Você está na página 1de 7

1

ESCOLA BÍBLICO- CATEQUÉTICA: DECANATO DE IPORÃ


30/04 a 01/05- Ano 2016

Tema: História da Salvação e Catequese de Inspiração Catecumenal


Hoje a Igreja retoma e renova sua consciência missionária: ela existe para evangelizar. Em sua
pedagogia catequética ela fala em apropriar-se de um MÉTODO MISTAGÓGICO. Para os padres, a
mistagogia é: “um ensinamento organizado para fazer entender aquilo que os sacramentos significam para a
vida, mas que supõe a iluminação da fé que brota dos sacramentos; aquilo que se aprende na celebração
ritual dos sacramentos e aquilo que se aprende vivendo de acordo com o que os sacramentos significam para
a vida”. O método mistagógico identifica três elementos:
A interpretação dos ritos sacramentais celebrados à luz da história da salvação;
A valorização dos sinais sacramentais (água, óleo, pão...);
A abertura que o fiel deve manifestar para as tarefas eclesiais e de transformação do mundo
como expressão da nova vida em Cristo.
Neste sentido, é importante perceber que desde o início da Escritura, encontramos uma ação pedagógica
salvadora de Deus para com seu povo. Deus não se esgota em nenhuma pessoa, livro ou acontecimento. Pela sua
revelação, “Deus invisível (Cl 1, 15; 1Tm 1, 17), no seu imenso amor, fala aos homens como amigos (cf. Ex 33, 11; Jo
15, 14-15) e conversa com eles para os convidar e admitir à comunhão com Ele (DV 1). Em se tratando de uma
catequese de inspiração catecumenal, é possível compreender a história da Salvação na Bíblia como uma Grande
Etapa de Iniciação. As grandes etapas da História do Povo de Deus e seu processo Iniciático1. A rigor falar de
iniciação cristã propriamente dita só seria possível a partir de Jesus Cristo e das primeiras comunidades, o que equivale
a situar biblicamente a iniciação apenas na etapa final da revelação. No entanto é possível identificar um processo
iniciático em toda a história do povo de Deus.
1. Primeira etapa: de 1800 - 1300 a.c.: tempo dos patriarcas – origem do povo de Deus
Deus escolhe os Patriarcas e vai se revelando a eles como Deus único e verdadeiro. Aos poucos, o grupo dos
Patriarcas vai assimilando a fé e deixando de lado a idolatria. Foi um período de iniciação para aprender a ser o Povo
de Deus, acreditando no Deus único e verdadeiro que fez uma aliança com os patriarcas.
2. Segunda etapa: de 1250 - 1210 a.c. – tempo de Moisés – a fundamentação do povo de Deus
Trata-se da experiência da libertação da escravidão para a liberdade, da escravidão da morte para a liberdade da vida,
saindo do Egito e entrando na Terra Prometida. Os grandes introdutores deste processo foram Moisés e Arão. Foi um
período de iniciação para aprender a fundamentar-se como Povo de Deus em torno da Aliança de Iahweh.
3. Terceira etapa de 1200 -1000 a.c.: tempo dos juízes – a primeira organização: as tribos
A organização configura-se numa forma de tribos, onde o poder era exercido por Deus e em nome de Deus através das
pessoas (os juízes). Tudo era planejado, decidido e encaminhado em forma de assembleias feitas desde os núcleos
menores até os maiores. Foi um período de iniciação para aprender a organizar-se em torno de Deus e em nome de
Deus.
4. Quarta etapa de 1000-586 a.c: tempo dos reis – a segunda organização: a monarquia
O poder agora é centralizado no rei que deveriam reinar apenas em nome de Iahweh. Neste período surgem os
profetas, voz de Deus para conter o abuso dos reis. São os profetas os verdadeiros introdutores da iniciação à continua
fidelidade à aliança estabelecida por Iahweh. Foi um período de iniciação para aprender a organizar-se como Povo de
Deus em um regime com grandes perigos de infidelidade em relação à aliança de Iahweh.
5. Quinta etapa de 586 – 538 a.c: tempo dos exilados a inspiração do povo de Deus
A infidelidade à Aliança no período monárquico levou o povo ao exílio babilônico. O processo de iniciação consistiu em:
1º voltar à fonte da aliança com Abraão e Moisés; 2º assimilar as promessas de Iahweh a respeito da terra, da
posteridade e da benção; 3º interpretar a histórica de fidelidade de Deus e de infidelidade do Povo de Deus; 4º
reelaborar e assumir a Lei de Iahweh, o Decálogo; 5º criar uma tradição escrita em vista da fidelidade à aliança de
Iahweh.

