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O CRESCIMENTO DA IGREJA E ALGUNS MÉTODOS


MODERNOS DE EVANGELIZAÇÃO
Gálatas 1.6-9

Introdução
Todos nós queremos igrejas que cresçam. Devemos ansiar que a luz da salvação
brilhe sobre o maior número possível de pessoas. Devemos nos esforçar para estar
cumprindo a missão de levar o evangelho a toda criatura (Mt 28.18-20).

Devemos nos regozijar com igrejas vivas que estejam alegremente glorificando a
Deus. proclamando sua mensagem e equipando os santos.

Nosso desejo de crescimento não deve, entretanto, fazer com que venhamos a
abraçar qualquer método ou sistema doutrinário, por mais aparentes que sejam os
critérios de "sucesso" pelos quais é apresentado. Deus espera de nós fidelidade ao
seu evangelho, às suas doutrinas.

Nas três últimas décadas o crescimento no campo evangélico tem sido apresentado
como um conceito sinônimo ao desenvolvimento do movimento neocarismático ou
neopentecostal.

Trinta anos foram suficientes para que grandes segmentos da igreja esquecessem de
que Deus vem providencial mente operando o crescimento de sua Igreja com a
pregação da sã doutrina desde a época apostólica.

Muitas igrejas avidamente se entregaram a novas práticas e ensinamentos, como se a


única alternativa para obter crescimento e espiritualidade, fosse a capitulação dos
esteios doutrinários do cristianismo aos novos "ventos de doutrina".

Como consequência, formamos quase toda uma geração que hoje já está
identificando a fé cristã histórica com os ensinamentos do neopentecostalismo, como
se esta tivesse sido a mensagem da Igreja de Cristo desde o princípio. Não percebem
que o movimento pentecostal teve início somente no final do século passado.

Uma das características é a centralização da sua mensagem na doutrina do Espírito


Santo, desprezando a instrução de Jesus Cristo, segundo a qual o trabalho do
Consolador seria revelar e glorificar a pessoa do Filho (Jo 16.13-14).

O neopentecostalismo é definido como sendo a prática de uma igreja, grupo de igrejas


ou de novas denominações que reflete a absorção das doutrinas do Pentecostalismo,
não se prendendo a linhas demarcatórias denominacionais.

Esta prática tem se traduzido em uma liturgia totalmente livre de diretrizes ou


planejamento, centralizada no bem estar do homem, no culto específico ao Espírito
Santo e na propagação de uma mensagem que acresce ao Evangelho aspectos
supersticiosos da religiosidade popular. Estas igrejas têm crescido em números, mas é
este o crescimento bíblico que queremos?

1 - A IMPORTÂNCIA DO CONTEÚDO DO EVANGELHO


Sabemos que os "sinais e maravilhas" atraem as multidões. Já era assim na época de
Jesus, quando as multidões acorriam a ele, mas muitos não estavam interessados na
mensagem de salvação, buscavam apenas a sensação carnal de ver algo diferente
(Paulo diz em 1 Coríntios 1.22 que os judeus buscavam sinal).

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Paulo também foi chamado pelos filósofos de Atenas (Atos 17) não porque eles
estivessem interessados na mensagem do Evangelho, mas porque queriam ouvir
sobre o grande fenômeno que era a ressurreição de Jesus, apenas pela novidade do
tema. Nesse sentido, vemos que a agitação da doutrina e liturgia neopentecostal
agrada as pessoas.

Mas devemos pensar seriamente no que Paulo diz em Gálatas 1.10, o versículo que
vem logo após o nosso texto base: Porventura procuro eu agora o favor dos homens,
ou o de Deus? Ou procuro agradar a homens? Se agradasse ainda a homens, não
seria servo de Cristo.

O propósito de Paulo não era agradar a homens, não era a conformação com as
doutrinas correntes atuais, não era a harmonia acima da verdade. Mas, era agradar
a Deus e ser fiel a ele.

