Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Dedicató ria
Prefá cio
Agradecimentos
Introduçã o: reflexõ es diversas do início da carreira
1. Do atendimento médico em tempos de có lera
2. Erística e medicina
3. Uma vida indigna de ser vivida?
4. Quando a medicina enlouqueceu
5. A medicina comunista
6. Distopia revisitada
7. Liberdade e consciência médica
8. Tudo é bom motivo para matar um bebezinho…
9. Um mergulho nas pró prias trevas
10. Uma ponte para o futuro direto do passado
11. Bibliografia de bioética
D ISBIOÉTICA – VOLUME 2
Novas reflexõ es sobre os rumos de uma
estranha ética
Dedicatória
À minha esposa Joana e aos meus filhos Arthur e Heitor pela
convivência e pela inspiraçã o em deixar algo de bom, belo e ú til
como legado para as pró ximas geraçõ es.
Prefácio
Nos ú ltimos anos, o autor desta obra, dr. Hélio Angotti Neto,
vem desempenhando um papel fundamental no Brasil na
denú ncia daquilo que chama apropriadamente de disbioética
. Como nã o poderia ser diferente, seu foco principal tem
[1]
Agradecimentos
Agradeço o apoio e a confiança do editor Felipe Sabino, da
Monergismo. O trabalho de traduçã o e publicaçã o que ele executa há
anos tem fornecido valiosas ferramentas culturais para mudar o
panorama degradado que se vê no Brasil, e só posso agradecer o
voto de confiança e a boa vontade em publicar na á rea da bioética,
que tanto afeta a sociedade.
Agradeço também a calorosa acolhida que tive em Illinois durante o
mês de junho de 2016, na qualidade de Global Scholar do Center for
Bioethics and Human Dignity . Tive acesso à excelente biblioteca de
Bioética da Trinity International University e estudei ao lado de
grandes bioeticistas que uniram competência e elevados ideais.
Muito do material aqui publicado foi inspirado pelas obras
publicadas e disponibilizadas durante minha visita.
Qualquer agradecimento ao filó sofo e professor Olavo de Carvalho é
aquém do merecimento. Um termô metro de seu valor e da extrema
necessidade de sua obra para o Brasil é o volume de difamaçã o que
enfrenta e de ó dio que lhe é destinado — e a ele atribuído
falsamente — pela mídia brasileira e pela intelectualidade
acadêmica da pior estirpe.
Olavo ampliou a perspectiva acadêmica brasileira com o aporte de
pensadores do passado e do presente antes bloqueados pelo
mercado editorial, sempre afeito a velhos ranços ideoló gicos. Se hoje
os brasileiros discutem Von Mises, Bernard Lonergan, Rosenstock-
Huessy, Aristó teles, Leibnitz, Má rio Ferreira dos Santos, Eric
Voegelin e Xavier Zubiri (e outros, muitos outros), eles nã o o devem
à s universidades, mas à força divulgadora e crítica do filó sofo
radicado na Virgínia.
2. Erística e medicina
A patrulha ideológica contra os nomes e os conhecimentos proibidos
5. A medicina comunista
O horror e a repressão de uma medicina que se transformou em arma
estatal
O Estado — enquanto organizaçã o que tende por natureza à pró pria
perpetuaçã o e ao aumento do seu poder e de suas funçõ es — pode
transformar-se em um perigoso elemento propenso ao
totalitarismo.
O Estado também pode instrumentalizar todas as instituiçõ es e
grupos da sociedade para o propó sito final de crescer cada vez mais,
drenando tudo e todos.
Já a medicina, que detém grande autoridade científica e social, pode
ser um eficaz instrumento de controle e manipulaçã o da sociedade,
para o bem ou para o mal. O médico tem o poder de remover alguém
do trabalho, aposentá -lo, abrir seu corpo causando um dano
controlado chamado cirurgia, declarar alguém morto e, talvez o mais
assombroso, nomear uma doença e determinar em parte o futuro do
paciente. Talvez este ú ltimo seja o mais sutil e poderoso elemento
da profissã o médica.
