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Table of Contents

APRESENTAÇÃ O DA SÉ RIE
Introduçã o
Simples, Prá tico, Bíblico
Sofrendo com o suicídio:

ajuda apó s o choque


Traduzido do original em inglês
Grieving a suicide: help for the aftershock, 

por David Powlison


Copyright ©2010 Christian Counseling & Educational Foundation

Publicado por New Growth Press,


Greensboro,
NC 27404

Copyright © 2016 Editora Fiel


Primeira Ediçã o em Português: 2018

Todos os direitos em língua portuguesa reservados por Editora Fiel da Missã o Evangélica
Literá ria

PROIBIDA A REPRODUÇÃ O DESTE LIVRO POR QUAISQUER


MEIOS , SEM A PERMISSÃ O ESCRITA DOS EDITORES ,
SALVO EM BREVES CITAÇÕ ES , COM INDICAÇÃ O DA FONTE .

Diretor: James Richard Denham III


Editor: Tiago J. Santos Filho
Coordenaçã o Editorial: Renata do Espírito Santo
Traduçã o: D&D Traduçõ es
Revisã o: D&D Traduçõ es
Diagramaçã o: Wirley Correa - Layout
Capa: Wirley Correa - Layout
Ebook: Joã o Fernandes
ISBN: 978-85-8132-510-1
P888s