No versículo 11 ele continua: Faço-vos, porém, saber, irmãos, que o evangelho por
mim anunciado não é segundo o homem; porque eu não o recebi, nem o aprendi de
homem algum, mas mediante revelação de Jesus Cristo.

Eis a razão de Paulo para ter esta convicção: o evangelho não é doutrina de homens,
mas sim revelação de Jesus Cristo.

Este contraria a perspicácia, os desejos e as motivações carnais do homem. Temos a


coragem de "remar contra a maré" e proclamarmos o puro Evangelho de Cristo, sem
os "apêndices" que as igrejas vêm adicionando à mensagem?

Na epístola aos Filipenses, Paulo mostrou-se bastante tolerante com relação àqueles
que pregavam a Cristo até com o motivo errado, mas sem adulterar o conteúdo da
mensagem. Na carta aos Gálatas, no nosso texto básico, Paulo demonstra total
intransigência com relação aos pregadores por ele mencionados.

Porque as duas atitudes diferentes de Paulo? Será que ele, na prisão, quando
escreveu Filipenses, estava cansado e já não se importava mais? Não! O conteúdo do
evangelho estava em jogo, na segunda situação, por isso ele reage violentamente e
condena esta situação com a mais forte das palavras.

Podemos negligenciar o aviso contido e pensar que Paulo se referia somente à sua
situação específica. Afinal, não temos mais judaizantes em nosso meio! Muitos de nós
chegam a fazer, corretamente, a aplicação destas palavras à pregação da Igreja
Católica Romana, como suas adições e condições anexadas à Graça salvadora de
Cristo.

Isto não basta, porque com pouca frequência paramos para analisar o que está
acontecendo no campo chamado "evangélico" e aqui, tristemente, mas não raramente,
encontramos a proclamação de "outro" evangelho.

A este respeito, muitos de nós temos um julgamento ingênuo ou caridoso em excesso


(com uma brandura que se contrapõe à severidade de Paulo) com relação ao que está
acontecendo na esfera de proclamação do evangelho e de crescimento de igrejas, em
nossa terra.

Ocorre que Paulo poderia ter particularizado a questão, especificado quem ele
combatia, mas quis o Espírito Santo, em sua soberania, deixar a colocação de forma
genérica, de tal modo que o princípio fosse enfatizado — não podemos mexer com o
cerne do evangelho.

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2 - QUANDO O MÉTODO SE COLOCA ACIMA DO CONTEÚDO


Vivemos na idade do "como" em que procuramos definir e determinar uma
metodologia para tudo e onde nos preocupamos muito mais com os métodos de
apresentação do que com a verdade que necessita ser transmitida.

O Método recebe hoje uma ênfase indevida na transmissão da mensagem, às custas


do conteúdo do que deve ser transmitido. Este conteúdo è a coisa mais importante,
na visão bíblica, e deve ser preservado, por nossa igreja.

Um grande teólogo Presbiteriano americano, J. Gresham Machen, escreveu algumas


décadas atrás, que tanto no púlpito, como nas cátedras, os pastores e professores
estariam se envolvendo muito mais no aprendizado de métodos do que na aquisição
de conhecimentos.

Ele disse: "parece que muitos professores modernos não percebem que a sua
prioridade principal deveria ser estudar o assunto que eles pretendem ensinar. Em vez
disso,... eles estudam o conhecimento da metodologia de ensino... e este toma o lugar
do conhecimento real..." Machen prossegue dizendo que esta inversão de valores
procede de uma concentração errônea da educação na pessoa que deve aprender,
em vez de nas verdades a serem transmitidas.

Ele complementa: "chegamos a uma grande descoberta pedagógica - é possível


pensar com uma mente completamente vazia!" A isso poderíamos adicionar,
precisamos ter cuidado para que não venhamos a gerar cristãos com uma mensagem
sem Cristo.

