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Folha de rosto
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Índice
Apresentação
Prefácio
1. A Reforma Protestante e a introdução aos Cinco Solas
2. Sola Scriputura
3. Sola Gratia
4. Sola Fide
5. Solus Christus
6. Soli Deo Gloria
7. Um Antídoto: O Retorno ao Estudo Bíblico
8. Perguntas e Respostas do Blog Renato Vargens
Conclusão
Editora Fiel
Misticismo, culto à personalidade, costumes estranhos e pregação
espúria infectam grande parte de nossas igrejas hoje. Neste livro, de
modo acessível e contextualizado, e com lágrimas nos olhos, o Pr.
Renato Vargens dá um basta nesses enganos e nos apresenta o antídoto:
as doutrinas da graça, sistematizadas nos cinco solas que foram (e ainda
são) a base da Reforma. O Antídoto é claro: somente o retorno às
Escrituras pode estabelecer igrejas saudáveis e tementes a Deus.
Imperdível!
Norma Braga, escritora
Reforma Agora do Pastor Renato Vargens é para ser ministrado contra
os modismos e distorções de ensino e prática do cenário evangélico e do
neopentecostalismo moderno. Com habilidade e respaldo bíblico ele nos
indica que o remédio não mudou. A mesma volta às Escrituras,
observada na Reforma do Século 16, continua válida e necessária aos
nossos dias. Os mesmo pilares doutrinários levantados na Reforma,
estão fraquejando e necessitam ser reforçados e reafirmados! A igreja de
Cristo deve ouvir o que é dito neste livro.
Solano Portela. Escritor. Diretor Financeiro da
Universidade Presbiteriana Mackenzie
Pouca gente conhece o movimento neopentecostal como o Pr. Renato
Vargens. E pouca gente está capacitada, como ele, a analisar este
movimento e oferecer uma alternativa bíblica aos que estão cansados
dos abusos e erros deste movimento. Reforma Agora deve ser lido por
todos os evangélicos que anseiam referenciais sólidos para sua vida
cristã.
Rev. Dr. Augustus Nicodemus Lopes, professor de Novo Testamento
do Centro Presbiteriano de Pós-Graduação Andrew Jumper e pastor
auxiliar da Igreja Presbiteriana de Santo Amaro
Reforma Agora
O Antídoto para a Confusão Evangélica no Brasil
por Renato Vargens
Copyright © 2013 Renato Vargens
¶
Copyright © 2013 Editora Fiel
Primeira Edição em Português: 2013
Todos os direitos em língua portuguesa reservados por Editora Fiel da Missão Evangélica
Literária
Proibida a reprodução deste livro por quaisquer meios, sem a permissão escrita dos editores,
salvo em breves citações, com indicação da fonte.
¶
Diretor: James Richard Denham III
Editor: Tiago J. Santos Filho
Revisão: Franklin Ferreira,
Marliene Paschoal
Diagramação: Rubner Durais
Capa: Rubner Durais
Ebook: Yuri Freire
ISBN: 978-85-8132-319-0
Vargens, Renato
Reforma Agora: O Antídoto para a Confusão Evangélica no
Brasil / Renato Vargens. -- São José dos Campos, SP : Editora
Fiel, 2015.
2Mb ; ePUB
ISBN 978-85-8132-319-0
11. Cristianismo 2. Graça (Teologia) 3. Igreja Reformada -
Doutrinas 4. Reforma 5. Teologia I. Título.
13-08104
1nd1ce
Apresentação
Prefácio
1 – A Reforma Protestante e a introdução aos cinco solas
2 – Sola Scriputura
3 – Sola Gratia
4 – Sola Fide
5 – Solus Christus
6 – Soli Deo Gloria
7 – Um Antídoto: O Retorno ao Estudo Bíblico
8 – Perguntas e Respostas do Blog Renato Vargens
Conclusão
por uma reforma na 1greja bras1le1ra
Que Deus use esta nova obra de meu querido irmão Renato Vargens
para quebrantamento, renovação e retorno a Deus, que é rico em
misericórdia, não apenas para renovar nossa alegria nele, mas também
para nos conceder novo alento e renovada paixão para pregar a Escritura
Sagrada, “o berço pelo qual o Cristo vem a nós” (Lutero).
Franklin Ferreira
Diretor do Seminário Martin Bucer
prefac1o
Existe um mal entre os que professam pertencer aos arraiais de Cristo, um mal
tão grosseiro em sua imprudência, que a maioria dos que possuem pouca visão
espiritual dificilmente deixará de perceber. Durante as últimas décadas, esse
mal tem se desenvolvido em proporções anormais. Tem agido como o
fermento, até que toda a massa fique levedada. O diabo raramente criou algo
mais perspicaz do que sugerir à igreja que sua missão consiste em prover
entretenimento para as pessoas, tendo em vista ganhá-las para Cristo. A igreja
abandonou a pregação ousada, como a dos puritanos; em seguida, ela
gradualmente amenizou seu testemunho; depois, passou a aceitar e justificar as
frivolidades que estavam em voga no mundo e, no passo seguinte, começou a
tolerá-las em suas fronteiras; agora, a igreja as adotou sob o pretexto de ganhar
as multidões. Minha primeira contenção é esta: as Escrituras não afirmam, em
nenhuma de suas passagens, que prover entretenimento para as pessoas é uma
função da igreja. Se esta é uma obra cristã, por que o Senhor Jesus não falou
sobre ela? “Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura” (Mc
16.15) — isso é bastante claro. Se Ele tivesse acrescentado: “E oferecei
entretenimento para aqueles que não gostam do evangelho”, assim teria
acontecido. No entanto, tais palavras não se encontram na Bíblia. Sequer
ocorreram à mente do Senhor Jesus. E mais: “Ele mesmo concedeu uns para
apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores
e mestres” (Ef 4.11). Onde aparecem nesse versículo os que providenciariam
entretenimento? O Espírito Santo silenciou a respeito deles. Os profetas foram
perseguidos porque divertiam as pessoas ou porque recusavam-se a fazê-lo?
