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VARDA HASSELMANN

FRANK SCHMOLKE

Arquétipos da Alma
UM GUIA PARA SE RECONHECER A MATRIZ DOS PADRÕES ANIMICOS

Tradução
ZILDA HUTCHINSON SCHILD SILVA
EDITORA PENSAMENTO - São Paulo

Titulo do srcinal: Archetypen der Seele


Copyright © 1993 Wilhelm Goldman Verlag, Munique.

Edição
1-2-3-4-5-6-7-8-9
Ano
90-00-01-02-03-04
Direitos de tradução para o Brasil adquiridos com exclusividade pela EDITORA
PENSAMENTO LTDA.
Rua Dr. Mário Vicente, 374 - 04270-000 - São Paulo, SP. Fone: 272-1399 - Fax: 272-
4770
E-mail: pensamento@snet.com.br http://www.pensasnento-cultrix.com.br que se
reserva a propriedade literária desta tradução.
Impresso em nossas oficinas gráficas.

Sumário

Prefácio à Edição Brasileira


Introdução
A Matriz da Alma, e os Seus Sete Elementos
Os Pólos Matriciais
A Estrutura Energética do Número 7
ISobre
- Os os
Papéis Essenciais
Papeis EssenciaisdadaAlma
Alma
O Agente de Cura
O Artista
O Guerreiro
O Erudito
O Sábio
O Sacerdote
O Rei
II – A Característica Principal do Medo
Sobre a Característica Principal do Medo
A Característica Secundária
A Abnegação
A Auto-sabotagem
O Martírio
A Obstinação
A Avidez
O Orgulho
A Impaciência
III - O Objetivo de Desenvolvimento
Sobre o Objetivo de Desenvolvimento
A Demora
A Recusa
A Subordinação.
A Estagnação
A Aceitação
A Aceleração
O Domínio
IV - Os Modos de Ação
Sobre o Modo de Ação
A Discrição
A Precaução
A Perseverança
A Observação
O Poder
A Paixão
A Agressividade
V - A Mentalidade
Sobre a Mentalidade
O Estóico
O Cético
O Cínico
O Pragmático
O Idealista
O Espiritualista
O Realista
VI - O Centro e o Padrão Reativo
Sobre o Centro e o Padrão Reativo
O Centro Emocional
O Centro Intelectual
O
O Centro
Centro Sexual
Instintivo
O Centro Espiritual
O Centro Extático
O Cento Motor
VII - A Idade da Alma
Os Cinco ciclos da Alma no corpo
A Alma Recém-nascida
A Mina Infantil
A Alma Jovem
A Alma Madura
A Alma Antiga
A Alma Transpessoal
A Alma Transliminar
As Sete Etapas do Desenvolvimento
Apêndice
Os Sete Padrões Arquetípicos da Alma
Elementos Matriciais de Personalidades conhecidas
Assim deves ser,
De ti não podes fugir,
E nenhum tempo ou poder fragmenta
A forma impressa que ao viver se desenvolve.
Goethe

Prefácio à Edição Brasileira

Usamos os conceitos de arquétipo e de alma no titulo deste livro com a consciência


de que estamos retomando idéias milenares para emprestar-lhes um novo sentido.
O significado srcinal da palavra grega “arquétipo” é algo como “o que é impresso
desde o inicio”; e é exatamente esse o tema deste livro. Segundo as informações da
nossa Fonte causal, a alma escolhe cuidadosamente antes de cada encarnação, dentre
uma série limitada de arquétipos, aqueles que lhe possam proporcionar as melhores
condições para seu desenvolvimento, no próximo passo de aprendizado no mundo
material. Cada alma escolhe nessa serie sete energias básicas para cada vida, e elas são
ativadas quer tenhamos consciência delas ou não. De certo modo, podemos compará-las
às energias básicas determinadas pela hora do nascimento no mapa astral, as quais
também agem, independentemente de as conhecermos ou não. A verdade é que a
escolha do padrão anímico antecede o nascimento, ou melhor, a concepção.
Este livro descreve os arquétipos que estão à disposição da alma; os textos se
compõem unicamente de instruções que recebemos em estado de transe, no decorrer de
três anos. Gostaríamos de enfatizar que não se trata de nenhum tipo de sistema de
crenças. Ao contrário, só nos damos por satisfeitos com nosso trabalho quando nos são
transmitidas informações que sejam comprováveis e possam ter utilidade concreta para
quem as aceitar. Também está claro para nós que a precisa hepta-estrutura externa desse
sistema possibilita um olhar à ordem do mundo anímico, cujo significado ainda não
apreendemos.
Durante a leitura deste livro, vocês vão perceber que estão encontrando muitas
coisas que já observaram
comportamento em si
humano vai, mesmos ou nos
naturalmente, outros.
se tornar A percepção
mais profunda, que
maisvocês têm doe
estruturada
mais compreensível. Num primeiro passo, é provável que vocês queiram dissociar dos
demais as suas características puramente pessoais. Mas, para fazer isso, vocês também
terão de lidar com arquétipos semelhantes, que certamente não são os de vocês. Esse
fato, por si só, pode aumentar sua compreensão.
Quando a pessoa descobre seus elementos e os comprova por meio de longa
observação, pouco a pouco ela pode relacioná-los com os elementos das outras pessoas -
e vocês vão ver que o uso desse sistema também pode aprofundar significativamente o
contato que têm com os outros, fazendo com que vocês desenvolvam uma percepção
mais compreensiva e amorosa. Essa é, pelo menos, a nossa experiência pessoal e a de
centenas de pessoas que freqüentaram nossos cursos.
Nossa Fonte afirma que, hoje, como a alma das pessoas, srcinárias de diferentes
culturas, tem uma idade cada vez mais avançada, ocorre no campo anímico uma
diferenciação que corresponde claramente à realidade desta dimensão. Trata-se da
diferença que nossa Fonte encontra entre os conceitos de alma e psique.
A palavra alma indica o aspecto imortal e duradouro; o termo psique designa um
órgão não-material do corpo, que começa a se desenvolver na infância e na juventude. A
psique pode ser comparada a um órgão do aparelho digestivo; sua tarefa é digerir os
medos, que não existem sob tal forma no mundo astral intermediário, e por isso não
precisam ser elaborados nesse plano.
Quando eu, agora na idade adulta, começo a querer entender mais profundamente a
mim mesmo e volto o olhar para o meu próprio passado, não me parece fácil perceber a
diferença entre o que se formou no corpo e o que já existia antes dele se formar.
A realidade da alma tem sido confirmada há milênios, mas, como descrevê-la com
precisão? É aqui que a Fonte causal, que vê toda a extensão desses domínios, pode nos
dar sua excepcional assistência.
A psique e a alma atuam conjuntamente em cada um de nós, embora devam ser
entendidas de forma bem diferente. A psique é capaz de eliminar uma dose cada vez
maior de medo acumulado e não digerido, mas a estrutura da alma tem um potencial que
está sempre disponível ao ser humano, e a influência dela sobre nossa existência no
corpo pode ser fortalecida.
A matriz é um instrumento para a percepção do próprio eu e o das outras pessoas e,
em última análise, pode ser usada em todas as situações nas quais se buscam melhor
compreensão e melhores formas de contato interpessoal.
Neste momento, a Fonte nos revela uma nova “homeopatia” da alma. Não se trata
nesse caso da cura de males físicos e sim de apoio ao crescimento da alma. Os
remédios, compostos de substâncias naturais potencializadas, principalmente flores,
equilibram o sistema energético da alma. Por exemplo, uma característica como o medo
pode ser atenuada, transformando-se em “impaciência”, se fortalecemos o papel da alma
ou o modo de ação com a força de determinadas plantas ou minerais, segundo o
Princípio da Analogia Simbólica. Assim, a “obstinação” pode se tornar uma firmeza
flexível; a “altivez”, na capacidade de estabelecer limites e de lidar de forma menos
destrutiva com as mágoas. Ou de um espiritualista crédulo e ingênuo (pólo negativo)
pode surgir um espiritualista confiante (pólo positivo). Portanto, os remédios não se
orientam pelos sintomas físicos, mas pelos arquétipos anímicos, pela matriz do ser
humano, com seus pólos típicos de medo e de amor. A conscientização de determinados
comportamentos nocivos é enfatizada, para que eles possam ser modificados. Esses
“elixires” da alma precisam passar por um exame exaustivo antes de ser prescritos a
pacientes com problemas anímicos. Até agora, desde 1992, a Fonte nos transmitiu
mensagens acerca deno
alma. Pressentimos, mais de duzentos
entanto, que esseremédios
trabalhoeainda
dos seus efeitos sobre
se prolongará poravários
psiqueanos,
ea
antes que esteja completo e seja confiável. Desse modo, o conhecimento dos arquétipos
e da matriz dará uma significativa base de apoio para muitos métodos de cura e de
crescimento.
Todos os depoimentos apresentados neste livro são relatos fiéis de mensagens que
nos foram transmitidas em cerca de 150 sessões de transe. Nos últimos trinta anos, a
possibilidade de se obter informações por meio de métodos mediúnicos aflorou cada vez
mais à consciência. Com isso também foi possível começar a pesquisar a
individualidade da alma por esse caminho. Alguns médiuns norte-americanos
destacaram-se nesse campo com suas publicações. As entidades Seth, Lazaris, Michael
e outras são hoje muito conhecidas por suas transmissões e imprimem em seus leitores,
de modo extraordinário, a compreensão da realidade.
Há dez anos, caiu-nos nas mãos o livro Messages from Michael. * Em suas poucas
páginas, continha as bases de uma doutrina dos arquétipos. De inicio, não conseguimos
usá-lo para começar algum trabalho, pois ainda não dispúnhamos das informações que
nos esclareceriam os termos e fariam aflorar suas mensagens. De todo modo, o
pressentimento do imenso potencial nele contido não nos abandonou e, assim,
começamos as nossas próprias pesquisas mediúnicas.
* Chelsea Quinn Yarbro, Messages from Michael, Nova York, 1983

Já havíamos feito contato com uma entidade muito ligada a "Michael”. Nós a
chamamos de “Fonte”. Como autores, nós, Dra. Varda Beate Hasselmann e Frank
Schmolke, formamos uma equipe bem sintonizada. Em 1967, nos encontramos quando
ainda éramos jovens estudantes. Hoje, nós dois já passamos dos cinqüenta. Nossa
ligação e o trabalho que fazemos juntos sempre foram extremamente fecundos e
intuitivos. Mas se alguém nos tivesse profetizado, antes de 1980, que certo dia
falaríamos com tanta naturalidade com uma fonte de informação não-material, como se
estivéssemos telefonando para nossos amigos, diríamos que essa pessoa era maluca.
Naquela época, ambos éramos casados, dávamos aulas de filologia numa universidade,
amávamos a arte, a literatura e a boa comida, sendo, portanto, pessoas completamente
normais. Achávamos estranho tudo o que não pudéssemos comprovar cientificamente
com nosso intelecto racional treinado. De esoterismo só conhecíamos a palavra e, ainda
hoje, gostamos de enfatizar que não somos esotéricos, mas pessoas que, sem nenhum
esforço consciente, foram tocadas por uma força luminosa. Ficamos curiosos com as
possibilidades e limites desses contatos mediúnicos e resolvemos nos dedicar a eles. No
final dos anos 80, ficamos com muito medo de sermos considerados malucos ao
aparecer pela primeira vez em público com as primeiras “demonstrações” da nossa
extraordinária capacidade. Afinal, nós mesmos a considerávamos inexplicável, talvez
até mesmo um pouco patológica. Receber “mensagens” e transmitir de olhos fechados, a
pessoas completamente estranhas, coisas que para nós também eram novidades.
Naquela época nossa alma não era algo que interessasse muito, visto que ambos não
fôramos criados no seio de famílias religiosas.
No início de nosso trabalho mediúnico, por volta de 1983, pedíamos à nossa “Fonte”
conselhos e ajuda para nós e para os nossos clientes, em sessões quase que
exclusivamente particulares. Mas logo Varda descobriu sua capacidade especial de
canalizar mensagens transpessoais de conteúdo abstrato. Antes de tudo, elas diziam
respeito ás dimensões da consciência humana. Posteriormente, a “Fonte” se concentrou
num tema específico com mil facetas: a alma humana.