1
Cf. Reflexão de Dom Peruzzo. Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Animação Bíblico-Catequética.
2

6. Sexta etapa de 538 A.c. ao ano 0: tempo de Judeus – a legislação do povo de Deus
Na volta do exílio babilônico começa para o Povo de Deus um longo processo iniciático na legislação da Aliança. A
tentação de assimilar a cultura pagã desses povos era contínua, e acontecia paralelamente com a tentação de criar um
fechamento na compreensão e vivência de Povo de Deus e de criar um legalismo exagerado. Foi um período de
iniciação para aprender a normatizar a vivência da Aliança de Iahweh
7. Sétima etapa do ano 0 – 100 d.c: tempo dos cristãos – universalização do povo de Deus
Com a encarnação do Filho de Deus, a vinda de Jesus de Nazaré, começa a primeira, a fundamental e a grande
iniciação. Urge voltarmos a essa prática iniciática do cristianismo, para formarmos hoje discípulos missionários de Jesus
Cristo, ser Igreja cristã, sinal de salvação de todos. O período cristão primitivo foi um período de iniciação para aprender
a universalizar a salvação do Deus Trindade.

2. INICIAÇÃO CRISTÃ NA IGREJA NASCENTE


A partir da ideia de que Cristo é o centro e plenitude da evangelização faz-se necessário conhecê-lo. A
Iniciação Cristã na comunidade primitiva encontra-se estruturada no texto de At 2, 42-47 onde é realizado, no seio da
comunidade, e compreende as seguintes dimensões: O ensino dos apóstolos: conhecimento e adesão a mensagem –
kerigma; Vida de comunhão: uma fraternidade conforme o Evangelho – koinonia; Frequência da fração do pão, oração:
celebração da Páscoa do Senhor – liturgia;
Partilha dos bens: serviço ao irmão – diaconia. Após o batismo há o período mistagógico (caminho de aprofundamento
da fé que leva ao encontro com o mistério) e de iniciação à nova vida em Cristo.

Iniciação à Vida Cristã: Catequese de Inspiração Catecumenal


(cf. Estudos da CNBB, no 97)
1. CATEQUESE DE INICIAÇÃO À VIDA CRISTÃ

“Ou educamos na fé, colocando as pessoas realmente em contato com Jesus Cristo e convidando-as para o seu
seguimento ou não cumpriremos nossa missão evangelizadora.” (Documento de Aparecida, 287)

2. UMA URGÊNCIA NECESSÁRIA PARA OS NOSSOS TEMPOS


A Igreja nestes últimos tempos vem nos alertando, que não é mais possível nos prendermos aos
métodos tradicionais. Como levar as pessoas a um contato vivo e pessoal com Jesus Cristo? Para começar é
preciso uma mudança de foco. Sair da mentalidade de Iniciação Cristã como sinônimo de “preparação para
receber sacramentos” para “o processo de quem quer tornar-se cristão”. E essa mudança é missão de todos
nós: pais, catequistas, padrinhos, ministros ordenados, vida religiosa consagrada, enfim missão de toda
Igreja. A renovação da Paróquia passa pelo caminho da Iniciação.

“Para que as comunidades sejam renovadas, devem ser a casa de Iniciação à Vida Cristã, onde a catequese há de ser
uma prioridade” (CNBB. Doc. 100)

