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Treinados e Discipulados para Cumprir a Missão

“E o que de minha parte ouviste através de muitas


testemunhas, isso mesmo transmite a homens fiéis
e também idôneos para instruir a outros.”

II Timóteo2.2

MISSÃO DA IGREJA
Viver à Igreja Local de tal forma
que vidas venham a Jesus,
através do nosso testemunho pessoal.

VISÃO DA IGREJA
Viver como Igreja os princípios da
Unidade, Força e Comunhão em Cristo Jesus.
.
APOSTILA DISCIPULADO CRISTÃO – IGREJA BATISTA NA CAMPANHA - 2020

PALAVRA DO PASTOR

Bem-vindo

À FAMÍLIA DE DEUS

Querido(a) Amigo(a)

Gostaríamos de parabenizá-lo(a) por sua importante decisão de


entregar o controle de sua vida ao Senhor Jesus Cristo.

Nós, por nossos méritos, não poderíamos chegar à presença de


Deus, por isso Deus mandou Jesus para que, morrendo em nosso lu-
gar, nos pudesse salvar: “Mas Deus prova o seu amor para conosco,
em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores” (Rm 5.8).

Queremos crer que sua decisão tenha sido sincera, pois desta for-
ma, a partir dela você tornou-se um Filho de Deus: “Mas a todos
quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos Filhos de
Deus, a saber: aos que creem no Seu Nome” (Jo 1.12).

Este trabalho foi preparado para que possa ajudá-lo a entender o


significado de sua Nova Vida em Cristo Jesus.

Que Deus te abençoe grandiosamente.

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A Salvação, um Novo Nascimento!

Deus ao criar o ser humano o fez perfeito e completo. Coroa de Sua criação.
Imagem e semelhança Sua. E, desta forma, Sua obra não estaria completa acaso o
ser humano fosse incapaz de tomar decisões por si próprio, de executar as ações
decorrentes destas decisões, bem como de entender as consequências de seus
atos. Neste contexto disse Deus ao homem:

"... De toda a árvore do jardim comerás li-


vremente, mas da árvore do conhecimento
do bem e do mal,
dela não comerás; porque no dia em que dela co-
meres, certamente morrerás"
(Gênesis 2.16-17)

Mas, a serpente disse:

"... Certamente não morrereis. Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes
se abrirão os vossos olhos, e sereis como Deus, sabendo o bem e o mal"
(Gênesis 3.4-5)

E preferiu o ser humano crer na serpente a crer em Deus. Faltou-lhe fé em


Deus. Faltou-lhe obediência a Deus. E por este pecado, o maior de todos, a falta de
fé no Deus Verdadeiro, foi o ser humano expulso do paraíso e fez-se separação en-
tre Deus e os homens:

"Mas as vossas iniquidades fazem separação entre vós e o vosso Deus;


e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que não vos ouça."
(Isaías 59.2)

E o pecado e todo o mal entraram para a natureza humana e isto lhe causou,
por condenação divina, a morte. Pois, mesmo tendo Deus, desde o início, adverti-
do o homem do resultado da desobediência: "Se comeres, certamente morre-
rás...", ainda assim o homem, dando ouvidos à serpente, ignorou o aviso e, por-
tanto, merecendo foi condenado por suas ações.
Mas, apesar do pecado e da maldade e da escuridão do coração humano,
Deus em Sua infinita misericórdia nos amou a ponto de, mesmo estando nós mor-
tos em nossos pecados, providenciar o meio para que pudéssemos nos salvar da
condenação eterna causada por nossos pecados. E esta salvação exige que nós ve-
nhamos a nascer novamente.

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ÍNDICE

PALAVRA DO PASTOR....................................................................................................... 2
A SALVAÇÃO, UM NOVO NASCIMENTO........................................................................... 4
I. O BATISMO ..................................................................................................... 8
1. APRESENTAÇÃO......................................................................................... 8
2. ORIGEM DO NOME.................................................................................... 8
3. HISTÓRICO................................................................................................. 8
4. CONCEITO.................................................................................................. 8
5. A SIMBOLOGIA.......................................................................................... 9
6. OS PASSOS QUE PRECEDEM AO BATISMO................................................ 9
a) Arrependimento.................................................................................. 9
b) Confissão dos Pecados........................................................................ 9
c) Conversão........................................................................................... 10
II. BATISMO: UM CUMPRIMENTO DAS ORDENANÇAS DE DEUS...................... 10
III. BATISMO COMO UNIDADE............................................................................. 10
IV. UM SÓ BATISMO............................................................................................. 10
V. A NECESSIDADE DO BATISMO PARA SE INGRESSAR IGREJA........................... 11
VI. O BATISMO DE CRIANÇAS............................................................................... 11
VII. A CEIA DO SENHOR: A MESA DO SENHOR...................................................... 11
VIII. A BÍBLIA........................................................................................................... 12
a) Autor......................................................................................................... 12
b) Inspiração.................................................................................................. 12
c) Escritor...................................................................................................... 12
d) Finalidade.................................................................................................. 12
IX. A DOUTRINA DE DEUS..................................................................................... 12
X. A DOUTRINA DE JESUS CRISTO....................................................................... 15
XI. A DOUTRINA DO ESPÍRITO SANTO................................................................. 17
XII. O HOMEM CRIADO POR DEUS........................................................................ 24
XIII. A DOUTRINA DO PECADO............................................................................... 25
XIV. A DOUTRINA DA SALVAÇÃO........................................................................... 28
XV. O QUE É A IGREJA............................................................................................ 29
XVI. A DISCIPLINA NA IGREJA HOJE....................................................................... 30
1. A Bíblia Fundamenta a Disciplina Eclesiástica.......................................... 30
2. A Disciplina Bíblica com Base no Novo Testamento................................ 32
3. A Disciplina na Igreja de Hoje.................................................................. 33
4. Os Líderes e a Disciplina na Igreja........................................................... 33
5. O Caminho da Disciplina Eclesiástica...................................................... 36
6. Quando a Esperança Floresce?.............................................................. 38
7. No Processo de Restauração................................................................. 40
XVII. A DOUTRINA DA VIDA CRISTÃ..................................................................... 42
XVIII. MORDOMIA CRISTÃ.................................................................................... 42
a) Jesus não mudou a Lei.......................................................................... 44
b) O Dízimo no Novo Testamento............................................................ 44
c) Dízimo Hoje.......................................................................................... 44
XIX. BENVINDO À FAMÍLIA!................................................................................. 46

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I. O BATISMO
1. APRESENTAÇÃO
Parabéns! Você ao aceitar ao Senhor Jesus como Único e Suficiente Salvador de sua
vida, passou a integrar o povo de Deus; cuja abrangência e existência vem desde a Criação e
está sobre toda a Terra nas mais variadas línguas, povos e nações (Dn 7.13-14).
Ao ler este material, seja aplicado (a) e esforce-se em ler todas as passagens bíblicas
contidas nele, pois você está se preparando para fazer parta da Família de Deus e poderá ser
questionado por seus amigos sobre sua escolha.
2. ORIGEM DO NOME
A palavra batismo origina-se da grega baptizo ou da latina baptismus, e significa, em
ambos os casos, mergulho ou imersão.
3. HISTÓRICO
O batismo já era praticado antes de Jesus conforme João 1.25-26. Este foi o ministério
de João Batista e dos discípulos de Jesus (João 4.1-2) de quem o recebemos como parte da
grande comissão: "Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-as em nome
do Pai, e do Filho e do Espírito Santo…” (Mateus 28.19). O Batismo e a ceia do Senhor são as
duas ordenanças da igreja estabelecidas pelo próprio Senhor Jesus Cristo, sendo ambas de
natureza simbólica (Mateus 3.5-6, 13-17; 26.26-30). Sabe-se que o batismo foi praticado des-
de os tempos apostólicos pelos principais grupos da Igreja Cristã e, nas igrejas evangélicas
tem sido reconhecido como a primeira das duas grandes ordenanças até ao dia de hoje, a
segunda é a Ceia do Senhor.
Desde cedo na história da Igreja tem havido três principais diferentes modos de batis-
mo: Aspersão (borrifamento), Afusão (derramamento) e Imersão (mergulho).
O batismo por aspersão consiste em que, de posse de uma vasilha ou cuba e com as
próprias mãos se tome um bocado de água derramando-a depois sobre a cabeça do batizan-
do. Já o batismo por derramamento é feito tendo-se o batizando dentro da água em um
tanque ou rio e ali com uma vasilha maior o ministrante derrama sobre ele, a partir da cabe-
ça, um tanto de água. O batismo por imersão requer que haja bastante água, para que o
batizando possa ser mergulhado nela, conforme detalharemos adiante.
Os batismos por aspersão e por afusão foram muito praticados pela igreja nos tempos
de grande perseguição, como nos seus primeiros tempos após a ascensão de Cristo, sob o
domínio do império romano. Por serem cerimônias que não exigem lugares amplos, propor-
cionavam maior segurança e discrição. Nós Batistas adotamos o batismo por imersão, a for-
ma mais conhecida e difundida nos meios evangélicos, por entender ser a mais legítima e
estar em maior sintonia com o próprio significado do nome (imersão). Existem no entanto
circunstâncias extremas em que não é possível levar o batizando até a um tanque ou rio e,
excepcionalmente nestes casos, têm sido recomendados e aplicados simbolicamente os ba-
tismos por afusão ou aspersão.
4. CONCEITO
O batismo consiste na imersão do crente em água, após sua pública: profissão de fé em
Jesus Cristo como Salvador único, suficiente e pessoal (Atos 2.41, 42; 8.12,36-39; 18.8). O
batismo simboliza a morte e o sepultamento do velho homem e a ressurreição para uma
nova vida em identificação com a morte, sepultamento e ressurreição do Senhor Jesus Cristo
e também prenúncio da ressurreição dos remidos (Romanos 6.3-5; I Coríntios 12.12).
O batismo é, e deve sempre ser uma declaração física e pública de algo que já ocorreu
espiritualmente no coração do homem, pois o batismo por si só não tem sem este fato espi-

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ritual valor algum (como não tem valor uma cerimônia de casamento entre noivos que não
se amam, por exemplo). Por isso só deve ser ministrado a pessoas legitimamente converti-
das, conforme instruído na Palavra de Deus nas seguintes passagens: Marcos 16.15-16; At
2.41; At 8.36-37; At 18.8.
5. A SIMBOLOGIA
O simbolismo do batismo está no ato do mergulho seguido pela ascensão das águas
daquele que se batiza. Ao descer e subir das águas o batizando figura a imagem de Jesus
Cristo quando desceu e ressurgiu da sepultura. Este símbolo se encontra no ensino de Paulo
em Romanos 6.3-5 e em Colossenses 2.12.
Por isso o batismo representa a morte para o mundo seguida pelo nascimento de uma
nova vida com Cristo, e foi chamado por Jesus de Novo Nascimento (era o que estava ensi-
nando a Nicodemos em João 3.3).
O apóstolo Paulo tinha esta visão e a demonstrou e ensinou em II Coríntios 5.17 onde
ele disse que a novidade de vida só é possível se houver um novo nascimento. Em sua carta
aos Gálatas 3.27 ele também ensinou que a nova vida é possível porque herdamos a natureza
de Cristo, e aprendemos que não é pelas nossas forças mas é pelo poder d'Ele que tudo
acontece! Espiritualmente falando o batismo simboliza a morte, sepultamento e ressurrei-
ção daquele que aceita a Jesus como seu Salvador. O indivíduo que se consagra a Jesus deve
morrer para a velha vida do pecado: (Romanos 6.11).
Ao sair da água, o batizado ressuscita para uma nova vida. O batismo simboliza tam-
bém a lavagem espiritual efetuada pelo sangue de Jesus (Atos 2.38 e Atos 16.33).
Entendido até aqui, o (a) amado (a) irmão (ã) compreenderá que o batismo é impoten-
te para salvar (Efésios 2.8) bem como para purificar pecados (I Joãos 1.7), o que demonstra ser
errônea a ideia que alguns líderes ensinam, que ao passar pelas águas estas "levam embora"
os pecados daquele que está sendo batizado (a lavagem do pecado é consumada por Jesus
no dia da nossa conversão), dificultando a compreensão da doutrina da remissão dos peca-
dos - (Rm 10.9).
Quando se entrega o coração a Cristo, d'Ele vem a capacitação para a nova vida. Nin-
guém pode seguir a Jesus munido apenas de boas intenções ou por simples simpatia pela
igreja ou pelo povo de Deus porque seria derrubado pela "primeira onda de tempestade".
Tais recursos possuem "alicerces construídos sobre areia" e não "sobre a Rocha" que é Cris-
to.
6. OS PASSOS QUE PRECEDEM AO BATISMO
a) Arrependimento - Arrependimento significa ter pesar de faltas próprias, mu-
dar de opinião. O arrependimento vem àquele que refletiu seu próprio estado e
resolveu fazer uma mudança no curso de sua vida.
Concorda com isso o pensamento do apóstolo Paulo quando declara: "Mas trans-
formai-vos pela renovação do vosso entendimento". Essa transformação é com-
pleta e consciente: o homem deixa o curso da vida que está seguindo para se co-
locar noutro completamente oposto, e o que o leva a tomar essa atitude é a ope-
ração de Deus pelo arrependimento em seu ponto mais profundo: o coração!
"Arrependei-vos!", foi uma das primeiras palavras da pregação de Jesus Cristo ao
inaugurar seu ministério (Mc 1.15).
b) Confissão dos Pecados - Pode-se definir como sendo o ato de reconhecer-se
pecador e necessitado da graça e purificação por Jesus. A confissão dos pecados é
o fruto, o resultado, a conclusão da obra redentora de Cristo na vida do homem
arrependido. Para você que vai se batizar, será bom meditar nestas duas passa-
gens bíblicas: Mt 3.5-6 e I Jo 1.9, nas quais vemos que o batismo nas águas sempre

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foi administrado sob confissão de pecados e que quando os confessamos, Deus


não apenas nos per- doa mas transforma também nossa natureza pecaminosa pa-
ra que não desejemos praticá-los mais.
c) Conversão - Conversão significa transformação, mudança de forma ou de na-
tureza, mudança ou substituição de uma obrigação por outra. Essa interpretação
mostra que a conversão é a sequência do arrependimento. O arrependimento faz
o homem sentir a repulsa dos seus atos maus e a conversão o leva a mudar de
opinião. A conversão, em última análise, é o revestimento do homem novo ao
despojar-se da velha criatura.
"Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é,
as coisas velhas já passaram, eis que tudo se fez novo" (II Co 5.17).
II. BATISMO: UM CUMPRIMENTO DAS ORDENANÇAS DE DEUS
Em vários ensinos bíblicos podemos ver o batismo como uma ordenança de Deus. O
batismo não é como uma escolha para àqueles que querem seguir a Jesus, pois o próprio
Mestre nos ensina em (Jo. 3.5). Jesus fala para Nicodemos da necessidade de conversão, lhe
mostra o caminho para o Reino. Porém jamais se deve desprezar o batismo: a leitura de to-
dos os trechos usados neste pequeno estudo transmitirá ao leitor a seriedade deste ritual
bíblico. Repare que quando Jesus foi ter com João Batista para por ele ser batizado, João lhe
resistiu, mas Jesus porém lhe disse: “Deixa por enquanto, porque, assim, nos convém cumprir toda a
justiça. Então, ele o admitiu”. (Mt. 3.15).
O Batismo por si só não traz salvação ao pecador, mas demonstra uma vida regenera-
da e transformada pelo Espírito de Deus. O Convertido busca ao batismo para cumprir a or-
denança de Deus.
III. BATISMO COMO UNIDADE
Outra característica importante do batismo, e que se deve conhecer, foi revelado por
Paulo em Ef 4.5 onde ele diz: "... UM SÓ BATISMO...".
Paulo não poderia, ao falar sobre a nossa unidade no corpo de Cristo, deixar de dizer
que todos passamos pelo mesmo batismo. Ele é mais uma evidência da união dos membros
na Igreja; por isso ao descer às águas, o batizando está declarando sua integração ao corpo
por semelhança de batismo.
IV. UM SÓ BATISMO
Quantas vezes uma pessoa deve ou pode se batizar? Muitos perguntam. Encontramos
no texto Sagrado base para compreendermos que o batismo, sendo um sinal físico de uma
intervenção Divina, que se dá graças à ela e que é de uma vez por todas (Hb 9.28), não pode-
ria jamais ser repetido numa mesma vida, pois seria como reduzir o poder do sacrifício de
Jesus ao dos sacrifícios de animais do Velho Testamento, que não serviam senão para expia-
ção de um único pecado.
A Bíblia ensina que o sangue de Jesus nos purifica de TODO o pecado ( I Jo 1.7) e que,
segundo a passagem de Hb 6.1-2 não podemos lançar de novo o fundamento das seguintes
coisas: Do arrependimento de obras mortas; De fé em Deus; Da doutrina dos batismos; Da
imposição das mãos; Da ressurreição dos mortos; E do juízo eterno.
Entre estes itens destacamos o terceiro, e com ele na memória pedimos ao (a) amado
(a) que verifique a doutrina central deste ensino nos versos 4 e 6 daquela passagem, onde
lemos que aqueles que se submetem novamente a qualquer uma destas doutrinas fazem
como se estivessem de novo crucificando a Jesus e novamente expondo-o ao vitupério (ver-
gonha).
Resumindo: lançar de novo o fundamento da doutrina do batismo na vida de alguém

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que fora já iluminado, mesmo que tenha caído, seria ignorar o sacrifício de Cristo ou pior: o
texto diz ser o mesmo que expô-lo à vergonha da cruz novamente, contradizendo assim a
doutrina e o valor expiatório (reconciliador) do seu próprio sangue. Portanto, não se pode
lançar mão do verdadeiro batismo senão uma única vez em nossa vida, pois ele é imagem da
obra redentora de Jesus que de UMA SÓ VEZ nos livrou de todo o pecado. Porém é necessá-
rio que o batizando tenha plena consciência de seu ato, pois crer é importante no momento
do batismo.
V. A NECESSIDADE DO BATISMO PARA SE INGRESSAR NA IGREJA
O Batismo, além de tudo o que já partilhamos, demonstra também uma mudança de
vida: os judeus eram observadores da doutrina de Moisés dada por Deus, mas na época de
Jesus estes homens estavam já tão longe dos princípios Divinos e tão amantes das letras,
que tentando serem tidos por religiosos competiam entre si sobre sua suposta religiosidade
e acabaram por serem tidos como hereges, desobedientes, hipócritas, mentirosos, avaren-
tos e duros de coração pelo próprio Jesus Cristo. Com uma fé tão deturpada, esta, não fora
reconhecida como válida para o reino de Deus agora pregado por Jesus, e por isso, mesmo
pouco antes de Jesus, João Batista já pregava fervorosamente àqueles homens e mulheres,
“Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus...” (Mt 3.2-6), e os batizava.
Infelizmente, o mesmo acontece com as pessoas de hoje em dia: cada um querendo
ser sábio aos seus próprios olhos, se tem por justificados diante de Deus por mais sujos que
estejam. Faz parte desta nossa época a depravação, a impureza, a corrupção e a apostasia
(falsa fé).
Assim, como naqueles tempos, recebemos orientação de Deus que nos revela ser esta
fé de nosso povo, nossa nação, igualmente repreensível e falsa, pois não se baseia em ne-
nhuma obra redentora, transformadora ou remidora de Jesus em suas vidas, requerendo
assim, quando estas obras se tornarem verdade na vida de qualquer um deles, um justo e
verdadeiro batismo.
VI. O BATISMO DE CRIANÇAS
A Bíblia diz que o batismo conjuga-se com a confissão de pecados (Mt 3.5-6), e sabe-
mos que para alguém confessar seus pecados é necessário que tenha capacidade de reco-
nhecimento dos mesmos para então poder naturalmente arrepender-se deles.
Por isso a igreja evangélica não batiza crianças recém-nascidas ou que ainda não com-
preendam sobre salvação, algumas igrejas não batizam crianças com idade inferior a 12
anos, idade que convencionou-se como favorável a uma atitude responsável para o batismo,
pois cremos que antes disso a criança não tem elementos para corresponder às exigências
necessárias para uma atitude consciente, consideração esta que encontra aconchego na
passagem de Lc 2.39-52 onde encontramos o menino Jesus, com doze anos (v. 42), manifes-
tando sua grande sabedoria e graça.
Concluindo, se uma criança não tem consciência do pecado, também não tem da ne-
cessidade de arrependimento (Lc 18.16).
VII. A CEIA DO SENHOR: A MESA DO SENHOR
O batismo é tido como a primeira das duas grandes ordenanças da Palavra de Deus
para a Igreja, a segunda é a Ceia.
Enquanto a primeira estabelece, a segunda preserva e renova o cristão na comunhão
com Cristo e com sua Igreja.
Qualquer pessoa que tenha tido uma experiência legítima com Deus, tenha se arre-
pendido, confessado seus pecados e convertido seus caminhos para uma nova vida e passa-
do pelas águas do batismo, preenche todos os requisitos indispensáveis para que participe

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da Ceia, pois através do Batismo o pecador "entra" na comunhão da Igreja, e pela Ceia ele
renova e amadurece esta comunhão mês a mês.
Todos estes passos são importantes, visto a grande responsabilidade que repousa so-
bre aquele que participa da Mesa do Senhor (I Co 11.29).
Note-se aqui que a Mesa do Senhor não salva, mas condena! Condena aquele que não
discerne (compreende, honra) o corpo do Senhor.
Entretanto, não se tenha por isso razões para não se tomar a Ceia do Senhor ao menor
sinal de fraqueza, o texto Bíblico ensina (I Jo. 1.9).
Não é difícil então, compreender porque aquele que é batizado se torna digno de par-
ticipar do pão e do cálice do Senhor: o verdadeiro e legítimo Batismo requer responsabili-
dade e comunhão com Deus.
VIII. A Bíblia
Como Batistas cremos que a Bíblia é a Palavra de DEUS (II Pe. I.20-21), carregando em
seu conteúdo uma autoridade absoluta, e que seus escritos foram inspirados pelo Espírito
Santo. (II Pe. 1.2, I Co. 2.13). Por ser divinamente inspirada, cremos ser a Bíblia inerrante (Jo
10.35), e infalível (Sl. 119.9-11, Mt. 5.18).
Como Batistas cremos que a Bíblia, em seus textos originais (Hebraíco e Aramaico e o
Novo Testamento em Grego), comunica ao homem a vontade de DEUS, seu caráter e seus
desígnios (II Tm 3.16, I Jo 4.8, Rm 10.17). Sendo ela a única regra de fé e prática e base da
doutrina Cristã, ou seja, a “sã doutrina” (Tt 2.1), nela, DEUS revela-se aos homens de manei-
ra geral (Rm 1.19-20, At 14.15-17, Rm 2.14-15) e especial, ou, específica (Jo 1.18, Cl 1.15, II
Tm 3.16).
O Cânon, conjunto de Livros Sagrados, divide-se em Antigo Testamento (39 livros) e
Novo Testamento (27 livros), escrito em um intervalo de 1500 a 1600 anos, por aproxima-
damente quarenta escritores, que trazem a mesma mensagem central, Jesus Cristo (Lc
24.44).
Cremos ser a Bíblia a revelação escrita de DEUS, o poder de DEUS para salvação de to-
do o que nela crê (Rm 1.16) e que só é compreendida pelo homem alcançado por sua graça
(Ef 1.17-19), e iluminado por seu Santo Espírito (I Co 2.11-12, Lc 24.45).
1. Autor - A Bíblia é a Palavra de Deus em linguagem humana ( II Pe 1.21; Lc 24:44, 45).
Ela é o registro da revelação que Deus fez de si mesmo aos homens ( Hb 1.1,2; Rm
16.25.26), registra-se que Deus é o seu verdadeiro autor (Ex. 24.4; At. 3.21).
2. Inspiração - Ele usou homens e dirigidos pelo Espírito Santo escreveram a Sua von-
tade, sendo estes das mais diversas classes sociais (reis, pastores de ovelhas, pesca-
dores, médicos, etc.) quase todos eram judeus e apenas um não era, foram mais ou
menos 40 homens, na maioria não se conheciam ( II Pe. 1.20,21).
3. Escritor - A Bíblia foi escrita em três línguas originais; o Velho Testamento em He-
braico e o Novo Testamento em Aramaico e Grego.
4. Finalidade - Ela tem por finalidade revelar os propósitos de Deus, levar pecadores à
salvação, edificar os crentes e promover a glória de Deus ( Hb 4.12; Rm 15.4). A Bíblia
é a autoridade única em matéria de religião, fiel padrão pelo qual devem ser aferi-
das a doutrina e conduta dos homens (Dt. 29.29; Sl. 19.7-9; II Tm. 3.15-17). Sempre a
sua interpretação deve ser feita à luz da pessoa e dos ensinos de Jesus Cristo no
Novo Testamento. (Jo 5.39; Hb 1.1-2).
IX. A DOUTRINA DE DEUS
Quando a Bíblia nos fala em Gênesis 1.1 " .. No princípio criou Deus os céus e aterra".
Isto quer dizer que Deus existia antes do princípio, Ele é o único ser eterno, independente de
tudo e de todos, infinito e imutável (Ml 3.6; Sl 139).

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Deus é Espírito Pessoal, Onipotente, Onisciente e Onipresente; (João 4.24; I Tm 1.17).


Ele é o criador, sustentador e governa todas as coisas pelo seu poder, dispondo-as de acordo
com seu eterno propósito e graça (At 17.24-26; Ex 15.11-18). Em sua triunidade o eterno
Deus se reveja como Pai, Filho e Espírito Santo, pessoas distintas, mas sem divisão em sua
essência (Mt 3.16,17; I Jo 5.17). Ele criou os anjos para servi-lo, eles foram criados perfeitos,
com grande sabedoria e força, moravam no céu.
Um desse seres criados chamava-se "Lúcifer", que era um dos mais belos e inteligen-
tes, e ocupava uma posição importante no céu (Ez 28.12-14), até que o orgulho tomou conta
do seu coração e quis ser igual a Deus (Is 14.12-15; Ez 28.15) surgiu assim o mal, então ele foi
expulso por Deus do céu e ele conseguiu arrastar juntamente consigo uma terça parte dos
anjos que se tornaram em demônios (Ap 12.4), e Deus preparou para eles um lugar de casti-
go eterno por causa da sua desobediência (Mt 25.41). Seu objetivo é destruir tudo de bom
que Deus fez inclusive o homem, porque ele odeia a Deus.
Assim, nós Batistas, cremos que Deus é único vivo e verdadeiro, Ele é espírito, pessoal,
o criador e sustentador de todas as coisas. A Bíblia nos ensina que Deus é perfeito em todos
os seus atributos e o único digno de adoração e obediência. Deus é único em essência e que
subsiste em três pessoas, a saber: o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Deus na pessoa do Pai foi
o comissionador do Filho, o autor da eleição e o disciplinador dos filhos.
1. “Cremos no Deus”
a) “...único...” - Quando falamos em único, dizemos que não existe outro. Ne-
nhum dos falsos deuses são realmente deuses, podem ser homens, demônios,
meramente estátuas ou obras humanas, mas nunca um outro Deus ( Dt 6.4; Is
42.8; 43.10).
b) “...vivo...” - Deus ouve, vê, fala, pensa, sente e tem vontade, sendo assim, Ele
é um Deus que tem vida. Devemos lembrar que toda vida provem d’Ele e ele a
possui de forma infinita (Sl. 94.9-10; Jo 5.26; I Ts 1.9).
c) “...verdadeiro...” - Em contraste com deuses falsos (Jo 17.3).
2. “Cremos que Ele é...”
a) “...espírito...” - Deus, sendo espírito, é incorpóreo, invisível, sem substância
material, sem partes ou necessidades físicas e, portanto, é livre de todas as
limitações temporais (Jo 4.24).
b) “...pessoal...” - A personalidade de Deus é demonstrada por:
 Seus nomes e títulos:
 Yahwer – O Auto Existente – “Eu sou o que sou” (Gn 2.4-7; Ex 3.14);
 Elohim – Deus – Pode derivar de “El” “O Forte” (Gn 1.1-2.3);
 Adonai – Senhor, Mestre, Soberano (Dt 10.17);
 Nomes com El e Yahwer (Gn 16.3; 17.1-20; Jz 6.24; Is 14.13-14; 40.28).
 Pronomes pessoais empregado a Ele (Jo 17.3; Sl 116.1-2).
 Características de Deus (tristeza - Gn 6.6; ira - I Rs 11.9; amor - Ap 3.19).
c) “... o criador...” - Para tanto Ele possui poder eterno e infinito, tendo criado
to- das as coisas visíveis e invisíveis do nada (Gn 1.1; Jo 1.1-3; Ap 4.11).
d) “... sustentador de todas as coisas.” - Não somente criou tudo, como hoje tu-
do só existe pela sustentação de Deus (Hb 1.3; Cl 1.15-17).
3. “Cremos que Deus é perfeito em todos os seus atributos...”
Alguns dos atributos de Deus são:
a) Auto-existência – Deus existe independente de qualquer causa ou fonte fora

