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JURISPRUDÊNCIA CANÔNICA

NULIDADE MATRIMONIAL

Mons. José Everaldo Rodrigues Filho


Vigário Judicial
Arquidiocese de Maceió/AL

Maceió/2023
SUMÁRIO

CAPÍTULOS DE NULIDADE

1) SIMULAÇÕES (AS EXCLUSÕES) (Cân. 1101 § 2º) ..................................................................... 3

1.1 Definição e Abrangência da Nulidade ......................................................................................... 3


1.2 Conceito de Exclusão ................................................................................................................... 3
1.3 Exclusão do bem da Fé ................................................................................................................ 4
1.4 Exclusão do bem do Sacramento ................................................................................................. 6
1.5 Exclusão do bem da Indissolubilidade .......................................................................................... 9
1.6 Matrimônio por tempo determinado .......................................................................................... 11
1.7 Exclusão do bem dos Cônjuges................................................................................................... 12
1.8 Exclusão do bem da prole (procriação) ...................................................................................... 14
1.9 Limitação da prole a partir de um tempo de convivência .......................................................... 14
1.10 Dificuldades de coletar provas ................................................................................................. 15
1.11 Quando não se gera filhos ........................................................................................................ 17
1.12 Exclusão do bem da Educação dos filhos ................................................................................ 20

2)FALTA DE DISCRIÇÃO DE JUÍZO (Cân. 1095 nº 2º) ............................................................... 21

2.1 Definição .................................................................................................................................... 22


2.2 Tipificação ................................................................................................................................. 22
2.3 A Perícia ..................................................................................................................................... 26
2.8 Os Depoimentos e Testemunhos ................................................................................................. 26

3)A INCAPACIDADE PARA ASSUMIR AS OBRIGAÇÕES ESSENCIAIS DO


MATRIMÔNIO NATUREZA PSÍQUICA (Cân. 1095 nº 3º) .......................................................... 27

3.1 Definição .................................................................................................................................... 27


3.2 Gravidade e Antecedência .......................................................................................................... 28
3.3 Provas ......................................................................................................................................... 30
3.3 Alcoolismo ................................................................................................................................. 31
3.4A Homossexualidade .................................................................................................................. 32
3.12 O Hipererotismo ....................................................................................................................... 32

4) ERRO DEPESSOA (Cân. 1097 § 1º) E ERRO DE QUALIDADE DE PESSOA(§ 2º) .............. 33

4.1 A Definição ................................................................................................................................ 36


4.2 O Erro de Qualidade de Pessoa .................................................................................................. 36
4.3 As Provas ................................................................................................................................... 38
4.4 Erro de Vontade Determinante ................................................................................................... 39

5) O DOLO (Cân. 1098) ....................................................................................................................... 40

5.1 A Intenção Geral ........................................................................................................................ 40


5.2 Requisitos ................................................................................................................................... 40
5.3 Princípio ..................................................................................................................................... 41
5.4 Nexo de Causalidade .................................................................................................................. 42

6) A VIOLÊNCIA E O MEDO (Cân. 1103)....................................................................................... 44

6.1 Definição .................................................................................................................................... 44


6.2 Elementos Jurídicos essenciais .................................................................................................. 45
6.3 O medo externo e interno ........................................................................................................... 46
6.4 O medo da má fama ................................................................................................................... 47
6.5 O medo Reverencial ................................................................................................................... 47
6.6 Outros Medos ............................................................................................................................. 48
6.7 Impotência de Copular ............................................................................................................... 48

7) MATRIMÔNIO SOB CONDIÇÃO (Cân. 1102) .......................................................................... 49

7.1 Definição .................................................................................................................................... 49


7.2 Tipos de condição ...................................................................................................................... 50
7.3 Dúvida Inicial e Dúvida Final .................................................................................................... 51
7.4 Provas ......................................................................................................................................... 52
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SIMULAÇÕES (AS EXCLUSÕES) (Cân. 1101 § 2º)

DEFINIÇÃO E ABRANGÊNCIA DA NULIDADE

Cân. 1055 — § 1. O pacto matrimonial, pelo qual o homem e a mulher constituem entre si o
consórcio íntimo de toda a vida, ordenado por sua índole natural ao bem dos cônjuges e à procriação e
educação da prole, entre os batizados foi elevado por Cristo Nosso Senhor à dignidade de sacramento.
§ 2. Pelo que, entre batizados não pode haver contrato matrimonial válido que não seja, pelo
mesmo facto, sacramento.
Cân. 1056 — As propriedades essenciais do matrimónio são a unidade e a indissolubilidade,
as quais, em razão do sacramento, adquirem particular firmeza no matrimónio cristão.
Cân. 1057 — Origina o matrimónio o consentimento entre pessoas hábeis por direito,
legitimamente manifestado, o qual não pode ser suprido por nenhum poder humano.
§ 2. O consentimento matrimonial é o ato da vontade pelo qual o homem e a mulher, por pacto
irrevogável, se entregam e recebem mutuamente, a fim de constituírem o matrimónio.

O matrimônio é uma aliança na qual um homem e uma mulher se entregam um ao outro e


aceitam constituir uma parceria para toda a vida, projetado para o bem dos cônjuges e para a
educação dos filhos.

Coram Graulich dec. diei 11 aprilis 2013


Matrimonium est foedus quo vir et mulier sese mutuo tradunt et accipiunt ad constituendum
consortium totius vitae et pleno iure Codex iuris canonici asserit matrimonium suapte natura
ordinatum esse ad bonum coniugum et ad prolis educationem (cf. can.1055, § 1). Haec sunt duo bona
quae si una ex parte naturam ipsius coniugii praedicant, ex altera intimam relationem inter coniuges
adfirmant, quae ex iure naturae indissolubilis est. Enimvero haec adsertiones, quae theologiam sapiunt,
super verba Domini fundantur quae certo certius in Evangelio inveniuntur: «Itaque iam non sunt duo
sed una caro; quod ergo Deus coniunxit homo non separet» (Mt 19, 6). Verum tamen haec postea a
divo Paulo perlecta videntur, relationem inter Ecclesiam et Christum his verbis pingente:
«Sacramentum hoc magnum est ego autem dico in Christo et in Ecclesia» (Eph 5, 32). Patres Ecclesiae
et theologi, etiam medii aevi, hac de re multum scripserunt. Qua de re pleno iure Codex iuris canonici,
vocem Magisterii Ecclesiae insequens [...], haec statuit: «Essentiales matrimonii proprietates sunt
unitas et indissolubilitas, quae in matrimonio christiano ratione sacramenti peculiarem obtinent
firmitatem» (can. 1056).
O matrimônio é uma aliança na qual um homem e uma mulher se entregam um ao outro e aceitam
constituir uma parceria para toda a vida e o Código de Direito Canônico afirma que o casamento é, por
sua própria natureza, projetado para o bem dos cônjuges e para o educação dos filhos (cf. cân. 1055, §
1). São dois bens que, por um lado, predicam a própria natureza do matrimônio, por outro, afirmam a
relação íntima entre os cônjuges, indissolúvel pela lei da natureza. Com efeito, estas afirmações, que
fazem sentido na teologia, baseiam-se nas palavras do Senhor, que certamente se encontram mais
claramente no Evangelho: «Assim, já não são dois, mas uma só carne; Portanto, o que Deus uniu, não
separe o homem" (Mt 19, 6). No entanto, essas palavras parecem ter sido lidas posteriormente por São
Paulo, explicando a relação entre a Igreja e Cristo com estas palavras: “Grande é este sacramento, mas
eu digo entre Cristo e a Igreja” (Ef 5, 32). Os Padres da Igreja e os teólogos, mesmo da Idade Média,
escreveram muito sobre este assunto. A este respeito, o Código de Direito Canónico, seguindo a voz
do Magistério da Igreja [...], estabelece o seguinte: «As propriedades essenciais do matrimónio são a
unidade e a indissolubilidade, que obtêm uma firmeza especial no matrimónio cristão em virtude da
sacramento" (cân. 1056).

CONCEITO DE EXCLUSÃO

O conceito de exclusão tem a ver com a vontade do sujeito, o desejo de assumir algo na sua
vida, isto é, de auto se determinar. Quando uma pessoa não quer entregar algo para alguém e finge
estar entregando. A pessoa finge estar assumindo um direito-dever, mas não está assumindo na sua
vontade. Fige que será fiel, mas se reserva o direito de adulterar. Finge que deseja ter filhos, mas
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reserva-se o direito de evitá-los a qualquer custo. Fige que quer viver com uma pessoa por toda a vida,
mas reserva-se o direito de romper a qualquer hora o vínculo conjugal. Há vários tipos de exclusão e,
portanto vários tipos de Simulação: Exclusão do bem da fé, exclusão do bem do sacramento, exclusão
do bem da indissolubilidade, exclusão do bem da fidelidade, exclusão do bem dos filhos e de sua
educação.

EXCLUSÃO DO BEM DA FÉ

Quando um dos nubentes se reserva o direito de viver contrário aos princípios da fé cristã.

Coram Caberletti, dec. diei 23 iulii 2013

Bonum fidei excluditur ab eo qui vult nullatenus exclusive alteri coniugi seipsum tradere: tenemus
contrarium exprimere bono fidei, et ideo simulacrum tantum coniugii conficere illum qui in voluntate
sive actuali, sive virtuali sibi reservet facultatem proprii corporis copiam faciendi aliis viris seu
mulieribus.

Exclui-se o bem da fé daquele que não deseja entregar-se de modo algum exclusivamente ao outro
cônjuge. Quando exprimimos o contrário de nossa fé e, portanto, a fazer apenas o simulacro de um
casal que reserva para si em sua vontade, real ou virtual, a possibilidade de fornecer seu próprio corpo
a outros homens ou mulheres.

Coram Erlebach dec. diei 3 Iulii 2014

Bonum fidei essentiale non respicit fidelem adimpletionem omnium onerum coniugii essentialium –
de singulis videndum est intra diversa nullitatis capita -, sed vertit solummodo in servandam
exclusivitatem relationis coniugalis utpote relationis sexualis, quod attinet ad actus aptos ad prolis
generationem. Bonum fidei excluditur non solum per reiectionem unitatis seu per reservationem sibi
iuris instituendi cum alia persona vel aliis personis consortium coniugale sub forma verae et propriae
polygamiae, sed etiam si quis in actu ipso consensus excludit onus servandi fidelitatem [...].

O bem essencial da fé não diz respeito ao fiel cumprimento de todas as obrigações essenciais do
casamento - cada uma delas deve ser vista dentro dos diferentes núcleos de nulidade -, mas se volta
apenas para a manutenção da exclusividade da relação conjugal como relação sexual, quanto aos atos
adequado para a geração de filhos. O bem da fé é excluído não só pela rejeição da unidade ou pela
reserva do direito de instituir união conjugal com outra pessoa ou outras pessoas na forma de
verdadeira e própria poligamia, mas também se alguém no próprio ato de consentimento exclui o ônus
de manter a fidelidade [...].

Coram Defilippi, dec. diei 26 novembris 2014

Quando matrimonii nullitas pertractatur ob exclusum bonum fidei, perspicue distinctio asserenda est
inter exclusionem fidei tamquam iurisiobligationis, et exclusionem fidei tamquam exercitii illius
iuris/obligationis. Nam lucida mente S. Thomas Aquinas nos edocet fidem dupliciter considerari
posse: uno modo in seipsa, et sic pertinet ad usum matrimonii per quem pactio coniugalis servatur;
altero modo in suo principio, et tunc pro fide accipitur debitum servandi fidem. In priore casu,
matrimonium invenitur aliquando sine fide, quia esse rei non dependet ab usu eius; in altero sensu,
sine fide matrimonium esse non potest, quia hoc debitum in matrimonio ex ipsa pactione coniugali
causatur, ita ut si quid contrarium exprimatur in consensu, non sit verum matrimonium (cf. Suppl., q.
XLIX, a. III). Ideo: ad provocandam matrimonii nullitatem, requiritur ut fides exclusa sit in suis
principiis, seu ut exclusum sit ipsum ius vel ipsa obligatio et non tantum exercitium iuris vel
adimplementum obligationis. Quod quidem facit, nedum nubens qui, intra ambitum actus vere
maritalis, alicui tertiae personae aliquod ius in proprium corpus tradit; sed etiam qui ius tradere
intendit comparti, at non exclusivum; vel qui statuat illud ius nemini tradere, neque comparti neque
tertiae personae neque aliis.
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Quando se discute a nulidade do casamento por exclusão do bem da fé, deve-se fazer uma clara
distinção entre a exclusão da fé como obrigação legal e a exclusão da fé como exercício desse
direito/obrigação. Pois com uma mente clara, São Tomás de Aquino nos ensina que a fé pode ser
considerada de duas maneiras: de uma maneira, em si mesma e, portanto, pertence à prática do
casamento pela qual a aliança conjugal é mantida; de outra forma, em seu início, e então a dívida de
manter a fé é tomada como fé. No primeiro caso, o casamento às vezes é encontrado sem fé, porque a
existência de uma coisa não depende de seu uso; em outro sentido, não pode haver casamento sem fé,
porque esta dívida no casamento é causada pelo próprio contrato conjugal, de modo que se algo em
contrário estiver expresso no acordo, não é um verdadeiro casamento (cf. Supl., q. 49, a. 3). Portanto:
para impugnar a nulidade do casamento, exige-se que a fé seja excluída em seus princípios, ou que
seja excluído o próprio direito ou a própria obrigação e não apenas o exercício do direito ou o
cumprimento da obrigação. Isso sim, e muito menos casar-se quem, no âmbito de um ato
verdadeiramente conjugal, cede a uma terceira pessoa algum direito sobre seu próprio corpo; mas
mesmo aquele que pretende abrir mão de um direito a ser compartilhado, mas não exclusivo; ou quem
decidir transferir esse direito para ninguém, nem para um parceiro, nem para uma terceira pessoa, nem
para outros.

Coram Monier, dec. diei 31 ianuarii 2014

Inter facti species exclusionis boni fidei iurisprudentia ante lucem ponit: quando: a) aliqua limitatio
apponitur consensui, quae sit contraria debito fidei servandae; b) intentio proditur se non aliter
obligandi in contrahendo, nisi cum restrictione: i. e., excluso onere se aliis non commiscendi; c)
positiva obligatio contrahitur cum tertio rem habendi; d) facultas reservatur non observandi fidem.

Dentre as modalidades de exclusão do bem da fé, a jurisprudência destaca: quando: a) for imposta ao
contrato alguma limitação contrária ao dever do bem da fé; b) seja manifestada a intenção de não se
comprometer de qualquer outra forma na contratação, exceto com uma restrição: i. e., excluindo o
ônus de não se misturar com outros; c) for contraída uma obrigação positiva com terceiro que tenha o
objeto; d) reserva-se a possibilidade de não observância da fé.

Coram Sable, dec. diei 21 martii 2013

Adulteria quae accidere possunt tempore nuptiali haud probant quod nubens fidelitatem a vinculo
iugali positivo actu voluntatis in matrimonio in fieri expunxit. Nam pacifica est distinctio inter ius et
iuris exercitium, iuxta quam denegatio iuris respicit obligationem non servandi fidelitatem, cum
denegatio exercitii iuris attineat dumtaxat ad implementum susceptae obligationis.

Os adultérios que podem ocorrer durante o casamento não provam que o noivo rompeu a fidelidade do
vínculo conjugal por um ato positivo da vontade no casamento. Pois há uma distinção pacífica entre o
direito e o exercício do direito, segundo a qual a negação do direito diz respeito à obrigação de não
manter a fidelidade, enquanto a negação do exercício do direito diz respeito apenas à implementação
da obrigação assumida.

Coram Monier, dec. diei 31 ianuarii 2014

Omnibus in casibus iudex attente ponderare debet circumstantias antecedentes, concomitantes et


subsequentes celebrationem marimonii. Inter eas maximi momenti sunt peculiaris historia familiaris,
educatio simulantis, mores, quae modum cogitandi et agendi illustrant. Etsi non agatur de incapacitatis
causis, maximae utilitatis videtur etiam auxilium periti ad personalitatem asserti simulantis
circumferendam.

Em todos os casos, o juiz deve ponderar cuidadosamente as circunstâncias anteriores, concomitantes e


posteriores à celebração do casamento. Entre eles, os mais importantes são a história familiar
particular, a criação do pretendente e os hábitos que ilustram a forma de pensar e agir. Embora não se
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trate das causas da incapacidade, também parece ser da maior valia contar com a ajuda de um perito
para apurar a personalidade do alegado imitador.

EXCLUSÃO DO BEM DO SACRAMENTO

Condicionando o Vínculo a algo que pode ou não acontecer no futuro é causa absoluta de
Nulidade.
Coram Defilippi, dec. diei 11 ianuarii 2013
Ut proprie dicamus de tertia hypothesi, utique ut irritum reddat matrimonium, nevesse non est ut
intenlio abrumpendi vinculum sub forma «absolutas manifestetur, sed, sicut plerumque lit, sufficit
etiam voluntas «condicionata» seu chypotheticas rescindendi vinculum, seu: «si casus ferat»; uti, v gr.:
si amor vel concordia deficiat, si coniugalis convictus infelix evadat, etc. Etiam h c in casu tamen
actus voluntatis, quo vitiatur consensus est absolutus, quia malrimonium ọ tamquam solubile
utcumque intenditur; dum «condicionala» seu «hypothetica» est tantum ruptura coniugii, quae
dependet ab eventu, quo verificato, nubens, de facto, solvet vinculum. Ideo: qui sibi servat facultatem
vinculi abrumpendi, si obvenerit aliqua reformidata circumstantia, iam in radice destruit conseısum
traditum, In factispecie exclusionis hypotheticae, hypothetica non est voluntas simulantis, sed
circumstantia futura praevisa uti causa frangendi vinculum coniugale; factum hypotheticum affert
elementum vehemens probationis voluntatis simulandi, cum sufficiat ut subiectum sibi reservet
facultatem seu possibilitatem divertendi, si casus ferat. Modus, quem adhibere nubens flagitat ad
vinculum solvendum, quidem subiectivus manet, uti esse possunt divortium aut simplex unionis
fractio, per quam coniugi valedicitur, libertatis recuperandae causa.
[...] para tornar o casamento nulo e sem efeito, não é necessário que a intenção de romper o vínculo se
manifeste de forma "absoluta" no momento do matrimônio, mas, haja uma "vontade condicional" ou
hipotética de quebrar o vínculo no futuro é suficiente, caso falhar o amor ou a harmonia conjugal, se
um cônjuge não tem certeza que será feliz, etc. Neste caso, o ato de vontade, manifestado pelo
consentimento está viciado, de forma absoluta, porque o desajuste é insolúvel, seja qual for a intenção;
enquanto “condicional” ou “hipotético”, pois o nubente condiciona sua vontade de ruptura do
casamento, a depender do evento que, verificado, o nubente, de fato, dissolva o vínculo. Portanto,
aquele que reserva para si a capacidade de romper o vínculo, caso ocorra alguma circunstância
elencada, já destrói pela raiz a decisão inicial. o fato hipotético traz forte elemento de prova da vontade
de fingir, quando basta ao sujeito reservar para si a faculdade ou a possibilidade de desviá-la, caso
ocorra o fato. O método que o noivo deseja usar para dissolver o vínculo, na verdade, permanece
subjetivo, podendo ser usado para o divórcio ou uma simples ruptura da união, através da qual o casal
se despede, a fim de recuperar sua liberdade.
Incompatibilidade de Gênios não é causa de Nulidade e não pode ser pleiteado no tribunal
eclesiástico como um elemento de Simulação.

Coram Pinto, dec. diei 18 iunii 2010


Strenue pugnavit N. F. iurisprudentia et inconcusse pugnare intendit ne simplex contrahentium
characterum discrepantia, quae vulgo dicitur « incompatibilità di carattere », quae moderna lues uti
causa ad effectum consistit in civilis divortii abusu, tanquam illegitimum nullitatis caput insinuetur,
cum id extra vires sit ipsius Ecclesiae. Faciliter sed illicite instituitur hodierna die aequatio in
consensus coniugalis pronuntiatione inter amoris finem inter coniuges et eorundem libertatem e
convictu discedendi, consensum et germanum amorem vacuum simulacrum efficiendo. Exclusive
innititur matrimonium consensu non vero amore, qui pro dolor! deficere tandem aliquando poterit.
Verum ex altera parte manet consensum quammaximam esse amoris iuris epiphaniam; mutua enim
traditio-acceptatio personarum mutuo perficitur amore, ad familiam constituendam christianam, quae
sine amoris effusione vix appellari poterit Christi Evangelii fructus.
A jurisprudência de N. F. lutou vigorosamente e pretende lutar inabalavelmente para que a simples
discrepância entre as personalidades das partes, que se convencionou chamar de “incompatibilidade de
gênios”, que é causa moderna de efeito e consiste no abuso do divórcio civil, seja insinuada como
caput ilegítima de nulidade, uma vez que está fora dos poderes da própria Igreja. Uma equação
facilmente, mas ilegalmente, hoje se estabelece no pronunciamento do consentimento conjugal entre o
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fim do amor entre os cônjuges e a liberdade dos mesmos de sair do vínculo, tornando o consentimento
e o amor genuíno uma imagem vazia. O casamento exclusivo é baseado no consentimento e não no
amor verdadeiro, infelizmente! Ele pode eventualmente falhar em algum ponto. Por outro lado,
continua sendo verdade que o consentimento é a maior epifania do amor pela lei; pois a entrega-
aceitação mútua das pessoas é realizada pelo amor mútuo, a fim de estabelecer uma família cristã, que
sem o derramamento de amor dificilmente pode ser chamada de fruto do Evangelho de Cristo.
O nubente que contrai matrimônio com a intenção de entrar com um processo de declaração de
nulidade caso o matrimônio venha a falir por algum motivo. Há uma simulação implícita.

Coram Salvatori, dec. diei 11 decembris 2014


Quaeritur quid sentiendum est de eo qui iniit matrimonium respuendo civile divortium, non vero
consilium perficiendae causae nullitatis coram auctoritate Ecclesiae. Pertractatio huius facti speciei in
recenti rotali iurisprudentia plerumque non invenitur, sed potius ad veterem pertinet. Structura huius
mentis pendebit quidem a socioculturali contextu in quo praetensus simulans institutus est. Quidquid
est, hoc principium scite ob oculos tenendum est: dum pars vel testis voce «divortium» - aut hoc in
casu et «causa nullitatis”- utuntur, iudici caute procedendum erit cum causam nullitatis iudicaverit,
quoniam solummodo intentio vinculi obiective obrumpendi nullitatem matrimonii parit. Verum tamen
arduum probare videtur virum bonum sacramenti exclusisse cum animo recurrendi ad causam
nullitatis directe et principaliter instituendam. Etenim perdifficile videtur ut invicte demonstretur
nubentem una ex parte vinculum coram Deo frangere voluisse et ex altera, eodem tempore, licitis
mediis usurum esse de inquirenda veritate circa statum suae personae coram Ecclesia. Enimvero
contradictio in processu psychologico in casu quammaxime patet, et contra perdifficile est actum
positivum voluntatis clare itidem inspicere.
O que se deve pensar daquele que contraiu matrimônio rejeitando o divórcio civil, mas não o projeto
de pleitear uma causa de nulidade perante a autoridade da Igreja. Um tratamento desse tipo de fato
geralmente não é encontrado na jurisprudência rotal moderna, mas pertence à antiga. A estrutura dessa
mente dependerá, de fato, do contexto sociocultural em que o fingimento pretensioso é instituído. Seja
o que for, deve-se ter em mente este princípio: enquanto uma parte ou testemunha utilizar a palavra
"divórcio" - ou neste caso "causa de nulidade" - o juiz deverá proceder com cautela ao decidir a causa
de nulidade, já que somente a intenção de romper objetivamente o vínculo gera a nulidade do
casamento. No entanto, parece ser uma verdade difícil provar que o homem bom excluiu o sacramento
com a intenção de recorrer a estabelecer direta e principalmente a causa de nulidade. Com efeito,
parece muito difícil demonstrar de forma invencível que o esposo, por um lado, quis romper o vínculo
perante Deus e, por outro lado, ao mesmo tempo, se serviria de meios jurídicos para indagar a verdade
sobre o estado de sua pessoa perante a Igreja. De fato, a contradição no processo psicológico é mais
evidente no caso e, ao contrário, é difícil ver claramente o ato positivo da vontade da mesma maneira.

Acreditar no divórcio não é prova suficiente para se declarar nulo o matrimônio é preciso
provar que a vontade do nubente está condicionada a esta crença que possui.

Coram Caberletti, dec. diei 3 decembris 2009


Error, et quidem speculativus, ex quo subiectum sibi suadet de impossibilitate perpetuitatem connubii
servandi, vel de iure consortium frangendi, per se tantum in mundo intellectus manet, quin
voluntarium constituat, nisi voluntatem determinet (cf. can. 1099); attamen huiusmodi erroris
factispecies causam remotam simulandi componere potest. Si autem ille error uti radicatus in subiecto
agente habeatur, scilicet si ipse intellectum ita corrumpat ut nihil aliud nubens intelligat et deinde eius
voluntas tantum iuxta errorem eligere possit, vehemens indicium pro excluso bono sacramenti patet.
Nullatenus sic dicta voluntas habitualis, vel mens divortio favens, sufficit ad actum positivum
voluntatis perficiendum, sed necesse est ut nupturiens, ab errore speculativo ductus, ad iudicium
practico-practicum perveniat, scilicet pro suo matrimonio eligat exclusionem indissolubilitatis; recte
idcirco admonemur: etiam vere radicatus error circa matrimonii indissolubilitatem seu persuasio de
admissibilitate solutionis matrimonii ex se non irritat consensum, quia error – uti dicitur - in intellectu
manet et ex natura sua non determinat voluntatem, etsi sine dubio concurrere possit in
determinationem voluntatis in tale pravum placitum. In hoc ultimo casu, vero, alia etiam concurrere
debent elementa ut consensus matrimonialis nullus evaderet. Cum facta nonnumquam eloquentiora
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quam verba aestimentur oportet, circumstantiae, una simul inspectae, indicia afferunt ad partium
confessiones roborandas.
Um erro, aliás especulativo, a partir do qual o sujeito sugere a si mesmo a impossibilidade de manter a
perpetuidade do casamento, ou reserva-se o direito de romper a união, no campo intelectivo, sem
determinar sua vontade (cf. cân. 1099); Esse tipo de erro pode ser a causa remota da Simulação. Mas
se esse erro for considerado arraigado no agente, há um forte indício de que o bem do sacramento é
excluído. De modo algum a chamada vontade habitual, ou uma mente favorável ao divórcio, é
suficiente para concluir um ato positivo da vontade, mas é necessário que o casado, levado por um
erro especulativo, chegue a um julgamento prático-prático, que é seu direito escolher a exclusão da
indissolubilidade; assim nos recordamos com razão: um erro verdadeiramente fundado sobre a
indissolubilidade do casamento ou uma convicção quanto à admissibilidade da dissolução do
casamento não invalida por si só o consentimento, porque o erro - como se diz - permanece no campo
especulativo e por sua natureza não determina a vontade, embora possa sem dúvida concorrer para a
determinação da vontade. Neste último caso, porém, outros elementos também devem concorrer para a
certeza moral acerca da exclusão da indissolubilidade. Como os fatos às vezes são mais eloqüentes do
que as palavras, as circunstâncias, vistas em conjunto, fornecem evidências para apoiar as confissões
das partes.

Há uma conexão entre a exclusão da indissolubilidade e a exclusão do bem dos filhos, pois um
nubente pode excluir o bem dos filhos até que chegue a certeza que será feliz com o casamento
que contraiu.

Coram Sciacca, dec. diei 15 maii 2009


Adnotare quammaxime in praesentiarum praestat -cum in casu agitur de exclusione accusata tum
indissolubilitatis tum generandae prolis - quod arcta exstat relatio inter indissolubilitatis exclusionem
et prolis boni reiectionem, siquidem intima et moraliter necessaria viget connexio, inter perseverantem
vitam communem et filiorum existentiam. Generatim ergo indissolubilitatis exclusio secumfert etiam
prolis exclusionem, sed dari potest ut aliquis bonum sacramenti excludat et sibi proponat matrimonio
abuti, scilicet praepedire generationem prolis per procrastinationem ad tempus indeterminatum,
quousque, nempe, experiatur faustus exitus matrimonii quod incertum pertimescitur.
Convém notar tanto quanto possível no presente - visto que neste caso se trata da exclusão acusada
tanto da indissolubilidade como da geração de filhos - que existe uma estreita relação entre a exclusão
da indissolubilidade e a rejeição do bem dos filhos, uma vez que existe uma conexão íntima e
moralmente necessária entre a continuação da vida comum e a existência de filhos. Em geral, portanto,
a exclusão da indissolubilidade comporta também a exclusão da descendência, mas pode-se dar que
alguém exclua o bem do sacramento e se proponha um casamento abusivo, isto é, impedir a geração
de descendência por procrastinação para um período indefinido, até que ele experimente o desfecho
feliz do casamento que ele teme ser incerto.