Os concertos de música não têm um rol de mártires.
Hoje, 120 anos após a morte de Spurgeon, boa parte da igreja brasileira
promove em suas liturgias estruturas lúdicas e leves onde, de forma
simplista e descontraída, o “evangelho politicamente correto” é
anunciado. Na verdade, ouso afirmar que a banalização das Escrituras
juntamente com o pluralismo eclesiástico de nosso tempo encontrou uma
variedade enorme de igrejas que proclamam o evangelho de Cristo
segundo o gosto do freguês. 12 Além disso, se fizermos uma análise
sincera de nossas liturgias, chegaremos a conclusão que boa parte das
canções entoadas nos cultos evangélicos são feitas na primeira pessoa do
singular, cujas letras prioritariamente reivindicam as bênçãos de Deus.
A RELEVÂNCIA DAS ESCRITURAS PARA A IGREJA BRASILEIRA
NOS DIAS DE HOJE.
A Bíblia é de inspiração divina. Assim, a fé cristã baseada nas
Escrituras não é uma fé cega, calcada no subjetivismo. Trata-se de uma
fé objetiva que pode ser analisada e explicada. E os que entendem a
relevância das Escrituras, bem como a sua importância na vida da igreja,
experimentam em seu cotidiano verdades maravilhosas, das quais
destaco algumas:
1º - A exaltação do nome de Cristo.
Uma igreja que valoriza as Escrituras e prega a Palavra de Deus
expositivamente exalta o nome de Jesus. A Bíblia em todos os seus 66
livros aponta exclusivamente para Cristo e o exalta. Do Gênesis ao
Apocalipse a mensagem central é Cristo. As Escrituras nos ensinam que
ele é o verdadeiro Deus (Jo 3.16; 1Jo 5.20) e que através dele o universo
foi criado e é mantido em existência (Jo 1.3; Cl 1.16-17), e que por amor
dos eleitos de Deus, Cristo esvaziou a si mesmo, tomando a forma de
homem, sendo obediente até a morte, e morte de cruz. Ele é o alfa e
ômega (Ap 1.8,17; 22.13; Is 44.6), o herdeiro de todas as coisas (Hb 1.1-
2), o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (Jo 1.29), o Messias
esperado (Jo 1.41), o único Soberano, Rei dos reis, Senhor dos Senhores
(1Tm 6.15), Rei das nações (Ap 15.03).
A Palavra de Deus quando é pregada enaltece o nome de Jesus. As
Escrituras quando anunciadas promovem transformação nos corações
dos pecadores. A Bíblia quando ensinada revela ao homem sua
miserabilidade, seus pecados, seu estado de depravação total, como
também o amor imensurável de Deus que enviou o seu único Filho para
morrer na cruz do calvário em favor dos eleitos de Deus.
2º - O reconhecimento da miserabilidade humana.
Quando a Bíblia é pregada a miserabilidade humana é revelada. As
Escrituras quando ensinadas revelam o estado de pecaminosidade e
depravação da humanidade. A Palavra do Senhor quando proclamada
confronta o homem em seus delitos e pecados humilhando-o diante do
Criador, revelando assim o seu real estado de putrefação espiritual.
O ensino cristão é de que não existe um homem neste planeta que
possa considerar-se justo pelos seus próprios méritos. Na verdade, a
Bíblia afirma que “todos pecaram, e que todos estão destituídos da graça
de Deus” (Rm 3.23), diz também “que o salário do pecado é a morte”
(Rm 6.23) e que quem peca “transgride a lei” (1Jo 3.04), e que “o
pecado faz separação entre os homens e Deus” (Is 59.02).
A Bíblia diagnostica o pecado como uma deformidade universal da
natureza humana, deformidade que se manifesta em detalhes na vida de
cada indivíduo. As Escrituras ensinam que o homem é totalmente
depravado e que necessita desesperadamente de salvação. A natureza
humana é essencialmente pecadora. Todo nosso ser é pecador, nossa
mente, emoções, desejos, e até mesmo nossa constituição física está
corrompida, controlada e desfigurada pelo pecado e seus efeitos.
Ninguém escapa desse veredicto. Nós somos totalmente depravados.
Efésios 2.1 resume a doutrina da depravação total ao afirmar que os
homens estão mortos em delitos e pecados. Entretanto, Deus sendo rico
em misericórdia por causa do grande amor com que nos amou nos deu
vida em Cristo Jesus, salvando-nos da ira vindoura (Ef 2.4-5). Louvado
seja o Senhor que nos elegeu incondicionalmente salvando-nos do
pecado, dando-nos vida, libertando-nos do diabo e livrando-nos do juízo
eterno!
3º - A salvação dos eleitos e a condenação dos réprobos.
