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FRANK SCHMOLKE
Arquétipos da Alma
UM GUIA PARA SE RECONHECER A MATRIZ DOS PADRÕES ANIMICOS
Tradução
ZILDA HUTCHINSON SCHILD SILVA
EDITORA PENSAMENTO - São Paulo
Edição
1-2-3-4-5-6-7-8-9
Ano
90-00-01-02-03-04
Direitos de tradução para o Brasil adquiridos com exclusividade pela EDITORA
PENSAMENTO LTDA.
Rua Dr. Mário Vicente, 374 - 04270-000 - São Paulo, SP. Fone: 272-1399 - Fax: 272-
4770
E-mail: pensamento@snet.com.br http://www.pensasnento-cultrix.com.br que se
reserva a propriedade literária desta tradução.
Impresso em nossas oficinas gráficas.
Sumário
Já havíamos feito contato com uma entidade muito ligada a "Michael”. Nós a
chamamos de “Fonte”. Como autores, nós, Dra. Varda Beate Hasselmann e Frank
Schmolke, formamos uma equipe bem sintonizada. Em 1967, nos encontramos quando
ainda éramos jovens estudantes. Hoje, nós dois já passamos dos cinqüenta. Nossa
ligação e o trabalho que fazemos juntos sempre foram extremamente fecundos e
intuitivos. Mas se alguém nos tivesse profetizado, antes de 1980, que certo dia
falaríamos com tanta naturalidade com uma fonte de informação não-material, como se
estivéssemos telefonando para nossos amigos, diríamos que essa pessoa era maluca.
Naquela época, ambos éramos casados, dávamos aulas de filologia numa universidade,
amávamos a arte, a literatura e a boa comida, sendo, portanto, pessoas completamente
normais. Achávamos estranho tudo o que não pudéssemos comprovar cientificamente
com nosso intelecto racional treinado. De esoterismo só conhecíamos a palavra e, ainda
hoje, gostamos de enfatizar que não somos esotéricos, mas pessoas que, sem nenhum
esforço consciente, foram tocadas por uma força luminosa. Ficamos curiosos com as
possibilidades e limites desses contatos mediúnicos e resolvemos nos dedicar a eles. No
final dos anos 80, ficamos com muito medo de sermos considerados malucos ao
aparecer pela primeira vez em público com as primeiras “demonstrações” da nossa
extraordinária capacidade. Afinal, nós mesmos a considerávamos inexplicável, talvez
até mesmo um pouco patológica. Receber “mensagens” e transmitir de olhos fechados, a
pessoas completamente estranhas, coisas que para nós também eram novidades.
Naquela época nossa alma não era algo que interessasse muito, visto que ambos não
fôramos criados no seio de famílias religiosas.
No início de nosso trabalho mediúnico, por volta de 1983, pedíamos à nossa “Fonte”
conselhos e ajuda para nós e para os nossos clientes, em sessões quase que
exclusivamente particulares. Mas logo Varda descobriu sua capacidade especial de
canalizar mensagens transpessoais de conteúdo abstrato. Antes de tudo, elas diziam
respeito ás dimensões da consciência humana. Posteriormente, a “Fonte” se concentrou
num tema específico com mil facetas: a alma humana.
der Essas
Seele, informações tinham
Archetypen der caráter
Seele revolucionário.
e Weisheit der Seele eElas
logoforam publicadas
ganhariam muitoem Welten
respeito
nos países de língua alemã, principalmente entre médicos, psicoterapeutas e agentes de
cura. Essas pessoas estavam buscando “algo” que lhes fazia falta, que diziam sentir,
embora não conseguissem definir. Por exemplo, constataram que as crianças nascem
com determinadas características nitidamente perceptíveis que não são influenciadas
pelo ambiente genético ou por fatores psíquicos. A “Fonte”, uma “entidade”
transpessoal do mundo causal da consciência, chama esses de fatores desconhecidos de
alma e os diferencia nitidamente da psique. A alma é nossa parte mais essencial, pois
transcende todas as encarnações. A psique morre com o corpo e se forma de novo em
cada vida. Nossa alma determina quem somos e como nós vivemos. A Fonte afirma que
a alma não é uma emanação amorfa, vaga e secreta, sobre a qual nem mesmo a religião
pode tecer muitas considerações, visto que só recebe certa atenção depois da morte do
corpo. Ao contrário; a Fonte nos disse que nosso ser anímico corresponde à metade da
nossa existência dual, que é possível descrevê-la muito bem e que o conhecimento dos
relacionamentos entre as almas constitui uma grande ajuda para que os seres humanos
compreendam a si mesmos. Nesse sentido, os arquétipos da alma, o ensinamento sobre a
idade da alma e a idéia de uma família anímica perfeitamente estruturada, com tarefas e
funções bem definidas, representam um grande papel. Essas informações são totalmente
novas. Só quando forem entendidas e usadas pelo maior número possível de pessoas em
todo o mundo se comprovará o valor que elas têm. Por isso estamos muito satisfeitos
com esta tradução em língua portuguesa, que torna conhecido também na América do
Sul o ensinamento dos arquétipos da alma. Logo serão publicadas traduções na Espanha
e na Itália.
A Fonte tem, segundo ela nos disse, seu próprio interesse em transmitir esses
conhecimentos. "Sabemos tanto sobre Deus quanto vocês, seres humanos, sabem sobre
nós. Não somos Deus. Não queremos ser reverenciados, queremos ser ouvidos. Em
nosso desenvolvimento somos mais avançados do que vocês, mas também continuamos
crescendo. E é nossa missão ensinar a vocês aquilo que nós já sabemos.
A linguagem da Fonte, assim como Varda a transmite mediunicamente, é expressão
de uma elevada arte de comunicação. Ela se manifesta de modo neutro, amoroso,
objetivo e didático (mas não como se estivesse nos dando uma lição!). Suas mensagens
são muito úteis do ponto de vista emocional, intelectualmente compreensíveis, poéticas,
ricas em imagens e muitas vezes bem-humoradas. O conteúdo é preciso, sério e muito
bem-organizado. Trata- se de um “ensinamento” abrangente, de uma doutrina. Além
disso, a Fonte também pertence a uma família anímica de "sábios” e "eruditos”. Ela
exemplifica de uma forma belíssima esses dois arquétipos. Varda é um “sacerdote”,
Frank um “artista”, alegre, com sede de conhecimento.
A Fonte nunca instiga o medo, faz ameaças ou profetiza catástrofes, anunciando
castigos ou censuras. Mas ela não é doce como açúcar ou sentimental. Com amorosa
seriedade, ela chama a nossa atenção sem julgar. Ninguém é intimado a fazer alguma
coisa ou a abrir mão da responsabilidade por si mesmo, em favor da Fonte. Todos os
que pedirem conselho o receberão individualmente. Esse tipo de terapia permite que
todos aprendamos muito. “Damos o que é preciso, nem mais nem menos. É assim que
vocês podem nos reconhecer”.
Quem quiser obter maiores informações sobre a "Fonte” e o trabalho mediúnico que
Varda e Frank fazem em conjunto com essa entidade transpessoal, encontrará uma
descrição completa no livro Welten der Seele. O livro Weisheit der Seele foi publicado
em 1995 e contém mensagens completas da Fonte sobre o sentido da vida humana.
(Todos os livros foram publicados pela Editora Goldmann.)
Em primeiro
determinado. Porlugar, a estrutura
esse motivo matricialdifere,
ela também não pretende produzir
apesar de todas ase semelhanças,
generalizar umdatipo
teoria dos “Sete Raios” e do “Eneagrama”. O que ela pretende é descrever a parcela
absolutamente singular, inconfundível e única de cada pessoa - ou seja, sua identidade
anímica. A matriz quadrada de sete elementos, com seus milhões de possibilidades
combinatórias, oferece um modelo descritivo altamente diferenciado. Apesar de toda a
sua diversidade, a matriz não atua no sentido de separar, mas sim no de buscar novas e
insuspeitadas possibilidades de conexão.
O conhecimento do próprio padrão anímico estimula a compreensão, o amor e a
percepção consciente. O fato de olhar as profundezas da própria alma inspira gratidão
pela Criação e uma tolerância natural pelos semelhantes. Também proporciona uma
resposta às perguntas: "Quem sou eu? e "Por que existo? A pessoa que procura conhecer
seu padrão anímico contempla a si mesma num espelho cristalino. Ela não só descobre o
seu lado negativo de sombra, para defini-lo e observá-lo, como também a matriz lhe
presenteia com alegria de viver, confiança e coragem de ser o que ela é.
Por ter essa capacidade, a matriz pode ser relacionada com as tipologias da
personalidade conhecidas. Ela não oferece um modelo alternativo, e sim uma
complementação, pois volta a introduzir o plano referencial da supra temporalidade
anímica, complementando assim os fatores biológicos e sociais. Além disso, o modelo
do desenvolvimento da “idade da alma” oferece uma ligação com o passado histórico
que torna clara a responsabilidade do homem para com o planeta Terra. Foi o próprio
homem que moldou o planeta em muitas encarnações e será a sua própria alma que, em
novos corpos, o habitara no futuro.
A busca por aspectos da realidade que transcendam o tempo vem interessando, neste
final do século XX, um número cada vez maior de pessoas. E almas cada vez mais
maduras e antigas buscam novos modos de compreender o mundo. Desejamos que a
matriz possa trazer uma contribuição para essa busca.
Introdução
Todo ser humano carrega a matriz como seu patrimônio e se orienta, em todos os
momentos, por ela. Em geral, isso acontece por meio das forças que impulsionam o
inconsciente e que determinam seu funcionamento espontâneo. No entanto, se
procurarem entrar em contato com seu padrão anímico, a matriz, vocês abrirão portas
para seu íntimo que, do contrário, permaneceriam fechadas. Um acesso consciente como
esse traz uma grande riqueza de respostas á importante pergunta que intriga todas as
pessoas que se dispõem a percorrer o caminho da espiritualidade. Trata-se de conhecer a
si mesmo, de perguntar: "Quem sou eu? É importante entender que o padrão anímico,
em principio, diferencia-se do padrão psíquico, embora haja uma série de pontos de
contato, pois enquanto estivermos no corpo físico, a alma só pode se manifestar por
meio da psique.
A matriz descreve a essência de vocês, o âmago, o que é único, aquilo que vocês
trazem em si, aquilo que os forma. Ela é o resultado da escolha da alma e por isso
encerra
A matrizem si um osentido
contém quetotal
potencial difere basicamente
e purificado de do significado
todos os homensdosepadrões psíquicos.
as possibilidades
do desenvolvimento anímico de cada um deles numa vida isolada, dentro de um
determinado contexto existencial. Ela é também a imagem da energia básica dos seres
humanos. O padrão psíquico, em contrapartida, é o resultado do que vocês já viam e
viviam. Ele se compõe dos acontecimentos e da maneira como foram elaborados, dos
traumas e das impressões. Ele cria reações e atitudes comportamentais. Ele limita vocês
em vez de lhes mostrar as possibilidades de um horizonte mais amplo.
Ainda que o padrão anímico tenha de manifestar-se por meio da psique, enquanto a
alma está num corpo físico, é preciso mencionar que a alma não precisa ter, como a
psique, reações descritíveis e histórias de compulsão; ela descreve, porém, um espaço
livre no qual vocês podem desenvolver-se. Esse espaço põe à disposição de vocês uma
dimensão na qual podem ser autênticos em vez de se sentir um joguete das
circunstâncias.
Todas as constantes e variáveis matriciais criam esse espaço livre por meio de uma
polarização que, no entanto, não é linear, mas, multidimensional. Esses pólos,
representados pelos sinais + e -, descrevem os campos fluentes do amor e do medo, de
mais amor e menos medo, de mais medo ou menos amor. E a liberdade de vocês
consiste em movimentar-se entre esses dois pólos, usando a consciência e o
conhecimento para localizar, valorizar e entender a posição que ocupam nesse espaço.
Que a certeza de vocês disporem sempre e constantemente desse gigantesco e
altamente diferenciado espaço multidimensional entre os pólos do amor e do medo lhes
sirva de consolo e, ao mesmo tempo, de diretriz. O desejo que vocês têm de crescer, a
vontade de se desenvolver, o anseio de progredir no caminho criam um mapa que os
ajudará a se mover com desenvoltura nesse espaço.
A matriz é um modelo da vida interior de vocês. Esse mundo é diferente dos
mundos psíquico e físico e, contudo, não é um mundo antagônico.
Todas as três dimensões são inter-relacionadas. Elas atuam em conjunto e podem ser
harmonizadas. A diferença está no fato de a dimensão anímica ter sido formada
enquanto vocês ainda não tinham corpo, no tempo e no espaço entre as vidas, e no fato
de a dimensão psíquica corresponder à formação da personalidade de vocês durante a
vida no corpo. É por isso que o padrão anímico está impregnado de mais amor e de um
significado mais profundo do que o padrão psíquico.
Ainda que vocês descrevessem todos os aspectos da vida física e psíquica, ainda
assim lhes permaneceria velada a terceira dimensão da existência: as exigências e as
condições da identidade anímica de vocês, uma identidade que envolve toda a vida no
corpo e tem uma legitimidade que transcende toda materialidade. O nosso objetivo é
aproximar vocês dessa terceira dimensão, a realidade indispensável e impreterível do
padrão anímico, oferecendo-lhes a possibilidade de estabelecer uma relação íntima e
profunda com a alma. Cada palavra que adicionarmos aos tijolos isolados da construção
da matriz terá serventia para esse objetivo.
Se vocês quiserem tirar proveito do que colocamos à disposição, saibam que
existem três perspectivas referentes ao conhecimento da matriz. A primeira, a
possibilidade mais rápida de reconhecer o padrão anímico, é terminar a leitura e depois
procurar um médium competente, familiarizado com essa estrutura, e fazer-lhe as
perguntas com cujas respostas vocês, afinal, terão de se ocupar. Esse procedimento
propicia uma súbita liberação de novos conhecimentos, predispõe à reflexão e, com
freqüência, desperta certa relutância e uma recusa que, no entanto, são benéficas e se
relacionam com velhos hábitos da psique. Esses hábitos, por sua vez, provocam efeitos
retroativos contra a integração consciente do padrão anímico. Se, portanto, descobrirem
opossibilidade
padrão anímico de vocês
de erro; e pordessa
outro,maneira, podemdependerão
de que vocês estar certos, por um lado, de
exclusivamente de que
si há
mesmos para elaborar e analisar o programa de crescimento anímico que seguirão.
A segunda recomendação que podemos apresentar consiste em considerar o contato
com o próprio padrão anímico como uma proposta para um contato honesto, profundo
com as camadas do próprio eu. E, como vocês sabem, esse eu se revela mais fácil,
rápida e claramente quando estiverem ou entrarem em contato com outras pessoas que
também querem descobrir mais acerca de si mesmas.
Nossa recomendação é para que vocês não leiam este livro ou trabalhem com ele
sozinhos, mas com outras pessoas das quais gostem ou que também mostrem interesse
pela estrutura anímica. Assim vocês não se apoiarão unicamente nas próprias
suposições, em especulações inúteis e em projeções de desejos. Esse processo de
pesquisa exaustiva da identidade anímica levará algum tempo. Esse tempo, porém, será
o período mais produtivo da vida de vocês. Vocês reconhecerão muitas coisas,
primeiramente nos outros, e esses identificarão em vocês muitas características. Com o
tempo, o conhecimento de vocês também amadurecerá. A comunicação constante, a
observação cuidadosa, a nova receptividade, tudo isso se desenvolverá durante o estudo
conjunto dos elementos matriciais isolados. O contato com os membros da família, com
o circulo de amigos e com os participantes de um grupo de estudo será de inestimável
valor e dará á vida um novo brilho.
O terceiro modo de usar as nossas informações destina-se a todos os que estão
dispostos a participar de uma aventura, com a esperança de estar prontos para enfrentar
as imponderabilidades. Quem estiver familiarizado com alguns métodos e técnicas
simbólicos de descoberta da verdade ou tiver prática na interpretação de oráculos e, ao
mesmo tempo, um conhecimento sólido de si mesmo, pode valer-se desses meios para
poder entender os papéis da alma, as características principais, o objetivo do
desenvolvimento e outros aspectos matriciais. Com isso estamos nos referindo a
consultas ao Tarô, ao I Ching, à Astrologia ou ao pêndulo. Mas também pode-se
perguntar e pedir ao Eu Superior ou a um guia espiritual para transmitir os aspectos
correspondentes do padrão anímico. Nesse caso, deve-se prestar muita atenção para que
o desejo de alcançar os ideais, o anseio por uma confirmação dos desejos mais ardentes
do ego não distorçam a percepção.
Gostaríamos de comparar essas três possibilidades de explicar a matriz com três
diferentes acessos a uma grande montanha. O primeiro caminho, largo e fácil de
percorrer, se estende à frente como uma rodovia; vocês caminham por ele sem esforço,
chegam sem maiores problemas ao término, na medida em que se utilizarem das forças
de tração apropriadas. Essa estrada é percorrida por muitas pessoas, o tráfego é intenso,
contudo, as belezas da paisagem e da subida à montanha passarão quase despercebidos.
Assim que chegarem no alto, terão de decidir se continuarão a viagem depois de lançar
um rápido olhar sobre o panorama e dar algumas tragadas no cigarro. Mas se optarem
por descansar um pouco no pico, aproveitando o fato de terem chegado até ali, poderão
surpreender-se com experiências felizes e emocionantes. A permanência ali será uma
experiência inesquecível. Passarão a gostar do local e, sempre que for possível, tentarão
repetir a experiência.
O segundo acesso à montanha assemelha-se a um caminho de romaria, bastante
conhecido e preservado há séculos, repleto de marcas deixadas pelos muitos que
passaram por ele. Esse caminho raras vezes é percorrido a sós; contudo, o avanço que
vocês fizerem será o resultado do seu esforço pessoal. Vocês não serão levados de carro,
ninguém os carregará no colo. Terão de suar, caminhar sem cessar e vão querer fazer
algumas paradas para descansar. E sempre que fizerem uma pausa para recuperar o
fôlego avistarãoum
desenvolverão algo importante e belo.
relacionamento A cada passo
mais maduro e a cada
e profundo comesforço
o solovocês
em que pisarem
e com a paisagem que os cercar. Assim que chegarem ao topo, sentir-se-ão realizados,
contentes com o que alcançaram e felizes em poder admirar a paisagem. Essa
observação não se compara com a surpresa demonstrada pela pessoa que chegou até ali
de carro. A experiência do andarilho está ancorada em seus esforços pacientes,
perseverantes, que incluem a experiência física e uma mudança no nível da alma.
O terceiro caminho assemelha-se à escalada empreendida por um grupo de
alpinistas. Vocês poderão contar com a segurança oferecida pelas cordas e pelos
ganchos. Há perigos e situações de emergência, muito esforço e excitação,
possibilidades de quedas e a necessidade da mais absoluta concentração. Enquanto
escalam um paredão escarpado, seus olhos estarão voltados para o próximo paredão. No
entanto, ainda sobra ânimo para contemplar a paisagem e sua beleza, visto que o
objetivo de vocês ao escolher o caminho íngreme, em que é preciso sempre contar com
um apoio, é o prazer da escalada e não a ânsia de chegar ao topo e lá permanecer
sentado. E o prazer de escalar é incomparável e tem sua própria beleza. O que vocês
querem é fazer uma escalada sozinhos e, mesmo que tenham de estar presos aos outros
por cordas, cada um ainda tem de cuidar de si mesmo com a maior responsabilidade.
Quando, por fim, chegarem sãos e salvos ao topo, terão adquirido uma experiência
que se distingue da experiência dos que percorreram os outros caminhos. Vocês
conhecerão os riscos e as possibilidades de superá-los que os outros desconhecerão,
vocês poderão contar aventuras que causarão assombro; no entanto, vocês perceberão
também que a vontade de conquistar o pico do conhecimento de si mesmo, mediante
muito esforço, não é algo que agrade a qualquer um.
Pensem, então, em seu padrão anímico individual como se ele fosse uma região que
pudessem observar e estudar de diferentes maneiras, segundo seu estilo pessoal e de
acordo com as necessidades, desejos e possibilidades que vocês têm. Podem fazer isso
sozinhos, com um guia ou com um grupo de pessoas que concordem com a experiência;
vocês podem ser levados, guiados ou ir por conta própria, mais depressa ou mais
devagar, fazendo uma análise superficial ou profunda. No entanto, não se esqueçam de
que vocês estão se movendo num campo energético e que haverá uma troca de energia
entre vocês e esse campo, à medida que se submeterem a ele. Assim como vocês
durante a escalada da montanha estão sujeitos ás alterações da temperatura, como ar
mais frio e mudanças na pressão atmosférica e ao resultado dos próprios movimentos,
da mesma forma a estrutura energética da matriz amplia as próprias forças. E o fato de
vocês explorarem essa estrutura os ajudará a levar a experiência até o fim. Confiem no
fato de que almas aparentadas e generosas protegem vocês, como se fossem guardas-
florestais experientes, a postos a seu lado: se for preciso não hesitarão em empreender
uma ação de salvamento que reconduzirá vocês, a salvo, para o caminho correto.
Agora gostaríamos de lhes dar mais algumas sugestões que os ajudem a descobrir a
ligação correta entre os elementos matriciais. Ao analisar os sete papéis da alma e seus
princípios, lembrem-se de que eles não descrevem o efêmero, mas o essencial. E se
quiserem descobrir qual é o papel que vocês têm, voltem o olhar para o que lhes dá mais
autenticidade, satisfação mais profunda, irradiação mais positiva, os mais calorosos
sentimentos de amor, tanto no presente quanto no passado. A essência de vocês não é o
que gostaríamos de ser para realizar o seu ideal, mas aquilo que são e que os deixa
felizes e realizados. Caso seja possível, analisem também os fragmentos, informações,
recordações e suposições associados a outras vidas, a vidas anteriores, e busquem nas
diferentes experiências e formas de aprendizado indicações que os levem a descobrir o
papel que a sua alma deve desempenhar.
No entanto,
principal, quando
ou seja, se tratar
as grandes de identificar
barreiras, o medo
as inibições básico com as
inconscientes, suadificuldades
característica
mais
secretas, o procedimento deve ser exatamente o contrário. Analisem os sete medos e,
dentre eles, vejam qual lhes causa maior repugnância, o maior desprezo e a maior
irritação; e analisem aquele medo que querem evitar a qualquer custo, o que é doloroso,
aquele do qual esperam o pior castigo: é provável que se trate do seu medo. E não se
esqueçam: a característica principal é uma máscara por trás da qual se esconde o medo
básico. Essa máscara é como uma proteção necessária para evitar que tomem
conhecimento da angústia, do temor e do abismo.
A questão sobre qual dos pólos aparentes positivos da característica principal
representa a mais bela virtude para vocês é uma diretriz pela qual vocês podem se
orientar, pois a maior das virtudes se transforma - quando arraigada no medo - numa
falsa virtude, num defeito que deixa vocês e os outros infelizes, mesmo que lhes garanta
proteção contra o mal.
O objetivo, por sua vez, contém os aspectos mais decisivos da temática de vida.
Tudo o que vocês quiserem aprender e que aprenderão, o que consideram como ponto
central do seu desenvolvimento e da sua espiritualidade está relacionado com o
objetivo, se forem honestos consigo mesmos. E se analisarem os sete objetivos para
descobrir o que desperta ressonância mais freqüente, mais perceptível, mais prazerosa e
mais dolorosa em vocês, em muitos casos já terão encontrado o objetivo correto.
Novamente, é preciso prestar atenção ao fato de que esse objetivo nunca está
relacionado á realização de uma pretensão ideal ou de normas estranhas, porém única e
exclusivamente àquilo que a alma se propôs a aprender. E visto que a vontade de
aprender é cultivada pelas forças primordiais da divindade, a temática de cada
encarnação é inequívoca, insubstituível e facilmente reconhecível em seus aspectos
ilimitados e multiformes.
O modo de ação é a fonte da força de vocês. Examinem como se sentem quando
estão sadios, estáveis, firmes; analisem se esse modo de viver lhes dá uma sensação de
naturalidade, espontaneidade e sinceridade para com vocês mesmos. Vocês são como
são. E qualquer tentativa de bloquear a fonte das próprias forças e de saciar a sede em
águas desconhecidas, torná-los-á mais fracos e lhes roubará as possibilidades de levar
uma vida de realizações. Se, pelo contrário, fortalecerem o modo de ação que lhes é
srcinal, a vida de vocês será enriquecida por correntes energéticas invisíveis que
contribuirão para que tudo aconteça da forma mais fácil, rápida e feliz.
As mentalidades descrevem os sete comportamentos espirituais básicos. Eles
representam uma capacidade insubstituível e inalterável de contemplar e de organizar o
mundo e seus fenômenos. Se vocês quiserem investigar as sete mentalidades, pensem
naquilo pelo qual se esforçam, nas idéias que desenvolvem sobre o modo correto de
viver. Pensem também nas pessoas com as quais têm mais facilidade de entrar em atrito
e no fato de adotarem um posicionamento básico de vida totalmente diverso do de
vocês. Em seguida, lembrem-se dos encontros que possibilitaram um entendimento
harmonioso com seus interlocutores; a partir do conhecimento que têm do ser humano,
perguntem-se quais dessas posições acerca da vida, qual mentalidade o seu interlocutor
defendeu com mais ênfase. Assim vocês poderão aproximar-se mais da própria
mentalidade.
A mentalidade não reflete o que se atraiu, não espelha as opiniões de uma época ou
de uma sociedade, mas a sua visão pessoal sobre o que acontece com vocês e ao seu
redor; ela reflete o seu conceito particular de verdade e de realidade. Por isso, ao buscar
o seu comportamento mental básico, vale a pena fazer a si mesmo as seguintes
perguntas: "Se eu pudesse reformar o mundo e influenciar a posição, o modo de pensar
econcretizar?
a visão de vida das outras pessoas - como eu gostaria de agir? O que eu gostaria de
O padrão reativo, composto da combinação dos dois centros energéticos ativos
primários em seu corpo, mostra a ligação das suas forças anímicas com as forças do
plano físico. Vocês descobrem com facilidade o padrão reativo ao refletir sobre quais
chakras são abertos mais depressa ou com mais freqüência, em que dimensão vocês
reagem com mais presteza; mas também se souberem quais zonas ou regiões do seu
corpo se tornam mais sensíveis, que situações os deixam mais vulneráveis e onde se
sentem mais ameaçados. Vocês são rápidos na coordenação dos acontecimentos ou
precisam de muito tempo para entender o que aconteceu? Se acontecer algo excitante
vocês se movimentam ou ficam paralisados? Acham importante falar para dar vazão aos
sentimentos? Muitas vezes ficam totalmente sem fala? Vocês têm idéias espontâneas e
descobrem soluções criativas no que se refere a fantasias eróticas ou ao desempenho
sexual? Quando ficam muito agitados, vocês expressam ou reprimem os sentimentos?
Convém fazer essas perguntas e indagar também às pessoas mais próximas sobre qual a
opinião delas a respeito de vocês e como os chakras delas reagem à atividade dos seus
centros de energia.
O padrão reativo corporal pode ser percebido mais diretamente e é fácil de ser
observado. Na busca, não é importante descobrir primeiro se a seqüência correta do
padrão reativo é centralização e orientação ou vice-versa. Muito mais importante é
descobrir esses dois componentes e observá-los na vida cotidiana. Logo se verificará a
prioridade de um sobre o outro.
A questão da idade da alma é a última a ser abordada, embora seja o ponto de
partida da viagem de vocês. A idade da alma não é uma questão de livre escolha, mas o
resultado de um processo de conhecimento desenvolvido durante milênios. É de se
esperar que a alma recém-nascida, a alma infantil ou a alma jovem ainda não saibam
nem possam lidar com a própria estrutura ou com a liberdade de escolha, nem possam
assumir as responsabilidades necessárias. Portanto, é provável que a maioria das
pessoas interessadas pelos nossos ensinamentos sobre as constantes e variáveis do
desenvolvimento anímico, e receptivas ao mesmo, já pertença ao ciclo de almas
maduras e antigas.
Voltemos à nossa imagem da escalada para torná-la completa por meio destas
perguntas: Essas montanhas ficam na África, na Ásia, perto do lugar onde vocês
nasceram? O seu cume ergue-se acima do nível do mar ou vocês têm de passar primeiro
por desertos e promontórios, atravessar outros países e regiões desconhecidas antes de
chegar lá? Há neve eterna nos cumes das montanhas ou elas têm alguma vegetação?
Vocês estão preparados para escalar montanhas?
Todas essas reflexões se referem ao ponto de partida, à idade da alma. Uma análise
das cinco idades da alma que podem ser vividas no corpo humano lhes mostrará que, à
medida que a alma evolui e amadurece, as exigências se tornam cada vez mais
complexas, sutis, sofisticadas, visto que exigem mais preparo e experiência. Devemos
partir do fato de que muitos superestimam suas possibilidades querendo atingir o pico
mais elevado. Com isso queremos dizer que a maioria dos interessados em comprovar
nossos ensinamentos sobre o padrão anímico, de inicio, se consideram almas muito
evoluídas. Entretanto, poucas pessoas estão perto de concluir o ciclo de encarnações. A
alma de vocês, ao contrário, sabe muito bem o que deixou para trás e o que tem de
percorrer. Ela tem consciência do que sabe e percebe em que campos gostaria de se
infiltrar. Vocês não podem cometer nenhum erro que impeça o seu desenvolvimento. Se
a alma de vocês for um pouco mais jovem ou um pouco mais madura do que pensavam,
deixem-me dizer seTer
jovem ou madura. issouma
puder ajudar:
alma antiganão
nãoseéaborreçam, não é vergonha ser uma alma
nenhuma vantagem.
É aqui que se vê o excepcional significado da análise das etapas de uma alma.
Apenas a união do ciclo de vida com a etapa da alma propiciará a vocês a verdadeira
ressonância, a vibração da verdade e da sombra, a felicidade de ser compreendido e de
compreender a si mesmo. As perguntas-chave podem ser: Qual a intensidade dos meus
sentimentos diante de fatos estranhos, qual é minha saudade da união cósmica? Como
surgem os meus problemas e conflitos? O que eu espero dos meus relacionamentos e
como me sinto diante do fato de estar só? Que doenças me afligem? Do que mais
preciso na vida?
Nós os advertimos repetidas vezes: vocês são o que são! E se puderem conhecer-se
melhor com a ajuda da matriz, isso não mudará a verdadeira identidade de vocês. No
entanto, dar uma olhada no espelho de vez em quando não é uma questão de vaidade,
mas algo que surge da vontade de comprovar e complementar a percepção que têm de si
mesmos. Porém, ao olhar no espelho, não sejam demasiadamente críticos consigo
mesmos. Olhar no espelho da alma é uma oportunidade excepcional de atuar e de
valorizar o que está diante dos olhos. E acima de tudo, não tenham pressa; dêem-se um
tempo. Deixem o tempo atuar sobre vocês enquanto estão sujeitos às leis dele. Vocês
têm o seu tempo como seres humanos, e como tais, movimentam-se no espaço. Esses
são os eixos matriciais. O que gravarem neles, vida após vida, depende de vocês.
Para nós, o conceito de alma define um padrão muito pessoal, individual, ou a rede
de elementos essenciais que uma alma reúne cada vez que planeja reencarnar para
realizar de forma adequada as suas metas, as suas tarefas e o seu desejo de
desenvolvimento.
Os preparativos variam de acordo com os objetivos que se pretende alcançar. A
matriz anímica é a proteção adquirida pela alma para dominar “significativamente” uma
determinada encarnação. Nesse caso, significativamente quer dizer: viver estimulando o
crescimento, estimulando o conhecimento, estimulando o amor.
O padrão anímico sempre é tecido a cada encarnação. Contudo, o tear e a trama são
os mesmos. A idade da alma pode ser comparada ao tear. Trata- se de um instrumento
antigo, útil e confiável que, seja como for, depende de um processo de
desenvolvimento; as cordas do tear representam o papel da alma, que não se altera, não
importa qual o padrão do tapete necessário à determinada vida. As cores e os materiais
mudam. Eles dependem da fantasia, da capacidade de amar e da necessidade de cada
alma e podem ser escolhidos livremente.
Todo ser humano que tem um corpo também tem um padrão anímico. É como uma
túnica que ele veste enquanto dura uma vida e que tira outra vez quando o padrão
anímico torna a abandonar o corpo. No entanto, dois fatores se mantêm: o papel
constante da alma e a sua idade, que vai se acumulando sem poder regredir nem ser
apressada. A matriz é também um plano de desenvolvimento para a alma que encarna.
Uma matriz anímica compõe-se de sete elementos isolados, dos quais cinco podem
ser combinados à vontade com os dois chamados “pontos fixos”.
Esses sete elementos são: o papel essencial da alma, a característica principal do
medo, o objetivo do desenvolvimento, o modo de ação, a mentalidade, o padrão reativo
corporal e a idade da alma.
Portanto, cada um de vocês tem uma matriz anímica, quer saibam disso ou não.
Cada um de
diferentes vocêshumanos
corpos passa pelas fases
e com umdee desenvolvimento, do começo
o mesmo papel essencial ao fim,
da alma. em
Este
corresponde a uma das sete energias essenciais arquetípicas. Os sete papéis da alma (o
agente de cura, o artista, o guerreiro, o erudito, o sábio, o sacerdote e o rei) são
arquétipos que, tomados em seu conjunto, abrangem todas as possibilidades de
desenvolvimento anímico, espiritual e material, e o potencial geral do ser humano. O
papel essencial constante da alma também é escolhido livre e independentemente, muito
embora essa escolha esteja sujeita a critérios diferentes, que dependem da escolha dos
elementos matriciais isolados e variáveis que a alma reorganiza a cada vida, usando
determinada essência.
Os critérios para a escolha de uma das sete essências arquetípicas estão de tal modo
entrelaçados com o estabelecimento do objetivo de toda regularidade cósmica que
cumprem funções de posição superior. Imaginem vocês que os bilhões de pessoas que
povoam a Terra agora, os infinitos bilhões que não estão em nosso planeta neste
momento, segundo a nossa contagem do tempo, mas no plano astral aguardando novas
encarnações, ou os que já encerraram o seu ciclo de encarnações têm uma das sete
essências anímicas; imaginem que, além disso, existem outros mundos, outros planetas
também povoados de almas de formas estranhas que, por sua vez, se esforçam para
alcançar seu desenvolvimento anímico escolhendo um desses papéis anímicos
arquetípicos. Vocês verão claramente que as essências têm de fazer jus a um amplo
leque de funções e de necessidades.
Entretanto, elas são apenas sete, que valem igualmente para todos, e quando cada
um de vocês incorporar uma dessas essências, hão de dividi-la com bilhões e bilhões de
seres animados no cosmo inteiro.
Portanto, por um lado, o papel anímico essencial é a característica mais pessoal de
vocês, que lhes possibilita ver a vida de uma perspectiva individual. Por outro lado, o
papel anímico essencial estabelece relacionamentos arquetípicos de parentesco com
todos os que defendem a mesma essência, tanto na Terra como no cosmo.
Por conseguinte, a essência combina-se com a faixa etária da alma em que vocês
estão se desenvolvendo e com as outras cinco variáveis, formando um padrão pessoal
insubstituível. Por isso, cada um de vocês está ligado a algo comum e um todo, embora
continue sendo absolutamente único, insubstituível, singular não só no que se refere às
feições, à figura e as impressões digitais, mas também em sua estrutura anímica. Basta
comparar.
É desejável e significativo que a matriz de um ser humano mostre uma identidade
insubstituível em determinada época do seu desenvolvimento, em determinado corpo e
numa hora definida segundo a contagem humana do tempo, pois isso faz com que
contribua com a interminável multiplicidade da unidade infinita.
Tanto a vida em si quanto a vida humana em especial só são significativas e
realizáveis quando cada alma entender e determinar que é independente das outras
almas. No entanto, a limitação, a diferenciação e a definição só são possíveis quando
existe uma ampla base comum.
Para explicar melhor esse princípio com a ajuda de uma analogia, chamamos a
atenção de vocês para o fato de que só podem relacionar-se com seu semelhante para se
compararem com ele e se diferenciarem dele, com base no fato de ambos serem
humanos, com corpo, espírito, comportamentos e necessidades humanos.
Quanto mais distante de vocês estiver um fenômeno da existência e do processo de
evolução da vida, tanto menos poderão se relacionar com ele. As possibilidades de
comparação tornam-se restritas. Vocês acham infinitamente difícil - e com razão -
estabelecer contato com uma medusa ou com uma plantinha. O mesmo acontece com
relação
medida ao parentesco
sólida anímico.com
de comparação A essência e a idade
a qual podem da alma
avaliar formam o pano
e compreender de fundo, a
a si mesmos
com relação aos outros.
Assim que a essência anímica for escolhida, ela vale para sempre, transcendendo as
dimensões do tempo e do espaço. Ela continua válida mesmo quando vocês
abandonarem o corpo humano, terreno. Ela é preservada tanto no mundo astral quanto
no mundo causal do desenvolvimento anímico. Forma a estrutura da família anímica,
determina a contribuição que vocês darão para o todo; ela nunca os abandonará até o
fim do cosmo; contudo, como esse fim se assemelha a um amálgama, que nem nós nem
vocês podem compreender, não continuaremos a falar sobre isso.
Cada alma que se prepara para uma nova encarnado determina primeiro o seu
objetivo de desenvolvimento, fazendo depois a escolha dos elementos matriciais que ela
quer interligar para alcançar esse objetivo. Então, depois de refazer-se da última
incorporação, depois de fazer um inventário e um ajuste com as outras, a alma, no plano
astral, escolhe o seu ponto principal de desenvolvimento entre os sete possíveis,
acrescentando finalmente a ele um padrão altamente complexo de características físicas,
espirituais e anímicas.
O avanço da idade da alma está associado ao resultado das estruturas anímicas
positivamente vividas. A idade anímica aumenta á medida que um ser humano estiver
disposto a realizar sua matriz no pólo positivo e a aproximar-se do amor nele contido.
Contudo, isso não quer dizer que uma pessoa que se recuse a amar fique estagnada, a
ponto de o seu desenvolvimento cessar. Mas ele será mais lento, muito embora não
existam obstáculos ou expiações que possam ser considerados um castigo ou uma
provação enviada por alguém mais elevado, que bloqueie o caminho de vocês rumo à
plenitude final.
Não existe um ser humano, não existe nenhuma alma que queira ser sempre negativa
ou “má”. Por isso, as diferenças entre uma alma encarnada que vocês consideram
inconsciente ou negativa e outra que os impressiona por seu esclarecimento e
consciência não ficam gravadas no tempo; pois, para o desenvolvimento almejado por
uma alma o tempo não é igual ao de vocês que estão acorrentados à estrutura do tempo
e do espaço.
Então é irrelevante se uma alma precisa de sessenta, oitenta ou cem vidas para
chegar à sua plenitude e para alcançar a religação com sua família anímica; não importa
que a alma tenha o seu próprio caminho e siga o seu ritmo, atendendo às suas
necessidades e desejos pessoais. Esse fato livra vocês da aparente necessidade de se
julgar e de julgar os semelhantes pela sua suposta cegueira, pela falta de atenção ou de
amor que, na verdade, na hora do encontro com eles podem parecer muito
desagradáveis e perturbadores, mas que para o caminho progressivo do
desenvolvimento de uma alma não têm grande importância, como vocês erroneamente
possam presumir.
A matriz só está completa quando todos os seus sete elementos estiverem unidos.
Não podemos renunciar a nenhum deles, embora a matriz por si só não baste para dar
forma a uma vida voltada para a realização de um objetivo, repleta de sentido. Além da
matriz, que é irrenunciável, existem outros elementos que fazem parte da escolha, por
exemplo, a bagagem cultural, os pais, a disposição de cumprir determinados deveres
kármicos ou de reencontrar velhas almas companheiras que devem apoiar-se
mutuamente para chegar ao objetivo do desenvolvimento - quer por meio da alegria
quer por meio da dor.
Como o padrão anímico muda de uma vida física para outra e, no mundo astral, são
reunidos em cadadavida
etapas possíveis cinco
idade vezes cada
anímica, sete elementos
alma podeisolados
pesquisara todos
fim deosdeterminar
elementosas várias
variáveis da matriz, estabelecer um laço de simpatia com eles, e experimentar toda a
gama de formações positivas e negativas no decorrer das suas encarnações. É por isso
que cada um de vocês pode recorrer ao conhecimento abundante em todas as variáveis
matriciais, exceto ao papel essencial e à idade da alma. Essa experiência individual
complexa liga vocês ao coletivo. Ela permite que haja compreensão, tolerância e
relacionamento, pois quem não sabe nada sobre o outro não pode compreendê-lo; quem
não compreende nada não pode estabelecer um relacionamento.
Como em encarnações passadas todos vocês já tomaram conhecimento de todos os
sete modos de ação, de todas as sete mentalidades, de todos os centros do corpo e dos
seus padrões reativos, de todos os medos e objetivos de desenvolvimento, vocês têm
lembranças psíquicas coletivas e anímicas que lhes oferecem ricas possibilidades de
comparação, de disposição para perdoar, de capacidade de entender por que os
semelhantes adotam determinados modos de ação ou de padrões reativos; vocês podem
imaginar o que o próximo sente, entender o motivo das suas decisões e atitudes, basta
querer, pois vocês já passaram, em outras vidas, por quase todas as experiências pelas
quais eles estão passando exatamente agora. Da mesma forma, vocês podem exigir que
os seus semelhantes os aceitem e compreendam, se não nos pequenos detalhes, ao
menos nas coisas grandes e comuns, visto que eles já fizeram muitas das coisas que
vocês estão fazendo agora. Chamamos a atenção de vocês para o fato de não estarem tão
sós e isolados como os seus medos gostariam de fazê-los crer.
Mas não é só das experiências físicas essenciais de vidas anteriores que vocês obtêm
seus conhecimentos sobre os cinco elementos matriciais variáveis; em cada vida vocês
passam por experiências reais com a multiplicidade dos elementos matriciais. No que se
refere ao padrão anímico individual, dentre as sete possibilidades, cada um de vocês
escolheu determinada variável e lhe deu ênfase, tal como se faz num museu ao iluminar-
se com um holofote apenas um quadro dentre os muitos para que ele possa ser visto
melhor.
Vocês, por exemplo, estão bastante familiarizados com todos os sete medos básicos
e com suas características principais. Em cada uma das vidas, vocês renegarão a si
mesmos sendo orgulhosos ou impacientes, obstinados, ambiciosos, autodestrutivos ou
com tendências para se martirizar. No entanto, a característica principal do medo básico,
que marca mais a vida de vocês, destacando-a das outras, mantém-se mais velada do
que as outras seis, rege o inconsciente exercendo maior domínio e determina as atitudes
que são controladas pelo medo e pela polarização negativa dos seus elementos
matriciais.
Cada elemento matricial da alma tem um pólo positivo e um pólo negativo. Esses
pólos representam os extremos do amor e de medo. Eles são como terminais de um
amplo espectro de ações e de reações possíveis. Mas não se deverá entender isso como
se vocês simplesmente tivessem de escolher entre o pólo positivo ou o negativo.
Acontece o contrário: quase sempre vocês ficam em um plano intermediário durante a
vida cotidiana e raramente vocês serão extremamente amorosos ou absolutamente
refratários ao amor.
No entanto, antes de mais nada, não se censurem ao perceber que penderam um
pouco mais para o pólo negativo em determinada circunstância, pois as experiências em
que se age por medo e não por amor são uma ajuda valiosa e uma indicação de que
ambos os pólos estão sempre presentes: amor e medo. Depende de vocês qual caminho
escolher; e não existe ninguém que os castigue por supostos erros e desvios do rumo
certo ou que os recompense pelos sucessos. Só vocês sofrem as conseqüências dos seus
atos. E vocês
amorosos, querem
agindo aprender comnoisso.
constantemente Não há
extremo do nenhum motivoAfinal,
pólo positivo. para que sejamser
nenhum sempre
humano consegue fazer isso sempre. Além do mais, essa atitude também não teria
nenhum sentido, visto que impediria uma aprendizagem eficaz.
Durante uma seqüência de várias encarnações, existe uma conscientização cada vez
maior e um movimento irrefreável rumo ao amor, anseio primordial que controla e
orienta o ser humano; é imprescindível que à medida que a idade anímica aumenta,
vocês se tornem mais conscientes das suas capacidades e aptidões. Com certeza é
desejável que você se esforce para obter mais clareza e percepção intuitiva, contudo,
nem todos são capazes de analisar a si mesmos ou de cultivar a acuidade intelectual.
Mas esse não é o objetivo de todos os seres, humanos. Para usarem ao máximo a sua
matriz anímica vocês devem valorizar a seguinte sentença: Tudo tem seu tempo e há
tempo para tudo.
Os Pólos Matriciais
Enquanto é só planejada e não vivida, a matriz e seu padrão anímico é apenas um
plano, uma cianotipia. Mas assim que uma alma escolhe um corpo e começa a
organizar-se dentro dele, esse plano ganha força e começa a se concretizar
materialmente. Com a encarnação entram em jogo novos regulamentos que
descrevemos como os princípios da dualidade e da polaridade.* E, simultaneamente,
surge uma nova tensão pelo fato de os pólos dos elementos matriciais criarem um
campo de energia.
Enquanto a alma estiver num corpo e, dessa maneira, empenhar-se pelo seu
desenvolvimento, entra em ação um amplo espectro de possibilidades no campo
energético formado entre os pólos. Falamos de uma tensão entre o pólo positivo e o
pólo negativo. Ao falarmos de positivo e negativo sabemos muito bem que as pessoas
naturalmente os associam à imagem de bom e mau. Por esse motivo, para que entendam
melhor, desejamos explicar-lhes que o pólo positivo de um dos elementos matriciais de
nenhum modo é bom e que o pólo negativo, em si mesmo, não é mau; não se trata de
evitar o contato com o pólo negativo para poder dedicar-se quase unicamente ao pólo
positivo.
A tensão que surge entre os pólos é necessária. Portanto, quem insistir em querer
evitar o pólo negativo reduz a tensão que lhe permitiria alcançar o pólo positivo. Apenas
enquanto a energia fluir entre os pólos num vai-e-vem, é possível aprender; só então o
campo vibratório das pessoas pode elevar-se e a vivacidade ser preservada. Com a
morte do corpo físico, a tensão desaparece. Isso significa que enquanto viverem entrarão
várias vezes em contato com o pólo negativo, e é só por isso que o movimento do
pêndulo pode oscilar para o pólo positivo. Então, é por esse motivo que advertimos
alguns de vocês: nunca tentem ser bons! Vocês podem partir natural e coerentemente do
fato de que não é possível ao ser humano, mesmo nas circunstâncias mais
desfavoráveis, ser unicamente mau, ou seja, agir e reagir exclusivamente a partir do
pólo matricial negativo.
* Cf. Welten der Seele, p. 21.
Portanto, não tenham medo de ficar estagnados; deixem a energia fluir livremente
entre os dois pólos. Mediante a oscilação da vibração de um lado para outro, a
freqüência fica mais elevada. Para que saibam lidar com a oscilação entre os pólos é
preciso quenatural
pela troca vocês de
tenham consciência
energia dela. E
entre os pólos, isso,
mas nãoque chamamos
acontecerá se de amor,tensos
ficarem é alcançado
e
tentarem desprezar e delimitar o pólo negativo, vivendo tão-somente em função do pólo
positivo.
Do nosso ponto de vista, as palavras “positivo” e “negativo” usadas em referência
aos pólos não caracterizam qualidades ou juízos de valor. No entanto, sabemos que
vocês não conseguem desfazer-se sem dificuldade dos seus conceitos experimentais e
da sua língua. Por isso lhes pedimos outra vez para prestar atenção às nossas
recomendações. Obviamente, é preciso entender que os pólos positivos de todos os
elementos matriciais - com exceção do pólo positivo da característica principal e
secundária do medo - estão impregnados com a energia do amor. Ao contrário, os pólos
negativos, inclusive os pólos positivo e negativo da característica principal e secundária,
buscam sua energia no medo.
O amor e o medo podem ser definidos como manifestações de determinadas
freqüências energéticas. A expansão e a contração, o relaxamento e a tensão
caracterizam esses fenômenos e são tão normais quanto os movimentos musculares do
coração. A contração do músculo cardíaco não é "má”, a descontração no movimento de
bombeamento do sangue não é "boa”. Elas cumprem uma função necessária. A
contração e a descontração do campo energético formado entre os pólos, mediante um
movimento recíproco de troca, também cumprem uma função necessária para a vida e
para o crescimento espiritual. E repetimos: o amor não é “bom”, assim como o medo
não é “mau”. O medo faz parte da vida da mesma maneira que o amor.
Se vocês se concentrarem na observação das características dessa polaridade,
analisando as infinitas possibilidades de ação e reação contidas no campo energético
entre os dois extremos, reconhecerão que raras vezes vocês se detêm num dos extremos.
Normalmente, preferem movimentar-se numa zona intermediária desse campo
energético de tensão. Se analisarem a si mesmos, constatarão que, devido à tensão ou à
necessidade, agiram muito mais vezes no pólo negativo e, ao mesmo tempo, impediram
o impulso que os levaria ao pólo positivo, criando um bloqueio de energia. Para
eliminar esses bloqueios existe algo da maior importância a ser levado em conta:
certifiquem-se de que a metade do campo de tensão relativa ao pólo positivo esteja
sempre acessível. Ela existe, ela lhes pertence, e não está fora do alcance de vocês. Não
raro o bloqueio surge porque vocês não têm coragem de explorar essa metade do campo
dc tensão.
A psique teme o desconhecido e quer ser levada com o máximo de cuidado a novos
campos de experiência. Assim que se sentirem ameaçados pelos conhecimentos de
novas perspectivas, levem em conta a realidade da psique, não exigindo demais dela;
caso contrário, ela se encherá de novos medos, aumentando automaticamente a tensão
negativa. Nesse caso, acalmem-na, levando-a de volta para regiões conhecidas. Por
meio de um diálogo mental ou de conversas com outras pessoas, mostrem-lhe como é
possível ver, através de uma grande janela panorâmica, a mais bela paisagem de
relaxamento e de amor. Façam isso e despertem na psique o desejo de percorrer novos
caminhos. Muitas vezes basta falar com o seu medo dizendo: "Sabemos que temos
acesso ao bem, à misericórdia, à riqueza de idéias, ao serviço prestado às pessoas, à
certeza, à força que nos orienta e à convicção. Deixe-nos tentar, ao menos uma vez”.
Mas se ficarem se criticando por supostos passos em falso, por incapacidades
imaginárias e por mau comportamento, censurando-se e desvalorizando-se, vocês
juntarão todos os seus medos no campo do pólo negativo, como um cão pastor que junta
seu rebanho; será muito difícil deixar uma única ovelha atravessar a barreira que a
separa do campo do amor.
Cada um dos números ordinais dentro de um elemento matricial contém sua própria
energia insubstituível. A energia do número 2 é totalmente diferente da energia dos
números 1, 3, 5, 6, 7 ou 4, e todas as variáveis matriciais que contêm o número ordinal 2
são, por sua vez, expressão de uma e da mesma energia básica. Como alegoria da
energia dos arquétipos, o princípio dos números ordinais não só cunha o modelo
anímico, mas também planos mais amplos da ordem cósmica universal. Portanto,
enquanto um número ordinal como, por exemplo, o 4, é atribuído à essência de um
erudito, ela pode ser complementada por outros elementos que tenham o número ordinal
4 - obstinação, observação, pragmatismo, centro dos instintos - resultando assim no
arquétipo energético do erudito, ou seja, a energia arquetípica 4. Podemos fazer o
mesmo com a energia básica dc (1 ou do 2, bem como com todas as outras que também
formam seus arquétipos.
Contudo um padrão anímico planejado nunca formará um arquétipo puro, pois isso
não faria sentido. Para se desenvolver, a alma precisa conhecer e entrar em contato com
energias essencialmente diferentes. Ao mesmo tempo, a multiplicidade oferece a cada
padrão anímico, em cada vida, para conservar uma e a mesma essência, a possibilidade
de fazer todas as experiências necessárias, importantes e ricas em aprendizado que estão
ligadas com as energias de outras essências e arquétipos.
O padrão anímico de uma alma com a essência do sábio pode, portanto, formar
numa vida terrena uma matriz com o medo do rei, o objetivo do sacerdote, o modo de
ação de um sábio, a mentalidade do sacerdote, o padrão reativo do agente de cura e do
guerreiro, ou, em outras palavras, uma centralização emocional, sexual. Da mesma
forma, a mesma matriz pode ser descrita pelo correspondente símbolo numérico: 5 7 6 5
6 1/3. A isso se acrescenta a idade da alma e a etapa de desenvolvimento como, por
exemplo, jovem 3,
forma abreviada maduraem7 ou
consiste usarantiga 2. Outra possibilidade
a palavra-chave: “Um sábiode descrevercom
impaciente a matriz
o de
objetivo da aceleração, com o modo de ação do poder, com uma mentalidade de
espiritualista, uma alma jovem, emocionalmente enfatizada, sexualmente orientada para
a terceira etapa”. Ou então: “Alma jovem na 3ª etapa, um sábio poderoso e um
espiritualista impaciente com o objetivo da aceleração do desenvolvimento e um padrão
reativo emocional/sexual. Um acúmulo de determinados números ordinais, como nesse
caso o 5 e o 6, leva a uma ênfase e intensificação de uma determinada energia básica
arquetípica que pode se desviar da energia essencial.