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de Si mesmo (Ex 3.14);


b) Auto-suficiência – Deus não necessita de nada fora se Si mesmo (Is 40.13-14;
At 17.25);
c) Infinitude e Eternidade – Deus transcende o tempo e o espaço (Is 44.6);
d) Imutabilidade – Deus não muda jamais em Sua natureza (Ml 3.6; Tg 1.17);
e) Soberania – Deus tem o direito de controle absoluto sobre todas as coisas cri-
adas (Ef 1.11). Cremos no Decreto de Deus como seu eterno propósito, se-
gundo o conselho de Sua própria vontade, pelo qual, para Sua própria glória,
Ele preordenou tudo que acontece. Há uma distinção entre decreto permissi-
vo e diretivo. Deus na sua soberania revela ao homem um conjunto de princí-
pios pelo qual Ele lida com a humanidade ou parte dela - mordomo - durante
um de- terminado período da história – dispensação – (Ef 1.10; 3.9).
f) Onipresença – Deus está presente em todos os lugares ao mesmo tempo (Sl
139.7-12);
g) Onisciência – Deus conhece plenamente todas as coisas (Mt 11.21; Is 40.14);
h) Onipotência – Deus possui poder infinito (Jó 42.2);
i) Justiça – Deus é imparcial no trato com Suas criaturas (At 17.31);
j) Santidade – Deus é completamente separado de toda forma de mal (Is 6.1-3;
Hc 1.13);
k) Graciosidade e Misericórdia – Graça é um favor imerecido por parte de Deus
ao homem e misericórdia é o não recebimento de algo merecido (Lm 3.21-22);
l) Amor – O interesse pessoal e ativo de Deus no bem maior de Suas criaturas (I
Jo 4.8);
4. “Cremos que Ele é...”
a) “... único em essência...” - Essa verdade ensinada pelas Escrituras mostram
que apenas um Deus existe, não três ou mais, sendo assim, em essência as
três pessoas são um (Dt 6.4; Is 43.10; I Tm 2.5).
b) “... subsiste em três pessoas, a saber: o Pai, o Filho e o Espírito Santo.” - Há
apenas um só Deus, mas na unidade, há três pessoas eternas, iguais entre si,
idênticas em substância mas distintas em existência (ou subsistência).
 A palavra usada para “único” em Dt 6.4 não impede a tri-unidade;
 O nome “Elohim – Deus” usada constantemente para se referir a Deus é
um plural, que admite a tri-unidade, embora não exija;
 Termos no plural – (Gn 1.26; 3.22; Is 6.3, 8);
 Outros textos do Antigo Testamento (Is 48.16; Sl 110.1);
 O Pai é Deus (Jo 6.27; Ef 4.6);
 O Filho é Deus (Hb 1.8);
 O Espírito é Deus (At 5.3-4);
5. “Cremos no Pai como o...”
a) “... comissionador do Filho...” - Foi o Pai que, por amor, enviou o Filho ao
mundo (Jo 3.16).
b) “... autor da eleição...” - Foi o Pai que nos escolheu antes da fundação do
mundo para sermos seus filhos (Ef. 3-6).
c) “... disciplinador dos filhos.” - É o Pai que disciplina aos filhos a quem ama
(Hb 12.9).
X. A DOUTRINA DE JESUS CRISTO
Como batistas cremos que Deus, o Filho, fez-se carne na pessoa de Jesus de Nazaré, é

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o prometido Messias de Israel, que foi concebido sobrenaturalmente pelo Espírito Santo e
nascido de Maria, ainda virgem. Jesus Cristo veio ao mundo totalmente Deus e perfeitamen-
te homem, viveu sua vida sem pecado, seus atos e suas palavras são verdadeiras, conforme
descrito nas Escrituras. Jesus Cristo morreu voluntariamente como sacrifício substitutivo pe-
lo homem, ressuscitou corporalmente, subiu ao céu, está assentado à direita do Pai, sendo
nosso mediador, e voltará em glória. (João 1.14-18; I Pedro 2.22)
Jesus é um em essência com o Pai, ele é eterno (Jo 1.1-2; 14.7-11). Não foi criado, mas
criou todas as coisas (Jo 1.3; Cl 1.16-17). Na plenitude dos tempos ele se fez carne, na pessoa
real e histórica de Jesus Cristo, gerado pelo Espírito Santo e nascido da virgem Maria, sendo
em sua pessoa verdadeiro Deus e verdadeiro homem, como havia sido prometido (Is 7.14; Lc
1.35). A razão da sua vinda ao mundo foi para salvar-nos do pecado, por isso ele se identifi-
cou perfeitamente com os homens (Jo 1.14). Nunca pecou, mas sofreu o castigo que era para
nós, expiando assim a culpa dos nossos pecados (Is 53; I Pe 2.21-25).
Jesus cumpriu plenamente a lei divina, revelou e obedeceu toda à vontade de Deus
(Mt 5.17; Jo 1.18; Hb 5.7-10). Era preciso que Jesus Cristo morresse na cruz, fosse sepultado
e ressurgisse ao terceiro dia (At 2.22-36; 26.22-23).
Jesus Cristo nos revela a glória de Deus, como nosso único Mediador, quebrando o sa-
cerdócio entre Deus e os homens, Cristo é o único e suficiente Salvador e Senhor (Jo 14.6; I
Tm 2.4-5). Não havendo nenhum outro meio para que o homem seja salvo (At 4.12; Hb
10.19-23). Porque para Deus as nossas obras de justiça não passam de trapo de imundícia e
através delas não podemos nos salvar (Is 64.6; Ef 2.8-9). Quem despreza o sacrifício de Cristo
jamais será salvo, pois é através dele que temos novamente acesso a Deus, e nos tomamos
aceitáveis a Ele.
1. “Cremos que Deus, o Filho...”
a) “... fez-se carne na pessoa de Jesus de Nazaré...” - A encarnação foi o meio
pelo qual Deus, o filho, na pessoa de Jesus Cristo de Nazaré se fez homem. O
método da encarnação foi um nascimento virginal. O duplo milagre da con-
cepção virginal: Deus provê tanto o componente humano como a encarnação
(Mt 1.18-25; Lc 1.26-38; Is 7.14; Jo 1.1-2, 14- 18).
b) “... é o prometido Messias de Israel...”
 O Messias (cristos = o ungido – Is 7.14; 9.6-7; Jr 23.5-6; Mq 5.2; Jo 1.41);
 O ungido de Deus para realizar uma missão que envolve redenção, julga-
mento e representatividade do próprio Deus (Is 45.1-7);
 “... foi nascido de Maria, ainda virgem.” - Sua concepção foi singular,
mas Sua gestação e nascimento seguiram o mesmo curso experimentado
por qualquer ser humano (Lc 2.4-7; Gl 4.4).
2. “Cremos que Jesus Cristo é...”
a) “... totalmente Deus...”
 Jesus se apresenta como igual ao Pai e possuidor de poder para fazer as
mesmas coisas que Deus tem o direito e o poder para fazer ( Mc 2.5-7; Jo
5.21; 8.58);
 Sua identificação com o Pai (Jo 10.30; 14.7-9).
b) “... perfeitamente homem...”
 No Aspecto Físico:
 Gestação e nascimento (Lc 2.4-7; Gl 4.4);
 Crescimento (Lc 2.52);
 Ascendência humana (Mt 1.1; At 13.22-23; Rm 1.3).

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 No Aspecto Emocional:
 Amor (Jo 13.23);
 Sofrimento, tristeza (Mt 26.37; Lc 22.44; Jo 11.33-35);
 Alegria (Lc 10.21);
 Ira, indignação (Mt 21.12-13; Mc 3.5; 10.14).
 No Aspecto Espiritual:
 Dependência da oração ( Mc 1.35; Lc 6.12-13);
 Jejum (Mt 4.2);
 Tentação (Mt 4.1; Hb 4.15).

3. “Cremos nas Suas palavras, atos e na Sua vida sem pecado, conforme descrito
nas Escrituras.”
a) “... Suas palavras...”
 Jesus possui uma doutrina. Um conjunto de ensinamentos transmitidos
aos discípulos e relatados nos Evangelhos (Mt 7.28; At 2.42);
 Jesus apresenta Sua natureza e missão em Suas palavras (Jo 1.51; 18.36).
b) “... nas Escrituras e em seus atos...”
 Criação (Cl 1.16; Jo 1.3);
 Sustentação (Cl 1.17);
 Perdão de Pecados (Lc 7.48-49)
 Milagres (Mc 5.1-20; Jo 2.1-11; 5.1-9; 11.17-44; Lc 5.12-16; 9.12-17);
 Poder Sobre a Morte (Jo 5.21; 11.25)
c) “... nas Escrituras e em sua vida sem pecado ...” - A encarnação de Cristo não
mudou sua essência divina (Jo 6.69; Hb 7.26). As tentações de Cristo foram re-
ais, porém, a natureza divina tornava a pecabilidade impossível (Jo 8.46; II Co
5.21; Hb 4.15; I Pe 2.22).
4. “Cremos que Jesus Cristo...”
a) “... morreu voluntariamente...”
 “...voluntariamente...” - A morte de Cristo como a solução para o pro-
blema do pecado humano e como meio de trazer os homens à comunhão
com Deus é uma das ideias centrais do Novo Testamento (I Co 15.1-3);
Ela foi pré determinada e voluntária (Jo 10.17-18; At 2.22-23; I Pe 1.18-20; Ap
13.8).
 “...como sacrifício substitutivo...” - Conexão vital com a encarnação: Je-
sus nasceu para morrer; a encarnação visava a expiação (Hb. 2.14);
A morte de Jesus tem valor suficiente para fazer expiação por toda a hu-
manidade (I Jo 2.2).
b) “... ressurreição corporal...”
 A ressurreição é um dos cernes do Evangelho (I Co 15.3-4, 16-19);
 Foi predito por Jesus (Mt 16.21; 17.23; 20.17-19; Lc 9.22; Jo 2.19-22);
 Evidências da ressurreição:
 Túmulo vazio (Mt 28.1-6; Mc 16.1-8; Jo 20.1-10);
 Visto após a Morte (Mt 28.1, 8; Mc 16.9, 14; Jo 20.15-19; 21.1-14; I Co
15.6);
 O testemunho do próprio Cristo (Ap 1.17-18).

c) “... subiu ao céu...”


 A ressurreição e a ascensão de Cristo foram eventos separados no tempo,
mas parte de um único processo, Sua exaltação em glória (Ef 1.20-23);

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 Alguns resultados da ascensão foram:


 Preparar lugar (Jo 14.2-3);
 A descida do Espírito Santo (Jo 16.7);
 Distribuição de dons (Ef 4.7-8);
 Início do Seu ministério Sumo-sacerdotal (Hb 4.14-16).

d) “... está assentado à direita do Pai...” - Cristo está nos céus assentado à direi-
ta de Deus (At 7.55-56; Rm 8.34; Cl 3.1; Hb 1.3).
e) “... é o nosso mediador...”
 Cristo intercede junto a Deus por aqueles que são Seus (Jo 17.9, 20; Rm
8.34; Hb 7.25)
 Cristo é nosso Advogado junto a Deus, cuja expiação teve eficácia eterna
(Jo 14.16, 26; 1 Jo 2.1; Ap 12.10).
f) “Cremos que Jesus Cristo morreu voluntariamente e voltará em glória” - É
certo que Cristo retornará à Terra (At 1.10-11; Mt 24.3; II Pe 3.1-13).
XI. A DOUTRINA DO ESPÍRITO SANTO
O Espírito Santo, um em essência com o Pai e com o Filho é pessoa divina (SI 139.7-12;
I Jo 5.6-7). É o Espírito da verdade (Jo 15.26; 16.13), é a ação de Deus na criação do mundo e
inspirou os escritos da Palavra de Deus (Gn 1.1, 2,26; II Pe 1.21). Somos iluminados pelo Espí-
rito Santo para fazermos a obra de Deus e compreendermos as suas verdades (Jo 16.7-11; I
Co 2.10-14). Como será mencionado no título salvação, todos os cristãos são batizados no
Espírito Santo sempre quando se convertem a Jesus Cristo, que os integra, regenerados à
igreja (At 2.38-39; I Co 12.12, 13).
O Espírito Santo dá testemunho de Jesus Cristo e o glorifica, também convence o mun-
do do pecado da justiça e do juízo (Jo 15.26; 16.13-14). O Espírito Santo opera a regeneração
do pecador perdido (Jo 3.5; Rm 8.9-11). Sela o crente para o dia da redenção final (Ef 1.13-
14; 4.30), habita no cristão (Rm 8.9-11; Jo 14.16-17), guiando em toda a verdade (Jo 16.13).
Assim o Espírito Santo nos capacita para obedecer à vontade de Deus, distribuindo dons aos
filhos de Deus para a edificação do Corpo de Cristo e para o ministério da Igreja no mundo (I
Co 12.7-11; Ef 4.11-13). A plenitude do Espírito Santo e seu fruto na vida do cristão constituí
em condições para a vida cristã vitoriosa e testemunhante (Ef 5.18-21; GI 5.16, 22-23; At 1-
8).
Este é o tema mais difícil de estudar na doutrina bíblica, pois existem diversas corren-
tes teológicas para se abordar o tema. Os “pentecostais” utilizam-se o misticismo e as expe-
riências pessoais como base de interpretação da bíblia, o que faz da bíblia como menor au-
toridade e os conservadores utilizam-se dos métodos de interpretação literal o que diminui
as experiências e sentidos alegóricos para se obterem os resultados.
Creio ser de grande importância abordarmos o tema nos dias de hoje, pois muitos
evangélicos são levados a aceitarem qualquer argumento bíblico por simples conveniência
ou não desejarem estudar um pouco mais o assunto. Para se falar do tema precisamos olhar
para as palavras de João Batista, que foi apelidado de “precursor” de Jesus. Todos os 4 evan-
gelhos falam do seu ministério caracterizado pelo batismo:
“Eu vos batizo com água para o arrependimento,
mas aquele que vem depois de mim é mais forte do que eu.
De fato, eu não sou digno nem ao menos de tirar-lhes as sandálias.
Ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo.
Mateus 3.11
“E proclamava: “Depois de mim, vem aquele que é mais forte do que eu,

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de quem não sou digno de, abaixando-me desatar a correia das sandálias.
Eu vos batizei com água. Ele, porém, vos batizará com o Espírito Santo”.
Marcos 1.7-8
“João tomou a palavra e disse a todos:
“Eu vos batizo com água, mas vem aquele que é mais forte do que eu,
do qual não sou digno de desatar a correia das sandálias;
ele vos batizatá com o Espírito Santo e com o fogo”.
Lucas 3.16
“Eu não o conhecia, mas aquele que me enviou para batizar com água,
disse-me: Aquele sobre quem vires o Espírito descer e permanecer
é o que batiza com o Espírito Santo.
João 1.33
Nas palavras de João Batista há uma mensagem muito clara que não necessita de mui-
ta exegese para compreender, João Batista é a testemunha e confirmação da veracidade do
Messias.
Hoje, não podemos compreender como foi difícil para as pessoas reconhecerem Jesus
Cristo, como Messias, os evangélicos de hoje não imaginam como era difícil reconhecê-lo
“No meio de vós, está alguém que não conheceis” – João 1.26). Havia também alguns que
acreditavam que João fosse o Messias. Os três evangelhos sinóticos narram a frase de João
do Batista a frase “aquele que vem é mais forte do que eu”. O Evangelho de João também
sublinha esse aspecto, dizendo que Jesus é o cordeiro de Deus (1.29), é pré-existente (1.30)
e é veículo do Espírito Santo (1.32-34). Portanto os evangelistas, através da narração da mis-
são de João Batista, dissipam qualquer dúvida sobre a identidade de Jesus.
O evangelho de Mateus nos explica a diferença entre os batismos de João e Jesus. Em
Mateus e Lucas, as figuras utilizadas ficam mais claras, “batizará com o Espírito Santo e com
fogo”, referida a Jesus. O batismo de João é imperfeito, feito apenas com água, o outro é
perfeito completo, feito com o fogo, símbolo do Espírito Santo. Porém o fogo será para o
juízo. Ambos os ritos são feitos com água e anunciam a purificação interior por causa da co-
lheita de Deus. Seja a água que o fogo purifica: um lava e o outro queima. É verdade que
também através do batismo de João Batista era doado o Espírito Santo, pois a salvação não é
subordinada a tempos e cerimônias, mas o fogo sublinha a divindade de Jesus, pois Ele sepa-
rará a palha do trigo, pois além de recordar a figura do Messias Juiz, lembra outras caracte-
rísticas divinas citadas no Antigo Testamento, onde o fogo simboliza a intervenção soberana
de Deus e do seu Espírito, que purifica as consciências (Isaías 1.25; Zacarias 13.9; Malaquias
3.2-3), Deus trará juízo sobre toda a terra. Além disso, às vezes, as aparições do Senhor são
acompanhadas pelo fogo (Êxodo 3.2; 13.21; 19.18; Deuteronômio 4.11).
1. Nossas Convicções Doutrinárias:
a) O Espírito Santo é a presença ativa de Deus no mundo e, particularmente, na expe-
riência humana. O Espírito Santo, é um em essência com o Pai e com o Filho, é pessoa divina.
João 16.7-15
b) É Deus revelando sua pessoa e vontade ao homem. É o Espírito da verdade; João 3.5
c) Atuou na criação do mundo e inspirou os homens a escreverem as Sagradas Escritu-
ras expressando a vontade Deus;
d) Ele convence os homens do pecado, da justiça e do juízo, tornando, assim, efetiva a
salvação individual, através da obra salvadora de Cristo. É Ele quem converte o homem pe-
cador e o transforma em nova criatura. João 16.8; Tt 3.5; I João 2.29
e) O Espírito Santo é o próprio Deus revelando sua pessoa e vontade aos homens; Atos
5.3-4
f) O recebimento do Espírito Santo ocorre quando os pecadores se convertem a Jesus

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Cristo, que os integra, regenerados pelo Espírito, à igreja; Efesios 1.13


g) No dia de Pentecostes, Ele se manifestou em cumprimento de profecia e das pro-
messas quanto à Sua descida, passando a fazer parte do Corpo de Cristo; Atos 2
h) Hoje Ele habita no coração do crente, como advogado perante Deus e intérprete
para o homem. Ele ilumina os homens e os capacita a compreenderem a verdade divina; I
João 2.1
i) Ele atrai o fiel para a fé e a obediência e, assim, produz na sua vida os frutos da san-
tidade e do amor; Gálatas 5.22
j) O Espírito procura alcançar vontade e propósito divinos entre os homens. Ele dá
testemunho de Jesus Cristo e o glorifica; João 14.26
k) Distribui dons aos filhos de Deus para a edificação do Corpo de Cristo e para o mi-
nistério da Igreja no mundo; Efésios 4.7-16
l) Suas outras manifestações, constantes no livro Atos dos Apóstolos, confirmam a
evidência de universalidade do dom do Espírito Santo a todos os que creem em Cristo;
O Espírito Santo exige uma submissão livre e dinâmica à autoridade de Cristo, e uma
obediência criativa e fiel à palavra de Deus. Sua plenitude e seu fruto na vida do crente cons-
tituem condições para uma vida cristã vitoriosa e testemunhante;
2. A Pessoa do Espírito Santo
a) Provada por suas características.
 Ele é inteligente (I Co 2.10,11).
 Tem emoções (Ef 4.30).
 Tem vontade própria (I Co 12.11).
b) Provada por suas obras.
 Ele ensina (Jo 14.26).
 Guia (Rm 8.14).
 Comissiona (At 13.4).
 Dá ordens a homens (At 8.29).
 Refreia (Gn 6.3).
 Intercede (Rm 8.26).
 Fala (Jo 15.26; II Pe 1.21).
3. A Divindade do Espírito
a) Provada pelos seus nomes.
 Nomes que relacionam o Espírito Santo de forma análoga às demais Pesso-
as da Trindade (I Co 6.11).
 Nomes que o apresentam realizando obras que somente Deus pode fazer
(Rm 8.15; Jo 14.16).
b) Provada por suas características.
O Espírito Santo possui atributos divinos.
 Onisciência (I Co 2.10,11).
 Onipresença (SI 139.7).
 Onipotência (Gn 1.2).
 Verdade (I Jo 5.6).
 Santidade (Lc 11.13).
 Vida (Rm 8.2).
 Sabedoria (Is 40.13).
4. Provada por suas obras.
São atribuídas ao Espírito Santo certas obras que somente Deus pode realizar.

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 Criar (Gn 1.2).


 Inspirar (II Pe 1.21).
 Gerar a Cristo em sua encarnação (Lc 1.35).
 Convencer o homem (Jo 16.8).
 Regenerar o homem (Jo 3.5-6).
 Consolar (Jo 14.16).
 Interceder (Rm 8.26-27).
 Santificar (II Ts 2.13).
5. A Processão do Espírito
Definição. Processão é a palavra que tenta descrever o relacionamento eterno entre o
Espírito e as outras duas Pessoas da Trindade. Ele procedeu eternamente do Pai e do Filho,
sem que isso dividisse ou alterasse, de algum modo, a natureza de Deus.
História. Este conceito foi formulado no Credo de Constantinopla em 381. Em 589, o
sínodo de Toledo acrescentou a famosa cláusula "filioque" afirmando que o Espírito Santo
procedia do Pai e do Filho.
Escrituras. João 15.26 afirma expressamente que o Espírito Santo procede do Pai, ao
passo que a ideia de sua procedência do Filho vem de versículos como Gálatas 4.6, Romanos
8.9 e João 16.7.
6. Tipos e Ilustrações do Espírito Santo
 Vestimenta (Lc 24.49).
 Pomba (Mt 3.16; Mc 1.10; Lc 3.22; Jo 1.32).
 Penhor (II Co 1.22; 5.5; Ef 1.14).
 Fogo (At 2.3).
 Óleo (Lc 4.18; At 10.38; II Co 1.21; I Jo 2.20).
 Selo (II Co 1.22; Ef 1.13; 4.30).
 Servo (Gn 24).
 Água (Jo 4.14; 7.38,39).
 Vento (Jo 3.8; At 2.1,2).
7. A Obra do Espírito Santo no Velho Testamento
a) Na criação. O Espírito Santo deu à criação:
 Vida (SI 104.30; Jó 33.4).
 Ordem (Is 40.12; Jó 26.13).
 Beleza (SI 33.6; Jó 26:13).
 Preservação (SI 104.30).
b) No homem.
 Habitação seletiva.
 No Velho Testamento, o Espírito Santo estava em certas pessoas (Gn 41.38;
Nm 27.18; Dn 4.8; 5.11-14; 6.3).
 O Espirito Santo veio sobre várias pessoas (Jz 3.10; 6.34; 11.29; 13.25; I Sm
10.9,10; 16.13).
 O Espírito Santo encheu alguns (Êx 31.3, 35.31). Assim, seu relacionamento
pessoal com os homens no VT era limitado, pois nem todos experimenta-
vam sua ação, (SI 51.11).
 Capacitação para o serviço (especialmente na construção do tabernáculo,
Ex 31.3, mas também em outras circunstâncias, Jz 14.6).
 Coibição geral do pecado (Gn 6.3).
8. A Obra do Espírito Santo na revelação e inspiração

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a) Definições.
 Revelação significa o desvendamento de algo que estava previamente en-
coberto ou era desconhecido. A revelação diz respeito ao material.
 Inspiração é o processo divino de supervisão dos autores humanos da Bí-
blia, de modo que cada um, usando sua própria personalidade e estilo, re-
digiu e registrou sem erro nos textos originais a revelação de Deus ao ho-
mem. A inspiração diz respeito ao modo como isso foi realizado.
b) O autor da revelação é o Espírito Santo. A passagem mais específica é II Pedro
1.21 (II Sm 23.2; Ez 2.2; Mq 3.8; Mt 22.43; At 1.16; 4.25).
c) Os meios da revelação. O Espírito usou:
 A Palavra falada (Êx 19.9).
 Sonhos (Gn 20; 31).
 Visões (Is 6.1).
 A Palavra escrita (Jo 14.26; I Co 2.13).
 Cristo.
d) O autor da inspiração é o Espírito Santo.
 Velho Testamento (II Sm 23.2-3, II Tm 3.16; Mc 12.36; At 1.16; 28.25; Hb 3.7;
10.15-16).
 Novo Testamento.
a. A inspiração do Novo Testamento foi pré-autenticada por Cristo (Jo
14.26).
b. É afirmada pelos autores do Novo Testamento (I Co 14.37; Gl 1.7,8; I Ts
4.2,15; II Ts 3.6,12,14).
c. É atestada mutuamente pelos apóstolos com respeito aos seus escritos
(I Tm 5.18; II Pe 3.16).
9. A Obra do Espírito Santo na vida de Jesus Cristo
Quando se pergunta o porquê do Filho de Deus necessitar ser ungido pelo Espírito se
Ele era o próprio Deus, somente chegamos a uma única resposta. Isto vazia parte do Plano e
era parte do grande mistério da encarnação. Porém devemos considerar o que diz as Escritu-
ras, para não cairmos em vãs especulações.
a) Primeiro, é fato que Cristo ao ser ungido, mesmo que figuradamente, Ele igua-
lou-se aos homens. A aliança da graça requer de Cristo a representação do Seu
povo, tornando-se um servo e, tomando sobre si a natureza deles (Filipenses
2.5-11; Hebreus 2.14-17). Dessa maneira Cristo tornou-se o último Adão. Como
os filhos de Deus são dependentes do Espírito Santo para servir, Cristo também
serviu a Deus pelo poder do Espírito (Atos 10.38; Isaías 61.1-3). Marcos, que
mostra Cristo como um servo, diz que Ele foi dirigido pelo Espírito (Marcos
1.12).
b) Segundo, podemos observar que Cristo tinha duas naturezas, como homem,
Cristo foi capaz de crescer e assim foi instruído pelo Espírito de Deus (Lucas
2.40; Isaías 11.1-4). Como homem Cristo foi levado pelo Espirito (Lucas 4.1).
Até mesmo as obras de Cristo foram atribuídas ao Espírito Santo (Mateus
12.28). Em tudo isso, Cristo nunca deixou de ser Deus mesmo tendo suas reais
características humanas sendo verdadeiramente manifestadas.
c) Terceiro, é definido nos textos bíblicos como o precursor de Cristo. O Espírito
Santo capacitou João Batista a fazer a sua obra como precursor de Cristo (Lucas
1.15). Até mesmo os pais de João Batista estavam cheios do Espírito Santo (Lu-
cas 1.41-67).
d) Quarto, O Espírito de Deus preparou o corpo humano do Salvador no ventre de

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Maria (Mateus 1.18-20). Para uma melhor compreensão, o Espírito Santo fe-
cundou o óvulo de Maria para que Jesus fosse gerado humano e divino.
e) Quinto, concluímos que Cristo foi ungido novamente no Seu batismo (Mt 3.13-
17) com o seguinte propósito:
 Dar um sinal da completa satisfação do Pai através do Filho (Mt 3.17; Sl.
45.7)
 Dar um sinal para as pessoas (João 1.32-34; 6.27). João reconheceu que Cris-
to tinha o poder do Espírito Santo (João 3.34)
 Equipar a Cristo para o serviço (Isaías 61.1-4).
 Em seu nascimento virginal. O Espírito Santo realizou a concepção no úte-
ro de Maria (Lc 1.35).
 Em sua vida.
 Cristo foi ungido pelo Espírito Santo (Lc 4.18; At 10.38). Essa unção ocor-
reu em seu batismo, mas não é idêntica ao batismo (Jo 1.32). A unção
representa a capacitação para o serviço.
 Cristo foi cheio do Espírito Santo (Lc 4.1).
 Cristo foi selado com o Espírito Santo (Jo 6.27).
 Cristo foi guiado pelo Espírito Santo (Lc 4.1).
 Cristo foi capacitado pelo Espírito Santo (Mt 12.28).
 Em sua morte (Hb 9.14; alguns citam também Rm 1.4).
 Em sua ressurreição (I Pe 3.18, possivelmente).
10. A Obra do Espírito Santo na salvação
a) Convencimento (Jo 16.8-11).
 Definição. Convencer (Jo 16.8) significa apresentar a verdade do evange-
lho claramente à pessoa não salva, de modo que ele seja reconhecido
como verdade, quer a pessoa receba ou não a Cristo como seu Salvador.
 Detalhes:
 Do pecado. O estado pecaminoso do homem se deve a sua increduli-
dade.
 Da justiça. O homem é convencido da justiça de Cristo porque ele res-
surgiu e ascendeu à direita do Pai.
 Do juízo, O Espírito convence sobre o juízo vindouro porque Satanás (o
maior inimigo) já foi julgado.
b) Regeneração (Tt 3.5).
 Definição. O ato divino de geração espiritual, pelo qual ele comunica vida
eterna e nova natureza.
 Meio. É obra de Deus, particularmente do Espírito (Jo 3.3-7; Tt 3.5). A fé é
o requisito humano na presença do qual o Espírito regenera, e a Palavra
de Deus fornece o conteúdo cognitivo da fé.
 Características.
 É um ato instantâneo, e não um processo (embora seus antecedentes
e suas consequências possam ser processos).
 Não é de caráter experimental (não se deriva de ou se baseia em expe-
riência, embora seja acompanhada das experiências comuns à vida
cristã).
 Consequências,
 Uma nova natureza (II Co 5.17).
 Uma nova vida (I Jo 2.29).
c) Habitação (I Co 6.19).