der Essas
Seele, informações tinham
Archetypen der caráter
Seele revolucionário.
e Weisheit der Seele eElas
logoforam publicadas
ganhariam muitoem Welten
respeito
nos países de língua alemã, principalmente entre médicos, psicoterapeutas e agentes de
cura. Essas pessoas estavam buscando “algo” que lhes fazia falta, que diziam sentir,
embora não conseguissem definir. Por exemplo, constataram que as crianças nascem
com determinadas características nitidamente perceptíveis que não são influenciadas
pelo ambiente genético ou por fatores psíquicos. A “Fonte”, uma “entidade”
transpessoal do mundo causal da consciência, chama esses de fatores desconhecidos de
alma e os diferencia nitidamente da psique. A alma é nossa parte mais essencial, pois
transcende todas as encarnações. A psique morre com o corpo e se forma de novo em
cada vida. Nossa alma determina quem somos e como nós vivemos. A Fonte afirma que
a alma não é uma emanação amorfa, vaga e secreta, sobre a qual nem mesmo a religião
pode tecer muitas considerações, visto que só recebe certa atenção depois da morte do
corpo. Ao contrário; a Fonte nos disse que nosso ser anímico corresponde à metade da
nossa existência dual, que é possível descrevê-la muito bem e que o conhecimento dos
relacionamentos entre as almas constitui uma grande ajuda para que os seres humanos
compreendam a si mesmos. Nesse sentido, os arquétipos da alma, o ensinamento sobre a
idade da alma e a idéia de uma família anímica perfeitamente estruturada, com tarefas e
funções bem definidas, representam um grande papel. Essas informações são totalmente
novas. Só quando forem entendidas e usadas pelo maior número possível de pessoas em
todo o mundo se comprovará o valor que elas têm. Por isso estamos muito satisfeitos
com esta tradução em língua portuguesa, que torna conhecido também na América do
Sul o ensinamento dos arquétipos da alma. Logo serão publicadas traduções na Espanha
e na Itália.
A Fonte tem, segundo ela nos disse, seu próprio interesse em transmitir esses
conhecimentos. "Sabemos tanto sobre Deus quanto vocês, seres humanos, sabem sobre
nós. Não somos Deus. Não queremos ser reverenciados, queremos ser ouvidos. Em
nosso desenvolvimento somos mais avançados do que vocês, mas também continuamos
crescendo. E é nossa missão ensinar a vocês aquilo que nós já sabemos.
A linguagem da Fonte, assim como Varda a transmite mediunicamente, é expressão
de uma elevada arte de comunicação. Ela se manifesta de modo neutro, amoroso,
objetivo e didático (mas não como se estivesse nos dando uma lição!). Suas mensagens
são muito úteis do ponto de vista emocional, intelectualmente compreensíveis, poéticas,
ricas em imagens e muitas vezes bem-humoradas. O conteúdo é preciso, sério e muito
bem-organizado. Trata- se de um “ensinamento” abrangente, de uma doutrina. Além
disso, a Fonte também pertence a uma família anímica de "sábios” e "eruditos”. Ela
exemplifica de uma forma belíssima esses dois arquétipos. Varda é um “sacerdote”,
Frank um “artista”, alegre, com sede de conhecimento.
A Fonte nunca instiga o medo, faz ameaças ou profetiza catástrofes, anunciando
castigos ou censuras. Mas ela não é doce como açúcar ou sentimental. Com amorosa
seriedade, ela chama a nossa atenção sem julgar. Ninguém é intimado a fazer alguma
coisa ou a abrir mão da responsabilidade por si mesmo, em favor da Fonte. Todos os
que pedirem conselho o receberão individualmente. Esse tipo de terapia permite que
todos aprendamos muito. “Damos o que é preciso, nem mais nem menos. É assim que
vocês podem nos reconhecer”.
Quem quiser obter maiores informações sobre a "Fonte” e o trabalho mediúnico que
Varda e Frank fazem em conjunto com essa entidade transpessoal, encontrará uma
descrição completa no livro Welten der Seele. O livro Weisheit der Seele foi publicado
em 1995 e contém mensagens completas da Fonte sobre o sentido da vida humana.
(Todos os livros foram publicados pela Editora Goldmann.)
Em primeiro
determinado. Porlugar, a estrutura
esse motivo matricialdifere,
ela também não pretende produzir
apesar de todas ase semelhanças,
generalizar umdatipo
teoria dos “Sete Raios” e do “Eneagrama”. O que ela pretende é descrever a parcela
absolutamente singular, inconfundível e única de cada pessoa - ou seja, sua identidade
anímica. A matriz quadrada de sete elementos, com seus milhões de possibilidades
combinatórias, oferece um modelo descritivo altamente diferenciado. Apesar de toda a
sua diversidade, a matriz não atua no sentido de separar, mas sim no de buscar novas e
insuspeitadas possibilidades de conexão.
O conhecimento do próprio padrão anímico estimula a compreensão, o amor e a
percepção consciente. O fato de olhar as profundezas da própria alma inspira gratidão
pela Criação e uma tolerância natural pelos semelhantes. Também proporciona uma
resposta às perguntas: "Quem sou eu? e "Por que existo? A pessoa que procura conhecer
seu padrão anímico contempla a si mesma num espelho cristalino. Ela não só descobre o
seu lado negativo de sombra, para defini-lo e observá-lo, como também a matriz lhe
presenteia com alegria de viver, confiança e coragem de ser o que ela é.
Por ter essa capacidade, a matriz pode ser relacionada com as tipologias da
personalidade conhecidas. Ela não oferece um modelo alternativo, e sim uma
complementação, pois volta a introduzir o plano referencial da supra temporalidade
anímica, complementando assim os fatores biológicos e sociais. Além disso, o modelo
do desenvolvimento da “idade da alma” oferece uma ligação com o passado histórico
que torna clara a responsabilidade do homem para com o planeta Terra. Foi o próprio
homem que moldou o planeta em muitas encarnações e será a sua própria alma que, em
novos corpos, o habitara no futuro.
A busca por aspectos da realidade que transcendam o tempo vem interessando, neste
final do século XX, um número cada vez maior de pessoas. E almas cada vez mais
maduras e antigas buscam novos modos de compreender o mundo. Desejamos que a
matriz possa trazer uma contribuição para essa busca.

Varda Hasselmann e Frank Schmolke - Munique, outono de 1997.

Teremos prazer em enviar-lhes nosso programa de seminários. Escreva para: Dra.