Por meio dessa natureza múltipla e flexível ligada às outras características da
individualidade, o padrão anímico possibilita que cada pessoa, no decurso de suas
muitas encarnações, passe por todas as experiências e tenha todos os encontros que
pareçam necessários à sua essência e sejam propícios ao seu desenvolvimento. Mas a
multiplicidade vivida também possibilita que cada alma compreenda as outras, apesar
da fragmentação e do decorrente estado de separação. Também possibilita que ela
perdoe a si mesma pela dor e pelo sofrimento que causou a si mesma e às outras,
permitindo-lhe também estabelecer contatos baseados em experiências autênticas.
Dissemos que o sábio pode aprender com o artista e este com o sábio; que o
sacerdote pode aprender com o agente de cura e este como sacerdote; o rei com o
guerreiro, o guerreiro com o rei. Basicamente, contudo, todas as energias arquetípicas
que formam uma ramificação, ou seja, 1, 2 e 3, são diferentes das arquetípicas 5, 6 e 7 e,
assim, podem receber delas impulsos especiais.
As energias arquetípicas do artista, do agente de cura e do guerreiro, conforme seu
âmbito de dualidade são introvertidas, receptivas, retraídas, passivas, não atuando por si,
mas com relação à energia dos seus arquétipos duais, o sábio, o sacerdote e o rei. Esses
últimos são extrovertidos, doadores, ativos, abrangentes. Relacionam-se entre si com o
princípio masculino e feminino, como yang e yin; são a vontade e a falta de vontade, o
fazer acontecer e o deixar acontecer, o impulso e a resistência.
Na verdade, esses conceitos são muito úteis para fazê-los entender como as duas
“asas” que se juntam à energia neutra do 4 se relacionam. Temos certeza de que
ninguém pode voar só com uma dessas asas. Ambas são indispensáveis em seu
relacionamento mútuo. Portanto, uma matriz terá bons motivos para reunir elementos
tirados das duas posições, mesmo que faça isso de modo simétrico, em cada uma das
vidas.
A posição neutra une e tira paz do movimento. A posição 4 serve para integrar tudo
o que as outras energias conseguem realizar. Nesse sentido, o neutro não é uma posição,
uma vez que não dispõe de um lugar. Ele vive da dualidade e, no entanto, não é dual. O
terceiro, o neutro, une o eu com o tu, o ativo com o passivo, o introvertido com o
extrovertido. Basicamente, trata-se apenas de compreender o princípio do número 7 em
sua dualidade manifesta. O 7 como um todo só tem expressão simbólica no seu mundo
conceitual. Ele se decompõe continuamente no 3 e no 4 quando quer se tornar
compreensível para vocês.
Visão Geral
Os Papéis Essenciais da Alma
Expressão
5 2
O Sábio O Artista
Princípio: Princípio:
transmitir. formar.
- falador; - afetado;
expressivo + talentoso +
Inspiração
6 1 O agente de
O Sacerdote cura*
Princípio: Princípio:
consolar. apoiar.
- zeloso de - servil;
mais; dedicado +
compassivo +
Ação
7ORei 3OGuerreiro
Princípio: Princípio:
consolar. lutar.
- autoritário; - dominador;
altivo + convincente +
Assimilação
4 O Erudito
Princípio: Aprender/Ensinar
- teórico; conhecedor +
* O papel da alma que representa a energia primordial 1 foi primeiramente traduzido
por Varda com a palavra “escravo” ou “auxiliador”. A conotação de escravo, com
efeito, é arcaica e ao mesmo tempo intemporal, mas é recusada emocionalmente pelo
ser humano do século XX. “Auxiliador” é um termo artístico desconhecido. Quando a
Fonte nos recomendou usar a palavra “Agente de Cura” nesse lugar, nossa primeira
reação foi de espanto. No entanto, logo reconhecemos que esse conceito é a contraparte
arquetípica correta para o Sacerdote. A ênfase recai sobre uma qualidade
necessariamente primordial unificadora, totalizadora curativa. “Agente de Cura” define
almas encarnadas que sentem o que falta aos seus semelhantes não indica em primeira
linha que se trate de médicos. Jesus foi um “agente de cura” e achamos comovente os
missionários germânicos cunharem para ele a palavra Heiler (salvador), traduzindo-a
1. O Agente de Cura
Princípio: Apoiar. – servil; dedicado +
Exemplos:
Ignaz Semmehveis foi um médico que tratou com muito amor, em sua clínica, as
mulheres que morreram de febre puerperal sem que houvesse uma causa médica
aceitável para essas mortes. Sua inspiração o levou a pensar que devia haver alguma
forma de infecção que pudesse ser eliminada com uma higiene mais perfeita.
Semmelweis era um agente de cura que não se limitava a cuidar profissionalmente dos
seus pacientes, mas os tratava com grande amor. Henry Dunant, ao contrário, não era
um agente de cura, mas um sacerdote que impôs a si mesmo a criação de ações de
salvamento internacional para vítimas de guerra: esse salvamento superava as barreiras
do ódio nacional e as loucuras da política, dando aos sofredores uma oportunidade de
obter ajuda. O contraste entre sacerdote e agente de cura num mesmo plano de
inspiração fica bem claro, pois Henry Dunant não se interessava por oferecer serviços a
uma pessoa ou a um grupo de pessoas, como Semmelweis fazia. Para ele era mais
importante fazer com que sua idéia - o elevado ideal da ajuda fraternal - comovesse
aqueles que a pudessem concretizar no plano da política e da organização.
Birgit Breuel é uma agente de cura. Ela investe toda a sua força de trabalho e
também a sua vida particular numa tarefa que exige direta, e pragmaticamente, seus
serviços. E os ideais e idéias dela são elevados demais. Deixando seus sonhos e
necessidades pessoais em segundo plano, ela sabe como trabalhar em favor do
progresso de uma causa que considere imprescindivelmente necessária, sem com isso
perder sua dignidade pessoal. Ela não é submissa, mas conhece o valor do seu serviço.
Não se esquece de si mesma ao fazer o trabalho, mas está consciente de que só com o
uso objetivo de suas forças e a preservação das suas energias ela tem a possibilidade de
servir sem ser castigada com o desprezo ou a falta de consideração dos que a criticam.
2 - O Artista
Princípio: Formar.
- afetado; talentoso +
O artista é um papel anímico que não quer deixar nenhuma das suas vidas sem antes
ter criado alguma coisa com a qual expresse e divulgue quem ele é para o mundo, a sua
individualidade. De forma tão pura quanto possível. O artista, mas do que as outras
essências pretende criar algo a partir de si mesmo, algo visível, comprovável, algo que
torne plausível o fato de existir e de ter direito à vida.
Portanto, o artista quer apresentar ao mundo uma obra e deixar à posteridade um
trabalho que seja srcinal, quanto à forma e ao conteúdo. E que jamais tenha sido
realizado porque
novo, aquilo quem querestupefação
causa que seja, antes dele. Seus domínios são o não explorado, o
ou surpresa.
Nesse contexto, não importa se a alma do artista vive num homem da Idade da
Pedra, que esculpe a pedra para transformá-la numa ferramenta útil, se é o descobridor
da roda, o construtor de uma máquina, o compositor que escreve as notas na pauta,
numa seqüência que resulta num som totalmente novo, ou o poeta que se expressa por
meio de palavras que dão aos seus versos uma rima nova e desconhecida. O novo,
portanto, é aquilo a que ele aspira - não aquilo que vai repetir, aprofundar ou melhorar o
que os outros criaram. A alma do sábio, ao contrário, em grande medida procura
incrementar as novidades, copiar ao transmitir o novo - como artista, por exemplo,
declamando os textos do poeta; como músico, executando a obra do compositor -,
usando essa forma de se apresentar e expressar.
Quando o artista é atormentado pelo medo de não conseguir apresentar nada novo,
quando ele se sente bloqueado ou tolhido pelas outras variáveis do seu padrão anímico,
ainda assim ele tentará encontrar algo novo. No entanto, todos perceberão que sua
criação é superficial, que parece acanhada e tem pouco sucesso. É como se ele afetasse
os outros de uma forma que reflete falsas necessidades e não oferece uma alegria
verdadeira, acentuando, na verdade, o medo e as ilusões do ambiente ao seu redor. Mas
vocês encontrarão muitas pessoas com essência de artista no ramo da propaganda ou em
feiras de invenções, nas repartições que registram patentes e no mundo da música, dos
espetáculos e dos esportes. Essas pessoas também costumam trabalhar como dubladores
ou em empresas de comunicação visual. Esses são os artistas que duvidam da própria
força de expressão, os que não são suficientemente srcinais para criar algo de
verdadeiramente pessoal Por outro lado, eles não estão suficientemente livres do medo
de ter de enfrentar as conseqüências dessa falta de criatividade autêntica.
Quando o artista cai na expressão artificial do seu talento artístico – não importa se é
um engenheiro, um pesquisador, um trabalhador braçal ou um professor - ele se
distancia de si mesmo e da sua força criativa. Ele finge para si mesmo e para os outros
que está fazendo algo srcinal; contudo, seu desempenho é falso, visto que é reprimido e
provoca mais tensão do que satisfação.
Para o artista, não importa em que âmbito ele cria algo novo. A essência de artista
pode manifestar-se tanto na criação de uma nova receita culinária, como no
desenvolvimento de um projeto ecológico de alcance mundial. Em última análise, não é
o conteúdo ou a repercussão que dá asas para o artista criar algo, e sim a vontade e a
satisfação que ele sente quando percebe que combinou alguns elementos com outros,
que uniu fatos isolados que até então coexistiam sem estabelecer contato. Assim ele lhes
dá um novo sentido.
Muitos pesquisadores e trabalhadores desempenham o papel anímico de artista. Eles
não são os que executam corajosamente o trabalho, mas aqueles cujo espírito está
empenhado em introduzir nesse trabalho algumas novidades e modificações. Muitas
pessoas têm essências de artista engenhosas, cujo espírito não lhe dá tréguas enquanto
não tiverem executado algo de inusitado no dia-a-dia. São pessoas cuja ânsia de deixar
uma impressão indelével nos outros continua por toda a vida. Se possível, querem
impressionar um grupo maior de pessoas. Para um artista existem duas coisas
importantes: a alegria infantil, a satisfação que ele sente com suas idéias, o
reconhecimento da sua srcinalidade pelos seus semelhantes. Enquanto o sábio quer ser
compreendido, o artista se esforça pelo reconhecimento público. Essa essência nunca
alcançará a realização pessoal nem será fiel a si mesma enquanto não levar em conta a
estética dos seus atos.
Essa essência modela e forma por necessidade de dar a ela uma beleza e harmonia
que sejam
artista tem expressão da sua
são totalmente própria beleza
irrelevantes e harmonia.
no processo Os objetivos
de realização. Elesque a essência
podem do
pertencer
ao mundo material ou ao mundo espiritual. A alma que desempenha o papel do artista
pode realizar seu trabalho com felicidade tanto na decoração do seu dormitório quanto
na escolha dos seus trajes, numa operação cirúrgica bem-sucedida, na construção de
uma estrada ou ponte, no arranjo de um jardim, na educação dos filhos, na elaboração
de uma palestra, na instalação de um abatedouro ou, como artista, na arte de viver bem
mediante a estrutura harmoniosa e estética da personalidade, bem como as
circunstâncias da sua vida.
Sendo assim, a essência do artista pode transformar todos os aspectos da sua
existência, em todas as vidas, num meio de manifestar sua arte. Esse é o seu objetivo,
embora seja essa também a razão para um perceptível e constante desespero, pois essa
essência é exigente e raramente fica satisfeita com o que criou. Com freqüência, ela tem
medo de que seu trabalho, baseado na realidade de que dispõe, não seja suficientemente
bom; ela acha que tudo deve ser diferente e bem melhor. Ela se alegra por um breve
momento apenas com a sua obra, depois é tomada pela inquietação, pelo desejo de
destruir tudo o que criou e apresentar algo novo. E ela também sofre devido à pressão
interior de ter de ser ou de fazer sempre algo especial, algo srcinal. Mas é exatamente
quando cede a essa pressão, que ela desliza facilmente para o artificialismo. Se você
observar como os artistas se expressam na vida diária, verá homens e mulheres
abusando no uso de roupas extravagantes para mostrar o que lhes vai por dentro. Essa
necessidade de expressar algo se torna tão imperiosa, a ponto de conter algo forçado e
artificial.
A adoção do estilo pessoal pode desenvolver-se em duas direções. Uma delas é a
perfeita exagerada, que leva a uma apresentação chamativa e parece um produto da
moda criado por um aluno universitário. A outra orientação busca exatamente a
srcinalidade na não-forma, ou seja, no desleixo com a aparência e com as roupas. O
desejo de ser especial, de ser único, se expressa por meio das roupas rasgadas, dos
cabelos desgrenhados, da recusa em fazer uma boa higiene pessoal ou por meio de um
protesto contra as normas e hábitos da sociedade em que vivem. Nem sempre as
necessidades causadas pelo medo de não se expressar bem assumem formas tão
extremas. No entanto, a essência de artista se descontrai quando demonstra uma
elegância exagerada ou um desleixo que chame a atenção.
A insatisfação que pode ser atribuída à não realização do essencial perturba muitas
almas com essência de artista, justamente porque elas não conseguem reconhecer suas
possibilidades de expressão. Não reconhecem o que criam, não reconhecem o que fazem
para expressar sua essência. Desprezam as pequenas possibilidades que não chamam a
atenção ou as ignoram. Mas admiram todos os que, de alguma forma, se dedicam á arte
ou se expressam de forma artística; isso não só instiga sua vontade de criar, mas
também um sentimento de resignação que pode ser descrito com as seguintes palavras:
"Eu gostaria tanto de fazer isso, mas não sei como.
Para não deixar o desespero se abater sobre as formas reconhecidas de arte, em
virtude da aparente incapacidade própria, é de grande importância que as pessoas cuja
alma abrigue a essência do artista procurem manifestar a expressão artística tanto por
meio de pensamentos, de cartas ou de trabalhos manuais, como por meio da arte
propriamente dita. Mesmo que a pessoa não pinte, não componha nem crie obras de
arte, isso não significa que ela deva renunciar à sua vontade de se expressar de acordo
com o sentido dessa essência.
Um grande número dessas almas de artista se realiza admirando o trabalho artístico
dos outros, procurando entendê-lo, estimulando o artista ou vendendo obras de arte.
Essa
formaé definitiva.
uma formaNo muito viável
entanto, de arepresentar
pode essência deuma
artista se realizar,
grande ajuda aembora
essêncianão
de seja a
artista
ocupar-se durante toda a sua vida com as criações artísticas de outras essências
anímicas, aprendendo a conhecê-las e a amá-las, pois um dia ela se verá diante da
própria vontade de criar. E como uma criança que precisa sair da proteção do útero
materno para poder começar uma vida própria, com uma expressão srcinal
independente.
No que se refere ao relacionamento com os outros e a sexualidade, o artista precisa
de considerável variedade e mudança. Sua criatividade só poderá desenvolver-se
quando ele conseguir fugir da rotina e evitar a inércia. Seu espírito, sua fantasia
precisam constantemente de novos estímulos e, para isso, ele precisa de amigos e
parceiros que sintam a mesma satisfação com o novo, o não habitual e o inusitado.
A religiosidade dessa essência revela-se quando ela estabelece um relacionamento
inteiramente srcinal com o princípio divino, que esteja de acordo com a etapa de
desenvolvimento em que se encontra. Durante todo o tempo, ela se esforça por criar a
imagem do divino a partir da perspectiva que tem em dado momento. Embora essa
imagem difira da imagem coletiva de Deus, a pessoa com essência de artista a respeita
como aquilo de mais elevado que possa existir. Ela a protege do abandono e a defende
como se fosse uma jóia criada apenas para seus olhos.
O artista dá forma à realidade e á vida. A contribuição que essa essência dá para o
grande todo e para o desenvolvimento da própria sensibilidade consiste em não se dar
por satisfeito com o que existe, em descobrir possibilidades desconhecidas de auto-
expressão para, através dela, dar aos fenômenos humanos, terrenos e cósmicos uma
nova forma de expressão.
Exemplos:
Vincent van Gogh: Muito embora ele tenha criado o novo inusitado e tenha
conseguido com sua pintura tocar o coração de todos os que compartilharam da sua
visão das coisas e dos fenômenos do mundo, ele não estava satisfeito com as suas
criações e era muito infeliz por não conseguir expressar mais e melhor o que via e como
ele o via; esse fato o deixava desesperado. Ele pouco soube reconhecer aquilo com que
presenteou a humanidade. Com muita freqüência seu olhar estava voltado para o que
sentia ser a impossibilidade do ser.
Joachim Kaizser: A critica que faz à arte é característica e srcinal, chegando a ser
mais do que srcinal. Cada sentença é uma obra de arte que concorre com a arte que ele
avalia. Mas a vontade de criar, de se expressar com exatidão e clareza, de dizer tudo,
inclusive o indizível, de elevar a crítica musical a um nível que supere o mero
comentário jornalístico, que é efêmero, destaca-o como uma alma que desempenha o
papel de artista. A avaliação que faz das obras sempre é artística, mas não raro artificial.
Trata-se de um artista com sensibilidade cinestésica do som. Ele ouve a linguagem da
música e a traduz em palavras que fazem com que a expressão da música se torne
inteligível no plano mental.
Adolf Hitler: Este já duvidou desde o início de sua capacidade de expressão como
pintor. O reconhecimento público de fato lhe foi negado nesse âmbito, o que gerou uma
vontade imperativa de mostrar ao mundo o que podia fazer. Grande parte da sua
capacidade destrutiva e perturbadora, da expressão de certa forma violenta manifesta-se
no seu conceito de que não só uma nação, mas também o mundo todo, tinha de ver uma
nova
visão raça concebida por
assemelham-se ele. A estética
ao desejo fria dodeseu
de expressão umplano e a inexorabilidade
escultor, da tudo
que deixa de lado sua o
que não cabe mais em seu contexto artístico. No final, ele não só tem de admitir que sua
escultura é detestada pelos outros, mas também que nos últimos golpes ao esculpir ele
quebra seu martelo e cinzel.
Antonio Canal, dito Canaletto: Seus viadutos são a reprodução da realidade. Eles,
porém, são pintados a partir de uma perspectiva que traz essa realidade à luz, que a
torna apreensível, que a combina dc tal forma que sua beleza e harmonia vêm à tona e
ele enriquece seu trabalho com figuras, com formas de vida que tornam a beleza rígida
da arquitetura uma coisa viva. O modo certo de observar a vida e os seus semelhantes
permitiu que ele transmitisse sua alegria sem limites. Seu talento de focar os fenômenos
da vida sob a luz correta permitiu que ele se mostrasse como era, nem um
superiluminado, nem uma pessoa desprovida de luz. Ele conseguiu - sem levar em conta
algumas fases da sua vida -, descobrir o ponto de equilíbrio. Não teve necessidade de
atribuir excessiva srcinalidade nem a si nem às suas obras. Foi amado e querido, não só
como pintor de paisagens de rara beleza, de cidades e regiões, mas também como ser
humano que sabia valorizar seus pontos de vista especiais e srcinais, sem desprezar a
visão dos outros.
3 - O Guerreiro
Princípio: Lutar.
- dominador; convincente +
Exemplos:
Konrad Adenauer foi um guerreiro que, ao longo da vida, aprendeu a convencer em
vez de impor. Compreendeu que era possível obter grandes vitórias na luta pela
renovação do Estado, se fizesse prevalecer a lealdade, e não a sua fama. Na sua posição
de guerreiro lançava mão da diplomacia e também da obstinação para vencer os
obstáculos que surgissem em seu caminho. Com o correr dos anos, sua força de
convicção foi aumentando, na mesma medida em que crescia seu amor pela nação que
lhe foi confiada e por cuja confiança lutava. Era incorruptível, sempre disposto a
despender todas as suas forças, sem temer a morte nem o diabo. Além disso, tinha uma
persistência que, como guerreiro, só lhe podia fazer bem. Se tivesse sido um guerreiro
impaciente, nunca teria alcançado o que queria. Seu lema, no entanto, era a
perseverança. Sempre tratou de se convencer de que havia tempo suficiente, embora
ninguém tivesse tanta pressa quanto ele. Mas não permitia que seus adversários
percebessem isso. Ele os “controlava” com facilidade e só mostrava as armas quando os
outros já haviam deposto as suas.
4 - O Erudito
Princípio: Aprender/Ensinar.
- teórico; conhecedor +
Desde o primeiro até o último dia da sua vida e também no período entre as vidas, o
erudito se distingue pelo fato de se mostrar interessado em aprender, em adquirir
conhecimento e, assim, tomar-se o que é. Ele deseja que os seus conhecimentos - que
não devem ser confundidos com sabedoria - sejam transmitidos e quer ensiná-los aos
demais na medida em que esses conhecimentos forem úteis ao bem-estar da sua alma e
na medida em que ele puder ter certeza de que os outros aprenderam algo com ele.
Se compararmos o sábio com o erudito e enfatizarmos que o sábio sempre precisa de
um público ou de um campo de ação, isso não quer dizer que o erudito não tenha
igualmente o seu orgulho. Ele também gosta de ser elogiado pelo que sabe. Na verdade,
ele nãomas
sábio, depende tanto for,
seja como da admiração dos seusquer
o erudito também semelhantes e contemporâneos
ser ouvido comogosta
e respeitado. O sábio o
de apresentar sua própria síntese. O erudito, ao contrário, sente mais alegria ao separar
os detalhes do seu conhecimento para poder recorrer aos mesmos sempre que quiser.
Para ele, a fragmentação e a análise dos elementos é mais importante do que a
conclusão final.
O erudito concentra-se na aprendizagem. E quando já aprendeu bastante, ele
encontra de um modo ideal a coragem de ensinar o que aprendeu. Para continuar
aprendendo, está disposto a se encontrar com os sábios. Precisa submeter-se a eles para
aprender algo novo. Isso pode expressar-se no grande campo das ciências, mas também
pode acontecer de o erudito encontrar alguém que lhe possa ensinar algo em outro
campo bem diferente. Como essência anímica, o erudito não visa unicamente aprender
algo e continuar sempre aprendendo. Algum dia, ele descobre que sua realização
consiste em passar adiante o que aprendeu, em divulgar seu verdadeiro conhecimento,
compartilhando-o com os outros. Primeiro é preciso reconhecer a autoridade dos outros
para então desenvolver a própria.
A essência do erudito precisa de períodos de isolamento, de distanciamento e de
reflexão sobre si mesmo. Só então suas teorias podem transformar-se em conhecimento
real. O retraimento, o distanciamento são o meio alquímico de transformar teorias
vazias de sentido no ouro do autêntico conhecimento.
Para o erudito, é importante e significativo escolher determinado campo de ensino
ou fazer uma especialização. Ele quer obter tanto conhecimento quanto possível, seja lá
qual for o campo escolhido. Para tanto ele se concentra em determinada área,
aprofundando-se nela. O plano para o qual volta a sua atenção é indiferente. Ele quer
descobrir o maior número possível de fatos sobre o que lhe interessa. Quando tiver a
certeza de ter abarcado a área e de tê-la elaborado - ainda que seja pequena - e para isso
está disposto a fazer muitos sacrifícios, ele obterá a segurança pessoal para dedicar-se a
campos mais amplos de aprendizagem.
No entanto, como, ao buscar conhecimento, ele tem de lidar com o resultado dos
pensamentos de muitas pessoas, ele corre o risco de adotar facilmente as idéias dos
outros, em vez de examiná-las primeiro. Assim, seu conhecimento é meramente teórico.
Ele tem de pesquisar e de experimentar, de usar e comprovar, caso contrário a sua
aprendizagem será sem vida e insípida.
Esse papel anímico nem sempre se especializará em campos ligados à compreensão
e à erudição. Um erudito também pode se interessar pela natação. Nesse caso, tentará
adquirir todo conhecimento sobre tudo o que existe relativo à natação - teoria e prática -,
sobre a água, sobre as condições físicas do ato de nadar, sobre as técnicas e sua história
e assim por diante. Da mesma forma, o erudito pode ser um mestre de trabalhos
manuais, que se diverte tricotando e que busca sempre descobrir e conhecer, aprender e
testar tantas técnicas e modelos quanto possível. Assim poderá passar esse
conhecimento prático para os outros. O erudito quer perfeição. O sábio que fizesse o
mesmo trabalho, logo escolheria um ponto de tricô dentre todos os que existem e se
contentaria em usá-lo com uma técnica especial e com a maior perfeição. Em seguida, o
ofereceria ao público, aos alunos, como se essa fosse a apoteose na arte de tricotar.
O erudito, pelo contrário, quer dominar o mais amplo espectro possível de
conhecimentos e se orgulha de ter esse conhecimento à disposição sempre que for
preciso. A meta do erudito é ser uma autoridade, seja lá em que campo for. Transformar
teorias vazias em certeza é seu objetivo. Dissemos que ele está disposto a fazer muitos
sacrifícios para alcançar esse objetivo. Limitar-se a certas perspectivas na conquista do
seu conhecimento é um pouco mais difícil do que para os outros. Também lhe custa
retirar-se, contemplar
pessoas fatores reais deasperturbação.
coisas à distância. E por só
Um erudito isso
seque ele considera
transforma as outras
num homem maduro,
excêntrico, quando à sua condição ele acrescenta um padrão reativo fortemente
intelectual e quando vive predominantemente no pólo negativo.
Em geral, o erudito não precisa ter medo disso. Esse perigo é eliminado quando ele
reconhece que certeza e teoria são coisas diferentes, quando fica claro para ele que o seu
ensinamento será aceito sempre com alegria, quando ele se encher de alegria e de amor.
Quando consegue satisfazer-se com os próprios ensinamentos, ele transmitirá aos alunos
essa satisfação, sem esforço. No entanto sempre estará envolto num certo ar de frieza,
que é necessário e que caracteriza o seu papel anímico.
“Frieza” não significa postura “intocável” ou “distante”, mas “não passional”.
Apesar de toda a satisfação, o erudito não conhece o que é entrega pessoal. Na verdade
existem eruditos apaixonados; contudo mesmo essa paixão é fria porque ele só precisa
de si mesmo e de um objetivo. Ele não é - como o sábio - interessado pelos semelhantes
que compartilham sua paixão, seja ela uma coleção de selos ou o estudo das camadas
geológicas do solo. Ele desfrutará dessa paixão como um silencioso fogo interior e não
deixará que as outras pessoas percebam essa paixão, evitando explosões emocionais.
E frieza nesse caso não significa que a essência do erudito não seja temperamental.
Também não significa que ele não se aproxime amorosa, erótica ou emocionalmente
dos outros. Acontece exatamente o contrário. O erudito precisa de um pouco mais de
tempo para adquirir confiança nas pessoas; é fácil conquistar seu afeto quando se
reconhece essa sua tendência de querer saber algo, de pesquisar, reconhecer e
selecionar, quando se consegue apoiá-lo ou, ao menos, não expô-lo ao ridículo. Quando
se sente compreendido e aceito, ele é um amante dedicado, tanto na vida a dois como no
circulo de amizades.
Mas também existe o erudito excessivamente ordeiro, meticuloso, esforçado demais,
que fica inquieto quando as coisas não estão nos devidos lugares, quando não tem tudo
sob seu controle, quando não consegue encontrar de olhos fechados o bilhete que está
na sua carteira. E há o erudito que faz uma desordem terrível em seus papéis e em sua
vida: a desordem não o perturba, ao contrário, é um pressuposto para a organização
interior que surge graças à existência desse caos. O primeiro tipo é o erudito que se
isola, que considera os seres humanos importunos com suas características e desejos,
com uma energia que o perturba e desconcentra. Entre esses seres humanos ele inclui os
familiares, que mais tolera do que ama, e que só consegue suportar quando não se
intrometem em seus negócios. O erudito desordeiro, pelo contrário busca o contato com
os demais. Ele vive das conversas, dos debates. E quanto mais variadas, coloridas ou
ricas forem suas alternativas de contato com o mundo, tanto mais claras se tornam as
suas idéias.
Contudo, ambos os tipos de erudito se unem e concordam com o fato de fazer parte
de uma cadeia infinitamente longa de seres humanos que remonta ao passado e se
estende para o futuro. Essa cadeia é formada por todos os que alguma vez trouxeram à
humanidade uma experiência digna de ser conhecida.
Toda essência do erudito, portanto, faz parte de uma série de antepassados e de
herdeiros que fazem sair do seu distanciamento e até do seu isolamento (linha vertical
de parentesco). Ele gosta de retroceder no tempo e analisar a história no ponto em que
encontra amigos e parentes espirituais. Seu anseio muitas vezes o leva a desvelar o
antigo e velho conhecimento, as doutrinas secretas, os ensinamentos esquecidos dos
antepassados espirituais interpretando-os de maneira nova. E, assim, ele se torna um
propagador de tradições e de conhecimentos que de outra forma talvez pudessem
perder-se.
O papel anímico do erudito demonstra - seja qual for o foco do seu interesse - uma
continuidade entre o antigo e o novo. O novo sempre é aquilo para o qual ele pode
contribuir, ao colecionar, pesquisar, comprovar e experimentar. Ele seleciona o que tem
valor e o que, aparentemente, não tem importância. Os métodos de cura, as visões de
mundo, as artes, as filosofias e os contos de fada sempre lhe interessarão. Ele se inspira
sempre que existe algo para constatar e conhecer. Os livros antigos e os testemunhos do
passado o estimulam, provocando idéias que o enriquecem e que ele pode integrar ao
seu conhecimento, visto que ele mesmo o conquistou no tempo e no espaço da sua atual
encarnação.
A espiritualidade do erudito está voltada para a obtenção de certeza sobre a verdade.
Dependendo da idade da sua alma, do seu desejo de conhecer a verdade, primeiramente
ele se volta para o exercício da influência e de autoridade - do lado de Deus ou do lado
do clero -, ou por meio das práticas de magia. Posteriormente, trata de certificar-se da
existência do seu Deus e de que Ele quer o seu bem. Com uma idade anímica mais
avançada, ele anseia pela segurança interior de que sua alma continua indestrutível ao
abandonar o corpo. Essa certeza de eternidade fundamenta-se no fato de uma ou muitas
pessoas compartilharem da sua crença na imortalidade da alma.
O erudito sempre terá atração pelas tradições religiosas da antiguidade e buscará
estímulos e segurança nos livros sagrados do passado e de outros povos. Os eruditos são
os que cuidam do desenvolvimento espiritual que herdaram. Eles protegem, publicam e
traduzem, juntam provas de tudo o que lhes parece importante e muitas vezes são eles,
mais do que as outras essências anímicas - inclusive a dos sacerdotes -, que sabem como
detectar as mensagens ocultas e quase indecifráveis que estão em todos os textos antigos
de cunho religioso. O erudito sempre precisa de tempo e de um lugar para fazer um
retiro, onde assimilará e integrará toda informação que captou em seu espírito, em seu
corpo e em sua alma. É por isso que o erudito precisa ter tempo para refletir, caso
contrário, pode ficar tenso ou entediado. Ele só transmitirá aos outros o que interiorizou,
pois ensinar teorias não digeridas nem comprovadas pela prática não satisfaz um
erudito. Mas quando ele reconhece o significado do seu papel anímico para o progresso
da humanidade, como uma tendência estimuladora da cultura, como uma instância
espiritual, ele deixa de ser tão tímido ao divulgar o seu conhecimento. Não se acanhará
de plantá-lo no coração e na cabeça dos seus conterrâneos humanos.
Exemplos:
Federico Fellini é um dos eruditos caóticos que busca o contato humano. Ele reuniu
um o conhecimento rico e abrangente sobre a interminável multiplicidade de rostos
humanos e a necessidade expressa nesses semblantes, sem escolher ou avaliar
moralmente esses rostos. Seu olhar volta-se ao mesmo tempo para o presente e para o
passado e, a partir dessa postura incorruptível, indagadora, ele mostra uma parcela da
realidade em seus filmes, povoados de personagens estranhos, muitas vezes
considerados tabus e não raro misteriosos. Ele só chegou a esses personagens graças à
sua incansável atividade de colecionador. Fellini se coloca acima do medo dos seus
colegas, porque vive a partir da certeza de que tem algo para dizer, para mostrar e para
ensinar ao mundo; e nenhum outro consegue tornar isso tão claro quanto ele.
5 - O Sábio
Princípio: Transmitir.
- falador; expressivo +
O sábio é sábio porque sabe que o conhecimento não é tudo. O sábio é sábio porque
não é obrigado a reconhecer muitos dos fatos que o erudito tem de levar a sério. O sábio
é sábio porque ele não se orienta unicamente pelo conhecimento. Ele o busca de uma
forma que não é facilmente acessível aos outros papéis anímicos. Quer sempre estar em
estreito contato com seus semelhantes porque estes, não importa como se apresentem,
tornam a vida compreensível. É nas relações humanas que o sábio testa a sua sabedoria.
É por meio da comunicação que o seu ser vem a florescer.
O sábio tem o olhar voltado para o todo, enquanto o erudito adora os detalhes. O
sábio enxerga além dos pormenores. Ele os consegue apreender muito bem. Ele quer
transformar os vários elementos da sua experiência e da vida num grande todo
compreensível que seus olhos consigam abranger. Sua sabedoria não nasce de uma
teoria, porém diretamente da fonte da sua experiência; é por isso que, muitas vezes, ele
se sentirá rechaçado ou traído pelas instituições que se dizem eruditas por transmitir o
conhecimento.
O sábio se interessa por examinar e observar como o mundo, a humanidade, os
outros, o próximo reagem à sua existência. Ele precisa dessa repercussão, gosta de ser
ignorado, apesar de ser muito humilde. Ele sempre dá um jeito de ser notado, seja pelas
suas palavras, seja pelo seu silêncio. Um sábio de alma muito evoluída se fará notar
muito mais pelo silêncio, ou por algumas poucas palavras escolhidas, do que por falar
demais. Contudo, o objetivo é o mesmo: ele quer ser levado a sério. Ele quer causar
uma impressão inimitável sobre as pessoas que fazem parte do seu mundo. Portanto, o
que o preocupa é cultivar a expressão da sua personalidade, a expressão do seu ser, de
mil maneiras diferentes. Ele quer se expressar e essa expressão deve ser respeitada pelos
outros.
O sábio é suficientemente inteligente para entender que não pode criar tudo outra
vez a partir do princípio. É por isso que aceita com prazer e gratidão os resultados
parciais dos feitos dos outros, para organizá-los num grande todo. Sem se sentir
insatisfeito consigo mesmo, ele é um praticante, uma pessoa que usa o que tem à
disposição. Ele se alegrará em poder declamar um poema escrito por outra pessoa. Ele
se considerará feliz de poder dar vida à composição musical de um mestre, por meio do
seu próprio instrumento. E toda e qualquer idéia pela qual possa se orientar, que possa
usar como uma pedrinha de mosaico no quadro de sua análise interior, será
desenvolvida por ele e destinará a um fim que muitas vezes é totalmente diferente do
objetivo srcinal.
Essa essência anímica busca aprender com as experiências alheias e aproveitá-las.
Como ela irá assimilar as experiências dos outros, dependerá deles. A fala nesse caso,
coloca-se em primeiro lugar. A essência anímica pode adquirir essa experiência da
mesma forma pela observação, pelas leituras ou levantando questões. Enquanto o sábio
não compreender, não entender e não examinar a questão em profundidade, ele
continuará insatisfeito. Assim, pelo eu trabalho, ele vai juntar peça por peça, sendo isso
o que o estimula e o interessa. Ele quer compreender o mundo e só terá descanso
quando conseguir fazer isso. Num estado avançado de desenvolvimento, o sábio
também pode aprender muito consigo mesmo, confirmando suas próprias experiências
por meio da introspecção, observando o que aprendeu nesta vida e nas anteriores, à
medida que tira suas conclusões e faz uma síntese que só tem valor para ele mesmo.
Para ele torna-se mais fácil entender quando lança mão das experiências dos outros
junto com as próprias. É por isso que ele precisa da troca de informações; é por isso que
opta por relacionar-se com pessoas que fizeram experiências semelhantes ou diferentes
das suas. Pode tratar-se de livros, da história ou de fatos atuais. Ele quer juntar, da
melhor forma possível, todas as facetas do que deseja sondar pessoalmente.
Não é o desempenho individual nem a srcinalidade a qualquer preço que vai deixar
o sábio satisfeito; não é em nada disso que ele busca sua felicidade. O sábio tem uma
grande visão geral das coisas graças á sua experiência. Ele não olha as coisas de longe,
mas do alto. Ele enxerga mais do que os outros porque tem a capacidade de síntese o
sábio não é um analítico. Os fragmentos e sua coleção ele gostaria de compô-los num
novo todo, e a capacidade que de abranger tudo com os olhos lhe dá a possibilidade de
criar um todo com os elementos isolados disponíveis, um todo que ele considere
harmonioso; então ele pode transmitir esse todo aos outros, como um resultado
convincente do que entendeu.
Já dissemos que o sábio só pode obter satisfação total quando é honrado e respeitado
pelos outros. Quando um sábio é possuído pelo medo de não obter receptividade
suficiente, ele lutará por ela e tentará influenciar especialmente aquelas pessoas que lhe
negam consideração. E, visto que é impulsionado pelo medo de ser ignorado, fará tudo
para chamar a atenção sobre si mesmo. Ele rumará diretamente para seu objetivo e
cuidará de chamar a atenção, mesmo que seja de forma inconveniente. Em geral, isso o
incomoda pouco, pois, seja como for, atingiu seu objetivo.
Ao andar pelas ruas, talvez vocês se surpreendam ao ver pessoas que falam alto, que
se enfeitam demais, que falam sozinhas e que permitem que os interessados participem
da conversa, sem estabelecer com eles um contato real. Talvez vocês se admirem
quando, de repente, pessoas alcoolizadas começam a falar, como se um dique se tivesse
rompido. Admiram-se quando pessoas que vocês conhecem de repente se põem a falar,
inundando-os com uma torrente de palavras que mal poderá ser contida. Vocês também
sabem que o fato logo começa a entediá-los, mesmo que essas histórias muitas vezes
tenham conteúdo dramático e não lhes faltem elementos que as tornariam interessantes,
caso houvesse uma energia por trás do relato. Vocês sentem nitidamente que alguém
está tentando chamar a atenção, embora esse alguém tenha perdido contato consigo
mesmo. Trata-se dos sábios que, de tanto medo de não serem vistos, não estão em
condições de expressar realmente o conhecimento adquirido. “Eles vivem uma vida de
segunda mão” e procuram irritar os nervos dos outros, visto que sua necessidade de
compartilhar é vazia e inesgotável.
Um sábio que não ceda á tentação de se tornar prolixo por causa do medo, e que
possa prescindir da atenção, sabe o que é equilíbrio. Ele se tomará uma pessoa receptiva
edededicada aos outros.para
forma consciente, Estava
quena situação
possa haverdeuma
usarcomunicação
suas possibilidades
autênticadeentre
relacionamento
ele e os
seus semelhantes. Só então ele poderá ouvir bem, juntar tudo de forma congruente e
transmitir aos outros o que compreendeu em seu íntimo. Seu melhor meio de expressão
são as palavras e ele as usa para demonstrar a ligação que existe entre ele e o mundo.
No entanto, sua capacidade de expressão também produz resultados em outras áreas. Ele
consegue mostrar sua capacidade de se concentrar e de se expressar de modo
convincente, compartilhando uma síntese dos seus conhecimentos sobre pintura, sobre a
arte da cura, sobre arquitetura, sobre psicoterapia, sobre música ou sobre a arte teatral;
ou consegue viver satisfatoriamente por ter o domínio sobre uma atividade.
Na maioria das vezes, ele dará preferência à profissão ou á atividade que possibilite
uma expressão na qual estabeleça um contato direto com os outros. Encontramos sábios
em todos os palcos, nos púlpitos e em todos os partidos políticos. E como todo sábio
gosta de congregar pessoas, ele também é considerado um interlocutor, um hóspede e
um anfitrião agradável e querido. Sua necessidade de merecer respeito e
reconhecimento é diretamente atendida quando ele segue seu impulso de unir as pessoas
- seja do modo que for. Muitas vezes ele é um bom orador, um artista na formulação dos
pensamentos. Ele sabe que toda palavra é importante, e irradia uma aura de gentileza
que desperta confiança, desde que evite falar demais.
Sua espiritualidade está voltada para a experiência pessoal direta da divindade e para
a comunicação direta com o Altíssimo. É um anseio constante do coração estabelecer
contato com suas vozes interiores ou com as forças de expressão do amor inspirado, que
ele sente ao se comunicar com outras almas. Mas ele sempre faz com que o resultado
dessa comunicação seja diferente. Dogmas, tradições ou regras escritas preestabelecidas
pouco significam para ele; sua experiência pessoal é tudo o que lhe importa.
O papel anímico do sábio dá sua contribuição para o grande todo, à medida que ele
traz à expressão direta o que os outros pesquisaram, sentiram, postularam, aquilo pelo
que outros lutaram ou que outros defenderam como certo. Ele se distingue do artista
pelo fato de a sua capacidade de expressão só ser desenvolvida no contato íntimo com
outras almas e com o mundo. Sua capacidade de comunicação também estabelece
ligações entre os representantes de outras essências anímicas. Ele é um construtor de
pontes. As verdades que compartilha e conquista pela experiência direta são um
enriquecimento para todos.
Exemplos:
Papa João XXIII. O papa João uniu no seu ser as qualidades essenciais da energia 5,
pois, como sábio, ele se dedicou às pessoas, foi bondoso e de grande visão. No que se
refere às crenças, ele tinha vontade de juntar seus conhecimentos pessoais às
modificações energéticas conscientes da comunidade global e de seus expoentes. O seu
Concilio Vaticano II transformou-se, portanto, na expressão de uma grande síntese de
tradição e de atualidade, do plano pessoal e do plano global. O sábio no Papa João
XXIII nunca perdeu totalmente o bom humor e a transbordante alegria de viver, nem a
disposição de deixar o coração falai mais alto, apesar de suas numerosas
responsabilidades e das pesadas funções que tinha de exercer. Sua capacidade de aceitar
os fatos manifestou-se em primeiro lugar pela ampla aceitação que obteve como ser
humano e príncipe da Igreja e, em segundo, por adotar sempre uma posição firme,
mesmo quando afirmava que determinados fenômenos - quando os reconhecia -, eram
passíveis de modificação dentro da Igreja e, nesse sentido, inaceitáveis na forma atual.
Usou todo o seu empenho para impedir que a sua percepção interior entrasse
exageradamente emcortesia.
prejudicial falta de conflito Nesse
com a ser
doshumano
outros, mostrando uma desnecessária
é possível reconhecer e a
nitidamente
verdadeira autoridade que pode existir sem que haja imposição do poder que humilha e
provoca divisão.
Claude Monet: Ele sabia a hora de falar e a hora de calar. Sua arte é extremamente
eloqüente, tranqüila, silenciosa. Ele seguiu inequivocamente o seu caminho e, com o
passar dos anos, tomou-se uma autoridade sobre si mesmo. Isso lhe possibilitou tornar-
se cada vez mais simples, sem medo e fiel à sua maneira de ver as coisas, o que o levou
a conseguir expressar as mais complexas nuances de luz e o inter-relacionamento das
cores. Quanto mais silêncio proporcionava a si mesmo, tanto mais expressivamente
trabalhava com o pincel. Mesmo assim, isso não o impediu de celebrar a vida com as
pessoas, bem como com o sol, com as estrelas, com as plantas e consigo mesmo. A
serenidade que se difunde em seus quadros é expressão de uma alegria sobre o todo da
Criação; e essa serenidade é a que se reflete também no rosto dos que contemplam seus
quadros.
Michail Gorbatchov realizou a obra da sua vida, o rompimento das fronteiras, por
meio das suas qualidades essenciais de sábio. Em comparação com seus antecessores,
ele sempre faz questão do contato e da comunicação e, por isso mesmo, quando fala,
jamais profere palavras vazias de sentido. Até mesmo através da televisão ele procura
alcançar as pessoas com o olhar, e essas se emocionam com isso. Sua autoridade - tanto
na vida pública quanto na vida particular -, está na sua capacidade de estabelecer um
diálogo. Embora saiba como usar seu poder e o tenha usado para lutar pela posição de
vanguarda num sistema adverso, pode-se reconhecer sua disposição de aceitação e sua
bondade em todas as suas ações e no modo de se expressar. O sábio que existe nele
tornou-o capaz de aceitar que o seu tempo já havia passado. Sua habilidade para
confrontar pessoas e ideologias torna-o um mediador desejado, um bom orador e um
interlocutor querido.
6 - O Sacerdote
Princípio: Consolar.
- zeloso demais; compassivo +
O sacerdote é uma essência anímica que vive do que não está presente, do que é
inalcançável, do que não é real no sentido do que é aparente. Mas isso está presente nos
sentimentos, nos ideais dele. Ele se sente um agente da compaixão divina, da bondade
sobre-humana e da misericórdia cósmica. O sacerdote sempre quer estar onde não está,
no plano mais elevado, no melhor, no mais puro. E ele também quer ajudar os outros a
reconhecer que lá fora, lá em cima, há algo mais puro e melhor.
O sacerdote quer pôr-se a serviço de um ideal mais elevado, mas também tem uma
grande preocupação que podemos ver no fato de querer transmitir aos outros o que ele
considera ideal, na medida em que os consola, anima, tem pena deles e lhes dá
conselhos. Ele quer ajudar enquanto aconselha. Ele quer ajudar transmitindo clareza,
esclarecendo a pessoa. E seria um engano imaginar que sempre se trata de assuntos
espirituais ou religiosos. Acontece exatamente ao contrário: a essência de um sacerdote
também pode ser ativa na transmissão pensamentos esclarecedores acerca da política, de
movimento ecológico, como pioneiro num determinado estilo de vida, ou como
divulgador de certa
Não importa dieta
onde alimentar.vai buscar o seu ideal, ele fará tudo para realizá-lo de
o sacerdote
forma animadora e com muita freqüência, estará convencido de que seus conceitos são
os únicos corretos. Esse é o problema da essência do sacerdote. O sacerdote manifesta
certo desprezo por todos os que não compartilham de seus ideais.
A tolerância não é o seu forte, embora pudesse ser. Via de regra, exatamente no caso
de sacerdotes do ciclo de almas jovens ou maduras, encontra-se certa intolerância pelos
conceitos e ideais dos outros. O sacerdote muitas vezes fracassa em seu desejo de
transmitir sua vontade e verdade aos semelhantes. É então que ele se sente só e
desamparado. O desamparo e a solidão, com muita freqüência se transformam em medo
e, quando um sacerdote sente medo, ele fará tudo para convencer os outros da exatidão
dos seus conceitos – em certos casos, até por meio da violência. Ele se esforçará por ser
um missionário e, nisto, não importar o tema que escolheu. Entretanto, sempre se tratará
de um ideal, de uma apresentação daquilo que seria mais bonito, maior e melhor.
Uma alma com papel anímico de sacerdote nem sempre é um sacerdote no sentido
religioso do termo. Com mais freqüência que as outras essências anímicas, com tudo,
ele escolhe profissões que incluem funções de sacerdócio. O sacerdote quer consolar.
Ele sabe fazer isso excepcionalmente bem, aproximando-se daqueles que perderam a fé
ou o contato com Deus, mas que estão buscando uma verdade superior que podem sentir
em si mesmos, embora não consigam apreender. É por isso que na época atual
encontram-se muitos sacerdotes trabalhando nas áreas do esoterismo, do
aconselhamento, da psicologia e da psicoterapia. Embora também trabalhem com
colchões ortopédicos que melhoram o sono das pessoas ou com revestimento que
abafam os sons, livrando os aposentos de ruídos. A maioria das pessoas que quer
reformar o mundo e é ansiosa defensora da felicidade alheia tem a essência do
sacerdote. Vocês sabem que o ideal das almas que representam o papel de sacerdote não
pertence necessariamente ao plano religioso, divino ou ao reino cósmico; eles podem
referir-se a assuntos mundanos e ao entrelaçamento entre fatos históricos.
Nem sempre um sacerdote precisa ser um assistente social ou um padre. Nem
sempre ele se sente bem em atividades relacionadas com as instituições da Igreja e com
seus dogmas. Acontece exatamente o contrário. O sacerdote tem uma ligação muito
natural com sua verdade pessoal, a ponto de acabar constatando que as religiões não
advogam a mesma verdade que lhe é revelada interiormente; para ele isso é uma
decepção. Por isso, ele acaba se afastando mais facilmente delas do que as outras
essências anímicas, e procura entrar em contato com o plano elevado em si mesmo.
Normalmente, o sacerdote tem muitas vidas passadas nas quais exerceu diferentes
funções sacerdotais. Pode ter sido um xamã, um monge budista ou pode ter sido um
monge ou uma freira na fé cristã. Também pode ter sido um funcionário do templo, um
sineiro, um mestre-de-obras que construía templos ou alguém que limpa e varre o
templo depois do culto. Mesmo quando viaja, ele sempre se sente atraído por lugares
sagrados. E em nenhum lugar ele se sente tão bem como em ambientes mágicos ou
sagrados. Em viagens, o sacerdote sempre se sentirá atraído por templos antigos, por
locais de culto ou por lugares que emitam uma irradiação mágica. Ele é
excepcionalmente sensível às vibrações do plano divino, e parece-lhe bastante natural
pertencer a duas dimensões, tão natural quanto o fato de ter duas pernas; uma apoiada
na terra e a outra ensaiando dar um passo numa dimensão mais elevada.
A relação do sacerdote com a religião é sempre um tanto incomum. Mais que todas
as outras essências anímicas, em suas muitas vidas ele escolheu profissões que o põem
em contato com os sistemas de crença que ele adota. No entanto, entre as essências de
sacerdotes encontram-se muitos médicos, artistas, figuras protetoras de mães queridas,
enfim, muitas personagens
papel anímico do sacerdotecuja atividade
é diferente do era consolar
papel anímicoalmas, fazendo-as
do agente elevar-se.
de cura pelo fatoOde
o sacerdote trabalhar, em primeiro lugar, ajudando as pessoas, sempre disposto a ouvir,
a ser solidário e a dar conselhos.
O sacerdote não se importa de sofrer. Nisso há um risco que pode impedi-lo de
conseguir se desenvolver de forma positiva. O sacerdote não sofre como um mártir, mas
como alguém que se declara disposto a compartilhar o sofrimento das outras pessoas.
Muitas vezes confunde compaixão com simpatia. Esta é uma forma de amor que tem
pouca coisa em comum com a compaixão. Quando um ser humano está sofrendo e o
sacerdote se vê obrigado a compartilhar esse sofrimento, a única coisa que acontece é
que, então, são dois a sofrer. Mas quando ele descobre como a compaixão genuína pode
ser salutar, é mais provável que já não haja mais duas pessoas sofrendo, e sim,
nenhuma. Portanto, o sacerdote deve evitar identificar-se demais com a dor da pessoa a
quem quer ajudar. Sua missão não é tornar sua a dor alheia, ou melhor, carregar a dor do
mundo nos ombros. No entanto, o sacerdote vive tentando fazer isso. Muitas vezes ele
faz isso por medo de ser reprovado pelo seu Deus caso não se sacrifique.
Caso o sacerdote queira viver seu pólo positivo - a compaixão - quando quer fazê-lo
com todo o amor, ele tem de evitar aproximar-se demais das pessoas a quem quer
ajudar, senão não perceberá mais que se trata de duas pessoas, a dele e a de uma outra
pessoa que precisa de apoio. O amor exige um distanciamento que possibilite ver o
outro como uma pessoa à parte.
O sacerdote tem dificuldade em se sentir bem e à vontade no mundo material.
Despreza o dinheiro, que considera um mal necessário. Teme cair na banalidade, na
não-espiritualidade se for obrigado a ganhar seu sustento, pois isso impediria que se
dedicasse ao seu ideal de vida, que é ajudar e consolar os outros. Mas, se tiver de
exercer alguma função que exclua o inter-relacionamento humano, ele ficará muito
infeliz, a menos que seja procurado nas horas de folga pelas pessoas, colegas ou
parentes que estejam precisando dos conselhos dele.
As pessoas que têm a essência do sacerdote muitas vezes são severas demais
consigo mesmas. Sempre estão em busca de ideais elevados. Elas examinam
inexoravelmente os efeitos interiores e exteriores da sua moralidade. Como consideram
importante ter sempre razão, costumam ser teimosas. A disposição de reconhecer os
próprios erros por meio da observação atenta deve ser desenvolvida. Por isso, é muito
importante que as pessoas com essência de sacerdote mostrem primeiro compaixão por
si mesmas e por sua própria humanidade. Só assim poderá surgir a compaixão pelos
outros.
