religiosos e grata pelos bens recebidos
—..., a fortaleza na dor, a pobreza aceite com dignidade e confiança no Senhor, o cuidado
vigilante para com o Filho, desde a humildade do berço até à ignomínia da cruz; a delicadeza
previdente..., a pureza virginal. (8).

8. Cfr. Ibid., 57.

Destas virtudes da Mãe do Carmelo se adornarão as suas filhas, que com persistente
propósito contemplam os seus exemplos, a fim de os reproduzir na própria vida. E um tal progresso
na virtude aparecerá como resultado e fruto maduro do culto tributado à Virgem. (9)

9. Ex. Aport. Marialis Cultus, 57.

A piedade para com a Mãe do Senhor converter-se-á, assim, para elas em ocasião de
crescimento na graça divina e contribuirá para que vivam com mais intensidade a sua própria
vocação, já que esta consiste essencialmente na intimidade divina e é impossível honrar a Cheia de
graça sem, ao mesmo tempo, honrar o estado de graça, isto é, a amizade com Deus, a comunhão
com Ele e a habitação do Espírito Santo nas almas (10).

10.Ibid. id.

Esta missão maternal de Maria leva as Carmelitas a dirigir-se com filial confiança Àquela
que está sempre disposta a acolhê-las com afecto de Mãe e eficaz ajuda de auxiliadora (11). Têm
sempre presente as palavras que Ela dirigiu aos servos das Bodas de Caná: «Fazei o que Ele vos
disser» (Jo, 2,5), palavras que concordam com aquela voz do Pai, no Tabor: «Este é o meu Filho
muito amado; escutai-O» (Mat, 17,5) (12).

11. Ibid. id.


12. Ibid. id.

Seja pois a Santíssima Virgem quem ensine às Carmelitas a cumprir a vontade de seu Filho,
e que a sua intercessão as sustente na fraqueza e lhes alcance d'Ele a plena realização da missão a
que, por vocação divina, foram chamadas, na Santa Igreja.
Santa Teresa de Jesus, ao dar a suas filhas Maria por Mãe e Modelo, deixou-lhes por Pai
e Senhor S. José. Porque «não se pode pensar na Rainha dos Anjos — no tempo em que tanto
passou com o Menino Jesus — sem dar graças a S. José por tão bem Os ter ajudado» (13). A ele
20
quer a Santa que as Carmelitas recorram em suas necessidades, pois sabe por experiência que em
todas socorre. Assim como o Senhor lhe esteve sujeito na terra, assim faz no céu tudo quanto ele
lhe pede. Deseja, particularmente, que o tomem por mestre de oração e aprendam dele o trato
contínuo com o Senhor, e as virtudes próprias da vida escondida com Cristo em Deus (14) .

13. S. TERESA, Vida, 6, 8.


14." Cfr. Ibid. Id., 6, 6-7.

IV
SANTA TERESA DE JESUS, FILHA DA IGREJA

Atualidade do Carmelo Teresiano. Essência de estado religioso: «Deus sumamente


amado». Um sacrifício de louvor. Contemplação e amor apostólico. A Igreja e o seu mistério.
Os conselhos evangélicos e a purificação do coração. A renovação teresiana, serviço à Santa
Igreja.

Sua Santidade Paulo VI insiste, com o Concílio Vaticano II, «na obrigação que têm os
religiosos e religiosas de serem fiéis ao espírito de seus fundadores, às suas intenções evangélicas e
ao seu exemplo de santidade» (1). Confrontar este espírito com os Documentos Conciliares —
sobre os quais assenta o fulcro de toda a vida religiosa —, é o critério mais seguro para alcançar a
adequada renovação da vida religiosa na Igreja.

1. PAULO VI, Exortação Apostólica Evangelica Testificatio 11.

Santa Teresa de Jesus, «a filha singularmente amada pela Sabedoria divina», é arroio que
leva à fonte, é resplendor que conduz à luz. E a sua luz é Cristo, o «Mestre da Sabedoria», o Livro
vivo em que aprendeu as verdades; essa luz do céu (o Espírito de Sabedoria) que ela invocada
para que falasse em seu nome e guiasse a sua pena» (2). E «Santa Teresa de Jesus está. viva.
A sua voz ainda hoje ressoa na Igreja». (3). «Quatro séculos depois da sua morte, apresenta-se
liante de nôs aureolada por essa luz eclesial» (4). «Ao proclamá-la Doutora de Igreja, esta
quis pôr em relevo a mensagem que ela nos transmite, para que tenha uma missáo mais
autorizada a levar a cabo dentro de sua familia religiosa e em todo o mundo» (5).

2. JOÃO PAULO II, Homilia da Missa de encerramento do IV Centenário da Morte de S. Teresa de Jesus, Ávila,
I-XI-1982.
3. Ibidem.
4. JOÃO PAULO II, Carta Virtutis exemplum et magirtra.
5. Ibidem.

Vamos comprovar estas verdades, comparando brevemente algumas ideias expostas nos
Documen-tos Conciliares, com as que ela explanou em seus escritos.
O Sagrado Concilio define o estado religioso co-mo aquele em que «por meio dos votos ou
de outros vinculos sagrados — por sua natureza a eles equiparados — o cristão se obriga à prática
dos três conselhos evangélicos referidos, entregando-se totalmente a Deus, acima de tudo amado»
(6).

6. Cfr. Conc. Vat. II, Lumen Gentium 44.

21
Pois bem: Todo o carisma de S. Teresa e a inspiração inicial da sua Renovaçäo procedem
desta (mica fonte: o amor de Deus. Um auror que abarca tudo, invade tudo, arrasta tudo. Deus é para
a Santa o Esposo sumamente amado, e ela a alma enamorada que deixou todos os prazeres do mun-
do por Seu amor (7). Quereria desfazer-se toda a amá-Lo (8), quereria sofrer todos os trabalhos do
mundo, para eternamente gozar mais um grau desse amor. Deus atendeu de tal maneira os seus
desejos que ela própria sentia esse amor crescer muitissmo (9). Durante longos anos exercitou-se em
pedi-lo e procurá-lo, desligando-se de todos os impedimentos que a poderiam afastar do fervor da
caridade (10). Entäo Deus começou a comunicar-Se mais e mais à sua alma, concedendo-lhe favores
subiclissimos, até ao ponto de sentir crescer em si «um tão grande amor de Deus que não sabla quem
lho incutia» (11).

7. Cfr. S. TERESA, Meditações sobre os Cantares, 4.


8. Ibid. Vida, 8, 6.
9. Ibid. Id. 29, 4.
10. Cfr. Conc. Vat. II Lumen Gentium 44.
11. S. TERESA, Vida, 29, 8.

Quatro séculos antes de o Concilio definir a vida contemplativa como um eximio sacrificio
de louvor, Santa Teresa de Jesus «não queria fazer nem dizer outra coisa senão louvar ao Senhor»
(12). «Quereria desfazer-se em louvores de Deus» (13) e era-lhe de grande consolação ver em seus
Carmelos «estas almas tão puras, ocupadas em louvores de Deus» (14). Por isso escreve e história
de suas fundações, «para que Nosso Senhor seja louvado» (15). «Queria dar vozes em louvor de
Deus» (16) e assim o fez muitas vezes, com exclamações como estas: «Eu Vos louvo, Senhor, e
bendigo para sempre» (17). «Louvado sejais, ó alegria dos anjos» (18).

12. Ibid. Meditações sobre os Cantares, 4, 3.


13. Ibid., Relações, 39.
14. S. Teresa, Fundações, 18,5.
15. Ibid., Id., Prólogo, 3.
16. Ibid., Vida, 16,3.
17. Ibid., Caminho, 22,1.
18. Ibid., Vida, 19,2.

A Santa sabe que «Deus e o fim último e a razão de ser da vida contemplativa» (19), e que
«e infinitamente digno de que, entre os seres que criou para Sua glória, pelo menos alguns tenham
como único fim viver com o olhar e o espirito fixos n'Ele» (20).

19. Cfr. PIO XI, Constituição Apostólica Umbratilem remotamque 8.7.1924. AAS, pp. 385-390.
20. Ibidem.

O amor de Deus redundará logo em proveito do próximo, e quanto maior for a sua
pureza, maior sera a sua eficácia apostólica. Por isso, quando a Nossa Santa Madre chegou aos
mais altos cumes do amor de Deus (no matrimönio espiritual), Deus falou-lhe da missão a que a
destinou e da sua vocação na Igreja: «Como verdadeira esposa zelarás a minha honra» (21).

21. Cfr. S. TERESA, Rel 4(5es, 35,2.

Cumpre-se nela a doutrina do Concilio sobre as almas consagradas, de quem diz que
«movidos pela caridade que o Espirito Santo difundiu em seus corações, vivem cada vez mais
para Cristo e para o Seu Corpo, que é a Igreja» (22), e que «quanto mais ardentemente se unem
22
a Cristo, pela dogáo de si mesmos por toda a vida, tanto mais se enriquece a vida da Igreja e
mais vigorosamente fecundo se torna o seu apostolado» (23).

22. Conc. Vat. II, Perfectae Caritatis 1.


23. Ibidem.

Já não basta à Santa Madre viver só para Deus, para O amar e louvar. Quer que todos o
louvem, e procura-o com todas as suas foras. Sente em si aquela fome que os santos sentiram de
«conquistar almas, para que Deus fosse louvado» (24). Quer «dar mil vidas para que uma alma
louve um pouquinho mais (a Deus)» (25) e toda a sua ansia é que «pois [Deus] tem tantos
inimigos e táo poucos amigos, que estes sejam bons» (26). Queria que quantas coisas há na terra,
todas fossem línguas para O louvar por ela» (27).

24. S. TERESA, VII Moradas, 4,11.


25. Ibid., VI Moradas, 6,4.
26. Ibid., Caminho, 1,2.
27. Ibid., VI Moradas, 4,15.

Do seu coração transverberado brota, então, irresistivelmente, o amor à Igreja, que passa a
ser o objecto dos seus incessantes desvelos.
«Vieram ao meu conhecimento os danos e estragos causados em França por estes luteranos,
e quanto ia em aumento esta desventurada seita. Causou-me grande pesar e, como se eu pudesse
alguma coisa, chorava com o Senhor e suplicava-Lhe que remediasse tanto mal» (28).

28. Ibid., Caminho, 1, 2.

«Teresa sentiu profundamente o martírio do Corpo de Cristo, ferido e profanado


(Caminho, I, 1-2), e compreendeu que o amor de Deus deve levar-nos a trabalhar
generosamente pela Igreja. Eis as suas palavras: «o amor não consiste no maior gosto, mas na
maior determinação e desejo de contentar a Deus e procurar — quanto nos for possível — não
O ofender; e em Lhe rogar que vá sempre por diante a honra e glória de Seu Filho e o aumento
da Igreja Católica (Cfr. IV Moradas, 1,7). E, assim, exclama: «Ditosas vidas que nisto se
acabassem». Enquanto se aflige e se lhe despedaça o coração ao ver a divisão do único Corpo
de Cristo, o seu espírito abre-se àqueles novos horizontes missionários que vê rasgarem-se na
América. Para ela, contemplar Cristo é dirigir o olhar para a Igreja que, estando neste mundo, tem
que manifestar a vida e o mistério de Cristo» (29).

29. JOÃO PAULO II, Carta Virtutis exemplum et magistra.

«E vendo tão grandes males, e que forças humanas não bastam para atalhar esse fogo»
(30), não encontra outro caminho senão o do cumprimento dos conselhos evangélicos com a
máxima perfeição possível. Também nisto coincide com a doutrina conciliar, onde se declara que
«os conselhos evangélicos têm a virtude de unir de modo especial à Igreja e ao seu mistério
aqueles que os praticam» (31).

30. S. TERESA, Caminho, 3,1.


31. Conc. Vat. II Lumen Gentium 44.

«E como me vi mulher e ruim — escreve —, e impossibilitada de aproveitar como quereria


23
no serviço do Senhor, e sendo todo o meu anseio (como ainda é) que, visto ter tanto inimigos e tão
poucos amigos, estes fossem bons, determinei fazer este pouquinho que estava ao meu alcance, isto
é: seguir os conselhos evangélicos com toda a perfeição possível, e procurar que estas pouquinhas
que aqui estão fizessem o mesmo, confiando na grande bondade de Deus, Que nunca falta em
ajudar quem por Ele se determina a deixar tudo» (32).

32. S. TERESA, Caminho, 1,2.

Santa Teresa, consciente de que é um dever «trabalhar — com todas as forças, mas segundo
a forma da própria vocação, pela oração e também pela atividade apostólica — por implantar e
robustecer o reino de Cristo nas almas, e por dilatá-lo a todo o mundo» (33), põe mãos à obra. E
como os conselhos evangélicos «contribuem não pouco para a purificação do coração e a
liberdade de espírito, excitam continuamente ao fervor da caridade...e têm a capacidade de
assemelhar mais a vida do cristão à vida virginal e pobre que para Si escolheu Cristo Senhor
Nosso, e abraçou a Virgem Sua Mãe» (34), funda o seu primeiro Carmelo: um «portalzinho de
Belém» seguido por muitos outros. «Confiada na grande bondade de Deus, Que nunca falta em
ajudar quem por Ele se determina a deixar tudo» (35) ela e suas filhas aí viverão, ocupadas em
oração pelos «defensores de Igreja, pregadores e letrados que a defendem» (36), para ajudar «a
este Senhor meu, pois tão atribulado O trazem aqueles a quem fez tanto bem. Dir-se-ia que estes
traidores O queriam agora tornar a pregar na cruz, e que não tivesse onde reclinar a cabeça» (37).

33. Conc. Vat. II, Lumen Gentium 44.


34. Ibid. Id., 46.
35. S. TERESA, Caminho, 1, 2.
36. Ibid. Id.
37. Ibid. Id.

Eis o ideal teresiano e o contributo dado pela Nossa Santa Madre à Igreja de Deus. Porque o
gênero de vida que estabelece e as virtudes que propõe, têm um fim eminentemente apostólico, quer
que suas filhas vivam assim para que, com suas virtudes, mereçam alcancar uma chuva de graças para
a Santa Igreja, e para que «os capitães deste castelo ou cidade (que são os pregadores e teólogos) sejam
muito avantajados no caminho do Senhor» (38) e para que os que «estão nas Religiões se avantajem
muito na própria perfeição e vocação, pois é muito necessário» (39).

38 S. Teresa, Caminho, 3, 2.
39 Ibid. Id.

«Para estas duas coisas vos peço eu que procureis ser tais que mereçamos alcançá-las de Deus: a
primeria é que haja muitos — dos muitos, muitos letrados e religiosos que há — que tenham as
qualidades necessarias para isto, como já disse. E aos que não estão muito dispostos, disponha-os o
Senhor, pois mais fará um perfeito que muitos que o não são. A outra coisa é que, depois de metidos
nesta peleja — que, como digo, não é pequena —, os tenha o Senhor de Sua mão, para que se possam
livrar de tantos perigos que há no mundo, e tapar os ouvidos ao canto das sereias, neste perigoso mar. E
se nisto podemos algo conseguir de Deus, estando encerradas pelejamos por Ele, e eu darei por muito
bem empregados os trabalhos que passei para fazer este cantinho, onde também pretendi que se
guardasse esta Regra de Nossa Senhora e Imperatriz, com a perfeição com que se começou». (40)
40 S. Teresa, Caminho, 3, 5.

O fim da Reforma Teresiana e os meios a empregar para o alcançar ficam, pois, claramente
24
definidos. Santa Teresa — tão humilde e desconfiada de si, noutros pontos — não tem nisto a menor
vacilação, nem duvida afirmar que o Carmelo deixaria de o ser, no dia em que este fim se abandonsse,
ou se substituíssem os meios que ela escolheu para o tentar atingir. Assim escreve, com o maior
encarecimento, a suas filhas:
«Ó irmãs minhas em Cristo, ajudai-me a suplicar isto ao Senhor, que para isto vos juntou ele
aqui! Este é o vosso chamamento; estes hão de ser os vossos negócios; estes devem ser vossos
desejos; aqui as vossas lágrimas; estas as vossas petições». (41).

41 Ibid. Id. 1, 5.

A Igreja confirmou a Atualidade do carisma te-resiano com estas palavras:


«A Santa Madre, que declara: «Mil vidas daria para remédio de uma alma», deseja que suas
filhas se sacrifiquem com generosidade para que o Senhor proteja a Sua Igreja, e ponham nisto todo o
seu empenho: «Quando as vossas orações e desejos, e disciplinas e jejuns, se não empregarem nisto
que disse [em favor da Igreja e da Sagrada Hierarquia], pensai que não realizais nem cumpris o fim
para que aqui vos juntou o Senhor (Cfr. Caminho, 3,10)» (42).

42 JOÃO PAULO II, Carta Virtutis exemplum et magistra.

V
OS CARMELOS, MOSTEIROS CONTEMPLATIVOS

Os Carmelos, mosteiros contemplativos. A solidão na clausura, e o silêncio. Oração


constante, penitência generosa, abnegação evangélica e amor à Cruz. Alicerces das que estão
para vir.

«O Concílio Vaticano II confirmou que são legítimos, dentro de Igreja, os mosteiros de


Carmelitas que se "dedicam totalmente à contemplação, de tal modo que os seus membros se
ocupam somente de Deus, em solidão e silêncio, em contínua oração e intensa penitência..." O
Concílio reafirmou a utilidade desses institutos para a mesma Igreja, a que "dão incremento, com
uma misteriosa fecundidade apostólica", de forma que constituem para ela "uma glória e uma fonte
de graças celestes"».
Indicou, ao mesmo tempo, as condições fundamentais dessa fecundidade, recomendando
que o trabalho da "adaptação" desses institutos se realizasse "respeitando a sua separação do mundo
e os exercícios próprios da vida contemplativa" (Perfectae Caritatis, 7)». (1)

1. Cfr. JOAO PAULO II, Carta às Carmelitas Descalças, 31.5.1982.

«É fácil encontrar nestas orientações conciliares a doutrina de Santa Teresa de Jesus. Não
foi, porventura, para instaurar uma vida inteiramente ordenada para a contemplação, que ela
empreendeu a sua Reforma?
Com efeito ela tinha plenamente acolhido o categórico chamamento do Senhor: «já não
quero que tenhas conversação com os homens, senão com os anjos» (Vida, 24,5), e tinha
longamente meditado no exemplo de Jesus, de Quem diz: «Já sabeis que Sua Majestade ensina
que seja a sós» (Caminho, 24, 4). Por isso a Santa recomendava a suas filhas: «Temos que nos
desocupar de tudo, para chegarmos interiormente a Deus» (Caminho, 29,5).
Santa Teresa sabia, melhor do que ninguém, que esta solidão é apenas um meio e, referindo-
25
se a isto, assim se exprimia: "Triste coisa seria que só pelos cantos se pudesse fazer oraçao!"
(Fundações, 5,16). Mas ao mesmo tempo conhecia, por experiência, a importância deste meio, e
sabia perfeitamente que o deserto é, por excelência, o lugar do encontro com o Senhor, como diz a
Sagrada Escritura: "Por isso a atrairei a Mim, a conduzirei ao deserto e lhe falarei ao coração
(Oseias, 2,16). Daqui deriva a sua contínua insistência sobre a observância da clausura, meio
concreto para realizar esta solidão contemplativa». (2)

2 Ibid.

Por isso «recomendava com energia, juntamente com a clausura e os sinais externos que a
concretizam, todos os outros meios que asseguram a separação do mundo». Também em nossos
dias a Igreja reafirmou e "recomendou vivamente um justo rigor na observância da clausura" (3),
fazendo suas as instantes exortações que Santa Teresa fez a, suas filhas, pouco antes de morrer: «As
monjas que virem em si desejos de sair para o meio de seculares, ou de ter muita convivência com
eles, temam não ter encontrado a água viva de que o Senhor falou à Samaritana, e que com razão se
lhes escondeu o Esposo, visto que não se contentam só de estar com Ele» (4).

3. JOÃO PAULO II, Carta às Carmelitas Descalças, 31.5.1982.


4. S. TERESA, Fundações, 31,46.

Portanto, «as Carmelitas Descalças que, também em nossos dias, são fiéis ao espírito da
Regra, devem observar tudo aquilo que em sua vida requer essa espécie de deserto, necessário para
conseguir a perfeição da sua vocação e missão de contemplativas. Entre estas coisas, a Santa
Madre recomendava particularmente o silêncio que, segundo diz, "é grande coisa para a oração"
(5). Confirma o preceito da Regra, mandando em suas Constituições que às Irmãs não possam falar
umas com as outr:s (a não ser as que têm ofícios, e em coisas necessárias); (6) organiza nos seus
mosteiros o trabalho em solidão, porque deste modo se guarda melhor o silêncio (7), e lembra a
suas filhas que o estilo das Carmelitas é «não só ser monjas, mas ermitãs» (8).

5. JOÃO PAULO II, Carta Virtutis exemplum et magistra, e Carta às Carmelitas Descalças, 31-5-1982.
6. S. TERESA, Constituições de 1581, 10, 1 Ed. Facsimil por Tomás Álvarez. Ed. Monte Carmelo, Burgos,
1985.
7 Cfr. S. TERESA, Caminho, 4,9.
8 Ibid. Id., 13,6.

«A clausura não isola da Comunhão com o Corpo Místico. Situa ainda mais as Carmelitas
no próprio coração e missão na Igreja, seguindo o exemplo de S. Teresa do Menino Jesus, para
poderem estar "no coração da Igreja". Saibam — como ela nos recorda — que "só com a nossa
oração e a nossa entrega podemos ser úteis à Igreja" (Cfr. Últimos Colóquios, 8,7,16)» (9).

9 Cfr. JOÃO PAULO II, Carta Virtutis exemplum et magistra.

Se Santa Teresa de Jesus insiste tanto na importância da solidão, é porque a considera


como um elemento indispensável para a vida de oração . «Habituar-se à solidão, é grande coisa
para a oração. E pois este há de ser o fundamento desta casa, é preciso pôr todo o cuidado em
nos afeiçoarmos ao que a isto mais nos ajuda» (10).

10 S. TERESA, Caminho, 4,9.

26
«Teresa compreendeu que a sua vocação e missão era a oração na Igreja e pela Igreja, que é
uma comunidade orante, impelida pelo Espírito a que, com Cristo e n'Ele, adore o Pai "em espírito e
verdade" (Cfr. Jo 4,23).
Contemplando o mistério da Igreja, que naquele tempo “sofria”, sentiu a rotura da
unidade e a traição de muitos cristãos; considerou o desregramento dos costumes, como .rejeição,
desprezo e profanação do amor. Numa palavra: atraiçoava-se a amizade divina. Os que não
aceitavam a Igreja nem viviam com ela, e os que não seguiam o seu Magistério, rejeitavam
Cristo e desprezavam o Seu amor.
Daqui deriva — como já vimos — o caráter eclesial da reforma do Carmelo, que não se
apresenta como recusa ou contestação, mas brota do fundo de uma "amizade divina": "Toda a
minha ânsia era... que, pois tem tantos inimigos e tão poucos amigos, estes fossem bons. Determinei
fazer este pouquinho que estava ao meu alcance: seguir os conselhos evangélicos com toda a
perfeição possível, e procurar que estas pouquinhas que aqui estão fizessem o mesmo" (Caminho,
1,2)» (11)

11 JOÃO PAULO II. Carta Virtutis exemplum et magistra.

«Entende, por isso, a oração como «um seguir por este caminho Ao que tanto nos
amou» (Cfr. Vida, XI,I), pois a oração não é outra coisa senão "tratar de amizade, estando
muitas vezes falando a sós com quem sabemos que nos ama" (Cfr. Vida, 8,5).
Quer dizer: pela oração abrimo-nos à caridade que o Espírito Santo derramou em nossos
corações. Ela nos associa a Jesus como irmãos e amigos, para com ele clamar: «Abba, Pai» (Cfr.
Rom 5 ,5; 8,15).
Teresa está convencida de que toda a Igreja ora, naquele que ora no Espírito Santo.
Assim, toda a autêntica contemplação sobrenatural — que brota da fé e do amor, tanto na liturgia
como quando se escuta la Palavra de Deus; tanto no louvor do Senhor como na adoração
silenciosa — é uma glorificação do Pai e uma comunhão com Cristo; uma «ajuda ao doce Jesus
da minha alma» feita realidade na Igreja, como ensina esta santa Virgem e Mestra. (Cfr.
Caminho, 1,5-2).
Por isso, cgiando alguém ora e vive de coração, tendo por ela conhecimento do Deus vivo e
entregando-se a Ele, abre-se também a um conhecimento mais íntimo de Igreja, em que Cristo está
misteriosamente presente com a Sua graça. Compreende a urgência de uma fidelidade incondicional
à Esposa de Cristo, e sente em seu coração o desejo de trabalhar pela Igreja, até entregar por ela a
própria vida.
Quando a oração inflamada pelo amor de Deus, se manifesta como uma estreita amizade
com Ele, tende para a comunhão ou união de amor, em que a criatura entrega totalmente a sua
vontade ao Criador. Então a amizade transforma-se em fermento apostólico; motivo de gozo pelo
bem da Igreja e dos homens; clamor poderoso que chega até ao Coração Divino e redunda em
proveito de toda a Igreja (Cfr. Caminho, 32,12).
Esta é a mensagem de Santa Teresa, proclamada com a autoridade de quem a experimentou
em sua vida: a convicção de que não há amor a Cristo que não se converta em entrega generosa à
Igreja. E que não há verdadeiro afecto filial à Igreja, se não se traduz em ardor e trabalho
apostólico, alimentados e fortalecidos pelo oração» (12).

