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EXORTEM E ENSINEM UNS AOS OUTROS

ESTUDO 50

Romanos 15.14
14
Eu próprio, meus irmãos, certo estou, a respeito de vós, que vós mesmos
estais cheios de bondade, cheios de todo o conhecimento, podendo
admoestar-vos uns aos outros.
Colossenses 3.16
16
A palavra de Cristo habite em vós abundantemente, em toda a sabedoria,
ensinando-vos e admoestando-vos uns aos outros, com salmos, hinos e
cânticos espirituais, cantando ao Senhor com graça em vosso coração.
INTRODUÇÃO
Para lidar com as provações, tristezas e decepções da vida, os cristãos
precisam receber encorajamento. Dessa maneira, eles são incentivados,
animados e confirmados. Mas o cristão também enfrenta, em sua
caminhada, o problema do pecado e para superar isso muitas vezes
precisará ser advertido e ensinado com bondade.
É fácil escorregar e dar lugar à natureza pecaminosa. E nesse
momento, precisaremos estar dispostos a, com amor e sabedoria,
corrigirmos e ensinarmos uns aos outros, a fim de que ninguém se perca
ou fique para trás.
Não devemos aceitar o comportamento pecaminoso de um irmão de
maneira passiva. Devemos aceitar o pecador, mas não o seu pecado, o
pecado deve ser repudiado. Este deve ser confrontado à luz da Palavra.
Muitos hesitam em confrontar o outro quando necessário, mas
admoestar é mais um dos mandamentos da mutualidade cristã.
1. NINGUÉM NASCE SABENDO
A vida é um constante aprender. Aprender é um privilégio, algo que
acompanha a pessoa por toda a sua existência. Pense em quanta
liberdade, autonomia e independência você foi adquirindo ao longo da
vida por causa das coisas que aprendeu com alguém?
Fomos criados por Deus com a potencialidade de ensinar e aprender. O
pai, a mãe, o professor, o pastor, o irmão, o amigo, o cônjuge, o vizinho, o
colega de trabalho, são apenas alguns dos muitos instrumentos que Deus
usa para a prática do “ensinem uns aos outros”. Ninguém precisa ter o
título de “professor”, nem mesmo estar em uma sala de aula, em um
ambiente formal para que possa ensinar ou aprender algo. Na verdade,
quase tudo que fazemos hoje, aprendemos com alguém e apenas uma
parte disso nos foi ensinado de modo formal em escola. Algumas das
lições mais importantes da vida não nos foram transmitidas de maneira
formal, mas com pessoas queridas que Deus colocou em nosso caminho.
Somos o que somos, em grande parte, pelo que aprendemos com elas.
Não foi em sala de aula que você aprendeu a amarrar os sapatos, trocar
um pneu, escovar os dentes, expressar o amor pelo cônjuge. É por
seguirmos o exemplo de alguém a quem respeitamos que aprendemos as
coisas que modificam o nosso comportamento.
Ensinar uns aos outros é um mandamento recíproco. Devemos, pois,
ensinar os irmãos e ajudá-los a se tornarem pessoas melhores, como
vemos o relato Bíblico acerca de Apolo, em Atos 18.24-28.
Atos 18.24-28
24
E chegou a Éfeso um certo judeu chamado Apolo, natural de Alexandria,
homem eloqüente e poderoso nas Escrituras.
25
Este era instruído no caminho do Senhor e, fervoroso de espírito, falava e
ensinava diligentemente as coisas do Senhor, conhecendo somente o
batismo de João.
26
Ele começou a falar ousadamente na sinagoga; e, quando o ouviram
Priscila e Áqüila, o levaram consigo e lhe declararam mais precisamente o
caminho de Deus.
27
Querendo ele passar à Acaia, o animaram os irmãos, e escreveram aos
discípulos que o recebessem; o qual, tendo chegado, aproveitou muito aos
que pela graça criam.
28
Porque com grande veemência, convencia publicamente os judeus,
mostrando pelas Escrituras que Jesus era o Cristo.