O sacerdote tenta desesperadamente encobrir a confusão pela qual muitas vezes é
tomado, no que se refere ás suas ações e às conseqüências delas. Acha lamentável que
os outros constatem que seus objetivos e ideais não são tão sólidos quanto ele desejaria
que fossem. Sente-se facilmente vulnerável e teme que procurem convencê-lo de todas
as maneiras, pois erros e enganos parecem pôr em cheque a sua filiação divina. Para
evitar isso, o sacerdote prefere questionar os outros e tentar impor-lhes a sua verdade -
ainda que esta seja bastante imperfeita. Quanto maior o seu medo de não ser ouvido,
tanto mais ele exerce o papel de missionário, difundindo seus conhecimentos e
objetivos. Para ele tanto faz se está ou não convencendo alguém das grandes idéias
contidas no ateísmo ou no comunismo, no fundamentalismo ou num rigoroso
reducionismo.
A essência do sacerdote aprenderá a ser compassiva quando ele sentir empatia pelas
necessidades das outras pessoas, sentindo o que elas sentem. Quando imaginar quais são
os sentimentos delas e tentar fazê-las desistir de suas convicções procurando impor-lhes
novas
aceitarverdades,
verdades eque
quando imaginar
não são comoele
as próprias, elascomeça
se sentem quando
a fazer bemele
seutenta forçá-las a
trabalho
missionário.
A compaixão também é necessária quando se trata de necessidades terrenas,
puramente físicas, que a ideologia do sacerdote tem prazer em renegar. Entre essas
necessidades básicas estão a alimentação, a segurança, a sexualidade, o contato, o
conforto e a riqueza material. A sexualidade parece especialmente suspeita à essência
do sacerdote, visto que aparentemente é confundida com os impulsos inferiores dos
instintos. Por outro lado, contudo, é da maior importância e tem grande valor espiritual
que toda essência de sacerdote cuide bem do corpo, satisfazendo suas necessidades,
quer se trate de um homem ou de uma mulher. A sexualidade, bem como a ingestão
prazerosa de alimentos mantém a energia do sacerdote junto ao corpo, e embora a
essência do sacerdote recuse essa amarra ou sinta isso como algo não-espiritual, ela lhes
acaba fazendo bem. Quando os sacerdotes tentam reprimir ou limitar a sexualidade e
outros aspectos que proporcionam prazer na vida terrena, devido aos ideais que têm,
eles se distanciam da sua humanidade e, conseqüentemente, do pólo positivo da
misericórdia.
O papel anímico do sacerdote sempre se define pela ascensão e pela queda. Para ele
a sua ligação com o mundo material é por assim dizer problemática durante a
encarnação. Mas o sacerdote deve prestar muita atenção á sua fixação na matéria, pois,
do contrário, poderá tornar-se facilmente um fanático religioso, um fanático em
qualquer área, pois o fanatismo faz parte da sua manifestação do medo. O fanático
também pode facilmente tornar-se arrogante, visto que está sempre convencido de que
só ele e mais ninguém conhece a verdade.
Quando vocês observarem alguém defendendo uma causa com grande entusiasmo e,
muitas vezes, sendo arrogante em vez de demonstrar tolerância, podem ter certeza de
que se trata de um sacerdote, que fará tudo para conseguir impor a sua idéia sem
mostrar consideração ou compaixão pelas pessoas que defendem outros pontos de vista.
No entanto, vocês poderão conquistar o amor dele se apelarem para a sua simpatia, sua
compaixão, tentando explicar-lhe, gentilmente, que ele não precisa ter medo de que a
verdade subjetiva dele não seja ouvida, mesmo que os outros não aceitem essas idéias
sem um exame mais acurado. E vocês poderão também reconhecer um sacerdote
quando se sentirem descontraídos, confiantes, confortados, compreendidos e bem
aceitos na sua companhia. Quando o sacerdote doa seu amor, ele consegue ser um bom
ouvinte; ele dá conselhos com satisfação e conforta as pessoas; irradia uma aura que
proporciona bem-estar, simpatia e cura.
Exemplos:
Napoleão Bonaparte era um sacerdote. Seu ideal pessoal estava repleto de
pensamentos novos. Seus ideais eram a justiça, a reforma, as estruturas sociais e uma
ampliação global dos objetivos que a Revolução Francesa havia desenvolvido. Não se
tratava de mera fome de poder, mas de um zelo missionário de fazer a Europa entrar em
contato com o seu ideário. Para conseguir isso, ele não se importou nem com custos
nem em poupar vidas humanas. Como essência de sacerdote, a secularização era um de
seus ideais, pois achava que as estruturas rígidas da Igreja e o papado eram empecilhos
para o desenvolvimento da sua verdade pessoal. As guerras que iniciou e sua presença
constante em todos os campos de batalha destinavam-se a fazer acender outra vez em
seus generais e soldados a centelha da idéia que ele mesmo defendia. Por esse motivo,
eles estavam dispostos a dar a vida, dispostos a defender o ideal de Napoleão. Nas
antigas casas reais
dessas pessoas da Europa
ao mesmo ele era
tempo em considerado um arrivista.
que, como sacerdote, Ele sentia
estava o desprezo
convencido de que
todos os homens são iguais diante de Deus. Por isso, como um “enviado”, ele merecia
mais consideração e reconhecimento do que lhe eram concedidos. Como estava
convencido do seu valor pessoal por vários motivos, tinha grande convicção; a
indiferença com que era tratado pela nobreza levou-o a ascender socialmente. Napoleão
era incansável na sua ânsia frenética de se destacar.
Albert Schweitzer era um velho sacerdote que vivia em contato com Deus e com os
seus ideais em três planos: num deles, dedicava sua vida a consolar e a medicar as
pessoas pelas quais sentia compaixão. No outro plano, estimulava os semelhantes ao
tocar no órgão músicas em grande medida inspiradas em seus ideais. E no terceiro, era
teólogo e pesquisador da vida de Jesus, buscando uma verdade histórica que
correspondesse a uma certeza religiosa profundamente pessoal, sentida no âmago do seu
ser.
7 – O Rei.
Princípio: Reinar.
- autocrático; altivo +
Não existem muitas pessoas com essência de rei. É por isso que vocês encontrarão
poucas pessoas que se identifiquem com essa essência. Mas quando encontrarem uma
delas, logo terão a sensação de reconhecimento e isso acontece mais depressa do que
acontece com as outras essências anímicas. Além disso, poderão entender-se melhor
com essa essência anímica do que com as outras.
O motivo disso é o fato de que o rei tem uma irradiação imponente de poder, que
independe totalmente do temperamento que tenha escolhido para determinada vida. Um
rei enche o ambiente à sua volta, quer queira quer não. E não terá de fazer nada para
chamar a atenção dos outros; embora não goste do fato, ainda assim é uma figura que
dificilmente passará despercebida. O rei tem a tendência de optar por uma estatura física
grande para a maioria das suas vidas, se é que não para todas as encarnações. Ele
escolhe um corpo que não seja pequeno e que não tenha pouca imponência. E dentro do
seu papel sexual ele corresponde a limites que estão acima da média. É raro haver reis
de baixa estatura. No entanto, o mundo todo se admira como conseguem parecer
impressionantes e imponentes mesmo quando são baixinhos.
Para ser respeitado, um rei não precisa falar nem agir. No entanto, quando fala ou
age conquista facilmente a atenção e o respeito daqueles com quem convive. Com toda
naturalidade forma-se uma corte em volta dele. E ele nem precisa erguer a voz para
conseguir isso. Um rei que grita para fazer-se ouvir, por certo não tem essência de rei.
Em geral, quando não se tornam tiranos, os reis são amados por todos. São admirados e
podem gozar de uma simpatia que não se costuma ter pelas outras essências anímicas.
Essa é a recompensa pela responsabilidade que os reis estão dispostos a assumir. A
autoridade deles
É por isso queé reconhecida
há tão poucossem
reis,que tenham
pois de lutar
nenhuma excepcionalmente
das outras por ela.quer
essências anímicas
assumir tantas responsabilidades numa vida como as que a alma do rei acha natural
assumir. Responsabilidade é a palavra-chave para a essência do rei. Como vocês sabem
cada indivíduo é responsável por si mesmo e também pelos outros. Mas o rei converte a
responsabilidade em tema, não só no que é essencialmente humano, mas também como
missão que cumpre durante todas as vidas com grande naturalidade, mesmo que isso
também represente um fardo para ele carregar.
Um rei age melhor quando não é autocrático e se serve de hábeis conselheiros para
conduzir o reino. Por isso, o rei, na essência como na vida prática, é uma figura que
raramente está só. Ele é do tipo que acha difícil reservar um pouco de tempo para ficar
sozinho. Sempre haverá outras pessoas orbitando em volta dele, querendo sua atenção;
além disso, os conselheiros de cujas diretrizes ele depende a ele se dedicam e sentem-se
incomodados por se afastarem dele.
Um rei precisa de bons amigos e, por isso, ele os encontrará em cada uma das suas
vidas. No entanto, um rei também é alguém que sabe como suportar a verdadeira
inimizade com dignidade. Ele está tão consciente do seu papel, da função que exerce e
das suas tarefas de modo que nada abala a sua autoconfiança. Quando um rei age com
amor, ele reina com justiça e argúcia, sem querer impor sua vontade aos seus
subordinados, ao seu povo anímico. Como rei, porém, ele também tomará conhecimento
dos seus deveres, não deixando ao povo a tarefa de tomar uma decisão que tem de partir
dele. Um rei é como um pai bondoso que dá grande liberdade aos filhos e filhas para
que possam se desenvolver sem, entretanto, deixá-los despreparados e sem orientação
para a vida. Ele estabelece medidas que provêm da sua experiência pessoal e não aplica
leis e regras como se essas fossem dadas por Deus.
No entanto, é muito raro que um rei suba ao trono real numa vida no planeta Terra.
Essa é exceção e os poucos reis que vivem entre vocês, no entanto, mal têm a
oportunidade de assumir uma posição que corresponda às suas necessidades essenciais
de poder político em algumas das vidas. Isso também significa que as almas de reis se
sentem compelidas e dispostas a manifestar-se em todas as atividades que tenham
alguma forma ou nuance de responsabilidade, poder, domínio ou influência, ou um
modelo de ação.
Um rei muitas vezes sentirá a necessidade de optar por uma vida em que possa, por
assim dizer, fazer experiências em que esteja incógnito ou sob disfarce, e que lhe
possibilitem uma soberania inteligente, pois um rei que não sabe nada sobre a vida do
seu povo nunca fará um governo que faça justiça às necessidades desse povo. Quando,
no entanto, um rei resolve representar o papel dos outros para saber como é a vida de
um agente de cura, tentando descobrir como se sente quem, em virtude do emprego que
tem, precisa servir em vez de mandar, como se sente a pessoa que não tem nenhuma
capacidade de decisão ou quando se coloca no papel dos seus sacerdotes a fim de
reconhecer que existem forças superiores ao seu próprio controle, cumprirá o papel que
ele mesmo escolheu com grande dedicação e responsabilidade. E então vocês
perceberão que o rei, seja qual for sua profissão ou posição na vida, sempre irradia uma
aura de inimitável dignidade; e mesmo como um mendigo morto de fome ainda terá
uma postura majestosa e imponente cuja aparência não é fácil esquecer.
Quando alguém teme representar o papel de rei devido ao poder que ele tem ou ao
desejo de liderar, facilmente cairá na tentação de transformar a autoridade em tirania.
Quando, portanto, um rei fica com medo de que a sua palavra não seja ouvida ou o seu
poder não seja reconhecido, ele fará questão de ser respeitado e tentará fazer qualquer
coisa para impor sua vontade.
esseSeu
medo medo o faz fingir
impede-o que os
de ouvir estáargumentos
agindo corretamente
dos outros em qualquer
ou de levar ascircunstância,
necessidadese
deles em consideração. Ele está tão convencido de seu direito, de ser exatamente como é
e de fazer o que quer, que não consegue mais afastar-se dessa posição. Se não for
sempre reconhecido pelos outros, ele mesmo terá de se presentear com todo
reconhecimento e admiração. Pelo fato de estar acostumado a ser naturalmente colocado
em posição de destaque pelos semelhantes, dificilmente consegue renunciar a essa
posição elevada. Mas quando fica com medo de não ser aceito da forma que deseja, sua
irradiação dominadora se modifica, fazendo-o tornar-se um déspota, o que lhe garante
obter tudo o que lhe foi prometido, tudo o que lhe pertence, segundo o seu modo de ver.
Nesse caso, ele se vangloria e se exibe diante da sua corte rebelde, sem perceber que
perdeu contato interior com ela. Em seu isolamento ele se envaidece como se fosse o
rei-sol, toma as decisões sem consultar os conselheiros, evita qualquer comunicação
com as pessoas que possam contestar a sua autoridade, só para não cair do seu trono de
despotismo. Uma atitude como essa causa dificuldades aos demais quando eles têm de
lidar com esse papel anímico. Vocês perceberão que é difícil entrar em contato com um
rei quando ele se isola em seu medo. É preciso dar-lhe tempo até que ele sinta vontade
de restabelecer o contato, substituindo o despotismo pelo contato controlado, autêntico,
amoroso e enriquecedor com os outros.
É evidente que um rei que esteja para ser destronado e que se sinta ameaçado lutará
pelo seu trono. E caso se sinta obrigado a renunciar por motivo de sua história anímica
pessoal, sua postura será de extraordinária majestade. Assim, ele renunciará
voluntariamente à possibilidade de exercer o domínio e a tirania e se moverá
temporariamente em esferas que farão com que a renúncia pareça valer a pena. Um rei
exilado reúne as suas forças e os seus amigos para, finalmente, poder fazer outra vez jus
às suas funções.
E quando um rei atingir a maturidade anímica ou ultrapassá-la, ele será um ser
humano cuja luz brilhará além do tempo e do espaço. Ele deixará uma profunda
impressão na história da humanidade, de sorte que tantos pertencerão à sua corte, que
não será mais possível contá-los. E ele liderará grandes grupos, promoverá enormes
movimentos. Ou talvez ele prefira tornar-se um filósofo, para ensinar muitas coisas aos
que se sentirem atraídos pela grandeza que ele conquistou, em virtude de suas várias
viagens por diversos planos de existência.
Exemplos:
John F. Kennedy foi um rei jovem, que deveu grande parte do seu sucesso e da sua
popularidade mundial a uma irradiação majestosa e convicta da vitória; isso não só deu
à sua figura certa imponência, mas também uma autoconfiança praticamente inabalável.
Com certeza ele conhecia bem a família em que encarnou, que tinha a estrutura de uma
linhagem real, o que lhe permitiu, naquele contexto, a "sucessão do trono”. Pessoas de
todo o mundo aplaudiram-no, respeitando-o como o rei mítico da nação norte-
americana. Enquanto ele agiu nos domínios isentos do medo, o seu ser soberano
transformou-o num herói dos povos. No entanto, muitos dos que trabalhavam
diretamente com ele ou que afirmavam ter um lugar em sua vida particular, o
consideravam um autocrata. Ele estava acostumado a fazer tudo o que queria e
suportava pouca contestação. Sua convicção de pensar em tudo e de estar sempre com a
razão impediu que ele demonstrasse consideração pelos outros. Ele também estava
convencido de sua invulnerabilidade mítica; por isso, muitas vezes deixou de tomar as
necessárias medidas de segurança até ser atingido por uma bala num atentado à sua
vida.
Theodore Heuss foi um rei maduro que dedicou sua vida à Alemanha por alguns
anos a fim de melhorar a reputação dessa nação, bastante prejudicada, e mostrar ao
mundo político internacional, com o maior empenho, que é possível modificar um
pouco os seus justificáveis preconceitos e julgamentos contra a nação alemã.
Anne Frank foi um rei velho. Ela havia assumido a tarefa de suportar tudo o que lhe
acontecesse com dignidade e consciência e de se esforçar para que seu caso tivesse
grande repercussão. Conseguiu alcançar sua meta, ainda que isso lhe parecesse quase
impossível. Apesar de tratar-se de diários e de documentos totalmente particulares, em
todos os países da Terra eles atingiram um público que, além de comover-se com suas
experiências, também sentiu-se tocado pelo que Anne Frank tinha a dizer.
Visão Geral
As Principais Características do Medo
EXPRESSÃO
5 – A Avidez. 2 – A Auto-Sabotagem.
Medo de carência. Medo da vivacidade.
- insaciável; presunçoso + - autodestrutivo; sacrificado +
INSPIRAÇÃO
6 – O Orgulho 1 – A abnegação
Medo de ser ferido Medo da incompetência
- vaidoso; orgulhoso + - submisso; modesto.
AÇÃO
7 – A Impaciência 3 – O Martírio.
Medo da negligência. Medo da inutilidade.
- impaciente; ousado + - autopunitivo; abnegado +
ASSIMILAÇÃO
4 – A Obstinação.
Medo da Inconstância
- obstinação; decidido +
Cada um de vocês tem seus medos. Vocês vivem com eles, orientam-se de acordo
com eles e permitem que eles os conduzam. O objeto do desejo de vocês é viver sem
esses medos, o que para vocês é viver em condições paradisíacas. Quando falamos
sobre a característica principal do medo, não estamos falando desses medos. A
característica principal do medo é parte integrante do padrão anímico e, como tal, é um
fator importante e necessário ao desenvolvimento anímico. *
As sete características principais do medo são: abnegação, auto-sabotagem, martírio,
obstinação, avidez, orgulho e impaciência. Elas escondem os sete medos básicos: medo
da própria incapacidade, da vivacidade, da inutilidade, da inconstância, da carência, de
ser ferido e da negligência. Todos vocês conhecem esses medos básicos em estado
suportável e bem consciente. No entanto, quem tiver escolhido um deles como
característica principal, como parte integrante do seu padrão anímico, tem a experiência
desse medo básico como uma dominante, ou seja, a pessoa será dominada por ele. Ele
estará arraigado em seu inconsciente, com suas inúmeras ramificações.
As características principais do medo têm dois pólos. Também nesse caso trata-se de
um pólo negativo e de um pólo positivo; no entanto, os pólos da característica principal
do medo se distinguem das outras polaridades matriciais pelo fato de ambos os pólos
serem determinados pelo medo. O pólo positivo de cada característica principal é
definido por uma máscara de força e simpatia. Normalmente, apresenta-se como virtude
e como tal é considerado por muitos. No entanto, nós assinalamos com toda ênfase para
o fato de que, nesse caso - como expressão da característica principal -, trata-se de uma
falsa virtude, pois a verdadeira virtude nunca pode criar a raízes no medo. No sentido
próprio da palavra, a virtude é expressão de amor. O pólo negativo, ao contrário, é
facilmente reconhecido pelo observador. Cada um de vocês é capaz de reconhecer
facilmente nos outros as formas de expressão do medo descritas pelo pólo negativo. Só
que vocês acham difícil identificar os aspectos do medo que se tornaram muito
conhecidos e naturais como manifestações da característica principal do medo de vocês.
Se, contudo, o seu olhar se voltar para a sua característica principal, já se tomará um
pouco mais fácil.
_____
* Compare com os capítulos "Die Funktions von Angst [A função do medo], e “Das
Böse ist ein Mangelzustand” [O mal é um estado de medo] in Welten der Seele.
A alma escolhe a característica principal para poder senti-la nos conflitos com os
semelhantes. O medo não é supérfluo, ele pertence imprescindivelmente ao plano físico
e à essência do ser humano. E cada olhar, voltado para ele e para suas manifestações,
enaltece a humanidade de que vocês estão revestidos. Se vocês permitem que o medo se
instale por completo na escuridão do inconsciente ele não vai ajudar vocês a crescer
espiritualmente.
Quando uma alma prepara a sua próxima encarnação, no contexto do seu novo
padrão anímico ela se decide por uma das características principais. E escolhe os pais,
bem como as circunstâncias da vida física, pensando em como esse medo e os atritos
criados por ele podem estimular o crescimento com a correspondente geração de
animação. Quando uma criança é gerada, começa a formar-se a característica principal
do medo, com o medo básico oculto que está nela. O nascimento oferece o primeiro
motivo para tornar a criança mais forte. E, durante os primeiros anos de vida, a alma da
criança passará por uma série de mudanças que levarão à fixação traumática do medo
básico.
O medo escolhido assemelha-se às raízes de uma grande árvore. Todos os outros
medos ou receios formam seus ramos e galhos. E assim como as raízes de uma árvore,
em geral, não estão visíveis aos olhos, assim também o medo básico foge à consciência
de vocês. E ainda assim, os medos básicos, com suas características principais, são os
acionadores decisivos das ações e reações de vocês, embora não tenham consciência
disso. Que essas observações com relação às raízes mais profundas da estrutura do
medo os ajudem a chegar às razões mais profundas dos atos de vocês, e a levá-los a
perder o medo
Sempre quedo medo.
vocês procurarem analisar as manifestações e os efeitos do medo, darão
um passo à frente no caminho da libertação. A característica principal do medo é como
um marco e serve para lhes dar uma indicação sobre o medo básico oculto por ela. Ou,
em outras palavras: vocês podem reconhecer as características do medo básico mediante
a característica principal. Logo descobrirão que lidar com a característica principal do
medo e com os medos básicos subjacentes os ajuda de uma forma que não só é
necessária para o conhecimento de si mesmos e para a clareza interior, mas também
fortalece o amor próprio e os leva a uma maior compreensão dos semelhantes. Nós não
dizemos: amem as características principais do medo! Nós não dizemos: apóiem e
fomentem o trabalho dele. Nossa recomendação é simplesmente: prestem atenção à
existência dele, tomem conhecimento da característica principal do medo e observem
seus efeitos.
Se vocês quiserem começar a se ocupar com esse medo, que forma uma proteção em
torno da capacidade de amar a sua consciência, a fim de penetrar cada vez mais nessa
proteção, é bom que vocês exponham cuidadosamente as raízes dele, para saber do que
se trata. Nós demos a entender que as circunstâncias de vida e os pais são parcialmente
responsáveis pela formação da característica principal do medo. Isso, no entanto, não
significa que os pais e as circunstâncias da vida sejam os culpados. A criança também
não tem culpa de a sua alma precisar do desafio do medo para seu desenvolvimento. A
vida tampouco é culpada por fazer surgir os atritos necessários e os imprescindíveis
desafios.
Nós evitamos fazer qualquer julgamento e vocês devem fazer o mesmo. Nenhum
medo é pior do que outro, nenhum é melhor ou mais fácil de suportar do que o outro.
Cada um de vocês sente a dificuldade de carregar o próprio medo. Pode-se, com efeito,
suportar muito bem o fato de os outros também carregarem a característica principal de
seus medos de acordo com as circunstâncias; mas a verdade é que os medos das outras
pessoas perturbam vocês com seus efeitos. E, é por isso que vocês exigem dessas
pessoas o que não é possível para vocês mesmos, ou seja, que se desfaçam da
característica principal do medo ou renunciem ás suas manifestações.
Vocês não têm consciência do alcance que tem o medo básico dos seus semelhantes,
da mesma forma que não têm consciência de quanto estão enraizadas as suas próprias
falsas virtudes. Muitas delas são aceitas pelas tradições espirituais ou religiosas da
sociedade em que vocês vivem e por meio de imagens que vocês mesmos criaram, pois
nenhum de vocês gosta de contemplar o medo à plena luz do dia.
No entanto, não é simples coincidência que uma série de características principais
do medo por nós descritas, esteja relacionada com os sete vícios ou pecados capitais da
tradição cristã. Outras religiões também fizeram paralelos. Contudo, dificilmente os
sacerdotes dirão que os vícios e os pecados são formas de expressão do medo. Eles
condenam os pecados e não desconfiam de que aumentam o medo e acarretam
exatamente o que pretendem evitar. Eles castigam o pecador aumentando o infortúnio
dele. Reconhecer, entender, observar e aceitar ajudarão a pessoa consideravelmente a
não deixar-se dominar mais pelo medo, visto que isso é necessário para o
desenvolvimento da alma.
Não se insista em dizer que o medo básico deva desaparecer. O anseio por uma vida
isenta de medo é compreensível; contudo, enquanto a alma viver num corpo físico,
vocês não poderão viver totalmente livres dele. E algumas recordações assustadoras são
levadas de uma vida para outra. Essas recordações continuam tendo força até mesmo no
mundo astral. O medo só perde sua função depois da união energética da família
anímica e da mudança para o mundo causal da consciência.
Se vocês
contra querem
ele, pois enfrentar
ele reage o medo
ao ataque comprincipal, nós lhesou
força redobrada recomendamos não lutar
com uma retirada pouco
benéfica ao subsolo psíquico. O fato de o medo não gostar de se ver observado ou
analisado é uma experiência antiga. Quanto mais vocês se mostrarem interessados nele
e quanto menos vocês julgarem as formas de expressão de um medo, quanto menos
vocês desprezarem o medo principal e o medo básico subjacente e se castigarem por tê-
los, tanto mais se surpreenderão com o fato de o medo derreter suavemente como uma
geleira à luz do sol de verão.
A Característica Secundária
1 - A Abnegação
Medo da Incompetência.
- submisso; modesto +
2 - A auto-sabotagem.
Medo da Vivacidade:
- autodestrutivo; sacrificado +
O medo de ser inútil, que pode aumentar até tornar-se a certeza dolorosa da
inutilidade, faz com que a pessoa faça o papel de mártir. Ela se transforma numa mártir
porque acredita que é capaz de oferecer-se como alguém que enfrenta uma situação e
permite que a magoem mesmo quando todos os demais já fugiram do perigo. Isso
confere-lhe um valor que só é atenuado pelo medo de ser castigada pela mentira.
O ser humano com a característica principal do martírio está tão profundamente
convencido da própria inutilidade, que não consegue desvencilhar-se dessa convicção.
Ele nega o seu direito à existência. Em muitos casos, essa pessoa foi uma criança
indesejada ou abandonada. E porque não consegue viver com a sensação de não ser
digna de amor, ela passa a vida toda tratando de provar o próprio valor.
Essa pessoa prova seu valor para si mesma e para os outros em todos os momentos;
e faz isso dia e noite. Nesse empenho é incansável, justamente porque a certeza que
busca nunca é alcançada e porque, com o passar dos anos, seus medos aumentam e ela,
como um viciado, tem de fazer sempre mais, oferecendo-se sempre de modo altruístico
como alvo de repreensões e de culpa, para manter intato o seu frágil equilíbrio.
Na vida do mártir, a culpa representa o papel principal. E como atribui a si mesmo a
culpa de tudo o que acontece com ele e com os outros, só para aumentar o seu valor,
logo chega ao ponto em que não consegue mais carregar o fardo e, portanto, tem de
atribuir a culpa aos outros para descarregar um pouco seu fardo. Como
conseqüentemente se sente culpado por fazer isso, pode imaginar-se em má situação
outra vez; e aí o fato comprova que ele não vale nada. E num passo subseqüente ele
renunciará ainda mais à sua personalidade, entregar-se-á mais ainda às possibilidades de
sair ferido e à sua disposição de sofrer, para aliviar o sofrimento dos semelhantes.
O mártir acha que não vale mais a pena ser valorizado pelos outros. Ele teme
despertar o ódio dos demais e da sociedade se tiver uma imagem saudável de si mesmo.
E para evitar isso, ele assume uma posição moralmente irrepreensível, para que possa
julgar que quem o ataca ou lhe faz criticas não reconheceu o valor que ele tem. Ele
busca a maior
defender estejasatisfação
num grauno fato deem
inferior não se defender.
relação Acredita que
à sua dignidade. Ele toda tentativa
se compraz emde se
deixar-se magoar para poder recolher-se à sua torre de marfim, na qual ele se
engrandece e aumenta o seu valor, e de onde pode olhar de cima para os que precisam
criticar os semelhantes e mostrar-lhes sua incompreensão.
Ele chantageia emocionalmente todas as pessoas à sua volta, na expectativa de que
essa pressão as faça reconhecer que ele tem valor. E para exercer essa pressão, sem ter
de agir ativamente, o mártir se recolhe, alegando ter alguma doença que preenche duas
funções, segundo seu padrão de valor. Por um lado, ele acredita que uma pessoa só pode
adoecer quando se estressou colocando-se a serviço dos outros e, portanto, sofre um
colapso causado por esgotamento. Por outro lado, está convencido de que a sua doença
o lança em dificuldades, sem culpa, e lhe dá a oportunidade de finalmente merecer a
atenção e a dedicação dos outros, que ele nega a si mesmo. Só quando não está mais em
condições de se sacrificar em silêncio porque ficou doente, ele acredita que os
semelhantes - pelo fato de ele ter ficado impossibilitado de agir - cheguem à conclusão
da verdade, tendo por fim de reconhecer tudo o que ele fez, tudo o que conquistou e
tudo o que conseguiu realizar. E espera que eles sejam tocados pelo arrependimento.
O mártir fica satisfeito quando, por meio da doença, consegue aquilo que tentou
obter por seu altruísmo - gratidão, atenção admiração e amor -, deixando de ver, no
entanto, que para isso, perder a saúde é um preço muito caro a pagar. Ele costuma sofrer
de doenças crônicas, de longas enfermidades, de males que despertam a compaixão dos
outros. Visto que não está na condição e nem quer defender-se ativamente, e visto que
só a passividade pode mitigar os seus medos, normalmente ele sofrerá calado e
heroicamente, sem fazer alarde das suas dores e dificuldades; assim, mais una vez
obrigará os outros a cuidar dele e a tomar como verdadeiro o seu sofrimento, sem que
ele tenha de fazer algo para isso. Seja como for, os outros devem admirá-lo pela sua
capacidade de resistir ao sofrimento ou, ao menos, sentir-s culpados diante de tanta
coragem de sofrer sem se queixar.
Ele exige consideração, não com palavras, mas por meio dos seus atos, e ao mesmo
tempo exerce tirania sobre os que estão à sua volta valendo-se de seu sofrimento
silencioso. Assim, todos fazem o que ele quer e lhe dão o que precisa, sem que ele
mesmo tenha de pedir e sem que ele tenha de se submeter à rejeição ou ofensa.
O mártir se compraz em não fazer exigências e em estar sempre disponível para os
outros, no intuito de repreendê-los pelo fato de o explorarem e de não reconhecerem os
seus legítimos direitos. Ele não gosta de cuidar de si mesmo, embora se preocupe
excessivamente com os outros. Ele não tem facilidade para controlar as circunstâncias
da própria vida a fim de garantir segurança e proteção. Ele renuncia aos seus direitos na
esperança de que os outros os garantam a ele de livre e espontânea vontade ou que eles
lhe sejam atribuídos por consolo. Em última análise, ele espera que reconheçam seu
valor na hora da sua morte. Então, sim, ele acredita, todos sentirão sua falta e, por fim,
tomarão conhecimento do que ele significava para eles, reconhecendo o seu valor. E se
ele tiver uma forte ligação com a religião, o mártir acredita que será recompensado no
reino dos céus pelos seus sofrimentos e ofensas, pela sua atitude de renúncia e pelo seu
altruísmo.
O mártir é uma repreensão ambulante no ambiente em que vive. Perto dele as
pessoas têm mais sentimentos de culpa do que podem suportar. O que o mártir quer
evitar - ser abandonado, rejeitado e ignorado como uma coisa sem valor -, acontece
facilmente e confirma a sua inutilidade, Pois conseguimos nos livrar da pressão moral
exercida pelo mártir se nos afastamos ou temos discussões acaloradas que, no entanto,
precisam
de uma vezterminar bem,Isso
por todas. pois o valor doe mártir
o acalmará é indiscutível
o deixará e tem
confiante por umdebreve
ser comprovado
lapso de
tempo, pois a certeza que lhe é dada não corresponde ás suas expectativas. O mártir
descobre novos motivos para se desvalorizar e para lutar para ser valorizado, porque ele
precisa disso para viver.
Porém um ser humano com a característica principal do martírio, disposto a dar sua
vida para ser valorizado, é facilmente manipulado. Ele está disposto a dar tudo de si
para obter uma prova definitiva do seu direito à vida, para ter certeza do seu valor
pessoal. Ele se vende e se trai na esperança interminável de um dia não precisar mais
que os outros o valorizem, e poder defender esse valor firmemente dentro de si mesmo,
por ter juntado provas suficientes para isso. Ele se oferece e jura lealdade a qualquer um
que lhe atribua ainda que um mero sopro de valor. E está convencido de que uma boa
coleção de pequenas constatações de seu valor, no final, será suficiente para comprovar
a sua qualidade.
O mártir não gosta de pedir, pois isso desmascararia sua carência. Ele gosta que os
outros adivinhem e percebam as suas necessidades. De certa forma, o mártir é orgulhoso
a seu modo. Ele não consegue sair dessa situação por iniciativa própria, mas espera
passivamente que o seu valor seja reconhecido; ele não ousa exigir um gesto positivo de
aprovação, pois tem muito medo de que esse gesto lhe seja negado, que seus desejos
secretos não sejam dignos de serem adivinhados por alguém com quem conviva - um
esforço, afinal, tão pequeno! Quando o mártir faz um pedido e é atendido, ele não
consegue mais ter alegria com o que obteve. Sente que seu desamparo foi confirmado e
reage amargamente ao fato de ter sido obrigado a pedir, em vez de ser presenteado com
o que queria. Ele prefere conformar-se com o fato de que não é reconhecido nem
amado, do que ter de lutar para que lhe sejam concedidos direitos que, na verdade,
ninguém lhe nega a não ser na sua fantasia.
O mártir cultiva a falsa virtude do altruísmo em medida excepcional. Ele se esforça
para ser sempre generoso e abnegado e, assim, procura apresentar um espelho para os
outros, pois só quando acha que os que estão à sua volta são menos nobres e abnegados
do que ele mesmo, eles também têm menos valor. Assim, o seu valor pessoal de mártir é
maior. Quando percebe que sua abnegação não é aceita, que ninguém realmente dá
valor ao seu sacrifício, ele prefere castigar os que estão à sua volta. Mas isso, por sua
vez, exige uma ação ativa, uma ação com a qual teria de se expor, de se confessar. Mas
como expor-se é sua maior dificuldade, prefere castigar a si mesmo, atribuir a si mesmo
todas as coisas pelas quais quer castigar os outros por sua suposta falta de amor.
A tendência a punir a si mesmo se mostra não só por meio das já mencionadas
doenças crônicas e psicossomáticas, mas também pelos acontecimentos externos, por
catástrofes e tragédias que acontecem com o mártir porque, na opinião dele, ele é a
personificação da inocência e da bondade, o que contribui para que lhe aconteçam
coisas que os outros nunca atrairiam sobre si. Tudo por falta de precaução. Ele tem
dificuldade para perceber que suas catástrofes e tragédias pessoais são um resultado da
sua energia de medo. Pelo contrário, ele acha que essas catástrofes são uma confirmação
de que a vida o trata como se fosse uma madrasta, e ele sente que está entregue
desamparadamente ao mais ignóbil e vil destino: “Dediquei-me a vida inteira aos outros
e agora estou aqui sozinho; ninguém se preocupa comigo. A vida de fato é injusta.
A atenção dele está sempre voltada para os que ele ama e de cujo amor ele depende.
Ele tenta fazer com que essas pessoas dependam dele, para assim diminuir o medo que
sente pelo fato de ele se recolher em si mesmo e deixar as coisas para mais tarde, em
quase todos os aspectos da vida. Isso faz com que as pessoas que o amam sintam a
consciência pesada e tenham sentimentos de culpa. O mártir renuncia aos seus direitos.
Ele cumpre com dedicação
responsabilidades que aindatodos os deveres,assumir.
não conseguiu sem se Quando
queixar, não
alémtem
de parentes
acumularpróximos
todas as
para torná-los seus dependentes, arca com o sofrimento do mundo e a responsabilidade
por todas as questões políticas, ecológicas ou comportamentais possíveis, para não se
desequilibrar emocionalmente, devido ao medo.
A pessoa com a característica principal do mártir renuncia ao amor. Também
renuncia ao reconhecimento, às exigências que outras pessoas fariam como, por
exemplo, um salário justo ou um lugar confortável para dormir, um local de trabalho em
que não haja correntes de ar. As palavras “bem feito para minha mãe se minhas mãos
congelarem. Por que ela não compra luvas para mim?”, é a expressão típica do mártir.
Ele quer ser louvado pelo fato de sacrificar sua saúde e sua vida em favor de uma causa.
E considera essa convicção o seu bem mais precioso. Sejam quais forem os ideais dele,
estes podem ser reduzidos às seguintes idéias: "Se eu renunciar a tudo, um dia serei
recompensado”.
E como o mártir só pensa nessa recompensa, quando se rende, ele dificilmente
conseguirá deixar o medo de lado e começar a reivindicar seus direitos naturais ao ar, à
luz e à vida, ao amor e ao reconhecimento.
O mártir não gosta de ser ajudado, pois ele acha que receber ajuda é uma
constatação da sua inutilidade. No entanto, precisa do apoio de outra pessoa, seja de um
médico ou terapeuta, uma vez que não consegue conformar-se com o fato de ser tão
pouco competente e, ao mesmo tempo, tão desamparado. Por isso, é especialmente
difícil para uma pessoa com a característica principal do martírio admitir o seu medo e
suas fraquezas, pois a abnegação a leva a não confiar em ninguém a ponto de deixar que
cuidem dela.
Quando uma pessoa com o medo de ser inútil aceita ajuda, seja para pendurar as
cortinas ou para dominar seus medos, ela é arremessada ao precipício de novos medos,
unicamente pelo fato de que essa ajuda tornou sua vulnerabilidade aparente. Por isso,
ela só consegue sentir alívio quando se dispõe a questionar os seus conceitos de valor.
Quando o mártir consegue decidir-se a analisar se de fato vale a pena esforçar-se tanto
para fazer tudo sozinho, mantendo os outros a distância, se vale a pena ser sempre
aquele que dá e que nunca recebe, negando aos semelhantes a chance de fazer algo bom
por ele, ele tem de levar em conta se o orgulho que tira da sua abnegação realmente lhe
da aquilo que promete.
À sua maneira, o mártir também está tão isolado, devido ao medo que sente de sua
vida ser inútil, quanto o orgulhoso, que se mantêm distante dos outros por medo de ser
magoado. O mártir precisa dos outros para que esses confirmem constantemente o seu
valor ou a sua inutilidade, mas não pode de fato ficar perto deles, uma vez que não
permite que tenham idéias próprias com relação ao valor das pessoas e decidam por eles
mesmos se acham ou não dignas de seu amor as pessoas com a característica principal
do martírio. Ele se fecha em si mesmo negando constantemente o amor que lhe é
oferecido, sem perceber, visto que se fecha ou, como crê, se mantém “à salvo”,
afirmando que não tem necessidade desse amor. Quando as pessoas que têm um mártir
por perto ou na família querem cuidar dele e ajudá-lo a deixar de ter medo, também é
necessário agir com a máxima cautela. É preciso fazê-lo entender - da melhor forma
possível - que ele é amado, mesmo quando é egocêntrico ou egoísta; além disso, é
preciso prestar atenção ao fato de que a idéia que os mártires têm desses conceitos é
diferente da de outras pessoas. Para um mártir, entrar no banheiro antes dos outros
membros da família ou servir-se de uma colher a mais de pudim já significa ser egoísta.
O mártir sempre espera ser recompensado e amado por atitude de renúncia. Quando
brincamos com ele, tentando
trabalho, exagerando um pouco questionar
sem, no seu papelferi-lo,
entanto, de mártir na família ouque
assegurando-lhe no local de
reconhecemos seus méritos, mas não estamos dispostos a aceitar que se apodere de
todas as chances de ser abnegado sozinho, romperemos o isolamento dele e lhe daremos
a entender que o seu valor independe das suas ações. Mostramos que ele não precisa
esforçar-se tanto para ser reconhecido, e que ele - bem ao contrário do que acredita -
encontrará mais consideração, simpatia quando se mostrar como é e cortar uma bela
fatia do bolo da vida e consumi-la com prazer, em vez de renunciar generosamente a
ela, tirando dos outros a satisfação de vê-lo tendo esse prazer.
Um indivíduo com medo da própria inutilidade se queixará freqüentemente de que
os outros tiram proveito dele. Tem poucas possibilidades de ver o quanto contribui para
que os outros ajam assim com ele, e o quanto a compreensão que tem de si mesmo
depende do fato de os outros lhe roubarem energia. Para mudar essa atitude de medo do
mártir é preciso que as pessoas que o amem rejeitem gentilmente, mas com firmeza, as
ofertas dele para que o explorem, dando a entender que se sentem ofendidas por não
terem oportunidade de mostrar o amor, o carinho e a consideração que sentem por ele.
O maior anseio da pessoa com o medo básico da inutilidade é ser uma pessoa de
valor. No entanto, ela acredita que o valor só pode ser adquirido por ações abnegadas ou
conquistado pela renúncia. Quando consegue reconhecer que aquele que acredita no
próprio valor é importante, sem que tenha de comprová-lo ou vê-lo comprovado ou
desmentido pelos outros, ela se sente salva. Não precisamos provar nosso valor por
meio do trabalho. O valor existencial de um ser humano sempre está presente; ele nasce
da dignidade da sua alma, não há possibilidade de negá-lo. O valor de um ser humano
está na beleza eterna da alma. O valor da alma não pode ser outorgado nem tirado dela.
Ele é sua propriedade, seu bem incontestável. E é isso que o mártir não consegue
acreditar. Ele está convencido de que ações "boas” ou "más” podem alterar o peso da
sua alma. Por isso, uma pessoa com essa característica principal pode ajudar-se melhor,
procurando ter confiança no valor da sua alma, que é inimitável e incomparável.
4 - A Obstinação.
Medo da Inconstância
- obstinado; decidido +
Nenhum dos medos básicos é mais freqüente do que o medo da mudança. Todos
vocês acham que estão interessados em viver algo novo, diferente, em modificar sua
situação, em progredir, em não ficar estagnados. Mas isso não passa de um mero desejo.
A maioria das pessoas que vive num corpo, faria o máximo para que tudo continuasse
sempre igual, caso isso fosse possível. Com o que elas conhecem, elas se sentem
seguras. Querem que aquilo em que confiam nunca mude.
Poucos de vocês estão dispostos, nem que seja apenas filosoficamente, a considerar
que a vida e a mudança estão inseparavelmente ligadas uma à outra, que viver significa
mudar. A cada respiração o seu corpo se modifica, cada centésimo de segundo o planeta
se modifica. A vida é e continua sendo imprevisível. A única coisa que permanece
constante é o próprio princípio da mudança. E negar esse princípio significa negar a
vida. Mas as pessoas que têm medo de mudanças imprevisíveis, no entanto, tentam
negar esse medo. E isso as torna obstinadas.
Se a pessoa com esse medo foi mais feliz por certo tempo, como todas as outras, ela
quer preservar essa felicidade, quer fixar essa sorte; e se predispõe a fazer tudo para que
a felicidade não se vá, sem reconhecer que é justamente essa atitude que põe em perigo
aquilo que elaelaquer
certo tempo, logopreservar.
se adaptaEàssecondições
a pessoa com
que medo da incerteza
provocaram foi infeliz durante
sua infelicidade. Embora
ela viva dizendo que gostaria que as coisas fossem diferentes, certa de que gostaria
realmente de modificar a situação, o seu medo faz com que ela crie uma série
inacreditável de argumentos para provar que o que ela tem ainda é melhor do que o
desconhecido que poderia ter de enfrentar.
O medo da mudança é o medo do desconhecido. O ser humano conhece o que
existe. Aquilo que não existe inspira-lhe medo, porque foge do seu controle. Ele não
sabe o que pode provir dele. E ele quer muito passar de uma situação conhecida para
outra, pois a insegurança lhe inspira um medo profundo. Quando, portanto, as mudanças
são inevitáveis, a pessoa com a característica principal da obstinação se decidirá
extraordinariamente depressa pelo novo, e ela se adaptará firmemente e com
determinação à situação; ela muda para poder, tanto quanto possível, sujeitar-se à
mesma. Ela gosta de ser admirada pelo fato de tirar de cada situação o melhor. O
desconhecido, o novo, lhe infundem medo - e é por isso que movida pelo medo, ela logo
busca encontrar o novo, enfrentá-lo com decisão, na verdade até buscá-lo, observá-lo
em todos os seus aspectos, tornar-se conhecedora de tudo o que desconhece, a fim de
poder apoderar-se disso e assim eliminar outra vez o medo. Isso pode relacionar-se com
pessoas novas, com mudanças no emprego, mudanças no status social, mudanças na
saúde, mudanças em tudo o que compõe as facetas da vida.
A atitude decisiva que uma pessoa obstinada manifesta quando uma mudança é
inevitável e, ao mesmo tempo, imprevisível, dá a ela uma sensação de força. Depois de
tomar uma decisão que há tempos era necessária, e que modifica uma situação que ela
manteve igual por tanto tempo até se tornar insuportável, o obstinado sente-se bem mais
animado. A possibilidade de largar o velho, e a suspeita de não ter ainda o domínio
sobre o novo, confere a ela um momento de lucidez entre duas fases do medo. Seus
olhos brilham e, embora o medo a domine, ela tem de deixar temporariamente de lado a
idéia de dominar a situação.
Não saber o que vai acontecer é horrível e, ao mesmo tempo, fascinante. Estar outra
vez aberto, ficar livre da obstinação é como libertar-se de uma prisão. Mas muito
depressa a pessoa obstinada - por medo de não conseguir assimilar o novo -, construirá
para si outras prisões. E então se admira por tudo estar outra vez igual ao que já foi um
dia, depois de ter feito tanto para provocar a mudança. E quando outra pessoa quer
modificar essa situação, quando as mudanças incômodas lhe forem impostas pelos
outros, ele tende a adotar uma postura rígida e obstinada, recusando-se a aceitar essas
mudanças, persistindo obstinadamente em sua opinião, para que assim o novo não
venha a acontecer.
É difícil convencer o obstinado da sua sorte. Ele quer realizar tudo do jeito que lhe
parece certo. E aquilo que lhe parece certo, na maioria das vezes é errado. Contudo, ele
se recusa a ver isso. Tem grande dificuldade para reconhecer o que de fato o faz
progredir, pois, progredir, crescer, desenvolver-se sempre significa mudança. O
crescimento da alma é incerto para a mente racional, visto que segue regras próprias.
Todas as pessoas obstinadas sofrem - sem o saber - por causa da idéia de que elas
podem, sozinhas, modelar a própria vida. Quem tem medo da mudança, quem tem medo
do novo e, principalmente, quem tem medo dos aspectos imprevisíveis daquilo que
ainda não conhece, tenta muitas vezes negar que a vida seja responsável por tudo, que
tem forças dinâmicas próprias, e procura moldar tanto quanto possível a própria
existência. Assim, essa pessoa deixa pouco espaço, pouco tempo e poucas
oportunidades para a preservação daquilo que no indivíduo as forças antepostas podem
realizar e concretizar em conjunto.
peloPortanto,
novo. A apessoa
pessoaobstinada
obstinadanão
ficaé presa
aquelaentre
que seus
nuncadesejos pelo velho
quer modificar e seuSóanseio
nada. que ela
precisa determinar quando, como e de que maneira deve haver uma mudança. Todas as
pessoas que querem modificar o obstinado terão de gastar muita saliva. Só poderão
contar com algum sucesso quando oferecerem à pessoa obstinada a oportunidade de
decidir por si mesma.
A obstinação é uma expressão da necessidade, um caminho pedregoso para evitar o
desamparo e sentimentos de pesar e de solidão. O obstinado está decidido a percorrer o
caminho íngreme, árduo e difícil e a tropeçar muitas vezes porque a necessidade de
superar grandes dificuldades e de sobreviver, apesar de todo sofrimento, tornou-se um
hábito antigo e criou uma ilusão de força e de resistência que o mantém com vida. O
obstinado costuma temer que os atos de resistência que preservaram sua auto-imagem
possam mostrar-se desnecessários e, assim, tirar-lhe grande parte de sua identidade e do
seu sentido de viver.
O obstinado, muitas vezes, tem dificuldade para lidar com subordinados, e tem
dificuldade em ter de admitir e ter de ceder. Muitas vezes isso se deve ao fato de, na
infância, não ter podido demonstrar uma teimosia saudável. Isso impediu o
desenvolvimento da vontade e por isso, na idade adulta, ele tem de impô-la, batendo os
pés; por isso tem de teimar obstinadamente dizendo: "Farei do jeito que eu quiser,
mesmo que isso me prejudique. Não me importo”.
O medo da mudança, que leva à vontade de que tudo continue como está ou que
volte ao estado conhecido, muitas vezes tem suas raízes em experiências da primeira
infância que provocaram uma grande insegurança. Em geral, a criança que, na idade
adulta, sente medo de mudanças teve pais pacientes e afetuosos ou, ao menos, uma mãe
carinhosa e cheia de calor humano; portanto, ela viveu os primeiros meses de vida
cercada de proteção e acha que nunca a perderá. Porém, logo chega o dia em que a mãe
ou os pais passam a ter outras preocupações e exigem da criança que ela fique mais
independente. Talvez eles estejam esgotados ou doentes, talvez tenham chegado ao
limite das suas forças e possibilidades.
Muitas vezes, pode tratar-se apenas de uma fase temporária, mas para a criança de
poucos meses, deixada sozinha, por alguns dias, com pessoas estranhas, por exemplo,
essa fase dura uma eternidade e, de certo modo, é assustadora, de uma forma que não
seria para uma criança que, desde o inicio da vida, recebeu poucos cuidados e carinhos.
A súbita mudança de uma situação em que ela se sentia protegida e feliz, para a
sensação de abandono, da falta de orientação, que se assemelha a uma queda no vazio, é
uma experiência fatal que deixa na criança uma semente de medo com relação a toda
mudança repentina e inesperada. Não são as diferenças graduais que afligem uma
pessoa com a característica principal da obstinação. São os acontecimentos imprevistos,
marcantes e surpreendentes que lhe custam esforço para manter o equilíbrio. É o medo
que ataca a pessoa com a característica principal da obstinação, fazendo-a temer que
haja algo que não possa ser calculado, algo com que ela não possa contar, algo
imprevisível. Por isso, ela teme todas as situações que não consegue controlar bem e
que não conhece ao menos um pouco. Um acontecimento inesperado que vier com certa
veemência pode fazê-la cair num abismo e na depressão, que perduram por muito tempo
até que a pessoa consiga livrar-se deles.
Quem escolheu obstinação como característica principal deve fazer uma
retrospectiva e procurar reviver alguns acontecimentos traumáticos da infância. O fato
de conseguir relembrar alguns acontecimentos em que ela teve de se adaptar a algumas
mudanças súbitas e radicais chamará a atenção dela. Entre esses acontecimentos podem
estar uma descoberta, uma decepção, uma perda, um abandono – todos imprevisíveis e
incontornáveis.
Como todos vocês sabem, a incerteza é parte inerente à existência. No entanto, a
pessoa obstinada gostaria de aniquilar essa lei natural. Com o medo de que o mesmo
pânico mortal, que sentiu quando perdeu a proteção pela primeira vez, possa ser
suscitado novamente, ela projeta para o futuro uma seqüência interminável de
acontecimentos semelhantes, embora de forma mais atenuada. E como, naturalmente,
assim como acontece com todos os seres humanos, ela constata isso a cada momento em
cada vida, vai se tornando cada vez mais nítida a idéia de que ela tem de se precaver
contra mudanças súbitas - com toda a força e energia que tem, da melhor forma
possível. Portanto, a pessoa obstinada fará tudo para antecipar-se diante do
incontrolável e do imprevisível. Ou, quando isso não for possível, ela passará por cima
de todos os obstáculos tão corajosamente quanto puder, com uma coragem
decididamente mortal. Mas como, para ela, isso representa um perigo, quando surgirem
novos acontecimentos imprevisíveis, ela também terá forças para fazer frente às
situações que, a seu ver, ameaçam sua vida. Essa pessoa torna a se empenhar ao
máximo para prever o momento em que uma ameaça se aproxima dela no sentido
descrito.
Esse domínio decisivamente corajoso das dificuldades chamamos "determinação”.
Outrora ela foi apropriada, ao instalar-se pela primeira vez no caráter do ser humano,
pois, na verdade, na primeira situação traumática de perda, tratou-se de uma questão de
sobrevivência. Mas depois, na idade adulta, não se trata mais de uma questão de vida ou
morte. No entanto, as forças são evocadas como se assim fosse.
Teimosia, rigidez, obstinação, inflexibilidade são fenômenos interiores.
Contrariamente, a pessoa obstinada muitas vezes age como se ninguém gostasse tanto
de mudanças freqüentes quanto ela. Sua vida está em constante movimentação e, sem
cessar, ela busca novas possibilidades para mostrar para si mesma e para o mundo que é
flexível e está sempre disposta a mudar. Mas isso não passa de uma forma sofisticada de
luta contra o medo, pois enquanto a pessoa obstinada se mantém em movimento por
vontade própria, e enquanto mantêm as coisas mobilizadas ao seu redor, ela não tem
necessidade de ter medo. A pessoa obstinada tem mais medo do que as outras de ficar
presa e de morrer de sede na prisão do que é irreversível.