12 João Paulo II, Carta Virtutis exemplum et magistra.

«Pelo que se refere à intensa penitência — indicada pelo Concílio como característica da
27
vida exclusivamente contemplativa, juntamente com a oração — mais do que as exortações de
Santa Teresa, são a sua Vida e Constituições que nos dizem qual a importância que ela tem e, mais
ainda, a sua absoluta necessidade. Não estaria, portanto, de acordo com o Concílio nem, certamente,
com o carisma de vossa Santa Madre, uma atualização que conduzisse a uma menor penitência, isto
é, a um sacrifício de vós mesmas menos generoso, menos alegre e menos total» (13).

13 Ibid., Carta as Carmelitas Descalças, 31.5.1982.

Com estas palavras confirma S. Santidade João Paulo II, em nome da Igreja, o autêntico
carisma. de S. Teresa e a sua Atualidade eclesial.
Com efeito, para que a oração — que, como acabamos de ver, é o fundamento desta vida —
seja. «verdadeira, tem que se aliar com isto, pois regalo e oração são incompatíveis» (14). «E pensar
que Deus admite à sua amizade gente regalada e sem trabalhos, é disparate» (15).

14 S. TERESA, Caminho, 4,2.


15 Ibid. id., 18,2.

A exemplo de seus santos fundadores e da tradição da Ordem, as Carmelitas Descalças


sempre se exercitaram nessa generosa penitência, que o amor de Deus pede às almas que desejam
colaborar com Ele na Redenção do mundo. Destas almas diz S. Teresa que têm «enormes desejos
de penitência» (16): «quereriam fazer mais, e tudo lhes parece pouco» (17).

16 Ibid. V. Moradas, 2,7.


17 Ibid. Id., 2,14.

Sem embargo, a principal penitência que S. Teresa implantou nos conventos que ia
fundando, foi a continuidade na observância de uma vida austera e mortificada. Não contente com
impor a Regra Primitiva sem mitigação, ãcrescentou outras privações e austeridades. O tom de
generosidade e fervor que imprimiu aos seus pombaizinhos manifesta-se claramente nestas
palavras:

«Guardamos a Regra de Nossa Senhora do Carmo, e esta cumprida sem relaxação, mas
como a ordenou Frei Hugo, Cardeal de Santa Sabina, que foi dada em MCCXLVIII anos, no ano V
do Pontificado do Papa inocêncio IV» (18).

18 S. Teresa, Vida, 36 26.

«Agora, ainda que tem algum rigor — porque não se come nunca carne sem necessidade, e
há jejum de oito meses e outras coisas, como se vê na mesma Regra Primitiva — em muitas coisas
ainda parece pouco às Irmãs, e guardam outras que nos pareceram necessarias para cumprir a Regra
com mais perfeição. Espero no Senhor que há de ir muito por diante o que começamos (como Sua
Majestade mo disse)» (19).

19 Ibid., Vida, 36, 27.

Este gênero de vida, pobre e desprovido de toda a comodidade e regalo, é inseparável


da obra de S. Teresa de Jesus. Se se implantou na Reforma, não foi por influências posteriores

28
ou estranhas, mas por vontade expressa da mesma Santa.
Temendo, sem dúvida, que algum dia se chegasse a desfigurar o seu pensamento ou,
para melhor dizer, a inspiração que tinha recebido de Deus, pede para que, ainda que se
rasgue tudo o que escreveu no livro da sua vida, se conserve o capítulo em que refere os
princípios da Reforma, e que depois da sua morte o deem a suas filhas, «para que as que vierem,
procurem que não decaia o começado» (20).

20 Cfr. S. Teresa, Vida, 36,29.

Tanto no alma o traz e tanto teme que possa suceder o contrário, que chega a escrever:
«Parece-me a mim que fará muito mal e será muito castigada por Deus aquela que
começar a relaxar a perfeição que o Senhor aqui começou e tem favorecido, para que se leve por
diante com tanta suavidade...» (21). «E a quem parecer áspero, deite a culpa à sua falta de
espírito e não ao que aqui se guarda (pois pessoas delicadas e doentes, com tanta suavidade o
podem suportar, porque têm espírito). E [essas] vão se para outro mosteiro, onde se salvarão
conforme ao seu espírito» (22).

21 Ibid. Id.
22 Ibid. Id.

Quando a Santa fala de suavidade, essa palavra deve entender-se no sentido que lhe atribui
S. João de Cruz, quando diz que a alma que de veras se determinar a «em todas as coisas querer
achar e sofrer trabalhos por Deus, achará grande alívio e suavidade» (23).

23 S. JOÃO DA CRUZ, II Subida do Monte Carmelo, 7,7.

A Santa Madre desfaz-se em louvores de Deus, quando considera esta verdade", pois vê
claramente que tal felicidade e alegria só podem ser obra Sua. Mas não deixa de mencionar a
austeridade e pobreza que implantou em suas fundações.
«Oh grandeza de Deus! Muitas vezes me espanto quando considero e vejo quão
particularmente queria Sua Majestade ajudar-me, para que se efetuasse este cantinho de Deus. Bem
creio que o é, e morada onde Sua Majestade Se deleita, como uma vez me disse — estando eu em
oração — que esta casa era o paraíso de Seus deleites. E, assim, parece ter Sua Majestade escolhido
as almas que para ele trouxe, e em cuja companhia eu vivo com tanta confusão. Eu não saberia
desejá-las tais, para este projeto de tanta estreiteza, pobreza e oração. E levam-no com uma alegria e
contentamento tal, que cada uma se acha indigna de ter merecido vir para este lugar. A algumas, em
especial a quem chamou do meio de muita vaidade e galas do mundo (onde poderiam estar
contentes, conforme as suas leis), deu o Senhor aqui tão dobradas satisfações, que claramente
reconhecem ter-lhes o Senhor dado cem por um do que deixaram, e não se cansam de dar graças a
Sua Majestade.
Às de pouca idade dá fortaleza e luz para que não possam desejar outra coisa, e... às que são
de mais idade e têm pouca saúde, dá forças — e sempre lhas tem dado — para poderem suportar a
mesma aspereza e penitência que todas». (24).

24 S. TERESA, Vida, 35, 12.

Uma das virtudes que o Decreto Conciliar propõe aos religiosos como imprescindível
para que consigam «espalhar pelo mundo inteiro a boa nova de Cristo, a fim de que todos vejam
29
o seu testemunho e florifiquem o nosso Pai que está no céu» (25), é o amor à cruz. Deste amor
estava cheia a alma da Nossa Santa Madre, e propunha-o às suas filhas como remédio para todos
os seus trabalhos. Eis a chave que torna compreensível o paradoxo que o Carmelo Teresiano
apresenta aos olhos do mundo de hoje. Através das grades — símbolo do despojamento total —
sente-se a dulcíssima realidade destas palavras de S. Teresa que, vistas a outra luz, seriam
incompreensíveis:

25 Conc. Vat. II; Dec. Perfectae Caritatis, 25.

«Esta casa é um céu, se o pode haver na terra. Para quem se contenta com contentar a Deus,
e não faz caso do seu contentamento, tem-se muito boa vida. Se quiser mais alguma coisa, perderá
tudo, pois não a pode ter» (26).

26 S. TERESA, Caminho, 13,7.

Recordemos as circunstâncias em que a Santa escrevia: casa pequena e pobre... um


portalzinho de Belém; comida extremamente pobre e tão escassa que algumas vezes não a havia
para todas; (27) hábito pobre e remendado; cama dura; penitências de superrogação... E, sem
embargo, a Santa Fundadora escreve:

27 Cfr. S. Teresa, Fundações, 1,2.

«Tudo o que nela se guarda de encerramento e penitência, e tudo o demais, me parece


extremamente suave e pouco. O gozo é tão e tão grande, que algumas vezes penso que poderia
eu escolher na terra que fosse mais saboroso?» (28).

28 Ibid., Vida, 36,10.

S. João da Cruz, tratando de algumas mercês que Deus faz às almas que chegaram aos
últimos graus da união mística, escreve:
«Poucas almas chegam a tanto como isto, mas algumas chegaram, sobretudo as daqueles
cuja virtude e espírito se havia de difundir na sucessão de seus filhos, dando Deus o valor e a
herança às cabeças, nas primícias do espírito, segundo a maior ou menor difusão que havia de ter a
sua doutrina e o seu Espírito» (29).

29 S. JOÃO DA CRUZ, Chema Viva de Amor, 2,12.

O Doutor Místico escreveu estas palavras logo a seguir à descrição de uma graça que se
pode iden-. tificar cote a Transverberação do coração de Nossa Santa Madre, (de que ela certamente
lhe tinha dado conta). E, sem dúvida, o Santo tinha-a presente quando fala «daqueles cuja virtude e
espírito se haviam de difundir na sucessão de seus filhos» (30).

30 Ibid. Id.

Talvez por isso, como se pressentisse já em seu coração, que grande seria essa sucessão da
sua doutrina e do seu espírito, S. Teresa faz notar, com insistência, que não escreve só para aquele
pequeno grupo de Descalças que então a seguia, mas «para as que depois vierem» (31). E como
quem põe toda a alma nas palavras que diz, suplica a suas filhas que não deixem perder as grandes
30
coisas que Sua Majestade fez com ela.

31 S. TERESA, Fundações, 4,6.

«Temam as que depois vierem e isto lerem — escreve —; e se não virem o que agora há,
não o atribuam aos tempos, pois para Deus fazer grandes mercês a quem deveras O serve, é sempre
tempo» (32).

32 Ibid. Id., 4,5.

A Santa também tinha ouvido dizer que, como os fundadores são o alicerce das Ordens,
Deus lhes concede maiores graças. E, por isso, exorta as suas monjas a que se considerem sempre
como alicerce das que estão para vir:
«Porque se os que agora vivemos não tivéssemos decaído do fervor dos santos passados, e os
que viessem depois de nós fizessem outro tanto, sempre estaria firme o edifício» (33). Por isso quer
que se alguma «vir que a sua ordem vai decaindo nalgum ponto, procure ser pedra tal que se torne a
levantar o edificio» (34).

33 S. Teresa, Fundações, 4,6.


34 Ibid. Id., 4,7.

«Vede, minhas filhas, os juízos de Deus e a obrigação que temos de O servir, nós a quem
Ele deixou perseverar até fazer a profissão, e ficar sempre na casa de Deus, como filhas da
Virgem!... Praza a Sua Majestade dar-nos abundantemente a Sua graça... e que a todas nos ampare e
favoreça, para que se não perca por nossa fraqueza um tão grande principio!» (35).

35 Ibid. Id., 27,10-11.

E como se lho quisesse meter no mais fundo da alma, pede-lhes em nome de Nosso
Senhor que cada uma faça de contas que nela começa «esta Primeira Regra da Ordem da Virgem
Nossa Senhora, e que de nenhuma maneira se consinta relaxação em nada» (36).

36 Ibid. Id. 27,11.

Olhai, que por muito poucas coisas se abre a porta para outras muito grandes e, sem o sentir,
vos irá entrando o mundo...» (37)

37Ibid. Id.

E ela, tão humilde, recorda-lhes os grandes trabalhos e pobreza com que se fizeram todas as
suas casas, assegurando-lhes que «não as fundaram os homens... mas a poderosa mão de Deus»
(38), e que se não afrouxar por causas delas, Nosso Senhor o levará por diante.

38 S. Teresa, Fundaçoes, 27, 11.

«Vede, minhas filhas, vede a mão de Deus! ... De qualquer modo que o queirais ver,
entendereis que é obra Sua. Não é justo que nós a diminuamos em nada, ainda que nos custasse a
vida, a honra e o descanso. Quanto mais tendo nós aqui tudo isso junto. Porque vida, é viver de

31
maneira que não se tema a morte nem todos os acontecimentos da vida, e estar com esta habitual
alegria que agora todas têm, e esta prosperidade — maior do que quantas possa haver — que é não
temer a pobreza mas, antes, desejá-la. E a que poderá comparar-se a paz interior e exterior com que
sempre andais? Está nas vossas mãos viver e morrer com ela, como vedes que morrem as que temos
visto morrer nestas casas. Porque se sempre pedirdes a Deus que o leve por diante, e em nada vos
fiardes de vós, Ele não vos negará a Sua misericórdia. Se tiverdes confiança n' Ele e ânimo
animoso, não tenhais medo de que vos falte alguma coisa, pois Sua Majestade é disto muito amigo»
(39). «Praza ao Senhor que seja tudo para glória e louvor Seu e da gloriosa Virgem Maria cujo
hábito trazemos. Amen» (40).

39 Ibid. Id. 27, 12.


40 Ibid. Vida, 36, 28.

REGRA PRIMITIVA
DA ORDEM DA GLORIOSÍSSIMA
VIRGEM MARIA DO MONTE CARMELO,
DADA POR SANTO ALBERTO,
32
PATRIARCA DE JERUSALÉM,
E CONFIRMADA POR INOCÊNCIO IV

Alberto, por graça de Deus Patriarca de Jerusalém, aos amados filhos Brocardo e
demais religiosos eremitas que moram debaixo da sua obediência no Monte Carmelo, junto à
fonte de Elias, saúde no Senhor e bênção do Espírito Santo.
De muitos e diversos modos os Santos Padres estabeleceram e determinaram de que
forma cada um — seja qual for a Ordem a que pertença ou o modo de vida religiosa que
tenha escolhido — deverá viver em obséquio de Jesus Cristo e servi-Lo fielmente, com
puro coração e reta consciência. Mas porque nos pedis uma regra da vida adaptada ao vosso
Instituto, segundo a qual devereis viver daqui por diante:

1
De que se tenha um Prior e de três coisas que se lhe hão de prometer

Determinamos primeiramente que tenhais um de vós mesmos por Prior, o qual seja eleito
para este cargo por unânime consentimento de todos, ou da maior e mais discreta parte, ao qual
cada um dos outros prometa obediência e, depois de a ter prometido, procure guardá-la com as
obras, juntamente com castidade e pobreza.

2
Da eleição dos lugares

Podereis habitar nos desertos ou lugares que vos forem dados, dispostos e acomodados para
a observância do vosso instituto, segundo o que parecer conveniente ao Prior e aos religiosos.

3
Das celas dos religiosos

Além disto, no sítio em que resolverdes habitar, cada um de vós tenha a sua cela
separada, conforme a cada um for designada por disposição do Prior e com o consentimento
dos demais religiosos, ou da parte mais prudente.

4
Da refeição em comum

Todavia vos reunireis e comereis em refeitório comúm o que vos for dado como
esmola, ouvindo ler a Sagrada Escritura, onde isto comodamente se puder fazer.
A nenhum religioso seja lícito, sem licença do Prior atual, mudar ou trocar com outro o
lugar que lhe foi designado. A cela do Prior esteja à entrada do lugar (1), para que ele seja o
primeiro que saia a receber os que a ele vierem, e de seu arbítrio e disposição dependa tudo o que
depois se deva fazer. Permaneça cada um na sua cela, ou junto dela, meditando dia e noite na lei do
Senhor e velando em oração, a não ser que esteja legitimamente ocupado noutros afazeres.

1 Norma que se refere à vida eremítica e não tem razão de ser para as religiosas.

5
Das Horas Canônicas
33
Os que souberem recitar as Horas Canônicas com os clérigos, recitá-las-ão conforme
os estatutos dos Santos Padres e o costume pela Igreja aprovado. Aqueles que as não
souberem recitar dirão por Matinas vinte e cinco vezes o Pai Nosso, exceto nos Domingos e
festas solenes, em cujas Matinas determinamos que se dobre esse número, de sorte que se
reze o Pai Nosso cinquenta vezes. Por Laudes se rezará sete, e outras tantas por cada uma
das outras Horas, exceto em Vésperas, nas quais se rezará quinze vezes a mesma oração.

6
De não ter coisa própria

NEnhum dos religiosos diga que tem alguma coisa própria, mas tudo entre vós seja
comum e distribua-se a cada um o que precisar, por mão do Prior ou de um religioso por
ele eleito para este ofício, ponderando a idade e necessidades de cada um.

7
Do que vos é lícito possuir em comum

Ser-vos-á lícito, porém, ter jumentos ou machos, (2) segundo o pedir a vossa necessidade,
assim como alguns animais ou aves para vosso sustento.

2 A concessão que a Regra aqui faz estende-se, atualmente, a tudo o que for exigido pelo trabalho com que
se deva procurar o sustento do Mosteiro.

8
Do Oratório e do culto divino

Edifique-se um Oratório no meio das celas — se isso for possível — no qual deveis
juntar-vos todos os dias de manhã, para ouvir Missa, onde isso comodamente se puder
fazer.

9
Do Capítulo e correção dos religiosos

Em todos os Domingos ou noutros dias, quando for neccessário, tratareis da


observância da Regra e da salvação das almas, e aí se corrijam também com caridade as
transgressões e culpas que nalgum porventura se tenham notado.

10
Do jejum dos religiosos

Jejuareis todos os dias, exceto nos Domingos, desde a festa da Exaltação da Santa
Cruz até ao dia da Ressurreição do Senhor, a não ser que alguma enfermidade ou debilidade
do corpo, ou outra causa justa, aconselhe a que se deixe o jejum, porque a necessidade não
tem lei.
11
Da abstinência de carne

Abster-vos-eis de comer carne, não sendo para remédio de enfermidade ou debilidade.


34
Mas porque muitas vezes tendes que viajar para pedir esmola, para que não sejais pesados às
pessoas que vos hospedarem podereis, fora de vossas casas, comer legumes cosidos com
carne. E, navegando, ser-vos-á lícito no mar o uso da carne.

12
Exortações

Porque a vida do homem sobre a terra é uma contínua tentação, e todos os que
piedosamente querem viver em Cristo sofrem perseguições, e o demonio — vosso inimigo
— anda à vossa volta como um leão rugindo, buscando a quem devorar, procurai com todo o
cuidado revestir-vos das armas de Deus, para poderdes resistir aos assaltos do inimigo.
Cingi a cintura com o cinto da castidade e fortalecei o vosso peito com pensamentos
santos, pois está escrito: o pensamento santo te guardará.
Vesti a couraça da justica, para que com todo o vosso coração, com toda a vossa alma e
com todas as vossas forças ameis ao Senhor vosso Deus e ao próximo como a vós mesmos. Em
todas as ocasiões armai-vos com o escudo da fé, com que possais rebater as setas inflamadas do
perverso inimigo, pois sem fé impossível é agradar a Deus. Ponde também na cabeça o capacete
da salvação, esperando-a só do Salvador, Que salva o Seu povo de todos os pecados. Que,
finalmente, a espada do espírito — que é a palavra de Deus — esteja frequentemente em vossos
lábios e em vosso coração; e tudo o que fizerdes, fazei-o em nome do Senhor.
Deveis empregar-vos nalgum trabalho de mãos, para que o demônio vos ache sempre
ocupados e não possa, por meio da ociosidade, achar alguma entrada em vossas almas. Acerca
disto tendes e instrução e exemplo do apóstolo S. Paulo, por cuja boca falava Jesus Cristo e que
Deus constituiu pregador e doutor das gentes, em fé e verdade. Se o seguirdes, não podereis
errar. «Em trabalho e fadiga, diz ele, estivemos entre vós, trabalhando de dia e de noite para vos
não sermos pesados. Não porque o não pudéssemos fazer, mas para vos dar em nós próprios
Mn exemplo a imitar. Isto mesmo vos intimávamos quando, estando convosco, vos dizíamos
que quem não trabalha não tem direito a comer. Ouvimos dizer que alguns, entre vós, andam
inquietos e sem nada trabalhar: A esses, pois, exortamos vivamente em Nosso Senhor Jesus
Cristo a que, trabalhando em silêncio, comam o seu pão. Este caminho é bom e santo:
caminhai por ele.

13
Do silêncio

Recomenda o Apóstolo o silêncio, quando nele nos manda trabalhar. Como diz o Profeta, o
silêncio é o adorno da justiça e, noutra parte: «no silêncio e na esperança estará a vossa fortaleza».
Por isso ordenamos que depois de Completas guardeis silêncio até ao fim de Prima (3) do dia
seguinte. No restante tempo, ainda que não haja tanto rigor na guarda do silêncio deve, contudo,
evitar-se com grande diligência o muito falar. Porque, como diz a Sagrada Escritura e não menos o
ensina a experiência, «no muito falar, não faltará pecado», e quem é inconsiderado no falar,
experimentará danos». E o Senhor diz no Evangelho: «De toda a palavra ociosa que os homens

disserem, darão contas no dia do juízo». Pese, pois, cada um de vós as suas palavras como numa
balança, e ponha justo freio à sua boca, a fim de não resvalar e cair pela sua língua, de sorte que
seja incurável e mortal a sua queda. Guarde, com o Profeta, os seus caminhos, para não pecar com
a sua língua, e procure com diligência e cautela guardar o silêncio, no qual está todo o ornato da
justiça.
35
3 Atualmente o silêncio levanta-se depois de Laudes.

14
Exortação ao Prior, para ser humilde

E tu, Frei Brocardo, como qualquer outro que depois de ti for eleito Prior, tende
sempre na lembrança e ponde por obra o que o Senhor diz no Evangelho: «Todo aquele que
quiser ser verdadeiramente grande entre vós, faça-se vosso servidor. E o que, entre vós,
quiser ser o primeiro, seja vosso servo».

15
Exortação aos Religiosos, para que honrem o seu Prior

Vós também, os demais religiosos, honrai com humildade o vosso Prior, considerando
não tanto a sua pessoa como a de Cristo, Que vo-lo deu por Superior a diz aos Prelados da Igreja:
«Quem vos ouve a vós, a Mim ouve; e quem vos despreza, a Mim despreza», para que não sejais
julgados pelo desprezo que lhe tivestes, mas, antes, mereçais, em prémio da vossa obediência, a
vida eterna.
Tudo isto vos escrevemos brevemente, determinando a forma e regra do vosso Instituto,
segundo a qual deveis viver. Se algum fizer mais do que isto, o Senhor, quando nos vier julgar, lhe
dará a paga. Use-se, porém, de discrição, que é a regra de todas as virtudes.

CONSTITUIÇÕES
QUE A S A N T A MA D R E TER ES A D E JES U S
DEU A SUAS MONJAS,
APROVADAS NO CAPITULO DE ALCALÁ, EM 1581,
36
ADAPTADAS E AJUSTADAS EM 1990
SEGUNDO OS DECRETOS DO CONCILIO VATICANO II
E O VIGENTE CODIGO DE DIREITO CANONICO

N.B. Significado dos vários tipos de letra:


1. (Normas que caíram em desuso e já não têm valor jurídico).
2. Texto original das Constituições de 1581.
3. Notas e esclarecimentos incluídos no texto, com valor normativo.

CAPÍTULO I
DA OBEDIÊNCIA E ELEIÇÃO DAS SUPERIORAS

1. (Declaramos que as monjas primitivas estão sujeitas ao Reverendíssimo Geral da Ordem, e


ao Provincial da província dos Descalços, e que sua Paternidade Reverendíssima o Geral as possa
visitar por si ou pelo visitador que nomear para os frades, conforme as Constituições desta Província)
(1).