Varda Hasselmann/Frank Schmolke
Postfach 700811 - 81308 München

Introdução

Todo ser humano carrega a matriz como seu patrimônio e se orienta, em todos os
momentos, por ela. Em geral, isso acontece por meio das forças que impulsionam o
inconsciente e que determinam seu funcionamento espontâneo. No entanto, se
procurarem entrar em contato com seu padrão anímico, a matriz, vocês abrirão portas
para seu íntimo que, do contrário, permaneceriam fechadas. Um acesso consciente como
esse traz uma grande riqueza de respostas á importante pergunta que intriga todas as
pessoas que se dispõem a percorrer o caminho da espiritualidade. Trata-se de conhecer a
si mesmo, de perguntar: "Quem sou eu? É importante entender que o padrão anímico,
em principio, diferencia-se do padrão psíquico, embora haja uma série de pontos de
contato, pois enquanto estivermos no corpo físico, a alma só pode se manifestar por
meio da psique.
A matriz descreve a essência de vocês, o âmago, o que é único, aquilo que vocês
trazem em si, aquilo que os forma. Ela é o resultado da escolha da alma e por isso
encerra
A matrizem si um osentido
contém quetotal
potencial difere basicamente
e purificado de do significado
todos os homensdosepadrões psíquicos.
as possibilidades
do desenvolvimento anímico de cada um deles numa vida isolada, dentro de um
determinado contexto existencial. Ela é também a imagem da energia básica dos seres
humanos. O padrão psíquico, em contrapartida, é o resultado do que vocês já viam e
viviam. Ele se compõe dos acontecimentos e da maneira como foram elaborados, dos
traumas e das impressões. Ele cria reações e atitudes comportamentais. Ele limita vocês
em vez de lhes mostrar as possibilidades de um horizonte mais amplo.
Ainda que o padrão anímico tenha de manifestar-se por meio da psique, enquanto a
alma está num corpo físico, é preciso mencionar que a alma não precisa ter, como a
psique, reações descritíveis e histórias de compulsão; ela descreve, porém, um espaço
livre no qual vocês podem desenvolver-se. Esse espaço põe à disposição de vocês uma
dimensão na qual podem ser autênticos em vez de se sentir um joguete das
circunstâncias.
Todas as constantes e variáveis matriciais criam esse espaço livre por meio de uma
polarização que, no entanto, não é linear, mas, multidimensional. Esses pólos,
representados pelos sinais + e -, descrevem os campos fluentes do amor e do medo, de
mais amor e menos medo, de mais medo ou menos amor. E a liberdade de vocês
consiste em movimentar-se entre esses dois pólos, usando a consciência e o
conhecimento para localizar, valorizar e entender a posição que ocupam nesse espaço.
Que a certeza de vocês disporem sempre e constantemente desse gigantesco e
altamente diferenciado espaço multidimensional entre os pólos do amor e do medo lhes
sirva de consolo e, ao mesmo tempo, de diretriz. O desejo que vocês têm de crescer, a
vontade de se desenvolver, o anseio de progredir no caminho criam um mapa que os
ajudará a se mover com desenvoltura nesse espaço.
A matriz é um modelo da vida interior de vocês. Esse mundo é diferente dos
mundos psíquico e físico e, contudo, não é um mundo antagônico.
Todas as três dimensões são inter-relacionadas. Elas atuam em conjunto e podem ser
harmonizadas. A diferença está no fato de a dimensão anímica ter sido formada
enquanto vocês ainda não tinham corpo, no tempo e no espaço entre as vidas, e no fato
de a dimensão psíquica corresponder à formação da personalidade de vocês durante a
vida no corpo. É por isso que o padrão anímico está impregnado de mais amor e de um
significado mais profundo do que o padrão psíquico.
Ainda que vocês descrevessem todos os aspectos da vida física e psíquica, ainda
assim lhes permaneceria velada a terceira dimensão da existência: as exigências e as
condições da identidade anímica de vocês, uma identidade que envolve toda a vida no
corpo e tem uma legitimidade que transcende toda materialidade. O nosso objetivo é
aproximar vocês dessa terceira dimensão, a realidade indispensável e impreterível do
padrão anímico, oferecendo-lhes a possibilidade de estabelecer uma relação íntima e
profunda com a alma. Cada palavra que adicionarmos aos tijolos isolados da construção
da matriz terá serventia para esse objetivo.
Se vocês quiserem tirar proveito do que colocamos à disposição, saibam que
existem três perspectivas referentes ao conhecimento da matriz. A primeira, a
possibilidade mais rápida de reconhecer o padrão anímico, é terminar a leitura e depois
procurar um médium competente, familiarizado com essa estrutura, e fazer-lhe as
perguntas com cujas respostas vocês, afinal, terão de se ocupar. Esse procedimento
propicia uma súbita liberação de novos conhecimentos, predispõe à reflexão e, com
freqüência, desperta certa relutância e uma recusa que, no entanto, são benéficas e se
relacionam com velhos hábitos da psique. Esses hábitos, por sua vez, provocam efeitos
retroativos contra a integração consciente do padrão anímico. Se, portanto, descobrirem
opossibilidade
padrão anímico de vocês
de erro; e pordessa
outro,maneira, podemdependerão
de que vocês estar certos, por um lado, de
exclusivamente de que
si há
mesmos para elaborar e analisar o programa de crescimento anímico que seguirão.
A segunda recomendação que podemos apresentar consiste em considerar o contato
com o próprio padrão anímico como uma proposta para um contato honesto, profundo
com as camadas do próprio eu. E, como vocês sabem, esse eu se revela mais fácil,
rápida e claramente quando estiverem ou entrarem em contato com outras pessoas que
também querem descobrir mais acerca de si mesmas.
Nossa recomendação é para que vocês não leiam este livro ou trabalhem com ele
sozinhos, mas com outras pessoas das quais gostem ou que também mostrem interesse
pela estrutura anímica. Assim vocês não se apoiarão unicamente nas próprias
suposições, em especulações inúteis e em projeções de desejos. Esse processo de
pesquisa exaustiva da identidade anímica levará algum tempo. Esse tempo, porém, será
o período mais produtivo da vida de vocês. Vocês reconhecerão muitas coisas,
primeiramente nos outros, e esses identificarão em vocês muitas características. Com o
tempo, o conhecimento de vocês também amadurecerá. A comunicação constante, a
observação cuidadosa, a nova receptividade, tudo isso se desenvolverá durante o estudo
conjunto dos elementos matriciais isolados. O contato com os membros da família, com
o circulo de amigos e com os participantes de um grupo de estudo será de inestimável
valor e dará á vida um novo brilho.
O terceiro modo de usar as nossas informações destina-se a todos os que estão
dispostos a participar de uma aventura, com a esperança de estar prontos para enfrentar
as imponderabilidades. Quem estiver familiarizado com alguns métodos e técnicas
simbólicos de descoberta da verdade ou tiver prática na interpretação de oráculos e, ao
mesmo tempo, um conhecimento sólido de si mesmo, pode valer-se desses meios para
poder entender os papéis da alma, as características principais, o objetivo do
desenvolvimento e outros aspectos matriciais. Com isso estamos nos referindo a
consultas ao Tarô, ao I Ching, à Astrologia ou ao pêndulo. Mas também pode-se
perguntar e pedir ao Eu Superior ou a um guia espiritual para transmitir os aspectos
correspondentes do padrão anímico. Nesse caso, deve-se prestar muita atenção para que
o desejo de alcançar os ideais, o anseio por uma confirmação dos desejos mais ardentes
do ego não distorçam a percepção.
Gostaríamos de comparar essas três possibilidades de explicar a matriz com três
diferentes acessos a uma grande montanha. O primeiro caminho, largo e fácil de
percorrer, se estende à frente como uma rodovia; vocês caminham por ele sem esforço,
chegam sem maiores problemas ao término, na medida em que se utilizarem das forças
de tração apropriadas. Essa estrada é percorrida por muitas pessoas, o tráfego é intenso,
contudo, as belezas da paisagem e da subida à montanha passarão quase despercebidos.
Assim que chegarem no alto, terão de decidir se continuarão a viagem depois de lançar
um rápido olhar sobre o panorama e dar algumas tragadas no cigarro. Mas se optarem
por descansar um pouco no pico, aproveitando o fato de terem chegado até ali, poderão
surpreender-se com experiências felizes e emocionantes. A permanência ali será uma
experiência inesquecível. Passarão a gostar do local e, sempre que for possível, tentarão
repetir a experiência.
O segundo acesso à montanha assemelha-se a um caminho de romaria, bastante
conhecido e preservado há séculos, repleto de marcas deixadas pelos muitos que
passaram por ele. Esse caminho raras vezes é percorrido a sós; contudo, o avanço que
vocês fizerem será o resultado do seu esforço pessoal. Vocês não serão levados de carro,
ninguém os carregará no colo. Terão de suar, caminhar sem cessar e vão querer fazer
algumas paradas para descansar. E sempre que fizerem uma pausa para recuperar o
fôlego avistarãoum
desenvolverão algo importante e belo.
relacionamento A cada passo
mais maduro e a cada
e profundo comesforço
o solovocês
em que pisarem
e com a paisagem que os cercar. Assim que chegarem ao topo, sentir-se-ão realizados,
contentes com o que alcançaram e felizes em poder admirar a paisagem. Essa
observação não se compara com a surpresa demonstrada pela pessoa que chegou até ali
de carro. A experiência do andarilho está ancorada em seus esforços pacientes,
perseverantes, que incluem a experiência física e uma mudança no nível da alma.
O terceiro caminho assemelha-se à escalada empreendida por um grupo de
alpinistas. Vocês poderão contar com a segurança oferecida pelas cordas e pelos
ganchos. Há perigos e situações de emergência, muito esforço e excitação,
possibilidades de quedas e a necessidade da mais absoluta concentração. Enquanto
escalam um paredão escarpado, seus olhos estarão voltados para o próximo paredão. No
entanto, ainda sobra ânimo para contemplar a paisagem e sua beleza, visto que o
objetivo de vocês ao escolher o caminho íngreme, em que é preciso sempre contar com
um apoio, é o prazer da escalada e não a ânsia de chegar ao topo e lá permanecer
sentado. E o prazer de escalar é incomparável e tem sua própria beleza. O que vocês
querem é fazer uma escalada sozinhos e, mesmo que tenham de estar presos aos outros
por cordas, cada um ainda tem de cuidar de si mesmo com a maior responsabilidade.
Quando, por fim, chegarem sãos e salvos ao topo, terão adquirido uma experiência
que se distingue da experiência dos que percorreram os outros caminhos. Vocês
conhecerão os riscos e as possibilidades de superá-los que os outros desconhecerão,
vocês poderão contar aventuras que causarão assombro; no entanto, vocês perceberão
também que a vontade de conquistar o pico do conhecimento de si mesmo, mediante
muito esforço, não é algo que agrade a qualquer um.
Pensem, então, em seu padrão anímico individual como se ele fosse uma região que
pudessem observar e estudar de diferentes maneiras, segundo seu estilo pessoal e de
acordo com as necessidades, desejos e possibilidades que vocês têm. Podem fazer isso
sozinhos, com um guia ou com um grupo de pessoas que concordem com a experiência;
vocês podem ser levados, guiados ou ir por conta própria, mais depressa ou mais
devagar, fazendo uma análise superficial ou profunda. No entanto, não se esqueçam de
que vocês estão se movendo num campo energético e que haverá uma troca de energia
entre vocês e esse campo, à medida que se submeterem a ele. Assim como vocês
durante a escalada da montanha estão sujeitos ás alterações da temperatura, como ar
mais frio e mudanças na pressão atmosférica e ao resultado dos próprios movimentos,
da mesma forma a estrutura energética da matriz amplia as próprias forças. E o fato de
vocês explorarem essa estrutura os ajudará a levar a experiência até o fim. Confiem no
fato de que almas aparentadas e generosas protegem vocês, como se fossem guardas-
florestais experientes, a postos a seu lado: se for preciso não hesitarão em empreender
uma ação de salvamento que reconduzirá vocês, a salvo, para o caminho correto.
Agora gostaríamos de lhes dar mais algumas sugestões que os ajudem a descobrir a
ligação correta entre os elementos matriciais. Ao analisar os sete papéis da alma e seus
princípios, lembrem-se de que eles não descrevem o efêmero, mas o essencial. E se
quiserem descobrir qual é o papel que vocês têm, voltem o olhar para o que lhes dá mais
autenticidade, satisfação mais profunda, irradiação mais positiva, os mais calorosos
sentimentos de amor, tanto no presente quanto no passado. A essência de vocês não é o
que gostaríamos de ser para realizar o seu ideal, mas aquilo que são e que os deixa
felizes e realizados. Caso seja possível, analisem também os fragmentos, informações,
recordações e suposições associados a outras vidas, a vidas anteriores, e busquem nas
diferentes experiências e formas de aprendizado indicações que os levem a descobrir o
papel que a sua alma deve desempenhar.
No entanto,
principal, quando
ou seja, se tratar
as grandes de identificar
barreiras, o medo
as inibições básico com as
inconscientes, suadificuldades
característica
mais
secretas, o procedimento deve ser exatamente o contrário. Analisem os sete medos e,
dentre eles, vejam qual lhes causa maior repugnância, o maior desprezo e a maior
irritação; e analisem aquele medo que querem evitar a qualquer custo, o que é doloroso,
aquele do qual esperam o pior castigo: é provável que se trate do seu medo. E não se
esqueçam: a característica principal é uma máscara por trás da qual se esconde o medo
básico. Essa máscara é como uma proteção necessária para evitar que tomem
conhecimento da angústia, do temor e do abismo.
A questão sobre qual dos pólos aparentes positivos da característica principal
representa a mais bela virtude para vocês é uma diretriz pela qual vocês podem se
orientar, pois a maior das virtudes se transforma - quando arraigada no medo - numa
falsa virtude, num defeito que deixa vocês e os outros infelizes, mesmo que lhes garanta
proteção contra o mal.
O objetivo, por sua vez, contém os aspectos mais decisivos da temática de vida.
Tudo o que vocês quiserem aprender e que aprenderão, o que consideram como ponto
central do seu desenvolvimento e da sua espiritualidade está relacionado com o
objetivo, se forem honestos consigo mesmos. E se analisarem os sete objetivos para
descobrir o que desperta ressonância mais freqüente, mais perceptível, mais prazerosa e
mais dolorosa em vocês, em muitos casos já terão encontrado o objetivo correto.
Novamente, é preciso prestar atenção ao fato de que esse objetivo nunca está
relacionado á realização de uma pretensão ideal ou de normas estranhas, porém única e
exclusivamente àquilo que a alma se propôs a aprender. E visto que a vontade de
aprender é cultivada pelas forças primordiais da divindade, a temática de cada
encarnação é inequívoca, insubstituível e facilmente reconhecível em seus aspectos
ilimitados e multiformes.
O modo de ação é a fonte da força de vocês. Examinem como se sentem quando
estão sadios, estáveis, firmes; analisem se esse modo de viver lhes dá uma sensação de
naturalidade, espontaneidade e sinceridade para com vocês mesmos. Vocês são como
são. E qualquer tentativa de bloquear a fonte das próprias forças e de saciar a sede em
águas desconhecidas, torná-los-á mais fracos e lhes roubará as possibilidades de levar
uma vida de realizações. Se, pelo contrário, fortalecerem o modo de ação que lhes é
srcinal, a vida de vocês será enriquecida por correntes energéticas invisíveis que
contribuirão para que tudo aconteça da forma mais fácil, rápida e feliz.
As mentalidades descrevem os sete comportamentos espirituais básicos. Eles
representam uma capacidade insubstituível e inalterável de contemplar e de organizar o
mundo e seus fenômenos. Se vocês quiserem investigar as sete mentalidades, pensem
naquilo pelo qual se esforçam, nas idéias que desenvolvem sobre o modo correto de
viver. Pensem também nas pessoas com as quais têm mais facilidade de entrar em atrito
e no fato de adotarem um posicionamento básico de vida totalmente diverso do de
vocês. Em seguida, lembrem-se dos encontros que possibilitaram um entendimento
harmonioso com seus interlocutores; a partir do conhecimento que têm do ser humano,
perguntem-se quais dessas posições acerca da vida, qual mentalidade o seu interlocutor
defendeu com mais ênfase. Assim vocês poderão aproximar-se mais da própria
mentalidade.
A mentalidade não reflete o que se atraiu, não espelha as opiniões de uma época ou
de uma sociedade, mas a sua visão pessoal sobre o que acontece com vocês e ao seu
redor; ela reflete o seu conceito particular de verdade e de realidade. Por isso, ao buscar
o seu comportamento mental básico, vale a pena fazer a si mesmo as seguintes
perguntas: "Se eu pudesse reformar o mundo e influenciar a posição, o modo de pensar
econcretizar?
a visão de vida das outras pessoas - como eu gostaria de agir? O que eu gostaria de
O padrão reativo, composto da combinação dos dois centros energéticos ativos
primários em seu corpo, mostra a ligação das suas forças anímicas com as forças do
plano físico. Vocês descobrem com facilidade o padrão reativo ao refletir sobre quais
chakras são abertos mais depressa ou com mais freqüência, em que dimensão vocês
reagem com mais presteza; mas também se souberem quais zonas ou regiões do seu
corpo se tornam mais sensíveis, que situações os deixam mais vulneráveis e onde se
sentem mais ameaçados. Vocês são rápidos na coordenação dos acontecimentos ou
precisam de muito tempo para entender o que aconteceu? Se acontecer algo excitante
vocês se movimentam ou ficam paralisados? Acham importante falar para dar vazão aos
sentimentos? Muitas vezes ficam totalmente sem fala? Vocês têm idéias espontâneas e
descobrem soluções criativas no que se refere a fantasias eróticas ou ao desempenho
sexual? Quando ficam muito agitados, vocês expressam ou reprimem os sentimentos?
Convém fazer essas perguntas e indagar também às pessoas mais próximas sobre qual a
opinião delas a respeito de vocês e como os chakras delas reagem à atividade dos seus
centros de energia.
O padrão reativo corporal pode ser percebido mais diretamente e é fácil de ser
observado. Na busca, não é importante descobrir primeiro se a seqüência correta do
padrão reativo é centralização e orientação ou vice-versa. Muito mais importante é
descobrir esses dois componentes e observá-los na vida cotidiana. Logo se verificará a
prioridade de um sobre o outro.
A questão da idade da alma é a última a ser abordada, embora seja o ponto de
partida da viagem de vocês. A idade da alma não é uma questão de livre escolha, mas o
resultado de um processo de conhecimento desenvolvido durante milênios. É de se
esperar que a alma recém-nascida, a alma infantil ou a alma jovem ainda não saibam
nem possam lidar com a própria estrutura ou com a liberdade de escolha, nem possam
assumir as responsabilidades necessárias. Portanto, é provável que a maioria das
pessoas interessadas pelos nossos ensinamentos sobre as constantes e variáveis do
desenvolvimento anímico, e receptivas ao mesmo, já pertença ao ciclo de almas
maduras e antigas.
Voltemos à nossa imagem da escalada para torná-la completa por meio destas
perguntas: Essas montanhas ficam na África, na Ásia, perto do lugar onde vocês
nasceram? O seu cume ergue-se acima do nível do mar ou vocês têm de passar primeiro
por desertos e promontórios, atravessar outros países e regiões desconhecidas antes de
chegar lá? Há neve eterna nos cumes das montanhas ou elas têm alguma vegetação?
Vocês estão preparados para escalar montanhas?
Todas essas reflexões se referem ao ponto de partida, à idade da alma. Uma análise
das cinco idades da alma que podem ser vividas no corpo humano lhes mostrará que, à
medida que a alma evolui e amadurece, as exigências se tornam cada vez mais
complexas, sutis, sofisticadas, visto que exigem mais preparo e experiência. Devemos
partir do fato de que muitos superestimam suas possibilidades querendo atingir o pico
mais elevado. Com isso queremos dizer que a maioria dos interessados em comprovar
nossos ensinamentos sobre o padrão anímico, de inicio, se consideram almas muito
evoluídas. Entretanto, poucas pessoas estão perto de concluir o ciclo de encarnações. A
alma de vocês, ao contrário, sabe muito bem o que deixou para trás e o que tem de
percorrer. Ela tem consciência do que sabe e percebe em que campos gostaria de se
infiltrar. Vocês não podem cometer nenhum erro que impeça o seu desenvolvimento. Se
a alma de vocês for um pouco mais jovem ou um pouco mais madura do que pensavam,
deixem-me dizer seTer
jovem ou madura. issouma
puder ajudar:
alma antiganão
nãoseéaborreçam, não é vergonha ser uma alma
nenhuma vantagem.
É aqui que se vê o excepcional significado da análise das etapas de uma alma.
Apenas a união do ciclo de vida com a etapa da alma propiciará a vocês a verdadeira
ressonância, a vibração da verdade e da sombra, a felicidade de ser compreendido e de
compreender a si mesmo. As perguntas-chave podem ser: Qual a intensidade dos meus
sentimentos diante de fatos estranhos, qual é minha saudade da união cósmica? Como
surgem os meus problemas e conflitos? O que eu espero dos meus relacionamentos e
como me sinto diante do fato de estar só? Que doenças me afligem? Do que mais
preciso na vida?
Nós os advertimos repetidas vezes: vocês são o que são! E se puderem conhecer-se
melhor com a ajuda da matriz, isso não mudará a verdadeira identidade de vocês. No
entanto, dar uma olhada no espelho de vez em quando não é uma questão de vaidade,
mas algo que surge da vontade de comprovar e complementar a percepção que têm de si
mesmos. Porém, ao olhar no espelho, não sejam demasiadamente críticos consigo
mesmos. Olhar no espelho da alma é uma oportunidade excepcional de atuar e de
valorizar o que está diante dos olhos. E acima de tudo, não tenham pressa; dêem-se um
tempo. Deixem o tempo atuar sobre vocês enquanto estão sujeitos às leis dele. Vocês
têm o seu tempo como seres humanos, e como tais, movimentam-se no espaço. Esses
são os eixos matriciais. O que gravarem neles, vida após vida, depende de vocês.