Hoje é muito difícil, na sociedade moderna, uma pessoa contrair o matrimônio tendo plena
convicção que deve excluir de sua vontade uma futura ruptura conjugal pelo divórcio.

Coram Graulich, dec. diei 11 aprilis 2013


Exclusio indissolubilitatis una ex parte cum ipsa matrimonii natura certat, quippe cum aliena omnino
sit ab ipsa eius essentia; ex altera, si matrimonium sub adspectu dynamico vel sub ipsis suis finibus
intelligitur, commemorata exclusio cum bono coniugum natura sua etiam dimicat. Quoad simulationis
probationes iurisprudentia rotalis eas perhibere solet secundum hoc lineamentum: adsint confessio
simulantis extraiudicialis insuspecto tempore testibus fide dignis patefacta; iudicialis confirmatio per
testes; debilis causa nubendi, quae formationi causae simulandi ansam dedit; debita ac proportionata
causa simulandi remota et proxima; circumstantiae matrimonio antecedentes, concomitantes et
subsequentes. Iuvat demum memorare hoc schema hierarchiam ponderis probationum non constituere,
sed modum ad moralem certitudinem adipiscendam, quippe cum praesumptio iuris can. 1101, § 1
superanda sit. Hodiernis temporibus non semper facile est nubenti coniugii proprietatem
indissolubilitatis sic et simpliciter recte intelligere atque in suo consensu directe accipere, quasi per
absorptionem ex ipsa cultum sicut vero aliis praeteritis temporibus -, quippe cum hodierna Europaea
9

societas in quasi generalem errorem irrepta esset, ita ut que de pervicaci errore quibusdam in casibus
hac in provincia sermo fieri possit. Cum vero de christiana societate in Europa amplius sermo fieri non
possit, christianus ipse, cum iniit matrimonium et dum consensum profert, quasi obstupefactum
intellectum aliquando habet circa matrimonii essentiam, quoniam quoquoversum constanter trahitur et
aliubi instanter compellitur et eo sensu neque communes litterae (lege «cultura») nec v. d. «mass
media» auxilium afferunt. Quo circa si christianus institutus est in familia ubi parentes divortium
perfecerunt, si ipse ab Ecclesia longinquus constanter vixit, si in «movimenti politici» multos per
annos militavit qui doctrinam adversus Ecclesiam omnino profitentur (consociationes quoque
massonicae non excluduntur) et si omnibus his doctrinis imbutus ac constanter depastus sit, si
numquam reversus sit ad pristinam fidem nec ullum aptum iter ad hoc fecerit, [...], perdifficile est ut
nupturiens, sicut nuper depictus et in illo peculiari contextu socio-culturali institutus, veritatem de
matrimonio recte inspicere possit, nisi ipse solidus reapse intrinsece fuerit aut, ad Ecclesiam reversus,
peculiare iter fidei gressus sit; alioversum hac de re valde dubitatur.
A exclusão da indissolubilidade, por um lado, colide com a própria natureza do matrimónio, porque é
completamente estranha à sua própria essência; por outro lado, se o matrimónio for entendido sob o
seu aspecto dinâmico ou segundo os seus próprios fins, a referida exclusão colide pela sua própria
natureza com o bem dos cônjuges. Quanto às provas da simulação, a jurisprudência da rota costuma
repassá-las segundo esta particularidade: A confissão extrajudicial do pretendente revelada em tempo
insuspeito? As testemunhas são idôneas? Há confirmação judicial das testemunhas que a razão de
casar foi frágil?Que evoluiu com o tempo o desejo de Simular? A Simulação foi causa remotaou
próxima ao matrimônio?Quais foram as circunstâncias anteriores, concomitantes e posteriores ao
casamento? Por fim, é bom lembrar que esse esquema não estabelece uma hierarquia do peso da
prova, mas um método para obter a certeza moral, já que com a presunção de direito cânon 1101, § 1º
deve ser superada. Nos tempos modernos, nem sempre é fácil para um casal compreender de forma tão
simples e correta a propriedade da indissolubilidade e aceitá-la diretamente em seu consentimento,
como que por absorção do próprio culto, como acontecia em outros tempos de passado - desde que a
sociedade europeia atual caiu numa espécie de erro geral, de modo que em alguns casos nesta área
podemos falar de erro persistente. Como não é mais possível falar sobre a sociedade cristã na Europa,
o próprio cristão, quando se casa e quando dá consentimento, às vezes tem uma compreensão
atordoada sobre a essência do casamento, pois é constantemente puxado para todos os lugares e
forçado com urgência em outro lugar e, nesse sentido, nem a literatura comum (leia " cultura») nem a
"mass media" ajudam. E se um cristão foi criado em uma família onde seus pais se divorciaram, se ele
viveu constantemente longe da Igreja, se serviu no "movimento político" por muitos anos que professa
um ensinamento contra a Igreja (associações maçônicas são também não excluídos) e se imbuído de
todas essas doutrinas e está constantemente perdido, se nunca voltou à sua antiga fé e não fez nenhuma
viagem adequada para isso [...], é difícil para uma pessoa casada, como recentemente retratado e
instituído naquele particular contexto sociocultural, para poder olhar corretamente a verdade sobre o
matrimónio, a menos que ele próprio fosse realmente intrinsecamente sólido ou, tendo regressado à
Igreja, tivesse percorrido um especial caminho de fé; Por outro lado, há muita dúvida sobre este
assunto.

EXCLUSÃO DO BEM DA INDISSOLUBILIDADE

Quando um dos cônjuges exclui a INDISSOLUBILIDADE está aniquilando a própria


sacralidade do matrimônio da vida dos dois nubentes. Profanando a sacralidade do Sacramento.

Coram Defilippi, dec. diei 11 ianuarii 2013


Nam iuxta verba Christi: «Quod Deus coniunxit, homo non separet» (Mt 19, 6) et in traditione
Ecclesiae primitivae innixum, Magisterium Ecclesiasticum semper docuit matrimonium esse
indissolubile. Quam doctrinam sollemniter confirmavit Concilium Vaticanum II, docens: «Quae
intima unio, utpote mutua duarum personarum donatio, sicut et bonum liberorum, plenam coniugum
fidem exigunt atque indissolubilem eorum unitatem urgent» (Const. past. Gaudium et spes, n. 48).
Quod autem attinet ad exclusionem boni sacramenti seu indissolubilitatis, animadvertendum est, in
casu, defectum consensus haberi, quia excluditur una ex essentialibus coniugii proprietatibus, sicut
edicitur in can. 1056. Indissolubilitas, utpote essentialis proprietas, «omnia matrimonia respicit et
10

attingit, naturali minime excepto» (coram Funghini, sent. diei 5 iunii 1996, RRDE.., vol. LXXXVIII,
p. 436, n. 2), quamvis pro chris-tianis firmitatem obtineat ratione sacramenti, ita ut sit «quasi signum
praevalens [...] mysterii connubii sacramentalis. Ita, inter tria traditionalia ab Augustino relata
matrimonii bona, illud indissolubilitatis sub tali praecisa designatione venit, sc. "bonum sacramenti"»
(coram Serrano Ruiz, ). Quam veritatem pariter Nobis memoravit Ioannes Paulus II: «Il loro [i.e.
proprietatum essentialium] rafforzamento ulteriore nel matrimoni o cristiano attraverso il sacramento
poggia su un fondamento di diritto haturale, tolto il quale diventerebbe incomprensibile la stessa opera
salvifica e l'elevazione che Cristo ha operato una volta per sempre nei riguardi della realtà coniugale»
(Allocutio ad Rotam Romanam, diei 28 ianuarii 2002, cit., p. 342, n. 3).
Pois segundo as palavras de Cristo: "O que Deus uniu não o separe o homem" (Mt 19,6) e baseado na
tradição da Igreja primitiva, o Magistério Eclesiástico sempre ensinou que o casamento é indissolúvel.
Este ensinamento foi solenemente confirmado pelo Concílio Vaticano II, ensinando: "Aquela união
íntima, como dom recíproco de duas pessoas, assim como o bem dos filhos, exige dos esposos a plena
fé e insiste na sua unidade indissolúvel" (Const. past. Gaudium et spes, n. 48). Mas, quanto há à
exclusão do bem do sacramento que exige a indissolubilidade, deve-se concluir que há exclusão do
consentimento, porque se exclui uma das propriedades essenciais do matrimônio, conforme exprime o
cân. 1056. A indissolubilidade, como bem essencial, "refere-se e afeta o matrimônio, como exigência
mínima e natural" (coram Funghini, de 5 de junho de 1996, RRDE..., vol. 88, p. 436, n. 2), embora
para cristãos obtenha sua firmeza em razão do sacramento, de modo que seja "como um sinal
predominante [...] do mistério do matrimônio sacramental". Assim, entre as três virtudes tradicionais
do casamento relatadas por Agostinho, a da indissolubilidade recebe uma designação tão precisa, sc.
"o bem do sacramento" (coram Serrano Ruiz, ). João Paulo II também nos lembrou esta verdade:
"Entre eles [i.e. proprietatum essencialium] a indissolubiliade nos matrimônios cristãos tem seu
fundamento na lei natural, sem o qual seria incompreensível a própria obra salvífica e a elevação que
Cristo operou de uma vez por todas em relação à realidade conjugal" (Allocutio ad Rota Romana, 28
de janeiro de 2002, cit., p. 342, n. 3).
Coram Graulich dec. diei 11 aprilis 2013
Cum vero indissolubilitatis proprietas ipsi coniugio intrinseca sit, si quis in animo suo cam respuere
sibi reservat, matrimonium invalide init. Enimvero can. 1101, § 2 statuit: «At si alterutra vel utraque
pars positivo voluntatis actu excludat matrimonium ipsum vel matrimonii essentiale aliquod
clementum, vel essentialem aliquam proprietatem, invalide contrahit». Canon loquitur de voluntatis
actu – a rotali iurisprudentia semper intellecto «ex deliberata voluntate» procedente (S. Thomas,
Summa theol., I-II, q. 1, a. 1) -, qui et consensus cognominatur et causa est efficiens matrimonii, quo
scilicet coniuges mutuo sese tradunt et accipiunt (cf. can. 1057, § 2). Cum vero coniuges - iuxta
catholicam theologiam – ministri ipsius matrimonii sint, oportet ut uterque contrahat cum intentione in
animo suo faciendi quod Ecclesia facit - sicut Concilium Tridentinum docet – et tunc valide celebrat;
secus ac invalide, si uterque vero, vel alteruter, contrahit cum intentione nubendi tam peculiariter et
personaliter quae cum Ecclesiae intentione componi nequit. Seposita vero hoc in casu quaestione de
peccato coram Deo et Ecclesia commisso, mens potius est vertenda super nullitatem istius iuridici
actus, qui a iurisprudentia simulatus nuncupari solet. Ut enim processus simulatorius perficiatur,
necesse est – sicut praecitatus canon edicit – ut contrahens essentialem indissolubilitatis proprietatem
positivo voluntatis actu excludat. […]Heic quidem sufficit mentem solummodo renovare hoc animi
conceptum a iurisprudentia circumscribi solere sub formula «velle non» non autem «nolle».
Mas como a propriedade da indissolubilidade é intrínseca ao próprio matrimônio, se alguém se reserva
em sua mente para rejeitá-la, o casamento começa invalidamente. De fato, o cân. 1101, § 2 afirma:
"Mas se uma ou ambas as partes por um ato positivo da vontade excluírem o próprio matrimônio, ou
alguma finalidade essencial do matrimônio, ou alguma propriedade essencial, o contrato é inválido." O
cânon fala do ato da vontade - que é sempre entendido pela jurisprudência Rotal como procedendo "da
vontade deliberada" (S. Tomás, Summa theol., I-II, q. 1, a. 1) - que também é conhecido como
consentimento e é a causa eficiente do matrimônio, pela qual os esposos se entregam e se recebem (cf.
cân. 1057, § 2). Sendo os esposos - segundo a teologia católica - os ministros do próprio matrimónio, é
necessário que cada um contratante com a intenção no seu coração de fazer o que a Igreja faz - como
ensina o Concílio de Trento - e depois celebre vigorosamente; de forma diferente e inválida de modo
tão particular e pessoal, da intenção da Igreja deixando de lado neste caso a questão do pecado
cometido perante Deus e a Igreja, a mente deve antes se voltar para a nulidade daquele ato jurídico,
11

que na jurisprudência costuma ser chamado de pretenso. Para que o processo simulativo se realize, é
necessário – como diz o cânone acima mencionado – que o contraente exclua a propriedade essencial
da indissolubilidade no ato positivo da vontade. [...] Para isso, basta apenas na sua mente, ser
circunscrito pela jurisprudência sob a fórmula "não quero" e não "não desejo".

Não pode existir um verdadeiro matrimônio se está na mente dos nubentes um Matrimônio por
tempo determinado, ou como uma experiência temporária na vida dos nubentes. De fato se
exclui o bem da indissolubilidade.

Coram Defilippi, dec. diei 11 ianuarii 2013


Simulatio consensus ob exclusam indissolubilitatem tunc habetur quando quis, celebrans
matrimonium, reapse hoc vult dissolubile, scilicet: «sibi reservans facultatem recuperandi plenam
libertatem» (coram Monier). In indissolubilitate autem, ut proprie loquamur, tres gradus inter se intime
coniuncti prospici possunt, scilicet: stabilitas, perpetuitasatque indissolubilitas sensu stricto intenta.
Nam: «Aunque estos niveles existen inseparables en la fortaleza unitiva del vínculo válido, es útil
distinguirlos conceptualmente por dos motivos. Primero, porque, a veces, los argumentos que
fundaimentan esta propiedad esclarecen en realidad su estabilidad o su perpetuidad, más que su
indisolubilidad en sentido estricto. Y segundo, porque, a efectos de la intención simulatoria, el acto
positivo de exclusión también tiene matices distintos según atente contra la estabilidad, la perpetuidad
o la indisolubilidad misma» (P. J. Viladrich, Estrctura esencial del matrimonio y simulación del
consentimiento, Pamplona 1997, p. 97). Consequenter etiam exclusio indissolubilitatis veluti per
triplicem formam fieri potest; scilicet: «In primis igitur indissolubilitatem is excludit, qui stabilitatem
vinculi matrimonialis respuit. Idque obvenit, si quis unionem trasitoriam tantum stipulare cum
comparte intendat, seu matrimonium, quod dicitur, ad experimentum (FC, 80). Deinde
indissolubilitatem is quoque excludit, qui perpeluilatem vinculi matrimonialis reicit. Hoc autem tunc
accidit, si quis unionem temporariam (ibid, 80) tantum ingredi velit, seu matrimonium, quod dicitur;
ad experimentum [...]. Demum indissolubilitatem directe proprieque is excludit, qui sibi servat ius
radicale solvendi vinculun matrimoniale, quod ius divortiandi vocari solet vel factultas divortii
faciendi (ibid., n. 82)» (coram Stankicwicz).
A simulação do consentimento por exclusão da indissolubilidade é considerada quando alguém,
celebrando um casamento, deseja efetivamente que este seja dissolúvel, nomeadamente: "reservando
para si a capacidade de recuperar a plena liberdade" (Coram Monier). Ora, na indissolubilidade, como
bem podemos dizer, três graus podem ser vistos intimamente ligados entre si, a saber: estabilidade e
perpetuidade, indissolubilidade entendida em sentido estrito. Para: "Mesmo que esses níveis existam
inseparáveis na força unitiva do vínculo valido, é útil distingui-los conceitualmente por dois motivos."
Primeiro, porque, às vezes, os argumentos que fundamentam esta propriedade são esclarecidos na
realidade sobre sua estabilidade ou perpetuidade, mais do que sua indissolubilidade em sentido estrito.
E segundo, porque, a efectos de la intención simulatoria, el acto positivo de exclude también tiene
maties distintos según atente contra la estabilidad, la perpetuidad o la indisolubilidad misma" (P. J.
Viladrich, Estrctura essencial del matrimonio y simulación del consentimiento, Pamplona 1997, pág.
97). Consequentemente, mesmo a exclusão da indissolubilidade pode ser efetuada, por assim dizer,
por uma forma tríplice; E isso acontece se se pretende estipular apenas uma união temporária com um
parceiro, ou um casamento, como se diz, para uma experiência (CF, 80). Então ele também exclui a
indissolubilidade do vínculo matrimonial. Mas isso então acontece, se alguém quiser entrar apenas em
uma união temporária (ibid., 80), ou casamento, como se diz; à prova [...] Finalmente, a
indissolubilidade é excluída direta e propriamente por aquele que reserva para si o direito de dissolver
radicalmente o vínculo matrimonial, o que se costuma chamar direito ao divórcio ou ato do divórcio
(ibid., n. 82)” (Coram Stankicwicz).

O Matrimônio celebrado por tempo determinado é inválido

Coram Bottone dec. diei 16 ianuarii 2014


Consensus solummodo ad tempus praestitus haud validus est ad matrimonium constituendum, id est
hypothetica seu condicionata voluntas vinculum rescindendi si quaedam contingant, iam in radice
consensum traditum destruit. Indissolubilitas enim, suapte natura, distinctionem iuris ab eiusdem
12

exercitio haud patitur, ideo positiva voluntas ineundi matrimonium ad proprium libitum solubile eo
ipso excludit indissolubilitatem matrimonii et eius nullitatem provocat.
O consentimento dado apenas por um determinado período de tempo não é válido para a constituição
do Matrimônio, ou seja, uma vontade hipotética ou condicional de romper o vínculo se certas coisas
acontecerem, já destrói o consentimento tradicional na sua raiz. Porque a indissolubilidade, pela sua
própria natureza, não permite distinguir o direito do exercício do mesmo, pelo que a vontade positiva
de contrair matrimónio por vontade própria exclui a indissolubilidade do casamento e contesta a sua
nulidade.
Coram Graulich, dec. diei 11 aprilis 2013
Enimvero Ecclesiae Doctores semper docuerunt consensum ad tempus non sufficere ad validitatem
matrimonii pariendam. Namque: «Ratio quare oportet simpliciter consentire et quod nihil valet
consensus ad tempus est quia consensus non facit matrimonium nisi quatenus praesupponit divinam
institutionem [...]. Dominus constituit coniunctionem talem ad perpetuitatem et huic etiam competit
dictamen iuris naturalis. Et ideo, si consensus consonat institutioni necesse est quod sit ad omne
tempus» (S. Bonaventura, Commentarius in IV Sent., dist. 27, a. 1, q. 2; vide ex. gr. etiam S. Thomas,
Suppl., q. 49, a. 3 et 4).
De fato, os Doutores da Igreja sempre ensinaram que o consentimento momentâneo não é suficiente
para dar origem à validade do matrimônio. Pois: "A razão pela qual é necessário simplesmente
concordar e que o acordo temporário é inútil é porque o acordo não faz o casamento, exceto na medida
em que pressupõe instituição divina [...] O Senhor estabeleceu tal união para perpetuidade, e os
ditames da lei natural também se aplicam a isso. E, portanto, se o consentimento está de acordo com a
instituição, é necessário que seja para sempre (S. Bonaventura, Commentarius in IV Sent., dist. 27, a.
1, q. 2; vide ex. gr. etiam S. Thomas, Suppl., q. 49, a. 3 et 4).

EXCLUSÃO DO BEM DOS CÔNJUGES

A exclusão do bem dos cônjuges não pode ser confundido com a falta de amor ou dificuldade de
convivência, ou com meras dificuldades conjugais, ou pior, com a incompatibilidade de caráter
do casal.

Coram Salvatori, dec. diei 18 novembris 2013

Legislator, Dominus Рара Benedictus XVI, doctrinam de bono coniugum nuperrime enubilavit,
eiusdem essentiam presse quidem explicans: «consiste semplicemente nel volere sempre e comunque
il bene dell'altro, in funzione di un vero e indissolubile consortium vitae » (Allocutio ad Rotam
Romanam, diei 26 ianuarii 2013, AAS 105 [2013], p. 171, n. 3). His ex verbis patet essentiam boni
coniugum - et e converso rationes irritantes - dimetiendas esse secundum peculiare criterium, idest ad
matrimonium ipsum relatum et secundum iuris naturalis criteria quidem intellectum. Hoc criterium,
quod criterium obiectivum nuncupari potest, si una ex parte difficile cogitatu, ex alia non impossibile
inventu. Namque hac de re Magisterium ipsum aliqua definita criteria obtulit edicens: «Possano darsi
dei casi nei quali, proprio per l'assenza di fede, il bene dei coniugi risulti compromesso e cioè escluso
dal consenso stesso; ad esempio, nell'ipotesi del sovvertimento da parte di uno di essi, a causa di
un'errata concezione del vincolo nuziale, del principio di parità, oppure nell'ipotesi di rifiuto
dell'unione duale che contraddistingue il vincolo matrimoniale, in rapporto con la possibile coesistente
esclusione della fedeltà e dell'uso della copula adempiuta humano modo» (ibid., p. 172, n. 4). Quae
cum ita sint, dici potest non omnia quae ad bonum coniugum stricte loquendo pertinent eo ipso
matrimonium irritare, sed solummodo quae obstant ad «bene dell'altro», quod dimetiendum est «in
funzione di un vero e indissolubile consortium vitae». Rotalis iurisprudentia clare enodavit ad bonum
coniugum pertinerenere quod olim sub vetere Codice finis secundarius ipsius coniugii vocitabatur ,
complectens quidem mutuum coniugum adiutorium necnon remedium concupiscentiae. Hac de re
perbelle edocemur in una coram Ferreira Pena (cf. sent. diei 9 iunii 2006). Quidquid est, criteriis uti de
mutuo adiutorio necnon de remedio concupiscentiae alicuius utilitatis videtur, dum primum de
interpersonali conversatione et secundum de sexualitatis usu, etiam humano modo, loquitur. Hac de re
iurisprudentia N. A. F. multum ratiocinata est etiam ante novum Codicem.
13

Ad mutuum adiutorium quod attinet, bonum coniugum excludere videtur ex. gr. qui dignitatem alterius
coniugis ex se vel eiusdem aequalem dimensionem excludit, aut qui mulierem in uxorem ducit -et
versa vice- cum intentione pervertendi alteram partem cum sub morali tum sub christianae fidei
adspectu, aut cum intentione hereditatem vel domum vel titulum nobiliarem solummodo obtinendi
(brevibus verbis cum intentione non constituendi cum altero consortium totius vitae vel illum uti
coniugem non habendi), vel alteri parti ius ad actus per se aptos ad prolis generationem tantummodo
conceditur cum aliena atque intrinseca finalitate quae bonum alterius necnon ipsorum coniugum uti
sponsorum non respicit, et ita porro. Ad remedium concupiscentiae quod attinet, aliquae factispecies
inveniri possunt, quae cum boni coniugum exclusione plene congruunt, ex. gr. quando quis sexualitate
humano modo non utitur quoad se aut quoad alterum coniugem, vel erga matrimonium ipsum, et
quidem, brevibus verbis, dum sexualitate tam deordinate vel aliena ab essentia matrimonii et ipsius
finis abutitur, ut dignitas alterius, vel ipsius matrimonii aut officium fidelitatis erga compartem,
graviter laedatur. Haec facti species vero plerumque sub facti specie incapacitatis consensus praestandi
pertractantur, sed et casus dari possunt ubi sub exclusione boni coniugum vero disputari valeant. Quae
cum ita sint, criterium obiectivum a Magisterio oblatum - de quo aliquas concretas explicationes
reddere hucusque conati sumus - impedit quominus laxismo indulgeatur, uti aliquando in quadam
iurisprudentia quorumdam Tribunalium invenitur, dum exclusio boni coniugum ex. gr. cum amoris vel
cohabitationis defectu, vel cum meris difficultatibus aut peius cum incompatibilitate coniugum
indolum confunditur. Paucis verbis «bisogna resistere alla tentazione di trasformare le semplici
mancanze degli sposi nella loro esistenza coniugale in difetti del consenso» (Benedictus XVI,
Allocutio ad Rotam Romanam, diei 22 ianuarii 2011, AAS 103 [2011], p. 113).

O papa Bento XVI, recentemente esclareceu a doutrina do bem do cônjuge, explicando a essência do
conceito pela imprensa aos 26 de janeiro de 2013, AAS 105 [2013], p. 171, n. 3). Destas palavras fica
claro que a essência do bem dos cônjuges - e, inversamente, dos motivos irritantes - deve ser
relacionado ao próprio matrimônio e, de fato, entendido segundo os critérios do direito natural. Este
critério, que pode ser chamado de critério objetivo, se por um lado difícil definir, por outro não
impossível de se encontrar. Pois sobre este assunto o próprio Magistério ofereceu alguns critérios
definidos, declarando: "Pode haver casos em que, justamente pela falta de fé, o bem dos cônjuges seja
comprometido e excluído do próprio consentimento; por exemplo, na hipótese de subversão por parte
de um deles, por concepção errônea do vínculo nupcial, do princípio da igualdade, ou na hipótese de
recusa da união que distingue o vínculo matrimonial, em relação com a possível exclusão coexistente
da fidelidade e o uso da cópula feita de modo humano" (ibid., p. 172, n. 4). Sendo assim, pode-se dizer
que nem tudo o que pertence ao bem do cônjuge, a rigor, destrói o próprio casamento, mas apenas
aqueles que impedem o "o bem do outro", que deve ser liberado "em função de um verdadeiro e
indissolúvel consorcio da vida". A jurisprudência da Rota estabeleceu claramente que o bem
doscônjuges pertence ao que antes era chamado de fim secundário do próprio casal no antigo Código,
incluindo, de fato, a assistência mútua do casal, bem como o remédio da concupiscência. Seremos
exaustivamente informados sobre este assunto numa sessão perante Ferreira Pena (ver enviado de 9 de
Junho de 2006). Seja o que for, ele parece usar o critério da ajuda mútua e o remédio da luxúria para
algum benefício, enquanto fala primeiro do comportamento interpessoal e depois do uso da
sexualidade, mesmo de forma humana. A jurisprudência da N. A. F. já raciocinou muito sobre o
assunto antes mesmo do novo Código.
No que diz respeito à assistência mútua, parece excluir o bem dos cônjugesquando se exclui de si a
dignidade de outro cônjuge ou de igual forma, quando se casa com uma mulher - e vice-versa - com a
intenção de perverter a outra parte do ponto de vista da moral e da fé cristã, ou com a intenção de obter
apenas uma herança ou uma casa ou um título nobre (em poucas palavras com a intenção de não
formar uma parceria vitalícia com o outro ou de não tê-lo como cônjuge), ou para a outra parte o
direito de atos per si próprio para a geração de filhos só é concedido com uma finalidade estranha e
intrínseca que não respeita o bem do outro, bem como de seus próprios cônjuges. No que diz respeito
ao remédio da concupiscência, podem ser encontrados certos tipos de fatos, que são totalmente
compatíveis com a exclusão do bem dos cônjuges, ex. Gr. quando alguém não usa a sexualidade de
maneira humana em relação a si mesmo ou em relação ao outro cônjuge, ou ao próprio casamento e,
em suma, enquanto a sexualidade é abusada de maneira tão desordenada ou estranha à essência do
casamento e sua finalidade, como a dignidade da outra pessoa, ou o próprio casamento, ou o dever de
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fidelidade de compartilhar, ele fica gravemente ferido. Este tipo de atos é normalmente discutido no
âmbito do ato de incapacidade de consentir, mas também podem existir casos em que podem ser
discutidos no âmbito da exclusão do bem dos cônjuges. Assim sendo, o critério objetivo oferecido
pelo Magistério - sobre o qual até agora tentamos dar algumas explicações concretas - impede-nos de
cair na frouxidão, como às vezes se encontra em certa jurisprudência de alguns Tribunais, enquanto a
exclusão de bons cônjuges confunde-se com a falta de amor ou convivência, ou com meras
dificuldades, ou pior, com a incompatibilidade de caráter do casal. Em poucas palavras "devemos
resistir à tentação de transformar as simples deficiências dos cônjuges em sua existência conjugal em
defeitos de consentimento "

EXCLUSÃO DO BEM DA PROLE (PROCRIAÇÃO)

DEFINIÇÃO

Coram Burke (Cormak), dec. diei 26 martii 1998

Bonum prolis, seu «dispositio ad prolem gignendam» (quae "proles in suis principiis" in Scto. Thoma
dicitur, quaeque etiam «procreativitas» nuncupari potest).

O bem dos filhos, ou "disposição para gerar filhos" (que é chamado de "prole em seus primórdios" em
São Tomás, e que também pode ser chamado de "procriação").

