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Revitalização:
liderança corajosa
Prof. Rev. Mário Sérgio de Góis
INTRODUÇÃO
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Para responder a essas questões tão pertinentes, as tentativas são várias
e variadas serão as respostas dependendo do país onde os que se propõem a
responder vivem e trabalham. Estamos falando de influências culturais, de cos-
movisão e movimentos dentro da Igreja cristã ao redor do mundo. É assim que
temos muita produção de livros e pesquisas de origem norte-americana, cuja
influência cultural traz um tom mais pragmático à literatura de lá procedente.
Se nos voltarmos para escritos latino-americanos, perceberemos que são livros
mais densos, reflexivos e profundos, por vezes desprovidos de aplicação prá-
tica. Aqui cabe aquele comentário atribuído ao missionário metodista Stanley
Jones quando viajou por vários países da América Latina: “Na América do Nor-
te as cidades começam a partir de um posto de gasolina; na América Latina as
cidades sempre começam a partir de uma praça com um jardim e um templo”.
Devemos também estar abertos para dialogar com as experiências e produções
autóctones oriundas dos países em outros continentes.
Cremos que, como a igreja cristã é universal e ampla, sua edificação não pode
abrir mão de todos os dons e talentos e colaborações de vivências localizadas.
Respeitando as diferenças culturais, podemos aprender uns com os outros,
pois as dinâmicas das igrejas locais, na prática, ao redor do planeta, são muito
parecidas. Considerando, conforme disse acima, que o foco desta disciplina será
mais para os aspectos práticos e menos aos fundamentos teológicos, nosso in-
teresse será nessa direção.
Nosso país, e, por conseguinte, a igreja brasileira, sofre uma forte influência
da produção literária eclesiástica norte-americana. Isso nos coloca diante do
que é bom e do que é ruim. Há uma tendência, por parte de pastores e líderes,
de buscarem soluções rápidas para o crescimento de suas igrejas. É o espírito da
época. Assim se entusiasmam com os modelos que vão se apresentando como
se fossem a solução última para os dramas das igrejas locais que não crescem.
O “Movimento de Igreja em Células”, conquanto não se apresente como um
modelo em si, mas um retorno aos princípios básicos do Novo Testamento do
“ser igreja”, sendo denominado inclusive de Segunda Reforma, é recebido por
muitos como um modelo. O aspecto prático e lógico com que são apresenta-
dos os conceitos e práticas atrai muitos que sinceramente desejam ver a igreja
viva e crescente. Há uma pressa em aplicar o modelo para conseguir resultados
rápidos. E, então, quando os mesmos não aparecem, o que fica é um rastro de
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desilusões. Desse modo, surgem as reações de abandonar tudo e “joga-se fora
a bacia com a água, o sabão e a criança junto”. Mesmo antes de o “Movimento
de Igreja em Células” ter sua influência em nosso país, a igreja brasileira já ex-
perimentara na década de 80 do século passado o impacto dos grupos peque-
nos por meio do livro “Grupos familiares e o crescimento da igreja”, escrito pelo
pastor sul-coreano Paul Younggi Cho da Igreja do Evangelho Pleno de Yoido, em
Seul. Não foram poucos os pastores e líderes das igrejas no Brasil que encheram
aviões em viagens à Coreia do Sul para conhecer de perto o que estava ocorren-
do por lá e trazer ânimo e soluções para suas igrejas e ministérios.
O mesmo pode-se dizer da Saddleblack Church, igreja fundada na Califórnia
pelo Pr. Rick Warren e sua esposa Kay, tornada muito conhecida pelo livro best
seller escrito por ele chamado “Uma igreja com propósito”. Na mesma linha de
influência, dentro e fora dos EUA, temos a Willow Creek Community Church, se-
diada em Chicago, com a estratégia denominada Rede Ministerial, fundada e
pastoreada pelo Pr. Bill Hybels.
Mais recentemente temos lidado com um movimento forte que são as “Igre-
jas emergentes”. Jovens pastores, a maioria norte-americanos, que, perceben-
do a igreja institucionalizada perdendo vigor e presença na sociedade, buscam
um diálogo mais de perto com a cultura na pregação do evangelho e, assim, pro-
põem novas formas de ser igreja entre os heterogêneos grupos de moradores
das grandes cidades. Ainda temos como resposta ao enfraquecimento das igre-
jas históricas um movimento chamado de “Igreja orgânica”, que assim se define:
“é um movimento cristão evangélico que reinterpreta a natureza e a prática da
igreja, oriundo do descontentamento dos cristãos protestantes com o “universo
evangélico”, em uma busca por agrupamentos mais autênticos, menos rígidos,
com mais liberdade e que sejam menos hipócritas”.