A Matriz da Alma e os Seus Sete Elementos

Para nós, o conceito de alma define um padrão muito pessoal, individual, ou a rede
de elementos essenciais que uma alma reúne cada vez que planeja reencarnar para
realizar de forma adequada as suas metas, as suas tarefas e o seu desejo de
desenvolvimento.
Os preparativos variam de acordo com os objetivos que se pretende alcançar. A
matriz anímica é a proteção adquirida pela alma para dominar “significativamente” uma
determinada encarnação. Nesse caso, significativamente quer dizer: viver estimulando o
crescimento, estimulando o conhecimento, estimulando o amor.
O padrão anímico sempre é tecido a cada encarnação. Contudo, o tear e a trama são
os mesmos. A idade da alma pode ser comparada ao tear. Trata- se de um instrumento
antigo, útil e confiável que, seja como for, depende de um processo de
desenvolvimento; as cordas do tear representam o papel da alma, que não se altera, não
importa qual o padrão do tapete necessário à determinada vida. As cores e os materiais
mudam. Eles dependem da fantasia, da capacidade de amar e da necessidade de cada
alma e podem ser escolhidos livremente.
Todo ser humano que tem um corpo também tem um padrão anímico. É como uma
túnica que ele veste enquanto dura uma vida e que tira outra vez quando o padrão
anímico torna a abandonar o corpo. No entanto, dois fatores se mantêm: o papel
constante da alma e a sua idade, que vai se acumulando sem poder regredir nem ser
apressada. A matriz é também um plano de desenvolvimento para a alma que encarna.
Uma matriz anímica compõe-se de sete elementos isolados, dos quais cinco podem
ser combinados à vontade com os dois chamados “pontos fixos”.
Esses sete elementos são: o papel essencial da alma, a característica principal do
medo, o objetivo do desenvolvimento, o modo de ação, a mentalidade, o padrão reativo
corporal e a idade da alma.
Portanto, cada um de vocês tem uma matriz anímica, quer saibam disso ou não.
Cada um de
diferentes vocêshumanos
corpos passa pelas fases
e com umdee desenvolvimento, do começo
o mesmo papel essencial ao fim,
da alma. em
Este
corresponde a uma das sete energias essenciais arquetípicas. Os sete papéis da alma (o
agente de cura, o artista, o guerreiro, o erudito, o sábio, o sacerdote e o rei) são
arquétipos que, tomados em seu conjunto, abrangem todas as possibilidades de
desenvolvimento anímico, espiritual e material, e o potencial geral do ser humano. O
papel essencial constante da alma também é escolhido livre e independentemente, muito
embora essa escolha esteja sujeita a critérios diferentes, que dependem da escolha dos
elementos matriciais isolados e variáveis que a alma reorganiza a cada vida, usando
determinada essência.
Os critérios para a escolha de uma das sete essências arquetípicas estão de tal modo
entrelaçados com o estabelecimento do objetivo de toda regularidade cósmica que
cumprem funções de posição superior. Imaginem vocês que os bilhões de pessoas que
povoam a Terra agora, os infinitos bilhões que não estão em nosso planeta neste
momento, segundo a nossa contagem do tempo, mas no plano astral aguardando novas
encarnações, ou os que já encerraram o seu ciclo de encarnações têm uma das sete
essências anímicas; imaginem que, além disso, existem outros mundos, outros planetas
também povoados de almas de formas estranhas que, por sua vez, se esforçam para
alcançar seu desenvolvimento anímico escolhendo um desses papéis anímicos
arquetípicos. Vocês verão claramente que as essências têm de fazer jus a um amplo
leque de funções e de necessidades.
Entretanto, elas são apenas sete, que valem igualmente para todos, e quando cada
um de vocês incorporar uma dessas essências, hão de dividi-la com bilhões e bilhões de
seres animados no cosmo inteiro.
Portanto, por um lado, o papel anímico essencial é a característica mais pessoal de
vocês, que lhes possibilita ver a vida de uma perspectiva individual. Por outro lado, o
papel anímico essencial estabelece relacionamentos arquetípicos de parentesco com
todos os que defendem a mesma essência, tanto na Terra como no cosmo.
Por conseguinte, a essência combina-se com a faixa etária da alma em que vocês
estão se desenvolvendo e com as outras cinco variáveis, formando um padrão pessoal
insubstituível. Por isso, cada um de vocês está ligado a algo comum e um todo, embora
continue sendo absolutamente único, insubstituível, singular não só no que se refere às
feições, à figura e as impressões digitais, mas também em sua estrutura anímica. Basta
comparar.
É desejável e significativo que a matriz de um ser humano mostre uma identidade
insubstituível em determinada época do seu desenvolvimento, em determinado corpo e
numa hora definida segundo a contagem humana do tempo, pois isso faz com que
contribua com a interminável multiplicidade da unidade infinita.
Tanto a vida em si quanto a vida humana em especial só são significativas e
realizáveis quando cada alma entender e determinar que é independente das outras
almas. No entanto, a limitação, a diferenciação e a definição só são possíveis quando
existe uma ampla base comum.
Para explicar melhor esse princípio com a ajuda de uma analogia, chamamos a
atenção de vocês para o fato de que só podem relacionar-se com seu semelhante para se
compararem com ele e se diferenciarem dele, com base no fato de ambos serem
humanos, com corpo, espírito, comportamentos e necessidades humanos.
Quanto mais distante de vocês estiver um fenômeno da existência e do processo de
evolução da vida, tanto menos poderão se relacionar com ele. As possibilidades de
comparação tornam-se restritas. Vocês acham infinitamente difícil - e com razão -
estabelecer contato com uma medusa ou com uma plantinha. O mesmo acontece com
relação
medida ao parentesco
sólida anímico.com
de comparação A essência e a idade
a qual podem da alma
avaliar formam o pano
e compreender de fundo, a
a si mesmos
com relação aos outros.
Assim que a essência anímica for escolhida, ela vale para sempre, transcendendo as
dimensões do tempo e do espaço. Ela continua válida mesmo quando vocês
abandonarem o corpo humano, terreno. Ela é preservada tanto no mundo astral quanto
no mundo causal do desenvolvimento anímico. Forma a estrutura da família anímica,
determina a contribuição que vocês darão para o todo; ela nunca os abandonará até o
fim do cosmo; contudo, como esse fim se assemelha a um amálgama, que nem nós nem
vocês podem compreender, não continuaremos a falar sobre isso.
Cada alma que se prepara para uma nova encarnado determina primeiro o seu
objetivo de desenvolvimento, fazendo depois a escolha dos elementos matriciais que ela
quer interligar para alcançar esse objetivo. Então, depois de refazer-se da última
incorporação, depois de fazer um inventário e um ajuste com as outras, a alma, no plano
astral, escolhe o seu ponto principal de desenvolvimento entre os sete possíveis,
acrescentando finalmente a ele um padrão altamente complexo de características físicas,
espirituais e anímicas.
O avanço da idade da alma está associado ao resultado das estruturas anímicas
positivamente vividas. A idade anímica aumenta á medida que um ser humano estiver
disposto a realizar sua matriz no pólo positivo e a aproximar-se do amor nele contido.
Contudo, isso não quer dizer que uma pessoa que se recuse a amar fique estagnada, a
ponto de o seu desenvolvimento cessar. Mas ele será mais lento, muito embora não
existam obstáculos ou expiações que possam ser considerados um castigo ou uma
provação enviada por alguém mais elevado, que bloqueie o caminho de vocês rumo à
plenitude final.
Não existe um ser humano, não existe nenhuma alma que queira ser sempre negativa
ou “má”. Por isso, as diferenças entre uma alma encarnada que vocês consideram
inconsciente ou negativa e outra que os impressiona por seu esclarecimento e
consciência não ficam gravadas no tempo; pois, para o desenvolvimento almejado por
uma alma o tempo não é igual ao de vocês que estão acorrentados à estrutura do tempo
e do espaço.
Então é irrelevante se uma alma precisa de sessenta, oitenta ou cem vidas para
chegar à sua plenitude e para alcançar a religação com sua família anímica; não importa
que a alma tenha o seu próprio caminho e siga o seu ritmo, atendendo às suas
necessidades e desejos pessoais. Esse fato livra vocês da aparente necessidade de se
julgar e de julgar os semelhantes pela sua suposta cegueira, pela falta de atenção ou de
amor que, na verdade, na hora do encontro com eles podem parecer muito
desagradáveis e perturbadores, mas que para o caminho progressivo do
desenvolvimento de uma alma não têm grande importância, como vocês erroneamente
possam presumir.
A matriz só está completa quando todos os seus sete elementos estiverem unidos.
Não podemos renunciar a nenhum deles, embora a matriz por si só não baste para dar
forma a uma vida voltada para a realização de um objetivo, repleta de sentido. Além da
matriz, que é irrenunciável, existem outros elementos que fazem parte da escolha, por
exemplo, a bagagem cultural, os pais, a disposição de cumprir determinados deveres
kármicos ou de reencontrar velhas almas companheiras que devem apoiar-se
mutuamente para chegar ao objetivo do desenvolvimento - quer por meio da alegria
quer por meio da dor.
Como o padrão anímico muda de uma vida física para outra e, no mundo astral, são
reunidos em cadadavida
etapas possíveis cinco
idade vezes cada
anímica, sete elementos
alma podeisolados
pesquisara todos
fim deosdeterminar
elementosas várias
variáveis da matriz, estabelecer um laço de simpatia com eles, e experimentar toda a
gama de formações positivas e negativas no decorrer das suas encarnações. É por isso
que cada um de vocês pode recorrer ao conhecimento abundante em todas as variáveis
matriciais, exceto ao papel essencial e à idade da alma. Essa experiência individual
complexa liga vocês ao coletivo. Ela permite que haja compreensão, tolerância e
relacionamento, pois quem não sabe nada sobre o outro não pode compreendê-lo; quem
não compreende nada não pode estabelecer um relacionamento.
Como em encarnações passadas todos vocês já tomaram conhecimento de todos os
sete modos de ação, de todas as sete mentalidades, de todos os centros do corpo e dos
seus padrões reativos, de todos os medos e objetivos de desenvolvimento, vocês têm
lembranças psíquicas coletivas e anímicas que lhes oferecem ricas possibilidades de
comparação, de disposição para perdoar, de capacidade de entender por que os
semelhantes adotam determinados modos de ação ou de padrões reativos; vocês podem
imaginar o que o próximo sente, entender o motivo das suas decisões e atitudes, basta
querer, pois vocês já passaram, em outras vidas, por quase todas as experiências pelas
quais eles estão passando exatamente agora. Da mesma forma, vocês podem exigir que
os seus semelhantes os aceitem e compreendam, se não nos pequenos detalhes, ao
menos nas coisas grandes e comuns, visto que eles já fizeram muitas das coisas que
vocês estão fazendo agora. Chamamos a atenção de vocês para o fato de não estarem tão
sós e isolados como os seus medos gostariam de fazê-los crer.
Mas não é só das experiências físicas essenciais de vidas anteriores que vocês obtêm
seus conhecimentos sobre os cinco elementos matriciais variáveis; em cada vida vocês
passam por experiências reais com a multiplicidade dos elementos matriciais. No que se
refere ao padrão anímico individual, dentre as sete possibilidades, cada um de vocês
escolheu determinada variável e lhe deu ênfase, tal como se faz num museu ao iluminar-
se com um holofote apenas um quadro dentre os muitos para que ele possa ser visto
melhor.
Vocês, por exemplo, estão bastante familiarizados com todos os sete medos básicos
e com suas características principais. Em cada uma das vidas, vocês renegarão a si
mesmos sendo orgulhosos ou impacientes, obstinados, ambiciosos, autodestrutivos ou
com tendências para se martirizar. No entanto, a característica principal do medo básico,
que marca mais a vida de vocês, destacando-a das outras, mantém-se mais velada do
que as outras seis, rege o inconsciente exercendo maior domínio e determina as atitudes
que são controladas pelo medo e pela polarização negativa dos seus elementos
matriciais.
Cada elemento matricial da alma tem um pólo positivo e um pólo negativo. Esses
pólos representam os extremos do amor e de medo. Eles são como terminais de um
amplo espectro de ações e de reações possíveis. Mas não se deverá entender isso como
se vocês simplesmente tivessem de escolher entre o pólo positivo ou o negativo.
Acontece o contrário: quase sempre vocês ficam em um plano intermediário durante a
vida cotidiana e raramente vocês serão extremamente amorosos ou absolutamente
refratários ao amor.
No entanto, antes de mais nada, não se censurem ao perceber que penderam um
pouco mais para o pólo negativo em determinada circunstância, pois as experiências em
que se age por medo e não por amor são uma ajuda valiosa e uma indicação de que
ambos os pólos estão sempre presentes: amor e medo. Depende de vocês qual caminho
escolher; e não existe ninguém que os castigue por supostos erros e desvios do rumo
certo ou que os recompense pelos sucessos. Só vocês sofrem as conseqüências dos seus
atos. E vocês
amorosos, querem
agindo aprender comnoisso.
constantemente Não há
extremo do nenhum motivoAfinal,
pólo positivo. para que sejamser
nenhum sempre
humano consegue fazer isso sempre. Além do mais, essa atitude também não teria
nenhum sentido, visto que impediria uma aprendizagem eficaz.
Durante uma seqüência de várias encarnações, existe uma conscientização cada vez
maior e um movimento irrefreável rumo ao amor, anseio primordial que controla e
orienta o ser humano; é imprescindível que à medida que a idade anímica aumenta,
vocês se tornem mais conscientes das suas capacidades e aptidões. Com certeza é
desejável que você se esforce para obter mais clareza e percepção intuitiva, contudo,
nem todos são capazes de analisar a si mesmos ou de cultivar a acuidade intelectual.
Mas esse não é o objetivo de todos os seres, humanos. Para usarem ao máximo a sua
matriz anímica vocês devem valorizar a seguinte sentença: Tudo tem seu tempo e há
tempo para tudo.