Embora Apolo já fosse um homem instruído, sobre a tutela de Priscila e
Áquila, teve a oportunidade de aprender ainda mais e se tornar um
melhor pregador do Evangelho de Cristo para a glória de Deus.
Sempre que aprendemos, nos tornamos pessoas melhores, e, com isso,
podemos ajudar a outros compartilhando as lições que aprendemos. Isso
é, em essência, a tarefa de ensinar. Como bem disse o brilhante professor
de Educação Cristã Howard Hendricks, em seu livro “Ensinando para
transformar vidas”: “Nossa tarefa não é causar uma boa impressão
naqueles a quem ensinamos, mas provocar neles um impacto. Não é
apenas convencê-los, mas levá-Ios a uma transformação de vida”.
Muitos de nós receberam do Espírito Santo o dom de ensinar, mas
isto não anula a responsabilidade que todos temos de ensinar uns aos
outros. Todos podemos contribuir com algo para a vida do outro. Como
bem disseram nossos avós: “não há ninguém que saiba tanto que não
tenha algo para aprender, nem ninguém que saiba tão pouco que não
tenha algo para ensinar”. Ensinar não é palestrar. Portanto, todos os
cristãos têm o privilégio e a responsabilidade de ajudar os outros a
compreenderem melhor e aplicar a Palavra de Deus em suas vidas.
Aplicação a sua vida: O que você aprendeu recentemente com alguém
que trouxe significativa diferença em sua vida? Comente.
2. UMA EXORTAÇÃO PARA A VIDA
Exortar significa advertir, aconselhar, admoestar. Implica em alertar a
pessoa das consequências das suas ações. É um aviso de perigo. Exortar é
um ministério disciplinar, no qual um cristão chama a atenção de outro
quanto às suas atitudes ou práticas pecaminosas.
Mateus 26.31-35
31
Então Jesus lhes disse: Todos vós esta noite vos escandalizareis em mim;
porque está escrito: Ferirei o pastor, e as ovelhas do rebanho se
dispersarão.
32
Mas, depois de eu ressuscitar, irei adiante de vós para a Galiléia.
33
Mas Pedro, respondendo, disse-lhe: Ainda que todos se escandalizem em
ti, eu nunca me escandalizarei.
34
Disse-lhe Jesus: Em verdade te digo que, nesta mesma noite, antes que o
galo cante, três vezes me negarás.
35
Disse-lhe Pedro: Ainda que me seja mister morrer contigo, não te negarei.
E todos os discípulos disseram o mesmo.
Há uma diferença entre encorajar e exortar. No encorajamento, você
incentiva a pessoa a progredir na direção certa, na exortação você aponta
o erro que está sendo cometido, a fim de que a pessoa possa se corrigir.
Vejamos, por exemplo, a exortação do profeta Natã a Davi, quando
este comete pecado com a mulher de Urias, registrado em II Samuel 12.1-13.
II Samuel 12.1-13
1
E O SENHOR enviou Natã a Davi; e, apresentando-se ele a Davi, disse-lhe:
Havia numa cidade dois homens, um rico e outro pobre.
2
O rico possuía muitíssimas ovelhas e vacas.
3
Mas o pobre não tinha coisa nenhuma, senão uma pequena cordeira que
comprara e criara; e ela tinha crescido com ele e com seus filhos; do seu
bocado comia, e do seu copo bebia, e dormia em seu regaço, e a tinha
como filha.
4
E, vindo um viajante ao homem rico, deixou este de tomar das suas
ovelhas e das suas vacas para assar para o viajante que viera a ele; e
tomou a cordeira do homem pobre, e a preparou para o homem que viera
a ele.
5
Então o furor de Davi se acendeu em grande maneira contra aquele
homem, e disse a Natã: Vive o SENHOR, que digno de morte é o homem
que fez isso.
6
E pela cordeira tornará a dar o quadruplicado, porque fez tal coisa, e
porque não se compadeceu.