Desse modo, essas tentativas são respostas a um desejo de renovação e bus-
ca de vigor das igrejas que estão cambaleantes e, em alguns casos, até mesmo
morrendo. O que o conflito cultural entre a cosmovisão da era moderna com a
cosmovisão da era pós-moderna faz é revelar de várias maneiras a necessidade
de renovação na igreja.
Os escritores dos evangelhos (Mateus, Marcos, Lucas e João) registram ao
final de cada um dos seus livros uma versão da “Grande Comissão de Jesus”.
Mesmo em Atos, Lucas novamente repete as últimas palavras de Jesus antes da
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sua ascensão, que é a “Grande Comissão” de Atos dos Apóstolos. O que isso sig-
nifica? Aponta para o fato de que a igreja cristã tem um propósito definido pelo
Seu próprio Senhor e Salvador que é essencialmente missionário. Ao lermos em
João 20.21 (“Assim como o Pai me enviou, eu também vos envio.”), entendemos
que a missio eclesiae (missão da igreja) deriva da missio Dei (missão de Deus).
Ao longo dos séculos, sempre que a igreja deixava de viver e perseguir seu
propósito missional, ela se fechava em si mesma e experimentava uma crise de
identidade e de relevância. Quando a manutenção, ou a sobrevivência, se tor-
na a missão de uma igreja local, ou mesmo de uma denominação, ela não tem
mais o que comunicar à sociedade ao seu redor e caminha a passos largos para
a morte. Não é sem verdade o ditado antigo que diz: “Para uma igreja enferma,
uma dieta missionária!”.
Humildemente, pois, façamos nossa autocrítica. Sim, valorizando os funda-
mentos do passado e inspirando-nos nos nossos pais espirituais e, por outro
lado, enchendo-nos de coragem para produzir as mudanças cabíveis, encon-
trando novos caminhos para uma nova realidade e, então, sermos esta nova
igreja para um novo mundo que já chegou.
Essa empreitada de enfrentar os novos tempos com o foco missional é algo
que não fazemos nas nossas próprias forças e estratégias somente. O próprio
Senhor da igreja que nos enviou é quem também nos concede o poder. Na se-
quência da narrativa de João 20.21, em que Jesus envia os discípulos, Ele os
capacita: “[...] havendo dito isto, soprou sobre eles e disse-lhes: Recebei o Espí-
rito Santo.” (João 20.22; cf. Atos 1.8). De igual modo, podemos desfrutar desse
sopro renovador e impulsionador do Espírito de Deus para a igreja no século 21,
pelo mundo e na nossa pátria brasileira.
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MÓDULO 1: FUNDAMENTOS BÍBLICOS DA IGREJA
INTRODUÇÂO
A origem da igreja é divina. A igreja tem sua origem no coração de Deus. A pri-
meira ocorrência do termo “igreja” no Novo Testamento é o uso feito pelo pró-
prio Senhor Jesus em Mateus 16.18: “Pois também eu te digo que tu és Pedro, e
sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalece-
rão contra ela”. Dessa afirmação de Jesus sobre a igreja aprendemos o seguinte:
a) a igreja nasceu da iniciativa de Deus e não das pessoas: “EU (Jesus) edifica-
rei a minha igreja”;
b) a convocação é feita por Deus e não pelas pessoas: “Eu (Jesus) EDIFICAREI
a minha igreja”;
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c) a Igreja é propriedade exclusiva de Deus; as pessoas não têm direito sobre
ela: “Eu (Jesus) edificarei a MINHA igreja”;
d) Jesus convocou uma única igreja: “Eu (Jesus) edificarei a MINHA IGREJA”.
Para chegarmos ao motivo fundamental pelo qual a igreja existe, temos que
perguntar: “Por quê?”. Por que, de fato, foi a igreja trazida à existência? Por que
o prédio da igreja ocupa um determinado terreno? Por que erigimos paredes e
um teto sobre os prédios nos quais nos reunimos? Por que nos envolvemos em
um ministério de música? Por que apoiamos o trabalho da igreja com os nossos
fundos? Por que enviamos missionários pelo mundo afora?