1. Suicídio – Aspectos religiosos – Cristianismo. 2.    Luto – Aspectos religiosos – Cristianismo. I. Título. II.
 
APRESENTAÇÃ O DA SÉ RIE

Gilson Santos

Jay Adams, teó logo e conselheiro norte-americano, nascido em


1929, foi professor de Poimênica no Seminá rio Teoló gico de
Westminster, em Filadélfia, no estado de Pensilvâ nia, Estados
Unidos. Adams é um respeitado escritor e pregador, genuinamente
evangélico e conservador. Enquanto lecionava sobre a teoria e a
prá tica do pastoreio do rebanho de Cristo, ele viu-se na necessidade
de construir uma teoria bá sica do aconselhamento pastoral.
Rememorando a sua trajetó ria, Adams nos informa que, tal como
muitos pastores, nã o foi muito o que aprendeu no seminá rio sobre a
arte de aconselhar. Desiludido com suas iniciativas de encaminhar
ovelhas para especialistas, ele buscou assumir um papel pastoral
mais assertivo e biblicamente orientado no contexto de
aconselhamento.
Em seus esforços, crendo na veracidade e eficá cia da Bíblia, Adams
estabeleceu como objetivo salvaguardar a responsabilidade moral
dos aconselhandos, entendendo que muitas abordagens
terapêuticas e poimênicas a comprometiam. Em seu elevado senso
de respeito e reverência à s Escrituras, Adams reconheceu que a
Bíblia é fonte legítima, relevante e rica para o aconselhamento. Ele
propô s que, em vez de ceder e transferir a tarefa a especialistas
embebidos em seus dogmas humanistas, os ministros do evangelho,
assim outros obreiros cristã os vocacionados por Deus para socorrer
pessoas em afliçã o, devem ser estimulados a reassumir seus
privilégios e responsabilidades. Inserido em uma tradiçã o que
tendia a valorizar fortemente as dimensõ es pú blicas do ministério
pastoral, Adams fincou posiçã o por retomar o prestígio das
dimensõ es pessoais e privativas do ministério cristã o, sobretudo o
aconselhamento. Nisto seu esforço se revelou de importâ ncia
capital. De fato, basta examinar a matriz primá ria do ministério
cristã o, que é a pró pria pessoa de Jesus Cristo, para concluir que,
diminuir a importâ ncia e lugar do ministério pessoal trata-se de
uma distorçã o grave na histó ria da igreja. Adams defende, assim,
que conselheiros cristã os qualificados, adequadamente treinados
nas Escrituras, sã o competentes para aconselhar.
Adams também assumiu com seriedade as implicaçõ es do conceito
cristã o de pecado para o aconselhamento. Em resumo, ele propõ e
que o cristianismo nã o pode contemplar uma psicopatologia que
prescinda de um entendimento bíblico dos efeitos da Queda, e da
pervasiva influência que o pecado exerce no psiquismo dos seres
humanos. Por esta razã o, a abordagem que ele propô s chamou-se
inicialmente de “Aconselhamento Noutético”. O termo noutético é
derivado de uma palavra grega, amplamente utilizada no texto
neotestamentá rio, que significa “por em mente” – formado de nous
[mente] e tithemi [por]. O uso de nouthetéo nos escritos paulinos
sempre aparece estritamente associado a uma intençã o pedagó gica.
O aconselhamento noutético seria entã o aquele que direciona,
ensina, exorta e confronta o aconselhando com os princípios
bíblicos. De acordo com a noutética, o aconselhamento se dá em
confrontaçã o com a Palavra de Deus. Visando nã o apenas uma
mudança comportamental, ele objetiva a inteira transformaçã o da
cosmovisã o, oferecendo as “lentes da Escritura” ao aconselhando.
Num momento posterior, esta abordagem passou a denominar-se
exclusivamente “Aconselhamento Bíblico”.
Sobre estas bases, em 1968 Jay Adams deu início, no Seminá rio
Teoló gico de Westminster, em Filadélfia, ao CCEF - Christian
Counseling and Education Foundation (Fundaçã o para Educaçã o e
Aconselhamento Cristã o), inaugurando um novo momento na
histó ria do aconselhamento cristã o. Adams lançou os principais
conceitos de sua teoria de aconselhamento na obra “O Conselheiro
Capaz” ( Competent to Counsel ), publicado em 1970; a metodologia
foi condensada no “Manual do Conselheiro Capaz”, publicado em
1973. No Brasil, a Editora Fiel foi pioneira na publicaçã o dessas duas
obras; a primeira ediçã o de “Conselheiro Capaz” em português foi
publicada em 1977 e o volume com a metodologia publicado
posteriormente. Adams também foi preletor em uma das primeiras
conferências da Editora Fiel no Brasil direcionada a pastores e
líderes.
O legado de Adams no CCEF foi recebido e levado adiante por novas
geraçõ es. Estas procuraram manter-se alinhadas com o nú cleo
central de sua proposta, ao mesmo tempo em que revisaram
aspectos vulnerá veis, e defrontaram-se com algumas de suas
tensõ es ou limites. Alguns destes novos líderes e conselheiros
notabilizaram-se. Estes empenharam-se por um foco mais
direcionado ao ser do que no fazer , colocando grande ênfase nas
dinâ micas do coraçã o, particularmente no problema da idolatria.
Também procuraram combinar o enfoque no pecado com uma
teologia do sofrimento. Procuram oferecer consideraçõ es ao social e
ao bioló gico, com novos enfoques para as enfermidades, inclusive
para o uso de medicamentos. É igualmente notá vel a ênfase no
aspecto relacional do aconselhamento na abordagem desses novos
líderes. Alguns estudiosos do movimento ainda apontam uma maior
abertura e espírito irênico dessas geraçõ es sucedâ neas,
particularmente em sua confrontaçã o com outras abordagens
poimênicas ou terapêuticas.
A Editora Fiel vem novamente oferecer a sua contribuiçã o ao
aconselhamento bíblico, desta vez colocando em português esta
série que enfoca vá rios temas desafiantes à presente geraçã o. A
série original em inglês já se aproxima de três dezenas de livretos.
Este que o leitor tem em suas mã os é um deles. Tais temas inserem-
se no cená rio com o qual o pastor e conselheiro cristã o defronta-se
cotidianamente. Os autores da série pretendem oferecer um
material ú til, biblicamente respaldado, simples e prá tico, que
responda à s demandas comuns nos settings , relaçõ es e sessõ es de
aconselhamento cristã o. Se este material, que representa esforços
das geraçõ es mais recentes do aconselhamento bíblico, puder ajudá -
lo em seus desafios pessoais em tais á reas, ou ainda em seu
ministério pessoal, entã o os editores podem dizer que atingiram o
seu objetivo.
Boa leitura!