Quando estamos diante de uma doença claramente identificá vel,
como um carcinoma basocelular na pele do paciente, nã o há muito
que duvidar. Pode chamá -lo por outro nome, tratá -lo de diferentes
formas, mas a evoluçã o e as repercussõ es físicas sã o bem objetivas e
previsíveis. O problema começa quando estamos diante da doença
psiquiá trica. Há , obviamente, um espaço muito maior para
elementos subjetivos de comportamento que podem alterar o
prognó stico do paciente de modo radical, e é justamente aí que um
grande perigo pode surgir.
A mistura é explosiva. De um lado, um Estado ocupado por
perigosos psicopatas, [40] sedentos de poder e controle. De outro, a
medicina, capaz de gerar gigantesca influência na sociedade. Una
tudo isso a um governo do tipo revolucioná rio e totalitá rio [41] e
voilá : a má quina de moer carne humana está pronta. E qualquer um
que se oponha poderá ser denominado louco ou doente. A
racionalidade por trá s de tudo isso é cruel: “Temos a perfeiçã o
encarnada no sistema, qualquer um que avance contra nó s é louco e
perigoso”.
Nenhum regime encarnou tã o bem o ideal do totalitarismo político e
espiritual — no sentido de domínio sobre a mente das pessoas —
que o comunismo em suas diversas manifestaçõ es.
Os maiores crimes contra a vida humana podem simplesmente ser
cobertos pela desculpa de que as pessoas precisam de tratamento
psiquiá trico. Ainda hoje alguns manifestantes e oposicionistas dos
regimes de esquerda (Rú ssia, China e tantos outros) desaparecem
da sociedade quando sã o internadas em hospitais psiquiá tricos para
receber “tratamento”. É uma soluçã o muito cô moda, porque muitas
explicaçõ es seriam necessá rias se simplesmente matassem o
indivíduo, certo? [42]
Conforme o que o pró prio Nikita Khrushchev disse em 1959:
Um crime é um desvio dos padrõ es gerais reconhecidos de
comportamento, causado muitas vezes por problemas mentais. É
possível que existam doenças, problemas mentais, entre certas
pessoas da sociedade comunista? É evidente que sim. Se é assim,
logo existirã o ofensas características de pessoas com mente
anormal… Para aqueles que comecem a erigir oposiçã o ao
comunismo de tal forma, nó s podemos dizer com clareza que […]
seu estado mental nã o é normal. [43]
Nã o é surpresa o intenso trabalho de terras socialistas e comunistas
investido na pesquisa dos processos psicoló gicos e psiquiá tricos,
muitos buscando a chave de como manipular o comportamento
humano. O bom e velho Pavlov e toda uma hoste de pesquisadores
da psicologia social e da manipulaçã o nã o me deixam mentir.
Aliado ao uso da medicina psiquiá trica para fins totalitá rios, basta
misturar o desconstrucionismo literá rio e a manipulaçã o da cultura
de acordo com os ditames de Antô nio Gramsci e de toda a Escola de
Frankfurt. [44] Teremos o caminho para a escravidã o pavimentado
com perfeiçã o.
Mais uma vez voltamos ao problema da medicina que perdeu sua
identidade. Uma vez que a proteçã o da vida e da integridade do
paciente movida pelo compromisso inegociá vel com a beneficência
for trocada por qualquer outra coisa ou qualquer outra fidelidade,
está encerrada a medicina tradicional hipocrá tica e cristã .
Em vez de ser direcionada ao paciente com o objetivo concreto e
imediato da prá tica médica, o juramento médico soviético, por
exemplo, era direcionado à s abstratas humanidade e sociedade,
demonstrando o predomínio do utilitarismo social contra a
beneficência direta ao ser humano. Em lugar de apelar à lei
universal, invoca-se a moralidade comunista e a obediência ao
Estado — isso é assustador para qualquer um que tenha lido o
mínimo sobre a histó ria soviética. Sem dú vida, esse é o juramento
que todos os Estados com tendência totalitarista gostariam de impor
aos médicos. [45]
Voltando aos dias de hoje, longe no tempo e na geografia, nã o
estranho nem um pouco a insistente atençã o dada aos médicos e à
educaçã o — ou deseducaçã o — pelos governos da esquerda radical
no Brasil. O constante desmanche da autoridade médica, substituída,
é claro, pela autoridade ideoló gica radical que ocupa o vá cuo
deixado, e o trabalho de hegemonia cultural sempre presente nas
universidades e escolas, onde se encontram ideó logos
manipuladores aliados aos piores índices educacionais
internacionais, deixam bem claro a tendência entró pica de nossa
elite.