Se fizermos essas perguntas no próximo fim de semana aos participantes do
culto, com certeza ouviremos uma porção de respostas, muitas delas boas, mas
quase com certeza não representariam o propósito básico da existência da igre-
ja. Possivelmente algumas das respostas seriam:
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• Levar o evangelho aos perdidos. Ter a oportunidade de participar de cul-
tos e instrução regulares.
• Dar esperança aos que sofrem.
• Ser um farol na comunidade.
• Equipar os santos para a obra do ministério.
• Afirmar e apoiar valores saudáveis (lar, pureza moral e ética, dignidade
dos indivíduos, viver santo, casamentos saudáveis, integridade etc.).
• Enviar o evangelho por todo o mundo através de empenho missionário.
• Buscar a juventude de hoje e desafiá-la a fazer de Cristo o centro de sua
vida, sua escolha de carreira e seus planos para o futuro.
• Orar.
• Edificar os santos.
• Consolar os entristecidos; encorajar os solitários; alimentar os famintos;
ministrar aos deficientes; ajudar os idosos, os que sofrem abusos e os
confusos.
• Estimular a ação e o envolvimento em questões sociais críticas.
• Servir como modelo de autêntica retidão.
• Ensinar as Escrituras tendo em vista uma vida eterna.
Cada uma dessas razões é válida, saudável e valiosa. A igreja precisa, com
certeza, se dedicar a essas atividades. Mas nenhuma delas é absolutamente bá-
sica. Nada nessa lista declara o propósito fundamental da existência da igreja.
Qual, então, é o propósito básico? O apóstolo Paulo em 1Coríntios nos dá
a resposta. E, talvez, vermos esta verdade em sua simplicidade será algo ex-
tremamente renovador e animador. Todavia, quanto mais a compreendermos,
mais cumpriremos nosso propósito pessoalmente como discípulo de Jesus Cris-
to e corporativamente como igreja, o Seu Corpo. Foi assim que Paulo escreveu:
“Portanto, quer comais, quer bebais, ou façais outra coisa qualquer; fazei tudo
para a glória de Deus” (1Coríntios 10.31, negrito nosso).
De modo simples, eis aí a resposta à pergunta sobre por que existimos. O pro-
pósito básico da igreja é glorificar ao Senhor nosso Deus.
O ensino amplo do apóstolo Paulo em suas cartas sobre o tema da glória de
Deus é impressionante. É assim, então, que devemos glorificar a Deus em uma
base pessoal conforme indicado em 1Coríntios 6.19-20, que diz: “Ou não sabeis
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que o nosso corpo é o santuário do Espírito Santo, que habita em vós, provenien-
te de Deus? Não sois de vós mesmos. Porque fostes comprados por bom preço.
Glorificai, pois, a Deus no vosso corpo”. Seja o que for que façamos com nossos
corpos, devemos nos assegurar que nossa existência física dê glória a Deus!
Por outro lado, devemos ser despertados para o nosso propósito na pers-
pectiva comunitária e corporativa como Corpo de Cristo na Terra. Na carta aos
Efésios, o apóstolo Paulo encerra uma oração a Deus dizendo: “A ele seja glória,
na igreja e em Cristo Jesus, por todas as gerações, para todo o sempre. Amém.”
(Efésios 3.21). Nestes tempos de estilos religiosos criados por agências de pu-
blicidade e marketing, é fácil perder o caminho e imaginar que a igreja tem como
meta crescer, construir prédios atrativos e imponentes e duplicar a frequência
rapidamente em pouco tempo. E, assim, a igreja que cresce torna-se invejada
pelas que não o fazem. Outros fazem do “impressionar” seu propósito popular,
como pregar ótimos sermões, prover boa música etc. São coisas boas em si,
desde que mantidas em perspectiva e feitas por motivos dignos. Mas tudo isso
não é básico!
Para isso tudo ser prático para nós, como líderes de igrejas locais, constan-
temente devemos nos perguntar: Por que estou fazendo isto? Por que eu disse
que sim? Por que concordei com aquilo? Por que estou ensinando? Por que canto
no coro? Por que estou tão envolvido neste grupo de adultos? Por que planejo
em meu orçamento dar esta quantia no ofertório? Por quê? Por quê? POR QUÊ?
Quando essas perguntas são feitas, a única resposta possível e assertiva, se-
gundo as Escrituras Sagradas, é: Para glorificar a Deus! Jesus já havia ensinado
no Sermão do Monte: “Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para
que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus”
(Mateus 5.16). Repetindo: o propósito básico da existência da igreja é glorificar
a Deus!