Gilson Carlos de Souza Santos é pastor da Igreja Batista da Graça,


em Sã o José dos Campos, possui bacharelado em Teologia e
graduaçã o em Psicologia, e dirige o Instituto Poimênica cujo alvo é
oferecer apoio e promoçã o à poimênica cristã .
Introduçã o
Alguém que você conhece cometeu suicídio. Você está encarando
uma realidade muito difícil e obscura. Você se sente abalado, ferido,
traído e confuso. Está passando por toda uma gama de emoçõ es e
reaçõ es. Cada uma delas é dolorosa. Sua reaçã o inicial
provavelmente foi a de choque e descrença. Agora você está
tentando processar o que aconteceu. Como compreender e aceitar o
suicídio de alguém pró ximo? É possível descobrir algum sentido em
um ato tã o desprovido de sentido? É possível encontrar esperança
nas consequências de uma escolha tã o desesperada? Como o
conhecimento de Deus pode fazer diferença em seu sofrimento?
O que você está enfrentando
Você está passando por uma tempestade de emoções e sentimentos.
Primeiro, você está sentindo a reaçã o natural da dor profunda.
Alguém que você conhece e ama faleceu. Entã o você sente o vazio e a
tristeza da perda. Essa solidã o é extremamente difícil. Mas o suicídio
adiciona muitas outras reaçõ es dolorosas além do coraçã o partido
que a morte traz. A morte foi autoinfligida. Você provavelmente
também está sentindo uma ou mais destas emoçõ es:
 Confusão e desorientação. O que aconteceu é confuso e
desorientador. O suicídio nunca é algo simples e fá cil de se
compreender. Provavelmente você ainda está lutando para
aceitar a realidade dessa tragédia.
 Raiva e traição. Por definiçã o, o suicídio fere as outras
pessoas. Entã o você talvez experimente sentimentos de
raiva e a sensaçã o de ter sido traído.
 Culpa e responsabilidade. É normal se perguntar “ Eu poderia
ter feito algo?”, ou “ Se eu pudesse ter feito ________________ !” ,
ou “ Por que eu não percebi ________________?”.
 Medo de fazer a mesma coisa. O suicídio de alguém pode lhe
causar o medo de fazer o mesmo. Talvez você esteja receoso
de que possa estar também correndo o risco de ter
comportamentos suicidas.
Você está encarando perguntas sem respostas. Todas as pessoas que
sofrem os impactos do suicídio lutam com perguntas como “Por quê?
Por que isso aconteceu? Por que tinha de acabar nisso? Por que isso
não pôde ser impedido?”. Mas nã o importa quais as razõ es do
suicídio, pois, no fim das contas, ele nunca pode ser completamente
explicado. Você é deixado com perguntas que nã o podem ser
respondidas, porque a pessoa que cometeu o suicídio, a ú nica que
poderia explicá -lo , se foi. (Para obter ajuda quanto a pensamentos e
comportamentos suicidas, leia o livro desta série Eu Quero Morrer:
Substituindo Pensamentos Suicidas por Esperança).