Coram Erlebach, dec. diei 5 iunii 2014

Ordinatio ad prolem, matrimonio propria, ordinarie accipitur a nupturientibus. Ast aliquando quis ne
sibi quidem ponit quaestionem prolis fortasse nasciturae. Defectus tamen huius finis in mente
contrahentis non afficit validitatem consensus quia implicite continetur in voluntate contrahendi verum
matrimonium. Nullitas autem matrimonii scatet si quis excludit e proprio obiecto formali consensus
bonum prolis in sua dimensione essentiali.

Orientação para a procriação, próprio do casamento, é ordinariamente aceito pelos nubentes. Mas às
vezes uma pessoa nem mesmo se pergunta se uma criança pode nascer. No entanto, a falta desse
objetivo na mente do contraente não afeta a validade do acordo porque está implicitamente contido na
vontade de contrair um verdadeiro casamento. Mas a nulidade do matrimônio surge se se exclui do
próprio objeto formal do consentimento o bem da prole em sua dimensão essencial.

LIMITAR A PROCRIAÇÃO A PARTIR DE UM TEMPO DE VIDA MATRIMONIAL

Coram Sable, dec. diei 5 februarii 2014

Contrahentes limitare non possunt consensum erga generationem prolis tempore nuptiarum. Etiamsi ad
essentiam contractus matrimonii necessarium non sit ut proles nascatur, necessarium tamen est ut
contrahens se obliget ad actus per se aptos ad generationem prolis. Limitatio etiam ad tempus, absolute
adhibita, consensum inficit. Id est, si contrahens unilateraliter sibi reservat ius determinandi an et
quando proles nascatur, limitatio absoluta dicitur: et hoc quia commutatio iuris deest.

Os contraentes não podem limitar o seu consentimento à geração de filhos durante as núpcias. Ainda
que não seja necessário para a essência do contrato matrimonial que nasçam filhos, é necessário,
todavia, que o contraente se comprometa com atos em si próprios à geração dos filhos. Uma limitação
mesmo por um tempo, usada absolutamente, mancha o consentimento. Ou seja, se o contratante se
reserva unilateralmente o direito de determinar se e quando a criança nasce, a limitação é dita absoluta:
e isso porque não há troca de direitos.

Coram Vaccarotto, dec. diei 9 iulii 2014


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Iuxta principia a iurisprudentia nostra recolita, mera intentio differendi prolem implicat temporaneam
denegationem exercitii iuris concessi et componi potest cum traditione ipsius iuris. Re vera, si
temporanea exclusio intendatur in mera procrastinatione ad tempus magis propitium, iuxta doctrinam
paternitatis responsabilis, matrimonialis consensus irritus non videtur.

De acordo com os princípios colhidos da nossa jurisprudência, a mera intenção de adiar o filho implica
uma negação temporária do exercício do direito concedido e pode ser conciliada com a tradição do
próprio direito. Com efeito, se a exclusão temporária visar uma mera procrastinação para momento
mais propício, segundo a doutrina da paternidade responsável, o consentimento conjugal não parece
ter sido violado.

P. Moneta, Il Matrimonio nel nuovo Diritto Canonico, Genova 2008.

Il totale rifiuto di attuare il contenuto di un diritto non può, infatti, che comportare l'esclusione del
diritto in se stesso: non si può pensare che si voglia conferire un diritto, escludendo, nel contempo,
ogni sua realizzazione. Questa regola sembra, per altro, non valere nel caso di matrimo-nio celebrato
con voto di castità da parte di ambedue gli sposi, matrimonio che trova il suo modello ideale nelle
nozze tra Giuseppe e Maria: In questo caso gli sposi non escluderebbero il reciproco diritto alla
generazione della prole (o, meglio, al compimento degli atti ad essa diretti) ma si accorderebbero
soltanto nel non esercitare in concreto tale diritto. La ragione fondamentale che non può consentire di
ritenere nulli matrimoni come questi va, però, piuttosto ricercata nel fatto che essi non si pongono in
radicale contrasto col modello di matrimonio voluto dalla Chiesa. Il matrimonio celebrato col voto di
castità costituisce anzi, in un certo senso, una sublimazione, una realizzazione più intensa ed elevata di
tale modello, perché la naturale ordinazione del matrimonio alla procreazione, lungi dall'essere
rifiutata dagli sposi, viene assunta in un più elevato contesto di vita spirituale, che conduce a
rinunciare alla sua concreta realizzazione. A riprova che non si tratta di un atteggiamento di radicale
esclusione, va osservato che l'impegno a mantenere la castità nella vita coniugale è da considerarsi pur
sempre subordinato alla persistenza dell'accordo tra i due coniugi. Se uno di questi non si sentisse più
di continuare in tale tipo di vita, dovrebbe ottenere dall'altro l'instaurazione di un rapporto coniugale
naturalmente orientato alla generazione della prole.

A recusa total da concretização do conteúdo de um direito só pode, de fato, conduzir à exclusão do


direito em si: não se pode pensar que se queira conferir um direito, excluindo, ao mesmo tempo, toda a
sua realização. Além disso, esta regra não parece valer no caso de um casamento celebrado com voto
de castidade por ambos os esposos, matrimônio que encontra o seu modelo ideal no matrimónio entre
José e Maria: neste caso os esposos não excluiriam o recíproco direito à geração da prole (ou, melhor,
à prática dos atos a ela direcionados), mas apenas concordariam em não exercer esse direito na prática.
A razão fundamental que não pode permitir que matrimônios como estes sejam considerados nulos
deve, porém, ser buscada no fato de que eles não se colocam em contraste radical com o modelo de
matrimônio desejado pela Igreja. Com efeito, o matrimónio celebrado com voto de castidade constitui,
em certo sentido, uma sublimação, uma realização mais intensa e elevada deste modelo, porque a
ordenação natural do matrimônio à procriação, longe de ser rejeitada pelos esposos, é assumida de
forma mais elevada da vida espiritual, que leva à renúncia à sua realização concreta. Como prova de
que não se trata de uma atitude de exclusão radical, refira-se que o compromisso de manter a castidade
na vida conjugal deve ser considerado ainda subordinado à persistência do acordo entre os dois
cônjuges. Se um destes já não tem vontade de continuar neste tipo de vida, deverá obter do outro o
estabelecimento de uma relação conjugal naturalmente orientada para a geração de filhos.

DIFICULDADE DA PROVA, PORQUE TRATA-SE DE UMA RESERVA INTERNA QUE


MUITAS VEZES NÃO É EXPRESSA POR ATOS E PALAVRAS.

Coram Sable, dec. diei 5 februarii 2014

Boni prolis exclusio propter characterem stricte iuridicum formalem obligationis quae est donatio
alteri suimetipsius, erga actus per se aptos ad prolem generandam, difficillime comprobari potest.
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Haec tamen exclusio, datis circumstantiis hodiernis, magis apparebit ex adiunctis quam ex distincta
praesumpti excludentis confessione. Ex adiunctis vero apparebit forte nubentem, propter suam
naturalem indolem, totum haud se dedisse, immo vel sibi reservasse ius determinandi nativitatem
prolis quamvis non praesto sit explicita excludentis confessio. Aperta exclusionis causa, praesertim si
fundetur in indole personae et gravis sit, multum confert ad intentionem simulatoris probandam;
praeterea cum radicatum ingenium nubentis attingat, facilius vera intentio deprehenditur etiamsi minus
conscie perspecta.

A exclusão do bem da prole pelo caráter estritamente jurídico da obrigação formal, que é a doação a
outrem, em relação aos atos per si próprios à geração da prole, pode ser provada com grande
dificuldade. No entanto, esta exclusão, dadas as circunstâncias atuais, resultará mais das circunstâncias
do que da distinta confissão do presumido excludente. Das circunstâncias, porém, resultará que talvez
o casado, por causa de seu caráter natural, não tenha se dado inteiramente, ou mesmo reservado para si
o direito de determinar o nascimento do filho, embora a confissão explícita da exclusão seja não
disponível. A causa aberta de exclusão, sobretudo se for fundada no caráter da pessoa e for grave,
muito contribui para provar a intenção do pretendente; além disso, quando toca o caráter enraizado do
esposo, a verdadeira intenção é mais facilmente detectada, mesmo que menos conscientemente
percebida.

Causa remota (idéias que defende), Causa próxima (as atitudes qye revelam sua intenção de
excluir.

Coram McKAY, dec. diei 12 decembris 2014

In proponendo vero schemate probationis voluntatis simulatoriae solent DD. causam simulandi
distinguere in remotam et proximam. Haec autem distinctio ad casum applicanda est sensu potius
psychologico quam rigide chronologico. Nimirum, causa remota simulandi respicit futuri contrahentis
habitum mentis genericum quo resilire tendit is, exempli gratia, a sustinendis oneribus officio
genitoriali inhaerentibus. E contra, causa proxima simulandi in specie complexus est illarum
circumstantiarum conversationis praenuptialis una cum motivis necnon finibus nupturientis apprime
subiectivis sumptarum quae reapse hunc proxime inducunt ad formandam intentionem simulatoriam
actu positivo voluntatis expressam et postea usque ad nuptias perdurantem. Verumtamen, ut probari
valeat voluntas simulatoria re vera formata ex pensione accurata circumstantiarum conversationis
partium in propatulo deduci oportet causam simulandi praevaluisse super illam contrahendi: nemo
enim sine motivo ad aras procedit, nemo sine motivo voluntatem actu intentam consensui rite expresso
contradicit.

Ao apresentarem a verdade das provas da vontade, costumam ser relevantes distinguir a causa da
simulação em remota e próxima. Mas essa distinção deve ser aplicada ao caso em um sentido
psicológico e não estritamente cronológico. É claro que a causa remota da simulação diz respeito à
atitude mental genérica do futuro contratante, na qual ele tende a defender a idéia de paternidade
futura. Por outro lado, a causa próxima da simulação é as circunstâncias de comportamento tanto pré-
matrimonial como o pós-matrimonial, que de fato o levam a formar a intenção de simular expressa por
um positivo ato de vontade. No entanto, para poder provar que a simulação foi realmente formada a
partir de um relato preciso das circunstâncias da conversa das partes, deve-se deduzir que o motivo da
simulação prevaleceu sobre o de sua contratação: pois ninguém sobe ao altar sem motivo, e ninguém
sem motivo contraria a vontade efetivamente intencionada pelo consentimento devidamente expresso.

Meios claros que provam a exclusão: que vincula o desejo de procriar a realização do
matrimônio; que usou anticonceptivos; reagiu de forma hostil a notícia da gravidez.

Coram Palestro, decisio diei 1 februarii 1991

Morali cum certitudine teneri potest ius ad prolem contrahentem exclusisse, si ex actis saltem constet:
a) procreationem eventui futuro absolute alligatam esse, cuius verificatio determinatum tempus
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implicat, uti, v. gr., felici exitui coniugii, aut mutationi indolis compartis; b) simulantem per totum
tempus vitae coniugalis, saltem ad aliquos annos protractae, pervicaciter et sine interruptione usum
contraceptivorum sollicitasse ac adhibuisse; c) prolem, ab altera parte explicite sollicitatam, mordicus
denegatam fuisse, aut simulantem, fortuita ac invisa praegnantia detecta, hostilem reactionem
manifestasse et abortum vindicasse aut exegisse.

Pode-se ter certeza moral de que foi excluído o direito de contrair prole, se ao menos ficar claro nos
autos: a) que a procriação está absolutamente vinculada a um acontecimento futuro, cuja verificação
envolve tempo determinado, pois, v. gr., ao resultado bem-sucedido do casamento ou a uma mudança
na natureza do parceiro; b) simular que durante todo o período de sua vida conjugal, pelo menos por
alguns anos, persistente e ininterruptamente se preocupou com o uso de anticoncepcionais e os usou;
c) a criança, explicitamente solicitada pela outra parte, negou mordidamente, ou fingiu, descobriu uma
gravidez acidental e indesejada, manifestou reação hostil e exigiu ou exigiu o aborto.

Não ter gerado nenhum filho, no período de vivência do matrimônio não é prova de Exclusão da
prole.

Coram Bartolacci, dec. diei 15 octobris 2014

Argumentum pro excluso bono prolis non constituit merum factum absentiae generatae prolis vel
cuiuscumque graviditatis toto vitae coniugalis tempore cum haec praeter et contra coniugum
voluntatem haberi possit; item manifestata impatientia erga pueros, iterati sermones de incommodo,
fastidio et limitatione libertatis, quam, una cum angustiis, importat prolis educatio, necnon mens ad
deteriora convertens circa praesentem et futuram societatem. Ad rem perutile erit investigare circa
simulantis naturam, receptam institutionem, religionis et pietatis officiorum observantiam, erga leges
ecclesiales obsequium necnon ambitum familiae originis vel laboris.

O argumento de exclusão do bem dos filhos não constitui o mero fato da ausência de filho gerado ou
de qualquer gravidez durante todo o período da vida conjugal, pois esta pode ser invocada contra a
vontade dos cônjuges; manifestava também impaciência para com os filhos, falas repetidas sobre os
inconvenientes, nojo e limitação da liberdade que, juntamente com os constrangimentos, implica a
educação dos filhos, bem como o voltar a pensar em coisas piores da sociedade presente e futura. De
facto, será útil investigar a índole do pretendente, a formação recebida, a observância dos deveres
religiosos e de piedade, a obediência às leis eclesiásticas, bem como o ambiente de origem familiar ou
laboral.

Controle da natalidade por meios naturais não é prova de Exclusão da prole.

Coram Stankiewicz, dec. diei 7 martii 1991

Inde, si in contrahendo matrimonio unus saltem ex coniugibus voluntatem habuerit puta ad sterilitatis
tempora coarctandi non modo usum, sed ipsum ius coniugale, ita ut ceteris diebus alter coniux ne ius
quidem haberet petendi debitum, hoc includeret essentialem defectum consensus matrimonialis, qui
matrimonium ipsum irritum faceret. E contra, si limitatio illa actus coniugalis intra dies infecunditatis
naturalis, non ad ipsum ius, sed ad iuris usum referatur, tunc matrimonium haud dubie ratum est.

Portanto, se pelo menos um dos cônjuges tivesse vontade de restringir os períodos de esterilidade, por
exemplo, não só para restringir o uso, mas o próprio direito conjugal, de forma que o outro cônjuge
não tivesse sequer o direito de reclamar a dívida durante os outros dias, isso incluiria uma falta
essencial de consentimento conjugal, o que invalidaria o próprio casamento. Por outro lado, se essa
limitação do ato conjugal aos dias da esterilidade natural não se referir ao próprio direito, mas ao uso
da lei, então o casamento é indubitavelmente válido.
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Doutrina consolidada pelo papa Pio XII

Pius XII, Allocutio ad membra Conventus «Unione Cattolica Italiana Ostetriche» diei 29
octobris 1951

«Se già nella conclusione del matrimonio almeno uno dei coniugi avesse avuto l'intenzione di
restringere ai tempi di sterilità lo stesso diritto matrimoniale, e non soltanto il suo uso, in modo che
negli altri giorni l'altro coniuge non avrebbe neppure i diritto di richiedere l'atto, ciò implicherebbe un
difetto essenziale del consenso matrimoniale, che porterebbe con sé la invalidità del matrimonio
stesso, perché il diritto derivante dal contratto matrimoniale è un diritto permanente, ininterrotto, e non
intermittente, di ciascuno dei coniugi di fronte all'altro».

“Se já na celebração do casamento pelo menos um dos cônjuges tivesse tido a intenção de restringir o
próprio direito matrimonial aos tempos de esterilidade, e não apenas o seu exercício, de forma que nos
outros dias o outro cônjuge nem sequer tivesse o direito de requerer o ato, isso implicaria vício
essencial do consentimento matrimonial, o que acarretaria a nulidade do próprio casamento, pois o
direito decorrente do contrato matrimonial é um direito permanente, ininterrupto e não intermitente de
cada um dos cônjuges perante o outro".

Porém, utilizar outros métodos não naturais é meio de se provar a exclusão do bem da prole.

Coram De Lanversain, dec. diei 15 iunii 1994

«Ob scientiarum biologicarum et medicae artis progressus... diversimode procedendi hodie sinunt
interventus, qui non solum auxiliari, sed etiam dominari possunt procreationis processibus». Exinde ad
rem hic sub iudice quod attinet, ultimis temporibus sublevatae sunt quaestiones super his modis
procedendi, tum in campo doctrinali tum in ambitu iuridico: utrum novae methodi foecundationis
articifialis possint aliquo modo incidere in obiectum consensus matrimonialis, ita ut constituant
«essentiale aliquod elementum» in can. 1101, § 2 CIC prospectum, quo «excluso per positivum actum
voluntatis» invalide matrimonium contrahatur. Existimat U. Navarrete quod reservatio iuris adhibendi
novas methodos foecundationis artificialis inserenda videtur sub illo commate generali huiusmodi
canonis. Agitur de expressione generali, qua Legislator consulto uti voluit, ut sub omnia elementa
essentialia, quae forte labente tempore invenirentur, apte includerentur, littera legis immutata manente:
«Haec autem nova iura recte possumus recensere inter iura antea ignota, nunc autem, positis novis
progressibus scientificis, cognita et, etsi non licite, ad praxim deducta». Hoc in ambitu, pressius edicit
Instr. Donum vitae a S. Congregatione pro Doctrina Fidei die 22 februarii 1987 promulgata: «Doctrina
Ecclesiae de matrimonio deque humana procreatione docet esse nexum indissolubilem a Deo statutum,
quem homini sua sponte infrangere non licet, inter significationem unitatis et significationem
procreationis, quae ambae in actu coniugali insunt» . Quapropter seminatio artificialis substitutiva
actus coniugalis: 1) vetita est quippe quae separationem voluntarie inducat inter binas coniugalis actus
significationes (cf. ibid., n. 1231); 2) modicus interventus, artis technicae ope substitutivus, non
videtur deservire, sicut oportet, coniugali iunctioni, sed procreandi munus sibi arrogat, sicque dignitati
atque inalienabilibus iuribus coniugum ac nascituri contradicit. Admisso principio generali iuxta quod
«nihil moraliter illicitum, vitae periculosum, et in ordine suo extraordinarium, potest esse obiectum
conventionis (foederis, pactus, contractus) quae reapse gignat vera iura et veras obligationes iuridicas
» , consequitur quod in matrimonio contrahendo: « si alterutra vel utraque pars, positivo voluntatis
actu, sibi reservet filios procreandi... adhibitis methodis moraliter illicitis, vitae periculosis, vel
extraordinariis, vel etiam sibi reservet aliud his iuribus aequiparatum, non praestat verum consensum
matrimonialem, ideoque invalide contrahit ».

"Devido ao progresso das ciências biológicas e da arte médica hoje, diferentes procedimentos
permitem intervenções que podem não apenas ajudar, mas também controlar os processos
reprodutivos." Sob esse ponto de vista, em relação à matéria aqui submetida ao juiz, nos últimos
tempos têm-se levantado questionamentos sobre esses métodos de proceder, tanto no campo
doutrinário quanto no campo jurídico: se os novos métodos de reprodução artificial podem de alguma
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forma afetam de modo algum o objeto da convenção conjugal, de modo que constituem “elemento
essencial” no cân. 1101, § 2º da perspectiva do CIC, em que “excluído por ato positivo da vontade” é
contraído casamento inválido. U. Navarrete considera que a reserva do direito de utilizar novos
métodos de reprodução artificial parece estar inserida naquela vírgula geral deste tipo de cânone.
Trata-se de uma expressão geral, que o Legislador deliberadamente optou por utilizar, para que fossem
devidamente incluídos todos os elementos essenciais que pudessem ser descobertos com o passar do
tempo, mantendo-se inalterada a letra da lei: conhecimento científico, conhecimento erudito e , mesmo
que não seja legal, levado à prática. Nesse contexto, foi publicado mais precisamente pela Instr. O
dom da vida promulgado pela Santa Congregação para a Doutrina da Fé em 22 de fevereiro de 1987:
"A doutrina da Igreja sobre o matrimônio e a procriação humana ensina que existe um vínculo
indissolúvel estabelecido por Deus, que não é permitido ao homem romper voluntariamente, entre o
sentido da unidade e o sentido da procriação, ambos no ato conjugal". Assim, a semeadura artificial
como substituta do ato conjugal: 1) é efetivamente proibida aquela que voluntariamente induza a uma
separação entre os dois significados do ato conjugal (cf. ibid., n. 1231); 2) uma intervenção modesta,
substitutiva com o auxílio da arte técnica, não parece servir, como deveria, a união conjugal, mas
arroga-se a função de procriação, contrariando assim a dignidade e os direitos inalienáveis dos
cônjuges e dos nascituros . Admitindo-se o princípio geral segundo o qual “nada moralmente ilícito,
perigoso para a vida, e na sua ordem extraordinário, pode ser objeto de acordo (pacto, acordo,
contrato) que na realidade crie verdadeiros direitos e verdadeiras obrigações jurídicas”, segue-se que
ao contrair o casamento: "se cada uma das partes, por um ato positivo da vontade, reserva para si a
procriação de filhos... desses direitos, não garante um verdadeiro acordo matrimonial e, portanto,
contrai de forma inválida”.

Buscar a prática do aborto é meio de se provar a exclusão do bem da prole.

Coram Arellano Cedillo, dec. diei 20 martii 2013

Si sponsi etiam abortum patraverunt, certo certius hic modus sese gerendi corroborat intentionem
contra bonum prolis. Nam ad abortum recurrere, sicut medium ad fructum naturalem amoris
coniugalis evitandum, effectus longe nociviores provocat, quam usus contraceptivorum. Hoc est
logicum, prae oculis habito discrimine inter actus de quibus in alterutro casu agitur: praeventionem, ex
una parte, ne sexualis amor coniugalis generet normalem fructum suum; ex alia parte, occisionem
illius fructus cum ab actu coniugali iam reapse productus fuisset. In utroque casu, adest interactio
elementorum «contra-vitam» ac «contra-amorem»; cum tamen de abortu agatur, haec elementa
operantur modo potentiore. Cum sponsi ex communi consilio patrant abortum filii quem genuerant,
difficilius exinde fit ut amorosum obsequium inter eos supervivat. Si una tantum pars, contra
voluntatem vel moralem conscientiam alterius, abortum urget, vix dubitare quis potest quin provocet
magnam amissionem reverentiae ex parte alterius:quae circumstantia, si matrimonium non impedit,
crescens fons recriminationis postea fiet.

Se os cônjuges também fizeram aborto, esse comportamento certamente reforça a intenção contra o
bem da prole. Pois o recurso ao aborto, como meio de evitar o fruto natural do amor conjugal, provoca
efeitos muito mais nocivos do que o uso de anticoncepcionais. Isso é lógico, tendo em mente a
distinção entre os atos que são discutidos em ambos os casos: prevenção, por um lado, para que o
amor sexual conjugal não produza seus frutos normais; por outro lado, a morte daquele fruto quando já
havia sido efetivamente produzido pelo ato conjugal. Em ambos os casos, há uma interação dos
elementos "contra-vida" e "contra-amor"; quando se trata de aborto, no entanto, esses elementos
funcionam de maneira mais poderosa. Quando os cônjuges, de comum acordo, abortam a criança que
conceberam, torna-se mais difícil a subserviência amorosa entre eles sobreviver. Se apenas uma das
partes, contra a vontade ou a consciência moral da outra, insiste no aborto, dificilmente se pode
duvidar que isso provoca uma grande perda de respeito por parte da outra: circunstância que, se não
impedir o casamento, se tornará uma fonte crescente de recriminação mais tarde.
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EXCLUSÃO DO BEM DA EDUCAÇÃO DA PROLE

Excluir a Educação da prole é causa de declaração de nulidade.

Coram De Lanversain, dec. diei 27 iunii 1990

Indole sua naturali, matrimonium ordinatur non solum ad procreationem sed et ad educationem prolis,
quia: «non intendit natura solum generationem eius (i. e. prolis), sed traductionem et promotionem
usque ad perfectum statum hominis,» (S. Thomas Aquinas, In IV Sent., dist. XXVI, q. 1, art. 1, solut.).
Quapropter ex praescriptione can. 1055, § 1, obliviscendum quoque non est quod: «In prole non solum
intelligitur procreatio prolis, sed etiam educatio ipsius ». (S. Thomas Aquinas, ibid., dist. XXXI, n q.
1, art. 1 ad 1um). Can. 226 § 2. Parentes, cum vitam filiis contulerint, gravissima obligatione tenentur
et iure gaudent eos educandi; ideo parentum christianorum imprimis est christianam filiorum
educationem secundum doctrinam ab Ecclesia traditam curare.

Pelo seu carácter natural, o matrimônio destina-se não só à procriação, mas também à educação dos
filhos, pois: “a natureza não visa apenas a sua geração (i.e. filhos), mas a transmissão e promoção até
ao estado perfeito do homem” (S. Tomás de Aquino, In IV Sent., dist. XXVI, q. 1, art. 1, solut.).
Portanto, da prescrição do cân. 1055, § 1, não devemos esquecer também que: “Na progênie não se
entende apenas a procriação da descendência, mas também a sua educação”. (St. Tomás de Aquino,
ibid., dist. XXXI, n q. 1, art. 1 a 1um). Pode. 226 § 2. Os pais, tendo dado a vida aos filhos, têm
gravíssima obrigação e gozam do direito de educá-los; portanto, cabe antes de tudo aos pais cristãos
cuidar da educação cristã de seus filhos, segundo o ensinamento transmitido pela Igreja.

Há conexão entre a exclusão da indissolubilidade e a exclusão do bem da prole.

Coram Todisco 25 aprilis 2013

Haud semel rotalis iurisprudentia adnotavit correlationem vel connexionem, psychologicam et


logicam, inter exclusionem indissolubilitatis et exclusionem prolis exstare, quatenus exclusio
indissolubilitatis seu boni sacramenti in usu forensi canonico interdum cumulatur cum exclusione boni
prolis ob intimam compactionem denegatae perpetuitatis communionis vitae coniugalis cum vindicata
libertate ab officio procreationis, eo quidem sensu quod exclusio indissolubilitatis etiam exclusionem
prolis provocet. Idque evenire potest duplici sub adspectu, scilicet ne proles damnum patiatur ob
absentiam alterutrius coniugis scilicet parentis, vel ne obex adsit adipiscendae libertati. Etenim, qui,
saltem in hypothesi naufragii matrimonii, sibi reservat ius resiliendi a vinculi perpetuitate, praevidet
etiam maximum nocumentum, saltem psychologicum, filiorum in fragili, conflictuali contextu.
Insuper, filii sunt ligamen reale et vivens, quod aufugit qui et ligamen iuridicum excludere intendit
perpetuum.