A progressiva substituiçã o do perfil médico brasileiro remete com
clareza a uma intensa medida de engenharia social. Estamos saindo
de uma classe profissional liberal bastante científica e técnica, com
padrõ es de qualidade reconhecidos internacionalmente, porém
quase destituída de formaçã o política, para uma classe subserviente
ao Estado, menos qualificada e muito mais ideologizada. Eu
considero os dois modelos errados e distantes da identidade
tradicional da medicina, que deve ansiar pela excelência em termos
científicos, técnicos e morais, incluindo a política.
Junto com a destruiçã o da identidade médica, atos frontalmente
contrá rios à vida humana — e à opiniã o majoritá ria do povo
brasileiro, diga-se de passagem — sã o instituídos todos os dias.
Prega-se o abortamento voluntá rio e a eutaná sia, por exemplo, e a
vida humana deixa de ser considerada sagrada.
Realmente sagrado deve ser o Estado — esse Leviatã insaciá vel — e
a vontade de nossa elite política esquerdista, certo?
Nã o!
Certo é o compromisso mais que milenar de nossa medicina com a
vida humana e com o ser humano concreto, de carne e osso, que
todos os dias senta à frente de seu médico e pede auxílio, socorro e
compreensã o.
Certo é defender nossa identidade moral contra os enxertos
desumanos que ideologias monstruosas tentam empurrar à força
sobre a sociedade.
A boa medicina, de raiz cultural hipocrá tica e cristã , conta com uma
escala pró pria de valores a ser defendida.
6. Distopia revisitada
O uso da bioética para utopias políticas
[1]
No volume 1 de Disbioética (Brasília: Monergismo, 2017), Angotti
explica: “ Dis , em medicina, remete a algo errado, difícil, que dó i ou
lesa o paciente. Logo, a proposta do neologismo fica bem clara:
tratarei de assuntos que rondam a bioética — ou a ética relacionada
à vida humana individual e em sociedade — e que a ferem, como
percebo no cená rio cultural e político de nossos dias” (p. 9).
[2]
O renomado bioeticista Edmund D. Pellegrino (1920-2013)
apresenta o que poderia ser chamado de um resumo da posiçã o
cristã : “O aborto é considerado uma abominaçã o, pois destró i uma
criatura criada e ‘moldada’ no ventre (Salmo 139) por um Deus
pessoal para ser amada por este Deus. Esse ser criado é digno de
respeito, pois é uma pessoa a caminho da plena atualizaçã o. O
aborto priva essa pessoa do seu destino de ser amada e amar.
Nenhum marcador bioló gico arbitrá rio ou intervalo de tempo pode
alterar o fato de que o ovo fertilizado é uma substâ ncia individual
pertencente a uma espécie de seres com uma natureza racional
criada por um Deus pessoal”. Cf. The Christian Virtues in Medical
Practice (Washington DC: Georgetown University Press, 1996), p.
147.
[3]
Como assevera R. J. Rushdoony: “A incapacidade das sociedades
médicas de condenar e barrar os abortistas deixa claro a sua
capitulaçã o moral” ( An Informed Faith — volume 2 [Vallecito, CA:
Chalcedon Foundation: 2017], p. 570). Na opiniã o de Rushdoony “à
medida que a prá tica medicinal ocidental se afastou do cristianismo,
ela se torna cada vez mais uma classe de técnicos profissionais em
vez de curadores”.
[4]
Campinas: VIDE Editorial, 2014.
[5]
Brasília: Monergismo, 2017.