Enfrentando o suicídio pela fé


Como você pode lidar com essa experiência dolorosa? Nã o há uma
soluçã o rá pida e fá cil para o que você está passando. E Deus, na
Bíblia, nã o lhe oferece chavõ es ou respostas prontas. Ele lhe dá algo
muito melhor — em resposta à sua tristeza, emoçõ es e perguntas
sem resposta, Deus lhe dá a si mesmo.
Edith Schaeffer uma vez usou uma metá fora de um tapete para falar
sobre as dificuldades da vida. Ela mostrou que a parte de cima do
tapete possui belos desenhos costurados; mas a parte de baixo
possui muitos nó s e fios enroscados. O suicídio da pessoa que você
amava é uma daquelas partes com nó s e fios enroscados debaixo de
seu tapete. Nã o importa por quanto tempo o observe, você nã o
poderá entendê-lo. Essa é uma das experiências doloridas e
obscuras da vida, na qual você deve saber que as promessas e a
presença do seu Deus e Salvador sã o reais. Em meio a essa
escuridã o, Deus lhe chama para viver uma vida em que a fé e o amor
ainda resplandecem.
Um dia, você enxergará a parte de cima do tapete ao invés de
apenas o emaranhado. Parte de sua beleza será o modo como você
aprenderá a conhecer Deus e a amar outras pessoas ao passar por
experiências difíceis. Essa é toda a resposta para o motivo de Deus
ter permitido que isso acontecesse? Nã o. Há coisas sobre a vontade
e o propó sito de Deus que estã o além de nó s. A Bíblia diz que “as
coisas encobertas pertencem ao Senhor, nosso Deus, porém as
reveladas nos pertencem, a nós e a nossos filhos, para sempre, para
que cumpramos todas as palavras desta lei” (Dt 29:29).
As razõ es para o suicídio dessa pessoa querida estã o entre “as
coisas encobertas” que pertencem ao Senhor. Porém “as reveladas
nos pertencem, a nós e a nossos filhos, para sempre” . Deus nã o está se
referindo apenas à s suas leis; ele também se refere à s suas
promessas, seus propó sitos e à revelaçã o de si mesmo em Jesus e na
Palavra. O que foi revelado é dado para que você possa viver. O que
nã o lhe foi revelado é algo secreto. Ao invés de confiar em seu
conhecimento, você precisa confiar no amor e na bondade de Deus.
Essa é uma liçã o que você terá de aprender e reaprender em sua
vida — nã o apenas agora, enquanto luta com um coraçã o partido,
mas em todos os altos e baixos da vida. Seu relacionamento com
Deus será aquilo que lhe trará paz, mesmo nã o tendo todas as
perguntas respondidas.
Você nunca terá uma resposta que venha a unir todos os pontos e
formar o desenho final. Você nunca se sentirá confortá vel quanto a
isso. Você nunca irá “superar” o ocorrido de forma que isso nã o o
machuque ou incomode mais. Você terá de viver com o senso
contínuo do “Eu nã o entendo. Sempre que me lembro disso, ainda
nã o está tudo bem.” O suicídio de alguém amado traz uma enorme
fraqueza contínua para sua vida.
C. S. Lewis descreveu esse nosso estado de fraqueza compreensível.
Ele disse que a nossa necessidade de Deus é revelada em nossa
“crescente consciência de que todo o nosso ser é, por natureza, uma
única grande necessidade, incompleta, preparatória, vazia e
desordenada, clamando por aquele que pode desatar as coisas que
estão emaranhadas e atar os fios soltos” . Vivenciar o suicídio de
alguém que você ama o coloca em uma situaçã o cuja ú nica saída é
confiar em Deus, o ú nico que pode desatar os emaranhados e atar os
fios soltos.
Você precisa dizer, assim como o apó stolo Pedro: “Senhor, para
quem iremos? Tu tens as palavras da vida eterna; e nós temos crido e
conhecido que tu és o Santo de Deus” (Jo 6:68-69). Para onde mais
você irá ?
Quem é maior que as coisas em seu coraçã o que estã o emaranhadas
ou soltas? Depois de toda a luta para entender o que houve; depois
de todo o sofrimento doentio quanto ao motivo do ocorrido; depois
de toda a raiva quanto à traiçã o, num nível mais profundo, você deve
conseguir dizer: “Eu nã o entendo essa situaçã o e preciso deixá -la
com o Senhor, meu Deus e meu Rei”.

