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SERMÕES EM

HEBREUS

Antonio Carlos Gonçalves Affonso


SUMÁRIO

CRISTO – REVELAÇÃO FINAL DE DEUS................................2


Hb 1:1-4.....................................................................................................2
1. Ele é o maior e único mediador (v. 1, 4).................................................5
2. Ele é a manifestação em Carne do Deus vivo (v. 3)...............................6
3. Ele é criador e sustentador do universo (v. 2, 3)....................................6
4. Ele é capaz de purificar os nossos pecados (v.3)....................................7

A EXCELÊNCIA DO NOME DE CRISTO..................................8


Hb 1:5-14 (Sl 2:7-12).................................................................................8
1. Pela herança do seu nome (v. 4, 5)........................................................10
2. Pela subordinação dos anjos (v. 6)........................................................11
3. O poder de Jesus vai além da matéria (v. 7, 8)....................................12
4. A unção do Filho é maior do que todas outras (v. 9)...........................13

VIVENDO NA DILIGÊNCIA DA PALAVRA...........................15


Hb 2:1-9...................................................................................................15
1. ... no conhecimento de nossa situação diante de Deus (v. 2)................17
2. ... no conhecimento da salvação oferecida (v. 3)..................................18
3. ... no conhecimento da obra do Espírito Santo (v. 4)...........................19
4. ... no conhecimento da obra de Jesus para a Salvação do homem (v. 5-
9) 20

O VALOR DA ENCARNAÇÃO E SOFRIMENTO DE CRISTO


22
Hb 2:10-18...............................................................................................22
1. Para ser capaz de ser nosso salvador (v. 10)........................................23
2. Para que Satanás sofresse sua derrota definitiva(v. 14)......................25
3. Para nos tirar o medo da morte e a servidão do pecado (v. 15)..........26
4. Para se tornar a propiciação pelo nosso pecado (v. 18).......................27

FUGINDO DA INCREDULIDADE.............................................29
Hb 3:1-19.................................................................................................29
1. Mantenha seus pensamentos em Cristo (v. 1)......................................31
2. Conserve a confiança e a esperança em Cristo (v. 6)..........................33
1
3. Não ponha Deus à prova (v. 7-9)...........................................................35
4. Limpe seu coração (v. 10, 12)................................................................37
5. Busque a comunhão da Igreja (v. 13)...................................................38

ENTRANDO NO DESCANSO DE DEUS...................................39


Hb 4:1-10.................................................................................................39
1. A entrada no descanso é o resultado da fé (v. 3)..................................41
2. A entrada no descanso é uma realidade presente (v. 3)......................43
3. A condenação dos que não entram é consequência da Ira de Deus (v.
3) 43
4. A entrada ao descanso é questão de obediência ao chamado de Deus
(v. 7)...............................................................................................................45

O PREÇO DO DESCANSO..........................................................47
Hb 4:11-16...............................................................................................47
1. Tenha diligência em sua vida (v. 11).....................................................48
2. Confie na suficiência da Palavra (v. 12)...............................................50
3. Tenha certeza de sua confissão (v. 14)..................................................52
4. Confie na suficiência da obra de Cristo (v. 15, 16)..............................53

AÇÕES DO SACERDÓCIO DE CRISTO..................................56


Hb 5:1-10.................................................................................................56
1. Jesus viveu como homem para se compadecer de nossas fraquezas.. 57
2. Jesus se fez homem para alcançar toda humanidade (v. 6, 10)..........59
3. Jesus clamou para nos livrar da morte (v. 7).......................................60
4. Jesus morreu para que nossa salvação fosse garantida (v. 9).............61

O DINAMISMO DA VIDA CRISTÃ...........................................63


Hb 5:10 – 6:3............................................................................................63
1. Do que depende o nosso dinamismo?...................................................65
2. Quais os resultados deste dinamismo?.................................................68
3. Como isso se aplica em nossos dias?.....................................................71

A CERTEZA DA ESPERANÇA..................................................73
Hb 6:1-20.................................................................................................73
1. Para salvação precisamos de um arrependimento único (v. 4,6)........77
2. O sacrifício de Jesus foi definitivo (v. 6)...............................................78

2
3. A benção da salvação deve nos levar a produzir bons frutos (v. 7, 9).
79
4. Os frutos aumentam ainda mais nossa certeza (v. 11)........................80
5. A certeza existe porque se baseia na promessa de Deus (v. 17, 18)....81

A EFICIÊNCIA DO SACERDOTE-REI.....................................83
Hb 7:1-10.................................................................................................83
1. Jesus é o detentor da verdadeira justiça (v. 2).....................................85
2. Jesus é o provedor da verdadeira paz..................................................85
3. Jesus é o ungido eterno de Deus (v. 3)..................................................86
4. Jesus opera uma obra eterna (v. 3).......................................................87
5. Jesus é o recebedor de toda honra e glória (v. 8).................................88

A PERFEIÇÃO DO SACERDOTE-REI.....................................90
Hb 7:11-28...............................................................................................90
1. A limitação do sacerdócio levítico (11-19)............................................93
2. A perfeição da obra de Cristo (20-28)..................................................96
3. Aplicações práticas................................................................................98

A EXCELÊNCIA DO SACERDÓCIO DE CRISTO..................99


Hb 8..........................................................................................................99
1. Jesus colocou-se frente a frente com Deus (3)....................................101
2. Cristo seguiu tudo que foi estabelecido por Deus (5)........................102
3. Cristo é o mediador do Novo e melhor pacto (6)...............................103

O VERDADEIRO CULTO A DEUS..........................................107


Hb 9:1-14...............................................................................................107
1. O culto deve ser exercido de forma coletiva.......................................110
2. O culto não deve ser algo baseado no desejo do nosso coração (v. 1)
111
3. O culto a Deus deve ser uma entrega do nosso melhor (v. 4)............113
4. O culto a Deus deve ter a Palavra de Deus como ápice (v. 4, 5).......114
5. O culto a Deus deve ter Jesus em seu centro (v. 11-14).....................115

RESULTADOS DO SANGUE DE CRISTO.............................117


Hb 9:11-28.............................................................................................117
1. Remissão definitiva (v. 12, 22b)..........................................................120

3
2. Purificação de nossa consciência através da transformação (v. 14,
22a)..............................................................................................................122
3. Aniquilamento da obra do pecado (v. 26)..........................................124
4. Expectativa da esperança eterna (v. 28).............................................125

A EFICÁCIA DA CRUZ.............................................................127
Um ritual salvador..................................................................................127
Hb 10:1-18.............................................................................................127
1. Os objetos e as coisas dos ritos não têm poder (v. 4).........................132
2. As ações ritualísticas não carregam poder em si mesmo (v. 6, 8).....133
3. Jesus participou como oferta e ofertante do único rito aceito por Deus
para a salvação (v. 9, 10, 14)......................................................................135
4. Os pecados remidos livram-nos de qualquer oferta pelos pecados
(v.18)............................................................................................................137

A VERDADEIRA FIRMEZA NA FÉ........................................139


Hb 10:19-25...........................................................................................139
1. A verdadeira firmeza da fé é vivida de forma ousada (v. 19)...........141
2. A verdadeira firmeza da fé brota do fundo do nosso coração (v. 22)
142
3. A verdadeira firmeza da fé confia na fidelidade de Deus (v. 23)......143
4. A verdadeira firmeza da fé existe quando buscamos a comunhão com
outros irmãos (v. 24)..................................................................................145
5. A verdadeira firmeza da fé é demonstrada através do ajuntamento e
da admoestação coletiva (v. 25).................................................................146

CUIDADO COM O CRISTIANISMO NOMINAL..................148


Hb 10:26-39...........................................................................................148
1. Características do cristão nominal.....................................................150
2. Características do cristão verdadeiro.................................................152

ALCANÇANDO O TESTEMUNHO DA FÉ (PARTE 1).........157


Hb 11:1-16.............................................................................................157
1. Crendo na Palavra de Deus e no que ela afirma (v. 3)......................159
2. Buscando agradar a Deus da forma que ele quer (v. 4-6).................161
3. Crendo nas promessas de Deus mesmo quando ainda não alcançadas
(v. 7-13).......................................................................................................163
4. Sabendo que uma pátria melhor nos espera (14-16).........................164

4
ALCANÇANDO O TESTEMUNHO DA FÉ (PARTE 2).........165
Hb 11: 17-40..........................................................................................165
1. Tendo um apego com a eternidade e não com esta vida (v. 17,18)...167
2. Tendo a visão de Deus quando ninguém mais tem (v. 20-23)...........169
3. Sabendo que vale a pena sofrer por Cristo esperando uma
recompensa melhor (v. 24-27)...................................................................170
4. Tendo em Deus o limite de nossas forças (v. 25-38)...........................171

TESTEMUNHANDO O EXEMPLO DE CRISTO...................174


Hb 12:1-3...............................................................................................174
1. Remova a carga do pecado sobre sua vida (v. 1)...............................175
2. Corra com perseverança (v. 1)............................................................176
3. Fixe o olhar em Cristo (v. 2)................................................................177
4. Considere a obra de Jesus (v. 3)..........................................................178

SOFRIMENTOS – DISCIPLINA E EDUCAÇÃO...................179


Hb 12:4-11.............................................................................................179
1. A correção mostra que somos filhos (v. 5, 8)......................................181
2. A correção mostra que Deus nos ama (v. 6).......................................182
3. A correção nos leva a participarmos da santidade de Deus (v. 10). .182
4. A correção produz um fruto pacífico de justiça em nosso coração (v.
11) 183

DECISÕES CONTRA O FRACASSO ESPIRITUAL..............185


Hb 12:12-17...........................................................................................185
1. Decida por se levantar (v. 12)..............................................................186
2. Decida caminhar com retidão (v. 13, 14)............................................186
3. Decida em receber a graça (v. 15).......................................................188
4. Decida tirar toda amargura do coração (v. 15).................................188
5. Decida pelos valores eternos e não pelos terrenos (v. 16, 17)............189

ACHEGANDO-SE A DEUS.......................................................190
Hb 12:18-29...........................................................................................190
1. Para nos aproximar de Deus devemos saber que somos pecadores e
ele é puro (v. 18-20)....................................................................................191
2. Para nos aproximarmos de Deus necessitamos desejar o céu (v. 12-23)
192

5
3. Para nos aproximar de Deus devemos saber que o único meio é Jesus
Cristo (21-24)..............................................................................................193
4. Para nos aproximarmos de Deus não podemos rejeitar sua Palavra
(25ss)............................................................................................................194
5. Para nos aproximarmos de Deus precisamos aceitar o seu Reino sobre
nós (28, 29)..................................................................................................194

CONSELHOS PRÁTICOS PARA A VIDA CRISTÃ..............196


Hb 13:1-7...............................................................................................196
1. Permaneça o amor fraternal (v.1)......................................................197
2. Exerça a hospitalidade (v. 2)...............................................................197
3. Lembrem-se dos que sofrem pela fé (v. 3)..........................................198
4. Honrem o matrimônio (v. 4)...............................................................198
5. Confie na providência de Deus (v. 5, 6)..............................................199
6. Ore e imite o seu guia espiritual (v. 7)................................................200

O CAMINHO PARA A PIEDADE.............................................201


Hb 13:8-17.............................................................................................201
1. Confiar na imutabilidade de Cristo (8)..............................................202
2. Firmeza doutrinária (v. 9)...................................................................203
3. Fortalecer o coração com a graça (v. 9).............................................204
4. Reconhecer o valor da obra de Cristo (v. 10-12)...............................205
5. Ciência de que temos algo maior para nós (v. 14).............................206
6. Louvor contínuo a Deus (v. 15)...........................................................207
7. Obediência aos que labutam na Palavra (v. 17).................................207

APERFEIÇOADOS POR DEUS................................................209


Hb 13:18-25...........................................................................................209
1. São pessoas que se preocupam umas com as outras (v. 18, 19)........210
2. São pessoas que recebem a paz de Deus em sua vida (v. 20).............211
3. São pessoas que buscam fazer a vontade de Deus (v. 21)..................211
4. São pessoas que suportam a exortação da Palavra de Deus (v. 22)..212
5. São pessoas que recebem a graça de Deus em suas vidas (v. 25)......213

BIBLIOGRAFIA.........................................................................214

6
CRISTO – REVELAÇÃO FINAL DE DEUS
Hb 1:1-4

1. Havendo Deus, antigamente, falado, muitas vezes e


de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, a nós
falou-nos, nestes últimos dias, pelo Filho,
2. a quem constituiu herdeiro de tudo, por quem fez
também o mundo.
3. O qual, sendo o resplendor da sua glória, e a
expressa imagem da sua pessoa, e sustentando todas as
coisas pela palavra do seu poder, havendo feito por si
mesmo a purificação dos nossos pecados, assentou-se à
destra da Majestade, nas alturas;
4. feito tanto mais excelente do que os anjos, quanto
herdou mais excelente nome do que eles.

A primeira notícia que se tem da Epístola aos Hebreus


data de 95 d.C., citada por Clemente de Roma em uma
carta. A autoria do livro é muito discutida. Durante
séculos especulou-se como sendo de Paulo
(principalmente porque há manuscritos do segundo
século afirmando isso), Barnabé, Áquila, Apolo, entre
outros. Na realidade não se pode afirmar com exatidão
nenhum destes. Particularmente creio que a
possibilidade de Apolo é a maior de todas, embora não
feche questão sobre o assunto. Paulo, pelo meu ponto
7
de vista, é facilmente descartado pois o escritor se
coloca como alguém pertencente à segunda geração da
igreja (Hb 2:3), Paulo jamais se colocou assim, muito
pelo contrário. O fato de citar Timóteo, mostrando até
uma certa amizade, não comprova nada, tendo em vista
que o discípulo de Paulo era muito conhecido e chegou a
estar à frente de uma das igrejas mais proeminentes de
sua época, Éfeso.

Sabe-se que o escritor tinha um grande domínio do


grego e um grande conhecimento da simbologia do
Antigo Testamento. Mas há os que acreditam que a carta
é uma tradução do hebraico e que Lucas seria o tradutor,
Calvino foi um dos que defenderam esta opinião
[CITATION Calv12 \p 22 \l 1046 ].

Seu público alvo eram os judeus convertidos ao


cristianismo há algum tempo. Porém, apesar de não
serem neófitos, parece que estavam cometendo erros
básicos dentro da doutrina cristã e pior, estavam sendo
tentados a voltar às práticas do judaísmo.

8
Simon Kistemaker, em seu comentário de Hebreus, da
editora Cultura Cristã, acredita que Hebreus foi escrita
perto do ano 80 d.C. A grande maioria data hebreus
antes de 70 em virtude das citações feitas no tempo
presente da perseguição, sem falar na falta de menção à
destruição de Jerusalém ocorrida exatamente em 70 d.C.

O que tudo indica é que os leitores desta epístola se


decepcionaram com o cristianismo. Eles esperavam que
a nova religião pudesse dar respostas para todos os seus
problemas através de seus ritos. Parece que sentiam falta
do lado místico/supersticioso que provavelmente
experimentavam no judaísmo. Tudo isto somado fazia
com que sentissem grande desejo de retornar às práticas
da antiga religião.

O autor trata de rechaçar tudo isto logo no início da


carta ao mostrar a superioridade de Jesus sobre tudo e
todos. Sem falar que o autor mostra que o novo pacto é
superior ao antigo em todos os sentidos.

A. M. STIBBS esboça quatro propósitos do autor de


Hebreus que ele tinha em mente ao escrever:

9
a) Admirável revelação e salvação dada por Deus aos
homens, na pessoa de Cristo;

b) Deixar os leitores cônscios do verdadeiro caráter


celestial e eterno das bênçãos oferecidas e apropriadas
pela fé;

c) Dar-lhes plena consciência do lugar de sofrimento e


paciente persistência (mediante a fé) no presente
caminho terreno até o alvo do propósito de Deus;

d) Conscientizar-lhes do terrível julgamento que


certamente sobrevirá a qualquer que, conhecendo tudo
isso, rejeitar tal revelação em Cristo.

Para entendermos o que significa Cristo como


revelação final de Deus precisamos compreender alguns
aspectos da pessoa de Cristo e sua obra:

1. Ele é o maior e único mediador (v. 1, 4)


O escritor parte do princípio que Deus falou. Ele não
tem a preocupação de provar que Deus falou, ele sabia
que seus leitores criam em Deus e criam que no passado

10
Deus falara. Paulo afirma aos romanos que Deus se
revelou através da criação.

Porque os atributos invisíveis de Deus,


assim o seu eterno poder, como também a
sua própria divindade, claramente se
reconhecem, desde o princípio do mundo,
sendo percebidos por meio das coisas que
foram criadas. (Rm 1:20)
O texto nos mostra que o verbo de Deus (Cristo) foi
uma revelação maior que a dos profetas (v.1) e também
maior do que a de anjos (v. 4). Tudo que tinha ocorrido
no passado serviu de preparação para a revelação final
de Deus.

Paulo afirma que Jesus é o único mediador entre Deus


e os homens (I Tm 2:5). Esta única mediação que o
Apóstolo do gentio se refere é no sentido da interseção
para a Salvação. Não podemos ter outro mediador.

Um fato interessante nestes primeiros versos que o


autor não insere ninguém do Novo Testamento, nem
mesmo Maria. Embora ainda muitos insistam que ela é
uma medianeira, em lugar nenhum da Bíblia há esta
afirmação, mas há a afirmação clara e nítida que Jesus é
o único.
11
2. Ele é a manifestação em Carne do Deus vivo (v. 3)
“O qual, sendo o resplendor da sua glória, e
a expressa imagem da sua pessoa, e
sustentando todas as coisas pela palavra do
seu poder...”

Jesus é a imagem exata de Deus. Ele é a mesma


substância de Deus. O brilho de Cristo reflete a perfeita
imagem de Deus.

Um dos grandes motivos que temos de confiar em


Jesus encontra-se no fato de que ele é Deus. Não mais
um deus, como pensam certos grupos, mas o Deus, o
único e soberano.

Como “expressão exata” pode-se dizer que Jesus é a


manifestação precisa de Deus em todos os sentidos.

Como é bom descansar em um Salvador que também


é o próprio Deus. Isso deveria nos dar paz e segurança
para aguardarmos o dia em que estaremos com ele para
sempre.

12
3. Ele é criador e sustentador do universo (v. 2, 3)
O autor declara que através dEle Deus criou o
universo (v. 2), e Ele é o sustentador de tudo que foi
criado (v. 3).

Jesus é o sustentador do universo e através desta visão


podemos dizer que ele é o sustentador de nossas vidas.

Um cântico que temos diz:

Tudo que sou, tudo que tenho, o ar que


respiro, a todo momento... tu és meu tudo
Prezado amigo Jesus pode ser tudo para você neste
dia. Ele pode sustentar a sua vida. O ser que é capaz de
sustentar todo universo, também é capaz de sustentar a
sua vida e guiá-la pelos caminhos que deve seguir.

4. Ele é capaz de purificar os nossos pecados (v.3)


Um dos motivos que levou o escritor a escrever esta
carta foi a decepção que os cristãos judeus tinham com
relação ao Cristianismo. Hoje muitos estão se
decepcionando com o cristianismo porque estão crendo
em uma religião que prega apenas coisas para esta vida.

13
Os judeus criam que o Messias viria para libertá-los
do jugo romano. Há muitos hoje que creem que Jesus
veio para lhes dar conforto, prosperidade e saúde neste
mundo. O fato é que Jesus veio, acima de qualquer
coisa, para nos dar a vida eterna através da purificação
dos nossos pecados.

O pecado é o grande motivo da vida e morte de Cristo.


Ele veio para que nós pudéssemos ter vida, e esta em
abundância, mas é engano achar que isto diz respeito a
esta vida.

14
A EXCELÊNCIA DO NOME DE CRISTO
Hb 1:5-14 (Sl 2:7-12)

5. Porque a qual dos anjos disse jamais: Tu és meu


Filho, hoje te gerei? E outra vez: Eu lhe serei por Pai, e
ele me será por Filho?
6. E, quando outra vez introduz no mundo o
Primogênito, diz: E todos os anjos de Deus o adorem.
7. E, quanto aos anjos, diz: O que de seus anjos faz
ventos e de seus ministros, labareda de fogo.
8. Mas, do Filho, diz: Ó Deus, o teu trono subsiste pelos
séculos dos séculos, cetro de equidade é o cetro do teu
reino.
9. Amaste a justiça e aborreceste a iniquidade; por isso,
Deus, o teu Deus, te ungiu com óleo de alegria, mais do
que a teus companheiros.
10. E: Tu, Senhor, no princípio, fundaste a terra, e os
céus são obra de tuas mãos;
11. eles perecerão, mas tu permanecerás; e todos eles,
como roupa, envelhecerão,
12. e, como um manto, os enrolarás, e, como uma veste,
se mudarão; mas tu és o mesmo, e os teus anos não
acabarão.
13. E a qual dos anjos disse jamais: Assenta-te à minha
destra, até que ponha os teus inimigos por escabelo de
teus pés?

15
14. Não são, porventura, todos eles espíritos
ministradores, enviados para servir a favor daqueles
que hão de herdar a salvação?

A superioridade de Cristo será mostrada em


comparação a uma série de coisas. Isto vai até o capítulo
3. O autor passa agora a demonstrar a superioridade de
Cristo sobre uma das coisas que os judeus mais
veneravam – os anjos. Estes seres eram tidos como
mediadores da revelação de Deus.

O argumento do autor começa dentro de algo que é


fundamental nos escritos tanto do AT quanto do NT: o
nome de Jesus ou o nome do Senhor. Tanto no Antigo
quanto no Novo Testamento esta expressão reflete
autoridade. São diversas citações do Antigo Testamento
que são feitas para provar a argumentação do escritor da
superioridade de Cristo.

As citações são:

 Salmo 2:7 e 2Samuel 7:14 - versículo 5;

16
 Deuteronômio 32:43 (de acordo com a leitura
nos Manuscritos do Mar Morto e na
Septuaginta) no versículo 6;
 Salmo 104:4 no versículo 7;
 Salmo 45:6–7 nos versículos 8–9;
 Salmo 102:25–27 nos versículos 10–12; e
 Salmo 110:1 no versículo 13.

Mas em toda Bíblia podemos ver a ideia do nome de


Deus como algo fantástico. Em Gênesis vemos a ideia
da invocação. Quando o nome do Senhor iniciou a ser
invocado. No restante do Pentateuco é destacado o
respeito que devemos ter pelo “nome do Senhor”.

Davi afirma que edificaria o primeiro santuário em


respeito ao nome do Senhor.

Nos livros poéticos o nome do Senhor volta a ser


exaltado.

Nos livros proféticos o nome do Senhor passa a ser


reverenciado para o louvor, temor e para a autoridade
que vem do Senhor. Os profetas procuravam sempre
falar em nome do Senhor.
17
Passaremos a mostrar que o nome de Jesus é superior
a tudo por alguns motivos simples, mas que passam
muitas vezes despercebidos.

1. Pela herança do seu nome (v. 4, 5)


OS judeus valorizavam muito a ideia dos nomes. Os
próprios significados muitas vezes estavam amarrados a
situações ou personalidades envolvidas.

Deus também se fez conhecer através de alguns


nomes, que normalmente estavam ligados a algo.

Os nomes mais comuns são el, que não tem uma


tradução direta, mas carrega o peso da raiz da expressão
que aponta para aquele que existe por si só. Jeová, que
na realidade não se sabe ao certo a pronúncia correta,
mas é o que mais aparece apontando para o pacto de
Deus com Israel. Ele também surge com suas variações
que apontam ou descreve características ou
prerrogativas de Deus. Como exemplo citamos:

 Jeová-rafa – aquele que cura;


 Jeová-Tseknu – o Senhor é a nossa justiça;

18
 Jeová-ra’al – O Senhor é o meu pastor;
 Jeová-Jiré – o Deus que prover para sua glória;

Na LXX a palavra Jeová foi traduzido como kurios.


No NT Jesus passa a ser o kurios, ou seja, o Senhor. A
herança de Jesus veio diretamente de Deus. Ele herdou o
nome. Ele não era apenas uma criatura, mas era
substância do próprio Deus. A geração dele vem da
eternidade do próprio Deus (v. 6). Além de herdar o
nome, Jesus agora entra com o nome que vai fazer parte
da Nova Aliança.

A herança do nome de Jesus é tão grande que todos


vão se dobrar diante dele (Fp 2:10).

2. Pela subordinação dos anjos (v. 6).


A excelência do nome de Jesus é vista no fato dos
anjos o adorarem. Os anjos eram vistos de forma muito
especial pelos judeus. Alguns olhavam para os anjos
como sendo mediadores entre Deus e os homens.
Conforme vimos no último sermão, Jesus é o único

19
mediador. Não há outro semelhante a ele e os anjos lhe
obedecem.

Esta analogia também pode ser feita para qualquer


personagem da Bíblia, inclusive Maria. Afirmar que
Maria é medianeira é tirar de Jesus a mediação. Dizer
que a mediação de Maria tem origem em sua
“maternidade divina” é afirmar que Deus é finito. Maria
nunca foi “mãe de Deus”. Ela foi mãe do homem
encarnado que era Deus. E ela foi “agraciada” com isto
(Lc 1:28). A expressão grega utilizada em Lc transmite a
ideia de “muito favorecida”, e a raiz da palavra denota
um favorecimento que não se merece.

Outro argumento que se usa que Maria media até


Jesus. O problema que o véu se rasgou mostrando que
Jesus agora nos leva direto a Deus, sem necessitarmos
de mais nada.

Se os anjos são subordinados a Jesus, Maria e


qualquer outra personagem na Bíblia também o são.

20
3. O poder de Jesus vai além da matéria (v. 7, 8)
Ainda, quanto aos anjos, diz: Aquele que a
seus anjos faz ventos, e a seus ministros,
labareda de fogo; mas acerca do Filho: O
teu trono, ó Deus, é para todo o sempre; e:
Cetro de equidade é o cetro do seu reino.
Os anjos cumpriram um papel transitório no AT
testamento. Todavia seu papel era limitado a uma
questão puramente física. Nenhum anjo tem poder, por
exemplo, sobre a morte. Jesus disse:

E não temais os que matam o corpo e não


podem matar a alma; temei, antes, aquele
que pode fazer perecer no inferno a alma e o
corpo. (Mt 10:28)
Neste texto Jesus se refere a si mesmo. Somente ele
tem poder sobre a morte. Quando lemos o livro de Jó
vemos que o Diabo teve que pedir permissão a Deus.
Este por sua vez não autorizou que ele tirasse a vida.

Os anjos têm poder sobre a matéria, mas não tem


poder sobre nossas almas. Só Jesus é capaz de nos salvar
ou nos condenar.

O Diabo nada mais é do que um anjo caído. Ele


também não tem poder sobre nossas almas. Ninguém
vende sua alma ao Diabo. Esta ideia é contrária ao que
21
diz a Bíblia. Este pacto é mentiroso, pois é proveniente
do pai da mentira. O máximo que podemos fazer é
negarmos a obra de Jesus e sermos condenados juntos
com o Diabo.

4. A unção do Filho é maior do que todas outras (v. 9)


...o teu Deus te ungiu com o óleo de alegria
como a nenhum dos teus companheiros.

Como unção entende-se o ato de Deus de derramar


seu Espírito de forma especial para a execução de uma
missão ou tarefa. No AT vemos que o óleo era utilizado
como símbolo da unção do Espírito.

De certa forma todos fomos ungidos e temos uma


grande missão:

Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio


real, a nação santa, o povo adquirido, para
que anuncieis as virtudes daquele que vos
chamou das trevas para a sua maravilhosa
luz (I Pe 2:9)
Nossa missão é a anunciar o poder de Deus para a
salvação do homem pecador.

22
Jesus recebe uma unção maior porque somente ele é
capaz de salvar o homem pecador.

E em nenhum outro há salvação, porque


também debaixo do céu nenhum outro nome
há, dado entre os homens, pelo qual
devamos ser salvos. (At 4:12)
Hoje você tem a chance ter sobre você a unção da
salvação. A Bíblia mostra que se Jesus entrar em seu
coração, você receberá o Espírito Santo e sua vida será
transformada para a honra e glória do Senhor. Você
passará a ser habitação do Espírito e ele lhe guiará pelos
caminhos do Senhor. Você consegue entender isso?

23
VIVENDO NA DILIGÊNCIA DA PALAVRA
Hb 2:1-9

1. Portanto, convém-nos atentar, com mais diligência,


para as coisas que já temos ouvido, para que, em tempo
algum, nos desviemos delas.
2. Porque, se a palavra falada pelos anjos permaneceu
firme, e toda transgressão e desobediência recebeu a
justa retribuição,
3. como escaparemos nós, se não atentarmos para uma
tão grande salvação, a qual, começando a ser
anunciada pelo Senhor, foi-nos, depois, confirmada
pelos que a ouviram;
4. testificando também Deus com eles, por sinais, e
milagres, e várias maravilhas, e dons do Espírito Santo,
distribuídos por sua vontade?
5. Porque não foi aos anjos que sujeitou o mundo
futuro, de que falamos;
6. mas, em certo lugar, testificou alguém, dizendo: Que
é o homem, para que dele te lembres? Ou o filho do
homem, para que o visites?
7. Tu o fizeste um pouco menor do que os anjos, de
glória e de honra o coroaste e o constituíste sobre as
obras de tuas mãos.
8. Todas as coisas lhe sujeitaste debaixo dos pés. Ora,
visto que lhe sujeitou todas as coisas, nada deixou que

24
lhe não esteja sujeito. Mas, agora, ainda não vemos que
todas as coisas lhe estejam sujeitas;
9. vemos, porém, coroado de glória e de honra aquele
Jesus que fora feito um pouco menor do que os anjos,
por causa da paixão da morte, para que, pela graça de
Deus, provasse a morte por todos.

O autor está falando sobre a superioridade de Cristo


sobre os anjos, ele inicia no capítulo 1, logo após
mostrar que Cristo é superior aos profetas. Ele expõe
que Cristo é superior aos anjos por ter um nome
superior, sendo um nome herdado do próprio Deus (v.
4,5). Além disso, os próprios anjos são subordinados a
Cristo (v. 6) e ele tem um poder muito superior aos
anjos (v. 7,8) em virtude de que sua unção é superior.

Todavia ele abre um pequeno parêntesis para alguns


pontos que refletem a diferença entre o Antigo e o Novo
pacto.

Atentar com diligência envolve atentar com cuidado.


Muitos vivem um cristianismo distante da Palavra.
25
Somos apegados e atentos às músicas, estratégias, mas
não prestamos atenção à Palavra.

Diante deste apelo o autor mostra que a primeira


revelação aponta para o pecado. Mostra que todos estão
debaixo da transgressão e desobediência. A Nova
Aliança aponta para a salvação.

A diligência à palavra resulta...

1. ... no conhecimento de nossa situação diante de Deus (v.


2)
...se a palavra falada pelos anjos
permaneceu firme, e toda transgressão e
desobediência recebeu justa retribuição.
Os judeus, assim como muitos hoje, não conseguiam
ver o real motivo que levava Deus a criar a aliança.
Muitos hoje olham para religião como sendo algo que
lhe serve para questões sociais. Há aqueles que
acreditam que religião precisa satisfazer todas as suas
necessidades, desejos e caprichos nesta vida.

A palavra religião tem em sua raiz um significado


muito profundo: religar (do latim religare). Mas, o que
deve ser religado? Essa é a grande pergunta que precisa

26
ser respondida. A Bíblia dá uma resposta simples e
objetiva:

“Todos pecaram e estão destituídos da


glória de Deus”(Rm 3:23)
Este pecado que nos destitui e nos leva para longe de
Deus (Is 59:1,2). Assim como ocorreu com alguns anjos
que falharam. É isto que o autor está tentando mostrar
para seus destinatários – somos pecadores. Essa é a
nossa situação real diante de Deus.

A Bíblia é o único livro que trata deste assunto desta


forma. De um modo geral as religiões e filosofias
humanas não têm uma preocupação direta com a
situação do pecado. O problema que, enquanto
pecadores, estamos expostos a ira de Deus (Cl 3:6).

Diante disso um segundo ponto que autor passa a


desenvolver para seus destinatários é crucial para a
humanidade.

2. ... no conhecimento da salvação oferecida (v. 3)


Este ponto é muito importante. O homem destituído
estava sem esperança. Nada poderia dar-lhe uma
27
expectativa de voltar a se relacionar com Deus. O
pecado nos afasta de tal maneira que não conseguimos
nos aproximar do Senhor.

Diante da situação do homem, que o próprio Deus viu


que não teria jeito, o Senhor oferece a salvação. Deus
cria um meio para que o homem possa se aproximar
novamente dele. Paulo fala isso de forma magnífica:

“...Deus estava em Cristo reconciliando


consigo o mundo, não lhes imputando os
seus pecados, e pôs em nós a palavra da
reconciliação” (II Co 5:19)

Esta é a maior dádiva que a humanidade poderia


receber. A dádiva de poder realmente se aproximar de
Deus. É a religião no sentido mais absoluto da Palavra.

Quando nos apegamos à Palavra conhecemos de


verdade esta oferta de amor. Quando não temos este
apego vemos a religião como algo transcendental,
místico mesmo. Mas o apego à Palavra nos leva a um
confronto em nosso íntimo e com o próprio Deus.

28
Falta de apego à Palavra mostra uma negligência para
com a Salvação. Não podemos ser descuidados com
algo tão importante para as nossas vidas.

3. ... no conhecimento da obra do Espírito Santo (v. 4)


Este é o terceiro aspecto do apego à Palavra que o
autor nos mostra. Quando de fato temos um apego a ela
podemos entender melhor a obra do Espírito Santo.

Em uma análise rápida o Espírito Santo tem como


obra:

1) Revelar a natureza do pecado (Jo 16:8);


2) Auxliar o crente a andar nos caminhos do
Senhor (Jo 14:26);
3) Ser o consolador para os momentos de lutas
(Jo 14:16);
4) Testificar que somos filhos de Deus (Rm
8:16);
5) Capacitar os crentes através dos dons (I Co
12:11).

29
Sem um apego à Palavra e o conhecimento da mesma
não é possível reconhecer estas coisas. É por isto que
elas precisam ser sempre lembradas através do estudo
constante da Palavra.

4. ... no conhecimento da obra de Jesus para a Salvação do


homem (v. 5-9)
Este é o ponto chave deste texto. Embora os outros
pontos sejam importantíssimos, mas é neste que o autor
se concentra. O objetivo dele é mostrar aos hebreus que
a obra de Deus se completa inteiramente em Jesus. E
que ele é muito superior aos anjos.

Mas este complemento ocorre primeiramente pela


sua morte (v. 9). A morte de Jesus foi o ponto máximo
de sua obra neste mundo. Somos salvos pela cruz (I Co
2). Embora comemoremos mais a ressurreição e o
nascimento, mas nossa vitória só existe pela morte de
Cristo.

