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Universidade Federal de Minas Gerais

História Moderna
Resumo: Nascimento e Afirmação da Reforma - Jean Delumeau
Tales Felipe Ferreira Isabel

Mesmo com um vitorioso avanço pela Europa central e setentrional, o Protestantismo


não encontrou o mesmo terreno fértil na França. Mas quais os fatores responsáveis por essa
derrota no território francês? Os monarcas franceses, apesar de algumas hesitações, optaram
pelo catolicismo, o que reafirmou o poder desta religião dentro do território francês. O
Parlamento de Paris utilizou de todo seu poder para rechaçar os protestantismo, que fez com
que a citada prática religiosa ficasse isolada nas regiões periféricas do reino. Ao falarmos de
hesitações às perseguições, podemos citar o reinado de Francisco I, este que não se mostrava
tão intolerante á prática da fé reformada, tendo em seu circulo intimo indivíduos inclinados ao
pensamento reformista. Entretanto, aproveitando-se do cativeiro do monarca o parlamento
endureceu as medidas contra os protestantes, estas que se enrijeceram mais ainda no reinado
de Henrique II. Em 1547 o Parlamento de Paris criou uma “câmara ardente” onde foram
expedidas em três anos mais de quinhentas sentenças contra heréticos. O Edito de
Compiengne de julho de 1557, delegou ao tribunais laicos, os julgamentos dos protestantes,
desde que estes tivesses causado escândalo público. Em 1559 foi promulgado do Edito de
Écouen ordenando a execução sumária de qualquer protestante revoltoso ou em fuga.
Uma aparente pacificação começou a se formar quando Caratarina de Medicis
promulgou em 8 de março de 1560 um edito onde anistiava aqueles “que sentem mal a fé”,
tendo inclusive mais tarde permitido o envio delegados protestantes ao Rei. Um novo edito foi
expedido, autorizando cultos públicos protestante fora das cidades, contudo, no interior destas
deveriam continuar privados. Foram autorizadas a criação de consistórios e a reunião em
sínodos, os pastores deveriam prestar juramento às autoridades locais, a fim de serem
reconhecidos.
Entretanto tais medidas pacificadores não trouxeram a paz, muito pelo contrário trouxe
a guerra. Em fevereiro de 1562 o parlamento rejeitou o edito expedido em janeiro, tendo se
iniciado um novo entrevero entre católicos e protestantes. Em 1º de março, mil e duzentos
protestantes que assistiam uma pregação pública em Vassy foram atacados, tendo setenta e
quatro deles sido mortos e cem feridos. Ante o não cumprimento do edito de janeiro, Guise,
Ana de Montmonrency e o Marechal de Saint-André, acompanhados por mil cavaleiros, se
dirigiram a Fontainebleu onde a Rainha regente e o rei se encontravam, e os trouxeram
forçosamente à Paris, ato este que mudaria a posição de Catarina ante aos protestantes,
mergulhando a França em longo período de lutas civis.
A carnificina se instaurou no reino, ambos os lados praticavam atos bárbaros em nome
de sua fé. Atos como a Noite de São Bartolomeu em 24 de agosto de 1572 exemplifica o
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tamanho da violência praticada contra os protestantes. No dia seguinte ao massacre ate dia 03
de outubro de 1572, a violência tomou conta do reino, estimando-se que tenham sido mortos
cerca de trinta mil. Os protestantes respondiam da mesma forma aos atos católicos, ao
tomarem alguma cidade ou região, destruíam tudo que se referisse à religião inimiga,
executando guarnições católicas rendidas, bem como realizavam execuções públicas de
bispos, padres e cidadãos católicos.
Após oito guerras de religião que arrasaram o pais por anos, Henrique IV em 1598,
temendo o recomeço de outra guerra civil, promulga o Edito de Nantes, este que tinha como
escopo a pacificação dos conflitos religiosos. O edito concedia a liberdade de culto aos
protestantes, contudo, restringia os locais onde podiam ser praticados. Era permitidas nestes
locais a construção de templos, cemitérios, escolas e universidades. Os pastores tinham
liberdade de residir onde desejassem, bem como de freqüentar lugares públicos como
hospitais e prisões. Os protestantes poderiam exercer qualquer função pública, devendo para
isso apenas jurar servir e ser fiel ao rei, dentre outros direitos concedido aos reformados. O
edito criou uma figura de estado dualístico, onde a fé católica e protestante conviviam.
Entretanto tal paz não foi duradoura, após o assassinato de Henrique IV por um católico,
criou-se um clima de desconfiança entre os reformados e a coroa, o que gerou varias revoltas
protestantes, esta motivadas pela maior intervenção do rei nas comunidades protestantes,
tendo tais conflitos culminado no cerco de La Rochelle, esta que terminou com a expedição
de novo edito, este que perdoava os revoltoso, bem como destruía todas as fortificações
pertencentes a eles.
A empreitada real contra o protestantismo não cessou, Luiz XIV desejava suprimir a
dualidade religiosa na França, asfixiando e suprimindo aos poucos a benesses concedidas aos
reformados pelo Edito de Nantes, este que foi revogado em 15 de outubro de 1685, sendo
ordenada a destruição de todos os templos protestantes, proibidas assembléias ou cultos, os
pastores não convertidos foram mandados ao exílio, contudo, os protestantes leigos foram
proibidos de sair do país. Não obstante estarem proibidos de “fugir” do reino cerca de
duzentos mil reformados conseguiram sair da França, ajudados pelas embaixadas de países
protestantes vizinhos. Aqueles reformados que permaneceram no reino foram negadas a
liberdade de fé.
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Referências Bibliográficas:

DELUMEAU, Jean. Nascimento e Afirmação da Reforma. São Paulo: Pioneira, 1989. p. 175-
197.

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