Sua ferrenha determinação a ajuda a ultrapassar as fases de estagnação com rapidez.
A estagnação que essa pessoa observa em si mesma e nos outros provoca abominação.
A pessoa obstinada diz ser corajosa, ter força de vontade e confiança. Sua vontade é
sagrada. Quando outra pessoa se dispuser a ir contra a vontade dela, não terá sucesso. Se
uma pessoa obstinada chegar ao pólo negativo da rigidez, da obstinação, da
inflexibilidade e da teimosia, não há nada no mundo que a faça desistir do seu ponto de
vista ou de permanecer em determinada situação.
Dissemos que a obstinação é a mais freqüente característica principal. Se de fato
fosse assim como vocês pensam, que todos vocês gostassem de mudar e de buscar o
novo, haveria muito mais mudanças positivas a registrar no mundo. Mas, assim que
surge uma grande mudança, os obstinados que se encontram entre vocês cuidam para
que logo tudo se acomode outra vez. E os conservadores, os tradicionalistas, que muitas
vezes personificam a obstinação nas instituições, querem por sua vez voltar ao antigo,
retornar ao que eles já conhecem, pois era lá que se sentiam a salvo. Conforme o ponto
de vista, vocês consideram a Antigüidade uma época saudosamente bela ou sentem
vontade de deixar o passado para trás tão depressa quanto possível. Os impacientes
entre vocês mal conseguem esperar pelo surgimento da Nova Era, pois têm medo de
perder algo do que venha a acontecer.
Do nosso
de vocês, ponto de vista,
da perspectiva o novo
do plano não ésob
físico, melhor do que
os limites daso leis
velho.
da Mas do ponto
dualidade, de vista
vocês têm
de oscilar como pêndulos entre os pólos do velho e do novo. O velho, na verdade, não é
melhor do que o novo, o novo não é melhor do que o velho. A mudança em si não é boa
nem má. Ela é uma lei da natureza. No entanto, vocês vivem com medo de perder a
proteção do velho e de ficar completamente abandonados, perdidos e isolados. Pessoas
com a característica principal da obstinação sofrem devido ao medo de serem
abandonadas ou de que as deixem cair. Sempre que esse medo tentar apoderar-se de
vocês, vai servir-lhes de bom meio o contato pessoal, para terem outra vez consciência
da solidariedade e a sensação de que não correm nenhum perigo.
Por contato pessoal entendemos duas coisas. Quando um ser humano afetuoso
constata que uma pessoa obstinada está presa nas garras do medo, e não consegue
escapar delas por si mesma, muitas vezes basta tocá-la na mão, passar o braço ao redor
dos seus ombros ou acariciar seu rosto. Caso o medo se torne excessivo, não há nada
que possa ajudar a eliminá-lo mais rápida e definitivamente do que pegar o obstinado
nos braços irradiar-lhe calor humano ou até carregá-lo no colo como se fosse uma
criancinha, pois a falta de proteção e o medo de ser abandonado são exatamente o que
provocou a sua característica principal.
Se, contudo, o contato físico com outra pessoa não for possível, a pessoa obstinada
pode pôr em prática a maravilhosa experiência, a ponto de amainar o seu medo,
começando o contato físico consigo mesma, passando as mãos pelo corpo, acariciando
suas próprias faces ou seus próprios braços. Seria uma pena se ela quisesse desistir
dessa possibilidade, que encerra segurança para si mesma. O contato físico e o ser-
contatado-fisicamente são os meios terapêuticos que dissipam a tensão, a rigidez
dominada pelo medo e a aferrada obstinação, e que podem livrar o obstinado de sua
determinação rebelde, povoada de medo, que a convence de praticar certas ações, por
mais vezes do que ela gostaria, o que não lhe faz bem.
5 – A Avidez.
Medo da Carência:
- insaciável; presunçoso +
faltaAconquistar.
avidez levaAo
a pessoa a usarela
que parece, toda
estásua energiaapara
disposta obter
deixar parao trás
que as
presumivelmente
coisas sem lhe
importância, renunciando às mesmas desde que consiga obter em medida suficiente
aquilo que o seu medo lhe apresenta como indispensável. E o ávido sempre fará com
que seu objetivo esteja bastante longe, ou seja, até mesmo inalcançável, pois só assim a
sua cobiça pode ser mantida e ele pode viver da energia que ele projeta nela. Quando
uma pessoa é ávida por dinheiro, lhe será negada a sensação de satisfação que os outros
sentem com a conquista de uma determinada quantia. O dinheiro nunca será suficiente.
O medo sempre lhe dirá: "Só quando tiver tanto ou tanto você estará seguro.
E quando a pessoa está ansiosa pelo sucesso, esse sucesso nunca lhe bastará. Ela
sempre desejará ter mais. O mesmo acontece com a avidez por reconhecimento ou
atenção, por conhecimentos espirituais e por uma determinada quantidade de
experiências. O cobiçoso sempre tenta, devido ao medo que sente, receber em medida
suficiente o que quer. Ele sempre dá um jeito de nunca ficar realmente contente com o
aspecto da sua existência que suscita a avidez.
Como a avidez é considerada um defeito grave na sociedade, o cobiçoso se vê
forçado a voltar o seu medo da carência para áreas reconhecidas pela sociedade - como
o sucesso ou os bens materiais. Ou, então, ele decide não mostrar sua cobiça para
ninguém e adota uma postura de resignação que simula para si mesmo, como também
para os outros, fingindo poder viver com pouco ou com quase nada. Assim, por
exemplo, afirma que pode muito bem renunciar ao amor, à atenção, ao sucesso e
também aos bens materiais. Com freqüência, são justamente aqueles que vivem em
ascese voluntária os que não conseguem lidar com o medo da carência; por isso mesmo,
preferem “atrair” essa carência, entregar-se voluntariamente a ela, a admitir a avidez
que sentem e a recriminarem-se com severas normas interiores.
A característica principal da avidez está, em grande medida, por trás das normas
ideológicas ou éticas de determinadas sociedades, grupos de pessoas ou classes sociais,
pois, como vocês sabem, em alguns círculos não se recrimina a avidez por alimentos
sofisticados ou por aventuras inusitadas; outros círculos aceitam o fato de se cobiçar a
iluminação ou experiências transcendentais sem ser rejeitado. Em outros grupos ainda, é
natural o empenho para se ganhar dinheiro e obter fama. Muitas vezes, o que é
considerado tabu num círculo, em outros é considerado o essencial e é encoberto por
altas valorizações. E a pessoa ávida terá de orientar-se por esses critérios.
Uma pessoa que cobiça a vivacidade num ambiente familiar ou social em que a
vivacidade é encarada como ameaça à ordem vigente, transforma-se numa pessoa
inquietante e incômoda por seu individualismo e praticamente incapaz de sentir que é
censurada pelo que considera imprescindível. Então, ela tem a possibilidade de libertar-
se das normas que não lhe servem mais ou, então - o que acontece com mais freqüência
-, reprimir sua avidez, interiorizá-la e transformá-la em seu oposto. Nesse caso, ela
pode, por exemplo, retrair-se bastante na vida, refugiando-se nos sonhos e mostrando-se
ainda mais inativa do que o meio exige.
A avidez declarada é para aquele que a sente e a expressa, mas também para os que
a observam, sempre dolorosa ou até mesmo estranha. As pessoas que estejam perto de
um ávido que demonstre claramente sua cobiça, logo se sentem ameaçadas e tentam
posicionar essa pessoa dentro de seus limites, pois o cobiçoso está inclinado a abusar.
Ele está determinado a ter o máximo possível daquilo que gostaria de ter, apoderando-se
das coisas; e seu medo não lhe permite calcular as reações dos outros, que consistem na
rejeição e no abandono. A sua avidez acaba afastando os outros e é causa de separação.
Mas muitas formas de avidez não contrariam radicalmente as normas da sociedade,
como, por exemplo, a avidez pela justiça ou pela comida; elas se tornam tão evidentes -
no
maisandamento de um
do que o seu processo
meio ou num
imediato. peso
Ela não corporalcontrolar-se
consegue excessivo que a pessoanão
e também ávida sofre
consegue frear. Ela tem a impressão de que morrerá se não conseguir aquilo que pode
mitigar o seu medo - seja a avidez por justiça, seja a avidez por comida.
A pessoa ávida às vezes ouve dos outros que ela espera demais da vida ou se
apropria de mais do que deve. Com muito mais freqüência, no entanto, essa pessoa
ávida deixa claro para as outras ou para os expoentes de grupos sociais que eles é que
não têm vergonha, que estão enriquecendo indevidamente, que cometem faltas contra as
formas da modéstia e da ascese religiosa e as formas socialmente postuladas. A pessoa
ávida é muito mais sensível à cobiça dos outros do que à própria.
A pessoa ávida tem medo de morrer de fome, por isso vocês entenderão quando lhes
dizemos que essa característica do medo, a carência, é predominantemente estimulada
numa criança quando, por excesso de zelo a alimentação, apesar de ministrada com
dedicação incondicional, é muito insuficiente. Mães que são de opinião de que seus
filhos só devem ser amamentados em horários fixos predeterminados, mães que por
causa das próprias incertezas se esquecem de alimentar os filhos a tempo, geram em
seus bebês o medo constante de nunca ter comida suficiente, Isso leva a criança, muito
cedo, a esforçar-se por comer mais e armazenar mais do que pode digerir. E logo se
desenvolve na criança a seguinte idéia: “Comer é amar; tenho de tomar cuidado, tenho
de prestar atenção para obter o suficiente, tenho de comer o que puder, pois nunca se
sabe se oferecerão alimento outra vez”.
E quando uma criança engorda muito porque come demais por ter medo de que
depois vá sentir falta, ela é mantida intencionalmente sob dieta rigorosa pela mãe, o que
reforça o medo da carência. Esse medo se manifesta anos depois, na forma de uma
visível redução de peso, devido a uma obsessão por regime ou bulimia, ou por uma
obesidade pronunciada, em que a pessoa armazena gordura como medida de precaução
para tempos difíceis. Só quando esse medo de não receber o suficiente for sublimado,
ele pode fixar-se em âmbitos menos concretos.
Já dissemos que a avidez por conhecimento e sucessos espirituais também é uma
expressão do medo; medo de não chegar na hora certa ao lugar que se pretende chegar,
medo de desperdiçar a vida, medo de ir para o inferno ou de ser castigado por motivos
kármicos. Tudo isso pode provocar formas de avidez que se tornam visíveis ao
observador atento, mas que dão à pessoa oportunidades suficientes de justificar seu
medo da carência. O mesmo acontece no caso da avidez por uma boa saúde, por um
relacionamento sem conflitos, por satisfação sexual ou diversão e distração.
A avidez leva, como vocês podem imaginar, imperceptivelmente a algum tipo de
vício. Por isso, vocês encontrarão muitas pessoas com medo da carência entre os
viciados que, desamparados, estão entregues à sua cobiça. O medo de não poder se
descontrair leva os viciados às pílulas, o medo da falta de sensações fortes se mostra
constantemente no vicio das drogas alucinógenas; o alcoolismo não raro é expressão de
uma falta de proteção e da vontade de esquecer algo. Contudo, com os viciados em
busca de sucesso, de amor ou de riqueza acontece o mesmo. Sempre que o medo da
carência assumir o controle da pessoa ávida, ela será dominada pelo vício a ponto de
não conseguir mais se controlar.
Quando a pessoa cobiçosa consegue dominar o medo de não conseguir o suficiente -
seja lá o que -, para livrar-se do jogo do medo, é aconselhável que ela saiba primeiro em
que aspectos da vida pode submeter-se a uma ascese voluntária. Pois a ascese é o lado
oculto e, portanto, mais perigoso da avidez. Em seguida, ela poderá pedir conselhos
para outras pessoas e refletir sobre o que lhe parece ser mais importante e mais difícil de
obter na vida. Para a pessoa ávida é extraordinariamente importante identificar
claramente o objeto
aqueles aspectos quedaidentificou:
sua cobiça.“Será
Então,
queelaposso
podeobter
começar
maisadisso?
questionar
Possoe ganhar
a examinar
mais?
Posso demonstrar o que quero?” Isso porque o medo do castigo por uma manifestação
pública de avidez está profundamente arraigado e bastante difundido no cobiçoso. Essas
pessoas vivem com medo de que lhes tirem o que querem ter e, por assim dizer, lhes
batam nos dedos quando estenderem as mãos para apoderar-se das coisas.
A pessoa ávida pode tornar-se amiga de sua cobiça quando ela lhe for favorável,
pois então verá que já tem e já recebeu muito mais do que conseguiu notar. A pessoa
cobiçosa sempre se acha pobre com relação àquilo que cobiça. Nesse sentido, ela se
considera um verdadeiro mendigo. Só diante de uma observação mais acurada, diante da
tentativa de confessar a si mesma a sua avidez, tornar-se-á claro para ela que ela não é
uma pobre criatura desamparada diante da vida, como pensava; agora que é adulta não
existe mais ninguém que lhe possa negar a alimentação básica e que possa ameaçar a
sua vida. Ela poderá reconhecer que está em condição de comprar os próprios
alimentos, que não depende mais de outra pessoa para alimentá-la ou para carregá-la no
colo; sem maiores problemas, no momento certo, ela pode dar a si mesma dedicação e
amor de que sente falta. Então, ela pode descontrair-se e constatar subitamente que
recebe dos outros mais do que antes, visto que não envolve mais sua avidez com o
manto da crença; seja como for, nunca tal pessoa receberá o suficiente daquilo de que
precisa.
Quanto maior a freqüência com que a pessoa com a característica principal da
avidez e com o medo da carência conseguir satisfação nas pequenas coisas do dia-a-dia,
seja com doze pedaços de torta ou com uma tórrida noite de amor, seja comprando
conscientemente tudo o que sempre quis ter, mesmo que isso abra um rombo em sua
conta bancária, ela poderá lidar com seu medo de não ganhar o suficiente e com muito
mais facilidade, poderá minimizá-lo. Assim, ela se tornará um ser humano mais livre,
descontraído e satisfeito.
Todo exercício desse tipo ajudará a pessoa a reconhecer que sua situação de
carência não é tão ameaçadora quanto ela achava que fosse. E quando ela, com esses
exercícios, puser na cabeça que é capaz de amainar o vento das velas do barco da
avidez, essa então será uma medida sensata a ser adotada pelas pessoas que têm o medo
essencial da carência.
6 - O Orgulho.
Medo de Ser Ferido.
- vaidoso; orgulhoso +
O orgulho é uma reação ao medo de não ser visto, de não ser considerado e de, por
isso, ser ferido. O orgulho é a característica principal de todo aquele que teme ser
passado para trás ou ignorado. Também surge naqueles que não ousam mostrar-se, mas
que insistem em que os outros reparem neles. E quando os outros não fazem isso, são
considerados antipáticos e tolos.
Falamos aqui de um orgulho que é alimentado nas fontes do medo. Também há
outras formas de orgulho que provém da presunção social, ou o orgulho que se deve à
boa aparência física. Esses tipos de orgulho nem sempre surgem do medo de não ser
admirado.
O orgulho é uma característica principal que separa as pessoas muito mais do que
todas as outras características principais, pois é exatamente isso que o orgulhoso quer:
ser diferente dos outros, destacar-se, ser admirado pela sua excentricidade e,
especialmente, por do
uma idéia confusa suaque
superioridade. Como
seja amar e ser acontece
amado tantaspara
é o motivo vezes, também
uma forma nesse
de caso
expressão do medo. A pessoa orgulhosa sente-se mais isolada do que as outras; e ela
explora esse isolamento sem perceber, de uma forma constante, a ponto de o orgulho
tornar-se um sentimento vital. Contudo, ela acredita que só pode conquistar o amor ao
se apresentar para o próximo como alguém que sabe mais, que pode mais e que, em
princípio, tem acesso a segredos que estão ocultos aos demais. Um desses segredos é ela
mesma. A idéia de que tem de ser amada e admirada unicamente pela sua singularidade
está profundamente arraigada. Nenhum fracasso pode levá-la a deixar de acreditar que a
superioridade é o único meio de que dispõe para granjear a simpatia dos outros.
Já dissemos que uma pessoa com a característica do orgulho se isola muito mais dos
outros do que pessoas com outras características. A barreira que constrói entre ela e
aqueles por quem quer ser amada é o seu muro de proteção. A pessoa orgulhosa é tão
vulnerável, tão sensível, tão facilmente ofendida em sua auto-estima que acredita que só
pode sobreviver se proteger-se constantemente da proximidade dos outros. Ela é muito
carente, mas não sabe por que; também não deixa que os outros percebam sua carência.
É vulnerável, principalmente porque tem baixa auto-estima e precisa de medidas
enérgicas para manter-se forte. Ela está pessoalmente convencida da superioridade do
seu valor. Isso a torna diferente das pessoas com a característica da abnegação, bem
como das que se valem do martírio para expressar o medo.
Geralmente, o orgulhoso é ainda mais cheio de si do que parece. Acha insuportável
quando seu valor é posto em discussão. O seu valor pessoal é a sua obstinação e o seu
castelo. Mesmo que nenhuma das pessoas à sua volta tenha reconhecido ou vá
reconhecer o seu valor, ele sabe que esse valor existe. Mas é óbvio que ele superestima
esse valor, por ter medo de que possa ser posto em dúvida.
O orgulhoso é como um negociante que vende uma mercadoria rara em determinado
país; por exemplo, alguém que vende miçangas num lugar em que elas são muito
cobiçadas. Afinal, ele tem consciência de que a mercadoria que tem para vender é rara
e, por isso, pede por ela uma quantia que ninguém estará disposto a pagar, visto que é
exorbitante. Se aparecer alguém vendendo miçangas por um preço mais baixo, o preço
despropositado do primeiro negociante terá de cair imediatamente.
Assim sendo, a pessoa com essa característica principal vive atormentada com o
medo secreto de que surja alguém que seja maior, mais inteligente, mais capaz e de
maior valor do que ela, pondo em xeque o altíssimo valor que estabeleceu para si
mesma.
Assim, para se proteger, essa pessoa tem de menosprezar todas as pessoas que
pareçam constituir, mesmo que de longe, uma ameaça em seu círculo de convivência. E
mais orgulhosa ainda será a sua atitude para com as pessoas que, segundo o seu
julgamento, não chegam nem aos pés dela. Por essas pessoas demonstra grande
simpatia, sente afeto e demonstra interesse, ao passo que com aquelas que possam ter as
mesmas aptidões que ela, ainda que de fato não as tenham, passará facilmente a ter uma
relação competitiva ou de rivalidade; a pessoa orgulhosa fará tudo para triunfar sobre
elas ou para deixá-las no lugar onde mereçam estar.
O orgulhoso tenta administrar o seu medo, na medida em que se retrai para não ter
de sentir o isolamento que ele mesmo provoca. Ele gosta de ficar a sós porque, nesse
caso, ninguém pode atacá-lo ou deixá-lo inseguro. Com freqüência, trata-se de um
grande ególatra, pois o fato de fazer algo que ninguém mais faz, de pensar em algo em
que ninguém mais pensou, lhe dá a certeza da sua grandeza e do fato de ser
insubstituível; e ele precisa dessa certeza para não sentir solidão. Muitas vezes, ele tem
dificuldades devido à rigidez que domina o seu corpo, pois o estado de tensão é
permanente em sua se
admite que alguém vida e serve dele.
aproxime para manter
Essa é aintatos os seus muros
sua preocupação de defesa.
principal. Ele não
Ao mesmo
tempo, anseia por um contato verdadeiro e profundo, por um contato que o envolva e o
faça ter a expectativa de ser aceito e amado, caso ouse sair do seu refúgio e se mostre
desprotegido diante dos seus semelhantes; quer ser aceito mesmo que os outros fiquem
sabendo como ele é em uma hora de fraqueza: vulnerável, tímido, inseguro e
extraordinariamente carente de amor.
As pessoas com a característica principal do orgulho se dividem em dois grupos
distintos, Aquele que projeta sua arrogância para fora pode ser rapidamente identificado
por vocês, pois facilmente se dá a conhecer. Eles são suficientemente corajosos e
capazes de estabelecer contato e de subestimar, repreender ou mostrar abertamente a
tolice ou a incompetência do próximo.
O outro grupo esconde o orgulho por trás de um muro de silêncio. Desse grupo
fazem parte todos os que são tão inibidos, tímidos e vulneráveis, que guardam a imagem
que têm da própria grandeza e do próprio valor como se fosse um segredo perigoso. São
aqueles que não confiam esse segredo a ninguém, os que se isolam mais ainda e os que,
mais do que os outros, temem que alguém chegue bastante perto para descobrir esse
segredo. Caso isso aconteça, o segredo se desfará imediatamente, não terá mais valor e
não cumprirá sua função de proteção.
A pessoa com a característica principal do orgulho sempre é acanhada ou tímida. No
entanto, as pessoas do primeiro grupo vencem esse acanhamento, enquanto que as do
segundo não vêem nenhuma possibilidade de romper o muro de separação por meio de
palavras eloqüentes ou observações afáveis. As pessoas que vivem sua arrogância
somente no íntimo, são aquelas que nunca dizem nada, embora pensem bastante. Elas
nunca nos fariam suspeitar que se sentem superiores a todos os outros. Acontece
exatamente o contrário; elas ocultam essa certeza, visto que temem não ser capazes de
superar seus semelhantes; ocultam dos outros a sua suposta grandeza, para não os
molestar ou assustar e para não lhes dar a impressão de que são pequenas e
insignificantes.
O orgulhoso é mais sensível do que qualquer outra pessoa quando se trata de
descobrir a hipocrisia, a expressão de falsidade no falar e as inverdades em geral. É por
isso que nunca nos podemos aproximar dele por meio de adulações, de falsos
sentimentos ou da admiração e do falso respeito. O medo de ser magoado e
desmascarado aguça de tal forma sua sensibilidade, que o orgulhoso prefere
desmascarar os outros, fazendo isso com sucesso. Assim, o orgulhoso deixa de ver que
com suas estratégias de desmascarar as pessoas, ele afasta aquelas que, em sua maneira
desajeitada e amedrontada, procuram aproximar-se dele. Por isso, quem se predispuser a
amar uma pessoa arrogante, terá de ficar atento para nutrir por ela apenas sentimentos
autênticos e honestos, seja de perto, seja à distância. A pessoa com a característica
principal do orgulho consegue suportar melhor quando o parceiro ou algum membro da
família lhe dá a entender que não concorda com suas atitudes ou com o seu modo de
expressão. Isso ela sente mais claramente, como uma prova de amor, da mesma forma
como, ao contrário, desde o inicio descarta como falsas as promessas e juras de amor.
Como a pessoa orgulhosa faz questão - e tem de fazer questão - de sua superioridade
moral, espiritual, prática ou teórica, ela deseja ver ao seu redor pessoas que reconheçam
essa superioridade, sem serem afugentadas por ela, mas que lhe deixem também a
possibilidade de tirar temporariamente a sua “couraça” ao menos “em casa”. Assim
poderá viver o ser humano que reprime em seu interior, mas do qual toma
crescentemente conhecimento à medida que envelhece: um ser humano que tem a pele
mais
que asdelicada,
que não mais fina, mais
conhecem sensível
o medo do quedaamágoa.
destruidor dos outros. Ela é mais vulnerável do
A pessoa com a característica principal do orgulho está sempre com medo de ser
magoada, embora não consiga admitir facilmente essa possibilidade, pois quer ser e
ficar incólume. Prefere separar-se dos demais e sentir-se incompreendido, prefere
recusar todo tipo de proximidade, em vez de assumir a possibilidade imaginária de ficar
decepcionada caso deixe alguém se aproximar, forçando passagem pelo seu muro, a
ferir.
Por isso, é importante que as pessoas que amam uma pessoa com a característica
principal do orgulho tenham muita paciência e mantenham uma distância segura a fim
de minimizar a defesa do orgulhoso. Todo impulso impetuoso demais fortalecerá os
muros que ele criou para se defender, ao passo que uma atitude cuidadosa, sem
cobranças, paciente, de expectativa, dá ao orgulhoso uma possibilidade de abandonar
lentamente o tormento da sua solidão e de reconhecer que as portas fechadas em seu
íntimo podem ser abertas com facilidade; e que poderá trancá-las outra vez a qualquer
momento, quando o seu medo assim exigir.
Estabilidade, lealdade e sempre novas oportunidades não exigentes de amor são a
libertação mais eficaz da prisão do medo que uma pessoa orgulhosa erigiu em volta do
âmago do seu ser. Quando ela reconhecer e aceitar que as expressões do seu orgulho e
da sua condescendência são, primariamente, uma forma de expressão do seu medo de
ser ferida, ela achará mais fácil abandonar o castelo em que se refugiou, tal como
acontece com a maioria que é atormentada pelos seus medos básicos; pois ela logo
sentirá o extraordinário alívio e o crescente calor físico e mental quando, apesar desse
medo de aproximação, deixar que o parceiro e os outros a amem. A altivez que a
tornava uma pessoa inacessível se desfará. Ela se deixará tocar quando tiver certeza da
fidelidade do parceiro e da lealdade dos amigos.
A Impaciência.
Medo da Negligência
- impaciente; ousado +
têm de ser
realizar umchamadas
objetivo depara apoiar
vida, o objetivodedeencarnação,
um objetivo desenvolvimento.
é precisoNesse sentido,ou
cooperação, para
seja,
o trabalho ativo em conjunto de vários companheiros anímicos; estes, segundo o acordo
feito, terão de estar dispostos a executar aquelas ações e a tomar aquelas decisões que
tornarão mais fácil o crescimento de quem escolhe, ou também de exigir que ele tome
determinadas decisões. Para tanto, colocam obstáculos no caminho da alma para que ela
se desenvolva rapidamente ou faça um esforço para superá-los.
Todo objetivo de desenvolvimento exige conflitos. Assim como a criança que
muitas vezes faz um grande avanço em seu crescimento físico e espiritual quando se
defronta com dificuldades ou quando uma doença grave a obriga a ficar de cama
durante certo tempo, a alma também fará progressos notáveis em seu desenvolvimento
quando a vida, ou outras pessoas lhe apresentarem algumas contrariedades, para que ela
possa medir forças com elas.
Nós dissemos: vocês não têm de se preocupar com a sua essência; e também o medo
surge como que por si mesmo. Pois bem, o objetivo também tem de causar um certo
resultado espontâneo. Com essa informação queremos dizer que, depois que vocês
estabeleceram e escolheram o objetivo, ele não pode ser mudado; ele é espontâneo no
sentido de que, como um farol, ilumina a vida. Tudo o que fizerem e viverem e que
sempre, quer saibam disso ou não, quer o percebam consciente ou inconsciente, dá
valor, rumo e uma orientação à vida, sem que se exija um esforço maior ou mais
cansativo.
Portanto, vocês não precisam lutar para encontrar seu caminho com ajuda de uma
bússola, mas sim saber que seu objetivo está sempre presente a fim de iluminá-los nas
trevas. Seja o que for que fizerem ou deixarem de fazer - isso serviu para fazê-los
chegar mais perto desse objetivo. Toda omissão, mais cedo ou mais tarde, leva ao
conhecimento de que vocês fizeram um pequeno desvio. Mas vocês sempre encontrarão
a rua principal outra vez. Vocês também sentirão nitidamente quando se aproximarem
um pouco mais do seu objetivo, o grande farol. A percepção, seja ela consciente ou não,
sempre está desperta para as exigências do objetivo de desenvolvimento.
Corno acontece com os outros elementos do padrão anímico, também com respeito
ao objetivo vocês podem averiguar se estão se aproximando dele ou se optaram por um
desvio. Vocês não podem se distanciar do seu objetivo, pois se trata de um tema vital,
que vocês analisam de todos os lados, e vivem ativa ou passivamente. Mais cedo ou
mais tarde, vocês o alcançarão. E se, no final da vida, vocês ainda não tiverem chegado
ao lugar de onde lhes acena o farol, estarão bastante perto para reconhecer seus
contornos e seu efeito reconfortante.
O objetivo que vocês estabelecem para si mesmos pode ser repetido na próxima vida
ou
vidaemlhes
algum outropodem
fez bem, momento.
optarQuando
por uma perceberem
segunda ouque a direção
terceira vez que
pelatomaram em uma
mesma. Com a
mesma perfeição e prazer, vocês podem estabelecer um novo objetivo para cada uma
das vidas, e, assim, numa seqüência bela e constante, analisar todos os objetivos, pois,
em última análise, todos os faróis estão na mesma grande ilha.
1 - A Demora
- retirada; retrospecção +
2 - A Recusa
- preconceito; discernimento +
3 - A Subordinação
- submissão; dedicação +
O objetivo
formando de desenvolvimento
um todo da alma,
harmônico e também comoaprender como encarnar
se subordinar ao desejonadeforma humana
uma presença
exterior a si mesma, é de especial importância para todos os que se dispõem a percorrer
o caminho da encarnação. Por um lado, é preciso entender que a alma - pouco importa
se ela se encarna ou não num corpo humano - sabe que a subordinação é um fenômeno
energético, com o qual ela está familiarizada. Ela está acostumada a se subordinar aos
objetivos de sua família anímica, sem que para isso seja preciso renunciar aos seus
objetivos pessoais. Ela está acostumada a adaptar-se à carinhosa imposição de vontade
do crescimento geral. Ela sabe como faz bem entregar-se ao curso dos acontecimentos,
ao desenvolvimento espontâneo e aquilo que vocês denominam, neste planeta, de
destino; nós, da nossa perspectiva, designamos isso como realização de um plano maior,
do qual a própria alma é parte decisiva. Portanto, todos vocês estão familiarizados com
a subordinação. No entanto, a subordinação também tem de ser aprendida pelo corpo.
Para isso serve o objetivo que iremos analisar.
A maioria dos que escolheram o objetivo da subordinação para esta vida, anseia pela
dedicação e, ao mesmo tempo, tem medo dela. Desse objetivo, contudo, também faz
parte a rebelião, com a qual nos insurgimos contra a repressão.
Em primeiro lugar, a subordinação é considerada desagradável pela maioria das
pessoas, como algo que pode ser comparado a um jugo ou escravidão. Isso se deve ao
fato de a maioria de vocês viver num tempo e sob circunstâncias históricas em que o
dia-a-dia não está impregnado dessa subordinação, considerada torturante, desagradável
e limitadora; contudo, vocês trazem experiências de muitas vidas anteriores, que em
grande parte se cumpriram através de diversas formas de repressão e de submissão, nas
quais não havia possibilidade de escolha, visto que a estrutura da sociedade, seja a casta
ou a posição socia1, não especulavam se uma pessoa queria obedecer ou não.
É por isso que, ainda hoje, o objetivo da subordinação inspira tanto medo. O ser
humano que está num corpo feminino, tem ainda mais dificuldade para entender que a
subordinação não se opõe à ânsia de liberdade, de emancipação com relação à idéia de
papéis tradicionais para homens e mulheres. No entanto, é necessário entender a beleza
e o valor desse objetivo. Também nesse caso ocorrem associações desagradáveis entre
os conceitos de subordinação e de submissão. Quem já fez experiências com a negação
de si mesmo ou o martírio, estará disposto a pôr a culpa da voluntária despersonalização
em outra pessoa, repreendendo-a por aceitar um sistema de subordinação.
A subordinação, entretanto, é um ato de liberdade e uma necessidade da alma; ao
passo que a submissão, como pólo negativo desse objetivo, ocorre quando uma pessoa
se vê forçada a se resignar devido ao medo que sente do castigo, do desamparo, do ódio
e da raiva, e também devido a uma sensação de fraqueza, que a faz se submeter ao outro
ou às circunstâncias - sejam elas quais forem. Esse tipo de submissão nunca traz uma
sensação de liberdade, o que é possível no pólo positivo da subordinação, ao qual
chamamos “dedicação”.
Dedicação significa a solução de um aspecto do ego que manifesta e expressa uma
vontade medrosa a fim de se proteger, a fim de estabelecer limites para si e defender-se
diante da vida ou dos semelhantes. Quando essas necessidades da falsa personalidade
forem se atenuando paulatinamente, quando os muros forem abaixo, quando o desejo de
entrar em contato com as pessoas se tomar cada vez mais forte, a dedicação se torna
uma felicidade. Muitas vezes ela harmonizará a energia da pessoa com o objetivo de
subordinação, mostrando como a dedicação a inunda de amor, de suavidade e de boa
disposição, e traz a ela muito mais benefícios do que o seu medo de que alguém possa
decidir por ela. Pois é aí que reside a dificuldade da pessoa que tem como objetivo a
subordinação.
muito flexível Ela quer evitar
e receptiva, que alguém
a ponto de ficardê ordens
sob a ela. de
o domínio Elaoutra
tem medo
pessoa,desem
se mostrar
chance
de se defender. Mas a verdadeira força - que ela conhecerá durante o curso da vida com
freqüência cada vez maior - consiste na receptividade e na dedicação em relação àquilo
que vem ao encontro da vontade de todos, e que só pode ser alcançado quando duas ou
mais pessoas se submetem ao consenso geral.
Assim como uma carruagem puxada por seis cavalos e guiada por um condutor não
pode chegar com segurança ao seu destino se nem todos os cavalos fizerem força,
submetendo-se à vontade do condutor e movendo-se de forma regular e subordinada, da
mesma maneira a pessoa não pode alcançar determinadas metas se não aprender a se
subordinar e aceitar essa subordinação. A isso também se soma a revolta. Quem quiser
se desenvolver para atingir o objetivo da subordinação, terá de praticar também a recusa
e a rebeldia.
Como a subordinação é o objetivo arquetípico da essência do guerreiro, gostaríamos
de usar as imagens das táticas bélicas para esclarecer melhor essa questão. Enquanto um
soldado não estiver preparado para cumprir ordens dadas por um posto de comando,
opinião ou planejamento mais elevados, mostrando nisso a expressão individual de
vontade, um exército não poderá atacar os inimigos de surpresa, nem será possível
nenhuma mobilização estratégica. Quando tudo fica confuso e cada um faz o que quer
ou o que considera necessário, não se pode pensar em sucesso nem em vitória. O
mesmo vale para as pessoas que, na ânsia de alcançar um ideal, aliam-se a uma grande
organização, confiando o estabelecimento do objetivo a uma instância superior, com a
consciência de que sozinhas não estariam em condições de realizar esse desejo.
Algumas pessoas descobrem sua capacidade de dedicação por meio de uma idéia ou
de uma presença não-humana, e não por meio da subordinação a uma vontade social ou
de um parceiro. Quem confia no que chama de “divino”, pratica a verdadeira dedicação.
Quem confia na vida, com seus altos e baixos, sem querer influenciá-la com seu ego e
com as forças da sua falsa personalidade, quem ouve a própria intuição, o Eu Superior
ou os irmãos anímicos, pratica a dedicação à medida que aprende a suportar a falta de
isolamento ou ausência de limites, sem o medo de ter que se submeter a uma força que
não pode controlar nem negar. Mas existe também a subordinação de caráter pessoal,
que a pessoa tem de suportar na família ou num relacionamento a dois. Muitas pessoas
lidam com isso sem problemas; outras, no entanto, encontram dificuldades, porque
sentem ainda mais medo de ter de submeter-se à vontade do parceiro ou dos pais.
Caso vocês tenham escolhido o objetivo da subordinação, é da maior importância
que deixem a dedicação assumir o lugar da submissão medrosa ou resignada. A pessoa
com o objetivo da subordinação tem de criar na vida circunstâncias que lhe dêem a
oportunidade de praticar a subordinação e de conhecer tanto a dedicação quanto a
submissão. Ela pedirá, contudo - e isso em interesse próprio -, que os outros também
estejam dispostos a se submeter a ela. Pois tal como acontece com todos os objetivos,
também neste caso é preciso viver o espectro global da experiência, com todos os seus
aspectos.
Portanto, a subordinação não é essencialmente um objetivo passivo. Ele pertence à
popularidade da ação e por isso também precisa se manifestar de forma ativa. A pessoa
com o objetivo da subordinação, e que já esteja suficientemente madura, tem o dom
especial de motivar as outras pessoas a se dedicarem. Ou, quando o seu medo se torna
forte demais existe o risco de ela forçar os outros a se submeterem a ela e à sua vontade.
Normalmente, as pessoas com o objetivo da subordinação têm uma enorme
capacidade de se impor, por meio de uma vontade bem marcante. Exatamente por ter
essa capacidade e aptidões, é um desafio especial para essa pessoa praticar a dedicação
eocupem
renunciar
umaà vontade de se impor
posição inferior sobre os semelhantes, os subordinados ou colegas que
à dela.
Muitas pessoas com o objetivo da subordinação preferem não ser muito ativas, nem
querer submeter-se às experiências dos outros, o que faz com que se retraiam e evitem
relacionar-se com os outros para não pender para a polarização negativa. Como elas
mesmas cultivam um grande medo de serem submetidas às exigências da sociedade ou
às imposições de pessoas e de situações, elas fogem desse perigo e, ao mesmo tempo,
do perigo de ter de mandar nos outros, fazendo com que estes tenham de se render à
vontade forte da personalidade dela sem oferecer resistência.
Mas essa não é necessariamente a melhor solução. Pessoas com o objetivo da
subordinação precisam da experiência de viver em comunidade. Elas precisam de
oportunidades de testar suas forças por meio da amizade, do trabalho e da parceria, e de
poder escolher entre a dedicação ao coletivo, com suas exigências mais elevadas e uma
submissão impregnada pela aversão, pelo desespero e pelo ódio. A capacidade de amar
que é aumentada em grande medida pela dedicação, visto que esta rompe barreiras e
inunda o coração com uma suavidade resplandecente, como nenhum outro objetivo faz,
desenvolve-se somente a partir da decisão espontânea de modificar a vontade de tal
forma que ela possa concretizar-se em meio a uma força positiva.
4 - A Estagnação
- solidificação; paralisação +
5 – A Aceitação
- falsa amabilidade; bondade +
6 – A Aceleração
- confusão; conhecimento +
O objetivo da aceleração sempre é escolhido pela alma que tem coragem e força
para realizar coisas e mais coisas muito importantes em determinadas circunstâncias,
fazendo experiências e vivendo melhor do que nas vidas anteriores. Mas isso é
extenuante demais,
essa alma usará embora tragadoumcoletivo
as constelações grandeanímico
avanço no
que,desenvolvimento. Ou,das
independentemente então,
necessidades particulares de cada alma, torna possível um crescimento considerável e
rápido.
Essas constelações são usadas quando um número mais elevado de membros da
mesma família anímica se coloca à disposição para viver grandes conflitos; quando
muitos desses irmãos anímicos encarnam ao mesmo tempo e de tal forma que possa
haver, naturalmente e com freqüência contatos agradáveis e desagradáveis entre eles. O
objetivo da aceleração muitas vezes é escolhido quando circunstâncias históricas ou
políticas apresentam um quadro especial que torna possível a elaboração de temas que,
em outras ocasiões não estariam acessíveis de forma tão sensível e impressionante.
Pode tratar-se, por exemplo, da época de grandes guerras ou de um período de
progresso material ou científico muito grande, ou ainda de um período de queda dos
grandes reinos ou da migração dos povos. Vocês podem imaginar como deve ser difícil
para as pessoas que pautaram seu programa biológico em segurança, na estabilidade e
no lar, valerem-se dessa estabilidade e dessa lealdade para encontrar-se de repente numa
situação em que se vejam obrigadas a renunciar ao lar e a pôr-se a caminho, deixando
de criar raízes, perdendo membros da família ou passando pessoalmente por situações
de grande risco, que nunca ocorreriam se pudessem se estabelecer em determinada
região e lá ficar com o seu povo.
Esse tipo de situação se manifestou uma vez, logo depois da II Guerra Mundial, em
toda a Europa e provocou grandes fugas em massa. Trata-se de uma situação típica,
além de extremamente estressante, escolhida pela pessoa cujo centro de atenção é o
tema da aceleração. Todo desafio em que o ser humano se veja diante da chance de um
grande crescimento, será aceito e enfrentado de uma maneira ou de outra.
Portanto, a aceleração sempre busca situações difíceis, que exigem grande coragem
e determinação. Mas, naturalmente, o crescimento não tem de necessariamente
acontecer por meio de dificuldades. Muito pelo contrário: a alma madura ou antiga, que
busca desenvolvimento acelerado, terá de aprender a não ficar parada quando nada
acontece, quando tudo corre bem, quando não há dificuldades ou desafios a vencer.
Nesse caso, ela se sente impelida a criar problemas onde eles não existem ou a aumentar
a gravidade dos mesmos, simplesmente porque precisa do problema para seu próprio
desenvolvimento. Em toda parte, ela vê desafios e dificuldades, onde outros apenas
ficariam maravilhados. E quando essas dificuldades não são mais tão evidentes no
mundo exterior, ela as buscará em si mesma e as encontrará. E, visto que ela então se
volta para a própria profundeza, para a sua psique e o seu inconsciente, ela será alguém
que cresce com predileção em situações conflitantes, e que não tem paz enquanto não
esgotar os motivos do seu desejo de progredir e enquanto tiver a sensação de que
realmente está fazendo progressos.
O crescimento tem em si a característica de avançar por meio de um processo de
“pare e ande”. O crescimento nunca é contínuo; ele se faz aos trancos. Quando se tem o
objetivo da aceleração do crescimento, precisa-se aproveitar tudo o que estiver à
disposição para se ampliar a consciência. Para uma pessoa que fez do objetivo da
aceleração o seu principal objetivo, é importantíssimo identificar as fases anteriores às
fases de crescimento, e não discutir quando a psique e também a alma resolvem deter-se
um pouco, antes de dar o máximo grande passo. Vocês sabem que, depois de uma fase
de doença em que uma criança se vê obrigada a guardar o leito, os pais em geral
constatam com surpresa o fato de ela ter crescido alguns centímetros, com uma rapidez
que não seria possível no estado de saúde.
Por isso, a pessoa com o objetivo da aceleração precisa freqüentemente de fases de
calma, de recolhimento,
aceleração. quasepara
Sem essas pausas de regressão,
descanso,para se preparar
ela não chegará para um novo tempo
ao conhecimento nemdeà
compreensão. O estado de não-compreensão se estabelecerá e ficará mais forte.
Nenhum ser humano, nenhum animal, nenhum fruto pode crescer sempre e
ininterruptamente. Os períodos de preparação também são um elemento importante do
crescimento. Só que eles não se mostram de maneira muito óbvia. Quem não descansar,
acabará ficando profundamente confuso.
O ser humano que tenha a aceleração como objetivo muitas vezes se perguntará,
desesperado, até que ponto ainda terá de crescer. Ele percebe em si e fora de si
reivindicações que o deixam muito cansado, e ele gostaria de, mais ou menos ansioso,
lutar contra o fato de ter de continuar se desenvolvendo continuamente. Já falamos
sobre a espontaneidade do objetivo. E assim, como é válido para todos os objetivos,
também para o objetivo da aceleração é preciso que uma certa espontaneidade, um certo
automatismo façam parte do progresso. Assim como vocês podem mandar instalar um
câmbio automático no carro para não precisar preocupar-se mais com a mudança de
marchas, assim também, na vida de todos que concordaram com o crescimento
acelerado existe um câmbio automático que lhes possibilita pensar temporariamente em
outra coisa, bem diferente do fato de terem de evoluir.
Para as pessoas com o objetivo da aceleração, a meditação e os momentos de
tranqüilidade têm um significado muito especial. E quando não concedem a elas
mesmas essa tranqüilidade, acham mais difícil suportar a insatisfação que as atormenta
sempre que deixam de fazer os progressos impostos pelo seu padrão reativo e pela sua
norma interior, sempre muito exigentes. Com freqüência, a tranqüilidade é considerada
erradamente o pólo contrário do crescimento interior. Mas isso não é verdade,
principalmente quando se trata de pessoas que aceleram a evolução da alma. O não
fazer nada consciente é de considerável importância para o crescimento interior e
exterior, pois dele nasce o mais elevado conhecimento. Aprender a suportar com
sinceridade a impotência, o desamparo, a confusão passageiros é um desafio com o qual
se depara toda a alma que interiorizou o objetivo da aceleração.
Seres humanos com esse objetivo estabelecem para si mesmos desafios elevados,
muitas vezes elevados até demais. Eles anseiam por um tipo de provocação, pois vencer
grandes dificuldades lhes parece ser o sentido da vida. Mas eles odeiam a
complementação necessária para conseguir a lucidez, o conhecimento que querem obter.
Eles se defendem da confusão porque não conseguem definir a falta de clareza, e são
acometidos pelo medo de que ela possa durar para sempre.
No entanto, para as pessoas cujo objetivo é a aceleração, a confusão é como o
combustível que coloca o motor em movimento. Sem confusão não é possível nenhum
conhecimento. Só quem se deixa levar pelos sentimentos angustiantes do medo de ver o
chão faltar debaixo dos pés, e de não saber para onde leva o caminho e que caminho tem
de seguir, pode esperar aprender coisas novas.
Quem escolheu a aceleração como temática de vida muitas vezes vê uma grande
vantagem em torná-la tão difícil quando possível. Nós, contudo, queremos lembrá-los
de que nenhum dos objetivos de desenvolvimento tem a função de dificultar uma
existência, uma vida, uma encarnação, até torná-la insuportável. Por isso, aconselhamos
a todos aqueles cujas almas sentem a necessidade de, numa única encarnação, dar
grandes passos, tão rápido quanto possível, a confiar em sua dinâmica inerente,
aceitando que a alma, como que por si mesma, busca os desafios apropriados. Uma vida
terrena já contém suficientes áreas de atrito, sendo portanto desnecessário que lhe sejam
acrescentados outros desafios e exigências pela psique e pela razão.
O objetivo da aceleração se equipara ao vôo rápido de um pássaro. Pesos de chumbo
impedem
capacidadeo pássaro de voar.
de se apoiar A leveza, asão
nos momentos graça e a imprescindível
características que todaconfiança na objetivo
pessoa com
da aceleração também tem. Essas qualidades se manifestam à medida que o
conhecimento de sua habilidade inata torna-se consciente.
7 - O Domínio
- ditadura; direção +
IV – OS MODOS DE AÇÃO
VISÃO GERAL
OS MODOS DE AÇÃO
EXPRESSÃO
5 – Poder 2 – Precaução
- tutela; - nervosismo
autoridade + excessivo;
circunspecção +
INSPIRAÇÃO
6 – Paixão 1 – Discrição
- fanatismo; - inibição;
carisma + repressão +
AÇÃO
7– 3 – Perseverança
Agressividade - irremovibilidade;
- mania de persistência +
discutir;
dinâmica +
ASSIMILAÇÃO
4 – Observação
- vigilância; visão clara +
1 - A Discrição
- inibição; repressão +
A discrição - modo de ação no campo da inspiração - pode ser analisada como uma
alternativa com relação à paixão. Enquanto o apaixonado se entrega em todos os
âmbitos da vida, a pessoa discreta se controla em todos os aspectos da sua vida. Essa
pessoa não se deixa arrebatar por suas necessidades e sentimentos. Ela sabe o quanto é
benfazejo, para si mesma e para o seu meio, refrear sua força, sua vontade, sua cobiça,
mas também seu medo, sua raiva e sua luxúria. No entanto, quando ela não só controla,
mas também inibe esses sentimentos -, ela reprime excessivamente a sua personalidade,
a sua essência. Nesse caso ela não consegue mais sair de si mesma, não mais age pela
liberdade que reside na repressão, mas torna-se uma escrava das próprias inibições. A
repressão e a inibição, como pólos positivo e negativo desse modo de ação, se
relacionam com a necessidade de reprimir uma energia existente. Essas repressões e
inibições seriam, pois, completamente supérfluas se não houvesse o que reprimir.
Muitas pessoas com esse modo de ação têm uma irradiação energética refreada, não
transparente quando o medo as domina e, então, a inibição por se entregar e por se
mostrar é tão grande que tentam tornar-se invisíveis, resultando essa irradiação
energética refreada apenas no medo de serem levadas por essa energia se ficarem
desinibidas. Por isso a pessoa inibida constrói tantos muros e introduz tantas comportas
na correnteza das suas forças, que ela pode partir disso para mantê-las sempre sob
controle. Na verdade, porém, seus muros e suas comportas há muito tempo têm essa
pessoa sob controle. Essas coisas se tornaram autônomas e a pessoa que se inibe sem
cessar desde a juventude, achará muito difícil derrubar esses empecilhos para correr
novamente com toda sua força, podendo mobilizar-se em liberdade.
O inibido, portanto, é um prisioneiro e, ao mesmo tempo, o guarda do presídio. Ele
é a água e o guardião das comportas. O seu guarda de comportas, contudo, é uma figura
extremamente tímida e cautelosa. Só agirá cumprindo ordens superiores. Nunca vai
confiar em si e nunca ousará dispor arbitrariamente da afluência de energia e, se os
serviços públicos negligenciarem a fiscalização, dará preferência a paralisar tudo, a
deixar secar e tornarem-se áridas regiões inteiras a tomar uma decisão que traga um
risco de poder ser castigado pela sua arbitrariedade.
Assim, a pessoa discreta prefere organizar-se em suas inibições e para isso agüentar
que sua paisagem anímica fique deserta. Essa pessoa só se sente segura em seus diques
e barreiras: em todo caso ela se põe a especular com essa possibilidade: “O que
aconteceria se eu não tivesse nenhuma inibição?”
Não obstante isso, a pessoa tem medo de submeter à comprovação os efeitos
práticos dessa especulação. Por outro lado, entretanto, sua psique também intui como
poderia ser glorioso
Contudo, não ter inibições
há, atualmente, e poder
muitos meios fluir livremente
e caminhos comoinibições
de eliminar as águas.que estão à
disposição a qualquer momento; um desses meios é o álcool. Por isso há muitas pessoas
com o modo de ação da discrição que de toda maneira querem livrar-se de suas
inibições e, para tanto, lançam mão da bebida. Pois uma boa dose de bebida libera, em
pouco tempo, ao menos temporariamente, o inibido de sua prisão. Sua língua se desata,
seus membros se tornam mais flexíveis, ele faz coisas que nunca imaginaria ser capaz
de fazer. Toda a especulação do seu ego se torna visível, ele começa a se gabar e a
vangloriar-se, e a supervalorizar suas forças na mesma medida em que, em seu estado
normal, ele as desvaloriza. Nessa condição é muito difícil ele reprimi-se. O relaxamento
e a excitação provocados pelo súbito fluxo de energias que percorrem seu corpo e se
irradiam para fora são tão envolventes, que a idéia de uma repressão equilibrada do seu
ímpeto nem lhe passa pela cabeça. O mesmo efeito pode ser observado no caso dos
remédios para dormir e das drogas, pois o inibido, com freqüência e em geral, está tenso
demais devido ao esforço de manter intatos os seus muros de defesa; e os medicamentos
têm um efeito libertador, visto que suas tensões desaparecem temporariamente com sua
ajuda.
A timidez do inibido é diferente da timidez do orgulhoso. O inibido, via de regra,
não chega a intuir sua verdadeira força. Ele sempre tem a possibilidade de substituir sua
inibição por uma repressão sadia. Enquanto o orgulhoso está muito consciente de suas
forças e possibilidades, se sobressai aos demais e constrói um muro que há de distingui-
lo dos outros, a pessoa discreta, e principalmente a inibida, muitas vezes não está em
situação de se expor, visto que ela não pode prescindir totalmente de sua discrição, ao
passo que o orgulhoso fica livre assim que deixa seu medo para trás.
A pessoa discreta, ao contrário, sempre haverá de querer efetuar uma certa repressão
em todos os âmbitos de sua vida. Mesmo quando está livre do medo, ela não é
exibicionista, mas continua tranqüila, precisa de tempo e raras vezes reage
imediatamente. Quanto menos ela se deixar dominar pelo medo, tanto mais agradável é
a sua discrição. Ela não é hostil, ela não é indiferente, é simplesmente calma e prudente.
Sua atitude se assemelha à do cauteloso, só que ela parece mais retraída. Ela não
tem a intenção de avaliar os prós e os centras de uma situação, porém, muito mais
deseja analisar os próprios sentimentos. Para ela não se trata tanto da objetividade e de
um julgamento sadio e adequado como acontece com a pessoa prudente. Para a pessoa
discreta importa muito mais fazer as suas necessidades, sentimentos e sensibilidade
entrar em sintonia com a situação do momento. E como isto exige uma atitude que não
reage imediatamente ou logo faz tomar iniciativa, a pessoa discreta é alguém que
primeiro se recolhe e se aconselha consigo mesma antes de tomar uma decisão.
Voltamos outra vez à afirmação de que este modo de ação pertence à polaridade da
inspiração. Isto significa que a pessoa discreta está em ligação tanto com a polarização
positiva quanto com a polarização negativa deste modo, com suas vozes interiores, mas
também com as inspirações por meio de forças que estão além de seu ser. E como vocês
sabem, para ouvir as vozes que não podem ser captadas com os ouvidos físicos, é
preciso que haja silêncio exterior, para que a pessoa que ouve não perca a concentração
devido às atividades que possam distraí-la.