Mas o complemento da obra de Deus ocorre também


em virtude da ressurreição (v. 10). A expressão “foi
coroado de honra e de glória” é para lembrar que ele
30
ressuscitou. A ressurreição não foi a vitória, mas ela é a
prova da primeira.

O último aspecto deste complemento de Deus é a


santificação que Jesus opera naqueles que salva
(v.11). A santificação consiste no processo que é
iniciado em nossa conversão. Somos transformados para
que possamos alcançar a glória. Esta por sua vez se
inicia quando Cristo nos santifica através de seu sangue.
Tal transformação a Bíblia chama de regeneração.

Meu caro Jesus veio ao mundo para salvar o homem


de sua situação de pecado. Mas para que isso ocorra em
sua vida torna-se necessário que você o aceite e passe a
segui-lo e a servi-lo verdadeiramente.

Para segui-lo você precisa reconhecer a sua situação


de pecador e crer em sua obra salvadora e redentora
crendo que ela é suficiente para sua salvação.

Para servi-lo é necessário que você faça parte da


Igreja de Jesus. Não existe cristianismo sem igreja.

31
O VALOR DA ENCARNAÇÃO E SOFRIMENTO
DE CRISTO
Hb 2:10-18

10. Porque convinha que aquele, para quem são todas


as coisas e mediante quem tudo existe, trazendo muitos
filhos à glória, consagrasse, pelas aflições, o Príncipe
da salvação deles.
11. Porque, assim o que santifica como os que são
santificados, são todos de um; por cuja causa não se
envergonha de lhes chamar irmãos,
12. dizendo: Anunciarei o teu nome a meus irmãos,
cantar-te-ei louvores no meio da congregação.
13. E outra vez: Porei nele a minha confiança. E outra
vez: Eis-me aqui a mim e aos filhos que Deus me deu.
14. E, visto como os filhos participam da carne e do
sangue, também ele participou das mesmas coisas, para
que, pela morte, aniquilasse o que tinha o império da
morte, isto é, o diabo,
15. e livrasse todos os que, com medo da morte,
estavam por toda a vida sujeitos à servidão.
16. Porque, na verdade, ele não tomou os anjos, mas
tomou a descendência de Abraão.
17. Pelo que convinha que, em tudo, fosse semelhante
aos irmãos, para ser misericordioso e fiel sumo
sacerdote naquilo que é de Deus, para expiar os
pecados do povo.
32
18. Porque, naquilo que ele mesmo, sendo tentado,
padeceu, pode socorrer aos que são tentados.

Uma das dificuldades que os judeus tinham era aceitar


que Jesus era superior aos anjos. Eles não conseguiam
entender como alguém que sofreu e morreu, poderia ser
superior aos anjos. Para o judeu era impensável um
Messias sofredor.

No salmo 8 o messias é colocado claramente acima


dos anjos, sendo, inclusive, Senhor deles. Este fato
comprova a grandiosidade de Jesus.

Este salmo é messiânico e aponta para a realidade de


que o Messias seria o representante perfeito da raça
humana. Nós chamamos isso de o segundo Adão.

O autor inicia este trecho mostrando que todas as


coisas são para Jesus e que tudo que existe é dele. Jesus
torna-se o príncipe da salvação de muitos, que o autor
destaca são trazidos à glória por Cristo.

Jesus encarnou e sofreu ...


33
1. Para ser capaz de ser nosso salvador (v. 10)
Jesus tinha que experimentar tudo que
experimentamos para que pudesse nos trazer uma vitória
completa.

No AT os sacrifícios tinham que ser com animais sem


mancha, macho, primogênito. Este aspecto simbólico
aponta todo para Jesus. Mas acima de tudo era
necessário que alguém da linhagem de Adão e de
Abraão fosse para o sacrifício. Isto que chamamos de
morte vicária. Jesus é o único e verdadeiro vigário. A
expressão significa que Jesus é nosso substituto diante
de Deus. O fato é que ninguém pode ser vigário de
Deus, pois Jesus já fez este papel. Por outro lado,
ninguém pode ser vigário de Cristo, pois estaríamos com
isto dizendo que o sacrifício de Jesus foi insuficiente.

“Porque, assim, o que santifica, como os


que são santificados, são todos de um; por
cuja causa não se envergonha de lhes
chamar irmãos” (Hb 2:11)
A citação acima demonstra que Jesus foi homem
como qualquer outro. Ele é o que santifica, tendo como
34
origem o mesmo homem (Adão). Ele é o segundo Adão
que com seu sofrimento nos leva a uma glória sem igual.
Você consegue compreender isso?

O verso 11 mostra que todos somos santificados por


Cristo, que é aquele que santifica. O salmista cita o
salmo 22:22 mostrando que o servo sofredor teria como
resultado a salvação de um povo todo especial.

Meu amado ou amada, Jesus se sacrificou para que


pudéssemos ter esta vida em abundância (Jo 10:10), e
para que tivéssemos a glória dele sobre nossas vidas.

2. Para que Satanás sofresse sua derrota definitiva(v. 14)


Somos retirados da escravidão do pecado que nos é
imposta por Satanás. O poder da morte do Diabo
consiste no fato de que ele enganou Eva. Hoje ele ainda
continua enganando muitos.

Lúcifer é o anjo caído que derrubou consigo um terço


dos anjos. Ele era o querubim ungido de Deus. Satanás
caiu por causa de sua ambição veja os passos de sua
queda em Isaias 14:13 e 14:

35
a)Subirei aos céus (v. 13) - ele tenta tomar o lugar
reservado para Cristo;
b)Exaltarei meu trono (v. 13);
c) Sentarei no monte da congregação (v. 13) –
Satanás queria reinar sobre o povo de Deus;
d)Subirei acima das mais altas nuvens (v. 14) – Ele
queria a glória que pertencia somente a Deus;
e) Serei semelhante ao Altíssimo (v. 14) – A inveja de
Satanás faz com que ele quisesse algo que era
somente de Jesus.

É importante compreender que o império a que se


refere o autor não é o poder nos matar ou levar ao
suicídio para que o Diabo possa reinar no inferno sobre
nós. De forma alguma. O império da morte aqui é o
resultado da desobediência de Satanás que contaminou
toda humanidade.

A derrota de Satanás será que ele não irá derrubar a


humanidade. Sempre algum remanescente existirá
transformado pelo sangue de Jesus, lutando contra o
pecado.

36
Vemos aqui a importância de Jesus se revestir da
natureza humana, de ser homem como nós somos.

3. Para nos tirar o medo da morte e a servidão do pecado


(v. 15)
Satanás é capaz de matar o corpo, mas não é capaz de
matar a alma. Este fato deve nos dar tranquilidade, pois
o medo da morte nos faz ficar longe de Deus, mas este,
através do sacrifício de Deus, se aproxima de nós para
nos tirar o medo da morte. Mais do que isto, Jesus se
aproxima da humanidade e por ela se sacrifica para que
esta pudesse estar livre da servidão do pecado.

Em meu trabalho secular o que mais vejo são pessoas


escravas do pecado. Muitas vezes pergunto a um
criminoso por que ele comete tal crime. Normalmente a
resposta é: “Eu não sei!”. Esta resposta é a típica
demonstração de quão escravo do pecado é o homem.

É esta escravidão que leva a ter medo de morrer, de


não ter mais esperança em nossa vida. Cristo solucionou
este problema com a sua morte. Ele morreu para nos dar
nova vida, para nos dar eterna vida. Jesus fez com que o
37
poder de Satanás se tornasse ineficaz contra aqueles que
Ele santificou.

Meu amado ou amada, será que você consegue


entender isso? Cristo pagou nossa dívida, que era
impagável. Não foram os anjos que pagaram esta dívida
(Hb 2:18), mas foi Cristo. Mas era importante que ele
fosse semelhante a nós em tudo, para que seu sacrifício
fosse absolutamente perfeito (Hb 2:17).

4. Para se tornar a propiciação pelo nosso pecado (v. 18)


Jesus recebeu a ira que estava destinada a nós. Ele
aplacou a ira de Deus satisfazendo a sua santidade e sua
justiça.

Em Êxodo 32 vemos a passagem do bezerro de ouro.


Nesta passagem após Moisés descer do monte e deparar
com o povo pecando diante do Senhor ele sentiu a ira do
Senhor contra aquele pecado. Moisés intercedeu pelo
povo e no verso 32 ele avisa o povo que iria fazer
propiciação pelo grande pecado cometido.

38
A ira de Deus está sobre todos que vivem na
desobediência. Se você não se arrepende seus pecados a
ira de Deus está sobre você. Pior do que ser morto pelo
poder do Diabo é ser condenado pela ira de Deus.

Ao propiciar nosso pecado Jesus se tornou também


nossa expiação. Este fato consiste na morte de um
inocente em lugar do pecador.

39
FUGINDO DA INCREDULIDADE
Hb 3:1-19

1. Pelo que, irmãos santos, participantes da vocação


celestial, considerai a Jesus Cristo, apóstolo e sumo
sacerdote da nossa confissão,
2. sendo fiel ao que o constituiu, como também o foi
Moisés em toda a sua casa.
3. Porque ele é tido por digno de tanto maior glória do
que Moisés, quanto maior honra do que a casa tem
aquele que a edificou.
4. Porque toda casa é edificada por alguém, mas o que
edificou todas as coisas é Deus.
5. E, na verdade, Moisés foi fiel em toda a sua casa,
como servo, para testemunho das coisas que se haviam
de anunciar;
6. mas Cristo, como Filho, sobre a sua própria casa; a
qual casa somos nós, se tão-somente conservarmos
firme a confiança e a glória da esperança até ao fim.
7. Portanto, como diz o Espírito Santo, se ouvirdes hoje
a sua voz,
8. não endureçais o vosso coração, como na
provocação, no dia da tentação no deserto,
9. onde vossos pais me tentaram, me provaram e viram,
por quarenta anos, as minhas obras.

40
10. Por isso, me indignei contra esta geração e disse:
Estes sempre erram em seu coração e não conheceram
os meus caminhos.
11. Assim, jurei na minha ira que não entrarão no meu
repouso.
12. Vede, irmãos, que nunca haja em qualquer de vós
um coração mau e infiel, para se apartar do Deus vivo.
13. Antes, exortai-vos uns aos outros todos os dias,
durante o tempo que se chama Hoje, para que nenhum
de vós se endureça pelo engano do pecado.
14. Porque nos tornamos participantes de Cristo, se
retivermos firmemente o princípio da nossa confiança
até ao fim.
15. Enquanto se diz: Hoje, se ouvirdes a sua voz, não
endureçais o vosso coração, como na provocação.
16. Porque, havendo-a alguns ouvido, o provocaram;
mas não todos os que saíram do Egito por meio de
Moisés.
17. Mas com quem se indignou por quarenta anos? Não
foi, porventura, com os que pecaram, cujos corpos
caíram no deserto?
18. E a quem jurou que não entrariam no seu repouso,
senão aos que foram desobedientes?
19. E vemos que não puderam entrar por causa da sua
incredulidade.

41
O autor vai continuar na sua argumentação da
superioridade de Cristo. Ele havia começado mostrando
que Cristo era superior aos profetas (1:1-3), em seguida
expõe que Cristo é superior aos anjos (1:4-2:18). Agora
vai argumentar que Jesus é superior a Moisés.

Moisés tinha uma importância enorme para o povo


hebreu. Eles o viam não apenas como legislador, como
também como aquele que mediou diante de Deus no
deserto.

Afirmar que Jesus é superior até mesmo a Moisés


parecia uma agressão espiritual ao povo hebreu.

Dentro desta argumentação o autor traz como


mensagem secundária algo que podemos compreender
bem em nossos dias. A fuga da incredulidade.

O autor usa a expressão “apóstolo” no seu sentido


primário – enviado. Jesus é o enviado Deus para mediar
ante a presença do Senhor.

O autor começa comparando a fidelidade de Jesus


com a de Moisés. Em meio a esta argumentação ele vai
mostrando como se manter longe da incredulidade.

42
Vejamos:

1. Mantenha seus pensamentos em Cristo (v. 1)


Pelo que, irmãos santos, participantes da
vocação celestial, considerai a Jesus Cristo,
apóstolo e sumo sacerdote da nossa
confissão
O texto está ligado ao capítulo anterior. A expressão
“Pelo que” ou “Portanto” aponta para esta ligação. No
capítulo anterior vemos que o autor encerra sua
argumentação acerca da superioridade dos anjos
afirmando que Jesus, como ser humano, passou por
tudo que tinha que passar para ser a expiação dos nossos
pecados (2:17-18). Em virtude de seus sofrimentos ele
poderia interceder por nós, seus irmãos, segundo o texto.

Agora ele vai mostrar que Jesus é superior a Moisés e


começa fazendo uma advertência contra a negligência
(v. 1-4). Esta é uma das tônicas da carta aos hebreus.
“Considerai” carrega a ideia de manter o pensamento em
Cristo. Fixar o pensamento nele e viver desta forma.

Os hebreus viviam lembrando acerca da lei de Moisés


e de seu autor. Era algo sempre presente no coração dos
43
hebreus. O autor pede aos cristãos-hebreus que
considerem Jesus, que fixem seus pensamentos nele.
Moisés era importante, mas Jesus é muito mais.

A negligência pode ser uma prova de que de fato


ainda não somos cristãos. Pode ser a prova de que ainda
não temos um coração transformado. Por isso o autor
pede para “considerar a Jesus Cristo”.

Hoje temos vivido um cristianismo capenga porque


Jesus não é o centro de nossos pensamentos. Em nossa
mente vivemos pensando no Pastor, Padre, Bispo em
Apóstolos. Nossos líderes estão mais em evidência do
que Jesus. Muitos, assim como Moisés, nem buscam
isto, mas o povo, assim como os hebreus os exalta.

2. Conserve a confiança e a esperança em Cristo (v. 6)


mas Cristo, como Filho, sobre a sua própria
casa; a qual casa somos nós, se tão-somente
conservarmos firme a confiança e a glória
da esperança até ao fim.

Um dos problemas dos hebreus era a confiança em um


Messias vencedor sobre o império Romano. De um
44
Messias que, assim como Moisés, guiasse o seu povo
pelo deserto para a vitória.

Moisés conduziu um povo durante 40 anos por um


deserto escaldante. Embora o povo vacilasse, Moisés
continuou a sua jornada. Jesus hoje quer nos conduzir
pelo deserto desta vida e nos guiar para uma Terra
Prometida – o céu. Todavia, assim como aquele povo
murmurava no deserto e a grande maioria não alcançou
– somente uma nova geração, além de Josué e Calebe –
hoje muitos apenas estão na Igreja, mas não alcançarão a
Terra Prometida. Não alcançarão porque lhes falta a
verdadeira confiança e esperança em Cristo. Muitos se
dizem cristãos, mas sua esperança está baseada somente
nas coisas desta vida. Meu amado ou amada, onde está
sua esperança. Não quero dizer com isso que o crente
perde a salvação, mas quero dizer com isso que muitos
podem estar iludidos em seu cristianismo.

Daniel Lucas, cantor capixaba, em sua último álbum


cantou a música “Nossa Esperança”. Sua letra afirma:

Nossa esperança em Cristo está


Rocha que prevalecerá
Nenhuma dor ou aflição

45
Dele vai nos separar

Perfeito amor nos alcançou


De todo medo nos livrou
Rompeu cadeias e grilhões
A nossa dívida pagou

Nossas vozes em louvor


Expressam toda gratidão
Por toda graça e amor
Liberdade e salvação

O universo se calou
Quando tudo consumou
Tomando a nossa condição
Aquele que nunca pecou

A esperança então brilhou


Pois a cruz não O derrotou
Venceu a morte e a maldição
Jesus em glória ressuscitou

Nossas vozes em louvor


Expressam toda gratidão
Por toda graça e amor
Liberdade e salvação

Hoje podemos O seguir


Com alegria O servir
46
Nosso trabalho não é vão
A recompensa está por vir

No grande dia O encontraremos


Sim, voltará e O veremos
Nossas lágrimas enxugará
Com Cristo sempre viveremos

Nossas vozes em louvor


Expressam toda gratidão
Por toda graça e amor
Liberdade e salvação

Não há nada nem ninguém


Que poderá se comparar
A Jesus, o grande rei
Esperança eterna

3. Não ponha Deus à prova (v. 7-9)


7
Portanto, como diz o Espírito Santo, se
ouvirdes hoje a sua voz, 8 não endureçais o
vosso coração, como na provocação, no dia
da tentação no deserto, 9 onde vossos pais
me tentaram, me provaram e viram, por
quarenta anos, as minhas obras.

47
O maior motivo da peregrinação por 40 anos do povo
de Israel do deserto foi o fato deles tentarem a Deus.
Eles não confiaram naquilo que Moisés havia prometido
e assim sofreram no deserto por tanto tempo.

Hoje muitos cristãos não têm vivido uma vida cristã


em abundância porque não confiam em Jesus. Não
confiam que a obra da Cruz é suficiente. Acham que
precisam de mais alguma coisa. Não basta o milagre da
água viva jorrando em seus corações, precisam de algo
mais para viver dentro do cristianismo. Vivem um
cristianismo para o hoje e não para o manhã. Vivem um
cristianismo para o agora e não para o futuro. Nós
aguardamos nossa ressurreição na volta do Nosso
Senhor e Salvador Jesus Cristo, essa é a nossa
esperança, e essa é a confiança que o verdadeiro cristão
deve ter.

Muitos cristãos hoje sofrem com doenças e males que


afetam principalmente aqueles que não têm esperança
exatamente porque vivem presos ao Egito, presos a esta
vida, a este mundo. Por isso precisam de milagres para
se manter dentro dos caminhos do Senhor. Mas no
fundo, pode ser que nunca estiveram neste caminho.

48
Se você vive um cristianismo assim significa que está
provando a Deus. Significa que talvez haja saudade do
Egito em seu coração.

Hoje quero lhe convidar a não viver provando a Deus.


Ele já fez o suficiente por você, agora você precisa,
assim como Josué e Calebe confiar e esperar em Deus
sem pô-lo à prova.

4. Limpe seu coração (v. 10, 12)


10
Por isso, me indignei contra esta geração
e disse: Estes sempre erram em seu coração
e não conheceram os meus caminhos.
12
Vede, irmãos, que nunca haja em qualquer
de vós um coração mau e infiel, para se
apartar do Deus vivo.
Aquele povo foi levado para uma peregrinação de 40
anos quando poderiam ter sido gastos no máximo 6
meses. Tudo isto porque seus corações estavam ainda
cheios das coisas do Egito.

Amados o Egito é o símbolo do pecado que o velho


homem está sempre disposto a cometer. Todos nós

49
somos vítimas dele, mas nosso advogado, Jesus, está
sempre pronto a nos perdoar e nos purificar.

Para se ter uma jornada no tempo certo é preciso que


tenhamos um coração limpo. Talvez você esteja vivendo
um cristianismo cheio de dor e de dificuldade, tudo isto
porque seu coração ainda não foi limpo.

Muitos querem se tornar cristãos, mas querem manter


seus bezerros. Precisam manter o pecado vivo para que
se anime dentro da própria Igreja.

5. Busque a comunhão da Igreja (v. 13)


13
Antes, exortai-vos uns aos outros todos os
dias, durante o tempo que se chama Hoje,
para que nenhum de vós se endureça pelo
engano do pecado.

O autor usa a expressão “exortai-vos mutuamente”.


Há alguns anos eu disse em um estudo: “Não há
cristianismo sem Igreja”. Muitas pessoas visitei nestes
anos de ministério gostam de me dizer que não têm ido à
Igreja, mas têm comunhão com Deus. Para se ter
comunhão com Deus é preciso ter comunhão com o
50
corpo dele neste mundo, a igreja. Jesus deixou a igreja
com intuito de nos fazer crescer espiritualmente. E este
crescimento é uma vida de mão dupla. Por isso que o
autor diz: “exortai-vos mutuamente”.

Se você acha que pode manter comunhão com Deus,


sem ter comunhão com o corpo de Cristo, você está em
desobediência. Pode ser que você esteja caminhando na
incredulidade. Quando caminhamos por fé não olhamos
para os erros do próximo, mas lutamos para que nossos
erros sejam superados. Quando caminhamos por fé não
nos prendemos aos erros pessoais, mas fixamos nosso
olhar naquele que veio para dar vida eterna.

51
ENTRANDO NO DESCANSO DE DEUS
Hb 4:1-10

1. Temamos, pois, que, porventura, deixada a promessa


de entrar no seu repouso, pareça que algum de vós
fique para trás.
2. Porque também a nós foram pregadas as boas-novas,
como a eles, mas a palavra da pregação nada lhes
aproveitou, porquanto não estava misturada com a fé
naqueles que a ouviram.
3. Porque nós, os que temos crido, entramos no
repouso, tal como disse: Assim, jurei na minha ira que
não entrarão no meu repouso; embora as suas obras
estivessem acabadas desde a fundação do mundo.
4. Porque, em certo lugar, disse assim do dia sétimo: E
repousou Deus de todas as suas obras no sétimo dia.
5. E outra vez neste lugar: Não entrarão no meu
repouso.
6. Visto, pois, que resta que alguns entrem nele e que
aqueles a quem primeiro foram pregadas as boas-novas
não entraram por causa da desobediência,
7. determina, outra vez, um certo dia, Hoje, dizendo por
Davi, muito tempo depois, como está dito: Hoje, se
ouvirdes a sua voz, não endureçais o vosso coração.
8. Porque, se Josué lhes houvesse dado repouso, não
falaria, depois disso, de outro dia.

52
9. Portanto, resta ainda um repouso para o povo de
Deus.
10. Porque aquele que entrou no seu repouso, ele
próprio repousou de suas obras, como Deus das suas.

O autor continua a sua comparação com a


peregrinação do povo no deserto. Ele mostra que boa
parte do povo não teve direito a entrar na Terra
Prometida (o descanso) por causa de sua incredulidade.
Mas antes ele deixa claro que Moisés foi fiel até o fim.

Hoje não é muito diferente. A igreja está lotada de


pessoas, mas muitas não conseguiram alcançar o
descanso eterno, todavia Jesus se mantem fiel ao seu
propósito e sua obra.

Nossa história começa em Número 13. Deus


determina que Moisés destaque 12 espias, um de cada
tribo, para espionarem a terra que eles haveriam de
conquistar. Moisés pede um relatório detalhado, para
montar a estratégia de conquista. Depois de 40 dias os
espias voltaram com um relatório um tanto quanto
desanimador. Eles começaram relatando que a terra

53
realmente era boa, mas seus habitantes eram
assustadores (Nm 13:27-29). Calebe, representante da
tribo de Judá, fez calar a multidão que agora estava
assustada com o relatório e disse:

Certamente subiremos e a possuiremos em


herança; porque seguramente
prevaleceremos contra ela.

Repare bem que certeza de vitória estava no fato da


terra ser uma herança, ou seja, um presente de Deus.
Mas os demais espias, exceto Oseias (renomeado por
Moisés como Josué, representante da tribo de Efraim).

O que o autor aos hebreus está questionando é


exatamente esta falta de fé na herança já prometida. Ele
questiona a ideia de que a conquista dependesse de
alguma coisa deles, não dependia, pois a vitória era certa
no Senhor.

Ele está fazendo esta analogia para mostrar que nossa


salvação não depende de nós, não depende de
cerimonias judaicas ou de sacrifícios, pois Cristo, já
garantiu nossa conquista lá cruz.

54
A expressão descanso refere-se à salvação que vem de
Deus. O autor mostra que o descanso prometido é maior
que o descanso que Josué recebeu. Este, após entrar na
Terra Prometida, ainda teve que lutar. Nós, pela fé,
entramos para o descanso eterno e nada temos mais a
fazer, Jesus já lutou nossa guerra, e venceu. Mas do que
depende nossa entrada no descanso? Veremos isso nos
pontos a seguir...

1. A entrada no descanso é o resultado da fé (v. 3)


Porque nós, os que temos crido, entramos
no repouso, tal como disse: Assim jurei na
minha ira Que não entrarão no meu repouso

No capítulo anterior o autor mostrou que a jornada no


deserto dos israelitas expôs quem realmente tinha fé. O
fracasso de muitos em não entrarem na Terra Prometida
deve nos servir de alerta sobre o sentido da verdadeira
fé.

O autor continua mostrando que a jornada no deserto


foi algo que testou a fé dos israelitas. Muitos

55
sucumbiram durante a jornada em virtude de sua falta de
fé.

O autor declara que “Nós que cremos, entramos no


descanso...”. O céu prometido é alcançado pela nossa fé.
Josué e Calebe tiveram seu acesso garantido no
descanso mediante a fé. A fé em Deus foi o meio que ele
escolheu para que fôssemos salvos.

Hoje Deus oferece, mediante a pregação do


Evangelho, nova chance de se entrar no descanso
mediante a fé.

Desde o Antigo Testamento a Bíblia refere-se ao


descanso de Deus como uma promessa presente. O
salmo 91 diz: “Aquele que habita no esconderijo do
Altíssimo, à sombra do onipotente descansará”.

Jesus promete alívio e descanso para aqueles que vão


a ele (Mt 11:28-29). Mas e a entrada no descanso do
Senhor depende de nossa fé. Não é uma fé baseada
naquilo que se vê, como milagres e curas, mas é uma fé
baseada na esperança de conquista da terra prometida.

56
2. A entrada no descanso é uma realidade presente (v. 3)
O autor usa a expressão “Nós, porém, os que cremos
(passado), entramos (presente) no descanso.”. Jesus
disse a mesma coisa de forma diferente:

“Em verdade, em verdade vos digo: quem


ouve a minha palavra e crê naquele que me
enviou tem a vida eterna” (Jo 5:24)
Jesus está dizendo que, a através da obediência em sua
Palavra, crendo em Deus, já é garantida a entrada no
descanso eterno.

Muitos hoje afirmam que não se é possível ter certeza


da Salvação. Não é isto que a Palavra de Deus afirma.
Ao contrário dos Israelitas no deserto, somos guiados
pela fé, e esta vem com o selo de Deus em nossos
corações. Se Jesus hoje entrar em seu coração você será
transformado e lhe será garantido o descanso eterno. O
verbo crer no passado é para lembrar que a conversão é
um ato em um determinado momento. Isto já aconteceu
para os leitores, logo eles creram e estão no descanso.
Se você crê hoje, entrará para sempre no descanso.

57
3. A condenação dos que não entram é consequência da
Ira de Deus (v. 3)
Diz o autor “Assim jurei na minha ira: Não entrarão
em meu descanso”. A Bíblia é muito clara em mostrar
que o homem é separado de Deus por causa do pecado.
É ele que nos destitui da glória do Senhor. Este ponto é
muito interessante porque ainda existem pessoas que
creem que somos condenados a não entrarmos no
descanso de Deus pelo Diabo. O Diabo não tem poder
para nos condenar, ele apenas pode nos acusar diante de
Deus, mas jamais nos condenará.

É muito triste que hoje os pregadores se esquivem de


falar da ira de Deus. Arthur W. Pink diz que para muitos
parece até que isto é uma espécie de desvio do caráter de
Deus. A ira faz parte dos atributos de Deus, assim como
seu amor, sua justiça, entre outras coisas. Temos que
lembrar que Deus é perfeito em todos os seus atributos,
inclusive em sua ira.

A ira de Deus compreende a sua aversão completa ao


pecado. Deus não concorda e não aceita o pecado, e
sobre aqueles que não reconhecem isto repousa sua ira.

58
Diante de tudo isto vale lembrar que Jesus possui pelo
menos três papéis ante a ira divina, segundo Rev.
Ronaldo:

a)Ele é o recebedor da Ira (Is 53:5; Hb 7:22);


b)Ele é o salvador da Ira (Rm 3:24; 5:1);
c) Ele é o aplicador da Ira (Sl 1:5; Jo 5:27; At 17:31).

4. A entrada ao descanso é questão de obediência ao


chamado de Deus (v. 7)
Pela terceira vez o autor fala: “... se ouvirdes a sua
voz, não endureçais o vosso coração.”. Lendo a Bíblia
vemos que um coração duro à Palavra de Deus traz
grandes consequências. Abraão endureceu seu coração
para a promessa de Deus e acabou engravidando a serva
de sua esposa, isto lhe trouxe grandes consequências. O
Faraó endureceu seu coração, e trouxe grandes
sofrimentos para seu povo. Os reis de Judá e Israel
endureceram seus corações e sofreram sérias
consequências por causa disto.

59
Mas, a maior consequência de um coração duro é o
impedimento de entrar no descanso eterno de Deus.

Meu prezado hoje Deus quer entrar no seu coração


para que você possa entrar no descanso dele. Deus está
lhe chamando. Ele quer habitar em seu coração, e nele
fazer morada. Será que você consegue entender isso?

O hino 256 do Hinário para o Culto Cristão mostra


isso com muita propriedade.

Jesus quer entrar hoje em teu coração


e para sempre ficar,
pois nada o impede de dar-te perdão
quando o deixares entrar.

Já muitas vezes à porta esperou,


e agora ele volta a bater,
querendo te dar salvação, paz e amor.
Queres a Cristo atender?

Se abrires a porta do teu coração


e o convidares a entrar,
Jesus te dará seu divino perdão
para contigo habitar.

Já muitas vezes à porta esperou,


e agora ele volta a bater,
60
querendo te dar salvação, paz e amor.
Queres a Cristo atender?

61
O PREÇO DO DESCANSO
Hb 4:11-16

11. Procuremos, pois, entrar naquele repouso, para que


ninguém caia no mesmo exemplo de desobediência.
12. Porque a palavra de Deus é viva, e eficaz, e mais
penetrante do que qualquer espada de dois gumes, e
penetra até à divisão da alma, e do espírito, e das
juntas e medulas, e é apta para discernir os
pensamentos e intenções do coração.
13. E não há criatura alguma encoberta diante dele;
antes, todas as coisas estão nuas e patentes aos olhos
daquele com quem temos de tratar.
14. Visto que temos um grande sumo sacerdote, Jesus,
Filho de Deus, que penetrou nos céus, retenhamos
firmemente a nossa confissão.
15. Porque não temos um sumo sacerdote que não
possa compadecer-se das nossas fraquezas; porém um
que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado.
16. Cheguemos, pois, com confiança ao trono da graça,
para que possamos alcançar misericórdia e achar
graça, a fim de sermos ajudados em tempo oportuno.

Jesus conta uma parábola muito interessante em Lucas


14:25-33. Nesta parábola ele mostra que segui-lo
62
envolve um preço alto e que temos que ter realmente
convicção se é isto mesmo que queremos. Nos versos 28
e 31 ele mostra que quando queremos alguma coisa
temos que primeiro calcular o custo. Ninguém pode
iniciar uma obra sem calcular o custo. Nenhum soberano
pode sair à guerra sem calcular seus custos.

De certa forma é isto que o autor aos hebreus procura


tratar neste trecho da Palavra de Deus. Para muitos
parece que ele entra em contradição, uma vez que no
verso 3 ele deixa claro que a experiência do céu é algo
que começamos a sentir já. O problema é que ele agora
não está mais falando da garantia da entrada, mas do
preço que devemos pagar por entrar. A salvação
realmente é de graça, pelos méritos da cruz. Mas antes
de recebermos a mensagem devemos saber que temos
um preço a pagar. Não pela salvação, mas pela
caminhada, ela vai designar o nível de santidade que
tenho ou se tenho.

Ele passa a descrever algo maravilhoso acerca do que


é realmente ser cristão e como podemos pagar o preço
pelo descanso eterno.

63
1. Tenha diligência em sua vida (v. 11)
11
Procuremos, pois, entrar naquele repouso,
para que ninguém caia no mesmo exemplo
de desobediência.
A expressão que o autor utiliza que é traduzida como
“esforcemo-nos” ficaria melhor traduzida “Sejamos
diligentes...”. Ser diligente, segundo o dicionário da
língua portuguesa compreende uma pessoa que tem um
cuidado ativo ao fazer alguma coisa. Jesus não chama
ninguém para ficar sentado no banco. Este fato exige
esforço, daí a tradução que foi dada.

Mas a ideia é muito mais profunda. Quero


compartilhar com vocês algo que li de Marcos Aurélio
Mello.

"Não custa grande coisa ser um cristão de


aparência. Só requer que a pessoa assista
aos cultos do domingo, duas vezes e durante
a semana seja medianamente moralista.
Este é o ‘cristianismo’ da grande parte dos
evangélicos da nossa época. Trata-se, pois,
de uma profissão de fé fácil e barata; não
implica em abnegação nem sacrifício. Se
este é o cristianismo que salva e o qual nos
abrirá as portas da glória ao morrermos,
então não temos necessidade de alterar a
64
mundana descrição do caminho da vida
eterna e dizer: ‘Larga é a porta e largo é o
caminho que conduz ao céu’.
Porém, segundo o ensino bíblico, custa caro
ser cristão. Há inimigos a vencer, batalhas a
evitar e sacrifícios a realizar; deve-se
abandonar o Egito, cruzar o deserto,
carregar o peso da cruz e tomar parte na
grande caminhada. A conversão não
consiste em uma decisão tomada por uma
pessoa, em um confortável sofá, para logo
em seguida ser levado suavemente ao céu. A
conversão marca o início de um grande
conflito, e a vitória vem após muitas feridas
e contendas. Custa-se obter a vitória. Daí
concluirmos a importância de calcularmos
este custo."

Meu amado ou amada, entenda que ser Cristão não é


apenas receber as bênçãos celestiais nesta vida, mas, ao
contrário, é estar preparado para ser injuriado em nome
de Jesus para ser bem-aventurado por toda eternidade
(Mt 5:12).

65
2. Confie na suficiência da Palavra (v. 12)
12
Porque a palavra de Deus é viva e eficaz,
e mais penetrante do que espada alguma de
dois gumes, e penetra até à divisão da alma
e do espírito, e das juntas e medulas, e é
apta para discernir os pensamentos e
intenções do coração.
Neste ponto o autor entra em algo que era comum
entre os judeus, a fé na Torá. Ele afirma que ela é
suficiente para:

a)Dar vida por ser viva;


b)Transformar por ser eficaz;
c) Sondar nossos corações por cortar dos dois lados;
d)Julgar e mostrar nossos valores através do
discernimento.

Deus nos deixou um legado espiritual através da


Bíblia Sagrada. Você não pode dizer que crê em Deus se
não acreditar na Palavra que ele deixou. Mais do que
isto, ninguém pode dizer que crê na revelação de Deus
se não confiar plenamente na suficiência desse livro.

66
Além disso, a ideia do descanso está apontando para
Cristo como sendo a Palavra, na qual encontraremos o
descanso que precisamos. É nele que encontramos o
descanso para nossas almas, cansadas e abatidas pelo
pecado.

Também vemos aqui que a Palavra de Deus será o


padrão de medida que o próprio Cristo usará para
perscrutar nosso coração.

A Palavra de Deus é viva e eficaz o suficiente para


sondar nossas intenções mais profundas, nossos desejos
mais escondidos.