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 As pessoas habitadas. Todos os verdadeiros cristãos possuem, pois:


 Mesmo os cristãos em pecado desfrutam a presença do Espírito Santo
dentro de si (I Co 6.19).
 O Espírito Santo é um dom (Rm 5.5).
 A ausência do Espírito Santo comprova que o indivíduo não é salvo
(Rm 8.9b).
 A permanência da habitação. Os cristãos podem perder a plenitude do
Espírito Santo, mas não a sua habitação (Jo 14.16).
 Problemas referentes à habitação
 A obediência é uma condição (At 5.32)? Sim, mas a obediência à fé
cristã (At 6:7; Rm 1.5).
 Algumas pessoas não foram apenas temporariamente habitadas? Sim,
mas apenas antes do dia de Pentecostes (I Sm 16.14).
 Qual a relação entre a unção e a habitação? Elas ocorrem ao mesmo
tempo, mas com propósitos diferentes: a habitação é a presença de
Deus na vida do cristão, ao passo que a unção o capacita a ser ensina-
do pelo Espírito Santo. (I Jo 2.20,27).
d) Batismo (I Co 12.13).
 Características do batismo
 Ocorre apenas na era da Igreja (ainda era considerado futuro em At 1.5).
 Envolve todos os cristãos (I Co 12.13; Ef 4.5).
 Ocorre apenas uma vez (tempo aoristo em I Co 12.13).
 Consequências do batismo
 Torna os cristãos membros do corpo de Cristo,
 Une os cristãos com Cristo em sua morte no que diz respeito à natureza
pecaminosa (Rm 6.1-10).
e) Selo.
 O agente: o Pai (II Co 1.22; Ef 1.13; 4.30).
 O instrumento: o Espírito Santo é o selo.
 A abrangência: para todos os cristãos.
 O tempo: no momento da conversão.
 O propósito: certeza de pertencer a Deus e ser preservado até o dia da
redenção. É uma garantia da segurança do cristão.
11. Os dons do Espírito Santo
 Definição. Um dom espiritual é uma capacidade dada por Deus ao cristão pa-
ra o desempenho de um serviço. Não é um lugar de serviço, nem um ministé-
rio para uma faixa etária específica, nem um procedimento.
 Distribuição.
 Fonte: o Espírito Santo (I Co 12.11).
 Abrangência. Cada cristão tem pelo menos um dom, mas ninguém tem
todos os dons (I Pe 4.10).
 Tempo. Cada geração pode ou não ter todos os dons.
a) Desenvolvimento. Essas capacidades podem e devem ser desenvolvidas por
aqueles que as possuem; o dom de ensino, por exemplo, precisa ser desenvol-
vido através de estudo.
b) Descrição. Podem-se encontrar listas de dons em Romanos 12.6-8; I Coríntios
12.8-10, 28- 30; Efésios 4.11.
12. A plenitude do Espírito

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 Definição. Ter a plenitude do Espírito, ou ser cheio do Espírito, significa ser


controlado pelo Espírito santo ( Ef 5.18).
 Características.
 A plenitude do Espírito Santo é uma ordenança para o cristão. (Ef 5.18).
 A plenitude é passível de repetição (At 2.4; 4.31).
 A plenitude do Espírito produz semelhança a Cristo (Gl 5.22,23).
13. Condições para estar cheio do Espirito.
a) Uma vida dedicada. A submissão ao controle do Espírito Santo, embora orde-
nada, é voluntária e exige um ato de dedicação. Isto inclui dois aspectos: a
dedicação inicial (Rm 12.1,2) e a dedicação contínua da vida (Rm 8.14).
b) Uma vida vitoriosa. A vitória sobre o pecado nas experiências diárias é essen-
cial para esse controle do Espírito Santo (Ef 4.30). Isto significa reagir correta-
mente à luz da Palavra à medida que esta é revelada (I Jo 1.7).
c) Uma vida de dependência. Este é o significado de "andar no Espírito" (Gl
5.16).
14. Consequências. Ser cheio ou controlado pelo Espírito Santo significa:
 Caráter semelhante ao de Cristo (Gl 5.22,23).
 Adoração e louvor (Ef 5.18-20).
 Submissão (Ef 5.21).
 Serviço (Jo 7.37-39).
15. Outros ministérios do Espírito Santo
 Ensino (Jo 16.12-15).
 Orientação (Rm 8.14).
 Convicção (Rm 8.16).
 Intercessão (Rm 8.26; Ef 6.18).
XII. O HOMEM CRIADO POR DEUS
Quando tratamos a natureza humana, cremos não haver, fora da Bíblia nada que possa
ser dito com credibilidade sobre a origem do homem, ou da raça humana. As teorias da ci-
ência baseiam-se em hipóteses e não em fatos demonstráveis que expliquem sua origem.
Conforme a Bíblia, a criação do homem não foi acidental, mas planejada (Gn 1.26), es-
pecial e imediata (Gn 1.27). Concluímos ser o homem criado por DEUS, e não um produto da
evolução natural (Gn 2.7).
O homem (Adão) foi criado do pó da terra, após a formação do homem DEUS lhe so-
prou o folego da vida (Gn 2.7) e a mulher (Eva) foi criada a partir de uma costela de Adão (Gn
2.21-22). O homem criado por Deus é composto de: Corpo e espírito (definição dicotomista):
a) O corpo (Gn 2.7, 21-24)
b) O espírito, mesmo que alguns definem, corpo, alma e espírito, precisamos entender
que a alma é onde esta as emoções humanas e esta não se separa do ser espiritual.
O homem foi criado santo e sem pecado, porém, por sua decisão em desobedecer a
uma ordem de DEUS (Gn 2.16-17, 3.3-6), e como representante da humanidade, passou o
pecado e seu salario a todos os homens, (pecado imputado, Rm 5.12, 6.23). Assim permane-
ce o homem sem Cristo destituído da glória de Deus. (Rm 3.23).
A Bíblia relata em (Gn 1.26-27, 5.1, I Co 11.7), que o homem foi criado a imagem e se-
melhança de Deus, sendo portanto a coroa da criação.
A “imagem” e “semelhança” de Deus significa que fomos feitos para nos parecermos
com Deus. Não com carne e sangue. A Bíblia diz que “Deus é espírito” (João 4.24) e portanto
existe sem um corpo. O Homem foi criado com o Espírito dado por Deus e com o caráter de

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Deus. A imagem de Deus se refere à parte imaterial do homem. E a uma semelhança mental,
moral e social.
Deus viu tudo que tinha feito (incluindo a humanidade), e disse que tudo era “muito
bom” (Gênesis 1.31). Socialmente, o homem foi criado para a comunhão. Isto reflete a natu-
reza triúna de Deus e Seu amor.
Parte de sermos feitos à imagem de Deus significa que Adão tinha a capacidade de to-
mar decisões livres. Apesar de ter sido dada a ele uma natureza reta, Adão fez uma má esco-
lha em se rebelar contra seu Criador. Fazendo isto, Adão manchou a imagem de Deus dentro
de si, e passou adiante esta semelhança danificada a todos os seus filhos, incluindo a nós
(Romanos 5.12). Hoje, ainda trazemos conosco a imagem de Deus (Tiago 3.9), mas também
trazemos as cicatrizes do pecado. Mentalmente, moralmente, socialmente e fisicamente,
mostramos os efeitos.
Através de Cristo Deus restaurar a imagem original de Deus, criando “o novo homem,
que segundo Deus é criado em verdadeira justiça e santidade” (Efésios 4:24; veja também
Colossenses 3.10).
1. O homem reflete DEUS, por ter:
a) Personalidade (Gn 1.28, 3.8)
b) Capacidade moral (Gn 2.16, 4.24)
c) Qualidades espirituais (Ef 4.24, Cl 3.10)
d) Imortalidade (Mt 25. 31-46)
2. Refletimos a DEUS em função, pois recebemos co-regencia junto a criação (Gn
1.26, Sl 8.49). O homem foi criado para a gloria de DEUS (Is 43.7, Ef 1. 11-12);
O Homem foi criado a imagem e semelhança de Deus (Mante: capacidade de pensar;
Emoções: sentimentos, amor, ódio, alegria, tristeza; Vontade: capacidade de fazer escolhas).
a) Formação - Ele foi feito do pó da terra, para dominar sobre a criação de Deus
(SI 8.3-8; Gn. 1.26; 2.7).
b) Propósito da Criação - Deus o criou para amar, conhecer e estar em comu-
nhão com o seu Criador, bem como cumprir a vontade divina (Jr 9.23,24; Mq
6.8).
c) Filhos de Deus - Ninguém nasce Filho de Deus, a Bíblia nos diz que o homem é
criatura de Deus, para que se torne filho é necessário nascer de novo (Jo 1.12,
13; 3.5-7).
XIII. A Doutrina do Pecado
No princípio o homem vivia em estado de inocência e mantinha perfeita comunhão
com Deus (Gn 2.15-17; 3.8-11). Mas cedendo a tentação de Satanás, num ato livre de deso-
bediência contra seu criador, o homem caiu em pecado e assim perdeu a comunhão com
Deus e dele ficou separado (Gn 3; Rm 5.12). A partir daí como consequência da queda, so-
mos todos por natureza pecadores e inclinados à prática do mal (SI 51.1-5; Rm 1.18-27). Todo
pecado que cometemos é contra Deus, sua pessoa, sua vontade e sua lei (SI 51.4; Rm 8.6-8).
A Terra também foi castigada (Gn 3.17-18; Rm 8.19-22). Satanás passou a dominar o mundo
(Mt 4.8-9; Ef 2.2-3). O homem se tomou inimigo do próximo e da própria criação de Deus. O
resultado do pecado na vida do homem é a morte física e espiritual, levando-o a uma conde-
nação eterna (Rm 6.23a; Ap 20.12-15). Separado agora de Deus o homem é absolutamente
incapaz de salvar-se a si mesmo, portanto assim depende exclusivamente da graça de Deus
para ser salvo (Rm 3.20-23; Ef 2.8-9).
XIV. A DOUTRINA DA SALVAÇÃO
Cremos que Deus, pela Sua infinita graça, providenciou para o homem perdido a salva-

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ção da condenação eterna, enviando Seu Filho como sacrifício pelo pecado, para morrer no
lugar do pecador. Cremos que o sacrifício de Cristo aplacou a ira de Deus e satisfez Sua justi-
ça, tornando pacífico Seu relacionamento com o mundo e providenciando assim a redenção
do homem.
Cremos que o sacrifício de Cristo tem poder para salvar toda humanidade mas é eficaz
para os eleitos, porém é necessário crermos.
Cremos que o meio escolhido por Deus para o homem ser alcançado pela salvação é o
arrependimento do seu pecado e a fé no sacrifício de Cristo.
Cremos que todo homem alcançado pela salvação é herdeiro da vida eterna, condição
esta que jamais será capaz de perder.
A salvação é um presente dado por Deus peja sua graça, através da fé em Jesus Cristo
como único Salvador e Senhor (Tt 2.11; Ef 2.8). A Salvação pode ser simultânea ou não, po-
rém no processo acontece os seguintes passos:
a) Arrependimento - é a mudança do homem interior, por força do qual ele se afas-
ta do pecado e se volta para Deus, arrepender-se é experimentar mudança de
procedimento e de parecer do pecador. O arrependimento é essencial para que
haja perdão dos pecados (At 2.38). O Arrependimento vem acompanhado de
confissão, de fé, e do abandono do pecado (At 3.19). A salvação é individual e
significa a redenção do homem na inteireza do seu ser (Rm 10.13; I Ts 5.23-24).
b) Regeneração – Este é o elo inicial da salvação em que Deus faz nascer de novo o
pecador perdido, dele fazendo uma nova criatura em Cristo (Jo 1.13; II Co 5. 17).
O pecador recebe o perdão e a adoção como filho de Deus e a vida eterna (Rm
8.15-17). Neste ato o novo crente é batizado no Espírito Santo, e é por ele selado
para o dia da redenção final e liberto do castigo eterno dos seus pecados (Jo 3.3-
5; I Pe 1.3.; II Co 5.17). A fé é a confiança e aceitação de Jesus Cristo como Salva-
dor e a total entrega da personalidade a ele por parte do pecador (Tt 3.5; Jo 1.11-
13)
c) Justificação – A Justificação ocorre simultaneamente com a regeneração, é o ato
pelo qual Deus, considerando os méritos do sacrifício de Cristo declara justo o
homem arrependido dos seus pecados, capacitando-o para uma vida de retidão
diante de Deus e de correção diante dos homens (Is 53.11; Rm 3.21-24; 8. 33).
d) Santificação – A Santificação é o processo que, principiando na regeneração, leva
o homem à realização dos propósitos de Deus para a sua vida e o habilita a pro-
gredir em busca da perfeição moral e espiritual de Jesus Cristo, mediante a pre-
sença e o poder do Espírito Santo que nele habita (I Ts 4.3-7; 5.23).
e) Glorificação – A Glorificação é o ponto culminante da obra da salvação. É o esta-
do final, permanente, da felicidade dos que são redimidos pelo sangue de Cristo
(I Co 13.12; Ap 21.3-4; I Ts 2.12).
Um ponto importante deve ficar claro para o estudante das doutrinas bíblicas, a salva-
ção não pode ser perdida, pelo fato de ser uma obra feita por Deus em nossa vida (Rm 8.38-
39). A garantia da nossa salvação é a presença do Espírito Santo em nós controlando e diri-
gindo nossas vidas (Rm 8.14; Ef 1.13-14).
1. “Cremos que Deus...”
a) “...providenciou...” (Rm 9.22-24)
 “...pela Sua infinita graça...” (EF 2.8);
a) Por meio da fé, que é fruto da graça;
b) Não vem do homem, é Dom de Deus.
 “...para o homem perdido...” (Rm 3.23).

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 “...salvação da condenação eterna...” – A salvação envolve vários aspectos


que precisam ser entendidos:
b) “...enviando...” (Jo. 3.16) – O sacrifício do Filho de Deus no lugar do homem foi
necessário para que houvesse livramento da condenação do pecado.
 “...Seu Filho...” (Rm 8.32);
 “...como sacrifício...” (I Co 5.7);
 “...pelo pecado...” (II Co 5.21);
 “...para morrer no lugar do pecador.” - Substituição (Mt 20.28).
2. “Cremos que o sacrifício de Cristo ...”
a) “...aplacou a ira de Deus...” – A ira de Deu que esta sobre o homem natural foi
aplacado (Rm 1.18; 5.9).
b) “...satisfez Sua justiça...” – Propiciação – A morte de Cristo pelo pecado satis-
fez a justiça de Deus (I Jo 2.2).
c) “...tornando pacífico Seu relacionamento com o mundo...” (II Co 5.19).
d) “...providenciando... a redenção do homem.” (Rm 5.10-11)
 O pecado torna o homem inimigo de Deus (Rm 5.10);
 O relacionamento do homem para com Deus, que estava quebrado pelo
pecado, pode ser restaurado pela salvação.
 Redenção – O sacrifício nos transportou da posição de escravos do pecado
para a de libertos em Cristo (I Pe 1.18-19).
3. “Cremos que o sacrifício de Cristo...”
a) “...tem poder para salvar toda humanidade...” (Jo 3.16; Rm 5.18-19; I Jo 2.2)
b) “...é eficaz para os eleitos.” (Jo 1.12; Rm 9.22, 23; At 13.48; Rm 8.29-30).
4. “Cremos que o meio escolhido por Deus para o homem ser alcançado...”
a) “...é o arrependimento de seu pecado...”
 O arrependimento envolve confissão e abandono do pecado (Sl 32.3-5);
 O arrependimento é um Dom de Deus, originado Nele (At 11.18).
b) “...e a fé no sacrifício de Cristo.” (Jo 1.12)
 A fé salvadora envolve a aceitação de Cristo como Senhor (I Jo 5.10-12);
 A fé é um Dom de Deus, originado nEle (Hb 12.2).
5. “Cremos que todo homem alcançado pela salvação...”
a) “...é herdeiro da vida eterna...” (Jo 3.36).
b) “...condição... que jamais será capaz de perder.” (Jo 13.1).
 Jesus Cristo a preserva (Jo 10.28-30);
 O Espírito Santo a garante ( Ef 1.13; 4.30);
 As Escrituras a assegura (Rm 8.28-30).

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6. PLANO DAS QUATRO LEIS ESPIRITUAIS


PRIMEIRA Lei - Deus o AMA (Jo 3.16) e tem um PLANO maravilhoso para sua vida (Jo
10.10)
SEGUNDA Lei - O homem é PECADOR (Rm 3.23) e está SEPARADO de Deus (Rm 6.23);
por isso não pode conhecer e nem experimentar o AMOR e o PLANO de Deus para a
sua vida.

TERCEIRA Lei - Jesus Cristo é a ÚNICA solução de Deus para o homem pecador. Por
meio d`Ele você pode conhecer o AMOR e o PLANO de Deus para a sua vida. Ele mor-
reu em nosso lugar (Rm 5.8); Ele ressuscitou dentre os mortos (I Co 15.3,4); Ele é o único
caminho (Jo 14.6).

Deus ligou o abismo que nos separa dEle ao enviar Seu Filho Jesus Cristo para morrer
em nosso lu- gar. Mas...não é suficiente conhecer essas três leis... Precisamos da Quarta...
QUARTA Lei - Precisamos RECEBER a Jesus Cristo como Senhor e Salvador por meio
de um CONVITE PESSOAL. Só então poderemos conhecer e experimentar o amor e o
plano de Deus para a nossa vida.
Receber a Cristo (Jo 1.12); Pela fé (Ef 2.8,9); Convidando-o a entrar (Ap 3.20)

Vida controlada pelo EU Vida controlada por Cristo

Ações e atitudes t – Cristo E – Eu


Qual dos dois círculos representa a sua vida?
Qual deles você gostaria que representasse sua vida?
Ore e caminhar com Cristo
7. A PONTE DA ETERNIDADE
A Ponte da Eternidade ilustra a verdade de que o pecado separa o homem de Deus.
Deus criou o homem para ter com Ele perfeita comunhão, mas esta comunhão foi quebrada
pelo pecado. Com esta ilustração mostramos aos não crentes como podem reconciliar-se
com seu Criador
Tudo o que se precisa para fazer a Ponte da Eternidade é de um lápis ou caneta e um
pedaço de papel.

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a) O desenho mostra duas montanhas separadas por um largo espaço vazio. No meio
da montanha da esquerda esta identifica-se o HOMEM e na da direita, DEUS. Ainda a es-
querda o desenho de um homem na. Normalmente nós associamos ao homem a ideia de
morte, pois sabemos que ele não vive muito e sempre morre. Por outro lado, quando fala-
mos em Deus, pensamos em vida, pois Ele é Eterno (Junto ao homem podemos ver relacio-
nada a palavra “morte” e “vida” ao lado da palavra DEUS. O pecador sempre é identificado
ou associado a morte, pois este é o seu estado atual.
b) Você sabe o que separa o homem de Deus? Seja qual for a sua resposta, em Rm
3.23 temos uma resposta, agora tente compreender: Que separa o homem de Deus?, Quan-
tas pessoas pecaram?, Quem é pecador? Você está incluído? Então temos a palavra PECA-
DO no meio do abismo (em sentido vertical) mostrando que é isto que separa o homem de
Deus.
c) Todo pecado é pago com a morte (Rm 6.23) e termina com JULGAMENTO (Hb 9.27).
d) Veja agora o lado de DEUS. Segundo sua promessa nem tudo está perdido, porque
há uma esperança. A santidade de Deus rejeita a presença do pecado; a justiça de Deus exi-
ge pagamento do pecado, mas o amor de Deus providenciou este pagamento. É a morte de
Cristo na cruz. Ela é a ponte que cobre o abismo entre Deus e o homem. A única ponte entre
o HOMEM e DEUS. Porque Jesus era ao mesmo tempo homem e Deus Ele pôde tocar os dois
extremos (Rm 5.8).
e) Agora perceba uma coisa, que Jesus se fez pecado por nós. A palavra JESUS, escrita
na horizontal com o E da palavra PECADO. Assim podemos compreender a mensagem de I Co
15.3-4 de que Cristo morreu, foi sepultado, mas ressuscitou segundo as Escrituras. Nós ser-
vimos a um Cristo Vivo!!
f) O homem não se salva por si mesmo, por mais que se esforce (Ef 2.8-9).
g) Como alguém pode passar da morte para a vida? (Jo 5.24) Não basta ouvir (a pala-
vra ouvir, escrita em uma linha que saia do homem e vai até a outra ponta da cruz, nos indi-
ca que é necessário CRER E RECEBER (Jo 1.12).
h) Por isso é necessário que todo o pecador abra a porta de seu coração (Ap 3.20).
i) Ore a Deus para mudar a sua vida e que você jamais se afaste desse caminho.
XV. O Que é a Igreja
A Igreja é uma congregação local de pessoas regeneradas e batizadas após profissão de
fé, nós batistas cremos na importância do Estudo Bíblico antes do batismo para discipular o
candidato ao batismo. É neste sentido que a palavra "igreja" é empregada no maior numero
de vezes nos livros do Novo Testamento (Atos 20.28; I Co 1.2). As Igrejas locais são constituí-
das por livre vontade dessas pessoas com a finalidade de se reunirem para celebrar o nome
de Deus, observarem as ordenanças de Jesus, meditarem nos ensinamentos da Bíblia para a
edificação mútua e para a propagação do evangelho (Atos 2.41-47).
As igrejas neo-testamentárias são autônomas, tem governo democrático, praticam a
disciplina e se regem em todas as questões espirituais e doutrinárias exclusivamente pela
Palavra de Deus, sob a orientação do Espírito Santo (Mt 18.15 -17; At 13.1-3). Há nas igrejas,
segundo as Escrituras, duas espécies de oficiais: pastores e diáconos.
As igrejas devem relacionar-se com as demais Igrejas da mesma fé e ordem e cooperar,
voluntariamente, nas atividades do reino de Deus. O relacionamento com outras entidades
quer sejam de natureza eclesiástica ou outra, não deve envolver violação da consciência ou
comprometimento da lealdade a Cristo e sua Palavra (I Tm 3.1-13; Fp 1.1).
Há também no Novo Testamento outro sentido da palavra "igreja" em que aparece
como a reunião universal dos remidos de todos os tempos, estabelecida por Jesus Cristo e
sobre ele edificada, constituindo-se no corpo espiritual do Senhor, do qual ele mesmo é a

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cabeça. Sua unidade é de natureza espiritual e se expressa pelo amor fraternal, pela harmo-
nia e cooperação voluntária na realização dos propósitos comuns do reino de Deus (Ef 4.1-
16; 1.22-23).
1
XVI. A Disciplina na Igreja de Hoje

“1Conjuro-te, perante Deus e Cristo Jesus, que há de julgar vivos e mortos,


pela sua manifestação e pelo seu reino: 2 prega a palavra, insta,
quer seja oportuno, quer não, corrige, repreende, exorta com toda a longanimidade
e doutrina. 3 Pois haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina;
pelo contrário, cercar-se-ão de mestres segundo as suas próprias cobiças, como que sentindo
coceira nos ouvidos; 4 e se recusarão a dar ouvidos à verdade,
entregando-se às fábulas. 5 Tu, porém, sê sóbrio em todas as coisas,
suporta as aflições, faze o trabalho de um evangelista,
cumpre cabalmente o teu ministério.
II Timóteo 4.1-5
A disciplina na igreja não é em si mesma, a tarefa principal. Mas, na ausência dela, as
igrejas passam a ter o perfil de indisciplinadas, mergulhadas em delitos e pecados, o que
torna mais difícil para às pessoas de fora da igreja ouvir as boas novas de salvação por Jesus
Cristo.
A disciplina na igreja local tem o seu propósito, geralmente, o assunto disciplina tem
sido negligenciado devido aos desgastes que a igreja sofreu com o trato da disciplina, inten-
cionalmente ou por mudanças de valores, as igrejas até para sua preservação e acomodação
ao meio, ou por cumplicidade colocou a disciplina à margem do processo de ensino, do
aconselhamento e do preparo dos santos. Alfred Poirier citando R.C. Sproul nos lembra: “A
igreja é chamada não apenas a um ministério que reconcilie as pessoas que a frequentam,
mas a um ministério que as alimente. Parte desse processo de alimentá-las inclui a disciplina
eclesiástica”. (POIRIER, 2011, p. 213).
A disciplina eclesiástica tem uma fundamentação bíblica ensinada pelo Senhor Jesus, e
enfatizada pelo apóstolo Paulo, na instrumentalidade do Espírito Santo. A Bíblia ensina que
toda atitude pecaminosa precisa ser corrigida. O Senhor Jesus ordenou a disciplina na igreja
e também, estabeleceu a forma de aplicação dessa correção como um exercício de amor por
seus filhos.
1. A Bíblia Fundamenta a Disciplina Eclesiástica.
Alguns textos são fundamentais para orientar o uso da disciplina bíblica, com resulta-
dos positivos na comunhão da igreja. A disciplina começa com Deus sobre a liderança e or-
dena que se aplique aos outros. Logo, a igreja que está sendo edificada pelo Senhor recebe a
responsabilidade de viabilizar a disciplina com competência técnica, humana e espiritual. Os
textos de Hebreus 12.1-14 e Mateus 18.15-17 fundamentam o que está posto.
Sob a orientação do Espírito Santo, encontramos a forma contundente para se lidar
com as discordâncias e dificuldades surgidas no âmbito da igreja. Paulo nos dá os indicativos
do trato dessa questão quando fala de alguém, que congregava na igreja de Corinto, cujo
estilo de vida era adverso ao propósito do evangelho. (Cf. I Co 5.1- 11). Era uma questão de
ética sexual e litígio. Um agravante era a apatia da igreja perante o mal ali existente. Mars-
hall afirma: “Paulo lembra aos coríntios que alguns pecados “óbvios” são incompatíveis com
a fé cristã e excluem as pessoas do reino de Deus”. (I Co 6.9-10). (MARSALL, 2007, p. 224).
Tolerar aquela situação desencadearia dois outros problemas: primeiro, a influência

1
(FACULDADE TEOLÓGICA BATISTA DE BRASÍLIA - A DISCIPLINA NA IGREJA - Washington Luiz da Silva

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negativa que persuadiria a outros pecarem também, o outro, a mácula que tornaria a igreja
pecadora. Como proceder diante de um homem assim, na igreja de Corinto? Dever afirma:
“Paulo mostrou que esse homem estava enganado” e que; “para ajudá-lo a glorificar a Deus,
era necessário mostra-lhe a falsidade de sua confissão de fé, a luz da maneira como ele esta-
va vivendo”. (DEVER, 2012, p. 192).
A disciplina bíblica tem duas faces que se completam. Geralmente, a igreja tem a disci-
plina como um processo antagônico ao seu propósito, de agregar2 pessoas. No entanto, o
Senhor Jesus ensina que a disciplina deve ser cumprida cabalmente; mas ensina, também,
que a disciplina se constitui na restauração de alguém que foi disciplinado. Todo o processo
disciplinar deve incluir a esperança, o ressurgir das cinzas, pois é assim que o indivíduo se
sente, nas cinzas. A disciplina deve fortalecer aquele relacionamento com o Senhor Jesus,
pois o objetivo é a salvação daquela alma abatida.
Paulo afirma em Gálatas 6.1: “Se alguém for surpreendido nalguma falta, vós, que sois
espirituais, deveis restaurar essa pessoa com espírito de humildade”. A obrigação de curar
aquele que cai é uma atribuição do coletivo, como expressão viva do amor de Deus, como
afirma Viola: “Amor é disposição para admoestar outros quando estes se encontram em
falta [...], mas quando se depara com os horrores do pecado não arrependido, pode ser
combativo e inflexível”. (VIOLA, 2009, p. 218). Com base na afirmação surgem três palavras:
admoestar, combativo e inflexível. Estas são condições necessárias para aplicar a disciplina,
como Portela bem afirma: “Se a disciplina tem o objetivo inicial de demarcar claramente as
linhas e de enfatizar a pureza da igreja, o seu objetivo final nunca pode ser esquecido ou
perdido de vista – a restauração, a salvação do pecador restaurado” (PORTELA, 2001, p.61).
Em outro momento, Paulo chama atenção para outro problema na Igreja, em Tessalô-
nica. (II Ts 3.6-15). Fato é que alguns crentes não queriam trabalhar. Por certo queriam co-
mer, beber e vestir. Se fosse hoje, seriam os pedidos mais diversos: dinheiro para pagar
aluguel, comprar uma passagem para visitar um parente, comprar gás de cozinha, pagar a
energia, pagar a parcela do carro vencida e tudo isso, num tempo em que o mercado de tra-
balho pede operários para todas as obras. A chateação daqueles irmãos é a mesma nossa! O
problema só mudou no tempo e no endereço.
Paulo orienta aos grupo de ociosos: “trabalhando em paz, consigam o próprio pão” (II
Ts 3.12). Noutro momento, ele se reporta à igreja escrevendo: “não vos canseis de fazer o
bem” (II Ts 3.13). Diante do explicitado, existe uma recomendação de que se afaste daquele
irmão para não haver estresse entre eles. Entretanto, “não o considereis inimigo”. A diferen-
ça no processo se conclui na disciplina: “corrigi-o como irmão”. Se um irmão em Cristo pecar,
vá até ele em particular e repreenda-o, ou seja, exponha diante dele o pecado. Essa foi a
orientação de Paulo.
Não é estranho que se encontre pessoas que “naufragaram na fé”. Paulo faz menção
de dois homens: Himeneu e Alexandre que rejeitaram as profecias e naufragaram na fé. O
que parece estranho é o que Paulo disse que fez na disciplina contra eles: “eu os entreguei a
Satanás, para que aprendam a não blasfemar” (I Tm. 1.20). Faz sentido o peso e força dessa
expressão da disciplina, quando se aprecia que os dois homens influenciavam a comunidade
com falsos ensinamentos, blasfemavam e diziam injurias contra a doutrina de Cristo e dos
seus ministros. Seria uma situação conflituosa para a igreja 3 hoje, confinada de timidez e
suave nas decisões pertinentes à disciplina.

2
Agregar pessoas é resultado de um processo do ensino do Evangelho com todo o benefício de transforma-
ção que o evangelho traz e do envolvimento afetivo dos crentes com a pessoa. Ela aprende pelo exemplo a ser
serva do Senhor Jesus.
3
A igreja cristã tem sido acusada de ser o único exército que atira nos seus feridos. O grau de verdade dessa
acusação é, muitas vezes, devido a mal entendido com relação à disciplina eclesiástica. (Santos, 2001, p.28).

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Um caso não muito raro é a condição de líderes na igreja estarem em pecado. O que a
Bíblia recomenda, vem de Paulo para o pastor Timóteo, orientando-lhe como tratar desse
tipo de questão. Ele afirma: “Não aceites acusação contra um presbítero, se não houver mais
de duas ou três testemunhas. Quanto aos que vivem no pecado, repreende-os na presença
de todos, para que os outros também tenham temor” (I Tm 5.19-20). Uma denúncia (acusa-
ção) é coisa muito séria. O líder pode agir observando uma boa consciência para não infringir
no princípio da boa convivência. Portanto: nenhuma acusação deve ser aceita precipitada-
mente, em relação a qualquer membro da igreja. Todo o mau feito deve merecer atenção e
ser averiguado, por pessoas idôneas. As igrejas batistas costumam levar os assuntos perti-
nentes à disciplina para uma Comissão de Membros constituída para esse fim.
Os casos, geralmente, são tão delicados que na sua maioria precisam de reserva para
serem cuidados, até a conclusão da disciplina. Ocorrem que alguns faltosos ainda persistem
no erro. Aqui inicia uma situação polêmica e traumática, porque nenhuma pessoa, vivendo
no erro, quer expor o seu nome publicamente 4. Mas a orientação bíblica é que devem ser
repreendidos e a congregação resolverá o que de se deve fazer com a pessoa em erro. Cabe
aos líderes, conduzir a igreja com imparcialidade mais absoluta.
O apóstolo Paulo escreveu ao pastor Tito sobre outro problema na igreja, relacionado
aos membros que estavam provocando acirradas discussões e divisões na igreja. Ele afirma:
Mas evita discussões tolas, genealogias, discórdias e debates acerca da lei; pois são coisas
vazias e inúteis. Depois de exortar a primeira e a segunda vez alguém que causa divisões,
passa a evitá-lo. Sabes que tal indivíduo perverteu-se vive pecando e já condenou a si
mesmo”. (TITO, 3.9-11, Séc. 21, p. 1221).
Tem gente que gosta de controvérsias estúpidas e insensatas; gosta de discutir quem é
pai de quem; gosta de contendas, brigas, está inclinado a uma intensa discórdia; gente que
gosta de debater assuntos dos mais diversos, como afirma Paulo: “não têm utilidade” e isso
traz desgastes à unidade da igreja.
O verso 10 do texto afirma que a disciplina informativa que é a instrução. Essa pessoa
deve ser advertida, admoestada. Os pastores estão na obrigação de admoestar aos facciosos
apenas uma ou duas vezes e em seguida discipliná-los. Um pouco mais de tolerância, tam-
bém é visto na linguagem de Paulo, falando a Timóteo (II Tm 2.25-26). De fato, o processo da
disciplina na igreja é tarefa árdua.
Sobre tudo, certifica-se que Deus cuidou de todo o processo e que nos instrui através
da Sua palavra, e em conformidade com ela, enquanto igreja precisa-se exercer a disciplina
nos mais variados casos. Tendo feito isso, entender que o processo não é do homem, mas de
Deus para auferir ao seu corpo a graça de viver uma vida santa.
2. A Disciplina Bíblica com Base no Novo Testamento.
A disciplina se constrói na formação e não na exclusão de uma pessoa do rol de mem-
bros da igreja.
Para tanto, é visto que o mesmo precisa ser educado na doutrina de Cristo, seja enco-
rajado e ensinado a andar direito sobre os próprios pés. No caso de falhar e cair, a disciplina
será vista na restauração, colocando em ordem as coisas que saíram do controle e da pre-
sença de Deus.
Qual o objetivo de tudo isso, para tamanho empreendimento: de tempo, de pessoas,
de oração, de afeição, de afetividade que culmine no exemplo de vida a ser seguido, de en-
sino do Evangelho como o poder que transforma? A disciplina é um dos pilares de uma igreja
teologicamente bíblica. Uma igreja santa e irrepreensível, sem mácula e nem rugas é uma

4
Santos afirma: “é preciso lembrar que toda atitude pecaminosa precisa ser corrigida, mas há algumas que
requerem correção pública” (Mateus 18.16-17). (SANTOS, 2001, p.30).