3. CATEQUESE DE INICIAÇÃO À VIDA CRISTÃ. POR QUÊ?


Porque o ser humano vive á procura de respostas sobre a vida e, no fundo, sobre si mesmo. E não
basta estudar sobre o Cristianismo. É necessário um mergulho no mistério. Não se trata, portanto, de
“aprender coisas”, mas de aderir a um Projeto de Vida. Entrar num novo projeto de vida, religioso ou não, requer
um processo de passos sucessivos de aproximação. Religiões fazem isso num processo que mescla vivência,
conhecimento e celebração. A pessoa aprende, mas também se deixa envolver pelo clima do mistério e passa a agir de
outro modo rio campo pessoal, comunitário e social, alegremente comprometida com um projeto de vida envolvido pelo
amor de Deus. Porque foi assim no início da Igreja: A iniciação cristã com inspiração catecumenal foi a
experiência de Jesus Cristo e dos seus apóstolos:
 1º - Tudo começa com uma busca: “Que procurais?” (cf. Jo 1,38);
 2º - Essa busca gera um encontro: “Mestre, onde moras?... Vinde e vede.” (cf. Jo 1,38-39);
 3º - O encontro produz conversão: eles vão, veem ... e decidem segui-lo;
 4º - A conversão leva à comunhão: permaneceram com ele (Jo 1, 39), acompanharam seu caminho;
3

 5º - A comunhão impele à missão: cada discípulo atrai outros para a mesma experiência;
 A Missão leva à transformação da sociedade: a consequência social do seguimento do Evangelho
deve ser tonar visível para que a missão seja coerente.
O Documento de Aparecida é enfático ao falar da necessidade urgente de assumir o processo
iniciático na evangelização: "Impõe-se a tarefa irrenunciável de oferecer uma modalidade de iniciação cristã,
que além de marcar o quê, também dê elementos para o quem, o como e o onde se realiza" (n.287; cf. n.
286-294).

“Há muitos séculos, Tertuliano já dizia que "os cristãos se fazem, não nascem"5. Isso vale para qualquer religião. Para "tornar-se"
algo novo é preciso passar por um processo de iniciação que envolve mais do que conhecer ideias” (CNBB. Doc 97).

4. CATEQUESE DE INICIAÇÃO À VIDA CRISTÃ: FUNDAMENTOS DA NOSSA FÉ.


A catequese de iniciação Cristã favorece o crescimento no fazer o que Deus nos pede. “A iniciação cristã é
uma exigência da missão da Igreja nos dias de hoje: formar cristãos firmes e conscientes, nos novos tempos em que a
opção religiosa é uma escolha e não simplesmente tradição e imersão cultural. É um dever que temos como servidores
do Evangelho. E, ao cumprir esse dever, estaremos entre os primeiros beneficiados com as consequências de um
processo que fará crescer na fé tanto os evangelizados como os evangelizadores e a comunidade inteira” (No. 32).
Uma catequese de iniciação à vida cristã nos ajuda a compreender que Jesus Cristo, mistério de Deus, é o
centro de nossa fé. E que este novo tempo exige qualidade na ação. Com Jesus se faz presente o Reino de Deus, o
Mistério ' revelado entre nós. Nos evangelhos Jesus está a serviço do Reino de Deus que, para ele, é a realidade
última. Ele é o mediador absoluto e definitivo do Reino.
E para compreender o que o Novo Testamento quer dizer, anunciar e propor ao falar do Reino de Deus é
preciso mergulhar no Jesus histórico e em sua prática. Por sua vida, suas palavras e ações, por sua doação total na
cruz e gloriosa ressurreição ele revela ao mundo o amor e o projeto de salvação do Pai que nos ama a todos. Nisso se
baseia a Igreja, corpo de Cristo, portadora da sua mensagem, lugar de participação na vida nova que Jesus nos veio
trazer. Aí se encontra o centro do anúncio, da proposta transformadora do Evangelho.
4.1- CATECUMENATO É UM CAMINHO CATEQUÉTICO ENCANTADOR
O processo catecumenal da iniciação cristã surgiu em um momento em que a Igreja não podia contar
com o apoio de uma cultura cristã na sociedade. Ele traz as etapas indispensáveis para mergulhar (batismo
quer dizer mergulho) no mistério de Cristo e fazer parte da comunidade eclesial. Cada etapa desse processo
atende inclusive a uma necessidade antropológica do ser humano que necessita de ritos de passagem. Com
isso se quer falar do costume de fazer da celebração dos sacramentos uma espécie de “festa de despedida”.
O sacramento é consequência de uma fé assumida e, ao mesmo tempo, é o que realimenta a fé.
A catequese de iniciação à vida cristã é um encontro que transforma a vida, um caminho que a Igreja quer
fortalecer; um processo que pode inspirar outras ações de nossa Igreja; um modelo inspirador que deve ser
conhecido e valorizado.
4