A pessoa discreta, portanto, ansiará tanto mais por silêncio e tranqüilidade quanto
menos for atormentada pelo medo. Para aproximar-se do pólo amoroso do seu modo de
ação, ela precisa ter oportunidade de aconselhar-se consigo mesma, de testar suas
vibrações, suas respostas aos acontecimentos e analisá-los em profundidade. E quanto
mais freqüentemente tomar uma decisão depois de ter certeza e estar segura do que
corresponde
e voltará sua melhor
energiaao seuodesejo,
para mundo tanto mais facilmente renunciará à extrema discrição
exterior.
Como o modo de ação da discrição tem o número ordinal 1 e assim se relaciona com
o papel anímico arquetípico do agente de cura, vocês compreenderão quando dissermos:
a pessoa discreta espera por orientação. Ela busca essa orientação em seu intimo, junto
ao seu Eu Superior ou em Deus, ela busca em tudo o que seja fonte de inspiração. E só
quando tiver percebido essa orientação, quando tiver ouvido a voz inaudível estará
pronta para agir. Isso não quer dizer que a pessoa discreta sempre seja passiva. Ela
apenas sente simplesmente qual ação é mais apropriada. A pessoa cautelosa, ao
contrário pensa antes de agir.
A discrição, portanto, é um componente altamente positivo e importante quando se
expressa por meio de uma repressão descontraída, não-tensa e tranqüila. Por outro lado,
porém, ela se torna um adversário da pessoa com este modo de ação quando
predominantemente se expressa por meio de inibições que impedem de tal maneira o
fluxo natural das energias, que apenas o medo dá motivação para todas as decisões.
Assim como muros e comportas podem ser destruídos, assim também essa forma de
inibição pode ser eliminada. Não é somente a própria pessoa discreta que pode
investigar e observar em que condições seu medo arrefece, de que desafios ela precisa
em sua vida particular e em seu lugar de trabalho, para não ser impelida ainda mais
profundamente para o seu medo de que haja uma descontração; também os amigos, os
membros da família e os terapeutas podem contribuir substancialmente para diminuir a
inibição e transformá-la em discrição, assim que tiverem compreendido que uma pessoa
com este modo de ação nunca será desinibida, nunca desejará ser o centro das atenções
e sempre evitará tomar decisões sem antes consultar seus sentimentos.
Quem levar isso em consideração e não esperar que por ter eliminado as inibições a
pessoa discreta se transforme num leão de chácara ou numa mulher fatal, adotando uma
atitude exibicionista que só é possível quando se elimina artificialmente a inibição
juntamente com a discrição, poderá alcançar muita coisa com um trabalho paciente de
descontração. Contudo, quando se obriga uma pessoa demasiado inibida ou uma pessoa
moderadamente discreta a abandonar totalmente a discrição e por meio de manipulações
se tentar introduzi-la numa situação de vida em que se sinta exposta e só faça algo por
amor a alguém, o que fere com persistência a sua sensibilidade, isso a mandará mais
depressa de volta ás suas dolorosas inibições em vez de libertá-la.
Quem, porém, respeitar esse modo de agir numa pessoa em vez de tentar destruí-lo a
qualquer preço, dedicando-se amorosamente à pessoa discreta, poderá contar com a
simpatia duradoura da mesma. Em contrapartida, para pessoas fortemente determinadas
pelos modos de ação do poder, da paixão e da agressividade é especialmente difícil lidar
carinhosamente com a discrição, pois é exatamente a discrição que muitas vezes lhes é
desconhecida. Acham que até mesmo uma forma amena de discrição pode ser
equiparada à timidez doentia ou a problemas não solucionados. Além do mais, o único
problema consiste em que pessoas fortemente voltadas para a ação têm pouca
experiência e menos compreensão ainda para com os modos de ação mais passivos.
No entanto, em geral, acontece que a cautela, a discrição ou a persistência só são
escolhidas como modos de ação quando antes foram feitas experiências com modos de
ação bastante extrovertidos. Só quando uma pessoa dispõe realmente de uma força que
valha a pena canalizar, ela pode introduzir efetivamente esse processo. Dessa forma, é
freqüente poder observar que uma alma escolhe uma ou várias vezes um modo de ação
voltado para fora e só quando esgotou as possibilidades de desenvolvimento oferecidas
por esse modo de ação ela se recolherá: dessa distância recém-conquistada, ela
procurará reprimir e moderar as próprias forças de expressão, de inspiração e de ação,
masMuitas
sem perdê-las
pessoastotalmente.
com esse modo de ação, que sofrem devido às suas inibições, têm a
convicção de que se sentiriam melhor se não as tivessem; assim sendo, sonham com um
ideal confuso de não ter inibições, um ideal que teoricamente é viável, embora não
esteja à disposição das pessoas que optaram pela discrição como modo de ação.
Por isso ê da maior importância que uma pessoa discreta aprenda a defender sua
discrição e a avaliá-la positivamente. Seu medo e suas inibições às vezes lhe dão a
impressão de que só conseguirá atingir os ideais da sua personalidade se se comportar
de modo passional, agressivo ou imponente. No entanto, ela se orienta pelos modos de
ação que por um bom motivo não estão à disposição. Nós dizemos: por bom motivo,
porque a alma tem um desejo consciente e escolheu agir com discrição a fim de
experimentar algo novo.
Portanto, a melhor maneira de uma pessoa discreta livrar-se de suas inibições é
reconhecer o valor da sua atitude básica e não obrigar-se a mudar de posição. Para ela, a
discrição é fonte de conhecimento. O disfarce contraído e a ignorância de seus limites
naturais repletos de sentido, levá-la-iam de volta aos planos há muito tempo explorados
e que agora, na atual encarnação, antes a afastam do seu objetivo de desenvolvimento
do que a aproximam dele.
Lembrem-se sempre de que o modo de ação descreve a maneira pela qual uma
pessoa chega ao seu respectivo objetivo de desenvolvimento, mais rápida, significativa
e duradouramente. A pessoa discreta pode e deve garantir uma forma de repressão
descontraída, calma e não-tensa. Ela ficará feliz à medida que se aproximar do objetivo
por meio da análise das suas reações sentimentais, por meio da audição reflexiva da voz
interior que lhe dá orientação.
2 - A Precaução
- nervosismo excessivo; circunspecção +
A precaução é um modo de agir que protege vocês contra o fato de fazer tudo sem
refletir, apaixonadamente, rumando com demasiado ardor para a realização dos seus
objetivos, sem levar em conta que são pessoas e têm de viver de acordo com a
finalidade das coisas.
Finalidade quer dizer que é preciso considerar vários fatores limitadores, fatores que
não lhes querem obedecer, que vocês não podem controlar. Dentre esses fatores estão
em primeiro lugar as outras pessoas. Em segundo lugar, estão as suas modalidades de
ser, a sua disposição, os seus posicionamentos, os seus limites de personalidade. E
também o que vocês podem fazer num determinado momento e não podem fazer em
outro, e o que pretendem e acham possível fazer.
Em seguida, vêm todas as limitações que a sociedade lhes impõe. Há as leis, a
moral, há a sua psique que reflete a psique coletiva, há a educação pessoal que
receberam e que se manifesta na mentalidade educacional da sociedade e, por último,
mas não menos eficazes, há os limites impostos pela biologia humana, a química do
corpo, o seu vínculo com a Terra e com o cosmo a serem considerados.
Se não lidarem com esses fatores do modo aconselhado pela sua cautela, vocês
verão constantemente que o que pretendem fazer, os objetivos que desejam alcançar,
fracassam, pois antes de se darem conta, “já deram com os burros na água”. Quando, no
entanto, vocês querem alcançar os objetivos a curto prazo, não demora e vocês desistem
deles, pois se esforçaram demais e passaram por cima das outras pessoas, sem levar em
consideração as necessidades delas. Essas pessoas, por sua vez, se ressentem, pois
sentem
impondoque se exigiu
limites demasiado
a vocês: esforço
elas farão delas.
de tudo paraE,mostrar-lhes
assim sendo,o devolverão o ataque,
lugar que lhes cabe de
sorte que vocês ficam frustrados, aborrecidos, decepcionados, enfraquecidos em suas
pretensões. Por isso, logo hão de propor-se que não farão nova tentativa, que irão
resignar-se. E isso é uma pena.
Se vocês usarem de cautela, isso fará de vocês pessoas prudentes, pois vocês
incluirão em seus cálculos aquilo que poderá ser um obstáculo em seu caminho: isso
significa que vocês não fixam os olhos no objetivo, mas que, embora o mantenham sob
o alcance dos seus olhos, vocês estendem de tal forma o olhar que não vão pela vida
com os olhos vendados vendo apenas aquilo que está bem na sua frente. Ampliem o
ângulo visual de vocês e contemplem muitas coisas que estão à sua frente, perto de
vocês, atrás, em cima e embaixo, levando-as em conta, sem que essa consideração seja
falsa.
Ser precavido significa ser realista. Ser cauteloso significa ter visão de longo
alcance. Muitos só conseguem realizar seu objetivo de vida quando incluem também o
que está à esquerda e à direita do caminho, quando não excluem as realidades da vida,
porém contam realisticamente com elas, de maneira que a cautela lhes diz: “Agora você
está indo longe demais!” Ou então: “No momento você dá mais prejuízo a si mesmo do
que lucro; espere mais um pouco. Vá devagar! Verifique o chão sobre o qual está
pisando, pois poderia acontecer de você estar pisando em solo pantanoso: dê um passo
por vez e tome cuidado para não afundar. Depois que estiver enterrado no pântano até o
pescoço será mais difícil tirá-lo para que possa continuar rumo ao objetivo, teria sido
melhor dar alguns passos cautelosos buscando terra firme em que pudesse ficar em pé!”
A cautela gosta de aconselhar: "Nem todos têm capacidade para caminhar sobre as
águas. A grande maioria se afoga ao tentar fazê-lo. A cautela lhes diz para usar um
barco. E a cautela. aconselha a escolher um barco grande, talvez até mesmo um
transatlântico, se quiserem fazer uma longa viagem por mar. Quanto mais distante o
objetivo estiver de vocês, tanto mais difícil será atingi-lo e tanto melhores têm de ser os
preparativos. E vocês têm de ser mais prudentes, se quiserem chegar a ele de uma
maneira que valha a pena”.
Quando, por exemplo, uma pessoa com o objetivo do domínio escolhe o modo de
ação da cautela, terá grande significado usar esse modo de agir para que controle seus
apetites autoritários. Se ela tiver escolhido um outro objetivo ativo, por exemplo, o
objetivo da aceleração, muitas vezes será necessário colocar freios, ou cautelosamente
controlar a velocidade, de maneira que uma sobrecarga não leve a uma recaída ou a um
revés.
O modo de ação da precaução naturalmente tem dois lados. Como os outros modos
de ação ele tem dois pólos, tal como acontece com os outros elementos matriciais. Do
pólo positivo, do pólo que provém do amor, nós já falamos um pouco. Trata-se da
circunspecção, da prudência, da cautela inteligente e a consideração cheia de amor. A
circunspecção permite que a pessoa se avalie, a circunspecção congrega força antes de
dar o grande salto. A circunspecção não se desfaz à toa das forças e não admite ter de
desistir antes de alcançar o verdadeiro objetivo. Mas quem se deixa conduzir pelos seus
medos, facilmente será preso de um medo excessivo e abordará tudo e todos com
cautela exagerada. Ele se defenderá exageradamente de todo tipo de exigências, por
isso, raras vezes ou nunca, saberá onde estão seus limites e como poderá ultrapassá-los.
Uma pessoa medrosa, excessivamente medrosa com o modo de ação da precaução,
sempre terá bons motivos para fugir aos desafios da vida, voltando-lhe as costas,
fechando-se e repetindo desde a manhã até a noite: “Isso é demais para mim. Não
consigo fazer isso. Não tenho competência. Prefiro deixar isso de lado”. Na verdade, o
seu Uma
medopessoa
a leva aexcessivamente
substituir a precaução
nervosa pelo excesso
que se de nervosismo.
aproxime mais do pólo negativo do que
do pólo positivo da precaução muitas vezes cairá na tentação de achar que não tem
competência para nada e achará preferível viver em “fogo brando”, achará melhor ser
inativa, preguiçosa e pusilânime, buscando sempre bons motivos para isso, os quais lhe
são sugeridos pelo medo. Sua aura será cinzenta e sem vida, ao passo que a aura da
pessoa que cultiva a circunspecção é tranqüila, de um azul médio, contando com um
sopro cor-de-rosa quando ela reconhece os efeitos positivos da sua circunspecção e os
deixa agir sobre si mesma e sobre os outros. A pessoa excessivamente nervosa que foge
de todas as dificuldades, exigências ou supostos perigos como um animalzinho tímido e
que gostaria de se esconder, irradia uma aura de invisibilidade ao seu redor.
Uma pessoa precavida que cultive um excesso de nervosismo sentirá prazer em ver
perigos à espreita por toda parte. A vida dela consiste então de coisas incalculáveis e se
quiser apresentar-se à vida tem de enfrentar uma parte desses riscos. A pessoa precavida
vê perigos em toda ação e em todo movimento. Tenta manter-se medrosamente longe da
sujeira, das agressões, de brigas acaloradas. Não sai à rua porque pode escorregar. Evita
o ar fresco porque pode resfriar-se. Não vai ao médico porque pode contagiar-se no
consultório dele. Não come nada porque talvez não lhe faça bem. Sua vida toda é uma
reflexão em torno do que lhe poderia acontecer, ameaçar, torná-la viva. Mas essa idéia
de que algo possa torná-la viva é disfarçada com a idéia de que algo pode deixá-la
doente, ameaçá-la ou levá-la à morte.
Como educador, como mãe ou pai, uma pessoa excessivamente nervosa cria um
grande impedimento para a independência do filho. As frases prediletas de uma pessoa
precavida que cultive o medo, são: “Cuidado! Preste atenção para que nada lhe
aconteça! Cuidado para não bater o carro! Cuidado para não cair! Preste atenção para
não aborrecer ninguém! Cuidado, não vá se machucar! Cuidado, não vá se ferir!”
No entanto, quando uma pessoa cautelosa se decide pelo amor, quando ela se
descontrai, consegue banir os fantasmas das suas fantasias e chega a ter acesso à sua
vivacidade e à luz do dia, ela consegue ser um bom pai, um pai prudente e ajuizado -
além de orientado pelos sentimentos; ou então, pode ser uma mãe bem protetora, que
não isola o filho da vida, mas que o ensina a lidar com ela, de modo cuidadoso, prudente
e cautelosamente.
Uma pessoa cautelosa deve ter a consciência – e para isto deve ser circunspecta ao
menos durante alguns minutos ou horas -, de que isto a aproxima da realização do seu
objetivo de desenvolvimento e de que ela sempre vai se sentir bem quando agir e reagir
com cautela, tomando tempo para examinar tudo exaustivamente, sem dizer logo sim ou
não, aproximando-se, no entanto, cuidadosamente do objetivo.
Ela também deveria considerar que a circunspecção pode muito bem protegê-la de
muitos perigos e fatos imponderáveis; considerar, porém, que a circunspecção não a
prive do fio da vida. A circunspecção sempre está presente quando a pessoa com o
modo de ação da cautela ainda consegue respirar calma e livremente. O nervosismo
excessivo, pelo contrário, é imediatamente identificável pelo fato de que a respiração
vai ficando pouco profunda, entrecortada, superficial, ofegante, pelo fato de a voz quase
sumir e de a garganta parecer fechada por um nó, os olhos quase se fecham, como se
não pudessem suportar uma visão mais ampla. Visto que a pessoa com o modo de ação
da precaução, mesmo assim tende a retrair-se da agitação do mundo, dando alguns
passos para trás e mantendo distância, será muito mais fácil ela observar sua respiração
e o movimento dos seus olhos.
E quando a pessoa estiver no estado de circunspecção ou quando ela se retrair
passando do estado de nervosismo excessivo para o estado de circunspecção por meio
da
querespiração
este perigotranqüila, ela pode
é real? Estou acostumar-se
de fato a fazer
sob ameaça? Seráestas perguntas
que tenho mesmoa side
mesma:
reagir “Será
medrosamente, como sugere o meu medo? Será que tenho de me afastar tanto da
vivacidade a ponto de não poder mais sentir a mim mesma e aos outros, só para me
proteger? Acaso tenho de tomar tanto cuidado a ponto de me tornar uma pessoa
sombria, distante e invisível? Já não fiz a experiência de que é exatamente quando sou
assim que me torno mais vulnerável, dou mais depressa com os burros na água, tropeço
ou me machuco?”
Portanto, a pessoa cautelosa não desiste facilmente de ter cautela - pois isso não é
conveniente -, mas ela usa a cautela para afirmar seu amor-próprio e para demonstrar
amor pelos outros. Assim, por exemplo, imaginem vocês um médico ou um terapeuta
descuidado, que não tem cautela, um ajudante que sobrecarrega a pessoa a quem
procura ajudar; essa pessoa satisfaz seu ego, mas estimula a recusa dos pacientes a
ponto de não fazer mais nenhum progresso. Vocês hão de concordar que isto não pode
ser bom e que seria melhor progredir cautelosamente, passo por passo, para não
despertar reações de defesa muito intensas da pessoa precavida. Imaginem também pais
que exijam mais da criança do que ela tem capacidade de realizar, irritando-a demais de
uma forma nada prudente. Na pior das hipóteses uma criança assim se refugiará no
autismo, que pode valer como uma medida radical para uma pessoa excessivamente
nervosa.
A precaução, o modo de ação com o número ordinal 2, portanto, é um elemento do
mais alto significado e da maior importância na vida. A cautela protege vocês de um
risco grande demais, da ousadia irrefletida, de ameaças contra o seu corpo físico, da
desatenção e da antipatia que muitos de vocês deixam florescer quando são vitimas dos
mecanismos da autodestruição. A precaução é expressão de amor, quando se manifesta
de forma ponderada. Sejam cautelosos consigo mesmos e com os outros, sem serem
excessivamente medrosos. Então, sim, vocês poderão utilizar este modo de agir da
melhor maneira. Uma pessoa com o modo de ação que tende à cautela será um bom
membro da comunidade, demonstrará ter uma personalidade agradável, quando não é
medrosa como um rato, protegendo-se contra tudo e contra todos e mantendo-se
retraída. A ponderação e a circunspecção são qualidades muito desejáveis numa época
em que tudo avança tão depressa e muitas vezes de forma tão atabalhoada.
"Devagar, devagar!” é o lema da pessoa circunspecta. "Deixe-me pensar um
momento no assunto!” é a sua divisa.
3 - A Perseverança
- irremovibilidade; persistência +
4 - A Observação
- vigilância; visão clara +
5 - O Poder
- tutela; autoridade +
6 - A Paixão
- fanatismo; carisma +
7 - A Agressividade
- mania de discutir; dinâmica +
De todos os modos de ação, a agressividade é o que tem mais energia. Isso traz
implícita a dificuldade de a pessoa manter sob significativo controle tanta energia. Os
arrebatamentos emocionais, naturalmente ligados a esse modo de agir, devem ser
canalizados e dirigidos numa direção em que não se tornem destrutivos.
Mais ainda do que o modo de agir apaixonado, o modo agressivo pode relacionar-se
com o plano exterior. Raras vezes, e somente em circunstâncias identificadas como
desajustes de personalidade, esse modo de agir vai se voltar para dentro, contra a
própria pessoa e contra o próprio corpo.
O modo de ação agressivo é extraordinariamente enérgico. Ele dispõe de uma
dinâmica criativa que pode dar frutos quando usada adequadamente. A agressividade é
uma postura básica que pode ser atribuída predominantemente ao princípio masculino,
sendo que ela força e insiste, não desiste e procura aquilo de que precisa.
A agressividade, portanto, dispõe de uma dinâmica que impele à ação, que só se
alcança com sacrifícios, que se sente limitada de forma inadmissível quando é obrigada
tão-somente ao imobilismo. A agressividade quer se expandir e como uma energia
impulsiva e dinâmica ela é criativa. Simbolicamente entendida ela representa o sêmen e
não o ovo. E assim como o sêmen é um fenômeno básico da vida, assim também a
agressividade é um elemento imprescindível da vivacidade. Uma pessoa que não mais
consegue sairidentificar-se
impulso para de si mesma, com
que não ambiciona
o princípio mais nada,
masculino, quepessoa
é uma não sente
que,mais nenhum
a bem dizer,
está morta. A vivacidade e a agressividade estão em estreita ligação mútua, e disso
resulta outra ligação necessária da agressividade com a saúde.
A dinâmica como pólo positivo desse modo de ação significa que algo está em
movimento e, se não houver movimento, que será posto em movimento. Ser saudável
significa estar em movimento. Quando a energia flui corretamente, quando os fluidos
corporais estão no fluxo, quando uma pessoa sente a vontade espontânea de se
movimentar, quando quer agir e é capaz de fazê-lo, quando se interessa pelo próximo e
consegue relacionar-se com ele, então essa pessoa é sadia.
No entanto, do fenômeno da dinâmica sadia e da agressividade muito viva também
faz parte a capacidade de se defender. Mas aí se trata com menor intensidade de uma
forma passiva de divisão ou de negação. Muito mais com uma agressividade positiva no
sentido da dinâmica, quer se fazer menção à disposição de sair da defesa e mostrar as
próprias fronteiras, defendê-las enquanto o oposto é agarrado, repelido ou mantido
efetivamente à distância.
A pessoa com dinâmica agressiva, na melhor das hipóteses está na situação de
delimitar seu campo de poder e de repelir com êxito cada ataque, sem se enfraquecer. O
que a diferencia da pessoa cautelosa, da pessoa discreta, da pessoa apaixonada e da
pessoa poderosa é a dignidade e a força natural que usa, além da disposição de mostrar
essa agressividade, o que a torna vulnerável sem que com isso perca a honra.
Uma pessoa que vive sua dinâmica sem o temor constante de ser julgada ofensiva e
agressiva, granjeia respeito e mostra coragem. Será admirada por seu arrojo e sua
coragem civil e raras vezes terá de lidar com a rejeição que ela teme nos momentos de
fraqueza. No entanto, nós confessamos que não é fácil viver o modo de ação da
agressividade em sua maneira puramente dinâmica e energética, pois a energia contida
nele é imprevisível, muitas vezes avassaladora ou difícil de controlar. Por isso uma
pessoa que escolheu esse modo de ação terá de fazer muitas experiências com a
canalização de energia. Ela sentirá várias vezes que ultrapassou o objetivo de atacar o
seu suposto oponente a fim de defender seus limites, em vez de estabelecer ativamente
esses limites sem ofender seus semelhantes a ponto de não mais ser possível uma
discussão dos fatos.
Por isso, é de especial importância que uma pessoa com este modo de agir aprenda a
lidar positivamente com sua agressividade. Na sociedade em que vocês vivem, essa
relação positiva é canalizada de duas maneiras. Os muito inibidos e medrosos gostariam
de eliminar toda agressividade, visto que não estão em contato com a própria vontade de
atacar, com a raiva e com o ódio e não querem envolver-se, nem envolver os outros.
Ao falar de agressividade, não estamos nos referindo á atitude agressiva que resulta
em atos de violência. Não queremos falar sobre violência psíquica, verbal ou factual,
mas pura e simplesmente sobre a capacidade que o ser humano tem de investir em suas
energias dinâmicas e criativas, de modo que também os outros tirem proveito delas.
Há, portanto, os que querem banir a agressividade da vida, pois temem as agressões,
os ferimentos e os atos de violência, que eles rejeitam essencialmente por motivos
filosóficos ou empíricos. Os demais, ao contrário, gostariam de liberar a agressividade
do ser humano, e o fazem de um modo que estimula a exteriorização das agressões. Mas
eles não compreendem que a agressividade é uma forma de energia e que essa energia
não pode ser liberada porque, senão, pessoas ou coisas serão destruídas. A partir desse
erro, eles estimulam principalmente o pólo negativo do modo de ação agressivo, ou seja,
a mania de discutir. Eles acreditam que podem libertar a agressividade das suas amarras,
à medida que as estimulam a procurar desinibidamente as discussões e as brigas. Só que
essa vontade de brigar na maioria das vezes atrapalha e só traz contrariedades e
frustrações.
Com isso não queremos absolutamente dizer que uma briga no sentido de uma
discussão não libere energia. Bem ao contrário: a pessoa agressiva precisa mais do que
as outras dos conflitos verbais. Ela precisa de um oponente que não leve a mal esses
rituais de purificação e que saúde alegremente a energia positiva que eles escondem. No
entanto, quando uma pessoa agressiva está constantemente possuída pelo medo de estar
à mercê das reações agressivas dos outros, e projeta as suas energias malconduzidas
sobre o meio, ela procurará a briga sempre que puder e provocará os outros, partindo da
idéia de que toda briga é justificável, uma vez que ajuda a pessoa a livrar-se da pressão
que ameaça sufocar sua energia vital.
Para uma pessoa medrosa com este modo de agir, muitas vezes basta um motivo
mínimo para fazer transbordar o seu pote de energia e provocar uma explosão
emocional que assusta a todos, inclusive a ela mesma. Isso leva a atos destrutivos nem
sempre facilmente controláveis. O maníaco por discussões procura a briga, acaba
usando palavrões ou age ferindo o corpo físico, chegando à vontade de matar. Tudo isso
só serve para libertar as forças energéticas bloqueadas que não conseguiram achar uma
válvula positiva de escape.
O ideal seria aconselhar os pais a estimular e a permitir a agressividade natural dos
filhos agressivos. No entanto, na maioria dos casos, isso não é possível. A agressividade
é indesejável, impõe medo a todos e, conseqüentemente, é considerada tabu, de forma
que a criança quase nunca está na situação de medir suas forças, suas energias - sejam
elas destrutivas ou criativas, observando-as e mantendo-as sob um controle sadio.
O modo de agir agressivo tem o número ordinal 7 e, portanto, é atribuído ao papel
anímico essencial do rei. Em sua modalidade pura, ele é proporcionalmente raro e por
isso enfatizamos mais uma vez que não se deve confundir este modo de ação com as
agressões de cada individuo - tanto faz o modo de ação que tenha escolhido - como
expressão básica da sua vivacidade, da sua autodefesa, do seu ódio, do seu rancor. O
medo de ação com número ordinal 7 exige que haja certo domínio e uma ilimitada
reivindicação senhorial na agressividade. Ao mesmo tempo, trata-se de uma força que
pode realizar e alcançar muito, especialmente em âmbitos da vida e da sociedade em
que sejam imprescindíveis a opinião e a expressão fortes da vontade, o estimulo
dinâmico de idéias, a capacidade de se impor e as promessas corajosas de investir em
âmbitos desconhecidos.
A pessoa que age com agressividade é o pioneiro nato. Ela se aventurará onde os
outros têm medo. Ela banirá os perigos à medida que os ignora. Ela poderá ser exemplo
e modelo para os outros. Ela representa o tipo do general imperial, o que se coloca à
frente do seu exército e arrisca sua preciosa vida para levar seus homens à vitória -
mesmo diante de uma grande superpotência inimiga.
Quando uma pessoa investe lucrativamente em sua dinâmica inata e, em sentido
mais amplo, com amor, ela conseguirá mais do que ousa sonhar. Ela nunca pertencerá
aos que atuam em segundo plano, na defensiva. Uma pessoa como essa nunca será uma
eminência parda, mas brilhará com o fulgor de sua própria luz, contanto que consiga
controlar sua mania de discutir e não suspeite que em todos os fenômenos da vida haja
animosidade e antagonismo, pois é isso o que atormenta a pessoa agressiva: ela atribui a
culpa da agressividade e das agressões aos outros sempre que não confia em si mesma
para deixar que suas energias fluam livremente, quando impõe inibições fortes demais à
sua agressividade, quando não libera a energia do pensamento, quando a energia se
torna independente e a leva a cometer atos destrutivos.
A força criativa e a força destrutiva contidas nesse modo de ação não devem ser
separadas uma damuito
pode diferenciar outra.bem
Nãoentre
obstante,
o quepara reconhecer
é criativo o seu de
no sentido potencial, uma
dar frutos pessoaque
e aquilo
destrói nela mesma e nos outros tudo o que está vivo, se investir em sua consciência e
em sua capacidade de amar.
Quando uma pessoa agressiva quer entrar em contato com a dinâmica do pólo
positivo do seu modo de ação, ela deve, antes de mais nada, acostumar-se a observar
quando é que ela projeta sua agressividade sobre os outros. Quanto mais ela sentir que o
seu meio a recebe agressivamente, cortando seus direitos, ferindo-a ou atentando contra
o seu mundo de poder, tanto mais claro deve ficar para ela que não está vivendo
positivamente a própria energia. Quanto mais vezes a pessoa for vítima de atos de
violência ou alvo de ferimentos físicos, tanto maiores são as indicações de que ela
mesma inibe sua agressividade, canalizando-a mal e de que precisa delegá-la a outros,
inclusive a instituições. Portanto, quando a história da vida de alguém mostrar de forma
contundente esses elementos, quando uma mulher apanha freqüentemente ou é
violentada ou quando um homem é sempre vítima de novos assaltos ou seu carro
sempre está envolvido em acidentes dos quais não tem culpa, quando os colegas vivem
humilhando-o sem motivo, vale a pena refletir se essa pessoa não está se esforçando
demais para não ser agressiva, para comportar-se calma e submissamente em vez de se
defender e mostrar as garras para os outros. Uma pessoa com o modo de ação da
agressividade torna-se facilmente uma vítima se não viver positivamente a sua
agressividade. Ela arrisca o corpo e a vivacidade quando deixa para os outros o trabalho
de usufruir o benefício dessas energias estagnadas, reprimidas.
Quem for sincero consigo mesmo, reconhecerá que muitas vezes é vítima porque se
julga bom demais para tomar a iniciativa de agredir. Ele cultiva um falso ideal, um ideal
egocêntrico de serenidade e de superioridade. Teme que o mundo caia se ele uma vez
erguer a voz ou se bater com o punho na mesa. Quem tem muitos motivos,
aparentemente justificáveis para não ser agressivo e, mais ainda, quem acredita não ter
sentimentos agressivos deveria partir basicamente da hipótese de que sua agressividade
natural deve ter sido reprimida.
Muitas das pessoas excessivamente inibidas no que se refere à agressividade,
escolheram o modo de ação agressivo para esclarecer o tema da violência e da
brutalidade de um ângulo que não tem de levar obrigatoriamente à destruição, pois em
vidas passadas fizeram a experiência pessoal e com os outros em que ações agressivas, a
morte e a deteriorização representaram o papel central. Quando uma alma está pronta
para mudar de posição diante dessas experiências e a fazer outras experiências com a
agressividade, isso não quer dizer que se tenha imediatamente de condenar toda
agressividade.
Na verdade, quando se quer desistir de um velho hábito ou transformar qualquer
tipo de irritação em força combativa, quando se quer transcender esse impulso, raras
vezes fará sentido eliminá-lo completamente Será mais instrutivo acrescentar outro
ponto de vista a esse hábito e tornar a avaliá-lo descobrindo novas possibilidades de
reagir de outra forma, de um modo que exclua a agressividade como componente básico
da vivacidade humana.
Quem investe na violência positiva tem a oportunidade de exercer grande influência
e objetivar efeitos violentos. Só este fato deveria valer para muitas pessoas tirarem o
manto cinzento da falsa serenidade e arriscarem tornar a agressividade visível em toda a
sua força. A inibição que certas pessoas demonstram ter, na maioria dos casos é uma
armadura que deve servir para reprimir uma vivacidade muito perigosa, orientada pelo
medo, pois quando a pessoa agressiva expressa sua força dinâmica de propulsão por
amor, ela é uma figura de grande vigor, com força criativa transbordante e enorme
influência no seu mundo.
V – A MENTALIDADE
VISÃO GERAL
AS MENTALIDADES
EXPRESSÃO
5 – Idealista 2 – Cética
- exaltada; amoldada + - desconfiada; investigadora +
INSPIRAÇÃO
6 – Espiritualista 1 – Estóica
- crédula; analítica+ - resignada; serena+
AÇÃO
7 – Realista 3 – Cínica
- presunçosa; cuidadosa + - difamadora; crítica+
Assimilação
4 – Pragmática
- obstinada; prática +
Sobre a Mentalidade
1 - O Estóico
- resignado; sereno +
Vocês conseguem imaginar um idealista que não queira melhorar o que existe? Um
estóico está convencido de que tudo está bem como está. E, além disso, quando fica
com medo ou sente dor, ele não tenta modificar a situação. Quando o que existe já não
está bom, paciência, ele acha que é assim mesmo. E não há nada para mudar.
A pessoa com mentalidade estóica aceita os fatos como eles são. Ela fica passiva
diante do que percebe como verdade e realidade, achando que essa deve ser a sua
atitude, que nela está o que é bom para ela. Aceitando o que existe, ela consegue
entender que o mundo é correto e bem organizado porque é a expressão de uma vontade
superior
pois issoenão
de uma totalidade
a faria feliz. inspirada. Para ela, não faz sentido recusá-la ou negá-la,
Quando uma pessoa com a atitude básica de um estóico sente a vida como uma
seqüência duradoura de acontecimentos desagradáveis, dolorosos, que a deixam com
medo no corpo e na alma, ela facilmente cairá numa forma resignada de passividade
estóica. Tentará tomar-se insensível, evitando o sofrimento e assumindo o papel de
vítima: assim, amargamente ela não pode mudar nada do que lhe acontece.
Um estóico com medo acredita, portanto, que o destino rege a sua vida e que ele não
tem nenhuma participação na formação do mesmo. Ele acha que tem de dar um jeito
para lidar com os acontecimentos e tentar sobreviver. Ele se retrai, torna-se cada vez
mais passivo e cai numa resignação apática para não ficar à mercê dos seus medos e
sofrimentos. Já nem ousa lamentar-se, como se temesse despertar a ira dos deuses se se
queixasse em voz muito alta.
A resignação facilmente transforma-se em energia de baixa freqüência e deixa o
estóico fisicamente doente. Uma atitude como essa, que aceita tudo resignadamente, faz
com que a vida não seja mais vivida, mas apenas suportada, O estóico resignado acha
que essa atitude o protege melhor contra o ataque de tormentos ainda maiores,
provocados por forças arbitrárias que ele não consegue reconhecer, muito menos
avaliar, O resignado sente a vida como uma escravidão, como um vale de lágrimas,
como um castigo eterno do qual só pode escapar por meio de uma resistência passiva ou
de um gradativo auto-aniquilamento.
No entanto, para pessoas que em determinada vida escolheram a mentalidade
estóica, existe a possibilidade de, a qualquer momento, aceitar o que existe, com
serenidade, sem ficarem zangadas, sem alimentar expectativas de grandes mudanças
engendradas por elas mesmas. E quando isso dá certo, conquistam a rara capacidade de
viver no momento presente e reconhecer que todos os acontecimentos, sentimentos e
reações têm a mesma validade e idêntico valor.
Essa forma de serenidade, que tem pouco ou quase nada que ver com a resignação,
traz uma espécie de felicidade à sua maneira. É expressão de uma forma especial de
curiosidade que leva a pessoa a observar todas as facetas isoladas da vida cotidiana e os
acontecimentos extraordinários como uma manifestação do todo. Um estóico permanece
sereno, quer esteja doente ou sadio, quer seja pobre ou rico, alegre ou triste. Ele se
posiciona no centro. Ele não se alegra, não se aborrece. Interessa-se em saber como o
seu ser responde aos diferentes estados e experiências da vida. Ele não quer interferir no
rumo do mundo ou da própria história.
A passividade da pessoa serena dá a impressão de uma grande paz, cujo efeito não
pode deixar de ser levado em consideração. É preciso diferenciar efeito de influência
ativa. O estóico se destaca exatamente porque não vê sentido - imediato ou mais
elevado - em influenciar os acontecimentos. Ele reconhece o potencial do que existe.
Considera mudanças ativas uma manipulação inadmissível da vontade. E quando
renuncia conscientemente a essa influência, ele fica sereno. Mas se sentir-se
desamparado diante do todo da sua vida, sua passividade se transforma em abatimento,
letargia ou triste resignação.
Com certeza, uma pessoa com mentalidade estóica conhece ambos esses estados,
ambas as sensações. Porém, antes de tudo, muitas vezes entra em atrito com as reações
medrosas dos seus semelhantes que não conseguem adotar essa atitude básica - quer de
serenidade ou de resignação. De vez em quando, o estóico é admirado ou deplorado,
mas na maioria das vezes ele se vê diante da incompreensão, pois as pessoas à sua volta
acham que atividade sempre é melhor do que passividade. No entanto, o estóico vive a
sua grandeza no fato de não lutar contra o medo por meio de atividades ou ações. Ele
também não finge
compartilhada comadotar
poucasuma atitude que despede respeito, mesmo que ela seja
pessoas.
Podemos afirmar que há mais estóicos resignados do que estóicos serenos.
Entretanto, muitas vezes uma pessoa com essa mentalidade consegue livrar-se dessa
duradoura resignação ao chegar à idade avançada, quando adota uma atitude serena.
Juventude e serenidade não se coadunam. Um pressuposto necessário para se manter
sereno é o controle dos próprios desafios. Só quem aceita a vida e o que o destino lhe
reservou pode descobrir como reagir. Muitas vezes um estóico constatará que a vida
está mais repleta de acontecimentos dolorosos do que a da maioria das pessoas. E esses
acontecimentos permitirão que o estóico teste sua capacidade de escolher entre a
serenidade e a resignação.
Neste ponto queremos mencionar que quando a auto-estima de uma pessoa se
manifesta por meio de uma atitude serena, isto não quer dizer que ela tenha renunciado
às lágrimas ou ao riso. Só uma pessoa resignada não chora quando sofre, mas isso
também a impede de rir. No sentido positivo, nem todos os acontecimentos têm o
mesmo valor, mas a pessoa resignada se torna indiferente a tudo o que lhe acontece.
A mentalidade estóica, à qual se atribui o número ordinal 1, faz parte do arquétipo
do agente de cura. Isto torna compreensível o fato de o estóico não desejar nem poder
manipular os acontecimentos da vida. Ele se sente como um agente de cura da vida,
como um ser humano destinado à submissão, na liberdade ou na pressão, em todos os
casos submetendo-se às indicações provindas do grande todo. A pessoa medrosa
entenderá as indicações como um golpe do destino ou um castigo. A pessoa que ama a
si mesma e a vida, sentirá diante dos mesmos acontecimentos que está sendo protegida,
recebendo uma proteção semelhante à que surge num relacionamento afetivo entre um
ajudante e o seu patrão. Ela não precisa tomar decisões sozinha, pode e deve pedir
orientação. E quando encontra o mestre não só no todo humano, mas também no todo
amoroso, ela pode deixar-se levar pelas ondas da vida, como um navio que se lança ao
mar e cujos passageiros confiam no capitão. Assim que se sente em solo firme, essa
pessoa observa os acontecimentos serenamente, sem perder a confiança de que no
tempo certo chegará a um porto seguro.
Da mesma forma que o espiritualista, o estóico também está convencido de que uma
ordem foi colocada à sua disposição; e a sua confiança nessa ordem é o seu elixir da
vida. O espiritualista receia submeter a sua crença à prova e teme analisá-la, Já o estóico
não sente essa necessidade. Ele se analisa - ele se submete à prova. A serenidade que se
tornou o centro da sua mentalidade faz dele, mais do que dos outros, um instrumento
útil na criação. O estóico renuncia inteiramente à vontade de dominar os
acontecimentos. Ele não luta nem se revolta. Ele adapta a sua vontade ao que acontece e
ao que lhe deve acontecer. Assim, ele entra na mais bela sintonia entre ele mesmo e a
criação - desde que coloque o amor acima do medo.
2 - O Cético
- desconfiado; investigador +
O cético busca a verdade, embora não esteja certo de como essa verdade é plasmada,
onde ela pode ser encontrada, o que significa e se de fato existe.
O cético faz da dúvida a sua verdade; e com a mesma freqüência com que a dúvida
o liberta do sofrimento de não saber com exatidão, ela também faz com que o cético se
sinta cada vez mais perdido, duvidando de tudo, inclusive da sua dúvida; e faz com que
ele não tenha mais orientação e perca a confiança de que todo ser humano precisa para
sentir-se tranqüilo.
por ninguém, que sePortanto,
previne uma
contrapessoa quemas
ilusões, duvida
que épor
alguém
outro que
lado,não se deixa
muitas enganar
vezes sente
falta de um quadro de referências, pois, além de não ter confiança no destino, também
não tem confiança nos outros e nem na existência de uma ordem superior que seja
maior.
O cético não quer confiar em nada, e nem pode. Por isso sente-se abandonado por
Deus e pelo mundo. Contudo, muitas vezes, ele se esquece de que é apenas o medo de
ter de confiar em alguma coisa que faz com que ele se sinta tão inseguro e sozinho. Ele
busca a verdade. Mas não tem certeza de poder encontrá-la, pois duvida que ela exista.
No entanto, por causa da sua dúvida, devido ao seu questionamento ele penetra em áreas
que lhe permitem enxergar a verdade com uma profundidade, com uma agudeza que
muitas vezes ficam imperceptíveis aos outros.
E quando falamos sobre a verdade, queremos mencionar tanto a verdade individual
em si mesma, quanto a verdade que caracteriza os inter-relacionamentos aos quais o
cético dedica sua atenção; e ainda quanto às verdades universais, superiores que o cético
pressupõe embora não queira submeter-se a elas sem questionamentos. O cético é
alguém que duvida; conforme suas dúvidas forem orientadas pela liberdade, pelo amor
ou pelo medo, suas indagações serão marcadas por um espírito investigador ou por uma
desconfiança destruidora.
Quando um cético lida com a pergunta: “O que é o amor?”, ele pode fazê-lo de duas
maneiras. Ele pode analisar a si mesmo e aos outros estudando suas motivações, ações,
manifestações, questionando-se quanto ao desejo de descobrir a essência do amor. Em
tudo o que percebe, cabe a pergunta: “Isto é realmente feito por amor, ou por trás dessa
aparente expressão de simpatia e compreensão oculta-se certo medo?” Se ele mesmo
não confiar no amor, não confiará nos próprios sentimentos, analisará qualquer
sentimento com desconfiança e achará que toda manifestação de amor contém uma
falsidade. Ele se sentirá mais seguro se aceitar a idéia de que ninguém pode amá-lo
porque não descobriu em si mesmo o verdadeiro amor; e há de contestar que sua
percepção possa ter-se confundido porque simplesmente tem certeza de que os outros é
que estão se iludindo.
A dúvida é uma forma de pensamento. Aplaudimos a possibilidade da dúvida e a
consideramos como um dos aspectos mais importantes da capacidade de expressão do
ser humano, pois ela leva ao autoconhecimento desde que não seja usada como um
instrumento de destruição; além disso, a dúvida cria um distanciamento da pessoa em
relação a si mesma e em relação ao mundo e permite que haja crescimento.
Portanto, o cético dá uma contribuição muito valiosa com seu hábito de investigar,
de desfazer ilusões, de renunciar a credulidade, mesmo que suas ações provoquem
insegurança nas outras mentalidades, mesmo que faça perguntas incisivas, muitas vezes
importunas, mas acertadas para abalar a certeza do idealista e a esperança do
espiritualista. O idealista mostra-se insatisfeito quando constata que os seus ideais são
difíceis de atingir; contudo, ele não duvida de que eles estão ao seu alcance. O cético, ao
contrário, fará perguntas com base em sua mentalidade: “Que valor tem um ideal? Ele
pode ser atingido? Ele é necessário? Para que é que ele serve? Ele pode causar algum
prejuízo? Como ele pode ser contestado? A quem ele pode perturbar? Para que o
homem precisa ter um ideal? Será que não se sentiria melhor se renunciasse aos ideais?”
Com todo esse ceticismo, às vezes, o cético deixa de ver que a dúvida também
representa um ideal para ele. E ele o utiliza para avançar até as camadas profundas da
verdade; e o seu ceticismo só consegue cumprir suas funções quando esse pressupõe a
existência pela qual vale a pena levantar questões.
3 - O Cínico
- difamador; crítico +
4 - O Pragmático
- obstinado; prático +
5 - O Idealista
- exaltado; amoldado +
Para o idealista, nada do que existe é perfeito. Ele agüenta e suporta as coisas, mas
não fica satisfeito ao aceitá-las. Ele encontra sua satisfação e plenitude ao elevar na
imaginação o fato de que ainda não foi alcançada a perfeição, de que não está esgotada
a capacidade de melhorar e de merecer mais.
O idealista olha para a frente e para cima. Ele tem uma visão mais ou menos clara
do que pode ser feito, ser atingido, do que é desejável e do que traz felicidade. Isso vale
tanto para ele mesmo como para os seus semelhantes. E se aplica tanto ao mundo da
matéria quanto aos valores do mundo imaterial.
Todas as mentalidades são tentativas de apreender a verdade. De descrevê-la e de
dar-lhe forma, assim o idealista não vê a verdade onde ela está, mas, antes, onde ela não
está. Contudo, para ele, a verdade é como uma faixa luminosa escrita no céu. Ele se
esforça para ler e aprender o que está escrito e aplicar a si mesmo o ensinamento nele
contido. Ele não tem nenhuma dúvida de que a verdade, a clareza, a justiça e o amor
existem. Mas ele se vê distante desses valores, que considera determinantes para a vida
como um todo; de vez em quando ele chega a sentir-se excluído. No entanto, ele não
desconhece esses valores.
Quanto mais distante ele está dos seus ideais, tanto mais difícil o idealista acha ficar
satisfeito consigo mesmo e com os outros, O idealista é uma pessoa eternamente na
busca. O fato de não desejar encontrar o que busca é um segredo que ele guarda a sete
chaves, pois encontrar o que busca saciaria o seu anseio. E sem esse anseio o idealista
não consegue viver. Sempre que um dos seus ideais se transforma em realidade, ele logo
arranja outro bem distante e põe-se a buscar continuamente esse novo ideal. Na verdade,
o que é muito válido para ele é isto: o caminho é que é o objetivo.
Infeliz
ideais o idealista
a atingir, fica em duas situações:
pois temporariamente ele não
conseguiu se sente
realizar tudobem
o quequando
queria.não há mais
E não se
sente bem também quando está longe de conseguir realizar seus ideais: o seu senso de
valor se ressente e então, ele mesmo é alvo do próprio desprezo.
Muitas vezes o idealista se sente dividido entre o desejo ou a obrigação de cumprir
todos os seus desejos éticos e o reconhecimento de que não está em situação de fazê-lo.
Na verdade, quase ninguém à sua volta consegue corresponder às normas éticas por ele
estabelecidas. Isso lhe causa amargura, tristeza e decepção. Ele pode chegar a punir-se
severamente por todas as suas falhas levando em consideração seus conceitos ideais.
Freqüentemente, ele dá a impressão de não ligar para si mesmo; ele só se encontra
quando está em contato com as próprias normas ou práticas éticas. Nesse caso ele se
sente feliz quando se certifica de ter recebido a aprovação dos outros, quando tem a
certeza de que não está tão longe de Deus quanto temia.
Como o idealista não aprecia estar na Terra, ele procura estar no “céu”. O resultado
é que fica com tanto medo de não corresponder aos próprios ideais, que ao menos
exteriormente ele procura conduzir suas ações de acordo com o ideal usando uma
obstinada força de vontade. Assim ele dá a impressão de estar subindo no ar, como
alguém que segura uma porção de balões de gás nas mãos, sendo carregado por eles
para o céu. O idealista perde o contato com o chão da realidade. Ele parece alheio, visto
não querer admitir que esse distanciamento é real. Com freqüência, o idealista é também
um ilusionista. Ele alimenta ilusões sobre a posição que ocupa com relação ao seu ideal
celestial.
No entanto, quando ele finalmente chega a um acordo consigo mesmo, identificando
seus ideais como ideais, deixando de julgar-se quando não consegue realizá-los; e,
quando desiste de julgar os outros quando estes não correspondem às suas regras, ele
pode ser visto cercado de brilho intenso, o brilho de ser uno com o todo. Ele se funde
com o todo sem perder sua identidade. Ser um consigo mesmo não significa renunciar à
sua busca e às suas aspirações. Significa muito mais compreender em que estágio da
longa jornada entre o medo e o amor ele se encontra.
O idealista olha para o horizonte distante e para cima. É por isso que ele reconhece
também o que é possível. Melhor do que as outras mentalidades, ele sente o grande
potencial do ser humano e do mundo. E se não houvesse ninguém mais que
compreendesse intuitivamente esse grande potencial e lhe possibilitasse o acesso a ele,
então também as portas ficariam fechadas para os outros seres humanos. Portanto, o
idealista é aquele que conhece o objetivo, que aponta o caminho e que abre as portas.
O número ordinal 5 mostra que a mentalidade do idealista corresponde à energia do
sábio. Este reconhece que existe algo maior, mais elevado, e que é possível e desejável
descobrir o acesso para esses âmbitos longínquos. Mas, o sábio é sábio porque
afetuosamente declara que - apesar de ver seu ideal constantemente diante dos olhos
com toda sua glória - ele ainda continua um espectador, um observador, ou seja, um ser
humano dotado de toda sua condição humana.
O idealista sábio aprecia as próprias fraquezas. Quando consegue levar em conta as
próprias fraquezas, fica mais fácil para ele aceitar os semelhantes do jeito que eles são,
sem tentar mantê-los parados. Ele lhes mostra o que podem alcançar e, delicadamente,
os conduz à estrada que leva à luz. Ele os toma pela mão, mas não porque quer tornar-se
um modelo inatingível de severidade, e fazer com que os outros acreditem que ele já
cumpriu as normas e atingiu os ideais, e sim porque de lá, de onde de está, é de onde ele
incentiva seus irmãos a marchar junto com ele.
6- crédulo;
- O Espiritualista
analítico +
7 - O Realista
- presunçoso; cuidadoso +
A ênfase dada a um ponto de onde o homem controla diretamente o seu meio e tudo
o que está fora dele, portanto o ponto em que estabelece relações com seu modo de ser é
descrito como “centralização”. Nessa centralização, em primeira linha, trata-se da
ligação do padrão anímico com o corpo físico, com a realidade corporal do ser humano.
Encontram-se, nesse caso, dois planos: o plano energético e o plano físico. Os
elementos, de certa forma, podem ser comparados com os centros energéticos do corpo
físico, chamados de “chakras”. Trata-se dos pontos energéticos, não só dos centros
energéticos mas também de locais no corpo, acentuados diferentemente em cada pessoa.
Assim como um chakra se relaciona com determinada glândula, o centro ou ponto de
onde o ser humano reage está ligado a um determinado local do seu corpo.
A “reação” é uma resposta direta a uma situação não habitual, nova ou
amedrontadora; uma resposta que a pessoa dá a partir dos centros que funcionam da
melhor maneira e sem atritos. Esse centro pode estar localizado na cabeça, na região do
tórax ou do baixo-ventre. O padrão reativo é constituído da combinação de dois centros,
a “centralização” e a “orientação”, numa proporção de cerca de setenta por trinta por
cento. Assim, por exemplo, uma pessoa pode ter uma reação intelectual-emocional ou
motora-emocional, ou emocional-instintiva. Os centros 5 e 6 não têm parte no padrão
reativo, tornam-se, no entanto, ativos em situações de grande intensidade, especialmente
no relaxamento profundo e na tensão extrema.
Normalmente, o local de onde as pessoas reagem espontaneamente pode ser
encontrado no mapa astrológico radical. Será difícil vocês encontrarem uma pessoa
emocionalmente centrada em cujo horóscopo haja carência do elemento Água.
Tampouco encontrarão uma pessoa que reage intelectualmente sem o elemento Ar no
seu mapa astral. Na maioria dos casos, a energia sexual e a energia motora refletem-se
dando grande ênfase ao elemento Terra. Essas analogias não valem em todos os casos,
mas na maioria deles.
Há ainda um outro aspecto que precisa ser considerado e esse é o aspecto da
compensação. Quando, por exemplo, uma pessoa optou por uma concentração na parte
superior do corpo, ela tem pouca ligação com o elemento Terra, e, para equilibrar, às
vezes como contrapeso, vai fazer o possível para buscar uma firme ligação com a Terra
no horóscopo do nascimento. A localização do padrão reativo é formada pela junção do
centro principal e do centro secundário com o centro com o qual se realiza a reação
imediata e com o centro com que se há de dar expressão a essa reação. Esse padrão
reativo tem a função de transformar processos energéticos em sensações físicas, a fim
de possibilitar
A localizaçãoparadoo padrão
ser humano uma
reativo noforma
corpo especial de senso
dá à pessoa de identidade.
que reage uma idéia de que
forças e talentos são estimulados quando ela se vê diante de uma situação que ela tem de
resolver. Os aspectos corporais do padrão reativo e, portanto, sua localização no corpo,
estão ligados aos primitivos mecanismos de sobrevivência que partem do cérebro. O
cérebro está ligado a todas as glândulas endócrinas e, srcinalmente, destinava-se a
dominar diretamente e da forma mais rápida todas as situações que surgissem, à medida
que ativava os centros adequados do corpo.