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igreja que faz da disciplina e dos seus aspectos interdisciplinares o meio para a construção
de vidas saudáveis e reverentes com temor ao Senhor.
3. A Disciplina na Igreja de Hoje
Paulo escrevendo ao pastor Timóteo orientou: “saibas como se deve proceder na casa
de Deus, a qual é a igreja do Deus vivo, coluna e esteio da verdade”. (I Tm 3.15). A igreja é
coluna e fundamento da verdade. Coluna e esteio mantém o edifício firme. As colunas fazem
o edifico subir. Assim, a igreja é chamada para servir à verdade, mantendo-a firme, e man-
tendo-a elevada para que as pessoas as vejam. Significa dizer que, a igreja possui padrões
doutrinários e uma confissão de fé que devem ser vividos e defendidos pelos membros do
corpo de Cristo.
Um fator contemporâneo vem mesclando o sentimento e o pensamento dessa pureza
de preservação dos padrões doutrinários e da confissão de fé no meio evangélico. As in-
fluências midiáticas são fortes e pressionam o meio cristão para o aculturamento da fé, re-
produzindo novas formas de pensar e agir quanto ao modo de ser da igreja. Isso chega ao
contexto eclesiástico com boa aceitação e um dos pontos vulneráveis às mudanças exigidas
é a disciplina na igreja.
A disciplina é um procedimento que navega em torno das Escrituras, além disso, de
acordo com o que ela ensina e tem por base o interesse no membro que está sendo tratado.
A forma bíblica da disciplina leva em consideração o consenso e a opinião de muitos, quando
preserva o âmago da verdade bíblica a ser vista, e considera observar um ambiente favorá-
vel e hospitaleiro para o tratamento da questão e seguir passo a passo o ensino bíblico reco-
nhecido para ministrar a disciplina na igreja.
Apesar de todo reconhecimento de como tratar a questão, a disciplina é algo em risco
de extinção na igreja. Os dias atuais com todas as suas influências perniciosas encontram
lugar no seio da igreja e toda e qualquer demanda que represente correção, que exija mu-
danças de posturas e comportamentos, são mensagens não tão bem-vindas. O sentimento,
o pensamento e até mesmo a crença, é que a igreja perdeu a sua centralidade e passou viver
dependente dos indivíduos, sejam membros ou não da igreja, ainda que eles não a represen-
tem como coluna e esteio da verdade.
A igreja acostumou-se a ouvir pessoas contestarem a mensagem bíblica, as decisões
por mantê-la projetando a fé no coração do homem contemporâneo; tonou-se passiva dian-
te de homens e mulheres carnais que se levantam em defesa dos seus laços sanguíneos e de
amizades que praticaram erros que precisam de disciplina. Alegam que a disciplina é falta de
amor. De fato, a disciplina quando não tem respaldo bíblico é justiceira e sem amor. Prática
de muitos impedirem a disciplina na igreja é idolatria, porque substitui Deus por alguma coi-
sa na vida de uma pessoa. Deus é zeloso e simplesmente não tolera essa prática.
A correção é fonte de esperança para os que aplicam e vida para aqueles que a rece-
bem corretamente (cf. Pv 19.18 e 4.13), não pense ser expressão de ira e hostilidade, mas
um exercício de uma ordem bíblica de amor do Pai pelos seus filhos.
Somente a ignorância, o desconhecimento, os equívocos, ou a dureza de coração po-
derão levar alguém a deturpar os princípios bíblicos sobre a disciplina eclesiástica e justificar
sua ausência entre os membros do corpo de Cristo. O mundo não espera isso, a palavra
também não, o projeto de Deus diz que não, só resta o povo de Deus colocar uma dobradiça
no pescoço e curvar diante do ensino poderoso da Palavra de Deus.
4. Os Líderes e a Disciplina na Igreja.
Considera-se que Deus levanta líderes e concede-lhes autoridade para encaminhar
processos legítimos, por serem bíblicos, como a disciplina na igreja. A disciplina não perten-
ce ao líder, ela é uma ferramenta que pertence à igreja, que por sua vez não pode prescindir

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de usá-la no tempo certo de modo certo, nos moldes dados pela Palavra. Os líderes foram
chamados por Deus e dentre as suas tarefas a serem exercidas, também, devem estabelecer
a disciplina na igreja, o corpo de Cristo, “sem mácula, nem ruga”. No contexto de Mateus
18.15-19 Jesus disse no verso 18: “Em verdade vos digo: tudo quanto ligardes na terra será
ligado no céu e tudo quanto desligares na terra terá desligado no céu”. É a presença do líder
não indiferente aos conflitos, mas agindo sobre eles.
A disciplina existe para ser exercida, com vários propósitos em mira: manter a sã dou-
trina. O apóstolo Paulo chama Timóteo e lhe instrui: “Conforme te pedi, quando partia para
a Macedônia, permanece em Éfeso para advertires alguns de que não ensine outra doutri-
na”. (I Tm 1.3). O verbo “advertires” coloca sobre Timóteo a responsabilidade da tarefa: dar
ordem, comandar, dirigir, admoestar. Ele tinha autoridade orgânica 5, como também, tinha
autoridade oficializada para isso. Era de sua responsabilidade conduzir aqueles que estives-
sem sob sua tutela.
O líder espiritual foi chamado por Deus para colocar em ordem a sua casa. A disciplina
mira repreender os ofensores. Esse trabalho é árduo para a liderança. Paulo ensinou a Timó-
teo: “Quanto aos que vivem no pecado, repreende-os na presença de todos, para que os
outros também tenham temor” (I Tm 5.20). Timóteo muito jovem e no início de sua jornada
ministerial. Esta orientação pode causar constrangimento público, desencadear mais animo-
sidade e gerar um conflito ministerial sem precedente, perante a igreja. Esta nem sempre
concilia disciplina com repreensão e sim disciplina com afago, sobre a alegação de que o
ofensor vai se consertar. Quando?
Aos líderes, se tem algo que os agrada é a mira da disciplina sobre a edificação dos
crentes. Paulo escreveu: “Pois não me envergonharei, embora, de alguma forma, eu me glo-
rie mais da autoridade que o Senhor nos concedeu para a edificação, e não para a vossa des-
truição”. (I Co 10.8). Não resta dúvida de que a disciplina corretiva é desgastante e bom seria
que investíssemos todo o tempo em edificação da igreja. Edificação foi o simbolismo empre-
gado por Paulo para dizer que o seu ministério era o da edificação.
Creio que uma igreja edificada diminui, sensivelmente, o número dos que são ou preci-
sar ser disciplinados dentro da igreja. Não foi por acaso que o Espírito Santo permitiu Paulo
dizer a Timóteo: “prega a palavra, inste a tempo e fora de tempo, aconselha, repreende e
exorta com toda paciência e ensino” (II Tm 4.2).
A liderança espiritual que tem a responsabilidade da pregação da Palavra e deve fazê-
la com conhecimento e autoridade. Essa liderança deve propor a si mesma, “no exercício de
sua tarefa; sem importar se estiver em vista a determinação ou proibição, o dispensar ou
tornar obrigatório, o soltar ou o ligar. Deveriam usar essa autoridade exclusivamente con-
forme Jesus dela se utilizou, visando a salvação, e não a destruição de almas”. (Adam Clarke,
in loc). Observo que pastorear e exercer, fundamentalmente, o ministério não é tão simples.
As exigências são altas e por vezes difíceis de serem atendidas. MacArthur afirma: “O pasto-
reio espiritual exige um homem íntegro, piedoso, dotado de muitas habilidades. Ainda as-
sim, ele deve manter a atitude e a postura humilde de um menino pastor”. (MACARTHUR,
2012, p.15).
A disciplina mira preservar a decência e a ordem na igreja. “Mas tudo deve ser feito
com decência e ordem” (I Co 14.40). Paulo orienta que se deve conduzir todo o processo
com decoro. O conflito em Corinto era crítico. As facções se manifestavam se receio ou pu-
dor. O apóstolo destaca que não poderia ser assim, mas tratar as coisas com dignidade, sob
a disciplina apropriada. Por vezes a igreja fica dividida por um problema que vai se refletir no

5
Autoridade orgânica. É a autoridade que se enraíza na vida espiritual, (...) é autoridade comunicada. Isto é,
quando uma pessoa comunica a vida de Deus através de palavras ou ações, ela tem o apoio ou o respaldo do
próprio Senhor. (VIOLA, 2009, p. 212).

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evangelismo, na comunhão, na música e outras áreas do ministério pastoral.


Cabe ao líder trazer a causa ao seu domínio, pela autoridade orgânica e oficial para tra-
tá-lo apropriadamente. Há concordância de pensamento entre os autores de que a disciplina
deve ser exercida pela liderança com o tempero do amor. (cf. II Co 2.6-8). Para Viola: “o
amor reconhece que somos chamados para representar uns para com os outros a vontade
do Espírito Santo, não para substituir sua pessoa ou tomar o lugar de seu trabalho”. (VIOLA,
2009, p.134). O amor em serviço identifica a igreja e o ser humano. Faz dela uma comunida-
de cristã construída de pessoas que amam e cuidam uma das outras. Isso implica no trabalho
de reuni-las em uma família para Deus. A igreja foi enviada ao mundo com esse propósito.
A maneira como se vai operar a disciplina é parte essencial da estratégia da missão. A
essência dessa estratégia tem sido a igreja se identificar com o ser humano em seus agru-
pamentos, até mesmo aqueles que se revelaram opositores e malfeitores à fé cristã, e mes-
mo assim, devem ser cuidados e tratados. O amor é essa disposição para cuidar, admoestar,
repreender. É patético ver uma liderança tão rígida na disciplina e tão fraca no amor. O con-
trário, também, é verdadeiro! É patético ver uma liderança exemplar no amor e frágil na
diligencia da disciplina, esquecendo-se de que Deus disciplina porque ama.
É mais fácil disciplinar do que amar. Fica evidente que disciplina desprovida de amor
pode ser um ato destrutivo e não construtivo. A igreja e sua liderança pode se constituir
numa sociedade fria, justa aos seus próprios olhos e sem o tempero do amor. Mas não é
assim que aprende de Cristo. Temos sido edificados por Ele para sermos um povo santo. No
entanto, a santidade anota Scofield, no roda pé: “não é ausência tão somente do pecado”.
(Bíblia, Scofield, 1987, p.1268). Então, o que mais indica a santidade do povo, da igreja e dos
líderes de Deus? Paulo responde em Gálatas 5.22-23: “é o amor, alegria, paz, paciência, be-
nignidade, bondade, fidelidade, amabilidade e domínio próprio”. O Espírito Santo forma es-
sas qualidades positivas na liderança e na igreja para aplicar a disciplina não na carne, sem
afeição natural, mas sob a unção e na instrução do Espírito de Deus.
A liderança bíblica usa dos meios e recursos dados por Deus para aplicar a disciplina na
igreja, que por sua vez, tem o direito democrático de opinar aceitando ou rejeitando a disci-
plina a ela imposta. Uma questão: a ausência do conhecimento sobre a santidade de Deus
leva a igreja a admitir uma causa que estabelece uma situação agravante6, de risco moral e
espiritual, no seio da igreja, visto tão somente pelo olhar da fé na Palavra de Deus. Paulo dá
orientação pelo Espírito Santo de como essa a restauração possa a ser processada para com
o membro culpado. Ele ensina sobre o amor, porque o amor pode reformar, pode fortalecer,
pode conquistar, pode restaurar, pode aceitar, pode perdoar até mesmo além da disciplina
mais severa e sem amor fraternal.
Em tese, se encontra na Bíblia respaldo para acreditar que a liderança deve abdicar da
disciplina eclesiástica. Um conceito errôneo sobre a disciplina é que o termo leva a pensar
de imediato, em alguém que foi excluído. Isso foi sedimentado ao longo do tempo, nas dis-
putas em sessões administrativas, de que o irmão fulano deveria ser disciplinado. Porém, a
palavra disciplina significa que “uma pessoa está sendo formada com o caráter e mente do
seu mestre”. (SHED, 2010, p.13).
Os servos do Senhor Jesus serão instruídos de acordo com o caráter e a mente de Cris-
to pela Palavra lida e pregada. O pastor exerce a instrução e a educação da igreja. É um fe-
nômeno: se a Escola Bíblica vai bem, se os exemplos de vida e lideranças vão bem, se os mi-
nistérios da igreja edificam, se as mensagens proferidas são oriundas da Palavra e alcançam
o crente, não resta dúvida de que os resultados de vidas santas e consagradas a Deus farão a
diferença.
6
Os problemas de disciplina têm base na ausência do conhecimento bíblico ou de rebeldia velada. A igreja
precisa ser instruída sobre a compreensão bíblica correta do pecado.

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A liderança espiritual da igreja parte do princípio de que o pastor é voz do rebanho e


por ele deve passar todas as coisas. Não poderia ser diferente! O pastor, também, não pode
se esconder por receio e medo das lutas e assoleiros que surgem no ministério. Ele é cha-
mado e tem a vocação para tal. Por isso, ele pode se espelhar em Paulo quando inicia a mai-
oria de suas cartas declarando ser ele apóstolo pela vontade de Deus. Isso é um triunfo, po-
rém, outra realidade surge: o peso de saber que o ministério da Palavra é uma luta de vida
ou morte. Portanto, o pastor deve pensar certo e nas possibilidades certas para fazer exata-
mente o que é certo à luz do olhar de Deus. O pastor foi chamado para salvar vidas. Veja o
que afirma John Piper:
Eu costumava dizer que meu objetivo como pastor e mestre era glorificar a
Deus mediante a salvação dos pecadores e a edificação do corpo de Cristo –
ganhando os perdidos e edificando os santos. Mas a pretensão por trás do
meu objetivo estava equivocada. Achava que meu papel na salvação das
pessoas consistia apenas em pregar o evangelho aos perdidos e orar por
eles. Por isso, desde que estivessem convertidos e frequentassem uma igre-
ja, minha função como instrumento de Deus em sua salvação teria termi-
nado. Afinal, eu nada mais era que um agente divino em determinada eta-
pa da santificação e edificação dessas pessoas. Meu erro foi pensar que
somente a salvação dos perdidos dependia da minha pregação, e não a sal-
vação da igreja. (PIPER, 2009, p.121).
Jesus Cristo ensinou que a justiça que permite entrar no reino do céu não é a que pro-
vém das próprias forças. Tal justiça precisa ser produzida no pastor por uma fonte divina, a
Sua Palavra. O Senhor quer que os seus discípulos entendam que a justiça que procede do
alto é o trabalho de Deus em nós. E Ele manda os que foram por Ele chamados e designa-
dos a ensinar7 o seu povo a viver na Sua presença e experimentar a alegria de salvação
incólume. A disciplina na igreja nos impõe essa benigna responsabilidade.
Aprende-se com Paulo que toda lei estava compreendida na lei de amor o próximo. A
disciplina tem essa dimensão: O provérbio: “Não faça aos outros, o que você mesmo detes-
ta”, é um resumo da lei da boa convivência. Paulo ensinou sobre carregar as cargas uns dos
outros como cumprimento da lei de Cristo (Gl 6.2), a soma de tudo isso é que se pode inferir
com certa lógica que Paulo sabia como Cristo aplicou o mandamento: “Amarás o teu próxi-
mo como a ti mesmo”. Além disso, a instrução de “levar as cargas uns dos outros” parece ter
origem nas seguintes palavras: “Se alguém for surpreendido nalguma falta, vós, que sois
espirituais, deveis restaurar essa pessoa com espírito de humildade” (Gl 6.1). Jesus afirmou
também: “Se teu irmão pecar contra ti, vai a sós com ele e repreende-o; se te ouvir, ganhas-
te a teu irmão” (Mt 18.15).
5. O Caminho da Disciplina Eclesiástica
Quem ordena a disciplina na igreja também estabelece o padrão a ser seguido. Esse
padrão se fundamenta no que a Palavra de Deus ensina a respeito da questão. Embora a
disciplina seja um procedimento hostilizado, e isso tem fundamentalmente na adoção do
comportamento mundano na vida crente; a disciplina é sobre tudo, um exercício de amor do
pai pelo filho. Para (SANTOS 2001, p. 31): “amor e disciplina possuem conexão vital (Ap
3.19). Além do mais, disciplina envolve relacionamento de família como afirmou o escritor
de Hebreus:

7
A Bíblia ensina que arrepender-se é mudar de ideia com relação ao pecado; é abandonar a intenção e o
propósito de nos agradarmos a nós mesmos e tomar a deliberação de agradar somente a Deus. É do arrepen-
dimento que procede toda a justiça e santidade. (REIDBEAD, 1992, p.26)

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É visando à disciplina que perseverais. Deus vos trata como filhos. Pois qual
é o filho a quem o pai não disciplina? Mas, se estais sem disciplina, da qual
todos se têm tornado participantes, então, não sois filhos, mas filhos ilegí-
timos. Além disso, tínhamos nos pais humanos para nos disciplinar, e nós os
respeitávamos. Logo, não nos sujeitaremos muito ao Pai dos espíritos, e as-
sim viveremos? (HEBREUS 12.7-9, Séc. 21, p. 1235).
Dessa forma, quando os cristãos recebem disciplina divina, o Pai celestial está apenas
tratando-os como seus filhos.
A Bíblia é clara em apresentar a disciplina na igreja fundamentada não apenas no bom
senso, mas estruturada nos imperativos da Palavra de Deus, que excede ao indiferentismo
comumente visto perante pessoas que se encontram em falta. Por isso, o objetivo da disci-
plina eclesiástica deve atender a algumas necessidades que promovam a ressurreição do
indivíduo dentre os mortos. As necessidades emergentes são: (1) da instrução que desen-
volve o caráter do crente a alcançar a plena maturidade em Cristo. (cf. Gl 4.19). (2) de equi-
par o crente de discernimento e vontade própria para tomar decisões amadurecidas como
cristão. (cf. Ef 4.2). (3) de capacitar o indivíduo para o desempenho do seu chamado na ter-
ra. (cf. Fp 2.25; I Tm 4.16). Como observado, os objetivos espirituais não podem ser alcança-
dos com recursos meramente humanos, Shedd afirma:
É verdade que nas passagens onde estas palavras são usadas, encontramos
“homens convencendo” pecadores, mas fica assentado que sentir a neces-
sidade de confessar pecado a Deus e mudar de pensamento no sentido de
arrependimento (metanoia) resulta da operação do Espírito Santo. Persua-
dir cabe ao homem; quebrantar o coração, ao Espírito de Deus. (SHEDD,
2010, p.29).
A disciplina eclesiástica, segundo Santos, (2001) tem um triplo objetivo: 1) restabelecer
o pecador (cf. Mt 18.15; I Co 5.5; Gl 6.1); 2) manter a pureza da igreja (I Co 5.6-8) e dissuadir
outros (I Tm 5.20). Esses pressupostos ramificam a correta aplicação da disciplina na igreja,
no que diz respeito aos pontos seguintes:
Shedd (2010) argui que em primeiro lugar, o conceito de convencer pressupõe que um
membro tenha pecado que deve ser removido (cf. Jo 8.46). “Se teu irmão pecar vai arguí-lo
(elegxon) entre ti e ele só”. (Mt 18.15). Trata-se de um membro que pecou e esse pecado
não pode ficar encoberto. Essa pessoa precisa ser convencida do erro no primeiro aconse-
lhamento, tendo ele aceito, o resultado é que ganhou o seu irmão (v.15b). E no caso de não
haver sucesso com a pessoa em questão; segue para o segundo encontro levando mais duas
testemunhas e se não obtiverem êxito? Segue ao terceiro passo do processo: A igreja toma
conhecimento do problema e mesmo assim a referida pessoa não aceitando corrigir o seu
erro, ela perderá a sua condição de membro, passando pela disciplina cirúrgica 8. A exclusão
não é disciplina pedagógica ou punitiva, mas um gesto de amor para com o membro faltoso
e uma ação preventiva em favor da igreja. (SOBRINHO, 1998, p.131).

8
O processo da disciplina eclesiástica passa por pelo menos quatro estâncias. A primeira é a disciplina pre-
ventiva exercida pela igreja, quando torna visível para os membros a instrução das doutrinas, treinando-os a
ter um eficaz desempenho cristão de comportamento, de serviço, de disciplina espiritual, moral e social na vida
diária, dentro e fora da igreja. A segunda é a disciplina corretiva exercida quando um membro erra causando
danos a si mesmo e a outros. A pessoa é corrigida e a disciplina deve ser isenta de vingança, de desejo de punir,
de retaliação, partidarismo e ciente de que o custo da recuperação pode ser de muita compaixão e paciência. A
terceira estância é a disciplina cirúrgica – exclusão. No caso de uma recuperação ser inviável, do faltoso impe-
nitente, a igreja tem o direito de considerá-lo excluído (cf. Tm 18.15-17). Por fim, um procedimento estranho
aos ensinos bíblico que é a carta compulsória, uma transferência não solicitada, mas imposta pela igreja. Nesse
caso o problema é transferido de endereço.

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De modo prático, segundo a Bíblia, a disciplina se fundamenta não apenas no exercício


do bom senso, mas sobre tudo e principalmente nos pilares da Palavra de Deus. A disciplina
é mandamento bíblico, proferido pelo Senhor Jesus. (cf. Mt 18.15-17). Paulo orienta a igreja
em Corinto sobre a prudência em observar a disciplina. (cf 1 Co 5.1-13). A não observância é
negligência desse mandato, com resultados negativos, bem como, comprometedores para a
vida espiritual da igreja, e do seu desempenho no trabalho, na proclamação da Palavra, pre-
judicando também, a sua própria existência na comunidade onde está inserida.
É unânime o entendimento de que “a igreja sem disciplina é uma igreja sem pureza (cf.
Ef 5.25-27) e sem poder (cf. Js 7.11-12a)”. (SANTOS, 2001, p. 32). O erro cometido por um
membro tem proporções consideradas na vida da igreja, porque o pecado impregnado cor-
rompe o caráter do crente, mancha-o e o torna inútil. Foi o que Paulo disse: “Todos se extra-
viaram, e juntamente se fizeram inúteis” (Rm 3.12a). Segundo MACARTHUR: “as pessoas não
redimidas são inadequadas para qualquer bem espiritual, imprestáveis para a justiça, ade-
quadas somente para serem lançadas ao fogo e queimadas” (cf. Jo 15.6). Diante de um fato
como esse, pode uma igreja subsistir encharcada de pessoas que fazem parte do seu corpo,
porém, não vivem a redenção do seu pecado?
Quando Paulo se dirige a igreja em Corinto, ele escreveu: “De fato, ouve-se que há
imoralidade entre vós, e imoralidade do tipo que nem mesmo entre os gentios se vê, a pon-
to de alguém manter relações sexuais com a mulher de seu pai”. (1 Co 5.1). || (cf. vs 3-5). O
apóstolo direciona a igreja a tomar uma posição diante do caso de imoralidade sem prece-
dente no âmbito da igreja. Em essência, Paulo está chamando a igreja para exercer a autori-
dade dada por Cristo, excluir aquele homem transgressor.
Jonathan Leeman (2013) sobre esse assunto faz substanciais questionamentos, quando
afirma:
Em primeiro lugar, ele diz à igreja para que aquele homem seja “expulso”,
mas expulso exatamente da onde? Além disso, por que ele admite que a
igreja possui autoridade para expulsar aquele homem? Aquele homem de-
ve prestar contas à Deus, não a eles, certo? Quem lhes deu o direito de ex-
pulsá- lo? E porque Paulo fala sobre o seu Espírito “ser salvo no Dia do Se-
nhor?” qual é a sua filiação a essa igreja e sua salvação? Finalmente, pare-
ce que Paulo tem outro alvo em mente além de manter as pessoas unidas.
Se o seu alvo não é simplesmente manter a igreja unida, que alvo é esse?
Nós podemos, consequentemente, chegar a essas perguntas, mas uma coi-
sa deve ficar clara para nós: Paulo reivindica um ato de autoridade institu-
cional a fim de defender o testemunho do evangelho. Aparentemente, o
evangelho e os princípios institucionais da vida da igreja talvez estejam tão
desconectados como às vezes pensamos. (LEEMAN, 2013, p.210-211).
Segundo Daver (2007): “se quisermos ver nossas igrejas saudáveis, temos de nos preo-
cupar ativamente uns com os outros, até ao ponto de confrontação”. (DAVER, 2007, p. 212).
6. Quando a Esperança Floresce?
A esperança floresce quando as pessoas começam a perceber que seus problemas são
basicamente espirituais: eles estão de certo modo, ligados ao pecado. De fato, reconhecer
que os problemas pessoais e interpessoais estão relacionados ao pecado constitui-se, em
boas novas, porque aí existe esperança. Por quê? Porque o motivo primário da vinda de Cris-
to ao mundo foi nos livrar da penalidade e do poder governante do pecado.
Dessa perspectiva bíblica sobre esse problema chamado pecado surge repleta espe-
rança para as pessoas que lutam com padrões não bíblicos de pensamento, desejo, senti-
mento e vida. Essa perspectiva é libertadora e encorajadora; ela é bíblica, ela e verdadeira!