A jurisprudência da rota não notou nenhuma vez a existência de uma correlação ou conexão,
psicológica e lógica, entre a exclusão da indissolubilidade e a exclusão dos filhos, na medida em que a
exclusão da indissolubilidade ou do bom sacramento na prática jurídica canônica às vezes é
combinada com a exclusão dos bons filhos pela compactação íntima da perpetuidade negada da
comunhão da vida conjugal com a pretensa liberdade do ofício da procriação, no sentido de que a
exclusão da indissolubilidade provocará também a exclusão da prole. E isso pode acontecer sob um
duplo aspecto, ou seja, que a prole não sofra prejuízo pela ausência de um dos cônjuges, ou seja, o
genitor, ou que não haja obstáculo à obtenção da liberdade. Com efeito, quem, pelo menos na hipótese
de ruptura do casamento, se reserva o direito de romper com a perpetuidade do vínculo, antecipa
também o maior prejuízo, pelo menos psicológico, para os filhos em situação frágil, conflituoso
contexto. Além disso, os filhos são um vínculo real e vivo, do qual escapa quem pretende excluir um
vínculo jurídico permanente.
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Santo Tomás de Aquino afirma que é heresia a infidelidade conjugal. Excluir a prole é também
um ato de heresia? (P. Moneta)

N.B.: “Infidelitas”, ad mentem do Doutor Angélico, significa “Incredulidade”: “A incredulidade


implica ignorância e resistência às coisas da fé: e deste lado ela adquire a natureza de pecado muito
grave. Pelo contrario, como ignorância merece mais desculpa” ( IIª-IIae q. 10 a. 3 ad 2) Para São
Tomás entre aqueles que fazem o pecado de infidelitas são incluídos hereges, judeus e pagãos.
Classicamente falando, de acordo com São Tomás, o Islã está incluído entre as seitas heréticas. La
posizione assunta dalla dottrina tradizionale e dalla costante giurisprudenza - che non ha mai
attribuito rilievo invalidante il matrimonio al patto di educare la prole in infidelitate o in haeresi -
dovrebbe infatti, secondo questa opinione, essere rivista in considerazione dell'importanza che la
legislazione e il più recente Magistero pontificio assegnano all'educazione religiosa, e più
propriamente cristiana, dei figli, tanto da farne oggetto di un gravissimo obbligo e diritto dei genitori
(can. 226 § 2) e da ritenerla parte integrante ed ineliminabile della loro missione educativa. Tuttavia,
secondo il Moneta, e seguendo la posizione piú tradizionale della giurisprudenza, l'educazione della
prole appartiene al diritto naturale e “può essere considerata inerente all'essenza del matrimonio
soltanto quando 1. venga riconnessa alla procreazione, come naturale prolungamento e
completamento di essa; 2. é intesa soltanto in senso complessivo, come iniziazione alla vita nella sua
globalità; 3. non può essere ampliata sino a ricomprendere particolari (anche se fondamentali) scelte
od impostazioni educative. * «Coniugum ius officiumque instituendi definitur essentiale, quoniam cum
vitae humanae transmissione cohaeret, nativum ac primarium, quatenus respicit aliorum
educandorum opus atque unica est amoris coniunctio inter parentes et filios; nec permutandum nec
alienandum, quod propterea neque aliis totum delegari licet neque ab aliis usurpari. (FC 36)»:

A posição assumida pela doutrina tradicional e pela jurisprudência constante - que nunca atribuiu
significado invalidante ao casamento ao pacto de educar os filhos infidelitate ou in haeresi - deveria,
de fato, segundo este parecer, ser revista tendo em conta a importância que a legislação e a o
Magistério pontifício mais recente destina os filhos à educação religiosa, e mais especificamente
cristã, tanto que eles estão sujeitos a uma gravíssima obrigação e direito dos pais (cân. 226 § 2) e a
serem considerados parte integrante e inalienável de sua missão educativa. No entanto, segundo
Moneta, e seguindo a posição mais tradicional da jurisprudência, a educação da prole pertence ao
direito natural e "só pode ser considerada inerente à essência do casamento quando 1. for religada à
procriação, como extensão e conclusão natural disso; 2. é entendida apenas em sentido global, como
iniciação à vida em sua totalidade; 3. não pode ser estendido para incluir escolhas ou abordagens
educacionais particulares (mesmo que fundamentais). * “O direito e o dever dos cônjuges de educar é
definido como essencial, pois está ligado à transmissão da vida humana, nativa e primária, enquanto
respeita o trabalho de educar os outros e é a única união de amor entre pais e filhos. ; nem para ser
trocado nem para ser alienado, porque, portanto, não pode ser totalmente delegado a outros nem
usurpado por outros. (CF 36)»

2) FALTA DE DISCRIÇÃO DE JUÍZO


(Cân. 1095 nº 2º)

Cân. 1095 — São incapazes de contrair matrimônio: 2.° os que sofrem de DEFEITO GRAVEde
DISCRIÇÃO DO JUÍZO acerca DOS DIREITOS E DEVERES ESSENCIAIS DO
MATRIMÔNIO, que se devem dar e receber mutuamente;

O que é Discrição de Juízo?

A discrição de juízo está relacionada à maturidade psíquica, o que corresponde ao ideal da


plena maturidade para a vida conjugal. A falta de dicrição de juízo trata-se da perturbação psíquica,
incapacidade de resolução, de tomar decisões, insegurança profunda e dependência psíquica profunda.

Direitos-deveres essenciais do Matrimônio:


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1) Direito-dever da FIDELIDADE CONJUGAL.


2) Direito-dever da INDISSOLUBILIDADE DA CONVIVÊNCIA.
3) Direito-dever da DO BEM DOS CÔNJUGES.
4) Direito-dever de GERAR FILHOS.
5) Direito-dever da PATERNIDADE e MATERNIDADE.

Caso um dos cônjuges não tenha a suficiente capacidade discricional para receber ou dar um
direito essencial do matrimônio o matrimônio é nulo. A Jurisprudência chama de juízo prático-prático,
isto é não é preciso um juízo teórico ou de grande profundidade teológica ou jurídica, mas uma noção
clara do que os cônjuges estão assumindo de forma prática.

DEFINIÇÃOtirada do Coram Boccafola: A discrição de juízo deve ser definida como a


capacidade humana de conspirar, associar e cooperara vontade e o intelecto, proporcionando
aos contraentes avaliar prudentemente e entregar, com razão dotada de deliberação, as
obrigações e direitos essenciais do matrimônio.
Coram Boccafola, dec. diei 20 maii 2010
Discretio iudicii definienda est uti humana capacitas, quae promanat ab harmonica conspiratione,
consociatione et cooperatione inter intellectum et voluntatem, per quos contrahens prudenter aestimare
et tradere potest ratione praedita deliberatione onera et officia matrimonialia essentialia. Quamobrem
ista deliberatio haud est simplex cognitio intellectiva abstracta seu theorica de proprietatibus, finibus
essentialibus et obiecto coniugii, sed ipsa est decisio statuta voluntatis, quae necessario antea ponit
tum congruentem practicam et exsistentialem aestimationem et ponderationem rationum tum iudicium
practico-practicum intellectus ac voluntatis quoad matrimonium, quod contrahitur hic et nunc.
Proinde, iuxta can. 1095, n. 2, ut matura electio humana et vere matrimonialis habeatur, necesse est in
eodem subiecto inveniri sive capacitatem intelligendi sive capacitatem aestimandi et tradendi
obiectum contractus coniugalis [...].
A discrição de juízo deve ser definida como uma capacidade humana que emana da harmoniosa
conspiração, associação e cooperação entre o intelecto e a vontade, por meio da qual o contratante
pode avaliar prudentemente e entregar, com razão dotada de deliberação, as obrigações e
responsabilidades essenciais do casamento. Portanto, esta decisão não é um simples conhecimento
intelectual abstracto ou teórico dos bens, fins essenciais e objeto do matrimônio, mas é ela própria uma
decisão estatutária da vontade, que precede necessariamente tanto a adequada avaliação prática e
existencial como a ponderação de razões, bem como bem como o juízo prático-prático do intelecto e
da vontade em relação ao casamento, que se contrai aqui e agora. Assim, de acordo com o cân. 1095,
nº. 2, para que a escolha madura seja considerada humana e verdadeiramente matrimonial, é
necessário encontrar no mesmo sujeito ou a capacidade de compreender ou a capacidade de apreciar e
entregar o objeto do contrato conjugal [...].

TIPIFICAÇÃO: 1) Conhecimento prático da natureza e propriedades do Matrimônio; 2) Uma


apreciação crítica do contrato particular que os cônjuges celebram: dão e recebem; 3) Suficiente
liberdade interna, ou a capacidade de se autodeterminar livremente.
Coram Salvatori, dec. diei 7 februarii 2013
Discretio iudicii postulat sufficientem maturitatem quae verificatur in sequentibus elementis: a)
sufficienti cognitione naturae et proprietatum matrimonii; b) critica aestimatione de peculiari contractu
ubi nubentes sese tradunt et accipiunt; nam post consciam deliberationem, perpensis motivis tam
favorabilibus quam contrariis, nubens exprimit iudicium practico-practicum quoad opportunitatem
contrahendi velnon; c) sufficienti libertate interna, seu capacitate libere sese determinandi. In
matrimonii electione libertas voluntatis integra remanere debet etsi haud requiratur absentia
impulsionum quae exstare possunt ex nubentis indole, ex ambitu socio-culturali, ex educatione necnon
ex vitae peculiaribus circumstantiis. Libertas stare potest cum impulsionibus a factis vel condicionibus
tam ab intrinseco quam ab extrinseco productis, et in casu haud deminuta est dummodo nubens
capacitatem habeat iisdem resistendi.
A discricionariedade do tribunal exige maturidade suficiente que se verifica os seguintes elementos: a)
conhecimento suficiente da natureza e propriedades do casamento; b) uma apreciação crítica do
contrato particular em que os cônjuges se entregam e aceitam; pois após deliberação consciente,
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tendo ponderado os motivos favoráveis e contrários, o noivo expressa um julgamento prático-


prático quanto à oportunidade de contratar ou não;c) suficiente liberdade interna, ou a
capacidade de se autodeterminar livremente. Na escolha do casamento, a liberdade da vontade deve
permanecer intacta, ainda que não haja necessidade da ausência de impulsos que possam advir do
caráter do casado, do meio sociocultural, da educação e das particularidades circunstâncias da vida. A
liberdade pode resistir aos impulsos de fatos ou condições produzidos tanto interna quanto
externamente, e caso não seja diminuída desde que o cônjuge tenha capacidade de resistir a eles.

Diferença entre discrição de juízo (um ato da mais singular gravidade e responsabilidade, que
envolve completamente toda a vida de duas pessoas, que se dão e se aceitam, numa aliança
irrevogável) e imaturidade (arbítrio de julgamento).
Coram Graulich, dec. diei 21 martii 2013
Quin velit necessario identificari «discretio» cum «maturitate», satis est loqui de adaequata maturitate
psychologica. Talis maturitas seu discretio iudicii est maturitas specifica, ordinata nempe non ad
quemlibet actum iuridicum, sed ad actum singularissimae gravitatis et responsabilitatis, quae totam
prorsus involvit vitam duarum personarum, quae mutuo se donant et acceptant, foedere quidem
irrevocabili (cf. can. 1057, § 2). Consequenter incapaces censendi sunt matrimonii contrahendi ii qui
laborant gravi defectu istius maturitatis, quatenus satis non valent ponderare et aestimare illa
essentialia iura et onera in actu ea tradendi et acceptandi.
Em vez de necessariamente identificar "discrição" com "maturidade", basta falar de maturidade
psicológica adequada. Tal maturidade ou arbítrio de julgamento é uma maturidade específica, isto é,
dirigida não a qualquer ato jurídico, mas a um ato da mais singular gravidade e responsabilidade, que
envolve completamente toda a vida de duas pessoas, que se dão e se aceitam, aliás, numa aliança
irrevogável (cf. cân. 1057, § 2). Consequentemente, aqueles que sofrem de grave falta de maturidade
são considerados incapazes de contrair matrimônio, na medida em que não são suficientemente
capazes de pesar e avaliar aqueles direitos e responsabilidades essenciais no ato de entregá-los e
aceitá-los.

A falta de discrição pode surgir de um distúrbio do intelecto.


Coram Pinto, dec. diei 5 iulii 2013
Defectus discretionis iudicii exsurgere potest ex deordinatione intellectus et voluntatis ob condiciones
morbosas, etiam transeuntes, vel numerosas anomalias psychologicas. Tamen uti can. 1095 sub n. 2
sancit, non quilibet defectus discretionis iudicii sufficit ad matrimonii nullitatem gignendam, sed
tantum esse debet ille gravis qui nubentem congruae deliberationis et liberae electionis peragendae
incapacem reddat.
A falta de julgamento discricionário pode surgir de um distúrbio do intelecto e da vontade devido a
condições mórbidas, mesmo transitórias, ou numerosas anomalias psicológicas. No entanto, usando o
c. 1095 n. 2, nem toda a discricionariedade do tribunal é suficiente para criar a nulidade do casamento,
mas deve ser apenas aquela grave que torne o cônjuge incapaz de tomar uma decisão adequada e de
uma livre escolha.

Deve-se provar no processo: deve-se ver, portanto, em cada caso, se a comprovada incapacidade
mental pode o c. 1095, nº. 1, ou n. 2, haja também prova suficiente de incapacidade para
assumir.

Coram Erlebac dec. diei 4 iunii 2009


Frequenter doctores et iudices in foro canonico censent quod datur fere gradatio inter formas
incapacitatis ita ut forma prius enumerata in can. 1095 secumferat etiam formam vel formas posterius
indicatas. Hoc est sine dubio verum quod attinet ad relationem inter defectum sufficientis usus rationis
et defectum discretionis iudicii: persona quae caret sufficienti usu rationis a fortiori nequit pollere
sufficienti discretione iudicii. Dubium respicit tamen relationem inter defectum sufficientis usus
rationis et incapacitatem assumendi et magis adhuc relationem inter defectum discretionis iudicii et
incapacitatem assumendi. Potius quam disceptare in abstracto, quaestio videnda est in casu concreto,
perpensis sive causis alterutrius formae incapacitatis sive obligatione matrimoniali essentiali quae
adimpleri non potest. Verum est quod haud raro eadem causa ordinis psychici potest locum dare
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utrique formae incapacitatis, sed pariter est verum quod non necessario est ita in omnibus casibus,
praesertim si agatur de effectu omnino transeunti (uti in casu intoxicationis acutae) vel valde specifico
(uti in casu hypotheticae incapacitatis ponendi in esse aptum actum psychologicum consensus ratione
impositionis factae in s. d. «trance ipnotica»). Videndum est ergo singulis in casibus, an probata
incapacitate ad mentem can. 1095, n. 1, vel n. 2, adsit etiam sufficiens probatio inacapacitatis
assumendi, si pertineat ad legitimum iudicii obiectum. Prius enim non necessario, seu ipso facto,
secumfert alterum. Excludi nequit etiam hypothesis plurimarum causarum nullitatis, quarum una sola
reddit personam incapacem ponendi in esse aptum actum psychologicum consensus, dum ob aliam
causam eadem persona fit incapax assumendi essentiales matrimonii obligationes. Hoc in casu daretur
concomitantia duarum formarum incapacitatis, non autem dependentia alterius a prima.
Frequentemente, médicos e juízes do foro canônico consideram que existe uma gradação geral entre as
formas de incapacidade, de modo que a forma anteriormente enumerada no cân. 1095 deverá trazer
também o formulário ou formulários indicados a seguir. Isso é indubitavelmente verdadeiro no que diz
respeito à relação entre a falta de uso suficiente da razão e a falta de arbítrio de julgamento: uma
pessoa que não tem uso suficiente da razão é incapaz de sondar uma pessoa mais forte com arbítrio de
julgamento suficiente. No entanto, ele duvida da relação entre a falta de uso suficiente da razão e a
incapacidade de assumir, e mais ainda a relação entre a falta de julgamento discricionário e a
incapacidade de assumir. Mais do que discuti-la em abstrato, a questão deve ser vista no caso
concreto, considerando-se as causas de uma ou outra forma de incapacidade ou de uma obrigação
conjugal essencial que não pode ser cumprida. É verdade que não raras vezes a mesma causa de ordem
psicológica pode dar lugar a ambas as formas de incapacidade, mas é igualmente verdade que isso não
acontece necessariamente em todos os casos, especialmente se se trata de um efeito completamente
transitório (como no caso de intoxicação aguda) ou muito específico (como no caso da hipotética
incapacidade de fazer existir um ato psicológico adequado de consentimento em razão da imposição
feita no s. d. "transe hipnótico"). Deve-se ver, portanto, em cada caso, se a comprovada incapacidade
mental pode o c. 1095, nº. 1, ou n. 2, haja também prova suficiente de incapacidade para assumir, se
ela se referir ao legítimo objeto do julgamento. Pois o primeiro não implica necessariamente, ou
automaticamente, o último. Também não se pode excluir a hipótese de múltiplas causas de nulidade,
uma das quais por si só torna uma pessoa incapaz de realizar um ato psicológico adequado de
consentimento, enquanto por outra razão a mesma pessoa se torna incapaz de assumir as obrigações
essenciais do casamento. Nesse caso, daria-se o concurso das duas formas de incapacidade, mas não a
dependência da outra da primeira.

A discrição de juízo cria um verdadeiro obstáculo da liberdade essencial torna-se, na medida em


que tal afluxo afeta as próprias capacidades intelectuais e volitivas.
Coram Boccafola dec. diei 20 maii 2010
Exercitium facultatis criticae praepediri potest ex pluribus causis, non tantum ob morbos definitos, sed
etiam ob abnormes condiciones, etiam transeuntes, quae interdum dominium humanorum actuum
auferunt [...]. In hoc campo, influxus obstaculorum generis inconscii necnon levium perturbationum
minuere potest nupturientis effectivam libertatem, sed verum impedimentum eius libertati essentiali
devenit, quatenus talis influxus incidit in ipsas capacitates intellectivas et volitivas. Ideo obstacula et
perturbationes quae tantummodo minuunt libertatem effectivam, sed non laedunt modo substantiali
facultates intellectivas et volitivas (libertatem essentialem) nequeunt invalidum reddere matrimonium
[...]. Diversa obstacula generis inconscii et leves anomaliae quae non destruunt essentialem humanam
libertatem, etiamsi haud secumferrent responsabilitatem moralem coniugum, constituunt simplicem
difficultatem et haud destruunt capacitatem intelligendi et/aut volendi contrahentis.
O exercício da faculdade crítica pode ser dificultado por diversos motivos, não só por doenças
definidas, mas também por condições anormais, mesmo transitórias, que por vezes tiram o controle
das ações humanas [...]. Nesse campo, o afluxo de obstáculos do tipo inconsciente, bem como
pequenas perturbações, podem reduzir a liberdade produtiva do esposo, mas o verdadeiro obstáculo à
sua liberdade essencial torna-se, na medida em que tal afluxo afeta as próprias capacidades intelectuais
e volitivas. Portanto, obstáculos e perturbações que apenas reduzem a liberdade produtiva, mas não
prejudicam de forma substancial as faculdades intelectuais e volitivas (liberdade essencial) não podem
invalidar um casamento [...]. Diferentes obstáculos do tipo inconsciente e pequenas anomalias que não
destroem a liberdade humana essencial, ainda que não envolvam a responsabilidade moral dos
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cônjuges, constituem uma simples dificuldade e não destroem a capacidade de entendimento e/ou
vontade dos contraentes .

A discricionariedade não se restringe apenas às faculdades intelectuais ou críticas, mas também


inclui a liberdade na entrega e aceitação dos direitos e deveres conjugais essenciais.
Coram Huber, dec. diei 18 iunii 2010
Adsunt sententiae, in quibus consideratur defectus libertatis internae tamquam caput autonomum; aliae
sententiae tractant defectum libertatis internae ut motivum defectus discretionis iudicii. Iam vero
discretio iudicii seu maturitas iudicii deficere posse videtur, si aliqua ex tribus sequentibus
conditionibus seu hypothesibus verificatur: [...] 3. aut denique alteruter contrahens caret interna
libertate, idest capacitate deliberandi cum sufficienti motivorum aestimatione et voluntatis autonomia
a quolibet impulso ab interno. Sic discretio iudicii non tantum ad facultates sive intellectivam sive
criticam restringitur, sed etiam complectitur libertatem in iuribus et officiis matrimonialibus
essentialibus tradendis et acceptandis. Si quis cum iurisprudentia Nostri Fori familiaris est, scit
Auditores nostris temporibus plerumque hanc sapientiam sequi.
Há opiniões em que a falta de liberdade interna é considerada como um chefe autônomo; outras
opiniões tratam a falta de liberdade interna como motivo para a falta de discricionariedade do juiz.
Ora, porém, parece que pode falhar a discricionariedade da sentença ou a maturidade da sentença, se
se verificar alguma das três condições ou hipóteses seguintes: [...] 3. ou, em suma, faltar ao contratante
liberdade, ou seja, a capacidade de deliberar com avaliação suficiente dos motivos e a autonomia da
vontade de qualquer impulso de origem interna Assim, a discricionariedade do tribunal não se
restringe apenas às faculdades intelectuais ou críticas, mas também inclui a liberdade na entrega e
aceitação dos direitos e deveres conjugais essenciais. Se alguém conhece a jurisprudência do Nosso
Fórum, sabe que os Auditores de nossos tempos geralmente seguem essa sabedoria.

O Juiz deve averiguar se a falta de discrição afetou a capacidade consesual

Coram Heredia Esteban, dec. diei 6 martii 2014


Non quaevis imperfectio discretionis iudicii aequiparanda est incapacitati discretivae; talem effectum
habet solummodo gravis defectus discretionis iudicii. In aestimatione forensi maximi momenti est
appretiatio iudicis, an quaedam anomalia specifica ordinis psychici, perspecta evidenter in toto
complexu personae contrahentis, revera fiat causa efficiens incapacitatis consensualis ad normam can.
1095, n. 2, seu an effectum habeat sub forma defectus discretionis iudicii.
Nem toda imperfeição do julgamento discricionário é equivalente à incapacidade discricionária; só
uma grave falta de discrição tem tal efeito. Na avaliação forense, da maior importância é a avaliação
do juiz, se uma determinada anomalia de ordem psicológica específica, vista claramente em todo o
complexo do contratante, é realmente causa eficiente de incapacidade consensual, de acordo com o
cân. 1095, nº. 2º, ou se tem efeito na forma de falta de discricionariedade do tribunal.

O Juiz deve averiguar a gravidade com prudência e inteligência.


Coram da Costa Gomes, dec. diei 13 novembris 2014
Gravis defectus discretionis iudicii relationem habeat oportet non cum persona uti consorte electa, sed,
uti ab ipso canone monemur, cum officiis essentialibus ipsius matrimonii. Non quaevis «erronea» vel
«imprudens» electio compartis pro matrimonio instituendo consensum iugalem invalidat, cum illa
gravem defectum capacitatis discretivae probare non valeat. Quam ob rem, capacitas discretiva,
practico-practica, critica, aestimativa, ponderativa requisita ad nuptias non est acquisitio status
prudentiae perfectae e parte nubentis. Ad valide contrahendum igitur matrimonium requiritur illa
mentis discretio quae sinat percipere peculiarem naturam et vim matrimonii hic et nunc ineundi.
A grave falta de arbítrio do tribunal deve ter relação não com a pessoa escolhida como cônjuge, mas,
como nos aconselha o próprio cânone, com os deveres essenciais do próprio casamento. Nem toda
escolha “errônea” ou “imprudente” de um parceiro para a instituição do casamento invalida o acordo
conjugal, desde que não seja capaz de comprovar falta grave de capacidade discricionária. Por isso, a
capacidade discricionária, prático-prática, crítica, avaliativa e ponderadora exigida para o casamento
não é a aquisição de um estado de perfeita prudência por parte do esposo. Portanto, para contrair um
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casamento válido, é necessária aquela discrição mental que permite perceber a natureza especial e a
força do casamento aqui e agora.

Deve-se ter Laudo Pericial


Coram Pinto, dec. diei 13 maii 2014
In provincia can. 1095, n. 2, quod ad probationem spectat, cribranda est vita psychica eius qui
praesumitur impar, servata distinctione inter vitae curriculum et condicionem tempore manifestationis
consensus. Periti est in lucem ferre exsistentiam, naturam, originem et gravitatem anomaliae habitualis
vel transitoriae, una cum eiusdem effectu in facultatem criticam et electivam ad statum vitae libere
eligendum [...] cum iudicis sit aestimatio conclusionum peritalium, ceteris adiunctis perpensis.
Na província de can. 1095, nº. 2º, quanto à prova, a vida psíquica daquele que se presume estranho
deve ser peneirada, tendo em vista a distinção entre o curso da vida e a condição à época da
manifestação do consentimento. Cabe ao perito trazer à tona a existência, a natureza, a origem e a
gravidade da anomalia habitual ou transitória, bem como seus efeitos sobre a capacidade crítica e
eletiva de escolher livremente um estado de vida [...] ao juiz para apreciar as conclusões do perito,
consideradas as demais circunstâncias.

Coram Salvatori, dec. diei 7 februarii 2013


Firmis principiis a iurisprudentia rotali adlaboratis et constantissime propositis - praesertim quoad
peritum vero ex officio qui praeferendus est perito privato et itaque circa peritiam directe confectam
super partem quae praeferenda est peritiae tantummodo super acta -, adsunt vero casus in quibus iudici
a peritorum ex officio conclusionibus recedere licet. De hoc in abstracto disceptari nequit, sed
solummodo in concreto, casibus singillatim quidem pensitatis. Iudici vero facta gravia inquirenda sunt,
scilicet quae ante et post matrimonium valde anomalum modum gerendi, quod etiam profanis oculis
aliquam psychicam anomaliam aut psychicum defectum si non directe et indubie patefaciunt, saltem
vero graviter id suspicare faciunt. Sic dicta «facta gravia» aut magni momenti, et quidem sine ullo
dubio probata, talia in biographia tum personae tum matrimonii invenienda sunt et, omnibus causae
adiunctis perpensis, et illa constituunt facta sic dicta iuridica, super quae tum peritus tum iudex
consilium suum efformavit. Itaque facta iuridica sic concepta criteria erunt iudici in admittenda vel
reicienda qualibet peritia.
Princípios firmes desenvolvidos pela jurisprudência Rotal e mais consistentemente propostos -
especialmente no que diz respeito ao perito ex officio que deve ser preferido ao perito particular e,
portanto, à perícia realizada diretamente sobre a parte que é preferível à perícia apenas sobre os autos -
há de fato casos em que o juiz se afasta das conclusões ex officio dos peritos que lhe é permitido. Isso
não pode ser discutido em abstrato, mas apenas em concreto, nos casos que são considerados em
detalhe. Mas o juiz deve apurar factos graves, nomeadamente os anteriores e posteriores ao casamento,
de comportamento muito anómalo, que mesmo aos olhos do leigo, se não revelam directa e
indubitavelmente alguma anomalia ou deficiência psicológica, pelo menos os fazem suspeitar
seriamente. .Os chamados "factos graves" ou factos importantes, e de facto provados sem qualquer
dúvida, encontram-se na biografia tanto da pessoa como do casamento e, depois de consideradas todas
as circunstâncias do caso, e estas constituem o -chamados fatos jurídicos, sobre os quais tanto o perito
quanto o juiz formaram sua decisão. Portanto, os fatos jurídicos assim concebidos serão os critérios
para o juiz admitir ou rejeitar qualquer perícia.

Valoração no julgamento dos Testemunhos e Depoimentos


Coram McKay, dec. diei 21 iulii 2010
habetur momentum probationis testificalis, [...] maioris ponderis cum in causa pars contradicit parti.
Valor vero testis invenitur primo in veridicitate personae (can. 1572, n. 1), dein in qualitate scientiae
quacum notitias coram iudice praebet idem (can. 1572, n. 2), in circumstantiis necnon modo
depositionis (can. 1572, n. 3), demum in cohaerentia cum aliis probationibus demonstrata (can. 1572,
n. 4). Attamen, testis qui solas opiniones - praesertim in re technica, sicut contingit, verbi gratia,
quaestioni medicae vel psychiatricae - profert, omissa indicatione fontis scientiae, vel temporis huius,
vel circumstantiarum, parum prodesse potest detectioni veritatis.
a importância da prova testemunhal é considerada [...] de maior peso quando uma parte em um caso
contradiz a parte. Mas o valor de uma testemunha reside primeiro na veracidade da pessoa (can. 1572,
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n. 1), depois na qualidade do conhecimento com que ela fornece as mesmas informações perante o juiz
(can. 1572, n. 2 ), tanto nas circunstâncias como na forma do depoimento (can. 1572, n. 3), finalmente
demonstrada em coerência com outras provas (can. 1572, n. 4). No entanto, uma testemunha que emite
apenas opiniões - sobretudo em matéria técnica, como acontece, por exemplo, numa questão médica
ou psiquiátrica - sem indicar a origem do conhecimento, nem o momento, nem as circunstâncias, pode
pouco beneficiar para a descoberta da verdade.

3) A INCAPACIDADE PARA ASSUMIR AS OBRIGAÇÕES ESSENCIAIS DO


MATRIMÔNIO NATUREZA PSÍQUICA (Cân. 1095 nº 3º)

C. 1095 nº 3º: São incapazes de contrair matrimônio: Os que por causa de natureza psíquica não
podem assumir as obrigações essenciais do matrimônio.

Definição: é chamada de falta de capacidade executiva, isto é, quando um dos nubentes entregou
um direito essencial ao outro, mas por razões de natureza psíquica é incapaz de realizar esse
direito na vida conjugal. “Falta de capacidade operativa no momento da emissão do
consentimento” (Bento XVI).
Benedictus XVI, Allocutio ad Rotam Romanam diei 29 ianuarii 2000
Questa capacità non viene misurata in relazione ad un determinato grado di realizzazione esistenziale
o effettiva dell’unione coniugale mediante l’adempimento degli obblighi essenziali, ma in relazione
all’efficace volere di ciascuno dei contraenti, che rende possibile ed operante tale realizzazione già al
momento del patto nuziale.
Essa capacidade não se mede em relação a certo grau de realização existencial ou efetiva da união
conjugal pelo cumprimento de obrigações essenciais, mas em relação à vontade efetiva de cada um
dos contraentes, que torna essa realização possível e operativa já no momento do pacto matrimonial.