[6]
O professor Olavo de Carvalho define assim tal técnica: “Técnica
filosó fica é saber rastrear um tema, um problema, uma idéia, até
suas raízes na estrutura mesma da realidade. Trata-se de pensar no
assunto até que o pensamento encontre seus limites e a pró pria
realidade comece a falar”. Cf. A filosofia e seu inverso & outros estudos
(Sã o Paulo: Vide Editorial, 2012), p. 161.
[7]
Olavo diz que para os “filó sofos profissionais” as questõ es
filosó ficas servem apenas “para alimentar a pesquisa erudita e
aquecer o debate acadêmico”. Eles decidiram “buscar antes a
segurança de uma identidade profissional do que a ordem da vida
interior, conciliando sem maiores dramas de consciência o rigor das
investigaçõ es acadêmicas com a fragmentaçã o, desarmonia e
deformidade das suas almas” ( op. cit. , p. 23). Com certeza esse é um
dos motivos da sociedade ver com desprezo o empreendimento
filosó fico, pois no cená rio universitá rio ele se resume a aparência e
papéis sociais, sem conexã o com a realidade. Nã o existe livro melhor
sobre esse problema (ou doença?) do que A filosofia e seu inverso &
outros estudos , de Olavo de Carvalho.
[8]
ENGELHARDT , H. Tristram. Fundamentos da bioética cristã ortodoxa.
Introdução geral e fundamentos (São Paulo: Edições Loyola, 2003), p.
XIX.
[9]
Diversos livros documentam isso. Uma visã o cató lica sobre o
assunto pode ser encontrada em Como a Igreja Católica construiu a
civilização ocidental , de Thomas E. Woods Jr. Um excelente livro
apresentando a visã o protestante é O livro que fez o seu mundo: como
a Bíblia criou a alma da civilização ocidental , do indiano Vishal
Mangalwadi.
[10]
Veja o excelente livreto Medicina pós-hipocrática (Brasília:
Monergismo, 2017), de Hugh J. Flemming.
[11]
Veja o seu livro Arte médica: De Hipócrates a Cristo (Brasília:
Monergismo, 2018).
[12]
Entrevista publicada originariamente no Jornal Raio-X , do Diretó rio
Acadêmico de Medicina da Universidade Federal do Espírito Santo, a convite
da gestã o discente de 2016.
[13]
Nome fictício.
[14]
Nome fictício.
[15]
SCHOPENHAUER , Arthur. Como vencer um debate sem precisar ter razão, em
38 estratagemas (Dialética Erística). Introduçã o, Notas e Comentá rios – Olavo
de Carvalho (Rio de Janeiro: Topbooks, 2003), p. 95.
[16]
ANGOTTI NETO , Hélio. Disbioética, vol. 1 (Brasília: Monergismo, 2017).
[17]
SCHOPENHAUER , op. cit. , p. 148. Lembro-me de que há situaçõ es em que
atacar uma pessoa é vá lido, mas nã o configura um apelo ad hominem , e sim,
um argumentum in contrarium . O exemplo clá ssico é a tese marxista de que a
classe proletá ria liderará a revoluçã o, sendo o pró prio líder do movimento um
líder revolucioná rio, burguês. A existência factual de Karl Marx desmente sua
tese!
[18]
A vida intelectual: seu espírito, suas condições, seus métodos (São Paulo: É
Realizações, 2010).
[19]
BRAGA , Homero. “Um momento, calouro!”, aula inaugural proferida na
solenidade de abertura dos cursos da Faculdade de Medicina do Paraná , a 1º
de março de 1947. Homero Braga foi catedrá tico de Clínica Pediá trica Médica
e Higiene Infantil da Faculdade de Medicina da Universidade do Paraná .
[20]
E, verdade seja dita, Olavo de Carvalho nã o é homofó bico, embora utilize
palavrõ es com fins muito bem determinados.
[21]
SCHOPENHAUER , op. cit. , p. 174.
[22]
Ibid. , p. 150.