Atualmente, a sobrevivência das pessoas do mundo ocidental não é mais ameaçada
com tanta freqüência assim, é possível formar-se uma diferenciação típica que não faz
nada mais que ordenar que todas as células do corpo funcionem igualmente depressa.
Então gerou-se uma diferenciação no meio cultural, pois somente o alinhamento dos
diferentes centros do corpo com suas energias visivelmente diferentes cria uma
multiplicidade de possibilidades que favorecem reações diferentes, como impulsos
artísticos, filosóficos e terapêuticos.
Nós sugerimos o conceito de “padrão reativo” para que os dois elementos
complementares - centralização e orientação - fiquem bem claros. Vocês precisam fixar
na consciência um dado muito importante, ou seja, o de que o padrão reativo sempre
implica uma localização no corpo. Para tornar isso mais claro, repetimos que o padrão
reativo serviu srcinalmente à sobrevivência, embora com o decurso do tempo ele tenha
perdido essa função em muitos casos e assim ficou livre para tarefas que introduzem o
poder de expressão de um ser humano na sociedade.
A complexidade das realizações culturais baseia-se predominantemente na
diversificação e na diferenciação dos padrões reativos de vocês. Se a reação de vocês
diante de uma e da mesma situação não fosse tão diferente, isso tornaria possível
interpretá-la. Mas isso se torna impossível porque uma pessoa reage emocionalmente
diante de uma situação; outra reage intelectualmente, uma terceira de forma motora e a
quarta instintivamente, e assim por diante.
Por outro lado, não raras vezes é impossível para vocês comprovar realmente a
centralização, o padrão reativo de outra pessoa. Quando vocês tentam fazê-lo, deparam
com barreiras instintivas, relacionadas com o fato de vocês estarem convencidos, com
base na sua história evolutiva, que só o padrão reativo de vocês possibilita realmente a
sobrevivência e que todas as outras pessoas, cujo padrão reativo é diferente, se arranjam
menos bem neste mundo.
Como cada um de vocês acredita nisso, achamos apropriado reagir a essa evidente
heresia com certo senso de humor. Não é preciso sequer que cada um compreenda tão
bem o outro como se estivesse na sua pele; muito mais importante e necessário é
reconhecer e respeitar o fato de que cada um é único e, por causa dessa singularidade,
tem o direito fundamental de viver.
Os centros também convidam a ceder à tentação de desvalorizar e desprezar aquilo
que não sabemos fazer tão bem quanto os outros. Portanto, o intelectual tende
facilmente a diminuir o emocional; e este, ao contrário, vangloria-se dos seus
sentimentos e castiga o intelectual com seu desprezo. O que vive consciente e
prazerosamente no seu corpo talvez inveje o intelectual pelo seu trabalho, embora ele
também lhe cause a impressão de viver em regiões que, em sentido efetivo, são irreais.
É por isso que os padrões reativos provocam muitos mal-entendidos e uma
condescendência secreta quando se manifestam exteriormente a partir do pólo negativo;
gostaríamos de ver isso atenuado, pois não nos parece necessário, embora
compreendamos vocês em virtude da história da sua raça.
Mas vocês se desenvolveram muito em vários aspectos da vida a ponto de se
afastarem das funções
hora de analisar também srcinais do seu
os pólos própriodos
negativos ser.padrões
Assim,reativos
parece-nos quede
usando chegou
uma a
autocrítica sadia. Por outro lado, pelo fato de existir uma ligação deles com o corpo,
torna-se mais compreensível o motivo de vocês se identificarem tão intensamente com
os próprios padrões reativos e de tão raramente conseguirem prestar atenção ao padrão
reativo das outras pessoas. Vocês se identificam, tanto antes quanto depois, com o
próprio corpo. E sempre que ficam com medo de que exista uma ameaça à
sobrevivência desse corpo, por menor que seja, todos os mecanismos de defesa são
acionados.
O padrão reativo presta-se ainda mais claramente do que os outros elementos
matriciais à auto-análise e à crescente auto-compreensão. E mais fácil classificá-lo e
examiná-lo todos os dias, do que os outros elementos matriciais. Via de regra, o padrão
reativo não representa nenhum problema. Vocês têm facilidade para aceitar a si mesmos
como pessoas que reagem emocional ou intelectualmente, ou de forma motora.
Portanto, o padrão reativo pode facilmente ser objeto de amor-próprio, e então a pessoa
tem de começar a aceitar-se como é e como exige a localização específica e individual
dos centros físicos e energéticos do corpo.
Convêm não censurar-se por ter agido de uma ou de outra maneira em determinada
situação, optando por um estilo pessoal de agir. Isso apenas impedirá uma resposta
espontânea e levará vocês a usar máscaras que deformam o contato imediato com a
situação e, em última análise, irá desacreditá-los diante dos outros. Aceitem o seu
padrão reativo e sua localização no corpo, respeitem essa localização e estimulem-na,
sem ficar com a impressão de que deveriam ser diferentes do que são. Os centros e sua
localização são um presente da alma, na medida em que seu corpo enfatizou o local em
que tem certeza de que vocês articulam melhor e mais claramente os seus anseios.
Já lhes explicamos que os centros estabelecem uma ligação entre as energias
anímicas e o corpo, que conforme sua natureza representa um papel importante e
especial durante a encarnação. A centralização e a orientação formam o padrão reativo.
Os centros de 1 a 4 lhes dão a Terra, os planetas e as condições que vocês escolheram
para a jornada. Eles estabelecem o contato com a Terra e com os semelhantes. Eles
também impõem limites decisivos e benéficos que vocês aceitam como naturais. Vocês
aceitam esses limites porque eles os tornam extremamente humanos.
Os centros 5, 6 e 7, ao contrário, têm a função de não permitir que esses limites se
transformem em muros por cima dos quais vocês não consigam olhar e que também não
lhes dêem passagem. Os centros espiritual, extático e também o motor, quando estão
ativos e abertos, permitem uma permeabilidade no sentido de uma eliminação dos
limites. Mas essa permeabilidade não pode ser mantida ininterruptamente sem que haja
danos à necessária fixação do ser humano ao próprio corpo e à terra. O centro motor 7,
que em oposição aos centros 5 e 6 pode ser parte integrante de um padrão reativo,
também pode trazer essa delimitação por meio de movimentação constante, tal como os
centros 5 e 6, e permite que uma pessoa centrada de forma motora experimente uma
súbita e temporária alteração da consciência; por exemplo, por meio de uma dança, de
uma longa viagem ou de um treinamento esportivo.
A permanência nos pólos positivos dos centros 5 e 6 não raro leva à fraqueza e a
estados de esgotamento, e como um eco, muitas vezes acontecem fenômenos psíquicos
de dissolução os quais, por sua vez, têm de ser trabalhados ou elaborados com extrema
cautela, O corpo e o espírito não está mais em condições perfeitas de se preocupar com
as necessidades da existência quando esses centros atuam e quando os respectivos
chakras estão abertos. Outro motivo importante é que a capacidade de abrir
repetidamente
manter um ritmoos natural
pólos negativos e positivos
de concentração desses centros
e descontração. está
Até ligadauma
mesmo ao fato de se
pessoa
extraordinariamente sensitiva não deve trabalhar mais do que duas horas por dia com
essa capacidade e assim mesmo, só em casos excepcionais.
É Importante observar que, por esse motivo decisivo, os centros 5 e 6 não têm parte
em padrões reativos genericamente disseminados da matriz. O centro 7, com suas
possibilidades de romper limites, é mais fácil de ser integrado e, portanto, pode ser parte
de um padrão reativo, tanto como centralização quanto como orientação.
Assim, os centros 5 e 6, o espiritual e o extático, representam uma exceção. E para
explicar sua função, gostaríamos de lhes dar uma idéia de seu funcionamento. Fica
estabelecido que cada pessoa - independentemente do padrão reativo escolhido para
determinada encarnação - tenha acesso tanto ao centro espiritual quanto ao centro
extático.
Queremos dizer-lhes que os centros energéticos delimitadores do seu corpo sempre
podem ser tocados ou abertos, mas que vocês ofensivamente não podem fazer nada para
isso. Vocês só podem deixar que aconteça. Assim como não é possível provocar
ativamente um estado de meditação por meio da técnica ou da força de vontade, mas
apenas por circunstâncias especiais que favoreçam esse tipo de experiência, assim vocês
só podem fazer preparativos para a abertura dos centros 5 e 6. Mas, para falar a verdade,
não é possível provocar essa abertura. Os centros se abrem por si mesmos. Vocês não
podem determinar quando é que uma flor se abrirá. Contudo, podem ficar atentos e
esperar. Vocês podem colocar a flor em água morna, podem protegê-la do frio intenso.
Da mesma forma, vocês podem preparar as condições corretas e adequadas sob as quais
vocês poderão se abrir. Porém, se esse desejo será ou não atendido, isso não está
estabelecido. Quando isso acontece, trata-se de um presente e não se pode exigir um
presente.
Assim, podemos dizer-lhes que esses dois centros em cada um de vocês sempre
estão preparados para fazer a alma encarnada transcender temporariamente, e por breves
momentos, seus limites terrenos, para que vocês não se esqueçam do seu parentesco
com as dimensões extraterrenas e dos seus vínculos com grande número de irmãos
anímicos e com velhos amigos de vidas passadas.
Esses dois planos energéticos estimulam a pessoa encarnada a transcender seus
sentimentos e pensamentos da rotina cotidiana e daquilo que está ao seu redor. Na
verdade, eles são ativados em situações extraordinárias não rotineiras, em situações de
extrema intensidade, mediante esforços, mediante um medo ou uma alegria muito
fortes, mediante o stress, agradável ou desagradável, bem como mediante um
relaxamento inusitadamente intenso. E quando, por imposição dos mencionados fatores
estimulantes, eles começam a atuar, muitas vezes não é só um que funciona com
exclusão do outro, porém ambos os âmbitos, o espiritual e o extático, podem tocar-se ou
fundir-se, transmitindo alternadamente impulsos e, como se fizessem um movimento de
pêndulo, tocando tanto o pólo positivo quanto o negativo de ambos os centros.
No entanto, é de se observar que, dependendo da embreagem - mas também
dependendo da estrutura da personalidade e dos correspondentes exercícios que a
pessoa tenha praticado -, começam a atuar preferencialmente o centro espiritual ou o
extático. As glândulas correspondentes, a hipófise e a pineal, como se pode observar
também no caso da glândula do timo, não são igualmente desenvolvidas em todas as
pessoas. E se nunca, ou se raramente forem usadas no sentido que descrevemos, elas
podem atrofiar-se paulatinamente.
Crianças que ainda sejam receptivas às, aparentemente extraordinárias, inspirações e
visões, e que também conseguem chegar a estados alterados de consciência por meio de
simples
sede nãomovimentos
corrompida descontraídos,
de instrução, emcrianças queas
geral têm ainda sentemdafortes
glândulas cabeçaemoções e umade
trabalhando
forma flexível e incansável. No entanto, como tudo o que não é usado deixa de prestar
serviço ao corpo, também a glândula pineal e a hipófise podem deixar de cumprir suas
funções.
Por outro lado, é possível ativar as glândulas quase atrofiadas e restabelecer suas
funções por meio da intensificação da atenção, do envio de energia e pela disposição de
desejar e de valorizar o que elas podem transmitir. Portanto, quando vocês não têm
medo de entrar em contato com estados mais ou menos intensamente alterados de
consciência, entrando em contato com os planos de dissolução de limites, vocês podem
treinar as capacidades dos centros 5 e 6. Vocês podem estimular as possibilidades
oferecidas por esses centros por meio de diferentes métodos e de exercícios
apresentados por todas as religiões. Vocês não só podem voltar a ter estados de
inspiração e de união mística, que muitos conhecem da primeira infância, mas também
podem transcendê-los rumo aos planos da sua própria divindade, que continuam válidos
para vocês, ainda que vocês mesmos sejam matéria.
Correspondência entre centros, chakras e glândulas
Centro Chakra Glândula
1. Emocional 4. Coração Glândula do timo
2.
Umbigo 3. Sexual Glândula
generativa
1 - O Centro Emocional
- sentimental; sensível +
2 - O Centro intelectual
- racional; pensativo +
3 - O Centro Sexual
- sedutor; criativo +
Embora quase todos os corpos tenham glândulas generativas, que são ou eram
funcionais, e embora quase todas as pessoas tenham um ou outro tipo de atividade
sexual,
isto logosónouminício
número muitoexposição
da nossa reduzido de pessoas
para deixaréclaro
sexualmente centralizado.
que a centralização Dissemos
sexual, ou
seja, uma ênfase do padrão reativo no centro polar da ação não é o mesmo que atividade
sexual.
Quase toda pessoa é ou já foi capaz de procriar; contudo, uma minoria de pessoas
tem consciência da força que pode haver numa ênfase ou centralização sexual. Essa
força torna a pessoa capacitada para a ação e a deixa dinâmica; essa força é criativa num
plano elementar e pode criar coisas novas inconcebíveis quando o centro é usado e
ativado conscientemente. Mas tal como acontece com todos os outros centros,
normalmente também este não ê percebido conscientemente, ou só é usado
inconscientemente quando está aberto, especialmente pelo sexo feminino; ele é visto
como uma ameaça ou limitação, ou até mesmo como algo que deve ser escondido com
escrúpulos, em vez de usar-se a potência que se aglomera nesse centro como expressão
elementar da vida.
Este centro é chamado por nós de sexual; porém isso não significa que sua atividade
seja, tenha de ser ou será sempre ligada ao aparelho genital e sexual. Da nossa
perspectiva, a sexualidade é mais abrangente; ela vai mais fundo e vai muito mais além
do que a mera exteriorização de forças vitais elementares como expressão das energias
procriadoras, seja no plano mental, artístico ou no plano vital.
O centro sexual está situado na polaridade da ação e, por isso, tem que ver com ação
e movimento. A pessoa sexualmente centrada, portanto, tem de movimentar-se e agir,
tem de seguir com a correnteza para manter viva a vibração dessa força criativa
elementar que pode estender-se por todos os planos da vida e, por fim, usá-la. A pessoa
sexualmente equilibrada agirá e poderá reagir diretamente a partir do abdômen ao se
tornar cada vez mais consciente dessa força. Trata-se de uma grande concentração de
energias que também podem criar muita movimentação ao seu redor e carregar sem
esforço outras pessoas de forças vitais e energias básicas, ou seja, energia vital, pois a
energia sexua1 não se expressa unicamente por meio do sexo, mas é usada como uma
forma de energia que tem um raio mais amplo, que é transmitida e captada sem
intermediações. Com isso não se quer dizer que essa força motriz só produz efeitos
quando se renuncia à atividade sexual propriamente dita. Ao contrário, pessoas
sexualmente centradas precisam da animação provocada pela atividade sexual ou ao
menos das fantasias associadas ao sexo. Mas também precisam da carga física que lhes
permite desenvolver a força motriz, uma capacidade de procriação que ultrapassa a
capacidade da procriação biológica.
Pessoas centradas no sexo em geral estão em contato mais intenso com seu corpo do
que as pessoas emocional ou intelectualmente centradas. Nisso elas se assemelham às
pessoas instintivamente centradas e às que têm centralização motora, pois todos esses
três tipos de pessoas reconhecem o valor do corpo por meio das experiências
prazerosas; e elas sabem usá-lo sem cair no erro de considerar a matéria algo inferior ou
algo a ser negligenciado, como as pessoas emocional ou intelectualmente centradas o
fazem com muita facilidade.
Quando uma pessoa centrada no sexo está em pé de guerra com todos os planos
materiais, inclusive com o dinheiro, com alimentação ou com o corpo, quando, portanto,
mantém um relacionamento confuso com a materialidade, não importa a causa, sua
força vital será mais fraca ou buscará canais de expressão que, por assim dizer,
representam válvulas de escape para a energia que tenta abrir novos horizontes. Por isso
é muito importante que pessoas centradas no sexo mantenham um bom relacionamento
com toda a matéria. Então elas se sentem mais arraigadas à terra e mais contentes, mais
saudáveis e íntegras
uma orientação sadia,quando
em vezcuidam e afirmam
de negar tudo. aquilo que lhes é possível por meio de
Já dissemos que, na centralização sexual, há uma força criativa elementar que é
inerente; e essa força criativa elementar só é usada no plano que é ativado a partir da
combinação do centro sexual com outro centro, seja o mental-intelectual ou o
emocional, seja o motor ou o instintivo.
Uma pessoa centrada no sexo deveria prestar atenção às suas sensações de prazer
em tudo o que faz e empreende. Ela estará em sintonia com o seu centro sempre que
transformar o bem-estar físico em sua diretriz, não como um estado neutro, mas como
uma sensação de prazer perceptível ela se acha em consonância com o seu centro; e essa
sensação de prazer pode ser proveniente dos outros centros, bem como do próprio
centro sexual.
Alguém com padrão reativo sexual-motor nunca terá de fato satisfação física se se
mantiver sempre passivo, à espera; essa pessoa tem de movimentar-se e lidar ativamente
com a vida. Ativamente no sentido de movimentação física e mental. Os dois centros se
fortalecem mutuamente e levam a um forte impulso de atividade que tem de ser
satisfeito antes que sobrevenham fases de repouso.
Quando uma pessoa combina o centro sexual com a orientação emocional, a
atividade é contida e é preciso mais tranqüilidade para ela captar as sensações de prazer.
Estas se expressarão por meio do calor e da descontração, mais do que pelos
movimentos.
A pessoa intelectualmente orientada e sexualmente centrada encontra a satisfação do
prazer ao criar e contemplar estruturas de idéias. Ela direcionará sua criatividade para as
ligações sempre surpreendentes e extraordinárias de idéias que até então estavam
isoladas, mas ao lado das outras, para a união do que até então estava desvinculado no
plano das idéias. Isso lhe dará uma satisfação especial, quase física. O novo é o
inaudito, o extraordinário. E é isso que a satisfaz e que a locupleta de uma ativa força
motriz.
Teoricamente, muitas vezes é possível reconhecer as pessoas com centralização
sexual pela acentuação da parte inferior do corpo, num sentido de expansão e
concentração que fornece espaço para a plenitude de sensações prazerosas dos
elementos Terra e Fogo. Quanto mais distantes verticalmente os centros estiverem da
superfície do solo, tanto mais elevada será a freqüência energética e, conseqüentemente,
tanto menor será a criatividade direta. Ela será sublimada à medida que for distribuída
pelos chakras superiores.
De muitos pontos de vista, a pessoa sexualmente centrada é andrógina, visto que
tanto gera ativamente quanto concebe passivamente. Em cada ato de concepção surge
um novo produto. A pessoa está em condições de criar a partir de si mesma, visto que
pode fecundar a si mesma. Este centro está relacionado com o chakra do baixo-ventre (o
chakra sacro ou sexual), que fica logo abaixo do umbigo e está em ligação com as
glândulas generativas, com os canais seminíferos e com os ovidutos.
Até agora falamos principalmente da centralização sexual. Gostaríamos de
acrescentar que pessoas com centralização sexual gostam de entregar-se à sexualidade
carnal movidas pelo desejo instintivo, que representa a condição para que todas as
outras formas elementares de força-motriz lidem com o corpo e a geração. Essa
necessidade é basicamente atenuada nas pessoas nas quais a orientação sexual é o
segundo componente dos demais padrões reativos, embora não chegue a desaparecer.
A centralização sexual se expressa através dos instintos descontrolados quando o
medo e as limitações dominam a pessoa, principalmente proibições ou formação de
tabus dos quais não
mais estimulado, consegue
a pessoa se desligar.
sexualmente Mas quando
centrada chegaoaomedo desaparece,
êxtase físico, livreoue não é
libertador, pois não é mais impedida por barreiras morais, Esse êxtase lhe dá uma
aparência fisicamente integrada, luminosa e dedicada, uma extraordinária imagem de
relaxamento e de impressionante vitalidade. Seus traços fisionômicos não estão mais
contraídos nem se escondem por trás de máscaras, mas se revelam em toda a sua
condição humana, dando- lhe a aparência de um bebê de peito em ligação com um
espírito amadurecido.
4 - O Centro Instintivo
- irrefletido; espontâneo +
5 - O Centro Espiritual
- telepático; inspirado +
O centro espiritual representa uma qualidade que não delimita o que é expressivo e
mental. A qualidade que precisa ser descrita tem a ver com a espiritualidade, com o ser
preenchido pelo espírito e pelo princípio espiritual de energia; por isso, o nome “centro
espiritual” é adequado.
Quando falamos de um centro espiritual, usamos o conceito "espiritual ou
"espiritualidade” em sentido restrito, bem definido. Com esse conceito não nos
queremos referir a âmbitos de fé e de religiosidade, de esoterismo ou de ocultismo.
Essas palavras designam muito mais o âmbito do espírito humano libertado
transitoriamente de suas limitações, um espírito não mais tocado pelas obrigações
racionais e do pensamento condicionado, um espírito que se libertou das experiências e
recordações individuais e que, com essa súbita e inusitada neutralidade e pureza, deu
passagem às inspirações por meio de energias exteriores a si mesmo. Isso exclui aquelas
forças e vozes que denominamos “eu interior”, distinto do “Eu Superior”, * pois elas
ainda pertencem ao indivíduo, uma vez que não subsistem fora dele.
______
* Ver Welten der Seele, pp. 165ss.
Nesta situação, depende do que uma pessoa quer e pode receber. O pólo positivo
deste centro, “inspirado”, significa: franqueza espiritual incondicional e disposição de
receber misericordiosa dissolução dos limites mentais. Uma pessoa não pode influenciar
isso ativamente; ela tem de deixar que aconteça. Além disso, no entanto, é possível ela
atuar no âmbito da telepatia, formando-o com a ajuda de um parceiro; o âmbito da
inspiração, ao contrário, não está mais sob o domínio da sua vontade; mas como alcança
a dimensão não-física, ele está numa relação de troca com o desejo de inspiração das
fontes extracorporais.
O pólo positivo que o homem sente como inspiração, ou seja, como um ser tocado
pelo espiritual, está livre de todo tipo de medo. Enquanto o centro, com o pólo positivo,
ficar aberto, não sentimos pânico ou preocupação nem dúvidas. Essas reações, contudo,
podem surgir de novo mais tarde como um movimento contrário à grande abertura,
quando o centro estiver fechado outra vez.
Inspiração significa clareza, consciência, certeza. Ela não se caracteriza por uma
insurreição de sentimentos, mas pelo fato de estar livre deles. Trata-se de um estado
isento de emoção e, por isso mesmo, de um estado em grande medida consciente que
caracteriza a ausência de todos os sentimentos que possam julgar a inspiração ou reagir
à mesma, organizando-a ou afugentando-a. Com a ajuda dessas características podemos
reconhecer o pólo positivo: ele está livre de sentimentos, de pensamentos, reflexões, de
qualquer direcionamento em busca do objetivo. Ele é atemporal, não filtrado, intensivo,
repleto de claridade, silencioso, imóvel, indiferente, justamente porque a participação de
uma força externa é totalmente permitida.
Conforme a natureza, esses fenômenos só podem ser suportados durante um tempo
limitado pelo corpo humano. Que sirva de estimulo e ao mesmo tempo de consolo para
vocês descobrir que os que conseguem suportar a claridade da centralização espiritual
por mais de algumas horas devem ser enumerados entre os iluminados. E também entre
estes ninguém está em situação de continuar ininterruptamente inspirado pelo resto de
sua vida.
umaOqualidade
pólo positivo inclui ossómundos
semelhante, extracorpóreos.
que se refere apenas aoOplano
pólofísico
negativo,
e ao "telepático”, tem
âmbito terreno,
ao âmbito do semelhante. Quando se descreve o “telepático” como a transmissão de
dados mentais de fontes da experiência de vocês, esse conceito é apropriado e correto.
Nele não há nada negativo. Trata-se, contudo, de um pólo negativo mesmo que apenas
em comparação com o pólo positivo. Com pólo negativo queremos significar menos
energia, menos abertura, uma freqüência vibratória mais baixa e menos descontração.
Um estado de receptividade telepática pode ser treinado, assim que o necessário
âmbito de freqüência tenha sido identificado e tenha se integrado no sistema mental.
Então esse estado também pode ser usado e aproveitado para exercer o controle de
diferentes maneiras. É por isso que o acesso ao centro espiritual relacionado com ele é
atribuído ao pólo negativo. O controle no seu mais elevado aprimoramento e no seu
caráter aparentemente mais nobre contém um sopro de tensão medrosa.
A permanência no centro espiritual-mental com o número 5 então é comprovável se
se tratar de dádivas e informações abstratas, não-emocionais. No entanto, sempre que
vocês forem tocados pela freqüência mais emocional do amor incondicional, abrem-se
também os canais do centro 6. Talvez vocês se surpreendam com o fato de ambos os
centros serem acessíveis ao mesmo tempo. Queremos enfatizar que essa simultaneidade
pode atingir até mesmo todos os quatro pólos desses centros 5 e 6, abrindo
respectivamente os quatro canais em rápida troca, como é necessário para um trabalho
de transmissão mediúnica, flexível.
Este centro espiritual é acessível a cada um de vocês, independentemente do padrão
reativo de cada um, presumindo-se que vençam o medo do contato com as forças e
energias que estão fora de seus limites. E isso não será possível antes de se atingir o
ciclo de alma jovem. E também a alma jovem tem medo de constatar que é alcançada
por outras pessoas por meios telepáticos, permitindo que algo estranho entre em seu
espírito, forme seus pensamentos e transmita-lhe impulsos, tirando-lhe a ilusão de poder
ilimitado sobre si mesma. E, assim, uma capacidade telepática numa alma jovem vai se
concentrar principalmente para alcançar e influenciar os outros, O canal será ajustado
mais para transmitir do que captar mensagens.
Mas se uma pessoa com essa idade anímica buscar uma abertura confiante por meio
dos estados meditativos descontraídos e ilimitados do espírito através da oração, da
concentração interior ou por meio de fases de meditação comunitária, ela pode tomar-se
inspirada por outro espírito humano, bem como pelo espírito daqueles que pairam no
mundo astral, entre uma vida e outra. Ou também pelas instâncias desencarnadas do
mundo causal. Isso inclui os membros da respectiva família de almas e todos os seres
que estiverem ligados ao indivíduo por laços de amor.
Em casos mais raros, são possíveis contatos inesperados, com freqüências e fontes
ainda mais elevadas de inspiração divina para almas bem antigas em estados espirituais
excepcionais. No entanto, gostaríamos de assinalar para vocês que a união com outros
servos do divino tem uma qualidade animadora que vocês sentirão sempre que
estiverem dispostos a se entregar a eles.
6 - O Centro Extático
- sensitivo; místico +
7 - O Centro Motor
- agitado; incansável +
A ênfase no centro motor caracteriza pessoas de grande mobilidade. Essa
movimentação pode expressar-se em todas as formas da existência: na flexibilidade do
corpo, nos fortes movimentos do espírito e das emoções, mas também no desejo de estar
sempre a caminho, de mudar freqüentemente de residência e de círculo de amizades.
Mobilidade e motricidade, portanto, não significam apenas o desejo e a necessidade
de movimentar os membros com atividade física, porém também a necessidade de
movimentar-se de um ponto para outro no plano mental e emocional.
A centralização motora pertence à esfera da ação e, sendo assim, pessoas com
ênfase nesse centro motor são de incansável atividade. Dificilmente elas descansam,
estão sempre alertas, querem fazer tudo na mesma hora, estão sempre dispostas a aceitar
um novo ponto de vista interior ou que vem de fora com uma rapidez que os outros com
freqüência consideram surpreendente ou perturbadora. Elas mesmas, no entanto, não
vêem nada demais nessa mudança de posição, pois estão acostumadas a isso; além
disso, têm a impressão de que estão em vários lugares ao mesmo tempo. A facilidade
com que podem mudar sua concentração para temas diversos e cenários diferentes sem
fazer esforço lhes dá uma forte sensação subjetiva de vivacidade.
E assim como as pessoas intelectualmente centradas anseiam por maior certeza
quanto aos sentimentos e as emocionalmente centradas desejam organizar melhor seus
pensamentos, a pessoa com centralização motora anseia por ser menos inquieta e,
muitas vezes, sente certa timidez em demonstrar sua inquietação por meio de
movimentos físicos, disfarçando-a de energia, uma vez que teme tornar-se ainda mais
inconstante até se ver envolvida num turbilhão que não consiga mais controlar. Quem
tem concentração motora, portanto, nem sempre é um esportista feliz. Ao contrário:
para não pôr em risco sua vivacidade, ela pode se comportar como uma preguiçosa ou
como se estivesse cansada de concentrar toda sua mobilidade nos planos interiores.
Vida é movimento. Isso vale especialmente para personalidades anímicas com
centralização motora. Entretanto, muitas vezes pais de filhos com centralização motora
acham que a criança é inquieta e insuportavelmente vivaz fazendo com que ela represe
sua mobilidade; essa criança logo fará uma experiência: certas expressões de vivacidade
e mobilidade são indesejáveis no seio da família. Assim, ela tentará manter-se quieta,
apenas para - caso não tenha êxito nisso - passar para uma fase posterior de
hiperatividade que, como conseqüência, atrairá novos aborrecimentos e castigos.
Uma pessoa com centralização motora cuja vontade de se movimentar seja
reprimida forçosamente torna-se nervosa, pois a tensão que a torna viva e que tem de
exteriorizar-se
leva para dentropor meiotensão
como de movimentos visíveis parasua
muscular, deslocando fluir de forma para
mobilidade agradável, ela a
os centros
próximos, o que a faz parecer infatigável e muitas vezes doentia em sua atividade. Sua
intranqüilidade é transmitida para todos os outros, mas ela só toma conhecimento desse
fato de forma vaga, uma vez que acredita que ainda está em harmonia com suas
necessidades básicas, sem saber com precisão que sua agitação é expressão do seu medo
de não conseguir manter sob controle sua agitação motora.
A pessoa com centralização motora está sempre pretendendo fazer alguma coisa. Ela
não suporta o tédio, que quase não conhece. O dia é curto demais para ela. Suas várias
atividades em todas as esferas dão-lhe o que fazer. Raramente ela tem um sentimento de
satisfação por concluir um trabalho ou por tê-lo feito, visto que seu espírito já saiu na
frente buscando novos projetos, seu corpo já faz movimentos antes de concluir os
anteriores, seus sentimentos já estão voltados para novos deleites ou perigos, que ela
procura com avidez enorme para enfrentar todas as possibilidades com grande rapidez
de reação.
Ela esta sempre pronta a agir imediatamente e a reagir com presteza, e só é impedida
de fazê-lo por um medo considerável de praticar a ação errada. Só mesmo um pânico
assim pode detê-la levando a sua mobilização à paralisação, deixando-a
temporariamente fora de ação. No entanto, essa paralisação nunca durará muito tempo,
mas será desfeita numa tempestade mental ou emocional antes que novos
procedimentos imponham sua força.
O centro motor localiza-se na região do alto ventre, no estômago e no plexo solar; e
como regula a mobilidade, ele também é competente para executar os movimentos mais
intensos do temperamento - raiva, ódio e ira incontroláveis -, ligados às ações; mas
também para todos aqueles sentimentos de medo que forem despertados pela ameaça
real por meio de ataques verbais, censuras ou xingamentos.
Quando esse chakra (plexo solar ou chakra umbilical) se fecha totalmente, uma
pessoa com centralização motora acometida de raiva ou de um medo incurável sente-se
inteiramente incapaz de fazer qualquer movimento. Temporariamente ela é incapaz de
fazer ou de sentir qualquer coisa. Sua capacidade de raciocínio também fica
prejudicada, e só quando essa imobilidade se desfizer é que ela estará novamente em
condições de se expressar. Então, sentir-se-á bem se movimentando, chorando ou até
mesmo gritando, dependendo da constituição de seu padrão reativo.
O modo infatigável com que uma pessoa com ênfase no centro motor, em sintonia
consigo mesma, persevera ativamente num projeto e a tenacidade com que seu corpo
responde a esforços maiores, devem-se ao fato de o seu espírito manter sempre o todo,
e, especialmente, o objetivo em vista, de maneira que uma dinâmica muito grande faça-
a impelir-se para o objetivo. Ela sempre acredita que sabe o que quer e o que pode
alcançar; e enquanto não se tornar doentia, perdendo com isso sua capacidade de
concentração, ela também pode usar sua mobilidade com a segurança de um dançarino
ou jogador.
Quando essa pessoa não deixa que a tensão interior se torne excessiva, certa graça e
dignidade compartilham seu modo de agir. Apenas quando se torna vítima da
enfermidade é que ela se irrita a si mesma, e aos outros, com uma atividade exagerada.
Nesse caso, ela quer fazer tudo ao mesmo tempo e em todos os lugares; e não dispõe
mais do mesmo ritmo lento para dedicar-se a cada um dos seus projetos e gozar os
efeitos dos seus pensamentos, sentimentos e ações. O que é doentio não pode nem deve
permanecer, ao passo que o fato de não se cansar a faz persistir até sobrevir uma nova
mobilização.
Quanto mais uma pessoa com centralização motora sofre de tensão também na
esfera dos músculos,
mobilidade tanto maiscomo
natural, vivendo-a clarodesvio,
fica quecomo
ela não
um sabe lidar bem
mecanismo com sua
interior. Nesse caso,
existem duas possibilidades de fazê-la voltar ao equilíbrio. Uma delas consiste em fazê-
la externar sua inquietação por meio de movimentos corporais intensos e duradouros.
Quando o lado doentio já tiver levado a pessoa aos limites da exaustão, uma segunda
possibilidade será proporcionar ao corpo um descanso que lhe fará bem, apesar de todas
as resistências. Quanto maior for o esgotamento, mais tempo o corpo terá de descansar,
muitas vezes durante dias inteiros, até que a tensão seja eliminada e um impulso natural
de movimentação se torne outra vez perceptível, surgindo como que por si mesmo.
O esgotamento nervoso e o excesso de trabalho, com suas conseqüências, são
doenças típicas das pessoas com centralização motora, bem como os distúrbios do
aparelho locomotor, tais como o reumatismo, a artrose, as doenças da coluna, além das
úlceras do estômago, das inflamações do pâncreas, das dificuldades de digestão pelo
fato de comer depressa demais e sem concentração; a pessoa também pode ter dor de
cabeça sempre que haja muitas coisas a serem resolvidas de uma só vez. A cabeça está
repleta de tantas tarefas e projetos que exigem demais, ou o mundo dos sentimentos está
sobrecarregado de contatos que a pessoa com centralização motora gosta de cultivar,
sem perceber que, nesse caso, em algum ponto ela pode chegar aos limites do que dela
se pede.
Esse tipo de pessoa na maioria das vezes tem muitos amigos e conhecidos com os
quais mantêm um contato variado. O modo incansável com que consegue dedicar-se aos
seus relacionamentos transforma-se de sobreexcitação numa completa recusa de
contatos e completa falta de vontade - por motivo da sobrecarga física do corpo -, visto
que se requer para repouso uma pausa mais longa que revigora novamente as forças
recebidas em condições pouco saudáveis.
O centro motor 7, diferentemente dos centros 5 e 6, sempre é acessível. Mas é
exatamente essa estabilidade e intensidade que causa muitas das dificuldades associadas
a ele. Os centros espiritual, extático e também o centro motor são esferas ilimitadas. Por
isso, juntamente a pessoa com centralização motora tende a sobrecarregar-se e a excitar-
se demais. Ela não quer ou mal consegue reconhecer seus limites. Ela sempre se
encontra à beira de um esgotamento, visto que sente prazer no movimento incansável,
na ação e na atividade emocional ou mental. Ela busca a correspondente abundância de
estímulos e os encontra onde esperam por ela - o que é estranho - a aventura e o
inconvencional. A pessoa com centralização motora está em busca de tensão. Quanto
maior a tensão, tanto mais intenso é o seu sentimento de estar viva. Contudo, ela não
consegue ver com clareza que só pode suportar essa grande atividade na medida em que
procura para si períodos de descanso e de total descontração, períodos em que não
acontecerá nada de importante, para que, finalmente, ela possa voltar às elevadas
regiões de intensa e estimulante movimentação.
Já dissemos que o padrão reativo estabelece o tipo motor; por isso, é necessário
levar cm conta a orientação momentânea da pessoa com centralização motora. O padrão
motor-inteleetual mostra predominantemente a mobilidade como a força de
compreensão, a capacidade de captar também as contradições numa fração de segundo,
a capacidade de tirar conclusões e de responder às propostas mentais. Mas também a
capacidade de perceber os pensamentos dos outros, sem que estes os tenham
manifestado verbalmente, ligando-os aos próprios pensamentos, é um dom das pessoas
motoras-intelectuais. A mobilidade e a rapidez de reações são diferentes das de uma
pessoa intelectualmente centrada que se mantém predominantemente nas alturas e nas
profundezas do pensamento; porém, não concentra seu interesse no quadro geral e na
capacidade
A pessoademotora-intelectual
uma rápida combinação
está nade pensamentos.
condição de executar muitas tarefas ao mesmo
tempo, mas também de armazenar e arquivar muitas unidades de pensamento na
consciência, mantendo, além disso, uma visão geral dos fatos. Seus pensamentos
acontecem simultaneamente em diferentes esferas e ela gosta de, nessas esferas, saltar
de um para outro processo que lhe dá muita alegria, mas perturba e confunde os outros
que não têm centralização motora e não sabem de qual das muitas camadas mentais
surgirá a próxima resposta ou o argumento seguinte.
Uma pessoa assim precisa dos movimentos do corpo para, em meio ao mundo de
seus pensamentos, fecundar-se a si mesma. As melhores idéias, as instantâneas e
criativas intuições não surgirão quando ela estiver descansando, mas quando se
movimentar e quando, aparentemente, estiver ocupada com esses movimentos;
enquanto sua mente segue os próprios movimentos, pode chegar a saltos mentais que
não seriam possíveis nem mesmo com a maior reflexão.
O princípio planetário de Urano, com sua dinâmica e inquietação criativas,
representa, na maioria das vezes, um papel considerável no astrológico das pessoas
motoras e intelectuais. Suas idéias súbitas não raro têm um componente de genialidade,
que provém do fato de que seus pensamentos ligados a aventuras e ousadias fazem sua
razão vibrar deixando a pessoa num êxtase de fantasia que tem de ser transformado no
plano inferior para poder ter uma forma concreta e chegar a ser executado.
O padrão reativo motor-emocional, ao contrário, busca a grande mobilização, o que
provoca comoção e, muitas vezes, comoção dramática no mundo das sensações. Esse
tipo de pessoa é marcado por revoluções interiores, por oscilações extremas de humor,
por altos e baixos de sentimentalismo e depressões numa alternância rápida, por
instabilidade de posições e pelo simultâneo sentir de continuidade, mas também pela
sempre presente sensação de intranqüilidade, de não estar no local certo, de ainda não
ter encontrado o que é certo - um sentimento de vida que anda pari passu com uma
crônica falta de serenidade.
Seu padrão reativo está associado às influências de Plutão, aos princípios da
mudança repentina, às profundas inseguranças existenciais, seguidas da mais elevada
certeza interior de que está sob a proteção da vida. Uma pessoa com centralização
motora-emocional sente-se impelida e sacudida, exposta e entregue, e acha difícil
perceber o quanto contribui com o pólo negativo dos seus elementos matriciais para a
formação e interpretação dos inter-relacionamentos. Por outro lado, ela está em
condições de ter amigos e casos de amor de muita fidelidade. Sua sensibilidade está
impregnada pela capacidade de captar e de se ajustar com grande rapidez aos sinais
emocionais dos outros. Ela também dispõe de uma extraordinária sensibilidade para
motivar as pessoas, arrebatá-las, de assumir a direção nas esferas do sentimento, o que é
convincente e causa a impressão de uma atitude carismática.
A centralização motora, ligada a uma orientação emocional, desloca as pessoas
suscetíveis para uma mobilização de sentimentos, que nelas provoca uma inesquecível
comoção e profundas mudanças. Essa movimentação se comunica, e assim, uma pessoa
motora-emocional está em condições de estimular e de comover positivamente não só
indivíduos, mas também grandes grupos de pessoas.
A movimentação física é de grande significado para este padrão reativo; no entanto,
a pessoa com centralização motora-emocional muitas vezes tem medo da ativação
exagerada dos seus sentimentos que forçosamente acompanha os exercícios mais
vigorosos. Ela tem medo de perder o controle sobre si mesma e chegar ao ponto em que
tudo o que acabou de aquietar-se seja agitado outra vez por causa da aceleração do seu
metabolismo e da sua respiração. Contudo, ela não deveria evitar a possibilidade de um
arejamento
uma atividaderegular das suas
corporal emoções.- mesmo
ou esportiva A oxigenação mais altasódo
que suportada sangue
a curto - resultado
prazo, de
presta-lhe
mais serviços do que horas a fio de análise das suas sensações ou do fato de as ficar
remoendo.
Pessoas com centralização motora-sexual são as mais ativas no âmbito do intercurso
sexual. Elas estão incansavelmente na busca de tensão e descontração eróticas; têm
necessidade de estimular-se constantemente das mais diversas maneiras e sofrem com o
fato de as normas sociais, muitas vezes, apresentarem rígidas sanções a uma vida
erótico-sexual tão agitada como a sua. A desaprovação a que estão sujeitas leva-as a
reprimir de uma forma prejudicial para elas o impulso para a troca rápida de parceiro ou
a intensa troca de fluidos. Elas começam a dominar sua energia básica, perturbando com
isso uma criatividade magnífica e uma extraordinária vitalidade que lhes são muito
características. Ninguém consegue ficar tão rígido e frio como uma pessoa motora-
sexual que, por várias razões sociais ou pessoais, nega seu padrão reativo. Assim,
facilmente pode acontecer de as suas necessidades sofrerem uma reviravolta e ela
buscar válvulas de escape, que acabam despertando ainda mais a reprovação da
sociedade.
Esse tipo de reação opera sem cessar e de modo extraordinário, mas também de
modo totalmente fascinante e sedutor. Ele tem a força de atração extremamente forte,
uma irradiação de interesse integral por seus semelhantes. A pessoa com centralização
motora, como a maioria das outras, não se concentra predominantemente numa esfera
intelectual ou emocional, mas inclui nessa troca todo o seu corpo. Ela gosta de contatos
que sempre contenham nuances de erotismo, sem que exerçam pressão direta no sentido
de obter satisfação sexual. Sua companhia é estimulante, visto que sua energia é capaz
de movimentar todos os humores corporais, todas as funções glandulares. Muitas vezes,
essas pessoas são amantes da beleza, tendo dotes estéticos e artísticos. Seus olhos,
coração e corpo se deleitam com a magnificência da criação, com todas as suas formas e
cores. Essas pessoas dão a impressão de serem de puro-sangue, sensuais e muitas vezes
temperamentais. Pessoas com centralização motora-sexual têm personalidade forte; elas
riem das convenções e com grande objetividade buscam a satisfação dos desejos.
Entre os tipos motores-instintivos também estão os esportistas mais dignos de
admiração, os trabalhadores e artesãos mais famosos, as pessoas mais pacientes e
perseverantes. Elas não têm medo de investir no corpo e de obter satisfação por meio do
trabalho feito com as próprias mãos, satisfação proibida a muitas pessoas desta forma
elementar. Uma pessoa motora-instintiva precisa de uma profissão que a mantenha em
incessante atividade, seja por meio da movimentação dos membros, seja pelo fato de
passivamente deixar-se movimentar. No caso pode tratar-se de um professor de dança
ou de uma bailarina, de um operador de guindaste, de um motorista de caminhão, de um
proprietário de cavalos de corrida ou de um corredor de longa distância.
O prazer de se movimentar apenas por se movimentar caracteriza as pessoas
motoras-instintivas. Contudo, suas reações motoras muitas vezes são tão rápidas e
comandadas pelos instintos que elas se vêem diretamente necessitadas de atacar sempre
que se sentirem feridas nos seus sentimentos ou na sua razão. Como reagem
instintivamente, elas pensam ou sentem primeiro e, em seguida, o movimento acontece
tão diretamente que não é mais possível detê-lo. Uma pessoa motora e instintivamente
centrada pode aproximar-se de outra mais depressa, bem como fugir dela, conforme se
sinta atraída pela simpatia ou afastada dela pela sua antipatia. Ela tende a abraçar
calorosamente o seu semelhante e a aproximar-se dele; mas da mesma forma pode
voltar-lhe inesperadamente as costas e sair pela porta se o seu sistema motor pedir essa
reação.
Uma centralização motora é basicamente a expressão de uma dinâmica rica em
vibrações da personalidade. Mas ela também contribui substancialmente para que os
movimentos da alma obtenham uma nova força em seu crescimento organizado. Um ser
humano que em determinada encarnação queira transformar o que estiver paralisado ou
mover coisas encalhadas, em geral escolhe uma centralização motora. Essa
centralização garante que no curso de sua vida ela nunca ficará encalhada, O fato de ser
incansável ou a sua agitação a impelirá para a frente, não lhe dando sossego em sua
busca pelo novo, pelo outro, pela mudança, e a orientação do seu padrão reativo mostra
uma renovação e modificação de longo alcance no âmbito que ela visa alcançar.
Portanto, uma centralização motora é uma vantagem para todos aqueles que em
várias vidas se ocuparam com determinada temática e agora querem chegar a uma
conclusão que os liberte de estruturas incrustadas e de comportamentos encadeados. A
vivacidade de uma pessoa com centralização motora a leva a reconhecer pessoas e a
buscar países que correspondam aos seus objetivos anímicos. Ela é ágil e torna as
pessoas ágeis também. Sua contribuição está na sua capacidade de ultrapassar limites,
os seus próprios e também os do seu mundo.
VII – A IDADE DA ALMA
VISÃO GERAL
A IDADE DA ALMA
Expressão
5 – Alma 2 – Alma
Antiga infantil
Inspiração
6 – Alma 1 – Alma
Transpessoal Recém-
nascida
AÇÃO
7 – Alma 3 – Alma
Transliminar Jovem
ASSIMILAÇÃO
4 – Alma Madura
Não falamos para vocês como homens. A alma de vocês, que não se encontra num
corpo humano pela primeira vez, renovou-se, unindo-se a um corpo. Sempre que isso
acontece, não só se converte em realidade, num plano para uma nova vida, mas também
a alma de vocês se sente num novo nível de conhecimento ao longo do seu caminho de
evolução.
Quando descrevemos o lapso de tempo que abrange todo o caminho da encarnação
de uma alma humana, falamos de cinco ciclos anímicos no corpo. Nós descrevemos
esses cinco ciclos anímicos de forma que correspondesse à experiência de vocês com as
imagens e conteúdos de possibilidades de concretização num corpo humano, desde o
nascimento até a morte natural. Da mesma forma como há formas de vida não corpórea
para todos os seres humanos depois da morte física, formas de vida acessíveis que ainda
lhes pertencem, os cinco ciclos anímicos têm de ser completados por meio de duas
outras manifestações da alma no corpo, cujas características são o intercâmbio entre
dimensões corporais e não-corporais.
Os cinco ciclos da alma no corpo, nós os examinaremos da seguinte maneira:
· A alma recém-nascida (1)
· A infância da alma (2)
· A juventude da alma (3)
· A idade madura da alma (4)
. A velhice da alma (5)
1 - A Alma Recém-Nascida
Quando uma alma escolhe um corpo pela primeiríssima vez e se manifesta por meio
dele, se sente como uma criança recém-nascida nas primeiras semanas e meses de vida:
muito sensível, indefesa, dependente, precisando de cuidados, de contato pessoal e da
companhia de pessoas da comunidade.
A alma que se manifesta pela primeira vez num corpo físico é como um recém-
nascido dominado por sensações que só o corpo conhece e que a alma desconhece
enquanto ela se move pelas regiões em que não tem um corpo.
Então surgem as sensações de calor e de frio, de prazer e de dor, de claridade e de
escuridão, de ser tocado e de não ser tocado, de fome e de sede e as funções excretórias.
Pela primeira vez, então, ocorre um crescimento na forma material e tudo isso provoca
medo, confusão e perturbação. Por isso uma alma recém-nascida se encarna somente
quando é possível viver em circunstâncias e em comunidades de seres humanos que
preencham duas condições: Primeiramente, a possibilidade de sair outra vez do corpo
sem grande sensação e sem que haja muitos sentimentos de medo e de susto
relacionados com isso. Em segundo lugar, a possibilidade de levar uma vida que
encontre sua forma de expressão numa comunidade estritamente social e, sobretudo,
também física. Ambas as possibilidades são possíveis em determinados países da Terra
e em grupos humanos que vocês, que ouvem o que dizemos, chamariam de
“primitivos”. No entanto, esse primitivismo, que tem uma qualidade ímpar preenche os
desejos e as necessidades de uma alma recém-nascida em grande medida e por isso não
merece nem desprezo nem compaixão.
Imaginem que proteção psíquica representa para a alma recém-nascida o hábito de
muitas mães de tribos primitivas que não deixam o filho furtar-se ao seu olhar até a
criança ter dois ou três anos de idade; elas o carregam junto ao corpo de modo que o
recém-nascido, e depois a criança pequena, sintam ininterruptamente a presença segura
e tranqüilizadora da mãe. Para a alma recém-nascida é de enorme significado ser
carregada, apoiada e alimentada durante todo o tempo.
Uma alma assim só pode continuar a se desenvolver quando forem sendo afastadas
as ameaças mais brutais da nova forma de vida. Ao mesmo tempo, no entanto, nós
dissemos que essas sociedades primitivas atendiam a uma ou a outra dessas condições,
ou seja, a presença da morte mediante ações e táticas de guerra provocava uma grande
mortalidade infantil devido às doenças. A alma recém-nascida precisa de uma espécie
de seguro que lhe permita poder recolher-se outra vez quando quer viver em um corpo e
que lhe permita fazer isso a qualquer momento. Muitas vezes ela não tomará
conhecimento dessa oferta; mas isso a ajuda a adaptar-se á nova condição,
amedrontadora e desconhecida.
Cerca de 15% da atual população do mundo é composta de almas recém- nascidas.
Na Alemanha, vivem cerca de 6% de almas nessa etapa de desenvolvimento. A China e
a Índia são países em que vive um grande número de almas recém-nascidas.
As primeiras encarnações no planeta de vocês começaram há mais de trezentos mil
anos. Há tempos, apenas poucos agrupamentos e famílias de almas foram distribuídos, e
esses haviam assumido a missão de testar a possibilidade de um desenvolvimento
anímico no planeta Terra. Em diferentes pontos do planeta formaram-se grupos que
viveram e se multiplicaram durante alguns milhares de anos em associações fechadas
para depois irem para o plano astral a fim de fundir-se e, no estado não-corporal,
purificado, criar um corpo para os que ainda não haviam tentado ter, ou para usarem um
corpo disponível, encorajando-os a dar informações sobre as possibilidades e perigos
relacionados com o fato.
O início
menos do verdadeiro
noventa grande
mil anos. Nessa fluxoum
época, encarnatório aconteceu
grande número há cerca
de famílias de de maishavia
almas ou
encerrado um ciclo de vida terrena, e chegado ao mundo causal, o que possibilitava
zelar por um número consideravelmente maior de almas recém-encarnadas. Além disso,
as existências isoladas no corpo eram de duração relativamente pequena. A expectativa
de vida era limitada. Os ciclos eram percorridos mais depressa, de modo que podia
ocorrer um acelerado intercâmbio de famílias anímicas. No entanto, também nessa
época se formaram grupos isolados de encarnados com unidades ainda separadas por
causa da raça e da cultura, as quais também durante os ciclos de encarnação não se
misturavam com outros grupos. Esse estágio de possibilidades só ocorreu bem mais
tarde, quando se garantiu que o que se aprendesse num plano também fosse válido em
outro. No âmbito cultural-anímico aprenderam-se formas de convivência, técnicas de
sobrevivência, possibilidades de dominar o medo, canalização de sentimentos de amor,
rituais e formas de expressar a criatividade.
Quando alguém, por séculos ou milênios, se encarna nos Pirineus, não pode de
inicio, simplesmente e sem mais nem menos, fazer a escolha de ter uma vida no vale do
Eufrates ou na África, visto que o que aprendeu não o preparou suficientemente para
essa mudança. Mas, à medida que determinados grupos de almas encontraram sua
firmeza interior, eles também podem escolher uma vida num lugar e em outro, ou uma
vida aqui e vinte vidas acolá. E também isto vai parecer possível e interessante
especialmente para corajosos e apressados fragmentos anímicos.
Contudo, não era só nos primórdios do desenvolvimento da estirpe que havia almas
recém-nascidas, ou em países de cultura primitiva, em que a tecnologia e a medicina
não eram desenvolvidas; em porcentagens mínimas elas existiam também nas
sociedades de nações industriais, principalmente naquelas em que vocês podem
concluir: há um ser humano totalmente dependente, que precisa de ajuda não só nos
primeiros anos de vida, mas até bem depois, na sua idade adulta.
Nesses casos, trata-se de pessoa física e mentalmente deficiente. No entanto, a partir
dessa deficiência não devemos chegar imediatamente à conclusão de que sempre se trate
de uma alma recém-nascida. Na verdade, uma alma antiga também pode escolher
muitas vezes esse tipo de vida a fim de fazer determinadas experiências que migram por
aí com dependência e desamparo.