1 Veja-se o número 134 das presentes Constituições.

2 2.- As eleições sejam feitas por votos secretos (como manda o Santo Concílio) e,
depois de realizada e eleição, queimem-se as cédulas diante de todas, de modo que nunca se
publiquem os nomes das que votaram.
3 3.- Advirta-se que nem o Provincial (2) nem o seu companheiro têm voto nas
eleições das religiosas.

2 Sempre que nestas Constituições aparece o nome de «Provincial» ou «Superior», deve entender-se como:
«Superior eclesiástico», que é o Ordinário do lugar, quando se trata de mosteiros autônomos que se regem
pelo Can. 615; e o Provincial dos Carmelitas Descalços, quando ao mosteiro se aplica o Can. 614.

(Mas o Provincial proponha ao convento três ou quatro pessoas, para que delas elejam a que
quiserem, ficando em sua liberdade eleger também de entre outras, e ficando também
liberdade ao Provincial para autorizar ou anular a eleição, como lhe parecer).

4 4.- Para receber os votos das enfermas que não podem vir à grade na presença de
todas as vogais, aquele que preside nomeie duas religiosas graves e a ninguém suspeitas,
para que vão recolher os votos e os tragam, sem abrir nem trocar as cédulas. Isto
mandamos a essas religiosas (sob perigo de suas almas) e, feita a eleição, queimem-se as
cédulas na presença das religiosas, como já se disse.

5 5.- Por (serem novos os mosteiros da primeira regra, e) não haver suficientes pessoas
para o (seu) governo, também damos licença para que as Prioras possam ser reeleitas no
mesmo convento (contanto que a que for reeleita tenha as três partes dos votos. Sem essas três
partes a reeleição será nula). Damos licença para esta reeleição, não obstante qualquer outra
coisa em contrário (3).

37
3 O motivo que S. Teresa apresenta para a reeleição continua a ser válido, visto que, hoje como ontem, os
Carmelos são mosteiros que têm número limitado de religiosas, e não há assim tantas pessoas para o
governo.
Para a validade da postulação devem seguir-se as atuais normas da Igreja.
Vejam-se os números 141 e 154.

6 6.- Nenhuma Irmã possa dar, nem receber, nem pedir nada — ainda que
seja a seus pais—, sem licença da Priora a quem se mostrará tudo o que lhes
trouxerem como esmola.

CAPÍTU LO II
DA RECEPÇÃO DAS NOVIÇAS, DA PROFISSÃO
E NÚMERO DE RELIGIOSAS QUE HÁ DE HAVER EM CADA CONVENTO

7 1.- Repare-se muito em que as que se vierem a receber sejam pessoas de


oração, que aspirem a toda a perfeição e desprezo do mundo. Porque se não vierem
desprendidas dele, dificilmente poderão seguir o que aqui se observa, e mais vale reparar
nisso antes de as receber do que, depois, ter de as despedir. Não tenham menos de
dezassete anos; e tenham saúde, entendimento e habilidade para rezar o ofício divino e
ajudar no coro.
Não se lhes dê a profissão se não se vir, durante o ano de Noviciado, que têm
temperamento e as demais qualidades requeridas para o que aqui se há de observar. Se
alguma destas coisas lhe faltar, não se receba, exceto se for pessoa tão serva do Senhor e
útil para o convento, que se entenda não virá a causar inquietação alguma, e seja
Nosso Senhor servido em que se condescenda com os seus santos desejos. Se estes não
forem grandes — de modo que se entenda que o Senhor a chama a este estado —, de
forma alguma se receba.

8 2.- Se não tiver nenhuma esmola para dar ao convento, nem por isso a deixem
de receber — como até agora se tem feito —, caso estejam contentes com a sua pessoa.

(Se tendo bens os quiser dar à casa e, depois, por algum motivo não os der, embora se
possa pedir por pleito, faça-se com muita moderação, de maneira que não haja escândalo.)

9 3.- Na recepção das noviças tenham grande cuidado em não se guiarem pelo
interesse, pois pouco a pouco poderá entrar a cobiça, de modo a olharem mais à esmola
que à bondade e qualidades da pessoa. De maneira nenhuma se faça isto, pois seria
grande mal. Tenham sempre diante dos olhos a pobreza que professam, para em tudo
darem o seu bom aroma. E olhem que não são as esmolas que as hão de sustentar, mas
sim a fé, a perfeição e o confiar só em Deus. Repare-se muito nesta constituição: leia-se às
Irmãs e cumpra-se como convém.

10 4.- (O Provincial não poderá admitir nenhuma religiosa ao hábito ou à profissão, sem os
votos da maior parte do convento. Nem permita que se recebam nestes mosteiros religiosas de outra
Ordem, nem tão-pouco as da Regra mitigada da nossa Ordem).

38
11 5.- (As leigas que se houverem de receber sejam de boas forças e pessoas que
queiram servir o Senhor. Estejam um ano sem hábito, para que se veja se são para o que
abraçam, e elas própias vejam se o poderão suportar. Não tragam véu preto, nem lho dEem, mas
façam a profissão dois anos depois de receber o hábito, salvo se, por sua grande virtude,
merecerem que lho deem antes. Sejam tratadas com toda a caridade e irmandade, e provejam-
nas de comer e vestir como a todas (4).

4. A distinção de pessoas, dentro de cada Comunidade, obedeça unicamente aos diversos trabalhos a que as
Irmãs terão que atender, quer por especial vocação de Deus, quer por suas peculiares aptidões. (Cfr. Conc. Vat.
II, Dec. Perfectae Caritatis 15).

12 6.- (Ordenamos que daqui em diante a profissão não se faça na grade mas no Capítulo,
sem estarem presentes outras pessoas além das religiosas da casa) (5).

5. A Profissão será feita dentro da Missa, segundo o Ritual da Profissão Religiosa adaptado às Carmelitas
Descalças.

Queremos que para admitir alguma noviça, tanto ao hábito como à profissão, seja com
os votos da maior parte das vogais do convento, que votarão secretamente, por favas brancas
e pretas.

13 7.- (Determinamos, igualmente, que as religiosas que tiverem fundado algum convento,
não possam ser tiradas dele a não ser por causa muito urgente, segundo o parecer do Provincial).

14 8.- (Porquanto o santo Concílio de Trento dispõe que não haja no mosteiro maior número
de religiosas do que as que comodamente se puderem sustentar, atendendo à renda e esmolas de que
vivem, para que nestes mosteiros se possa viver com maior quietação e menos cuidados, mandamos
que as religiosas que são para o coro não excedam, de nenhuma maneira, o número de treze ou catorze,
no conventos de pobreza. Naqueles em que houver renda, não excedam o número de vinte. Isto
entende-se contando com as freiras que se recebem para os ofícios; e em todos os mosteiros, assim de
renda como de pobreza, não possa haver mais de três freiras) (6).

6. Em todos os mosteiros se poderão receber vinte e uma religiosas, no máximo, sem se exceder este número.

15 9.- E quando, por alguma causa justa, alguma religiosa for para outro convento, se
se prevê que estará nele durante muito tempo, poderão receber outra em seu lugar.

16 10.- (Também declaramos que nos mosteiros que se fundarem para ter renda, enquanto a
não tiverem não possam ter mais de catorze monjas, até que tenham renda para sustentar mais;
exceto se vier pedir o hábito alguma que traga com que sustentar mais de catorze. Não possa a
Priora ou Prelada fazer o contrário, sob pena de privação do ofício).

17 11.- Para admitir alguma Irmã ao hábito, façam muita diligência para saber as
qualidades que tem, a sua saúde e capacidade para seguir esta santa observância; porque
depois de as receber é mais difícil remediá-lo. Mas nem por isso se admitam à profissão as que
não derem esperanças de convir para a observância e bem da religião, depois de feitas as
convenientes diligências, no ano de provação. Encarregamos isto muito à consciência da
Priora e Mestra de noviças, e das demais religiosas.
39
18 12.- (A noviça que for despedida do mosteiro, não seja recebida noutro sem os votos
de todas as Irmãs do mosteiro de onde saiu. E nunca seja recebida naquele de onde uma vez
foi despedida).

CAPÍTULO III
DA CLAUSURA

19 1.- Não apareçam a ninguém sem véu, senão a pai a mãe ou irmã, salvo em casos
que, para algum fim, pareçam tão justos como os mencionados; e com pessoas que
edifiquem e sirvam de ajuda para os nossos exercícios de oração e consolação
espiritual, e não para recreaçao. Seja sempre com uma terceira, quando não for para
assuntos de alma (7).

7. A aplicação destas normas fica à discrição da Madre Priora que deve buscar a edificação e proveito espiritual
da visita.
N.B. Nas fundações da Santa Madre nunca se foi ao locutório com o rosto tapado.

20 2.- A chave das grades e da porta esteja em poder da Priora. Quando


entrar o médico e outras pessoas necessárias, ou o Confessor, vão sempre duas
terceiras.

(Quando alguma doente se confessar, esteja sempre uma terceira afastada, de modo a
poder ver o Confessor, com quem não falará, a não ser alguma palavra. Só fale com ele a
própria enferma).

Uma das terceiras deve ir a tocar uma campainha, para que no convento se
entenda que há em casa alguma pessoa de fora.

21 3.- (As religiosas não saiam, de modo nenhum, para a igreja, nem para o saguão da
portaria. Tenham um sacristão ou empregada que feche a porta da igreja e a do saguão, que dá para
a rua, pois assim convém, para que se guarde a clausura do santo Concílio e os Motus próprios dos
Sumos Pontífices) (8).

8. Permite-se uma porta que dê para a igreja, para atender ao que aí for necessário, com as condições que exige a
clausura papal. Ver número 218.

22 4.- Não deixem as noviças de ser visitadas — assim como as professas — para
que, se estiverem com algum descontentamento, se entenda que só pretendemos que aqui
estejam de muito livre vontade, e se lhes dê lugar a que a manifestem, se não quiserem
ficar.

23 5.- Não se ocupem de negócios do mundo, nem tratem deles, exceto se forem
coisas em que possam dar auxilio às pessoas que lhes falam, pô-las na verdade e consolá-
las nalgum trabalho. Se não se espera tirar fruto, terminem depressa, como fica dito, pois
importa que quem nos visita se retire com algum proveito a não com perda de tempo, e
que nós também o não percamos.
40
(Tenha muita conta a Terceira de que isto se guarde e, se não se guardar, está obrigada a
avisar a Priora. Quando o não fizer, incorra na mesma pena que a que o quebrantou, se a tiver
avisado duas vezes. À terceria vez, vá nove dias para o cárcere e de três em três dias se lhe dê uma
disciplina no refeitório, pois é coisa que muito importa à religião).

24 6.- Abstenham-se quanto lhes for possível de tratar muito com parentes
porque, além de que nos apegamos muito às suas coisas, será difícil deixar de misturar
com elas algumas coisas do mundo.

25 7.- Tenha-se grande recato em falar com os de fora, ainda que sejam
parentes muito próximos. Se não forem pessoas que gostem de falar de coisas de Deus,
vejam-nos muito poucas vezes e concluam com brevidade.

26 8.- (O Provincial, Vigário ou Visitador, advirta que o santo Concílio Tridentino


manda, debaixo de excomunhão latae sententiae que

Nenhuma pessoa, de qualquer idade, estado ou condição que seja, possa entrar nos
mosteiros de monjas, senão em caso de necessidade e com particular licença do Prelado ,
(dada por escrito) (9).

9. Ver número 235.

(Tenha particular conta de que se cumpra o que manda o santo Concílio Tridentino).

Não se tenha por causa necessária senão aquilo que o mosteiro não possa
executar sem ajuda de pessoas de fora, isto é, de operários para as obras ou coisas desse
gênero, e de médicos (e cirurgião) (10).

10. Ver número 234.

27 9.- (Porque os religiosos servem de espectáculo a Deus, a todos os anjos e homens


(como diz o Apóstolo) e nada desidifica tanto as pessoas como a facilidade em comunicar com
as religiosas e, muito mais ainda, as entradas nos mosteiros sem necessidade, mandamos que se
tenha particular cuidado de que os religiosos não vão aos conventos das referidas monjas. E
ordenamos ao Provincial ou Visitador que em caso algum entre nos mencionados mosteiros de
religiosas, exceto se for para coisas muito necessárias, que se não possam efetuar pelas grades).

Em tudo aquilo que se puder fazer pela grade — como são admoestações e práticas
espirituais —, declaramos que não é necessário entrar no mosteiro, o não ser na Visita.

(para o Capítulo de culpas; pois pode algumas vezes ser preciso corrigir alguém e convir
entrar dentro).

E quando se entrar para este fim, poder-se-á visitar a clausura do convento. Nesse caso
o Provincial ou Visitador leve consigo um companheiro, a quem não permita que se afaste de
si durante todo o tempo que estiver no mosteiro.
41
(E não consinta que comam dentro do convento ou junto das grades, nem ele nem
pessoa alguma).

O Provincial ou Visitador advirta (que o santo Concílio Tridentino manda) que nas
eleições os votos se recebam junto da grade. E por isso mandamos que não se entre no
mosteiro, nem antes de receber os votos nem depois de recolhidos, para qualquer outro
fim (11), mas toda a eleição — com o que a precede e se lhe segue — seja feita através
das grades.

11. A não ser para a Visita Canônica.

28 10.- Os Confessores não entrem, em caso algum, nestes mosteiros de


monjas, a não ser para confessar as doentes (quando o médico disser que há necessidade)
e para lhes dar o Santíssimo Sacramento e, a seu tempo, a Unção dos Doentes. E se depois de
ter recebido os sacramentos essa enferma tiver algum escrúpulo, o Confessor possa entrar
para a reconciliar e, apenas, para a ajudar a bem morrer. Se houver alguma doente
encamada por largo tempo e sem de nenhuma maneira poder vir à grade e ao confessionário,
nesse caso o confessor poderá entrar algumas vezes para a confessar, embora não esteja em
perigo de vida.

29 11.- O Confessor que por estes motivos entrar, vá a venha «via reta» sem
se deter nem desviar para parte alguma.

(Mandamos por estrita obediência que a Priora ou Presidente assim o faça cumprir).

Encarregamos (em consciência) às religiosas que acompanharem esse religioso,


que o guiem diretamente (e em nenhum caso se detenham com ele).

CAPÍTULO IV
DO JANTAR E REFEIÇÃO (12)

12. Nos países onde há dificuldade em observar as normas prescritas nos capítulos IV e V, podem adaptá-las
segundo o que se prescreve no número 258, c.

30. 1.- Para o jantar não pode haver hora certa, pois depende de quando houver
que comer.

(No inverno toque-se às onze e meia, quando for jejum da Igreja, e às onze nos jejuns da
Ordem. No verão toca-se para o jantar às dez horas) (13).

13. Suprimida a norma litúrgica que durante a Quaresma (jejum da Igreja) mandava rezar as Vésperas antes do
meio dia, a hora mais conveniente para o jantar é às onze horas.

31 2.- Se, antes de se sentarem a comer, o Senhor inspirar alguma Irmã a fazer
alguma mortificação, peça licença para a fazer e não se perca esta boa devoção, de que se

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tiram muitos proveitos. Faça-se com brevidade, para não impedir a leitura.

32 3.- Fora da hora do jantar e da ceia, nenhuma Irmã coma nem beba sem
licença (14).

14. Permite-se, não obstante, tomar um ligeiro dejejum à hora conveniente.

33 4.- Quando saírem do jantar ou da ceia, a Madre Priora poderá permitir que
possam falar, todas juntas, naquilo que lhes der mais gosto, desde que não sejam coisas
que desdigam da delicadeza própria de uma boa religiosa, e tenham todas ali (as suas
rocas ou) os seus trabalhos.

34 5.- De nenhum modo se permita jogo algum, porque o Senhor dará graça a
umas para poderem recrear as outras. Fundadas nisto, tudo é tempo bem gasto. Procurem
não ser pesadas umas às outras, mas sejam discretas no seus gracejos e palavras.
Terminada esta hora que têm para estar juntas, no verão durmam uma hora, e as que não
quiserem dormir guardem silêncio.

35 6.- Nenhuma Irmã abrace outra, nem lhe toque no rosto ou nas máos, nem
tenham amizades particulares, mas todas se amem em geral como Cristo muitas vezes
mandou a Seus apóstolos. Como são tão poucas, fácil lhes será fazê-lo, procurando imitar
o seu Esposo, Que deu a vida por todos nós. E este amor geral de umas para com as
outras importa muito.

CAPÍTULO V
DAS HORAS CANÔNICAS E DAS COISAS ESPIRITUAIS

N.B. No texto do Capítulo V introduziram-se as disposições necessárias para que cada Hora
Canónica corresponda ao seu verdadeiro tempo natural, conservando-se,não obstante, o mesmo
número de horas prescrito por S. Teresa para a oração litúrgica.
- As frases e palavras acrescentadas ao texto original vão entre aspas.
- Tenha-se em conta que a Santa Madre se refere à hora solar. A hora oficial que lhe
corresponde, vem a ser uma ou duas horas mais tarde, segundo a época do ano.

36 1.- As Matinas sejam rezadas depois das nove horas e não antes nem tão depois
que, uma vez acabadas, não possam estar um quarto de hora a fazer exame sobre o modo
como passaram o dia (15).

15. Ainda que se deva seguir a norma litúrgica de incluir o exame nas Completas, mantenha-se como tempo de
oração o que S. Teresa aqui assinala.

37 2.- Tocar-se-á para este exame, e a Irmã designada pela Madre Priora lerá
um pouco, em lingua vulgar, sobre o mistério que deverão meditar no dia seguinte. O
tempo que nisto se gastar, seja de modo a que se dê sinal com o sino e se recolham a
dormir às onze horas, pouco mais ou menos.

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(Este tempo de exame e leitura, passem-no todas juntas no coro, e

Nenhuma Irmã saia do coro sem licença, depois de principiados os ofícios.

38 3.- No verão levantem-se às cinco horas (16) e estejam em oração até às seis. No
inverno levantem-se às seis e estejam até às sete em oração (17). «Antes da oração rezem-se as
Laudes», e acabada a oraçao recite-se «a hora de Tercia».

16. «À hora conveniente» para começar a oração às cinco ou às seis, segundo a época do ano.
17. Empregar-se-á uma hora inteira na oração, quer as Laudes sejam cantadas quer rezadas.

(Se parecer bem à Priora digam as horas todas seguidas. Se não, deixem uma ou duas
para antes da Missa, de maneira que antes dela todas estejam terminadas).

39 4.- Nos Domingos e dias de Festa cante-se a Missa e Vésperas (e Matinas). Nos
primeiros dias de Páscoa e outros dias de Solenidade, poderão cantar as Laudes (18), em
especial no dia do glorioso S. José. O canto seja em uníssono (em tom) (19), com as vozes
iguais. Ordinariamente seja tudo rezado e haja Missa Conventual (dita em tom) todos os
dias, estando nela presentes as Irmãs, se isso comodamente se puder fazer. Procurem que
nenhuma falte ao coro por leve causa e, terminadas as Horas, vão para os seus ofícios.

18.E as Matinas.
19. O canto do Ofício Divino seja sóbrio e piedoso, confome indica a, Sagrada Liturgia.

(A Missa será celebrada às oito horas, no verão, e às nove no inverno).

«A missa será habitualmente depois de Tercia» (20), e as Irmãs que


comungarem fiquem algum tempo no coro.

20. A não ser que as circunstâncias exijam outra coisa.

40 5.- Pouco antes do jantar toque-se «para Sexta e» (21) para o exame.
Examinem o que fizeram até àquela hora e proponham emendar-se da falta mais
importante que em si virem, rezando um Pai Nosso a fim de que Deus para isso lhes
dê graça.

21. A hora de Sexta terá lugar no coro, tal como o exame.

(Cada uma se ajoelhe, onde estiver, e faça o exame com brevidade).

41 6.- (Para a ação de graças depois do jantar, vão sempre ao Coro com o salmo Miserere;
e depois da ceia, só desde a Páscoa da Ressurreição até à Exaltação da Santa Cruz).

42 7.- As duas horas rezem (Vésperas) «Noa» e, terminada esta, faça-se a leitura, de
maneira que só se gaste uma hora com ((Vésperas) «Noa» e a leitura.

(quer as Vésperas sejam solenes quer não. Isto não se entende da Quaresma, em que as

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Vésperas se rezam antes do jantar. A leitura poderá ser das duas às três, empregando nela toda a
hora. Se se acharem com espírito para a passar em oração, façam o que mais as ajudar a recolher-
se).

43 8.- (As Completas, no inverno, sejam) «As Vésperas rezem-se» às cinco horas da
tarde e, depois delas, faça-se a oração, pois então terão o espírito mais recolhido, e será
bem passado aquele tempo (22).

22. A oração durará uma hora completa, sejam as Vésperas cantadas ou rezadas.

(No verão as Completas serão rezadas às seis horas. Como então há ceia e não se pode ter a
oração, será uma hora antes de Matinas).

«Rezem-se as Completas às oito horas, durante todo o ano». Mas advirta-se que depois
de rezar Completas se deve guardar silêncio, conforme manda a Regra.

CAPÍTULO VI
DA COMUNHÃO E CONFISSÃO

44 1.- A Comunhão seja recebida (em todos os Domingos e nas Festas de Nosso Senhor e
de Nossa Senhora, de N. Padre S. Alberto, de S. José, e do santo Titular do convento; na Quinta-
feira Santa, Festa do Santíssimo Sacramento e Quinta-Feira da Ascensão, e demais dias que o
Confessor achar bem
segundo a devoção e espírito das Irmãs (23).

23. Todos os dias, segundo o espírito e normas da Santa Igreja. V. número 199.

(com licença da Madre Priora pois sem ela as Irmãs não podem comungar fora dos dias aqui
assinalados, ainda que o Confessor lho diga).

45 2.- (Para evitar o incômodo e distração que causa aos religiosos o ir e vir todos os dias
para dizer Missa nos conventos de monjas, mandamos que nenhum religioso da Ordem do Carmo,
nem de outra Ordem, ainda que sejam os Carmelitas Descalços da Primeira Regra, seja Vigário ou
Capelão ordinário destes mosteiros. A Priora juntamente com o Provincial ou Visitador, procure
um sacerdote que inspire a conveniente satisfação, pela sua idade, vida e costumes. E sendo
assim, se parecer bem ao Provincial também poderá ser confessor das religiosas não obstante
terem o Confessor ordinário) (24)

24. Ver o número 204.

A Priora poderá (não só as três vezes permitidas pelo santo Concílio de Trento, mas
também outras) permitir que confessem as religiosas alguns religiosos dos Descalços ou de
qualquer outra Ordem, se forem pessoas que, por seu saber e virtude, inspirem à Priora
a conveniente satisfação. Poderá fazer o mesmo para os sermões, e nem o atual nem o
futuro Provincial lhes poderá tirar esta liberdade (25).

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25. Para a nomeação do Capelão ver o numero 205.

(Aos mencionados confessores, tanto Descalços como outros, podem dar alguma esmola ou
fruto de capelania, por confessá-las).

CAPÍTULO VII
DA POBREZA E COISAS TEMPORAIS

46 1.- Devem viver de esmolas, sem ter rendimento algum, nos conventos que
estão em provoações ricas e opulentas, onde isto se puder praticar. Nos lugares onde
não se possam sustentar só com esmolas, poderão ter renda em comum; mas em tudo o
resto não haja nenhuma diferença entre os mosteiros de renda e os de pobreza.

47 2.- Não peçam esmola, enquanto se puderem sustentar sem ela, e grande seja a
necessidade que as obrigue a pedi-la. Procurem, antes, valer-se do trabalho de suas mãos,
como fazia S. Paulo, pois se não quiserem mais do que o necessário e se viverem contentes
sem qualquer regalo, o Senhor as proverá do que precisam. Se com todas as suas forças
procurarem contentar ao Senhor, Sua Majestade terá cuidado de que não lhes falte o seu
ganha-pão.

48 3.- De modo algum possuam as Irmãs alguma coisa própria, nem lho consistam
para comer ou vestir. Não tenham arcas nem arquinhas, ou armários, exceto para as
oficinas da comunidade. Nem tenham nenhuma outra coisa em particular, mas tudo seja
comum. Isto importa muito, pois com coisas pequenas pode o demônio ir afrouxando a
perfeição da pobreza. Por isso tenha muito cuidado a Priora e quando vir alguma Irmã
apegada a alguma coisa — a um livro, cela ou outra coisa —, deve tirar-lha.
Cumpra-se isto, e com todo o rigor, em todos os mosteiros, quer tenham renda
quer não, e a Prelada o execute, não consentindo que se quebrante.