A pregação das Escrituras desconstrói todo conceito humano de
religião e salvação. Quando a Bíblia é pregada expositivamente e suas
doutrinas proclamadas com autoridade e poder, é possível entender o
eterno e maravilhoso amor de Cristo em morrer na cruz do calvário
pelos eleitos de Deus. A Bíblia de forma categórica nos ensina que na
eternidade, soberanamente Deus escolheu alguns pecadores para a
salvação (2Ts 2.13, Rm 9.11). Segundo as Escrituras, antes da criação de
todas as coisas, Deus selecionou dentre os homens os que deveriam ser
redimidos, justificados, santificados e glorificados em Jesus Cristo (Rm
8.28-29; Ef 1.3-14; 2Ts 2.13-14; 2Tm 1.9-10). Essa escolha divina é a
expressão de amor mais arrebatadora que pode existir no universo. Ela
não é merecida por homem algum e absolutamente nada que o ser
humano faça ou possa fazer pode lhe conceder o direito de usufruir desta
maravilhosa graça.
Em contrapartida a reprovação é o nome dado à eterna e imutável
decisão de Deus em não redimir àqueles que não foram escolhidos para
a vida. Mediante a prerrogativa de um Deus soberano que governa sobre
tudo, o Senhor determinou que tais homens não fossem transformados e
regenerados.
4º - O governo de um Deus que reina soberanamente sobre tudo e
todos.
Uma igreja que prega todo “conselho de Deus” inevitavelmente
acredita, vive e propaga a todos quanto puder a existência de um Deus
soberano.
As Escrituras ensinam que o nosso Deus reina soberanamente e tem
controle sobre todas as coisas, e que absolutamente nada foge aos seus
desígnios. A Bíblia afirma que o governo está em suas mãos e que Ele
possui domínio sobre tudo aquilo que acontece no céu e na terra.
O Deus Todo-Poderoso governa o mundo, ele é o Rei dos reis, o
Senhor dos senhores, o Altíssimo Deus. A ele pertence todo poder e toda
autoridade para fazer o que lhe agrada. O mundo e tudo que nele há é o
seu mundo e toda criatura que nele vive é controlada por sua soberana
vontade e poder.
A visão de Deus reinando no seu trono é repetida nas Escrituras
inúmeras vezes (1Rs 22.19; Is 6.1; Ez 1.26; Dn 7.9; Ap 4.2). Na
verdade, os muitos textos bíblicos possuem a função de nos lembrar em
termos explícitos, que o SENHOR reina como rei, exercendo o seu
domínio sobre grandes e pequenos. O senhorio de Deus é total e nem
mesmo o diabo pode deter seu propósito ou frustrar os seus planos.
CONCLUSÃO
Caro leitor, os reformadores ao fazerem das Escrituras sua única e
exclusiva regra de fé romperam com as anomalias teológicas do
supersticioso catolicismo romano, levando assim a Igreja de Cristo ao
redescobrimento das maravilhosas doutrinas da graça. Hoje, apesar das
idiossincrasias e incongruências de parte da Igreja Evangélica Brasileira
acredito que se pregarmos novamente as doutrinas ensinadas pelos
reformadores, experimentaremos mudanças substanciais na vida da
Igreja.
Isto posto, afirmo sem a menor sombra de dúvidas que a Bíblia
continua sendo a Palavra infalível de Deus e que as Escrituras jamais
poderão ser consideradas velhas e ultrapassadas. As nações e suas
culturas podem mudar, no entanto, ainda assim a Palavra de Deus
continuará sendo relevante para o homem.
2. Declaração de Cambridge. Acessado em Junho de 2013 em:
http://www.monergismo.com/textos/credos/declaracao_cambridge.htm
3. João Calvino, As Institutas da Religião Cristã (São Paulo: Cultura Cristã, 2003), I.6.3.
4. James Montgomery Boice e Benjamin E. Sasse (org.), Reforma hoje (São Paulo: Cultura
Cristã, 1999), p. 11-17.
5. Vinícius Cintra, “51% nunca leram a Bíblia toda”, Portal Creio ,
http://www.creio.com.br/2008/noticias01.asp?noticia=8321 , acessado em 28 de maio de 2010. A
pesquisa foi conduzida com 1255 entrevistados de diversas denominações, sendo que 835
participaram de um painel de aprofundamento. O motivo é a falta de tempo, segundo os
entrevistados.
6. John Calvin, The Mystery of Godliness and Other Selected Sermons (Grand Rapids:
Eerdmans, 1950), p. 56.
7. “A Bíblia no divã”, Revista Veja (Edição 1667 – 20 de setembro de 2000),
http://veja.abril.com.br/200900/p_108.html , acessado em 28 de maio de 2010.
8. “David Martyn Lloyd-Jones, um gladiador contra a mundanização da igreja”, em
http://discernimentocristao.wordpress.com/category/irmaos-sinceros/ , acessado em 28 de maio
de 2010.
9. João Calvino, As Pastorais (São José dos Campos, SP: Fiel, 2009), p. 120-121.
10. Ronald Wallace, Calvino, Genebra e a Reforma (São Paulo: Cultura Cristã. 2004), p. 145.
11. C. H. Spurgeon, “Alimentando as Ovelhas ou Divertindo os Bodes?”, em
http://www.monergismo.com/textos/chspurgeon/bodes_spurgeon.htm , acessado em 30 de
setembro de 2010.