Meu amado ou amada, creia que a Palavra de Deus é


suficiente. Creia que ela é capaz de transformar sua
vida, seu coração, sua mente. Somente ela, encarnada na
pessoa de Cristo, e pregada ao longo dos séculos, é
capaz de nos fazer alcançar o descanso eterno. Por isso
que a fé vem pelo ouvir, e o ouvir da Palavra de Deus.

3. Tenha certeza de sua confissão (v. 14)


14
Visto que temos um grande sumo
sacerdote, Jesus, Filho de Deus, que
67
penetrou nos céus, retenhamos firmemente
a nossa confissão.
O texto agora para aquilo que será o âmago da
epístola, Cristo como nosso sumo-sacerdote. Este tema
já fora sugerido em Hb 2:17 e 3:1, e vai se tornar o
grande tema da epístola, porém Jesus não será sacerdote
pela ordem de Levi, que seria o natural, mas o será pela
ordem de Melquisedeque, que explicaremos mais
adiante. Deste ponto até 10:18, o assunto principal é o
sacerdócio de Cristo.

Mas, na realidade, o autor volta a pensar naquele


momento de decisão. Naquele dia quando uma decisão
foi tomada: seguir a Jesus. Muitos hoje estão na igreja e
se dizem cristãos, mas poucos são os que podem dizer
que realmente foram transformados.

A certeza de salvação é algo que podemos ter, mas


isto só é possível mediante a confissão sincera. A
expressão é muito interessante que se tornou gíria de um
evangelicalismo barato que surgiu no final do século
XX: tomar posse. É interessante que esta expressão
usada no contexto atual, era dita por grupos que
68
afirmavam que não é possível se ter segurança. O autor
de hebreus está nos chamando para tomar posse de
nossa confissão no sentido de ter certeza do que ela
significa.

Meu amado ou amada, você tem retido com confiança


a confissão que um dia você fez? Mais do que isso, sua
confissão é baseada nas obras pessoais, das cerimônias
ou da lei? Ou sua confissão é baseada na obra de
Cristo...

4. Confie na suficiência da obra de Cristo (v. 15, 16)


15
Porque não temos um sumo sacerdote que
não possa compadecer-se das nossas
fraquezas; porém, um que, como nós, em
tudo foi tentado, mas sem pecado. 16
Cheguemos, pois, com confiança ao trono
da graça, para que possamos alcançar
misericórdia e achar graça, a fim de sermos
ajudados em tempo oportuno.
O autor passa o mostra a superioridade de Jesus. Desta
vez ele trabalha com o Sumo sacerdote. O sentido
místico religioso desta personagem é muito profundo
para o povo de Israel. O autor se preocupa em mostrar
69
que assim como foi superior aos anjos, Moisés e Josué,
Jesus é muito superior ao sumo-sacerdote.

O autor apresenta dois motivos irrefutáveis para a


superioridade de Cristo diante do sumo-sacerdote:

a)Ele penetrou aos céus


Jesus não foi a um Tabernáculo ou Santuário, ele foi
ao céu, na presença real de Deus.

b)Porque sua humanidade foi sem pecado.


Jesus foi homem como qualquer um de nós, mas não
pecou. Ele pode se compadecer de você porque passou
pelas mesmas fraquezas e tentações, mas de todas foi
vencedor.

Prezado amigo. Prezado irmão. Hoje é o momento que


tem você para se aproximar de Deus. Ele é
misericordioso e deseja transformar sua vida.

A salvação é pela graça, mas saiba o preço que você


tem que pagar. Jesus quer lhe salvar para que você viva
para ele e por ele.
70
O grupo Milad, em 1986, lançou uma música que
falou muito ao meu coração, e ainda fala. A letra dela é
simples e representa um apelo de Cristo ao coração
daquele que Nele confia. Ela diz:

Não tenhas sobre ti um só cuidado, qualquer


que seja Pois um, somente um, seria muito
para ti

É Meu, somente Meu todo o trabalho


E o teu trabalho é descansar em Mim (2x)

Não temas quando enfim, tiveres que tomar


decisão entrega tudo a Mim, confia de todo
o coração

É Meu, somente Meu todo o trabalho


E o teu trabalho é descansar em Mim (2x)

Descanse em Jesus.

71
AÇÕES DO SACERDÓCIO DE CRISTO
Hb 5:1-10

1. Porque todo sumo sacerdote, tomado dentre os


homens, é constituído a favor dos homens nas coisas
concernentes a Deus, para que ofereça dons e
sacrifícios pelos pecados,
2. e possa compadecer-se ternamente dos ignorantes e
errados, pois também ele mesmo está rodeado de
fraqueza.
3. E, por esta causa, deve ele, tanto pelo povo como
também por si mesmo, fazer oferta pelos pecados.
4. E ninguém toma para si essa honra, senão o que é
chamado por Deus, como Arão.
5. Assim, também Cristo não se glorificou a si mesmo,
para se fazer sumo sacerdote, mas glorificou aquele que
lhe disse: Tu és meu Filho, hoje te gerei.
6. Como também diz noutro lugar: Tu és sacerdote
eternamente, segundo a ordem de Melquisedeque.
7. O qual, nos dias da sua carne, oferecendo, com
grande clamor e lágrimas, orações e súplicas ao que o
podia livrar da morte, foi ouvido quanto ao que temia.
8. Ainda que era Filho, aprendeu a obediência, por
aquilo que padeceu.
9. E, sendo ele consumado, veio a ser a causa de eterna
salvação para todos os que lhe obedecem,

72
10. chamado por Deus sumo sacerdote, segundo a
ordem de Melquisedeque.

O autor aos hebreus se concentra em mostrar que


Cristo é superior aos profetas, aos anjos, a Moisés e a
Josué. A partir de Hebreus 4:14 passa a mostrar que
Jesus é superior ao sumo-sacerdote. Uma vez que temos
um sumo-sacerdote que penetrou aos céus, podemos
reter com confiança a nossa confissão, chegando com
confiança ao trono da graça (v. 16) ajudados em tempo
oportuno. Isso aponta para a suficiência da obra de
Cristo e ao mesmo tempo para as ações do sacerdócio
dele na vida daqueles que nele confiam.

A superioridade de Jesus é evidenciada pelo fato dele


não ter pecado.

O sacerdote era alguém nomeado e chamado por


Deus. Ninguém podia escolher ser sacerdote, todos que
nasciam na tribo de Levi já carregavam esta condição.

73
1. Jesus viveu como homem para se compadecer de nossas
fraquezas.
A expressão “Porque” (ou “Pois”) liga o versículo 1
do capítulo 5 aos últimos três versículos do capítulo 4.
Lá o que o autor está deixando claro é a suficiência da
obra de Cristo.

O verso 3 deixa claro que todos somos iguais diante


de Deus. O sumo sacerdote tinha o seus pecados. Ele
levava o sacrifício pelos pecados do povo, mas
precisava confessar os seus também.

Jesus sabe o que passamos porque em tudo foi


tentado, mas sem pecado.

João afirma que o verbo se fez carne e habitou entre


nós. João usa a mesma expressão que Paulo usa para
“carne” (sarques). A carne de Jesus, seus anseios e
dores, foram exatamente iguais aos nossos.

Há muitos anos atrás participei de uma cantata onde


uma das músicas tinha uma narrativa interessante.
Contava a história de um homem que não acreditava no
natal, muito menos no nascimento de Cristo. Certo dia
sua família foi para igreja no natal e ele ficou em casa.
Olhando pela janela viu alguns pardais que tentavam em
74
vão entrar no celeiro para fugir da nevasca. Triste com a
situação ele tentava inutilmente ensinar o caminho para
a salvação daquele grupo de pássaros. Foi então que ele
parou e pensou: “Ah, se eu pudesse me torna um deles
para lhes ensinar o caminho”. Foi aí que ele entendeu o
que significava o natal.

Ao viver entre nós Jesus passou a nos ensinar o


caminho para a salvação. Ele disse: “Vinde a mim, todos
que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei”.
Isaias afirma que ele tomou sobre si as nossas
iniquidades e transgressões.

2. Jesus se fez homem para alcançar toda humanidade (v.


6, 10)
6 Como também diz, noutro lugar: Tu és
sacerdote eternamente, Segundo a ordem de
Melquisedeque.

Um dos problemas que os judeus tinham, e ainda têm


de aceitar Jesus, foi o fato de que ele anunciou a
mensagem para todos os povos. O sacerdócio de Jesus
não foi somente para um povo, etnicamente falando,

75
mas foi para toda humanidade, daí o fato de ser segundo
a ordem de Melquisedeque.

Melquisedeque aparece pela primeira vez em Gn


14:18-20. A ele Abraão entregou o seu dízimo. Ele
simboliza o sacerdócio de sobre toda humanidade (Sl
110:1-2).

Jesus deixou isto claro ao conversar e pregar para a


mulher samaritana. Ao contar a parábola do bom
samaritano. Ao ir à casa de Jairo e curar a sua filha.

Jesus veio para toda humanidade. Ele veio para dar


esperança a todos. Talvez você se ache distante de Deus
e ele não pode lhe alcançar. Mas saiba que Jesus não só
pode como quer.

Jesus pediu a seus discípulos para irem até aos confins


da terra. O movimento missionário do povo de Deus
existe para cumprir este propósito. Deus, através de
Jesus, deseja alcançar toda humanidade. Uma das
mensagens proféticas diz: “Este evangelho do reino
será pregado a todos os povos... aí então será o fim”
(Mc 10:13).

76
3. Jesus clamou para nos livrar da morte (v. 7)
7 O qual, nos dias da sua carne, oferecendo,
com grande clamor e lágrimas, orações e
súplicas ao que o podia livrar da morte, foi
ouvido quanto ao que temia.

Isaias 53 afirma do grande sofrimento do Messias. O


clamor de Cristo começou no Getsêmani e se encerrou
na cruz. Ele foi atendido porque Jesus preenchia todo
requisito de santidade que Deus exigia. Nenhum ser
humano tem a capacidade de preencher este requisito.
Todos nós estamos longe de preenchermos porque
somos dominados pelo pecado.

No Getsêmani Jesus clamou por ele, para ser livre da


morte1. Esse era o desejo de sua natureza humana, mas
ele se manteve obediente até a morte.

Jesus foi à Cruz sem pecado. Ele não clamou por si,
antes clamou por aqueles que se curvariam em
obediência a Ele. Sabe o que você precisa fazer agora?
Clamar a ele como o cego Bartimeu o fez: “Jesus, filho
de Davi, tem misericórdia de mim!”. Este clamor,

1
“Então, lhes disse: A minha alma está profundamente triste até à morte; ficai aqui e vigiai comigo. Adiantando-se um pouco, prostrou-se sobre o seu
rosto, orando e dizendo: Meu Pai, se possível, passe de mim este cálice! Todavia, não seja como eu quero, e sim como tu queres” (Mt 26:38-39)

77
traduzido para nossos dias envolve arrependimento e fé
em Jesus. Você já fez isso em sua vida?

4. Jesus morreu para que nossa salvação fosse garantida


(v. 9)
“tendo sido aperfeiçoado, tornou-se o Autor
da salvação eterna para todos os que lhe
obedecem”

Em João 5:24 lemos:

“Em verdade, em verdade vos digo: quem


ouve a minha palavra e crê naquele que me
enviou tem a vida eterna, não entra em
juízo, mas passou da morte para a vida.”
Um dos assuntos principais de Hebreus é a eternidade.
A questão escatológica é muito vista no livro. Quando se
vê as expressões: “naquele dia”, “dia do Senhor”,
“últimos dias”, “esperança”, entre outras. Estas
expressões carregam o peso escatológico. Este peso das
últimas coisas denota a garantia que Jesus dá para
aqueles que realmente tomaram a decisão de segui-lo.

78
Mas a esta garantia só pode ser dada através da
obediência. Esta obediência não consiste em buscar a
salvação através das obras. Antes consiste em seguir os
passos daquela confissão (Hb 4:14).

Tendo, pois, a Jesus, o Filho de Deus, como


grande sumo sacerdote que penetrou os
céus, conservemos firmes a nossa confissão.

Efésios 2:10 diz que somos feituras de Deus em Cristo


Jesus para as boas obras. Isto significa que somos salvos
para perseverar e não o contrário como muitos
interpretam. Logo, a perseverança é uma consequência e
não causa da salvação.

79
O DINAMISMO DA VIDA CRISTÃ
Hb 5:10 – 6:3

10. chamado por Deus sumo sacerdote, segundo a


ordem de Melquisedeque.
11. Do qual muito temos que dizer, de difícil
interpretação, porquanto vos fizestes negligentes para
ouvir.
12. Porque, devendo já ser mestres pelo tempo, ainda
necessitais de que se vos torne a ensinar quais sejam os
primeiros rudimentos das palavras de Deus; e vos
haveis feito tais que necessitais de leite e não de sólido
mantimento.
13. Porque qualquer que ainda se alimenta de leite não
está experimentado na palavra da justiça, porque é
menino.
14. Mas o mantimento sólido é para os perfeitos, os
quais, em razão do costume, têm os sentidos exercitados
para discernir tanto o bem como o mal.
1. Pelo que, deixando os rudimentos da doutrina de
Cristo, prossigamos até a perfeição, não lançando de
novo o fundamento do arrependimento de obras mortas
e de fé em Deus,
2. e da doutrina dos batismos, e da imposição das mãos,
e da ressurreição dos mortos, e do juízo eterno.
3. E isso faremos, se Deus o permitir.

80
A vida cristã não pode ser parada e estagnada. Não
consigo entender alguém que entra na Igreja e não se
coloca à disposição do reino para o trabalho e, mais do
que isto, não tem sede de aprender a Palavra de Deus.

O escritor aos hebreus vinha descrevendo a


superioridade de Cristo sobre os profetas, sobre a lei e
Moisés, sobre Josué e por fim sobre o sumo-sacerdote.
Cristo é aquele sumo sacerdote perfeito, não da
linhagem de Levi, mas de Melquisedeque. Esse ponto é
complicado para alguém que está engatinhando na fé.
Agora o autor irá abrir um parêntesis em seu ensino para
admoestar os seus leitores. Ele se deu conta que seus
leitores estavam presos a tradições e pensamentos
humanos sobre o messias. Sendo assim, o autor os
exortar a se tornarem melhores estudantes da Palavra de
Deus, pois a vida cristã envolve dinamismo em todas as
áreas, mas principalmente no amadurecimento através
do aprendizado.

O autor sacro mostra que seus leitores deviam ser


maduros na fé (teleos), mas eram como bebês de colo
que necessitam de leite. O cristianismo já tinha
81
aproximadamente 40 anos, e os hebreus foram os
primeiros a se converterem. Mas a influência dos
judaizantes, que tanto perseguiram Paulo, estava muito
forte entre eles. O autor mostra que eles deveriam ter
suas mentes exercitadas como o corpo de um atleta. Ele
faz aqui um jogo de palavras tremendo para mostrar que
seus leitores estavam muito longe do ideal, para o tempo
de fé que tinham. Eles não cresceram, apesar de tantos
anos no evangelho.

Por isso o escritor faz um apelo para eles deixarem o


rudimento da fé. Isso faz parte do crescimento do
verdadeiro cristão. Não que o batismo ou o
arrependimento não sejam importantes, mas isso deveria
ser algo já natural na vida deles, e não era.

Três perguntas precisamos responder analisando este


trecho da Palavra de Deus:

i) Do que depende o nosso


dinamismo?
ii) Quais os resultados deste
dinamismo?
82
iii) Como isso se aplica em nossos dias?

Vamos analisando o texto e respondendo a estas


perguntas.

1. Do que depende o nosso dinamismo?


O autor nos dá alguns conselhos que podemos
começar a por em prática.

a)Lutar contra a preguiça e a negligência (5:11)


O autor afirma que seus leitores se tornaram “tardios
em ouvir”. Algumas traduções aparecem “negligentes”.
O que autor está transmitindo é que seus leitores
estavam propositalmente lentos, morosos e, acima de
tudo, preguiçosos.

Quantos têm preguiça de ler a Palavra de Deus ou


buscar nela conhecimento. Muitos acordam pela manhã
e a primeira coisa que fazem é assistir TV, ou cuidar das
coisas da casa, ou de sua vida pessoal. Não se deleitam
na Palavra, não se deleitam em fazer uma devocional e
se manter na presença de Deus.

83
No verso 12 o autor afirma “quando devíeis ser
mestres”. Todo cristão deve aprender a compartilhar
conhecimento. Os pequenos grupos são o meio que
Deus tem usado na igreja moderna para que possamos
aprender a compartilhar nosso conhecimento. A igreja
primitiva dividia-se em casas para poder estudar a
Palavra. Além disso, temos os cultos regulares, onde a
Palavra de Deus tem sido ensinada e muitos perdem ao
preferir as coisas desta vida. Isso faz com que fiquemos
estagnados.

Nosso dinamismo depende também de ...

b)Exercitar nossa mente constantemente (5:14)


“Mas o alimento sólido é para os adultos,
para aqueles que, pela prática, têm as suas
faculdades exercitadas ...”
A expressão “pela prática” ou “em razão do costume”
refere-se que o exercício de nossas faculdades mentais
precisa ser feito de forma disciplinada e constante. É ler
sem ter vontade. Estudar sem o desejo de estudar. Orar
sem querer orar. Quando temos filhos tentamos
disciplina-los para comer tudo que é bom para a saúde.
Tudo bem que nem sempre conseguimos. O problema é
que não damos exemplo a eles. Na Bíblia é a mesma
84
coisa. Muitos então usam uma máxima humanista:
“ninguém deve fazer o que não gosta”. Se realmente a
vida fosse assim ela seria uma anarquia. Todos de
alguma maneira acabam fazendo algo que não gostam, e
algumas destas coisas são importantes para nossa vida.
Eu detestava aulas de português, e amava aulas de
história e geografia. Descobri na prática que não é
possível dominar história e geografia se não tiver um
domínio razoável de português para exercitar uma boa
leitura. Na vida cristã é a mesma coisa. Você não
consegue se desenvolver na vida Cristã se não criar o
hábito de buscar na Palavra e de se reunir para a
admoestação mútua.

Amado ou amada, não existe como você ter um


desenvolvimento dentro do reino de Deus se não buscar
conhecer a Palavra e crescer em sua fé.

Nunca é tarde para aprender da Palavra de Deus.


Nunca é tarde para exercitar a nossa mente.

Por fim, o dinamismo na vida cristã depende de ...

c) Permitir a ação de Deus e de sua Palavra (6:1,3)


A melhor tradução para o verso 1 seria:
85
Por isso, pondo a parte os princípios
elementares da doutrina de Cristo, deixemo-
nos levar para o que é perfeito, não
lançando, de novo, a base do
arrependimento de obras mortas e da fé em
Deus,
A ideia de pôr à parte significa que muitas vezes
nossas tradições ou nossos pensamentos humanos estão
tão pesados que se tornam um fardo que nos impede de
ter mais conhecimento de Deus.

A expressão “deixemo-nos levar” é a melhor tradução


para aquilo que o autor quer enfatizar. A obra espiritual
de nossa vida não pode depender de nossas forças.
Temos, antes de tudo, confiar no que Deus realmente
quer de nós. Não é à toa que nesta epístola mais adiante
ele vai dizer: “obedecei a vossos guias”.

Não lançar de novo significa que o cristão genuíno


não tem que viver se arrependendo para a salvação. O
crente precisa ter segurança de que seu arrependimento
inicial foi sincero e não precisa mais tê-lo. A não ser
que realmente não seja cristão.

Ao afirmar que os leitores fariam se Deus quisesse o


autor está nos lembrando de que tudo que fazemos deve
86
estar debaixo da vontade de Deus. E com certeza ele tem
vontade que você aprenda mais e mais dele.

Passemos a analisar a segunda pergunta...

2. Quais os resultados deste dinamismo?


Quando temos um dinamismo na vida cristã temos
também pelo menos três resultados:

a)Crescimento diante de Deus e da igreja (5:12)


“Devendo ser mestres...”
Quando vivemos um dinamismo constante recebemos
a benção do desenvolvimento. Isto faz com que
cresçamos mais e mais diante de Deus e também dos
homens. Este crescimento resulta em reconhecimento na
igreja local daquilo que realmente Deus está fazendo em
nós e por nós.

Todos deveriam ser mestres dentro do cristianismo.


Mestres no conhecimento básico da Bíblia. Mestres no
amor fraternal e no cuidado uns para com os outros.

87
O segundo resultado é ...

b)Produção de discernimento em nossa mente (5:14)


“...têm as suas faculdades exercitadas para
discernir não somente o bem, mas também o
mal.”
Em Atos 10:9-16 Pedro está com fome e ao aguardar a
comida ficar pronta ele tem uma visão de Deus, que ele
mesmo duvidou durante um tempo. Nesta visão Deus
manda que ele coma todo alimento que estava em um
objeto como que um lençol. Pedro se nega, pois ali havia
animais que eram impuros. O fato era que Pedro não
tinha discernimento real da Lei do Antigo Testamento.
Ele estava preso ao que aprendera. Assim como hoje
muitos me falam: “Mas eu aprendi assim.”. Muitas
dessas pessoas estão sem discernimento. É a falta de
discernimento que faz com que nos apeguemos as coisas
mais do que a lei de Deus. Ao legalismo mais do que às
pessoas.

Um dos resultados mais maravilhosos do dinamismo


cristão é a capacidade de discernimento que ganhamos.

Por fim, o maior resultado do dinamismo na vida


cristã é ...
88
c) Nos levar para a santificação e maturidade (5:14;
6:1)
“O alimento sólido é para os perfeitos”
A ideia de perfeição aqui está dentro do contexto que
o escritor trabalha, ou seja, tornar-se um adulto sadio
sem nenhuma sequela ou má formação.

A santificação é um processo que se inicia com a


nossa conversão. Ela exige que tenhamos disposição
para enxergarmos a vontade de Deus. Na santificação há
um lado que depende de nós e outro de Deus. O que
depende de nós compreende este esforço que estamos
tratando hoje. E o que depende de Deus são os
resultados da obra de sua Palavra e da ação do Espírito
dentro de nós.

Outra coisa implícita na perfeição é a maturidade. O


cristão dinâmico dentro dos moldes da Palavra de Deus
se torna uma pessoa madura e tem um cristianismo
maduro. A maturidade não me deixa preso ao passado,
mas me aponta sempre para o futuro. Ela me faz almejar
ser cada vez mais parecido com Cristo.

89
3. Como isso se aplica em nossos dias?
Atualmente vemos pessoas afirmando ser cristãs a
muitos anos. Assim como os hebreus do texto em
questão, já deveriam ser mestres, mas não conseguem
crescer. E os motivos são muitos.

Alguns são presos demais às suas tradições e assim


não conseguem se desenvolver e procuram atrapalhar o
desenvolvimento da igreja. São pessoas que se dizem
espirituais, mas estão presas demais às suas tradições.

Há também aqueles que são levados pelos ventos de


doutrinas. E aqui vale afirmar que este vento tanto
pode significar a influência de outros grupos cristãos ou
pseudo-cristãos, como também a influência da sociedade
pós-moderna, que faz com que muitos tenham a visão
distorcida do reino de Deus e da sua igreja.

O fato é que o remédio para tudo isso continua o


mesmo desde que o homem caiu e Deus o chama ao
arrependimento. Deus nos chama para termos uma vida
de oração e leitura da Palavra. O salmista afirma que
bem-aventurado é aquele que medita na Palavra de Deus
de dia e de noite.

90
Aqueles hebreus não estavam de fato buscando a
presença de Deus, eles buscavam fazer com que seus
interesses prevalecessem diante dos interesses do reino.
Muitos hoje assim o fazem.

O autor aos hebreus nos dá a resposta quando afirma:

não deixando a nossa congregação, como é


costume de alguns; antes, admoestando-nos
uns aos outros; e tanto mais quanto vedes
que se vai aproximando aquele Dia.

A reunião solene e a admoestação mútua é algo que


tem se perdido de vista. Hoje é um tal de dizer que “a
igreja sou eu”, ou mesmo “a igreja somos nós”,
normalmente tecnicamente esta última estaria correta,
mas muitos quando falam assim estão na realidade
pensando na primeira opção e usam como desculpa para
não frequentarem os trabalhos da igreja. A expressão
“igreja” aponta não no ser, mas em um compromisso. A
“igreja”, conforme o sentido original da palavra, aponta
para uma reunião. Logo, se você afirma que é igreja,
mas não se reúne, você não faz parte da igreja. Esse é o
sentido natural da palavra.

91
Meu amado ou amada, a Palavra de Deus nos
conclama a crescermos cada vez mais. Ela nos convoca
a aprendermos uns com outros, mediante o escrutínio da
própria Palavra. Cristo deve ser nosso exemplo maior, e
ele nos ensina a crescermos e aprender todas as coisas
que ele nos tem ordenado.

92
A CERTEZA DA ESPERANÇA
Hb 6:1-20

1. Pelo que, deixando os rudimentos da doutrina de


Cristo, prossigamos até a perfeição, não lançando de
novo o fundamento do arrependimento de obras mortas
e de fé em Deus,
2. e da doutrina dos batismos, e da imposição das mãos,
e da ressurreição dos mortos, e do juízo eterno.
3. E isso faremos, se Deus o permitir.
4. Porque é impossível que os que já uma vez foram
iluminados, e provaram o dom celestial, e se fizeram
participantes do Espírito Santo,
5. e provaram a boa palavra de Deus e as virtudes do
século futuro,
6. e recaíram sejam outra vez renovados para
arrependimento; pois assim, quanto a eles, de novo
crucificam o Filho de Deus e o expõem ao vitupério.
7. Porque a terra que embebe a chuva que muitas vezes
cai sobre ela e produz erva proveitosa para aqueles por
quem é lavrada recebe a bênção de Deus;
8. mas a que produz espinhos e abrolhos é reprovada e
perto está da maldição; o seu fim é ser queimada.
9. Mas de vós, ó amados, esperamos coisas melhores e
coisas que acompanham a salvação, ainda que assim
falamos.

93
10. Porque Deus não é injusto para se esquecer da
vossa obra e do trabalho da caridade que, para com o
seu nome, mostrastes, enquanto servistes aos santos e
ainda servis.
11. Mas desejamos que cada um de vós mostre o mesmo
cuidado até ao fim, para completa certeza da
esperança;
12. para que vos não façais negligentes, mas sejais
imitadores dos que, pela fé e paciência, herdam as
promessas.
13. Porque, quando Deus fez a promessa a Abraão,
como não tinha outro maior por quem jurasse, jurou
por si mesmo,
14. dizendo: Certamente, abençoando, te abençoarei e,
multiplicando, te multiplicarei.
15. E assim, esperando com paciência, alcançou a
promessa.
16. Porque os homens certamente juram por alguém
superior a eles, e o juramento para confirmação é, para
eles, o fim de toda contenda.
17. Pelo que, querendo Deus mostrar mais
abundantemente a imutabilidade do seu conselho aos
herdeiros da promessa, se interpôs com juramento,
18. para que por duas coisas imutáveis, nas quais é
impossível que Deus minta, tenhamos a firme
consolação, nós, os que pomos o nosso refúgio em reter
a esperança proposta;
94
19. a qual temos como âncora da alma segura e firme e
que penetra até ao interior do véu,
20. onde Jesus, nosso precursor, entrou por nós, feito
eternamente sumo sacerdote, segundo a ordem de
Melquisedeque.

Estamos diante de um capítulo considerado por alguns


como um dos mais difíceis de toda Bíblia. Na realidade
a maior dificuldade encontra-se em aceitar o que está
escrito da forma que está. A complexidade dele está no
coração do homem e não no texto em si.

Do século XIX para cá surge a ideia da perda da


salvação. Os cristãos no passado não tinham esta ideia,
pois para eles era certo de que Deus garantiria o seu
povo até o final.

Com o crescimento do humanismo que explode na


segunda metade do século XX isto se tornou ainda mais
latente. O homem começa achar que tem participação na
obra salvífica de sua alma e assim ele se torna o
principal responsável, ou pelo menos coparticipante, na
sua transformação e da manutenção da salvação.

95
O autor continua dentro do parêntesis que pregamos
no último sermão (5:10ss). Ele vai expor um grande
motivo por que não podemos ficar presos aos
rudimentos da fé em Cristo – a certeza da esperança
eterna.

Nosso contexto aqui começa no capítulo, a partir do


versículo 11. O autor vinha falando sobre a
superioridade de Cristo sobre os profetas, os anjos,
Moisés, Josué e, por fim, o sumo sacerdote. O problema
é que ele lembra que Jesus não era Levita. Isso
significava que ele não era da ordem de Levi, como a
própria lei determinava que deveria. Ele era da raiz de
Davi, logo da tribo de Judá. Porém o escritor lembrou
que nem se quer da ordem de Abraão ele era, mas da
ordem de Melquisedeque. Este, era de uma linhagem
desconhecida, mas era o sacerdote do Deus Altíssimo e
recebeu de Abraão adoração e dízimos.

De repente, o escritor se lembra de um fato, seus


leitores não conheciam isso. Apesar que deveriam
conhecer, mas não conheciam. Então o autor abre este
parêntese para exortar seus leitores da necessidade que
tinham de conhecer mais, pois a vida Cristã é uma vida

96
de dinamismo. Ele orienta seus leitores que deixem os
rudimentos, no sentindo de progredirem na sua fé cada
vez mais. Neste ponto ele vai passar a mostrar que o
resultado desse deixar o rudimento e do crescimento
espiritual é o aumento ainda mais da segurança. Neste
ponto ele vai mostrar que é completamente impossível a
perda da salvação para alguém que realmente está
crescendo no evangelho. Podemos ter a certeza da
esperança eterna por diversos motivos, mas neste texto
vemos alguns que são excepcionais.

1. Para salvação precisamos de um arrependimento único


(v. 4,6).
4. Porque é impossível que os que já uma
vez foram iluminados, e provaram o dom
celestial, e se fizeram participantes do
Espírito Santo...
5. e provaram a boa palavra de Deus e as
virtudes do século futuro,
6. e recaíram sejam outra vez renovados
para arrependimento; pois assim, quanto a
eles, de novo crucificam o Filho de Deus e
o expõem ao vitupério.

97
O texto destacado mostra o que o autor está de fato
dizendo. O restante do texto está inserido ali apenas para
aumentar ainda mais a autoridade daquilo que o autor
está dizendo. Em nosso idioma isso se chama aposto.
Um aposto, normalmente entre vírgulas, ponto e virgula
ou travessões, é uma explicação elucidativa daquilo que
está sendo exposto. Por exemplo: “Fui a Salvador,
capital da Bahia, primeira capital do Brasil, terra de
vários poetas, afim de trabalhar”. O que quero de fato
dizer é que fui a Salvador trabalhar, o restante do texto é
elucidativo ou explicativo, mas se retirado do texto, não
altera o seu significado. É exatamente isso que ocorre
neste texto de Hebreus. O autor está simplesmente
dizendo que é impossível que os que já uma vez forma
iluminados e recaíram sejam renovados para o
arrependimento.

Outra questão gramatical aqui é que o autor está


dizendo que uma vez. A expressão grega (hapax) aponta
para a ideia de uma vez por todas, ou seja, uma única
vez.

O grande problema da religiosidade, mesmo dentro do


cristianismo protestante, é querer melhorar ou garantir a

98
salvação. Muitos acreditam que participando da Igreja
estão garantindo a salvação. Outros ainda acreditam que
se praticarem boas obras estarão sacramentando sua
salvação. A Bíblia nos pede um arrependimento único
para a salvação.

É importante separar que o arrependimento deve


sempre existir na vida do crente (I Jo 1:9ss), mas somos
salvos somente uma vez pela obra de Cristo.

O que o texto está dizendo literalmente é que não seria


possível a alguém ser salvo novamente se ele perdesse a
salvação. Não há necessidade de um novo
arrependimento para a salvação se o primeiro foi real.

Isto deve nos servir de consolo para vivermos uma


vida dentro da vontade de Deus. Ir a igreja ou praticar
boas obras são apenas provas da salvação alcançada e
não meios para alcança-las.

2. O sacrifício de Jesus foi definitivo (v. 6).


6. e recaíram sejam outra vez renovados
para arrependimento; pois assim, quanto a

99
eles, de novo crucificam o Filho de Deus e o
expõem ao vitupério.

Outro problema de entendimento é compreender o


imenso valor do sacrifício de Jesus. Em outro sermão
falamos que a obra de Cristo é suficiente. Ela é
suficiente por si só e mais nada. Não há necessidade de
sacrifícios para a salvação. Não há necessidade de
pagarmos penitências para a purificação de nossos
pecados. O sacrifício de Jesus foi único e definitivo.

Se fosse possível ser salvo mais de uma vez estaria


expondo Jesus à vergonha. Ele morreu para, de uma vez
para sempre, nos resgatar. Acredite nisso. Viva para
isso.

3. A benção da salvação deve nos levar a produzir bons


frutos (v. 7, 9).
7. Porque a terra que embebe a chuva que
muitas vezes cai sobre ela e produz erva
proveitosa para aqueles por quem é lavrada
recebe a bênção de Deus;
9. Mas de vós, ó amados, esperamos coisas
melhores e coisas que acompanham a
salvação, ainda que assim falamos.
100
A chuva que cai garante que teremos colheita. Ao
sermos batizados pelo Espírito Santo através da
conversão somos preparados, assim como a terra, para
dar frutos.

Ninguém que se diz cristão pode viver estagnado ou


parado. Vimos isto no sermão anterior. Paulo afirma que
somos salvos por Deus para as boas obras (Ef 2:8-10).

O verso oito afirma que a terra que não produz está


perto de ser maldita. Muitos estão na igreja, mas de fato
não receberam Jesus em seus corações. Muitos são
batizados; chegam a ocupar ministérios de liderança,
mas não foram transformados. Estão recebendo a chuva
através da pregação da Palavra, mas continuam a não
produzir. O fato é que nunca foram realmente
transformados.

4. Os frutos aumentam ainda mais nossa certeza (v. 11).


11. Mas desejamos que cada um de vós
mostre o mesmo cuidado até ao fim, para
completa certeza da esperança;

101
Não podemos nos gabar de nossa salvação,
principalmente porque não a merecemos. Mas podemos
ter certeza dela pela forma como tratamos as obras. O
cristão genuíno está sempre disposto a trabalhar para o
reino e se empenhar cada vez mais por amor a Deus e
não pela salvação. Afinal, ele já sabe que a possui, e sem
méritos próprios.

João afirma que devemos produzir frutos dignos do


arrependimento (Mt 3:8; Lc 3:8).

A conversão é um processo que se inicia com o


reconhecimento pelo pecado, passa pela confissão deste,
e pelo arrependimento por tê-lo cometido.

5. A certeza existe porque se baseia na promessa de Deus


(v. 17, 18)
17. Pelo que, querendo Deus mostrar mais
abundantemente a imutabilidade do seu
conselho aos herdeiros da promessa, se
interpôs com juramento,
18. para que por duas coisas imutáveis, nas
quais é impossível que Deus minta,
tenhamos a firme consolação, nós, os que

102
pomos o nosso refúgio em reter a esperança
proposta;

Um dos pontos mais frágeis da ideia humana da perda


da salvação é o esquecimento de quem parte a salvação.
De fato se eu ficar achando que a salvação depende de
mim, mesmo que seja um pouco, não dá para ter certeza.