(E o Provincial a castigue com muito rigor, se se quebrantar).

49 4.- As esmolas que o Senhor der em dinheiro, ponham-se logo na arca das
três chaves.

(Salvo se for menos de nove ou dez ducados, pois isso se dará à clavária que a Priora
determinar, e ela e dê à Procuradora, para que o gaste no que a Priora disser. Cada noite, antes que
se toque a silêncio, dê contaspor miúdo à Priora ou à referida clavária) (26).

26. A Priora dê à rodeira o que julgar conveniente para os gastos diários, e esta dê-lhe contas por miúdo. A
Priora poderá fazer isto dietamente ou por meio de uma clavária. V. núms. 160 e 161.

Feitas as contas, ponha-se por junto no livro que há no convento, para que cada ano se
deem contas ao Provincial (27).

27. Ver número 163.

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CAPÍTULO VIII
DO JEJUM E DO VESTUÁRIO

50 1.- Jejuarão desde o dia da Exaltação da Santa Cruz, em Setembro, até à Páscoa
da Ressurreição, exceto nos Domingos (28). Jamais se comerá carne, perpetuamente, a não ser
por necessidade, quando a Regra o manda.

28. No Natal e nos três dias seguintes; nas Solenidades da Igreja e da Ordem.

51 2. Nos dias de jejum da Igreja e nas Sextas-feiras de todo o ano — exceto as


compreendidas entre Páscoa e Pentecostes —, os alimentos habituais no refeitório sejam
sem ovos e lacticínios. Mas a Priora poderá dispensar deste ponto as doentes e
necessitadas

(a quem faz mal o peixe. Não é nossa intenção privar do indulto da Bula da Cruzada aquelas
que o tiverem).

52 3.- O hábito seja de xerga ou burel, de cor acastanhada, e não tingido. Gaste-se
nele menos burel possível; tenha as mangas estreitas, não mais largas numa extremidade que
na outra, e sem pregas. Seja rendondo, não mais comprido atrás que à frente, e chegue até aos
pés. O escapulário seja do mesmo pano, quatro dedos mais curto que o hábito. A capa do
coro seja do mesmo burel, mas branca, do mesmo comprimento que o escapulário e
gastando sempre o menos burel posível. Atenda-se ao necessário e não ao supérfluo.
Tragam o escapulário sobre a toca, que seja de estopa ou linho grosso, sem pregas. As
túnicas sejam de estamenha e os lençóis do mesmo. Calcem alpercatas e, por
honestidade, calcetas de estamenha, estopa ou outra coisa semelhate. As almofadas sejam
de estamenha, mas em caso de necessidade poderão usar linho. As camas não tenham
nenhum colchão mas um enxergão de palha, visto que pessoas fracas e de pouca saude já
experimentaram que com isto se pode passar. (29).

29. Nos lugares onde seja impossível usar os tecidos ou o material prescrito neste número, podem ater-se à
norma da Regra Primitiva: «a necessidade não tem lei» (Reg. 10).

(Não se ponha coisa alguma sobre a cama, a não ser — por necessidade — alguma esteira de
esparto ou resguardo de lã grossa, estamenha ou coisa semelhante, que seja pobre).

53 4.- Cada uma tenha sua cama separada. Jamais haja tapetes, a não ser para
a igreja (nem almofada para se sentarem). Tudo isto é próprio das Ordens religiosas, e se
há de observar. Menciona-se aqui porque, algumas vezes, o relaxamento faz esquecer o
que é de religião e obrigação.

54 5.- No hábito e nas camas nunca haja na da de cor, ainda que seja uma
coisa tão pe. quena como uma faixa. Nunca se hão de usar casacos; mas se alguma
estiver doente (30), possa trazer um roupão do mesmo burel.

30. «ou necessitada».


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55 6.- Tragam os cabelos cortados, para não gastar tempo em os pentear. Nunca
tenham espelho ou coisas curiosas, mas sim um total desprendimento de si mesmas.

CAPÍTULO IX
DO TRABALHO E LAVOR DE MÃOS

56 1. - Não se façam trabalhos primorosos (o seu trabalho seja fiar, ou outras coisas
não tão delicadas) que ocupem o pensamento e as impeçam de o pôr em Deus. (Não sejam
trabalhos de ouro ou prata e) não se porfie sobre o seu preço, mas recebam pacificamente o
que lhes derem. Se virem que aquele trabalho lhes não convém, não o façam.

57 2.- Nunca se marquem tarefas às Irmãs: procure cada uma trabalhar de modo a
que as demais tenham que comer. Terão muito cuidado com o que manda a Regra: que quem
quiser comer tem de trabalhar, como fazia S. Paulo. Se alguma vez as Irmãs quiserem, por sua
livre vontade, aceitar trabalho marcado para terminar cada dia, possam fezê-lo. Mas, ainda
que o não acabem, não se lhes imponha nenhuma penitência.

CAPÍTULO X
DO SILÊNCIO E RECOLHIMENTO NAS CELAS

58 1.- Guarde-se silêncio desde o fim de Completas até ao fim de (Prima) «Laudes» do
dia seguinte. Este silêncio seja guardado com muito cuidado. Em todo o resto do tempo não
possam as Irmãs falar umas com as outras sem licença, exceto as que têm ofícios, e em coisas
necessárias. Quando, para mais avivar o amor que tem ao Esposo, uma Irmã quiser falar
d'Ele com outra, ou consolar-se — se tem alguma dificuldade ou tentação — dê-lhe a Priora
essa licença. Isto não se refere a uma pergunta ou resposta, ou a poucas palavras, porque isso,
podem fazê-lo sem licença.

59 2.- Procure a Priora que haja bons livros, em especial o Cartusiano, Flos
Sanctorum, Contemptus Mundi (Oratório de religiosos); os de Frei Luis de Granada e os do
Padre Frei Pedro de Alcântara, porque este alimento é, em certo modo, tão necessário
para a alma como a comida para o corpo (31).

31. Ver número 200.

60 3.- Em todo o tempo que não estiverem ocupadas com a comunidade ou seu ofícios,
cada Irmã esteja sozinha, na cela ou ermida que a Priora lhe indicar. Nos dias que não forem
de festa, faça algum trabalho, nesse lugar de seu recolhimento. Com este isolamento cumprirá
o que manda a Regra: que cada uma esteja sozinha.

61 4.- Nenhuma Irmã possa entrar na cela de outra, sem licença da Priora.

62 5.- Nunca tenham sala de trabalho, para que não haja ocasião de quebrantar o

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silêncio, estando juntas.

CAPÍTULO XI
DA HUMILDADE E PENITÊNCIA

63 1.- A tábua de varrer comece pelo nome da Madre Priora para que em tudo se dê
bom exemplo. Tenha-se muito cuidado de que as Irmãs que tiverem os ofícios de Roupeira e
Provisora provejam a todas com caridade, tanto no sustento como no demais. Não se trate
melhor a Priora e as mais antigas, segundo manda a Regra. Mas atenda-se às necessidades e à
idade, e ainda mais à necessidade que à idade, porque muitas vezes as que têm mais idade
terão menos carências. Haja muito reparo em que isto seja geral, pois convém por muitas
razões.

64 2.- Nunca jamais possam chamar à Priora ou a qualquer outra Irmã, Dona,
Senhora ou Mercê, mas tratem-se com palavras humildes. À Priora e Subpriora — ou à que
tiver sido Priora — chamem Madre e Vossa Reverência; às restantes, Irmã e Vossa Caridade.

65 3.- A Casa, com exceção da igreja, nunca seja construída com muito primor, nem
haja coisas valiosas, mas madeira tosca. Seja casa pequena, de tetos baixos, de maneira a
atender ao necessário e não ao supérfluo; tenha paredes o mais fortes possível, muro alto e
campo para fazer ermidas onde se possam retirar em oração, como faziam os nossos Santos
Padres.

66 4.- Nenhuma repreenda outra pelas faltas que lhe vir cometer. Se forem grandes
(avise-a a sós, com caridade, e se ao fim de três vezes se não emendar) diga-o a Madre Priora e
não a qualquer outra Irma. E já que há zeladoras que estão atentas a isso, descuidem-se e
passem por cima das faltas que virem, reparando só nas suas. Nem se intrometam nas faltas
que possam cometer nos ofícios as Irmãs que os tiverem; a não ser que sejam coisas graves,
que têm obrigação de avisar. Tenham grande cuidado em não se desculparem, exceto no caso
de que isso seja necessário, pois deste modo terão grande aproveitamento na humildade.

67 5.- Como tudo isto vai ordenado de acordo com a nossa Regra, as penitências pelas
culpas e faltas que nestes pontos se fizerem, sejam as penas que virão indicadas no fim destas
Constituições, para culpa maior ou menor. Em tudo poderá a Madre Priora decidir como lhe
parecer justo, com discrição e caridade, não impondo nada sob pena de pecado (mas só sob
pena corporal).

68 6.- (Além das disciplinas de varinhas que se devem tomar — algumas mandadas pelo
Ordinário —, como quando se reza de féria, na Quaresma e Advento; e nas Segundas, Quartas e
Sextas do demais tempos do ano).

Em todas as Sextas-feiras do ano tome-se também disciplina pelo aumento da fé


(pela vida e governo do Rei Dom Filipe, nosso Senhor) pelos benfeitores, pelas almas do
Purgatório, pelos cativos e pelos que estão em pecado mortal, rezando o salmo Miserere e
as orações pelas mencionadas intenções e pela Igreja. Esta disciplina será tomada no coro,

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depois de Matinas, e nenhuma Irmã tome mais disciplinas nem faça outras penitências
sem licença da Madre Priora.

CAPÍTULO XII
DAS ENFERMAS

69 1.- As enfermas sejam tratadas com muito amor, regalo e piedade, conforme a
nossa pobreza; e louvem ao Senhor quando forem bem providas. Se lhes faltar o que os
ricos têm durante a doença, não se desconsolem, pois a isto devem vir determinadas, e
nisto consiste o ser pobre: ter falta do necessário quando há maior necessidade. A Madre
Priora tenha muito cuidado de que antes falte o necessário às sãs, do que alguns mimos
às doentes, e faça com que sejam visitadas e consoladas pelas Irmãs.

70 2.- Escolha-se para enfermeira a que te nha caridade para este ofício, e as
doentes procurem mostrar, nessa altura, a perfeição que alcançaram e adquiriram quando
tinham saúde, tendo paciência e dando pouco trabalho, quando o mal não for muito grande.
Obedeçam à enfermeira, para que aproveitem e saiam com algum lucro da enfermidade, e
edifiquem as suas Irmãs. Usem roupa de linho, tenham boas camas com colchão e lençóis de
estopa, e sejam tratadas com muita limpeza e caridade.

71 3.- Nenhuma Irmã fale sobre se é pouco ou muito, bem ou mal cozinhado o que se
dá para comer. A Priora e a Provisora tenham cuidado de que seja bem preparado, segundo o
que o Senhor tiver dado, de forma a poderem passar com o que se lhes dá, pois não têm outra
coisa.

72 4.- E obrigação das Irmãs dizer à Madre Priora as necessidades que tiverem, e as
noviças o digam à sua Mestra, tanto acerca do vestir como da alimentação, e se precisam de
alguma coisa além do que é habitual, ainda que a necessidade não seja muito grande. Mas,
primeiro, encomendem-no ao Senhor, porque muitas vezes a nossa natureza pede mais do que
lhe é necessário; e outras vezes o demônio ajuda-a, causando medo da penitência e do jejum.

CAPÍTULO XIII
DAS DEFUNTAS

73 1.- Devem-se administrar os sacramentos, do modo prescrito pelo Ordinário.


Pelas Irmãs falecidas no próprio convento façam-se as exéquias e o funeral, com uma Vigília
e Missa cantada. Onde houver possibilidade digam-se as Missas de S. Gregório; e onde isso
não for possível façam como puderem, e todas as religiosas do Convento rezem um ofício de
defuntos.

74 2.- (Por cada religioso ou religiosa da Regra Primitiva que tiver morrido, cada Irmã reze
uma Vigília de defuntos, ou rezem-na todas juntas, no coro. Se houver possibilidade cantem-lhe uma
Missa, e as que não são coristas rezem trinta Pai Nossos e trinta Ave Marias, porque os religiosos
fazem o mesmo por cada Irmã defunta) (32).

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32. Os sufrágios que se devem fazer por toda a Ordem vêm determinados no Cerimonial.

CAPÍTULO XIV
EXORTAÇÃO ACERCA DAS OBRIGAÇÕES DA MADRE PRIORA
E DAS DEMAIS RELIGIOSAS, NOS SEUS OFICIOS

Da Priora
75 1. - O ofício da Madre Priora consiste em ter grande cuidado de que em tudo se
guarde a Regra e as Constituições; em zelar muito a honestidade e clausura do convento, e ver
como se fazem os ofícios; em velar com amor de mãe por que se atendam as necessidades de
todas, tanto no espiritual como no temporal. Procure ser amada, para ser obedecida.
76 2.- Escolha para Rodeira e Sacristã Irmãs em quem possa confiar. Poderá mudá-
las quando lhe parecer, para não dar lugar a que tenham algum apego ao ofício. Designe
também Irmãs para os restantes ofícios, salvo a Subpriora e Clavárias, que serão eleitas por
votos.

(E devem saber escrever e contar, pelo menos duas delas).

Da Subpriora
77 1.- O ofício da Madre Subpriora consiste em ter cuidado do coro, para que se reze
e cante bem e com pausa. Preste-se a isto muita atenção.

78 2.- Quando a Priora faltar, presidirá em seu lugar. Andará sempre com a
Comunidade e corrigirá as faltas que se cometerem no coro e no refeitório, não
estando presente a Priora.

Das Clavárias
79 1.- As Clavárias devem examinar as contas que a Rodeira apresentará
todos os meses, na presença da Priora. Esta pedirá também o seu parecer, em coisas
graves.

80 2.- Deve haver uma arca de três chaves, para guardas as escrituras e depósitos
do convento. A Priora terá uma das chaves, e as outras duas as Clavárias mais antigas.

Da Sacristã
81 1.- E ofício da Sacristã ter cuidado de todas as coisas da igreja, e velar
para que o Senhor ali seja servido com muita veneração e limpeza.

82 2.- Olhará pela boa ordem das confissões.

(e não deve deixar, sob pena de culpa grave, que se vá ao confessionário sem licença, mas só
pa se confessar a quem está nomeado) (33).

33. Ver número 204.

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Da Recebedora e Rodeira
83 1.- O Oficio, de Recebedora e Primeira. Rodeira — que deve ter uma só e mesma
Irmã — impõe-lhe o cuidado de comprar tudo o que for preciso para prover o convento do
necessário, se o Senhor enviar os meios a tempo.

84 2.- Na roda deve falar em voz baixa e de maneira edificante, e olhar com caridade
pelas necessidades das Irmãs.

85 3.- Encarregue-se de escrever as despesas e receitas. Quando comprar alguma


coisa não porfie nem discuta sobre o seu preço mas, tendo-o dito duas vezes, ou fique com ela
ou deixe de a comprar.

86 4.- Não deixe que nenhuma Irmã vá à roda sem licença; e se tiver de ir à grade,
chame logo a terceira.
87 5.- Não conte a ninguém o que se passa na roda. Só à Priora o fará.

88 6.- Também não entregue cartas — senão à Priora que as lerá primeiro —, nem dê
recado algum a nenhuma Irmã, sem primeiro o dizer à Superiora; nem o dê para fora, sob
pena de culpa grave.

Da Zeladora
89 1.- As Zeladoras tenham cuidado de reparar nas faltas que virem cometer, e
de as dizer à Priora pois isso é muito importante.

90 2.- Por sua ordem advirtam-nas algumas vezes em público, ainda que seja de
mais novas para mais velhas, para que se exercitem na humildade. As que forem
repreendidas não respondam coisa alguma, mesmo que se julguem sem culpa.

Da Mestra de Noviças
91 1.- A Mestra de Noviças seja religiosa de muita prudência, oração e espírito.
Tenha muito cuidado de ler as Constituições às noviças e de lhes ensinar tudo o que
devem fazer, tanto o que se refere às cerimônias como à mortificação. Preste mais
atenção ao interior do que ao exterior, informando-se (todos os dias) de como aproveitam
na oração e procedem na meditação dos mistérios, e que fruto tiram. Ensine-lhes o que
hão de fazer no tempo das consolações e no das securas, e como elas próprias devem ir
contrariando a sua vontade em coisas pequenas. A que tem este ofício veja bem que não
seja negligente em coisa alguma, pois está a formar almas em que habitará o Senhor.
Trate-as com piedade e amor , não se espantando das suas faltas. Vá mortificando pouco a
pouco cada uma, segundo vir que ela tem espirito para o suportar, e dê mais importância a
que não haja quebra nas virtudes, do que ao 'rigor da penitencia (e a Priora ordene que a
ajudem a ensiná-las a ler).
92 2.- Quando a Priora vir que não tem nenhuma Irmã competente para o ofício
de Mestra de Noviças, seja-o ela própria e abrace este trabalho, pois é de tanta im -
portância. Ordene a alguma das Irmãs que a ajude.

93 3.- Todas as Irmãs deem (uma vez por mês) conta à Priora da maneira como

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aproveitam na oração e são conduzidas por Nosso Senhor; porque se não andarem bem,
Sua Majestade lhe dará luz para que as guie. Fazer isto, é um ato de humildade e
mortificação, que muito as fará aproveitar.

94 4.- Fique, porém, entendido que o darem as noviças conta à sua Mestra e as
outras religiosas à Priora da sua oração e do proveito que dela tiram, se faça de tal
maneira que a isso não sejam constrangidas mas, antes, saia da vontade de quem o
realiza, por compreender que daí receberá grande benefício espiritual. Ordenamos
portanto às Prioras e Mestras de Noviças que não insistam muito nisto com as suas
súditas. E saibam as súditas que tanto neste como nos demais pontos das Constituições,
não são obrigadas sob pena de culpa.

(como se disse no prólogo das Constituições).

95 5.- Quando as Irmãs que têm os ofícios neles passarem alguma das horas
destinadas à oração, escolham outra hora em que estejam menos ocupadas. Isto no
caso de não terem podido estar em oração durante toda a hora, ou a sua maior parte.

CAPÍTULO XV
DO CAPÍTULO CONVENTUAL (34)

34. Para a adequada adaptação das Constituições de 1581 às normas do Concílio Vaticano II e do Direito
Canônico vigente, pareceu mais conveniente recolher em dois novos capítulos as normas anteriormente contidas
nos capítulos XV a XX destas Constituições. Continua a fazer-se menção das culpas, porque a Santa Madre as
manteve na sua Reforma, como meio eficaz para tender — pela purificação do coração e prática das virtudes
para a união como Deus, principal fim de toda a nossa vida de observância.

96 1.- Uma vez por semana e à hora mais conveniente, faca-se o Capítulo de culpas
onde, segundo a Regra, se trate da observância e da salvação das almas, e sejam corrigidas
com caridade as culpas das Irmãs.

97 2.- Tendo-se tocado o sino e estando todas congregadas no capítulo, ao sinal da


Presidente a Irmã que tiver o ofíco de leitora lerá alguma passagem destas Constituições, dizendo
antes: «lube Domne benedicere». A Presidente responderá: «Regularibus disciplinis nos instruere
dignetur Magister caelestis» e todas concluam: «Amen». Depois, se a Madre Priora julgar
oportuno dizer algumas simples palavras relativas à leitura ou a correção das Irmãs.

98 3.- As Irmãs não falarão no Capítulo senão em dois casos: para dizer com
simplicidade as próprias culpas ou as das Irmãs; e para responder ao que pela Presidente
lhes for perguntado.
Mas para que se não encubram os erros e defeitos, as Irmãs poderão dizer à Madre
Priora o que ouviram e viram e, se parecer bem a esta, adverti-lo depois com caridade.

99 4.- A Madre Priora ou Presidente corrija, com zelo de caridade e amor da justiça,
e sem dissimulação, as cupas que forem claramente vistas, ou de que as Irmãs se acusarem,
conforme o que aqui se estabelecerá.
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Poderá a Madre Priora mitigar ou abreviar a pena devida a culpas cometidas sem
malícia e por fragilidade.

100 5.- Guardem-se as Irmãs de divulgar ou publicar, de qualquer modo que seja, os
segredos do Capítulo.

101 6.- Nenhuma Irmã se refira fora do Capítulo, a modo de murmuração, a


nenhuma das coisas que a Madre nele tiver determinado, porque com isto se originam
discórdias, se rouba a paz ao convento, se fazem divisões e se usurpa o ofício das Superioras.

102 Terminado o Capítulo, toca-se a sineta e tendo voltado as religiosas não Capitulares,
digam o salmo «Deus misereatur» e as outras orações que manda o Ordinário. A Presidente diga:
«Sit nomen Domini benedictum», e todas respondam: «Ex hoc nunc et usque in saeculum».

CAPÍTULO XVI
DAS CULPAS E PENAS

103 As culpas a que a Santa Madre se refere no número 67 das presentes Constituições
são, fundamentalmente, estas:
104 Se alguma Irmã não estiver pontual, de modo a entrar com todas no coro, devida e
ordenadamente.
Se entrar depois de principiado o Ofício Divino. Se não puser todo o cuidado possível
na recitação e canto do Ofício Divino.
Se não preparar as leituras no tempo para isso destinado.
Se não tiver no coro, por negligência, o livro por onde há-de rezar.
Se se rir no coro, ou fizer rir as outras Irmãs. Se não procurar, com todo o cuidado,
observar bem as cerimônia do Ofício Divino.
Se chegar tarde aos atos de comunidade. Se disser palavras ociosas.
Se tratar com negligência, ou partir as coisas que tem a seu uso.
Às Irmãs que se acusarem destas ou de outras culpas semelhantes, seja imposta e
dada como penitência uma ou mais orações, segundo a qualidade das culpas. Ou imponha-
se, também, algum ato de humildade ou de especial silêncio, pelo quebratamento do silêncio
da Ordem.
105 Se chegar ao coro depois de se ter rezado o primeiro salmo (e nesse caso prostre-se,
até que lhe façam sinal para se levantar). Se não estiver atenta ao Ofício Divino, faltando ao
recolhimento da vista.
Se advertidamente deixar de fazer o que foi mandado em comum, ou não estiver
presente num ato de comunidade.
Se for negligente no ofício que lhe confiaram. Se, sendo advertida, se desculpar.
Se mostrar descuido ou desordem no hábito, ou na touca e no véu.
Se entrar nas oficinas do mosteiro sem licença.
Se repreender outra Irmã, ou lhe falar com impaciência.
Se tiver o costume de faltar ao silêncio.
Se pegar nalguma coisa da comunidade sem licença, ou sem evidente necessidade.
As Irmãs que se acusarem de semelhantes culpas, ou delas forem advertidas, sejam

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corrigidas com caridade pela Madre Priora segundo a espécie da culpa.
106 Se alguma não receber com humildade as advertências da Madre Priora ou lhe
responder com pouco respeito.
Se faltar à caridade para com as Irmãs, ou tiver o costume de falar mal dos ausentes.
Se prejudicar a união ou a fama da Comunidade.
Se por palavras ou escritos comunicar com pessoas estranhas ao mosteiro, sem licença
da Priora.
Se enviar alguma coisa para fora do mosteiro ou, sem licença, a receber e guardar para si.
Nestes casos a Madre Priora pode impor outras sanções, tal como a separação da Comunidade
durante algum tempo; a privação de voz e de voto; e a exclusão de qualquier oficio da
Comunidade. Exorte-a com humildade e paciência e, se houver nela humildade de coração, trate-
a com piedade, e toda a Comunidade a ajude no seu bom propósito.
107 Em caso de culpas mais graves, a Priora poderá impor uma pena proporcionada,
com o parecer do seu Conselho.
108 Pode haver penas mais graves, como são a privação dos ofícios de Priora
Subpriora ou Clavária; a privação de voz ativa e passiva, ou a expulsão do mosteiro.
Segundo as normas do Direito, estas penas só podem ser aplicadas nos seguintes casos:
Evidente e continuada rebelião para com os Superiores.
Transgressão de um voto da Profissão, em matéria grave.
Saída ilegítima do mosteiro.
Intercepção da correspondência de um Superior.
109 Se a Priora caísse nalguma destas culpas, seria deposta do seu ofício, segundo os Sa
grados Cânones.
110 A incorrigibilidade da que, sendo muitas vezes advertida, não se quer emendar; ou
a falta de espírito religoso, o habitual descuido das obrigações da vida consagrada, e o
escândalo grave, podem também ser motivo de expulsão, de acordo com os Sagrados Cânones.
111 O Superior competente para privar uma religiosa de voz e voto, ou uma
Clavária do seu ofício, é o Bispo diocesano, que deverá observar tudo o que o Direito
prescreve.

