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Projeto exclusivo de resgate de revistas antigas de Escola Bíblica
Dominical. Para mais estudos visite o nosso site.
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Introdução
Todos nós queremos igrejas que cresçam. Devemos ansiar que a luz da salvação
brilhe sobre o maior número possível de pessoas. Devemos nos esforçar para estar
cumprindo a missão de levar o evangelho a toda criatura (Mt 28.18-20).
Devemos nos regozijar com igrejas vivas que estejam alegremente glorificando a
Deus. proclamando sua mensagem e equipando os santos.
Nosso desejo de crescimento não deve, entretanto, fazer com que venhamos a
abraçar qualquer método ou sistema doutrinário, por mais aparentes que sejam os
critérios de "sucesso" pelos quais é apresentado. Deus espera de nós fidelidade ao
seu evangelho, às suas doutrinas.
Nas três últimas décadas o crescimento no campo evangélico tem sido apresentado
como um conceito sinônimo ao desenvolvimento do movimento neocarismático ou
neopentecostal.
Trinta anos foram suficientes para que grandes segmentos da igreja esquecessem de
que Deus vem providencial mente operando o crescimento de sua Igreja com a
pregação da sã doutrina desde a época apostólica.
Como consequência, formamos quase toda uma geração que hoje já está
identificando a fé cristã histórica com os ensinamentos do neopentecostalismo, como
se esta tivesse sido a mensagem da Igreja de Cristo desde o princípio. Não percebem
que o movimento pentecostal teve início somente no final do século passado.
Paulo também foi chamado pelos filósofos de Atenas (Atos 17) não porque eles
estivessem interessados na mensagem do Evangelho, mas porque queriam ouvir
sobre o grande fenômeno que era a ressurreição de Jesus, apenas pela novidade do
tema. Nesse sentido, vemos que a agitação da doutrina e liturgia neopentecostal
agrada as pessoas.
Mas devemos pensar seriamente no que Paulo diz em Gálatas 1.10, o versículo que
vem logo após o nosso texto base: Porventura procuro eu agora o favor dos homens,
ou o de Deus? Ou procuro agradar a homens? Se agradasse ainda a homens, não
seria servo de Cristo.
O propósito de Paulo não era agradar a homens, não era a conformação com as
doutrinas correntes atuais, não era a harmonia acima da verdade. Mas, era agradar
a Deus e ser fiel a ele.
No versículo 11 ele continua: Faço-vos, porém, saber, irmãos, que o evangelho por
mim anunciado não é segundo o homem; porque eu não o recebi, nem o aprendi de
homem algum, mas mediante revelação de Jesus Cristo.
Eis a razão de Paulo para ter esta convicção: o evangelho não é doutrina de homens,
mas sim revelação de Jesus Cristo.
Na epístola aos Filipenses, Paulo mostrou-se bastante tolerante com relação àqueles
que pregavam a Cristo até com o motivo errado, mas sem adulterar o conteúdo da
mensagem. Na carta aos Gálatas, no nosso texto básico, Paulo demonstra total
intransigência com relação aos pregadores por ele mencionados.
Porque as duas atitudes diferentes de Paulo? Será que ele, na prisão, quando
escreveu Filipenses, estava cansado e já não se importava mais? Não! O conteúdo do
evangelho estava em jogo, na segunda situação, por isso ele reage violentamente e
condena esta situação com a mais forte das palavras.
Podemos negligenciar o aviso contido e pensar que Paulo se referia somente à sua
situação específica. Afinal, não temos mais judaizantes em nosso meio! Muitos de nós
chegam a fazer, corretamente, a aplicação destas palavras à pregação da Igreja
Católica Romana, como suas adições e condições anexadas à Graça salvadora de
Cristo.
Isto não basta, porque com pouca frequência paramos para analisar o que está
acontecendo no campo chamado "evangélico" e aqui, tristemente, mas não raramente,
encontramos a proclamação de "outro" evangelho.
Ocorre que Paulo poderia ter particularizado a questão, especificado quem ele
combatia, mas quis o Espírito Santo, em sua soberania, deixar a colocação de forma
genérica, de tal modo que o princípio fosse enfatizado — não podemos mexer com o
cerne do evangelho.
Ele disse: "parece que muitos professores modernos não percebem que a sua
prioridade principal deveria ser estudar o assunto que eles pretendem ensinar. Em vez
disso,... eles estudam o conhecimento da metodologia de ensino... e este toma o lugar
do conhecimento real..." Machen prossegue dizendo que esta inversão de valores
procede de uma concentração errônea da educação na pessoa que deve aprender,
em vez de nas verdades a serem transmitidas.