A Bíblia afirma que nosso coração é enganoso. Sendo


assim não adianta confiarmos nele. Mas quando
confiamos na promessa de Deus, que é baseada nele
mesmo e na obra de Cristo, isto muda tudo.

Deus não é homem para mentir. Em muitas passagens


podemos ver a segurança eterna daqueles que confiam
realmente em Jesus.

Em verdade, em verdade vos digo: quem


ouve a minha palavra e crê [aoristo]
naquele que me enviou tem [presente
contínuo] a vida eterna, não entra
[presente contínuo] em juízo, mas passou
[tempo perfeito do passado] da morte para
a vida. (Jo 5:24)

As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu


as conheço, e elas me seguem. Eu lhes dou a
103
vida eterna; jamais perecerão, e ninguém as
arrebatará da minha mão. Aquilo que meu
Pai me deu é maior do que tudo; e da mão
do Pai ninguém pode arrebatar. Eu e o Pai
somos um.

As duas coisas que Deus usa como testemunho de sua


promessa: é a própria promessa e o próprio Deus que se
interpôs. As duas coisas são imutáveis. No seminário
uma das matérias que mais me chamou atenção foi
Doutrina de Deus. Nela estudamos os atributos de Deus.
E um dos atributos é a imutabilidade. Deus não muda. A
Bíblia diz que nele não variação, nem sombra de
variação (Tg 1:17).

Meu irmão você pode ter segurança de vida eterna


com base na promessa divina. Ela nos garante isso
porque ela provem de um Deus que é imutável por si só.

104
A EFICIÊNCIA DO SACERDOTE-REI
Hb 7:1-10

1. Porque este Melquisedeque, que era rei de Salém e


sacerdote do Deus Altíssimo, e que saiu ao encontro de
Abraão quando ele regressava da matança dos reis, e o
abençoou;
2. a quem também Abraão deu o dízimo de tudo, e
primeiramente é, por interpretação, rei de justiça e
depois também rei de Salém, que é rei de paz;
3. sem pai, sem mãe, sem genealogia, não tendo
princípio de dias nem fim de vida, mas, sendo feito
semelhante ao Filho de Deus, permanece sacerdote
para sempre.
4. Considerai, pois, quão grande era este, a quem até o
patriarca Abraão deu os dízimos dos despojos.
5. E os que dentre os filhos de Levi recebem o
sacerdócio têm ordem, segundo a lei, de tomar o dízimo
do povo, isto é, de seus irmãos, ainda que tenham
descendido de Abraão.
6. Mas aquele cuja genealogia não é contada entre eles
tomou dízimos de Abraão e abençoou o que tinha as
promessas.
7. Ora, sem contradição alguma, o menor é abençoado
pelo maior.

105
8. E aqui certamente tomam dízimos homens que
morrem; ali, porém, aquele de quem se testifica que
vive.
9. E, para assim dizer, por meio de Abraão, até Levi,
que recebe dízimos, pagou dízimos.
10. Porque ainda ele estava nos lombos de seu pai,
quando Melquisedeque lhe saiu ao encontro.

O autor fecha o parêntesis que foi aberto em 5:10 e


volta ao assunto que deixou no capítulo 5 - o sacerdócio
de Melquisedeque.

Dois dos três ofícios de Cristo estão delineados neste


trecho: sacerdote e rei. O nome Melquisedeque aparece
10 vezes em toda Bíblia. Somente em Hebreus aparece 8
e as outras em Gênesis 14:8 e no Salmo 110:4.
Melquisedeque significa “rei justo” ou “meu rei é
justo”.

Este rei entra em cena quando Abraão participa da


guerra de 4 reis contra cinco em virtude da prisão de seu
sobrinho Ló (Gn 14). Ló habitava nas imediações de
Sodoma e Gomorra que foram atacadas por cinco reis
guiados por Quedorlaomer.
106
No Salmo 110 Melquisedeque é apontado como um
tipo de Cristo. E em Hebreus vemos a explicação e
aplicação tipológica deste rei desconhecido, sem
genealogia e não pertencente a linhagem de Abraão.

Ao usar a expressão “feito semelhante ao Filho de


Deus” o autor está dando uma explicação tipológica
acerca de Jesus. Neste ponto pode-se traçar exatamente
por que o sacerdócio e o reinado de Cristo são eficientes

1. Jesus é o detentor da verdadeira justiça (v. 2)


“...primeiramente se interpreta rei de
justiça...”
É importante destacar que primeiro ele é o rei da
Justiça. Esta justiça está diretamente ligada ao nosso
pecado e a ira de Deus que será derramada. É necessário
que Jesus se torne justiça nossa para que possamos
alcançar a justiça de Deus (Jr 23:6; 33:16).

A justiça humana jamais será suficiente para justifica-


lo, somente através da obra de Jesus temos realmente a
justificação. Não existe ninguém que é justo. A palavra
de Deus nos garante que todos se desviaram. Somente

107
Jesus pode realmente nos tornar justo através de sua
justiça.

2. Jesus é o provedor da verdadeira paz


“...depois também é rei de Salém, ou seja,
rei de paz”
Melquisedeque apenas simboliza. Jesus é o
cumprimento. Isaias afirma que o Messias seria o
príncipe da paz. Paulo afirma que a Paz de Deus excede
o entendimento (Fp 4:7). Jesus promete que sua paz
seria diferente da proposta pelo mundo (Jo 14:27).

O mundo procura uma paz temporária. Procura uma


paz que compreende somente esta vida. Jesus veio para
nos oferecer uma paz que transcende esta vida.

Meu amado ou amada, talvez vocês esteja procurando


viver em paz consigo mesmo e com as pessoas, mas a
verdadeira paz só pode ser obtida quando conseguimos
viver em paz com Deus.

108
A Bíblia diz que Deus estava em Cristo nos
reconciliando consigo mesmo. Em seu sacrifício Cristo
se tornou o mediador desta paz. O pecado nos afastou de
Deus, mas Cristo nos reaproxima do criador.

3. Jesus é o ungido eterno de Deus (v. 3)


“sem pai, sem mãe, sem genealogia; que
não teve princípio de dias, nem fim de
existência,”
Melquisedeque sem pai nem mãe tipifica o Messias
que não viria pela linhagem sacerdotal. O Messias era o
ungido esperado pelo povo de Israel.

A expressão Messias aparece de forma direta somente


duas vezes no AT (Dn 9:25, 26). Mas de um modo
indireto podemos ver mais de 70 referências.

O Messias compreendia a promessa, através da raiz de


Davi, da Tribo de Judá, daquele que viria para libertar o
povo e restaurar a nação de Israel.

Os judeus esperavam, e ainda esperam, a vinda


daquele que cumpriria literalmente tudo isto.

109
A expressão significava basicamente “consagrado” ou
“libertador”. Este último parece ser o entendimento
principal do povo (Lc 24:21 – os discípulos que iam
para Emaús mostram isso).

Muitos hoje creem em um Cristo que vem para nos


libertar para esta vida. Assim como o povo judeu,
muitos estão na Igreja esperando um libertador para os
problemas desta vida, para as dores que esta vida
oferece. A palavra nos alerta que aquele que espera
somente para esta vida é o mais miserável de todos os
homens.

Jesus veio para nos libertar do pior dos males que nos
afeta, o pecado. Creia em Cristo. Renda-se a Cristo por
inteiro e você experimentará uma vida cheia de paz.

4. Jesus opera uma obra eterna (v. 3)


“permanece sacerdote perpetuamente”
Além de trazer salvação Jesus nos dá de forma eterna.
Ele não é um sacerdote temporal. Sua obra não é
limitada pela barreira do tempo. A obra sacerdotal de
Jesus é eterna.
110
Este é um dos principais, senão o principal, motivo
para não crermos somente para esta vida. Jesus é o
nosso sacerdote eterno e consequentemente sua obra é
eterna.

Meu irmão você pode ter segurança em Cristo, pois


sua obra é eterna. Meu amigo você pode ter segurança a
partir de hoje, pois Jesus operou uma obra eterna.

A eternidade é a maior promessa do cristianismo, não


existe outra. Se você se converteu porque Cristo o curou
de alguma doença e somente o faz caminhar, você ainda
não entendeu o cristianismo. Entenda uma coisa, a cura
prometida por Jesus é de nossa alma. A vida abundante
prometida por Jesus, é a vida eterna ao lado de Deus.
Estas coisas podem e devem ter reflexos nesta vida, mas
o reflexo é apenas um testemunho e não o alvo.

5. Jesus é o recebedor de toda honra e glória (v. 8)


“Aliás, aqui são homens mortais os que
recebem dízimos, porém ali, aquele de quem
se testifica que vive.”
Como gosto de dizer, o dízimo não é um pagamento,
não é uma devolução, mas é uma forma de adoração.
111
Melquisedeque representa Jesus ao receber esta
adoração.

Toda honra e toda glória devem ser dadas a Cristo.


Paulo escrevendo aos Efésios diz:

a fim de sermos para louvor da sua glória,


nós, os que de antemão esperamos em
Cristo; em quem também vós, depois que
ouvistes a palavra da verdade, o evangelho
da vossa salvação, tendo nele também crido,
fostes selados com o Santo Espírito da
promessa; o qual é o penhor da nossa
herança, ao resgate da sua propriedade, em
louvor da sua glória. (Ef 1:12-14)
Abrão não conhecia pessoalmente a Melquisedeque,
mas sabia que ele era sacerdote do Deus Altíssimo e rei
da Cidade de Paz. Abrão reconhece a superioridade
espiritual de Melquisedeque. Hoje, aceitando a Jesus e o
adorando de todas as formas possíveis, estaremos
mostrando sua superioridade.

Jesus veio ao mundo para salvar a humanidade. Ele


deve ser alvo de nossa adoração e do nosso louvor. A ele
deve ser dada toda honra e toda glória. Curve-se a Jesus
arrependido de seus pecados e creia que ele ressuscitou

112
dos mortos e está assentado junto ao Pai para sempre.
Creia que um dia ele vai voltar e você se unirá a ele em
uma vida eterna sem igual neste mundo.

113
A PERFEIÇÃO DO SACERDOTE-REI
Hb 7:11-28

11. De sorte que, se a perfeição fosse pelo sacerdócio


levítico ( porque sob ele o povo recebeu a lei ), que
necessidade havia logo de que outro sacerdote se
levantasse, segundo a ordem de Melquisedeque, e não
fosse chamado segundo a ordem de Arão?
12. Porque, mudando-se o sacerdócio, necessariamente
se faz também mudança da lei.
13. Porque aquele de quem essas coisas se dizem
pertence a outra tribo, da qual ninguém serviu ao altar,
14. visto ser manifesto que nosso Senhor procedeu de
Judá, e concernente a essa tribo nunca Moisés falou de
sacerdócio.
15. E muito mais manifesto é ainda se, à semelhança de
Melquisedeque, se levantar outro sacerdote,
16. que não foi feito segundo a lei do mandamento
carnal, mas segundo a virtude da vida incorruptível.
17. Porque dele assim se testifica: Tu és sacerdote
eternamente, segundo a ordem de Melquisedeque.
18. Porque o precedente mandamento é ab-rogado por
causa da sua fraqueza e inutilidade
19. ( pois a lei nenhuma coisa aperfeiçoou ), e desta
sorte é introduzida uma melhor esperança, pela qual
chegamos a Deus.

114
20. E, visto como não é sem prestar juramento ( porque
certamente aqueles, sem juramento, foram feitos
sacerdotes,
21. mas este, com juramento, por aquele que lhe disse:
Jurou o Senhor e não se arrependerá: Tu és sacerdote
eternamente, segundo a ordem de Melquisedeque. );
22. de tanto melhor concerto Jesus foi feito fiador.
23. E, na verdade, aqueles foram feitos sacerdotes em
grande número, porque, pela morte, foram impedidos
de permanecer;
24. mas este, porque permanece eternamente, tem um
sacerdócio perpétuo.
25. Portanto, pode também salvar perfeitamente os que
por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para
interceder por eles.
26. Porque nos convinha tal sumo sacerdote, santo,
inocente, imaculado, separado dos pecadores e feito
mais sublime do que os céus,
27. que não necessitasse, como os sumos sacerdotes, de
oferecer cada dia sacrifícios, primeiramente, por seus
próprios pecados e, depois, pelos do povo; porque isso
fez ele, uma vez, oferecendo-se a si mesmo.
28. Porque a lei constitui sumos sacerdotes a homens
fracos, mas a palavra do juramento, que veio depois da
lei, constitui ao Filho, perfeito para sempre.

115
A carta aos hebreus é um tratado que mostra a
superioridade de Cristo sobre diversos aspectos. Ele
inicia mostrando que Cristo é superior aos profetas,
sendo ele mesmo a revelação máxima de Deus (Hb 1:1).
Depois o autor vai mostrar que Cristo é superior aos
anjos (Hb 1:13; 2:5). Em seguida, mostra que Cristo é
superior a Moisés (Hb 3:5-6) e na mesma argumentação
mostra que ele é superior a Josué (Hb 4:8-9). Por fim, o
autor está mostrando, desde o verso 14, do capítulo 4,
que Cristo é superior ao próprio sumo sacerdote. Esta
argumentação vai até o capítulo 10.

Nesta argumentação, o autor começa mostrando que o


sumo sacerdócio de Cristo era superior em virtude de
sua vida sem pecado que o levou à cruz (Hb 5:1-10).
Dentro deste aspecto, o escrito sacro passa a mostrar que
a transformação proposta produz um dinamismo na vida
Cristã (Hb 5:10-6:3) em virtude do caráter eterno do
sacerdócio de Cristo e pela sua ordem oriunda de
Melquisedeque. Neste ponto o autor se lembra que os
leitores seus não estavam sendo capazes de discernir o
que isso significava. Então, ele passa a mostrar a
imaturidade de seus leitores e a necessidade deles
crescerem no conhecimento do evangelho, isso,
116
inclusive, sendo uma prova de sua transformação, que
gera uma certeza plena da esperança eterna (Hb 6).

N capítulo 7 o autor está mostrando que Jesus é o


sacerdote-rei exatamente por ser da ordem de
Melquisedeque, rei de Salém e sacerdote do Deus
Altíssimo. Neste capítulo ele mostra então que o
sacerdote-rei é eficiente (Hb 7:1-10) e perfeito (Hb 7:11-
28) em sua obra.

Na primeira parte ele mostra que o sacerdote-rei é


eficiente por ser o detentor da verdadeira justiça e
provedor da verdadeira paz. Além disso ele mostra que
Jesus é provedor da verdadeira paz, operando uma obra
eterna e sendo recebedor de toda honra e toda glória.

Veremos aqui a limitação do sacerdócio levítico (v.


11-19) e a perfeição da obra de Cristo (v 20-28). Por
fim faremos algumas aplicações práticas sobre o que
aprendemos.

117
1. A limitação do sacerdócio levítico (11-19)
Ao lermos textos de Êxodo, principalmente os dez
mandamentos, observamos que o próprio Deus estava
dirigindo o povo pelo deserto e montando sua nação
eleita. Esta nação seria santa, mas também sacerdotal.
Mas tudo que o povo prometeu, não conseguiu alcançar.
O homem não tem capacidade de conseguir nada,
mesmo que seja a nação eleita de Deus.

Deus estabelece o sacerdócio levítico para que o seu


povo pudesse viver de forma santa e perfeita, mas ele
falhou. A falha humana diante da lei que o próprio Deus
estabeleceu mostra a limitação do sacerdócio levítico. O
texto em questão ainda nos mostra outras coisas.

a)Não proporcionava a salvação eterna (11, 18)


“se a perfeição fosse pelo sacerdócio
levítico”
“Porque o precedente mandamento é ab-
rogado por causa de sua fraqueza e
inutilidade.”
A lei levítica continha diretrizes para guiar Israel por
esta vida, mas não era capaz de guia-lo pela eternidade.
Muitas vezes temos diretrizes que nos guiam por esta

118
vida, porém não podem oferecer nada que nos leve de
fato para a eternidade.

Uma das coisas que lei mostrava e que o próprio Deus


zelou é que ninguém, a não ser um levita, podia oferecer
sacrifícios diante de Deus (II Cr 26:16-21 – o rei Uzias é
acometido de lepra por oferecer sacrifícios no altar).

O problema é que Deus é o feitor da lei. Logo ele


tinha autoridade para alterá-la. E Ele muda para que ela
passe a ter um valor eterno.

Paulo mostra que a lei foi criada exatamente para


mostrar a falibilidade do homem (Rm 3:20 – pela lei
vem o conhecimento do pecado).

b)A lei levítica não alcançava toda humanidade (v.


11)
Ser chamado segundo a ordem de Arão limitava o
sacerdócio levita somente ao contexto de Israel. Jesus
veio para alcançar a humanidade toda.

119
A expressão “segundo a ordem de Melquisedeque”
remete-nos à lembrança de que este não era da linhagem
de Abraão, e muito menos de Levi. A lei tinha como
objetivo traçar diretrizes para a nação de Israel. A nova
Aliança aponta para a salvação da humanidade. Desta
forma o alcance da lei era limitado, o alcance de Cristo é
universal e cósmico.

Este é um dos motivos que nos fazem olhar para


Cristo e sua Palavra de uma forma diferente. Muitos
atualmente se apoiam em sua religiosidade para
justificar sua fé. Os judeus também faziam assim através
da lei levítica.

c) O sacerdócio levítico exigia sempre um novo


sacrifício (v. 16)

O sacerdócio de Cristo não depende mais de


sacrifícios constantes. Meus amados, não temos mais
que fazer novos sacrifícios para alcançarmos a
salvação. Esta vem de uma vez por todas através do
sacrifício de Jesus. Isto ocorreu porque o sacrifício de
120
Jesus não eliminou a sua vida. Ele é eterno, logo seu
sacrifício também é.

d)O sacerdócio levítico não pode oferecer esperança


eterna (v. 19)
O sacerdócio levítico era temporário. O de Jesus é
baseado em sua eternidade. A vida eterna é o foco que
Jesus mais enfatiza.

Ao enfatizar que a nova esperança era superior o autor


mostra a inutilidade da antiga aliança.

Podemos fazer um paralelo hoje e dizer que religião


nenhuma pode oferecer esperança eterna. A religião
verdadeira é Jesus. Nenhum grupo tem capacidade de
oferecer esta esperança.

2. A perfeição da obra de Cristo (20-28)


Depois de demonstrar a falibilidade da lei no sentido
salvífico, o autor mostra que o sacerdote-rei fez uma
obra perfeita para a salvação da humanidade. Vejamos
em que se baseia a perfeição da obra de Cristo:
121
a)Baseia-se no juramento de Deus (v. 20)
Simon Kistemaker afirma que o sacerdócio foi
instituído por lei divina. Toda lei pode ser ab-rogada.
Um juramento, olhando pela ótica da era patriarcal, era
maior do que uma lei.

Deus jurou que o sacerdócio segundo a de


Melquisedeque era eterno (Sl 110:4). Deus mantem seu
juramento.

b)Baseia-se na ressurreição de Cristo e sua


eternidade (v. 23)
Um dos motivos que não existe mais um sacerdote,
mas todos nós somos sacerdotes do Deus vivo, porque o
sumo sacerdote, Jesus, ressuscitou e vive para sempre.
Ninguém pode fazer isto. A vida eterna de Jesus o
qualifica para nos dar a eternidade fazendo de sua obra
perfeita.

Por isso ninguém pode penitenciar mais ninguém para


pagar pecados. Por isto Martinho Lutero não concordava
com a venda das indulgências.

122
c) Baseia-se na sublimidade de Cristo sobre as
criaturas (v. 26)
Jesus era perfeito em si só. A perfeição é inerente a
Jesus. Ninguém pode realizar a obra que ele fez.

É interessante como ainda hoje se coloca Maria como


medianeira de Cristo sendo que a obra dele é perfeita. Se
dependemos ainda de imagens, de ritos, de romarias, de
pagamentos de promessas, significa que Jesus não é para
nós o mais sublime dos seres. Significa que estamos
limitando sua obra e nivelando-a com outros seres
humanos.

d)Baseia-se na impecabilidade de Cristo (v 27)


Estava conversando com Pr. Manoel certo dia e ele
lembrou um fato que Lutero, quando ainda sacerdote da
Igreja Romana, confessava constantemente seus
pecados. Lutero entendeu que o fato dele ser líder
religioso, não fazia dele um homem perfeito.

Somos pecadores e os levitas também eram. A Bíblia


diz que não há um justo sequer. Sendo assim por mais
abrangente que fosse a lei, ela era feita e cumprida por
homens imperfeitos, logo ela não podia ser perfeita.

123
A morte de Jesus foi para nos livrar de nossos
pecados. Ele tomou nosso lugar para que fôssemos
salvos eternamente. E não precisamos mais de novos
sacrifícios.

3. Aplicações práticas

a)Podemos confiar plenamente na obra de Cristo

b)Não precisamos mais de novos sacrifícios e


penitências.

c) Não precisamos de novos mediadores

124
125
A EXCELÊNCIA DO SACERDÓCIO DE CRISTO
Hb 8

1. Ora, a suma do que temos dito é que temos um sumo


sacerdote tal, que está assentado nos céus à destra do
trono da Majestade,
2. ministro do santuário e do verdadeiro tabernáculo, o
qual o Senhor fundou, e não o homem.
3. Porque todo sumo sacerdote é constituído para
oferecer dons e sacrifícios; pelo que era necessário que
este também tivesse alguma coisa que oferecer.
4. Ora, se ele estivesse na terra, nem tampouco
sacerdote seria, havendo ainda sacerdotes que
oferecem dons segundo a lei,
5. os quais servem de exemplar e sombra das coisas
celestiais, como Moisés divinamente foi avisado,
estando já para acabar o tabernáculo; porque foi dito:
Olha, faze tudo conforme o modelo que, no monte, se te
mostrou.
6. Mas agora alcançou ele ministério tanto mais
excelente, quanto é mediador de um melhor concerto,
que está confirmado em melhores promessas.
7. Porque, se aquele primeiro fora irrepreensível, nunca
se teria buscado lugar para o segundo.
8. Porque, repreendendo-os, lhes diz: Eis que virão
dias, diz o Senhor, em que com a casa de Israel e com a
casa de Judá estabelecerei um novo concerto,
126
9. não segundo o concerto que fiz com seus pais, no dia
em que os tomei pela mão, para os tirar da terra do
Egito; como não permaneceram naquele meu concerto,
eu para eles não atentei, diz o Senhor.
10. Porque este é o concerto que, depois daqueles dias,
farei com a casa de Israel, diz o Senhor: porei as
minhas leis no seu entendimento e em seu coração as
escreverei; e eu lhes serei por Deus, e eles me serão por
povo.
11. E não ensinará cada um ao seu próximo, nem cada
um ao seu irmão, dizendo: Conhece o Senhor; porque
todos me conhecerão, desde o menor deles até ao
maior.
12. Porque serei misericordioso para com as suas
iniquidades e de seus pecados e de suas prevaricações
não me lembrarei mais.
13. Dizendo novo concerto, envelheceu o primeiro. Ora,
o que foi tornado velho e se envelhece perto está de
acabar.

Até aqui o autor vinha demonstrando que a obra


sacerdotal de Cristo é eficiente e perfeita por si só. Este
fato faz com que a nova aliança se torne muito superior
à antiga e ele passa a delinear isto com muita precisão.
A antiga aliança era simbólica (v. 5). Eis uma expressão
127
que continuamente o livro de Hebreus demonstra (8:5;
9:24; 10:1).

Neste trecho o escritor está encerrando sua explicação


acerca do sacerdócio de Cristo pela ordem de
Melquisedeque e passa a usar Jeremias 31:31-34 para
mostrar a excelência do sacerdócio de Cristo. Como
bem observou Davidson, o profeta Jeremias foi forçado
a ver que o concerto feito com Moisés foi apenas
externo. O novo concerto seria eterno e escrito no
coração do homem.

No capítulo anterior o profeta havia mostrado a


eficiência e a perfeição do sacerdote-rei, Jesus, o
Messias. Ele veio segundo uma ordem diferente daquela
prometida na lei. Aqui era prometida a ordem segundo
Levi, mas o Messias viria segundo a ordem de
Melquisedeque.

O escritor inicia mostrando que o sacerdócio de Cristo


era melhor do que o de Aarão (v. 1-5). O pecado do
homem tornou a antiga aliança imperfeita. Agora, em
Cristo, temos acesso à nossa aliança em virtude da maior
excelência de seu sacerdócio.

128
Eis os motivos da excelência do sacerdócio de Cristo:

1. Jesus colocou-se frente a frente com Deus (3)


Porque todo o sumo sacerdote é constituído
para oferecer dons e sacrifícios; por isso
era necessário que este também tivesse
alguma coisa que oferecer.

Os sacerdotes do Antigo pacto podiam até simbolizar


que estavam na presença de Deus, mas na realidade eles
não estavam. Eles não tinham poder de se colocarem
frente a frente com Deus. Acima de tudo por serem
pecadores.

Jesus, perfeito e sem pecado, pode entrar na presença


de Deus e interceder pelos seus. Ele agora é o nosso
mediador, o mediador de uma nova e eterna aliança, que
não depende de sangue de cordeiros, pois o cordeiro de
Deus sangrou em nosso lugar. Não depende que um
bode carregue nossos pecados, pois Jesus tomou sobre si
as nossas iniquidades e o castigo que nos traz a paz
estava sobre ele.

129
Ninguém pode tomar nosso lugar diante de Deus. Por
isso não cremos em nenhum outro vigário, pois só Jesus
foi e é capaz de estar diante de Deus.

2. Cristo seguiu tudo que foi estabelecido por Deus (5)


Os quais servem de exemplo e sombra das
coisas celestiais, como Moisés divinamente
foi avisado, estando já para acabar o
tabernáculo; porque foi dito: Olha, faze
tudo conforme o modelo que no monte se te
mostrou.

Deus ordenou a Moisés que fizesse tudo exatamente


como ele tinha dito. Moisés é um tipo. Cristo é o
antítipo que se cumpre. Jesus foi obediente a todo plano
de Deus. Deus enviou Jesus para que ele pudesse salvar
o homem perdido, mas para isto ele precisava cumprir
tudo que foi planejado até o fim.

A lei de Moisés não conseguiu cumprir tudo que foi


estabelecido, não porque não era perfeita, mas porque o
ser humano é pecador. É o pecado que nos impede de
cumprirmos a lei. Jesus veio e cumpriu totalmente a lei
afim de que não precisemos mais nos preocupar com
130
esta questão. Não precisamos mais ficarmos presos a
ritos e cerimônias humanas, temos em Cristo tudo que
precisamos.

3. Cristo é o mediador do Novo e melhor pacto (6)


Mas agora alcançou ele ministério tanto
mais excelente, quanto é mediador de uma
melhor aliança que está confirmada em
melhores promessas.

A mediação do novo Pacto vem através de Jesus por


toda sua vida. Desde seu nascimento virginal até a sua
ressurreição. A obra de Cristo foi e é completa para a
salvação do homem. Diante disto o autor deixa claras
algumas características do novo pacto:

a)O novo pacto transforma o homem (10)


“...Porei as minhas leis no seu
entendimento, E em seu coração as
escreverei...”

131
Paulo afirma que aquele que está em Cristo é uma
nova criatura. Ele usa uma expressão que conhecemos:
metamorfose. Quando estudante ficava impressionado
como uma lagarta poderia se transformar em uma
borboleta. Como pode um ser rastejante, de aparência
quase sempre asquerosa, que se alimenta de forma
voraz, se transformar em outro ser de uma beleza sem
igual, com liberdade para voar, que é livre – isto
corresponde ao resultado de sua metamorfose.

A nossa transformação nos faz a mesma coisa. Somos


tirados de nossa condição rastejante do pecado, de
vivermos nos alimentando vorazmente de nossos desejos
e paixões, para ganharmos a liberdade do Espirito em
nossas vidas.

Essa transformação passa pela mudança de nosso


coração. Ezequiel afirma que Deus tirará nosso coração
de pedra e nos dará um coração de carne (Ez 11:19).

Além disso temos nosso entendimento modificado.


Paulo afirma que as coisas espirituais só podem ser
discernidas espirituais. Não seria possível entender todo
plano de Deus se não tivéssemos nosso entendimento
modificado.
132
E por último nossa transformação se completa
através da adoção como filhos de Deus. João diz que
todos que aceitam a mensagem da cruz Deus deu-lhes o
poder de serem chamados filhos de Deus (Jo 1:12).

Cristo é mediador de um Novo e melhor pacto


porque...

b)O novo pacto nos faz conhecer melhor o Senhor


(11)
E não ensinará cada um a seu próximo, Nem
cada um ao seu irmão, dizendo: Conhece o
Senhor; Porque todos me conhecerão,
Desde o menor deles até ao maior.

Um dos pontos cruciais do Antigo Testamento é que o


povo de Israel não conseguiu entender e conhecer a
Deus de verdade. Deus pedia misericórdias e não
sacrifícios pediu seu conhecimento acima de
holocaustos (Os 6:6), mas infelizmente o homem não
conseguia compreender. Uma das coisas que mais
destrói o homem é quando ele coloca seu

133
conhecimento, sua tradição ou seu desejo acima daquilo
que Deus estabeleceu.

É importante frisar que o conhecimento aqui


mencionado nada tem a ver com conhecimento
teológico e bíblico, mas sim com a intimidade com Deus
que é acrescida na vida daqueles que são alcançados e
transformados pelo sangue de Jesus.

Cristo é mediador de um Novo e melhor pacto por-


que...

c) O novo pacto mostra o caminho do perdão de Deus


(12)
Porque serei misericordioso para com suas
iniquidades, E de seus pecados e de suas
prevaricações não me lembrarei mais.

Outro ponto que o povo de Israel não compreendeu, e


muitos religiosos hoje não compreendem é a ideia do
perdão de Deus. Jesus veio nasceu e morreu para que, de
uma vez só, alcançássemos o perdão de nossos pecados.

134
O perdão de Deus vem mediante nosso
arrependimento e aceitação do sacrifício de Jesus. O
novo pacto mostra este caminho. Jesus afirmou algumas
vezes “não peques mais”, mas esta expressão só pode
ganhar força se aceitarmos a Jesus após o
reconhecimento de nossa salvação.

135
O VERDADEIRO CULTO A DEUS
Hb 9:1-14

1. Ora, também o primeiro tinha ordenanças de culto


divino e um santuário terrestre.
2. Porque um tabernáculo estava preparado, o
primeiro, em que havia o candeeiro, e a mesa, e os pães
da proposição; ao que se chama o Santuário.
3. Mas, depois do segundo véu, estava o tabernáculo
que se chama o Santo dos Santos,
4. que tinha o incensário de ouro e a arca do concerto,
coberta de ouro toda em redor, em que estava um vaso
de ouro, que continha o maná, e a vara de Arão, que
tinha florescido, e as tábuas do concerto;
5. e sobre a arca, os querubins da glória, que faziam
sombra no propiciatório; das quais coisas não
falaremos agora particularmente.
6. Ora, estando essas coisas assim preparadas, a todo o
tempo entravam os sacerdotes no primeiro tabernáculo,
cumprindo os serviços;
7. mas, no segundo, só o sumo sacerdote, uma vez no
ano, não sem sangue, que oferecia por si mesmo e pelas
culpas do povo;
8. dando nisso a entender o Espírito Santo que ainda o
caminho do Santuário não estava descoberto, enquanto
se conservava em pé o primeiro tabernáculo,

136
9. que é uma alegoria para o tempo presente, em que se
oferecem dons e sacrifícios que, quanto à consciência,
não podem aperfeiçoar aquele que faz o serviço,
10. consistindo somente em manjares, e bebidas, e
várias abluções e justificações da carne, impostas até
ao tempo da correção.
11. Mas, vindo Cristo, o sumo sacerdote dos bens
futuros, por um maior e mais perfeito tabernáculo, não
feito por mãos, isto é, não desta criação,
12. nem por sangue de bodes e bezerros, mas por seu
próprio sangue, entrou uma vez no santuário, havendo
efetuado uma eterna redenção.
13. Porque, se o sangue dos touros e bodes e a cinza de
uma novilha, esparzida sobre os imundos, os santificam,
quanto à purificação da carne,
14. quanto mais o sangue de Cristo, que, pelo Espírito
eterno, se ofereceu a si mesmo imaculado a Deus,
purificará a vossa consciência das obras mortas, para
servirdes ao Deus vivo?

O autor encerra sua argumentação no verso 13 do


capítulo 8 mostrando que o novo pacto era muito
superior ao primeiro. Agora ele passa a descrever os
símbolos que estavam contidos no primeiro pacto. Ele
está querendo mostrar que tudo que existia apontava
137
para Cristo e seu sacrifício, e que, com a vinda de
Cristo, tudo aquilo se tornou desnecessário. Afinal,
Jesus apresentou seu sacrifício não em um tabernáculo
físico, mas no tabernáculo celestial, muito superior ao
tabernáculo dos judeus.

Do verso 1 ao 22 vemos o autor mostrando a ideia do


novo tabernáculo e de como Jesus, além de ser
sacerdote, também era o próprio sacrifício. Além disso,
fica clara a superioridade de Cristo sobre o sumo-
sacerdote, como também sobre a oferta que era
oferecida.

O autor descreve a arca da aliança, que era um


símbolo da provisão de Deus (dentro dela havia um vaso
com maná). Também simbolizava o poder de Deus,
através da presença da vara que florescera de forma
sobrenatural (Nm 17). Além disso, na arca havia
também as tábuas da lei. Estas apontavam para a
necessidade de santidade e para o valor da lei como
padrão para alcança-la.

A seguir o autor vai descrever o propiciatório um


pouco, mas ele deixa claro que não iria entrar em
detalhes sobre isso. Mas sabemos que o propiciatório é
138
um símbolo que aponta para o sacrifício de Cristo ao
derramar seu sangue para nos purificar.

O verso 6 descreve que todos estes elementos


descritos aponta para a realização dos atos do culto (esta
é a tradução que a Bíblia Almeida Século XXI utiliza).
Assim, podemos dizer que estes 14 versículos apontam
para os atos de um culto que agrada a Deus. Nesta
descrição aprendemos algumas lições preciosas sobre o
verdadeiro culto a Deus.

1. O culto deve ser exercido de forma coletiva


O tabernáculo foi criado para que toda a congregação
de Israel se reunisse. Muitos hoje afirmam que a forma
correta de encontrar e cultuar a Deus são nos lares.
Creio que as reuniões nos lares são muito importantes e
a Bíblia nos orienta dessa forma. Sou extremamente
favorável a pequenos grupos e não é à toa que criamos
os NOEB´s (Núcleo de oração e de estudo bíblico),
quando estávamos na Igreja Batista em Rio Marinho.
Todavia não podemos esquecer que o Tabernáculo e
mais tarde o Templo de Jerusalém, foram criados para
que em dado momento todos pudessem se reunir. Hoje
139
não é diferente. Os santuários foram criados para que a
congregação se reunisse (Hb 10:25).

