Você está na página 1de 5

NOTA OFICIAL DIOCESANA ACERCA DA 3ª EDIÇÃO TÍPICA DO

MISSAL ROMANO

Reverendíssimos presbíteros do clero da Diocese de Itapipoca,

Estimados diáconos permanentes,

Queridos (as) religiosos (as),

Povo de Deus que é a assembleia santa reunida em nome do Senhor Jesus,

A paz esteja convosco! (cf. Jo 20, 21)

Nos dias atuais, a história eclesiástica e a disciplina litúrgica atestam aquele


caráter dinâmico com que o Sagrado Magistério correspondeu às exigências suscitadas
por cada contexto histórico específico. Do séc. XX recordo o alvorecer trazido pelo
Concílio Vaticano II (1962-1965) e a magnífica reforma litúrgica dele advinda. Mas,
quando comparadas à essência da Igreja, estas atualizações são como que parciais e
limitadas. Isto porque a missão da Igreja é, em si, imutável: propagar no mundo a fé e a
salvação em Cristo (AG1, n. 5). Para melhor manifestar o mistério salvífico de Deus
(GS2, n. 41), a Esposa de Cristo desde cedo compreendeu ser a relação entre o culto
litúrgico e o credo cristão algo indispensável.

Tal união entre liturgia e fé ilustra-se claramente em um princípio eclesial-


teológico bastante conhecido sobretudo na Idade Média. Tese tese segundo a qual “A lei
da oração estabelece a lei da fé – lex orandi statuat legem credendi”. Esse critério
relacional entre as duas formas de expressão da catolicidade permitiu à Igreja conservar
a todo momento o tesouro da Tradição recebida dos Apóstolos. Por essa razão, ainda
que as reformas litúrgicas parecessem “ameaças” ou “crimes contra a fé” não se
mostraram outra coisa que uma evolução desejada pelo próprio Espírito Santo:
mudanças para que o povo cristão possa receber com maior segurança graças
abundantes na sagrada Liturgia (SC3, n. 21).

Então, em continuidade com os ventos sempre antigos e sempre novos do


Espírito a Igreja no Brasil oferece-nos uma nova tradução do livro Missal Romano.

1
Ad gentes – Decreto do Concílio Vaticano II sobre a atividade missionária da Igreja.
2
Gaudium et Spes – Constituição pastoral do Concílio Vaticano II sobre a Igreja no mundo de hoje.
3
Sacrosanctum Concilium – Constituição do Concílio Vaticano II sobre a Liturgia.
Conforme consta no site da CNBB4, ao apresentar o missal, [...] esta 3ª edição assumiu
os documentos mais recentes da Sé Apostólica e, também, as várias necessidades de
correções e acréscimos [...]. O processo de tradução textual do Latim para o Português
foi longo, levando ao todo 19 anos. Sua aprovação se deu na 59ª Assembleia Geral da
Conferência dos Bispos do Brasil (Aparecida/SP, de 28/08 a 02/09/2022). Além disso, o
Dicastério para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, segundo suas
competências, confirmou a presente tradução no dia 17 de março de 2023.

Por outro lado, tenho conhecimento pessoal de que todas as paróquias, áreas
pastorais e áreas missionárias circunscritas no território canônico (c. 369) da Diocese
de Itapipoca estão munidas da Nova Edição do Missal, mesmo que apenas nas Igrejas
sedes. Portanto, quero recordar aqui o prazo final que obriga o uso do texto traduzido, a
saber, o Primeiro Domingo do Advento, dia 03 de dezembro de 2023. Dessa forma, a
Promulgação (cc. 8§1; 13; c. 455 §3) dada pela Conferência dos Bispos (cc. 447-459)
na forma de Decreto Geral (c. 455) não abre exceções sob nenhum pretexto5.

É louvável observar que nos últimos meses em nossas regiões foraneas


aconteceram encontros de formação litúrgica a respeito do uso correto e apresentando os
novos elementos inseridos nesta nova tradução do Missal. Nas comunidades paroquiais
onde até o presente momento não foi possível facilitar esses encontros formativos,
cuide-se para que o realizem no devido tempo – mesmo depois do prazo para o uso
obrigatório do novo texto, pois

c. 213 — Os fiéis têm o direito de receber dos sagrados Pastores os auxílios


hauridos dos bens espirituais da Igreja, sobretudo da palavra de Deus e dos
sacramentos.
c. 214 — Os fiéis têm o direito de prestar culto a Deus segundo as prescrições do
rito próprio aprovado pelos legítimos Pastores da Igreja, e de seguir uma forma
própria de vida espiritual, consentânea com a doutrina da Igreja.” (CÓDIGO DE
DIREITO CANÔNICO, promulgado por João Paulo II, Papa. Edições CNBB.
São Paulo: 2019. 388 p.)