CAPÍTULO XVII
(adjunto)
NATUREZA E FIM DA VIDA CONSAGRADA
DAS CARMELITAS DESCALÇAS

112 A vida religiosa, como consagração total da pessoa humana, manifesta na


Igreja um admirável consórcio criado por Deus como sinal da vida futura. Deste
modo as Carmelitas Descalças completam a sua plena doação com o sacrifício de si
mesmas oferecido a Deus. Por ele, toda a sua vida se transforma num contínuo ato de
culto a Deus, pela caridade. (Conc. Vat. II, Const. Dog. Lumen Gentium, 44, e Cfr. Cân.
607-1).
113 Esta forma de vida consagrada a Deus no Carmelo, constitui um servico á
Igreja, para a extensão do Reino de Deus. (Cfr. Cân. 573). Santa Teresa de Jesus
compreendeu que o amor de Deus deve impelir a trabalhar generosamente pela Igreja, e
fundou os seus mosteiros para que, com a oração e a penitência, eles ajudassem a Igreja e

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os seus Pastores a estender o Reino de Deus a todo o mundo. (CP- Cân. 578).
114 Conscientes, portanto, de terem recebido un dom especial de Deus, para
colaborarem na missão salvadora de Cristo e da Igreja, as Carmelitas ofereçam a sua
vida pelo bem da Igreja e de seus Pastores, e para salvação das almas. Para isto se consagram
a Deus sumamente amado, buscando a perfeição da caridade, a fim de seguir Cristo mais de
perto, sob a ação do Espírito Santo. (Cfr. Câns. 573-1; 574-2 e 578).

CAPÍTULO XVIII
(adjunto)
OS CONSELHOS EVANGÉLICOS E A VIDA COMUM

115 Os conselhos evangélicos são um dom divino que a Igreja recebeu do seu
Senhor, e sempre conserva com a Sua graça. (Conc. Vat. II, Const. Dog. Lumen Gentium 43 e
Cfr. Cân. 5 75).
116 A Nossa Madre Santa Teresa escolheu este meio para viver, na Igreja, a vocação
a que tinha sido chamada: seguir com toda a perfeição possível os conselhos evangélicos. E
deixou-o estabeleciendo como forma de vida estável, em seus mosteiros (1). (Cfr. Cân. 574,1,
2).

1. Cfr. S. TERESA, Caminho, 1,2.

117 As Carmelitas Descalças comprometem-se, com votos públicos e solenes, a viver os


conselhos evangélicos de castidade, pobreza e obediência, segundo a Regra e Constituições da
sua Ordem, e unem-se de um modo especial à Igreja, mediante a caridade a que os citados
conselhos conduzem (Cfr. Câns. 573-2 e 598-1, 2).

1. - Castidade
118 O conselho evangélico da castidade pelo Reino dos Céus, traz consigo
a observância da perfeita continência, na virginidade. Por ela, a Carmelita
entrega-se totalmente a Cristo na Igreja, com coração não dividido. Esta
perfeita continência pelo Reino dos Céus, sumamente estimada pela Igreja,
fomenta nela de uma maneira especial a santidade; é sinal e estímulo da
caridade, e manancial extraordinário de fecundidade espiritual no mundo.
(Conc. Vat. II, Dec. Perfectae Caritatis, 12; Cfr. Câns. 598-1 e 599).
119 A castidade por amor do Reino dos Céus deve estimar-se como um exímio dom
da ,graça pois liberta de modo singular o coração, para que se inflame cada vez mais no amor
de Deus e de todos os homens (Cfr. Conc. Vat. II, Dec. Perfectae Caritatis, 12; Câns. 598-1 e 5 9
9) .
120 Sendo a castidade um dom frágil e vulnerável, exposto a contradições e
perigos por causa da fraqueza humana, é necessário que as Carmelitas não presumam
das suas próprias forças mas, confiadas no auxílio de Deus, pratiquem assiduamente a
oração, a mortificação, a guarda dos sentidos, a austeridade de vida prescrita pelas
nossas leis, as penitências de super-rogação, a modéstia religiosa, o santo hábito usado
contínua e permanentemente, e a guarda da clausura papal. Também fecharão
cuidadosamente as portas dos seus mosteiros a tudo o que possa desviar do fervor da

56
caridade ou deslustrar, no mínimo, a delicadeza com que esta virtude deve ser guardada
(Cfr. Conc. Vat. II, Dec. Perfectae Caritatis 12; Câns. 587-1 e 666).
121 Tenham presente as Carmelitas, que a Nossa Santa Madre lhes recorda
constantemente o seu glorioso título de esposas de Jesus Cristo (2), Guardem com toda
a guarda o seu coração (3), para que possam chegar a transformar-se, por amor, no
Filho de Deus, seu Esposo; e possam gozar do seu amado Esposo, que é o tesouro
escondido no campo da sua alma (4) N' Ele, viverão profundamente unidas a seus irmãos
e encontrarão essa paz profunda (5) e essa notícia de Deus, gozosa, gostosa, casta, pura,
espiritual, alegre e amorosa, que o coração puro encontra em todas as coisas . (Cfr. Can.
598-1,2).

2. Cfr. S. Teresa, Caminho, 2,1; 7,8; 13,2; 22,7; 26,3-6; 28,3; Meditações sobre os Cantares, 2,5.
3. Cfr. S. JOÃO DA CRUZ, Cântico Espiritual, 1,10
4. Cfr. Ibid. Id., 1,9.
5. Cfr. PAULO VI, Exort. Apost. Evangelica Testificatio 13.
6. Cfr. S. JOÃO DA CRUZ, 3. Subida do Monte Carmelo. 26.6.

2. -Pobreza
122 Para imitar a Cristo que, sendo rico Se fez pobre por nós, as Carmelitas
Descalças renunciam em espírito e de fato aos bens terrenos, e comprometem-se a levar
uma vida austera e laboriosa, dependendo da sua Superiora no uso e disposição dos
bens comuns, e observando fielmente tudo o que nas presentes Constituições se
prescreve acerca da administração e renúncia dos bens (Conc. Vat. II, Dec. Perfectae
Caritatis, 13; Cfr. Cân. 600; Constituições, núms. 158 a 163; 206, 208, 209).
123 Os edifícios dos seus mosteiors devem ser pobres (7) e, sem se apoiarem em
indústrias humanas (8), nem com isso ocupar o pensamento (9), as Carmelitas devem fiar o
seu sustento da Divina Providência, contentar-se com uma manutenção moderada, ajudar-se
com o trabalho de suas mãos e, na medida das suas possibilidades, ajudar também os pobres e
necessitados. (Cfr. Cân. 598, 635, 2 e 640).

7. Cfr. S. TERESA, Caminho. 2,9.


8. Cfr. Ibid. Idem. 2,1.
9. Cfr. Ibid. Id. 2,4.

124 As Carmelitas Descalças devem considerar a miúdo «os bens que há na Santa
pobreza» (10). Não a temam; desejem-na, antes, e tenham-na por particular mercê de Deus
(11). Guardem-na de todos os modos «na casa, no vestir, nas palavras e, muito mais, no
pensamento» (12). Sofram com alegria as consequências da pobreza e procurem que não lhes
falte o desejo de que lhes falte alguma coisa (13). Esforcem-se por praticar e santa virtude da
humildade, pois os pobres não são honrados nem estimados pelo mundo. Pelo contrário, a
pobreza e a humildade andam quase sempre juntas (114). (Cfr. Cân. 598-1).

10.Ibid. Id., 2,5.


11. Cfr. Ibid., Meditações sobre os Cantares, 2,8.
12. Ibid., Caminho, 2,8.
13. Cfr. S. JOÃO DA CRUZ, Carta, 19,2.
14. Cfr. S. TERESA, Caminho, 2,6.

57
3. – Obediência
125 O conselho evangélico da obediência a exemplo de Cristo, Que Se fez obediente até
à morte, impõe a submissão voluntária aos legítimos superiores. Eles fazem as vezes de Deus
e, portanto, deve-se-lhes prestar obediência com espírito de fé e de amor (Conc. Vat. II, Dec.
Perfectae Caritatis, 14; Cfr. Cân. 601).
126 As Carmelitas Descalças professam, de maneira especial, submissão à Igreja, a
exemplo de sua Santa Fundadora. Ela consagrou de tal forma a sua vida e obra ao serviço
da Igreja que teria preferido morrer mil mortes do que, desviar-se um ponto dos seus
preceitos e conselhos (15). Em virtude do voto de obediência, cada Irmã deve obedecer ao
Sumo Pontífice como a seu supremo Superior (Cfr. Câns. 590-2 e 592-2).

15. Cfr. Ibid., Vida, 33,5.

127 Tenham sempre presente as Carmelitas, que a obediência é o verdadeiro


caminho para conseguir sujeitar a vontade à razão e, assim, «empregá-la pura e
totalmente em Deus» (16). Obedeçam, pois, com espírito de fé, tendo sempre presentes as
palavras do Senhor Que disse: «Quem vos ouve, a Mim ouve» (Lc 10,16) (17). Estejam sempre
preparadas para cumprir a obediência, como sendo Cristo Quem lhes manda na sua Priora
(18), cuja vontade o Senhor tanto deseja ver cumprida como se fosse a d' Ele (19). Procurem
«andar alegres, servindo no que lhes mandam» (20); recebam «tão alegremente o saboroso
como o amargo, entendendo que o quer Sua Majestade» (21). (Cfr. Câns. 598-1 e 601).

16. S. Teresa, Fundações, 5,11.


17. Cfr. Ibid. Id., 5,12.
18. Cfr. Ibid., Avisos. 26.
19. Cfr. Ibid., VII Moradas. 4,21.
20. Ibid. Caminho. 18,5.
21. Ibid. Fundações, 5,11.

128 Resplandeça em todas a humildade e a obediência (22) e, como a virtude da


obediência tudo pode (23) e para tudo dá forças, ponham todo o cuidado em cumprir com a
maior perfeição este voto (24), pois «não há caminho que mais depressa leve à suma perfeição,
que o da obediência» (25) (Cfr. Câns. 598-1 e 601).

22. Cfr. Ibid., Carta. 34,2.


23. Cfr. Ibid., Vida. 18,8.
24. Cfr. Ibid. Caminho, 18,8.
25. Ibid., Fundações. 5,10.

129 Nos mosteiros de Carmelitas Descalças, por vontade expressa de sua Fundadora,
Santa Teresa de Jesus, devem brilhar — como características de vida consagrada — a vida de
comunidade e a separação do mundo. Jesus Cristo é o centro desta vida escondida em Deus,
segundo a palavra evangélica: «Onde dois ou três estiverem reunidos em Meu nome, aí estou
Eu» (26), e como Ele próprio declarou a Santa Teresa de Jesus, prometendo que estaria no
meio de nós (27) (Cfr. Cân. 607-2,3).

26. C fr. Mat eus, 18,20.


27. Cfr. S. TERESA, Vida, 32,11.

58
130 A vida de comunidade, pela qual todas as Carmelitas se unem a Cristo, como
numa família especial, será ordenada de tal modo que sirva a todas de ajuda mútua para o
cumprimento da própria vocação. (Cfr. Conc. Vai. II, Dec. Perfectae Caritatis, 15; e Cân 602)
Deste modo, cada mosteiro de Carmelitas será um «cantinho de Deus, morada de Sua glória,
paraíso de Seus deleites; um pombalzinho da Virgem Nossa Senhora, onde se viva em
plenitude o mistério da Igreja, Esposa de Cristo, com esse tom de austeridade e alegria,
característico da herança teresiana» (28).

28. JOÃO PAULO II, Homilia da Missa de encerramento do IV Centenário da Morte de S. Teresa de Jesus,
Ávila, 1-11-1982.

131 Para que Deus assim more com agrado no mosteiro, esforcem-se as religiosas
por ter um só coração e uma só alma, e por se honrarem mutuamente como verdadeiras
Irmãs. Assim fazendo, serão exemplo da reconciliação e harmonia univesal operada pela
Redenção de Cristo. (Cfr. Conc. Vat. 11. Dec. Perfectae Caritatis, 15: e Ccin 602).

132 5 . -Fórmulas de Profissão


Para a Profissão de votos temporários:
Eu, a Irmã N...N..., faço a minha profissão de votos temporários por três anos, e
prometo obediência, castidade e pobreza a Deus Nosso Senhor, á Bem-aventurada
Virgem Maria do Monte Carmelo e a vós, Reverenda Madre Priora e a vossas
sucessoras, segundo a Regra Primitiva da Ordem de Carmelitas Descalços e as nossas
Constituições.

Para a Profissão Solene:


Eu, a Irmã N...N..., faço a minha profis são solene, e prometo obediência, castidade
e pobreza a Deus Nosso Senhor, à Bem-aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo e a vós,
Reverenda Madre Priora e a vossas sucessoras, segundo a Regra Primitiva da Ordem de
Carmelitas Descalços e as nossas Constituições, até à morte.

CAPÍTULO XIX
(adjunto)
CONDIÇÃO JURÍDICA DOS MOSTEIROS. SUA EREÇÃO E SUPRESSÃO

133 A Ordem da Bem-aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo forma, na


Igreja, una família espiritual a que pertencem tanto os Padres Carmelitas como as
Religiosas Carmelitas Descalças. Deve existir entre eles uma unidade de espírito e conteúdo
doutrinal, mas não necessáriamen-te uma dependência de governo e de jurisdição.
Quanto à sua condição jurídica, os nossos mosteiros — conservando embora a unidade
espiritual com toda a Ordem — não têm outro Superior maior acima da Priora a não ser a
Santa Sé; nem estão associados aos Irmãos Descalços de maneira a que o Prepósito Geral
tenha sobre eles poder algum. Estão, portanto, confiados à vigilância do Bispo diocesano, nos
termos do Direito (Cfr. Cân. 615).
134 Estes mosteiros, erectos por decreto formal da Sé Apostólica, são de direito
pontifício e dependem imediatamente da mesma Santa Sé, no que se refere ao governo
59
interno e à disciplina (Cfr. Câns. 589, 593, e 609).
135 A Igreja reconhece a estes mosteiros uma justa autonomia de vida e, sobretudo, de
governo, para que gozem de disciplina própria e possam conservar o patrimônio doutrinal,
espiritual e litúrgico que lhes é próprio. Compete aos Ordinários do lugar conservar e
defender essa autonomia (Cfr. Cân. 586,1-2).
136 A condição jurídica de um mosteiro deve determinar-se no ato da fundação, ou por
uma disposição especial da Sé Apostólica.
137 Todas as comunidades de Carmelitas Descalças devem habitar num mosteiro
legítimamente constituído sob a autoridade de uma Priora que é, por direito, Superior maior,
designada segundo os termos do Direito (Cfr. Câns. 608 e 613,2).
Cada mosteiro terá uma igreja pública, onde se celebre e conserve a Sagrada
Eucaristia, para que seja verdadeiramente o centro da comunidade (Cfr. Cân. 608).
138 Para erigir um mosteiro requer-se a licença da Sé Apostólica e o
consentimento do Bispo diocesano, dado por escrito (Cfr. Cân. 609,1-2).
139 A ereção de um mosteiro faz-se tendo em consideração a utilidade da Igreja e
o bem da Ordem, e assegurando as condições que se requerem para que as monjas vivam
devidamente a vida própria do Carmelo (Cfr. Cân. 610,1). Sem deixar de prestar a
suficiente atenção às necessidades temporais, as religiosas que empreenderem uma nova
fundação devem descansar confiadamente na Providência de Deus (Cfr. Cân. 609,2).
140 O Bispo diocesano, sob cuja vigilância estão os nossos mosteiros, informará a
Santa Sé nos casos em que se imponha a supressão de um mosteiro. De igual modo se
decidirá o destino dos bens do mosteiro suprimido (Cfr. Cân.616,4).

CAPÍTULO XX
(adjunto)
GOVERNO DO MOSTEIRO

1. -A Priora e suas Conselheiras


141 Para o ofício de Priora será eleita, para um período de três anos, uma
religiosa idônea, que tenha completado trinta e cinco anos de idade e cinco de profissão
solene na Ordem, segundo o Direito — nos Cânones 623, 624, I — e as Constituições, 5.
A partir da terceira eleição, requerem-se ao menos dois terços dos votos (gr. Cân. 181,
1).
142 A Priora de um mosteiro de Carmelitas Descalças é Superior maior e tem para
com o mosteiro as obrigações e direitos determinados pelo Direito universal e pelas presentes
Constituições (Cfr. Câns. 613 e 620).
143 A religiosa legitimamente eleita para o ofício de Priora recebe de Deus, mediante o
ministério da Igreja, autoridade para governar o mosteiro e conduzir as Irmãs no caminho da
sua entrega a Deus, segundo as presentes Constituições. Ponha, portanto, todo o empenho em
formar uma comunidade em que, acima de tudo, se busque e ame a Deus. (Cfr. Câns. 618 e
619).
144 A Priora terá o seu Conselho, formado por três conselheiras designadas com o
nome de Clavárias. Uma delas será sempre a Subpriora. Serão eleitas pelo capítulo da
Comunidade, para o mesmo período de tempo que a Priora. Tanto a Subpriora como as
Clavárias devem colaborar com a Priora de acordo com o número 79 das presentes

60
Constituições 2(Cfr. Cán. 627,1).

O Capítulo e as Eleições
145 O Capítulo do mosteiro é formado por todas as religiosas de votos solenes, sob a
presidência da Priora (Cfr. Câns. 631, 1 e 632).
146 E da competência do Capítulo:
a) Manter, em estreita colaboração com a Madre Priora o espírito da Comunidade; a
fidelidade ao pensamento e propósitos de Nossa Santa Madre Fundadora; e as sãs tradições
da Ordem e do mosteiro.
b) Tratar e resolver, por votação secreta, os assuntos da sua competência, de
acordo com as normas destas Constituições (Cfr. Cân 631, 1-2).
147 O modo de proceder dos órgãos de consulta da Priora — Conselho e
Capítulo —, deve conformar-se com a índole dos mosteiros de Carmelitas, e com o
espírito de sua Santa Fundadora (Cfr. Cân. 633, 2: Const. números 77, 78 e 79).
148 A eleição da Priora do mosteiro será presidida pelo Bispo diocesano ou por um seu
delegado (Cfr. Câns. 615 e 625,2).
149 O escrutínio será feito de acordo com o Direito e as Constituições. O
Presidente designará dois sacerdotes que farão de escrutinadores. (Cfr. Cân. 164 e Const. 27).
150. Em tudo o que se refere às eleições e que não estiver determinado nas presentes
Constituições, observem-se as normas do Direito universal. (Cfr. Câns. 164 a 179).
151 Uma vez que a Priora tenha tomado posse do seu ofício, o Capítulo deve proceder
à eleição da Subpriora e das Clavárias. A Madre Priora presidirá a esta eleição, e as duas
Clavárias mais antigas farão de escrutinadoras (Cfr. Cân. 632).
152 Tendo presente e buscando unicamente a Deus e o bem do mosteiro, as Irmãs
elegerão aquelas que, diante do Senhor, lhes parecerem mais dignas e aptas. Guardem-se de
procurar votos para si mesmas ou para as outras. Podem, no entanto, trocar impressões, a
título de orientação sobre o que é mais conveniente (Cfr. Cân. 626).

3.-Postulação
153 Se algum impedimento Canônico, que pode ou costuma ser dispensado, se
opõe à eleição da religiosa que é considerada mais apta e preferida pelas eleitoras,
podem postulá-la à competente autoridade, por meio de votação.
O bom andamento da comunidade e a opção da maioria do Capítulo, são
considerados motivos suficientes para fazer a postulação (Cfr. Cân. 180).
154. Para que a postulação seja válida, requerem-se ao menos dois terços dos votos.
Nos casos não previstos por estas Constituições sigam-se os trâmites prescritos pela
legislação geral da Igreja (Cfr. Câns. 180 a 183).

4. -Visita dos mosteiros


155 Os nossos mosteiros estão submetidos à vigilância do Bispo diocesano, segundo a
norma do Cânon 615. A autoridade competente para os visitar é, portanto, o mencionado
Bispo, ou um seu Delegado (Cfr. Cân 628-2).
156 O Visitador tem a faculdade de se informar sobre as normas da Igreja referentes
à vida contemplativa; sobre a disciplina religiosa e sobre o modo como se observam as leis da
clausura papal (Cfr. Cân. 628, 1-2).
157 As religiosas tratem confiadamente com o Visitador, ao qual estão obrigadas a

61
responder segundo o verdade, na caridade, quando legítimamente interrogadas. A ninguém é
lícito afastar as religiosas desta obrigação, seja pelo modo que for, nem impedir de algum
modo a finalidade da visita (Cfr. Cân. 628. 3).

5. Administração dos bens


158 Um mosteiro de Carmelitas goza de personalidade jurídica, segundo o Direito, e
tem capacidade para adquirir, possuir, administrar e alienar bens móveis e imóveis (Cfr.
Câns. 634 a 640). Evite-se, sem embargo, o que de algum modo possa ser contrário às
normas dos números 46 a 49 das presentes Constituições (Cfr. Cân. 634,1-2).
159. Os bens do mosteiro, se os possuir, devem ser administrados segundo as normas
do Direito universal da Igreja, e as presentes Constituições. Deverão inscrever-se no nome da
pessoa jurídica do mosteiro e, só em casos excepcionais e por exigência da lei civil, poderão
pôr-se em nome de pessoas físicas. Neste caso procure fazer-se um contrato válido perante a
lei civil, de tal maneira que fiquem salvaguardados os direitos do mosteiro, seguindo as
disposições da competente autoridade eclesiástica (Cfr. Cân. 635, 1-2).
160 Os atos de administração ordinária poderão ser validamente feitos pela Priora ou
por uma religiosa por ela designada, se for necessário. Esta procederá sempre sob a
dependência da Priora que, por sua vez, pedirá a aprovação do seu Conselho, nos casos
previstos pelo Direito (Cfr. Cân. 636,1- 2 ) .
161 Na administração ordinária entram todos os gastos feitos com a alimentação, a
casa, a conservação habitual do mosteiro e lugares anexos, os impostos e taxas, o salário dos
empregados, a retribuição pelos ministérios, e os donativos e ajudas a pessoas necessitadas
(Cfr. Cân 638,1).
162 Para a validade da alienação e de qualquer negócio em que a condição patrimonial
da pessoa jurídica possa ser prejudicada, requer-se a licença do Ordinário do lugar, dada por
escrito. Mas se exceder a quantia assinalada pela Santa Sé para aquele território, tal negócio,
bem como a alienação de bens doados à Igreja por causa de um voto, ou de objectos de valor
artístico ou histórico, também requer a licença da mesma Santa Sé (Cfr. Cân. 638, 3-4).
163 Para as receitas e despesas, procedam segundo o número 49 destas Constituições.
O livro de contas deverá ser assinado pela Priora e pelo seu Conselho (Cfr. Cân. 637).

CAPÍTULO XXI
(adjunto)
ADMISSÃO E FORMAÇÃO

1. -Admissão das aspirantes


164 O direito de admitir aspirantes corresponde à Madre Priora como o voto
deliberativo do Capítulo do mosteiro (Cfr. Cân. 641).
165 Além das condições requeridas pelo Direito universal e pelo número 7 destas
Constituições, a índole, saúde e maturidade das aspirantes pode comprovar-se, sendo
necessário, como o recurso ao conselho de peritos, ficando salvaguardado o que establece o
Cân. 220 do Código de Direito Canônico (Cfr. Câns. 597 e 642).
166 As aspirantes devem apresentar, antes de serem admitidas, a certidão de Baptismo
e Confirmação, e atestar também o seu estado livre (Cfr. Cân. 645,1).
167 A Madre Priora pode pedir ainda outras informações, se o julgar necessário,

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mesmo debaixo de segredo (Cfr. Cân. 645,4).
168 Antes de começar o noviciado, a aspirante passará seis meses de postulantado, sob
a direção da Mestra de noviças, a fim de provar que é idônea para a vida do Carmelo e
receber uma adequada preparação. Durante esse tempo está obrigada a observar a lei da
clausura (Cfr. Cân. 643, 2).