Ninguém pode dizer que cultua a Deus


individualmente. O próprio Senhor Jesus afirma que
onde houver dois ou mais reunidos ele estará.

Ninguém pode dizer que congrega com sua família,


porque o povo de Israel, com todas as doze tribos, se
reunia no tabernáculo e mais tarde em Jerusalém para
prestarem o verdadeiro culto a Deus.

Sua família não é a igreja, mas pode fazer parte dela.

Meu irmão, você que tem faltado aos cultos coletivos,


que exemplo tem dado para seu filho? Você que tem
trocado culto a Deus por lazer diversão ou mesmo por
birra ou preguiça. Que exemplo tem dado para sua
família?

O tabernáculo era o símbolo daquilo que hoje nós


chamamos de culto coletivo. Ele é bíblico e deve ser
vivido intensamente.

140
2. O culto não deve ser algo baseado no desejo do nosso
coração (v. 1)
Ora, a primeira aliança também tinha
preceitos de serviço sagrado e o seu
santuário terrestre.

Ao estudarmos sobre o tabernáculo vemos que o


modelo veio do coração de Deus. Foi o próprio Deus
que ordenou sua construção e apresentou seu projeto.

Muitos acreditam que como a antiga aliança foi ab-


rogada não precisamos mais seguir estes preceitos.
Muito pelo contrário. A lei, em seu sentido moral, não
foi abolida, foi melhorada.

Não podemos prestar um culto da forma que achamos


ser correta, antes devemos buscar um culto que mais se
aproxima do coração de Deus. Claro que também não
devemos prestar um culto com base em nossas tradições,
mas devemos cultuar com base naquilo que a Palavra do
Senhor nos direciona.

Os reformadores, a partir do século XVII, criaram


aquilo que ficou conhecido como “Princípio regulador
do culto”. A Confissão Batista de 1689, que foi base da
141
de New Hampshire, que por sua vez, serviu de base para
nossa Declaração de Fé, apontava para alguns pontos
que devem regular nosso culto:

i) Em Deus está a prerrogativa de determinar como


deve ser o culto;
ii) Práticas extra bíblicas anulam e menosprezam o
verdadeiro culto;
iii) Se homens pecadores acrescentam algo a mais
no culto, significa que está sendo questionada a
sabedoria divina e a suficiência das Escrituras;

Claro que, como o próprio nome diz, é um


“princípio”, logo não precisa ser engessado, mas a base
de tudo isso deve nos fazer pensar que um culto precisa
ter:

a. Uma pregação centrada na Palavra;


b. Aplicação correta das ordenanças;
c. Orações voltadas ao arrependimento e a exaltação
de Deus;
d. Cânticos e hinos que nos levem para mais próximo
de Deus e de sua palavra.
142
Será que temos prestado um culto realmente dentro da
vontade de Deus? Ou será que temos feito um culto
apenas para nos agradar?

3. O culto a Deus deve ser uma entrega do nosso melhor


(v. 4)
ao qual pertencia um altar de ouro para o
incenso e a arca da aliança totalmente
coberta de ouro, na qual estava uma urna
de ouro contendo o maná, o bordão de
Arão, que floresceu, e as tábuas da aliança;

O tabernáculo era feito dos melhores e mais caros


materiais. Não quero dizer com isto que Deus deseja que
nos sacrifiquemos para vir com roupas caríssimas, muito
pelo contrário, devemos nos apresentar com o que temos
desde que este seja o nosso melhor.

Isto significa que cada levita, seja o pastor, os


músicos, a zeladora da igreja ou qualquer pessoa que
trabalhe na casa de Deus, deve entregar o melhor de si.
Muitos querem cantar mais não gostam de ensaiar.
143
Muitos querem ensinar, mas não têm prazer na leitura da
Palavra de Deus. Amados o culto a Deus deve ser feito
com aquilo que temos de melhor.

Nenhum pastor que sobe ao púlpito pode pregar sem


antes gastar tempo no preparo do sermão. Confiar que
Deus vai revelar sua mensagem sempre é dizer em
outras palavras que você tem preguiça de estudar.

Muitos querem os louros da fama, dos tapinhas nas


costas, mas não gostam de pagar o preço. Há músicos
que querem tocar, mas não se esmeram na busca por
conhecimento, e ainda esnobam aquilo que não têm.

Uma das grandes dificuldades que tenho é aceitar que


aqueles que trabalham na parte logística do culto
cheguem em cima da hora do culto. Se eles têm que
preparar as coisas para que o culto ocorra precisam estar
antes de todos. Já imaginou se o padeiro chegasse na
padaria no horário que ela abre?

Para se fazer o melhor para Deus é preciso ter


consciência que precisamos de dar um pouco mais,
principalmente de nosso tempo a Deus.

144
4. O culto a Deus deve ter a Palavra de Deus como ápice
(v. 4, 5)
e sobre ela, os querubins de glória, que, com
a sua sombra, cobriam o propiciatório.
Dessas coisas, todavia, não falaremos,
agora, pormenorizadamente.
Esdras após acharem o livro perdido expôs juntamente
com outros levitas diante de todo povo. Ficaram cerca
de 4 horas expondo a Palavra ao coração do povo.

Hoje infelizmente muitos de nossos cultos (se é que


assim podemos chamar) têm uma exposição constante
de músicas, danças e apresentações artísticas, mas pouca
exposição da Palavra de Deus.

Se você vem a Igreja para ouvir música, participar de


movimentos artísticos, você vem pelo motivo errado.
Quatro coisas devem impulsionar uma pessoa para a
reunião coletiva:

a)Adorar a Deus;
b)Ouvir a exposição da Palavra;
c) Exaltar Cristo sobre todas as coisas;
d)Manter a comunhão com os demais irmãos.
145
Se você precisa que culto tenha música animada,
teatro, coreografia, ou coisas assim para existir, alguma
coisa está errada no seu conceito de culto. Culto tem
como centro Deus, e como principal alvo apontar para
Cristo através da exposição da Palavra. Com isso, até
hinos e cânticos são secundários.

5. O culto a Deus deve ter Jesus em seu centro (v. 11-14)


O principal (embora não único) motivo para o
Tabernáculo era apontar para o sacrifício de Jesus.

Jesus se entregou no santuário eterno, não feito por


mãos humanas para que pudéssemos alcançar esse
santuário. Para que um dia pudéssemos nos reunir ante a
congregação dos justos para todo sempre.

Jesus tem que ser o centro de nosso culto. Nosso culto


não pode ter como centro o pastor, os músicos ou até
mesmo o próprio santuário, antes ele deve ter como
centro aquele que veio para nos salvar e resgatar de todo
mau, Jesus, o Messias.

146
a)Jesus é o centro porque só ele é capaz de nos
santificar (v. 13)
b)Jesus é o centro porque só ele pode nos
transformar (v.14)

Segundo J. C. Ryle quatro coisas ocorrem quando


cultuamos de forma correta a Deus:

1) Nosso coração e a nossa mente são afetados


por Deus;
2) Somos atraídos para uma íntima comunhão
com Senhor;
3) Nosso conhecimento sobre Deus aumenta;
4) Nossa santidade de vida tende a aumentar a
cada dia.

Se isto não tem ocorrido com você meu amado,


repense sua adoração ou seu cristianismo. Repense o seu
culto ou até mesmo a sua conversão.

147
RESULTADOS DO SANGUE DE CRISTO
Hb 9:11-28

11. Mas, vindo Cristo, o sumo sacerdote dos bens


futuros, por um maior e mais perfeito tabernáculo, não
feito por mãos, isto é, não desta criação,
12. nem por sangue de bodes e bezerros, mas por seu
próprio sangue, entrou uma vez no santuário, havendo
efetuado uma eterna redenção.
13. Porque, se o sangue dos touros e bodes e a cinza de
uma novilha, esparzida sobre os imundos, os santificam,
quanto à purificação da carne,
14. quanto mais o sangue de Cristo, que, pelo Espírito
eterno, se ofereceu a si mesmo imaculado a Deus,
purificará a vossa consciência das obras mortas, para
servirdes ao Deus vivo?
15. E, por isso, é Mediador de um novo testamento,
para que, intervindo a morte para remissão das
transgressões que havia debaixo do primeiro
testamento, os chamados recebam a promessa da
herança eterna.
16. Porque, onde há testamento, necessário é que
intervenha a morte do testador.
17. Porque um testamento tem força onde houve morte;
ou terá ele algum valor enquanto o testador vive?
18. Pelo que também o primeiro não foi consagrado
sem sangue;
148
19. porque, havendo Moisés anunciado a todo o povo
todos os mandamentos segundo a lei, tomou o sangue
dos bezerros e dos bodes, com água, lã purpúrea e
hissopo, e aspergiu tanto o mesmo livro como todo o
povo,
20. dizendo: Este é o sangue do testamento que Deus
vos tem mandado.
21. E semelhantemente aspergiu com sangue o
tabernáculo e todos os vasos do ministério.
22. E quase todas as coisas, segundo a lei, se purificam
com sangue; e sem derramamento de sangue não há
remissão.
23. De sorte que era bem necessário que as figuras das
coisas que estão no céu assim se purificassem; mas as
próprias coisas celestiais, com sacrifícios melhores do
que estes.
24. Porque Cristo não entrou num santuário feito por
mãos, figura do verdadeiro, porém no mesmo céu, para
agora comparecer, por nós, perante a face de Deus;
25. nem também para a si mesmo se oferecer muitas
vezes, como o sumo sacerdote cada ano entra no
Santuário com sangue alheio.
26. Doutra maneira, necessário lhe fora padecer muitas
vezes desde a fundação do mundo; mas, agora, na
consumação dos séculos, uma vez se manifestou, para
aniquilar o pecado pelo sacrifício de si mesmo.

149
27. E, como aos homens está ordenado morrerem uma
vez, vindo, depois disso, o juízo,
28. assim também Cristo, oferecendo-se uma vez, para
tirar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem
pecado, aos que o esperam para a salvação.

Os capítulos 8 e 9 de Hebreus apontam para Cristo


como sumo-sacerdote e ao mesmo tempo sacrifício. No
capítulo 8 o destaque é a excelência do sacerdócio de
Cristo por ele ter se colocado frente a frente com Deus,
coisa que nenhum outro poderia, uma vez que todos
eram pecadores. Depois ele mostra esta excelência pelo
fato que Jesus cumpriu tudo que Deus estabelecera em
sua lei (v. 5). E, por fim, ele mostra a excelência por
Jesus ser o mediador de um pacto melhor (v. 10-12).
Pacto este que transforma o homem, nos faz conhecer
melhor o Senhor e mostra o caminho do perdão de
Deus.

O capítulo 9 inicia com o autor mostrando a


importância do culto coletivo que era feito com o intuito
de apontar para Jesus, através do tabernáculo. Assim ele
faz uma descrição do tabernáculo e mostra que o culto é
coletivo, baseado no coração de Deus, onde devemos

150
entregar nosso melhor, tendo na Palavra de Deus ápice e
Cristo no centro.

Após descrever a questão do culto coletivo utilizando


a simbologia do tabernáculo, o autor passa a demonstrar
o aspecto perfeito do sacrifício de Cristo, sua
abrangência e seu resultado.

Este trecho se prolonga até o capítulo 10:18. Na


primeira parte são tratados resultados do sangue
derramado de Cristo e na segunda a eficiência da única
oferta. Todo este trecho trata das características da obra
de Cristo.

O sangue de Cristo traz como resultados em nossos


corações:

1. Remissão definitiva (v. 12, 22b)


“não por meio de sangue de bodes e de
bezerros, mas pelo seu próprio sangue,
entrou no Santo dos Santos, uma vez por
todas, tendo obtido eterna redenção”.(v. 12)
“...sem derramamento de sangue, não há
remissão.” (v. 22b)

151
O versículo 11 traz uma dificuldade na tradução.
Algumas diferentes são marcantes. Senão vejamos:

Mas Cristo, vindo como sumo sacerdote dos


bens já presentes, por meio do tabernáculo
maior e mais perfeito, não erguido por mãos
humanas, isto é, não desta criação (Almeida
XXI)
Quando, porém, veio Cristo como sumo
sacerdote dos bens já realizados, mediante o
maior e mais perfeito tabernáculo, não feito
por mãos, quer dizer, não desta criação
(ARA)
Mas, vindo Cristo, o sumo sacerdote dos
bens futuros, por um maior e mais perfeito
tabernáculo, não feito por mãos, isto é, não
desta criação (JFA-RC)
Quando Cristo chegou como Sumo
Sacerdote dos benefícios que estavam por
vir, Ele mesmo adentrou o maior e mais
perfeito Tabernáculo, não construído por
mãos humanas, isto é, não pertencente a
esta criação (KJA)
Quando Cristo veio como sumo sacerdote
dos benefícios agora presentes, ele
adentrou o maior e mais perfeito
tabernáculo, não feito pelo homem, isto é,
não pertencente a esta criação (NVI)

152
Esta dificuldade na tradução não muda a ideia
principal do texto. Tendo em vista que o tempo verbal
envolvido é o presente do particípio, que pode ser
traduzido tanto no presente como no futuro, desde que
mantenha a coerência com o contexto. O mais
importante é observar que ele traz certeza. Neste caso
Cristo é o sacerdote dos bens que certamente vêm ou
virão.

O autor insiste em algo que já descreveu em vários


pontos da carta; o sacrifício de Jesus é definitivo. Não
há necessidade mais de sacrifícios ou ofertas para a
salvação.

Muitos cristãos hoje vivem sem certeza da salvação,


Isto significa que não confiam na remissão definitiva. A
expressão “uma vez por todas” não se refere apenas ao
sacrifício único de Jesus, mas do sacrifício definitivo e
único para cada um que o aceitar.

O sangue de Jesus nos redime uma vez para sempre.

153
2. Purificação de nossa consciência através da
transformação (v. 14, 22a)
“muito mais o sangue de Cristo, que, pelo
Espírito eterno, a si mesmo se ofereceu sem
mácula a Deus, purificará a nossa
consciência de obras mortas, para
servirmos ao Deus vivo!”(v. 14)
“Com efeito, quase todas as coisas, segundo
a lei, se purificam com sangue” (v. 22a)

Estas expressões estão em perfeita consonância com


que afirma Jesus a Nicodemos:

Respondeu Jesus: Em verdade, em verdade


te digo: quem não nascer da água e do
Espírito não pode entrar no reino de Deus.
O que é nascido da carne é carne; e o que é
nascido do Espírito é espírito. (Jo 3:5,6)

Também em perfeita harmonia com que afirma o


apóstolo Paulo:

E, assim, se alguém está em Cristo, é nova


criatura; as coisas antigas já passaram; eis
que se fizeram novas. (II Co 5:17)

Quando confiamos no sangue de Cristo derramado na


Cruz temos nossa vida transformada pela obra
154
regeneradora do Espírito Santo. Nascemos de novo e
somos feitos novas criaturas.

Meu amado ou amada, se você não consegue sentir


que houve uma mudança real em sua vida, que você
agora pensa diferente de que quando aceitou a Cristo,
alguma coisa pode estar errada com a sua conversão. A
regeneração gera uma transformação sem igual em
nossa vida. Tudo em nós se modifica, pois passamos a
ter uma cosmovisão baseada na mente de Cristo. Paulo
assim nos diz:
14
Ora, o homem natural não compreende as
coisas do Espírito de Deus, porque lhe
parecem loucura; e não pode entendê-las,
porque elas se discernem espiritualmente. 15
Mas o que é espiritual discerne bem tudo, e
ele de ninguém é discernido. 16 Porque quem
conheceu a mente do Senhor, para que
possa instruí-lo? Mas nós temos a mente de
Cristo.

O mundo não consegue entender o que falamos


porque não tem a mente do Senhor. A mente do Senhor
nos faz ter uma visão diferente do mundo.

155
3. Aniquilamento da obra do pecado (v. 26)
“Ora, neste caso, seria necessário que ele
tivesse sofrido muitas vezes desde a
fundação do mundo; agora, porém, ao se
cumprirem os tempos, se manifestou uma
vez por todas, para aniquilar, pelo sacrifício
de si mesmo, o pecado.” (v. 26)

O pecado entrou no mundo trazendo sérias


consequências. A principal, com certeza é a morte.
Paulo afirma que o salário do pecado é morte (Rm 6:23),
mas no mesmo contexto ele afirma que a dádiva de Deus
é a vida eterna através de Cristo. Esta dádiva nos vem
mediante o sacrifício eterno do sangue de Cristo.

O pecado nos separa de Deus. Jesus nos reconcilia


com Deus (II Co 5:18). Através do sangue de Jesus a
principal consequência do pecado nos é retirada, a morte
eterna.

Claro que muitas das consequências ainda estamos


sujeitos: sofrimentos, morte física, dor, entre outras.
Mas hoje temos a presença de Deus, hoje temos a
156
certeza de um dia gozarmos de vida eterna. Veja bem,
não é a certeza de que tudo vai bem nesta vida, mas a
certeza de que, ainda que nada ocorra dentro do que
esperamos aqui neste mundo, temos uma vida eterna
para gozar da paz e a tranquilidade na presença do
Senhor.

Paulo fala sobre nossa ressurreição futura e diz:


55
Onde está, ó morte, o teu aguilhão? Onde
está, ó inferno, a tua vitória?56 Ora, o
aguilhão da morte é o pecado, e a força do
pecado é a lei. 57 Mas graças a Deus, que
nos dá a vitória por nosso Senhor Jesus
Cristo. 58 Portanto, meus amados irmãos,
sede firmes e constantes, sempre abundantes
na obra do Senhor, sabendo que o vosso
trabalho não é vão no Senhor.

A maior paz que poderemos alcançar é a paz com


Deus. É a paz que excede todo entendimento e nos dar
certeza de que o pecado não tem mais poder sobre
nossas vidas. Será que você consegue entender isso?

157
4. Expectativa da esperança eterna (v. 28)
“assim também Cristo, tendo-se oferecido
uma vez para sempre para tirar os pecados
de muitos, aparecerá segunda vez, sem
pecado, aos que o aguardam para a
salvação.” (v.28)

É interessante notar que o autor expressa “os que


aguardam para salvação” e não “os que aguardam a
salvação”. Na realidade a melhor tradução talvez fosse
“aguardam até a salvação”.

Quando cremos no poder do sangue de Cristo,


também cremos automaticamente que ele vai voltar.
Muitos afirmam que creem em Jesus, mas não em sua
volta. Acreditam que tudo não passa de simbolismo. Ao
crer assim estamos dizendo que obra de Cristo na cruz
não se completará. Jesus virá, do mesmo modo que o
vimos subir (At 1:11).

Hoje nossos pastores pregam pouco sobre a volta de


Cristo. Ela é o assunto que permeia boa parte do Novo
Testamento. Paulo afirma que ela é a nossa bendita
esperança (Tt 2:13). Pedro destaca que ela deve nos
fazer viver de forma santa (II Pe 3:10-11).
158
Amado ou amada, se seu cristianismo não o faz pensar
na volta do Senhor Jesus, algo está errado com o seu
cristianismo. Se o seu cristianismo não faz pensar
naquele encontro grandioso e na esperança eterna que
ele lhe causará, algo está errado com o seu cristianismo.

Paulo escrevendo a Tito afirma que o grande resultado


da graça em nossas vidas é que ela nos ensina a
renunciar as paixões deste mundo vivendo neste século
de forma “sóbria, justa e piamente, aguardando a bem-
aventurada esperança e o aparecimento da glória do
grande Deus e nosso Senhor Jesus Cristo, o qual se deu
a si mesmo por nós, para nos remir de toda iniquidade e
purificar para si um povo seu especial, zeloso de boas
obras” (Tt 2:11-13). Que Deus nos ajude a vivermos
hoje como se Cristo voltasse daqui a pouco.

159
A EFICÁCIA DA CRUZ
Um ritual salvador

Hb 10:1-18

1. Porque, tendo a lei a sombra dos bens futuros e não a


imagem exata das coisas, nunca, pelos mesmos
sacrifícios que continuamente se oferecem cada ano,
pode aperfeiçoar os que a eles se chegam.
2. Doutra maneira, teriam deixado de se oferecer,
porque, purificados uma vez os ministrantes, nunca
mais teriam consciência de pecado.
3. Nesses sacrifícios, porém, cada ano, se faz
comemoração dos pecados,
4. porque é impossível que o sangue dos touros e dos
bodes tire pecados.
5. Pelo que, entrando no mundo, diz: Sacrifício e oferta
não quiseste, mas corpo me preparaste;
6. holocaustos e oblações pelo pecado não te
agradaram.
7. Então, disse: Eis aqui venho ( no princípio do livro
está escrito de mim ), para fazer, ó Deus, a tua vontade.
8. Como acima diz: Sacrifício, e oferta, e holocaustos, e
oblações pelo pecado não quiseste, nem te agradaram
( os quais se oferecem segundo a lei ).

160
9. Então, disse: Eis aqui venho, para fazer, ó Deus, a
tua vontade. Tira o primeiro, para estabelecer o
segundo.
10. Na qual vontade temos sido santificados pela
oblação do corpo de Jesus Cristo, feita uma vez.
11. E assim todo sacerdote aparece cada dia,
ministrando e oferecendo muitas vezes os mesmos
sacrifícios, que nunca podem tirar pecados;
12. mas este, havendo oferecido um único sacrifício
pelos pecados, está assentado para sempre à destra de
Deus,
13. daqui em diante esperando até que os seus inimigos
sejam postos por escabelo de seus pés.
14. Porque, com uma só oblação, aperfeiçoou para
sempre os que são santificados.
15. E também o Espírito Santo no-lo testifica, porque,
depois de haver dito:
16. Este é o concerto que farei com eles depois daqueles
dias, diz o Senhor: Porei as minhas leis em seu coração
e as escreverei em seus entendimentos, acrescenta:
17. E jamais me lembrarei de seus pecados e de suas
iniquidades.
18. Ora, onde há remissão destes, não há mais oblação
pelo pecado.
A carta aos hebreus mostra Jesus como superior a
tudo que os judeus acreditavam como mais importante
em sua religião. O autor inicia mostrando que Jesus é
161
superior aos profetas, depois aos anjos, Moisés, Josué e,
por fim, aos sacerdotes e inclui nisso todo sistema de
sacrifício sacerdotal.

Do capítulo 4 em diante o autor se prende na ideia da


superioridade de Cristo sobre todo sistema sacrificial e o
sacerdote. Mostrando ainda que Jesus é o rei esperado
que haverá de reinar sobre todos.

A antiga lei judaica é mostrada aqui sem poder e força


alguma. A repetição constante dos ritos que eram
“sombra” de algo que viria, servia apenas para mostrar a
sua ineficácia.

A sombra aqui refere-se a algo que mostra o objeto,


mas não é o objeto, não é a “imagem exata”. Por mais
que a sombra lembre um objeto. Você pode fazer com
que a sombra de suas mãos pareça com vários objetos e
animais, mas continua sendo a sombra de sua mão.

O autor está mostrando que o sistema do Antigo Pacto


não era capaz de remover nossos pecados. Deus deixou
isso claro em diversas passagens no Antigo Testamento.

A obra de Jesus nos traz um resultado eterno. Por isso


não há mais necessidade de repetição de ritos que
162
apontem para o sacrifício. O perdão de pecados era uma
promessa no AT. Jeremias afirma:

E não ensinará alguém mais a seu próximo,


nem alguém, a seu irmão, dizendo:
Conhecei ao SENHOR; porque todos me
conhecerão, desde o menor deles até ao
maior, diz o SENHOR; porque perdoarei a
sua maldade e nunca mais me lembrarei dos
seus pecados. (Jr 31:34)
O sistema criado por Deus no Antigo Testamento era
para preparar a vinda do Messias. Paulo falou isso com
muita clareza:
22
Mas a Escritura encerrou tudo debaixo do
pecado, para que a promessa pela fé em
Jesus Cristo fosse dada aos crentes. 23Mas,
antes que a fé viesse, estávamos guardados
debaixo da lei e encerrados para aquela fé
que se havia de manifestar. 24De maneira
que a lei nos serviu de aio, para nos
conduzir a Cristo, para que, pela fé,
fôssemos justificados. 25Mas, depois que a fé
veio, já não estamos debaixo de aio. (Gl
3:22-25)

163
Veja a ênfase no verso 24. A lei apontava para Cristo,
ela não tinha eficácia salvífica.

Os judeus não conseguiram entender isso, e pior,


sacrificavam de um modo geral sem sinceridade no
coração. Era o rito pelo rito. O sacrifício feito sem
sinceridade era uma afronta a Deus. Era pior do que se
não tivesse sacrificado. Diversas vezes Deus falou isso
em sua lei.

Salmo 51:17 afirma:

Os sacrifícios para Deus são o espírito


quebrantado; a um coração quebrantado e
contrito não desprezarás, ó Deus.

Isaías 1:11 descreve:

De que me serve a mim a multidão de vossos


sacrifícios, diz o SENHOR? Já estou farto
dos holocaustos de carneiros e da gordura
de animais nédios; e não folgo com o
sangue de bezerros, nem de cordeiros, nem
de bodes.

Jeremias 6:20 declara:

164
Para que, pois, me virá o incenso de Sabá e
a melhor cana aromática de terras remotas?
Vossos holocaustos não me agradam, nem
me são suaves os vossos sacrifícios.

Ainda teríamos muitos outros textos no AT que


mostram o quanto Deus não se agradava de rituais
vazios.

O problema dos judeus é que eles estavam confiando


no ritual. Eles não conseguiam entender que os
sacrifícios agora não eram mais necessários. O ritual foi
completo na cruz.

Nossos rituais hoje são a mesma coisa. Eles não


carregam poder em si. Nem o batismo, nem a ceia tem
poder ou significado místico especial. Não podemos
ligar o batismo nem mesmo à circuncisão, como tentam
fazer aqueles que acreditam no batismo de crianças. Ele
é algo para o testemunho da fé, não algo que nos liga
misticamente ao corpo, ainda que de forma simbólica.
Paulo afirma:

De sorte que fomos sepultados com ele pelo


batismo na morte; para que, como Cristo
ressuscitou dos mortos pela glória do Pai,
165
assim andemos nós também em novidade de
vida.

Veja bem o que Paulo está afirmando, o batismo


simboliza a transformação que sofremos. Ele não
representa a fé que meus pais têm que eu ao nascer faço
parte do povo de Deus. Ele representa que eu,
individualmente falando, fui transformado e agora dou
testemunho desta transformação através do batismo. É
um testemunho, não uma união mística, não uma
continuação da circuncisão.

Na ceia ocorre a mesma coisa. Ela não carrega poder.


Ela é apenas uma representação. Por isso não
precisamos ficar presos a ter cumprir, mas cumprimos
pelo simples fato que amamos a Deus e que queremos
dar testemunho.

Diante disso aprendemos algumas coisas neste texto.

1. Os objetos e as coisas dos ritos não têm poder (v. 4)


porque é impossível que o sangue dos touros
e dos bodes tire pecados.
166
Ao falar do sangue e de seus respectivos animais, o
autor destaca que as coisas não carregam poder em si
mesmo. O sistema levítico não foi idealizado para
perdoar pecados, mas para preparar o caminho daquele
que perdoaria nossos pecado, Cristo.

Todo ritual e, principalmente, os objetos envolvidos


nos rituais, não carregavam poder alguma. Cristo era
antítipo apontado por eles. Jesus foi o cumprimento de
tudo que aqueles objetos apontavam.

Outra coisa importante, só o fato dos sacrifícios terem


de ser repetidos constantemente mostra que eles eram
ineficientes em si mesmos. Eles estavam apontando para
algo maior e mais perfeito, Cristo crucificado.

A Bíblia, por exemplo, é apenas papel. Ela não tem


poder no papel. O poder da Bíblia está em suas palavras
quando estudadas e entendidas dentro da vontade de
Deus.

A ceia e o batismo não carregam em si mesmo poder


algum. Alguns acreditam na consubstanciação outros na
transubstanciação. A Bíblia nos apresenta tão somente

167
um memorial. Não há poder nas coisas ou nos objetos.
Não há poder em imagens ou amuletos.

2. As ações ritualísticas não carregam poder em si mesmo


(v. 6, 8)
6. holocaustos e oblações pelo pecado não
te agradaram.
...
8. Como acima diz: Sacrifício, e oferta, e
holocaustos, e oblações pelo pecado não
quiseste, nem te agradaram (os quais se
oferecem segundo a lei).

É importante observar que os sacrifícios do AT não


agradaram a Deus, não porque estavam errados, afinal,
foi o próprio Deus que estabelecera. Mas porque não
eram neles que os ofertantes tinham que confiar. Não era
no ritual, tampouco os objetos envolvidos neste. Mas era
para que confiassem nas promessas de Deus de que um
Messias viria e se entregaria pelo seu povo. Mas os
judeus não conseguiam entender assim. É interessante
notar que o verso 8 afirma “os quais se oferecem
168
segundo a lei”. Deus não estabelece rituais para que
tenham poder, mas para que carreguem apenas um
simbolismo.

Muitas pessoas nas viradas de ano buscam rituais para


que possam ter sorte no novo ano que se inicia. Há
também muitos que se benzem diante de uma igreja ou
coisa parecida. São ações ritualísticas. São ações que,
além de não carregarem poder, não precisam mais serem
feitas, por Cristo cumpriu em definitivo.

Certa vez um bandido foi flagrado antes de executar


um crime se benzendo. Muitos pastores e missionários
relatam que criminosos pedem para que orem pelo seu
“trabalho”. São ritos, muitas vezes místicos, mas que
não carregam poder em si.

A Bíblia não nos autoriza a usar ritos como meios de


adquirirmos poder ou bênção. Os ritos na Bíblia
carregam o peso do simbolismo. Tanto o batismo,
quanto a ceia são apenas símbolos que apontam para a
morte de Cristo e para a comunhão dos santos.

Paulo é claro em afirmar que os ritos do AT eram


sombras das coisas futuras:
169
16
Portanto, ninguém vos julgue pelo comer,
ou pelo beber, ou por causa dos dias de
festa, ou da lua nova, ou dos sábados, 17que
são sombras das coisas futuras, mas o corpo
é de Cristo. (Cl 2:16-17)

É preciso se desprender dos rituais místicos que têm


cercado a igreja. É preciso se desprender das sessões de
descarrego, dos túneis místicos, dos mantos sagrados, do
sal grosso. São coisas que se tornam piores que os
rituais judaicos. Eles pelo menos foram instituídos por
Deus para apontarem para Jesus. Estes são criados pelo
homem para tentar agradar um deus que não é o mesmo
Deus que enviou Jesus. Pois este cumpriu todo ritual
que era necessário e não necessitamos de mais nada.

3. Jesus participou como oferta e ofertante do único rito


aceito por Deus para a salvação (v. 9, 10, 14)
9. Então, disse: Eis aqui venho, para fazer,
ó Deus, a tua vontade. Tira o primeiro, para
estabelecer o segundo.
10. Na qual vontade temos sido santificados
pela oblação do corpo de Jesus Cristo, feita
uma vez.
170
...
14. Porque, com uma só oblação,
aperfeiçoou para sempre os que são
santificados.

A oblação compreende o ato de fazer uma oferta a


Deus. Jesus se fez oferta por nós, em nosso lugar. Isso
significa que o antigo sistema foi substituído por um
novo, perfeito e completo. Não precisamos de mais
nada. Não precisamos de indulgências, de ofertas
sacrificiais, e muito menos de ofertas de sangue. Jesus
fez tudo isso em si mesmo.

O autor apresenta Jesus como sendo o sumo sacerdote


(ofertante), mas ele apresenta o sangue de Cristo como
sendo o motivo de nossa redenção (oferta). Sendo assim,
podemos nos lembrar das palavras de João Batista: “Eis
o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”.

Tudo que pregamos sobre os últimos três capítulos se


resume neste ponto. Jesus é o perfeito sumo sacerdote,
que se apresenta como oferta diante do eterno
tabernáculo de Deus para a redenção de todo aquele que
crê.

171
Cristo, como oferta única e definitiva, opera em nós
uma santifica posicional. Esta santificação compreende
que somos santos a partir do momento que cremos em
Cristo. É diferente da santificação progressiva, que é
exigida na Bíblia e demonstrada através de nossas vidas.
A santificação posicional nos é dada mediante a obra de
Cristo. É isso que o autor esta mostrando no verso 10 e é
completado no verso 14.

4. Os pecados remidos livram-nos de qualquer oferta pelos


pecados (v.18)
Ora, onde há remissão destes, não há mais
oblação pelo pecado.
Isto inclui qualquer sacrifício para quebra de
maldições. As consequências do pecado ao homem
começam pela morte, mas tudo se resume na grande
maldição de gênesis:

Visto que atendeste a voz de tua mulher e


comeste da árvore que eu te ordenara não
comesses, maldita é a terra por tua causa;
em fadigas obterás dela o sustento durante
os dias de tua vida. Ela produzirá também
cardos e abrolhos, e tu comerás a erva do
172
campo. No suor do rosto comerás o teu pão,
até que tornes à terra, pois dela foste
formado; porque tu és pó e ao pó tornarás.
(Gn 3:17-19)
Jesus se fez maldição na cruz para que esta maldição
fosse quebrada definitivamente. E junto com ela é
quebrada qualquer outra maldição possa existir.

Veja bem, não temos uma maldição do diabo sobre


nós, mas temos a maldição divina, dada como
consequência de nossos pecados. João Batista afirma:

Aquele que crê no Filho tem a vida eterna,


mas aquele que não crê no Filho não verá a
vida, mas a ira de Deus sobre ele
permanece.

O permanecer da ira de Deus é a maldição que tem


aquele que não crê em Jesus. Veja bem meu amado, ou
amada, Cristo se entregou para que não precisássemos
fazer mais nada. Você consegue compreender isso?

173
A VERDADEIRA FIRMEZA NA FÉ
Hb 10:19-25

19. Tendo, pois, irmãos, ousadia para entrar no


Santuário, pelo sangue de Jesus,
20. pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou,
pelo véu, isto é, pela sua carne,
21. e tendo um grande sacerdote sobre a casa de Deus,
22. cheguemo-nos com verdadeiro coração, em inteira
certeza de fé; tendo o coração purificado da má
consciência e o corpo lavado com água limpa,
23. retenhamos firmes a confissão da nossa esperança,
porque fiel é o que prometeu.
24. E consideremo-nos uns aos outros, para nos
estimularmos à caridade e às boas obras,
25. não deixando a nossa congregação, como é costume
de alguns; antes, admoestando-nos uns aos outros; e
tanto mais quanto vedes que se vai aproximando aquele
Dia.

No início do capítulo em questão o autor destaca que


Cristo morreu de uma vez por todas pelos nossos
pecados. Ele deixa claro que não precisamos mais fazer
sacrifícios.