12. Para um desenvolvimento deste tema, cf., de minha autoria, Cristianismo ao gosto do freguês
(Niterói, RJ: Scrittura, 2010).
sola grat1a
O autor desse lindo hino se chamava John Newton. Ele foi um severo e
brutal capitão de um navio negreiro inglês que costumava viajar da
Inglaterra ao continente africano, onde enchia o seu navio de escravos,
traficando-os para os Estados Unidos. Homens, mulheres e crianças
comumente eram trazidos acorrentados abaixo das plataformas, visando
impedir possíveis suicídios. Os nativos africanos eram colocados lado a
lado, a fim de conservar o espaço, em fileira após fileira, uma após
outra, até que a embarcação estivesse “carregada”.
Os capitães dos navios negreiros procuravam fazer uma viagem rápida,
esperando preservar ao máximo a sua carga, contudo, a taxa de
mortalidade era alta, normalmente de 20% ou mais. Quando um surto de
disenteria ou qualquer outra doença ocorria, os doentes eram jogados ao
mar. Uma vez que chegavam a América, os negros eram negociados por
açúcar e melaço, cujo objetivo final era manufaturar o rum, que os
navios levariam à Inglaterra.
John Newton transportou muitas “cargas” de escravos africanos
trazidos ao novo mundo no século XVIII. No mar, em uma de suas
viagens, o navio enfrentou uma enorme tempestade e quase afundou. Na
ocasião, Newton achando que iria morrer ofereceu sua vida a Cristo.
Após ter sobrevivido, ele se converteu e começou a estudar para se
tornar ministro do evangelho. No final de sua vida Newton disse:
“Minha memória já quase se foi, mas eu recordo duas coisas: que eu sou
um grande pecador, e que Cristo é meu grande salvador”. 17
Em seu túmulo é possível encontrar a seguinte frase:
Às vezes, quando vejo nas ruas certas pessoas com as piores inclinações, sinto
como se o meu coração fosse explodir em lágrimas de gratidão a Deus por ele
não ter me permitido agir como uma daquelas pessoas! Eu tenho imaginado
que se Deus me tivesse deixado nos meus próprios caminhos, e não me tivesse
tocado com a sua graça, que grande pecador eu teria sido! Eu teria percorrido
toda a extensão do pecado, teria mergulhado em toda a sua profundidade e
tampouco teria deixado de me envolver em qualquer vício ou perversidade, se
Deus não me tivesse impedido. Eu sinto que teria sido, de fato, o rei dos
pecadores, se Deus tivesse me deixado sozinho. Eu não consigo entender a
razão pela qual fui salvo, exceto pelo motivo de que Deus o desejou.
Não posso, mesmo que desejasse ardentemente, encontrar qualquer razão em
mim mesmo, pela qual eu deveria participar da graça divina. Se, neste
momento, eu não estou sem Cristo, isso é devido somente ao fato de que
Cristo Jesus faz cumprir sua vontade em mim, e tal vontade tem em mente que
eu esteja com ele onde ele estiver e que eu venha a participar da sua glória. A
coroa tem que ser colocada na cabeça daquele cuja graça poderosa livrou-me
de mergulhar no abismo.
Olhando para minha vida passada, posso perceber que a origem de tudo isso
era Deus e somente dele efetivamente. Eu não possuía uma tocha para acender
o sol, foi o sol que me iluminou. Eu não comecei a minha vida espiritual – pelo
contrário, eu rejeitava e lutava contra as coisas do Espírito: quando ele me
atraiu, por um certo período, eu não o segui; havia em minha alma um ódio
natural contra qualquer coisa santa e boa. Advertências de nada valiam para
mim – os avisos eram lançados ao vento – os trovões eram desprezados e, em
relação aos sussurros de seu amor, eu os rejeitava como se não tivessem
qualquer valor.
Todavia, seguramente, posso dizer agora, em relação a mim mesmo, que
“somente ele é minha salvação”. Foi ele quem mudou o meu coração e me
colocou de joelhos diante dele. 19
2 - Uma igreja que prega Cristo, entende que a salvação não se dá por
ações místicas proferidas por profetas “especiais”.
Quando Cristo é pregado e anunciado como único e suficiente Salvador, o foco
é tirado do homem e transferido exclusivamente para Deus. Ora, por mais
piedoso que seja o pregador, por mais carismático que seja o pastor, estes não
possuem poder suficiente para salvar o homem da condenação eterna.
6 - Uma Igreja que prega Cristo, jamais pregará a salvação pelas obras
É impressionante a quantidade de igrejas que acreditam que Deus salva os
homens não por graça, mas por mérito. Há pouco tempo soube de um pastor
que estava ensinando que se alguém deseja ver um membro da sua família
salvo, teria de pagar um preço por isso. Para o pastor, o valor da salvação do
ente querido está relacionado a horas de jejum e oração. Segundo ele, Deus se
vê obrigado a salvar alguém quando agimos desta forma. Lamentavelmente,
existe um número cada vez maior de pessoas em nossas igrejas que acreditam
que, por meio de seus méritos, vidas serão salvas. Caro amigo, nada que
façamos pode agradar a Deus. Obras de caridade, amor ou filantropia não
podem salvar ninguém. É um terrível equívoco achar que através das nossas
ações Cristo salvará o homem da morte eterna. As Escrituras afirmam que a
salvação que nos libertou do império das trevas, que nos arrancou da
condenação à morte, que nos deu a liberdade não foi adquirida por mérito
humano, mas totalmente pela graça de Deus em Cristo Jesus. Trata-se de um
presente de Deus para os eleitos.