Os Pólos Matriciais
Enquanto é só planejada e não vivida, a matriz e seu padrão anímico é apenas um
plano, uma cianotipia. Mas assim que uma alma escolhe um corpo e começa a
organizar-se dentro dele, esse plano ganha força e começa a se concretizar
materialmente. Com a encarnação entram em jogo novos regulamentos que
descrevemos como os princípios da dualidade e da polaridade.* E, simultaneamente,
surge uma nova tensão pelo fato de os pólos dos elementos matriciais criarem um
campo de energia.
Enquanto a alma estiver num corpo e, dessa maneira, empenhar-se pelo seu
desenvolvimento, entra em ação um amplo espectro de possibilidades no campo
energético formado entre os pólos. Falamos de uma tensão entre o pólo positivo e o
pólo negativo. Ao falarmos de positivo e negativo sabemos muito bem que as pessoas
naturalmente os associam à imagem de bom e mau. Por esse motivo, para que entendam
melhor, desejamos explicar-lhes que o pólo positivo de um dos elementos matriciais de
nenhum modo é bom e que o pólo negativo, em si mesmo, não é mau; não se trata de
evitar o contato com o pólo negativo para poder dedicar-se quase unicamente ao pólo
positivo.
A tensão que surge entre os pólos é necessária. Portanto, quem insistir em querer
evitar o pólo negativo reduz a tensão que lhe permitiria alcançar o pólo positivo. Apenas
enquanto a energia fluir entre os pólos num vai-e-vem, é possível aprender; só então o
campo vibratório das pessoas pode elevar-se e a vivacidade ser preservada. Com a
morte do corpo físico, a tensão desaparece. Isso significa que enquanto viverem entrarão
várias vezes em contato com o pólo negativo, e é só por isso que o movimento do
pêndulo pode oscilar para o pólo positivo. Então, é por esse motivo que advertimos
alguns de vocês: nunca tentem ser bons! Vocês podem partir natural e coerentemente do
fato de que não é possível ao ser humano, mesmo nas circunstâncias mais
desfavoráveis, ser unicamente mau, ou seja, agir e reagir exclusivamente a partir do
pólo matricial negativo.
* Cf. Welten der Seele, p. 21.

Portanto, não tenham medo de ficar estagnados; deixem a energia fluir livremente
entre os dois pólos. Mediante a oscilação da vibração de um lado para outro, a
freqüência fica mais elevada. Para que saibam lidar com a oscilação entre os pólos é
preciso quenatural
pela troca vocês de
tenham consciência
energia dela. E
entre os pólos, isso,
mas nãoque chamamos
acontecerá se de amor,tensos
ficarem é alcançado
e
tentarem desprezar e delimitar o pólo negativo, vivendo tão-somente em função do pólo
positivo.
Do nosso ponto de vista, as palavras “positivo” e “negativo” usadas em referência
aos pólos não caracterizam qualidades ou juízos de valor. No entanto, sabemos que
vocês não conseguem desfazer-se sem dificuldade dos seus conceitos experimentais e
da sua língua. Por isso lhes pedimos outra vez para prestar atenção às nossas
recomendações. Obviamente, é preciso entender que os pólos positivos de todos os
elementos matriciais - com exceção do pólo positivo da característica principal e
secundária do medo - estão impregnados com a energia do amor. Ao contrário, os pólos
negativos, inclusive os pólos positivo e negativo da característica principal e secundária,
buscam sua energia no medo.
O amor e o medo podem ser definidos como manifestações de determinadas
freqüências energéticas. A expansão e a contração, o relaxamento e a tensão
caracterizam esses fenômenos e são tão normais quanto os movimentos musculares do
coração. A contração do músculo cardíaco não é "má”, a descontração no movimento de
bombeamento do sangue não é "boa”. Elas cumprem uma função necessária. A
contração e a descontração do campo energético formado entre os pólos, mediante um
movimento recíproco de troca, também cumprem uma função necessária para a vida e
para o crescimento espiritual. E repetimos: o amor não é “bom”, assim como o medo
não é “mau”. O medo faz parte da vida da mesma maneira que o amor.
Se vocês se concentrarem na observação das características dessa polaridade,
analisando as infinitas possibilidades de ação e reação contidas no campo energético
entre os dois extremos, reconhecerão que raras vezes vocês se detêm num dos extremos.
Normalmente, preferem movimentar-se numa zona intermediária desse campo
energético de tensão. Se analisarem a si mesmos, constatarão que, devido à tensão ou à
necessidade, agiram muito mais vezes no pólo negativo e, ao mesmo tempo, impediram
o impulso que os levaria ao pólo positivo, criando um bloqueio de energia. Para
eliminar esses bloqueios existe algo da maior importância a ser levado em conta:
certifiquem-se de que a metade do campo de tensão relativa ao pólo positivo esteja
sempre acessível. Ela existe, ela lhes pertence, e não está fora do alcance de vocês. Não
raro o bloqueio surge porque vocês não têm coragem de explorar essa metade do campo
dc tensão.
A psique teme o desconhecido e quer ser levada com o máximo de cuidado a novos
campos de experiência. Assim que se sentirem ameaçados pelos conhecimentos de
novas perspectivas, levem em conta a realidade da psique, não exigindo demais dela;
caso contrário, ela se encherá de novos medos, aumentando automaticamente a tensão
negativa. Nesse caso, acalmem-na, levando-a de volta para regiões conhecidas. Por
meio de um diálogo mental ou de conversas com outras pessoas, mostrem-lhe como é
possível ver, através de uma grande janela panorâmica, a mais bela paisagem de
relaxamento e de amor. Façam isso e despertem na psique o desejo de percorrer novos
caminhos. Muitas vezes basta falar com o seu medo dizendo: "Sabemos que temos
acesso ao bem, à misericórdia, à riqueza de idéias, ao serviço prestado às pessoas, à
certeza, à força que nos orienta e à convicção. Deixe-nos tentar, ao menos uma vez”.
Mas se ficarem se criticando por supostos passos em falso, por incapacidades
imaginárias e por mau comportamento, censurando-se e desvalorizando-se, vocês
juntarão todos os seus medos no campo do pólo negativo, como um cão pastor que junta
seu rebanho; será muito difícil deixar uma única ovelha atravessar a barreira que a
separa do campo do amor.

umaNo que se refere


auto-análise ao trabalho
básica, atenta einterior
honesta.com os vez
E, de pólos,
emaconselhamos
quando, talvezque
sejavocês façam
conveniente
anotar por escrito todos os pólos negativos que compõem a sombra de vocês, assim
reconhecendo-a como sua, mesmo que não sejam vocês os únicos a constituir essa
sombra. E, logo em seguida, registrem todos os pólos positivos de vocês e certifiquem-
se de que constituem todo o seu potencial, juntamente com outros aspectos da sua
personalidade. Quando descobrirem que a energia do pólo positivo é mais densa e mais
quente, representando simbolicamente o seu corpo de carne e sangue, vocês poderão
obter conhecimentos muito srcinais e úteis. Enquanto tiverem um corpo físico, também
terão uma sombra. Uma pessoa que não tem sombra não está viva. Por isso aceitem
alegremente os pólos positivos e negativos do padrão anímico, da mesma forma que
aceitam a inspiração e a expiração.

A Estrutura Energética do Número 7

Ao funcionamento e às funções dos pólos já descritos e que caracterizam cada


elemento matricial, junto mais outro aspecto presente no mundo físico, sendo ele o que
torna claramente compreensível a matriz. Não se trata aqui da polaridade no sentido de
um pólo positivo e um pólo negativo que criam tensão indissolúvel ente eles, porém de
um outro aspecto do plano físico: a dualidade.
No campo matricial, essa dualidade se expressa por meio de uma ordem interior que
divide os sete aspectos isolados de um elemento em diversas categorias. Esse princípio
da dualidade une dois aspectos de um elemento matricial de modo tão extraordinário do
ponto de vista energético, que resultam três pares. O quarto aspecto representa o ponto
de repouso, do qual se desdobram como asas dois grupos com os números ordinais 7, 6
e 5, bem como 3, 1 e 2. O 4, portanto, libertou-se da dualidade; ele corresponde ao
princípio da assimilação e é neutro.
O 7 e o 3 representam o princípio da ação; o 6 e o 1, o princípio da inspiração e o 5
e o 2, o princípio da expressão. Ao mencionarmos os princípios da expressão, da
inspiração, da ação e da assimilação, descrevemos as quatro possibilidades básicas de
desenvolvimento e de crescimento espiritual. Quando uma alma que está no plano astral
planeja uma nova encarnação, ela tira elementos isolados dos diversos campos que,
normalmente, possibilitam a formação de um centro de gravidade. Não ê necessário que
todas as quatro possibilidades de crescimento sejam levadas em consideração em cada
vida, mas ao menos duas delas. Além disso, a pessoa sujeita ao princípio da dualidade
pode aprender muito com todas as outras também submetidas a esse princípio.
Assim, um artista aprenderá com um erudito, com um guerreiro, com um rei, com
um sacerdote, com um agente de cura e vice versa. Uma pessoa passional aprende com
outra mais ponderada, esta aprende com a passional. Os aspectos essenciais do número
ordinal 4 estão encarregados de observar, contemplar, tranqüilizar e assimilar. A
neutralidade do número 4 - que não tem contraparte - possibilita a integração dos
grandes movimentos provocados pelo conflito guiado pela polêmica dual.
Cada elemento matricial compõe-se de sete variáveis separadas. A dimensão da
realidade anímica descrita pela matriz é caracterizada pelo princípio do número 7 que
representa a totalidade. Mesmo que à primeira vista isso pareça inadmissível: a
totalidade de todas as sete variáveis matriciais contêm, se analisarmos mais
profundamente, todos os aspectos possíveis da realização humana. Nesse sentido, como
símbolo numérico de uma totalidade que transcende tudo o que é terreno e humano, o 7
é um número espiritual e, ao mesmo tempo, a expressão de uma energia claramente
definida.
Como vocês podem imaginar, existem outras dimensões da verdade e da realidade
além desta realidade materialmente perceptível. Por isso, queremos fazer uma distinção
entre os termos Wirklichkeit e Realitãt.* Ao falarmos em Wirklichkeit mencionamos os
fenômenos pelos quais vocês podem passar no plano físico. Ao usarmos a palavra
Realitãt, ao contrário, designamos todas as dimensões que só podem ser percebidas por
meio dos sentidos e, temporariamente, por meio de percepções extra-sensoriais
alteradas.
Vocês abrem os olhos e forçam o cérebro a descobrir o número 7 na vida cotidiana.
E ficam confusos quando não o encontram. Mas os números relacionados com o mundo
da experiência terrena são o 3 e o 4. Vocês só poderão encontrar o 7 no âmbito do
simbolismo, da religião, do misticismo, da magia e dos contos de fadas. Onde imperam
o 3 e o 4, inutilmente vocês procurarão pelo 7. O 7 pode ser encontrado apenas fora da
matéria, fora do plano físico. A realidade não-terrena, não-planetária e não-material está
subordinada ao princípio do número 7. Este rege essa realidade e ela reage a ele. Essa
realidade, que também é anímica, embora não exclusivamente, divide-se em sete setores
parciais. Contudo, o 7 é um todo que está sempre consciente da sua totalidade. Quando,
portanto, o 7 toca o plano físico da Terra ou de outro lugar qualquer do espaço, ele só
pode se manifestar em forma do 3 e do 4. É por isso que existem três pares, porém,
quatro campos de concretização. O fragmento anímico isolado, entretanto, só pode
escolher um dos aspectos de um elemento matricial de cada vez (aceitar ou recusar ou
acelerar e assim por diante), ao organizar o plano anímico segundo as exigências da
próxima encarnação.
* Tanto Wirklichkeit quanto Realitãt são traduzidos em português por realidade
(NT).