O despertar para esse conceito pode nos levar a imaginar que ele seja algo
novo. Todavia, ele é tão antigo quanto as Escrituras Sagradas. Mas, então, é
novo na história da igreja? Novamente, é tão antigo quanto o Breve Catecismo
de Westminster, elaborado em 1647, em sua primeira pergunta que os presbite-
rianos escoceses faziam aos jovens aprendizes de teologia.
Pergunta: Qual é o fim principal do homem?
Resposta: O fim principal do homem é glorificar a Deus e alegrá-lo para sempre.
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1.3. Os objetivos da igreja
Não devemos perder o frescor desses versos e o fato de que a Palavra de Deus
deve ser entendida com os princípios hermenêuticos, entre eles o “princípio da
atualidade”, em que aprendemos que Deus está falando o que Ele já falou. Ali
estavam esses quase três mil novos crentes, sem prédio onde se reunir, sem
pastor, sem senso de direção, sem conhecimento da vida cristã, sem constitui-
ção eclesiástica ou estatuto, sem um conjunto de credos, sem muita compreen-
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são da presença ou do poder do Espírito Santo, com uma Bíblia incompleta etc.
Eles, na verdade, não tinham nada! Tornaram-se os membros fundadores da
igreja. A partir deles a chama se espalhou por todo o mundo.
É dessa narrativa original de suas atividades que podemos compilar este
conjunto básico de objetivos, que são essencialmente quatro: Culto (liturgia);
Aprendizagem (didaskalia), Comunhão (koinonia) e Expressão (martiria).
Ao lermos o versículo de Atos 2.42, todos esses quatro objetivos surgem: “E
perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas
orações”. O que se segue a partir daí, Atos 2.43-47, é a ilustração de cada um
desses objetivos. O fato é que ainda hoje esses objetivos principais são relevan-
tes. Eles constituem o ministério da igreja, mesmo no século 21.
Ao buscarmos a glória de Deus, que é nosso propósito básico, focalizamos
nos quatro objetivos: culto, instrução, comunhão e expressão.
Culto
Atos 2.42 diz que os discípulos “perseveravam”, palavra que Lucas usa ainda
em Atos 1.14 e 6.4, relacionada com a oração e cujo significado é uma fidelidade
constante e sincera. Ainda lemos que eles “partiam o pão e oravam”. Isso apon-
ta para uma realidade de intensidade e ardente devoção. Ao lermos ainda sobre
a “alegria e singeleza de coração” fica mais completo o entendimento de que o
ambiente que permeava o culto era de júbilo espontâneo e reações de louvor.
Aqui entra nossa autocritica ao refletirmos sobre os cultos em nossas comu-
nidades locais. O culto tornou-se uma arte perdida, a joia perdida desta geração
apressada e eficiente e em um mundo muito barulhento.
Temos programas e atividades, mas pouca adoração. Há cânticos, hinos e pro-
gramas musicais, mas pouca adoração. Há avisos, leituras e orações, mas pouca
adoração. Os cultos são regulares, mas monótonos e previsíveis. Os eventos são
conduzidos no horário, por pessoas bem intencionadas, sustentados por gen-
te que é fiel e dedicada, mas aquela ardente expectativa e respeitoso deleite
misturados com um senso misterioso de temor ao Deus Todo-Poderoso estão
ausentes. Charles Swindoll (1996, p. 27), escrevendo a respeito disso, nos leva
à seguinte reflexão:
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Sua igreja está experimentando a verdadeira adoração?
Você está frequentemente em lágrimas ou à beira do
êxtase [...] ou tão absorvido em encanto, amor e louvor que
se esquece momentaneamente de onde se encontra? Há
realmente uma liberdade em sua alma, uma avassaladora
gratidão em seu espírito, uma intensidade de oração que
bloqueia tão completamente o não essencial que você
consegue concentrar-se sem a intromissão de quaisquer
outros pensamentos?
Aprendizagem
Para evitar excessos e orgulho espiritual, lembremos que a igreja deve ser
uma comunidade de aprendizagem ao lado de uma comunidade de adoração.