2.-Noviciado
169 Terminado o tempo de postulantado, a aspirante fará oito dias de Exercícios
Espirituais e, se for considerada idônea, dará início ao noviciado com a tomada de hábito,
segundo o número 12 das Constituições (Cfr. Cân. 643,2).
170 O noviciado tem por finalidade que as noviças conheçam mais de perto a
vocação divina e, também, a própria da Ordem; experimentem o modo de viver do
mosteiro; embebam a mente e o coração com o seu espírito, e possam ser comprovados os
seus propósitos e idoneidade (Cfr. Cân. 646).
171 O noviciado deve ser feito numa parte do mosteiro destinada a este fim e
exclusivamente reservada para as noviças. Não obstante isso, estas participarão com a
Comunidade em todos os atos comuns, mantendo também um contato oportuno com a
Comunidade, segundo as diretrizes dadas, de mútuo acordo, pela Priora e pela Mestra, tendo
em conta o caráter de família próprio dos nossos mosteiros (Cfr. Cân 647, 2-3).
172 Para o noviciado ser válido, deve durar doze meses contínuos no mesmo
mosteiro (Cfr. Cân. 648,1). Em caso algum deve durar mais de dois anos (Cfr. Cân. 648,3).
173 Só por uma causa justa se poderá interromper o noviciado. Se a ausência dele
ultrapassar três meses, contínuos ou descontínuos, o noviciado será inválido. Qualquer
ausência que exceda quinze dias deve ser suprida. Se as circunstâncias o aconselharem, a
Priora tem a faculdade de anticipar a primeira profissão, mas não mais de quinze dias (Cfr.
Cân. 649, 1-2).
174 Durante o noviciado a formação consistirá principalmente em ir instruindo e
gradualmente dirigindo as noviças para a perfeição própria da vida descalça. Terão nela por
modelo a Jesus Cristo, na vida virginal e pobre que escolheu para Si e para a Virgem Sua
Mãe, particularmente nos anos da Sua vida oculta, em Nazaré.
Para atingir este ideal, seguir-se-á o plano de formação proposto por Santa Teresa de
Jesus no «Caminho de Perfeição», escrito por ela para as suas monjas. Também se servirão
dos outros escritos de Santa Teresa e de S. João da Cruz.
É igualmente própria do noviciado uma iniciação à vida litúrgica, já que as Carmelitas
são chamadas a participar na obrigação e altíssima honra de louvar a Deus em nome da Igreja.
(Cfr Conc. Vat. II, Const. Dog. Lumen Gentium, 46; Const. Sacrosanctum Concilium, 85; Cân. 650,
1).
175 A direção do noviciado será reservada só à Mestra, sob a direção da Priora. Mas se
as circunstâncias o aconselharem, esta poderá designar para sua ajudante uma Irmã que lhe
estará subordinada em tudo o que se refere ao noviciado (Cfr. Câns. 650, 2 e 651, 2).
176 A Mestra de noviças será nomeada pela Priora com o consentimento do
Superior. Terá trinta anos completos de idade, e três de profissão solene, e estará livre de
outras obrigações que a impeçam de cumprir com este cargo (Cfr. Cân. 651, 1-3).
177 Além de observar diligentemente tudo o que se prescreve no número 91 destas
Constituições, a Mestra ensinará as noviças a encontrar na doutrina de Santa Teresa de Jesus
as condições que o Concilio Vaticano II exige aos mosteiros de vida contemplativa, isto é:

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solidão, silêncio, oração contínua, e generosa penitência. Ensiná-las-á a vivê-las segundo o
peculiar carisma da sua Santa Fundadora e, a seu exemplo, a ter por seu maior título de glória
o de filha da Igreja. Fomente, portanto, em seus corações um profundo amor e submissão ao
Vigário de Cristo e a todos os Pastores da santa Igreja. Esforce-se, também, por fazê-las
conhecer e amar a história, a vida, a espiritualidade e as sãs tradições da Ordem do Carmo
(Cfr. Cân. 652.2).
178 Conscientes da sua própria responsabilidade, as noviças colaborem
ativamente com a Mestra, de maneira a corresponderem fielmente à graça da vocação
divina (Cfr. Cân. 652,3).
179 A Comunidade, por sua parte, deve colaborar na formação das noviças,
com o exemplo da sua vida e com a oração (Cfr. Cân. 652,5).
180 Durante o ano de noviciado não devem empregar-se as noviças em ofícios ou
trabalhos que não contribuam dietamente para a sua própria formação (Cfr. 652. 5).
181 Durante o noviciado a noviça pode livremente abandonar o mosteiro. A
Madre Priora por sua parte, pode despedir a noviça por justos motivos, depois de
ter ouvido a Mestra (Cfr. Cân. 653, 1).
182 Terminado o noviciado, se a noviça for julgada idônea, será admitida à
profissão temporária, segundo a norma do número 12 das presentes Constituições; de
contrário, seja despedida. Em caso de dúvida, a Priora pode prolongar o tempo de prova,
mas não além de seis meses. Antes da profissão temporária a noviça deverá fazer oito
dias de Exercícios Espirituais (Cfr. Cân. 653,2).

3. -A Profissão
183 Com a profissão religiosa a noviça compromete-se, com voto público, a observar
os três conselhos evangélicos. Consagra-se a Deus pelo ministério da Igreja e incorpora-se
na Ordem e na sua Comunidade, com os direitos e deveres determinados pelo Direito
universal e pela presentes Constituições (Cfr. Câns. 654 e 658).
184 A profissão temporária será emitida por três anos (Cfr. Cân. 655).
185 Para a validade da profissão temporária a noviça deverá ter completado dezoito
anos e possuir os demais requisitos exigidos pelo Direito universal e pelo número 17 destas
Constituições (Cfr. Cân. 656).
186. Depois da primeira profissão continuar-se-á a formação das Irmãs. Para isso,
permanecerão no noviciado pelo menos durante dois anos, sob a direção da Mestra. Esta,
prosseguindo o trabalho começado durante o noviciado, porá o maior empenho em conduzir
as recém-professas segundo os princípios prescritos pela Regra Primitiva e por estas
Constituições. Tomando como manual de perfeição os escritos dos Santos Fundadores, guiará
as professas para o fim supremo de toda a carmelita: a união da alma com Deus (Cfr. Cân.
659,1-2).
187. Durante o tempo dedicado à primeira formação não se confiem às religiosas
afazeres que lha impeçam; mas vão se integrando progressivamente na vida e ofícios da
Comunidade (Cfr. Cân. 660,2).
188 O momento de deixar o noviciado e passar para a Comunidade ter. lugar no
terceiro ano desta segunda etapa de formação, e será determinado pela Madre Priora de
acordo com as circunstâncias especiais de cada uma (Cfr. Cân. 659,2).
189 Terminado o período dos votos temporarios, a religiosa que espontaneamente
o pedir e for considerada idônea, deve ser admitida á profissão dos votos solenes. Caso

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contrário deve abandonar a Ordem, a não ser que, por justos motivos e com o voto
deliberativo do Capítulo, a Priora lhe conceda o prolongamento da profissão temporária
por um período que não deve ultrapassar seis anos (Cân. 657,1-2).
190 A profissão solene pode antecipar-se por justa causa, mas não mais de três
meses. Antes dela far-se-ão oito dias inteiros de Exercícios Espirituais (Cfr. Cân.
657,3).
191 Se uma noviça se achar em perigo de vida, a Priora pode admiti-la à
profissão, ainda que não tenha terminado o noviciado. Se recuperar a saúde, ficará na
mesma condição em que estaria se não tivesse feito os votos (Cfr. Cân. 657,3).
192 As professas de votos temporários gozam das mesmas indulgências, privilégios e
graças espirituais que as de votos perpétuos, e se morrerem têm direito aos mesmos sufrágios,
segundo o número 73 das presentes Constituições (Cfr. Cân. 654).
193 Para a validade da profissão solene requer-se, além das condições indicadas no
Cânon 656, 3-5:
a) que tenha a idade de vite e um anos completos;
b) que a tenha precedido a profissão temporária, ao menos por um triénio; a não ser que,
por causa justa, a profissão solene seja antecipada, mas não por mais de três meses;
c) haver provas de que a religiosa tem as qualidades exigidas no número 17 destas
Constituições (Cfr. Cân. 658).
194 A profissão será pública e emitida nas mãos da Priora com a fórmula de votos
aprovada nas Constituições.
A ata da profissão, assinada pela professa, pela Priora e por uma Clavária, conservar-
se-á no arquivo da Comunidade.
Sendo possível, a Priora deve comunicar a notícia da profissão solene ao pároco da
igreja onde a professa foi batizada (Cfr. Câns. 535,2 e 654).
195 Com a profissão temporária a religiosa incorpora-se na Ordem e no seu próprio
mosteiro, com os direitos e deveres determinados pelas Constituições e pelo Direito comum.
Ao fazer a profissão solene, a incorporação é definitiva e a professa adquire, além disso, voz
ativa e passiva (Cfr. Cân. 654).
196 As Carmelitas Descalças prosseguirão diligentemente a sua formação espiritual,
doutrinal e prática, durante toda a vida. A Madre Priora velará por que não faltem à
Comunidade os meios necessários para esta formação permanente (Cfr. Cân. 661).

CAPÍTULO XXII
(adjunto)
DEVERES E DIREITOS DAS CARMELITAS DESCALÇAS

197 As Carmelitas Descalças, tendo como regra suprema da sua vida o


seguimento de Cristo proposto no Evangelho e manifestado na Regra, Constituições e
escritos de Santa Teresa de Jesus e S. João da Cruz, devem ordenar a sua vida segundo
o espírito que professaram e a vocação que receberam de Deus (Cfr. Câns. 598,2 e 662).
198 A contemplação dos divinos mistérios da união com Deus na oração, não são
apenas o primeiro e principal dever das Carmelitas Descalças, mas constituem a
própria essência da sua vocação, e o único e exclusivo apostolado da sua vida,
inteiramente imolada na contemplação.

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Esforcem-se, portanto, por progredir cada dia mais na intimidade divina, por
meio do trato com Deus, transformando toda a sua vida em oração (Cfr. Cân 663,1).
199 Tributem as Irmãs a máxima veneração à Santíssima Eucaristia, participando
na celebração da Santa Missa e recebendo este Santíssimo Sacramento, segundo tudo o
que se prescreve no número 44 das presentes Constituições. Prestem-lhe culto como
cume e fon te de toda a sua vida consagrada. Celebrem diante do Santíssimo
Sacramento o Ofício Divino, as duas horas de oração prescritas pelas Constituições, e os
outros exercícios de piedade. Visitem frequentemente o Santíssimo Sacramento, tanto
quanto isso for compatível com a vida monástica do Carmelo (Cfr. Câns. 608 e 663, 2-3).
200. Observem fielmente o tempo prescrito para a leitura espiritual, em que lerão a
Sagrada Escritura e os escritos de Santa Teresa e de S. João da Cruz, que devem consti tuir
a principal fonte da sua formação e da sua vida espiritual. Leiam também assiduamente os
escritos de Santa Teresa do Menino Jesus.
201. Além dos livros indicados no número 59 destas Constituições, procure a Priora
que haja outros muito aprovados, como os escritos dos Padres da Igreja e dos Santos;
comentários sobre a Sagrada Escritura e a Liturgia; História da Igreja e da Ordem, e outros
livros que possam ajudar as Irmãs a aprofundar a sua vida interior e a espiritualidade
carmelita (Cfr. Cân. 663,3).
As comunidades de Carmelitas Descalças estão obrigadas a celebrar diariamente no
coro todo o Ofício Divino. Se por alguma causa as religiosas que fizeram profissão solene
não puderem recitar no coro alguma das Horas canônicas, devem rezá-la em particular.
Mas a Priora poderá dispensar deste ponto, por doença ou por outra causa justa. (Cfr.
Conc. Val. II. Const. Sacrosanctum Concilium, 95; Cân. 663, 3; Instrução geral da Liturgia das
Horas, 31, b).
202. Procurem todas as Irmãs aprofundar o espírito da Sagrada Liturgia. Ponham o
maior cuidado e empenho no cumprimento das rubricas e cerimônia. Esforcem-se por que a
celebração seja digna, atenta e piedosa; e sobretudo por que o espírito concorde com a voz.,
para que o seu louvor seja expressão íntima da sua união com Cristo e com a Sua Igreja.
Deste modo, a celebração do Ofício Divino será manancial de piedade e de múltiplas graças
divinas (Cfr. On. 663, 3; Instr. Geral da Lit. das Horas, 19).
203 Como verdadeiras filhas da Virgem Maria, as Carmelitas horarão a sua Mãe
Santíssima com as seguintes homenagens:
a) A Solenidade da Bem-aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo será celebrada
como a festa principal da Ordem, e todas as outras festividades de Nossa Senhora se
celebrarão do modo conveniente.
b)Todos os Sábados em que as rubricas o permitirem, será celebrada nas suas igrejas a
Missa de Santa Maria no Sábado.
c)Todos os dias cantarão no fim de Completas, a antífona mariana correspondente ao
Ofício do tempo litúrgico.
d) Nos Sábados e na véspera das solenidades da Santíssima Virgem será solenemente
cantada no coro a «Salve Regina».
e) Todos os dias se rezará em comum o Terço, as Ladainhas de Nossa Senhora e o
«Angelus Domini».
Cada comunidade poderá, além disso, manifestar a sua piedade filial para com a
Santissima Virgem por meio de outros piedosos exercícios, segundo os usos e costumes próprios
de cada mosteiro (Cfr. Cân. 663,3-4).

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A Priora velará, também, por que cada comunidade faça anualmente os Exercícios
Espirituais e por que as Irmãs tenham alguns dias de retiro espiritual, segundo o costume de
cada mosteiro (Cfr. Cân. 663,5).
204 Em cada Comunidade haverá um Confessor ordinário, aprovado pelo Ordinário
do lugar. Será escolhido e proposto pela Madre Priora depois de uma troca de pareceres com
a Comunidade.
A Priora procurará que as religiosas se aproximem frequentemente do Sacramento da
Penitência, nos termos do Direito e em conformidade com o número 45 destas Constituições
(Cfr. Câns. 630,2-3 e 664).
205 A Priora goza do direito de propor ao Ordinário do lugar um sacerdote idôneo
para Capelão da Comunidade (Cfr. Cân. 564 e 565).
206 Antes da profissão de votos temporários, a noviça que possuir alguns bens
deve ceder a sua administração a quem desejar, por todo o tempo que estiver ligada pelos
mencionados votos. Precisa de licença da Priora do mosteiro para modificar essas
disposições, por causa justa, e para realizar qualquer ato em matéria de bens temporais.
Tudo o que a religiosa adquire com o seu próprio trabalho, para o mosteiro o adquire,
e a favor dele reverterá também o que a religiosa receber em razão de pensão, subvenção ou
seguro, ou de qualquer outro modo (Cfr. Cân. 668, 1,2 e 3).
207 Ponha a Priora o maior empenho em fomentar na Comunidade o amor e a
obediência à Santa Igreja e a seus sagrados Pastores, pois as Carmelitas Descalças — como
filhas de Santa Teresa — consagraram-se de maneira peculiar à Igreja, contribuem para a
sua missão salvífica e pertencem, pelo seu estado, à vida e santidade da mesma Igreja. Dê a
conhecer à Comunidade os documentos do magistério eclesiástico e vele para que se cumpra
o que neles se refere às monjas.
Informe e Sé Apostólica do estado e vida do mosteiro, no tempo e modo estabelecidos
pela Santa Sé (Cfr. Câns. 267, 2; 592, 1-2).
208 Pela própria natureza da pobreza que se professa na Ordem, as Carmelitas
devem renunciar totalmente aos seus bens. Esta renúncia será feita antes da profissão
solene, de modo a ter efeito a partir do próprio dia da profissão e a ser válida — se
possível — também ante o direito civil. Em virtude desta renúncia radical, a religiosa
perde a capacidade de adquirir e possuir outros bens, sendo portanto nulos os atos
contrários ao voto solene de pobreza (Cfr. Cân. 668,4-5).
209 Como sinal da sua consagração a Deus e como testemunho de pobreza e
penitência, as Irmãs usarão continua e permanentemente o hábito da Ordem, de acordo
com tudo o que prescreve o número 52 das presentes Constituições (Cfr. Cân. 669).
210 As religiosas poderão escrever cartas isentas de qualquer inspecção à Sé
Apostólica, ao Legado do Romano Pontifico na nação, ao Superior do mosteiro e à
Priora eventualmente ausente. Poderá, igualmente, receber cartas deles nas mesmas
condições (cp. Cân. 587,1).
211 Os mosteiros de Carmelitas Descalças, estando exclusivamente dedicados à
contemplação, têm sempre uma parte relevante no Corpo Místico de Cristo, pois oferecem a
Deus um exímio sacrifício de louvor, enriquecem o povo de Deus com abundantíssimos
frutos de santidade, movem-no com o seu exemplo e fazem-no crescer com a sua oculta
fecundidade apostólica. Devem dar valor e apreciar o apostolado activo e por ele
constantemente rezar e oferecer o sacrifício da sua vida e do seu trabalho. No entanto,
muito embora sejam urgentes as necessidades do apostolado directo, as Carmelitas não

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podem ser chamadas a prestar colaboração em nenhum gênero de ministérios pastorais.
(Cfr. Cân. 674).

CAPÍTULO XXIII
(adjunto)
CLAUSURA PAPAL NOS MOSTEIROS DE CARMELITAS DESCALÇAS

212 O testemunho público a dar pelas Carmelitas a Cristo e á Igreja, traz consigo
uma separação total do mundo, como pede o caráter e a finalidade da reforma de Santa
Teresa de Jesus. Portanto, os mosteiros de Carmelitas devem observar a clausura papal,
segundo as normas estabelecidas pela Sé Apostólica nas presentes Constituições (Cfr. Câns.
607, 3 e 667, I 2 e 3).
213 Por vocação especial e sem desprezar os que trabalham na edificação da cidade
terrestre, as Carmelitas Descalças, inspiradas pelo Espírito Santo, são conduzidas à solidão da
clausura a fim de permanecer integralmente consagradas à contemplação. Perseverando
unânimes em oração com Maria, Mãe de Jesus, imploram o fogo do Espírito Santo sobre o
mundo inteiro (Cfr. Instrução «Venite Seorsum», sobre a vida contemplativa e a clausura das
monjas, VI,. e Estatuto sobre a clausura das Carmelitas Descalças, 1,1).
214 A lei da clausura surge, portanto, de uma exigência ou necessidade íntima de
solidão e retiro, para assim criar uma espécie de oásis de oração, de amor fraterno, de
emulação espiritual e de liberdade interior e exterior, no intuito de poder alcançar mais
facilmente a plenitude da intimidade divina, que é o apostolado fundamental e específico das
Carmelitas Descalças, a favor do Corpo Místico de Cristo (Cfr. Estatuto sobre a clausura das
Carmelitas Descalças, 1, 2).
215 A lei da clausura afeta a casa habitada pelas religiosas incluindo as hortas e
jardins a elas reservados. Ficam excluídas da clausura a igreja pública e a sacristia externa ;
as casas destinadas aos Capelães, hóspedes e pessoas dedicadas ao serviço do mosteiro; o
acesso à porta regular (saguão); a roda e o locutório externo (Cfr. Venite Seorsum, VIL 2).
216 A parte da casa incluída na clausura ficará toda cercada por um muro alto, de
acordo com o número 65 destas Constituições. Se alguma parte do convento ou da horta
for vista a partir do exterior, tomar-se-ão as medidas necessárias para impedir que se
vejam as pessoas de fora, ou se seja visto por elas (Cfr. Venite Seorsum, VII,9).
217 A porta de entrada no mosteiro — que estará habitualmente fechada — terá duas
fechaduras diferentes e duas chaves. A Madre Priora trará sempre consigo uma delas, e a
rodeira a outra (Cfr. Venite Seorsum, VII,3).
218 Se for necessário para o serviço da Comunidade, pode haver outra porta na
horta. Terá também duas fechaduras e duas chaves, e irão sempre duas Irmãs abri-la.
Proceder-se-á do mesmo modo, onde houver uma porta para atender ao necessário
arranjo da Igreja. Fora estes casos, não se permitem outras portas para o exterior (Cfr.
Venite Seorsum, VII,3).
219 Perto da porta regular haverá uma roda, para receber e entregar tudo o que puder
passar através dela, sem ser preciso abrir a porta da clausura.
Estará colocada de maneira a que as Irmãs não possam ser vistas do lado de fora, nem
nela possa caber pessoa alguma (Cfr. Venite Seorsum, VII, 4,9).
220 A separação material entre o coro — reservado para as religiosas — e a

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igreja, far-se-á por meio de uma grade de ferro colocada sobre um apoio fixo e
inamovível, e outra grade formada por varas de madeira em posição vertical. A
distância entre as duas grades será de uns 50 centímetros, aproximadamente.
Disponha-se tudo de maneira a que as Irmãs possam facilmente ver o altar e os
am-bões, durante as celebrações litúrgicas, para terem uma mais frutuosa participação
nas mesmas, sem se exporem aos olhares dos estranhos (Cfr. Venite Seorsum VII, 4, 9) .
221 Fora do tempo das celebrações litúrgicas as grades deverão permanecer
cobertas com uma cortina. Esta poderá abrir-se durante a celebração do Ofício Divino e
a oração mental (Cfr. Venite Seorsum, VII, 4,9).
222 Perto da grade do coro haverá uma pequena janela para a recepção da Sagrada
Comunhão e do véu, na cerimónia da profissão solene. Estará sempre fechada com uma chave
que ficará em poder da Priora (Cfr. Venite Seorsum, VII, 4.9).
223 O confessionário será colocado em lugar conveniente, de tal maneira que o
Confessor esteja fora da clausura e dentro dela a religiosa que se confessa. Entre o Confessor
e a penitente haverá uma gradezinha metálica coberta com um véu, que deve estar preso e
fixo. O confessionário estará habitualmente fechado, e a chave em poder da Priora (29). (Cfr
Venite Seorsum VII, 9).

29. Cfr. S. TERESA DE JESUS, Modo de visitar os conventos. núm. 15.

224 Na sacristia haverá outra roda giratória semelhante à da portaria. Deve utilizar-se
unicamente para serviço do que se relaciona com o culto divino e só a Irmã que tiver o ofício
de Sacristã aí poderá falar. Todas as noites se fechará essa roda e levará a chave à Priora (Cfr.
Venite Seorsum. 4)
225 No locutório, a separação será feita por meio de um muro com mais ou menos meio
metro de altura. Sobre ele serão colocadas duas grades de ferro, fixas e dispostas de tal forma
que assegurem e separação entre as religiosas e as visitas (30). A distância entre uma e outra
grade será de 50 centímetros, aproximadamente. O locutório estará habitualmente fechado
com chave, que será guardada pela Priora (Cfr. Venite Seorsum, VI, 4,9).