Coram Salvatori, dec. diei 24 iunii 2014


Incapacitas assumendi in quibusdam sententiis non modo ante novum Codicem prolatis sed etiam in
recentioribus et defectus facultatis exsecutivae appellatur. Quidquid est, magni pretii est animadvertere
incapacitatem assumendi onera coniugalia essentialia non tantum voluntatem tangere sed etiam
intellectum, et merito quidem in discrimen ponere nubentium capacitatem sese mutuo tradendi atque
accipiendi, [in quam etiam utriusque sexualitatis usus pleno iure ingreditur.
A incapacidade de assumir determinadas sentenças não só antes da promulgação do novo Código, mas
também nos mais recentes, é chamada de falta de capacidade executiva. Seja como for, é de grande
valia constatar que a impossibilidade de assumir as essenciais responsabilidades conjugais afeta não só
a vontade, mas também o entendimento, e com razão, por em causa a capacidade dos cônjuges de se
darem e se receberem. , [no qual o uso de ambas as sexualidades também entra com pleno direito].

H a vontade de contrair, mas há também a incapacidade de cumprir os elementos essenciais.


Coram Todisco, dec. diei 6 martii 2013
Nullitas matrimonii, ad mentem can. 1095, minime declarari potest si desunt externae operationes vel
membra corporis, sed tantum si principia interiora agendi, scilicet ipsae potentiae animae in nubentis
voluntate desunt. Quia principia interiora agentis iam externas operationes in se possident, et
matrimonium est assumptio coniugalis alterius ex utraque parte in interiore, in essentia, numquam in
exsistentia, quae ex usu recto libertatis «in salutem et infirmitatem, in gaudium et dolorem» pendet, et
ipsum matrimonium non ex actionibus hominis sed tantum ex actu humano (ad novam realitatem
creandam apto), quo coniuges sese mutuo tradunt atque accipiunt oritur et numquam ex humano
arbitrio (tantum ad explicandam novam realitatem creatam apto) pendet. Ex hoc clare patet positive:
ex una parte matrimonium in facto, in nuce, in suis elementis essentialibus, in consensu matrimoniali,
in matrimonio in fieri, contineri, ex altera matrimonium in facto, redundationem matrimonii in fieri in
aetatem, in dies coniugum, esse; negative quod qui incapax est matrimonium in fieri constituendi, non
valet constituere matrimonium in facto nec tradere et acceptare iura-officia quae a matrimonio in fieri
non sunt avulsa, sed contrario ad matrimonium in fieri respiciunt, sicut actio proprie non attribuitur
instrumento sed principali agenti. Quapropter solummodo si, in consensu matrimoniali, intellectus
incapax sit praesentandi obiectum verum voluntati, aut voluntas incapax sit movendi potentias animae
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ad suos actus (usus), nupturientes incapacitate decernendi vel assumendi essentiales matrimonii
obligationes laborant: «voluntas movet intellectum quantum ad exercitium actus: quia et ipsum verum,
quod est perfectio intellectus, continetur sub universali bono ut quoddam bonum particulare. Sed
quantum ad determinationem actus, quae est ex parte obiecti, intellectus movet voluntatem: quia et
ipsum bonum apprehenditur secundum quandam specialem rationem comprehensam sub universali
ratione veris (S. Thomas, Summa theol., I-II, q. 9, a.1, ad 3).
A Nulidade do matrimônio, segundo o cân. 1095, não se pode de modo algum esclarecer se faltam as
operações externas ou os membros do corpo, mas somente se faltam na vontade do esposo os
princípios internos da ação, isto é, as próprias potências da alma. Porque os princípios interiores do
agente já possuem em si as operações externas, e o casamento é a assunção conjugal do outro de
ambos os lados no interior, na essência, nunca na existência, que depende do uso correto da liberdade
"na saúde e enfermidade, na alegria e na dor", e o próprio casamento não surge das ações do homem,
mas apenas de um ato humano (apto para criar uma nova realidade), pelo qual os esposos se dão e
recebem um ao outro, e nunca depende na vontade humana (apenas adequado para desenvolver uma
nova realidade criada). Disto é claro e positivo: por um lado, está contido o casamento na escritura, na
noz, em seus elementos essenciais, no consentimento do casamento, no casamento em formação;
negativamente, que aquele que é incapaz de constituir casamento de fato, não é capaz de constituir
casamento de fato, nem de entregar e aceitar direitos-obrigações que não se afastam do casamento no
ato, mas, ao contrário, referem-se a o casamento no ato, pois a ação propriamente dita não é atribuída
ao instrumento, mas ao agente principal. Portanto, somente se, no consentimento matrimonial, o
intelecto é incapaz de apresentar o verdadeiro objeto à vontade, ou a vontade é incapaz de mover as
potências da alma para suas ações (usos), os esposos sofrem com a incapacidade de decidir ou assumir
as obrigações essenciais do matrimônio: “a vontade move o intelecto até o exercício do ato e a própria
verdade, que é a perfeição do entendimento, está contida sob o bem universal como uma espécie de
bem particular. Mas quanto à determinação do ato, que é da parte do objeto, o intelecto move a
vontade: porque o próprio bem é apreendido de acordo com uma certa razão especial compreendida
sob a razão universal das verdades (St. Thomas, Summa theol ., I-II, q. 9, a.1, a 3).

A gravidade de cumprir os elementos essenciais do matrimônio deve ser antecedente a emissão


do consentimento, mesmo que esteja latente.
Coram Arokiaraj, dec. diei 20 maii 2014
Causa naturae psychicae, quae incapacitatem matrimonialem inducit, gravis et praematrimonialis sit
oportet. Gravis causa requiritur, quia causae levitas meram difficultatem onera praestandi suggerit,
quae bona voluntate et aptis mediis naturalibus ac supernaturalibus superari potest. Oportet, denique,
causam naturae psychicae exsistere, saltem in statu latenti, momento manifestationis consensus;
validitas coniugii enim pendet a partibus habilitate praestandi obiectum pactionis ipso instante quo
connubium exsurgit.
A causa da natureza psicológica que leva à incapacidade conjugal deve ser grave e pré-matrimonial.
Exige-se causa séria, porque a leveza da causa sugere a mera dificuldade de cumprir o ônus, que pode
ser superado pela boa vontade e pelos meios naturais e sobrenaturais adequados. Finalmente, uma
causa de natureza psíquica deve existir, ao menos em estado latente, no momento da manifestação do
consentimento; pois a validade de um casamento depende da capacidade das partes de realizar o objeto
do acordo no próprio instante em que o casamento surge.

Deve existir uma enferminade psíquica não Fraqueza moral, preguiça ou má vontade, frouxidão
adquirida pela má educação e coisas semelhantes. Meros defeitos de caráter ou traços
imperfeitos de personalidade não são suficientes para produzir uma verdadeira incapacidade de
assumir o ônus conjugal.
Coram Ferreira Pena, dec. diei 27 maii 2014
Cum huiusmodi causa naturae psychicae minime congruunt moralis infirmitas, desidia seu mala
voluntas, laxismus educatione acquisitus et similia. Namque ex his vera incapacitas derivare nequit,
quoniam homo bonae voluntatis, divino quoque auxilio media supernaturalia suppeditante, superare
valet, sane cum debito nisu, eiusmodi obstacula. Item non sufficiunt ad veram incapacitatem
efficiendam merae indolis vitiositates seu personalitatis imperfectionis tractus, qui difficiliorem utique,
non vero impossibilem reddere possunt instaurationem convictus coniugalis satis tolerabilis.
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Fraqueza moral, preguiça ou má vontade, frouxidão adquirida pela educação e coisas semelhantes não
são de forma alguma compatíveis com esta causa da natureza psíquica. Com efeito, não pode derivar
daí uma verdadeira incapacidade, visto que um homem de boa vontade, com a ajuda divina fornecendo
também meios sobrenaturais, é capaz de superar, naturalmente com o devido esforço, tais obstáculos.
Da mesma forma, meros defeitos de caráter ou traços imperfeitos de personalidade não são suficientes
para produzir uma verdadeira incapacidade, o que certamente pode tornar mais difícil, se não
impossível, estabelecer uma convicção conjugal suficientemente tolerável.

Deve haver a enfermidade psíquica, mesmo latente, no momento do consentimento.


Coram Vaccarotto, dec. diei 23 maii 2014
Nullum dubium quin tribuenda sit vis incapacitans ad matrimonium contrahendum morbo latenti
tempore consensus prolationis, cuius deflagratio brevi tempore post nuptias in suis externis
manifestationibus apparuit. Idem modus latens tantum obnubilat dependentiae proclivitatem, quae
certe ante nuptias in subiecto inerat atque mox sane post nuptias irruit et aperuit vitium alcoholicum ob
minorem firmae mentis custodiam. Capacitas contrahendi vinculum et ideo manifestandi consensum in
matrimonio omnino est impedita cum quaedam causa latens radicitus in structura psychica nubentis
inest et transeunte tempore in lucem venit (vulgo: «si slatentizza») et effectus eius pro gravitate
nullum reddit contractum.
Não há dúvida de que a força incapacitante para a contração do casamento deve ser atribuída a uma
doença latente no momento do consentimento, cuja eclosão apareceu em suas manifestações externas
logo após o casamento. O mesmo modo latente apenas obscurecia a tendência à dependência, que
certamente existia no sujeito antes do casamento, e logo após o casamento, é claro, precipitou-se e
abriu o vício alcoólico devido à menor estabilidade mental. A capacidade de contrair um vínculo e,
portanto, de manifestar o consentimento no casamento é totalmente prejudicada quando alguma causa
oculta se enraíza na estrutura psicológica do casado e vem à tona com o passar do tempo (ou seja: "se
manifesta") e seu efeito não torna o contrato nulo e sem efeito.

A incapacidade psíquica deve ser Absoluta, não se pode declarar nulo uma incapacidade
psíquica relativa.
Coram Bunge, dec. diei 28 octobris 2014
In iurisprudentia et in doctrina multum disceptatur circa incapacitatem absolutam et relativam
doctorumque opiniones diversae sunt. Nihilominus, iuxta iurisprudentiam rotalem incapacitas relativa
iuridica caret vi ad inducendam matrimonii nullitatem. Quae de re, iurisprudentia H. A. T. latiori
generi incapacitatis relativae haud favet. In incapacitate ob causas naturae psychicae, unaquaeque pars
momento celebrationis matrimonii seu praestiti consensus matrimonialis independenter ab altera erga
obligationes matrimonii essentiales propria incapacitate laborare debet.
Na jurisprudência e no ensino muito se discute sobre incapacidade absoluta e relativa, e as opiniões
dos médicos são diversas. No entanto, de acordo com a jurisprudência rotal, a relativa incapacidade
legal carece de força para induzir a nulidade do casamento. Com efeito, a jurisprudência do H. A. T.
não favorece o tipo mais amplo de incapacidade relativa. No caso de incapacidade por motivos de
natureza psicológica, cada parte no momento da celebração do casamento ou da celebração do contrato
de casamento deve trabalhar independentemente da outra para as obrigações essenciais do casamento
por incapacidade própria.

Palavras de São João Paulo II: “Não se pode declarar nulo um matrimônio por qualquer
dificuldade de construir uma comunidade de amor, alegando ser incapacidade por natureza
psíquica”.
Coram Caberletti, dec. diei 23 iulii 2013 (1)
Incapacitas a difficultate ontologice dissimilis patet, quia subiectum in difficultate exstans, saltem
aliquid perficere valet, et huiusmodi principium psychologiae philosophicae S. P. Ioannes Paulus II ad
consensum necessarium pro matrimonio ineundo summa cum sapientia accommodavit: Per il
canonista deve rimanere chiaro il principio che solo la incapacità e non già la difficoltà a prestare il
consenso e a realizzare una vera comunità di vita e di amore, rende nullo il matrimonio. Il fallimento
dell’unione coniugale, peraltro, non è mai in sé una prova per dimostrare tale incapacità dei contraenti,
i quali possono aver trascurato, o usato male, i mezzi sia naturali che soprannaturali a loro
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disposizione, oppure non aver accettato i limiti inevitabili ed i pesi della vita coniugale, sia per blocchi
di natura inconscia, sia per lievi patologie che non intaccano la sostanziale libertà umana, sia, infine,
per deficienze di ordine morale. Una vera incapacità è ipotizzabile solo in presenza di una seria forma
di anomalia [che, comunque si voglia definire, deve intaccare sostanzialmente le capacità di intendere
e/o di volere del contraente.] Gravitas significat gradum defectus in aliquid aestimando, cum nubentis
defectus vel infra minimum habilitatis esse possit, ideoque incapacem reddat nubentem, vel minimum
habilitatis nullatenus praepediat, uti patet quoad gravem defectum discretionis iudicii (cf. can. 818, n.
2 CCEO); incapacitas vero aliquid assumendi idem est ac impossibilitas, quia subiectum est capax vel
incapax, et medium non datur. Nota antecedentiae minime postulatur ad incapacitatem assumendi
essentiales coniugii obligationes constituendam, quamvis anomalia, quae praepedit capacitatem
nupturientis, istius structuram personalitatis funditus perturbare debeat ideoque non repentino oriri
solet; quapropter ad anomaliam probandam tempora praenuptialia inquirantur oportet. Sufficit igitur,
et immo prorsus necesse est ut nupturiens incapax sit momento quo ipse suum consensum elicit.
Nequaquam incapacitatis perpetuitas requiritur, quia matrimonium solummodo oritur ex consensu viri
et mulieris (cf. cann. 776, § 1 et 817, § 1 CCEO), «qui iure non prohibentur» (can. 778 CCEO), et
consensus ponitur tempore definito, ideoque nubens hic et nunc capax esse debet. Si de perpetuitate
agitur, istud requisitum ad obligatioines sane pertinet, non autem ad incapacitatem.
É claro que a incapacidade é ontologicamente diferente da dificuldade, porque o sujeito que existe na
dificuldade é pelo menos capaz de realizar alguma coisa, e este princípio da psicologia filosófica foi
adaptado por S. P. João Paulo II ao consentimento necessário para contrair o casamento com a mais
alta sabedoria : Para o canonista, deve ficar claro o princípio de que só a incapacidade e não a
dificuldade de consentir e de realizar uma verdadeira comunidade de vida e de amor torna nulo o
matrimônio. O fracasso da união conjugal, aliás, nunca é, por si só, prova que demonstre essa
incapacidade dos contraentes, que podem ter negligenciado ou abusado dos meios naturais e
sobrenaturais de que dispõem, ou não ter aceitado os limites inevitáveis e os fardos da vida conjugal,
tanto por bloqueios de natureza inconsciente, como por patologias leves que não afetam a liberdade
humana substancial e, finalmente, por deficiências de ordem moral. Uma incapacidade real só pode
ser assumida na presença de uma forma grave de anomalia [que, como queiram definir, deve afectar
substancialmente a capacidade de entender e/ou querer o contratante. Uma verdadeira incapacidade é
potencial só na presença de uma séria forma de anomalia pode estar abaixo da capacidade mínima e,
portanto, tornar o noivo incapaz, ou impedir de qualquer forma a capacidade mínima, como fica claro
em relação à grave falta de arbítrio do a sentença (cf. cân. 818, n. 2 CCEO); mas a incapacidade de
assumir algo é o mesmo que a impossibilidade, porque o sujeito é capaz ou incapaz, e o meio não é
dado. A nota de antecedência não é necessária para estabelecer a incapacidade de assumir as
obrigações essenciais do casal, embora a anomalia que impede a capacidade do noivo deva perturbar
completamente a estrutura de sua personalidade e, portanto, não costuma surgir repentinamente;
portanto, para provar a anomalia, os períodos pré-matrimoniais devem ser investigados. É, portanto,
suficiente e, de fato, absolutamente necessário, que a pessoa que se casa esteja incapacitada no
momento em que ela mesma obtém seu consentimento. De modo algum se exige a perpetuidade da
incapacidade, porque o casamento só nasce do consentimento de um homem e de uma mulher (cf. cân.
776, § 1 e 817, § 1 CCEO), "que não são proibidos por lei" (cân. . 778 CCEO), e o consentimento é
estabelecido em tempo definido, portanto o noivo deve ser capaz aqui e agora. Se estiver em causa a
perpetuidade, este requisito aplica-se certamente às obrigações, mas não à incapacidade.

Conteúdo Probatório
Coram Defilippi, dec. Diei 21 martii 2014
● Declarações das partes;
● Confirmação por testemunhas (possivelmente/utilmente testemunhas qualificados, como médicos,
etc., livrados do segredo profissional) ;
● Muita importância tem a intervenção de peritos em arte psychologica ou psychiatrica, que podem
ajudar o Tribunal indicando: - natureza - origem - gravidade - influxo da perturbação psicológica (ou
qualquer outro nome/definição científica tenha esta manifestação).
● Considerações sobre as circunstâncias (anteriores, concomitantes, e subsequentes)
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Coram Caberletti, dec. diei 23 iulii 2013 (2)


Ad probandam sive concretam fortasse incongruentem agendi rationem subiecti, sive conexionem
illius incongruentis agendi rationis cum quadam psychica anomalia, ponderanda sunt indicia quae
hauriuntur ex vadimoniis partium et testium, haud neglecto iudicio de eorum credibilitate. Pariter, si
praesto sint, pensitanda sunt documenta, praesertim medicorum, quae ad rem pertineant.
Para provar um comportamento concreto possivelmente inconsistente do sujeito, ou a conexão desse
comportamento inconsistente com uma determinada anomalia psicológica, as evidências extraídas das
declarações das partes e testemunhas devem ser ponderadas, sem negligenciar o julgamento de sua
credibilidade. Da mesma forma, se estiverem disponíveis, devem ser considerados os documentos,
especialmente os médicos, relevantes para o assunto.

A imaturidade deve ter origem psíquica, como por exemplo: instabilidade, sugestionabilidade,
mutabilidade do afeto, egocentrismo.
Coram Graulich, dec. diei 14 ianuarii 2014
Si immaturitas affectiva veluti causa naturae psychicae adducitur, videndum est de immaturitate sensu
iuridico primum, de immaturitate sensu clinico deinde. A iurisprudentia quaedam criteria
immaturitatis affectivae indicantur: instabilitas, suggestionabilitas, affectionis mutabilitas,
egocentrismus. Nihil est dubii, quin symptomata allata hominis immaturitatem significent, quae
influxum in facultatem intellectus et voluntatis exercere possunt.
Se a imaturidade emocional é apresentada como causa de natureza psicológica, devemos olhar
primeiro para a imaturidade no sentido jurídico, depois para a imaturidade no sentido clínico. Alguns
critérios de imaturidade emocional são indicados pela jurisprudência: instabilidade,
sugestionabilidade, mutabilidade do afeto, egocentrismo. Não há dúvida de que os sintomas
mencionados significam a imaturidade do homem, que pode influenciar a faculdade do intelecto e a
vontade.

O Alcoolismo é causa de natureza psíquica? A dependência anterior ao matrimônio e seu


progresso no decorrer do matrimônio.
Coram Yaacoub, dec. diei 22 ianuarii 2014
In iudiciali aestimatione alcoholismi tamquam causae materialis incapacitatis assumendi essentiales
matrimonii obligationes, haec duo necessarie comprobanda sunt, potissimum peritorum suffragio (cf.
cann. 1680; 1574): vetustas scilicet processus toxici, ad tempus saltem celebrationis nuptiarum sese
referentis, ac gravitas ipsius perturbationis alcoholicae, quae iam id temporis praepedire valeat ebriosi
capacitatem instaurandi atque sustinendi communionem vitae coniugalis.
Na avaliação judicial do alcoolismo como causa material de incapacidade para assumir as obrigações
essenciais do matrimónio, devem ser verificadas estas duas coisas, sobretudo pelo voto dos peritos (cf.
cân. 1680; 1574): a saber, a idade do tóxico processo, referindo-se, no mínimo, ao momento da
celebração do casamento, e à gravidade do próprio distúrbio alcoólico, que já é capaz de dificultar a
capacidade do embriagado de restabelecer e sustentar a comunhão da vida conjugal.

Muitas vezes há uma linha tênue entre a incapacidade psíquica e a falta de discrição de juízo.
Coram Arokiaraj, dec. diei 27 februarii 2014
Cum praevalens iurisprudentia N. A. F. teneat capita consensus incapacitatis ex can. 1095, n. 2, et
simulationis simul stare non valere et nonnisi subordinate simul statui posse, nonnumquam vero
animadvertitur limen inter incapacitatem adsumendi, de qua in can. 1095, n. 3, et simulationem, cum
nempe de bono coniugum agitur, vix perceptibile, in casu particulari, evadere posse. Ideo non absolute
prohiberemur capita incapacitatis ac simulationis etiam simul concordare et definire.
Uma vez que a jurisprudência predominante da N. A. F. mantém as cabeças de consentimento de
incapacidade do cân. 1095, nº. 2, e a pretensão de que não é válido permanecer ao mesmo tempo e que
só pode ser estabelecida ao mesmo tempo de maneira subordinada, às vezes se percebe um limiar entre
a incapacidade de assumir, da qual no cân. 1095, nº. 3, e a pretensão, nomeadamente, quando está em
causa o bem dos cônjuges, é dificilmente perceptível, num caso particular, para poder escapar.
Portanto, não estaríamos absolutamente impedidos de concordar e definir as cabeças de incapacitação
e simulação ao mesmo tempo.
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A Homossexualidade é causa de natureza psíquica? A homossexualidade só pode alcançá-lo


quando um dos cônjuges sofre de uma condição homossexual verdadeira, ou grave e irreversível.
Coram Todisco, dec. diei 12 martii 2014
Non omnes qui homosexualitate laborant ad agendum modo homosexuali necessitate cogi, nec qui
homosexualiter agunt eo ipso veri homosexuales sunt dicendi. Non quaevis manifestatio
homosexualitatis matrimonium impedire valet; homosexualitas id efficere valet tantummodo quando
alteruter sponsus vera, seu gravi, et irrevocabili homosexuali condicione laborat. Proprie loquendo
homosexuales incapaces dicuntur potissimum vero acceptandi onus vitae heterosexualis perpetuo et
exclusive in matrimonio ducendae. Quapropter incapacitas personae homosexualis inspicitur in primis
in ordine ad assumendam obligationem consortii seu communitatis vitae.
Nem todos os que sofrem de homossexualidade são forçados a agir de maneira homossexual, e aqueles
que agem de maneira homossexual não são necessariamente homossexuais. Nem toda manifestação de
homossexualidade pode impedir o casamento; a homossexualidade só pode alcançá-lo quando um dos
cônjuges sofre de uma condição homossexual verdadeira, ou grave e irreversível. A rigor, diz-se que
os homossexuais são incapazes, sobretudo, de aceitar o ônus de levar uma vida heterossexual
permanente e exclusivamente no casamento. Portanto, a incapacidade da pessoa homossexual é vista
em primeiro lugar para assumir a obrigação de parceria ou vida comunitária.

O Hipererotismo é causa de natureza psíquica? Quando a prática excede o controle da vontade e


obriga o sujeito como que invencivelmente a satisfazer a fome sexual.
Coram Arokiaraj, dec. diei 30octobris 2013
Hypererotismus pathologicus sane confundendus non est cum mero pravo habitu, etiam vulgatis
moribus inducto, sed dominium voluntatis excedit et subiectum velut invincibiliter cogit ad famem
sexualem satiandam, seposita obiecti (obiecti, inquam, non alterius subiecti!) consideratione. Ideo
vehemens fit necessitas, unicum scopum carnalem habens congressum, remota quavis teneritate seu
amoris blanditie, eoque vel magis personae compartis intuitu, quia unice prae oculis fine cupidinis
habito, instrumentum ad eundem consequendum omni caret momento. Bonum coniugis igitur, qui
germano et personalissimo amore coniugali vivit, fulcitur ac fovetur, pessum it prorsus, et ipsum
bonum fidei ab imis periclitatur, vel quia saltem virtualiter in alias personas compellitur subiectum, in
casu quo legitimus coniunx semet perversis postulationibus praefracte subtrahat. Itaque velut duplex
vulnus infertur, tum in bonum fidei propter necessitatem experientias sexuales multiplicandi cum
pluribus, tum in bonum coniugum, quia hypererotismo laborans coniugis identitatem tandem plane
praeteriit, coram se nudum corpus retinens, reificatum, si ita eloqui licet, et ad merum libidinis
instrumentum reductum. Itaque penitus prohibetur aspectus ille insignis boni coniugum, amplectens
scilicet expletionem sexualitatis in dynamica genuini amoris coniugalis. Genitalis igitur exercitatio
inter plures duobus, idest cum coniugibus et tertii sociantur in sexu perficiendo, quatenus manifestatio
exstet cuiusdam psychicae necessitatis, nec meri vitiosi habitus, ex parte coniugis id scelus
proponentis, incapacitatem eius denuntiat ad essentiam coniugalis foederis – seu ad bonum coniugis in
exclusivo persequendum perpetuoque ligamine - assumendam.
Certamente, o hipererotismo patológico não deve ser confundido com um mero mau hábito, mesmo
induzido pelo comportamento vulgar, mas excede o controle da vontade e obriga o sujeito como que
invencivelmente a satisfazer a fome sexual, independentemente da consideração do objeto (o objeto,
digo, não outro sujeito!). É por isso que a necessidade se torna intensa, tendo cumprido o único
objetivo carnal, afastada por qualquer ternura ou carícia de amor, e mais ainda pela visão
compartilhada da pessoa, porque tendo em vista apenas o fim do desejo, lhe falta todo momento os
meios para alcançar o mesmo. Portanto, o bem do cônjuge, que vive, é sustentado e promovido pelo
amor conjugal sincero e pessoal, é completamente destruído, e o próprio bem da fé é posto em perigo
por baixo, ou porque pelo menos o sujeito é virtualmente forçado a outras pessoas , no caso de o
cônjuge legítimo se retirar por exigências perversas. E assim se inflige uma dupla ferida, tanto no bem
da fé, pela necessidade de multiplicar as experiências sexuais com várias pessoas, quanto no bem do
casal, porque sofrendo de hipererotismo, a identidade do cônjuge acabou por passar por completo,
mantendo-se diante dele um corpo nu, reificado, se assim se pode dizer, e um mero instrumento de
luxúria reduzido Assim, fica totalmente proibida aquela vertente do signo do bom casal,
nomeadamente abarcar a realização da sexualidade na dinâmica do genuíno amor conjugal. Os
exercícios genitais entre mais de um casal, ou seja, com cônjuges e terceiros estão associados na
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prática do sexo, na medida em que é manifestação de certa necessidade psicológica, e não mero hábito
vicioso, por parte do cônjuge que propõe este crime, declara a sua incapacidade para a essência da
aliança conjugal - ou para o bem dos cônjuges no exclusivo a prosseguir com vínculo perpétuo - a ser
assumido.

4) Erro de qualidade de pessoa que redunda no erro de pessoa (Erro de Pessoa Determinante)

Cân. 1097 — § 1. O erro acerca da pessoa torna inválido o matrimónio. § 2. O erro acerca da
qualidade da pessoa, ainda que dê causa ao contrato, não torna inválido o matrimónio, a não ser que
directa e principalmente se pretenda esta qualidade.

Cân. 1083 do CIC de 1917: § 2º: O erro acerca das qualidades da pessoa, ainda que seja a causa do
contrato, o invalida somente. 1º Se o erro acerca da pessoa redunda em erro acerca da pessoa mesma.

Isto é: Se um nubente enamorou-se por uma qualidade que supunha que o outro tinha, mas na
convivência conjugal percebeu que não tinha essa qualidade, pode ser aplicado o Erro de Pessoa.
Não se trata apenas da identidade física de qualquer pessoa, mas também das qualidades morais,
sociais, psicológicas, políticas etc. , como afirma um claro parecer coram Canals em 21 de abril de
1970 que muito teve a ver com determinar que no novo Código a antiga expressão de erro redundante
fosse substituída por uma nova sobre erro "direta e principalmente" intencional.

1ª Sentencia: c. Bruno de 18 de diciembre de 1991, en ARRT Dec. vol. 83, 1994, p. 835, n.6: “E
realmente, na mais antiga jurisprudência de Nosso Tribunal, o erro de qualidade, que resulta em erro
da pessoa, é geralmente explicado pelo critério objetivo da qualidade individual e exclusivamente
próprio de determinada pessoa, ainda desconhecida, cuja identificação física se faz por tal qualidade,
para a qual, conseqüentemente, a intenção do contraente se dirige direta e apenas indiretamente à
pessoa a ele presente”.
«Noutras palavras, a qualidade invulgar; mas própria e individual, deve determinar no
indivíduo aquela pessoa física, que não foi conhecida de nenhuma outra maneira; mas por tal
qualidade, que, conseqüentemente, entra direta e principalmente no consentimento matrimonial» (c.
Stamkiewicz Taurinen de 24 de enero de 1984 ARRT Dec. vol. LXXVI, 1984, p. 46, n. 4).
“Na nova jurisprudência, ao contrário, exige-se apenas que a qualidade determine a pessoa
física, já conhecida da pessoa, mas sim a sua personalidade, que se deduz das qualidades físicas,
espirituais, morais”.
Portanto, “o contratante direciona seu consentimento direta e principalmente para determinada
qualidade ou qualidades (da outra parte); indireta e subordinadamente à pessoa (da outra parte);
Portanto, a qualidade é reformulada na pessoa e a especifica, de modo que o consentimento contém
substancialmente em sua intenção aquela qualidade, faltando a qual, portanto, é necessário que o
próprio consentimento seja corrompido. (c. Pompedda Goana et Damanen., 23 julio 1980 vol. LXXII,
1980, p. 524, n. 5).