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Há três ênfases nas quais podemos ter atenção para saber se nossa ênfase no
ensino está caminhando para um extremo doentio: a) quando o conhecimen-
to permanecer teórico, cuidado (ele logo gerará indiferença ou arrogância; b)
quando a pregação e o ensino não são equilibrados pelo amor e pela graça, cui-
dado (a intolerância não está longe); c) quando o ensino se torna um fim em si
mesmo, cuidado (nessa altura, o ensino bíblico está perigosamente perto de ser
bibliolatria).
Comunhão
Continuamos a ser orientados pela narrativa de Atos 2 em que a igreja deve ser
um lugar de comunhão, ou seja, uma comunidade de fiéis que demonstram inte-
resse sincero e genuíno uns pelos outros. Quando a expressão koinonia ocorre
no Novo Testamento, sempre traz ideia de união, do compartilhar de algo juntos
ou de tomar parte em algo juntos (cf. Lucas 5.10; Hebreus 10.33; 13.5; Gálatas
2.9). A ideia central é que quando temos verdadeira comunhão, damos; quando
damos para as necessidades de um grupo reunido, participamos da comunhão.
A koinonia resulta em duas expressões bem definidas, sendo a primeira aquela
em que você compartilha algo com alguém, alguma coisa prática, tangível, aju-
dando a satisfazer uma necessidade objetiva, e a segunda expressão é quando
você participa de algo com alguém, como “chorar com os que choram e alegrar-
-se com que se alegram” (Romanos 12.15).
Novamente, no exercício de autocrítica, atentemos para as palavras duras,
porém verdadeiras, de Marion Jacobsen, em um livro intitulado “Santos e Esno-
bes” (apud Swindoll, 1996, p. 62):
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ali o tempo suficiente para relacionar-se pessoalmente com
Jesus Cristo. As pessoas não são persuadidas, são atraídas.
Precisamos ser capazes de comunicar muito mais pelo que
somos do que pelo que dizemos.
Expressão
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O Novo Testamento pode nos ensinar verdades muito atuais e necessárias
para a igreja no que diz respeito ao evangelismo e missões. Vejamos algumas
dessas verdades.
Primeira verdade: os crentes do Novo Testamento nunca se limitaram à reu-
nião da igreja. Enquanto reunidos, estavam adorando e sendo instruídos e,
enquanto dispersos, estavam ajudando e afirmando, encorajando e evangeli-
zando. Não encontraremos no Novo Testamento um momento sequer no qual a
igreja estava reunida estritamente com a finalidade de evangelizar. As pessoas
não iam à igreja para ganhar os perdidos. Elas se reuniam para adorar, ser ins-
truídas e ter comunhão íntima; depois elas se dispersavam para evangelizar na
convivência do dia a dia com as pessoas.
A segunda verdade é que o evangelismo era sempre iniciado pelo cristão. Não
podemos ficar com a ideia falsa e equivocada de que as pessoas se quiserem
conhecer a Cristo virão nos perguntar. Novamente, se dermos uma olhada nos
evangelhos revisando as últimas palavras de Jesus antes de voltar aos céus para
o Pai, fica claríssimo que a “Grande Comissão” prevê que tenhamos a iniciativa
de ir, pregar, fazer discípulos, batizar, ensinar etc. Não dá para ficarmos aguar-
dando alguém chegar e nos dizer: “Olha! Estou preocupado com minha alma e,
como você é um cristão, gostaria que me ajudasse a descobrir como estar bem
com Deus e o meu futuro após a morte.”. Simplesmente não é isso que ocorria no
Novo Testamento e definitivamente não é assim no século 21.
A terceira verdade é que muito do que vemos no evangelismo neotestamen-
tário é que frequentemente ele estava associado a outro evento ou experiência.
Podemos identificar como eventos paralelos uma intensa perseguição, uma cura
realizada, uma conversão, uma discussão, um acontecimento sobrenatural, um
episódio cataclísmico. O vir a crer em Cristo muitas vezes derivava desses acon-
tecimentos e realidades.
A quarta verdade sobre o evangelismo no Novo Testamento é que ele nunca
foi algo que alguém fosse forçado ou manipulado a fazer. Não encontraremos
nas Escrituras nenhum relato de cristãos manipulando homens e mulheres
descrentes com o fim de levá-los à salvação. Na realidade, preocupar-se com
as pessoas, interessando-se de fato por seu mundo, sua situação e seus cui-
dados, ainda é o “método” mais eficaz de ganhar as pessoas distantes de Deus
para Ele.
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CONCLUSÃO
BIBLIOGRAFIA
WARREN, Rick. Uma igreja com propósito. São Paulo: Vida, 1997.
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