O conferencista reformado Michael Horton escreve: "o mito do poder, da popularidade


e do crescimento têm levado a uma preocupação doentia com o sucesso superficial,
que enfatiza métodos acima da mensagem, técnicas acima da verdade e quantidade
acima da qualidade "

Ele denuncia, também, a perturbadora introdução de várias técnicas estranhas à


revelação bíblica, como métodos válidos na apresentação do evangelho. Diz ele que,
no campo secular, os livros que ensinam métodos se multiplicam e que parece existir
"uma técnica para tudo, debaixo do Sol".

Precisamos ter cuidado para não priorizarmos a metodologia às custas do conteúdo.


Precisamos de discernimento para aferirmos os métodos, pois estes muitas vezes não
são bíblicos e contaminam o conteúdo.

3 – O EVANGELHO E UM PRODUTO?
No campo evangélico, uma abordagem comum é comparar a evangelização com a
venda de um produto. Um livro intitulado Como Obter Decisões no Trabalho Pessoal
de Evangelização, diz o seguinte: "Os princípios utilizados [são aqueles aplicados] em
ações de vendas de sucesso. Tanto no trabalho [de evangelização] pessoal, como na
venda de bens, as pessoas devem ser persuadidas a fazer uma escolha positiva e,
posteriormente, devem ratificar esta escolha com uma ação definida de
comprometimento. "!

Este livro, mesmo contendo alguns bons conselhos bíblicos pessoais à pessoa do
evangelista, apresenta a evangelização como se fosse uma sequencia de passos
naturais de convencimento, até que se chegue a "assinatura do pedido".

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Paulo certamente chamaria isto de "outro evangelho" pois esta abordagem


desconhece que a conversão é um milagre de Deus e não apenas uma atração a um
produto.

4 - É VÁLIDO O APELO AO MISTICISMO SUPERSTICIOSO DE


NOSSA POPULAÇÃO?
Sintonize o rádio em uma emissora evangélica qualquer. Possivelmente você
encontrará um pregador neopentecostal procurando atrair as pessoas com promessas
de prosperidade e cura.

Às vezes a mensagem está cheia de simbologia do Velho Testamento, extraída de


incidentes históricos que são colocados como prescrições ao Povo de Deus, nos dias
de hoje. Frequentemente utilizam-se amuletos, peças de roupa, águas santas e outras
contrapartidas físicas que não caracterizam o cristianismo mas as religiões e práticas
pagãs.

Vejam esses exemplos extraídos de programas evangélicos em uma rádio:

A - Primeiro exemplo:
Pastor Paulo - "...os bispos estarão no monte Horebe, a pão e água, em consagração
e oração... e nestes três dias você vai receber o pão e a água, os mesmos elementos
que Elias recebeu do anjo de Deus, para ter forças na sua caminhada..."

Perguntamos: Como deveremos chamar este novo sacramento, do pão e da água? O


pão e a água garantem agora forças para resolvermos os problemas? Podemos
encontrar paralelo nestas artimanhas, com a pregação dos apóstolos?

Será que não reconhecemos aqui a concretização da advertência de Paulo — receio


que, assim como a serpente enganou a Eva, com a sua astúcia, assim também sejam
corrompidas as vossas mentes, e se apartem da simplicidade e pureza devidas a
Cristo... (2 Co 11.3)

B - Outro exemplo:
Pastor Paulo e Pastor Laércio - "...pastor Laércio, se esta pessoa levar uma peça de
roupa, se ela levar aquilo que representa um familiar, com certeza a família não vai
continuar da mesma forma, não. É verdade, pastor Paulo, a família, ela não vai
continuar da mesma forma, Deus... ele vai ter que abençoar e por isso nós vamos
estar numa guerra, numa luta muito forte, uma luta muito especial..."

Como chamaremos esta nova prática? De fetichismo cristão? Qual o poder mágico
contido na peça da roupa? Será que podemos notar aqui a subserviência de Deus aos
propósitos do homem? Como propagar e defender esta prática, sem contrariar a
admoestação de Paulo, que diz: rejeitamos as coisas que, por vergonhosas, se
ocultam, não andando com astúcia, nem adulterando a palavra de Deus; ...(2 Co 4.2).