INICIAÇÃO CRISTÃ: SEGUIR UM TEMPO E PERCORRER UM CAMINHO


A Iniciação Cristã é um processo que compreende quatro Tempos, sucessivos, alternados e
articulados, são eles: Tempo do Pré-Catecumenato, do Catecumenato, da Purificação, da Iluminação e da
Mistagogia. Já falamos sobre Querigma e Mistagogia. Agora, convidamos você ouvinte leitor, para fazer o
percurso do aprofundamento destes Tempos e Etapas. Em cada número da revista, vamos aprofundar um
Tempo. Neste será o Tempo do Pre-Catecumenato, deixando os Tempos do Catecumenato, da Purificação e
Iluminação para os próximos números.
Desde o início do Cristianismo, a experiência da fé, é marcada pelo processo de iniciação à vida cristã.
Iniciava-se à fé pela acolhida do Querigma e a inserção na comunidade. Com o tempo, os cristãos sentiram a
necessidade de uma catequese mais aprofundada. Este aprofundamento consistia numa catequese bíblico-
vivencial que levava os catequizandos à conversão e mudança de vida. Este processo chamava-se de
Catecumenato. Expressão da língua grega Katechoumenos. É um adjetivo com a função verbal de Katechein
que significa instruir de viva voz, e, ensinar oralmente a fé. O catecúmeno é, portanto, aquele que ouve o
ensinamento da fé. O Catecumenato está ligado à ação evangelizadora e missionária da Igreja.
Segundo o Ritual de Iniciação Cristã de Adultos (RICA), os tempos são os períodos bem determinados
e as etapas são grandes celebrações que marcam a passagem de um para o outro tempo.
O primeiro tempo é o Tempo do pré-catecumenato, ou Primeiro Anúncio. É o tempo da primeira
evangelização. Faz-se um anúncio do querigma, isto é, o anúncio de Cristo e do seu Evangelho. Neste
tempo, destaca-se o diálogo com os que desejam conhecer Jesus Cristo. É um criar as condições para o
despertar da fé. Valoriza-se a inscrição do candidato, criando um clima de amizade e oração. Neste primeiro
Tempo se dá o Rito de Admissão dos candidatos através de uma celebração litúrgica preparada pelos
catequistas e equipe de liturgia.
O segundo Tempo é denominado de Tempo do Catecumenato-um caminho que fascina: É período
destinado à catequese integral, à prática da vida cristã, às celebrações e ao testemunho da fé (cf. Ritual
Iniciação de Catequese Adultos 14-20). É um tempo marcado pelo aprofundamento da fé, da conversão, da
participação na comunidade, por isso, é o período mais longo de todo o processo de iniciação cristã, onde
permite aos participantes não só ampliar seus conhecimentos da mensagem cristã, mas solidificar sua fé e
sua caminhada de conversão.
O candidato, ou catequizando, após passar pelo Pré-Catecumenato ou evangelização, é agora
acolhido, pela comunidade cristã. A comunidade o acolhe com alegria e se compromete em dar-lhe o apoio
necessário no processo da vivência da fé.
Este Tempo do Catecumenato é acompanhado pela riqueza dos Ritos: as celebrações da Palavra, os
exorcismos menores, as bênçãos, e, eventualmente alguns ritos de passagens. Segue a este Tempo a
segunda etapa denominada eleição ou inscrição do nome, onde os catequizandos declaram o desejo e a livre
decisão de se tornarem cristão.
Tempo purificação e iluminação: este terceiro tempo é considerado o tempo de preparação imediata
dos sacramentos da Iniciação à Vida Cristã. Chamam-se de iluminados, porque o próprio Batismo se chama
iluminação
- purificac o do corac o e da mente s do exame de consciencia e
da penitencia.
Este tempo procurava levar o iniciado à preparação intensiva para os sacramentos, que seriam
recebidos na Vigília Pascal. Tem por finalidade purificar a mente e o coração dos catecúmenos para uma
experiência ainda mais pessoal, consciente e profunda de Jesus Cristo. O tempo da purificac o e da
iluminação dos catecúmenos coincide habitualmente com a Quaresma e é chamado de retiro espiritual.
No tempo da Quaresma intensificam-se os ritos, a dimensão penitencial da liturgia e as práticas de
testemunho cristão, em vista da purificação e iluminação dos candidatos.
É um itinerário espiritual acompanhado de vários ritos que se realizam dentro das celebrações
litúrgicas da Quaresma, a saber: os escrutínios, as entregas do Símbolo (Credo), da Oração do Senhor (Pai-
Nosso) e os ritos de preparação imediata.
Este tempo prioriza mais as atitudes, experiência de fé e mudança de vida dos catecúmenos, do que
a afirmação da doutrina. Marca este tempo a etapa da recepção dos sacramentos da Iniciação Cristã:
5