Reafirmamos que, como a salvação é de Deus e realizada por Deus, ela é para
a glória de Deus e devemos glorificá-lo sempre. Devemos viver nossa vida
inteira perante a face de Deus, sob a autoridade de Deus, e para sua glória
somente.
Negamos que possamos apropriadamente glorificar a Deus se nosso culto for
confundido com entretenimento, se negligenciarmos ou a Lei ou o Evangelho
em nossa pregação, ou se permitirmos que o afeiçoamento próprio, a auto-
estima e a auto-realização se tornem opções alternativas ao evangelho. 27
Acredito que um dos motivos que contribuiu para que parte da igreja
evangélica brasileira se perdesse nas últimas quatro décadas se deve ao
fato de ter negligenciado o ensino da Palavra de Deus. Na verdade,
diversas igrejas com intuito de multiplicarem o número de discípulos,
abandonaram as doutrinas da graça em favor de métodos pragmáticos de
se encher os templos.
Lembro que alguns anos atrás, os chamados cultos de doutrina ficavam
abarrotados de pessoas desejosas em aprender as verdades das
Escrituras. E a Escola Bíblica Dominical? Classes e mais classes lotadas
de irmãos ávidos por crescerem no conhecimento do Senhor. Aliás,
existe um número incontável de pessoas nas igrejas neopentecostais que
não sabem o que é uma Escola Bíblica Dominical.
O que chamamos de Escola Bíblica Dominical 31 teve como fundador o
jornalista Robert Raikes (1735-1811). Raikes era natural da cidade de
Gloucester, Inglaterra, e em 1757, aos vinte e dois anos, sucedeu o pai
como editor do Gloucester Journal, um periódico voltado para a reforma
das prisões. Nesta pequena cidade inglesa, onde vivia, a delinquência
infantil era um problema que parecia insolúvel. Menores trabalhavam
em minas de carvão de segunda a sábado, tinham pouca ou nenhuma
escolaridade, comportavam-se mal e envolviam-se em todo tipo de
delitos e confusões. Raikes, preocupado com o que via, começou a
convidar os pequenos transgressores para que se reunissem todos os
domingos para aprender a Palavra de Deus.
A idéia de Raikes rapidamente se alastrou pelo país. Apenas cinco anos
mais tarde, em 1785, foi organizada em Londres uma sociedade voltada
para a criação de escolas dominicais. Um ano depois, cerca de 200.000
crianças estavam sendo ensinadas em toda a Inglaterra. No princípio os
professores eram pagos, mas depois passaram a ser voluntários. Da
Inglaterra a instituição foi para o País de Gales, Escócia, Irlanda e
Estados Unidos.
No Brasil, a Escola Bíblica Dominical foi fundada pelos
Congregacionais Robert e Sarah Kalley, em Petrópolis, no dia 19 de
agosto de 1855. Sarah Kalley havia sido grande entusiasta desse
movimento na sua pátria, a Inglaterra. A primeira escola dominical
presbiteriana foi iniciada pelo Rev. Ashbel Green Simonton, em maio de
1861, no Rio de Janeiro. Reunia-se nos domingos à tarde, na Rua Nova
do Ouvidor.
Mais de 150 anos se passaram desde que os Kalley organizaram a EBD
no Brasil, e de lá para cá muita água passou debaixo da ponte. Sem
titubeios afirmo que inúmeras gerações foram impactadas pelo ensino
das doutrinas da graça nas salas de aula das escolas dominicais,
esparramadas pelo nosso imenso território nacional. Hoje, todavia, os
que outrora pregavam sobre a importância da EBD não o fazem mais.
Para piorar a situação, os crentes optaram por fazer do domingo um dia
exclusivo para lazer, deixando em segundo plano o estudo da Palavra de
Deus.
Ouso afirmar que a igreja do século XXI é menos preparada e
qualificada a explicar a razão da sua fé aos incrédulos do que as
gerações passadas. Como já escrevi anteriormente em meu livro
“Cristianismo ao gosto do Freguês”, parte da igreja brasileira prefere
shows e entretenimento gospel a dedicar tempo estudando a Bíblia numa
escola dominical.
A consequência direta disso é a multiplicação de doutrinas espúrias,
cujo conteúdo anula as doutrinas da graça. Nessa perspectiva, a salvação
foi relativizada, e a graça de Deus comercializada.
Tenho percebido que em vários lugares deste país, as igrejas
abandonaram o hábito de se reunirem aos domingos em Escola Bíblica
Dominical. Segundo os pastores que mudaram as rotinas eclesiásticas de
suas comunidades, as razões para tal se devem ao novo mundo em que
vivemos, que por motivos óbvios exige mais dos seus cidadãos, o que
impossibilita a ida do crente à igreja para estudar as Escrituras.
Bom, até entendo que o mundo é outro, e que a vida se tornou corrida
demais, todavia, será que o fato de negligenciarmos o ensino bíblico não
aponta para uma inversão na escala de valores do cristão? Será que a
pós-modernidade e os conceitos do hedonismo não têm contribuído
diretamente para a existência de um cristianismo mais light onde o que
importa é o desenvolvimento de uma relação com um Cristo bonachão?