174
Entramos agora no maior parágrafo do livro de
Hebreus. Vamos dividi-lo em duas partes para que
possamos compreender bem a sua mensagem. Na
primeira veremos como buscar a firmeza para a fé
verdadeira. E na segunda veremos as consequências de
um cristianismo nominal.

O autor vai trabalhar em uma tríade que o apóstolo


Paulo delineou muito em suas epístolas: fé, esperança e
amor (Hb 10:2-24).

Agora, pois, permanecem a fé, a esperança


e o amor, estes três; porém o maior destes é
o amor.
(I Co 13:13)

recordando-nos, diante do nosso Deus e


Pai, da operosidade da vossa fé, da
abnegação do vosso amor e da firmeza da
vossa esperança em nosso Senhor Jesus
Cristo,
(I Ts 1:3)

Nós, porém, que somos do dia, sejamos


sóbrios, revestindo-nos da couraça da fé e
do amor e tomando como capacete a

175
esperança da salvação;
(I Ts 5:8)
Esta tríade vai ser tratada até o final da carta de uma
forma teórica e prática ao mesmo tempo.

Após delinear com muita propriedade acerca do rito


da cruz o autor passa a mostrar o grande valor da fé. É o
primeiro assunto desta tríade. Este parágrafo é uma
introdução ao grande capítulo da fé que o sucede.

1. A verdadeira firmeza da fé é vivida de forma ousada (v.


19)
19. Tendo, pois, irmãos, ousadia para entrar
no Santuário, pelo sangue de Jesus,
20. pelo novo e vivo caminho que ele nos
consagrou, pelo véu, isto é, pela sua carne,
21. e tendo um grande sacerdote sobre a
casa de Deus,

O versículo 19 resume tudo que o escritor está


querendo de seus leitores. Eles precisavam abandonar os
sacrifícios levíticos e assumirem sua fé em Jesus e isso
feito de uma forma ousada, corajosa.

Na Antiga Aliança o Sumo Sacerdote entrava uma vez


ao ano para sacrificar por ele e pelo povo no local
176
chamado Santo dos Santos. Hoje, através de Cristo,
temos livre acesso.

O autor afirma que devemos ter intrepidez para


entrarmos no Santo dos santos. Esta ousadia
compreende:

A)Aceitar o sacrifício de Cristo – o sangue


B) Aceitar o novo e vivo caminho proposto por Deus.

Hoje vemos muitos vivendo um cristianismo sem


ousadia verdadeira. Fala-se de ousadia somente no que
tange curas e libertações, mas poucos têm tido coragem
de enfrentar o pecado neste mundo.

É interessante notar que esta intrepidez é a base de


tudo que vem a seguir na argumentação do autor.

Quando o véu do templo se partiu de alto a baixo (Mt


27:51-53), Jesus estava abrindo um novo caminho. Um
caminho nunca antes conhecido. Um caminho vivo pela
morte de Cristo.

Nossa ousadia em nos aproximarmos de Deus não está


em nossos rituais ou religiosidade, mas no sacrifício de
Cristo na cruz.
177
2. A verdadeira firmeza da fé brota do fundo do nosso
coração (v. 22)
22. cheguemo-nos com verdadeiro coração,
em inteira certeza de fé; tendo o coração
purificado da má consciência e o corpo
lavado com água limpa,

No início do cristianismo, do meado para o final do


primeiro século, uma das formas de identificar aqueles
que professavam a nova fé era a expressão “caminho”.
O autor então está usando uma expressão já conhecida,
mas ele está deixando claro que não é um caminho
qualquer, mas um novo e vivo caminho. Tudo isso tendo
com base o sacerdote eterno, Cristo.

Mas este novo e vivo caminho não era baseado em


rituais exteriores, mas de uma sinceridade interior. É
através de um coração sincero recebemos de Deus um
coração purificado e um corpo limpo do pecado.

Ninguém pode dizer que é um Cristão se não desejar


do fundo de seu coração receber a Jesus e permitir que
ele mude a sua vida.
178
O grande X da questão está na confiança viva que
temos em Cristo e em seu sacrifício. Nossa confiança
precisa ser tal que não nos deixamos vencer por
qualquer coisa ou tentação que possa nos ocorrer.

Tornamo-nos verdadeiros cristãos quando somos


transformados de dentro para fora.

3. A verdadeira firmeza da fé confia na fidelidade de Deus


(v. 23)
23. retenhamos firmes a confissão da nossa
esperança, porque fiel é o que prometeu.

Muitos são cristãos somente por receberem provas de


Deus. Jesus disse a Tomé: “Tu viste e creste, bem-
aventurado aquele que não viu, contudo crê”. Nossa fé
não pode ser baseada naquilo que se vê, antes, pelo
contrário, nossa fé deve se basear unicamente na
fidelidade de Deus. Deus é fiel.

A fidelidade de Deus é a grande garantia de nossa


salvação. Somos salvos porque ele é fiel, e não nós.

179
Conheço muitas pessoas que abandonaram o caminho
por afirmarem que Deus não foi fiel por não ter livrado
um ente querido da morte e ou por não evitar uma
tragédia. A Bíblia é clara em afirmar que a chuva cai
sobre todos e que devemos estar preparados para estes
momentos na confiança de que Deus está conosco. Os
dois salmos mais famosos da Bíblia têm dois momentos
que mostram a fidelidade e o cuidado de Deus.

Ainda que eu ande pelo vale da sombra da


morte, não temerei mal nenhum, porque tu
estás comigo; o teu bordão e o teu cajado
me consolam. (Sl 23:4)

Repare que Deus não nos promete livrar do vale da


sombra e da morte, mas afirma que estará conosco
mesmo lá.

No outro salmo encontramos:

Ele me invocará, e eu lhe responderei; na


sua angústia eu estarei com ele, livrá-lo-ei e
o glorificarei.
(Sl 91:15)

180
Note a promessa de Deus compreende andar primeiro
na angústia, depois livrar e glorificar. Este salmo pode
muito bem ser aplicado de forma a enxergarmos a
angústia como sendo muitas vezes nossa vida terrena.
Aqui carregamos as consequências de todos os pecados
humanos, nossos ou não. Mas o verso se encerra
afirmando que haverá um livramento e uma glorificação.
Hoje sabemos que este livramento é a salvação através
da do perdão nossos pecados, mediante a cruz de Cristo.
E a glorificação, é o nosso estado final quando Cristo a
este mundo voltar para buscar a sua igreja.

É uma pena que muitos sabem estes salmos de cor,


mas não conseguem confiar no vale da sombra e da
morte muito menos na hora da angustia.

4. A verdadeira firmeza da fé existe quando buscamos a


comunhão com outros irmãos (v. 24)
24. E consideremo-nos uns aos outros, para
nos estimularmos à caridade e às boas
obras,

181
Vamos voltar ao contexto da carta. Os leitores dessa
carta estavam tentando voltar ao sistema levítico de
sacrifícios e culto. O escritor agora os conclama a olhar
uns pelos outros.

O contexto mais amplo desta carta é a primeira


perseguição, pelo menos é isto que a maioria acredita.
Se for isso, o escritor está tentando mostrar que para
suportarmos as perseguições precisamos nos ajudar
mutuamente.

A expressão “consideremos” que o autor usa denota


alguém que tem uma atenção especial pelos outros na
igreja local. Você tem procurado mostrar uma atenção
especial por alguém nesta igreja? Você tem procurado
amar e estimular o amor? Você tem participado da vida
daqueles que são mais necessitados?

Muitos estão na igreja somente para receber e não


querem dar nada. Querem as bênçãos, mas não querem
compartilhar as bênçãos.

182
5. A verdadeira firmeza da fé é demonstrada através do
ajuntamento e da admoestação coletiva (v. 25)
25. não deixando a nossa congregação,
como é costume de alguns; antes,
admoestando-nos uns aos outros; e tanto
mais quanto vedes que se vai aproximando
aquele Dia.

Este verso é a continuação do anterior. Ele está


dizendo de forma direta que a melhor maneira de nos
ajudarmos mutuamente é através da reunião regular. Ali
que ficamos a par de tudo e podemos compartilhar
nossas vidas uns com os outros.

O autor volta a abordar o assunto do ajuntamento.


Quando falou do tabernáculo ele deixou isto implícito
indiretamente (Hb 9). Agora ele fala de uma forma
direta. Não há cristianismo sem reunião. A expressão
“igreja” deriva de uma palavra que traz a ideia de
reunião solene ou assembleia.

Ele usa o substantivo “congregação”. Isto significa


que não é apenas um ato de se congregar, mas um lugar
onde se congregar. Ainda não existiam templos, mas

183
com certeza eles se reuniam nas casas e até mesmo em
algumas sinagogas.

É notório o apelo escatológico. “Tanto quanto vedes


que vai chegando aquele dia”. O grupo Logos cantou
alguns anos atrás uma música que retrata bem esta ideia
escatológica, principalmente em sua última estrofe,
chamava-se “Autor da minha fé”.

Como você pode dizer que vai se reunir naquele dia se


hoje você não consegue olhar para o seu irmão? Como
você poderá estar na congregação celestial, se hoje você
não consegue se reunir na congregação terreal?

Vivemos dias onde as pessoas inventam toda desculpa


para não se reunir. Mas é interessante notar que toda
desculpa, que até agora que eu ouvi, está relacionada ao
fato de estar se olhando para as pessoas, para a
instituição ou para os grupos. Por isso que o autor
trabalha com a ideia de olharmos para Jesus, autor e
consumador de nossa fé (Hb 12:2).

184
CUIDADO COM O CRISTIANISMO NOMINAL
Hb 10:26-39

26. Porque, se pecarmos voluntariamente, depois de


termos recebido o conhecimento da verdade, já não
resta mais sacrifício pelos pecados,
27. mas uma certa expectação horrível de juízo e ardor
de fogo, que há de devorar os adversários.
28. Quebrantando alguém a lei de Moisés, morre sem
misericórdia, só pela palavra de duas ou três
testemunhas.
29. De quanto maior castigo cuidais vós será julgado
merecedor aquele que pisar o Filho de Deus, e tiver por
profano o sangue do testamento, com que foi
santificado, e fizer agravo ao Espírito da graça?
30. Porque bem conhecemos aquele que disse: Minha é
a vingança, eu darei a recompensa, diz o Senhor. E
outra vez: O Senhor julgará o seu povo.
31. Horrenda coisa é cair nas mãos do Deus vivo.
32. Lembrai-vos, porém, dos dias passados, em que,
depois de serdes iluminados, suportastes grande
combate de aflições.
33. Em parte, fostes feitos espetáculo com vitupérios e
tribulações e, em parte, fostes participantes com os que
assim foram tratados.
34. Porque também vos compadecestes dos que estavam
nas prisões e com gozo permitistes a espoliação dos
185
vossos bens, sabendo que, em vós mesmos, tendes nos
céus uma possessão melhor e permanente.
35. Não rejeiteis, pois, a vossa confiança, que tem
grande e avultado galardão.
36. Porque necessitais de paciência, para que, depois
de haverdes feito a vontade de Deus, possais alcançar a
promessa.
37. Porque ainda um poucochinho de tempo, e o que há
de vir virá e não tardará.
38. Mas o justo viverá da fé; e, se ele recuar, a minha
alma não tem prazer nele.
39. Nós, porém, não somos daqueles que se retiram
para a perdição, mas daqueles que creem para a
conservação da alma.

O autor continua seu assunto mostrando que falhar na


firmeza da fé é um pecado perigoso. Ele mostra que
podemos estar longe da vontade de Deus e dos caminhos
por Ele determinados.

Nos versos 19 a 25 vemos um convite feito para que


os leitores mantem a firmeza da fé. O escritor descreve
algumas coisas que ocorrem e que são sinais de alguém
que está firme na fé.

186
O escritor agora vai usar aquilo que é conhecido como
argumento retórico. Ele parte do pressuposto que todos
que ouviram o evangelho sejam de fato crentes, e o que
isso causa no coração de Deus. Sua retórica é
comprovado pelo verso 39:

Nós, porém, não somos daqueles que se


retiram para a perdição, mas daqueles que
creem para a conservação da alma.

No cômpito geral o autor está falando de apostasia.


Um apóstata é alguém que um dia, aparentemente, fez
um movimento em direção a Cristo, mas, por diversos
motivos, se afasta do Senhor. Cristo é rejeitado
deliberadamente.

A Escritura é cheia desta advertência contra a


apostasia.

Seguindo a descrição do autor, vamos dividir nossa


exposição em duas partes. Na primeira mostraremos as
características do Cristão nominal, na segunda a do
cristão verdadeiro.

187
1. Características do cristão nominal

a) Vive deliberadamente no pecado (v. 26)


Porque, se pecarmos voluntariamente,
depois de termos recebido o conhecimento
da verdade, já não resta mais sacrifício
pelos pecados,

O verdadeiro cristão, mesmo quando peca luta em seu


interior. Não é uma luta porque outros estão vendo o seu
pecado, mas é uma luta por ele sabe que Deus está
vendo o seu pecado.

O cristão nominal luta contra o pecado para não ser


visto pelos outros. Para não ser pego bebendo ou em
adultério. O cristão nominal não vive em batalha
constante do Espírito contra a carne. A única batalha
dele é pelo legalismo, pelo tradicionalismo ou
simplesmente pelo zelo do seu nome. Ele se preocupa
com o que os outros pensam, e não no que Deus pensa.

b)Rejeita a lei do Senhor (v. 28)

188
Quebrantando alguém a lei de Moisés,
morre sem misericórdia, só pela palavra de
duas ou três testemunhas.

O salmo 1 afirma que o justo tem prazer na lei do


Senhor. Ter prazer na lei do Senhor é procurar praticá-la
e vivenciá-la. O cristão nominal só se interessa por
aquilo que lhe traz algum benefício dentro da lei do
Senhor. De um modo geral o cristão nominal está
preocupado em mostrar que sabe, mas não está
preocupado em vivenciar a Palavra de Deus de verdade.

O autor é claro em afirmar que o que rejeita a lei do


Senhor é condenado diante do Mestre.

c) Teve uma decisão aparente (v. 29)


De quanto maior castigo cuidais vós será
julgado merecedor aquele que pisar o Filho
de Deus, e tiver por profano o sangue do
testamento, com que foi santificado, e fizer
agravo ao Espírito da graça?

A principal característica do cristão nominal é que sua


decisão será aparente. O autor na realidade está fazendo
189
uma pergunta que poderia ser refeita da seguinte forma:
Será digno aquele que humilhou e rejeitou o sacrifício
de Cristo e rejeitou a graça do Espírito?

Rejeita-se o sacrifício de Cristo e a graça do Espírito


quando se vive de forma a buscar outros meios de
salvação. Quando se pensa que ser bom é suficiente para
a salvação e não busca a confiança na graça e no amor
de Deus.

2. Características do cristão verdadeiro


Ao mudar o tom do discurso o autor começa com a
primeira pessoa. Isto é um testemunho da plena
convicção de vida eterna que tinha o autor desta
epístola. Antes de delinear os aspectos do cristão
genuíno ele alerta aos nominais: “Horrenda coisa é cair
na mão do Deus vivo.”

a)Sustenta-se com lutas e sofrimentos (v.32)

190
Lembrai-vos, porém, dos dias passados, em
que, depois de serdes iluminados,
suportastes grande combate de aflições.

O cristão verdadeiro sabe que neste mundo ele não


está a passeio. Sabe que no mundo terá aflição e não
vive se justificando diante dos sofrimentos. Enquanto o
cristão nominal vive buscando meios de fugir do
sofrimento, quer através de um testemunho frágil e
débil, quer através de um misticismo barato que pensa
que pode mandar em Deus.

Jó afirmou para sua esposa: “Recebeste o bem de


Deus com prazer, mas o mau não queres tu aceitar.” O
cristão nominal não aceita o mau porque tem uma visão
distorcida de Deus e de si mesmo. De Deus por que de
fato não conhece a Palavra. De si mesmo por que acha
que tem algum mérito nesta vida diante de Deus.

b)Espera por algo maior do que as coisas desta vida


(v. 34)
Porque também vos compadecestes dos que
estavam nas prisões e com gozo permitistes
191
a espoliação dos vossos bens, sabendo que,
em vós mesmos, tendes nos céus uma
possessão melhor e permanente.

O autor continua mostrando que o cristão verdadeiro


vive no sofrimento pois tem uma esperança muito maior
no futuro. O verbo usado para a expressão “ter ciência”,
além do conhecimento denota a ideia de sentir. O
verdadeiro cristão sente duas coisas antagônicas: a)
Sente que o mundo ao seu redor não tem nada a lhe
oferecer; b) Sente que algo maior está reservado para
ele. O grupo Vencedores por Cristo transmitiu isto
muito bem na música “Ao Sentir”.

Ao sentir o mundo ao meu redor,


Nada vi que pudesse ser real
Percebi que todos buscam paz, porém em
vão
Pois naquilo procuram não há solução.

Só em Jesus a paz real eu pude encontrar


Do Seu amor pude experimentar
Me entreguei a Cristo e a vida eterna vou
gozar.

Posso ver que você não é feliz


Vou disser que não pode ser feliz
192
Se continuar a procurar em vão
Por caminhos que não trazem solução.

Só em Jesus a paz real você vai encontrar


Do Seu amor vai experimentar
Vem a Jesus Cristo e a vida eterna vai
gozar.

c) Aguarda com esperança a promessa vindoura


(v.36, 37)
Porque ainda um poucochinho de tempo, e o
que há de vir virá e não tardará.

Além da certeza de algo maior que lhe aguarda, o


cristão genuíno aguarda com esperança. O autor vai
trabalhar isto no capítulo 11 de uma forma magistral.
Mais uma vez o autor entra no âmbito escatológico.
Mais uma vez ele mostra que Jesus vai voltar e não
tardará.

O cristão verdadeiro espera a volta de seu Senhor. Ele


sabe que nesse dia tudo se esclarecerá e a paz de Cristo
inundará de vez seu coração. Você crê nisso?

d)Sabe que pertence a Deus (v. 38)

193
Mas o justo viverá da fé; e, se ele recuar, a
minha alma não tem prazer nele.

A expressão “O meu justo” é a tradução literal do que


Deus quis dizer a Habacuque (Hb 2:4). O cristão
verdadeiro sabe que ele pertence unicamente a Deus e
ele aguarda por estar na presença dEle.

A Bíblia diz que não podemos servir a dois senhores.


Se você realmente pertence a Deus deve entender isto.
Pedro afirma que somos povo adquirido de propriedade
exclusiva de Deus (I Pe 2:9).

e) Sabe que a fé conserva a sua alma (v. 39)


Nós, porém, não somos daqueles que se
retiram para a perdição, mas daqueles que
creem para a conservação da alma.

O dueto fé e esperança vai fazer parte do próximo


capítulo, e o autor parece preparar o caminho para o que
ele quer falar.

194
O cristão genuíno caminha pela fé pois sabe que ela
conserva a sua alma. Sabe que ela lhe mostra o caminho
estreito para a salvação.

195
ALCANÇANDO O TESTEMUNHO DA FÉ (PARTE
1)
Hb 11:1-16

1. Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se


esperam e a prova das coisas que se não veem.
2. Porque, por ela, os antigos alcançaram testemunho.
3. Pela fé, entendemos que os mundos, pela palavra de
Deus, foram criados; de maneira que aquilo que se vê
não foi feito do que é aparente.
4. Pela fé, Abel ofereceu a Deus maior sacrifício do que
Caim, pelo qual alcançou testemunho de que era justo,
dando Deus testemunho dos seus dons, e, por ela,
depois de morto, ainda fala.
5. Pela fé, Enoque foi trasladado para não ver a morte
e não foi achado, porque Deus o trasladara, visto como,
antes da sua trasladação, alcançou testemunho de que
agradara a Deus.
6. Ora, sem fé é impossível agradar-lhe, porque é
necessário que aquele que se aproxima de Deus creia
que ele existe e que é galardoador dos que o buscam.
7. Pela fé, Noé, divinamente avisado das coisas que
ainda não se viam, temeu, e, para salvação da sua
família, preparou a arca, pela qual condenou o mundo,
e foi feito herdeiro da justiça que é segundo a fé.

196
8. Pela fé, Abraão, sendo chamado, obedeceu, indo
para um lugar que havia de receber por herança; e
saiu, sem saber para onde ia.
9. Pela fé, habitou na terra da promessa, como em terra
alheia, morando em cabanas com Isaque e Jacó,
herdeiros com ele da mesma promessa.
10. Porque esperava a cidade que tem fundamentos, da
qual o artífice e construtor é Deus.
11. Pela fé, também a mesma Sara recebeu a virtude de
conceber e deu à luz já fora da idade; porquanto teve
por fiel aquele que lho tinha prometido.
12. Pelo que também de um, e esse já amortecido,
descenderam tantos, em multidão, como as estrelas do
céu, e como a areia inumerável que está na praia do
mar.
13. Todos estes morreram na fé, sem terem recebido as
promessas, mas, vendo-as de longe, e crendo nelas, e
abraçando-as, confessaram que eram estrangeiros e
peregrinos na terra.
14. Porque os que isso dizem claramente mostram que
buscam uma pátria.
15. E se, na verdade, se lembrassem daquela de onde
haviam saído, teriam oportunidade de tornar.
16. Mas, agora, desejam uma melhor, isto é, a celestial.
Pelo que também Deus não se envergonha deles, de se
chamar seu Deus, porque já lhes preparou uma cidade.

197
O tema aqui tratado começa no capítulo 10. O autor
vai trabalhar três áreas até o final de sua carta: fé,
esperança e amor. Tudo isso começa após o autor
delinear sobre o rito da cruz, contrapondo aos rituais
judaicos, que não mais têm valor, uma vez Cristo de
uma vez por todas se sacrificou. A fé é o primeiro
assunto da tríade, e também será o mais longo deles. Ela
começa no início do capítulo 10 e vai até o início do
capítulo 12. Mas pitadas dos outros assuntos, em
especial a esperança, poderão ser vistas e até mesmo
misturadas ao assunto principal.

Após discorrer sobre a firmeza da fé o autor passa a


delinear como alcançar o testemunho da fé diante de
Deus. É interessante que ele não tem uma preocupação
apenas de mostrar os grandes milagres, mas mostra
também que muitos não conseguiram aquilo que
queriam, mas ainda assim alcançaram o testemunho que
Deus queria.

Alcançamos um testemunho de fé...

198
1. Crendo na Palavra de Deus e no que ela afirma (v. 3)
3. Pela fé, entendemos que os mundos, pela
palavra de Deus, foram criados; de maneira
que aquilo que se vê não foi feito do que é
aparente.

A ciência se multiplicou. Daniel já profetizara isto a


muitos séculos (Dn 12:4). A profecia apocalíptica de
Daniel apontava para o tempo do fim onde os homens
estariam prestes a conhecer a maior tribulação já vista
(Dn 12:1,2).

Com a multiplicação da ciência muitos que se dizem


cristãos começaram a colocar em xeque a veracidade da
Palavra de Deus. Hoje muitos membros de igrejas,
ministros e autoridades eclesiásticas tentam crer no que
diz a ciência e ao mesmo tempo encaixar com a Bíblia.
Nem sempre isto será possível. A Bíblia é a Palavra de
Deus. Deve ser lida e interpretada à luz de seu contexto.
Pode ter coisas que não sejam da forma que
aparentemente se apresentam, pois quem a escreveu não
tinha a mesma perspectiva nossa, mas ainda assim é
Palavra de Deus.

199
O autor está nos mostrando que para se alcançar o
testemunho da fé precisamos crer fielmente na Palavra
de Deus. O criacionismo e o evolucionismo são
antagônicos. Eles não subsistem entre si de forma pura.
A grande maioria das escolas não são honestas nestes
estudos, pois apresentam apenas um lado, ou uma teoria.
Assim como o problema climático não tem somente a
teoria do aquecimento global causado pelo homem, mas
a imprensa, sabe-se lá por que interesse, mostra sempre,
ou na maioria esmagadora das vezes, apenas um lado.

O cristão genuíno não se prende por nada, pois sabe


que vive neste mundo pela fé, mesmo que tenha que
andar na contramão dele.

Alcançamos um testemunho de fé...

2. Buscando agradar a Deus da forma que ele quer (v. 4-6)


4. Pela fé, Abel ofereceu a Deus maior
sacrifício do que Caim, pelo qual alcançou
testemunho de que era justo, dando Deus
testemunho dos seus dons, e, por ela, depois
de morto, ainda fala.

200
5. Pela fé, Enoque foi trasladado para não
ver a morte e não foi achado, porque Deus o
trasladara, visto como, antes da sua
trasladação, alcançou testemunho de que
agradara a Deus.
6. Ora, sem fé é impossível agradar-lhe,
porque é necessário que aquele que se
aproxima de Deus creia que ele existe e que
é galardoador dos que o buscam.

Caim e Abel são figuras de dois tipos de adoradores.


Um apresenta a Deus o quer e da forma que quer. O
outro procura agradar a Deus fazendo a sua vontade.

Hoje vemos igrejas para homossexuais, Ordem de


pastores divorciados, igrejas para negros, brancos, entre
muitos outros grupos.

Soren Kierkegaard, foi um filosofo dinamarquês.


Levou uma vida solitária principalmente após sua
conversão em 1850. Após sua conversão passou a
combater a influência da Igreja no Estado e vice-versa.
Uma de suas frases mais famosas foi: “O dia em que a
Igreja se tornar amiga do mundo, ela deixa de existir”.
201
Hoje em muitas igrejas locais vemos esta amizade, esta
comunhão perigosa e maléfica.

Muitos creem que Deus não se importa com isso, mas


se lembrarmos bem Caim não agradou a Deus. A oferta
dele não foi rejeitada por ser vegetal, mas por não ser de
um coração entregue a Deus e confiante na providência
dEste pela fé. Abel trouxe das primícias para Deus, o
primogênito de seu gado. Foi uma oferta de fé.

O culto para os sem igreja, por exemplo, tem sido


defendido por muitos pastores, alguns são até meus
amigos, mas biblicamente não existe culto para
ninguém. O culto sempre será para Deus, e para mais
ninguém. Outros defendem que a mensagem precisa ser
adaptada para um maior entendimento dos ouvintes. Isto
é correto, mas o que tem acontecido é que a Palavra tem
sido deixada de lado para que sermões de cunho
psicológico ou de autoajuda tomem lugar que deveria
ser da Palavra de Deus.

Vivemos tempos onde os cultos são antropocêntricos


e humanistas. São pastores e líderes que parecem que
estão fazendo um show, preocupados com a aparência
humana, e não de fato em fazer a vontade de Deus.
202
Alcançamos um testemunho de fé...

3. Crendo nas promessas de Deus mesmo quando ainda


não alcançadas (v. 7-13)
Noé, Abraão, Isaque, Jacó e Sara não tomaram posse
de fato da Terra que Deus prometera, mas confiavam
que Deus não falhara com suas promessas.

Um dos grandes problemas atuais do cristianismo tem


sido a Teologia da Prosperidade que de quebra se
mistura com a Teologia da Confissão positiva. Em
ambas o sofrimento não pode existir no crente. Devemos
ordenar a Deus para que nossa vida neste mundo seja
melhor e próspera. O grande problema destas linhas é
que mostram uma mentira.

Alejandro Bullón, pastor peruano adventista, disse


certa vez: “Deus não prometeu nos tirar do vale da
sombra e da morte, mas afirmou que mesmo lá estaria
conosco”.

Não podemos dizer que temos fé na salvação se não


conseguimos nos manter firmes dentro da vontade de
Deus aguardando suas promessas. Se vivemos de uma
203
forma egoísta e imediatista diante de Deus. Vale lembrar
o alerta de Paulo:

“Se esperamos em Cristo só nesta vida,


somos os mais miseráveis de todos os
homens” (I Co 15:19)
Daqui partimos para o próximo ponto. Alcançamos
um testemunho de fé...

4. Sabendo que uma pátria melhor nos espera (14-16)


O autor volta a um tema já tratado. Ele mostra que os
que morreram sem alcançar a terra prometida tinham
uma visão de uma pátria muito melhor.

A eternidade diante de Deus é algo que devemos


buscar intensamente. O cristão genuíno espera algo
maior, foi o que falamos no sermão anterior. Esta
esperança nos faz vencer o desejo de retroceder. Esta
esperança nos faz esquecer os desejos da antiga pátria.
Saber que há uma pátria nos faz esquecer os desejos da
carne. Se você ainda não conseguiu vencer os desejos da
carne. Se o desejo de voltar ao Egito ainda existe em seu
coração. Significa que você não tem certeza da pátria
que o espera.
204
ALCANÇANDO O TESTEMUNHO DA FÉ (PARTE
2)
Hb 11: 17-40

17. Pela fé, ofereceu Abraão a Isaque, quando foi


provado, sim, aquele que recebera as promessas
ofereceu o seu unigênito.
18. Sendo-lhe dito: Em Isaque será chamada a tua
descendência, considerou que Deus era poderoso para
até dos mortos o ressuscitar.
19. E daí também, em figura, ele o recobrou.
20. Pela fé, Isaque abençoou Jacó e Esaú, no tocante às
coisas futuras.
21. Pela fé, Jacó, próximo da morte, abençoou cada um
dos filhos de José e adorou encostado à ponta do seu
bordão.
22. Pela fé, José, próximo da morte, fez menção da
saída dos filhos de Israel e deu ordem acerca de seus
ossos.
23. Pela fé, Moisés, já nascido, foi escondido três meses
por seus pais, porque viram que era um menino
formoso; e não temeram o mandamento do rei.
24. Pela fé, Moisés, sendo já grande, recusou ser
chamado filho da filha de Faraó,

205
25. Escolhendo, antes, ser maltratado com o povo de
Deus do que por, um pouco de tempo, ter o gozo do
pecado;
26. tendo, por maiores riquezas, o vitupério de Cristo
do que os tesouros do Egito; porque tinha em vista a
recompensa.
27. Pela fé, deixou o Egito, não temendo a ira do rei;
porque ficou firme, como vendo o invisível.
28. Pela fé, celebrou a Páscoa e a aspersão do sangue,
para que o destruidor dos primogênitos lhes não
tocasse.
29. Pela fé, passaram o mar Vermelho, como por terra
seca; o que intentando os egípcios, se afogaram.
30. Pela fé, caíram os muros de Jericó, sendo rodeados
durante sete dias.
31. Pela fé, Raabe, a meretriz, não pereceu com os
incrédulos, acolhendo em paz os espias.
32. E que mais direi? Faltar-me-ia o tempo contando de
Gideão, e de Baraque, e de Sansão, e de Jefté, e de
Davi, e de Samuel, e dos profetas,
33. os quais, pela fé, venceram reinos, praticaram a
justiça, alcançaram promessas, fecharam as bocas dos
leões,
34. apagaram a força do fogo, escaparam do fio da
espada, da fraqueza tiraram forças, na batalha se
esforçaram, puseram em fugida os exércitos dos
estranhos.
206
35. As mulheres receberam, pela ressurreição, os seus
mortos; uns foram torturados, não aceitando o seu
livramento, para alcançarem uma melhor ressurreição;
36. E outros experimentaram escárnios e açoites, e até
cadeias e prisões.
37. Foram apedrejados, serrados, tentados, mortos a fio
de espada; andaram vestidos de peles de ovelhas e de
cabras, desamparados, aflitos e maltratados
38. (homens dos quais o mundo não era digno),
errantes pelos desertos, e montes, e pelas covas e
cavernas da terra.
39. E todos estes, tendo tido testemunho pela fé, não
alcançaram a promessa,
40. provendo Deus alguma coisa melhor a nosso
respeito, para que eles, sem nós, não fossem
aperfeiçoados.

O autor continua discorrendo sobre o testemunho da


fé. Ele vai continuar a narrar um dos trechos mais
magníficos de toda Bíblia. É um momento crucial em
sua carta pois ele pretende caminhar para fim mostrando
para os seus leitores que vale a pena viver pela fé. Que
vale a pena perseverar para alcançar o testemunho da fé.
E ele continua...
207
1. Tendo um apego com a eternidade e não com esta vida
(v. 17,18)
17. Pela fé, ofereceu Abraão a Isaque,
quando foi provado, sim, aquele que
recebera as promessas ofereceu o seu
unigênito.
18. Sendo-lhe dito: Em Isaque será chamada
a tua descendência, considerou que Deus
era poderoso para até dos mortos o
ressuscitar.

Abraão ofereceu Isaque confiado na ressurreição


futura e não no livramento físico. Já vi pregadores
dizendo que faltou fé em Abraão, a Bíblia diz
exatamente o contrário. Ele foi considerado o pai da fé
e, um dos atos que lhe garantiram este título, foi a
determinação com que levou Isaque para o sacrifício.

Paulo demonstra muito isto em muitos dos seus


escritos. Ele sabia, como falamos na primeira parte deste
sermão, que algo maior e melhor o aguardava, por isso
sua visão o impulsionava a eternidade.

208
Jesus contou a parábola do rico insensato. Nela o
próspero fazendeiro se orgulhava do que tinha. Ele
achava que aquilo era suficiente para saciar a sua alma.
A pergunta que o mestre lhe faz é crucial: “O que tens
preparado para quem será?” (Lc 12:10). O sábio
Salomão afirma:

Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o


conforme as tuas forças, porque no além,
para onde tu vais, não há obra, nem
projetos, nem conhecimento, nem sabedoria
alguma
(Ec 9:10).

2. Tendo a visão de Deus quando ninguém mais tem (v. 20-


23)
20. Pela fé, Isaque abençoou Jacó e Esaú,
no tocante às coisas futuras.
21. Pela fé, Jacó, próximo da morte,
abençoou cada um dos filhos de José e
adorou encostado à ponta do seu bordão.
22. Pela fé, José, próximo da morte, fez
menção da saída dos filhos de Israel e deu
ordem acerca de seus ossos.
23. Pela fé, Moisés, já nascido, foi
escondido três meses por seus pais, porque

209
viram que era um menino formoso; e não
temeram o mandamento do rei.

Isaque, Jacó, José e os pais de Moisés, são exemplos


de pessoas que confiavam nas promessas de Deus
porque tinham a visão do criador em suas vidas. A visão
de Deus vai além da questão evangelizadora, como
afirma o hino 546 HCC. Ela é muito importante, mas a
visão a que me refiro neste texto em questão é a visão
das promessas de Deus para nossas vidas.

Hoje a visão que a igreja tem é de prosperidade,


bênçãos materiais. É a visão de que a Igreja será
poupada da tribulação e do sofrimento.

A pergunta que faço: Será mesmo esta a visão de


Deus?

Hoje também há muitos grupos que se dizem cristãos


que não pregam mais a certeza da salvação. Perderam a
visão de Deus. Aqueles que confiavam em Deus sabiam
que a promessa se cumpriria. Sabiam que a cidade santa
estaria reservada para eles naquele dia. Assim como
Isaque, o verdadeiro cristão confia na bênção de Deus
em coisas que ainda virão. Paulo nos diz: “Eu sei em
210
quem tenho crido, e estou certo que ele é poderoso para
guardar o meu depósito até aquele dia.” (II Tm 1:12).
Esta confiança de Paulo era porque ele via além da visão
do homem, via com a visão de Deus.