[23]
Como a esdrú xula atitude da gestã o anterior do Conselho Federal de
Medicina em enviar ao Congresso Brasileiro um protocolo versã o tupiniquim
de eutaná sia infantil, como ocorre no famigerado do Protocolo Groningen da
Holanda, e uma proposta de liberaçã o geral do abortamento até a décima
segunda semana, contrariando a opiniã o da maioria dos brasileiros, que ainda
nã o se dobrou por completo à engenharia social internacional da ONU.
[24]
PERSSON , Ingmar; SAVULESCU , Julian. Unfit for the Future: The Need for
Moral Enhancement (Oxford: Oxford University Press, 2012), 143p.
[25]
Michigan: Eerdmans, 2008.
[26]
SCHMUL , Walter. Rassenhygiene, Nationalsozialismus, Euthanasie: von der
Verhütung zur Vernichtung ‘lebensunwerten Lebens’ 1890-1945 (Göttingen:
Vandenhoeck & Ruprecht), 1987.
[27]
Rio de Janeiro: Vozes, 2015.
[28]
Das Recht auf den Tod: Sociale Studie (Gö ttingen: Dietrich’sche
Verlagsbuchhandlung, 1895).
[29]
ANGOTTI NETO , Hélio. A morte da medicina (Campinas: VIDE Editorial,
2014).
[30]
KOOPMAN , Jacob J. E.; BOER , Theo A. “Turning Points in the Conception and
Regulation of Physician-Assisted Dying in the Netherlands”. The American
Journal of Medicine , 2016.
[31]
When Medicine Went Mad: Bioethics and the Holocaust (Totowa: Humana
Press, 1999).
[32]
“A Profile of Nazi Medicine: The Nazi Doctor — His Methods and Goals”.
In: CAPLAN , Arthur L. When Medicine Went Mad: Bioethics and the Holocaust
(Totowa: Humana Press, 1999), p. 9-13.
[33]
KOR , Eva Mozes. “Nazi Experiments as Viewed by a Survivor of Mengele’s
Experiments”. In: Ibid ., p. 3-8.
[34]
Ibid.
[35]
Bird on an Ethics Wire: Battles about Values in the Culture Wars (Chicago:
McGill-Queen’s University Press, 2015).
[36]
Como já acredito que ficou claro no livro de minha autoria: A morte da
medicina (Campinas: VIDE Editorial, 2014).
[37]
BEAUCHAMP , Tom; C HILDRESS , James. Principles of Biomedical Ethics , 7. ed.
(Baltimore: Oxford University Press, 2012).
[38]
PROCTOR , Robert N. “Nazi Biomedical Policies”. In: CAPLAN , Arthur L. When
Medicine Went Mad: Bioethics and the Holocaust (Totowa: Humana Press,
1999), p.23-42.
[39]
LEWIS , Clive Staples. A abolição do homem (Rio de Janeiro: Martins Fontes,
2012).
[40]
LOBACEWSKI , Andrew. Ponerologia Política (Campinas: VIDE Editorial,
2015).
[41]
Na concepçã o de Olavo de Carvalho, revoluçã o é a concentraçã o de poder
mediante a promessa de um futuro melhor, para justificar a inversã o moral,
isto é, desculpar atos imorais para alcançar um distante fim desejá vel.
[42]
VAN NOREN , Robert. “Ending Political Abuse of Psychiatry: Where We Are
at and What Needs to Be Done”. BJPsych Bulletin (2016): 40, 30-3, doi:
10.1192/pb.bp.114.049494
[43]
Ibid .; K NAPP , M. Mental Health Policy and Practice Across Europe: The
Future Direction of Mental Health Care (McGraw-Hill, 2007).
[44]
CARVALHO , Olavo de. A nova era e a revolução cultural (Campinas: VIDE
Editorial, 2015).