Batismo, Confirmação e Eucaristia. É na Vigília Pascal que os catecúmenos são acolhidos na comunidade
para a celebração destes sacramentos com toda solenidade e riqueza própria da liturgia pascal.
E por último o Tempo da Mistagogia: aprofundamento da fé e inserção na vida da comunidade. O
termo mistagogia é de origem grega, composta do substantivo mystes-mistério e do verbo agein que significa
conduzir, iniciar. Assim, mistagogia significa todo ato de conduzir uma pessoa ao mistério, ao conhecimento
de uma verdade oculta no rito que a constitui. A mistagogia indica o último período do Catecumenato antigo e
acontece ao longo do Tempo Pascal até o Pentecostes. Neste período “se obtém o conhecimento mais
completo dos mistérios através das novas explanações e, sobretudo da experiência dos sacramentos
recebidos” (cf. RICA, 38).
Este tempo é caracterizado pela experiência dos sacramentos e pelo ingresso na comunidade. Nele
há o aprofundamento progressivo e gradual do mistério pascal e vivência cristã. Neste processo é necessário
que a comunidade seja acolhedora dos novos catecúmenos, os novos cristãos. Espera-se também, que a
comunidade seja uma comunidade de fé, missionária, testemunha de Jesus Cristo e comprometida com a
caridade solidária.
O Diretório Geral para a Catequese acentua que o catecumenato é considerado modelo inspirador ou
fonte da catequese pós-batismal (DGC, 98). Ao implementar uma catequese de inspiração catecumenal,
seguindo estes Tempos e Etapas, a Igreja busca formar novos membros comprometidos com o mandado
missionário de Jesus e renovando a comunidade paroquial.

“Impõe-se a tarefa irrenunciável de oferecer uma modalidade de iniciação cristã, que além de marcar o quê,
também dê elementos para o quem, o como e o onde se realiza" (n.287; cf. n. 286-294).

5. CATEQUESE DE INICIAÇÃO À VIDA CRISTÃ COMO?


“Propomos que o processo catequético de formação adotado pela Igreja para a Iniciação Cristã seja
assumido em todo o continente como a maneira ordinária e indispensável de introdução na vida cristã e como
a catequese básica e fundamental. Depois virá a catequese permanente que continua o processo de
amadurecimento da fé...” (DA, 294). A proposta é de uma catequese que conduza que conduza o
catequizando aos mistérios da fé. Ou seja, no encontro com Jesus Cristo. Este encontro leva a maturidade
cristã. Para atingir a meta é necessário observar estes meios fundamentais:
a) A catequese deve levar à íntima percepção do mistério da salvação, estando relacionada com o ano
litúrgico e apoiada por celebrações da Palavra;
b) Os catequistas e ou introdutores, padrinhos e os membros da comunidade devem acompanhar todo o
processo;
c) Inserção gradativa na liturgia, ritos de purificação e bênçãos e demais celebrações;
d) Estimular o testemunho de vida e a profissão de fé dos caminhantes
A catequese e a liturgia se reforçam mutuamente no processo catecumenal. A catequese fornece
meios para conhecer Jesus e viver a experiência pessoal de encontro com ele e aceitação de sua proposta,
de se mistério de salvação. A liturgia ajuda a' guardar e assumir profundamente o que foi descoberto na
caminhada.
O conjunto dos que foram batizados, mas de fato não encontraram Jesus nos faz repensar o
processo de evangelização, a ação missionária, o tipo de anúncio de que necessitamos. Reconheceram os
bispos em Aparecida: "Na evangelização, na catequese e, em geral, na pastoral, persistem também
linguagens pouco significativas para a cultura atual e em particular para os jovens" (DAp, n.100d).