3. Sabendo que vale a pena sofrer por Cristo esperando


uma recompensa melhor (v. 24-27)
24. Pela fé, Moisés, sendo já grande,
recusou ser chamado filho da filha de
Faraó,
25. Escolhendo, antes, ser maltratado com o
povo de Deus do que por, um pouco de
tempo, ter o gozo do pecado;
26. tendo, por maiores riquezas, o vitupério
de Cristo do que os tesouros do Egito;
porque tinha em vista a recompensa.
27. Pela fé, deixou o Egito, não temendo a
ira do rei; porque ficou firme, como vendo o
invisível.

Moisés agora passa a ser de novo um exemplo de fé.


Mas não exemplo pelas proezas que ele fez, mas um
exemplo de alguém que abre mão de privilégios para
seguir a Deus. O exemplo de alguém que prefere pagar o
211
preço do sofrimento nesta vida aguardando por algo
maior através da visão de Deus que lhe é dada.

Muitos hoje tentam conciliar seu cristianismo com


prazeres fúteis, passageiros e carnais. São homens e
mulheres cujas mentes estão voltadas para seus próprios
desejos. Muitos procuram igrejas que possam permitir
continuar valorizando as coisas desta vida ao invés de
pagar o preço.

A igreja do final dos tempos irá se dividir. Teremos a


igreja apóstata que preferirá seguir os desígnios do
anticristo. Que desejará os mananciais de prazeres e
luxo à ser perseguida por alguém que só deseja o melhor
para a humanidade. De que lado você vai estar naquele
dia? Ou melhor: De que lado você está agora?

Paulo fala de Demas. Um homem que o abandonou


por amor ao mundo. João nos adverte quanto a isto. O
amor ao mundo tem sido a grande marca da igreja
moderna. Mas ainda assim, vale a pena sofrer por Cristo.
Vale a pena esperar pela grande recompensa.

212
4. Tendo em Deus o limite de nossas forças (v. 25-38)
Este é o trecho que mais gosto deste capítulo da fé.
Creio que os teólogos da prosperidade não gostam muito
de ler ou ouvir acerca das verdades contidas neste
trecho.

O autor continua mostrando as muitas maneiras como


Deus livrara seu povo no passado. Mas o que chama a
atenção não são os livramentos, todavia o que ocorre a
partir do verso 35. Ele fala de homens que sofreram até
a morte. Passaram por escárnios, vergonha pública, dor
física e psicológica. Alguns foram mortos das maneiras
mais horrendas de suas épocas, mas todos estes tinham
algo em comum: O MUNDO NÃO ERA DIGNO
DELES. Foram homens que viam em Deus o limite de
suas forças.

Talvez você ache que está sofrendo demais. Talvez


você se considere o pior dos sofredores por causa de sua
vida cheia de sofrimento, ou por causa de alguma
doença que lhe aflige. Mas saiba que o maior sofrimento
de todos foi o de Jesus que levou o seu, o meu e o nosso
pecado sobre os seus ombros. Ele foi humilhado por
você. Ele foi rejeitado por mim. Ele foi indigno para o
mundo para que nós víssemos o mundo se tornar
213
indigno de nós. Jesus nos diz: “Tomai sobre vós o meu
jugo e aprendei de mim, que sou manso e humilde de
coração, pois o meu jugo é suave e meu fardo é leve”
(Mt 11:19).

Deus permitiu que alguns dos seus filhos


fiéis experimentassem grandes sofrimentos e
provações (ver o estudo O SOFRIMENTO
DOS JUSTOS). Embora desfrutassem da
comunhão com Deus, Ele não livrou a todos
do sofrimento e da morte (vv. 35-39). (1)
Note que, pela fé, alguns “escaparam do fio
da espada” (v. 34) e, também pela fé, alguns
foram “mortos a fio de espada” (v. 37).
Pela fé, um foi livrado; e também pela fé,
outro foi morto (cf. 1 Rs 19.10; Jr 26.23; At
12.2). A fé verdadeira não somente levará os
crentes a fazerem grandes coisas para Deus
(vv. 33-35), mas também, às vezes, os levará
a sofrimentos, perseguições, aflições e
privações (vv. 35-39; cf. Sl 44.22; Rm 8.36;
Mt 5.10 nota). (2) A fidelidade a Deus não
garante conforto nem livramento da
perseguição neste mundo. Ela nos garante,
no entanto, a graça, ajuda e força de Deus
em tempos de perseguição, de provações ou
214
de sofrimentos (cf. Hb 12.2; Jr 20.1,7,8;
37.13-15; 38.5; 2 Co 6.9)
https://bibliotecabiblica.blogspot.com/2016/
10/hebreus-11-exposicao-da-carta-aos-
hebreus.html

215
TESTEMUNHANDO O EXEMPLO DE CRISTO
Hb 12:1-3

1. Portanto, nós também, pois, que estamos rodeados de


uma tão grande nuvem de testemunhas, deixemos todo
embaraço e o pecado que tão de perto nos rodeia e
corramos, com paciência, a carreira que nos está
proposta,
2. olhando para Jesus, autor e consumador da fé, o
qual, pelo gozo que lhe estava proposto, suportou a
cruz, desprezando a afronta, e assentou-se à destra do
trono de Deus.
3. Considerai, pois, aquele que suportou tais
contradições dos pecadores contra si mesmo, para que
não enfraqueçais, desfalecendo em vossos ânimos.

Seguindo dentro do trio fé, esperança e amor, o autor


passa agora a falar sobre o segundo. A esperança vai ser
muito bem delineada neste capítulo que agora
começamos a observar. Quatro aspectos podem ser
notados neste capítulo: 1) O exemplo baseado na
qualidade do autor e consumador de nossa fé; 2) O

216
propósito e o valor das tribulações dentro da perspectiva
do amor de Deus; 3) O perigo e o fracasso dos
descuidados; 4) Os privilégios da graça de Deus
comparados à Antiga Aliança.

Hoje analisaremos os primeiros versículos sob a ótica


do exemplo de Cristo e nosso testemunho.

Após confrontar o exemplo de fé dos antigos e como


realmente Deus olhou para cada um deles, o autor passa
agora a mostrar que nossa esperança segue de perto
nossa fé. Ele chama atenção para o fato que todos estes
heróis estão como testemunhas para o que fazemos ou
deixamos de fazer.

Vejamos os aspectos gerais deste testemunho:

1. Remova a carga do pecado sobre sua vida (v. 1)


... deixemos todo embaraço e o pecado que
tão de perto nos rodeia ...

Na linha argumentativa do autor o peso e o pecado


parecem ser duas coisas diferentes, mas na realidade não
217
são. A ideia dele parece estar mais centrada no fato que
o peso representa o viver preso ao passado. Não
recebendo de fato o perdão de Deus. Muitos, mesmo
após converterem-se, ainda vivem as amarras do
passado. O cristão genuíno deve saber que foi de fato
perdoado, que não deve mais nada e que Cristo o limpou
completamente deste fardo. O perdão outorgado deve
nos fazer viver de forma alegre e solta diante das
testemunhas que nos cercam.

O segundo aspecto é a ideia de não mais vivermos no


pecado. A expressão “desembaraçar-nos” literalmente
pode ser traduzida como deixando de lado. O cristão
deve ter em mente que não pode mais viver uma vida
presa ao pecado. Ele precisa compreender que o pecado
deve ser deixado de lado para que possamos viver uma
vida dentro da vontade de Deus. A caminhada através da
santificação passa ser o alvo da vida do crente.

Desta forma o autor está de fato nos afirmando é que


devemos tomar posse do perdão de Deus e não mais
cairmos, uma vez que está ao nosso redor uma grande
nuvem de testemunha.

218
2. Corra com perseverança (v. 1)
... corramos, com paciência, a carreira que
nos está proposta

Nota-se neste ponto a influência paulina sobre o autor.


Paulo usou muito a ideia da carreira (At 20:24; II Tm
4:7), também descreve o prosseguir para o alvo (Fp
3:14). Seguindo a linha paulina vemos que esta carreira,
proposta por Deus, deve nos fazer renunciar às coisas
desta vida.

Porém em nada considero a vida preciosa


para mim mesmo, contanto que complete a
minha carreira e o ministério que recebi do
Senhor Jesus para testemunhar o evangelho
da graça de Deus. (At 20:24)

Ainda dentro da linha de Paulo vemos que a carreira


proposta deve nos fazer mirar sempre a salvação.

prossigo para o alvo, para o prêmio da


soberana vocação de Deus em Cristo Jesus.
(Fp 3:14)

Por último, a carreira envolve um combate constante.

Combati o bom combate, completei a


carreira, guardei a fé. (II Tm 4:7)
219
Ninguém que realmente seja um cristão pode abrir
mão desta perseverança. A vida eterna sempre deve ser
o alvo principal do cristão genuíno.

3. Fixe o olhar em Cristo (v. 2)


2. olhando para Jesus, autor e consumador
da fé, o qual, pelo gozo que lhe estava
proposto, suportou a cruz, desprezando a
afronta, e assentou-se à destra do trono de
Deus.

Quando converso com pessoas afastadas do evangelho


ouço muitas vezes a argumentação: “Afastei-me do
evangelho quando vi que os crentes eram...”. Uma das
coisas que mais nos impedem de caminhar a jornada é
olharmos para o alvo errado. O alvo de nossa jornada
deve ser Jesus, não seus supostos seguidores.

Olhar para Jesus envolve em primeiro lugar olhar


para seu sacrifício. Muitos estão na igreja, mas não
conseguem tirar os olhos de suas necessidades. Olham
sempre para si mesmos com olhar de auto piedade.
220
Quero desafiar você agora a olhar para o homem
pendurado no madeiro da cruz. Para o homem que sendo
Deus não teve por usurpação ser como Deus, mas
esvaziou-se completamente para que você e eu
pudéssemos encontrar a verdadeira felicidade, o
verdadeiro amor. Olhe para este homem neste momento
e deixe que ele preencha o vazio que há em você.

Em segundo lugar olhar para Jesus envolve olhar


para sua glória. Ele está assentado a direita do Pai. Esta
expressão significa que ele é Deus e vive para sempre. E
somente ele é capaz de nos dar a vida eterna. Simon
Kistemaker afirma: “Nós carregamos a nossa cruz, mas
não carregamos a cruz de Cristo. Ele carregou sozinho.
Nós carregamos a nossa cruz quando olhamos para ele
sem impedimentos. De sua posição exaltada no céu à
direita de Deus, Jesus nos capacita a persistir, a
permanecer e a ser fiel a Deus e à sua Palavra”. Neste
momento passamos para o próximo ponto...

4. Considere a obra de Jesus (v. 3)


Considerai, pois, aquele que suportou tais
contradições dos pecadores contra si
221
mesmo, para que não enfraqueçais,
desfalecendo em vossos ânimos.

Agora o autor passa a mostrar que o cristianismo


envolve intelecto, ou seja, pensamento. A expressão que
ele usa basicamente significa pensar sobre alguma coisa.
No nosso caso seria pensar sobre as humilhações que
Jesus sofreu. Refletir sobre elas para que possamos
saber que vale a pena perseverar na fé e na confiança de
Cristo.

Jesus suportou tudo isto para que nós pudéssemos ser


fortalecidos. Se olhamos para a humilhação que Jesus
passou por nós não teremos vergonhas de sermos
cristãos. Não teremos vergonha de acabarmos com o
jeitinho. Não teremos vergonha de abandonarmos as
orgias, bebedices ou glutonarias. Muitos hoje não
tomam uma decisão ao lado de Cristo porque têm
vergonha do que sua família vai dizer ou o que seus
amigos vão dizer. Jesus não teve vergonha de nada para
que nós pudéssemos livres de tudo.

222
SOFRIMENTOS – DISCIPLINA E EDUCAÇÃO
Hb 12:4-11

4. Ainda não resististes até ao sangue, combatendo


contra o pecado.
5. E já vos esquecestes da exortação que argumenta
convosco como filhos: Filho meu, não desprezes a
correção do Senhor e não desmaies quando, por ele,
fores repreendido;
6. porque o Senhor corrige o que ama e açoita a
qualquer que recebe por filho.
7. Se suportais a correção, Deus vos trata como filhos;
porque que filho há a quem o pai não corrija?
8. Mas, se estais sem disciplina, da qual todos são feitos
participantes, sois, então, bastardos e não filhos.
9. Além do que, tivemos nossos pais segundo a carne,
para nos corrigirem, e nós os reverenciamos; não nos
sujeitaremos muito mais ao Pai dos espíritos, para
vivermos?
10. Porque aqueles, na verdade, por um pouco de
tempo, nos corrigiam como bem lhes parecia; mas este,
para nosso proveito, para sermos participantes da sua
santidade.
11. E, na verdade, toda correção, ao presente, não
parece ser de gozo, senão de tristeza, mas, depois,
produz um fruto pacífico de justiça nos exercitados por
ela.
223
O pecado é algo que está inserido no coração do
homem. O autor faz questão de lembrar isto e recordar
que Jesus nos limpa de nossos pecados. O sofrimento
entra no mundo como consequência do pecado. Não
quer dizer que seja consequência do meu ou do seu
pecado, mas é uma consequência da própria existência
dele. É um preâmbulo do salário que é a morte (Rm
6:23).

Hoje muitos cristãos têm sido ensinados de que após a


conversão não podemos mais sofrer. Que após a
experiência com Jesus não podemos sofrer nada da
consequência do pecado. Ledo engano. As
consequências do pecado original continuam sobre nós
da mesma forma que a morte. Se fosse verdade que não
podemos mais sofrer, também seria que não poderíamos
morrer.

A realidade do pecado é tão grande na vida do crente


que o autor começa mostrando que seus leitores ainda
não tinham sofrido tudo que poderia ocorrer (Hb 12:4).

224
Ele mostra que a morte é o maior sofrimento que alguém
pode ter pelo amor a Deus na luta contra o pecado.

Neste trecho que lemos o autor mostra que devemos


aprender duas coisas: 1) Aceitar o sofrimento quando
vem para disciplina; 2) Suportar o sofrimento que vem
para nossa educação. Ele está explanando acerca de Pv
3:1-12. Cita especificamente os versos 11 e 12. Os
crentes da igreja primitiva a maioria não sabia lê. Logo,
além de ouvirem a mensagem eles eram levados a
memorizarem certos trechos das Escrituras. Ao utilizar
de forma tão literal o trecho de Provérbios, o autor
demonstra muita familiaridade com este pedaço das
Escrituras.

Passemos a delinear o que propomos.

1. A correção mostra que somos filhos (v. 5, 8)


5. E já vos esquecestes da exortação que
argumenta convosco como filhos: Filho
meu, não desprezes a correção do Senhor e
não desmaies quando, por ele, fores
repreendido;

225
8. Mas, se estais sem disciplina, da qual
todos são feitos participantes, sois, então,
bastardos e não filhos.

Ao nos preparar para a Campanha de Missões de 2011


vimos que os mulçumanos não tinham a concepção de
Deus como pai. O islamismo tem pelo menos 99 ideias
de deus, mas nenhuma delas leva a uma concepção de
intimidade e amor paternal. Eles até falam de
misericórdia, mas é uma misericórdia desprovida do
sentimento paternal de um Deus que ama a seus filhos.

Uma maneira que Deus escolheu para nos fazer


crescer é enviando dificuldades e desafios (Simon
Kistemaker). Hoje vejo pais que não disciplinam os seus
filhos. Há muita transferência de responsabilidade.
Muitos querem que a Igreja discipline, outros que a
escola. O verdadeiro pai disciplina seu filho, dando-lhe
muitas vezes correções que lhe trazem desconforto e
sofrimento, mas que ensina o verdadeiro caminho. Há
pessoas que gostam de dizer que são filhos de Deus por
serem libertos de certas situações, o autor nos mostra
que muitas vezes pode ser exatamente o contrário. São
os verdadeiros filhos que passam por provas e

226
tribulações. Vejamos o exemplo de Jó, veja o exemplo
de todos os apóstolos.

O sábio Salomão escreve: “O que retém a vara


aborrece a seu filho...”; mas ele completa de forma
majestosa: “..., mas o que ama, cedo, o disciplina”.
Partimos aqui para o segundo ponto.

2. A correção mostra que Deus nos ama (v. 6)


6. porque o Senhor corrige o que ama e
açoita a qualquer que recebe por filho.

A expressão “açoita” carrega um peso muito grande.


Mostra que o castigo ministrado pelos pais aos filhos era
muito severo, e que Deus muitas vezes pune de forma
severa. De um jeito ou de outro, todo aquele que de fato
é filho de Deus, passa por disciplinas como estas. Por
isso é estranho alguns interpretarem textos bíblicos
dizendo que o castigo dos pais não pode ser físico.

Vi pessoas que criavam filhos adotivos de forma


diferente dos filhos carnais. Pessoas que por amarem de
uma forma diferente não disciplinavam estes filhos. O
triste resultado é que estes filhos se tornaram rebeldes,
227
pois nunca eram disciplinados. Deus nos adotou em
Cristo, mas nos trata como qualquer outro filho. Este é o
amor de Deus para conosco.

Pais que amam, disciplinam, ainda que de forma


severa. Obviamente não me refiro a espancamento, mas
de castigos que realmente trazem dor, que mostram os
efeitos do pecado, do erro, na vida da criança. Vivemos
dias que os pais estão sendo mandados pelos filhos.
Estes fazem o que querem e, os pais, em nome do amor,
dizem que não podem disciplinar.

Deus nos ama e esta realidade deve ser vivida


intensamente. O amor de Deus pode ser visto através de
seu sacrifício em enviar Jesus para nos salvar.

3. A correção nos leva a participar da santidade de Deus


(v. 10)
10. Porque aqueles, na verdade, por um
pouco de tempo, nos corrigiam como bem
lhes parecia; mas este, para nosso proveito,
para sermos participantes da sua santidade.

228
O autor deixa claro uma coisa; nossos pais terrestres
podem cometer erros. Ele afirma que eles nos corrigiam
como lhes parecia. Mas Deus nos corrige porque deseja
que sejamos santos. Em Levítico 11:44 o Senhor nos
diz: “Sereis santos, porque eu sou santo”. Pedro repete
esta afirmação em I Pe 1:16.

Santidade normalmente é ligada a perfeição ou a


milagres operados. Mas a Bíblia nos mostra que
santidade envolve uma separação para Deus. Paulo
afirma aos Romanos que ele era separado para o
evangelho de Deus (Rm 1:5).

A santidade então compreende uma caminhada para


fazermos a vontade de Deus neste mundo. Não significa
que deixamos ou deixaremos de pecar, mas significa que
Deus estará nos ajudando, estará ao nosso lado. Às
vezes até nos disciplinando.

Os pais terrenos exercem sua prerrogativa


paterna só por um pouco tempo e para fins
imediatos, mas Deus tem em vista vidas
santas e fins eternos.
(https://bibliotecabiblica.blogspot.com/2014
/11/interpretacao-de-hebreus-12.html)

229
E o mais importante que a santidade nos prepara para
o próximo ponto...

4. A correção produz um fruto pacífico de justiça em


nosso coração (v. 11)
11. E, na verdade, toda correção, ao
presente, não parece ser de gozo, senão de
tristeza, mas, depois, produz um fruto
pacífico de justiça nos exercitados por ela.

Isto só pode ocorrer se aceitarmos a nossa correção.


Se não aceitamos a correção para a disciplina isto só
tende a nos afastar de Deus. Muitos vivem vidas pobres
no cristianismo porque vivem a questionar as ações de
Deus. Quantas vezes já vi pessoas que afirmam não
merecer passar por determinada situação. Quem somos
nós para sabermos o que realmente merecemos? O
homem destituído da glória de Deus merece somente o
castigo eterno, mas Deus em sua grandiosa
misericórdia nos tira a punição, e em sua maravilhosa
graça nos oferece a vida eterna em Cristo Jesus. E
somente depois que Jesus entra em nossos corações é
que verdadeiramente entendemos o que significa a
230
correção do Senhor. Aí então passamos a usufruir do
fruto pacífico de justiça. Uma justiça que não provém de
nós. Paulo afirma: “Sendo, pois, justificados pela fé,
tenhamos a paz com Deus, por nosso Senhor e Salvador
Jesus Cristo”. O fruto pacífico é a retirada da ira de
Deus sobre a nossa vida. O libertar do pecado em nossos
corações.

A maior de todas as correções. A mais cruel de todas


as disciplinas. Foi Jesus quem sofreu para que
pudéssemos experimentar o fruto de sua justiça – a vida
eterna.

231
DECISÕES CONTRA O FRACASSO ESPIRITUAL
Hb 12:12-17

12. Portanto, tornai a levantar as mãos cansadas e os


joelhos desconjuntados,
13. e fazei veredas direitas para os vossos pés, para que
o que manqueja se não desvie inteiramente; antes, seja
sarado.
14. Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual
ninguém verá o Senhor,
15. tendo cuidado de que ninguém se prive da graça de
Deus, e de que nenhuma raiz de amargura, brotando,
vos perturbe, e por ela muitos se contaminem.
16. E ninguém seja fornicador ou profano, como Esaú,
que, por um manjar, vendeu o seu direito de
primogenitura.
17. Porque bem sabeis que, querendo ele ainda depois
herdar a bênção, foi rejeitado, porque não achou lugar
de arrependimento, ainda que, com lágrimas, o buscou.

Após falar sobre a disciplina o autor mostra que


alguns não aceitam bem este lado de nosso Deus. O
autor mostra o parágrafo anterior que alguns dos judeus
cristãos, destinatários desta carta, não aceitavam bem a
disciplina. Porém, com base na ideia do remanescente,
232
com certeza haveria aqueles que aceitariam. Para estes é
que este trecho funciona. O autor mostra que muitas
vezes a disciplina do Senhor é dura, e pode trazer muitas
consequências, mas ela ocorre porque somos filhos de
Deus, pelo amor que o Senhor tem por nós, para
participarmos de sua santidade e para produzir o fruto
de justiça que aponta para obra de Jesus na cruz.

Um cansaço pode abater o filho de Deus diante das


duras provas a que pode ser submetido. É para estes que
o escreve. Alguns comentaristas afirmam que o autor
tinha em mente a figura de um treinado esportivo
(KISTEMAKER). Embora eu esteja longe do
conhecimento histórico e científico de tais
comentaristas, arrisco-me a dizer que não era isso que o
autor tinha em mente. Primeiro porque esporte coletivos
não eram muito comuns, e nos jogos da época não
existiam. Segundo porque autor devia estar em meio a
um contexto de perseguição ou do início dela, logo era
uma guerra que ele tinha em mente.

E ele começa exatamente descrevendo o desgaste da


batalha. Mãos cansadas é sinal de escudos e espadas
sendo carregadas por quilômetros gerando muitas vezes

233
dores fortes nas articulações do braço. Em contra
partida, a caminhada longa, com o peso das armas e da
armadura, fazia com que os joelhos e toda perna ficasse
muito cansada.

A luta contra o desânimo precisa ser feita de forma


coletiva, e nada melhor que uma batalha ou guerra,
principalmente naquela época, para transmitir isso. O
verso 13 aponta para caminhos que eram preparados
pelos que estavam um pouco melhor fisicamente para
que aqueles que estavam cambaleantes pudessem
caminhar sem tropeçar.

Este caminho preparado de forma cuidadosa e com


olhar na coletividade deve ser feito de modo tranquilo,
visando sempre a paz no seio da igreja de Cristo (v. 14).
Esta paz é a prova da santificação, que por sua vez é a
prova da transformação que outrora fora operada por
Cristo. A união dos verdadeiros crentes nesse ponto é
fundamental, e este é o papel da santificação.

Muitos desanimam no meio do caminho por causa de


seus sofrimentos. Outros não conseguem conceber a
ideia da dor por causa da disciplina e da educação
espiritual. O autor nos mostra que para que o desanimo
234
não ocorra são necessárias algumas decisões
importantes, que passaremos a delinear a seguir.

1. Decida por se levantar (v. 12)


Portanto, tornai a levantar as mãos
cansadas e os joelhos desconjuntados

A expressão “Portanto” ou “Por isso” revela que


devemos suportar a disciplina de Deus e saber que ela é
sempre proveitosa. Não podemos deixar com que a
fadiga da nossa luta nos mantenha agachados. Decida
por se levantar mostrando o Deus que você crê.

O texto é a transcrição do que diz Isaias 35:3. Lá o


profeta está alertando contra o pecado do povo de Deus,
sobre o castigo que virá e sobre o conforto que vem
daqueles que confiam nele.

O autor está olhando o comandante de um exército


que vê seus subordinados reclamando e com vontade de
desistir. É o apelo para ir mais um pouco para que possa
adquirir força e vigor. De continuar a jornada, sem
desistir. Assim como um treinador esportivo, que

235
incentiva seus subordinados a darem um pouco mais de
si.

Esta é uma resolução importante para o verdadeiro


cristão. O autor de Apocalipse afirma que aquele que
persevera até fim receberá a coroa da vida (Ap 2:10). Ao
decidir se levantar o cristão dá testemunho de vida e
mostra que tem certeza da presença de cristo em sua
vida.

2. Decida caminhar com retidão (v. 13, 14)


13. e fazei veredas direitas para os vossos
pés, para que o que manqueja se não desvie
inteiramente; antes, seja sarado.
14. Segui a paz com todos e a santificação,
sem a qual ninguém verá o Senhor,

Após levantar, o cristão precisa caminhar com retidão.


Este caminho deve ser feito mesmo à custa de muito
sacrifício, pois o maior de todos já foi feito na cruz. Ao
tomar essa decisão o cristão está auxiliando aquele que
ainda manca. Muitos continuam mancos em seu
cristianismo e não tomam uma verdadeira decisão
236
porque o testemunho daqueles que estão de pé ainda não
os convenceu.

Muitos desistem de caminhar com retidão por causa


do cansaço. O cansaço faz com que o atleta cambaleie,
mas o cristão, mesmo cansado deve decidir pela retidão.
Mesmo cansado de ser chamado de bobo, deve
continuar procurando viver corretamente.

Para o autor os caminhos retos envolvem seguir dois


aspectos básicos:

a)Seguir a paz
Aqui o autor mostra mais um paralelo com um escrito
paulino. Parece lembrar Rm 12:18, porém vale ressaltar
que a paz com todos Paulo deixa claro que ocorrerá se
for possível. Esta possibilidade anda junto com a retidão
ou com aquilo que é certo.

Seguir é uma tradução de um verbo que compreende


um afã pela perseguição (Donald Guthrie).

b)Seguir a santificação
O segundo aspecto que deve ser perseguido é a
santificação. Esta abarca um sentido puramente
237
espiritual. Ver a Deus é o resultado direto da
santificação. Esta por sua vez é um resultado da
transformação que Deus faz em nosso coração.

3. Decida em receber a graça (v. 15)


15. tendo cuidado de que ninguém se prive
da graça de Deus, e de que nenhuma raiz de
amargura, brotando, vos perturbe, e por ela
muitos se contaminem.

A melhor tradução seria: “atentando, diligentemente,


para que ninguém seja faltoso, separando-se da graça
de Deus”. A falta ou a privação que aqui o autor se
refere tem a ver com o assunto relacionado com Hb
10:25. Quando deixamos de frequentar a congregação
não admoestamos nem somos admoestados, somos
privados da graça.

Aceitar a graça compreende entender que temos algo


melhor fora deste mundo. É saber que Deus nos
reservou pela sua soberania moradas fantásticas que de
longe são melhores a tudo que podemos ter aqui.

238
Muitos que se dizem cristãos vivem nos dias de hoje
sem aceitar a graça. Não conseguem compreender a
maravilha da eternidade que está reservada para eles.
Vivem o cristianismo superficial, cheio de coisas que
lembram um amor ao mundo enorme.

4. Decida tirar toda amargura do coração (v. 15)


15. tendo cuidado de que ninguém se prive
da graça de Deus, e de que nenhuma raiz de
amargura, brotando, vos perturbe, e por ela
muitos se contaminem.

O autor usa a expressão raiz de amargura. A palavra


de Deus nos orienta a produzir frutos dignos do
arrependimento (Mt 3:8 e Lc 3:8) e vivermos dentro do
fruto do Espírito (Gl 5:22). Nenhuma planta pode
produzir frutos bons se sua raiz não estiver bem
alimentada. Se permitirmos que a raiz da amargura brote
em nossos corações não produziremos estes frutos. Por
melhor que seja a planta se ela tiver uma raiz incapaz de
alimentá-la tende a morrer.

239
Quantos vivem em nossas igrejas com seus corações
amargurados. Quantos não conseguem aprender a
perdoar e a amar ao seu irmão e vivem com seus
corações cheios de amargura.

Meu amado ou amada, decida hoje não mais carregar


amargura em seu coração. Decida hoje a viver de forma
a tirar do seu coração qualquer rancor que possa existir
em seu coração.

5. Decida pelos valores eternos e não pelos terrenos (v. 16,


17)
16. E ninguém seja fornicador ou profano,
como Esaú, que, por um manjar, vendeu o
seu direito de primogenitura.
17. Porque bem sabeis que, querendo ele
ainda depois herdar a bênção, foi rejeitado,
porque não achou lugar de arrependimento,
ainda que, com lágrimas, o buscou.

Esaú é um exemplo de alguém que prefere os valores


terrenos. Ele buscava agradar ao seu pai para conseguir
seus favores. Jacó, apesar de ter errado por causa disto,

240
queria a bênção de Deus. Ele visava estar mais próximo
de Deus.

Muitos são membros de igreja, mas sua visão se limita


a um prato de lentilhas. Não conseguem enxergar além
do que esta vida pode oferecer. É por isso que muitos
começam a frequentar igreja, dizem até que se
converteram, mas estavam buscando apenas seu prato de
lentilhas. São as lentilhas do emprego, da saúde, da vida
emocional. Poucos são os que buscam esperar uma vida
eterna ou por um lugar ainda melhor do que este.

241
ACHEGANDO-SE A DEUS
Hb 12:18-29

18. Porque não chegastes ao monte palpável, aceso em


fogo, e à escuridão, e às trevas, e à tempestade,
19. e ao sonido da trombeta, e à voz das palavras, a
qual, os que a ouviram pediram que se lhes não falasse
mais;
20. porque não podiam suportar o que se lhes mandava:
Se até um animal tocar o monte, será apedrejado.
21. E tão terrível era a visão, que Moisés disse: Estou
todo assombrado e tremendo.
22. Mas chegastes ao monte Sião, e à cidade do Deus
vivo, à Jerusalém celestial, e aos muitos milhares de
anjos,
23. à universal assembleia e igreja dos primogênitos,
que estão inscritos nos céus, e a Deus, o Juiz de todos, e
aos espíritos dos justos aperfeiçoados;
24. e a Jesus, o Mediador de uma nova aliança, e ao
sangue da aspersão, que fala melhor do que o de Abel.
25. Vede que não rejeiteis ao que fala; porque, se não
escaparam aqueles que rejeitaram o que na terra os
advertia, muito menos nós, se nos desviarmos daquele
que é dos céus,
26. a voz do qual moveu, então, a terra, mas, agora,
anunciou, dizendo: Ainda uma vez comoverei, não só a
terra, senão também o céu.
242
27. E esta palavra: Ainda uma vez, mostra a mudança
das coisas móveis, como coisas feitas, para que as
imóveis permaneçam.
28. Pelo que, tendo recebido um Reino que não pode ser
abalado, retenhamos a graça, pela qual sirvamos a
Deus agradavelmente com reverência e piedade;
29. porque o nosso Deus é um fogo consumidor.

O autor passa a narrar fatos que ocorreram em Êx 19 e


20, quando Moisés recebera de Deus a lei dos dez
mandamentos. Moisés descera do monte com as tábuas
da lei e proferiu em alta voz as leis básicas do Senhor.
Após isto houve grandes relâmpagos e manifestações
insólitas diante do povo de Deus. Temor tomou conta do
povo que pediu para que Moisés não deixasse o próprio
Deus falar com eles diretamente.

O autor descreve que o que seus leitores têm garantido


é algo muito melhor e maior do que o que Moisés e o
povo viram. Mas é algo que está atrelado ao sacrifício
feito por Cristo na cruz, que muito maior do que
qualquer coisa que Moisés por acaso tenha feito.

243
O autor mostra para eles agora o valor das coisas
eternas, conforme deixara no parágrafo anterior. Este
fato mostra que devemos aprender como nos aproximar
de Deus. Como alcançar a santificação que nos permite
ver a Deus conforme o verso 14 nos mostra. Sendo
assim aprendemos:

1. Devemos saber que somos pecadores e ele é puro (v. 18-


20)
18. Porque não chegastes ao monte
palpável, aceso em fogo, e à escuridão, e às
trevas, e à tempestade,
19. e ao sonido da trombeta, e à voz das
palavras, a qual, os que a ouviram pediram
que se lhes não falasse mais;
20. porque não podiam suportar o que se
lhes mandava: Se até um animal tocar o
monte, será apedrejado.

A pureza de Deus é tão grande que até um animal não


conseguia se aproximar dele. O povo tremeu ao sentir
que estava impuro para estar diante de Deus. Esta foi a
sensação de Isaias quando de sua chamada (Is 6). Ele era

244
um homem santo, dedicado a obra de Deus, mas quando
se viu diante de tamanha responsabilidade tremeu.

Hoje tem muita gente brincando com Deus. Tem


muitos grupos que se aproximam de Deus sem um
mínimo de reverência. A reverência aqui não está
atrelada a estilo musical, forma de culto ou coisa
parecida. Mas está amarrada diretamente à nossa
santidade.

Precisamos reconhecer que para nos aproximar de


Deus precisamos de nos purificar. Que não é de
qualquer maneira que nos achegamos ao Pai das luzes.
Mas esta purificação só pode ser feita através de Cristo.
Não somos capazes por nós mesmos de fazermos isso.
Nossas obras são insuficientes. O pecado nos impede de
achegarmos a Deus, e o primeiro passo para
começarmos a nos achegar é reconhecer nossa situação
diante de Deus. Será que você consegue entender isso?

Para nos aproximar de Deus...

245
2. Necessitamos desejar o céu (v. 22-23)
22. Mas chegastes ao monte Sião, e à cidade
do Deus vivo, à Jerusalém celestial, e aos
muitos milhares de anjos,
23. à universal assembleia e igreja dos
primogênitos, que estão inscritos nos céus, e
a Deus, o Juiz de todos, e aos espíritos dos
justos aperfeiçoados;

Autor está narrando que o que nos espera é muito


maior e mais maravilhoso do que todo movimento
fantástico em torno do monte do Senhor quando Moisés
desceu com as tábuas da lei.

O monte Sião aqui aponta para nossa eternidade.


Aponta para nossa eterna presença diante do trono de
Deus. No monte Sinai a lei foi dada. Uma lei que o
homem não consegue cumprir. No monte Sião, a lei é
cumprida através de Cristo, e assim temos um livre
acesso a Deus.