No entanto, muitas dessas pessoas, que têm de ser cuidadas durante toda a sua vida,
são almas do ciclo dos recém-nascidos, que não estão dispostas a sair outra vez da
recém-escolhida vida, pois isso deveria acontecer quase irremediavelmente se uma
pessoa espasticamente entrevada, com danos cerebrais ou com grave deficiência física,
avistasse a luz do sol numa comunidade tribal.
Quando, portanto, uma alma recém-nascida consegue armar-se de coragem para, por
fim, se encarnar e, além disso, por exemplo, escolha o modo de ação da persistência ou
o objetivo de desenvolvimento da aceleração, ela dará preferência por se encarnar onde
houver ajuda e conhecimentos médicos disponíveis, de tal modo que ela possa alcançar
o trigésimo ou até o quadragésimo ou mesmo o qüinquagésimo ano de vida. Pois
quando a alma recém- nascida ultrapassa a metade dos anos da vida média, ela se
acostuma mais facilmente ás exigências do corpo e, portanto, necessita de menos vidas
isoladas nesse ciclo do que quando tem de fazer várias tentativas para adaptar-se ao
corpo, para abandoná-lo logo no primeiro ano de vida ou antes de chegar ao décimo.
A alma recém-nascida tem medo do fato de ter de viver separada do todo, de viver
fisicamente separada dos irmãos de sua família de almas, de viver isolada como
individuo e limitada pela sua pele. Ela se sente abandonada e perdida e, por isso,
aproveita cada possibilidade para superar esse sentimento ou então para negá-lo. Ela se
sente melhor dormir
insuportável quandosozinha
consegue
numgozar de tanto
quarto, buscacontato físico quanto
a proximidade possível.
de animais Ela acha
e plantas,
visto que ainda não perdeu totalmente a lembrança de estar ligada à totalidade de todas
as manifestações e fenômenos naturais.
Ela precisa do conjunto de ações e responsabilidades comunitárias, visto que, como
individuo, não está na condição nem está disposta a seguir impulsos independentes ou a
assumir a responsabilidade pelos próprios atos. Tudo o que a separa do grupo, da
família ou da sua estirpe lhe dá um medo insuportável, tanto que prefere não ficar
sozinha consigo mesma em nenhum momento de sua vida. Isso só acontece quando está
gravemente doente ou quando, por algum motivo social, for excluída da comunidade.
Nesse caso, porém, a morte é uma conseqüência inevitável para a alma recém-nascida,
visto que não está em condições de se movimentar e de se proteger longe das outras.
Entretanto, também a fixação aos hábitos e aos rituais da raça ou da tribo são tão fortes
que a alma recém-nascida não consegue sobreviver numa vida em que fique isolada.
Ela ainda se sente amarrada como que por um cordão umbilical ao todo; seja como
for, esse cordão já foi cortado. E essa ligação também pode ser observada em seu
comportamento diante do divino, tal como ela o entende. Para ela, o divino está presente
em toda parte, mas não como manifestação de amor, porém como presença que provoca
medo e horror, e que tem de ser constantemente apaziguada.
A alma recém-nascida esqueceu-se de que ela mesma escolheu tornar-se humana.
Ela se sente rejeitada, castigada pelo fato de ter de viver num corpo desamparado,
vulnerável, em vez de manter-se leve e facilmente no mundo astral; ela sente falta da
certeza de que é um fragmento do todo e do espírito divino, pois agora não pode e não
deve mais recordar-se do que deixou para trás, mas tem de voltar seu olhar para suas
tarefas e seus planos.
O divino é resguardado como algo presente, mas como uma presença má e punitiva;
por isso, a alma recém-nascida nada mais pode fazer do que suavizar a suposta presença
vingativa e detestável por meio de sacrifícios de sangue e compreendê-la como uma
cópia do próprio medo e ameaça, como algo semelhante e, no entanto, diferente. Ela
sacrifica o corpo de animais representando o seu próprio. É por isso que também são
oferecidas comidas e bebidas aos símbolos do divino, às figuras do culto, aos totens, ás
pedras e aos amedrontadores seres da natureza; pois alimentos e bebidas, e também a
proteção de uma caverna ou de uma cabana, são aquilo de que a alma recém-nascida
mais precisa e o que somente com grande sacrifício também pode oferecer à divindade.
Medo e desamparo marcam as primeiras vidas de uma alma recém-nascida. Esse
medo, esse desamparo revelam-se em seu rosto; principalmente, em seus olhos. Os
olhos, ou estão totalmente abertos e, na maioria das vezes, cheios de horror, ou então
quase fechados, pois a alma assustada acredita que tem de se proteger por meio de uma
desconfiança fundamental ou de uma postura de defesa; essa atitude é adotada pelo fato
de a alma, no estágio de recém-nascida, não submeter o mundo a um exame, pelo fato
de não o observar, mas por tentar impedir que as impressões do mundo a penetrem.
Ela acredita que, ao fechar os olhos, conseguirá dominar o medo de tudo o que
representa uma grande ameaça. É por esse motivo que seus olhos são freqüentemente
atingidos por doenças que levam à extrema fraqueza de visão ou até mesmo à cegueira;
sendo que com isso são atingidas duas coisas: um estado oficialmente reconhecido de
desamparo e a impossibilidade de tomar conhecimento da verdade por meio dos olhos.
No entanto, há um terceiro fator de grande importância, pois, muito embora a alma
recém-nascida deseje contato, bem como uma segurança que lhe preserve a vida, ela
quer gozar desse contato principalmente com os olhos fechados aí no escuro. O que lhe
causa
contatoa maior perturbação
a assusta é o contato
até a medula visual
dos ossos. Essedireto coma os
contato fazsemelhantes, poisainda
lembrar de que esse
existem possibilidades de ligação com o que acabou de perder. Entretanto, a alma
recém-nascida está “zangada” com o abrigo do mundo astral que acabou de deixar, e
não quer ser lembrada pela não-separatividade que ficou para trás. Um contato visual
que seja mantido por mais de um segundo é para uma alma assim um motivo de medo e
de sentimentos de ódio. É por isso que esse olhar é evitado ou interpretado como “mau
olhado”.
A alma recém-nascida não se interessa por política. Para ela, é inimaginável que a
política possa ter influência sobre a história do seu grupo, do seu povo ou da Terra. Para
ela é impossível desejar algo que esteja além do atendimento das suas limitadas
necessidades ou lançar um olhar além do seu horizonte. Diante daqueles que
determinam o curso dos seus dias ou determinam seu destino profissional, ela sente um
desamparo tão grande quanto o que sente diante da divindade. Ela não se sente mais
uma parte do todo e não está consciente de ser membro de uma sociedade ou grupo que
represente determinadas solicitações ou deseje modificações. Apesar disso, exatamente
porque a alma recém-nascida é tão dependente de orientação e da companhia das outras
almas, ela também é dependente no âmbito dos inter-relacionamentos humanos, sociais
e culturais. Ela deixa que a empurrem de um lado para outro, e obedece sempre, sem
conseguir desenvolver uma opinião própria. Ela também não compreende qual seja a
sua missão, visto que não consegue entender o entrelaçamento dos fatos.
A alma recém-nascida está numa forma de vida em que tem de se preocupar o
mínimo possível: ela apenas tem de cuidar da sobrevivência física e da reprodução da
espécie. Ela não anseia por mais nada. Está disposta a trabalhar, na medida em que suas
necessidades por amparo e proteção o permitirem, mas confia passivamente no apoio da
família, da estirpe ou do Estado, assim que sua imediata sobrevivência e seus interesses
forem ameaçados. Ela acha difícil dedicar-se a alguém; quer que os outros se
preocupem com ela.
Nesse estágio de desenvolvimento anímico o corpo precisa de muito sono, porque só
por meio do inconsciente a pessoa consegue ter acesso às dimensões extracorpóreas.
Durante o sono, a alma recém-nascida busca o consolo e a proteção que parecem
necessárias à sua vida e que, no entanto, tantas vezes lhe faltam.
Sua sexualidade está direcionada para a satisfação freqüente e indiscriminada dos
sentidos. Ela deseja ter uma prole numerosa, visto que a alma recém-nascida não gosta
de estar só em seu corpo. A certeza da existência de grande número de parentes
consangüíneos e de dependentes lhe dá a certeza de que não ficará sozinha e também de
ser cuidada e protegida na velhice.
Durante a primeiríssima fase da encarnação, a alma é verdadeiramente feliz quando
pode fazer uma refeição na companhia de muitas pessoas amigas, de preferência
parentes. E quando, além disso, pode deitar-se sem ter de se separar do calor humano e
dos cuidados dos outros. Nada lhe parece mais belo do que ver atendidas imediata e
freqüentemente suas necessidades básicas de alimentação, segurança e satisfação
sexual. Ela não se sente ameaçada e não ofende a ninguém. E, ainda assim, essa alma
sente que não deve ficar por muito mais tempo nesse estado de pura bem aventurança a
fim de cumprir sua tarefa no ciclo geral da encarnação. Depois de cerca de dez vidas,
ela toma consciência de que tem de se libertar dessa proteção e dependência e preparar-
se para o estágio da alma infantil. Esse estágio a tirará da fraqueza que até então fora
aceita com gratidão.
2 - A Alma infantil
O estágio da alma infantil assinala uma fase do desenvolvimento humano
impregnado pela ambivalência e pelo conflito entre uma dependência considerada
dolorosa, por um lado, e o desejo pela independência, pelo outro.
A alma infantil sente nitidamente a sua curiosidade, a necessidade de se aproximar
do desconhecido e, para tanto, aceitar como inevitável a separação do grupo que lhe dá
segurança. Contudo, assim que a curiosidade, junto com a separação a ela ligada,
atingirem um ponto crítico em que surge o medo provocado pela separação, a alma
infantil sente os seus anseios por independência como culpados e volta-se para o colo de
sua comunidade anímica ou social, a fim de garantir para si mesma e para os outros, que
ainda está disposta a considerar a dependência como algo bom e bonito. Ela confessa,
cheia de remorso, que foi um exagero buscar uma aventura, colocar-se em perigo e
assumir riscos que tiveram por única conseqüência provocar um distanciamento crítico
da pretendida e esperada segurança que ela espera sentir sempre se não se separar do
grupo.
Mas ela quer se separar, e tem de separar-se dele. As fases da existência corporal,
que estão unidas ao desenvolvimento da alma nesse estágio, levam a um distanciamento
cada vez maior do coletivo, que continua a ser vivenciado com medo mas que, por outro
lado, é tão atraente que renunciar às incursões ao reino da independência parecem ter
ficado cada vez menos possível.
Neste ciclo de alma infantil, todas as vidas estão a serviço da experiência de provar
a separação, com a simultânea exigência ainda importante de saber que terá abrigo: elas
têm de colocar todas as forças a serviço de uma autocompreensão incipiente e
familiarizar-se com o fato de ter se concretizado a fragmentação da família de almas da
totalidade anímica primitiva. A alma recém-nascida não podia e não queria aceitar esse
fato. No entanto, a alma infantil já o aceita e, pouco a pouco, ela ganha em alegria, até
mesmo o prazer de ter-se tornado um individuo.
Contudo, assim como uma criança, no seu primeiro vôo para fora do ninho, para os
planos da experiência pessoal, tem de se certificar de poder segurar a mão do pai ou de
refugiar-se na barra da saia da mãe, assim também a alma infantil depende da
comunidade como um fundamento estável na sua primeira vida neste ciclo. E não
estamos falando somente da comunidade social, mas também da comunidade de almas
que se encontram no mesmo estágio de desenvolvimento e que têm as mesmas
necessidades, de modo que haja sempre uma harmonia e uma oportunidade adequadas
de amparo.
A alma infantil é curiosa. Ela quer conhecer o mundo, e com muita cautela quer
conhecer o outro. Quer saber quem ela é, quando não se segura e, em conseqüência
disso, obtém as primeiras respostas. Mas essas respostas ao mesmo tempo confundem,
pois trazem junto com os primeiros conhecimentos sobre a realidade da fragmentação,
também certa dor e uma falta de saída que faz sentir a saudade de querer voltar ao todo
e, ao mesmo tempo, assenta de modo irrevogável a impossibilidade de realizar seu
intento.
Agora a alma reconhece que só pode seguir em frente; e porque a dor que nasce de
uma saudade para uma volta ao abrigo se torna insuportável, ela promete não olhar mais
para trás, separando-se dele voluntária e involuntariamente. Sua espontaneidade é
aparente; contudo, a alma infantil agora faz questão de tomar as próprias decisões.
Para ela, é novo o conhecimento de que não deve assumir a culpa nem atribuí-la aos
outros. E, dependendo de como a matriz dos fragmentos é estruturada em determinada
vida, será percorrido um caminho ou outro. A capacidade de ser vítima ou de fazer
vítimas
tambémésãoapresentada,
tecidos os pela primeira
primeiros vez,
laços nesse estágio
kármicos. de desenvolvimento.
Enquanto Agoraainda
a alma recém-nascida
sacrificava animais para aliviar-se do seu medo e dos seus sentimentos inconscientes de
culpa, agora a alma infantil está pronta para se oferecer ou oferecer seus semelhantes
como sacrifício. Quando prefere deixar os outros expiar pela culpa de seus medos - e
isso é inevitável neste ciclo de desenvolvimento - significa ao mesmo tempo em que os
outros assumem o papel de vítimas. É dessa maneira que são criadas ligações que, num
estágio posterior, têm de ser desfeitas, na maioria das vezes no ciclo de almas maduras
ou antigas.
Para percorrer esse ciclo com vantagem para sua evolução, a alma infantil precisa
ter a possibilidade de eximir-se da culpa e de atribuí-la às outras pessoas. Visto que não
consegue compreender o próprio sofrimento nem as próprias razões pois, para isso,
ainda lhe falta consciência, ela segue segundo o esquema de castigo e recompensa, e
aplica o castigo aos outros para se sentir melhor. Ela não deixa o castigo com uma
autoridade superior porque entende o divino como uma mera presença para a qual pode
voltar-se para vencer suas dificuldades. Portanto, ela precisa pegar em armas concretas,
sejam estas espirituais ou materiais, para executar o que acha necessário na sua posição.
Ela mata para poder sobreviver - não por motivos morais, não pelo desejo de ajudar a
obter vitória para um ideal, mas porque, assim, cria um espaço livre para as próprias
ações e desejos de desenvolvimento.
A alma infantil não está em condições, nem está preparada para assumir
responsabilidades pelo que faz - para impor-se e tornar-se independente. Para ela,
responsabilidade é um conceito que, eventualmente, pode ser compreendido no sentido
material. Da mesma forma que um camponês se sente responsável pela sua vaca porque
ela lhe presta serviços e o sustenta, e ele a perde se não a ordenhar, também a alma
infantil contempla o meio ambiente e o próximo como criados para atender às suas
necessidades. Á medida que eles executam sua função atendendo a seus desejos, ela
assume a responsabilidade por eles. No âmbito da formação da sociedade e da política, a
atitude da alma infantil leva a uma revolta cheia de desamparo, que é caracterizada pelo
fato de “os outros”, ou “os lá de cima”, sempre terem a culpa quando algo perturba ou
prejudica a alma infantil.
A alma recém-nascida não aceita nenhuma influência. A alma infantil, ao contrário,
se articula por queixas e reações, sem que isso esteja ligado a um modo de agir
conseqüente ou modificador. A alma infantil nunca se importa em mudar algo por si
mesma. Ela só realizará algo quando os outros assumirem a responsabilidade pela sua
ação, pois ela não entende o fato de que grandes mudanças pressupõem mudanças
pequenas. Quando as coisas não acontecem como ela deseja, isso tem a ver com os
outros a quem cabe a culpa. Ela é a vítima das circunstâncias, ou ao menos ela se sente
assim; neste caso, também não está em condições de assumir a responsabilidade pela
organização global.
Mas ao aproximar-se do final desse ciclo de desenvolvimento anímico, sua
perspectiva se modifica e a alma infantil começa a reconhecer que também ela pode dar
sua contribuição para a formação da própria vida. E ela desenvolve um novo prazer, não
só em se recusar a fazer tudo o que exigem dela, mas também em fazer sugestões para
mudanças em geral. Ela também desenvolve ideais e, agora, consegue imaginar como o
mundo poderia ser se não fosse como é. Com isso, ela volta seu anseio para o perfeito,
que contrasta visivelmente com o que ela vê. Ela faz pedidos e reza para sua presença
divina, a fim de dar expressão à sua esperança para alcançar uma mudança de vida e das
exigências da vida atual. Contudo, ainda é uma força exterior a ela a única que pode
melhorar-lhe o destino.
A religiosidade
O mal também tem da umaalma
sérieinfantil volta-se paraAum
de representantes. grande
alma número
infantil de figuras
cria um panteãodivinas.
de
presenças às quais pode dirigir-se e pelas quais se sente dominada. O céu dos deuses e
os templos estão cheios de imagens e de estátuas que tanto trazem tranqüilidade como
também confusão. A tranqüilidade é alcançada pelo fato de a alma infantil poder dirigir-
se a uma figura esculpida à semelhança dos deuses, mas também à semelhança humana,
para obter seus pedidos. A confusão é criada pela pergunta sem resposta: o divino, a
divindade isolada ou a manifestação de um Boddhisattva podem atender de fato aos
seus desejos? A imagem que se adora de fato recebe o amedrontado fragmento anímico
ou continua calada, imóvel e impiedosa?
Nesse sentido, a responsabilidade também fica totalmente com a imagem criada pela
alma infantil. Contudo, quando as orações não são ouvidas, ela atribui a si mesma parte
da culpa e se sente na obrigação de tomar novas medidas para mostrar sua submissão ou
para aplacar a ira da divindade. A divindade ou o sagrado tem de ser obrigado a
conseguir aquilo que a alma infantil não acha que é capaz de realizar. E ela insistirá
nisso por tanto tempo até ter passado ao estágio de alma jovem; e então, como reação,
resolverá fazer tudo sozinha, para nunca mais ter de depender da ajuda de ninguém.
A alma infantil gosta de brincar com a vida e com as possibilidades que moldam a
sua existência. Para tanto, prefere movimentar-se pelas regiões do “como se” e do “o
que aconteceria se”. Para ela é importante experimentar algo novo sem ter de correr
riscos grandes demais, sem ter de sofrer as conseqüências. Ela se manifesta, porém
precisa da possibilidade de retrair-se de novo a qualquer momento. Seus desejos e
fantasias são impressionantes; no entanto, são poucas as providências que toma para
transformá-los em realidade. Muitas vezes, basta-lhe “viajar” com os pensamentos e
com o potencial que considera digno de realização. Ela também brinca com os
relacionamentos, não com má intenção ou por falta de amor, mas pela necessidade de
não ter de comprometer-se. Ela não acha nada demais nisso, e também não sente nada
demais pelo fato de se unir temporariamente com alguém para depois abandoná-lo, quer
se trate de um parceiro, de um amigo ou um filho.
A alma infantil não consegue concentrar-se por muito tempo no mesmo ponto do
seu desenvolvimento. Como um gatinho que ainda não sabe muito bem o que fazer com
o rato que ele viu, caçou e transformou em sua presa, assim a alma infantil lida com
suas experiências, deixa-as fluir de um lado para outro, observa-as, curiosa, e quando a
curiosidade estiver saciada deixa que se vão.
A sexualidade da alma infantil também se caracteriza por essa atitude. As fantasias
representam um papel muito especial; contudo, raras vezes são compartilhadas com o
parceiro. Elas se limitam ao “o que aconteceria se”. Sua vida sexual é marcada por
“perdas” e por recuos infantis. O medo de perder os limites da recém-adquirida
individualidade determina a vida sexual. O medo de responsabilidades grandes demais
faz com que nem sempre seja possível gerar e dar nascimento a uma prole numerosa;
porém, isso não acontece pelo desejo de querer assumir mais responsabilidade por um
número menor de filhos, mas para não se sentir pressionada demais. A alma infantil já
está pronta e se sente chamada a tomar providências conscientes, protetoras, para não
perder a identidade ainda instável. Para isso ela está disposta a aceitar voluntariamente
certas limitações. O Tu é compreendido como Tu, mas como algo estranho e
essencialmente separado do Eu.
Como a alma infantil num corpo não espera poder dividir seu interior inseguro com
qualquer outra pessoa, ela renuncia à expressão de seus sentimentos, de forma que ao
mundo exterior só se tornam visíveis os resultados ou modos de expressão de emoções
já elaboradas ou reprimidas.
A saúde física da pessoa com alma infantil, via de regra, é boa e estável, Ela só é
prejudicada por influências aparentemente ocasionais do destino, provocadas por outras
pessoas, através de acidentes, prisão, catástrofes naturais ou tratamentos médicos
errados. A alma infantil parte essencialmente do princípio de que nada pode acontecer
com seu corpo se ela for suficientemente cuidadosa, observando o exterior ou fugindo
instintivamente dos perigos. E como está convencida de que é invencível e imortal
graças ao uso das forças do seu ego, ela se presta inconscientemente a todas as
intervenções possíveis que lhe permitam viver o imprevisível e o incompreensível,
mesmo que também os resultados prejudiciais sejam projetados para fora. Ela mesma
nada tem a ver com tudo isso. Coisas horríveis lhe acontecem e a fazem de vítima e ela
nada pode fazer contra os fatos.
Nos olhos da alma infantil reflete-se uma ingenuidade peculiar e, muitas vezes,
também uma vulnerabilidade ligada à posição de vitima inconsciente que acabamos de
descrever. A alma infantil irradia duas mensagens A primeira diz: “Ninguém pode me
fazer nada”. E a segunda: “Você não pode fazer isto comigo!” E as outras pessoas
reagem a essas mensagens. Elas sentem o impulso de poupar a pessoa com alma
infantil; e, no entanto, sempre são provocadas de novo, de algum modo, por essa
ingenuidade e pela falta de proteção que elas estimulam - mesmo sem querer - a fim de
comprovar a atitude da alma infantil, mostrando que ela mesma é pura e inocente e que
o mal só pode ser encontrado fora dela.
Com relação à população total do planeta Terra, a proporção de almas infantis no
final do século XX é de cerca de 18%. O Continente Africano, bem como algumas
nações do sudoeste asiático - Indonésia, Coréia, Burma, Vietnã - são povoados, em
grande parte, por almas infantis. Também na América do Sul e nos pólos, até um terço
dos que lá vivem pertencem a esse ciclo anímico. Na Alemanha, o tipo de alma infantil
representa 16% da população.
Para fazer e integrar todas as experiências deste ciclo, uma alma precisa viver
encarnada pelo espaço de quinze a vinte existências. Ao chegar ao final do ciclo, ela
desenvolve uma crescente disposição para assumir responsabilidades por si mesma e
pelos outros. Depois de passar por vários sofrimentos, ela percebe que a vida não é uma
brincadeira. Ela começa a encarar a formação de sua vida e compreende que custa
trabalho e esforço criar e desejar criar. Compreende e não ficará satisfeita, aceitando seu
destino, vivendo-o passivamente. Ela se prepara para uma fase de grande atividade e
autodeterminação, que lhe será proporcionada pelo ciclo da alma jovem.
3 - A Alma Jovem
4 - A Alma Madura
A alma madura descobre um novo mundo. Enquanto está nos estágios de alma
recém-nascida, infantil e jovem, a alma dedica-se totalmente à pesquisa e à obtenção de
condições exteriores e possibilidades de encarnação; a alma madura se depara com
níveis de realidade até então desconhecidos que, além disso, não a interessavam antes.
Agora, a idéia de ter uma psique e uma alma torna-se uma realidade concreta. A alma
madura vivencia uma discórdia interior, mas também passa por um ininterrupto diálogo
entre suas experiências interiores e exteriores.
Dissemos que a alma madura descobre um mundo novo. Ela se sente como uma
pessoa que veste um equipamento de mergulho e se arremessa às ondas do mar; cheia
de um espanto imensurável e de um certo grau de angústia, ela vê pela primeira vez o
mundo submarino com sua multiplicidade de formas fantásticas e coloridas. Muita coisa
desperta-lhe a curiosidade, outras, porém, representam uma ameaça. Ela não sabe
organizar o que vê, tem medo e está à mercê do desconhecido. Ela não sabe onde está o
perigo e onde pode sentir-se segura. Quer aprofundar-se, mas não conhece as condições
e regras que regem o reino das profundezas com seu espaço repleto de vida misteriosa e
inexplorada.
E assim como o mergulhador tem de voltar à superfície para respirar, encher o
equipamento de oxigênio ou para não ficar por demasiado tempo sujeito à pressão da
profundidade, assim também a pessoa cuja alma atingiu o estágio de maturidade
anímica tem de aprender a lidar cuidadosamente com as condições das dimensões que
acaba de conquistar. Ela não deve se aproximar continuamente das profundezas da sua
realidade interior. Justamente no início deste ciclo ela deve cuidar de ficar
predominantemente nas esferas da realidade exterior, que chegou a conhecer muito bem
durante os três primeiros grandes ciclos anímicos de desenvolvimento. Eles estão à sua
disposição e ela os domina, à medida que podem ser dominados.
A alma madura começa a reconhecer problemas em toda parte onde antes parecia
não haver dificuldade. Uma alma jovem está sempre pronta a negar ou a deixar de lado
todos os seus problemas, conflitos e dificuldades com muita empáfia. Ela acha que tem
solução para tudo e que tudo pode ser feito; o que parece escapar-lhe ao controle, ela
simplesmente ignora, visto que não quer gastar energia com incertezas relativas à
própria fé. A alma madura consegue enfrentar melhor seu medo frente aos problemas e
por issoela
dentro, também
agora tem maisdescobre
também problemas. E como
abismos seu olhar
e zonas começa
escuras a voltar-se
que antes de fora
não viu. Agorapara
ela não pode mais ignorar o que a impele para o alto, e com crescente coragem ela
estrutura sua vida de tal forma que a problemática dos relacionamentos, do trabalho, das
posses, da saúde e do sucesso podem desempenhar um papel cada vez mais importante
em sua vida.
E quanto maior for a freqüência com que uma alma entra em contato com as forças
de sua existência ao fazer uma auto-análise, tanto mais dolorosas serão suas discussões
com a estrutura da própria identidade. Ela mergulha nas profundezas, na escuridão da
psique e sempre volta à tona para aprender a conhecer melhor a própria vida. Ela
descobre a profunda insegurança contida na pergunta “Quem sou eu?” E, no entanto,
ouve também novas respostas que, ao menos temporariamente, a consolam e lhe dão a
certeza de que também vive independentemente da aprovação das outras pessoas, da
norma social, da nação e da raça.
Com a crescente consciência de si mesma, a alma madura reconhece as ligações que
se estendem aos planos físico, psíquico, mental e anímico. Agora ela não busca mais os
que são iguais a ela, como se isso fosse natural, mas aproxima-se de pessoas que
exercem uma atração sobre ela exatamente pelas diferenças, o que estimula o seu
crescimento. Uma diferenciação na visão do mundo, na direção de vida ou na formação
dos relacionamentos não é mais considerada uma ameaça pela alma madura ou algo a
ser castigado com o desprezo. Uma pessoa com alma madura busca novos
relacionamentos e também sente uma nova solidariedade pelos outros.
Mas não é só a descoberta das pessoas, como a sua multiformidade colorida, que
satisfaz uma alma nesse ciclo, mas é também sua ligação com a natureza que adquire
novos aspectos. O mundo dos fenômenos físicos, químicos, biológicos ou geológicos
desperta nela um respeito até então desconhecido. Ela começa a pesquisar os inter-
relacionamentos entre o micro e o macrocosmo, pois seu olhar tem um alcance que vai
além do que pode ser diretamente percebido. Aos poucos ela vai reconhecendo que uma
força espiritual liga todos os fenômenos da sua vida; e então consegue ver a si mesma
como uma partícula significativa do todo que compõe a existência.
A alma jovem tinha uma experiência sobre si mesma principalmente pelas suas
ações. A alma que vai amadurecendo vê a ação como uma necessidade que, no entanto,
não lhe dá significado. E com a mesma freqüência com que uma alma madura busca o
sentido da vida em todas as esferas, visíveis e invisíveis, com a mesma freqüência ela
duvida da possibilidade de descobrir esse sentido. Agora ela leva a vida no corpo mais a
sério do que antes, e a seriedade de vida torna-se consciente de forma diferente do que
acontece com a alma jovem. Na verdade, só agora ela entende que o sofrimento, a
desesperança, a tortura não são fenômenos provocados pela falta de amor ou pelo
pecado, mas que pertencem diretamente à sua vida e ao seu acúmulo de experiências.
Para a alma madura não é fácil lidar com esse lado sombrio da vida. Contudo, nesse
ciclo, ela o sente em maior profundidade do que antes ou do que o sentirá depois. Com a
experiência, ela adquire também uma grande compreensão do desgosto dos
semelhantes. É por isso que a alma madura opta por atividades que a façam entrar em
contato com os que estão em má situação: os pobres, os doentes, os infelizes e os
desesperados; ela entra em contato com os que sofrem alguma perda ou com os que são
prejudicados. Desse modo, a alma nesse ciclo faz muitas experiências sobre os aspectos
sombrios da existência sem ter de confrontar-se pessoalmente com eles em cada vida do
corpo.
Sua visão de mundo se modifica. O guia de todos os desejos e ações não é mais o
sucesso exterior, mas uma satisfação de plenitude interior, baseada numa avaliação
pessoal
artística,depor
valor.
maisAfragmentada
ética e a moral tomam-seque
ou maçante mais individuais
possa e também
ser, presta a expressão
mais homenagem à
massa, mas é reflexo de uma consciência da carência, da humanidade nua, da
transitoriedade da vida no corpo.
Agora também é assumida a responsabilidade numa medida que ainda era estranha à
alma jovem, e que a alma antiga mais tarde deixará de lado. Enquanto a alma jovem
gosta de assumir tarefas no mundo exterior, a alma madura tende a assumir
responsabilidades sociais. Ela se importa com o bem- estar da comunidade e não só com
o bem-estar dos mais favorecidos, porém com o bem estar dos que não têm força para
cuidar de si mesmos. A responsabilidade também representa um papel relevante no
plano psíquico. Como a alma madura mostra grande disposição para analisar os próprios
desejos e motivações e para tomar conhecimento das fraquezas pessoais, ela se põe
melhor em contato com o que lhe é possível e impossível realizar. Freqüentemente, no
entanto, acontece que essa responsabilidade se transforma numa responsabilidade que
provém do medo, de um bloqueio e também do fato de ter de assumir responsabilidades
adicionais. Então, quando acontece alguma coisa que não fazia parte de seus planos, a
alma madura atribui a si mesma a culpa, e o faz de maneira exagerada. Ela sofre com
seu fracasso, cai em auto- incriminação e em depressão porque não reconhece que
exigiu demais de si mesma. Ela tem saudade de um apoio, como o que conquistou nos
ciclos anímicos anteriores de desenvolvimento. Mas não encontra mais esse apoio na
esfera do essencialmente factível. Ela só o encontra quando analisa o próprio interior,
quando analisa o âmago do seu ser e quando consegue ancorar-se nele, concretizando
sua identidade.
Para vocês já ficou claro que este ciclo de desenvolvimento anímico não é fácil de
levar a cabo. Ele representa uma prova de fogo para a alma, à medida que ela deseja
cristalizar essas experiências de vida nos primeiros ciclos. Esta é uma fase de grandes
desafios e assemelha-se a um teste que se estende por muitas vidas. Normalmente, uma
alma precisa de vinte e cinco encarnações para chegar à plena maturidade.
Essas encarnações também são caracterizadas pelo fato de a pessoa reconhecer pela
primeira vez os vínculos kármicos com vidas anteriores. A alma começa a soltar-se
lentamente por meio de ações e de atitudes conscientes. O que provocava sofrimento, é
agora curado da melhor forma possível. A capacidade de amar da alma madura cresce
passo a passo, etapa por etapa à medida que as obrigações kármicas são reconhecidas e
aceitas. Justamente porque a alma madura não se mobiliza mais como antes com a
proteção do coletivo, mas luta cada vez mais pelo isolamento, ela fica extremamente
grata com qualquer encontro com o semelhante cuja alma já conheça de encarnações
anteriores, seja por meio de experiências prazerosas ou dolorosas.
Para a alma madura, ainda não é possível em cada caso o reconhecimento imediato
de uma vibração de confiança, mas ao chegar ao final desse ciclo a sensação de
reconhecimento anímico aumenta. No entanto, mesmo que os encontros não sejam
vividos conscientemente, ainda assim são válidos e, neste ciclo, são mais freqüentes do
que nos anteriores. E a alma madura vive esses encontros com uma intensidade jamais
conhecida. Basicamente ela está preparada para viver da mesma forma a alegria e a dor,
obtendo experiência pessoal, medindo seus limites, aceitando-os assim que os alcança.
Quase todas as encarnações dedicar-se-ão à missão de abrir ao menos uma ligação
kármica de consciência ou desfazer algumas dessas ligações perturbadoras. Fazendo
isso, a alma em vias de amadurecimento sempre chega outra vez ao ponto de desejar ser
boa e amorosa, compassiva e generosa, embora nem sempre seja bem-sucedida nisso,
porque ela mesma é muito carente devido à sua sensibilidade e ao seu sofrimento, que
ultrapassam os limites do seu amor.
Embora
sucesso tenhamos
exterior dito quedos
e no domínio a alma
seusmadura nãomas
desafios, busca
quemais
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seu bem-
paraestar no
o interior,
procurando reconhecer que a busca pela verdade individual e pela personalidade
autêntica lhe abre dimensões que ainda não haviam sido exploradas até então, isso não
significa que essas mudanças para as profundezas da própria psique façam a alma
madura renunciar prazerosamente à segurança material, à prosperidade e ao conforto.
Ao contrário: a alma madura precisa da segurança no âmbito da vida exterior para
poder voltar-se para o seu interior. E como ela está disposta a assumir seriamente
grande responsabilidade, freqüentemente ela se vê em posições sociais de influência,
que lhe permitem dispor de bens e de dinheiro. Ao contrário da alma jovem, contudo, a
alma madura não se identifica diretamente com o que conseguiu ou com o que
acumulou. Basta-lhe uma certa proporção de reconhecimento público e de prosperidade.
A alma madura verdadeiramente pode gozar do que está à sua disposição. Mas também
poderia arranjar-se com menos. Afinal, ela sabe que a moldura material de sua vida
física não passa de uma moldura e não é um objetivo, uma finalidade ou um conteúdo. E
como ela não está mais tão apegada aos bens materiais e como não se sente dependente
do sucesso e da riqueza durante toda a vida, inclusive na vida psíquica, ela consegue
lidar com o que lhe pertence e com o que vem às mãos de uma forma bem diferente.
Muitas vezes ela será generosa e liberal quando não houver o elemento matricial da
cobiça como característica anímica. E grande parte do que possui ela gastará para obter
bens não-materiais para si mesma: sabedoria, experiência, conhecimento e impressões.
No entanto, com isso não estamos querendo dizer que todas as almas maduras são
abastadas. Aqui falamos apenas de uma riqueza relativa, que depende do contexto
sociocultural do momento em que a alma madura se manifesta fisicamente. Porém,
como faz parte das etapas de aprendizado da alma madura reconhecer que sua vida
psíquica e espiritual segue outros regulamentos que não os do mundo da conquista e da
segurança material, é necessário para ela conhecer pessoalmente o contraste entre as
duas esferas, a interior e a exterior. Assim, muitas vezes acontece que uma alma madura
nasce num lar em que os pais lhe garantem uma infância despreocupada e
materialmente segura, mas que ela mais tarde tem de passar por uma perda a ponto de
não lhe restar nada, a não ser a certeza de que sua humanidade continua intocada no seu
interior, com todo o seu valor. Ou a pessoa nasce em circunstâncias de pobreza e,
posteriormente, chega à tão almejada prosperidade. Ao mesmo tempo, ela tem de
comprovar que é grata por essa vida, embora não possa deixar de admitir que toda a sua
prosperidade só serve como um meio para alcançar um objetivo, não sendo nunca o
objetivo em si. Ninguém melhor do que a alma madura sabe que o dinheiro não traz
felicidade, pois ela pode comprovar em si mesma e em outras pessoas com as quais
convive que muitas vezes acontece exatamente o contrário.
É por isso que a pessoa nesse estágio anímico é grata por todo momento de
felicidade. Ela aprecia esses momentos ou períodos mais intensamente do que a alma
jovem ou do que a alma antiga, visto que a alma jovem sempre acredita que a
verdadeira felicidade é algo que reside no futuro que ela não alcançou ainda; e a alma
antiga anseia tanto por uma felicidade que não pertence a este mundo que raras vezes
fica satisfeita com o que acontece no presente. Somente a alma madura no curso de suas
várias encarnações conhece momentos de reflexão tranqüila e repleta de felicidade.
A alma madura também precisa da família e dos amigos para sentir essa felicidade.
No entanto, mesmo quando está cercada por muitas pessoas que lhe querem bem, ainda
se sentirá um pouco isolada, pois suas necessidades no nível anímico, e também no
nível psíquico, são diferentes das necessidades dos seus entes queridos. Visto que se
esforça tanto para agir e sentir com mais consciência do que nos estágios anteriores da
sua evolução,
formação a almados
espiritual madura dáàmuito
alunos, valor
ação da suaàpersonalidade
educação dos sobre
seus descendentes,
a humanidadeàcomo
um todo. Em todos os aspectos da vida humana encontram-se almas maduras
representando o papel de professores, educadores, artistas, cientistas e políticos, bem
como de médicos e sacerdotes, artesãos e técnicos. Elas exercem influência sobre o
semelhante por meio de suas ações e também pelo seu modo de ser. Sempre que
exercem essa influência sobre seus semelhantes elas visam, em primeiro lugar,
transmitir o conhecimento que for possível por meio de alguma ação.
Uma pessoa que abriga uma alma madura é religiosa à sua maneira. Visto que não é
mais afetada diretamente pelo espírito coletivo, busca uma ligação religiosa mediante a
via individual do conhecimento. Uma atitude monoteísta ou atéia, raras vezes militante,
oferece-lhe a melhor possibilidade de sentir em si mesma a ressonância do princípio
divino. Ela descobre formas próprias, insubstituíveis, de contato e de adoração em
relação à divindade. Se ela pertencer a alguma comunidade de fé, ficará seriamente
empenhada em descobrir a verdade pessoal ou espiritual que está por trás dos dogmas
ou do conteúdo da crença. Dúvida e melancolia tomam conta dela simultaneamente.
Ninguém faz tantas perguntas quanto uma alma madura. E ninguém descobre respostas
satisfatórias com tanta raridade. A busca, a dúvida e o desespero de não encontrar nada
faz com que a pessoa de alma madura diga: “Não acredito em mais nada!”
É, no entanto, exatamente nessa afirmação que se manifesta o crescimento anímico
da consciência adequada para esse período, pois a alma madura deixa muita coisa para
trás, deixa para trás o que lhe prometera e lhe dera apoio no estágio de alma jovem. A
característica desse novo estágio maduro é que a segurança, o consolo e a proteção não
são mais encontrados exclusivamente nos rituais tradicionais e nas convicções
comunitárias de crença, em instituições de diretrizes eticamente determinadas. Uma
alma madura não pode mais pensar sem analisar bem o seu modo de pensar. Ela
alcançou um estágio no qual aquilo que ela chegou a ser não lhe parece natural.
A saúde de uma alma madura é menos estável do que a de uma alma jovem, pois a
alma madura quer fazer experiências que têm relação com a transitoriedade de tudo o
que é físico e frágil. Nesse ciclo, suportam-se doenças dolorosas, limitações e acidentes
com conseqüências graves para que se possam descobrir os limites da própria
identificação com o corpo físico, pois são exatamente os sofrimentos crônicos que
servem para testar se a estabilidade interior conquistada consegue manter-se diante de
uma ameaça física.
Neste ciclo anímico, o sofrimento é um tema importante, e isso vale tanto para os
sofrimentos físicos quanto para os psíquicos. Como a pessoa com alma madura está
disposta a assumir responsabilidade pelo corpo e pela saúde, ela reconhece pela
primeira vez que pode fazer algo pelo seu bem-estar; ela entende que tem de fazer
vários sacrifícios para manter a saúde. Ela sabe que não pode cometer mais as loucuras
que cometia no ciclo de alma jovem. Seu fluxo energético se aprimora, sua alimentação
é outra e ela precisa de mais paz e de mais proteção. Torna-se mais suscetível às
influências do ambiente e mais sensível a todo tipo de venenos aos quais o corpo é
submetido.
Mas nós também temos de mencionar que pessoas com alma madura muitas vezes
ficam tão perturbadas com os problemas da vida que elas se revoltam; isso as leva a usar
todo tipo de drogas, principalmente aquelas que as levam a esquecer-se dos tormentos
da existência. Nesse rol não cabem as assim chamadas drogas do prazer apenas, mas
também todas as pílulas e drogas que provocam sono e esquecimento, ou então uma
alteração no estado de consciência. Nesse caso, é importante entender que as drogas
permitem
natural nãoque a alma
teria acessomadura tenhaanteriores.
nos ciclos uma visãoAgora,
psíquica de planos
o desejo aos quais
de ampliar suade modo
consciência é muito grande; porém o medo de uma ilimitada alteração precoce da
consciência ainda é maior.
A vida cotidiana pode ser considerada insuportavelmente difícil, daí por que muitas
almas maduras preferem negá-la ou recusá-la por considerarem-na monótona. Muitas
vezes a alma madura escolhe uma saída para seu dilema, à medida que desiste
totalmente de entender e de desejar controlar seu dia-a-dia. Nesse ciclo de
desenvolvimento anímico com freqüência é necessário pesquisar a loucura, a perda da
razão. Nem todas as almas têm de percorrer esse caminho no estágio da maturidade. Ele
também pode ser trilhado no ciclo de alma recém-nascida ou mais tarde, durante as
últimas encarnações. Como, no entanto, se trata de um desenvolvimento imperdível para
a experiência da alma, ela terá de percorrer os mencionados ciclos de desenvolvimento.
Queremos enfatizar que, no caso de pessoas com alma madura, quase sempre se
trata de pessoas extremamente corajosas que seguem seus objetivos anímicos com
grande seriedade e estão dispostas a enfrentar as dificuldades da vida e também a
superá-las. Existem coisas como doenças crônicas, separação precoce dos pais, morte de
filhos, perda do lar, julgamento injusto e perda da liberdade, perda súbita do parceiro de
vida mais amado, brigas amargas com a alma gêmea, todo tipo de ajustes kármicos,
mudanças para ambientes e culturas diferentes, parceria com pessoas de outras raças,
perda de bens, inesperada conquista de riqueza, expressão artística incorretamente
avaliada. Desse contexto de dificuldades fazem parte o ter de tomar conta de um parente
durante anos a fio, implicando enorme sacrifício pessoal, nascimento de um filho
deficiente e a necessidade dos relativos cuidados, quebra de convenções e de tradições
familiares inclusive no sentido profissional, e toda a temática de ser acusado
injustamente: de inconscientemente provocar um incêndio, de morte no trânsito por
negligência ou na guerra, além de ser empregado fiel de um mau patrão.
Pode-se dizer que quase toda encarnação nesse ciclo encerra-se com a compreensão
e aceitação das situações de vida encontradas, mesmo que despertem medo. Em muitos
casos, pessoas no ciclo de almas maduras morrem de forma tranqüila depois de uma
vida agitada, turbulenta; mas não se deve dizer que a realização seja um sinal
característico de uma existência feliz, quase sem acontecimentos dignos de nota. A
sabedoria e a capacidade de amar agora sempre aumentam com o reconhecimento e o
domínio dos problemas. As limitações e medos fundamentais dos ciclos anteriores
desaparecem. Raras vezes a alma madura acrescenta novo karma ao que já trouxe. Ela
trabalha muito mais eficazmente para entender e formar seu passado anímico.
A alma madura ama profunda e duradouramente. Ela está disposta a se sacrificar por
amor. Faz parte do tema deste ciclo passar a vida toda com uma pessoa - parceiro,
marido ou filho - sem simplesmente aceitar essa ligação, mas cumprindo-a com amor e
sensibilidade e com consciência. Porém, também pode acontecer que uma alma madura
procure determinada alma para companheira porque ela a escolheu entre as vidas; e, por
isso, ela tem de trocar mais vezes de marido, mulher ou parceiro, enquanto o encontro
decisivo não tiver se efetivado.
A sexualidade serve em grande medida para a pessoa se aproximar verdadeiramente
de outra, abrindo-se, sentindo e mostrando a própria vulnerabilidade. Também é usada
para atrair um parceiro que já havia tido contato com sua alma em encarnações
anteriores. Os filhos nascidos de uma união dessas, não raro, também são almas
conhecidas ou parentes, com as quais já haviam estabelecido acordos no plano astral, no
período entre vidas, e que se declararam dispostas a ser úteis aos futuros pais em
determinados passos importantes de seu desenvolvimento.
medoComo
e dasasinibições,
almas desse ciclo anímico
na maioria derramam
das vezes elas têmmuitas
olhos lágrimas
claros. Ospara se libertar
olhos de uma do
pessoa cuja alma é madura observam o mundo com autocrítica e bondade. Esses olhos
dão a impressão de buscar alguma coisa; eles parecem fixos no horizonte longínquo às
vezes, irradiam um brilho quase metálico. Seu olhar é penetrante, mas a musculatura
desses olhos raras vezes relaxa e o contato visual não pode ser suportado por muito
tempo, embora a intensidade desse olhar, mesmo por átimos de segundo, baste para dar
à alma madura acesso à alma das outras pessoas. Mesmo que o seu coração humano não
possa estar o tempo todo repleto de amor, ainda assim, em cada uma das almas isoladas
nesse ciclo, há muitas horas em que os olhos de uma pessoa como essa demonstram
amor, tornando-se ternos e aveludados.
No momento em que estamos transmitindo estas informações, há na Terra 22% de
almas maduras. Elas deram preferência a países onde houvesse grandes desafios e que
pudessem oferecer inovações como algumas nações do Oriente, ou países que lhes
pudessem dar paz e contemplação, como muitas províncias da China e as menos
populosas regiões da Índia e da Indonésia, mas também a Islândia, Portugal e Nova
Zelândia. O Líbano, Israel e a Turquia, ao contrário, são regiões preferidas para a
encarnação daquelas almas maduras que ainda têm de sofrer algum retrocesso em seu
esforço de encarnação, sem que sejam logo retirados todos os perigos da sua vida. Uma
série de nações industrializadas altamente desenvolvidas também abrigam almas
maduras, e elas são numerosas. A Itália, a Inglaterra, a França, a Hungria, a Suíça e a
Suécia oferecem ricas possibilidades ás pessoas de alma madura, que nelas podem
desenvolver seu potencial de interiorização. Na Alemanha, existem 22% dessas almas.
5 - A Alma Antiga
O ciclo da alma antiga refere-se ao que se pode descrever com os termos solidão e
solidariedade. Enquanto nos ciclos anteriores valia libertar-se do coletivo e obter uma
crescente individualização, buscando a liberdade e a consciência da alma, agora a
consciência aproxima-se do ponto máximo no corpo, e a alma reconhece
irrevogavelmente sua fragmentação. Ela tenta negar esse conhecimento no início deste
ciclo, tenta fingir que ela não existe; no entanto, não consegue mais fechar os olhos
diante da sua verdade essencial. E essa verdade diz: ela está só no plano físico.
De inicio, ela está isolada porque em seu ambiente imediato há bem poucas pessoas
que também têm alma antiga e com as quais possa compartilhar essas experiências, as
bênçãos e dores desse estágio anímico. É por isso que uma pessoa com alma antiga se
depara desde o nascimento com um ambiente de incompreensão, estranheza e
distanciamento. Neste estágio, é preciso muita força para manter intato o contato com o
próprio interior, que parece ser o único ponto de apoio. No entanto, seria lamentável se
essa alma quisesse romper o contato com a vida da forma como a escolheu por medo de
sofrer, pois a alma antiga nunca deve se esquecer de que a atual encarnação - da forma
como se apresenta - foi desejada, pois representa uma tarefa importante nascer nessas
circunstâncias de lugar, vivendo dessa forma. Caso contrário, ela nem estaria aqui.
Mas há outra coisa que caracteriza o ciclo de almas antigas. Trata-se da sensação e
da experiência real de uma crescente solidariedade - não no plano físico, mas no plano
da consciência do mundo astral e do mundo causal. Essa solidariedade pode acontecer e
só acontecerá quando o isolamento de fato for aceito e reconhecido pela alma antiga. A
solidariedade surge a partir de uma nova orientação de vida. A alma antiga compreende
a consciência e a inconsciência de uma forma nunca antes conhecida e se manifesta por
meio de podem
que não uma disposição telepática,
ser atribuídas visionária
diretamente e espiritual,normal.
à consciência pelo contato com energias
Em primeiro lugar, trata-se de imagens do Eu interior; em seguida, dos
relacionamentos com todos os que demonstrem ter parentesco anímico com o fragmento
isolado. Trata-se dos irmãos anímicos, mas também de entidades que transcendem o
âmbito familiar. A capacidade de receber planos de consciência mais elevados aumenta
de modo intuitivo e inspirado, e há a possibilidade de aprender com entidades
transpessoais.
A alma antiga sente saudade da união com o seu todo anímico que ficou por um
tempo no plano psíquico, tempo que lhe parece longo demais. Ela realiza essa ligação
com todos os meios e métodos à sua disposição. Ela se completa em cada momento de
silêncio, durante a meditação, no sono, por meio das relações sexuais, em todas as horas
em que o coração se expande e os olhos brilham de excitação. Mas como a alma nesse
estágio reconhece seu desenvolvimento, como reconhece o fato de que está e não está
só, ela busca ajuda chamando por aqueles que de alguma forma já estão com ela. E
assim, ela tem acesso a âmbitos que começaram a se abrir durante o estágio da alma
madura, mas que só agora representam uma realidade que pode ser percebida.
Por esse motivo, a alma antiga sente certa insegurança no início deste ciclo. Seus
sentimentos estão impregnados de grandes contradições. Ela está totalmente só e,
contudo, não está só. Ela se sente abandonada pelas outras pessoas e, mesmo assim,
conquista amor e amizade, calor humano e proximidade de seres e entidades que não
são visíveis numa realidade física. Mas no mundo físico a alma antiga também
conquista, junto a um pequeno número de almas antigas encarnadas, um amor que não
depende mais do fato de duas pessoas entrarem em harmonia, de se compreenderem ou
de desejarem compartilhar seu dia-a-dia.
A alma antiga conhece - em comparação com fases de desenvolvimento nunca antes
vividas - um novo conflito. Ela vive num corpo e é inequivocamente um ser humano,
vivendo de acordo com as regras do plano físico. Mas mostra-se alheia a essas regras e
não sabe muito bem qual é o seu lugar. Como pode sentir-se à vontade numa terra em
que sua alma sente a solidariedade, o amor e a proximidade muito mais nitidamente em
outras esferas do que as que sente onde seu corpo se manifesta? Deve ela ficar aqui ou
lá? Acaso ela quer ficar aqui ou em outro plano?
Com freqüência, seu corpo passa por estados generalizados e vagos de fraqueza. Ela
não está doente, mas também não está sadia. A alma antiga é excessivamente sensível e
tende a fugir das tarefas e das incômodas exigências físicas. A vida com suas
necessidades diárias que incluem o comer, o beber e o dormir, a conquista pelo pão de
cada dia, a necessidade de manter relacionamentos, o desejo de proximidade e
reconhecimento, muitas vezes lhe parece desolador. A alma antiga tem a tendência de
negligenciar situações ou de alguma maneira esquivar-se delas. Ela anseia pela maior
distância possível em relação à realidade cotidiana.
Ela despreza e faz pouco daqueles que se dedicam aos prazeres sensuais. Busca um
estado de simplicidade, que corresponderia melhor a uma vida fora do corpo; e, no
entanto, em todas as horas da sua vida tem de passar pela experiência de que não é
possível viver e, ao mesmo tempo, dizer não à vida. Nisso reconhecemos a maior
dificuldade que caracteriza o ciclo anímico das almas antigas: as encarnações - de dez a
quinze - têm de ser vividas e experimentadas conscientemente. Elas têm de ser aceitas e
usufruídas para poder atravessar cada uma das etapas, o que possibilita que o círculo
total das encarnações seja encerrado. Portanto, para a alma antiga, o desafio consiste em
manter-se realmente no aqui e no agora, ultrapassando os limites da experiência física
comBasicamente,
a sua consciência.
as almas antigas estão cansadas para batalhar pela existência material
e pelo que é básico para uma vida no mundo real. Já fizeram tantas coisas e já viveram
tanto! Deixaram tantas coisas para trás, e preferem recolher-se a um pequeno nicho,
deixando que os outros cuidem delas e as protejam só para não terem de fazer
pessoalmente essas coisas que para elas se tornaram cansativas. Elas gostariam de
descobrir um modo de vida em que se sentissem protegidas, em que recebessem uma
renda e em que pudessem confiar nas pessoas que as tomassem sob a sua proteção. Isso
as deixaria livres da assustadora e aborrecida tarefa de se preocupar com a
sobrevivência material. Elas gostariam de ficar em posição de dependência e de
entregar-se à tendência de trabalhar sem chamar a atenção, de trabalhar sem merecer a
consideração de que precisavam nos ciclos anteriores, de trabalhar sem a obrigação de
se tornarem conhecidas ou famosas, de trabalhar sem a intenção de realizar grandes
feitos.