Cada um dos números ordinais dentro de um elemento matricial contém sua própria
energia insubstituível. A energia do número 2 é totalmente diferente da energia dos
números 1, 3, 5, 6, 7 ou 4, e todas as variáveis matriciais que contêm o número ordinal 2
são, por sua vez, expressão de uma e da mesma energia básica. Como alegoria da
energia dos arquétipos, o princípio dos números ordinais não só cunha o modelo
anímico, mas também planos mais amplos da ordem cósmica universal. Portanto,
enquanto um número ordinal como, por exemplo, o 4, é atribuído à essência de um
erudito, ela pode ser complementada por outros elementos que tenham o número ordinal
4 - obstinação, observação, pragmatismo, centro dos instintos - resultando assim no
arquétipo energético do erudito, ou seja, a energia arquetípica 4. Podemos fazer o
mesmo com a energia básica dc (1 ou do 2, bem como com todas as outras que também
formam seus arquétipos.
Contudo um padrão anímico planejado nunca formará um arquétipo puro, pois isso
não faria sentido. Para se desenvolver, a alma precisa conhecer e entrar em contato com
energias essencialmente diferentes. Ao mesmo tempo, a multiplicidade oferece a cada
padrão anímico, em cada vida, para conservar uma e a mesma essência, a possibilidade
de fazer todas as experiências necessárias, importantes e ricas em aprendizado que estão
ligadas com as energias de outras essências e arquétipos.
O padrão anímico de uma alma com a essência do sábio pode, portanto, formar
numa vida terrena uma matriz com o medo do rei, o objetivo do sacerdote, o modo de
ação de um sábio, a mentalidade do sacerdote, o padrão reativo do agente de cura e do
guerreiro, ou, em outras palavras, uma centralização emocional, sexual. Da mesma
forma, a mesma matriz pode ser descrita pelo correspondente símbolo numérico: 5 7 6 5
6 1/3. A isso se acrescenta a idade da alma e a etapa de desenvolvimento como, por
exemplo, jovem 3,
forma abreviada maduraem7 ou
consiste usarantiga 2. Outra possibilidade
a palavra-chave: “Um sábiode descrevercom
impaciente a matriz
o de
objetivo da aceleração, com o modo de ação do poder, com uma mentalidade de
espiritualista, uma alma jovem, emocionalmente enfatizada, sexualmente orientada para
a terceira etapa”. Ou então: “Alma jovem na 3ª etapa, um sábio poderoso e um
espiritualista impaciente com o objetivo da aceleração do desenvolvimento e um padrão
reativo emocional/sexual. Um acúmulo de determinados números ordinais, como nesse
caso o 5 e o 6, leva a uma ênfase e intensificação de uma determinada energia básica
arquetípica que pode se desviar da energia essencial.
Por meio dessa natureza múltipla e flexível ligada às outras características da
individualidade, o padrão anímico possibilita que cada pessoa, no decurso de suas
muitas encarnações, passe por todas as experiências e tenha todos os encontros que
pareçam necessários à sua essência e sejam propícios ao seu desenvolvimento. Mas a
multiplicidade vivida também possibilita que cada alma compreenda as outras, apesar
da fragmentação e do decorrente estado de separação. Também possibilita que ela
perdoe a si mesma pela dor e pelo sofrimento que causou a si mesma e às outras,
permitindo-lhe também estabelecer contatos baseados em experiências autênticas.
Dissemos que o sábio pode aprender com o artista e este com o sábio; que o
sacerdote pode aprender com o agente de cura e este como sacerdote; o rei com o
guerreiro, o guerreiro com o rei. Basicamente, contudo, todas as energias arquetípicas
que formam uma ramificação, ou seja, 1, 2 e 3, são diferentes das arquetípicas 5, 6 e 7 e,
assim, podem receber delas impulsos especiais.
As energias arquetípicas do artista, do agente de cura e do guerreiro, conforme seu
âmbito de dualidade são introvertidas, receptivas, retraídas, passivas, não atuando por si,
mas com relação à energia dos seus arquétipos duais, o sábio, o sacerdote e o rei. Esses
últimos são extrovertidos, doadores, ativos, abrangentes. Relacionam-se entre si com o
princípio masculino e feminino, como yang e yin; são a vontade e a falta de vontade, o
fazer acontecer e o deixar acontecer, o impulso e a resistência.
Na verdade, esses conceitos são muito úteis para fazê-los entender como as duas
“asas” que se juntam à energia neutra do 4 se relacionam. Temos certeza de que
ninguém pode voar só com uma dessas asas. Ambas são indispensáveis em seu
relacionamento mútuo. Portanto, uma matriz terá bons motivos para reunir elementos
tirados das duas posições, mesmo que faça isso de modo simétrico, em cada uma das
vidas.
A posição neutra une e tira paz do movimento. A posição 4 serve para integrar tudo
o que as outras energias conseguem realizar. Nesse sentido, o neutro não é uma posição,
uma vez que não dispõe de um lugar. Ele vive da dualidade e, no entanto, não é dual. O
terceiro, o neutro, une o eu com o tu, o ativo com o passivo, o introvertido com o
extrovertido. Basicamente, trata-se apenas de compreender o princípio do número 7 em
sua dualidade manifesta. O 7 como um todo só tem expressão simbólica no seu mundo
conceitual. Ele se decompõe continuamente no 3 e no 4 quando quer se tornar
compreensível para vocês.

I - OS PAPÉIS ESSENCIAIS DA ALMA

Visão Geral
Os Papéis Essenciais da Alma

Expressão
5 2
O Sábio O Artista
Princípio: Princípio:
transmitir. formar.
- falador; - afetado;
expressivo + talentoso +
Inspiração
6 1 O agente de
O Sacerdote cura*
Princípio: Princípio:
consolar. apoiar.
- zeloso de - servil;
mais; dedicado +
compassivo +
Ação
7ORei 3OGuerreiro
Princípio: Princípio:
consolar. lutar.
- autoritário; - dominador;
altivo + convincente +
Assimilação
4 O Erudito
Princípio: Aprender/Ensinar
- teórico; conhecedor +
* O papel da alma que representa a energia primordial 1 foi primeiramente traduzido
por Varda com a palavra “escravo” ou “auxiliador”. A conotação de escravo, com
efeito, é arcaica e ao mesmo tempo intemporal, mas é recusada emocionalmente pelo
ser humano do século XX. “Auxiliador” é um termo artístico desconhecido. Quando a
Fonte nos recomendou usar a palavra “Agente de Cura” nesse lugar, nossa primeira
reação foi de espanto. No entanto, logo reconhecemos que esse conceito é a contraparte
arquetípica correta para o Sacerdote. A ênfase recai sobre uma qualidade
necessariamente primordial unificadora, totalizadora curativa. “Agente de Cura” define
almas encarnadas que sentem o que falta aos seus semelhantes não indica em primeira
linha que se trate de médicos. Jesus foi um “agente de cura” e achamos comovente os
missionários germânicos cunharem para ele a palavra Heiler (salvador), traduzindo-a

para o latim como


substituímos salvador.
a palavra HeilerInfelizmente, por Pedimos
em todo o livro. muitos motivos editoriais,
que levem isso emnão
consideração
na hora da leitura.

Sobre os Papéis Essenciais da Alma

As essências ou papéis da alma são o núcleo mais profundo da identidade anímica.


Elas representam o essencial num relacionamento que associa vocês, como seres
humanos, às regularidades do desenvolvimento e do aprendizado anímico que valem
para todo o universo.
Quando uma união de sete famílias anímicas - das quais existem miríades em todos
os reinos do cosmo - está disposta a obter uma forma especial de aprendizado e resolve
manifestar-se em qualquer
única família anímica. Esta,forma,
por suaplaneta ou campo
vez, contém em de
dadoenergia,
momentoela passa a formar uma
um número
diferente de essências: duas, três ou, muito raramente, quatro. Todos os sete papéis
essenciais da alma extraem sua força da união de sete famílias anímicas. Mas quando
começam a passar pela sua fragmentação, num dos papéis anímicos individuais,
também começa um caminho totalmente novo de desenvolvimento e de experiência.
O processo da fragmentação é maravilhoso; e maravilhoso é o efeito da totalidade
de todas as sete essências no contexto de um grupo de sete famílias anímicas, no plano
unificador da energia, comum a todos. A vontade comum está no início e no final desse
caminho e ela também vale durante a fragmentação. Portanto, todas as sete essências se
complementam mutuamente. Nenhuma é mais importante do que a outra, nenhuma é
melhor ou pior. Cada uma contribui com o que tem para o sucesso do todo e nada pode
impedi-las de dar essa contribuição por meio da sua função primordialmente mais
favorável. Todos os papéis anímicos representam princípios universais que não são
válidos unicamente para o planeta Terra. Todos os seres em estado de fragmentação, e
também as entidades que não estão mais nesse estado ou que ainda não se
fragmentaram, precisam de apoio, consolo, orientação, comunicação, formação,
discussão, ensinamento. E quando dizemos que a essência de vocês é o núcleo da
individualidade anímica, que liga vocês ao grande todo mais do que todos os outros
aspectos matriciais, queremos dizer que a essência em cada um de vocês tem o mesmo
valor universal que a menor partícula de presença no universo, que vocês possam
detectar.
Essa essência é portadora da energia universal. Ela não perece e, por isso, a sua
essência é válida, para não dizer eterna, enquanto os fenômenos como família anímica,
disseminação e fragmentação, bem como o anseio pela reunificação das almas
individuais e sua nova inclusão em grupos maiores de almas continuarem válidos.
Enquanto a forma de manifestação da alma individual no mundo anímico for decisiva
para o aprendizado, também será válido o princípio dos papéis essenciais da alma.
A alma de vocês adapta-se ao papel do agente de cura ou do artista, do guerreiro ou
do erudito, do sábio, do sacerdote ou do rei durante todas as suas manifestações e
encarnações, não importa em que planeta ou em que forma de aparição cósmica. Esse é
o papel da alma do começo ao fim das experiências num corpo humano. Esse papel lhes
dá identidade e estabilidade. E de forma nenhuma é limitador, como de inicio lhes possa
parecer. Pois a matriz que vocês escolhem e compõem, em dado momento, para cada
uma das vidas, bem como o crescente e inexorável envelhecimento da alma com suas
etapas, lhes dão um raio de ação tão imensurável e insuspeito, um potencial tão versátil,
que poderão esgotar todos os campos possíveis de experiência num corpo humano ou
por meio dele.
A profundidade e a extensão do papel essencial da alma permitem que vocês sintam,
intuam e conheçam por meio de experiências totalmente únicas a identidade da alma de
vocês, que os distingue de todas as outras almas do universo mediante a individuação do
ciclo reencarnatório. Pois, se não houvesse algo que ficasse sempre igual, vocês não
poderiam reconhecê-lo. Quando vocês falam sobre a vida eterna e a existência eterna,
sobre a eternidade da alma, na verdade, estão falando sobre a eternidade da essência
anímica, que é sempre a mesma.
A essência, o papel da alma, liga a alma ao grande todo. Enquanto se encarnarem no
mundo da matéria e ficarem alternadamente no mundo astral e na Terra, vocês estão
sujeitos ás exigências do tempo e do espaço. Vocês não perdem totalmente o contato
com as dimensões não-temporais e não-espaciais porque a essência de vocês mantém
intato esse contato. Como único elemento matricial que se libertou das limitações e
exigências
esqueceram.do plano físico, a essência é capaz de preservar aquilo de que vocês se
Vocês se esqueceram e vocês têm de se esquecer, sem desistir da esperança e do
pressentimento de que existe algo mais de que se esqueceram. Religião significa
encontrar um caminho de transformar em certeza esses pressentimentos e esperanças de
que a vida tem um valor universal eterno.

1. O Agente de Cura
Princípio: Apoiar. – servil; dedicado +

O papel anímico do agente de cura é injustamente desconhecido por parte de muitos.