2ª Sentencia: c. Colagiovanni de 23 de oct. de 1990. ARRT Dec. vol. 82, 1994, p. 707, n. 10:
“Finalmente, como critério para estimar a qualidade redundante na pessoa, algumas sentenças da Rota
indicam aquela qualidade que pela natureza da coisa é necessária para o exercício dos direitos
conjugais, entre os quais se enumera o bem dos cônjuges ou o consórcio da vida e do amor, como se lê
no (c. Serrano de 28 de maio de 1982, n. 17), com o qual se aperfeiçoa aquela necessária comutação
mútua das mesmas pessoas dos nubentes”.
Em todos os casos acima elencados, deve-se experimentar direta e principalmente aquela
qualidade, que desde 1910 se lia num c. Mori: "Uma vez que o consentimento foi direcionado direta e
principalmente para uma certa qualidade, faltando isso, há um erro substancial que invalida o
matrimônio" (ARRT Dec. vol. II (1910) 337, n. 2) ou, conforme lido em um (c. Pompeda de 23 de
julho de 1980, n. 4), “quando o contratante dirigir direta e principalmente seu consentimento para a
qualidade ou qualidades determinadas, e indiretamente para a pessoa”. Esta interpretação comum na
jurisprudência do Nosso Tribunal foi recebida no Código DC can. 1097 § 2º).
34

3ª Sentencia: c. Pompedda de 6 de fevereiro de 1992. ARRT Dec. vol. 84, 1995, p. 52, não. 2:
«O erro de qualidade que resulta em um erro sobre a pessoa é um erro sobre uma qualidade, com o
qual na mente do errante essa pessoa é individualizada e bem definida e distinta de qualquer outra e
para a qual se dirige o consentimento, portanto diferente de todas as outras» (M. C. a Coronata
Institutiones iuris canonici. De Sacramentis vol. III De Matrimonio. Turim. Roma 1948, p. 603, n. 44
8). Portanto, não a qualidade em si; mas a vontade do contratante que trata dessa qualidade faz com
que o erro de qualidade se torne um erro da pessoa e assim afete o consentimento. 838 Juan Agustín
Sendín Blázquez 838 Juan Agustín Sendín Blázquez tira totalmente a razão de duvidar se ainda
ouvimos o mesmo autor que ensina: «O erro de qualidade que resulta no erro da pessoa parece ser uma
espécie de erro da pessoa, do qual difere nisto, que o erro da pessoa trata da identidade material ou
física da pessoa, o erro redundante sobre a identidade ideal» (o. c. p. 604, p. 5 2, n. 2.c).
Mais adiante, inclui uma citação de P. J. Viladrich: «Embora o cânone não o mencione
expressamente, entendemos que o chamado erro redundante tem o mesmo efeito incapacitante (que o
erro na pessoa), pois este nada mais é do que uma forma de cometer erros sobre a própria identidade
da pessoa. Esta figura existe quando a pessoa física de um dos contraentes é desconhecida do outro de
tal forma que esta ignorância direta é complementada por uma qualidade ou característica específica
da irrepetibilidade pessoal do outro, que serve para identificá-lo... Notamos que, em ambos os casos,
mais do que um vício, há uma absoluta falta de consentimento, porque o ato do entendimento, que erra
substancialmente sobre o objeto, não dá à vontade nenhuma percepção verdadeira da identidade da
outra parte». Este comentário foi feito pelo famoso professor Pedro J. Viladrich e não por F. Formés
(Manual de Direito Canônico Eunsa Pamplona 1983, p. 595: Direito Matrimonial Canônico, Madri,
1990, p. 114, ss).
4ª Sentencia: c. de Lanversion de 7 de julho de 1993. RRT Dec. vol. 85, 1996, p. 536, nº. 8:
«Na verdade, no Código recentemente publicado, o legislador oferece finalmente a chamada terceira
regra alfonsiana, que, tomada de São Tomás, fala do erro de qualidade redundante na substância ou na
pessoa se o consentimento for dirigido direta e principalmente para a qualidade e menos
principalmente para a pessoa, e do qual já se fala em um c. Ouvido» (cf. Dez. 21 jul 1941 RR Dec.
vol. XXXIII, p. 533). Nesta frase, atenção especial deve ser dada a estas palavras: "enquanto o referido
cânon 1083/1917 dispõe que o erro da pessoa resolve o casamento sempre que o erro de qualidade
resultar no erro da pessoa e se omite totalmente sobre a necessidade de haver uma condição ou acordo
para provar isso, insinua claramente no foro externo que o erro de qualidade reverte para a pessoa"
(citado em c. Corso dec. 12 de maio de 1987). O erro sobre a pessoa e suas qualidades 839.
5ª Sentencia: c. Boccafola 11 marzo, 1993. RRT Dec. vol. 85,1996, n. 11: «En lo que se
refiere al error de cualidad o más directamente al error de cualidad que redunda en error de la persona,
basta recordar pocas cosas. Sin duda el error de cualidad por sí mismo no es considerado sustancial y,
por tanto, no puede invalidar absolutamente ya en cualquier caso el acto jurídico. Por lo tanto la ley c.
1083/1917 establece el principio general de que el error acerca de la cualidad de la persona, aunque
sea causa del contrato, no invalida el matrimonio».
«Existen, sin embargo, dos hipótesis en las que el error en el consentimiento matrimonial
realmente invalida el contrato, a saber, si el error versa acerca de la persona misma o acerca de una
cualidad de la persona que redunda en error de la persona. En la primera hipótesis se tiene error acerca
de la sustancia del contrato pues el error toca el mismo objeto y la naturaleza que éste; en la otra
hipótesis, existe error sustancial porque la cualidad, que primera y principalmente se intenta, hace
como las veces de todo el objeto y, por lo tanto, faltando aquella cualidad, en cierto modo se rechaza
todo el objeto».
6ª Sentencia: c. Pompedda de 2 de março de 1994. RRT Dec. vol. 86, 1997, p. 129, nº. 11: "O
erro sobre a pessoa da parte ou a qualidade deste redundante erro da pessoa torna o casamento inválido
porque o consentimento é dirigido a uma pessoa diferente daquela com quem alguém pretende casar"
(p. 127.8).
«Mais verdadeira, portanto, e mais provável parece a interpretação do cânon, segundo a qual o
erro de qualidade resulta em erro (da pessoa) quando a mesma qualidade é tentada acima da pessoa,
isto é, quando o contratante dirige seu consentimento direta e principalmente para a qualidade ou
qualidades determinadas, indireta e subordinadamente para a pessoa; conseqüentemente, a qualidade é
reformulada na pessoa e a especifica, de modo que o objeto do consentimento contém
35

substancialmente essa qualidade em sua intenção; conseqüentemente faltando qual o mesmo contrato é
corrompido».
«Sem dúvida assim aderimos com mais precisão e fidelidade à doutrina de São Tomás de
quem (cf. Suppl. q. 51, art. 2 ad 5) esta locução teve a sua primeira origem, ou seja, no sentido acima
explicado; de resto também a jurisprudência do Nosso Fórum, já antes e depois da promulgação do
C.I.C. teve o erro redundante já como alegado na condição ou olhando para a servidão da outra pessoa,
e finalmente como um especificador prevalente e explicitamente o objeto do consentimento» (c. me
abaixo assinado relator de 23 de julho de 1980, RRT Dec. vol. LXXII, p. 524, n. 5) (p. 129, n. 11).
7ª Sentencia: c. Pompedda de 13 de março de 1995. RRT dez. vol. 87, 1998, p. 193, nº. 6, que
repete literalmente sua sentença de 2 de março de 1994.
8ª Sentencia: c. Turnaturi de 18 de junho de 1998. RRT Dec. vol. 90, 2003, p. 480, ss: «Mas
na celebração das núpcias ou dada a importância do consentimento pessoal dos nubentes, que não
pode ser substituído por nenhum poder humano, a identificação ou integração dos cônjuges, não se faz
segundo a sua identidade física, mas sobretudo segundo a representação múltipla que cada um por sua
vez é formado pelas qualidades inerentes à pessoa ou que a determinam. A pessoa em primeiro lugar,
no assunto tratado, deve ser mantida ante os olhos ou certamente deve ser considerada quanto à
substância ou quanto à qualidade, cuja qualidade resulta no erro da pessoa, também implica a nulidade
do casamento" ou como cânon 1083, n. 1, CIC, 1917: «O erro sobre a qualidade da pessoa, ainda que
seja causa do contrato, só invalida o casamento: 1º Se do erro da qualidade resultar erro da pessoa» (p.
480, n. 12).
«Tem sido sagrado e definitivo perante a doutrina e a jurisprudência de N.F. que o erro
invalida o casamento quando tratar da essência da pessoa ou qualidade essencial da pessoa, quando o
erro do contraente for essencial ou substancial ou quando a qualidade for reclamada pelo contraente de
modo a designar a pessoa. Assim, celebra-se invalidamente o casamento aquele que, ao dar o
consentimento matrimonial, errar sobre a pessoa da parte ou qualidade dela, do que resultar erro da
pessoa» (c. 1083. 1 e 2 CIC 1917).
«Bem, então a adesão da mente no contratante é realizada para outro componente; mas não ao
presente que celebra as núpcias, que erroneamente julga ser o mesmo com quem tenta estabelecer a
comunhão conjugal, de modo que tal erro esvazia o consentimento matrimonial» (C. Stankiewicz, dez.
24 janeiro 1984, ibid. vol. LXXVI, p. 45, n. 3).
«Pois o erro ou julgamento do entendimento positivamente diferente da verdade objetiva da
coisa, torna o casamento inválido não só se for sobre a pessoa; mas também se trata de uma qualidade
da pessoa que resulta no erro da pessoa. A jurisprudência mais antiga e mais recente de Nosso Foro
reconheceu um erro redundante na pessoa quando a pessoa de um é desconhecida do outro e o erro
trata de uma qualidade precisamente pretendida e própria de uma única pessoa, ou seja, determinando
a pessoa, o que com efeito a diferencia e a designa individualmente para que, faltando a qualidade, a
pessoa não seja mais a mesma" (c. Grazoli em 11 de julho de 1838, O erro sobre a pessoa e suas
qualidades 841 AR RT Dec. vol. XXX p . 414, n. 17) (c. Funghini dec. 24 de fevereiro de 1988, ibid.
vol. LXXX p. 147, n. 6) (p. 481, n. 13).
«Que o erro de uma e de outra ou de ambas as hipóteses diga respeito à mesma pessoa é
pacífico; mas toda a questão se resolve no sentido da identidade física porque a interpretação desta
frase "se o erro de qualidade resulta em erro da pessoa" tem tido defensores que tiveram a mesma
qualidade redundante que define a mesma pessoa física" (cf. c. Pompedda dec. 6 fev. 1992, ibid. vol.
84, pp. 50. ss.) portanto, a intenção do contratante é dirigida e indiretamente apenas para a pessoa a ele
presente. Em outras palavras, a qualidade, não comum, mas própria e individual, deve determinar
individualmente aquela pessoa física, mas por tal qualidade, que, portanto, entra direta e
principalmente no consentimento matrimonial» (c. Stankiewicz de 24 de janeiro de 1984, ibid. vol.
LXXVI, p. 46, n. 4) (p. 481, n. 14).
«Como muito recentemente mantém a decisão c. Defilippi de 6 de março de 1998, que
aceitamos plenamente, a identificação da pessoa pode ser feita não apenas sob o aspecto físico; mas
também por uma qualidade (ou qualidades) da pessoa que, pela sua natureza, têm um peso grave da
comunhão da vida conjugal segundo a estimativa mais universal, pelo menos dos homens daquele
lugar e época, e segundo a mente e a intenção da pessoa. Neste caso, "o erro sobre a qualidade, com o
qual na mente do errante essa pessoa é individualizada e diferenciada de qualquer outra e para a qual,
assim diferente de todas as outras, se dirige o consentimento". Ou seja: "O erro de qualidade que
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resulta no erro da pessoa parece ser como um tipo de erro da pessoa do qual difere nisto, que o erro da
pessoa trata da identidade material ou física da pessoa e o erro redundante sobre a identidade ideal"
(M. Conte Coronata. Institutiones iusis canonici. De sacramentis vol. III de Matrimonio et de
sacramentis. Manetti (Tourini) 1948, p. 603, n. 449).
"Portanto, o erro sobre essa qualidade (ou conjunto de qualidades) com a qual a outra pessoa
se identifica, pode ser considerado substancial porque sua presença ou ausência pode alterar
totalmente, certamente em sua substância, o próprio objeto" (no casamento) (c. Pompedda, dez. 3 de
maio de 1993, RR. dez, vol. LXXXV, p. 363, n. 4) (p. 482, n. 16).
9ª Sentencia: c. Monier, 6 de novembro 1998. RRT Dec. vol. 98, 2003, p. 709, nº. 3: «Sobre a
correta interpretação da figura do erro na qualidade da pessoa a c. Pompedda adverte: “O erro de
qualidade 842 Juan Agustín Sendín Blázquez resulta em erro quando a mesma qualidade é tentada na
frente da pessoa, ou seja, quando o contratante dirige seu consentimento direta e principalmente para
uma determinada qualidade ou qualidades, indireta e subordinadamente para a pessoa;
conseqüentemente, a qualidade é reformulada na pessoa e a especifica, de modo que o objeto do
consentimento contém substancialmente em uma intenção aquela qualidade, faltando, portanto, a qual
é necessário que o próprio consentimento seja corrompido» (dec. 23 de julho de 1980. RR Dec. vol.
LXXII, p. 542, n. 5).

Definição: O erro não se confunde com a ignorância, visto que o erro é um julgamento falso
sobre um assunto, enquanto, por outro lado, a ignorância é a falta de conhecimento devido no
assunto.

Coram Ciani, dec. diei 26 iunii 2009

Error confundendus non est cum ignorantia, quatenus error est iudicium falsum de aliqua re, dum, e
contra, ignorantia est carentia scientiae in subiecto debitae. Insuper, errorem neque cum condicione
confundi licet. Nam in condicione sine qua non contrahens suum consensum penitus qualitati subiicit:
deest, scilicet, consensus si deest qualitas intenta. In errore, autem, matrimonialis consensus vitiatur ex
defectu obiecti, in quod voluntas directe atque incondicionate potissimum dirigitur. Aliis verbis in
condicione voluntas subiecti, radicaliter circumscripta, consensum vitiat; in errore autem non voluntas,
sed defectus obiecti seu qualitatis, a voluntate directe et principaliter intenta, nihil interest utrum
explicite an implicite expressa, matrimonium irritat.
O erro não se confunde com a ignorância, visto que o erro é um julgamento falso sobre um assunto,
enquanto, por outro lado, a ignorância é a falta de conhecimento devido no assunto. Além disso, erro
não deve ser confundido com condição. Pois em uma condição sem a qual o não contratante submete
seu consentimento inteiramente à qualidade: falta consentimento, é claro, se faltar a qualidade
pretendida. Erroneamente, porém, o consentimento matrimonial está viciado pela falta do objeto ao
qual a vontade se dirige direta e incondicionalmente antes de tudo. Em outras palavras, em uma
situação em que a vontade do sujeito é radicalmente circunscrita, o consentimento é viciado; mas no
erro não é a vontade, mas a falta do objeto ou qualidade, pretendida direta e principalmente pela
vontade, não importa se expressa explicitamente ou implicitamente, que invalida o casamento.

Erro de Qualidade de Pessoa:

Coram Abdou Yaacoub, dec diei 24 iulii 2014

Quod attinet ad matrimonium, in can. 1097 statuitur errorem substantialem tantum matrimonium
irritare posse, errorem autem in personae qualitate etiamsi dantem causa, vim irritantem non habere,
eapropter ad matrimonii nullitatem non ducere (§ 1), «nisi haec qualitas directe et principaliter
intendatur» a contrahente (§ 2). Error in qualitate personae proinde sub luce novi conceptus personae
explicari debet: non tantum vertit de identitate physica cuiuslibet personae, sed etiam de qualitatibus
moralibus, socialibus, psychicis, politicis et ita porro, veluti adfirmatur in clara sententia coram Canals
diei 21 aprilis anni 1970, quae multum valuit ad statuendum in novo Codice veterem locutionem
erroris redundantis substitutam esse cum nova de errore «directe et principaliter» intento. Quae locutio
ex Tertiae Regulae S. Alphonsi memoria derivat, ita ut directe et principaliter intenta qualitas
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compartis intendatur illa quae, tempore ante nuptias, per actum positivum voluntatis implicitum vel
explicitum, obiectum immediatum actus voluntatis constituat, non vero obiectum genericum vel
mediatum neque accessorie et incidenter sed potius in maxima parte, postremo «né frivola né banale»
sit (Ioannes Paulus II, Allocutio ad Rotam Romanam diei 29 ianuarii 1993, AAS 85 [1993], p. 1260, n.
7).
Quanto ao matrimônio, no cân. 1097 estabelece-se que só o erro substancial pode invalidar o
matrimônio, mas o erro na qualidade da pessoa, ainda que seja a causa da doação, não tem força
irritante e, portanto, não conduz à nulidade do matrimônio casamento (§ 1), "a menos que esta
qualidade seja direta e principalmente pretendida" pelo contraente (§ 2). O erro na qualidade da pessoa
deve, portanto, ser explicado à luz do novo conceito de pessoa: não se trata apenas da identidade física
de qualquer pessoa, mas também das qualidades morais, sociais, psicológicas, políticas etc. , como
afirma um claro parecer coram Canals em 21 de abril de 1970 que muito teve a ver com determinar
que no novo Código a antiga expressão de erro redundante fosse substituída por uma nova sobre erro
"direta e principalmente" intencional. Esta frase deriva da memória da Terceira Regra de Santo
Afonso, de modo que a qualidade de partilha direta e principalmente pretendida é aquela que, no
momento anterior ao casamento, por um ato positivo da vontade, implícito ou explícito, constitui o
objeto imediato do ato da vontade, mas não um objeto genérico ou mediado, nem acessório e
incidental, mas mais importante, no final, deve ser "nem frívolo nem trivial" (João Paulo II, Discurso
aos Romana Rota de 29 de janeiro de 1993, AAS 85 [1993], p. 1260, n. 7).

Coram Erlebach, dec. diei 13 iunii 2013

Principia ordinis substantialis respicientia effectum iuridicum circa errorem in qualitate alterius
contrahentis haec sunt: a) ante omnia valet principium quod «error in qualitate personae,etsi det
causam contractui, matrimonium irritum non reddit» (can. 1097, § 2, prima pars). Rite Legislator hanc
tenet regulam quia qualitates personae ordinarie habendae sunt nonnisi elementa accidentalia obiecti
materialis consensus matrimonialis, seu alterius contrahentis, nisi locum obtineat una ex exceptionibus
quae sequuntur; b) error circa qualitatem individuantem alterum contrahentem irritat consensum quia
constituit facti speciem erroris in persona (cf. can. 1097, § 1); c) error circa qualitatem alterius
contrahentis consensum evacuat, si deficiat qualitas quae «directe et principaliter intendatur» (can.
1097, § 2, secunda pars). Est ita quia deficiente qualitate directe et principaliter intenta, deficit
obiectum principale consensus matrimonialis. Nihil interest quod huiusmodi obiectum fit principale
solummodo per voluntatem subiecti; d) consensus matrimonialis, uti et quilibet actus iuridicus, nullius
est quoque valoris in casu erroris circa qualitatem alterius contrahentis recidentis in condicionem sine
qua non (cf. can. 126). Etiam hoc in casu effectus irritans datur ex natura ipsius consensus
matrimonialis, in quo consensus partium est unica causa matrimonii efficiens, quam ob rem si
contrahens aliquam qualitatem subiective sumit uti circumstantiam condicionis implicitae a qua
pendere facit consensum, et haec qualitas revera deest, consensus eo ipso non consequitur effectum
iuridicum sibi proprium; e) quaestio deficientis qualitatis intentae uti circumstantiae, a qua contrahens
explicite pendere intendit consensum, regitur normis propriis consensus condicionati (cf. can. 1102); f)
denique quaedam formae erroris mere accidentalis circa aliquam qualitatem alterius contrahentis, quae
ex se non sunt causa nullitatis consensus matrimonialis, assumunt momentum irritans ex voluntate
legislatoris in ambitu statuto in can. 1098. Lex praevidet tunc tantum errorem matrimonium irritare,
cum recidat in qualitatem a nubente directe et principaliter intentam, iuxta formulam a doctrina Sancti
Alphonsi Mariae de Ligorio receptam (cf. Theologia moralis, lib. 6, tract. 6, n. 1016). Qualitas sic
intenta certo amplius non est merum matrimonii motivum, sed obiectum ipsum consensus conformat,
cum tam grave induat momentum, ut veluti in ipsam, prae ipsa compartis persona, vergat nubentis
voluntas. Hoc in casu quodammodo qualitas-motivum consensum ipsum ingreditur, eius immutans
obiectum. Exinde consequitur errorem in qualitate directe et principaliter intenta substantialem fieri,
pressius subiective substantialem, cum hoc in casu deficit obiectum consensus sicut a nubente
configuratum, quod in qualitate potius quam in ipsa persona consistit. Qualitas de qua norma agit
oportet sit clara et definita, nec confundi debet cum aliquo dotium moralium spiritualiumque
complexu qui generice «personalitatem» subiecti designet. Doceri solet qualitatem etiam «gravem»
esse debere. Negandum autem non est absolute et in principio, etiam qualitates minoris momenti fieri
posse obiectum volitionis directae et principalis: certo certius, autem, his in casibus, arduum fit iter
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probationis, quod e contra, in casu qualitatum obiective gravium, ordinariis praesumptionibus hominis
merito iuvatur.
Os princípios de ordem substancial relativos aos efeitos jurídicos do erro na qualidade do outro
contraente são os seguintes: a) sobretudo, o princípio de que "o erro na qualidade da pessoa, ainda que
dê causa ao contrato , não invalida o matrimônio" (cân. 1097, § 2, primeira parte). Com razão o
legislador mantém esta regra porque as qualidades de uma pessoa ordinariamente só devem ser
consideradas elementos acidentais do objeto material do contrato de casamento, ou de outro
contraente, salvo se ocorrer uma das seguintes exceções; b) o erro relativo à qualidade individual do
outro contratante invalida o contrato porque constitui uma espécie de erro pessoal (cf. cân. 1097, § 1);
c) o erro quanto à qualidade do outro contratante anula o contrato, se faltar a qualidade "direta e
principalmente pretendida" (cân. 1097, § 2, segunda parte). Isso porque, faltando a qualidade direta e
principalmente pretendida, falta o objeto principal da convenção matrimonial. Não faz diferença que
esse tipo de objeto se torne principal apenas pela vontade do sujeito; d) a convenção matrimonial,
assim como qualquer ato jurídico, também não tem valor no caso de erro quanto à qualidade do outro
contraente recaindo em condição sem a qual não existiria (cf. cân. 126). Ainda neste caso o efeito
irritante se dá pela própria natureza do consentimento matrimonial, em que o consentimento das partes
é a única causa efetiva do casamento, razão pela qual se o contraente toma subjetivamente alguma
qualidade como circunstância da condição implícita da qual depende o consentimento, e esta qualidade
realmente falta, o consentimento é por si só não alcança seu devido efeito legal; e) a questão da
qualidade deficiente entendida como circunstância, da qual o contraente explicitamente pretende que
dependa o consentimento, rege-se pelas normas próprias do consentimento condicional (cf. cân. 1102);
f) finalmente, algumas formas de erro puramente acidental sobre alguma qualidade do outro
contraente, que não são em si causa da nulidade do pacto matrimonial, assumem vicio da vontade do
legislador no âmbito estabelecido no cân. . 1098. A lei prevê que o erro só invalidará o matrimônio
quando cair em qualidade direta e principalmente pretendida pelos esposos, segundo a fórmula
recebida do ensinamento de Santo Afonso Maria de Ligório (cf. Teologia Moral, livro 6 , trato 6, n.
1016). A qualidade assim pretendida certamente não é mais o mero motivo do casamento, mas
constitui o próprio objeto do consentimento, quando assume uma importância tão pesada que a
vontade do noivo se volta, por assim dizer, sobre a pessoa, e não sobre o próprio pessoa do cônjuge.
Nesse caso, de certa forma, entra o próprio acordo qualidade-motivo, alterando seu objeto. Daí decorre
que um erro de qualidade se torna direta e principalmente destinado a ser substancial, mais
precisamente subjetivamente substancial, uma vez que, neste caso, falha o objeto do consentimento
configurado pelo cônjuge, que consiste na qualidade e não na própria pessoa. A qualidade de que trata
a norma deve ser clara e definida, não se confundindo com algum complexo de dons morais e
espirituais que designam genericamente a "personalidade" do sujeito. Costuma-se ensinar que a
qualidade também deve ser "pesada". Mas não se deve negar absolutamente e em princípio que mesmo
qualidades de menor importância podem tornar-se objeto de uma vontade direta e principal: é
certamente mais certo, mas nesses casos o caminho da prova torna-se árduo, ao passo que, por outro
lado, Por outro lado, no caso de qualidades objetivamente importantes, as presunções comuns do
homem são meritórias.

PROVAS

Coram Pinto, dec. diei 20 martii 2014

Quod pertinet ad errorem in qualitate directe e principaliter intenta, recolendum est quod ad
probandam erroris huiusmodi exsistentiam in contrahente tempore nuptiarum oportet, ope
confessionum iudicialium et extraiudicialium -praesumpti errantis atque compartis testiumque,
tempore non suspecto praesertim latarumnec non aliorum adminiculorum probationis -perpensis
videlicet circumstantiis antecedentibus, concomitantibus et subsequentibus matrimonio, quae errorem
probant vel ipsum roborant-, patefacere momentum illius qualitatis quae praevalenter ipsi personae
intenditur, non obiective tantum, sed etiam in primis subiective, iuxta nempe adserti errantis
personalitatem, mentem, indolem una cum loci moribus etc. At iudicis tantum est discernere ac
diiudicare quanti aestimaverit contrahens aliquam determinatam qualitatem in persona compartis, cum
ex praevalentia aestimationis subiectivae super valore obiectivo qualitatis optatae oriri possit
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voluntatis directio in eam. Tunc enim peculiaris qualitas in comparte intendi potest directe et
principaliter, hoc est prae ipsa persona, quae ideo minus principaliter intenditur; ita ut mera voluntas
habitualis vel interpretativa haud sufficiat ad matrimonium irritandum et criterium reactionis vel
dissensionis, scilicet modus agendi errantis cum defectio intentae qualitatis detecta cognitaque sit,
probatio indirecta sit una cum supra dicto criterio aestimationis.
Quanto ao erro de qualidade diretamente pretendido pelo ponto principal, deve-se lembrar que para
provar a existência desse erro durante o período de contratação do casamento, é necessário, com o
auxílio de confissões judiciais e extrajudiciais - presumivelmente errantes e cúmplices testemunhas,
numa altura em que a prova não é particularmente suspeita, especialmente a lata e não a prova de
outros suportes -considerando as circunstâncias aos antecedentes, concomitantes e casamentos
posteriores, que comprovem o erro ou o reforcem, para revelar a importância daquele qualidade que
visa predominantemente a própria pessoa, não só objetivamente, mas também subjetivamente em
primeiro lugar, isto é, de acordo com a personalidade, mente, caráter do alegado errante, juntamente
com os costumes locais, etc. Mas cabe apenas ao juiz discernir e decidir o quanto valorizou a
contratação de determinada qualidade em pessoa compartilhada, pois o direcionamento da vontade
para tal pode advir da prevalência da avaliação subjetiva sobre o valor objetivo da qualidade almejada
. Pois então a qualidade particular pode ser direta e principalmente intencionada no parceiro, isto é, em
vez da própria pessoa, que é, portanto, menos intencionada principalmente; de modo que uma mera
vontade habitual ou interpretativa não é suficiente para invalidar um casamento e o critério de reação
ou dissensão, ou seja, a forma de agir do errante quando detectada e reconhecida a falha da qualidade
pretendida, é uma prova indireta juntamente com o critério de avaliação acima mencionado.