[45]
ASSOCIATION OF AMERICAN PHYSICIANS AND SURGEONS . Comparison between
Oath of Hippocrates and Other Oaths . Disponível em:
http://www.aapsonline.org/ethics/oathcomp.htm
[46]
ANGOTTI NETO , Hélio. A Profecia Moderna de George Orwell . Blog
Seminá rio de Filosofia Aplicada à Medicina. Disponível em:
http://medicinaefilosofia.blogspot.com/2014/09/1984-profecia-moderna-
de-george-orwell.html
[47]
PERSSON , Ingmar; SAVULESCU , Julian. Unfit for the Future: The Need for
Moral Enhancement (Oxford: Oxford University Press, 2012).
[48]
Nã o defendo que a democracia seja perfeita. Ela realmente tem lá seus
problemas.
[49]
TENNISON , Michael N. “Moral Transhumanism: The Next Step”. Journal of
Medicine and Philosophy , August 37(4), 2012: 405-16.
[50]
PLATÃ O . A República (Lisboa: Editora Calouste Gulbekian, 2014).
[51]
CARVALHO , Olavo de. “A mentalidade revolucioná ria”. Diário do Comércio ,
17 ago. 2007. Disponível em:
http://www.olavodecarvalho.org/semana/070813dc.html
[52]
Voegelin for a exilado de seu país por fazer um estudo filosó fico e
científico a respeito da ideia de raça, criticando o conceito no momento em
que ele servia de justificativa das terríveis medidas do Partido Nacional-
Socialista.
[53]
VOEGELIN , Eric. Modernity Without Restraint: The Political Religions, The
New Science of Politics, and Science, Politics, and Gnosticism ( Collected Works
of Eric Voegelin , Volume 5). Columbia: Missouri Press, 1999. Sobre os
morticínios causados pelos déspotas das ideologias escatoló gicas da
modernidade, sugiro buscar informaçõ es na pá gina de Joseph Rummel,
professor da universidade do Havaí. Disponível em:
https://www.hawaii.edu/powerkills/PERSONAL.HTM
[54]
CARVALHO , Olavo de. “Menti para os leitores”. O Globo , 10 jul. 2004.
Disponível em: http://www.olavodecarvalho.org/semana/040710globo.htm
[55]
FUKUYAMA , Francis. Transhumanism: Foreign Policy , 23 de outubro de
2009. Disponível em:
http://foreignpolicy.com/2009/10/23/transhumanism/
[56]
Bird on an Ethics Wire: Battles about Values in the Culture Wars (Chicago:
McGill-Queen’s University Press, 2015).
[57]
Texto originá rio de Margaret Somerville encontrado em: SMITH , Wesley J.
Human Exceptionalism : Life and Dignity with Wesley J. Smith. National
Review, 20 de agosto de 2010. Disponível em:
http://www.nationalreview.com/human-exceptionalism/324628/preserving
-human-exceptionalism-necessary-preserving-humanity-wesley-j
[58]
Agradeço à s observaçõ es do colega Arthur Jorge de Vasconcelos Ribeiro,
revisor e editor. A oportunidade de ser criticado de forma inteligente e cordial
é uma excelente oportunidade para melhorar. Este artigo será publicado
impresso no livro Saúde e liberdade .
[59]
ASSOCIATION OF AMERICAN PHYSICIANS AND SURGEONS . Comparison between
Oath of Hippocrates and Other Oaths . Disponível em:
http://www.aapsonline.org/ethics/oathcomp.htm
[60]
VAN NOREN , Robert. “Ending Political Abuse of Psychiatry: Where We Are
at and What Needs to Be Done”. BJPsych Bulletin (2016): 40, 30-33, doi:
10.1192/pb.bp.114.049494
[61]
MANEA , Teodora. “Medical Bribery and the Ethics of Trust: The
Romanian Case”. Journal of Medicine and Philosophy , vol. 40, 2015: 26-43.