Muitos ignoram que o papel do agente de cura é o mais disseminado e que ele forma,
organiza e torna praticável a vida no planeta Terra, de forma que o convívio entre os
semelhantes, por si só já é muito complicado, torne-se mais fácil.
Quando, portanto, as pessoas desconhecem o papel do agente de cura na
comunidade humana e na sociedade atual, não estão prestando a si mesmas um
desserviço: primeiro, porque o desprezo nunca traz nada de positivo e, segundo, porque
a função mais importante dessa essência anímica só se torna útil quando as outras
essências anímicas percebem conscientemente a tarefa do agente de cura e a aceitam
agradecidas.
No entanto, o próprio agente de cura, visto a partir do seu arquétipo, também tem a
tendência de se menosprezar, de não se considerar merecedor do respeito dos outros, de
não ser reconhecido ao cumprir as suas importantes tarefas. E, além disso, às vezes lhe
falta a capacidade de dar-se o merecido valor ao desempenhar o seu papel. Pois, com
freqüência, os agentes de cura se equivocam: acreditam que para cumprir bem seu papel
e o representarem de forma adequada, eles têm de fazer-se pequenos, tanto quanto
possível, colocando-se em segundo plano e desvalorizando-se.
Mas não é esse o caso. Acontece exatamente o oposto. Um agente de cura que sente
que seu serviço é valioso e sabe o que ele representa para a sociedade e no seio da
comunidade, compreende que seu trabalho é indispensável e imprescindível - e pode
viver sua vida com alegria, fiel à sua essência. Como reflexo da falta de atenção que os
outros lhe dedicam, o agente de cura não se conhece bem e tende a se desprezar, muitas
vezes porque não compreende como a sua dignidade e sua dedicação ao serviço são
importantes para o desenvolvimento da sua alma.
O agente de cura ajuda os outros a conseguir o que eles querem. Seja a tarefa boa ou
má, o homem justo ou “injusto” - o agente de cura presta serviço. E nisso está a
dignidade dele. Mas, se, além disso, puder servir com amor, perceberá que seu trabalho
não é um fardo, mas uma alegria e uma maneira de enriquecer a vida.
Convém enfatizar que, no caso do agente de cura trata-se de desempenhar um papel
arquetípico e não de ser um “saco de pancadas” obrigado a concordar com tudo,
trabalhar até cair de cansaço para ganhar o sustento e um salário injusto porque não tem
direitos. Ele tem, acima de tudo, o direito de recusar o serviço quando achar necessário
fazer isso para conservar a sua honra.
O conceito “agente de cura” descreve pura e simplesmente o fato de que essa
essência anímica se realiza ao ajudar os outros e pondo-se à disposição para tarefas que
os outros muitas vezes nem sonham em executar, o que nem por isso as torna menos
necessárias e lhes tira o significado para o progresso global do todo.
O agente de cura só é realmente feliz quando pode ajudar outras pessoas, uma
comunidade, uma instituição ou uma repartição. Servir significa deixar os próprios
interesses em segundo plano, dando prioridade ao todo maior; significa transformar esse
grande todo num ideal ee dar
sejam compreensíveis, a esse ideal
até mesmo traços por
palpáveis; que,isso,
no entanto, estejam
a essência acessíveis
do agente e
de cura
serve com satisfação uma pessoa ou grupo de pessoas que estejam na condição de
manter um relacionamento com ela, desde que não seja algo impossível ou abstrato
como, por exemplo, uma idéia. O agente de cura não gosta de abstrações. Ele quer um
relacionamento pessoal e individual com quem ele transformou em alvo de proteção.
Quando o agente de cura se perde nesse apoio, quando não consegue mais se
encontrar por estar sempre agindo em função de outras pessoas, grupos ou instituições
que prestam serviços ou realizam trabalho social, quando não conseguir mais se situar,
ele corre o risco de se anular, tornando-se uma personalidade apagada e pouco vistosa.
Se fizer isso, ele deixa de cumprir sua missão, como sua alma gostaria que cumprisse.
Não é o serviço submisso, servil que fará um agente de cura progredir, nem é o fato
de permanecer no anonimato. Também não é a renúncia total, ou um falso altruísmo,
mas servir com humildade e amor verdadeiro, aceitando as circunstâncias sem se
submeter a elas
E se a pessoa que determinou que teria de servir por causa de sua essência de agente
de cura não aprender a se afastar de vez em quando dos que querem forçá-la a ficar
numa posição de dependência cada vez maior, ela se distanciará, o sem perceber da sua
essência e não cumprirá as exigências que se propôs atender em determinada vida. É por
isso que o agente de cura precisa estabelecer limites aos que lhe pedem ajuda
profissional, quer seja uma pessoa ou uma instituição. Esses limites devem ser
estabelecidos assim que o agente de cura corra o risco de perder sua alegria, sua
convicção e a aceitação positiva do que se espera dele. 0*11
Quem acha que pode conquistar um lugar ao sol por meio de um serviço
excessivamente servil e aborrecido, seja no seu sistema de crenças pessoal, ou num
sistema de crenças superior, está equivocado. Pois esse lugar ao sol merecido por toda
alma, é alcançado mais depressa pela essência do agente de cura que se dedicar ao
trabalho com alegria. Quanto mais um agente de cura recolher-se submisso, quanto mais
se esconder tentando tornar-se invisível e transformando sua capacidade de amar em
indizível ódio por si mesmo, ou por aqueles a quem serve, tanto mais as sombras
persistirão. Servir com amor fará todo agente de cura adiantar-se em seu
desenvolvimento. E ele progredirá mais depressa ainda se aceitar com amor aquilo que é
insuportável, que desperta antipatia e negatividade.
De certa forma, os agentes de cura têm o pape1 mais fácil dentre os papéis anímicos.
Eles encontrarão por toda parte e em todas as perspectivas oportunidades suficientes
para servir e, assim, descobrir e realizar as exigências de sua essência anímica. Isso
também significa que poderão encontrar, sem dificuldade, possibilidades de realização
profissional em seu ambiente social, que lhes permitirão servir com dignidade sem se
desgastar e perder.
A essência anímica que, com mais freqüência encontra possibilidades de realizar
suas pretensões - e é isso o que acontece no caso do agente de cura Percorrerá com certa
rapidez as muitas vidas de que cada um de nós necessita para o desenvolvimento. É por
isso que, na família anímica, os agentes de cura são aqueles que encerram antes o seu
ciclo de desenvolvimento. Assim, podem servir no plano astral depois de desencanar,
colocando-se à disposição da sua família anímica, orientando-a, protegendo-a e dando-
lhe toda ajuda possível, bastando que lhe peçam isso.
As almas que deram preferência à essência do agente de cura no decorrer de várias
encarnações têm de enfrentar, com mais freqüência do que as outras almas,
circunstâncias sociais difíceis e às vezes até humilhantes, visto que seu papel não é
devidamente respeitado pelos outros. Contudo, de certo modo, elas se sentem
recompensadas por conseguirem
atingir novas etapas concluirna
de desenvolvimento antes dasimaterial
esfera outras o que
cicloasencarnatório e, assim,
outras essências
levam muito mais tempo para completar.
O sucesso material representa muito pouco para o agente de cura. A satisfação
íntima que ele sente quando sua ajuda é aceita e seu efeito é positivo, em geral, é
recompensa suficiente. Mas mesmo uma essência que depende de si mesma e que
freqüentemente se basta não quer prescindir de alguma recompensa. E esse prêmio é o
controle rápido das vidas no corpo físico. Pois, como todos vocês sabem, muitas vidas
que se propuseram dominar não são agradáveis, mas impregnadas de grandes esforços e
tormentos consideráveis. E uma essência que se liberta precocemente da roda das
encarnações graças aos seus esforços e ao fato de ter agido de acordo com sua essência,
tem um certo bônus, pois tem permissão para fazer em tempo menor suas experiências
por meio do sofrimento e do sacrifício.

Exemplos:
Ignaz Semmehveis foi um médico que tratou com muito amor, em sua clínica, as
mulheres que morreram de febre puerperal sem que houvesse uma causa médica
aceitável para essas mortes. Sua inspiração o levou a pensar que devia haver alguma
forma de infecção que pudesse ser eliminada com uma higiene mais perfeita.
Semmelweis era um agente de cura que não se limitava a cuidar profissionalmente dos
seus pacientes, mas os tratava com grande amor. Henry Dunant, ao contrário, não era
um agente de cura, mas um sacerdote que impôs a si mesmo a criação de ações de
salvamento internacional para vítimas de guerra: esse salvamento superava as barreiras
do ódio nacional e as loucuras da política, dando aos sofredores uma oportunidade de
obter ajuda. O contraste entre sacerdote e agente de cura num mesmo plano de
inspiração fica bem claro, pois Henry Dunant não se interessava por oferecer serviços a
uma pessoa ou a um grupo de pessoas, como Semmelweis fazia. Para ele era mais
importante fazer com que sua idéia - o elevado ideal da ajuda fraternal - comovesse
aqueles que a pudessem concretizar no plano da política e da organização.
Birgit Breuel é uma agente de cura. Ela investe toda a sua força de trabalho e
também a sua vida particular numa tarefa que exige direta, e pragmaticamente, seus
serviços. E os ideais e idéias dela são elevados demais. Deixando seus sonhos e
necessidades pessoais em segundo plano, ela sabe como trabalhar em favor do
progresso de uma causa que considere imprescindivelmente necessária, sem com isso
perder sua dignidade pessoal. Ela não é submissa, mas conhece o valor do seu serviço.
Não se esquece de si mesma ao fazer o trabalho, mas está consciente de que só com o
uso objetivo de suas forças e a preservação das suas energias ela tem a possibilidade de
servir sem ser castigada com o desprezo ou a falta de consideração dos que a criticam.