Com o movimento gospel? Não tem ele contribuído para a banalização
da fé em Cristo?
Caro leitor, tenho plena convicção de que a Igreja de Cristo precisa
regressar à Palavra. Para tanto, torna-se indispensável que reconheçamos
que não nos será possível construirmos um cristianismo relevante em
nosso país sem que conheçamos as principais doutrinas cristãs.
Outro dia estava a conversar com um pastor que me contou sobre uma
entrevista que fez com uma jovem, membro de sua igreja. Num
determinado momento ele perguntou a moça: “Fulana, para você quem é
Jesus”? E ela respondeu dizendo: “Ah! Jesus é um cara maneiro, Jesus é
10! Ele é meu amigão”. Não satisfeito com a resposta da garota, ele
indagou novamente: “Fulana, acho que você não entendeu o que
perguntei, quem é Jesus para você? Por exemplo, ele é Deus, disse o
pastor. Num ato de surpresa a menina respondeu: “O que? O senhor está
brincando? Jesus é Deus? Eu morreria e não saberia disso”. Pois é, essa
menina era filha de um dos diáconos mais antigos da igreja, e não sabia
quem era Jesus.
Uma igreja que negligencia o estudo sistemático da Bíblia está
negociando o que não se pode negociar. Em virtude do fraco ensino
bíblico, as nossas comunidades evangélicas têm colhido frutos
estragados. Hoje, em virtude do abandono das Escrituras tornou-se
comum encontrarmos cristãos defendendo o unitarismo, o modalismo,
arianismo, o dualismo e tantas outras heresias mais.
Oro na expectativa de que os pastores da Igreja Evangélica Brasileira
não negligenciem a Escola Bíblica Dominical, ao contrário, que eles
incentivem os membros de suas comunidades locais a dedicarem suas
vidas ao estudo da Palavra de Deus, até porque, agindo assim evitaremos
alguns desvios doutrinários e comportamentais.
31. Alderi de Souza Matos. Pequena História da Escola Dominical em
http://www.mackenzie.br/6980.html acessado em Junho de 2013.
perguntas e respostas do blog renato vargens
Na cruz, Jesus pagou por todos os nossos pecados, isto é, aqueles que
foram praticados até a nossa conversão e aqueles que infelizmente
haveremos de praticar até o fim de nossa vida na terra. Todavia, isso em
momento algum deve servir para acharmos que podemos e devemos
pecar livremente, mesmo porque aquele que conheceu a Cristo não
consegue agir assim (1Jo 3.9).
Do ponto de vista bíblico, o crente não está livre do pecado. Na
verdade, ele continua suscetível ao pecado. E, ao pecar, ele é convencido
pelo Espírito Santo que lhe mostra a gravidade do erro que cometeu,
levando-o por conseguinte a rogar o perdão do Senhor.
Isto posto, afirmo que o convertido não se sente à vontade vivendo no
pecado, porque as trevas não podem subsistir juntamente com a luz do
Espírito Santo que nele faz morada.
11. E a teologia da prosperidade? O que há de errado nela?
Uma das principais ênfases doutrinárias do movimento neopentecostal
é a teologia da prosperidade. A teologia da prosperidade pode ser
entendida como um conjunto de princípios que afirmam que o cristão
verdadeiro tem o direito de obter a felicidade integral e de exigi-la a
Deus. Nessa perspectiva, os que defendem esta causa interpretam as
Escrituras segundo a ótica da confissão positiva , determinando através
da oração que o Senhor lhes conceda saúde, bênçãos materiais e
dinheiro.
A prática do decreto e da oração determinista infelizmente se tornou
muito comum no meio evangélico. Em boa parte dos templos chamados
neopentecostais é normal vermos ou ouvirmos pessoas determinando a
bênção em nome de Jesus. Os defensores deste tipo de oração
fundamentam seu comportamento no evangelho de João, capítulo 14,
verso 13, afirmando que o termo usado como pedir foi mal traduzido,
pois segundo afirmam, a palavra no original jamais teve a ideia de pedir
alguma coisa e sim de determinar. Entretanto, ao contrário do que tais
profetas afirmam, o texto grego aponta efetivamente para alguém que
pede, sem, contudo, exigir o cumprimento daquilo que deseja. Ora, onde
já se viu um filho determinar o que quer que o pai faça? Ou, de modo
semelhante, um servo pode ordenar o que deve ser feito ao seu senhor?
O filho é submisso ao pai e o servo é submisso ao seu senhor. Se Deus é
nosso Pai, então devemos honrá-lo como tal. Se ele é nosso Senhor,
então a nossa postura deve ser de servos.
Infelizmente, boa parte das mensagens pregadas pelos pastores da
prosperidade nos aponta o quão despreparados são esses ministros. Suas
mensagens são rasas, sem substância, empobrecidas teologicamente,
cheia de modismos, unções, decretos e determinismos, os quais têm
reverberado vergonhosamente em todo território nacional.
Diante do exposto pergunto: que cristianismo é esse? Que evangelho é
esse? Ora, sem nenhum receio afirmo que esse não é o cristianismo
idealizado por Jesus e tampouco o evangelho da Bíblia, antes, é o
evangelho que alguns dos evangélicos fabricaram! Infelizmente parte da
igreja deixou de ser a comunidade da Palavra para ser a comunidade dos
decretos, determinismo e da confissão positiva.