O processo de iniciação tem que ser pensado, em cada grupo, a partir das necessidades e características
das pessoas envolvidas. Todos precisam ser amados, reconhecidos e ajudados na busca do caminho.
6

6. INICIAÇÃO À VIDA CRISTÃ... PARA QUEM?


OS AGENTES DA INICIAÇÃO CRISTÃ. Os iniciantes têm direito a animadores, agentes, catequistas
competentes e testemunhas do Reino. É fundamental um cuidado especial na preparaç4ao e
acompanhamento destes, o que pode ser feito também em um estilo catecumenal. Afinal, a vida cristã como
um todo implica num permanente estado de conversão, santificação, atualização, crescimento na
espiritualidade, no conhecimento e na intimidade com o mistério. Lembrando que não se trata de formação
apenas para os catequistas já que toda a comunidade eclesial precisa estar envolvida no processo, agindo
em, por e com Cristo, na unidade do Espírito Santo.
OS SUJEITOS DA INICIAÇÃO CRISTÃ. O nº 2 do RICA descreve que o fruto de uma boa iniciação
cristã é um fiel que atinja “a plenitude de sua estatura, no exercício da sua missão de povo cristão no mundo
e na Igreja.” Primeiramente se colocam como sujeitos a realidade de muitos batizados e de comunidades
inteiras ainda está longe deste ideal e requer o empenho de todos. Mas há também os não-batizados que se
sentem chamados à fé cristã e precisam ser acolhidos, orientados a darem seu “sim”.
ANIMADORES DA INICIAÇÃO: As orientações sobre os agentes responsáveis pela iniciação estão
nos nos. 41 a 48 do RICA e precisam ser conhecidas e devidamente adaptadas. Destacaremos alguns dos
envolvidos:
 Os introdutores: são aqueles que acompanham o processo do pré-catecumenato. Sua tarefa é
anunciar Jesus, ajudando o iniciante a viver a experiência do encontro com Cristo e com a
comunidade. Para tal, precisam ser escolhidos pelo pároco e o Conselho Paroquial e preparados por
um processo formativo que siga a dinâmica da fé e da vivência.
 Os padrinhos/ madrinhas: sua escolha deve ser baseada preenchendo condições para o exercício
desta importante missão. Eles devem acompanhar o catecúmeno, ajudá-lo em suas dúvidas, velar
pelo seu crescimento na fé e na participação na vida comunitária.
 A família: Não bastam apenas reuniões com os pais das crianças, adolescentes e jovens. A família
agora precisa passar a integrar o processo em forma de uma catequese com adultos que aprofunde
seu verdadeiro compromisso cristão.
 O catequista: Ele fala em nome da Igreja. É o mediador que ajuda os catecúmenos a acolherem a
gradual revelação de Deus e o seu projeto salvífico, sua inserção na comunidade e sua contribuição
para o Reino de Deus. Do catequista se requer alta competência no conhecimento dos conteúdos
centrais da fé, intensa vida espiritual, participação ativa na comunidade, preparo básico em
psicologia, comunicação e pedagogia, ampla cultura geral e compromisso com a transformação
evangélica.
 A equipe de coordenação – A Pastoral Orgânica deve contemplar uma Comissão da Iniciação à
Vida Cristã que se preocupe com o processo de iniciação à vida cristã e não simplesmente com a
recepção de sacramentos. Seus membros precisam de formação adequada para poderem ajudar na
formação dos demais envolvidos no processo: devem conhecer bem o Ritual de Iniciação Cristã de
Adultos (RICA) e os conteúdos da fé cristã, promoverem e estimularem a vivência da fé, assumirem o
espírito evangelizador e se aprimorarem na arte coordenar.
 A comunidade: O iniciante precisa descobrir na comunidade o exemplo concreto do tipo de vida com
o qual quer se comprometer. Para tal, é preciso que toda a comunidade também passe por um
processo iniciático que dinamize a sua fé e lhe dê forças para assumir seu dom e missão de formar e
alimentar discípulos.
 Os ministros ordenados: A Conferência Episcopal tem a função de definir, regular e normatizar. O
bispo tem a função de colocar como prioridade a catequese. E os presbíteros e diáconos têm a
função de acompanhar e zelar.
 OS LUGARES DA INICIAÇÃO CRISTÃ: A iniciação à vida cristã não se reduz a um espaço
geográfico ou estrutura pastoral: deve estar presente e atuante em diversas situações e ambientes.
Assim, a Igreja vive sua natureza missionária.
7