ERRO DA VONTADE DETERMINANTE

Coram Pinto, dec diei 5 iulii 2013

Iuxta communem et constantem N. F. iurisprudentiam, error, tamquam falsa rei apprehensio, per se ad
agrum intellectus speculativi pertinet. Itaque, placita erronea contra indissolubilitatem vinculi
matrimonialis per se in sphaera intellectus dumtaxat manent, ideo processum decisionalem non
ingrediuntur. Namque eadem placita indole sua naturali ad errorem intellectualem cum pertineant,
iudicium speculativum tantum efficiunt, nempe sine respectu ad practicam agendi rationem. At, si
nubentes baptizati, ita erroribus circa vinculi indissolubilitatem imbuuntur, ut tantum agant sub
conscientiae erroneae dictamine, quae voluntati praebet speciem matrimonii solubilis, hoc in casu dici
potest errorem inducere assensum voluntatis in matrimonium solubile, ita ut nubentes matrimonium
non eligant nisi sub specie huiusmodi falsae apprehensionis. Ex quo fit quod error huiusmodi, cum
obiectum formale actus voluntatis matrimonialis in unicam speciem matrimonii solubilis incidat,
invalidum reddit matrimonium. Rectius hoc in casu sermo fieri posset de positivo actu voluntatis quo
proprietas essentialis indissolubilitatis excluditur. Ad probationes erroris determinantis, iuxta
probatam iurisprudentiam rotalem, cum vero de positivo voluntatis actu agatur, hae potissimum ex
confessione iudiciali et extraiudiciali errantis colliguntur, deinde e causa proxima et remota transitus
erroris in voluntatem, atque ex circumstantiis antecedentibus, concomitantibus ac subsequentibus,
quae internam voluntatem contrahentis eiusque determinationem factis certis collustrant.
De acordo com a comum e constante jurisprudência de N. F., o erro, como uma falsa apreensão de
uma coisa, per se pertence ao campo do intelecto especulativo. Portanto, as alegações errôneas contra
a indissolubilidade do vínculo matrimonial per se permanecem na esfera do intelecto, de modo que
não entram no processo decisório. Pois os mesmos fundamentos, por seu caráter natural, quando
pertencem a erro intelectual, produzem apenas um julgamento especulativo, isto é, sem levar em conta
a conduta prática. Mas, se os que se casam e se batizam estão tão imbuídos de erros quanto à
indissolubilidade do vínculo, que só agem sob os ditames de uma consciência errônea, que dá à
vontade a aparência de um matrimônio dissolúvel, neste caso pode-se dizer que o erro introduz o
consentimento da vontade em um casamento dissolúvel, de modo que aqueles que se casam não
escolhem o casamento, exceto sob a aparência desse tipo de falsa apreensão. Disto resulta que um erro
desta natureza, quando o objeto formal do ato do testamento matrimonial incide sobre a única espécie
de casamento que pode ser dissolvida, torna o casamento inválido. Neste caso, seria mais correto falar
de um ato positivo da vontade em que a propriedade de indissolubilidade essencial é excluída. Para as
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provas de determinação do erro, conforme comprovada jurisprudência rotal, quando se tratar de ato
positivo da vontade, estas são colhidas principalmente da confissão judicial e extrajudicial do errante,
depois da causa próxima e remota do transição do erro para o testamento, e das circunstâncias
anteriores, concomitantes e posteriores, que internas A vontade do contratante e sua determinação são
verificadas por certos fatos.

5) Dolo

Cân. 1098 - Quem contrai matrimônio enganado por dolo, para obter o consentimento, contrai
invalidamente sobre alguma qualidade da outra parte, que por sua própria natureza pode
perturbar gravemente a união da vida conjugal.

Dephinitio: Omnis calliditas, fallacia, machinatio, ad circumveniendum, fallendum, decipiendum


alterum adibita.
Definição: Qualquer artifício, engano ou esquema usado para contornar, enganar ou enganar o outro.

Intenção Geral: engano fraudulento!

Coram Huber, dec. diei 28 aprilis 2010

Matrimonium, cum iure divino indissolubile sit, actionem rescissoriam non admittit, sed ad
praecavendam gravem iniustitiam et libertatis internae gravem quoque laesionem, quae ex
machinatione alterius errorem deceptorium inducente exsurgerent in ordine ad extorquendum
consensum, si nullus daretur remedium contra deceptionem deliberate commissam, lex ecclesialis in
aequitate naturali fundata actionem nullitatis matrimonii ex deceptione dolosa celebrati sancit.
O casamento, sendo indissolúvel por lei divina, não admite rescisão, mas para evitar graves injustiças
e graves ofensas à liberdade interna, que surgem das maquinações alheias ao objeto do matrimônio,
introduzindo o erro de enganadores para extorquir o consentimento, não havendo um remédio contra o
engano cometido deliberadamente, a lei eclesiástica baseada na equidade natural, sanciona com a ação
de anulação de um matrimônio celebrado por engano fraudulento.

Requisitos exigidos

Coram Bottone, dec. diei 3 iunii 2013

Non absque condicionibus can. 1098 applicari potest ad nullum declarandum matrimonium, sed tria
concurrant oportet. 1) Actio dolosa dirigatur oportet non solum ad circumveniendum alterum sed ad
consensum matrimonialem ab ipso carpendum deliberata intentione. Si dolus ad alium finem dirigatur,
matrimonium validum tenendum est quia non sufficit enim ut quis dolo deceptus celebret
matrimonium, sed ex legis praescripto omnino necesse est, ut dolus patratus sit ad obtinendum
consensum. Hoc igitur modo violationi libertatis decepti respondere debet iniusta agendi ratio
deceptoris, qui adhibita machinatione dolosa consensum alterius extorquet. 2) Dolus vertere debet
circa qualitatem personae quacum deceptus matrimonium celebrare intendat, minime aliam personam
respicientem etiamsi ista stricte coniuncta sit cum altera parte. 3) Qualitas natura sua graviter
convictum coniugalem perturbare potest et haec sola qualitas, aestimanda cum criterio obiectivo, ad
gravem perturbationem in coniugio inducendam apta sit [...].
Não se pode aplicar o c. 1098 sem as seguintes condições: 1) A ação fraudulenta deve ser dirigida não
apenas para ludibriar o outro, mas para tirar dele o consentimento do casamento com a intenção
fraudulenta. Se a fraude for dirigida a outro fim, o casamento deve ser considerado válido, porque não
basta que alguém enganado pela fraude celebre o casamento, mas é absolutamente necessário, nos
termos da lei, que a fraude tenha sidocometido para obter o consentimento. Dessa forma, então, a
conduta ilícita do enganador deve responder pela violação da liberdade do enganado, que, por meio de
artifício enganoso, extorquiu o consentimento do outro. 2) O engano deve girar em torno da qualidade
da pessoa com quem o enganado pretende celebrar o casamento, não se referindo de forma alguma a
outra pessoa, mesmo que esta seja estreitamente ligada à outra parte. 3) Pela sua natureza, a qualidade
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pode perturbar gravemente o casal e só esta qualidade, avaliada com critério objetivo, é apta a induzir
grave perturbação no casamento [...].

PRINCIPIO: O erro é de fato o fundamento desse vício de consentimento; pois se o defeito da


qualidade desejada for reconhecido, antes que o consentimento conjugal seja obtido, não há
dúvida de erro.

Coram Caberletti, dec. diei 23 iulii 2013

Error est quidem fundamentum huiusmodi vitii consensus; nam si defectus qualitatis optatae
agnoscitur, antequam consensus coniugalis eliciatur, de errore minime agitur. Nec ignorantia satis est
ad dolum gignendum; qui ignorat enim nescit ac proinde falsum iudicium nequaquam edere potest.
Deceptor cum intentione matrimonium obtinendi agere debet, et eius machinatio procedere potest tum
positive, seu veritatem negando vel mendacium proferendo, tum negative, scilicet silendo cum malitia
aut abdendo qualitatem de qua nubens notitias quaerit [...]. Necesse est ut error dolosus sit causam
dans consensui iugali; sic dictus dolus incidens minime vertere valet in qualitatem graviter
perturbantem connubium, quia nubens, qui qualitatem ignorat, matrimonium contraxisset etiam si
istam cognovisset, ideoque hoc in casu defectus qualitatis positivae vel absentia qualitatis negativae
nullatenus consortium vitae conturbare potest.
O erro é de fato o fundamento desse vício de consentimento; pois se o defeito da qualidade desejada
for reconhecido, antes que o consentimento conjugal seja obtido, não há dúvida de erro. A ignorância
também não é suficiente para produzir engano; pois aquele que é ignorante não sabe e, portanto, não
pode fazer um julgamento falso de forma alguma. O enganador deve agir com a intenção de obter um
casamento, e sua trama pode proceder tanto positivamente, seja negando a verdade ou contando uma
mentira, quanto negativamente, isto é, calando-se com malícia ou negando a qualidade sobre a qual o
noivo busca informação [...]. É preciso que a falácia seja maliciosa, dando lugar ao consentimento do
casal; assim ocorrendo o referido engano não é de modo algum capaz de tornar gravemente
perturbadora a qualidade do casamento, porque o noivo, que desconhece a qualidade, teria contraído o
casamento mesmo que o conhecesse, pelo que neste caso a falta de uma qualidade positiva ou a
ausência de uma qualidade negativa não pode de forma alguma perturbar a parceria da vida.

Coram Bottone, dec. diei 3 iunii 2013

Ad gravitatem perturbationis coniugii statuendam respiciatur oportet etiam ad momentum quod pars,
quae dolo decepta dicitur, tribuat qualitati, quia non omnes idem momentum qualitatibus tribuunt pro
bono exitu matrimonii. Patet quod hoc a pluribus elementis pendet inter quae influxum habent cultura
et mores societatis in qua pars vivit, educatio recepta atque etiam peculiaris mentalitas quam quis sibi
efformaverit.
Para apurar a gravidade da perturbação do casamento, é preciso também atentar para a importância
que a parte, que se diz enganada, dá à qualidade, pois nem todos dão a mesma importância às
qualidades para o bom resultado do casamento. É claro que isso depende de vários fatores, incluindo a
influência da cultura e comportamento da sociedade em que o partido vive, a educação recebida e até
mesmo a mentalidade particular que uma pessoa formou para si mesma.

O dolo é uma qualidade que verdadeiramente perturba a vida conjugal.

Coram Huber, dec. diei 28 aprilis 2010

Non quicumque dolus matrimonium irritat, sed tantum is, quiversatur circa qualitatem alterius
personae. Postulatur insuper, ut qualitas «suapte natura consortium vitae coniugalis graviter perturbare
potest». Difficultas consistit in determinatione huiusmodi qualitatis. Per verba «suapte natura»
Legislator qualemcumque subiectivam interpretationem momenti qualitatis excludere videtur. Ipse
sterilitatem tamquam exemplum qualitatis suapte natura consortium vitae coniugalis graviter
perturbantis considerat: «Sterilitas matrimonium nec prohibet nec dirimit, firmo praescripto can. 1098
» (can. 1084, § 3). Cum defectus capacitatis prolem generandi magnum momentum pro vita coniugali
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habeat, obligatio iuridica exsurgit qualitatem negativam comparti manifestandi. Qui caret huiusmodi
capacitate non potest tacere simpliciter, quia hoc silentium esset dolosum.
Nem todo aquele que comete dolo destrói um casamento, mas apenas aquele que se preocupa em
enganar uma a qualidade de outra pessoa. Exige-se também que a qualidade "pela sua própria natureza
possa perturbar gravemente a união conjugal". A dificuldade está na determinação dessa qualidade.
Pelas palavras “por sua própria natureza” o Legislador parece excluir qualquer interpretação subjetiva
da importância da qualidade. Ele considera a esterilidade como exemplo de uma qualidade que, por
sua própria natureza, perturba seriamente a união conjugal: “A esterilidade não impede nem dissolve o
matrimônio, segundo a firme prescrição do cân. 1098" (cân. 1084, § 3). Sendo a falta de capacidade
reprodutiva de um filho de grande importância para a vida conjugal, surge a obrigação legal de
manifestar a qualidade negativa do cônjuge. Aquele que não tem essa capacidade não pode ficar
calado simplesmente porque esse silêncio seria enganoso.

NEXO DE CAUSALIDADE ENTRE O DOLO E O ATO LESIVO

Coram Sciacca, dec. diei 25 iunii 2010

Peculiariter se habet in s. d. dolo omissivo nexus causalitatis inter factum illicitum (in casu, silentium
seu reti centiam) et effectum damnosum (seu deceptionem cum conseguenti consensus praestatione);
causalitas, scilicet, non tam materialis evadit, quam normativa; idque fit per mediationem alicuius
obligationis iuridicae (impediendi, nempe, eventum damni), parti incumbentis, ex cuius
inadimpletione seu violatione effectus laesivus consequitur. Absente enim huiusmodi obligatione, nihil
posset nupturienti oppugnari, qui nudo suo silentio nihil aliud fecit, quam in lucrum suum revocavit
alterius partis errorem, seu potius ignorantiam. Quaeri igitur potest: adestne in nubente obligatio, non
modo moralis sed etiam iuridica, parti desponsae revelandi qualitates suas, quae in futuram
communitatem coniugalem gravem negativum influxum explicare possunt? Et quidem adfirmative
respondendum, attento quod consortium coniugale est realitas, exsistentialis haud minus quam
iuridica, quae ad ambas partes aequabiliter pertinet easque paribus muneribus et officiis involvit.
Idque, quin consideremus casus in quibus vitiosa qualitas directe in sphaeram personalem alterius
partis incidere potest: physicam (ex. gr. in hypothesi contagiosi morbi) vel iuridicam (v. gr. in casu
usus aromatum, quorum detentio in communi domo maritali delictum ex saeculari lege constituit,
quod etiam coniugi inscio atque insonti imputari posset); his in adiunctis vel strictior fit in subente
sincerae confessionis obligatio. Dubitandum haud est dependentiam a substantiis stupefactivis
qualitatem esse quae perniciose in communitatem vitae conubialis redundare valeat. Aromatizatus
valetudine deficit, pacem familiarem ac communionem vitae coniugalis labefactat ac conturbat. Non
raro, hac de causa, plura delicta et facinora perpetrat et in legem poenalem incidit. Hocce in agro -
secus ac dictum est aliquando in Huius Auditorii Iurisprudentia, relate, ceterum, ad aliud caput seu
erroris in qualitate tenendum est obiectum deceptionis esse posse etiam qualitatem qualitatis, si
huiusmodi locutione uti licet. Atque abstractus nimis obscurusve ne fiat sermo, edicemus dolum
cadere posse ex. gr. super gravitate alicuius morbi, vel, uti in casu, dependentiae psycho-physicae a
substantiis medicamentosis, cuius exsistentia nota est, quique quaeve tamen haud tam gravis habetur,
ut consilium vitae communis exinanire possit. Aliud enim est capitis vertigine laborare, aliud comitiali
morbo; aliud levibus aromatibus, levaminis vel socialis oblectamenti causa, interdum tantum uti, aliud
vero a ponderosis medicatis potionibus haud refrenabili affici dependentia. Immo - sane
considerandum est - his in adiunctis confessio minoris vitii callidum artificium esse potest ad maius
tegendum ex industria adhibitum, in quadam sinceritatis et reticentiae combinatione, utique sane ad
fallendum alterum concepta.
É especialmente verdadeiro a seguinte idéia: omissão dolosadeve ter um nexo de causalidade com um
ato ilícito, isto é, a omissão(silencia) e o efeito lesivo (o dolo com a conseqüente execução do
consentimento); a causalidade, é claro, acaba sendo não tanto material quanto normativa; e isso se faz
por mediação de alguma obrigação legal (isto é, de prevenir a ocorrência de danos), por parte do
titular, de cujo incumprimento ou violação resulte o efeito nocivo. Pois, na ausência de tal obrigação,
nada poderia ser atacado contra o noivo, que, por seu silêncio nu, nada mais fez do que recordar a seu
favor o erro, ou melhor, a ignorância da outra parte. Pode-se então perguntar: existe uma obrigação,
não só moral, mas também legal, de o esposo revelar as suas qualidades, o que pode explicar uma
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grave influência negativa na futura comunidade conjugal? E devemos responder afirmativamente,


tendo presente que a união de facto é uma realidade não menos existencial do que jurídica, que
pertence igualmente a ambas as partes e as envolve em iguais funções e responsabilidades. E isso, sem
considerar os casos em que uma qualidade viciosa pode recair diretamente na esfera pessoal da outra
parte: física (por exemplo, na hipótese de doença contagiosa) ou jurídica (por exemplo, no caso do uso
de especiarias, a posse dos quais no domicílio conjugal comum é ofensa secular prevista na lei,
podendo ser imputada também ao cônjuge insensato e insensato); nestas circunstâncias, a obrigação da
confissão sincera torna-se ainda mais rigorosa. Não há dúvida de que o vício em substâncias
entorpecentes é uma qualidade que pode se espalhar de forma destrutiva na comunidade da vida
conjugal. Aromatizado pela saúde, mina e perturba a paz familiar e a comunhão da vida conjugal. Não
raro, por isso, comete diversos crimes e contravenções e incide na lei penal. Neste campo - ao
contrário do que já foi dito na Jurisprudência deste Auditório, deve-se relacionar, aliás, a outra cabeça
ou erro de qualidade que o objeto do engano também pode ser a qualidade de qualidade, se for
permitido usar tal expressão. E se a conversa for muito abstrata ou muito obscura, digamos que o
truque pode sair dela. Gr. sobre a gravidade de alguma doença, ou, como no caso, da dependência
psicofísica de substâncias medicinais, cuja existência é conhecida, e que, no entanto, não é
considerada tão grave que possa esvaziar o plano de um vida comum. Pois uma coisa é sofrer de
vertigem e outra sofrer de uma doença mental; um é o uso ocasional de especiarias leves, com a
finalidade de alívio ou diversão social; De fato - é claro que deve ser considerado - nessas situações a
confissão de uma falta menor pode ser uma técnica inteligente usada para encobrir uma maior, em
uma certa combinação de sinceridade e relutância, obviamente destinada a enganar o outro.

Elementos essenciais: Deve haver dolo objetivo e perturbação grave.

Coram Arokaraj, dec. diei 10 iulii 2013

Cum qualitas, doli obiectum, gravi perturbationi producendae par esse debeat, ob principium
proportionalitatis inter causam et effectum, deducitur agi necessario de qualitate gravi, cum fieri
nequeat ut qualitas levis gravem inducat perturbationem, nisi forte accedat peculiarissima alterius
partis constitutio psychica, quae evidenter nullitatem sub alio capite (cf. can. 1095) indagari
suggereret. Gravitas insuper qualitatis tempore nuptiarum iam subsistere debet, quia secus norma viam
sterneret criminationibus innumeris ob deceptas spes exspectationesque in connubio [...]. Cautissime,
insuper, ratiocinandum est ubi innuatur agi de qualitatibus latentibus ac post nuptias manifestatis. Nam
de mendis ordinis moralis agi potest - ex. gr., de quadam vitiosa ludi aleatorii praxi, nulla probata
pathologica dependentia; et siquidem admitteretur, tamquam qualitas perturbans, mera propensio ad
futuram addictionem seu dependentiam, evidenter ratiocinium plane deterministicum evolveretur,
anthropologiae christianae penitus refragans. Si ideo mores vitiosi tempore nuptiarum haud tam graves
evadunt ut ordinarium convictum iugalem perturbent, minime applicari potest norma de dolo,
quamquam transactis annis vitium deterius factum reapse conversationi coniugali molestiam attulerit.
O dolo objetivo deve levar a uma grave perturbação produzida no matrimônio, devido ao princípio da
proporcionalidade entre a causa e o efeito, deduz-se que deve ser tratada como qualidade grave, pois a
qualidade deve induzir uma perturbação grave, a menos que por acaso uma constituição psíquica
muito peculiar da outra parte se aproxime, o que evidentemente anula, ele sugeriria que fosse rastreada
sob outro título (cf. can. 1095). Além disso, a gravidade da qualidade deve cessar já no momento do
casamento, porque senão a norma abriria caminho para inúmeras acusações por esperanças e
expectativas frustradas no casamento [...]. Além disso, é necessário raciocinar com muita cautela onde
se insinua que estamos lidando com qualidades latentes e manifestadas após o casamento. Pois é
possível falar sobre os erros da ordem moral - ex. gr., sobre certa prática viciosa de jogos de azar, sem
dependência patológica comprovada; e, de fato, se fosse admitido, como uma qualidade perturbadora,
uma mera propensão para um futuro vício ou dependência, desenvolver-se-ia um raciocínio
claramente determinista, em total contradição com a antropologia cristã. Se, portanto, o
comportamento pecaminoso na época do casamento não for tão grave a ponto de perturbar um casal
comum, a regra do engano não pode ser aplicada de forma alguma, mesmo que nos anos que se
passaram o vício tenha se agravado. realmente trouxe problemas para o relacionamento conjugal.
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Dolo que não atinge os fins do matrimônio não pode ser declarado nulo.

Coram Huber, dec. diei 28 aprilis 2010

Accidere potest, ut is, qui dicitur deceptus, deceptione sit contentus, quia alterius partis qualitas ei
possibilitatem praebet deceptorem adiuvandi, ex. gr., si iste aliquo morbo laboret. Requiritur fallaciae
specifica finalitas, nempe ad obtinendum consensum [...J. Legislator expressis verbis indicare voluit
finem a deceptore intentum. Et ita absque dubio constituitur nexus causalitatis inter dolum et
consensum matrimonialem, ita ut coniugium ex dolo celebretur, quidem ex dolo sic dicto directo. Ergo
dolus, qui ad alios fines consequendos adhibetur, nullum influxum in consensum matrimonialem
exercet ideoque nullam vim connubium invalidantem habet.
Pode acontecer que aquele que se diz enganado fique satisfeito com o engano, porque a qualidade da
outra parte lhe dá a possibilidade de ajudar o enganador, ex. gr., se ele possui alguma doença. Exige-se
a finalidade específica do engano, nomeadamente a obtenção do consentimento [...J. O legislador quis
indicar expressamente o fim pretendido pelo enganador. E assim, sem dúvida, a conexão causal é
estabelecida entre o engano e o consentimento matrimonial, de modo que o casamento é celebrado por
engano, de fato pelo chamado engano direto. Portanto, o engano, que é usado para atingir outros fins,
não tem influência sobre o pacto matrimonial e, portanto, não tem força invalidante do casamento.

6) Violência e Medo (VIS ET METUS)

Cânones Introdutórios:

Cân. 219 — Todos os fiéis gozam do direito de serem livres de qualquer coação na escolha do estado
de vida.

Conforme ao cân. 219 ninguém pode sofrer constrições na escolha do seu estado de vida, qualquer que
seja (e entre os quais, o matrimônio); a eleição deve sempre ser o fruto:
● de uma escolha livre;
● de um verdadeiro ato humano que seja: - realizado pelo intelecto e pela vontade; - com a
necessária liberdade. Esta liberdade poderá ser limitada/tirada tanto ab intrínseco (cân. 1095,
n. 2), quanto ab extrinseco (cân. 1103).

Cân. 125 — § 1. O ato realizado por violência exercida por uma causa externa sobre a pessoa à qual
está de modo nenhum pode resistir, tem-se por não realizado.§ 2. O ato realizado por medo grave,
injustamente incutido, ou por dolo, é válido, a não ser que o direito determine outra coisa; mas pode
ser rescindido por sentença do juiz, quer a instância da parte lesada ou dos que lhe sucedem no direito,
quer oficiosamente. O Legislador estabelece como norma geral que os atos realizados por medo são
válidos, mas poderiam ser anulados, se nada de diferente fosse estabelecido.

Capítulo de Nulidade Matrimonial:

Cân. 1103 — É inválido o matrimónio celebrado por violência ou por medo grave, incutido por uma
causa externa, ainda que não dirigido para extorquir o consentimento, para se libertar do qual alguém
se veja obrigado a contrair matrimónio. Neste cânon o Legislador considera a violência e o medo sob
dois aspectos:
● a violência que vai gerando o medo;
● o medo que vai surgindo da violência

Definição: Iincerteza/insegurança da mente por causa de um perigo presente ou futuro.

O medo pode ser:


● comum;
● reverencial.
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Os dois tipos de medo são diferentes um do outro por três elementos:


● quem vai a assustar (metum incutiens);
● o objeto do medo (perda do amor, prolongada indignação);
● os meios/a modalidade prolongada/reiterada.

Qualquer medo tem que ter três características para invalidar o consentimento:
a) a gravidade (objetiva - o pelo menos subjetiva);
b) a forma extrínseca (uma causa externa e livre, e por consequência humana);
c) inelutável (o matrimônio representa o mal menor para fugir de males maiores).
N.B. A celebração acontece por causa do medo, e não com medo. Relativamente ao
matrimônio, o medo invalidante poderá ser direto ou indireto. Também o suspeito de medo poderia
irritar o consentimento, mas deve ser positivo e comprovável. No momento do consentimento, o
medo poderá ser atual ou virtual.

Prova:

1) A prova do medo começa pela via indireta, consequências que levou o sujeito passivo a agir.
2) Depois é preciso investigar a via direta, começando da compulsão certa. Tem que ser
comprovado o nexo entre a coação e o matrimônio escolhido.
3) De grande importância è a deposição de quem foi paciente ao medo, o seu caráter, educação,
estilo de vida, sociedade e ambiente circunstantes, etc., assim como o medo incultido.
4) Quanto as testemunhas: tem maior importância a qualidade que o numero.

JURISPRUDÊNCIA

Definição: O matrimônio exige plena liberdade.

Coram Jager, dec. diei 30 aprilis 2014

Cum matrimonium nonnisi partium fiat consensu (cf. can. 1057, 1), qui actus est voluntatis, quo
nempe contrahens sua utatur libertate in statuendo quod sibi sit agendum, plane electio matrimonii seu
consensus in matrimonium nonnisi libere ponitur. Immo cum contrahens agat prout persona humana,
actus consensus procedere debet in libertate sive a gravi coactione externa, sive ab interno
impedimento quo libere eligere non valeat homo an sibi contrahendum sit hoc matrimonium necne.
Como o matrimôniosó se realiza com o consentimento das partes (cf. cân. 1057, 1), que é um ato de
vontade, isto é, pelo qual o contraente usam de sua liberdade para determinar o que deve ser feito por
ele, claramente a escolha do matrimônio ou consentimento para o casamento é feita apenas livremente.
Ao contrário, como o contraente age como pessoa humana, o ato de consentimento deve decorrer em
liberdade, seja por severa coação externa, seja por impedimento interno que impeça a pessoa de
escolher livremente se esse casamento deve ou não ser contraído para ele.

Elementos jurídicos essenciais

Coram Caberletti, dec. diei 31 iulii 2014

Metus consensum nuptialem vitiare valet solummodo si sit 1) ab extrinseco incussus, scilicet a persona
a parte metuente distincta, 2) gravis, et huiusmodi nota quidem subiectiva manet, 3) antecedens, cum
nexus causalis habeatur inter consensum ac metum; praeterea 4) necesse est ut electio nuptiarum sit
unica via, saltem in mente metuentis, ad vitandum damnum, quod metum incutiens comminatus est:
«Invalidum est matrimonium initum ob vim vel metum gravem ab extrinseco, etiam haud consulto
incussum, a quo ut quis se liberet, eligere cogatur matrimonium» (can. 1103). Lex canonica requisitum
iniustitiae non amplius recipit, cum metus semper vulnus habeatur contra iustitiam, quia vis ex quo
metus oritur pugnat contra dignitatem metum patientis et contra sanctitatem matrimonii, quod, cum sit
communio vitae et amoris (cf. Gaudium et spes, n. 48), postulat libertatem in eo eligendo.
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O temor só é capaz de viciar o consentimento nupcial se for:1) golpeado de fora, isto é, por pessoa
distinta da parte temerosa; 2) grave, e tal formaque permanece subjetiva; 3) antecedente, quando
houver uma conexão causal entre o consentimento e o medo; além disso 4) é necessário que a escolha
do casamento seja a única forma, pelo menos na mente da pessoa que teme, para evitar o dano que o
ameaça e lhe incuti medo;isto é, não deixe-o ser livre, ele é forçado a escolher o matrimônio" (cân.
1103). O direito canônico não aceita mais a exigência da injustiça, pois o medo é sempre considerado
como uma ferida contra a justiça, porque a força da qual nasce o medo luta contra a dignidade da
pessoa que sofre o medo e contra a santidade do matrimônio, que, sendo uma comunhão de vida e
amor (cf. Gaudium et spes, n. 48 ), exige liberdade na escolha.

Coram Bunge, dec. diei 14 octobris 2014

Ut metus efficaciam invalidantem habeat esse debet etiam ab extrinseco incussus, nempe ab alia
persona non a nupturiente sibi inferri debet. Metus ab extrinseco a causa libera externa procedit
scilicet nexum causalem habet cum facto obiectivo externo. Praeterea metus causa efficax
matrimonialis contractus debet esse, aliis verbis nexus causalitatis exsistere debet, ita ut nupturiens qui
liberari velit a metu eligere cogatur matrimonium.
Para que o medo tenha um efeito incapacitante, ele também deve ser infligido de fora, ou seja, deve
ser infligido por outra pessoa, não pelo próprio nubente. O medo de fora procede de uma causa externa
livre, isto é, tem uma conexão causal com um fato objetivo externo. Além disso, o medo deve ser a
causa efetiva do contrato de casamento, ou seja, deve existir um nexo de causalidade, de modo que o
noivo que deseja se livrar do medo seja forçado a escolher o casamento.