7
Então disse Natã a Davi: Tu és este homem. Assim diz o SENHOR Deus de
Israel: Eu te ungi rei sobre Israel, e eu te livrei das mãos de Saul;
8
E te dei a casa de teu senhor, e as mulheres de teu senhor em teu seio, e
também te dei a casa de Israel e de Judá, e, se isto é pouco, mais te
acrescentaria tais e tais coisas.
9
Por que, pois, desprezaste a palavra do SENHOR, fazendo o mal diante de
seus olhos? A Urias, o heteu, feriste à espada, e a sua mulher tomaste por
tua mulher; e a ele mataste com a espada dos filhos de Amom.
10
Agora, pois, não se apartará a espada jamais da tua casa, porquanto me
desprezaste, e tomaste a mulher de Urias, o heteu, para ser tua mulher.
11
Assim diz o SENHOR: Eis que suscitarei da tua própria casa o mal sobre ti, e
tomarei tuas mulheres perante os teus olhos, e as darei a teu próximo, o
qual se deitará com tuas mulheres perante este sol.
12
Porque tu o fizeste em oculto, mas eu farei este negócio perante todo o
Israel e perante o sol.
13
Então disse Davi a Natã: Pequei contra o SENHOR. E disse Natã a Davi:
Também o SENHOR perdoou o teu pecado; não morrerás.
Davi havia cometido um mal terrível, tomando para si uma mulher que
não era sua esposa. Após saber que Bate-Seba estava grávida, o rei
manda que Urias volte para casa a fim de que possa passar tempo com
sua mulher e assim consiga esconder seu crime. Devido à lealdade do
nobre oficial, Urias se recusa a dormir com sua mulher enquanto seus
irmãos estão na frente de batalha. Desse modo, sem poder disfarçar o seu
pecado, Davi trama um jeito para provocar a morte de Urias.
Passado algum tempo, Deus envia o profeta Natã a Davi para
confrontá-lo a respeito do seu pecado e assim trazê-lo à consciência do
terrível mal que havia praticado. A exortação do profeta é categórica, ao
usar elementos familiares a Davi como os cuidados de um homem com
sua pequena ovelha e as injustiças que um homem poderoso é capaz de
fazer. Sem argumentos com os quais pudesse refutar o profeta, após a
clara afirmação de que Davi era o homem história contada por Natã, e
sem nenhuma intenção de fugir mais de suas responsabilidades, o rei
apenas confessa o seu pecado, demonstrando o seu coração arrependido
e sendo, assim, restaurado de seu mau caminho.
Vale destacarmos aqui algumas observações importantes desse tipo de
exortação:
 Exorta-se, visando o bem daquele que é exortado (Colossenses 3.17); “E,
quanto fizerdes por palavras ou por obras, fazei tudo em nome do Senhor
Jesus, dando por ele graças a Deus Pai.”
 Admoesta-se porque se quer ver crescer aquele que é admoestado,
sobretudo, para que se liberte do pecado ou não venha a cair no mesmo
erro e ter de enfrentar todas as terríveis consequências (II Tessalonicenses
3.15); “15Todavia não o tenhais como inimigo, mas admoestai-o como
irmão.”
 A admoestação deve ser feita com amor, de maneira pessoal, particular e
insistente (Atos 20.31); “Portanto, vigiai, lembrando-vos de que durante
três anos, não cessei, noite e dia, de admoestar com lágrimas a cada um de
vós.”
 A forma com que se admoesta um irmão é muito importante.
 Não se deve fazê-Io como superior, crítico ou juiz (I Timóteo 5.1-2). “1NÃO
repreendas asperamente o ancião, mas admoesta-o como a pai; aos moços
como a irmãos; 2As mulheres idosas, como a mães, às moças, como a
irmãs, em toda a pureza.”
A admoestação ajuda o cristão individualmente e a igreja no sentido
coletivo a se manter dentro do caminho que conduz à semelhança de
Cristo. Praticando a exortação, estamos nos ajudando mutuamente a
vencer e a evitar práticas pecaminosas. Exortar um irmão em Cristo é
muito mais do que dizer que ele está errado e apontar um caminho a
andar, envolve também estar disposto a caminhar com ele.