Concluindo
Como catequistas testemunhas e discípulos missionários de Jesus Cristo, coloquemo-nos numa
atitude orante e exodal, na acolhida e no despertar para a renovação catequética, à luz de um novo
paradigma emergente: redescobrir a beleza da essência missionária. A missão catequética parte da inserção
no conjunto das ações evangelizadoras da Igreja. Ou, melhor, dizendo, despertar a consciência de que
Catequese é “ato essencialmente eclesial”. Sua missão consiste em formar verdadeiros e autênticos
discípulos missionários de Jesus Cristo.
Ao refletirmos sobre a história da Salvação como ação pedagógica de Deus, que elege um povo e
inicia este povo na fé bíblica, percebemos que a iniciação a fé percorre toda a Sagrada Escritura. A Iniciação
Cristã no processo de formação para o discipulado nos fez perceber que na ação catequética evangelizadora
faz-se necessário “ir ao essencial e revelar seu conteúdo bíblico-teológico”2. Daí a importância de
implementar uma catequese bíblica e mistagógica que possibilite o verdadeiro encontro com Jesus Cristo.
A Iniciação Cristã, mais do que iniciação teórica a um conjunto de doutrinas e verdades da fé, implica
necessariamente no seguimento concreto de uma Pessoa: Jesus Cristo. Nele o cristão é convidado a modelar
a sua vida, pautar as suas ações e redimensionar suas atitudes. Esta Iniciação, por sua vez, não termina com
a celebração dos sacramentos, mas tem um caráter de continuidade, de permanência, de duração ao longo
da vida.
Vimos que é de fundamental importância investir na formação dos catequistas para uma adequada
Catequese de iniciação. A iniciação cristã é tarefa de toda Igreja, que ministerial se coloca a convite do
Mestre em estado permanente de missão.
Percebemos que o convite à Iniciação cristã é o clamor do momento histórico em que vivemos. A
Conferência de Aparecida, como um evento eclesial, nos convoca a assumir a Iniciação Cristã como
prioridade na catequese e como consequência de uma Igreja Missionária. Ser discípulo missionário
apaixonado a serviço da vida. O discípulo e a missão estão a serviço da vida. A finalidade e o objetivo da
missão do discípulo é a vida plena da pessoa humana. O discipulado e a missão estão a serviço da vida
digna.
As propostas do Documento da CNBB (Iniciação à Vida Cristã. Um processo de Inspiração
Catecumenal), constituem um horizonte que nos estimula a transformarmos o modo como educamos as
pessoas na fé. A catequese de inspiração catecumenal não é um projeto fechado, mas abre um leque de
possibilidades.

“Completai a minha alegria, deixando-vos guiar pelos mesmos propósitos e pelo mesmo amor, em
harmonia buscando a unidade" (Fl 2,2).

Texto organizado por Ir. Maria Aparecida Barboza, religiosa da


Congregação das Irmãs do Imaculado Coração de Maria e Conselheira
Geral do Setor de Animação Missionária da Congregação. É membro do
Grupo de Reflexão Bíblico-Catequética (GREBICAT) da CNBB.
Assessora da Comissão de Iniciação á Vida Cristã da Arquidiocese de
Porto Alegre e professora de Sagrada Escritura, no curso de Pós-
Graduação Lato Sensu em Pedagogia Catequética em Goiás, pela
Universidade Católica de Goiás.

2 AGOSTINHO, Santo. A Instrução dos Catecúmenos. Teoria e prática da Catequese, Vozes, 2005, p.16.

Você também pode gostar