A fé se aperfeiçoa na fraqueza
Deus nã o está alheio à realidade que levou alguém ao suicídio, nem
está alheio à sua luta com a tristeza e a dor. É exatamente em meio a
essas duras realidades que a sua fé em Deus vai se aperfeiçoando.
Deus explica isso desta maneira:
“Bendito o homem que confia no Senhor e cuja esperança é o Senhor. Porque
ele é como a árvore plantada junto às águas, que estende as suas raízes para
o ribeiro e não receia quando vem o calor, mas a sua folha fica verde; e, no
ano de sequidão, não se perturba, nem deixa de dar fruto” (Jr 17:7-8).
Jeremias está falando a respeito de viver em um deserto — onde a
vida é difícil e brutal. O deserto na Bíblia é o lugar de morte. Nele
nã o há á gua nem comida. É quente. Há predadores perigosos e
cobras venenosas. É o lugar onde sua fé é testada. Você sente que
sua dor e confusã o o levaram a um deserto espiritual? Ao
aprofundar sua confiança em Deus, seu deserto será o lugar onde
você encontrará a á gua viva da esperança, a misericó rdia e a bênçã o
de Deus.
A á gua viva de Deus é a sua presença. Ele diz: “estou com você”. Ele
é a ú nica pessoa que pode, de uma maneira profunda, tranquilizar
seu coraçã o. Apesar de você se sentir sozinho e abandonado, ele está
com você. A presença dele significa que, mesmo na mais obscura das
circunstâ ncias (incluindo o suicídio de alguém que você ama), você
nã o precisa temer. Permita-me dizê-lo de novo.
Ele está com você.
Ele está com você.
Ele está com você.
Ele está com você .
Porque Deus está com você, mesmo nas consequências do coraçã o
partido e da perplexidade, você será frutífero.
Nenhuma “varinha má gica” pode fazer com que a memó ria do
suicídio dessa pessoa querida nã o doa. Você deve relembrar vá rias
vezes que o Deus eterno está com você, e que ele é maior que a
morte. Ele promete que um dia nã o haverá mais morte, e que toda
tristeza, choro e dor chegarã o ao fim (Ap 21:4).
Estratégias prá ticas para a mudança
As açõ es daqueles ao nosso redor nos influenciam tanto para o bem
como para o mal. Podemos dizer que aconselhamos uns aos outros
com nossas açõ es. Quando alguém amado comete suicídio, você está
recebendo um conselho muito ruim. O conselho que vem de um
suicídio é que a forma de lidar com obstá culos e decepçõ es é o
isolamento. O suicídio é um ato feito em solidã o que nos leva a total
isolamento e desolaçã o. Você precisa resistir a esse conselho se
apegando a Deus, conectando-se com outras pessoas, confiando na
misericó rdia de Deus e vivendo de uma maneira frutífera.