As almas antigas, mais do que as jovens, são chamadas a testar as coisas, tomando-
se pelo seu valor real, examinando e questionando tudo, analisando se se trata de algo
válido para elas mesmas e não apenas para os outros. Respeitando-se as exceções, em
geral elas têm dificuldade com as autoridades e com prescrições que visem limitar e
controlar sua personalidade incomum. Por outro lado, as almas antigas também
precisam de diretrizes, mas têm de ter a liberdade de afirmá-las ou de negá-las de
acordo com as necessidades no presente.
Já dissemos antes que as almas antigas voltam o olhar para um horizonte distante.
Muitas vezes, elas observam mais do que vêem; parecem não enxergar o que é visível
para todos nos fenômenos da vida, mas enxergam aspectos transcendentais ou
simbólicos. Consideram sua realidade apenas quando em relação com outras realidades.
E isto significa também que, aparentemente, vêem formas isoladas dos relacionamentos
da vida que são reconhecidas pelas outras pessoas como algo válido. Ás vezes parece
até que a alma antiga se liga outra vez às sensações instintivas das práticas xamânicas
ou com os pontos de vista cabalísticos da realidade. Mas em vez da ritualização pura e
mental das correlações, que fascina as almas jovens e maduras, as almas antigas sentem
todo esse sistema de correlações como um fenômeno energético que pode ser
experimentado.
Na vida de uma pessoa com alma antiga, a energia, em suas múltiplas
manifestações, representa um papel importante. Assim como essa pessoa aprimora seu
próprio sistema de energia física e continua aprimorando-o, assim ela também tem
acesso às energias que podem atingi-la numa freqüência vibratória superior; isso a torna
mais sensível aos fluxos de energia que se cruzam ou a perturbam.
Como em determinado plano tudo é energia, o corpo de uma alma antiga também
consegue incluir-se nesse espectro de vibrações. Para ela passa a ser possível perceber
melhor as diferentes freqüências da própria energia; assim, ela consegue brincar com
elas, modificá-las, e até usá-las. Isso ela pode fazer enquanto medita ou analisa os seus
sonhos; enquanto relaxa profundamente e reconhece seu corpo energético e o das outras
pessoas; enquanto faz viagens astrais e usa os inter-relacionamentos sutis que ajudam a
curar o corpo. Ela pode dar energia física de presente a outros corpos físicos e usar a
consciência para entender e refletir várias fraquezas do corpo em outras dimensões.
Por isso, é bom e está certo que uma alma antiga escolha tratamentos com energia
suave no caso de doenças físicas. Isto a distingue essencialmente das almas dos três
primeiros ciclos de evolução. Seja como for, às vezes é mais conveniente para as almas
maduras encontrar acesso aos métodos de cura mais suaves, uma vez que se tornaram
muito sensíveis aos tóxicos.
EssaNinguém
antiga. sensibilidade
sofre diante das drogas
tanto com continua
a sujeira, a seeintensificar
o barulho no ninguém
o mau cheiro, estágio daé alma
tão
atormentado por substâncias aparentemente inócuas, em nenhum lugar há tanta
dificuldade para manter intacto o sistema imunológico do que nesse ciclo, pois o corpo
de uma alma antiga torna-se cada vez mais permeável. Como ela está se aproximando
da derradeira libertação da sua existência física, ela já sente essa transparência em
algumas encarnações anteriores à última, que ao mesmo tempo ela transforma num
filtro que tem de sugar toda energia possível para irradiá-la outra vez.
Quando a alma nesse estágio tenta proteger-se das influências do plano físico aos
quais está sujeita, ela nada faz de bom para si mesma. Para ela, é mais importante
aprender a deixar o indesejado fluir por ela sem que isso a afete e invocar em seu
auxílio o espírito com toda sua potência dominadora, a fim de filtrar e eliminar
elementos nocivos e energias de desamor. Caso contrário, teria de manter-se distante de
tudo e de todos. Isso não lhe faria bem.
Seria lamentável que quisesse evitar o contato com a vida da forma que escolheu por
ter medo dos sofrimentos, pois uma alma antiga nunca deve se esquecer de que desejou
a atual encarnação - nas circunstâncias em que ela é e não de outra forma. É sua missão,
e foi sua escolha, viver nesse lugar, nessas circunstâncias; e ela também optou por lidar
com isso. Ela também deve lembrar-se de que assumiu tarefas em sua realidade físico-
anímica, ou ainda pode assumi-las, e essas tarefas podem contribuir para tornar-lhe esta
vida mais suportável. Da mesma forma, não queremos ocultar o fato de que uma alma
antiga sofrerá sob múltiplas sensibilidades e que elas são necessárias para um aumento
da sensitividade mental e espiritual. Com isto, não queremos dizer que as almas antigas
têm clarividência ou visões do mundo por meio do pensamento. Muita coisa permanece
inconsciente, embora a consciência tenha se ampliado em comparação com a
consciência dos outros ciclos; porém, muitas coisas que estavam nas trevas agora são
reconhecidas e analisadas.
No entanto, as intuições e inspirações são usadas para dar o passo planejado,
importante e necessário, que a alma incorporada quer dar com a máxima precisão a cada
vida. As poucas vidas da alma antiga oferecem uma seqüência bastante compacta da
plenitude de experiências e acontecimentos que ainda têm de ocorrer visando a
conquista da perfeição. Além disso, é preciso encontrar os membros mais importantes
de sua família anímica que ainda se encontram no corpo; ao encontrar-se com eles,
deve-se estabelecer algum tipo de contato telepático.
Como a maioria das pessoas segue as intuições ou as orientações do seu Eu Superior
até a sua última vida na Terra, embora não saibam disso conscientemente, há um
contato com irmãos de alma diversos e também com outros companheiros anímicos de
destaque que, em muitas vidas anteriores, representaram um papel importante, seja no
plano consciente ou no semiconsciente. E a consciência, no seu sentido mais
abrangente, não é absolutamente imprescindível para deixar a última encarnação para
trás. Toda alma, não importa a escolha do caminho, chega ao seu objetivo. O importante
é que só trilhe o seu caminho e nenhum outro.
Os derradeiros laços kármicos são desfeitos. Quanto mais velha fica a alma e quanto
mais se aproxima da sua última encarnação, tanto maior é a freqüência desses contatos
com velhos conhecidos e amados companheiros de alma. Os encontros são esperados
com grande alegria; e a união só pode ocorrer quando todos os membros dessa família
tiverem encerrado sua vida através de várias encarnações.
A dimensão transcendental que a alma antiga conquista passo a passo, e também o
campo de energia transpessoal que cria a seu redor, dão aos seus olhos uma expressão
que pode ser definida como espiritualizada; isso também dá a capacidade de manter um
contato visual
alma antiga inusitado
consegue que gostamos
recuperar de descrevere vulnerabilidade
uma ingenuidade como “olhar comidêntica
o coração”. A
à da alma
recém-nascida que, no entanto, teve de perdê-la durante a fragmentação. Essa nova
ingenuidade provêm de uma franqueza desamparada unida à sabedoria conquistada
durante milênios. A alma antiga comove o coração das outras pessoas à medida que faz
com que seu coração fale por meio dos olhos e enquanto mantém um contato visual
duradouro com seus semelhantes. Queremos apenas dizer com isso que, quando ela se
livra da sua medrosa desconfiança, ela consegue ter esse olhar. Essa desconfiança pode
ser resultado do medo de ficar à mercê das intempéries do mundo sem nenhuma
proteção.
Para a alma antiga, religião significa essencialmente uma negação de todas as velhas
formas estabelecidas de crença e de dogma. A fé é substituída pela consciência,
contudo, para ter essa consciência, a alma precisa passar por muitas incertezas, Ela
procura pelo fator de união, pelo fator que abrange tudo. Ela sente o princípio divino em
si mesma, mas nem sempre sabe como manifestá-lo, abrangê-lo ou compreendê-lo. Ela
busca por ligações com o todo e acha as pontes para obter as forças a que se entrega
confiante. Mesmo assim, ela se entrega a bem poucas pessoas, à natureza e ao próprio
coração.
O anseio de obter uma nova proteção, que não tem nada a ver com a segurança que a
alma recém-nascida ou a alma infantil buscam, é grande e raras vezes é satisfeito. A
alma antiga sabe que tudo o que é manifestado, inclusive a sua vida, está impregnado do
grande Espírito, e ela quer deixar-se levar por esse Espírito. No entanto, ela também
sente que, para a alma que se encontra no corpo, essa confiança não é natural nem fácil
de conseguir. Assim, passam-se várias vidas nesse ciclo numa tensão entre o desejo
interminável de estar ligada e a consciência de que a religião não pode ser sentida
diretamente - e, se for sentida, só por pouquíssimo tempo. Nesse estágio de
desenvolvimento anímico, a alma no plano físico vê o divino sempre e por toda parte,
no sentido de um panteísmo. Mas sofre por se ver excluída, e não consegue
compreender isso. Esse fato pode ser explicado através da discrepância entre o
conhecimento interior da alma e a percepção limitada pelo medo.
Do que a alma antiga tem medo? Ela tem medo da dissolução, embora viva
esforçando-se por alcançá-la. Tem medo da dissolução dos limites; no entanto, a pratica
todos os dias. Ela se assusta com o conhecimento da solidariedade; mas isso é tudo o
que ela deseja. Ela agora sabe quase tudo e, no entanto, refugia-se num aparente
desconhecimento. Sente-se sábia e queixa-se de sua insuficiência. Seus parâmetros são
elevados; por isso julga-se a cada demonstração de maldade. Ela quer a paz e, no
entanto, luta pelo fato de ser assim. Ela tem percepção da insignificância de todos os
problemas, mas é um enorme problema para si mesma. E embora esteja convencida de
que todas as facetas de sua personalidade repousam sobre decisões da própria alma, e
que ela mesma está acima disso, seja qual for o passo que der e seja qual for o rumo que
ela tomar, ela teme as conseqüências de uma realidade assim tão clara e definida.
Quanto mais perto uma alma antiga chega do final de uma jornada encarnatória,
mais claramente surgem as regularidades da sua existência. A disposição de amar
aumenta incessantemente. Esse amor incondicional torna-se a missão central da vida da
alma antiga; ligada a ela, está também a não- objetividade dos seus sentimentos, pois a
alma antiga quer e precisa reconhecer que tudo, inclusive os desejos e as esperanças, em
última análise, são quimeras da materialidade.
Por isso, ela só pode admitir os dramas, os êxtases, as tragédias dos inter-
relacionamentos humanos como uma brincadeira. As parcerias não se posicionam mais
no ponto central dos seus esforços. Seu amor volta-se para muitas pessoas e é dividido
entre
melhorelas. Não querdo
a fidelidade mais amarrar-se
coração do quepor
as toda
almasvida a uma
mais só pessoa,
jovens. Ela nãoembora conheça
está mais disposta
a investir energia para manter por longos anos um casamento ou parcerias duradouros.
Ela prefere associar-se a alguém com quem seja possível uma união que possa ser
mantida sem grande esforço psíquico; ou escolhe relacionamentos que lhe permitam
uma grande dose de liberdade pessoal e possibilidades de desenvolvimento.
A canalização e concentração dos sentimentos numa única pessoa e nos filhos,
frutos dessa união, são a forma de que necessitam especialmente as almas jovens e
maduras, para se exercitarem no amor. No entanto, assim que uma alma atinge o último
período de vida corporal, uniões pessoais exclusivas têm pouco significado. A alma
antiga irradia um amor que está cada vez mais livre das emoções outrora sentidas, e ela
o irradia para os que convivem com ela, e o faz num raio maior, sem concentrar-se
especialmente numa única pessoa. Mesmo que nem sempre consiga fazer isso, esse é o
seu desejo.
Há uma terceira possibilidade no terreno amoroso, e ela é aceita com grande
disposição: ficar sozinha despreocupadamente, renunciando à proximidade constante
das pessoas e à satisfação sexual - não por falta de capacidade de se relacionar, mas por
lembrar-se de que em outras vidas já gozou e esgotou todos os encontros e
relacionamentos possíveis.
Não é mais necessário gerar filhos para fazer experiências decisivas. E mais
desejável encontrar-se com amor, deixar fluir todas as energias da própria psique e
concentrar-se em estabelecer ligações íntimas com pessoas que não são as mais certas
como parceiros sexuais - crianças, pessoas idosas, um grande número de amigos. O
pressuposto necessário é que essas pessoas tenham uma vibração e um campo
energético que possibilitem o fluxo energético da alma antiga sem que esta tenha de se
esforçar. Então o calor e o amor da alma antiga irradiam-se incondicionalmente para
todos os que quiserem aquecer-se neles.
Até agora, descrevemos a imagem da alma antiga pura. Gostaríamos de voltar a
falar do seu medo, que faz com que dois terços ou três quartos do seu tempo de vida
sejam desperdiçados em contendas e brigas entre a personalidade limitada e a identidade
anímica ilimitada.
A alma antiga abandona atividades que nos dois estágios anteriores a tornavam
muito irrequieta. Ela sente que agora há pouco para fazer e terminar. Não fica mais com
pressa por nada e por ninguém. As grandes motivações de antes, como a conquista do
dinheiro, do sucesso e da fama, não a estimulam mais. Quando tem a persistência de
aprender uma profissão difícil, ela faz isso para alcançar uns poucos objetivos; por
exemplo, oferecer a seus irmãos de alma determinadas ajudas ou para resgatar laços
kármicos que não podem ser desfeitos de outra maneira. No entanto, ela prefere não ter
de se esforçar mais. Ela quer tornar-se outra vez dependente, deixando que os outros
cuidem dela; ou então prefere uma atividade ligada à meditação que não a leve para o
redemoinho da busca de sucesso ou para as amargas desilusões provocadas pelo
fracasso.
Uma pessoa com alma antiga tem muitas aptidões e talentos. Os conhecimentos que
obteve em várias vidas passadas estão latentes e inconscientemente à disposição. Por
isso, muitas vezes essa pessoa não sabe que tendência deve seguir, e, não raro, é um
prazer para ela deixar-se sustentar por uma instituição ou família. Gosta de ser
sustentada pela atividade dos outros. Muitas vezes, ela não se importa de ficar sentada
num canto ensolarado de rua vivendo como um sem-teto, só para não ver-se limitada
por quaisquer prescrições ou instancias.
Assim
quais vocêssendo, almasRaramente
têm pena. antigas podem ser encontradas
a pessoa exatamente
que está no final de suas entre as pessoas
viagens pela vidadas
corresponderá à imagem que vocês fazem dela. Nem sempre ela é feliz e sábia, e de
forma nenhuma e mais saudável do que as almas mais jovens; também não é sempre
que ela é descontraída e boa. É possível que vocês conheçam uma dessas pessoas de
alma antiga exatamente num momento em que se encontre descontraída, livre de medo.
Mas essas fases não são uma constante.
A sabedoria, a bondade, a descontração, a fraqueza, a humildade e a prestatividade
são mais acessíveis às almas antigas do que às almas jovens. Mas a alma antiga passa
pelo medo dos processos de limitação e, conseqüentemente, esses estados não são
duradouros. Ela vive com muita consciência e é exatamente isso que se transforma em
parte irrefutável do seu sofrimento. Na verdade, em contraste com a alma jovem, ela
sabe, afinal, o que lhe seria possível realizar, e ela viveu isso no próprio corpo. Por isso,
a perda das vibrações amorosas que nem sempre sentiu e a lembrança do que perdeu
jogam-na num vazio que, neste ciclo de desenvolvimento anímico, não é fácil suportar.
Mas esse vazio tem de ser suportado.
As experiências inebriantes de êxtase tornam-se cada vez mais freqüentes, e
acontecem sem meios de ajuda e sem exercícios ou técnicas especiais. A alma antiga
está cansada de métodos e de usá-los de vez em quando, tenta algum deles, mas sente
que o silêncio, o êxtase verdadeiro e a deliciosa harmonia com as vibrações do amor
cósmico estão além de todos os esforços. A satisfação é somente dela e da sua coragem
de ultrapassar os limites e o medo. Quanto mais a viagem pela vida se aproxima do
final, tanto mais naturais e numerosos tornam-se os grandes e pequenos momentos de
união extática com o todo no plano da união energética e da dissolução dos limites.
Mesmo que continuem a habitar o corpo, as camadas de energia desprendem-se cada
vez mais desse corpo. Retrocessos não significam mais distanciamento e transgressão da
personalidade comum por desatenção, inconsciência, só detectáveis posteriormente, mas
são vividas conscientemente como momentos, horas ou dias do mais elevado
arrebatamento. Então observa-se realmente a unidade, o fato de ser solidário, a
harmonia, o amor e a paz em vez de apenas deixar-se conduzir pela saudade de tudo
isso, por uma intuição de que existe, por um pensamento de que tudo isso seria real se
as coisas fossem como deveriam ser.
Embora muitas vezes a alma antiga não esteja em sintonia consigo mesma, e embora
o dilema entre sua manifestação física e sua concepção anímica seja doloroso, todos os
que convivem com essa pessoa, e que também tenham almas antigas ou maduras, vêem
com toda nitidez o suave brilho luminoso, a aura que envolve essa alma. E esse brilho
aumenta à medida que ela se aproxima do seu objetivo. Essa irradiação pode ser
percebida como calor humano ou através da aura. Essa irradiação independe da situação
subjetiva que toma conta da psique ou do corpo de uma pessoa com alma antiga. Quem
tiver a felicidade de ter contato com uma alma que esteja no quinto, sexto ou sétimo
degrau do ciclo de almas antigas num momento de paz ou de arrebatamento, terá uma
impressão inesquecível do potencial que é liberado e que também, em alguma ocasião
próxima ou distante, estará à sua disposição.
Aquilo a que muitos de vocês chamam de “iluminação” - numa forma temporária ou
duradoura de manifestação -, só será possível em qualquer momento da última etapa
desse ciclo de desenvolvimento anímico. E quando dizemos “a qualquer momento”, isso
significa que a alma nessa etapa de desenvolvimento, sem disciplinas rígidas ou
métodos pretensamente estimuladores da iluminação, pode ficar ciente de poder ver a
claridade da própria perfeição sem ficar cega. Depois disso, ela nunca mais será a
mesma, e na maioria dos casos não terá mais grande impulso para viver sua vida no
corpo.
famíliaMas, dependendo
anímica, do papel
terá de viver certoanímico
períodoescolhido, e dascorpo
de tempo num tarefasa que recebeu
fim de daum
irradiar sua
brilho que outros possam compartilhar.
Seja como for, a experiência pessoal não pode ser transmitida aos outros. Mas o
conhecimento, o que se observou pode ser descrito e ensinado, da melhor forma
possível. Se a experiência de iluminação acontecer antes da última encarnação, digamos
na sétima etapa de desenvolvimento do último ciclo, isso de nenhum modo significa que
é possível diminuir o ciclo de encarnação, pois a sexta e a sétima etapas têm suas
próprias qualidades. Elas buscam e oferecem possibilidades de experiência que são
independentes das estruturas de experiência da iluminação acima descritas. Elas têm de
ser vividas. O encerramento de um ciclo de encarnação não implica apenas o
conhecimento do todo, nem da solução definitiva de enredamentos kármicos; mas
depende somente de que a alma alcance a capacidade abrangente de amar, de sentir, de
viver e de passar por experiências. E como ela também experimenta o amor no contato e
na intimidade com outras almas encarnadas, é preciso que uma alma antiga se declare
disposta até o final da vida a encontrar-se com pessoas que lhe possam dar o que não
pôde criar por conta própria e com suas forças, porque isso não foi possível no mundo
físico.
No momento, existem na Terra ao todo 4% de almas antigas, mas em alguns países
essa porcentagem é maior do que em outros. Em nenhum lugar, no entanto, ultrapassa a
cifra dos 10%. Mas vocês poderão perceber a presença de algumas centenas delas se
sintonizarem com elas, pois o campo energético de uma alma antiga pode ser muito
abrangente e impregna o meio ambiente numa medida que não seria possível para uma
alma madura ou jovem.
Almas antigas estão vivendo no Peru e no México, na Groenlândia, nas ilhas do
norte da Escócia, na Suíça e na Finlândia, porém também nas repúblicas do Báltico.
Uma grande parte dessas almas estabeleceu-se nos Países Baixos, em Caxemira, no
Sudão e no Iêmen. Na Alemanha, a porcentagem das almas antigas não chega a 6%.
Algumas culturas superiores que desapareceram foram criadas por almas maduras e
antigas. Entre elas estão os grupos populacionais pré-colombianos, astecas e egípcios.
Se estamos dizendo isso para vocês, é porque estamos querendo preveni-los para não
ficarem pensando que povos antigos que conseguiram notáveis conquistas tecnológicas
tinham uma alta porcentagem de almas antigas. As culturas citadas dispunham de até
70% de almas antigas, mas as verdadeiras conquistas técnicas brilhantes foram
realizadas pelas poucas almas jovens e maduras que haviam permanecido nessas
culturas, pois como vocês ouviram, as almas antigas não se importam muito com as
coisas exteriores. Elas não querem mais impressionar o mundo e não almejam deixar
grandes construções ou enormes sistemas de canalização de água para a posteridade.
Elas têm a pretensão de colocar à disposição dos que ainda trabalham para realizar algo
no mundo material, seu poder mental e seus contatos transpessoais, sua inspiração e sua
sabedoria espiritual, proporcionando a si mesmas uma agradável estada no planeta.
Muitas vezes, vocês se indagam: "Como foi possível realizar tudo isso naquela
ocasião? Nós lhes afirmamos que era possível e não era difícil, mas vocês devem
continuar imaginando como, enquanto o número de almas antigas em seu planeta não
chegou a ultrapassar o número limite de 50%. E quando essa ocasião chegar de novo,
em que determinadas nações ou populações tiverem um tão grande número de almas
antigas, abrir-se-ão para vocês outras possibilidades de compreensão, possibilidades de
que não se dispunha há milhares de anos.
6 - A Alma Transpessoal
Quando mais da metade dos membros de uma família anímica tiverem percorrido
seu caminho, e seu centro de gravidade repousar na “não corporalidade”, a energia
conjunta que fica no terceiro território do plano astral * pode cogitar na possibilidade de
usar um corpo para se manifestar outra vez, não mais como alma isolada, porém com a
força unida e habitual de muitas centenas de almas. Com essa energia coletiva ela entra
no corpo que um de seus irmãos anímicos abandonou ao encerrar a grande jornada
encarnatória que, portanto, tenha vivido sua última vida na sétima etapa do ciclo das
almas antigas.
______
* Ver Welten der Seele, pp. 142ss.
7 - A Alma Transliminar
Outro fenômeno anímico une o mundo causal com o mundo físico de um modo
intenso, incomum e atuante, que raras vezes é tomado em consideração no curso da
história universal do desenvolvimento dos mundos da alma (Ver Welten der Seele,
pp200ss). No entanto, trata-se de famílias de almas que há muito tempo estão
desencarnadas e que tornam a se juntar e trabalham somente no mundo causal, pois por
amor a si mesmas e aos seres humanos estão dispostas a tomar o corpo de uma alma
antiga depois que essa pessoa encerrou sua última encarnação terrena. Sua alma é
trocada no mundo astral, acontece uma nova reanimação, mas esta se diferencia da
reanimação da alma transpessoal pelo fato de que, no caso, não são almas que
pertencem à própria família anímica do falecido, mas de almas mais desenvolvidas, de
entidades em que ele confiava; estas não podem trabalhar no planeta Terra a não ser
mediante um envoltório carnal que esteja na condição de abrigar sua energia acumulada,
pois energias elevadas em forma humana atenuam o medo diante da transformação.
Almas transliminares que derrubam todos os limites e que não conhecem fronteiras,
manifestam-se num ou noutro planeta. Isso acontece raramente e só quando é
imprescindivelmente necessário para a continuação de grupos maiores de almas.
Enquanto as almas transpessoais trabalham como “parteiras” no caso de transição de
grupos grandes e almas de um ciclo anímico para outro, sempre que um grupo de almas
antigas quer ousar o grande salto definitivo para dimensões em que não terão corpo, as
almas transliminares colocam à disposição a sua força; mas só o fazem a cada dois mil
anos.
Não se trata de uma forma de vida, mas da animação de um envoltório carnal já vivo
durante certo período por meio de uma entidade causal. Isso também significa que a
alma transliminar está livre das habituais limitações às quais estão sujeitos os seres
vivos como almas encarnadas individuais. O corpo da alma transliminar compõe-se de
carne e de sangue como antes: ele se movimenta, o coração bate, os olhos vêem, a boca
fala. Masnecessidades
que são este corpo não pode não
sexuais, ser ferido
precisanem é mortal. Ele
alimentar-se nemnão
temenvelhece, não sabe oSua
funções excretoras.
função consiste simplesmente em provocar uma grande mudança energética em todos os
seres humanos que o avistam, tocam ou ouvem.
A capacidade desse corpo com nova alma, repleto das forças do mundo causal
consiste também em poder materializar-se e desmaterializar-se à vontade, pois o mundo
causal está livre das leis do tempo e do espaço. Esse corpo pode aparecer em qualquer
lugar da Terra sem ter de submeter-se à viagem física, enquanto isso for considerado
útil e necessário, mas ele não é visível para todas as pessoas. Só quem tiver uma
estrutura energética que o capacite a estabelecer contato com a energia transbordante da
alma transliminar poderá reconhecer a forma que se abriga nesse corpo.
Da família anímica do recém-falecido que usou o corpo abandonado exige-se um
grande sacrifício, mas que, no entanto, deve ser feito por amor ao todo, pois ele não
pode efetivar a fusão definitiva tão ansiada e passar ao mundo causal com uma
freqüência energética mais forte. Isso se deve ao fato de a união não poder ocorrer
enquanto a última alma não se despedir definitivamente do seu corpo e de todas as
ligações que forem estabelecidas na sua última encarnação. Todos os processos
definitivos da iluminação têm de aguardar. Depois da última encarnação de um
fragmento anímico, todos os decursos de todas as encarnações têm de ser analisados
mais uma vez; os exames duram ainda mais do que entre as vidas isoladas. Quando o
último fragmento tiver sua última encarnação já superada, a família anímica mais uma
vez há de contemplar tudo, ordenar tudo e tudo compreender. Isso leva mais tempo do
que a purificação e o planejamento entre as vidas. O decurso geral das encarnações
precisa ser valorizado. As experiências têm de ser integradas. E enquanto o último
fragmento de alguma forma ainda estiver preso ao corpo, isso não será possível.
Quando vocês, seres humanos, querem descrever a maior capacidade de expressão
de uma consciência dentro de um corpo humano, vocês usam a expressão Consciência
de Buda, Consciência de Cristo ou Consciência de Krishna. Esses conceitos descrevem
de forma impressionante o que é uma alma transliminar. Vocês deveriam diferenciar
continuamente entre Siddharta, a pessoa, e o envoltório carnal dessa pessoa repleta de
consciência transliminar, e também entre Krishna, a pessoa, e a consciência de Krishna,
da mesma forma que vocês estabelecem uma diferença clara e nítida entre Jesus e
Cristo.
Quando vocês se esforçam para conseguir esse tipo de consciência, ver-se-ão diante
dos limites irrenunciáveis de suas possibilidades como almas isoladas encarnadas.
Vocês se alegram respeitosamente com a idéia de conseguir transpor esses limites. Para
nós, é ainda mais importante dizer-lhes que vocês, que agora povoam o planeta Terra,
foram tocados pela consciência das almas transliminares e estão sentindo seus efeitos,
mesmo que nunca pensem nisso.
A alma transliminar escolhe a encarnação a fim de elevar o nível generalizado de
consciência de toda a população de um planeta; e, como se trata de um processo
energético, ele não pode ser revertido nem pode ser anulado. Ele se completa sempre
que um grande número de almas antigas, proporcional à população da Terra, abandona
o planeta e surge uma nova era. Então, os fragmentos que são lançados não começam
seu caminho de consciência no mesmo lugar que os antecedentes, mas a alma
transliminar forma as condições de que os novos fragmentos necessitam para o seu ciclo
encarnatório durante os próximos milênios.
Há uma considerável diferença de uma alma recém-nascida que começou seu
caminho no eixo do tempo há cinqüenta mil ou há dois mil anos. As condições que ela
encontra foram impregnadas por um grande número de outras energias. As famílias de
almas
com suaencarnadas
parte, parae desencarnadas fizeram
que a consciência o seupudessem
e o amor trabalho. desenvolver-se.
Cada fragmentoPor
contribuiu
isso é
importante compreender que o trabalho não se perdeu, mas que estabeleceu uma base
para todos os que vão recomeçar.
Enquanto a primeira etapa foi um tempo de insegurança, em que muita coisa nova
lhes foi imposta porque tiveram de se familiarizar com fatores desconhecidos, a segunda
etapa serve para se estabelecerem nela, sentindo-se em casa.
O objetivo mais importante da segunda etapa é o trabalho primoroso, é o esgotar dos
detalhes de suas possibilidades. Não importa se vocês são uma alma jovem, madura ou
antiga - a segunda etapa lhes dá a possibilidade de se ancorar e de deitar raízes. Agora
vocês entenderão melhor onde estão, e quem vocês são fica mais claro do que na
primeira etapa. Aconteceram as primeiras intuições quanto ao sentido desse novo
período de vida; aumenta a disposição de persistir e a vontade de analisar melhor fica
cada vez maior.
A segunda etapa é uma fase de tranqüilidade, depois das tormentas da primeira, que
ainda está presa a muitos retrocessos no âmbito da consciência. A segunda etapa deixa a
tranqüilidade e a estabilidade entrar na consciência de vocês. Não falamos aqui das
esferas dos acontecimentos e dos relacionamentos, mas única e exclusivamente da
disposição da consciência, seja em que idade anímica for, de dar acesso ao que o
respectivo ciclo lhes quer ensinar. A afirmação do objetivo fica mais forte; o ser
humano sente-se seguro do que quer e precisa agora.
A segunda etapa, de todo modo, não é uma etapa de grandes turbulências. Aqui não
há muito espaço para dramas e acontecimentos trágicos. Mas a aflição representará um
grande papel. Aflição significa a capacidade de poder aceitar o que é. Lamentar algo
não significa recusá-lo, e também não deve ser confundido com resignação, solidão,
fixação, com o ficar onde se está, o que caracteriza a segunda etapa. Uma sensação de
solidão que marca a vivência da alma do início da segunda etapa, leva direta e
indiretamente a uma nova contemplação do Tu. Uma segunda força é levada em
consideração na disposição de viver e de formar o Eu e o mundo. Na segunda etapa, o
Eu sai do seu egocentrismo. Agora ele pode dedicar-se de fato a um outro ser humano.
Essa é a pessoa que está mais perto, a que fica nas proximidades e é identificável. No
início da aparentemente
um fator terceira etapa essa capacidade é assegurada. Um outro fator será acrescentado,
imprevisível.
Quem estiver na segunda etapa - não importa de que ciclo anímico -, passará duas
ou três vidas nela, desenvolverá meios e métodos para conseguir a paz, pois quer
preparar-se para a terceira etapa turbulenta. A segunda etapa, se comparada com a
antecedente, entra predominantemente em contato com o medo no final, quando a
preocupação com um estado febril aumenta e vocês resolvem dar os passos
correspondentes para iniciar uma purificação do estado.
Na segunda etapa de desenvolvimento, vocês sentem que chegaram lá. Ainda não
chegaram ao objetivo definitivo, mas a uma estação intermediária protegida que lhes
permite fazer novas experiências. Vocês chegaram; portanto, olhem em volta e
comecem a sondar o novo lugar. Nesse meio-tempo, vocês se acostumaram ao estado
elevado e modificado de energia. Para isso serviu a primeira etapa. Agora vocês podem
se organizar.
A existência de vocês nessa etapa do desenvolvimento se parece com uma moradia
fixa, de onde vocês podem partir e fazer incursões por regiões mais distantes, sem
perderem seu ponto de referência. Vocês examinam tudo, aprendem a conhecer coisas
novas e outras pessoas sem ter de deixar o ambiente conhecido. Vocês descobrem novos
amigos, que fazem experiências semelhantes às de vocês e com quem as podem
compartilhar. Vocês sondam todas as possibilidades, as vantagens e desvantagens que
essa moradia lhes oferece.
Decisivo nesta fase é a intenção firme de ficar onde vocês estão, pois pela segurança
que essa disposição da vontade cria, abrem-se novas perspectivas no interior. Como há
certa tranqüilidade à sua volta, vocês se sentem impelidos a analisar as inquietações mal
perceptíveis em seu interior. Elas são como uma temperatura do corpo ligeiramente
alterada para mais; essas inquietações não são motivo para preocupações, mas são uma
razão para vocês fazerem uma averiguação rápida ou longa, para descobrir os motivos
dessa indisposição da alma.
A quarta etapa de cada ciclo da alma mostra o ser humano voltando de sua viagem e
como ele logo deve apresentar-se em sua segurança.
Ele, de novo, há de ficar mais calmo e a quarta etapa serve para ele trabalhar todas
as impressões, organizar as imagens, contar sobre suas experiências, fazer escolhas
sobre o que quer guardar entre as coisas que aprendeu, e para dar uma forma a ser
valorizada das visões que tomam conta de seu espírito, uma forma que possa avaliar e
integrar. Esta fase está repleta de alegria com o já vivido, e ao mesmo tempo de alegria
pela volta ao lar em segurança, repleta de prazer por obter a certeza de que nada se
perdeu e de que agora terá a oportunidade de acrescentar novidades e coisas nunca
ouvidas, a fim de sentir o antigo, não só como algo seguro, mas também como algo
enriquecido e enriquecedor.
A quarta etapa é a etapa da interiorização, a etapa da consciência, a etapa da
transmissão de conhecimentos, de impressões e experiências. As pessoas que se
encontram na quarta etapa agora podem ser muito úteis para motivar as outras a
empreender a viagem
Como nesta quartapara o desconhecido.
etapa o ser humano pode ser um grande amigo e agente de cura
para os que estão na segunda etapa, que ainda não estão em condições de ousar
empreender a grande viagem, mas estão prestes a fazê-la, da mesma forma, aquele que
está na terceira etapa pode ser muito útil para os que estão na primeira. Na quarta etapa
a pessoa tem tanta coisa para relatar, ela compreendeu tantas coisas a respeito de tudo
aquilo que ela experimentou que, mesmo sem muitas palavras, pode ser um exemplo
animador para os que têm os mesmos objetivos e só precisam de um último estímulo.
As condições para a quarta etapa são menos excitantes do que tranqüilizadoras. A
introspecção é mais importante do que o contato com a multidão, mas esse contato é de
grande significado, pois sem ele a pessoa da quarta etapa não conseguirá transmitir e
disseminar suas experiências. O contato assume formas inteiramente novas. Existe aí a
possibilidade de ensinar, a possibilidade de apoiar, de exercer o trabalho de “parteira”
em qualquer sentido. E ninguém que esteja na quarta etapa desejará furtar-se
completamente a essas tarefas, da mesma forma que não se esquivará das circunstâncias
da sua vida ou da sua estrutura psíquica.
Na quarta etapa de cada ciclo anímico, as pessoas vivem, pela primeira vez nesse
grande período, momentos de verdadeira satisfação e plenitude, pois colhem os frutos
de seu espírito empreendedor e de seu corajoso reconhecimento das lutas da terceira
etapa. Elas sabem o que têm, e estão conscientes de que depois de terminar com sucesso
uma viagem excitante, nem sempre isenta de riscos, estarão dispostas a fazer outras
viagens que as levarão para regiões ainda desconhecidas ou não exploradas.
Existe uma tranqüilidade que antecede a tempestade, existe uma tranqüilidade que
sucede a tempestade. Antes da tempestade existe tensão e expectativa. Depois da
tempestade, no entanto, acontece uma grande descontração, mesmo que as sensações
ainda estejam agitadas pela lembrança e os sentimentos só voltem ao estado de
equilíbrio aos poucos. A sexta etapa de cada idade anímica é comparável com essa paz
depois da tempestade, ao passo que a quinta etapa descreve a tensão que existe antes de
dar o grande salto e sofrer a natural e conseqüente agitação.
A sexta etapa é sustentada por um sereno sentimento de felicidade proveniente da
alegria pelo que se conquistou. É um tempo de colheita, não no sentido de que a colheita
dá muito trabalho, mas porque a pessoa então pode alegrar-se com a colheita dos frutos
de suas ações. E quando um ser humano quer se alegrar, ele não pode viver sob ameaça.
Ele não está na condição de se descontrair e, ao mesmo tempo, ficar tenso. Mas nesta
etapa do desenvolvimento é necessário, primeiro, aprender de fato a se descontrair. É
por isso que muitos se dedicam a todas as formas possíveis de meditação, sejam elas
estruturadas ou não, sejam as divulgadas por escolas diferentes ou pertençam às escolas
tradicionais.
Aqui a meditação é tudo o que atende às necessidades de paz e harmonia da alma na
sexta etapa de desenvolvimento. Pode tratar-se de uma horinha no bosque ou de assistir
a um concerto, pode tratar de passar uma vigília junto à cama de uma criança doente,
bem como de uma forma concentrada de atividade física que conduz o espírito por
rumos determinados e o ajuda a não ficar passando de um pensamento para outro. Mas
existem várias meditações conscientemente orientadas e dirigidas que muitos preferem,
porque sua educação e formação raras vezes ou nunca permitem que gozem de um
momento de paz no decorrer da vida cotidiana. Não estamos falando aqui apenas dos
ocidentais, mas das pessoas como um todo. Um camponês africano que trabalha duro da
manhã até a noite para ganhar seu sustento, pode chegar a formas de meditação quando
vai atrás do seu gado, quando ara seu campo ou quando se senta junto ao fogo à noite:
mas ele também pode cumprir determinados rituais de tempos em tempos, que sempre
acompanham seu estímulo meditativo e sua conseqüente tranqüilização.
Uma pessoa que está vivendo a sexta etapa de sua idade anímica freqüentemente se
encarnará em culturas e países que oferecem uma possibilidade tradicional garantida
para a vida de reflexão, como, por exemplo, onde vivem os esquimós, e onde as grandes
cidades ficam distantes; onde haja muita harmonia com o meio ambiente, o clima e a
alimentação; onde as famílias ainda vivem em comunidades bem organizadas que não
jogam toda a responsabilidade ou toda a desgraça sobre um individuo.
Na verdade, conflitos não agradam à pessoa na sexta etapa de desenvolvimento
anímico. É claro que não pode evitá-los sempre; no entanto, ela os abomina porque já
fez suficientes experiências com eles. Agora a pessoa precisa de uma harmonia que é
mais do que uma harmonia aparente. Por isso preferirá formas de vida que estimulem
comparativamente poucos conflitos com os semelhantes. Muitas vezes, terá a tendência
de permanecer solteiro, a fim de não ter de enfrentar os conflitos junto com um cônjuge.
Neste estágio, isso não é uma carência e nenhum sinal de comportamento neurótico de
afastamento, porém, uma necessidade interior profunda. Nada é mais importante para a
pessoa na sexta etapa do que a verdadeira harmonia consigo mesma, que forme uma
circulação com as possibilidades da natureza. Também isso não significa que essa
pessoa viva sem contato com outras pessoas ou sem relacionamentos humanos; no
entanto,
visto quenessa fase,interesse
não tem ela achaem
agradável
trabalharnão se comprometer
problemas ou fazertotalmente
um esforçonem se perder,
íntimo
consideráveis.
Se ficamos com a imagem abrangente da viagem da vida ou da existência, então esta
é a época em que a pessoa começa uma viagem mais longa de férias que, em primeiro
lugar, é dedicada à recuperação. Não se trata mais de conhecer muitas novidades, de
visitar muitos lugares e de viver aventuras. O objetivo dessa viagem é muito mais o de
juntar forças e reconquistar uma saúde anímica que ficou fraca ou que se perdeu durante
os esforços do grande salto. Uma viagem de férias como essa, livre de todas as tensões e
imagens negativas que se apresentam com tanta riqueza em outras fases de transição e
em outras etapas de desenvolvimento, é uma recompensa merecida por todo o trabalho
que foi empreendido pela alma exatamente na quinta etapa quando ela reuniu forças e
deu o grande salto sobre o abismo do próprio eu repleto de medo.
Desse tipo de férias fazem parte muitas alegrias. Enquanto um parceiro proporcionar
predominantemente essas alegrias harmônicas, ela de forma nenhuma será desprezada.
Mas uma pessoa na sexta etapa se desliga do parceiro quando o relacionamento fica
difícil demais, ou quando busca um parceiro que também precisa descansar dos
conflitos, sem rejeitar totalmente esse tipo de relacionamento. O local de trabalho de
uma pessoa na sexta etapa, não importa qual seja a sua cultura, deve oferecer-lhe um
cenário tranqüilo, pois sempre será infeliz e se sentirá deslocada se for submetida à
pressão e ao excesso de tensão.
Naturalmente, a sexta etapa também tem seu lado difícil. A pessoa que busca paz e
harmonia, e que de fato precisa delas, muitas vezes se deixa pressionar e, então, perde
seu objetivo de vista. Não raro ela é vítima dos que parecem desejar algo dela, algo que
não pode oferecer nem quer realizar. No entanto, podemos observar que existe um
dilema entre suas reais necessidades e aquilo que sua psique estabeleceu como ideal ou
como norma.
Assim a pessoa na sexta etapa de seu desenvolvimento pode ter crescido num meio
em que eram valorizadas demais a aplicação e a disposição para o trabalho, e com isso
ela se sente obrigada a negar sua necessidade de agradar aos outros. Uma pessoa nessa
sexta etapa também está cansada de se submeter às exigências de sua formação
religiosa. Ela ainda aprecia fazer suas orações a fim de não se ver censurada, o que a
transforma num agnóstico morno, pois suas convicções não significam muito para ela.
A pessoa na sexta etapa busca paz e harmonia no seu interior. Isso significa que cria
condições para sua visão de mundo e para suas crenças, pois terá de adaptar-se às
exigências de cada situação. Portanto, é uma pessoa cujo espírito e psique são flexíveis,
chegando a parecer alguém instável. Essa capacidade de adaptação é o seu meio interior
de garantir o necessário equilíbrio interior.
Quando não é possível alcançar essa paz e harmonia por outros meios, a pessoa na
sexta etapa mostra-se disposta a ficar a sós por muito tempo. A forma de vida do
ermitão pode ser encontrada em todas as culturas e formas de sociedade. Ela pode ser
observada no pesquisador que trabalha num ramo em que não depende da presença de
colegas nem do seu trabalho, bem como no velejador solitário que decide passar
semanas e meses sozinho no mar. O carvoeiro em sua cabana no meio da floresta ou a
mulher idosa, que só sai de casa para fazer as compras e que não sente falta do convívio
com as pessoas, muitas vezes, é um ser humano que se encontra na sexta etapa de
desenvolvimento. O tipo do eremita de forma nenhuma é sempre religiosamente
definido. Ele simplesmente é impelido pelo desejo de ficar só, de ficar em paz para
encontrar a harmonia interior que poderia ser perturbada por terceiros.
Toda essa fase, que muitas vezes dura um pouco mais do que as outras etapas, serve
para elaborar,e registrar,
experiências digerir o Elas
desenvolvimento. que as outras primeiras
liberaram cinco aetapas
ação e, assim, sexta trouxeram
etapa do como
desenvolvimento total da alma representa umas férias de quatro semanas, em
contraposição a onze meses de trabalho árduo.
Só depois que essa fase de recuperação se completar em seus processos de
elaboração e apaziguamento, é possível pensar em assumir a sétima etapa, aquela que
mostra a capacidade integradora de usar tudo o que a longa e trabalhosa jornada pela
vida ensinou, a partir da soberania da compreensão, da prática e do conhecimento.
A sétima etapa do ciclo de desenvolvimento da alma, por sua vez, é uma etapa de
trabalho. Chegou a hora em que usar o que se aprendeu não é mais visto como
dificuldade, tarefa ou exigência, mas como vontade de aplicar as convicções e
capacidades que foram conquistadas; antes isso só era realizado de forma imperfeita e
com grande trabalho.
A sétima etapa é um período de trabalho. Mas esse trabalho não é o do aprendiz ou
do colega, mas o trabalho de um mestre. Quem domina seu instrumento de trabalho e
pode fabricar ou apresentar o que faz, não só no sentido material, mas também no
espiritual; o trabalho é feito de outra forma, o resultado também é diferente.
O mestre trabalha com descontração e soberania, porque ele domina sua profissão e
também os instrumentos e a teoria; e, além disso, ele associa o pensamento ao seu
trabalho, que deve ser executado de modo totalmente independente. O trabalho é fruto
da sua formação, do seu esforço, mas também fruto da sua experiência e da conquista da
segurança. Certeza gera isenção de medo.
Aqui se trata de uma genuína tranqüilidade obtida graças ao tesouro das próprias
experiências e de uma certeza que também admite a incerteza, que continua flexível, em
vez de firmar pé no que quer obter; trata-se de uma certeza que é prazerosa e
corresponde ao deleite da pessoa que depois do medo inicial da água supera sua timidez
e toma aulas de natação, desenvolvendo assim confiança na força de sustentação da
água, mas que tem de superar um medo maior quando se atreve a entrar num mar de
ondas altas, para depois afastar-se do contato com os elementos ameaçadores; em
seguida, com nova coragem, enfrenta aulas de natação, aprendendo a técnica com a qual
se supera, estabelecendo com o elemento líquido uma tal camaradagem que se
movimenta na água como se fosse um peixe, seguro de sua capacidade de nadar e que
não precisa mais ter dúvidas quanto ao fato de não afundar, a não ser que ocorra algo
que ultrapasse suas capacidades naturais ou a deixe sem forças.
Usar o que a alma aprendeu sem ter medo, o que provocaria uma certa insegurança,
é a característica da sétima etapa de desenvolvimento anímico. E nesse estágio a alma
aprendeu tanto, ela tem tanta informação à disposição quanto ao conteúdo e quanto ao
estrutural, que ela cria a partir de uma abundância e, até, de uma superabundância, e
nem sequer sabe o que deve escolher primeiro, a fim de experimentar o prazer do que
foi conseguido, o prazer do domínio da matéria. A riqueza de possibilidades age de
modo perturbador. Tantos talentos são manifestos, tantas características do próprio ser,
que surge uma nova insegurança que não provém do medo, mas da presunção de ter de
saber tudo.
A vida de uma pessoa que se encontra na sétima etapa do seu ciclo de
desenvolvimento é caracterizada pela fartura. Essa pessoa, antes de tudo, precisa
perscrutar
domínio dos suas múltiplasantes
problemas aptidões
de seedecidir
tambéma fazer
o âmbito de conhecimento humano e do
sua escolha.
A certeza de que mais vidas estão à disposição dela para esgotar a riqueza de
possibilidades e seu uso pode servir-lhe de consolo. E seria uma pena se capitulasse
diante da multiplicidade de tesouros disponíveis só para não ter de decidir qual tesouro
de experiência escolherá e porá em uso.
Para um indivíduo, esse tesouro será um elo com a música, a matemática e a
meditação; para outro, a arte teatral associada à orientação de pessoas e o exercício do
poder mediante o desempenho de papéis teatrais. Finalmente, um terceiro desejará
experimentar a vida na sua totalidade, dedicando-se à educação de crianças, à leitura e à
escrita, capacidades que até então não conseguira juntar.
Até agora nos referimos a três capacidades, mas com freqüência elas são dez, vinte
ou até mais. No que nos diz respeito, trata-se do seguinte: para a sétima etapa, é
imprescindível que se busque uma síntese, uma integração que leve as divergências a
uma enriquecedora isenção de divergências que espontaneamente permita combinar
disparates. Não a renúncia, porém a união dos anseios antes sentidos como repletos de
conflitos e contradições caracteriza essa fase.
Agora, a necessidade de unir tudo entre si, pode levar à postura de um “faz-tudo”.
Com isso, não mencionamos a fraqueza, designada como desperdício, mas a
superficialidade que acompanha a pretensão de conhecer tudo. Da necessidade de fazer
uma escolha já falamos, mas escolha obriga à análise das próprias possibilidades, uma
análise que não seja pressionada pelo medo de ter de renunciar ou de deixar passar
alguma coisa.
Portanto, quem for atormentado pela cobiça ou pela impaciência, terá mais
dificuldades para escolher algo da riqueza do seu potencial do que a pessoa obstinada e
que se assusta diante do que oferece demasiada insegurança. A pessoa que nega as
próprias qualidades, do contrário, não usa suficientemente as possibilidades oferecidas e
disponíveis. O orgulhoso, por sua vez, usa as capacidades presentes como arma contra
os outros e contra si mesmo. O mártir trabalha excessivamente, porque quer fazer
justiça a tudo e a todos; o auto-sabotador faz tudo o que pode fazer, mas evita a
animação de fazer e a alegria com o fruto do seu trabalho.
Assim, fica claro que a característica principal e o peso do medo momentâneo
cobrem ou turvam a capacidade de usar o que se aprendeu, imprescindivelmente
necessária na sétima etapa e que está presente em todos os casos. A sétima etapa encerra
um ciclo de experiências anímicas e, por isso, não se refere apenas a capacidades,
talentos e experiências mundanas, mas também, e antes de tudo, aos processos de
aprendizagem correspondentes a cada ciclo, por meio do amor e do medo. A sétima
etapa é sempre a que permite que a pessoa lide de forma mais intensa e, ao mesmo
tempo, mais descontraída com o amor e o medo, permitindo sua presença e chegando
mesmo a estabelecer um bom relacionamento com eles.
Visto que a alma dessa pessoa agora conhece todas as vantagens e desvantagens que
existem em cada ciclo, quando se trata de determinados posicionamentos ou
comportamentos, e modos, de demonstrar amor e medo, ela não está completamente
livre das dificuldades que também se apresentam nessa etapa, mas ela sabe lidar melhor
com elas porque está numa fase em que não se enreda como antes, mas tem uma clareza
e segurança que só desaparecem na primeira etapa de um novo ciclo.
Isto significa que o indivíduo está mais consciente de suas possibilidades e limites
do que aqueles que se movimentam em outras etapas. Na sétima etapa, a pessoa põe em
prática o que aprendeu e nisso ela encontra a sua realização. Ela sabe o que sabe e está
mais ou menos
no mundo para dolorosamente consciente
se aprimorar a partir do que não
da experiência sabe. Ela trabalha
conquistada, emésipara
visto que mesma
si e
mesma e para os outros um pólo de repouso - não porque se retrai, como nas vidas da
sexta etapa, mas porque está na posição de viver o sobe e desce da vida, a dor e a
alegria, o desamparo e o poder, sem se sentir obrigada a se fixar num dos pólos.
Os opostos que determinaram os seis primeiros ciclos vão se desfazendo
paulatinamente. E a alma e a pessoa na sétima etapa estão em condições de reconhecer o
elemento que une os opostos. Por isso, na sétima etapa as pessoas muitas vezes têm uma
visão de mundo abrangente e um senso de humor que as pessoas em outros ciclos de
desenvolvimento não conseguem exibir.
Distanciamento e engajamento, proximidade e distância, retração e disposição total
são exigências para permitir uma vida na comunidade humana: tudo isso a pessoa na
sétima etapa consegue unir em si e sentir com alegria como o fato a deixa coesa. Ela
realiza um bom trabalho, o que significa: tudo o que faz para si mesma, ela o faz
simultaneamente para a comunidade de seres humanos e de almas. Também nisso não
há mais separação.
A sétima etapa encerra o respectivo ciclo anímico. E quando algo se encerra, é
também válido despedir-se. A despedida sempre está associada à tristeza e muitas vezes
ao sofrimento. Independentemente de qual ciclo - se o primeiro, um intermediário ou o
último -, quando ele chega ao fim, a alma se sente ligada ao antigo com amor e gratidão,
e se esforça pelo novo com a certeza de que tem de continuar evoluindo. Ela não pode
fixar-se num lugar. Seu anseio está invariavelmente voltado ao reconhecimento de
novas dimensões.
APÊNDICE
OS SETE PADRÕES ARQUÉTIPOS DA ALMA
Energia Papel da alma Principal característica Objetivo de desenvolvimento
1 Agentedecura Abnegação Demora
2 Artista Auto-Sabotagem Recusa
3 Guerreiro Martírio Subordinação
4 Erudito Obstinação Estagnação
5 Sábio Avidez Aceitação
6 Sacerdote Orgulho Aceleração
7 Rei Impaciência Domínio
MODODEAÇÃO
Discrição ASMENTALIDADES
Estóica CENTRO
Emocional
Precaução Cética Intelectual
Perseverança Cínica Sexual
Observação Pragmática Intelectivo
Poder Idealista Espiritual
Paixão Espiritualista Extático
Agressividade Realista Motor