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Ela diz às pessoas que embora seus problemas pessoais e interpessoais sejam sérios e inten-
sos, existe esperança de mudança porque Jesus Cristo veio ao mundo para fornecer liberta-
ção da condenação e da corrupção, da culpa e da contaminação, da penalidade e do poder
escravizador do pecado na vida delas.
A pessoa em disciplina precisa saber sobre o pecado. O que é de relevante nessa ques-
tão? O pecado rouba o alvo da vida, desumaniza o coração, insensibiliza a alma, adoece a
mente, deflagra a maldade, deturpa a consciência e gera morte. O pecado pode ser proativo
porque tem origem no comportamento espontâneo, e pode ser reativo que são reações não
bíblicas às manifestações, expressões, ou resultados do pecado em nosso mundo; não ne-
cessária nem primariamente ações pecaminosas, mas atitudes, desejos, pensamentos, con-
ceitos, e ideias não bíblicos. É imprescindível conscientizá-lo de que deve “guardar com toda
a diligência o coração, porque dele procedem as fontes da vida” (Pv 4.23). A Bíblia afirma:
Ninguém, sendo tentado, diga: Sou tentado por Deus; porque Deus não po-
de ser tentado pelo mal, e ele a ninguém tenta. Cada um, porém, é tentado,
quando atraído e engodado pela sua própria concupiscência. Então a con-
cupiscência, havendo concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, sendo con-
sumado, gera a morte. Não vos enganeis, meus amados irmãos. (TIAGO
1.13-16, Séc. 21, p. 1239).
Não necessariamente pecados deliberados ou atrevidos, mas também pecados de ig-
norância e pecados secretos. Quem pode discernir os próprios erros? “Purifica-me tu dos
que me são ocultos”. Sem mencionar os pecados de presunção “guarda o teu servo, para
que se não assenhoreie de mim; então serei perfeito, e ficarei limpo de grande transgressão.
Sejam agradáveis as palavras da minha boca e a meditação do meu coração perante a tua
face, Senhor, Rocha minha e Redentor meu”! (Sl 19.12-14). “Ainda que outrora eu era blas-
femador, perseguidor, e injuriador; mas alcancei misericórdia, porque o fiz por ignorância,
na incredulidade” (I Tim 1.13).
A disciplina deve ter uma visibilidade da ocorrência. O pecado pode ser definido como
qualquer pensamento, ação, reação, aquiescência, atitude, desejo que escraviza, motiva,
escolha, sentimento e hábito contumaz, o que é contrário à vontade moral de Deus revelada
na Bíblia, quer conhecida pela pessoa ou não, quer deliberada e conscientemente escolhida
ou cometida como um padrão habitual de resposta.
Paulo afirma achar nele essa lei, mesmo querendo fazer o bem, o mal estava nele:
“Porque, segundo o homem interior, tenho prazer na lei de Deus; mas vejo nos meus mem-
bros outra lei guerreando contra a lei do meu entendimento, e me levando cativo à lei do
pecado, que está nos meus membros. Miserável homem que eu sou! Quem me livrará do
corpo desta morte? Graças a Deus, por Jesus Cristo nosso Senhor! De modo que eu mesmo
com o entendimento sirvo à lei de Deus, mas com a carne à lei do pecado” (Rm 7.21-25). A
graça que opera na disciplina vem do Senhor. Paulo escreveu:
Ele vos vivificou, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados, nos
quais outrora andastes, segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe
das potestades do ar, do espírito que agora opera nos filhos de desobediên-
cia, entre os quais todos nós também antes andávamos nos desejos da nos-
sa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos por na-
tureza filhos da ira, como também os demais. (EFÉSIOS 2.1-3. Séc. 21, p.
1189).
Jesus Cristo veio para fornecer libertação da condenação e da corrupção, da culpa e da
contaminação, e da penalidade e do poder escravizador do pecado na vida das pessoas. Essa
perspectiva bíblica comunica às pessoas que em Jesus Cristo elas encontram todos os recur-

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sos de que necessitam para escapar da corrupção no mundo e viver de forma piedosa e ain-
da encontra em Cristo a graça de viver vidas frutíferas caracterizadas pela excelência moral,
conhecimento, autocontrole, perseverança, bondade fraterna, e amor cristão (II Pedro 1.3-
8). Todo esse entendimento e empreendimento se realizam através da igreja, que é o corpo
santo, vivo e acolhedor de Cristo.
7. No Processo da Restauração
O desligamento formal de um membro da igreja não elimina os vínculos espirituais já
estabelecidos. A disciplina deve ser concebida como um instrumento para ajudar o crente a
vencer os seus problemas e a viver melhor a vida cristã. A disciplina não se destina a punir o
passado, mas a prevenir o futuro. A ênfase bíblica para a disciplina está no perdão e não na
punição. Há quem se glorie no número de exclusões, medindo o sucesso do ministério pela
quantidade de desligamentos, como se o fato revelasse espiritualidade absoluta, austerida-
de, zelo. Ao contrário, indica fracasso e não êxito.
Lidar com a restauração de um excluído e reintroduzi-lo na vida da igreja é um proces-
so a curto, médio e longo prazo. Varia de pessoa para pessoa, do problema ocorrido e como
foi devidamente tratado. Há situações em que o excluído toma uma posição unilateral, como
fruto de suas mágoas que geraram ressentimentos e raízes de amargura e decidem não mais
voltar àquela igreja ou abandonar o evangelho.
Trabalhar a restauração de um membro desgarrado é um dos desafios da Igreja local
hoje. Urge o ministério de encorajamento que precisa ser mais bem exercido, tanto para
conduzir crentes excluídos9 de volta ao relacionamento discipulador, como para levar a pró-
pria igreja a rever aspectos de seu ministério, que possam ser exercidos para ajudar as pes-
soas a crescerem no relacionamento, amadurecerem na fé e aprenderem a guardar o ensino
de Cristo. O processo da restauração deve focar a descoberta do relacionamento pessoal
com Deus.
Essa restauração será suficiente para o enfrentamento de outras demandas da vida
cristã, como as provações, que são suficientes para debelar a fé. A pessoa deve ser desafiada
acerca de sua salvação, quando essas provações lhe pressionam. Elas revelam a fraqueza da
fé e anulam a profissão de fé mediante essas tempestades espirituais. (cf. Lc 6.46-49). Forta-
lecê-los é ajudá-los a ter uma interação com Cristo e Sua Palavra. Sendo assim, eles serão
maduros o suficiente para permanecerem firmes quando os problemas surgirem.
A Palavra de Deus é a única autoridade em questão de fé e conduta e é o único padrão
legítimo para avaliar todos os aspectos da vida. A Palavra é completamente suficiente para
orientar do mais simples aos complexos problemas da vida. No corpo de Cristo ocorrem pro-
blemas que devem ser tratados biblicamente. Portanto, a pessoa em processo de restaura-
ção precisa de ajuda para remover os obstáculos que o impede de andar com Cristo, crescer
e se multiplicar.
O processo de restauração segundo Viola é: “amor em disposição para admoestar ou-
tros quando estes se encontram em falta” [...] “amor é consciência de que por sermos mem-
bros uns dos outros e termos os mesmos ancestrais, nossas ações têm profundo efeito em
nossos irmãos e irmãs”. (VIOLA, 2009, p. 218). Portanto, reintegrar um crente afastado é tão

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Infelizmente, em algumas igrejas há uma só porta de entrada e várias de saída. As estatísticas de exclusões
são alarmantes, enquanto que as de reintegração são muito baixas. Quando se estuda a questão dos excluídos,
conclui-se que é fundamental agir preventivamente e para isso é necessário descobrir e eliminar as causas das
exclusões. Segundo SOBRINHO as causas de exclusão são: Fatores Socioeconômicos: mudanças de residência,
ascensão econômica e problemas conjugais. Fatores Religiosos: falta de conversão genuína, apelos malfeitos e
batismos precipitados. Fatores Doutrinários: falta de maturidade cristã, casamentos heterogêneos e abandono
da igreja para seguir outros grupos. Fatores Eclesiásticos: falta de cuidados pastorais (falta de amor, de organi-
zação ou de tempo) e visão distorcida da disciplina. (1998, p.132).

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importante quanto ganhar uma nova pessoa para Cristo. O trabalho de restauração pode ser
extremamente proveitoso, mesmo que o restaurando tenha pouco ou nenhum conhecimen-
to sobre o seu relacionamento com Deus em moldes bíblicos e o compromisso pessoal com
Cristo. Na medida em que o processo avança é notório que aquele irmão focaliza a sua aten-
ção de modo continuo na autoridade e suficiência da Palavra de Deus.
A restauração é a evidencia de uma sujeição mútua e isso é muito trabalhoso. Mexe
com o ego. Representa que as pessoas não gostam de estar sujeitas a outras. Aquelas que
vêm, por exemplo, de uma queda, trazem o ranço da individualidade, da liberdade sem pres-
tação de contas. Elas são vítimas da mentira de que podem fazer o que é reto aos seus pró-
prios olhos, sem a interferência de outro, principalmente de um conselheiro bíblico. (Pv
12.15). “Receber correção, admoestação e reprovação de outros mortais constitui uma cruz
pesada de carregar” (Pv 15.10; 17.10; 27.5-6; 28.23). (VIOLA, 2009, p. 221).
Esse processo de sujeição mútua contraria os interesses de nossa rebeldia. Portanto,
esse processo ressalta o fato de que o amor deve governar nossas relações quando vamos
lidar com a outra pessoa.
De maneira semelhante, o amor compelirá a abordar com um espirito gracioso e gentil
os nossos irmãos e irmãs em processo de restauração que necessita de nossa ajuda. Dessa
forma, se pode criar e manter um ambiente de compaixão e fraternidade. Um ambiente de
amor e comunhão cristãos previne contra as exclusões. Um crente amado e bem aceito que
aprendeu a amar e a aceitar seus irmãos em Cristo, sentir-se-á fortalecido para enfrentar e
superar os problemas da vida. O espírito de perdão e reconciliação é indispensável a um
ambiente de receptividade. Envolvido pelo amor e companheirismo cristãos, esse crente
sentir-se-á bem e não se afastará para não perder esse convívio. Esse clima fraterno contagi-
ará de modo especial, outros crentes afastados que vêm de outras igrejas.
Nem todos os excluídos são incrédulos. Há entre eles crentes genuínos que caíram e
outros que não receberam aconselhamento adequado. Um bom trabalho de integração ini-
cia-se com o aconselhamento na hora da decisão, prossegue com o cuidado no acompa-
nhamento do novo crente nos primeiros passos da vida cristã e só se completa quando o
crente acha-se plenamente envolvido na igreja em condições de cuidar de outros. Um bom
trabalho de integração aproveita melhor os frutos da evangelização e diminui o número de
exclusões. Toda igreja que desejar o discipulado com eficiência promoverá a edificação mú-
tua e possibilitará o treinamento de seus membros para que haja permanente ministério de
encorajamento.
A disciplina na igreja não é opcional. Ela procede de Deus e tem implicações funda-
mentais na vida e na obra da igreja. Sua fonte é o senhorio de Cristo, o qual dá o fundamen-
to para o exercício da disciplina. A igreja a exerce com o fito de honra a Deus e à sua glória,
bem como, tratar da saúde da igreja, evitando que o pecado dentro dela se espalhe. A inten-
ção da disciplina é restaurar o irmão que pecou e encorajá-lo a crescer para maturidade. O
âmago da disciplina é libertar o cativo. É amar o irmão o bastante para não deixá-lo no pe-
cado nem entregá-lo à miséria de sua escravidão. Poirier afirma citando Dietrich Bonhoeffer:
“Nada pode ser mais cruel do que a ternura que deixa o outro em seu peado. Nada pode
demonstrar mais compaixão do que a severa repreensão que chama de volta um irmão per-
dido em pecado. Esse é um ministério de misericórdia”. (POIRIER, 2011, p. 233).
Considera-se, ser a disciplina na igreja fator de obediência a Deus e uma declaração de
total necessidade de ajuda. A prática da disciplina é positiva, porque esclarece o perigo fatal
do pecado praticado contra a pessoa que o fez e contra a igreja, como o corpo de Cristo. O
erro depõe contra o testemunho da igreja para a comunidade onde está inserida. Na sua
devida proporção, para o país e o mundo. A disciplina evidencia também, que a santidade do
crente deve refletir a santidade de Deus. Viver no corpo de Cristo, que é a igreja, precisa ter

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sentido, e não o encontramos em nossas posições pessoais, mas o sentido se dá no precioso


nome de Cristo.
A disciplina transige por preservar a doutrina da igreja, do que é sagrado e da vida cris-
tã. Calvino afirma: “a segurança da igreja é fundamentada e sustentada sobre a doutrina,
disciplina e os sacramentos”. Portanto, não se pode perder de vista que a disciplina é um dos
pilares que se deve fincar. A igreja não pode prescindir de usar a disciplina quando o mal se
fez presente e usar a disciplina para a prevenção do mal. Esse deve ser o caminho a seguir na
disciplina da igreja do Senhor.
XVII. A DOUTRINA DA VIDA CRISTÃ
Cremos que todo regenerado por Jesus Cristo deve andar em amor, fé e esperança.
Cremos que todo regenerado deve ser um servo comprometido com uma vida de adoração, conduta e serviço que
glorifiquem a Deus.
Cremos que esta vida só é possível pela obediência às Escrituras, submissão ao Espírito Santo e à prática da oração.

1. “Cremos que todo regenerado por Jesus Cristo deve andar...”


O homem que reconhece a sua condição de perdido pecador, sua incapacidade de al-
cançar o padrão de Deus, se arrepende do seu pecado, e crê no Senhor Jesus Cristo como a
provisão de Deus para a sua salvação, recebe o perdão dos pecados, o Dom da vida eterna
(regenerado), e anda em novidade de vida. (I Jo 2.15-17)
a) “...em amor...”
 Amor a Deus (Dt 6.4-7; Mc 12.28-30);
 Amor ao Próximo (Mc 12.31; I Co 13.13).

b) “...em... fé...”
 Fé salvadora (Jo 5.24; Rm 10.8-18; Gl 3.11);
 Fé santificadora (Rm 1.17; Hb 12.1-2).

c) “...em... esperança.”
 Esperança da vida eterna (I Co 15.19; I Jo 5.11-12);
 Esperança no arrebatamento da igreja (I Co 15.51-54);
 Esperança que, no Senhor, nosso trabalho não é vão (I Co 15.57-58).

2. “Cremos que todo regenerado deve ser um servo comprometido”...


a) ...”servo comprometido...” significa colocar-se voluntariamente e totalmente de-
baixo do senhorio e da Palavra de Jesus Cristo (Rm 6.17-18; Gl 5.13).
b) “...com uma vida de adoração... que glorifiquem a Deus.” – Fomos salvos para vi-
vermos uma vida de adoração/submissão a Deus ( Jo 14.21; Ef 1.12).
c) “...com uma... conduta... que glorifiquem a Deus.” – Fomos salvos para vivermos
uma vida transformada por Jesus (Gl 5.16; II Co 5.17).
d) “...com um... serviço que glorifiquem a Deus.” – Fomos salvos para servirmos a
Deus e ao nosso próximo (Jo 12.23-26; Gl 5.13).
3. “Cremos que esta vida só é possível...”
Deus providenciou pela Sua graça tudo quanto precisamos para vivermos de forma
que o agrade.
a) “...obediência às Escrituras...”
 A Palavra de Deus é semente essencial na salvação de todo que crê ( Rm 10.17);
 A Palavra de Deus é inspirada para nos santificar e equipar (II Tm 3.16-17);
 A Palavra de Deus sustenta (Sl 119.116), conforta (Sl 119.50, 92), dá paz (Sl
119.165), purificação (Sl 119.9, 11), guia (Pv 6.23) e da liberdade (Sl 119.45; Jo
8.32);

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 A Palavra de Deus gera maturidade se praticada (Tg 1.22).


b) “...submissão ao Espírito Santo...”
 O Espírito Santo é o poder regenerador para o novo nascimento ( Tt 3.5-8);
 O Espírito Santo é o poder santificador (I Co 6.11; II Ts 2.13);
 O Espírito Santo deve ter controle de nossas vidas ( Ef 5.18);
 O Espírito Santo desenvolve no salvo um caráter à semelhança de Cristo ( Gl 5.22-
23);
 O Espírito Santo não deve ser entristecido, nem apagado (Ef 4.30; I Ts 5.19).
c) “...prática da oração.”
 Deus responde nossas orações (Mt 7.7; 1 Jo 3.22; Ef 3.20);
 Ele pode responder, não, quando sua graça e misericórdia se revelam melhor
através desta resposta (Mt 26.39; Lc 11.9-13; II Co 12.7-9);
 Devo seguir o exemplo de Jesus, orando sempre em submissão a Deus ( Mc
14.36);
 Devo vigiar e me dedicar à oração ( Ef 6.18);
 Às vezes devo jejuar e orar diante de necessidades específicas ( Mt 4.1-2; At 13.1-
3; 14.23).
 Na oração devo:
 Louvar a Deus (Sl 111.1; 112.1; 113.1);
 Agradecer (Sl 108.3-4);
 Confessar (I Jo 1.9);
 Interceder (Ef 6.18-19);
 Pedir (Fp 4.6-7; Tg 1.5; Hb 4.16).

XVIII. MORDOMIA CRISTÃ


1. Lições de Mordomia
Mordomia Cristã é a doutrina bíblica que reconhece Deus como Criador, Senhor- e Do-
no de todas as coisas (Gn 1.1; SI 24.1). Assim, como cristãos devemos colocar em prática
nosso dever e para tanto devemos ter conhecimento. Todas as bênçãos temporais e espiritu-
ais procedem de Deus e por isso devem os homens a Ele o que são e o que possuem e, tam-
bém, o sustento (Deut 8.17, 18; I Cr. 29:14-16).
O Cristão pertence a Deus porque Deus o criou e o remiu em Jesus Cristo. Pertencendo
a Deus o crente é mordomo ou administrador da vida, das aptidões, do tempo, dos bens, da
influência, das oportunidades, da personalidade, dos recursos naturais e de tudo o que Deus
lhe confiou em seu infinito amor providência e sabedoria (Mt 25: 14-30; 3 1-46).
2. Dízimo – Um Princípio Bíblico da Igreja
O DÍZIMO É UM PRINCÍPIO CRISTÃO BÍBLICO DA VERDADEIRA IGREJA
QUE DEVE SER PRATICADOS POR TODOS AQUELES QUE AMAM AO SENHOR

Um dos temas mais polémicos dentro das doutrinas bíblicas é o dízimo e como batista
cremos no dízimo como prática da igreja para o sustento da obra. O Dízimo era prática do
povo de Deus muito antes da Lei, Abraão há 2.000 anos antes de Cristo e cerca de 700 anos
antes da Lei, dizimou ao sacerdote Melquisedec, rei de Salém. Génesis 14.18-20.
Durante o Êxodo, na peregrinação do deserto, cerca 1.300 anos antes de Cristo o dízi-
mo se torna ordenança de Deus como parte do culto a Deus, entre, oferta alçada, oferta
voluntária, holocaustos e outros votos. Deuteronômio 12.5-6, 12.11; 14.22. Em Malaquias
3.7-10, depois do exílio o profeta repreende ao povo por negligenciar o dízimo, isto 800 anos
depois da Lei, ou 500 anos antes de Cristo. Em Lucas 11, Jesus não menciona o dízimo como
doutrina, mas como uma prática natural dos judeus, mas que vinha sendo praticado de for-

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ma errada.
a) Jesus não mudou a Lei; Hebreus 7.1-28
A prática do dízimo não mudou e nem mudará até a volta de Cristo. Hebreus 7 aponta
Jesus Cristo como sacerdote segundo a ordem de Melquisedec o qual recebeu Dízimo. Pelo
texto de Hebreus, 60 anos depois da palavra de Cristo, vemos o Dízimo pertencendo ao sa-
cerdócio de Levi e ao sacerdócio de Melquisedec, e Jesus segundo a ordem de Melquisedec
Hebreus 7.21, isto é sacerdote eterno, Hebreus 7.24, cujo sacerdócio está até hoje e para
sempre. O Dízimo segundo Hebreus capítulo 7, foi antes do sacerdócio levítico, durante o
mesmo e continua depois do mesmo; O Dízimo é mandamento de Deus, para todos seus
filhos, em vigor, até à volta de Cristo.
b) O Dízimo no Novo Testamento; Mateus 5.17-18
Existe um certo tato em nossos dias para se tratar do dízimo, creio que se um crente
diz que o dízimo não é bíblico, ele não compreendeu a bíblia. Os argumentos são que o dízi-
mo fazia parte da lei e a lei foi abolida por Cristo, Jesus disse em Mateus 5.17-18, “Não pen-
seis que vim revogar a Lei ou os Profetas, não vim para revogar, vim para cumprir. Porque
em verdade vos digo, até que o céu e a terra passem, nem um i ou um til, ιωτα εν η μια
κεραια κεραια keraia, jamais passará da Lei, até que tudo se cumpra”. As lições deixada por
Cristo nos ensinam a irmos além dos princípios religiosos do Velho Testamento. Lembre-se
do Sermão da Montanha.
A Lei estava carregada de cerimonial que apontava para Cristo, vindo Cristo a lei não se
encerrou e sim o cerimonial. Os dez mandamentos, são princípios eternos, estabelecidos por
Deus para as relações humanas. Assim também acontece com o dízimo. O princípio de que
Deus é o dono de tudo permanece, e com ele o nosso reconhecimento dessa propriedade,
expresso através do dízimo.
O dinheiro foi um dos assuntos que Jesus mais abordou em seus ensinos, embora,
normalmente, sua preocupação não era simplesmente a de dar orientações financeiras aos
que o ouviam. Ao utilizar fatos e parábolas envolvendo riquezas e bens materiais, Ele ilustra-
va os princípios e valores espirituais mais importantes que queria transmitir, de modo que as
pessoas pudessem entender. Sabendo o quanto o coração das pessoas está inclinado a valo-
rizar e a amar o dinheiro, Jesus confrontava os pecados delas, mostrava o quanto estavam
distantes da verdade de Deus e indicava o caminho certo a seguir.
c) O Dízimo Hoje;
Qual é o ensino do dízimo em nossos dias? O dízimo era uma prática entre os judeus,
não necessitava de um novo ensino, por isto Jesus mostrou muito mais que dizimar. Não há
no Novo Testamento um texto ordenando se dar o dízimo. Dízimo é adoração, nossa grati-
dão a Deus por tudo e por sua eternidade.
Compreendam algo em nossos dias:
 Se olhar para a igreja com uma visão espiritual então devemos trata-la como o
templo no Velho Testamento, com todos os seus desígnios;
 Se olharmos para a Igreja como uma instituição, então devemos tratar a igreja
como instituição jurídica com responsabilidades administrativas;
 A igreja tem ambas as identidades, é o espiritual, é uma instituição. Melquise-
dec não tinha templo, mas recebeu o dízimo.
O apostolo Paulo, em I Co 9, declara que o princípio do sustento do ministério na dis-
pensação da graça é o mesmo que o da dispensação da lei. Paulo está discutindo aqui o seu
direito de sustento por parte das igrejas. Fala do dever das igrejas de sustentarem seus

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obreiros, usando várias figuras para ilustrá-lo, entre elas a do boi que debulha. "Se nós vos
semeamos as coisas espirituais, será muito que de vós recolhamos as carnais"? Em I Co 9.1-
15 usa o apóstolo a ilustração do templo e do serviço dos levitas no altar, dizendo que eles
tiravam do altar o seu sustento. "Assim ordenou também o Senhor aos que anunciam o
evangelho, que vivam do evangelho", I Co 9.14
O dízimo era uma espécie de termómetro da vida espiritual do povo de Deus. Nos
tempos em que se mantinham fiéis a Deus, os judeus davam também o dízimo. Quando,
porém, vinham períodos de pecado e desobediência, negligenciavam o pagamento do dízi-
mo. Ainda hoje a fidelidade na contribuição é um termómetro bastante exato na vida do
crente. Quando ele começa a se afastar de Deus, seu dízimo é uma das primeiras coisas a
sofrer.
O Velho Testamento termina com uma página dolorosa, na qual Malaquias condena
diversos pecados em que o povo havia incorrido entre eles a negligência no pagamento do
dízimo. Adverte-os a que provem a Deus nessa parte, para experimentarem suas bênçãos
abundantes, Ml 3.7-12.
Hoje ainda temos:
 O crente que procura desculpar-se por não dizimar;
 A ordenança é para todos os servos do Senhor
 O Propósito do dízimo hoje é para que a igreja realize a sua obra integral e con-
dignamente o ministério.
Alguns cristãos não gostam quando se fala de dinheiro na igreja. Este foi um dos assun-
tos mais mencionado por Jesus, 107 versículos do Sermão do Monte, 22 referem-se a dinhei-
ro, e 24 das 49 parábolas de Jesus mencionam dinheiro.
A Bíblia nos ensina que o plano específico de Deus para o sustento financeiro de sua
causa consiste na entrega pelos cristãos pelos dízimos e ofertas alçadas (Lv 21.30; Ml. 3.8-12;
Pv. 3.9, 10). O Cristão deve dizimar de forma sistemática e proporcional com alegria e libera-
lidade, para o sustento do ministério, das obras de evangelização, beneficência e outras (II Co
8.1-15; I Co 16:1-3).
3. O Dever da Evangelização e Missões
Todos os crentes foram chamados por Deus para a salvação, para o serviço cristão, para
testemunhar de Jesus Cristo e promover o seu reino, na medida dos talentos e dos dons con-
cedidos pelo Espírito Santo (Mt 28.19-20).
A missão primordial do povo de Deus é a evangelização do mundo, visando à reconcili-
ação do homem com Deus (Mt 28.19-20; At. 1.8; Rm 1.16; II Co 5.18-20).
É dever de todo discípulo de Jesus Cristo e de todas as igrejas proclamar, pelo exemplo
e pelas palavras, a realidade do evangelho, procurando fazer novos discípulos de Jesus Cristo
em todas as nações. cabendo a igreja batizâ-los e ensiná-los a observar todas as coisas que
Jesus ordenou (Le 24:46-49; Mt 28.18-20).
A responsabilidade da evangelização estende-se até aos confins da terra e por isso as
igrejas devem promover a obra de missões, rogando sempre ao Senhor que envie obreiros
para a sua seara (Mt 9.37-38; 28.19; At 1.8).
4. A Vida Religiosa
Deus e somente Deus é o Senhor da consciência. A liberdade religiosa é um dos direi-
tos fundamentais do homem, inerente à sua natureza moral e espiritual (Js 24.15; I Pe 2.15-
16). Por força dessa natureza, a vida religiosa do indivíduo não deve sofrer ingerência de
qualquer poder humano. Cada pessoa tem o direito de cultuar a Deus, segundo os ditames
de sua consciência, livre de coações de qualquer espécie (Dn 3.15-18; At 4.9-20; 5.29). É de-

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ver do Estado garantir o pleno gozo e exercício da liberdade religiosa, sem favorecimento a
qualquer grupo ou credo (At 19.34-41).
É também dever dos cristãos orarem pelas autoridades, bem como respeitar e obede-
cer às leis e honrar os poderes constituídos, exceto naquilo que se oponha a vontade e a lei
de Deus. (At 5.29; Dn 6.7-10; Rm 13.1-7)

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A HISTÓRIA DA BÍBLIA
A Revelação da Palavra de Deus
Introdução
A Bíblia não caiu pronta do céu. Ela surgiu da terra, da vida do povo de Deus. Surgiu como
fruto da inspiração divina e do esforço humano. Homens movidos pelo Espírito Santo regis-
traram a vontade de Deus aos homens ( II Pedro 2.12-21).
A maior parte deles não tinha consciência de estar falando ou escrevendo sob a inspira-
ção de Deus. Estavam só querendo prestar um serviço aos irmãos em nome de Deus. Eles
eram pessoas que faziam parte de uma comunidade, de um povo em formação, onde a fé
em Deus e a prática da justiça eram ou deviam ser o eixo da vida. Preocupados em animar
esta fé e em promover esta justiça, eles falavam e argumentavam para instruir os irmãos,
para criticar abusos, para denunciar desvios, para lembrar a caminhada já feita e apontar
novos rumos. Alguns deles chegaram a escrever, eles mesmos, as suas palavras ao povo.
Outros nem sabiam escrever. Só sabiam falar e animar a fé pelo seu testemunho. As pala-
vras destes últimos foram transmitidas oralmente, de boca em boca, durante muitos anos.
Só bem mais tarde, outras pessoas decidiram fixá-las por escrito.
As palavras faladas ou escritas de todos estes homens e mulheres contribuíram para for-
mar e organizar o povo de Deus. Por isso, o povo delas se lembrou e por elas se interessou.
Não permitiu que caíssem no esquecimento. Fez questão de distingui-las das palavras e ges-
tos de tantos outros que em nada contribuíram para a formação do povo, nem para a ani-
mação da fé e nem para a prática da justiça. Foi um longo processo. Muita gente colaborou.
O povo todo se interessou.
Ora, a Bíblia foi surgindo do esforço comunitário de toda esta gente. Surgiu aos poucos,
misturada com a história do próprio povo de Deus. Resumindo, a gente pode dizer: a Bíblia
nasceu da vontade do povo de ser fiel a Deus e a si mesmo, e da preocupação de transmitir
aos outros e a nós esta mesma vontade de ser fiel. Eles diziam: As coisas do passado aconte-
ceram "para servir de exemplo, e foram escritas para advertir-nos, para quem chegou a ple-
nitude dos tempos" (I Cor 10.11). A Bíblia surgiu sem rótulo. Só mais tarde, o próprio povo
descobriu aí dentro a expressão da vontade de Deus e a presença da sua palavra Santa.
O Livro Inspirado por Deus
Como é que um livro que surge da vida e da caminhada do povo pode ser, ao mesmo
tempo, a palavra de Deus? Um agricultor resumiu a resposta nesta frase: “Deus fala mistu-
rado nas coisas: os olhos percebem as coisas, mas a fé enxerga Deus que nos fala”! A ação
do Espírito de Deus pode ser comparada com a chuva: cai do alto, penetra no chão, e acorda
a semente que produz a planta (Is 55.10-11). A planta é fruto, ao mesmo tempo, da ação gra-
tuita de Deus e do esforço suado das pessoas. É a palavra do Deus do povo e do povo de
Deus.
A ação do Espírito de Deus pode ser comparada com o sol: seus raios invisíveis esquen-
tam a terra e fazem crescer as plantas de baixo para cima. Pode ser comparada ainda com o
vento que não se vê. A Bíblia é fruto do vento invisível de Deus, que moveu os homens a
agir, a falar ou a escrever. Até hoje, o Espírito de Deus nos atinge quando lemos a Bíblia. Ele
nos ajuda a ouvir e a praticar a palavra de Deus. Sem ele, não é possível descobrir o sentido
que a Bíblia tem para nós (Jo 16.12-13; 14.26). O Espírito Santo não se compra nem se vende
(At 8.20), nem é fruto só de estudo. É um dom de Deus que deve ser pedido na oração ( Lc
11.13).
A Lista dos Livros Inspirados
Em vista da fidelidade a Deus e a si mesmo, o povo foi fazendo uma seleção daqueles es-

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critos que eram considerados de grande importância para a sua caminhada. Assim surgiu
uma lista de livros, reconhecidos por todos como sendo a expressão da sua fé, das suas con-
vicções, da sua história, das suas leis, do seu culto, da sua missão. Lidos e relidos nas reuni-
ões e nas celebrações do povo, os livros desta lista foram adquirindo, aos poucos, uma gran-
de autoridade. Eram o patrimônio sagrado do povo, porque lhe revelavam a vontade de
Deus. Daí vem a expressão Escritura Sagrada. Pois a essência destas mensagem é sagrada
para nossas vidas, pois é Deus manifestando a sua vontade entre nós.
Nós dizemos lista. Eles usavam uma palavra grega e diziam cânon, o que quer dizer lista
ou norma. Os livros canônicos (cânon) eram a norma da fé e da vida do povo. Ora, esta lista
de livros sagrados recebeu mais tarde o nome de Bíblia.
A Bíblia é o resultado final de uma longa caminhada, fruto da ação de Deus, que quer o
bem dos homens, e do esforço dos homens que querem conhecer e praticar a vontade de
Deus. Ou seja, a Bíblia é o fruto de um mutirão prolongado do povo que procurava desco-
brir, praticar, escrever e transmitir aos outros e a nós a palavra de Deus presente na vida.
Vamos ver alguns aspectos deste mutirão do povo que deu origem à Bíblia.
Os Autores da Bíblia
Não foi uma única pessoa que escreveu a Bíblia. Muita gente deu a sua contribuição: ho-
mens e mulheres, jovens e velhos, pais e mães de família, agricultores e operários de várias
profissões; gente instruída que sabia ler e escrever e gente simples que só sabia contar his-
tórias; gente viajada e gente que nunca saiu de casa; sacerdotes e profetas, reis e pastores,
pobres e ricos, gente de todas as classes, mas todos convertidos e unidos na mesma preocu-
pação de construir um povo irmão, onde reinassem a fé e a justiça, o amor e a fraternidade,
a verdade e a fidelidade, e onde não houvesse opressor nem oprimido.
Todos deram a sua colaboração, cada um do seu jeito. Todos foram professores e alunos,
uns dos outros. Mas aqui e acolá, a gente ainda percebe como alguns, às vezes, puxavam a
brasa um pouquinho para o seu lado.
A Época em que A Bíblia foi Escrita
A Bíblia não foi escrita de uma só vez. Levou muito tempo, mais de mil anos. Começou em
tomo do ano 1250 antes de Cristo, e o ponto final só foi colocado cem anos depois do nas-
cimento de Jesus. Aliás, é muito difícil saber quando foi que começaram a escrever a Bíblia,
pois, antes de ser escrita, a Bíblia foi narrada e contada nas rodas de conversa e nas celebra-
ções do povo. E antes de ser narrada e contada, ela foi vivida por muitas gerações num es-
forço teimoso e fiel de colocar Deus na vida e de organizar a vida de acordo com a justiça.
No começo, o povo não fazia muita distinção entre contar e escrever. O importante era
expressar e transmitir aos outros a nova consciência comunitária, nascida neles a partir do
contato com Deus. Faziam isto contando aos filhos os fatos mais importantes do seu passa-
do. Como nós hoje decoramos a letra dos cânticos, assim eles decoravam e transmitiam as
histórias, as leis, as profecias, os salmos, os provérbios e tantas outras coisas que, depois,
foram escritas na Bíblia. A Bíblia saiu da memória do povo. Nasceu da preocupação de não
esquecer o passado.
Local Onde A Bíblia foi Escrita
A Bíblia não foi escrita no mesmo lugar, mas em muitos lugares e países diferentes. A
maior parte do Antigo Testamento e do Novo Testamento foi escrita na Palestina, a terra
onde o povo vivia, por onde Jesus andou e onde nasceu a Igreja. Algumas partes do Antigo
Testamento foram escritas na Babilônia, onde o povo viveu no cativeiro no século VI antes
de Cristo. Outras partes foram escritas no Egito, para onde muita gente emigrou depois do
cativeiro. O Novo Testamento tem partes que foram escritas na Síria, na Ásia Menor, na