Talvez um dos motivos pelos quais os evangélicos têm dificuldade em
perceber o que está errado com a teologia da prosperidade é que ela é
diferente das heresias clássicas, aquelas defendidas pelos mórmons e
testemunhas de Jeová.
Concordo com Augustus Nicodemus 37 quando ele afirma que a
teologia da prosperidade é um tipo diferente de erro teológico. Segundo
Nicodemus, ela não nega diretamente nenhuma das verdades
fundamentais do cristianismo. A questão é de ênfase. O problema não é
tanto o que a teologia da prosperidade diz, e sim o que ela não diz.
O IBGE e a prosperidade:
No ano de 2007 o IBGE 38 publicou uma informação que desconstrói o
pressuposto neopentecostal de prosperidade. Segundo o departamento de
Pesquisa de Orçamentos Familiares do Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística, as famílias chefiadas por uma pessoa que segue a religião
espírita têm maior rendimento médio mensal (R$ 3.796) do que as
mantidas por um evangélico pentecostal (R$ 1.271).
O analista socioeconômico do IBGE, José Mauro de Freitas Júnior,
disse que a escolaridade entre as religiões influenciou nos resultados.
“Os maiores rendimentos são dos espíritas muito provavelmente porque
eles têm um grau de escolaridade maior do que os evangélicos
pentecostais, que ficaram com a menor renda. Também temos de levar
em consideração que as famílias espíritas têm menor concentração de
integrantes, 2%, enquanto que as evangélicas de origem pentecostal
representam cerca de 11%”, afirmou Freitas. Em relação às despesas, a
pesquisa apontou que as famílias com maiores gastos também foram
aquelas chefiadas por espírita (R$ 3.617), enquanto as com menores
gastos foram as evangélicas pentecostais (R$ 1.301). A maior proporção
de famílias (74%) é da religião católica apostólica romana, e seu
rendimento médio é de R$ 1.790. Os evangélicos, em geral, atingiram
um rendimento médio familiar de R$ 1.500 e representou 17% do grupo
familiar entrevistado.
O estudo também se referiu ao item de gastos com pensões, mesadas e
doações para as respectivas religiões. As famílias de origem evangélica
pentecostal atingiram 21,4 % de despesas com doações (R$ 23), as
pertencentes à evangélica de missão atingiram 21,9% (R$ 58) e as outras
evangélicas 34% (R$ 59). Outro destaque da pesquisa foi com o item
impostos. Neste quesito, os espíritas recolheram 44,2% (R$ 236), cerca
de três vezes a média do Brasil (R$ 79), brasileiros de outras religiões
gastaram 42,9% e os que se declaram sem-religião e não-determinada
42,7%.
A pesquisa em questão serviu para confirmar que a prosperidade não é
conquistada mediante a obediência de rituais mágicos, onde as bênçãos
de Deus são trocadas ou vendidas por generosas contribuições
financeiras.
Caro leitor, é possível que ao ler esta afirmação você esteja dizendo
com seus botões: “Ué, por que então os pastores da teologia da
prosperidade são tão prósperos?” Ora, a prosperidade destes apóstolos se
deve exclusivamente à venda de milagres, bênçãos e indulgências.
Prezado amigo, do ponto de vista bíblico a prosperidade não se dá
mediante o toma-lá-dá-cá propagado e defendido por parte dos
evangélicos adeptos à teologia da prosperidade. Acredito profundamente
que, se quisermos que nossas famílias experimentem prosperidade, é
urgente que invistamos em pelo menos duas áreas:
A- Aumento de escolaridade. 39
Uma das principais marcas de um povo desenvolvido é educação.
Infelizmente, por fatores diversos, milhões de pessoas em nosso país
vivem à margem da sociedade simplesmente pelo fato de terem
abandonado a escola. Tenho plena convicção que, ao voltar à sala de
aula, o crente será abençoado por Deus e disporá de novas ferramentas
que o ajudarão a experimentar a tão sonhada prosperidade. Eu conheci
uma irmã em Cristo que tinha parado de estudar muito cedo. Lembro-me
do dia em que ela me procurou no gabinete pastoral dizendo que estava
pensando em voltar a estudar. Na ocasião eu a incentivei a fazê-lo o
mais rápido possível. Naquele ano mesmo, Maria voltou à escola.
Lembro que a cada semestre ela, à semelhança de um adolescente que
comumente presta conta das suas notas ao pai, me apresentava o seu
boletim. Em poucos anos Maria concluiu o ensino fundamental e médio
e, para minha surpresa, Maria se matriculou na universidade, formando-
se anos mais tarde em psicologia. Sem sombra de dúvidas, a vida dessa
irmã mudou.
13. E o G12?
Não são poucos os pastores que conduzem suas igrejas pela doutrina da
moda. Conheço alguns que no intuito de encherem os bancos de suas
comunidades com pessoas tementes a Deus, comportam-se como
pequenos animais que, no desejo de saciar a fome, saltam de galho em
galho em busca de alimento. Tais líderes vivem de “revelação em
revelação” desejosos por saciar sua sede com novidades cada vez mais
escabrosas. Foi assim quando parte do evangelicalismo brasileiro
redescobriu a música como expressão de louvor, ou enfatizou a batalha
espiritual, ou defendeu a necessidade de cura interior por parte do crente,
lutando contra espíritos territoriais num contexto de maldição
hereditária.