Medo de fora e Medo que parte de dentro

Coram Jager, dec. diei 30 aprilis 2014

Binae metus factispecies saepius inter se arcte connectuntur, cum scilicet «metus ab extrinseco
incussus» influxum in hominis animum exercet, qui «libertatem internam» aufert, seu cum «libertas
interna» tollitur influxu in animum, qui «metus ab extrinseco excussus» exercet, ita ut persona id quod
factura sit critice aestimare et libere eligere prorsus non valeat. In eiusmodi casibus distinctio inter
nullitatis capita, de quibus in can. 1095, n. 2, et can. 1103, respective, nonnisi «iuris nomina» respicit,
non autem personae veritatem.
Os dois tipos de medo estão muitas vezes intimamente ligados entre si, ou seja, quando "o medo que
vem de fora" exerce uma influência na mente do homem, que tira a "liberdade interior", ou quando a
"liberdade interior" é tirada por um influxo na mente, que exerce "o medo que vem de fora", de tal
forma que a pessoa fica completamente incapaz de avaliar criticamente o que está fazendo e de
escolher livremente. Em tais casos, a distinção entre os caputis de nulidade, das quais o cân. 1095, nº.
2, e pode. 1.103, respectivamente, trata apenas dos "nomes de direito", mas não da verdade da pessoa.

Quando o medo surge por um distúrbio psicológico.

Coram Caberletti, dec. diei 31 iulii 2014

In subiecto qui patitur perturbationem psychicam, ideoque ipsi defectus libertatis internae est, vis
metum gignens maiore cum facilitate suum effectum obtinet. Attamen si probetur defectus discretionis
iudicii, quippe qui ex iure naturali consensum irritum facere valet, necesse non est ut probetur quoque
gravis metus, subordinate concordatus, cuius vis irritans a lege positiva statuta est, etsi fundamentum
in iure naturali huiusmodi vitii agnoscendum est.
Em um sujeito que sofre de um distúrbio psicológico e, portanto, carece de liberdade interior, o poder
que cria medo atinge seu efeito com maior facilidade. No entanto, se comprovada à falta de
discricionariedade de juízo, por ser capaz de invalidar o contrato por lei natural, não é necessário
provar também grave temor, subordinado ao contrato, cuja força invalidante é estabelecida pelo direito
positivo, mesmo se a base desse tipo de defeito for reconhecida na lei natural.
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Medo da má Fama

Coram Todisco, dec. diei 18 decembris 2014

Inter mala gravia certe adnumerandus est metus infamiae pro se suisque parentibus ac familiaribus, ab
extrinseco incussus [...] Etiam ex illicito commercio sexuali mulier, non obstante culpa occulta, ius
habet ad bonam existimationem servandam in opinione hominum. Quae magis valent in favorem illius
mulieris quae, citra culpam suam, labem infamiae patitur, uti in casu violentiae acceptae; nam ex
revelatione facinoris grave dedecus sequitur et permanens iniuria [...]. Addatur, quoque, oportet, quod
in huiusmodi casibus re vera vix aliquid intelligi potest nisi admittatur deficere verum actum
humanum, ad eliciendum validum consensum matrimonialem, in casibus in quibus agitur de iniuria
infamiae vitanda pro seipso suisque parentibus ac familiaribus aut propinquis, attentis rerum
circumstantiis et locorum ac personarum ceterisque adiunctis, prae oculis habitis etiam forma mentis et
condicione psychologica contrahentium eorumque ingenio, indole et ita porro. Perplurimae habentur
Nostri Fori decisiones, iuxta quas etiam ratione facti probrosi, nemini licet libertatem electionis status
personalis cuicumque tollere, sive factum iam divulgatum est «aut in talibus versetur adiunctis ut
prudenter iudicari possit et debeat facile divulgatum iri» (P. Gasparri, Tractatus canonicus de
matrimonio, vol. I, in Civitate Vaticana 1932, p. 450, n. 738) vel neque sub praetextu probatorum
morum aut socialis consuetudinis comprimere.
Entre os males mais graves certamente deve ser considerado o medo da infâmia para si e seus pais e
parentes, infligida de fora [...] reputação na opinião dos homens. Essas coisas prevalecem mais a favor
daquela mulher que, além de sua culpa, sofre os estragos da infâmia, como no caso da violência
recebida; pois da revelação do criminoso segue-se grave desgraça e lesão permanente [...]. Acrescente-
se também que, em tais casos, na realidade, quase nada pode ser entendido, a menos que se admita que
um verdadeiro ato humano, para obter um consentimento matrimonial válido, nos casos em que se
trata de evitar o dano de infâmia em nome de a si mesmo e a seus pais e parentes ou parentes, levando
em conta as circunstâncias da situação, falha e de lugares e pessoas e outras circunstâncias, tendo em
mente também a forma de espírito e a condição psicológica das partes e sua inteligência, caráter e
breve. São muitas as decisões do nosso Tribunal segundo as quais, mesmo com base em fato
escandaloso, ninguém pode retirar a ninguém a liberdade de escolha da condição pessoal, quer o fato
já tenha sido publicado "ou esteja envolvido em tais circunstâncias que pode ser julgado com
prudência e facilmente publicado" (P. Gasparri, Tractatus canonicus sobre o casamento, vol. 1, na
Cidade do Vaticano 1932, p. 450, n. 738) ou suprimi-lo sob o pretexto de comportamento aprovado ou
costume social.

Medo Reverencial

Coram Ferreira Pena, dec. diei 18 decembris 2013

Peculiaris exsistit metus figura, quae vocari consuevit reverentialis. Huiusmodi metum notat duplex
peculiaritas, scilicet sub respectu subiectivo et obiectivo. Sub respectu subiectivo distinguitur metus
reverentialis a communi ob peculiarem relationem subiectionis affectivae et/vel iuridicae quae inter
metum patientem et inferentem intercurrit. Sub respectu obiectivo propria huius figurae est reformidati
mali natura, quod consistit in diuturna indignatione, scilicet in tam vehementi displicentia quae exeat
in quemdam habitum irae permanentem erga subditum. Item sub respectu obiectivo consideranda sunt
peculiaria media quibus metus incutitur, quae, secus ac in metu communi, generatim non in minis
consistunt, sed in precibus et suasionibus instanter iteratis.
Existe uma forma especial de medo, que geralmente é chamada de reverencial. Esse tipo de medo é
marcado por uma dupla peculiaridade, isto é, sob o aspecto subjetivo e objetivo. No aspecto subjetivo,
o medo reverencial se distingue do medo comum devido à relação particular de sujeição emocional
e/ou legal que existe entre o paciente e o portador do medo. Do ponto de vista objetivo, essa figura é
característica da natureza maligna do sujeito, que consiste em uma indignação duradoura, ou seja, em
um desprazer tão forte que resulta em certa atitude de raiva permanente para com o sujeito. Do mesmo
modo, de um ponto de vista objetivo, devem ser considerados os meios particulares pelos quais o
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medo é instilado, os quais, ao contrário do medo comum, geralmente não consistem em ameaças, mas
em pedidos e persuasões repetidas com urgência.

Medo Extrínseco: exemplos medo da infâmia, medo de ameaças de suicídio, medo do mal
sobrenatural etc.

Coram Todisco, dec. diei 18 decembris 2014

Jurisprudentia N. A. F. notam extrinsecitatis ad minimum reduxit, sicut in casibus metus reverentialis,


fundatae metus suspicionis et metus indirecti [...]. Ipsa iurisprudentia N. A. F. casus solvit specificos,
in quibus recursus ad extrinsecitatem difficilis est, sicut in casibus metus infamiae, metus ex minis
suicidii, metus mali supernaturalis. Hisce in casibus ut metus infamiae gravem metum constituat
requiritur et sufficit ut infamia grave damnum, iuxta communem aestimationem vel saltem iuxta partis
persuasionem cum obiectivo fundamento, in concreto adferat.
A jurisprudência do N. A. F. reduziu ao mínimo a marca da externalidade, como nos casos de temor
reverencial, fundado temor de suspeição e temor indireto [...]. A própria jurisprudência do N. A. F.
resolve casos específicos em que o recurso à externalidade é difícil, como nos casos de medo da
infâmia, medo de ameaças de suicídio, medo do mal sobrenatural. Nestes casos exige-se que o receio
da difamação constitua um receio grave e basta que a difamação cause prejuízos graves, segundo a
apreciação comum ou, pelo menos, segundo a convicção da parte com base objectiva, em termos
concretos.

O desprezo ao cônjuge e ao matrimônio são provas contudentes

Coram Monier, dec. diei 12 aprilis 2013

In probatione indirecta magnum pretium partis aversioni tribuitur sive erga compartem sive erga
matrimonium. Revera deficiente aversione, sermo fieri nequit de defectu libertatis. Nam aversio erga
compartem vel saltem aversio ad matrimonium contrahendum considerandae sunt veluti columina
probationum, quarum gravitas perpendenda est relate ad vim coactivam seu efficientem voluntatem ad
nuptias. Pressius apte addi oportet requisitum ex lege metum ab extrinseco, tandem aliquando non
excludere coniecturam illius metus ab intrinseco, qui ob subiectivam morbidam psychicam vel
psychologicam dispositionem subiecti, evidentiorem et ad unguem perficit, uti concausam, externam
coactionem. In huiusmodi causis ponderanda est enim indoles tam metum patientis quam metum
inferentis. Nam ex parte patientis verificari debent animi robur, eius aetas, condicio, educatio, una cum
existimatione circumstantiarum locorum et morum.
Na prova indireta tem um grande peso à aversão da parte, seja aocônjuge ou ao próprio Matrimônio.
De fato, na ausência de aversão, não se pode falar em falta de liberdade. Com efeito, a aversão à
coabitação, ou pelo menos a aversão a contrair casamento, deve ser considerada como pilares de
prova, cujo peso deve ser apreciado em relação à força coercitiva ou vontade efetiva de casamento. É
necessário acrescentar com mais precisão a exigência da lei do medo de fora, finalmente, às vezes para
não excluir a conjectura desse medo de dentro, que, devido à disposição psíquica ou psicológica
mórbida subjetiva do sujeito, é mais evidente e perfeito, como uma concussão, coerção externa. Em
casos desse tipo, o caráter tanto do sofredor quanto da pessoa que infere o medo deve ser pesado. Pois,
por parte do paciente, a força de espírito, sua idade, condição e educação devem ser verificadas,
juntamente com uma estimativa das circunstâncias do local e de suas maneiras.

De Impotentia coëundi: c. 1084

Coram Monier, dec. diei 22 maii 2009

Conditiones ut impotentia sit impedimentum dirimens sunt antecedentia et perpetuitas. Nam


impotentia subsistere debet tempore celebrationis matrimonii, etsi ignota fuisset, dum impotentia quae
subvenit multis ex causis, uti v. gr. eventu traumatico vel gravi morbo, minime complexa est notam
antecedentiae et consequenter haud influit in matrimonii validitatem. Quoad notam perpetuitatis, senso
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iuridico, hoc verificatur cum impotentia nullo modo desinere potest, seu insanabilis habetur. Distinctio
fit autem inter impotentiam organicam et functionalem. Nihil interest quod sit absoluta, id est erga
omnes personas alterius sexus, vel relativa, id est tantum erga compartem adstans.
As condições para que a impotência seja um impedimento são a antecedência e a perpetuidade. Pois a
impotência deve subsistir no momento da celebração do casamento, mesmo que seja desconhecida,
enquanto a impotência que vem de muitas causas, como v. Gr. no caso de um evento traumático ou de
uma doença grave, não é um sinal de antecedentes nada complexo e, consequentemente, não
influencia a validade do casamento. Quanto à marca de permanência, no sentido jurídico, verifica-se
quando a impotência não pode cessar de forma alguma, ou é considerada incurável. Agora é feita uma
distinção entre impotência orgânica e funcional. Não faz diferença se é absoluto, isto é, para todas as
pessoas do sexo oposto, ou relativo, isto é, apenas para o parceiro.

7) Matrimônio sob condição


Cân. 1102
§ 1. O casamento não pode ser validamente contraído sob condição de futuro.
§ 2.º O casamento celebrado em condição do passado ou do presente é válido ou não, conforme exista
ou não o que está sujeito à condição.
§ 3. A condição referida no § 2 não pode ser licitamente imposta, a não ser com autorização escrita do
Ordinário local.

DEFINIÇÃO

Coram Caberletti, dec. diei 23 iulii 2013

Condicio iam a Iure Romano definitur uti «circumstantia actui adiecta ad extra, ex qua ipse actus
pendet» (Dig. 12, 1, 19, 37). Quod ad consensum matrimonialem pertinet, nubens quidem
matrimonium vult, sed iste subicere intendit cuidam circumstantiae, quae per se externa exstat veritati
internae connubii; condicio est ideo limitatio voluntatis matrimonialis, quia haec absolute non elicitur
[...].
Uma condição já é definida pelo Direito Romano como "circunstâncias adicionadas ao ato de fora, das
quais o próprio ato depende" (Dig. 12, 1, 19, 37). No que diz respeito ao consentimento matrimonial, o
esposo realmente quer o matrimônio, mas pretende submeter-se a certas circunstâncias, que são em si
externas à verdade interna do casamento; a condição é, portanto, uma limitação da vontade conjugal,
porque esta não é absolutamente eliciada (PROVOCADO) [...].

CONDIÇÃO SUSPENSIVA: quando o efeito do matrimônio depende de um fato que é provado


no futuro; CONDIÇÃO RESOLUTIVA: quando há dúvida no contraente e ele sujeita a sua
vontade a comprovação de um elemento previamente estabelecido.

Coram Sciacca, dec. diei 22 ianuarii 2010

Condicio definitur tamquam clausula cuidam pacto seu contractui (in se completo quoad elementa
essentialia) adiecta, cuius ope pacti efficaciae initium procrastinatur (condicio suspensiva) vel
effectuum cessatio statuitur (condicio resolutoria), dependenter a quodam eventu, qualitate vel
circumstantia obiective vel saltem subiective incertis. Typice eventus in condicione deductus debet
esse obiective incertus et futurus: hoc in casu loquitur de condicione propria. Condicio impropria
autem dicitur illa quae eventum vel circumstantiam praeteritos vel praesentes respicit, tantum
subiective incertos ob ignorantiam contrahentis. Si vero adspiciatur ad causam efficientem
circumstantiae in conditione contemplatae, condicio esse potest casualis, si verificatio eventus minime
a libera pendet voluntate humana, secus dicitur potestativa; mixta autem si casus et voluntas hominis
concurrere debeant in adimplenda condicione. Condicio est quaedam modulatio consensus, quae iuxta
translaticiam expressionem consensum ingreditur, proinde eius appositio fieri debet per actum
voluntarium, saltem perseverans virtualiter, nisi actualiter emissum in actu celebrationis; a vera
condicione sunt denique distinguendi gestus psychologici similes qui, tamen, voluntaria non
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constituunt vel, etsi voluntaria, matrimonialem non ingrediuntur consensum, sed illi praecedunt, aut
illi iam in se perfecto tantum adiciuntur.
Uma condição é definida como uma cláusula adicionada a um determinado acordo ou contrato (em si
completo quanto aos elementos essenciais), com a ajuda da qual o início da vigência do contrato é
adiado (condição suspensiva) ou a cessação de sua vigência dos efeitos é estabelecido (uma condição
resolutiva), dependendo de algum evento, qualidade ou circunstância objetivamente ou pelo menos
subjetivamente incerta. Normalmente, o resultado da situação deve ser objetivamente incerto e
provável: neste caso, trata-se da própria situação. Diz-se condição imprópria aquela que se refere a um
acontecimento ou circunstância passada ou presente, apenas subjetivamente incerta por
desconhecimento dos contratantes. Mas se olharmos para a causa eficiente da circunstância
contemplada na condição, a condição pode ser acidental, se a verificação do evento não depender
minimamente do livre arbítrio humano, caso contrário, diz-se que é poderosa; mas é confuso se o
acaso e a vontade do homem devem se encontrar em uma condição a ser cumprida. A condição é uma
espécie de modulação do consentimento, que, segundo a expressão tradicional, entra no
consentimento, pelo que a sua aplicação deve ser feita por acto voluntário, pelo menos continuando
virtualmente, se não efectivamente emitido no acto da celebração; Por fim, da verdadeira condição
devem distinguir-se semelhantes gestos psicológicos, que, no entanto, não constituem voluntários ou,
ainda que voluntários, não entram no consentimento matrimonial, mas precedem-no, ou apenas
acrescentam-se a ele, o que já é perfeito em si.

OUTROS TIPOS DE CONDIÇÃO:


1) PRÓPRIA (Objetivamente incerta e futura)– IMPRÓPRIA (condição passada ou
presente ao consentimento e incerta ao contraente).
2) ALEATÓRIA (não depende da vontade humana) – POTESTATIVA (depende da
vontade humana).
3) MODULATIO CONSENSUS (regulamentação do consentimento, que ocorre num ato
voluntário).

CONDIÇÃO E CONSENSO

Coram Pompedda, dec. diei 22 octobris 1996


Neminem fugit quod in re matrimoniali, utique in quibusdam ceteris contractibus, uterque vel alteruter
contrahens suo consensui adiicere possit aliquam circumstantiam, ex qua contractus matrimonialis
valor pendere debeat; ita ut pateat quod, qui ita contrahit, sub condicione matrimonium contraxerit.
[…] Condicio vero, quae talis quidem sit, tangere debet ipsum consensum matrimonialem, haud
tantummodo consilium seu decisionem contrahendi: modus etenim aut praerequisitum aut ipsum
motivum contrahendi (en error dans causam contractui) nullomodo confundi possunt cum veri nominis
condicione. Ex ista valor consensus ideoque et matrimonii dependere debet, ut vim iuridicam obtineat:
«Quando il soggetto, infatti, pone una condizione al matrimonio che sta per compiere, nel senso che fa
dipendere da un avvenimento futuro ed incerto (condizione propria) o da una circostanza già
verificatasi o che si sta verificando (condizione impropria) il valore del matrimonio stesso, egli vuole
quel matrimonio soltanto se quell'evento si verificherà o se quella circostanza esiste » (O. Giacchi, Il
consenso nel matrimonio canonico, Milano 1973, p. 266).
Ninguém escapa ao fato de que em materias matrimoniais, certamente em alguns contratos, cada
contraente pode acrescentar ao seu consentimento alguma circunstância da qual deva depender o valor
do contrato matrimonial; de modo que fique claro que aquele que assim contrai contraiu matrimônio
sob condição. [...] A condição, que de fato é tal, deve afetar o próprio contrato de casamento, não tanto
a decisão ou a decisão de contrair: antes, o modo ou o pré-requisito ou o próprio motivo de contrair
(erradamente dando a razão para o contrato) não pode de modo algum ser confundido com a condição
do verdadeiro nome. Disto deve, portanto, depender também o valor do consentimento do casamento,
para que obtenha força jurídica: “circunstância que já ocorreu ou está ocorrendo (condição imprópria)
o valor do casamento em si, ele quer esse casamento somente se esse evento ocorrer ou se essa
circunstância existir” (O. Giacchi, Il consenso nel matrimonio canonico, Milano 1973, p 266).
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DÚVIDA INICIAL E DÚVIDA FINAL (incerteza do cônjuge e a ciência da nulidade); Não se


pode alegar a nulidade quando a convivência perdura por um tempo razoável.

Coram Defilippi, dec. diei 19 decembris 2014

Appositio condicionis profluit ex aliquo dubio de circumstantia, quae assumitur tamquam obiectum
condicionis. Distinctio tamen facienda est inter dubium initiale et dubium finale seu terminale ita ut
virtualiter maneat appositio condicionis, quamvis terminaliter, fortasse ob falsam alterius partis
asseverationem, iam superatum sit illud dubium (cf. Commissio Specialis PP. Cardinalium, in causa
Versalien., diei 2 augusti 1918). Attamen incertitudo initialis semper requiritur ad condicionem
apponendam, cum talis incertitudo seu dubium initiale ipsius condicionis ortum determinet. Re enim
psychologice spectata nemo ad condicionem apponendam ducitur, nisi dubio aliquo angatur vel
obiectivo vel saltem subiectivo, licet pathologico.
A imposição da condição procede de alguma dúvida sobre a circunstância, que se assume como objeto
da condição. Deve-se fazer uma distinção, porém, entre a dúvida inicial e a dúvida final ou terminal,
de modo que a situação da condição virtualmente se mantenha, embora terminalmente, talvez por falsa
afirmação da outra parte, aquela dúvida já tenha sido superada (cf. agosto de 1918). No entanto, uma
incerteza inicial é sempre necessária para definir uma condição, uma vez que essa incerteza ou dúvida
inicial determina a origem da própria condição. De fato, do ponto de vista psicológico, ninguém é
levado a colocar uma condição, a menos que seja perturbado por alguma dúvida, seja objetiva ou, pelo
menos, subjetiva, ainda que patológica.

Coram Sciacca, dec. diei 22 ianuarii 2010

In vera condicione, secundum probatam doctrinam praevalentemque iurisprudentiam, aliud elementum


invenitur typicum, s. d. scientia nullitatis. Quamvis enim intentio condicionantis sit non faciendi
matrimonium nullum, sed iucundum, illa completa enodatio contrariae hypotheseos, quae genuinam
machinationem condicionalem notat, necessario importat ut nupturiens, in casu deficientis condicionis,
quamquam effectuum stricte iuridicorum fortasse inscius, saltem moraliter se advertat quoquo vinculo
solutum.
Na situação verdadeira, conforme comprovada doutrina e jurisprudência vigente, encontra-se outro
elemento típico, s. d. conhecimento do nada. Com efeito, embora a intenção do condicionante não seja
tornar nulo o casamento, mas sim prazeroso, aquela completa enodação das hipóteses opostas, que
caracteriza um verdadeiro dispositivo condicional, implica necessariamente que o nubente, em caso de
incumprimento da condição, embora talvez desconheça os efeitos estritamente jurídicos, ao menos
moralmente se vê liberto de qualquer vínculo.

POTESTATIVA DE FUTURO (Desejo de ter filho, dúvida da esterilidade do outro nubente)

Coram Erlebach, dec. diei 4 martii 2010

Matrimonium natura sua ordinatum est non solum ad bonum coniugum, sed etiam ad bonum prolis.
Aliquando tamen alteruter nupturiens ita valde exoptat prolem in proprio matrimonio ut a consecuta
prolis generatione pendere intendat suum matrimonium vel, e converso, facultatem sibi reservet
matrimonium abrumpendi in casu impossibilitatis procreationis prolis. Hoc modo dari potest locus
conditioni de futuro suspensivae: « Si proles nascatur, validum habebo matrimonium », vel condicioni
de futuro resolutivae si quis hac ratione ad matrimonium accedere intendat: « Si proles non nascatur,
vinculum solvam vel abrumpam ». Heic praetermitti potest alia adhuc figura, scilicet condicio de
futuro potestativa de prole procreanda, quae plerumque tamen tamquam conditio de praesenti sub
forma «si exstet aptitudo ad generandum» adducitur et interpretatur. Erit licita vel illicita prout modo
honesto vel inhonesto exploratur.
O matrimônio, por sua própria natureza, é ordenado não só para o bem dos cônjuges, mas também
para o bem dos filhos. Às vezes, no entanto, uma pessoa que contrai deseja tanto um filho em seu
próprio casamento que pretende depender da geração de filhos resultante para seu casamento ou, ao
contrário, reserva para si a capacidade de romper o casamento no casamento. caso de impossibilidade
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de procriar filhos. Desta forma, pode-se dar lugar a uma condição suspensiva sobre o futuro: "Se
nascer um filho, terei um casamento válido", ou a uma condição resolutiva sobre o futuro se alguém
pretende abordar o casamento desta forma: "Se não nascer um filho, dissolvo ou quebro o vínculo".
Aqui podemos omitir ainda outra figura, a saber, a condição da futura potência de procriar, que
geralmente é trazida e interpretada como uma condição do presente sob a forma de "se houver aptidão
para procriar". Será lícito ou ilícito conforme for investigado de forma honesta ou desonesta.

É possível por a condição: “Caso venha um filho?” Não é condição de futuro.

Coram Defilippi, dec. diei 19 decembris 2014

Inter condiciones de futuro, haberi potest intentio nubentis postponendi validitatem matrimonii
eventui: «si proles ex matrimonio nascetur». Hoc in casu, si huiusmodi eventus reapse adiectus sit
consensui nuptiali ad illum circumscribendum, considerari potest tamquam condicio de futuro vel
suspensiva, vel resolutiva. Pro utraque hypothesi tamen, in can. 1102, § 1 statuitur: «Matrimonium sub
condicione de futuro valide contrahi nequit».
Entre as condições relativas ao futuro, pode estar a intenção do cônjuge de adiar a validade do
casamento até o evento: "se nascer filho do casamento". Nesse caso, se tal evento for efetivamente
acrescentado ao contrato de casamento para limitá-lo, pode ser considerado como condição para o
futuro suspensivo ou resolutivo. Para ambas as hipóteses, porém, no cân. 1.102, § 1º estabelece: "O
casamento não pode ser validamente contraído sob condição de futuro".

Provas

Coram Monier, dec. diei 3 octobris 2014

Probatio invenitur ex confessione iudiciali et extraiudiciali contrahentis, a testibus fide dignis


confirmata. Nam probandum est condicionem a nubente tempore initi matrimonii consensui appositam
nec revocatam esse. Indirecte probatio habetur tum ex existimatione, quam nubens ante nuptias de illo
eventu vel optata qualitate habuerit, tum ex modo sese gerendi quo ipse post nuptias se gesserit, cum
cognovit condicionem appositam non esse purificatam.
A prova é apurada a partir da confissão judicial e extrajudicial do contratante, confirmada por
testemunhas credíveis. Pois, deve ser provado que a condição não foi revogada pelo noivo no
momento da celebração do contrato de casamento. A prova indireta obtém-se tanto pela opinião que o
noivo tinha antes do casamento sobre aquele acontecimento ou qualidade desejada, como também pela
maneira como se comportou depois do casamento, quando soube que a condição dada não havia sido
purificada.

Elementos necessários de provas

Coram Defilippi, dec. diei 19 decembris 2014

Aliqua indicia indirecta, comulative considerata, concurrere possunt ut iudex ad moralem certitudinem
(cf. can. 1608) devenire possit de matrimonii nullitate ob adductum caput: a) imprimis ponderandum
est quodnam momentum pro nubente habuerit, et quidem tempore nuptiarum, circumstantia quam ipse
contendit a se deductam fuisse in condicionem. b) Utique momentum illius circumstantiae referendum
est ad peculiare ingenium, mentem et indolem nubentis. c) Praeterea probandum est utrum nubens,
dubio saltem initiali tortus fuisset ita ut obiectum condicionis in actu poneretur tempore praenuptiali.
d) Denique attendendum est ad agendi rationem contrahentis statim ac in comperto habuit illam
circumstantiam non adesse: quod idem est ac pensare quaenam revera fuerit contrahentis voluntas in
matrimonio ineundo, utrum scilicet valorem nuptiarum alligaverit vel minus verificationi eiusdem
circumstantiae. Ideo efficaciter significaret se condicionate matrimonium contraxisse ille qui statim ac
expertus sit assertam condicionem impletam non esse, compartem dereliquerit vel invite cum ea
manserit.
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Algumas provas indiretas, consideradas cumulativamente, podem reunir-se para que o juiz chegue à
certeza moral (cf. cân. 1608) sobre a nulidade do matrimônio por causa da apresentação do capítulo: a)
Que tenha claramente imposta a condição; b) Que seja clara, a importância dessa condição deve ser
referida mesmo em caráter particular, na mente e nas atitudes do nubente; c) Além disso, que seja
comprovado que o nubente, ao menos na dúvida inicial, teria sido prejudicado para que o objeto da
condição fosse posto em prática no período pré-nupcial. d) Finalmente, deve-se atentar para o
comportamento do contraente logo que descobriu que aquela circunstância não estava presente, o que
é o mesmo que considerar qual foi realmente a vontade do contraente ao contrair o casamento, se ele
contraiu o valor do casamento ou inferior à verificação da mesma circunstância. Portanto, significaria
efetivamente que ele contratou uma pessoa casada condicionalmente que, assim que experimentou que
a alegada condição não foi cumprida, abandona sua companheira ou permanece com ela a seu convite.

C. 826 CCIO: Não é possível.

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