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Grécia e na Itália, onde havia muitas comunidades, fundadas ou visitadas pelo apóstolo São
Paulo.
Ora, os costumes, a cultura, a religião, a situação econômica, social e política de todos es-
tes povos deixaram marcas na Bíblia e tiveram a sua influência na forma como a Bíblia nos
apresentar a mensagem de Deus aos homens.
A Língua em que a Bíblia foi Escrita
A Bíblia não foi escrita numa única língua, mas em três línguas diferentes. A maior parte
do Antigo Testamento foi escrita em hebraico. Era a língua que se falava na Palestina antes
do cativeiro. Depois do cativeiro, o povo de lá começou a falar o aramaico. Mas a Bíblia con-
tinuou a ser escrita, copiada e lida em hebraico. Para que o povo pudesse ter acesso à Bíblia,
foram criadas escolinhas em toda parte. Jesus deve ter frequentado a escolinha de Nazaré
para aprender o hebraico. Só uma parte bem pequena do Antigo Testamento foi escrita em
aramaico. Um único livro do Antigo Testamento, o livro da Sabedoria, livro apócrifo, e todo o
Novo Testamento foram escritos em grego. O grego era a nova língua do comércio que inva-
diu o mundo daquele tempo, depois das conquistas de Alexandre Magno, no século IV antes
de Cristo.
Assim, no tempo de Jesus, o povo da Palestina falava o aramaico em casa, usava o hebrai-
co na leitura da Bíblia, e o grego no comércio e na política. Quando os apóstolos saíram da
Palestina para pregar o Evangelho aos outros povos, eles adotaram uma tradução grega do
Antigo Testamento, feita no Egito no século III antes de Cristo para os judeus imigrantes que
já não entendiam o hebraico nem o aramaico. Esta tradução grega é chamada Septuaginta
ou Setenta. Na época em que ela foi feita, a lista (cânon) dos livros sagrados ainda não esta-
va concluída. E assim aconteceu que a lista dos livros desta tradução grega ficou mais com-
prida do que a lista dos livros da Bíblia hebraica.
É desta diferença entre a Bíblia hebraica da Palestina e a Bíblia grega do Egito que veio a
diferença entre a Bíblia dos protestantes e a Bíblia dos católicos. Os protestantes preferiram
a lista mais curta e mais antiga da Bíblia hebraica, e os católicos, seguindo o exemplo dos
apóstolos, ficaram com a lista mais comprida da tradução grega dos Setenta, porém Jesus
não fez citações destes livros e nem mesmo os apóstolos em seus escritos. Há sete livros a
mais na Bíblia dos católicos: Tobias, Judite, Baruc, Eclesiástico, Sabedoria, os dois livros dos
Macabeus, além de algumas partes de Daniel e Ester. São chamados "deuterocanônicos",
isto é, são da segunda (dêutero) lista (cânon).
O Assunto da Bíblia
O assunto da Bíblia não é só doutrina sobre Deus. Lá dentro tem de tudo: doutrina, histó-
rias, provérbios, profecias, cânticos, salmos, lamentações, cartas, sermões, meditações, filo-
sofia, romances, cantos de amor, biografias, genealogias, poesias, parábolas, comparações,
tratados, contratos, leis para a organização do povo, leis para o bom funcionamento da li-
turgia; coisas alegres e coisas tristes; fatos verdadeiros e fatos simbólicos; coisas do passado,
coisas do presente e coisas do futuro. Enfim, tudo que dá para rir e para chorar. Tem trechos
da Bíblia que querem comunicar alegria, esperança, coragem e amor; outros trechos querem
denunciar erros, pecados, opressão e injustiças. Tem páginas lá dentro que foram escritas
pelo gosto de contar uma bela história para descansar a mente do leitor e provocar nele um
sorriso de esperança.
A Bíblia parece um álbum de fotografias. Muitas famílias possuem um álbum assim ou, ao
menos, têm uma caixa onde guardam as suas fotografias, todas misturadas, sem ordem. De
vez em quando, os filhos despejam tudo na mesa para olhar e comentar as fotografias. Os
pais têm que contar a história de cada uma delas. A Bíblia é o álbum de fotografias da família
de Deus. Nas suas reuniões e celebrações, o povo olhava as suas "fotografias", e os pais con-

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tavam as histórias. Era o jeito de integrar os filhos no povo de Deus e de transmitir-lhes a


consciência da sua missão e da sua responsabilidade.
A Bíblia não fala só de Deus que vai em busca do seu povo, mas também do povo que vai
em busca do seu Deus e que procura organizar-se de acordo com a vontade divina. Ela conta
as virtudes e os pecados, os acertos e os enganos, os pontos altos e os pontos baixos. Nada
esconde, tudo revela. Conta os fatos do jeito que foram lembrados pelo povo. Histórias de
gente pecadora que procura ser santa. Histórias de gente opressora que procura converter-
se e ser irmão. Histórias de gente oprimida que procura libertar-se. A Bíblia é tão variada
como a vida do povo. A Sagrada Escritura tem 66 livros.
A Semente da Bíblia
Longo e demorado foi o mutirão do povo, do qual surgiu a Bíblia. Surgiu como surgem as
árvores. Elas nascem de uma semente bem pequena, escondida no chão, e crescem até es-
parramar os seus galhos que oferecem sombra, alimento e proteção. A Bíblia nasceu de um
chamado de Deus, escondido na vida do povo, e cresceu até esparramar os seus 66 galhos
pelo mundo inteiro.
O chamado de Deus que deu início ao mutirão do povo é a palavra de Deus, por ele diri-
gida a todos os homens, também a nós hoje. Este apelo de Deus, escondido no chão da vida,
foi descoberto primeiro por Abraão, depois por Moisés e pelo povo oprimido no Egito. Eles
deram a sua resposta e fizeram nascer o começo do povo de Deus. Uma vez nascido o povo,
trataram de não deixar morrer a semente. Os coordenadores convocavam a comunidade, os
pais reuniam os filhos para transmitir a seguinte mensagem: ''Nós éramos escravos no Egito.
Gritamos ao Deus dos nossos pais, e ele ouviu o nosso clamor. Chamou Moisés e, com a aju-
da de Deus e de Moisés, conseguimos a nossa libertação. Deus fez uma aliança conosco: Ele
quer ser o nosso Deus, e nós temos que ser o seu povo, observando a sua Lei, vivendo como
irmãos".
Esta mensagem é a muda verde que brotou da semente. É o núcleo da fé do povo de
Deus. Uma história de libertação, da qual nasceu um compromisso mútuo. Cabia em umas
poucas frases. Mas esta história foi contada e cantada, em prosa e verso, de mil maneiras,
pelo povo libertado. Foi daí que nasceram os 66 livros da Bíblia, que hoje se esparramam
pelo mundo inteiro, oferecendo sombra, alimento e proteção a quem o deseja. Nasceram,
para que também nós possamos descobrir hoje o mesmo apelo de Deus em nossa vida e
para que iniciemos a mesma caminhada de libertação.
A Terra que fez Crescer a Semente da Bíblia
Não é qualquer chão que serve para que uma árvore possa crescer. O canteiro, onde a
semente da Bíblia criou raízes e de onde lançou os seus 66 galhos em todos os setores da
vida, foi a celebração do povo oprimido, ansioso de se libertar.
A maior parte da Bíblia começou a ser decorada para poder ser usada nas celebrações, e
foi escrita ou colecionada por sacerdotes e levitas, os responsáveis pela celebração do povo.
Além disso, a Bíblia nos ensina a cultuar o Deus verdadeiro e é sem dúvida a sua palavra ex-
pressa ao povo incrédulo e uma ordem de se espalhar esta semente por toda a Terra.
O coração da Bíblia é o culto do povo. Mas não qualquer culto. É o culto ligado à vida do
povo, onde este se reunia para ouvir a palavra de Deus e cantar as suas maravilhas; onde ele
tomava consciência da opressão em que vivia ou que Ele mesmo impunha aos irmãos; para
que seus corações endurecidos retornassem ao primeiro amor. Quando isto acontecia Ele e
renovava o seu compromisso de viver como um povo irmão; onde reabastecia a sua fé e
alimentava a sua esperança; onde celebrava as suas vitórias e agradecia a Deus pelo dom da
vida.
É também no culto que deve estar o coração da interpretação da Bíblia. Sem este ambi-

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ente de fé e de oração e sem esta consciência bem viva da opressão que existe no mundo,
não é possível agarrar a raiz de onde brotou a Bíblia, nem é possível descobrir a sua mensa-
gem central.
A Mensagem Central da Bíblia
Qual é, em poucas palavras, a mensagem central da Bíblia? A resposta não é fácil, pois
depende da vivência. Se você gosta de uma pessoa e alguém lhe pergunta: "Qual é, em pou-
cas palavras, a mensagem desta pessoa para você?", aí não é fácil responder. O resumo da
pessoa amada é o seu nome. Basta você ouvir, lembrar ou pronunciar o nome, e este lhe
traz à memória tudo o que a pessoa amada significa para você. Pois bem, o resumo da Bíblia,
a sua mensagem central, é o Nome de Deus.
O Nome de Deus é Javé, YHWH, ( ) cujo sentido ele mesmo revelou e explicou ao
povo (Ex 3.14). Javé significa Emanuel, isto é, Deus conosco, Deus presente no meio do seu
povo para libertá-lo. Deus quer ser Javé para nós, quer ser presença libertadora no meio de
nós. E ele deu provas bem concretas de que esta é a sua vontade. A primeira prova foi a li-
bertação do Egito. A última prova está sendo, até hoje, a ressurreição de Jesus, chamado
Emanuel (Mt 1.23). Pela ressurreição de Jesus, Deus venceu as forças da morte e abriu para
nós o caminho da vida.
Por tudo isso é difícil resumir em poucas palavras aquilo que o Nome de Deus evocava na
mente, no coração e na memória do povo por ele libertado. Só mesmo o povo que vive e
celebra a presença libertadora de Deus no seu meio, pode avaliá-lo.
Na nossa Bíblia, o Nome Javé ( ) foi traduzido por SENHOR. É a palavra que mais
ocorre na Bíblia. Milhares de vezes. Pois o próprio Deus falou: "Este é o meu Nome para
sempre! Sob este Nome quero ser invocado, de geração em geração!" ( Ex 1.15). Faz um bem
tão grande você ouvir, lembrar ou pronunciar o nome da pessoa amada. Aquilo ajuda tanto
na vida. Dá força e coragem, consola e orienta, corrige e confirma. Um Nome assim não po-
de ser usado em vão. Seria uma blasfêmia usar o Nome de Deus para justificar a opressão do
povo, pois Javé significa Deus libertador.
O Nome Javé é o centro de tudo. Tantas vezes Deus o afirma: "Eu quero ser Javé para vo-
cês, e vocês devem ser o meu povo.". Ser o povo de Javé significa: ser um povo onde não há
opressão como no Egito; onde o irmão não explora o irmão; onde reinam a justiça, o direito,
a verdade e a lei dos dez mandamentos; onde o amor a Deus é igual ao amor ao próximo.
Esta é a mensagem central da Bíblia; é o apelo que o Nome de Deus faz a todos aqueles que
querem pertencer ao seu povo.
A Esperança dos Profetas
Caindo e levantando, o povo foi andando, procurando ser o povo de Deus e buscando
atingir para si e para os outros os bens da promessa divina. Muitas vezes, porém, esquecia o
chamado de Deus e se acomodava. Em vez de servir a Deus, queria que Deus servisse ao
projeto que eles mesmos tinham inventado. Invertiam a situação. Era nestas horas que sur-
giam os profetas para denunciar o erro e para anunciar de novo a vontade de Deus ao povo.
A Bíblia conserva as palavras de quatro profetas chamados Maiores: Isaías, Jeremias, Eze-
quiel, Daniel, e de doze Menores. Muitos outros profetas são mencionados na Bíblia. O mai-
or deles foi Elias. Os profetas, cujos nomes, gestos e palavras foram conservados, são como
flores. Elas supõem um chão, uma semente e uma planta. O chão, a semente e a planta des-
tes profetas são as comunidades que lhes transmitiram a fé; são os inúmeros profetas locais,
cujos nomes foram esquecidos. É como hoje. Os grandes profetas são conhecidos no país
inteiro, mas eles só puderam surgir graças ao povo anônimo e fiel das suas comunidades.
Diante das falhas constantes do povo, desviado por seus falsos líderes, os profetas come-
çaram a alimentar no povo uma nova esperança. Diziam: no futuro, o projeto de Deus será

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realizado através de um enviado especial, um novo líder, fiel e verdadeiro, chamado Messi-
as.
Foi esta esperança maior, alimentada pelos profetas, que sustentou o resto fiel do povo e
o ajudou a superar as duras crises da sua caminhada. O resto fiel eram sobre tudo os pobres
que punham sua esperança unicamente em Deus (Sf 3.12). Como a mãe enfrenta as dores do
parto, porque tem amor à vida nova que ela carrega dentro de si, assim os pobres enfrenta-
vam as dores da caminhada, porque tinham amor à promessa divina que eles carregavam
dentro de si. Eles acreditavam na vida nova que dela haveria de surgir para todos os ho-
mens. Esta vida nova chegou, finalmente, em Jesus, o Messias.
Para realizar a missão do Messias, Deus não mandou qualquer um. Mandou o seu próprio
Filho. Jesus, o Filho de Deus, realizou a promessa do Pai, trouxe a libertação para o povo e
anunciou coisas Boas e Novas aos pobres.
A pregação de Jesus não agradou a todos. Os doutores da Lei, os fariseus, os saduceus e
os sacerdotes imaginavam a vinda do Reino como uma simples inversão da situação, sem
mudança real no relacionamento entre os homens e entre os povos. Eles, os judeus, domi-
nados pelos romanos, ficariam por cima e seriam os senhores do mundo, e os que estavam
por cima ficariam por baixo.
Mas não era assim que Jesus entendia o Reino do Pai. Ele queria uma mudança radical.
Para ele, o povo de Deus tinha de ser um povo irmão e servidor, e não um povo dominador a
ser servido pelos outros povos (Mt 20.28).
Jesus iniciou esta mudança: colocou-se do lado dos pobres, marginalizados pelo sistema
dos líderes judeus, denunciou este sistema como contrário à vontade do Pai e convocava a
todos para mudar de vida. Mas os grandes não quiseram. O que era Boa Notícia para os po-
bres era má notícia para os grandes, pois Jesus exigia deles que abandonassem os seus privi-
légios injustos e as suas ideias de grandeza e de poder. Eles preferiram as suas próprias idei-
as, rejeitaram o apelo de Jesus e o mataram na cruz com o apoio dos romanos.
Foi aí que o Pai mostrou de que lado ele estava. Usando o seu poder que protege a vida,
ressuscitou Jesus. Animados por este mesmo poder de Deus que vence a morte, os seguido-
res de Jesus, os primeiros cristãos, organizaram a sua vida em pequenas comunidades, vivi-
am em comunhão fraterna, tinham tudo em comum e já não havia mais necessitados entre
eles (At 2.42-44).
Assim, a vida nova, prometida no Antigo Testamento e trazida por Jesus, apareceu aos
olhos de todos na vida dos primeiros cristãos. Eles se tornaram "a carta de Cristo, reconhe-
cida e lida por todos os homens" (II Cor 3.2-3). Neles apareceu o Novo Testamento. É na vida
comunitária dos primeiros cristãos, sustentada pela fé em Jesus, vivo no meio deles, que
apareceu uma amostra clara do projeto que o Pai tinha em mente quando chamou Abraão e
quando decidiu libertar o seu povo do Egito.
Jesus trouxe a chave para o povo poder entender o sentido verdadeiro da longa cami-
nhada do Antigo Testamento. Os primeiros cristãos, usando esta chave, conseguiram abrir a
porta da Bíblia e souberam entender e realizar a vontade do Pai. O Antigo Testamento é o
botão, o Novo Testamento é a flor que nasceu do botão. Um se explica pelo outro. Um sem
o outro não se entende. Como eles, assim também nós devemos reler a nossa história à luz
de Cristo, com a ajuda da Bíblia, e tentar descobrir dentro dela o apelo de Deus, desde o seu
começo.
O Primeiro Núcleo Bíblico
A conversa de Jesus com os discípulos de Emaús foi o Primeiro Núcleo Bíblico. Nele apa-
recem três pontos que devem estar sempre presentes na leitura e na interpretação que fa-
zemos da Bíblia.
1. Reflexão sobre a realidade: Jesus soube criar um ambiente de conversa e, com muito

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jeito, forçou os dois a falar sobre os problemas da vida que eles estavam sentindo. Na con-
versa apareceu toda a realidade: a tristeza, o desânimo, a frustração dos dois, a sua falsa
esperança de um messias glorioso, a decisão do governo e dos sacerdotes de condenar Je-
sus, a cruz e a morte, a conversa das mulheres que provocou espanto, a incapacidade dos
dois em crer nos pequenos sinais de esperança (Lc 24.13-24).
2. Estudo da própria Bíblia: Jesus usou a Bíblia não tanto para interpretar e ensinar a Bí-
blia, mas muito mais para com ela interpretar os fatos da vida e animar os dois rapazes. Re-
fletiu com eles, fez ver que estavam errados na sua maneira de explicar os fatos e mostrou,
com a luz da Bíblia, que os fatos não estavam escapando da mão de Deus. Isto exigia dele
um conhecimento profundo da Bíblia. Jesus conhecia a Bíblia. Junto com os dois, ele soube
encontrar aqueles textos de Moisés e dos profetas que pudessem trazer alguma luz para a
situação de tristeza e mudar as ideias erradas que eles tinham na cabeça. Jesus não teve
medo de criticar interpretações erradas da Bíblia. Pois o texto bíblico tem um sentido certo
que deve ser respeitado, para evitar que se manipule o texto em favor das próprias ideias,
como os judeus faziam (Lc 24.25-27).
3. Vivência comunitária da fé na Ressurreição: Jesus andou com eles, conversou, criou
um ambiente de abertura e teve a paciência de escutá-los. Falando da vida e da Bíblia, agra-
dou tanto, que o coração dos dois se esquentou, e eles chegaram a convidá-lo para o jantar.
Ficou com eles, sentou à mesa, orou com eles e fez a partilha do pão, como se tornou cos-
tume entre os cristãos que tinham tudo em comum. Jesus não só falou, mas colocou gestos
bem concretos de amizade. Ora, tudo isso é o ambiente da comunidade, onde se procura
viver como irmão. É aí que se faz a experiência da ressurreição, do Cristo vivo no meio de
nós; a experiência de Javé, Deus libertador (Lc 24. 28-32).
Quando estes três elementos estão presentes na interpretação da Bíblia, aí a Bíblia atinge
o seu objetivo e acontece o milagre da mudança: os discípulos descobrem a força da palavra
de Deus presente nos fatos, começam a praticá-la e tudo se transforma; os olhos se abrem,
as pessoas mudam; a cruz, vista como sinal de morte e de desespero, torna-se sinal de vida e
de esperança; o medo desaparece, a coragem reaparece; as pessoas se unem, se reencon-
tram e começam a partilhar entre si a sua experiência de ressurreição; os poderes que opri-
mem e matam já não causam desânimo; os dois discípulos começam a reler a sua própria
caminhada e descobrem que tudo começou quando Jesus falava com eles sobre a vida e
sobre a Bíblia; a fé se afirma, a esperança se renova e o amor abre novos caminhos ( Lc 24. 33-
35).
A Bíblia como Luz Sobre a Realidade
Interpretar a Bíblia, sem olhar a realidade da vida, é o mesmo que manter o sal fora da
comida, a semente fora da terra, a luz debaixo da mesa; é corno galho sem tronco, olhos
sem cabeça, rio sem leito.
Pois a Bíblia não é a primeira revelação de Deus para nós. A Primeira Revelação de Deus
aos homens é a natureza, criada pela palavra de Deus; são os fatos, os acontecimentos, a
história, tudo que existe e acontece na vida do povo; é a realidade que nos envolve. Deus
quer comunicar-se conosco através da vida que vivemos. Por meio dela, ele nos transmite a
sua mensagem de amor e de justiça.
Mas nós homens, por causa dos nossos pecados, organizamos o mundo de tal maneira e
criamos uma sociedade tão torta, que já não é mais possível perceber claramente a voz de
Deus nesta vida que vivemos. Por isso, Deus se deu a Revelar através da Bíblia. A Bíblia não
veio substituir a Revelação Natural de Deus. A Bíblia não veio ocupar o lugar da vida. A Bíblia
foi escrita para nos ajudar a entender melhor o sentido da vida e perceber a presença da
palavra de Deus dentro da nossa realidade.
A Bíblia foi escrita para nos ajudar a decifrar o mundo, para nos devolver o olhar da fé e

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da contemplação e para transformar toda a realidade numa grande revelação de Deus.


Por isso, quem lê e estuda a Bíblia, mas não olha a realidade do povo oprimido nem luta
pela justiça e pela fraternidade, é infiel à palavra de Deus e não imita Jesus Cristo. Ele é se-
melhante aos fariseus que conheciam a Bíblia de cor, mas não a praticavam.
O estudo da Bíblia deve ser feito com muita seriedade e disciplina. Considere a leitura
que você faz da Bíblia como uma conversa sua com Deus. Ora, quando a gente conversa com
alguém, deve tornar as palavras do outro do jeito que elas são ditas por ele. Eu não posso
colocar as minhas ideias dentro das palavras do outro. Isto seria uma falta de honestidade.
Não posso tirar do texto nenhum sentido, a não ser aquele que está dentro do texto. Con-
vém ser severo e exigente consigo mesmo neste ponto. Nunca manipular o texto em favor
das suas próprias ideias!
Mas um texto pode ser lido com duas intenções: com a intenção avarenta de um pão-
duro ou com a intenção generosa de um mão-aberta. A gente deve ser generoso e nunca
avarento na interpretação da Bíblia. Isto quer dizer: ler não só nas linhas, mas também nas
entrelinhas. Em todos os textos sempre há duas coisas: as coisas ditas abertamente nas li-
nhas; e as coisas ditas seriamente nas entrelinhas. As duas vêm do autor do texto, e as duas
são igualmente importantes.
Como descobrir o que o autor diz nas entrelinhas? Usando a inteligência, o coração e a
imaginação, perguntando sempre:
1. Quem é que está falando no texto e a quem?
2. O que ele está querendo dizer e por quê?
3. Em que situação ele está falando ou escrevendo e qual a forma literária da mensa-
gem?
4. Qual o propósito da mensagem e qual o pano de fundo?
Estas e outras perguntas ajudam a gente a puxar a cortina e a perceber o que existe nas
entrelinhas do texto bíblico. Além disso, as introduções de cada livro, as notas ao pé das
páginas, as referências para outros textos bíblicos, os mapas geográficos e o vocabulário que
você encontra no fim desta Bíblia, foram feitos para ajudá-lo na descoberta do sentido certo
e exato do texto. E aqui convém lembrar o seguinte: nadar se aprende nadando. O conheci-
mento da Bíblia se adquire através de uma prática constante de leitura, se possível diária.
A Caminhada da Igreja Mediante a Fé na Ressurreição
A Fé, muitas vezes esquecida, é muito importante. É como a caixa de ressonância de um
violão. Sem ela, as cordas das palavras bíblicas não produzem a música de Deus no coração
do leitor. Como criar esta caixa de ressonância da interpretação da Bíblia?
1. Jesus soube criar um ambiente de amizade e de abertura, onde foi possível ele ler a
Bíblia junto com os dois discípulos de Emaús. Este é o primeiro passo: criar um ambiente de
amizade e de abertura entre as pessoas, não para esconder os problemas da vida atrás de
um sorriso, mas para poder discuti-los e enfrentá-los, mesmo que for preciso ir a Jerusalém,
de noite, na escuridão.
2. A Bíblia surgiu da caminhada de um povo oprimido que, apoiado na promessa de
Deus, busca-va a sua libertação. A sua interpretação deve ser feita a partir do povo crente e
oprimido que hoje busca a sua libertação. A interpretação da Bíblia não pode ser neutra,
nem pode ser feita separada da vida e da história do nosso povo. Ela deve ser o fermento de
Deus neste processo de "conversão" e de mudança da morte para a vida, do medo para a
coragem, do desespero para a esperança, da opressão para a liberdade, que hoje marca a
vida das nossas comunidades.
3. A Bíblia nasceu dentro de uma grupo de fé. É só com o olhar de fé desta mesma co-
munidade que pode ser captada e entendida plenamente a sua mensagem. Este olhar não

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se compra com dinheiro nem com estudo. Adquire-se vivendo na comunidade, participando
da sua caminhada e das suas lutas. Mesmo quando leio a Bíblia sozinho, devo lembrar sem-
pre que estou lendo o livro da comunidade. Ninguém tem o direito de explicar a Bíblia do
jeito que convém a ele, contrário aos interesses da comunidade. Pois a Bíblia não é proprie-
dade privada de ninguém. Ela foi entregue aos cuidados do povo de Deus, para que este
realize a sua missão libertadora, e revele aos olhos de todos a presença de Javé, o Deus vivo
e verdadeiro. Com outras palavras, a Bíblia deve ser interpretada de acordo com o sentido
que lhe dá a comunidade, a Igreja.
4. A Bíblia é, antes de tudo, palavra de Deus para nós. Por isso, a sua interpretação e lei-
tura de- vem ser feitas com a convicção de fé de que Deus nos fala por meio da Bíblia. E ele
fala não para que nós nos fechemos no estudo e na leitura da Bíblia, mas para que, pela lei-
tura e pelo estudo da Bíblia, possamos descobrir a palavra viva de Deus dentro da história da
nossa comunidade e do nosso povo.
5. A interpretação da Bíblia não depende só da inteligência e do estudo, mas também do
coração e da ação do Espírito Santo. O Espírito de Jesus deve ter a oportunidade de nos falar
quando lemos a Bíblia. Por isso, além do estudo e da troca de ideias, a leitura da Bíblia deve
ter os seus momentos de silêncio e de oração, de canto e de celebração, de troca de experi-
ências e de vivências.
A Bíblia é a Palavra de Deus
A Bíblia por si só se declara como sendo a única e exclusiva Palavra de Deus aos homens e
ainda em toda a sua história homens importantes assim a consideram. A Bíblia é a Palavra
de Deus em linguagem humana, é o registro da revelação que Deus fez de si mesmo aos
homens. (Sl 119.89; Is 40.8; Mt 24.35; Lc 24.44,45; Jo 10.35; Rm 3.2; Hb 1.1-2). O homem, criado espe-
cialmente para glória de Deus assim vive. (Rm 11.36; I Co 10.31; Sl 73.24-26; Jo 17.22-24). A Palavra
de Deus, que se acha nas Escrituras do Velho e do Novo Testamentos, é a única regra para
nos dirigir na maneira de glorificarmos o Deus criador dos céus e da Terra. ( Is 8.20; Lc 16.29-31;
Gl J.8,9;II Tm 3.15-17). A Bíblia é nossa autoridade maior e ainda nossa única regra de fé e práti-
ca, fiel padrão pelo qual devem ser aferidas a doutrina e a conduta dos homens. O único
instrumento de nossas vidas. (II Cr 24.19; Is 34.16; Mt 5.17,18; At 17.11; II Tm 1.13).
Compreenda que há muitos séculos antes de Cristo. Escribas, sacerdotes, profetas, reis e
poetas do povo hebreu mantiveram registros de sua história, do relacionamento de Deus
com eles e de suas visões inspiradas e esperanças. Estes homens registraram desde os mo-
mentos em que Deus se revelou ao seu povo através de Adão, Noé, Abraão, Jacó, Moisés,
Davi e outros.
Escribas, levitas, e sacerdotes e outros tipos de homens que com sua simplicidade foram
usados por Deus para deixar a sua revelação ao homem.
Pontos importantes da revelação de Deus ao homem foram registrados por homens que
inspirados por Deus nos deixaram os mais sérios e principais relatos da existência humana.
Como os registros constituíam uma parte muito importante da vida deles, pois trazia toda
a história de seu povo e a importância de seu Deus, eles foram copiados e recopiados muitas
vezes. De geração em geração tais registros foram usados por eles nos templos, em suas
sinagogas e residências. Hoje estes registros tornaram-se um dos livros mais lidos e editados
de nossos dias.
1) A crise de autoridade:
a) Cristãos: Católicos: Escritura + Tradição
Liberais: Escritura + Razão "autônoma"
Pentecostais: Escritura + Experiência

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b) Heresias: Adventistas do Sétimo Dia: Ellen Gold. White


Ciência Cristã: Mary Baker Eddy
Testemunhas de Jeová: Os escritos autorizados do "Corpo Governante"
Nova Era: Reinterpretação do Evangelho
c) Pós-Modernidade: Época caracterizada por irracionalismo e relativismo
2) A necessidade da revelação:
a) Somos criaturas (Gn 1.1-27). Há uma distinção absoluta entre Deus e o homem (este
é "pó", Gn 2.7; 3.19; Sl. 103.14). Nossa condição de criatura exige que Deus se revele
para termos conhecimento adequado dEle. Mesmo Adão, antes da queda, precisou
desta revelação; (Gn 1.28; 2.16).
b) Somos pecadores, espiritualmente cegos e ignorantes de Deus (Rm 1.18; I Co 1.21; II Co
4.4; Ef 2.1, 4.18).
3) Revelação Geral (Sl 19.1-6; Rm 1.18-32, 2.14-15, 1.10-11; At 17.26-27):
a) Deus já falou a todas as pessoas. Mesmo aqueles que nunca ouviram o evangelho
tem a revelação de Deus no mundo e na natureza humana.
b) Esta revelação torna os homens indesculpáveis. Deus não vai condenar pessoas
porque rejeitam o evangelho que eles nunca ouviram, mas porque deliberadamen-
te ignoram a verdade que eles vêem no mundo e porque quebram a lei moral den-
tro de seus corações.
4) Revelação Especial: A maneira como Deus se faz conhecido com clareza de forma sal-
vadora.
a) O milagre da Encarnação: Jesus Cristo (Jo 1.1-14), o clímax da revelação.
b) As Escrituras Sagradas: O registro das palavras de Deus às suas criaturas ( Jo 10.35; Rm
3.2; II Tm 3.16). Mesmo escritas a gerações específicas, pela providência de Deus, elas
se dirigem a todas as gerações (At 7.38; Rm 15.4; I Co 10.11).
c) Ambas as formas não podem ser separadas, pois Cristo é conhecido através das Es-
crituras (Jo 7.38).
d) A revelação redentora: “O Espírito Santo toma efetiva a redenção de Cristo, subju-
gando nossa vontade rebelde e abrindo nossos olhos cegos para crermos no Evan-
gelho, capacitando-nos assim para entrar no reino de Deus e conhecê-Lo verdadei-
ramente”.
5) As Escrituras: “Como as amas fazem com as crianças, Deus em certa medida usa de
linguagem infantil ao falar conosco”.
a) A Inspiração das Escrituras: II Tm 3.16: "soprada": metáfora comum no Antigo Tes-
tamento quando refere-se aos atos de Deus (Gn 2.7; Jó 33.4; Sl 33.6). II Pe 1.19-21: qual-
quer testemunho ocular é inferior à Palavra profética. Jo 10.34-36: Usando o Sl 82, Je-
sus argumenta que a autoridade da Lei não pode ser anulada. "...quando eles regis-
traram os acontecimentos, meditações ou sermões, as palavras usadas foram cons-
cientemente uma composição livre dos autores, e ao mesmo tempo, a própria pala-
vra de Deus."
b) Sua inerência: perfeita (Sl 19.7-11), preservada no céu (Sl 119.89), a verdade (Sl
119.144), as palavras da boca de Deus (Mt 4.4), infalível (Lc 1.4), não tem contradições
(Jo 10.35;II Tm 2.13), a fonte dela é Deus (II Tm 3.16-17), não é um produto da vontade
humana, mas de Deus (II Pe J.20-21).
c) O cânon:
 Antigo Testamento: no tempo de Jesus já eram aceitos pelos judeus, e eram clas-

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sificados em três divisões:


 A Lei: Génesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio;
 Os Profetas: Josué, Juízes, Samuel, Reis, Isaías, Jeremias, Ezequiel, Os Doze;
 Os Escritos: Salmos, Provérbios, Jó, Cânticos, Rute, Lamentações, Ester, Ecle-
siastes, Daniel, Esdras, Neemias, Crônicas.
Jesus os afirmou como escritura canônica (Lc 11.51; 24.44) e os apóstolos apre-
sentaram a fé cristã como cumprimento das Escrituras (At 2.16-35, 3.22-25, 4.11,
7.2-53, 13.29-37; Rm 1.2; Gl 3.16-18 etc.).