3 – O EVANGELHO E UM PRODUTO?
No campo evangélico, uma abordagem comum é comparar a evangelização com a
venda de um produto. Um livro intitulado Como Obter Decisões no Trabalho Pessoal
de Evangelização, diz o seguinte: "Os princípios utilizados [são aqueles aplicados] em
ações de vendas de sucesso. Tanto no trabalho [de evangelização] pessoal, como na
venda de bens, as pessoas devem ser persuadidas a fazer uma escolha positiva e,
posteriormente, devem ratificar esta escolha com uma ação definida de
comprometimento. "!
Este livro, mesmo contendo alguns bons conselhos bíblicos pessoais à pessoa do
evangelista, apresenta a evangelização como se fosse uma sequencia de passos
naturais de convencimento, até que se chegue a "assinatura do pedido".
A - Primeiro exemplo:
Pastor Paulo - "...os bispos estarão no monte Horebe, a pão e água, em consagração
e oração... e nestes três dias você vai receber o pão e a água, os mesmos elementos
que Elias recebeu do anjo de Deus, para ter forças na sua caminhada..."
B - Outro exemplo:
Pastor Paulo e Pastor Laércio - "...pastor Laércio, se esta pessoa levar uma peça de
roupa, se ela levar aquilo que representa um familiar, com certeza a família não vai
continuar da mesma forma, não. É verdade, pastor Paulo, a família, ela não vai
continuar da mesma forma, Deus... ele vai ter que abençoar e por isso nós vamos
estar numa guerra, numa luta muito forte, uma luta muito especial..."
Como chamaremos esta nova prática? De fetichismo cristão? Qual o poder mágico
contido na peça da roupa? Será que podemos notar aqui a subserviência de Deus aos
propósitos do homem? Como propagar e defender esta prática, sem contrariar a
admoestação de Paulo, que diz: rejeitamos as coisas que, por vergonhosas, se
ocultam, não andando com astúcia, nem adulterando a palavra de Deus; ...(2 Co 4.2).
Estas maravilhas são hoje a parte principal da liturgia de muitas igrejas e programas
de rádio. Indo além e contrariando 1 Pedro 4.13, alguns chegam a dar garantias dc
que as aflições do crente desaparecerão. Será que as maravilhas constituem a
essência da Mensagem? Qual o ensinamento de Jesus?
Podemos aprender muito sobre este assunto com a parábola do "Rico e Lázaro" em
Lucas 16.19-31. Nela o rico se encontra nas tormentas do inferno e, preocupado com
o destino espiritual dos seus cinco irmãos, implora ao Pai Abraão que Lázaro seja
mandado de volta à terra para pregar a estes.
Ele sugere que se seus irmãos virem o milagre de um morto voltar à vida eles então se
"arrependerão". É verdade que ele aqui reconhece pelo menos um ponto essencial do
conteúdo do Evangelho — a necessidade do arrependimento — mas ele quer
adicionar um sinal, uma maravilha, para convencê-los.
Abraão, porém, responde: "Eles têm Moisés e os profetas; ouçam- nos... Se não
ouvem a Moisés e aos profetas, tão pouco se deixarão persuadir, ainda que ressuscite
alguém dos mortos". Notem aqui o contraste.
O rico pensa que o arrependimento pode ser consequência do ver. Abraão declara
que este vem através do ouvir a Palavra de Deus (na época, ainda era apenas Moisés
e os Profetas - o A.T.). Paulo também fala do ouvir em Romanos 10.14 e 17. É através
da pregação das Escrituras que o Espírito Santo efetiva o milagre da conversão e
opera o crescimento real da Igreja.
CONCLUSÃO
Vimos vários exemplos de apelos humanistas, estranhos à palavra de Deus, mas que
são apresentados como sendo a mais legítima evangelização do nosso país.
Chegamos a um ponto que temos de reconhecer que isso não é apenas "um método"
ou "uma abordagem" diferente, no meio evangélico, mas proposições que atingem o
próprio cerne do evangelho, adulterando a mensagem a ser transmitida—-resultando
em uma falsa religiosidade, da qual a nossa igreja deve manter distância.
APLICAÇÃO INDIVIDUAL
Ore para que Deus possa lhe mostrar, através da leitura de sua Palavra, a
necessidade de uma consagração pessoal e centralização de seus pensamentos na
pessoa de Cristo. Releia os trechos bíblicos, indicados nesta lição, que mostram o
trabalho do Espírito Santo como sendo a centralização de nossos pensamentos e
ações na pessoa de Cristo. Peça a Deus para lhe dar um zelo pelo Evangelho de tal
forma que você queira vê-lo propagado, mas não adulterado.