[62]
Charles Darwin ofereceu a fundamentaçã o para muitos dos crimes que se
seguiriam, mesmo que nã o os prescrevesse pessoalmente, como pode se
observar nos seguintes trechos: “Em algum período futuro, nã o muito distante
se medido em séculos, as raças civilizadas do homem vã o certamente
exterminar e substituir as raças selvagens em todo o mundo. Ao mesmo
tempo, os macacos antropomorfos […] serã o, sem dú vida, exterminados. A
distâ ncia entre o homem e seus parceiros inferiores será maior, pois mediará
entre o homem num estado ainda mais civilizado, esperamos, do que o
caucasiano, e algum macaco tã o baixo quanto o babuíno, em vez de, como
agora, entre o negro ou o australiano e o gorila”; “Olhando o mundo numa
data nã o muito distante, que incontá vel nú mero de raças inferiores terá sido
eliminado pelas raças civilizadas mais altas!”; “Entre os selvagens, os fracos de
corpo ou mente sã o logo eliminados; e os sobreviventes geralmente exibem
um vigoroso estado de saú de. Nó s, civilizados, por nosso lado, fazemos o
melhor que podemos para deter o processo de eliminaçã o: construímos asilos
para os imbecis, os aleijados e os doentes; instituímos leis para proteger os
pobres; e nossos médicos empenham o má ximo da sua habilidade para salvar
a vida de cada um até o ú ltimo momento. […] Assim os membros fracos da
sociedade civilizada propagam a sua espécie. Ninguém que tenha observado a
criaçã o de animais domésticos porá em dú vida que isso deve ser altamente
prejudicial à raça humana. É surpreendente ver com que rapidez a falta de
cuidados, ou os cuidados erroneamente conduzidos, levam à degenerescência
de uma raça doméstica; mas, exceto no caso do pró prio ser humano, ninguém
jamais foi ignorante ao ponto de permitir que seus piores animais se
reproduzissem”. Cf. WIKER , Benjamim. Darwinismo Moral: como nos tornamos
hedonistas (Sã o Paulo: Editora Paulus, 2011), 456p; CARVALHO , Olavo de. “Por
que nã o sou fã de Charles Darwin”. Diário do Comércio , 20 de fevereiro de
2009, Disponível em: http://olavodecarvalho.org/semana/090220dc.html. É
claro que o funcionamento de um mecanismo evolutivo nã o leva
necessariamente à s conclusõ es genocidas; todavia, mostra-se coerente com
sua implantaçã o.
[63]
CAPLAN , Arthur L. When Medicine Went Mad: Bioethics and the Holocaust
(Totowa: Humana Press, 1992), 359p.
[64]
ARENDT , Hannah. Eichmann em Jerusalém: Um relato sobre a banalidade do
mal (São Paulo: Companha das Letras, 1999).
[65]
SCHUKLENK , Udo. “Editorial: Conscientious Objection in Medicine: Private
Ideological Convictions Must Not Supercede Public Service Obligations”.
Bioethics , Volume 29, Number 5, 2015: ii–iii.
[66]
MILGRAM , Stanley. Obedience to Authority (New York: Harper, 1974).
[67]
CARVALHO , Olavo de. A nova era e a revolução cultural: Fritjof Capra e
Antônio Gramsci (Campinas: Vide Editorial, 2014).
[68]
BERNARDIN , Pascal. Maquiavel Pedagogo, ou o ministério da reforma
psicológica (Campinas: Vide Editorial, 2013).
[69]
AZEVEDO , Reinaldo. “Pesquisa Datafolha evidencia outra vez: o brasileiro é
conservador. Ou: Eleitores em busca de um partido”. In : Blog do jornalista
Reinaldo Azevedo : política, governo, PT, imprensa e cultura. Disponível em:
http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/pesquisa-datafolha-evidencia-
outra-vez-o-brasileiro-e-conservador-ou-eleitores-em-busca-de-um-partido/
[70]
VATTIMO , G. Nihilism and Emancipation (New York: Columbia University
Press, 2004).
[71]
SAVULESCU, Julian. “Conscientious Objection in Medicine”. Brittish Medical
Journal , vol. 332, 2006:294-7.