C - Um último exemplo, apelando ao caráter supersticioso do povo:


Pastor Paulo - "...nessa sexta-feira, na última sexta-feira, nós vamos atar essa fita roxa
no seu braço que simboliza o sacrifício de Jesus..."

Os símbolos do sacrifício de Jesus, até algum tempo atrás, eram os elementos da


Ceia do Senhor, agora são fitas roxas...

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5 - É VÁLIDO O APELO ÀS NECESSIDADES FÍSICAS OU AO


DESEJO DE VER MARAVILHAS?
A pregação neopentecostal, além de fazer ousadas e não substanciadas declarações
da realização dc maravilhas, apresenta os milagres físicos como sendo o ponto focal
do Evangelho.

Estas maravilhas são hoje a parte principal da liturgia de muitas igrejas e programas
de rádio. Indo além e contrariando 1 Pedro 4.13, alguns chegam a dar garantias dc
que as aflições do crente desaparecerão. Será que as maravilhas constituem a
essência da Mensagem? Qual o ensinamento de Jesus?

Podemos aprender muito sobre este assunto com a parábola do "Rico e Lázaro" em
Lucas 16.19-31. Nela o rico se encontra nas tormentas do inferno e, preocupado com
o destino espiritual dos seus cinco irmãos, implora ao Pai Abraão que Lázaro seja
mandado de volta à terra para pregar a estes.

Ele sugere que se seus irmãos virem o milagre de um morto voltar à vida eles então se
"arrependerão". É verdade que ele aqui reconhece pelo menos um ponto essencial do
conteúdo do Evangelho — a necessidade do arrependimento — mas ele quer
adicionar um sinal, uma maravilha, para convencê-los.

Abraão, porém, responde: "Eles têm Moisés e os profetas; ouçam- nos... Se não
ouvem a Moisés e aos profetas, tão pouco se deixarão persuadir, ainda que ressuscite
alguém dos mortos". Notem aqui o contraste.

O rico pensa que o arrependimento pode ser consequência do ver. Abraão declara
que este vem através do ouvir a Palavra de Deus (na época, ainda era apenas Moisés
e os Profetas - o A.T.). Paulo também fala do ouvir em Romanos 10.14 e 17. É através
da pregação das Escrituras que o Espírito Santo efetiva o milagre da conversão e
opera o crescimento real da Igreja.

CONCLUSÃO
Vimos vários exemplos de apelos humanistas, estranhos à palavra de Deus, mas que
são apresentados como sendo a mais legítima evangelização do nosso país.

Chegamos a um ponto que temos de reconhecer que isso não é apenas "um método"
ou "uma abordagem" diferente, no meio evangélico, mas proposições que atingem o
próprio cerne do evangelho, adulterando a mensagem a ser transmitida—-resultando
em uma falsa religiosidade, da qual a nossa igreja deve manter distância.

Não podemos confundir esse tipo de crescimento com o crescimento sadio, em


doutrina e cm conversões reais, que deve ser o nosso objetivo para a Igreja. Não
podemos confundir a espiritualidade e contrição verdadeiras com demonstrações de
carnalidade e falta de discernimento espiritual.

APLICAÇÃO INDIVIDUAL
Ore para que Deus possa lhe mostrar, através da leitura de sua Palavra, a
necessidade de uma consagração pessoal e centralização de seus pensamentos na
pessoa de Cristo. Releia os trechos bíblicos, indicados nesta lição, que mostram o
trabalho do Espírito Santo como sendo a centralização de nossos pensamentos e
ações na pessoa de Cristo. Peça a Deus para lhe dar um zelo pelo Evangelho de tal
forma que você queira vê-lo propagado, mas não adulterado.

AUTOR: NÃO INFORMADO PELA REVISTA

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