30. Ibid.

226 A Madre Priora com o consentimento ao menos habitual do Superior, pode


permitir que as Irmãs saiam da clausura nos seguintes casos:
a) Para o exercício dos direitos civis e para os atos de administração que não se
puderem efectuar de outro modo.
b) Para consultar médicos e cumprir as suas prescrições relativas à saúde.
c) Para acompanhr uma religiosa enferma.
d) Para as indispensáveis necessidades que o trabalho das religiosas possa
requerer, ou para a aprendizagem de algum trabalho manual noutro mosteiro, no mais
curto espaço de tempo possivel.
e) Para a necessária vigilância dos lugares situados fora da clausura, mas dentro do
recinto do mosteiro; e para atender ao necessário arranjo da igreja do mosteiro,
unicamente quando esta estiver fechada e não houver nela pessoa alguma estranha. (Cfr.
Venite Seorsum VII. 7).
227 Nestas saídas irão sempre duas Irmãs juntas, a não ser que a Priora permita
outra coisa, com justa causa (Cfr. Venite Seorsum, VII,9).
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228 Todas as religiosas podem sair da clausura em caso de perigo iminente (Cfr. Venite
Seorsum VII, 7 a).
229 Excetuando os casos de saída por motivos de saúde, quando a estadia fora da
clausura se tiver de prolongar por mais de uma semana, a Priora deve obter prévio
consentimento do Ordinário (Cfr. Venite Seorsum, VII, 7b,5).
230 Para qualquer outra saída a Priora deve pedir licença ao Ordinário do lugar
e, para a prolongar por mais de três meses, à Santa Sé. Mas isto não se fará senão em
casos extraordinários e por causas graves (Cfr. Venite Seorsum, VII, 7 c,d).
231 Para visitar o local ou vigiar as obras de uma nova fundação, as religiosas poderão
sair todas as vezes que for necessário, não gastando mais que o tempo preciso e comunicando
a saída ao Ordinário do lugar (Cfr. Venite Seorsum, VII, 9).
232 Para que, afastadas do mundo, se unam mais perfeitamente só a Deus e
n'Ele encontrem e amem com um amor superior todos os homens, seguindo o espírito e
as normas deixadas por Santa Teresa de Jesus, as Carmelitas não serão visitadas dentro
da clausura por seus pais e parentes, nem tão pouco sairão para os acompanhar, ainda
que seja nos últimos momentos de sua vida.
Levando até ao fim esta exigência evangélica, que voluntariamente abraçaram,
esperam procurar aos seus um bem maior que o da sua assistência pessoal, ou seja: a vida
eterna prometida por Jesus Cristo aos que por Ele deixarem seus pais e irmãos (Cfr.
Venite Seorsum. VII. 9,15).
233 As Carmelitas não assistirão a assembleias ou reuniões de qualquer gênero,
que dificilmente ou de modo nenhum são compatíveis com a vida claustral, nem podem
beneficiar a vida de comunidade.
Só em casos extraordinarários, em que conste a vontade expressa da Santa Sé, as
religiosas de clausura sairão para tais reuniões (Cfr. Venite Seorsum, VII, 9,12).
234 Ficando a salvo tudo o que se prescreve no capítulo terceiro destas Constituições,
permite-se a entrada no mosteiro às pessoas que habitualmente prestam serviços no interior
da clausura, e a todos aqueles cujos trabalhos ou perícia sejam requeridos para as
necessidades ou serviço da Comunidade. Só a Irmã designada pela Priora poderá falar
com essas pessoas, e nunca o fará sem que esteja presente outra religiosa (Cfr. Venite
Seorsum, VIII, 9,15).
235 Além do que ficou estabelecido nos números 26, 27 e 28 das presentes
Constituições, a entrada no recinto da clausura será permitida nos seguintes casos:
a) Aos Cardeais da Santa Igreja Romana e àqueles que os acompanham, assim
como aos Núncios ou Delegados Apostólicos, nos lugares da sua jurisdição.
b) Ao Bispo diocesano ou ao Superior regular, com justa causa e salvo o que foi
determinado nestas Constituições.
c) Aos Soberanos e Chefes de Estado, com suas esposas e seu séquito.
d) Ao sacerdote que vem administrar os sacramentos e assistir às doentes, de acordo
com o número 20 das Constituições.
e) Ao sacerdote que, com seus ministros, vem celebrar as exéquias.
f) A todos aqueles cujos préstimos são necessários para atender às enfermas.
g) As religiosas de outros mosteiros da Ordem, legitimamente autorizadas a sair da
clausura com motivo de viagem ou doença (Cfr. Venite Seorsum, VII.8).
236 A guarda da clausura impõe uma obrigação grave tanto às religiosas como aos
estranhos. Portanto, fora os casos acima indicados, não se permitirá a entrada na

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clausura senão por causas verdadeiramente graves, com autorização do Bispo diocesano,
segundo as normas do Direito, e com o consentimento da Priora.
A Priora não dará a requerida licença senão depois de ter considerado atentamente
as circunstâncias de cada caso e tomando as medidas necessárias para que essas entradas
na clausura não sejam prejudiciais para o silêncio, a solidão e a ordem da Comunidade
(Cfr. Cân. 667, 2-3 e Venite Seorsum, VII, 9,13).
237 No uso dos meios de comunicação deve empregar-se grande reserva e sobriedade,
evitando tudo aquilo que possa ser nocivo para a vida contemplativa do Carmelo.
a) O telefone é permitido para as necessidades da Comunidade. Unicamente a Priora
ou a Irmã que esta designar, atenderão ao telefone.
b) Como resposta a uma «opção vocacional tão exigente» como é «o estado de perfeição
professado pela filhas de Santa Teresa» (31) não se permite o uso da rádio nem da
televisão nos nossos mosteiros (Cr. Cân. 666 e Venite Seorsum, VII, 9,151.

31. Carta do Cardeal Casaroli ao Prepósito Geral dos Carmelitas Descalços, 15.10.1984.

238 Procure a Priora que as Irmãs estejam devidamente informadas acerca das
dores e angústias do mundo atual, para que se estimulem no amor de Deus e intensifiquem
a sua oração e penitência por todos os homens. Seleccione cuidadosamente os jornais e
revistas, a fim de que realmente conduzam a esta finalidade. Tudo o que puder perturbar
a sua separação do mundo e os exercícios próprios da sua vida contemplativa, não se deve
admitir no mosteiro (Cfr. Venite Seorsum, VII, 11).
239 Tendo presentes as particulares exigências da clausura teresiana, não se permita a
ninguém a entrada na clausura dos nossos mosteiros, para retiros ou exercícios espirituais,
nem para qualquer outro gênero de experiências (Cfr. Venite Seorsum, VII, 9,15).
240 Tendo em conta a diversidade de condições dos vários países e ambientes em que
se difundiu a Reforma Teresiana, poderá modificar-se a forma concreta de realizar a
separação material exigida pela clausura papal, determinando-o em Códigos adicionais, que
serão submetidos à autoridade competente (Cfr. Venite Seorsum, VII, 4).

CAPÍTULO XXIV
(adjunto)
TRANSFERÊNCIAS E SAÍDA DA ORDEM

1. -Passagem de uma religiosa de outro Instituto para um dos nossos mosteiros

241 Para que uma religiosa de outro Instituto possa transitar para um dos nossos
mosteiros requer-se:
a) A autorização da Superiora Geral do Instituto a que pertence, e o consentimento do
seu Conselho.
b) O voto favorável do mosteiro disposto a acolhê-la.
c) A prévia comunição ao Ordinário do lugar do mosteiro onde é recebida.
d) As informações que previamente se julgarem convenientes.
242. Essa religiosa não poderá ser admitida à profissão solene no mosteiro, sem
que tenham precedido quatro anos de provação, três dos quais, pelo menos, serão

71
passados no noviciado. Se por qualquer causa não emitir a profissão perpétua, deverá
regressar ao Instituto de onde saiu, ou obter indulto de secularização (Cfr. Cân. 084.1-2).
Para o trânsito de um Instituto secular ou de uma Sociedade de vida apostólica
para um dos nosso mosteiros, ou vice-versa, requer-se licença da Sé apostólica, cujas
ordens se devem observar (Cfr. Cân. 684, 5).

2. -Transferências dentro da Ordem


243 A religiosa que emitiu os votos perpétuos num mosteiro da nossa Ordem fica-
lhe definitivamente vinculada. Poderá, no entanto, transitar para outro mosteiro da
Ordem, a fim de prestar ajuda, ou por qualquer outro motivo legítimo, aprovado pelos
Superiores. Neste caso requer-se e é suficiente — além da aceitação da própria
interessada — o consentimento das Prioras dos dois mosteiros e de seus respectivos
Capítulos.
Quando a transferência é temporária, as Superioras de ambos os mosteiros
determinarão a sua duração e condições, de acordo com a interessada. Terminado o prazo por
que sé efectuou a mudança, a religiosa deverá solicitar o seu prolongamento, regressar ao
mosteiro de onde saiu, ou pedir a sua definitiva incorporação no mosteiro para que transitou.
Se a mudança se realizou entre mosteiros de uma mesma Federeção ou Associaçao, respeitar-
se-ão também as normas que os Estatutos possam ter assinalado (Cfr. Cân. 684,3).
244 Atendendo à estabilidade requerida pela vida contemplativa do Carmelo, quando
não existirem os motivos legítimos de que trata o numero 243, as transferências temporárias
para outros conventos costumam alterar notavelmente a paz e a disciplina da Comunidade,
sobretudo se se repetem com alguma frequência. As religiosas devem, por isso, abster-se de as
solicitar.
A Priora com a aprovação do seu Conselho, pode propor à religiosa as condições
que julgar prudentes para a sua reintegração na comunidade (C1r. Cân. 684,3).

3.-Exclaustração
245 Compete exclusivamente à Santa Sé conceder o indulto de exclaustração, para
que uma carmelita possa permanecer fora do mosteiro (Cr. Cân. 68,2).
246 Uma professa de votos solenes não deve solicitar o indulto de exclautração
senão por causas graves. Procure a Priora com amor de mãe, fazer-lhe ver a gravidade de
tal determinação, e as suas possíveis consequências.
Uma vez obtido o indulto, durante o tempo que permanecer fora do mosteiro a
religiosa fica livre das obrigações incompatíveis com a sua nova condição de vida, e
deve depor o hábito da Ordem.
Carece de voz ativa e passiva na sua comunidade, e fica sob o cuidado e
vigilância da Priora do seu Mosteiro e do Ordinário do lugar onde reside (Cfr. Cân.
687).
247 Terminado o prazo por que foi concedido o indulto, deve voltar para o seu
mosteiro ou pedir indulto de secularização. Como, no entanto, a estadia de uma religiosa
fora do mosteiro é notoriamente oposta à Reforma de Santa Teresa de Jesus, não será de
novo admitida no mosteiro de onde saiu sem os votos favoráveis de dois terços das
capitulares (cir. Cân. 686,1-3).
Caso não os obtenha, a Priora com o seu Conselho, poderá pedir a exclaustração, ao
teor do Cânon 686, 3. Em tal caso a Comunidade proverá com caridade às necessidades

72
materiais que a religiosa exclaustrada possa encontrar na sua nova condição de vida.
Ter-se-ão nisto em conta as circunstâncias que concorrem de ambas as partes (Cfr.
Câns. 686 e 702.2).

4.-Saída da Ordem
248 A religiosa de votos temporários pode livremente abandonar a Ordem, se o
desejar, quando terminar o prazo da sua profissão (Cfr. Cân. 688, 1).
249 Se durante o período dos votos temporários uma religiosa, com grave causa,
pedir para sair da Ordem, a Priora pode conceder-lhe o indulto de saída, com o
consentimento do seu Conselho. Mas para que esse indulto seja válido deve ser
confirmado pelo Bispo diocesano (Cfr. Cân. 688. 2).
250 Concluído o tempo da profissão temporária de uma religiosa, a Priora —
tendo ouvido o parecer do seu Conselho —, por causas justas e razoáveis pode não a
admitir à renovação dos votos temporários ou à profissão solene, pelo que deverá sair
da Ordem (Cfr. Cân. 689, 1).
251 A enfermidade física ou psíquica, mesmo que contraída depois da primeira
profissão, se a juízo dos especialistas tornar a referida religiosa inapta para a vida própria do
mosteiro, constitui motivo válido para não a admitir à renovação dos votos temporários, ou à
profissão solene, pelo que deverá sair do mosteiro (Cfr. cân. 689.2).
252 Se durante o período de votos temporários uma religiosa cair em amência, não
poderá ser despedida, mesmo que não seja capaz de renovar a profissão, nem de fazer a
profissão solene (Cfr. Cân. 689, 3).
253 Uma professa de votos solenes ou perpétuos não deve pedir indulto de saída da
Ordem, sem causas gravíssimas, devidamente ponderadas na presença de Deus. Apresentará o
seu pedido por escrito, através da Priora que o transmitirá à Sé apostólica por meio do Bispo
diocesano. A Priora deve unir ao pedido uma exposição do seu parecer pessoal e do de seu
Conselho, acerca de tal petição (Cfr. Cân. 692).
254 O indulto de saída da Ordem, legítimamente concedido e notificado, à religiosa,
traz consigo, pelo próprio Direito, a dispensa dos votos e de todas as obrigações que procedem
da profissão religiosa, a não ser que no ato de notificação o indulto seja rejeitado pela
religiosa Cfr. Cân. 692).
255 Se fosse necessário proceder à demissão de uma religiosa de votos temporários
ou solenes, deveriam observar-se cuidadosamente todas as disposições do Direito
universal. O decreto de expulsão será dado pelo Bispo diocesano, ao teor do Cân. 699, 2
(Cfr. Câns. 694 a 704).
256 Aquelas que saírem ou forem legitimamente demitidas, não têm direito a exigir
coisa alguma ao mosteiro, pelo trabalho ou qualquer outro gênero de serviço nele
prestado. Mas a Priora atendê-las-á com justiça e caridade nas suas necessidades
materiais, segundo as circunstâncias particulares de cada uma e as possibilidades do
mosteiro (Cfr. Cân. 702).
257 Em tudo o que se refere à saída temporária ou definitiva do mosteiro, e que
não estiver determinado nestas Constituições, proceder-se-á segundo as normas de
Direito (Cfr. Câns. 686 a 704).

CAPÍTULO XXV

73
(adjunto)
OBRIGATORIEDADE DAS CONSTITUIÇÕES

258 a) As presentes Constituições, aprovadas pela Sé Apostólica, constituem o


CODIGO FUNDAMENTAL DAS CARMELITAS DESCALÇAS. Todas devem observá-las
inteira e fielmente, como meio para alcançar a perfeição do seu estado. Para ela devem tender
continuamente, mesmo sem serem obrigadas sob pena de pecado, nem grave nem leve.
b) A interpretação, modificação ou revogação destas Constituições compete
exclusivamente à Sé Apostólica.
c) A este Código fundamental podem adicionar-se outros Códigos Complementares,
em que se recolham as diversas normas particulares, adaptadas às circunstâncias especiais
dos vários ambientes, mentalidades, climas e costumes de cada nação. Estes Códigos deverão
ser aprovados pela autoridade competente e observados com fidelidade (Cfr. Cân. 587, 4).
259 O Código fundamental exprime as intenções e a vontade de Santa Teresa de
Jesus acerca da natureza, fim, espírito e índole peculiar dos seus mosteiros. Pertence pois de
modo eminente — tal como as sãs tradições da Ordem — ao patrimônio espiritual das
Carmelitas Descalças. Todas o devem viver e conservar com a maior fidelidade, dentro do
espírito filial da Igreja (Cfr. Cân. 587).
260 Guardem no arquivo do mosteiro um exemplar destas Constituições e sejam lidas
uma vez por semana a todas as Irmãs reunidas, quando a Madre Priora o ordenar. Cada
Irmã tenha um exemplar na cela e leia-as muitas vezes; e todas procurem tê-las muito
gravadas na memória, porque isto as fará ir aproveitando muito.

L. D . V . M

ÍNDICE ANALÍTICO
DOS PONTOS MAIS NOTÁVEIS DA REGRA E CONSTITUIÇÕES

(A citação das Constituições remete aos números marginais, se outra coisa não for indicada)