[72]
Há situaçõ es específicas que necessitam de aná lise cuidadosa, como a
possibilidade de um médico contratado apó s a instituiçã o da nã o penalizaçã o
de abortamento em decorrência de estupro, por exemplo, negar-se a fazer o
procedimento alegando objeçã o de consciência. O médico já entrou no cargo já
sob a nova lei que o obrigaria a realizar determinado ato, mesmo contra sua
consciência. O mais coerente seria nã o se colocar nessa situaçã o de conflito
moral. Mas o que muitos bioeticistas defendem é a mutaçã o moral ampla e
irrestrita, com base no fato de a permissã o para exercer a medicina ser, em
ú ltima instâ ncia, uma concessã o estatal.
[73]
HARRIS , Lisa H.; SILVERMAN , N EIL S.; MARSHALL , Mary Faith. “The Paradigm
of the Paradox: Women, Pregnant Women, and the Unequal Burdens of the
Zika Virus Pandemic”. In: American Journal of Bioethics , Vol 16(5), 2016: 1-4.
[74]
GLOBO.COM Bem Estar. Brasil tem 1.687 casos confirmados de microcefalia,
diz ministério . 13 de julho de 2016. Disponível em:
http://g1.globo.com/bemestar/noticia/2016/07/brasil-tem-1687-casos-
confirmados-de-microcefalia-diz-ministerio.html
[75]
Hedonismo Moral: como nos tornamos hedonistas (São Paulo: Paulus, 2011).
[76]
MINISTÉ RIO DA SAÚ DE . Norma Técnica: Atenção Humanizada ao
Abortamento . Série Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos vol. 4. Brasília,
DF: Ministério da Saú de, 2005. Disponível em:
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/atencao_humanizada.pdf
[77]
NATHANSON , Bernard N. The Hand of God: A Journey from Death to Life by
the Abortion Doctor Who Changed His Mind (Washington: Regnery Publishing,
Inc., 1996); Aborting America : A Doctor’s Personal Report on the Agonizing
Issue of Abortion (Fort Collins: Life Cycle Books, 1979).
[78]
O termo russo интеллигенция [ intelligentsiya ], refere-se a um grupo
remunerado de pessoas envolvidas em trabalho intelectual complexo e
criativo direcionado ao desenvolvimento e à disseminaçã o de uma cultura
específica, isto é, à engenharia social por meio da cultura.
[79]
AMARIGLIO , Ninette; et al . “Donor-Derived Brain Tumor Following Neural
Stem Cell Transplantation in an Ataxia Telangiectasia Patient”. PLoS Medicine ,
6(2), February 2009. Disponível em:
https://doi.org/10.1371/journal.pmed.1000029
[80]
The Center for Medical Progress. Planned Parenthood still #guilty of
selling baby parts for profit one year after videos #ppsellsbabyparts.
Disponível em:
http://www.centerformedicalprogress.org/2016/07/planned-parenthood-
still-guilty-of-selling-baby-parts-for-profit-one-year-after-videos-
ppsellsbabyparts/
[81]
SCHOPENHAUER , Arthur. Como vencer um debate sem precisar ter razão (Rio
de Janeiro: Topbooks, 2003).
[82]
LA GACETA . La ONU califica el aborto de derecho humano . Disponível em:
http://gaceta.es/noticias/onu-reconoce-aborto-derecho-humano-12022016-
1436
[83]
CHARO , Alta. “Fetal Tissue Fallout”. New England Journal of Medicine ,
373(10), September 3, 2015: 890-1. Remeto o leitor à crítica feita por mim no
texto: Espantalhos, nazistas e coerência ética . Disponível em:
http://medicinaefilosofia.blogspot.com.br/2015/09/espantalhos-nazistas-e-
coerenciaetica.html
[84]
Disponível em: http://www.advocatesforpregnantwomen.org/
[85]
Washington: Regnery Publishing, 1996.
[86]
SERTILLANGES , Antonin-Dalmace. A Vida Intelectual: seu espírito, suas
condições, seus métodos (São Paulo: É Realizações, 2010).
[87]
Aristóteles em nova perspectiva: introdução à teoria dos quatro discursos
(Campinas: VIDE Editorial, 2014).
[88]
Técnica, medicina e ética: sobre a prática do princípio responsabilidade (São
Paulo: Paulus, 2013).
[89]
Disponível em: https://cbhd.org/category/bibliography