 Novo Testamento: Pedro afirmou que as cartas de Paulo eram Escritura (II Pe3.15-
16) e os Pais da Igreja (Clemente, Justino, Irineu, Tertuliano, Eusébio etc.) usaram
os livros do AT e NT como uma só Escritura. O mais antigo cânon é o Muratoria-
no (c. 180 d.C.), e nele faltam Hebreus, II Pedro, Tiago e III João. O primeiro do-
cumento oficial que prescreve os 27 livros do NT como canônicos é a Carta da
Páscoa de Atanásio (367 d.C.). Os Concílios que aprovaram e deram uma expres-
são uniforme àquilo que já era aceito como um fato pelas igrejas foram Hipona
Régia (393 d.C.), Cartago (397 d.C.) e Calcedônia (451 d.C.), e o principal critério
era se os livros vieram dos apóstolos ou do círculo deles.
 C.H. Spurgeon (1834-1892): Foi solicitado que defendesse a inerrância bíblica.
"Defender a Bíblia? Eu não preciso defender um leão!"
 A Inerrância: - Termos associados: 'verbal' ("como dada originalmente": os ma-
nuscritos originais da Bíblia) e 'plenária' (toda a Bíblia). Não temos um conheci-
mento exaustivo de Deus nas Escrituras, mas o conhecimento que temos é sufi-
ciente. A confiabilidade da Escritura está baseada na autoridade de Cristo. A Bí-
blia é um documento basicamente confiável e seguro. Apoiados neste documen-
to confiável, temos evidência suficiente para acreditar com segurança que Jesus
Cristo é o Filho de Deus. Por ser Filho de Deus, Cristo é urna autoridade infalível.
Jesus Cristo ensina que a Bíblia é mais do que geralmente digna de confiança; ela
é a própria Palavra de Deus. A Palavra de Deus, por ter origem em Deus, é abso-
lutamente confiável, desde de que Deus é absolutamente digno de confiança.
Com base na autoridade infalível de Jesus Cristo, a igreja crê que a Bíblia seja
digna de toda confiança, isto é, infalível.
Os Primeiros Livros Sagrados
Arca do Pacto - Os Três Testemunhos ordenados por Deus que deveriam ser guardados -
O Vaso de Ouro contendo o Maná, as Tábuas da Lei, o Cajado de Arão ( Hb 9.4; Ex 16.33; Nm
17.10; Dt 10.2). Os rolos foram utilizados no tempo de Jesus juntamente com a Septuaginta.
No período de Moisés os livros eram apenas a Lei e eram guardados dentro da Arca, após
o cativeiro foram acrescidos os outros livros, e com o passar do tempo, estes registros sa-
grados foram reunidos em três coleções conhecidas como "A Lei", "Os Profetas", e "As Escri-
turas". Estas três coleções, especialmente a terceira, não foram fixadas e encerradas antes
do Concílio Judaico de Jamnia (ao redor de 95 A.D.). A Lei continha os primeiros cinco livros
da nossa Bíblia. Os Profetas incluíam não apenas Isaías, Jeremias, Ezequiel e os Doze Profe-
tas Menores, como também Josué, Juízes, I e II Samuel, e I e II Reis.
Os livros do Antigo Testamento foram escritos em longos pergaminhos fabricados com
pele de cabra fina, e foram copiados por escribas com extremo cuidado. Geralmente cada
um destes livros era escrito em um pergaminho separado, embora a Lei freqüentemente
estivesse copiada em dois grandes pergaminhos. O texto era em hebraico, escrito da direita
para a esquerda. (Apenas alguns capítulos encontram-se escritos em dialeto aramaico.)

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O trecho mais antigo do Antigo Testamento em Hebraico hoje conhecido é um pergami-


nho de Isaías. Este pergaminho provavelmente foi escrito durante o segundo século AC. e
pode ser muito semelhante ao pergaminho utilizado por Jesus na Sinagoga em Nazaré. Ele
foi descoberto em 1947, assim como outros que foram descobertos posteriormente dentro
de uma caverna próxima ao Mar Morto.
As Escrituras incluíam o grande livro de poesia, os Salmos, e também Provérbios, Jó, Es-
ter, Cantares de Salomão, Rute, Lamentações, Eclesiastes, Daniel, Esdras, Neemias, e I e II
Crônicas.
O Antigo Testamento em Grego
A língua grega restringia-se quase inteiramente à Palestina, mas muito antes do tempo de
Cristo existiram comunidades israelitas em muitas regiões do mundo antigo. Devido às con-
quistas de Alexandre e seus sucessores, o grego havia se transformado na língua mais am-
plamente utilizada. Portanto, no terceiro século AC. as Escrituras Hebraicas foram traduzidas
para grego, para serem utilizadas naquelas comunidades. Esta tradução grega é denominada
"Septuaginta".
A Septuaginta contém sete livros que não fazem parte da coleção hebraica; eles não esta-
vam incluídos quando o cânon do Antigo Testamento (ou lista oficial) foi estabelecida por
exegetas israelitas ao final do primeiro século D.C. A igreja primitiva geralmente incluía tais
livros em sua Bíblia. Eles são chamados "Apócrifos" ou "Deuterocanônicos", e encontram-se
presentes nas Bíblias de muitas igrejas.
Este Antigo Testamento em Grego foi utilizado em sinagogas de todas as regiões do Me-
diterrâneo, e foi portanto de grande utilidade para os primeiros discípulos de Jesus em seus
esforços para ganhar convertidos a Ele.
E como a língua grega era compreendida em todas aquelas regiões, os escritores do Novo
Testamento escreveram em grego.
O Novo Testamento em Grego
Os primeiros manuscritos do Novo Testamento que chegaram até nós são algumas das
cartas do Apóstolo Paulo escritas à pessoas ou pequenos grupos de pessoas em diversas
cidades e povoados que haviam crido no Evangelho que ele lhes pregara. Estes grupos foram
o início da igreja cristã. Eles receberam estas cartas, deram-lhes grande valor e preservaram-
nas com todo cuidado. Logo depois grupos de convertidos vizinhos desejaram ter cópias, e
foi assim que as cartas de Paulo começaram a circular. A necessidade de ensinar novos con-
vertidos e o desejo de relatar o testemunho dos primeiros discípulos em relação a vida e os
ensinamentos do nosso Senhor também levaram à escrita dos Evangelhos. Eles constituem
uma fonte inestimável de informações sobre Jesus e seus ensinamentos. Estes manuscritos
passaram a ser muito solicitados a medida em que as igrejas cresciam e se espalhavam. Ou-
tras cartas, exortações, sermões, e manuscritos cristãos semelhantes também passaram a
circular.
O mais antigo fragmento do Novo Testamento hoje conhecido é um pequeno pedaço de
papiro escrito no início do segundo século A.D. Ele contém algumas palavras de João 18.31-
33, no verso contém palavras dos versículos 37 e 38. Nos últimos cem anos descobriu-se
uma quantidade considerável de papiros contendo o Novo Testamento e o texto em grego
do Antigo Testamento. Estes manuscritos daqueles primeiros tempos revelam muito aos
estudiosos sobre a vida na época em que o Novo Testamento foi escrito, e sobre os primei-
ros textos da Bíblia.
Formação do Cânon do Novo Testamento
Da mesma forma que a apostolicidade é provada, também é provada a canonicidade dos

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livros do Novo Testamento, tal como se prova a autoria dos renomados escritores mundiais
cujas obras trazem seus nomes.
A consciência cristã, dominada pelo Espírito, discerniu entre o puro e o impuro. Cumpre
ressaltar que tal realização não se deve nem a própria Igreja, mas que ela aconteceu obede-
cendo os mesmos processos da canonização do Velho Testamento. Isto é, cada livro foi se
impondo e falando por si mesmo com suas provas internas e externas até que em determi-
nado tempo foi reconhecido pelas autoridades eclesiásticas e pelos Pais da Igreja como pos-
suindo autoridade apostólica, não havendo a intervenção de Concílios.
Os livros apareceram primeiramente separados, em épocas e localidades diferentes. Fo-
ram guardados com carinho pelas Igrejas e aceitos como apostólicos. Eram lidos nas assem-
bleias cristãs, em reuniões devocionais, inspirativas e doutrinárias. Com o Tempo foram clas-
sificados em grupos a saber:
a. Os Evangelhos - Se impuseram sobre muitos escritos que falavam sobre Jesus na Igreja
primitiva. Foram universalmente reconhecidos pela Igreja pela sua autoridade apostó-
lica. Essa aceitação é comprovada largamente pelos Pais da Igreja que os citam em
seus escritos.
b. As Epístolas Paulinas - Nada menos que 13 trazem seu nome, embora ele fosse algu-
mas vezes auxiliado por um escrevente ou amanuense, testemunha da legitimidade de
seus escritos (Rm 16.22). Segundo Inácio, Clemente e outros, tais escritos eram aceitos
como Escrituras. Pedro os antecede nesse testemunho (II Pe. 3.15-16).
c. Os demais livros - Todos foram aceitos inicialmente como canônicos, com exceção de I
Pe e I Jo. Estes dois passaram por uma verdadeira tempestade de revisões e críticas du-
rante quase um século ente os anos 400 e 500. Receberam até o título ou apelido de
Deuterocanônicos. No Final desse período, entretanto, eles ainda se mantinham ilesos
motivo pelo qual a Igreja Universal de Cristo os considerou inspirados sem mais ne-
nhuma discussão.
É bom que fique claro, que certos livros do Novo Testamento foram considerados canôni-
cos independentemente de se conhecer quem os escreveu. O exemplo clássico que temos
disso é a Carta aos Hebreus. Muitos dos debates que ainda perduram até hoje sobre livros
do Novo Testamento, não se ligam a sua canonicidade, mas à sua autoria.
Podemos dizer para finalizar, que todo o Cânon das Escrituras Sagradas foi completamen-
te reunido e reconhecido no quarto século, principalmente por aqueles que estavam debai-
xo da direção do Espírito. O problema existente com I Pedro e I João não afetou nem de leve
os verdadeiro fiéis.
Outros Manuscritos
Além dos livros que compõem o nosso atual Novo Testamento, havia outros que circula-
ram nos primeiros séculos da era cristã, como as Cartas de Clemente, o Evangelho de Pedro,
o Pastor de Hermas, e o Didache (ou Ensinamento dos Doze). Durante muitos anos, embora
os evangelhos e as cartas de Paulo fossem aceitos de forma geral, não foi feita nenhuma
tentativa de determinar quais dos muitos manuscritos eram realmente autorizados. Entre-
tanto, o julgamento das igrejas, orientado pelo Espírito de Deus, reuniu a coleção das escri-
turas que constituíam um relato mais fiel de Jesus, Sua vida, Sua autoridade e Sua influência.
No quarto século registrou-se um comum acordo entre os concílios das igrejas, e o Novo
Testamento foi constituído.
Os dois manuscritos mais antigos da Bíblia em grego podem ter sido escritos naquela oca-
sião - o grande Codex Sinaiticus e o Codex Vaticanus. Estes dois manuscritos contém quase a
totalidade da Bíblia em grego. Aproximadamente existem vinte manuscritos escritos nos
primeiros cinco séculos.

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Quando Teodósio proclamou e impôs o cristianismo como única religião oficial no Impé-
rio Romano no final do quarto século, surgiu uma demanda nova e mais ampla por boas có-
pias de livros do Novo Testamento. É possível que o grande historiador Eusébio de Cesaréia
tenha conseguido demonstrar ao imperador o quão danificados e usados já estavam os li-
vros dos cristãos, porque o imperador encomendou cinquenta cópias grandes para as igrejas
de Constantinopla. É provável que esta tenha sido a primeira vez em que o Antigo e o Novo
Testamentos foram apresentados em um único volume, agora denominado Bíblia.
A BÍBLIA E SUAS TRADUÇÕES
Primeiras Traduções em Outras Línguas
Outras traduções começaram a ser realizadas por cristãos novos nas línguas capto (Egito),
etíope (Etiópia), siríaco (norte da Palestina), e em latim, a mais importante de todas as lín-
guas, por ser a mais amplamente utilizada no ocidente. Em meados do quarto século havia
tantas versões parciais e insatisfatórias em latim que no ano 382 A.D. o bispo de Roma no-
meou o grande exegeta Jerônimo para fazer uma tradução oficial. Para poder fazer a melhor
tradução possível, Jerônimo foi à Palestina, onde viveu durante vinte anos. Estudou hebraico
com rabinos famosos e examinou todos os manuscritos que conseguiu localizar. Sua tradu-
ção tornou-se conhecida como "Vulgata", ou seja, escrita na língua de pessoas comuns
(“vulgus”). Embora não tenha sido imediatamente aceita, ela eventualmente tornou-se o
texto oficial do cristianismo ocidental. Neste formato a Bíblia difundiu-se por todas a regiões
do Mediterrâneo, alcançando até o norte da Europa.
Na Europa os cristãos entraram em conflito com os invasores godos e hunos, que destruí-
ram uma grande parte da civilização romana. Em mosteiros, nos quais alguns homens se
refugiaram da turbulência causada por guerras constantes, o texto bíblico foi preservado por
muitos séculos. Foi especialmente a Bíblia em latim, geralmente na versão de Jerônimo, que
foi protegida desta maneira.
Não se sabe quando e como a Bíblia chegou até as Ilhas Britânicas. Missionários levaram
o Evangelho para Irlanda, Escócia e Inglaterra, e não há dúvida de que havia cristãos nos
exércitos romanos que lá estiveram no segundo e terceiro séculos. Provavelmente a tradu-
ção mais antiga na língua do povo desta região é a do Venerável Bede. Relata-se que, no
momento de sua morte, em 735, ele estava ditando uma tradução do Evangelho de João;
entretanto, nenhuma de suas traduções chegou até nós.
Gradualmente foram sendo feitas traduções de passagens e de livros inteiros. Mas como
a maioria dos governantes e autoridades eclesiásticas temia deixar que o povo tivesse aces-
so às Escrituras na sua própria língua, as Escrituras acabaram sendo copiadas em segredo e
circuladas entre as pessoas. A igreja e o estado tentaram cada vez mais, através de decretos
e perseguições, interromper tal circulação das Escrituras traduzidas.
As Primeiras Escrituras Impressas
Na Alemanha, em meados do século 15, um ourives chamado Johan Gutemberg desen-
volveu a arte e fundir tipos metálicos móveis, e aperfeiçoou uma tinta eficiente. O primeiro
livro de grande porte produzido na sua prensa com seus tipos foi a Bíblia em latim. Cópias
impressas decoradas a mão passaram a competir com os mais belos manuscritos. Esta nova
arte foi utilizada para imprimir Bíblias em seis línguas antes de 1500 - alemão, italiano, fran-
cês, tcheco, holandês e catalão; e em outras seis línguas até meados do século 16 - espa-
nhol, dinamarquês, inglês, sueco, húngaro, islandês, polonês e finlandês. Agora as Escrituras
realmente podiam ser lidas na língua destes povos. Mas essas traduções ainda estavam vin-
culadas ao texto em latim. No início do século 16, manuscritos de textos em grego e hebrai-

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co, preservados nas igrejas orientais, começaram a chegar à Europa ocidental. Havia pessoas
eruditas que podiam auxiliar os sacerdotes ocidentais a ler e apreciar tais manuscritos.
Uma pessoa de grande destaque durante este novo período de estudo e aprendizado foi
Erasmo de Roterdã. Ele passou alguns anos atuando como professor na Universidade de
Cambridge, Inglaterra. Em 1516 sua edição do Novo Testamento em grego foi publicada com
seu próprio paralelo da tradução em latim. Assim, pela primeira vez estudiosos da Europa
ocidental puderam ter acesso ao Novo Testamento na língua original, embora, infelizmente,
os manuscritos fornecidos à Erasmo fossem de origem relativamente recente, e portanto
não eram completamente confiáveis.
Fatores Importantes para Avaliação das Traduções Bíblicas
Existem cinco critérios importantes para diferenciar as várias traduções da Bíblia em in-
glês:
1. A confiabilidade do manuscrito original básico utilizado para a tradução. Existem três
textos gregos que hoje são utilizados:
"Textus Receptus";
"Greek New Testament" (edições Sociedades Bíblicas Unidas e Nestle-Aland);
"Majority Text".
Há muito poucas diferenças comprovadas entre estes três textos. E nenhuma de tais dife-
renças envolve qualquer questão doutrinária.
2. A fidelidade das traduções apresentadas.
Transmitir o significado exato e fiel dos originais.
3. O nível do inglês utilizado.
 arcaico (antigo);
 litúrgico (linguagem usada na igreja);
 literário (nível universitário);
 contemporâneo (linguagem moderna);
 linguagem comum (leitura fácil);
4. O tipo de tradução.
 literal (equivalente formal);
 equivalente idiomática;
 equivalente funcional (dinâmica).
 livre (comentário parafraseado adicionado).
5. Finalidade e público usuário.
 associado ao louvor na igreja;
 leitura devocional pessoal;
 estudo bíblico, tradução da Bíblia;
 evangelização;
 crianças;
 aprendizado e memorização de versículos;
 preparação denominacional.
AS TRADUÇÕES EM PORTUGUÊS
A Primeira Bíblia em Português
Os mais antigos registros de tradução de trechos da Bíblia para o português são do final
do século XV, 1495, porém dezenas de anos se passaram até que a primeira versão completa
estivesse disponível, em 3 volumes, em 1753.
Em 1628, nascia, em Portugal, João Ferreira de Almeida. Aos quatorze anos, aconteceram

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sua conversão ao protestantismo e sua ida para Malásia. Dois anos depois, João F. Almeida
iniciou um trabalho de tradução do Novo Testamento, baseado nas versões em italiano, es-
panhol e latim. Essa versão nunca foi publicada, mas o desejo de aprimorar sua obra levou
João Ferreira de Almeida a ser ordenado em 1656 e ao estudo do hebraico e grego.
O Padre João Ferreira de Almeida, título dado aos pregadores religiosos na época, cuidava
de algumas igrejas na região da Malásia e Índia. Junto com sua esposa enfrentou situações
difíceis na região. Em 1663, Almeida iniciou a tradução do Novo Testamento direto do grego.
Embora o seu trabalho com o grego tenha terminado somente treze anos depois, durante
esse período ele iniciou também a tradução do Antigo Testamento a partir dos originais em
hebraico.
Em 1681, foi publicada na Holanda a tradução de Almeida do Novo Testamento, porém
foi logo recolhida, pois apresentava erros tipográficos e um trabalho urgente de revisão era
necessário. Uma nova impressão foi finalmente feita doze anos depois, em 1693.
João Ferreira de Almeida não chegou a ver o Novo Testamento revisado ser impresso pois
faleceu em 1691, na ilha de Java, sem terminar também o Antigo Testamento, seu trabalho
chegou só até o Livro de Ezequiel.
A tradução do Antigo Testamento foi terminada por Jacobus Akker em 1694, mas pro-
blemas de revisão novamente atrasaram a publicação do trabalho. Cinquenta quatro anos
depois, em 1748 foi publicada, na Holanda, o primeiro volume do Antigo Testamento, e em
1753 o segundo volume do trabalho iniciado por Almeida.
A primeira impressão da Bíblia completa, em português, em um único volume, aconteceu
em Londres, em 1819, com a versão de João Ferreira de Almeida.
No final do século XIX foi feita um grande revisão na Versão de Almeida. Esse trabalho é
conhecido como Bíblia na Versão Revista e Corrigida de Almeida. Embora com palavras bem
eruditas e construções gramaticais de difícil compreensão, ainda é uma versão muito apreci-
ada hoje em dia.
Na década de 40 do nosso século, uma comissão de especialistas passou anos revendo a
tradução e foi publicada a Versão Revista e Atualizada de Almeida (1ª edição), a Versão mais
lida e conhecida da Bíblia no Brasil.
Essa duas versões, a Revista e Corrigida (RC) e Revista e Atualizada (RA), passaram recen-
te- mente por atualizações gramaticais pela Comissão de Tradutores da Sociedade Bíblica do
Brasil. Atu- almente, essas Versões são conhecidas como: Versão de Almeida Revista e Corri-
gida, 2ª edição (1995) e Versão de Almeida Revista e Atualizada, 2ª edição (1993).
Almeida: A Obra de uma Vida
Conhecido pela autoria de uma das mais lidas traduções da Bíblia em português, ele teve
uma vida movimentada e morreu sem terminar a tarefa que abraçou ainda muito jovem.
Entre a grande maioria dos evangélicos do Brasil, o nome de João Ferreira de Almeida es-
tá intimamente ligado às Escrituras Sagradas. Afinal, é ele o autor (ainda que não o único) da
tradução da Bíblia mais usada e apreciada pelos protestantes brasileiros. Disponível aqui em
duas versões publicadas pela Sociedade Bíblica do Brasil - a Edição Revista e Corrigida e a
Edição Revista e Atualizada - a tradução de Almeida é a preferida de mais de 60% dos leito-
res evangélicos das Escrituras no País, segundo pesquisa promovida por A Bíblia no Brasil.
Se a obra é largamente conhecida, o mesmo não se pode dizer a respeito do autor. Pou-
co, ou quase nada, se tem falado a respeito deste português da cidade de Torres de Tavares,
que morreu há 300 anos na Batávia (atual ilha de Java, Indonésia). O que se conhece hoje da
vida de Almeida está registrado na ''Dedicatória" de um de seus livros e nas atas dos presbi-
térios de Igrejas Reformadas (Presbiterianas) do Sudeste da Ásia, para as quais trabalhou
como pastor, missionário e tradutor, durante a segunda metade do século XVII.
De acordo com esses registros, em 1642, aos 14 anos, João Ferreira de Almeida teria dei-

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xado Portugal para viver em Málaca (Malásia). Ele havia ingressado no protestantismo, vindo
do catolicismo romano, e transferia-se com o objetivo de trabalhar na Igreja Reformada Ho-
landesa local.
Tradutor aos 16 anos

Dois anos depois, começou a traduzir para o português, por iniciativa própria, parte dos
Evangelhos e das Cartas do Novo Testamento em espanhol. Além da Versão Espanhola, Al-
meida usou como fontes nessa tradução as Versões Latina (de Beza), Francesa e Italiana -
todas elas traduzidas do grego e do hebraico. Terminada em 1645, essa tradução de Almeida
não foi publicada. Mas o tradutor fez cópias à mão do trabalho, as quais foram mandadas
para as congregações de Málaca, Batávia e Ceilão (hoje Sri Lanka). Mais tarde, Almeida to-
mou-se membro do Presbitério de Málaca, depois de escolhido como capelão e diácono da-
quela congregação.
No tempo de Almeida, um tradutor para a língua portuguesa era muito útil para as igrejas
daquela região. Além de o português ser o idioma comumente usado nas congregações
presbiterianas, era o mais falado em muitas partes da Índia e do Sudeste da Ásia. Acredita-
se, no entanto, que o português empregado por Almeida tanto em pregações como na tra-
dução da Bíblia fosse bastante erudito e, portanto, difícil de entender para a maioria da po-
pulação. Essa impressão é reforçada por uma declaração dada por ele na Batávia, quando se
propôs a traduzir alguns sermões, segundo palavras, "para a língua portuguesa adulterada,
conhecida desta congregação".
Perseguido pela Inquisição, Ameaçado por um Elefante
O tradutor permaneceu em Málaca até 1651, quando se transferiu para o Presbitério da
Batávia, na cidade de Djacarta. Lá, foi aceito mais uma vez como capelão, começou a estudar
teologia e, durante os três anos seguintes, trabalhou na revisão da tradução das partes do
Novo Testamento feita anteriormente. Depois de passar por um exame preparatório e de ter
sido aceito como candidato ao pastorado, Almeida acumulou novas tarefas: dava aulas de
português a pastores, traduzia livros e ensinava catecismo a professores de escolas primá-
rias. Em 1656, ordenado pastor, foi indicado para o Presbitério do Ceilão, para onde seguiu
com um colega, chamado Baldaeus.
Ao que tudo indica, esse foi o período mais agitado da vida do tradutor. Durante o pasto-
rado em Galle (Sul do Ceilão), Almeida assumiu uma posição tão forte contra o que ele cha-
mava de "superstições papistas", que o governo local resolveu apresentar uma queixa a seu
respeito ao governo de Batávia (provavelmente por volta de 1657). Entre 1658 e 1661, épo-
ca em que foi pastor em Colombo, ele voltou a enfrentar problemas com o governo, o qual
tentou, sem sucesso, impedi-lo de pregar em português. O motivo dessa medida não é co-
nhecido, mas supõe-se que estivesse novamente relacionado com as ideias fortemente anti-
católicas do tradutor.
A passagem de Almeida por Tuticorin (Sul da Índia), onde foi pastor por cerca de um ano,
também parece não ter sido das mais tranquilas. Tribos da região negaram-se a ser batiza-
das ou ter seus casamentos abençoados por ele. De acordo com seu amigo Baldaeus, o fato
aconteceu porque a Inquisição havia ordenado que um retrato de Almeida fosse queimado
numa praça pública em Goa.
Foi também durante a estada no Ceilão que, provavelmente, o tradutor conheceu sua
mulher e casou-se. Vinda do catolicismo romano para o protestantismo, como ele, chamava-
se Lucretia Valcoa de Lemmes (ou Lucrecia de Lamos). Um acontecimento curioso marcou o
começo de vida do casal: numa viagem através do Ceilão, Almeida e Dona Lucretia foram
atacados por um elefante e escaparam por pouco da morte. Mais tarde, a família comple-
tou-se, com o nascimento de um menino e de uma menina.