74
ABSTINÊNCIA DE CARNE: Não se coma senão nos casos previstos pela Regra: Reg. 11; 50.
ABSTINÊNCIA DE LACTICÍNIOS: Como e quando se deve observar: 51; a Priora pode
dispensar: Id.
ATOS COMUNITÁRIOS: É culpa chegar tarde: 104; e não tomar parte neles: 105.
ADMINISTRAÇÃO: Segundo as Constituições: 49, 79; Administração ordinária, quem pode fazê-
la: 160; que compreende: 161, dar contas ao Ordinário: 49, 163. V. CESSÃO, RENÚNCIA.
ADMISSÃO: A quem compete: 164; idade e qualidades: 7, 9, 17; requisitos Canônicos: 165; 167;
à profissão temporária: 182; à profissão solene: 189.
ALBERTO, SANTO: Patriarca de Jerusalém e Legislador da Ordem: Reg. Introdução.
ALMOFADAS: Sejam de estamenha: 52.
ALPERCATAS: O calçado, sejam alpercatas: 52. AMIZADES: Não haja amizades particulares: 35.
APÓSTOLO S. PAULO: Modelo no trabalho de mãos: Reg. 12; seus avisos: Reg. 13, 57.
ARCA DAS TRÊS CHAVES: Haja uma: 80, quem deve ter as chaves: Id ; que se deve guardar nela:
49; 80. ARQUIVO: Guardem-se nele os documentos das profissões e outros: 194.
ASSEMBLEIAS: As Irmãs não sairão para assistir a elas: 233.
AUTONOMIA: Os mosteiros gozam de autonomia, ao teor do Cânon 615: 133, 135, 155.
BATISMO: Requer-se certidão para a admissão: 166, V. PROFISSÃO.
BENEPLÁCITO APOSTÓLICO: Para nova fundação 138; para alienar bens: 162.
BENS: Como se devem administrar: 159; condições para alienar validamente: 162; receitas e
despesas: 49, 163; mosteiro suprimido: 140. V. ADMINISTRAÇÃO, CESSÃO, RENÚNCIA.
BISPO: Vigilância do mosteiro: 133, 138, 140, 253, 255. V. ORDINÁRIO DO LUGAR.
BROCARDO. Prior Geral da Ordem do Monte Carmelo: Reg. Introd.: 14.
CABELO: Tenha-se cortado: 55.
CAMAS: Tenham-se separadas: 53; sem colchão..52; com enxergão: Id.; sem adornos: 54.
CANTO: Ofício divino cantado.. 39; seja uníssono: Id. CAPELÃO.. Escolha-o a Priora com
beneplácito do Ordinário: 45, 205.
CAPÍTULO CONVENTUAL: Um vez por semana: Reg. 9, 96; trate da observância e salvação das
almas: Id.; corrijam-se as culpas: Id.; modo de o fazer: 97; quando se deve falar: 98; não se
divulguem os segredos: 100; a Priora corrija: 99; preces: 102. V. CARIDADE, ZELADORAS,
VOTAÇÕES.
CARIDADE: A vida da Carmelita é culto a Deus pela caridade: 112; união com a Igreja pela
caridade: 117; para corrigir as culpas: Reg. 9, 99; tenha-a a roupeira e provisora: 63; a enfermeira:
70; união na caridade: 129, 130, 131.
CARISMA: A Mestra formará as noviças no carisma da Fundadora: 177.
CARMELO, MONTE: Origens da Ordem: Reg. Introd. CARTAS: A porteira só as dê à Priora: 88;
não se deem nem recebam sem licença: 106; podem escrevê-las e recebê-las sem inspecção:
210. CASA: Não se construa primorosamente: 65, seja pobre e pequena: Id.
CASTIDADE: Voto: Reg. 1; conselho evangélico: 117; continência perfeita e coraçao indiviso:
118; dom exímio da graça: 119; meios que ajudam a guardá-la: 120; fonte de gozo e paz: 121;
transgressão do voto: 108.
CELA: Tenha cada uma a sua: Reg. 3; a do Prior à entrada: Reg. 4; não se troque sem licença:
Id.; não se entre na de outra: 61.
CERIMÔNIA: A Mestra ensine-as às noviças: 91; não se menosprezem: 104.
CESSÃO: A noviça cederá a administração dos bens antes da profissão: 206.
CHAVES: Tenha a Priora a da porta e locutório: 20; comungatório: 222; confessionário: 223; V.
CLAVÁRIAS.
75
CLAUSURA: Testemunho público: 212; vocação especial das Carmelitas Descalças: 213; exigência
íntima: 214; obrigação da clausura papal: 212, 236; partes do convento que afeta: 215; modo de
marcar seus limites: 216; separação no coro: 220, 221; 222; confessionário: 223; locutório: 225;
chaves e portas: 20, 217, 218; rodas: 219, 224; quando e como se pode sair: de 226 a 235;
consentimento da Santa Sé: 230; da Priora: 226, 229; a quem se permite a entrada: 20, 26-28, 234-
236; a quem obriga: 236; visitas: 22 a 25; uso do véu: nota 7 do n. 19. V. ASSEMBLÉIAS;
ELEIÇÕES, EXCLAUSTRAÇÃO, VISITA DOS MOSTEIROS.
CLAVÁRIAS: Elejam-se por votação: 76, 144; casos em que a Priora as deve consultar: 79, 160,
163; fazer as contas: 79, 165; V., PROFISSÃO, CHAVES.
COLCHÃO: Só para as doentes: 70. V. CAMAS. COMUNIDADE: Vida comum: Reg. Introd., 6;
participa na formação das noviças: 179; V. NOVICIADO.
CONFISSÃO: Deve ser frequente: 204.
CONFESSIONÁRIO: Requisitos que deve ter o das Carmelitas: 223.
CONFESSORES: Condições que devem ter: 45, 204; busque-os a Priora: Id.
CONSTITUIÇÕES: Não obrigam sob pecado: 258; devem observar-se integralmente: Id.; leiam-se às
noviças: 91; guarde-se um exemplar no arquivo: 260; cada uma tenha o seu: 260; só podem
modificar-se com licença da Sé Apostólica: 258-b.
CORREÇÃO: A Subpriora corrige na ausência da Priora: 78. V. CAPÍTULO, ZELADORA,
CULPAS, PRIORA.
CORO: Não faltem a ele: 39; nem saiam depois de começados os ofícios: 37; nem se chegue
tarde: 104, 105; como comportar-se nele: Id.
CONTAS: V. ADMINISTRAÇÃO, CLA VÁRIAS. CULPAS: 104 a 109.
DEBILIDADE: Causa de dispensa da abstinência e jejum: Reg. 10, 11. V. COLCHÃO.
DEMÔNIO: Como resistir-lhe às tentações: Reg. 12, 13; seus artifícios contra a pobreza: 48;
temores de penitência e jejum: 72.
DEJEJUM: Permite-se: nota 14.
DESCANSO: Pode-se descansar ou dormir após o recreio, no verão: 34. V. DORMIR.
DEMISSÃO: Nos termos do direito: 255; não pode exigir nada: 256; proceda-se com justiça e
equidade: Id. V. SAÍDA DA ORDEM.
DISPENSA: Dos votos temporários: 249; de votos solenes: 254, 255.
DISCIPLINA: Tome-se às Sextas-feiras, no coro: 68. DISTRAÇÃO: Modo de corrigir: Reg. 9; 67.
V. SUPER-ROGAÇÃO.
DESCULPAR-se: Tenham grande cuidado de o não fazer: 66.
DOMINGO: Faça-se nele o Capítulo: Reg. 9; não se jejue: Reg. 10, 50.
DORMIR: A que hora se retirarão: 37. V. DESCANSO.
EDIFÍCIOS: Modo de os construir: 65; V. POBREZA.
ELEIÇÕES: Quem deve presidir: 148; como fazê-las; 2, 149, 150, 152; voto das doentes: 4; não se
entre na clausura para elas: 27; eleição da Priora: 5, 141; da Subpriora e Clavárias: 76, 151; V.
VOTOS e POSTULAÇÃO.
ENFERMAS: Sejam tratadas com piedade e regalo: 69; não lhes falte nada: Id.: tenham colchão
e lençóis de estopa: 70; como comportar-se: 69- 70; qualidades da enfermeira: 70; entrada do
Confessor e administração dos sacramentos: 28, 29, 73; 235 d. f V. CLAUSURA.
ENXERGÃO: V. CAMA.
ERMIDAS: Haja lugar para elas: 65.
EREÇÃO: Mosteiros de direito pontifício: 134; autonomia de vida e governo: 135; deve ter igreja
pública: 137, licença da S. Sé: 138. V. EUCARISTIA.
76
ESCAPULÁRIO: Forma parte do hábito da Virgem: 52; deve usarse sempre: 209.
ESCRITURA SAGRADA: Leitura no refeitório: Reg. 4; em particular: 200.
ESCRUTINADORAS: Não o serão as Irmãs, na eleição da Priora: 149, 150.
ESMOLAS: Onde se devem guardar: 49.
ESPELHO: Não haja: 55.
EUCARISTIA: Centro da Comunidade: 137; tributem-lhe máxima veneração: 199; o que se deve
celebrar diante do SS. Sacramento: Id.
EXAME DE CONSCIÉNCIA: Antes do jantar: 40; em Completas: nota 15.
EXCLAUSTRAÇÃO: 245, 246, 247.
EXERCÍCIOS ESPIRITUAIS: Como e quando, se devem fazer: 203; antes do noviciado: 169; da
profissão temporária: 182; da profissão solene: 190; uma vez por ano: 203.
EXORTAÇÕES: Reg. 12, 14, 15.
FALAR: V. SILÊNCIO.
FÉ: Escudo contra o demônio: Reg. 12; espírito de fé com o superior; Reg. 15; 125, 127.
FORMAÇÃO; Cap. XXI.
FORMAÇÃO PERMANENTE: 196.
FÓRMULAS DE PROFISSÃO: 132.
FUNDAÇÕES: Requisitos para fazê-las: 139. V. EREÇÃO.
HÁBITO DA VIRGEM: Como fazê-lo: cor e tecidos: 52, 209; quando se deve tomar: 169; quando
depor: 245, 246; Seja de xerga ou burel: 52; não tenha nada de cor: 54.
HORAS: Quando se devem rezar as intermédias: 38, 40, 42, 43.
HORTA: Forma parte da clausura: 215, 216, 218. HUMILDADE: Reg.: 14, 15; sua prática: 63,
64; não se desculpar: 66, 90, 105, 106; respandeça em todas: 128; honrem-se mutuamente: 131.
IDADE: Para admitir ao postulantado: 7; à profissão temporária: 185 à profissão solene: 190; da
Mestra de noviças; 176; da Priora: 141.
IGREJA: Missão das Carmelitas Descalças na Igreja: 112-114; conselhos evangélicos, dom de
Cristo à Igreja: 115; carisma de N. Santa Madre Teresa: 116; união com a Igreja pela caridade:
117; o Carmelo, família espiritual na Igreja: 133; fundar mosteiros para utilidade da Igreja: 139:
autoridade da Priora por ministério da Igreja: 143; penitência pela Igreja: 68.
INCORPORAÇÃO: Pela profissão: 183; na transferência definitiva: 243.
INCORRIGIBILIDADE: Motivo de expulsão: 110. INDULTO: De exclaustração: 245-247; saída
da Ordem: 253-257.
INVERSÕES: 162.
JANTAR: Hora conveniente: nota 13; não comam nem bebam fora de horas, sem licença: 32; V.
POBREZA.
JEJUM Obrigação e tempo: Reg. 10, 50, 51; V. DEBILIDADE.
JESUS CRISTO: Razão da vida consagrada: Reg. Introd.; vê-Lo nos Superiores: Reg. 15; amar-se como
Cristo manda: 35; colaborar na missão de Cristo: 114; esposa de Jesus Cristo, título glorioso: 121;
guardem seu coração para Ele: 121; gozem d'Ele, que é seu tesouro: 121; conselhos evangélicos, dom
de Cristo: 115; imitar a pobreza de Cristo: 122; obediência a exemplo de Cristo; 125; ver a Cristo na
Priora; 127; Jesus Cristo, centro da vida da Carmelita: 129; todas se unam em Cristo: 130; viver o
mistério da Igreja, esposa de Cristo: Id.; exemplo de reconciliação: 131.
JOGO: Não se permita: 34.
LAVOR DE MÃOS: Faça-se sempre: Reg. 12; no recreio: 33; ajuda para o sustento: 47; sem
porfiar: 56; sem tarefa: 57; não impeça atendera Deus: 56; trabalho na cela: 60; não haja sala de
trabalho: 62. V. APÓSTOLO S. PAULO.
77
LEITURA ESPIRITUAL: No refeitório: Reg. 4; depois de Noa: 42, livros apropiados: 59, 200.
LENÇÓIS.. Sejam de estamenha: 52. V. ENFERMAS. LITURGIA: A Carmelita é nela a voz da
Igreja: 174; instruam-se nela as noviças: Id.,. aprofundem o seu espírito: 202.
LOCUTÓRIO.. O externo não se inclui na clausura: 215; tenha duas grades: 225: Id.; estará
fechado: Id.; não se vá sem licença: 106. V. CLAUSURA.
MESTRA DE NOVIÇAS: Nomeada pela Priora: 176, qualidades que deve ter: 91; como cumprirá
seu ofício: 91, 177; requáitos Canônicos: 176; pode sê-lo a Priora.. 92, ajudante: 175; professas
de votos temporários: 186.
MÉDICOS.. Quando podem entrar na clausura: 20, 235-f; saídas para consulta: 226.
MEDITAÇÃO: Reg. 4. ORAÇÃO.
MEIOS DE COMUNICAÇÃO.. Guarde-se grande discrição e sobriedade.. 237, 238.
MISSA CONVENTUAL: Reg. 8, 39; assistam todas.. 199; podem comungar nela: 44; reze-se antes
a Hora de Tércia: 39.
MODÉSTIA: No trato: 35; no coro.. 105.
MONJAS.. Número que pode haver.. nota 6.
MORTIFICAÇÕES: No refeitório: 31; a Mestra ensine-as às noviças.. 91. V. PENITENCIA.
MOSTEIROS: Condição jurídica: 133-136. V. BENS.
NECESSIDADE: Não tem lei: Reg. 10; atendam-se às das Irmãs: 63, 75; antes à necessidade que
à idade: Id.; manifestem-na à Priora: 72.
NEGÓCIOS SECULARES: Como devem proceder neles: 23.
NOVICIADO: Esteja separado da Comunidade: 171; comece com a tomada de hábito: 169;
precedam-no seis meses de postulantado: 168; condições de sua validade: 172, 173; finalidade:
170; formação: 174; a Priora pode prolongá-lo: 182; direção: 175: colaboração da Comunidade:
179. V. EXERCÍCIOS ESPIRITUAIS, FORMAÇÃO, MESTRA, NOVIÇAS, PROFISSÃO, SAÍDA
DA ORDEM.
NOVIÇAS (e aspirantes): Suas qualidades: 7; ver bem antes da profissão: Id. não se recebam por
interesse: 8, 9; saúde e talentos: 17; sejam visitadas: 22; deem conta de seu espírito à Mestra:
94; colaborem com ela 178.. não as empreguem em oft-cios: 180; podem ser despedidas: 181,
182; podem livremente abandonar o mosteiro: 181; podem professar em perigo de vida: 191; V.
HABITO DA VIRGEM, PROFISSÃO.
OBEDIÊNCIA: Os Irmãos do Monte Carmelo praticavam-na: Reg. Introd.; voto.. Reg. 1, 117;
conselho evangélico: 117; a exemplo de Cristo.. 125; submissão voluntária aos superiores: 125; à
Igreja: 126; ao Sumo Pontífice.. 126; segundo Santa Teresa.. 127, 128; rebeldia, culpa grave: 108.
V. VOTOS.
OBSERVAÇÕES: Não se façam, sobre a comida: 71; nem sobre o que se trata no Capítulo: 100,
101.
OFICIAIS: Atendam as Irmãs: 63; sejam nomeadas pela Priora: 76; supram a oração, se não a
fazem com a Comunidade: 95.
OFICINAS: Não se entre sem licença: 105.
OFÍCIO DIVINO: Reg. 5; as aspirantes tenham habilidade para o rezar: 7; tempo de o rezar: 36,
38, 40, 42, 43; quando se canta: 39, diante do Santíssimo: 199; obrigação de o rezar: 201; reze-se
dignamente: 202 com modéstia e atenção: 104, 105.
OFÍCIOS: Não se deem às noviças: 187; como cumprir os de comunidade: de 75 a 91; tábua dos
ofícios: 63. V. PRIORA.
ORAÇÃO: Seja contínua: Reg. 4; condição para a admissão: 7; faça-se no coro duas horas por dia:
38, 43; 199: condição para ser Mestra: 91; noviças e professas deem conta dela: 91, 93;
78
contemplação e oração, essência da vocação da Carmelita Descalça: 198; apostolado único: Id.;
oração litúrgica: 201; tempos especiais: 95.
ORDINÁRIO DO LUGAR: Cabe-lhe defendera autonomia do mosteiro: 135; preside à eleição da
Priora: 148; faz a visita: 155; pode informar-se sobre a observância, disciplina do mosteiro e clausura;
156; dá licença habitual para as saídas da clausura que a Priora pode autorizar: 226; para outras
saídas: 229, 230; para inverter capitais: 162; apresente-se-lhe o livro de contas, uma vez por ano: 49;
pode entrar na clausura com causa justa, salvo o previsto nas Constituições: 235-b; comunique-se-
lhe a transferência da religiosa de outro Instituto: 241-c; cuidado e vigilância de religiosa
enclaustrada: 246; confirme o indulto de saída de religiosa de votos temporários: 249.
PAPA: Obediência e amor ao S. Pontífice: 113, 114, 126, 177.
PARENTES: Como se devem tratar: 24, 25, 232. PECADO: Nem a Regra nem as Constituições
obrigam sob sua pena: 258-a.
PENAS: Segundo as culpas: 67, 104 a 111.
PENITÊNCIA: O demônio fá-la temer: 72; dê a Mestra mais importância às virtudes que a ela:
91; carisma de S Teresa: 113, 114; guarda da castidade.. 120; caracteriza a vida contemplativa;
177. V. DISCIPLINA.
PERSONALIDADE JURÍDICA: Os mosteiros gozam-na: 158.
POBREZA: Voto: Reg. 1; 117; nada ter próprio: Reg. 6; o que se pode ter. Reg. 7; nada pedir ou
receber sem licença: 6; desinteresse na admásão: 8, 9; ter sempre diante a pobreza professada: 9;
viver de esmolas e do trabalho: 46, 47; não se peça sem muita necessidade: 47; nada possuam em
particular: 48; tudo seja comum: Id.; o demônio pode afrouxar a pobreza: Id.; guarde-se no
vestuário e camas: 52-54; a casa seja pobre: 65; não se deconsolem com ela as doentes: 69;
conselho evangélico: 115-117; imitação de Cristo: 122; renúncia dos bens terrenos: Id.; vida
austera e laboriosa: Id.; edifícios pobres: 123; confiança na Providência: Id.,. sustento
moderado: Id.; pobreza segundo S. Teresa: 124; nas novas fundações: 139; não ter bens em
seu nome: 159; ceder a administração antes da primeira profissão; 206; pertence ao mosteiro
o lucro de seu trabalho, e cutros: 206; renúncia total antes da profissão solene: 208; hábito,
testemuhho de pobreza: 209. V. PRIORA TRABALHO, VOTOS.
POSTULANTADO: Durará seis meses; 168; obrigação de guardar a clausura: Id. V. ADMISSÃO,
MESTRA DE NOVIÇAS.
POSTULAÇÃO: Pode fazer-se; 5, motivos: 153; são as religiosas que postulam à Santa Sé: Id.;
condições de validade: 154.
PRÁTICAS: A Priora buscará pessoas de virtude e letras para práticas e sermões: 45.
PRIORA: Condições para ser eleitas: 5, 141; reeleição: Id.; cautelas para admitir ao hábito e
profissão: 17; regule o uso do véu e da terceira: nota 7; tenha a chave da porta regular e do
locutório: 20, 217; acerca de recreio: 33; busque confessores e sacerdotes para práticas, etc.: 45,
204; pode propor o Capelão: 205; cuide não haja apegos: 48; administração ordinária: nota 26;
160, 161; pode dispensar da adstinência e jejum: 51; procure bons livros: 59; para que se requer
sua licença: 6, 58, 61, 105, 206, 226; dê exemplo de humildade: 63, 64; regale as doentes: 69;
cuide da comida: 71; trate as súditas com amor de mãe: 75, procure ser amada para ser
obedecida. Id.; nomeie as oficiais: 76; pode ser Mestra de noviças; 92; corrija as culpas no capítulo:
99; mande ler as Constituições; 260; é Superior maior: 133, 137, 142; governa e vela pelos mosteiros:
137; deveres e direitos: 142; recebe a autoridade pelo ministério da Igreja: 143; seu Conselho: 144;
preside ao Capítulo: 145; órgãos de consulta: 147; preside à eleição da Subpriora e Clavárias: 151;
assina o livro de contas: 163; admite ao postulantado com voto do Capítulo: 164; pode pedir
informações: 167; anticipar a profissão: 173; nomear a Mestra de noviças e ajudante: 175, 176;

79
despedir uma noviça e prolongar a prova: 181, 182; determinar a saída de noviciado: 188; adiar a
profissão temponária: 189; dar a profissão em perigo de vida: 191; assina a ata de profissão,
comunica-a à paróquia onde a professa foi batizada: 194; vela pela formação permanente: 196; pode
dispensar do Oficio Divino: 201; cuide se façam Exercícios Espirituais: 203; propõe o Confessor
ordinário' e Capelão: 204, 205; casos em que pode autorizar a saída da clausura: 226; quando precisa
de licença do Ordinário: 230; regula os meios de comunicação: 237, a, b; informe devidamente as
Irmãs: 238; entradas na clausura: 236; privação de ofício e voz: 106, 108, 109.
PROFISSÃO: De votos: Reg. 1; não se dê sem as condições: 7, 17; dentro da Missa: nota 5; com
votos da maioria: 12; por ela se incorpora na Ordem e no mosteiro: 183; temporária, por três
anos: 184; requisitos Canônicos. 185; continua-se no noviciado após a primeira pofissão: 186; que
fazer, findo o prazo da profissão: 189; antecipar a profissão solene por causa justa: 190; Exercícios
Espirituais antes das duas profissões: 182, 190; pode fazer-se em perigo de vida: 191; indulgências e
graças espirituais: 192; requisitos Canônicos da profissão solene: 193; será pública e nas mãos da
Priora: 194; conserve-se a ata no arquivo: 194; incorporação definitiva, voz ativa e passiva: 195;
obrigação do Ofício Divino: 201; disposição ou cessão dos bens antes da profissão temporária: 206;
renúncia radical na solene: 208. V. ELEIÇÕES, TRANSFERENCIAS, EXCLAUSTRAÇÃO, SAÍDA
DA ORDEM.
PORTAS: Porta regular para entrar na clausura: 217; terá duas fechaduras distintas: 20, 217, 218;
condições para abri-la: 20, 218; pode haver outra porta: 218; porta para a igreja: Id. V. CHAVES.
RECOLHIMENTO: Durante o trabalho: 56, 60; não se falte a ele: 105; na cela: 60. V.
TRABALHO.
RECREIO: Quando e como se deve ter: 33; seja com trabalho: 33; não haja jogos: 34; alegria e
caridade: 34.
REELEIÇÕES: 5, 141.
REFEITÓRIO: Seja comum: Reg. 4; hora de comer: nota 13; dejejum: nota 14; Sexta e exame
antes do refeitório: 40; mortificações: 31.
RENDAS: Vivam sem elas, quando possível: 46; permitem-se, com necessidade: Id.; não se
busquem na admissão de aspirantes: 8, 9; confiança na Providência: 123.
RENÚNCIA: Quando e de que se fará, antes de professar: 206, 208.
REPREENDER: Nenhuma o faça: 66.
RODA: Haja uma perto de portaria: 219; nunca aí se vá sem licença: 86; outra na sacristia, para
serviço exclusivo da igreja: 224.
RODEIRA: Proveja do necessário: 83; fale baixo: 84; acente os gastos: 85; não regateie nem
porfie: Id.; não deixe ir à roda sem licença: 86; não fale com ninguém do que ali sucede: 87; só dê
cartas ou recados à Priora: 88; tenha sempre uma chave da porta regular: 217.
ROUPÃO: Podem usá-lo as doentes e necessitadas: 54.
SACRISTÃ: Suas obrigações: 81, 82. SACERDOTES: Carisma teresiano: ajudar a Igreja a seus
Pastores: 113, 114. V. CONFESSOR, CAPELÃO.
SAÍDA DA ORDEM: Durante o noviciado: 22, 181; no fim do noviciado: 182; terminados os votos
teporários: 189, 248; durante a profissão temporária: 249; findo o prazo dos votos: 250; falta de
idoneidade: 251; indulto de saída: 247, 253, 254: demissão: 255, 256; proceda-se segundo o
Direito: 257. V. EXCLAUSTRACÃO, SECULARIZAÇÃO.
SECULARIZAÇÃO: Só por causas gravíssimas se pedirá este indulto: 253; V. SAÍDA DA
ORDEM.
SÉ APOSTÓLICA: Os Mosteiros de Carmelitas são de direito pontifício e dependem da S. Sé: 134;
determina a condição jurídica do mosteiro: 136; necessária sua licença para erigir novo mosteiro: 138;

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para alguns casos de administração extraordinária: 162; conhecimiento e cumprimento dos
Documentos Pontificios: 207; a Priora informe sobre o estado do mosteiro: 207; correspondência
livre de inspecção: 210; normas para a clausura papal: 212; concede indulto de exclaustração:
245; indulto de saída: 253; só a S. Sé pode modificar as Constituições: 258-b; aprovar o Código
fundamental: 258-a. V. IGREJA.
SEXTA: Hora intermédia, momento de a rezar, nota 21.
SILÊNCIO.. Exigido pela Regra com grande encarecimento: Reg. 13; na hora de sesta: 34; depois
de Completas: 43; absoluto desde Completas até Laudes: 58; guarde-se com muito cuidado.. Id.;
não podem falar umas com outras sem licença: Id.; não trabalhem juntas para o não quebrar. 62;
não se quebrante e, menos, habitualmente: 104, 105; condição exigida pelo Concílio aos mosteiros
de vida contemplativas: 177.
SINO.. Toca-se uma sineta quando alguém entra na clausura.. 20; para o descanso: 37; para o
exame de consciência: 40; para o Capítulo conventual: 97.
SOLIDÃO: Recolhimento na cela: 60; não trabalhem juntas.. 62; condição exigida aos mosteiros
contemplativos: 177; à imitação de Maria: 213; a lei da clausura surge da exigência de solidão:
214; afastamento do mundo: 232. V. CELA, CLAUSURA.
SUFRÁGIOS.. As noviças e professas temporárias têm os mesmos que as professas solenes: 192.
SUPER-ROGAÇÃO: Reg. 15; pode fazer-se mais penitência com licença da Priora: 68.
SUPERIOR REGULAR: V. ORDINÁRIO DO LUGAR. SUBPRIORA: Como se deve chamar: 64;
eleita por votação capitular: 76; deveres: 77, 78; colabore com a Priora: 144; eleição: Id.
TÁBUA DOS OFÍCIOS.. 63.
TAPETES: Só para a igreja: 53.
TERCEIRAS.. Seus deveres: 20, 29, 218.
TOUCA: De que matéria deve ser: 52.
TRABALHO.. Fecha a entrada ao demônio.. Reg. 12; sempre ocupados a exemplo de apóstolo S.
Paulo: Id.; comam seu pão trabalhando em silêncio.. Id. caminho santo e bom; Id.; no recreio: 33;
na presença de Deus: 56; para ganhar de comer: 47, 57; não se dê tarefa: Id.; solidão e
recolhimento no trabalho: 60; não trabalhem juntas: 62; trabalhar para ajudar a viver o mosteiro,
os pobres e necessitados.. 123.
TRANSFERÊNCIAS: De religiosa de outro Instituto.. 241: de um Instituto secular.. 242; dentro da
Ordem: 243; quando podem pôr-se condições: 244.
TÚNICAS.. Sejam de estamenha: 52; exceto para as doentes.. 70.
UNÇÃO DE DOENTES: Administre-se a seu devido tempo.. 73.
VIDA COMUM: Refeição em comum: Reg. 4; tudo deve ser comum: Reg. 6; ninguém possa dar ou
receber nada em particular: 6; jantar: 30; recreio: 33; amarem-se em geral, não em particular:
35; oração em comum; 38; Eucaristia: 39, 44; Oficio Divino: 36, 38-40, 42, 43; não se possua
nada en particular: 48; disciplina: 68; Capítulo conventual; 96 a 102; carisma de S. Teresa.. 129;
ajuda mútua: 130; um só coração e uma só alma.. 131.
VIDA ETERNA: Reg. 13, 15.
VIDA RELIGIOSA.. Reg. I; culto a Deus pela caridade: 112; carisma de S. Teresa de Jesus: 113;
dom especial para colaborar na missão salvífica de Cristo: 114.
VIRTUDES: Reg. 15; a Mestra dê-lhes a máxima importância: 91; virtudes evangélicas,. 115-117;
castidade: 118-121.. pobreza: 122-124; obediência: 125-128; caridade: 129, 130; humildade: 131.
VISITA DOS MOSTEIROS: Fá-la o Bispo diocesano ou seu Delegado: 155; faculdades do
Visitador: 156; as Irmãs devem responder, quando licitamente interrogadas: 15 7.
VISITAS: 22, 23. V. PARENTES.

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VONTADE: As noviças estejam por sua vontade: 22; a Mestra ensine-as a contrariar sua vontade:
91; dar conta da oração à Priora ou Mestra saia da vontade de cada Irmã: 94.
VOTAÇÕES.. As eleições façam-se por votos: 2; nem o presidente nem seu companheiro o têm: 3;
modo de recolher o das doentes: 4; votos necessários para a reeleição.. 5, 141; para receber
aspirantes, e admitir ao noviciado e profissão: 12, 164; a Subpriora e Clavárias eleitas por votos:
76, 144, 151; professas solenes formam o Capítulo: 145; Capítulo resolve por votos os assuntos de
sua competência: 146; não procurem votos para si mesmas: 152; condições para a validade da
postulação: 154; V. CAPÍTULO, ELEIÇÕES.
VOTOS: Os votos das Carmelitas são públicos e solenes, de castidade, pobreza e obediência: 117;
pelo voto de obediência, devem-na ao Sumo Pontífice: 126; bens doados à Igreja por voto: 162; na
profissão comprometem-se com voto aos conselhos evangélicos: 183; profissão temporária: 184;
prof solene: 189; fórmulas de votos: 132; vinculação ao.mosteiro: 243; dispensa dos votos
temporários: 249; de votos perpétuos: 253, 254, 255.
VOZ: Ativa e passiva: adquiere-se na profissão solene: 195; perde-a a religiosa exclaustrada:
246. V. PROFISSÃO.

ÍNDICE GERAL
Decreto
PRÓLOGO
Carta do Emmo. Cardeal Agostinho Casaroli
PROÊMIO

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I.A Ordem da Bem-aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo e a
R e n o v a ção de Santa Teresa de Jesus
Jesus Cristo, centro da vida consagrada a Deus no Carmelo
A Santíssima Virgem Maria, Rainha e Mãe do Carmelo
Santa Teresa de Jesus, filha da Igreja 51 Os Carmelos, mosteiros contemplativos

REGRA PRIMITIVA

CONSTITUIÇÕES
Capítulo I.-Da Obediência e eleição das Superioras
Capítulo II.- Da recepção das noviças, profissão e número de religiosas que há de haver
em cada convento
Capítulo III.- Da clausura
Capítulo IV - Do jantar e refeição
Capítulo V.-Das horas canônicas e coisas espirituais
Capítulo VI.- Da comunhão e confissão
Capítulo VII.- Da pobreza e coisas temporais
Capítulo VIII.- Do jejum e do vestuário
Capítulo IX.- Do trabalho e lavor de mãos
Capítulo X.- Do silêncio e recolhimento nas celas
Capítulo XI.- Da humildade e penitência
Capítulo XII.- Das enfermas
Capítulo XIII.- Das defuntas
Capítulo XIV.- Exortação acerca das obrigações da Madre Priora e das demais religio sas
nos seus respectivos ofícios
Capítulo XV Do Capítulo conventual
Capítulo XVI Das culpas e penas
Capítulo XVII (adjunto). -Natureza e fim da vida consagrada das Carmelitas Descalças
Capítulo XVIII (adjunto). - Os conselhos evangélicos e a vida comum
Castidade
Pobreza
Obediência
União na caridade
Fórmulas de profissão
Capítulo XIX (adjunto).- Condição jurídica dos mosteiros. Sua ereção e supressão
Capítulo XX (adjunto).- Governo do mosteiro
A Priora e suas Conselheiras
O Capítulo e as eleições
Postulação
Visita dos mosteiros
Administração dos bens
Capítulo XXI (adjunto). - Admissão e formação
Admissão das aspirantes
Noviciado
Profissão
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Capítulo XXII (adjunto). - Deveres e direitos das Carmelitas Descalças
Capítulo XXIII (adjunto). - Clausura Papal nos mosteiros de Carmelitas Descalças
Capítulo XXIV (adjunto). - Transferências e saída da Ordem
Passagem de uma religiosa de outro Instituto para um dos nossos mosteiros
Transferências dentro da Ordem
Exclaustração
Saída da Ordem
Capitulo XXV (adjunto). - Obrigatoriedade das Constituições
ÍNDICE ANALÍTICO
ÍNDICE GERAL

ESTE VOLUME DE «REGRA E CONSTITUIÇOES DAS RELIGIOSAS DESCALÇAS


DAORDEM DA GLORIOSISIMA VIRGEN MARIA DO MONTE CARMELO»
ACABOU DE SE IMPRIMIR NO DIA 16 DE JULHO DE 1991,
SOLENIDADE DA RAINHA E MÃE DO CARMELO

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