Pois é, a bola da vez é o movimento de células. Milhares de pastores
influenciados pela “doutrina celular” envolveram-se de corpo e alma no
movimento de Igreja em células, conhecido como G12.
Antes de qualquer coisa, quero afirmar que acredito que exista base
bíblica para os pequenos grupos. O livro de Atos dos Apóstolos nos
ensina claramente que a Igreja de Jerusalém reunia-se tanto em casas
como no templo. (At 2.42-45). Todavia, o que o G12 prega e ensina é
muito diferente do ensino das Escrituras.
As doutrinas “gedozistas”, além de relativizarem o sacrifício vicário de
Cristo na cruz do calvário, têm inundado a Igreja Evangélica Brasileira
com ensinamentos falsos, tais como maldições hereditárias, cura interior
e regressão ao ventre materno, além é claro da necessidade do cristão em
determinados momentos da vida perdoar a Deus. Segundo os adeptos
deste tipo de fé, os que participam do encontro, precisam estar dispostos
a perdoar aqueles lhes ofenderam, como também quando necessário
“liberar” perdão a Deus.
Prezado amigo, as Escrituras em nenhum momento fazem qualquer
alusão sobre a necessidade de perdoarmos a Deus. Além disso, a Bíblia é
muita clara em afirmar que a morte de Cristo na cruz do calvário foi
suficiente para cancelar o escrito de dívida que constava contra nós (Cl
2.14). Em outras palavras, isso significa que o sacrifício de Cristo na
cruz é mais do que suficiente para apagar o passado pecaminoso de cada
um de nós.
O pastor anglicano, John Stott certa vez afirmou que um dos mais
graves equívocos da igreja evangélica é querer um cristianismo sem
cruz.
A cruz de Cristo deve ser a nossa mensagem central. A morte do
Cordeiro que tira o pecado do mundo deve ser a nossa proclamação. O
sangue justo derramado na cruz em favor dos eleitos deve ser a nossa
ênfase principal. A cruz é o centro da história do mundo. A encarnação
de Cristo e a crucificação de nosso Senhor são o centro ao redor do qual
circulam todos os eventos de todos os tempos.
Como bem afirmou John Stott, qualquer pessoa que investigue o
cristianismo pela primeira vez ficará impressionada pelo destaque
extraordinário que os seguidores de Cristo dão à sua morte. No caso de
todos os outros grandes líderes espirituais, a morte deles é lamentada
como fator determinante do fim de suas carreiras. Não tem importância
em si mesma; o que importa é a vida, o ensino e a inspiração do exemplo
deles. Com Jesus, no entanto, é o contrário. Seu ensino e exemplo foram,
na verdade, incomparáveis; mas, desde o princípio, seus seguidores
enfatizaram sua morte. Além disso, quando os evangelhos foram
escritos, os quatro autores dedicaram uma quantidade de espaço
desproporcional à última semana de vida de Jesus na terra – no caso de
Lucas, um quarto; de Mateus e Marcos, cerca de um terço; e de João,
quase a metade.
Oh! Quão maravilhosa é a mensagem da cruz! Como diz a clássica
canção: “Sim eu amo a mensagem da cruz, até morrer eu a vou
proclamar, Levarei eu também minha cruz, até por uma coroa trocar”.
Com lágrimas nos olhos sou obrigado a confessar que boa parte da
Igreja evangélica se perdeu no caminho, não conseguindo disseminar de
forma efetiva a Palavra de Deus. Sem a menor sombra de dúvidas,
afirmo que em algumas das denominações cristãs existe um enorme
desconhecimento das doutrinas básicas do cristianismo, o que tem
acelerado e intensificado o adoecimento do evangelicalismo brasileiro.
Em tempos difíceis como os nossos quero convocar pastores, líderes,
bem como a Igreja de Cristo a arrepender-se dos seus pecados e a
regressarem à Palavra de Deus. Sim! Precisamos nos arrepender das
nossas transgressões, dos nossos crassos erros teológicos, das doutrinas
que afrontam o Criador e de comportamentos que ofendem a santidade
do Eterno. Sim! Precisamos regressar às Escrituras e fazer dela nossa
única regra de fé, prática e comportamento. Sim! Precisamos voltar à
Escola Bíblica Dominical, abandonando definitivamente as coisas de
menino e optando assim por servir ao Senhor com maturidade,
conhecimento bíblico e conteúdo teológico.
Prezado leitor, ser protestante não é somente se identificar com o
protesto feito pelos reformadores contra a corrupção eclesiástica e o
falso ensinamento do século XVI – é muito mais do que isso. Ser
protestante é viver debaixo de um avivamento integral, é resgatar os
valores indispensáveis à fé bíblica através da Palavra, é proclamar
incondicionalmente a mensagem da graça de Deus em Cristo Jesus.
O lema “Eclésia reformata, semper reformanda” deveria estar sempre
ressoando em nossos ouvidos e corações, desafiando-nos à
responsabilidade de continuamente caminharmos segundo a Palavra,
sem nos deixarmos levar por ventos de doutrinas e movimentos que
tentam transformar a Igreja de Cristo num circo eclesiástico, nas mãos
de líderes despreparados ou inescrupulosos – ou os dois!, que
manipulam o povo ao seu bel-prazer, tudo isso em nome de Deus!
Que o Senhor tenha misericórdia de nós e que por sua graça e bondade
nos reconduza ao caminho da Verdade.
Soli Deo Gloria!
Renato Vargens
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