Apegue-se a Jesus
A primeira coisa que você deve fazer é se refugiar no Deus que nos
promete seu amor inabalá vel. Refugiar-se nele significa encarar a
realidade obscura do suicídio, mas nã o ficar preso a todas as suas
reaçõ es negativas — aos “porquês”, à sensaçã o de abandono, ou
mesmo pensar que o suicídio é uma maneira viá vel de lidar com a
sua dor. A saída de todas essas reaçõ es ruins é encontrar alguém
que é maior do que o que ocorreu. E esse alguém só pode ser o
Senhor da vida, seu Salvador, Jesus Cristo.
O suicídio traz sofrimento e dificuldade para a vida de todos que
sã o tocados por ele. Mas Deus veio, na pessoa de Jesus, e entrou nas
dificuldades, no sofrimento, nos pecados e nas decepçõ es dessa vida.
Jesus suportou a sua fraqueza. Ele foi tentado como você. Ele
triunfou. Agora ele vem até você com promessas de misericó rdia e
bondade. “Aquele que não poupou o seu próprio Filho, antes, por
todos nós o entregou, porventura, não nos dará graciosamente com
ele todas as coisas?” (Rm 8:32).
Ao ler Romanos 8, você percebe que Paulo nã o diz que nã o teremos
dificuldades. Ao invés disso, ele enfatiza que haverá “tribulação...
angústia... perseguição... fome... nudez [e] perigo” (v. 35). Mas ele
promete que nenhuma dessas coisas “poderá separar-nos do amor de
Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor” (v. 39). Apegue-se a essa
promessa. Apegue-se a Jesus. Convide-o a entrar em suas lutas,
tristezas e perguntas. Encha sua mente com as palavras dele.
Quando você lê o evangelho de Lucas, você lê uma biografia bem
incomum de Jesus. Lucas nã o fala muito de pessoas famosas,
inteligentes e de sucesso. Ele põ e seu foco em pessoas pequenas,
pessoas que nã o têm poder, enlutadas, ignoradas e negligenciadas.
Nesse exato momento você está lá . Você está passando por algo
muito maior que a sua habilidade de controlar ou consertar. Ao ler o
evangelho de Lucas, observe Jesus em açã o. Perceba como ele trata
as pessoas com sabedoria, amor e ternura. Perceba como ele se
contenta em fazer ou dizer apenas uma coisa, ou algumas poucas
coisas. Saiba que essa também é a maneira como ele o trata.
Enquanto você lê os Salmos, tome-os e derrame o seu coraçã o a
Jesus. Os Salmos lhe darã o algumas maneiras de como trazer seus
problemas particulares até Jesus, seu Salvador e Amigo. Peça a ele
para ficar com você nesse tempo. Ele promete responder quando
clamar (Sl 86:7). Ele promete nunca deixá -lo ou abandoná -lo (Hb
13:5).

Conecte-se com outras pessoas


Outra coisa que você deve fazer é se conectar, se relacionar
sinceramente com outras pessoas. Nã o tente lidar com isso longe de
sua comunidade. Junte-se à queles que também foram afetados pelo
suicídio. Conversem uns com os outros sobre essas pessoas
queridas. Nã o evite falar sobre o suicídio. Estar juntos no funeral e
depois irá uni-los no compartilhamento dessa dor. O ajuntar-se para
chorarem uns com os outros e relembrarem o ocorrido é o oposto
da mensagem de isolamento e solidã o que o suicídio transmite.
A tragédia do suicídio nã o precisa acabar com os relacionamentos.
A família pode ficar ainda mais unida e as amizades, cada vez mais
profundas enquanto vocês se amparam uns nos outros em face das
dificuldades da vida. Nã o tente trilhar o caminho obscuro das
realidades difíceis da vida sem a companhia de outras pessoas. Esses
relacionamentos sempre irã o lembrá -lo da cadeira vazia — a pessoa
que nã o está com você. Mas a comunidade humana genuína é um
dos maiores presentes de Deus. Sua comunidade pode ajudá -lo a
lutar contra o isolamento, o desespero e a hostilidade implícita que
sã o parte de um ato suicida. Ore com outras pessoas e umas pelas
outras enquanto choram juntos.