A igreja reunida no monte Sião é a assembleia dos


justos. Daqueles que foram tornados justos mediante a
obra de Cristo na cruz do Calvário. Todas as traduções
apontam para algo maravilhoso nas Escrituras. Somos
justificados. São os “justos aperfeiçoados”, conforme
246
ARC, ou ainda “justos agora perfeitos”, conforme a
KJA, ainda “espíritos aperfeiçoadas”, conforme NTLH.
Esta é a obra da justificação, realizada na cruz por
Cristo, e que nos trouxe paz eterna.

Paulo afirma que se esperamos em Cristo somente


para esta vida somos os mais miseráveis de todos os
homens. Nossa aproximação de Deus deve ser para vida
eterna. Este foco é central no livro de Hebreus e em toda
Bíblia. O próprio Jesus afirmou que aquele que nele crê
tem a vida eterna (Jo 3:15, 16). No livro de João por
pelo menos 15 vezes a vida eterna é tocada por Jesus.
Em todo Novo Testamento 84 vezes se fala de
eternidade sendo 79 sobre a vida eterna dos santos e as
demais sobre a perdição dos ímpios. O tema central da
Bíblia não são os milagres de Jesus. Não são as
manifestações sobrenaturais, nem o falar de línguas. Em
toda Bíblia, e principalmente no NT o foco é a vida
eterna.

João é o livro que mais aponta para a vida eterna. A


expressão “zoe” em João tem um significa básico de
vida eterna e abundante. Quando João quer falar de vida
física ele usa a expressão “psuche” (Jo 10:11 fala que o

247
pastor da a vida [psuche] pelas suas ovelhas). Jesus
quando morre na cruz entrega sua vida (psuche – Jo
10:17).

João 12:25 é esclarecedor nesse ponto. Jesus afirma


que quem ama a sua vida (psuche), perde-a, mas quem
abre mão dela vai preservá-la para a vida eterna (zoe
aionios). Ou seja, a eternidade nos dará de volta a
psuche cheia e completa, isto é, zoe.

Amado ou amada, será que você consciência disso?


Será que você entende que temos algo melhor reservado
para nós através do sangue de Cristo que nos justifica/
Será que você consegue entender que algo maior nos
espera?

Mas para isto precisamos saber outro o meio de


achegarmos a Deus.

Para nos aproximar de Deus devemos...

3. Saber que o único meio é Jesus Cristo (21-24)


22. Mas chegastes ao monte Sião, e à cidade
do Deus vivo, à Jerusalém celestial, e aos
muitos milhares de anjos,

248
23. à universal assembleia e igreja dos
primogênitos, que estão inscritos nos céus, e
a Deus, o Juiz de todos, e aos espíritos dos
justos aperfeiçoados;
24. e a Jesus, o Mediador de uma nova
aliança, e ao sangue da aspersão, que fala
melhor do que o de Abel.

O texto fala que até Moisés ficou assombrado. A


presença da santidade de Deus assombra nossos
corações. Deus é tremendo em santidade, e a única
maneira de nos aproximarmos dele é confiarmos na obra
do sangue de Deus. É sabermos que aquele sangue
derramado na Cruz foi suficiente e puro para nos
purificar e justificar diante do pai.

O povo em Êxodo tremia, pois não conseguia se


aproximar de Deus. O homem está destituído da glória
de Deus (Rm 3:23) e esta é extremamente forte para
nossos olhos manchados pelo pecado. Mas através de
Cristo, como nosso único mediador, estamos limpos,
somos purificados. Somos santificados. Somos
justificados. Os trovões da glória de Deus não nos
assustam mais, estamos em paz com Deus, por Nosso
Senhor e Salvador Jesus Cristo (Rm 5:1).

249
Não existe medianeira. Não existem mediadores. Não
há outros meios. Não há sacrifícios que façamos. Nada
pode nos aproximar de Deus, a não ser seu próprio filho
– Jesus Cristo.

O que aqueles judeus, leitores da carta, estavam


querendo era voltar aos sacrifícios e práticas da lei para
conseguirem sua salvação. Para se verem livres da
perseguição que assolava ou iria assolar.

Talvez você tenha algo semelhante em mente. Talvez


você acredite que precisa fazer mais alguma coisa para
conseguir a salvação ou a justificação diante de Deus.
Talvez você tenha dificuldade de descansar na obra de
Cristo, pois acha que precisa fazer mais alguma coisa
para garantir sua salvação. Ledo engano. Toda obra de
Cristo foi consumada na cruz. Quando Cristo morreu ele
afirmou: “Está consumado”. No grego esta expressão
corresponde a uma só palavra: “tetelestai”. Esta palavra
é o teleo na 3ª pessoa do tempo perfeito, na voz passiva,
modo indicativo. Isso significa que nada mais precisa se
feito. O dicionário grego de Strong afirma ao explicar
esta palavra:

250
Cristo satisfez a justiça de Deus pela morte
por todos para pagar pelos pecados do
eleito. Estes pecados nunca poderão ser
punidos outra vez já que isto violaria a
justiça de Deus. Os pecados podem ser
punidos apenas uma vez, seja por um
substituto ou por você mesmo.

Jesus é este substituto. Ele é o nosso vigário. Nosso


bode expiatório. Nele toda justiça de Deus foi cumprida.

Mas ainda precisamos para nos aproximarmos de


Deus...

4. Não rejeitar sua Palavra (25ss)


No texto de Êxodo Moisés foi quem falou. Nos
últimos 2000 anos muitos tem procurado proclamar as
verdades eternas. Hoje você está ouvindo mais uma vez
a proclamação destas verdades.

O autor aos hebreus por três vezes alertou aos seus


leitores que quando ouvissem a voz de Deus não
endurecessem os seus corações (Hb 3:8, 15; 4:7). Agora
ele repete o mesmo argumento com outras Palavras.

251
Deus não terá como inocente ninguém neste mundo, e
menos ainda aqueles que foram alertados pela sua
Palavra.

Paulo orienta Timóteo que nos últimos dias muitos


quererão ouvir Palavras que lhes agrade. São palavras de
comichão aos seus ouvidos. Eu não estou aqui nesta
noite para fazer comichão em seus ouvidos, estou aqui
para lhe impactar com a Palavra da Verdade. Veja que
não rejeite ao que fala.

Por fim, para nos aproximarmos de Deus


precisamos...

5. Aceitar o seu Reino sobre nós (28, 29)


O livro “Nossa Decisão por Cristo – O que
significa?” retrata muitos cristãos que assumem um
compromisso com o Senhor, mas ainda não
conseguiram assumir com o seu reino. São pessoas que
acham que são cristãs porque professam a Jesus; porque
vão a igreja regularmente, mas não têm de fato um
compromisso com o reino de Deus.

Ninguém pode se aproximar de Jesus sem querer ter


um compromisso com o reino. Este compromisso não é
252
apenas de assistir cultos, mas de servi-lo. É exatamente
isto que o autor nos fala.

Aceitar a Jesus é mais do que o levantar das mãos. É


mais do que ir para as águas batismais. É saber que
temos a partir de então um compromisso com um novo
reino. Um reino que não é deste mundo.

253
CONSELHOS PRÁTICOS PARA A VIDA CRISTÃ
Hb 13:1-7

1. Permaneça a caridade fraternal.


2. Não vos esqueçais da hospitalidade, porque, por ela,
alguns, não o sabendo, hospedaram anjos.
3. Lembrai-vos dos presos, como se estivésseis presos
com eles, e dos maltratados, como sendo-o vós mesmos
também no corpo.
4. Venerado seja entre todos o matrimônio e o leito sem
mácula; porém aos que se dão à prostituição e aos
adúlteros Deus os julgará.
5. Sejam vossos costumes sem avareza, contentando-vos
com o que tendes; porque ele disse: Não te deixarei,
nem te desampararei.
6. E, assim, com confiança, ousemos dizer: O Senhor é
o meu ajudador, e não temerei o que me possa fazer o
homem.
7. Lembrai-vos dos vossos pastores, que vos falaram a
palavra de Deus, a fé dos quais imitai, atentando para a
sua maneira de viver.

O escritor faz, assim como Paulo costuma fazer em


suas cartas, conselhos práticos para a vida cristã. Mas o
autor aos Hebreus tem uma visão voltada para dentro da
254
Igreja e não para fora como Paulo. Não são visões
antagônicas, mas são visões que se completam. O crente
deve ser crente dentro e fora da igreja. Paulo trabalha
com a ideia de que não adianta você ser firme na igreja
se não tiver uma vida diante da sociedade digna. O autor
aos hebreus trabalha com o suposto de que não vale
apena ser comportado dentro da sociedade e não viver
de forma piedosa. Guthrie lembra que as ações aqui
envolvidas abraçam três áreas: Social, matrimonial e
religiosa.

1. Permaneça o amor fraternal (v.1)


“Permaneça a caridade fraternal”

Paulo usa a expressão Philadelphia, o escritor aqui


usa a mesma expressão. Ela carrega a ideia do amor
entre pessoas de uma sociedade ou irmandade, mas
principalmente carrega a ideia de pessoas que se
tornaram da mesma família, no caso dos cristãos, por
adoção. Compreende o respeito mútuo que devemos ter
uns para com os outros, além do cuidado mútuo. A
expressão ainda sugere que não devem ser levadas em

255
consideração raça, cor, sexo ou qualquer outra diferença
de ordem étnica ou social. Somos todos iguais e
devemos nos tratar com urbanidade e respeito. Mesmo
havendo diferenças é importante que haja amor uns para
com os outros.

É uma pena que nos nossos dias os cristãos estão se


digladiando por coisas desta vida. Por posições políticas
e humanas, por este ou aquele partido ou
posicionamento político. O verdadeiro amor fraternal
deveria ser colocado acima destas coisas.

2. Exerça um cuidado especial (v. 2)


“Não vos esqueçais da hospitalidade,
porque, por ela, alguns, não o sabendo,
hospedaram anjos”

Difícil saber se o escritor se refere a anjos no sentido


de seres celestiais ou de pregadores da palavra. Creio
que a primeira opção parece ser a mais correta.

Um dos grandes problemas na época eram as longas


jornadas em viagens que as pessoas empregavam. De
um modo geral as hospedarias eram infames e cheias de
orgias. Era necessário que na igreja local os irmãos
256
tivessem sempre dispostos a ajudar outros que viajavam
pelas vias romanas. Os cristãos como forma de
tratamento e cuidado. E os não cristãos como forma de
testemunho e evangelização.

Hoje precisamos saber receber bem as pessoas. Não


podemos viver no mundo ensimesmados, indiferentes a
tudo que nos cerca. A hospitalidade hoje pode ser
medida pela forma como nos tratamos. Através de uma
simpatia que deve ser inerente ao cristão genuíno.
Através de uma preocupação mútua de conforto e bem
estar do nosso irmão em Cristo e até mesmo daqueles
que não são.

3. Lembrem-se dos que sofrem pela fé (v. 3)


“Lembrai-vos dos presos, como se
estivésseis presos com eles, e dos
maltratados, como sendo-o vós mesmos
também no corpo”

O escritor aqui está pensando nos irmãos presos por


amor do evangelho. Não dá para pensar em termos
genéricos quando se lê toda carta. É importante aqui

257
observar o contexto mais amplo antes de pensar
qualquer coisa.

Este conselho leva em consideração que naquela


época muitos estavam encarcerados por causa de sua fé.
Vivemos dias onde muitos cristãos sofrem pela sua fé
em muitos países pelo mundo. Devemos nos lembrar de
orar por eles. O portal Portas Abertas tem uma
classificação dos países que mais perseguem cristãos.
Não fique alheio aos que sofrem. Você hoje tem
liberdade de ir e vir. Você falar de Jesus, mas muitos
não têm esse direito. Ainda existem hoje, muitos cristãos
que sofrem por causa de sua fé. Lembre-se de que nos
últimos dias todos sofreremos. O autor pede um
sentimento altruísta. Ou seja, como se o sofrimento
fosse nosso.

4. Honrem o matrimônio (v. 4)


“Venerado seja entre todos o matrimônio e
o leito sem mácula; porém aos que se dão à
prostituição e aos adúlteros Deus os
julgará”

258
O escritor sacro faz uma mudança radical nos seus
conselhos. Ele agora entra no reduto do lar cristão. Era
uma época onde eram comuns as traições, tanto de
homens, como de mulheres. Os primeiros que saiam em
longas viagens e não suportavam a falta de sexo e se
prostituíam. Elas da mesma forma buscavam saciar suas
carências afetivas pela ausência do companheiro. Eram
manchas nos leitos que deveriam ser santos.

O adultério não pode ser considerado comum. Mesmo


sendo uma época machista como a do século I, Deus não
aceitava e não aceita este tipo de comportamento. O
cristão não pode achar normal estas coisas. Somos
diferentes. E acima de tudo somos transformados por
Deus que julga todo pecado.

5. Confie na providência de Deus (v. 5, 6)


5. Sejam vossos costumes sem avareza,
contentando-vos com o que tendes; porque
ele disse: Não te deixarei, nem te
desampararei.
6. E, assim, com confiança, ousemos dizer:
O Senhor é o meu ajudador, e não temerei o
que me possa fazer o homem.
259
A avareza compreende um amor descontrolado pelo
dinheiro ou por acumular riquezas. A expressão usada
pelo escritor denota que não podemos ter este
sentimento. O cristão não deve colocar o trabalho acima
de todas as coisas. É interessante notar que este conselho
segue aquele para evitar o adultério. Muitos
comerciantes, com a desculpa de ter que sustentar a
família, passavam meses longe de casa para ajuntar
dinheiro. Não deixa de ser uma forma de avareza.
Ninguém deve viver para trabalhar, antes devemos
trabalhar para viver. O sábio Salomão nos ensina que há
tempo para todas as coisas debaixo do sol (Ec 3). Mas a
pior consequência dos que se comportam desta forma é
que mostram falta de confiança em Deus. Jesus nos
ensina que devemos olhar para os lírios dos campos e
para os pássaros. O viver destes demonstra que
confiavam na providência do criador.

6. Ore e imite o seu guia espiritual (v. 7)


Lembrai-vos dos vossos pastores, que vos
falaram a palavra de Deus, a fé dos quais

260
imitai, atentando para a sua maneira de
viver.

Esta parte é a mais difícil para eu falar, não sei se


tenho vida suficiente para ser imitado ou seguido. Mas
de qualquer forma não é um pedido ou um favor que o
autor está fazendo, é uma determinação. Claro que
devemos seguir nossos guias desde que tenhamos
certeza de que ele segue a Jesus. Paulo pede para os
coríntios serem seus imitadores como ele era de Cristo.

O texto originalmente refere-se aos líderes que já


morreram e pregaram realmente a Palavra. O autor usa
o tempo passado para lembrar e guiar, logo parece que
aponta para líderes que já passaram. Talvez numa alusão
ao fato de que naquele momento os líderes atuais
estavam sendo vencidos pelos judaizantes.

261
O CAMINHO PARA A PIEDADE
Hb 13:8-17

8. Jesus Cristo é o mesmo ontem, e hoje, e eternamente.


9. Não vos deixeis levar em redor por doutrinas várias e
estranhas, porque bom é que o coração se fortifique
com graça e não com manjares, que de nada
aproveitaram aos que a eles se entregaram.
10. Temos um altar de que não têm direito de comer os
que servem ao tabernáculo.
11. Porque os corpos dos animais cujo sangue é, pelo
pecado, trazido pelo sumo sacerdote para o Santuário,
são queimados fora do arraial.
12. E, por isso, também Jesus, para santificar o povo
pelo seu próprio sangue, padeceu fora da porta.
13. Saiamos, pois, a ele fora do arraial, levando o seu
vitupério.
14. Porque não temos aqui cidade permanente, mas
buscamos a futura.
15. Portanto, ofereçamos sempre, por ele, a Deus
sacrifício de louvor, isto é, o fruto dos lábios que
confessam o seu nome.
16. E não vos esqueçais da beneficência e comunicação,
porque, com tais sacrifícios, Deus se agrada.
17. Obedecei a vossos pastores e sujeitai-vos a eles;
porque velam por vossa alma, como aqueles que hão de

262
dar conta delas; para que o façam com alegria e não
gemendo, porque isso não vos seria útil.

A carta aos hebreus está terminando. O autor inicia o


capítulo final dando conselhos práticos para os crentes
hebreus. Sua grande preocupação é que seus leitores
exerçam o amor fraternal que devia ser refletido em
diversas áreas de suas vidas tais como: cuidado mútuo,
oração e empatia para com os presos pelo evangelho,
honra para com o casamento, confiança na providência
divina e oração e imitação dos guias espirituais.

O autor vai encerrar mostrando que realmente


conhecia a Escritura hebraica profundamente. Ele vai
falar dos sacrifícios que eram apresentados, cujo efeito
propiciatório não era obtido dentro do tabernáculo ou do
arraial, mas fora dele. Ali o corpo dos animais eram
todos queimados (Lv 4:5-12; Lv 6:30). O autor está
mostrando que Jesus foi queimado fora de Jerusalém (o
acampamento) para que se cumprisse este simbolismo.

Alguns acreditam o acampamento aqui representa o


judaísmo, e se aqueles judeus quiserem realmente
abraçar a nova fé deveriam sair do acampamento. Creio
que mais do que isso, o que o autor está chamando é
263
para que seus leitores se identifiquem com o sofrimento
de Cristo que, assim como as partes queimadas fora do
arraial aparentemente não tinham valor algum, assim
também é a morte de Cristo. Mas o que realmente
importa é que o cordeiro foi morto e seu corpo
queimado.

A afronta que o autor se refere é o fato dos judeus não


terem aceito o sacrifício de Cristo e a morte dele ter sido
como uma morte qualquer, sem valor.

O que autor está apontando é a vida de piedade que os


seus leitores precisavam ter a partir de então. A
expressão piedade tem a ver com as práticas de uma
vida religiosa. Este foi um dos pontos expostos pela
epístola aos hebreus. O autor enfatizou muito a pessoa
de Cristo, mas mostrou como poucos no Novo
Testamento a necessidade da reunião do povo de Deus.
Chegou a afirmar que é uma forma de admoestação para
aguardar a volta de Cristo (Hb 10:25).

Agora ele passa a mostrar algo sublime para o povo de


Deus. O caminho para a piedade, ou seja, para uma vida
religiosa dentro da vontade de Deus.

264
1. Confiar na imutabilidade de Cristo (8)
8. Jesus Cristo é o mesmo ontem, e hoje, e
eternamente.

Deixamos o último sermão com a lembrança de


líderes que partiram para presença de Deus. Sua fé era
baseada na imutabilidade de Cristo. Este atributo divino
deve nos fazer pensar com profundidade sobre o sentido
de nossa fé. Jesus não mudou independente das
circunstâncias que o cercavam.

O autor está afirmando que desde a antiguidade Jesus


é o mesmo. O seu caráter não muda. Sua personalidade
não muda. E, principalmente, suas promessas não
mudam.

A imutabilidade é o atributo através do qual não


encontramos nenhuma variação na pessoa de Cristo. A
imutabilidade de Cristo envolve alguns aspectos básicos:

a)Ele não muda por ser perfeito – Uma mudança


envolve mudar para melhor ou pior, como Cristo é
perfeito em tudo ele não tem o que mudar;
265
b)Ele não muda por ser Deus – Deus é imutável,
Jesus é Deus, logo, também é imutável.
c) Ele é imutável em sua natureza.

Este atributo deveria nos dar tranquilidade diante das


promessas de Deus, como, por exemplo, de que não
perderia uma ovelha se quer das que seu pai lhe deu.

2. Firmeza doutrinária (v. 9)


9. Não vos deixeis levar em redor por
doutrinas várias e estranhas, porque bom é
que o coração se fortifique com graça e não
com manjares, que de nada aproveitaram
aos que a eles se entregaram.

O autor estabelece que não podemos nos deixar


envolver por doutrinas estranhas e variadas. Ele usa uma
expressão que denota alguns pontos:

a)O cristianismo é simples


Muitos trazem várias doutrinas para o cristianismo,
mas Deus estabeleceu coisas simples que precisam ser

266
observadas. Normalmente as falsas doutrinas trazem
situações complicadas e difíceis de serem vividas. Por
exemplo: proibir a mulher de andar de bicicleta com
base em textos fora de contexto.

b)As falsas doutrinas são atraentes


A expressão para “estranhas” estabelece a ideia de
alguém que recebe e distrai outro simpaticamente. Elas
vêm em um formato agradável e simpático. Nos dias de
hoje elas vêm no formato de amor, inclusão, ou coisa
parecida.

Nossa firmeza deve ser de tal forma que não


compliquemos o cristianismo e ao mesmo tempo não
nos deixemos levar por ventos de doutrinas.

3. Fortalecer o coração com a graça (v. 9)


9. Não vos deixeis levar em redor por
doutrinas várias e estranhas, porque bom é
que o coração se fortifique com graça e não
com manjares, que de nada aproveitaram
aos que a eles se entregaram.
267
A simplicidade do cristianismo está na graça. O autor
afirma em outras palavras que ao invés de nos
deixarmos envolver com falsas doutrinas, por mais
atraentes que sejam, precisamos nos deixar envolver
pela simplicidade da graça.

O escritor está delineando sobre questões tolas que


envolviam principalmente os judaizantes, como, por
exemplo, a comida. Havia no meio judaico-cristão muita
discussão acerca de poder comer certas coisas ou não.
Paulo já havia deixado isto claro, principalmente em
Romanos 14, mas parece que muitos ainda tinham
dúvida com relação a isto. E lamentavelmente parece
que hoje esta dúvida permanece.

Fortalecer o coração com coisas materiais, não nos


conduz para os parâmetros eternos que Deus
estabeleceu.

4. Reconhecer o valor da obra de Cristo (v. 10-12)


10. Temos um altar de que não têm direito
de comer os que servem ao tabernáculo.
268
11. Porque os corpos dos animais cujo
sangue é, pelo pecado, trazido pelo sumo
sacerdote para o Santuário, são queimados
fora do arraial.
12. E, por isso, também Jesus, para
santificar o povo pelo seu próprio sangue,
padeceu fora da porta.

Os judeus tinham dificuldade de entender que Jesus


precisava padecer. Eles ficavam presos a seus ritos e não
viam a simplicidade da graça de Deus. Hoje estamos
caminhando para o mesmo destino. Muitos grupos se
formam com base em coisas que estão longe de
reconhecer toda a obra de Cristo.

Cito como exemplo a doutrina da maldição de família.


Este dogma, criado no século passado, retrata muito bem
a falta de entendimento sobre a obra de Cristo. Primeiro
porque não compreende que a maldição do homem vem
do próprio Deus por causa do pecado. E segundo porque
não consegue ver a suficiência da obra de Cristo.

Os hebreus precisavam entender que tudo que ocorreu


no Antigo Testamento foi cumprido em Cristo, até
mesmo os seus ritos mais profundos, como por exemplo,
o sacrifício da expiação, onde os corpos dos animais não
269
eram comidos no santuário, antes eram tirados para fora
do arraial para serem queimados. Assim também Jesus
foi crucificado fora dos muros de Jerusalém.

A obra de Cristo foi e é completa, mais nada precisa


ser feito. Toda maldição foi quebrada. Toda influência
maligna foi retirada. Toda culpa nos foi perdoada.

Perdoado. Fui perdoado.


Deus olhou-me em compaixão.
E entrou o no meu coração.
Deu-me eterna salvação.

Jesus chamou-me pra ser filho seu.


Mas simplesmente recusei.
Mas quando insistiu com terno amor.
Na cruz minha alma comprou.
Na cruz comprou.

Perdoado...
Fui perdoado pelo amor.

5. Ciência de que temos algo maior para nós (v. 14)


14. Porque não temos aqui cidade
permanente, mas buscamos a futura.
270
O autor volta a focar a eternidade. O verdadeiro
cristão tem segurança quanto a eternidade. Ele sabe que
seu depósito está garantido (II Tm 2:12). Ele sabe que
Deus não o condenará, pois ele está em Cristo (Rm 8:1).

O verdadeiro cristão deve estar preparado para passar


pela vergonha, pois sua glória final está garantida.

O autor usa uma expressão que é traduzida como


busca, mas a melhor tradução considerando o contexto
seria anelar ou desejar.

Muitos hoje vivem desejando tudo no cristianismo,


menos a eternidade. O foco do cristianismo hoje são
bênçãos materiais. São condições temporárias de graça.
Deus quer que almejemos o céu. Você deseja o céu?

6. Louvor contínuo a Deus (v. 15)


15. Portanto, ofereçamos sempre, por ele, a
Deus sacrifício de louvor, isto é, o fruto dos
lábios que confessam o seu nome.

271
Um louvor contínuo a Deus envolve uma vida
colocada integralmente no altar do Senhor. É uma vida
que sabe que o culto precisa ser uma entrega racional e
completa (Rm 12:1-3).

Hoje vivemos dias de cultos antropocêntricos, ou seja,


o homem é colocado em primeiro plano, e Deus mal
ocupa o segundo lugar. Os cânticos e os hinos são
voltados para o homem. As letras visam levantar a
moral, mas pouco têm de adoração sinceras. Vamos a
igreja para nos sentirmos bem, e não para agradarmos a
Deus com nosso louvor sincero e franco.

7. Obediência aos que labutam na Palavra (v. 17)


17. Obedecei a vossos pastores e sujeitai-
vos a eles; porque velam por vossa alma,
como aqueles que hão de dar

Ao contrário da primeira citação sobre os guias onde o


autor referia-se principalmente aos que já morreram
agora ele fala para a prática da obediência àqueles que
labutam na Palavra.

272
Diante de tanto legalismo que cercava os judeus
convertidos ao cristianismo, o autor mostra que os
pastores dos seus destinatários eram homens de
confiança. A expressão guias (traduzidas em alguns
casos pastores) denota alguém que mostra o caminho. É
alguém que conduz o povo. Velar traduz a ideia de estar
atento. O autor está se referindo a atenção contra
doutrinas falsas.

Se você segue um pastor que crê que a Bíblia é a


Palavra de Deus, que crê na morte vicária de Cristo, que
crê a interpretação da Bíblia não deve ser moldada pela
sociedade que nos cerca, e que, acima de tudo, aponte
sempre para a santidade nesta vida e a eternidade da
próxima, siga este pastor.

273
APERFEIÇOADOS POR DEUS
Hb 13:18-25

18. Orai por nós, porque confiamos que temos boa


consciência, como aqueles que em tudo querem portar-
se honestamente.
19. E rogo-vos, com instância, que assim o façais para
que eu mais depressa vos seja restituído.
20. Ora, o Deus de paz, que pelo sangue do concerto
eterno tornou a trazer dos mortos a nosso Senhor Jesus
Cristo, grande Pastor das ovelhas,
21. vos aperfeiçoe em toda a boa obra, para fazerdes a
sua vontade, operando em vós o que perante ele é
agradável por Cristo Jesus, ao qual seja glória para
todo o sempre. Amém!
22. Rogo-vos, porém, irmãos, que suporteis a palavra
desta exortação; porque abreviadamente vos escrevi.
23. Sabei que já está solto o irmão Timóteo, com o qual
(se vier depressa) vos verei.
24. Saudai todos os vossos chefes e todos os santos. Os
da Itália vos saúdam.
25. A graça seja com todos vós. Amém!

O autor caminha para o fim de sua carta. Pela primeira


vez ele usa a primeira pessoa. Embora no plural, isto
274
significa muito. Primeiramente mostra ligação íntima
entre o escritor e seus destinatários. Segundo demonstra
que onde quer que esteja ele não está só, alguém está
com ele. Alguns acreditam que a citação de Timóteo e a
primeira pessoa do plural são provas da autoria paulina.
Não creio que isto sirva para esta conclusão. Até porque
o tratamento dado a Timóteo foi um pouco distante.

De qualquer forma parece que o escritor estava na


companhia de Italianos. Não quer dizer que estivesse na
Itália. Nesta parte final o escritor pede aos leitores que
suportem sua “pequena exortação”. De fato
considerando a profundidade dos assuntos tratados nos
parece razoável pensar que foi uma exortação breve.

Nesta parte final aprendemos algumas realidades


fantásticas daqueles que são aperfeiçoados por Deus.

1. São pessoas que se preocupam umas com as outras (v.


18, 19)
18. Orai por nós, porque confiamos que
temos boa consciência, como aqueles que
em tudo querem portar-se honestamente.

275
19. E rogo-vos, com instância, que assim o
façais para que eu mais depressa vos seja
restituído.

O autor pede para que eles orem por ele. Seu pedido é
para que ele possa ir mais depressa até seus leitores.
Mas há uma conotação mais profunda. Primeiramente a
boa consciência do autor. A oração dos destinatários
poderia ajudar para que a vida do escritor dentro da
vontade de Deus. Em segundo lugar a oração o ajudaria
a viver de uma forma honesta. Este fato denota que ele
queria manter uma vida dentro dos padrões
estabelecidos por Deus.

Vivemos dias onde as pessoas estão distantes umas


das outras. Não há uma preocupação verdadeira, íntima
e pessoal. Até mesmo quando se ajuda alguém, parece
que há outros interesses por trás disso tudo.

A Bíblia no exorta à mutualidade. A expressão “uns


aos outros” aparece diversas vezes nas escrituras e
geralmente aponta para: amor, tratamento, acolhimento,
admoestação, consolação, perdão, sujeição, confissão,
serviço, consideração e saudação. Além dos aspectos
negativos de não julgar, não provocar e não mentir.
276
Hoje fala-se muito que ninguém tem nada a ver com
minha vida. No passado havia na igreja uma
preocupação mútua. Deus nos conclamar a nos
preocuparmos uns para com outros.

2. São pessoas que recebem a paz de Deus em sua vida (v.


20)
20. Ora, o Deus de paz, que pelo sangue do
concerto eterno tornou a trazer dos mortos a
nosso Senhor Jesus Cristo, grande Pastor
das ovelhas

O Deus de paz carrega o peso do sacrifício de Jesus.


Paulo afirma em Rm 5:1 que adquirimos a paz com
Deus através de Jesus. O autor mostra, assim como fez
em todo livro, que foi o sangue de Jesus que lhe deu a
paz.

Muitos homens buscam paz, mas é uma paz somente


externa ou consigo mesmo. Não é uma paz com aquele
que pode salvar e que quer derramar seu amor sobre nós.

A paz que Deus nos oferece excede o entendimento


humano (Fp 4:9). É uma paz que o mundo não pode nos
277
dar (Jo 14:27). É uma paz que quebra as barreiras
humanas (Ef 2:15). Gera a unidade do Espírito dentro da
igreja (Ef 4:3).

No mundo podemos ter todo tipo de tristeza, mas em


Deus temos a verdadeira paz. Cristo disse isso outras
palavras:

“Tenho-vos dito isso, para que em mim


tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas
tende bom ânimo; eu venci o mundo” (Jo
16:33)

O contexto desta fala de Jesus se inicia no capítulo 14.


Ali ele começa dizendo:

“Não se turbe o vosso coração; credes em


Deus, crede também em mim” (Jo 14:1)

Ao proferir tais palavras, Jesus está mostrando que o


ser humano carece da paz verdadeira. Ele está
oferecendo esta paz de forma completa e absoluta.

Amado ou amada, você deseja sentir a paz de Deus


em sua vida? Creia que Jesus é aquele que pode lhe dar
esta paz.

278
3. São pessoas que buscam fazer a vontade de Deus (v. 21)
21. vos aperfeiçoe em toda a boa obra, para
fazerdes a sua vontade, operando em vós o
que perante ele é agradável por Cristo
Jesus, ao qual seja glória para todo o
sempre. Amém!

Fazer a vontade de Deus envolve conhecer seu caráter


e sua obra. Envolve mergulhar no conhecimento das
Escrituras e buscar nelas a fonte de toda doutrina e
conduta de vida.

Dois aspectos caracterizam os que buscam fazer a


vontade de Deus:

a)Fazem o que agradável a Deus


Hoje queremos cultos do nosso jeito. Queremos
mensagem segundo nosso pensamento. Temos medo de
ouvir acerca das verdades eternas. Até recebo críticas
por pregar expositivamente. Muitos ainda preferem
sermões puramente evangelístico pois assim não são
atacados em seus pecados, em suas tradições ou em seus
paradigmas. Paulo afirma que melhor é agradar a Deus
do que a homens.

279
b)Fazem tudo para sua glória
Fazer a vontade de Deus é pensar que tudo é para
glória dele. Vale lembrar aqui a caminhada de Abraão
com seu filho Isaque para sacrificá-lo. Isaque inquiria
seu pai sobre o cordeiro e ele respondia: “Deus proverá
para si o cordeiro”. Tudo que devemos fazer é para o
louvor da glória de Deus.

Uma pessoa aperfeiçoada é alguém que procura fazer


a vontade de Deus.

4. São pessoas que suportam a exortação da Palavra de


Deus (v. 22)
22. Rogo-vos, porém, irmãos, que suporteis
a palavra desta exortação; porque
abreviadamente vos escrevi.

Fazer a vontade de Deus envolve conhecer esta


vontade principalmente através da Palavra. Muitas vezes
a Palavra de Deus é dura e firme para conosco.

Precisamos parar de ler somente aquilo que nos


interessa na Palavra de Deus. Precisamos abandonar o

280
péssimo costume de buscarmos textos que vão apenas
trazer enlevo psicológico e dizemos que é espiritual.

A Palavra é doce na boca, mas muitas vezes desce


amarga no ventre. Ela nos exorta a ter uma vida de
santidade, de piedade, de mutualidade, amor ao
próximo, entre muitas outras coisas.

O verdadeiro enlevo espiritual é o reconhecimento de


nossa situação de pecado diante de Deus. É saber que a
graça de Deus nos basta ainda que os montes se abalem
e caiam sobre nós.

5. São pessoas que recebem a graça de Deus em suas vidas


(v. 25)
25. A graça seja com todos vós. Amém!

O autor encerra sua carta desejando a graça de Deus


sobre seus leitores.

No sermão anterior vimos que o cristianismo é


simples e baseado unicamente na graça. Os homens
complicam com suas doutrinas, com seus dogmas
pessoais e suas filosofias.
281
A graça de Deus é suficiente para nós. Ela é suficiente
para nos salvar (Ef 2:8,9). Ela é suficiente para nos
conduzir em poder (II Co 12:9). Ela também é suficiente
para nos ensinar como devemos nos portar (Tt 2:11-13)

Hoje quero que você pare para pensar se confia


realmente nesta graça. Se de fato ela transformou a sua
vida. Se não, quero que você permita que Jesus
transforme seu coração através de sua graça.

282
BIBLIOGRAFIA
Calvino, João. 2012. Hebreus - Série Comentários
Bíblicos. São José dos Campos/SP: FIEL.
Plummer, Rob. 2017. 40 Questões para se interpretar a
Bíblia. Sâo José dos Campos/SP: FIEL.
Stuart, Gordon F. e. D. 2013. Como ler a Bíblia livro
por livro. São Paulo: Vida Nova.
William W. Klein, Craig L. B. e. R. L. H. J. 2017.
Introdução à Interpretação Bíblica. São Paulo: Vida
Melhor Editora S.A.

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