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Ideias e Personalidade
A partir de 1663 (dos 35 anos de idade em diante, portanto), Almeida trabalhou na con-
gregação de fala portuguesa da Batávia, onde ficou até o final da vida. Nesta nova fase, teve
uma intensa atividade como pastor. Os registros a esse respeito mostram muito de suas
ideias e personalidade. Entre outras coisas, Almeida conseguiu convencer o presbitério de
que a congregação que dirigia deveria ter a sua própria cerimônia da Ceia do Senhor. Em
outras ocasiões, propôs que os pobres que recebessem ajuda em dinheiro da igreja tivessem
a obrigação de frequentá-la e de ir às aulas de catecismo. Também se ofereceu para visitar
os escravos da Companhia das Índias nos bairros em que moravam, para lhes dar aulas de
religião - sugestão que não foi aceita pelo presbitério - e, com muita frequência, alertava a
congregação a respeito das “influências papistas”.
Ao mesmo tempo, retomou o trabalho de tradução da Bíblia, iniciado na juventude. Foi
somente então que passou a dominar a língua holandesa e a estudar grego e hebraico. Em
1676, Almeida comunicou ao presbitério que o Novo Testamento estava pronto. Aí começou
a batalha do tradutor para ver o texto publicado - ele sabia que o presbitério não recomen-
daria a impressão do trabalho sem que fosse aprovado por revisores indicados pelo próprio
presbitério. E também que, sem essa recomendação, não conseguiria outras permissões
indispensáveis para que o fato se concretizasse: a do Governo da Batávia e a da Companhia
das Índias Orientais, na Holanda.
Exemplares Destruídos
Escolhidos os revisores, o trabalho começou e foi sendo desenvolvido vagarosamente.
Quatro anos depois, irritado com a demora, Almeida resolveu não esperar mais - mandou o
manuscrito para a Holanda por conta própria, para ser impresso lá. Mas o presbitério conse-
guiu parar o processo, e a impressão foi interrompida. Passados alguns meses, depois de
algumas discussões e brigas, quando o tradutor parecia estar quase desistindo de apressar a
publicação de seu texto, cartas vindas da Holanda trouxeram a notícia de que o manuscrito
havia sido revisado e estava sendo impresso naquele país.
Em 1681, a primeira edição do Novo Testamento de Almeida finalmente saiu da gráfica.
Um ano depois, ela chegou à Batávia, mas apresentava erros de tradução e revisão. O fato
foi comunicado às autoridades da Holanda e todos os exemplares que ainda não haviam
saído de lá foram destruídos, por ordem da Companhia das Índias Orientais. As autoridades
Holandesas determinaram que se fizesse o mesmo com os volumes que já estavam na Batá-
via. Pediram também que se começasse, o mais rápido possível, uma nova e cuidadosa revi-
são do texto.
Apesar das ordens recebidas da Holanda, nem todos os exemplares recebidos na Batávia
foram destruídos. Alguns deles foram corrigidos à mão e enviados às congregações da região
(um desses volumes pode ser visto hoje no Museu Britânico, em Londres). O trabalho de
revisão e correção do Novo Testamento foi iniciado e demorou dez longos anos para ser
terminado. Somente após a morte de Almeida, em 1693, é que essa segunda versão foi im-
pressa, na própria Batávia, e distribuída.
Ezequiel 48.21
Enquanto progredia a revisão do Novo Testamento, Almeida começou a trabalhar com o
Antigo Testamento. Em 1683, ele completou a tradução do Pentateuco (os cinco primeiros
livros do Antigo Testamento). Iniciou-se, então, a revisão desse texto, e a situação que havia
acontecido na época da revisão do Novo Testamento, com muita demora e discussão, aca-
bou se repetindo. Já com a saúde prejudicada - pelo menos desde 1670, segundo os regis-
tros -, Almeida teve sua carga de trabalho na congregação diminuída e pôde dedicar mais
tempo à tradução. Mesmo assim, não conseguiu acabar a obra à qual havia dedicado a vida

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inteira. Em 1691, no mês de outubro, Almeida morreu. Nessa ocasião, ele havia chegado até
Ezequiel 48.21. A tradução do Antigo Testamento foi completada em 1694 por Jacobus op
den Akker, pastor holandês. Depois de passar por muitas mudanças, ela foi impressa na Ba-
távia, em dois volumes: o primeiro em 1748 e o segundo, em 1753.
Outras Traduções da Bíblia em Português
Além do trabalho de Almeida, outras traduções ficaram conhecidas no Brasil.
 Versão de Figueiredo, feita, a partir da Vulgata, pelo Padre católico Antônio Pereira de
Figueiredo e publicada em 7 volumes, em 1790, depois de dezoito anos do início do
trabalho.
 Versão Brasileira, iniciada em 1902 e terminada em 1917, feita a partir dos originais,
produzida por uma comissão de especialistas e com a colaboração de alguns ilustres
brasileiros como consultores dessa comissão. Entre eles: Rui Barbosa, José Veríssimo e
Heráclito Graça. Está sendo revisada atualmente para reimpressão pela Sociedade Bí-
blica do Brasil.
 Versão de Matos Soares, feita em Portugal, publicada pela primeira vez em 1932. Ver-
são dos Monges Beneditinos, feita a partir das línguas originais para o francês, na Bél-
gica, traduzida do francês para o português e publicada em 1959.
 Versão dos Padres Capuchinhos, feita a partir das línguas originais para o português,
no Brasil, e publicada em 1968.
 Bíblia na Linguagem de Hoje
 Bíblia de Jerusalém, feita a partir dos originais para o francês, na Bélgica, traduzida pa-
ra o português e publicada em 1976.
 Bíblia Vozes, traduzida por uma comissão da Igreja Católica, a partir dos originais para
o português, e publicada em 1982.
A Versão Brasileira.
Conhecida por sua fidelidade aos textos originais, a primeira tradução da Bíblia feita no
Brasil chegou a ser chamada de "tira-teimas".
Em 1917, durante a Primeira Guerra Mundial, foi lançada a primeira tradução da Bíblia
realizada no Brasil. Era a Versão Brasileira, como ficou conhecida (ou simplesmente pela
abreviação VB), feita a partir dos textos originais gregos e hebraicos.
A nova tradução não demorou a receber críticas e elogios. Alguns consideraram a Versão
Brasileira literal demais e também não aprovaram a maneira como a tradução trazia escritos
os nomes dos lugares e dos personagens bíblicos - diferente da consagrada e geralmente
aceita nas versões portuguesas, utilizadas no País até aquela data.
Apesar dessas restrições, figuras importantes da época fizeram elogios à Versão Brasilei-
ra, ressaltando, em especial, a sua fidelidade. José Carlos Rodrigues, dono e redator do “Jor-
nal do Comercio”, o diário mais respeitado do Rio de Janeiro no começo do século, fez o
seguinte comentário a respeito da VB, comparando-a com a tradução portuguesa de Antô-
nio Pereira Figueiredo: “Perde um pouco do belo português de Figueiredo, porém ganha na
fidelidade ao sentido original”. O Dr. William Carey Taylor, professor de Grego Neotesta-
mentário e autor do livro “Introdução ao Estudo do Novo Testamento Grego”, compartilha-
va da opinião de José Carlos Rodrigues sobre a tradução. “É uma das versões mais fiéis aos
originais que tenho lido em qualquer língua”.
Essa elogiada fidelidade acabou dando origem a uma brincadeira comum em alguns se-
minários brasileiros, onde a VB era chamada de TT - a “tira-teimas”.

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Comissão de Celebridades
Os trabalhos da Comissão Tradutora começaram por volta de 1902, sob o patrocínio da
Sociedade Bíblica Britânica e Estrangeira (de Londres) e da Sociedade Bíblica Americana (de
Nova Iorque), responsáveis pela distribuição das Escrituras Sagradas no País durante o perí-
odo anterior à fundação da Sociedade Bíblica do Brasil (1948). Os tradutores destacados
para a realização do projeto foram três missionários americanos - Rev. John Rockwell Smith,
Rev. John M. Kyle (ambos presbiterianos) e Rev. William Cabell Brown (episcopal) - e três
pastores brasileiros - o famoso filólogo Eduardo Carlos Pereira, o matemático Antônio Ban-
deira Trajano (presbiterianos), e Hipólito de Oliveira Campos (Metodista). A Comissão esco-
lheu o Rev. William Cabell Brown como seu presidente e relator. Mais tarde, em 1913, o Rev.
Brown voltou para os Estados Unidos, e o Rev. Eduardo Carlos Pereira o substituiu no cargo.
Participaram ainda das atividades da Comissão o poeta gaúcho Mário Artagão e dois es-
critores: Virgílio Várzea e Alberto Meyer. Outras grandes personalidades da literatura brasi-
leira - como Ruy Barbosa, Heráclito Graça e José Veríssimo - também contribuíram, por di-
versas vezes, na elaboração da Versão Brasileira, como consultores.
“Versão Fiel”
A tradução do Antigo Testamento foi baseada no texto hebraico de “Letteris”, e a do No-
vo Testamento, no texto grego de “Nestlé”. Como fontes de consulta, a Comissão utilizou a
“King James Version” (a mais conhecida tradução da Bíblia em inglês), Edição Revista de
1866, as traduções portuguesas de Antônio Pereira de Figueiredo e João Ferreira de Almei-
da, além da italiana de Diodatti, da francesa de Ostervald e da espanhola de Reina-Valera. A
“Septuaginta” e a “Vulgata Latina”, traduções clássicas, também foram consultadas.
Os primeiros livros a serem publicados na nova versão foram os Evangelhos de Mateus e
Marcos, em 1904. Tratava-se de uma edição para testar a aceitação dos leitores - e que foi
recebida com algumas críticas. O fato levou a Comissão Tradutora a rever o texto de Mateus,
o qual, já revisado, voltou a ser publicado em 1905. Os demais livros foram sendo editados
aos poucos até a publicação da Bíblia completa, o que aconteceu 15 anos depois de iniciado
o trabalho.
A Versão Brasileira nunca sofreu qualquer revisão, correção ou aperfeiçoamento na lin-
guagem. Com o passar dos anos, foi sendo substituída pela tradução de João Ferreira de
Almeida na preferência da população evangélica. Mais tarde, teve a sua produção desativa-
da pelas Sociedades Bíblicas que haviam idealizado e patrocinado seu projeto. Apesar disso,
até hoje a Versão Brasileira é considerada uma tradução importante - muitos estudiosos da
Bíblia chegam mesmo a chamá-la de “Versão Fiel” e torcem para que seja republicada.
Data da Páscoa
A páscoa judaica (Pesach), que ocorre 163 dias antes do início do ano judaico, foi instituí-
da na época de Moisés (êxodo 12), uma festa comemorativa feita a Deus em agradecimento
à libertação do povo de Israel escravizado pelo Faraó, o rei do Egito. Esta data não é a mes-
ma da Páscoa Juliana e Gregoriana.
O dia da Páscoa cristã, que marca a ressurreição de Cristo, de acordo com o decreto do
papa Gregório XIII (Ugo Boncampagni, 1502-1585), Inter Gravissimas em 24.02.1582, se-
guindo o primeiro concílio de Nicéia de 325 d.C., convocado pelo imperador romano Cons-
tantino, é o primeiro domingo depois da Lua Cheia que ocorre em/ou logo após 21 de mar-
ço , data fixada para o equinócio de primavera no hemisfério norte. Entretanto, a data da
Lua Cheia não é a real, mas a definida nas Tabelas Eclesiásticas, que, sem levar totalmente
em conta o movimento complexo da Lua, podia ser calculada facilmente, e está próxima da
lua real.

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De acordo com essas regras, a Páscoa nunca acontece antes de 22 de março nem depois
de 25 de abril. A Quarta-Feira de Cinzas ocorre 46 dias antes da Páscoa e, portanto, a Terça-
Feira de carnaval ocorre 47 dias antes da Páscoa.
CONCLUSÃO
A experiência da ressurreição, vivida em comunidade, foi o grande estalo que iluminou os
olhos e revelou aos cristãos o sentido da Bíblia e da vida. A história dos discípulos de Emaús
mostra isso bem claramente, pois Jesus aparece aí como o intérprete da Bíblia e da vida.
Quando, no dia de Páscoa, os dois discípulos andavam pela estrada, Jesus caminhava com
eles, mas eles não o reconheceram (Lc 24.15-16). Faltava a luz nos olhos. Faltava a experiên-
cia da ressurreição. Quando, finalmente, o reconheceram na partilha do pão, Jesus desapa-
receu (Lc 24.30-31). Pois nesta hora, Jesus entrou para dentro deles, e eles mesmos ressuscita-
ram. Venceram o desânimo e voltaram para Jerusalém, onde estavam os poderes que, ma-
tando Jesus, tinham matado neles a esperança. Mas eles já não os temiam. Neles estava a
força maior, a força da vida que vence a morte.
A Bíblia teve um papel muito importante nesta transformação que se operou nos dois
discípulos. Jesus usou a Bíblia não tanto para enriquecer os dois com ideias bonitas, mas
muito mais para suscitar neles aquela mudança do medo para a coragem, do desespero para
a esperança, da separação para o reencontro, da fuga para a realidade, da morte para a vi-
da. Vale a pena a gente ver mais de perto o jeito como Jesus usou a Bíblia. Ele serve de mo-
delo para nós. A Bíblia tem sido um instrumento de transformação e salvação e que ela
também transforme a cada dia sua vida.
Se o(a) amado(a) irmão(ã) teve o inigualável privilégio de conhecer a Jesus, experimen-
tando seu poder em sua vida, só resta agora atender a exortação do apóstolo (At 22.16).
Conforme o propósito deste estudo, você foi levado a compreender a vontade de Deus
sobre a sua vida, batizando-se você entra definitiva e legitimamente na comunhão da igreja
e a partir de então se torna beneficiário e beneficiado responsável pela integridade, funcio-
namento e manutenção dela, tanto no âmbito físico (como o prédio e seus pertences) como
no espiritual (orando e consagrando-se em favor de seus ministros e membros).
Simultaneamente você passa a ser participante das bênçãos de Deus, e se torna mais um
dos muitos instrumentos de Deus para conquista e salvação dos que ainda não conhecem o
Caminho da Verdade (entre os quais estão seus parentes e amigos!).
Procure informar-se com os demais irmãos ou com o ministério da igreja sobre as formas
pelas quais você pode contribuir nestas áreas. A igreja cumpre com seus compromissos fi-
nanceiros através de ofertas e dízimos voluntários os quais se recolhe de acordo com os mé-
todos escolhidos por seus dirigentes.
Pergunte ao seu pastor ou dirigente, ou ainda a algum irmão ou irmã da igreja como você
poderia cumprir com seu dever nesta área, pois na igreja compromisso financeiro engloba a
aquisição de literaturas como folhetos, revistas para escola dominical, Bíblias para evange-
lismo, utensílios de aula e visitas em hospitais, asilos e diversos outros lugares.
É comum em nossos dias algumas pessoas questionarem o princípio das igrejas em levar
seus membros a serem dizimistas, porém esclarecemos para seu conhecimento alguns pon-
tos sobre este tema.
Esta é uma doutrina antiga que Deus estabeleceu para seu povo e que hoje necessita de
seus cuida- dos. As pessoas não compreendem devido a dureza de coração, ou aplicam em
interesse próprio os ensinamentos e passam a fazer mau uso das coisas de Deus.
Algumas pessoas dentro das igrejas Cristãs hoje não são dizimistas porque não concor-
dam que seja bíblica esta doutrina, outros acham que os líderes fazem mau uso do dinheiro,
outros não conseguem dar a Deus muito de seu dinheiro. É um ensino claro da Palavra de
Deus que toda riqueza a Ele pertence, pois Ele é o dono do ouro e da Prata (Dt 8.13), en-

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quanto nós somos simples despenseiros dela. Só Deus tem o direito de propriedade, e o
Cristão somente o direito de posse, isto é, o direito de usar os bens materiais enquanto esti-
ver neste mundo.
O Cristão verdadeiro reconhece que Deus é quem lhe dá forças para adquirir fortuna (Dt
8.18), o dízimo não deve ser uma prática somente dos membros das igrejas, mas de todos
Aqueles que entendem que Deus está sobre suas vidas.

"Assim já não sois estrangeiros, nem forasteiros,


mas concidadãos dos santos e da Família de Deus”
Efésios 2.19

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COMPARTILHANDO JESUS
QUÃO BOM PRECISAMOS SER PARA SERMOS ACEITOS POR DEUS?
Estratégia:
Está dividida em três encontros que abordam:
1. Quais são as nossas possibilidades reais? – Contempla a condição moral do homem e
sua condenação diante de Deus. O alvo é que o participante tenha reconheça estar
abaixo do padrão de exigência de Deus.
2. O que Deus já fez por nós – Compartilhar da obra de Cristo na cruz pagando totalmen-
te os nossos pecados.
3. Como desfrutar de seu plano e de sua bondade? Uma abordagem do papel da fé que
salva.
Indicação:
Esta abordagem foi preparada para ser compartilhada com pessoas que já estejam bus-
cando alguma resposta, e assim possas ser esclarecidas.
1º Momento – Quais são as nossas possibilidades reais?
Introdução:
Há um pensamento reinante que todas as pessoas boas são aceitas por Deus. Quem são
estas boas? Qual o padrão de bom que vale?
Imagine-se chegando à ante-sala do céu e inferno. Você opta pelo céu, toca a campainha,
e alguém do lado de dentro lhe pergunta: ‘Por que razão eu deveria deixar você entrar?’
Qual sua resposta? Acredito que as principais respostas seriam rejeitadas, e a razão já
pode ser conhecida hoje.
O Que Deus pensa?

Romanos 3.10-12; 23
10 como está escrito: Não há justo, nem um sequer,
Podemos pensar que injustiça seja da parte de juízes ou de membros da Câmara Mu-
nicipal de São Paulo, mas não há nenhum fora de lá, aqui entre nós por exemplo.
11 não há quem entenda, não há quem busque a Deus;
Não existe quem entenda o que Deus pensa e exige, há ignorância e é geral. Se al-
guém busca a Deus, é porque houve alguma iniciativa divina, pois do contrário o ho-
mem não busca.
12 todos se extraviaram, à uma se fizeram inúteis; não há quem faça o bem, não há
nem um sequer.
Todo mundo se desviou do plano de Deus. Ninguém faz o bem, no padrão de Deus, é cla-
ro.
Exemplo da história do Almir Sater que foi apostar em briga de galo e uma pessoa disse
que o ‘galo bão era o vermeio’. Ele apostou no vermelho, mas o preto ganhou. Ele foi ao
homem que disse que o vermelho era bom, e o homem disse que o ‘vermeio era o bom,
mas o preto era marvado’.
Bom pode variar na ótica humana, mas não na divina.
23 pois todos pecaram e carecem da glória de Deus,
O fato é que não há quem não tenha pecado, e a consequência está afastado de
Deus. Devemos explorar o conceito generalizado do texto. ‘Não há’, ‘nem se quer

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um’, ‘todos’. Podemos ter um certo padrão de bom, mas no padrão de Deus, é isto
que vale.
Romanos 6.23 porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vi-
da eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor.
A condenação do pecado é o afastamento de Deus.
Posso me sentir diferente de culpado?
Como podemos resolver isto? O que podemos fazer? Estas perguntas de alguma forma
passam em nossa mente, e aí vem a consideração de cumprir com as exigências de Deus. Por
que Deus deu sua lei? A resposta mais comum é que é para ser cumprida, mas não é.
19 Ora, sabemos que tudo o que a lei diz, aos que vivem na lei o diz para que se cale to-
da boca, e todo o mundo seja culpável perante Deus,
O objetivo final da lei é levar as pessoas a perceberem que estão condenadas. Calar a bo-
ca é não se defender, mas reconhecer que está fora do padrão de Deus.
20 visto que ninguém será justificado diante dele por obras da lei, em razão de que pela
lei vem o pleno conhecimento do pecado.
‘Ninguém’, (novamente a linguagem absoluta) será tomada por justo por cumprir a lei,
pois não há quem a cumpra. O objetivo primeiro da lei é fazer-nos ver que nós também
não a cumprimos. Isto pode ser exemplificado pelo ‘Evidenciador de placa bacteriana’,
‘Fio de prumo’, ‘Contraste para exames clínicos’. Estes são instrumentos que ajudam a
clarear a visão, mas não têm nenhum valor terapêutico e corretivo. Como um binóculo ou
microscópio, eles não acrescentam nada além da visão.
Este é o papel da lei.
Isto não significa que é ruim quando uma pessoa obedece a lei, pois a sociedade toda ga-
nha. Se ninguém roubar, vamos gastar menos dinheiro com segurança, vamos nos sentir
mais seguros, mais tranquilos, etc, mas diante de Deus isto não muda.
Precisamos considerar o padrão de exigência:
Mateus 5.21-22; 27-28
21. Ouvistes que foi dito aos antigos: Não matarás; e: Quem matar estará sujeito a jul-
gamento.
22. Eu, porém, vos digo que todo aquele que [sem motivo] se irar contra seu irmão es-
tará sujeito a julgamento; e quem proferir um insulto a seu irmão estará sujeito a jul-
gamento do tribunal; e quem lhe chamar: Tolo, estará sujeito ao inferno de fogo.
27. Ouvistes que foi dito: Não adulterarás. 28 Eu, porém, vos digo: qualquer que olhar
para uma mulher com intenção impura, no coração, já adulterou com ela.
Note que a condição não é só o fazer, mas inclui o pensar. Quem é capaz de cumprir com
tal padrão de exigência?
Exigência absoluta
Tg 2.10
Pois qualquer que guarda toda a lei, mas tropeça em um só ponto, se torna culpado de
todos.
O padrão de exigência de Deus é absoluto, se erra uma só vez é suficiente. Isto se deve
por duas razões, a santidade absoluta de Deus e a gravidade do pecado. Compare isto com
cicuta. 2gr são suficientes para matar. Se um de nós toma 2gr, outro 5gr e ainda outro 10gr,
quem de nós estará mais morto? Todos estarão mortos igualmente. Assim é com o pecado,

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um só já fatal, independentemente da quantidade. Não é a mesma coisa com a sociedade


humana, que quanto menos ofensas, mais segura é.
Gálatas 3.10
Todos quantos, pois, são das obras da lei estão debaixo de maldição; porque está escrito:
Maldito todo aquele que não permanece em todas as coisas escritas no Livro da lei, para
praticá-las.
Note que em caso se obediência completa, não há maldição, mas se não é completa, está
debaixo de maldição. Por completa devemos entender uma conduta que inclui o pensamen-
to oculto sem nenhuma marca de pecado realizado na mente o de fato.
O que podemos fazer? Alguém aqui é suficientemente bom para isso?
O jovem Rico – Mt 19.16
2o Momento – O que Deus já fez por nós
Introdução:
Quais são as dúvidas que ficaram da última semana?
Vamos recordar o que vimos. O homem está condenado e amaldiçoado, pois não cumpre
as exigências da lei. Justiça e bondade requeridas por Deus para ser bem recebido por Ele,
devem ser completas, atingindo até o nível do pensamento. Quem pode cumprir isto?
É muito comum tentar minimizar o problema posto, mas isto não ajuda em nada. Quem
efetivamente está doente, precisa saber o que tem para se dispor a ser tratado. Isto é como
negar a alguém o saber da gravidade de seu problema. Esconder a enfermidade não vai evi-
tar que a pessoa enfrente a morte, e as consequências que a seguem. Não vale a pena negar
o que Deus já disse sobre nossa situação. Isto não resolve o problema, simplesmente o ocul-
ta dos olhos.
Se temos consciência de nossa condenação, resta-nos ver o que deus pode fazer, pois nós
mesmos nada podemos fazer. Ilustração do pai que acompanha o filho que é campeão de
natação e que pretende atravessar o Amazonas a nado. Se o pai que está em cima do barco
não fizer nada, o filho morre. Isto também acontece conosco e Deus.
A substituição justa
Gl 3.10, 13
Todos quantos, pois, são das obras da lei estão debaixo de maldição; porque está escrito:
Maldito todo aquele que não permanece em todas as coisas escritas no Livro da lei, para
praticá-las....
Esta foi a verdade que vimos, se cumprimos está tudo bem. Mas se não, estamos debaixo
de maldição, mas vejamos o que Deus fez:
Gl 3.13
Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se ele próprio maldição em nosso lugar
(porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado em madeiro),...
Ele nos substituiu na hora de receber a paga da maldição, ‘em nosso lugar’. Esta operação
era chamada de ‘redenção’ ou ‘resgate’ palavra que voltou ao uso graça aos sequestradores.
Certa vez um homem contou da história de seu bom filho que já moço cometera uma bar-
baridade. Ele manteve o castigo e determinou que sua esposa o disciplinasse, mas ele apa-
nharia no lugar do filho.
II Co 5.21
Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós; para que, nele, fôssemos fei-

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tos justiça de Deus.


Deus ao colocar Jesus na cruz, puniu nele os pecados que ele não cometeu, mas nós co-
metemos. Deus não poderia, por causa de seu caráter, simplesmente perdoar, pois Ele é
absolutamente verdadeiro, e como disse que o salário do pecado é a morte, Ele não pode
desfazer. Mas ele completou a justiça de nosso pecado na cruz.
Escrito de dívida
Cl 2.14
...tendo cancelado o escrito de dívida, que era contra nós e que constava de ordenanças, o
qual nos era prejudicial, removeu-o inteiramente, encravando-o na cruz;
‘Escrito de dívida’ era um documento romano que os prisioneiros tinham. Dividido em
três partes onde eram escritos: 1-Crime cometido, 2-A condenação destinada e 3-A consu-
mação do crime.
Ao estar na cruz, Jesus que sempre chamava a Deus de Pai, enquanto sofreu a condena-
ção, ele disse: ‘Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste. O que evidenciava a sepa-
ração que o pecado trouxe. Depois de ter pagado a culpa, escreveu a parte debaixo do es-
crito de dívida, ‘Está consumado’
Jo 3.16
Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo
o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.
Deus enviou seu filho para que no nosso lugar morresse, fosse sepultado e ressuscitasse.
Este é o evangelho de Jesus. Evangelho significa ’boa notícia’, isto é, o que fora impossível a
nós, Deus o fez por mim. A razão, o seu amor, a sua bondade.
3º Momento - Como posso desfrutar?
Introdução
Em nosso primeiro encontro falamos acerca da condenação por sermos todos pecadores.
Não a quem não seja pecador, e consequentemente todos estão condenados a viverem se-
parados de Deus. Não solução que o homem possa providenciar.
No segundo encontro falamos acerca da obra de Cristo. Ele levou sobre si as nossas cul-
pas e cumpriu assim a justiça de Deus. Este foi o plano do Pai que concilia Seu amor e Sua
justiça, não ficando nenhum pecado a ser acertado.
Todos estão livres?
Embora seja verdade que Cristo pagou os pecados de todos, isto não significa que todos
desfrutem da salvação. Imagine que um de nós está com uma dívida e o outro se proponha a
pagar dando um cheque no valor da dívida. A pessoa que recebe o cheque pode ter diferen-
tes reações como não acreditar que haja fundos, agradecer pela bondade mas quer resolver
só, ou ainda ir ao banco e pagar sua dívida. Somente neste caso é que desfrutará do dinheiro
oferecido.
Da mesma forma, embora Cristo tenha feito a obra completa, se não nos apropriarmos da
salvação que Cristo nos proporcionou, temos tudo e não temos nada. Como podemos des-
frutar?
Ef 2.8-9
Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não
de obras, para que ninguém se glorie.
Jo 6.28

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Dirigiram-se, pois, a ele, perguntando: Que faremos para realizar as obras de Deus? 29
Respondeu-lhes Jesus: A obra de Deus é esta: que creiais naquele que por ele foi enviado.
Note que Paulo nos diz que somos salvos pela 'Graça', que significa 'favor que não se me-
rece'. Lembre-se que merecemos a condenação, mas Cristo morreu por nós. Esta obra 'não
vem de nós', Deus nos deu de presente, ou seja, é 'dom'. Como se recebe um presente? Se
você fosse dar um presente, espera que a pessoa lhe pague algo? Se ela disser que não pode
aceitar dado, mas quer pagar ainda que seja pouco abaixo do preço, é uma ofensa e desca-
racteriza o presente. Não aceitamos isso.
O único meio de se receber o presente de Deus é aceitar, confiar, crer, pois do contrário
não é presente. Da mesma forma, só pela fé se é salvo, por isso diz: 'sois salvos por meio da
fé'. A fé em si mesma não salva, mas ela permite o desfrutar da salvação.
Certo homem se propôs a atravessar as cataratas de Niagara sobre um cabo com uma
moto e perguntou quem acreditava que ele o fizesse. Não creram nele, mas depois de ir e
voltar perguntou quem acreditava que passasse novamente e com alguém na garupa. O po-
vo acreditou e então ele perguntou quem iria sentar ali e ninguém quis exceto seu filho. Há
uma diferença entre acreditar e crer.
Não podemos acrescentar nada ao presente de Deus como dinheiro, vida reta (mesmo
por que não a temos), trabalho na igreja, etc. Isto, descaracteriza o presente e pior ainda,
não confia na solução que Deus já deu. Todas as palavras falam da fé como única condição
para a salvação.
Jo 3.16,36; 5.24; Jo 1.12; Jo 11:25
16
Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que
todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.
36
Por isso, quem crê no Filho tem a vida eterna; o que, todavia, se mantém rebelde contra
o Filho não verá a vida, mas sobre ele permanece a ira de Deus.
24
Em verdade, em verdade vos digo: quem ouve a minha palavra e crê naquele que me
enviou tem a vida eterna, não entra em juízo, mas passou da morte para a vida.
12
Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a
saber, aos que crêem no seu nome;
25
Disse-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra, vi-
verá;
Note que Jesus não colocou nenhuma outra condição, pois é um presente. Ou você crê,
ou não. Caso creia, Ele diz enfaticamente que tem a vida eterna, não poderá ter, não talvez
tenha, mas, tem, foi feito filho de Deus, viverá e isto é para todos.
Você pode pensar, 'ah mas isso é muito fácil, eu preciso fazer algo mais'. Não seja preten-
sioso, reconheça que você não pode fazer nada, e que Deus já fez tudo. Embora seja muito
fácil e totalmente de graça, lembre-se que alguém morreu, e isto não foi nem fácil e nem
barato.
Isto é tão radical que você deve notar:
Jo 3.18
Quem nele crê não é julgado; o que não crê já está julgado, porquanto não crê no nome
do unigênito Filho de Deus.
Quem crê não é julgado, pois Jesus já foi julgado em nosso lugar e os pecados já foram
pagos. Mas, quem não crê? Já está julgado! E a razão não é pecados, pois estes já foram pa-
gos. A única razão de ser condenado é por não aceitar crendo na obra de Cristo.
Quando confiamos exclusivamente na obra de Cristo como suficiente, não nos apoiamos

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em nada mais além dele. Se nos apoiamos em algo mais é por que não temos fé.
Rm 5.1
Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus
Cristo;
Quando ponho autêntica confiança em Deus, na sua providência que inclui enviar seu
único Filho para pagar os nossos pecados, e que morreu e ressuscitou por nós, Deus declara
que há paz entre o que crê e Ele, pois já foi feita a justiça.
Jo 1.12
Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a
saber, aos que crêem no seu nome;
Tomando posição
Uma vez que entendemos, precisamos tomar um decisão: Aceitá-lo crendo, rejeitar ou
ainda decidir estudar mais o assunto. Qual é a sua decisão?
Então não importa o que eu faço, estou garantido? Isso não é certo.
R.: Ninguém é salvo por não pecar, mas é salvo para não pecar. '..não de obras, para que
ninguém se glorie. Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais
Deus de antemão preparou para que andássemos nelas. Ef 2.9-10 Somos salvos não por
obras, mas para as boas obras. Diferença entre condição e consequência. Os verdadeiros
filhos de Deus vão acabar manifestando o caráter do Pai.

SEGURANÇA – Jo 6.37; Jo 10.27-29

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