4
Cf. https://www.edicoescnbb.com.br/apresentacao-do-missal-romano-3o-edicao-tipica-na-integra
5
“Cân. 455 — § 1. A Conferência episcopal apenas pode fazer decretos gerais nos casos em que o
prescrever o direito universal ou quando o estabelecer um mandato peculiar da Sé Apostólica por motu
proprio ou a pedido da própria Conferência. § 2. Os decretos referidos no § 1, para serem validamente
feitos em assembleia plenária, devem ser aprovados ao menos por dois terços dos votos dos Prelados
pertencentes à Conferência com voto deliberativo, e só adquirem força obrigatória quando forem
legitimamente promulgados após a revisão pela Sé Apostólica. § 3. O modo de promulgação e o prazo a
partir do qual os decretos começam a vigorar são determinados pela própria Conferência episcopal. § 4.
Nos casos em que nem o direito universal nem o mandato peculiar da Sé Apostólica tiverem concedido à
Conferência episcopal o poder especial referido no § 1, mantém-se íntegra a competência de cada Bispo
diocesano, e nem a Conferência nem o seu presidente podem agir em nome de todos os Bispos a não ser
que todos e cada um hajam dado o consentimento.”
Que o povo de Deus tenha conhecimento pleno da estrutura modificada em
algumas partes das Orações Eucarísticas, a fim de que [...] os cristãos não assistam a
este mistério de fé como estranhos ou expectadores mudos, mas participem na ação
sagrada, consciente, piedosa e ativamente, por meio de uma boa compreensão dos
ritos e orações; sejam instruídos na palavra de Deus” (SC, n. 48). Tendo esclarecido
tais questões de cunho um tanto teórico, venho por meio desta relembrar alguns outros
4 princípios litúrgicos a serem meticulosamente observados por meus irmãos
presbíteros e diáconos (estes a depender da função exercida durante a Liturgia) da nossa
Diocese de Itapipoca. São tais:

1. Modificar os textos litúrgicos - "Cesse a prática reprovável de que sacerdotes, ou


diáconos, ou mesmo os fieis leigos, modificam e variam, a seu próprio arbítrio, aqui ou
ali, os textos da sagrada Liturgia que eles pronunciam. Quando fazem isto, trazem
instabilidade à celebração da sagrada Liturgia e não raramente adulteram o sentido
autêntico da Liturgia" (Instrução Redemptionis Sacramentum, sobre alguns aspectos
que se deve observar e evitar acerca da Santíssima Eucaristia, n. 59 - CONGREGAÇÃO
PARA O CULTO DIVINO E A DISCIPLINA DOS SACRAMENTOS);

2. Pedir que os fieis acompanhem o sacerdote na Oração Eucarística - "A


proclamação da Oração Eucarística, que por sua natureza, é, pois, o cume de toda a
celebração, é própria e exclusiva do sacerdote, em virtude de sua mesma ordenação.
Portanto, é um abuso fazer que algumas partes da Oração Eucarística sejam
pronunciadas pelo diácono, por um ministro leigo, ou ainda por um só ou por todos os
fieis juntos. A Oração Eucarística, portanto, deve ser pronunciada em sua totalidade, tão
somente pelo Sacerdote" (R.S., n. 52);

3. Aproveitar a homilia para falar de temas que não guardam relação com as
leituras - "Ao fazer a homilia, procure-se iluminar, em Cristo, os acontecimentos da
vida. Faça-se isto, sem dúvida, de tal modo que não se esvazie o sentido autêntico e
genuíno da palavra de Deus, por exemplo, tratando só de política ou de temas profanos,
ou tomando como fonte ideias que provêm de movimentos pseudo-religiosos de nossa
época" (R.S., n. 67);

4. Sobre a função do “comentarista” ou “animador” durante a celebração


eucarística – “Nos textos oficiais sobre liturgia da Igreja não é previsto outro animador
além do padre e o diácono. Mas, aos poucos, principalmente depois da reforma
litúrgica, ele torna-se presente e importante nas celebrações, adquirindo inclusive uma
função, principalmente na missa, qual seja: criar um clima celebrativo e introduzir a
comunidade no mistério celebrado. E mais, assim como o presidente da celebração, ele
não deve chamar atenção para si, mas apontar para Jesus Cristo celebrado. Ao longo da
celebração haverá oportunidades para outras intervenções do comentarista”. Quando
ajudar nas respostas da Missa, mantenha adequada distância do microfone, posto que
as respostas devem ser proferidas por todos os fieis presentes na celebração litúrgica.
Dessa forma, a voz individual do comentarista não abafará o conjunto da assembleia
celebrativa.

Na esperança de ter cumpridas as determinações aqui elencadas,

Nota oficial dada em Itapipoca, em nossa Cúria Diocesana, aos ___ de novembro de
2023

Fraternalmente em Cristo,

Dom Rosalvo Cordeiro de Lima

Bispo da Diocese de Itapipoca-CE

Pe. Antônio Cesanildo Soares Moura

Cancheler do Bispado

Prot. __/2023

Você também pode gostar