Confie na misericórdia de Deus


Uma pergunta que deve estar passando pela sua mente é: “Essa
pessoa querida ainda pode ir para o céu depois de cometer suicídio?” .
Essa é uma pergunta natural para um cristã o fazer. O suicídio é
errado. É um “autoassassinato” , e isso é um pecado. Mas é
importante lembrar que ele nã o é o pecado imperdoá vel. Nó s nã o
lemos coraçõ es. Nó s nã o conhecemos a histó ria completa. Nã o
sabemos o que houve entre essa pessoa querida e Deus nos
momentos finais da vida dela. Você nã o pode voltar aos ú ltimos
momentos e adivinhar aquilo em que ela estava pensando. Mas você
tem a certeza de que Deus é justo, misericordioso e perdoador. E
você também sabe que nã o pode presumir conhecer a mente
interior de Deus e seus propó sitos.
Se a pessoa que você amava tinha fé em Cristo, mesmo que o ú ltimo
ato dela na terra tenha sido errado, isso nã o significa que ela nã o
pode ser perdoada. Deus conhece os coraçõ es — nó s nã o; e ele, que
é tanto justo como misericordioso, dá a decisã o final sobre céu e
inferno.
Você precisa estar disposto a viver com algo menos que cem por
cento de conclusã o quanto à resposta a essa pergunta. “As coisas
encobertas pertencem ao Senhor, nosso Deus” (Dt 29:29). Você só
pode fazer isso quando estiver certo do amor de Deus. Leve
Romanos 8 em consideraçã o, concentrando-se especialmente nos
versos 31 a 39. Eles sã o cheios da promessa de misericó rdia de
Deus, de sua presença em Jesus Cristo e de seu amor, que é
inextinguível e indestrutível. Encha sua mente e seu coraçã o com a
promessa do amor de Deus, e você poderá confiar nele quanto à vida
dessa pessoa querida.

Viva de maneira frutífera


É importante, nesse momento, você nã o negligenciar as coisas
bá sicas da vida. Talvez sua comida já nã o tenha tanto sabor, mas
você precisa comer. Talvez você nã o queira sair da cama pela
manhã , mas você precisa se levantar e se vestir. Talvez você nã o
tenha muito interesse em seu trabalho ou nas responsabilidades de
casa, mas você precisa continuar. Tome tempo para chorar, para
processar... Depois volte à vida normal. Fazer essas coisas significa
afirmar que a vida continua apesar do que aconteceu.
Ao viver em comunhã o com Deus e com outras pessoas, e
reestabelecer o padrã o normal de vida, você vai notar, com o tempo,
que tem a habilidade de amar outros de forma mais consistente e
profunda. Paulo, em sua segunda carta à igreja de Corinto, disse que
Deus “nos conforta em toda a nossa tribulação, para podermos
consolar os que estiverem em qualquer angústia, com a consolação
com que nós mesmos somos contemplados por Deus” (2Co 1:4).
Nada trará seu amigo, parente ou colega de trabalho de volta. Mas
você pode se tornar um amigo mais sá bio, mais disposto a arriscar e
intervir quando perceber algo difícil. Deus usará aquilo pelo qual
está passando agora para lhe dar sabedoria e ternura enquanto você
vai ao encontro de outros que estã o sofrendo. O consolo de Deus
fluirá através de você para que possa consolar outros em suas
tribulaçõ es.
Essa pessoa que você amava escolheu, em seu ú ltimo ato na terra,
viver de forma destrutiva. Em resposta a isso, é importante pedir a
Deus que o ajude a viver de forma frutífera. Viver de forma frutífera
significa refugiar-se em Deus, amar as pessoas e “correr a corrida”
por todo o caminho. Significa viver cada dia sabendo que sua vida
pertence a Jesus e, por causa disso, dando pequenos passos adiante
mesmo quando a vida é pesada. Ao fazer isso, você estará encarando
a escuridã o que o suicídio traz e reagindo ao viver à luz e esperança
do evangelho de Jesus Cristo.
Simples, Prá tico, Bíblico

Abordando temas como divó rcio, suicídio, homossexualidade,


transtorno bipolar, depressã o, pais solteiros e outros, os livros da
série Aconselhamento oferecem orientaçã o bíblica para pastores e
conselheiros que lidam com esses assuntos difíceis em seus
ministérios, e para pessoas que experimentam essas situaçõ es de
lutas e sofrimento em seus diversos contextos de vida. Leia-os,
ofereça-os a um amigo e disponibilize-os em sua igreja e ministério.
O Ministério Fiel tem como propó sito servir a Deus através do
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