Aplicação a sua vida: Você já foi exortado por alguém ou teve a
oportunidade de exortar um irmão em Cristo, para ajudá-lo com sua
dificuldade? Como foi a experiência?
3. O BEM MAIOR
O alvo da exortação e do ensino deve ser o bem maior do aconselhado
(II Tessalonicenses 3.15 “15Todavia não o tenhais como inimigo, mas admoestai-o como
irmão.”). Temos como dever admoestar-nos uns aos outros. É inadmissível
vermos um irmão caminhando para um buraco e não fazermos nada para
impedi-lo. Por esta razão, em Romanos 15.14 “Eu próprio, meus irmãos, certo
estou, a respeito de vós, que vós mesmos estais cheios de bondade, cheios de todo o
conhecimento, podendo admoestar-vos uns aos outros.” , encontramos duas
condições essenciais para essa admoestação:
 A bondade - John Murray diz que a palavra grega agathosunes, “bondade”,
refere-se à virtude oposta a tudo quanto é vil e maligno; também inclui
retidão, gentileza e beneficência de coração e vida. A bondade tem a ver
com a disposição de investir tempo e energia para socorrer as outras
pessoas em suas necessidades. É a disposição de tratar bem aqueles cujas
virtudes não os recomendam;
 O conhecimento - nesse caso, significa a compreensão da fé cristã, estando
particularmente relacionado à capacidade de instruir a outros. O pastoreio
mútuo depende não só de bondade, mas também de conhecimento; é o
conhecimento que governa a bondade. Se a bondade enche o coração de
amor, o conhecimento enche a mente de luz.
A admoestação recíproca resulta da bondade e do conhecimento. É a
bondade conjugada ao conhecimento que habilita os crentes a serem
admoestadores eficazes. A palavra grega nouthesia, “admoestação”, é um
apelo à mente na qual está presente uma oposição. A pessoa é tirada de
um falso caminho mediante admoestação, ensino, lembrança e
encorajamento; e sua conduta é então corrigida. Calvino destaca que
aqueles que admoestam, devem possuir duas graças especiais: humildade
e prudência. Os que se sentem chamados a exortar e ao mesmo tempo
desejam ajudar os irmãos com seu conselho, devem manifestá-lo tanto
pela doçura no rosto como no modo gentil de falar, pois não há coisa pior
para a exortação fraternal que a malevolência e a soberba, já que ambas
nos impulsionam a desprezar aqueles a quem desejamos fortalecer.
Aplicação a sua vida: Você se lembra de algum irmão a quem você tem
acesso que está vivendo numa prática pecaminosa contínua? O que pode
fazer a respeito? Reflita.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Admoestar um irmão em Cristo é muito mais do que dizer que ele está
errado e apontar um caminho a andar, envolve também estar disposto a
caminhar com ele. Na jornada cristã, não estamos totalmente livres dos
efeitos da velha natureza pecaminosa. Pecamos, às vezes, por ignorância;
outras vezes, voluntária e conscientemente, e assim, amargamos as
consequências dos nossos pecados. Nossos irmãos precisam ajudar-nos a
reconhecer e a vencer os nossos pecados. Agindo isoladamente, podemos
chegar a acreditar nas racionalizações que fazemos de que não estamos
pecando, ou podemos não enxergar o erro das nossas ações. A advertência
da parte de um irmão nos ajuda a identificar e vencer nosso pecado. Por
mais que tenha de apontar o erro, é um ministério de edificação. Se um
cristão está sendo levado pelo pecado a se distanciar do Senhor e dos
irmãos, a coisa mais amorosa e edificante que alguém pode fazer é adverti-
lo.
SUPORTE PARA PEQUENOS GRUPOS
1. Você concorda com o autor quando ele fala que podemos pecar por
Ignorância, e inconscientemente? Comente.
2. Como podemos ver que estamos pecando, em meio a uma sociedade
permissiva? Como você pode identificar seu erro?
3. Exortar alguém é algo que faz o outro sentir-se muito bem. Por que será
que temos tanta dificuldade em exortar?
4. Qual a diferença entre exortar e encorajar?

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