2 - O Artista
Princípio: Formar.
- afetado; talentoso +

O artista é um papel anímico que não quer deixar nenhuma das suas vidas sem antes
ter criado alguma coisa com a qual expresse e divulgue quem ele é para o mundo, a sua
individualidade. De forma tão pura quanto possível. O artista, mas do que as outras
essências pretende criar algo a partir de si mesmo, algo visível, comprovável, algo que
torne plausível o fato de existir e de ter direito à vida.
Portanto, o artista quer apresentar ao mundo uma obra e deixar à posteridade um
trabalho que seja srcinal, quanto à forma e ao conteúdo. E que jamais tenha sido
realizado porque
novo, aquilo quem querestupefação
causa que seja, antes dele. Seus domínios são o não explorado, o
ou surpresa.
Nesse contexto, não importa se a alma do artista vive num homem da Idade da
Pedra, que esculpe a pedra para transformá-la numa ferramenta útil, se é o descobridor
da roda, o construtor de uma máquina, o compositor que escreve as notas na pauta,
numa seqüência que resulta num som totalmente novo, ou o poeta que se expressa por
meio de palavras que dão aos seus versos uma rima nova e desconhecida. O novo,
portanto, é aquilo a que ele aspira - não aquilo que vai repetir, aprofundar ou melhorar o
que os outros criaram. A alma do sábio, ao contrário, em grande medida procura
incrementar as novidades, copiar ao transmitir o novo - como artista, por exemplo,
declamando os textos do poeta; como músico, executando a obra do compositor -,
usando essa forma de se apresentar e expressar.
Quando o artista é atormentado pelo medo de não conseguir apresentar nada novo,
quando ele se sente bloqueado ou tolhido pelas outras variáveis do seu padrão anímico,
ainda assim ele tentará encontrar algo novo. No entanto, todos perceberão que sua
criação é superficial, que parece acanhada e tem pouco sucesso. É como se ele afetasse
os outros de uma forma que reflete falsas necessidades e não oferece uma alegria
verdadeira, acentuando, na verdade, o medo e as ilusões do ambiente ao seu redor. Mas
vocês encontrarão muitas pessoas com essência de artista no ramo da propaganda ou em
feiras de invenções, nas repartições que registram patentes e no mundo da música, dos
espetáculos e dos esportes. Essas pessoas também costumam trabalhar como dubladores
ou em empresas de comunicação visual. Esses são os artistas que duvidam da própria
força de expressão, os que não são suficientemente srcinais para criar algo de
verdadeiramente pessoal Por outro lado, eles não estão suficientemente livres do medo
de ter de enfrentar as conseqüências dessa falta de criatividade autêntica.
Quando o artista cai na expressão artificial do seu talento artístico – não importa se é
um engenheiro, um pesquisador, um trabalhador braçal ou um professor - ele se
distancia de si mesmo e da sua força criativa. Ele finge para si mesmo e para os outros
que está fazendo algo srcinal; contudo, seu desempenho é falso, visto que é reprimido e
provoca mais tensão do que satisfação.
Para o artista, não importa em que âmbito ele cria algo novo. A essência de artista
pode manifestar-se tanto na criação de uma nova receita culinária, como no
desenvolvimento de um projeto ecológico de alcance mundial. Em última análise, não é
o conteúdo ou a repercussão que dá asas para o artista criar algo, e sim a vontade e a
satisfação que ele sente quando percebe que combinou alguns elementos com outros,
que uniu fatos isolados que até então coexistiam sem estabelecer contato. Assim ele lhes
dá um novo sentido.
Muitos pesquisadores e trabalhadores desempenham o papel anímico de artista. Eles
não são os que executam corajosamente o trabalho, mas aqueles cujo espírito está
empenhado em introduzir nesse trabalho algumas novidades e modificações. Muitas
pessoas têm essências de artista engenhosas, cujo espírito não lhe dá tréguas enquanto
não tiverem executado algo de inusitado no dia-a-dia. São pessoas cuja ânsia de deixar
uma impressão indelével nos outros continua por toda a vida. Se possível, querem
impressionar um grupo maior de pessoas. Para um artista existem duas coisas
importantes: a alegria infantil, a satisfação que ele sente com suas idéias, o
reconhecimento da sua srcinalidade pelos seus semelhantes. Enquanto o sábio quer ser
compreendido, o artista se esforça pelo reconhecimento público. Essa essência nunca
alcançará a realização pessoal nem será fiel a si mesma enquanto não levar em conta a
estética dos seus atos.
Essa essência modela e forma por necessidade de dar a ela uma beleza e harmonia
que sejam
artista tem expressão da sua
são totalmente própria beleza
irrelevantes e harmonia.
no processo Os objetivos
de realização. Elesque a essência
podem do
pertencer
ao mundo material ou ao mundo espiritual. A alma que desempenha o papel do artista
pode realizar seu trabalho com felicidade tanto na decoração do seu dormitório quanto
na escolha dos seus trajes, numa operação cirúrgica bem-sucedida, na construção de
uma estrada ou ponte, no arranjo de um jardim, na educação dos filhos, na elaboração
de uma palestra, na instalação de um abatedouro ou, como artista, na arte de viver bem
mediante a estrutura harmoniosa e estética da personalidade, bem como as
circunstâncias da sua vida.
Sendo assim, a essência do artista pode transformar todos os aspectos da sua
existência, em todas as vidas, num meio de manifestar sua arte. Esse é o seu objetivo,
embora seja essa também a razão para um perceptível e constante desespero, pois essa
essência é exigente e raramente fica satisfeita com o que criou. Com freqüência, ela tem
medo de que seu trabalho, baseado na realidade de que dispõe, não seja suficientemente
bom; ela acha que tudo deve ser diferente e bem melhor. Ela se alegra por um breve
momento apenas com a sua obra, depois é tomada pela inquietação, pelo desejo de
destruir tudo o que criou e apresentar algo novo. E ela também sofre devido à pressão
interior de ter de ser ou de fazer sempre algo especial, algo srcinal. Mas é exatamente
quando cede a essa pressão, que ela desliza facilmente para o artificialismo. Se você
observar como os artistas se expressam na vida diária, verá homens e mulheres
abusando no uso de roupas extravagantes para mostrar o que lhes vai por dentro. Essa
necessidade de expressar algo se torna tão imperiosa, a ponto de conter algo forçado e
artificial.
A adoção do estilo pessoal pode desenvolver-se em duas direções. Uma delas é a
perfeita exagerada, que leva a uma apresentação chamativa e parece um produto da
moda criado por um aluno universitário. A outra orientação busca exatamente a
srcinalidade na não-forma, ou seja, no desleixo com a aparência e com as roupas. O
desejo de ser especial, de ser único, se expressa por meio das roupas rasgadas, dos
cabelos desgrenhados, da recusa em fazer uma boa higiene pessoal ou por meio de um
protesto contra as normas e hábitos da sociedade em que vivem. Nem sempre as
necessidades causadas pelo medo de não se expressar bem assumem formas tão
extremas. No entanto, a essência de artista se descontrai quando demonstra uma
elegância exagerada ou um desleixo que chame a atenção.
A insatisfação que pode ser atribuída à não realização do essencial perturba muitas
almas com essência de artista, justamente porque elas não conseguem reconhecer suas
possibilidades de expressão. Não reconhecem o que criam, não reconhecem o que fazem
para expressar sua essência. Desprezam as pequenas possibilidades que não chamam a
atenção ou as ignoram. Mas admiram todos os que, de alguma forma, se dedicam á arte
ou se expressam de forma artística; isso não só instiga sua vontade de criar, mas
também um sentimento de resignação que pode ser descrito com as seguintes palavras:
"Eu gostaria tanto de fazer isso, mas não sei como.
Para não deixar o desespero se abater sobre as formas reconhecidas de arte, em
virtude da aparente incapacidade própria, é de grande importância que as pessoas cuja
alma abrigue a essência do artista procurem manifestar a expressão artística tanto por
meio de pensamentos, de cartas ou de trabalhos manuais, como por meio da arte
propriamente dita. Mesmo que a pessoa não pinte, não componha nem crie obras de
arte, isso não significa que ela deva renunciar à sua vontade de se expressar de acordo
com o sentido dessa essência.
Um grande número dessas almas de artista se realiza admirando o trabalho artístico
dos outros, procurando entendê-lo, estimulando o artista ou vendendo obras de arte.
Essa
formaé definitiva.
uma formaNo muito viável
entanto, de arepresentar
pode essência deuma
artista se realizar,
grande ajuda aembora
essêncianão
de seja a
artista
ocupar-se durante toda a sua vida com as criações artísticas de outras essências
anímicas, aprendendo a conhecê-las e a amá-las, pois um dia ela se verá diante da
própria vontade de criar. E como uma criança que precisa sair da proteção do útero
materno para poder começar uma vida própria, com uma expressão srcinal
independente.
No que se refere ao relacionamento com os outros e a sexualidade, o artista precisa
de considerável variedade e mudança. Sua criatividade só poderá desenvolver-se
quando ele conseguir fugir da rotina e evitar a inércia. Seu espírito, sua fantasia
precisam constantemente de novos estímulos e, para isso, ele precisa de amigos e
parceiros que sintam a mesma satisfação com o novo, o não habitual e o inusitado.
A religiosidade dessa essência revela-se quando ela estabelece um relacionamento
inteiramente srcinal com o princípio divino, que esteja de acordo com a etapa de
desenvolvimento em que se encontra. Durante todo o tempo, ela se esforça por criar a
imagem do divino a partir da perspectiva que tem em dado momento. Embora essa
imagem difira da imagem coletiva de Deus, a pessoa com essência de artista a respeita
como aquilo de mais elevado que possa existir. Ela a protege do abandono e a defende
como se fosse uma jóia criada apenas para seus olhos.
O artista dá forma à realidade e á vida. A contribuição que essa essência dá para o
grande todo e para o desenvolvimento da própria sensibilidade consiste em não se dar
por satisfeito com o que existe, em descobrir possibilidades desconhecidas de auto-
expressão para, através dela, dar aos fenômenos humanos, terrenos e cósmicos uma
nova forma de expressão.

Exemplos:
Vincent van Gogh: Muito embora ele tenha criado o novo inusitado e tenha
conseguido com sua pintura tocar o coração de todos os que compartilharam da sua
visão das coisas e dos fenômenos do mundo, ele não estava satisfeito com as suas
criações e era muito infeliz por não conseguir expressar mais e melhor o que via e como
ele o via; esse fato o deixava desesperado. Ele pouco soube reconhecer aquilo com que
presenteou a humanidade. Com muita freqüência seu olhar estava voltado para o que
sentia ser a impossibilidade do ser.

Joachim Kaizser: A critica que faz à arte é característica e srcinal, chegando a ser
mais do que srcinal. Cada sentença é uma obra de arte que concorre com a arte que ele
avalia. Mas a vontade de criar, de se expressar com exatidão e clareza, de dizer tudo,
inclusive o indizível, de elevar a crítica musical a um nível que supere o mero
comentário jornalístico, que é efêmero, destaca-o como uma alma que desempenha o
papel de artista. A avaliação que faz das obras sempre é artística, mas não raro artificial.
Trata-se de um artista com sensibilidade cinestésica do som. Ele ouve a linguagem da
música e a traduz em palavras que fazem com que a expressão da música se torne
inteligível no plano mental.

Adolf Hitler: Este já duvidou desde o início de sua capacidade de expressão como
pintor. O reconhecimento público de fato lhe foi negado nesse âmbito, o que gerou uma
vontade imperativa de mostrar ao mundo o que podia fazer. Grande parte da sua
capacidade destrutiva e perturbadora, da expressão de certa forma violenta manifesta-se
no seu conceito de que não só uma nação, mas também o mundo todo, tinha de ver uma
nova
visão raça concebida por
assemelham-se ele. A estética
ao desejo fria dodeseu
de expressão umplano e a inexorabilidade
escultor, da tudo
que deixa de lado sua o
que não cabe mais em seu contexto artístico. No final, ele não só tem de admitir que sua
escultura é detestada pelos outros, mas também que nos últimos golpes ao esculpir ele
quebra seu martelo e cinzel.

Antonio Canal, dito Canaletto: Seus viadutos são a reprodução da realidade. Eles,
porém, são pintados a partir de uma perspectiva que traz essa realidade à luz, que a
torna apreensível, que a combina dc tal forma que sua beleza e harmonia vêm à tona e
ele enriquece seu trabalho com figuras, com formas de vida que tornam a beleza rígida
da arquitetura uma coisa viva. O modo certo de observar a vida e os seus semelhantes
permitiu que ele transmitisse sua alegria sem limites. Seu talento de focar os fenômenos
da vida sob a luz correta permitiu que ele se mostrasse como era, nem um
superiluminado, nem uma pessoa desprovida de luz. Ele conseguiu - sem levar em conta
algumas fases da sua vida -, descobrir o ponto de equilíbrio. Não teve necessidade de
atribuir excessiva srcinalidade nem a si nem às suas obras. Foi amado e querido, não só
como pintor de paisagens de rara beleza, de cidades e regiões, mas também como ser
humano que sabia valorizar seus pontos de vista especiais e srcinais, sem desprezar a
visão dos outros.

3 - O Guerreiro
Princípio: Lutar.
- dominador; convincente +

Se o guerreiro não existisse, faltaria ao mundo de vocês a ânsia pelo progresso e


pela mudança. Em sua essência, o guerreiro é aquele que não se dá por contente. Ele
quer que as coisas sejam diferentes do que são. Quer usar toda a sua energia e está
disposto a lutar com tudo o que tem pelo que estabeleceu como seu objetivo.
O guerreiro é ativo, e, ao mesmo tempo, passivo. É ativo porque não descansa,
porque está pronto a agir, porque encontra sua realização na ação. É passivo porque
gosta de se deixar manipular pelos outros para que eles alcancem os objetivos deles. O
guerreiro freqüentemente tende a deixar que os outros - reis, artistas, sacerdotes e
agentes de cura - enredem-no para que lute e obtenha o que eles acham válido
conquistar. Seu orgulho está na execução perfeita dos seus atos. Ele não precisa do
aplauso, como o sábio. Como recompensa ele quer a honra, a fama e o respeito pela sua
dignidade. Se a dignidade ou a honra do guerreiro for ameaçada, a essência dele sofre
com isso mais do que com qualquer outra coisa.
A essência anímica do guerreiro tudo fará para manter-se honrada e orgulhosa. No
entanto, o bem mais elevado de um guerreiro é a obediência e a lealdade ao seu senhor.
Ele se empenha em favor do interesse do outro. Gosta de lutar “pelas viúvas e pelos
órfãos”, portanto, a favor da justiça e contra a injustiça. Ele luta por mais ordem, mais
sabedoria, mais lealdade, e também por horizontes mais amplos. No entanto, tem de
tomar cuidado para não lutar contra alguma coisa. É quando luta a favor de uma causa
que sua força se torna maior. Quando luta contra algo, essa força lhe é tirada. O
guerreiro desempenha o papel anímico mais energético de todos os sete. Com
“energético” não queremos dizer apenas “ativo” e “voluntarioso”, mas também
“energeticamente” carregado e “tenso”.
Muitas vezes ele é dominado por uma guerra interior, pois quando não encontra o
julgamento favorável
criando conflitos, e desfavorável
apenas para ter algonoem
mundo exterior,
que provar suatrava
força,uma luta em
só para nãoseu íntimo,
perder a
sensação de que deve existir algo pelo qual vale a pena lutar.
Um guerreiro não se abate facilmente. Ele lutará até cumprir sua tarefa, seja na luta
por um trabalho, por um relacionamento, por sua saúde, por suas crenças ou por sua
liberdade. Nada é demais para ele. Dará sua última gota de sangue para obter aquilo que
considera a recompensa pela sua vitória.
Ter de vencer, querer vencer - esses são temas importantes para o guerreiro. Ele
logo se sentirá inútil, desnecessário, se lhe dissermos que não precisa mais vencer, que
nem todos compartilham o seu gosto pela batalha, nem seu espírito de luta. Dificilmente
o guerreiro vai entender as pessoas contemplativas, passivas ou que vivem em
compasso de espera. Ele acha complicado entender como alguém pode viver
conformado, sem nenhum tipo de protesto. Ele acha difícil aceitar que possa existir
traição, infidelidade e resignação no mundo, pois ele mesmo só conhece o que
chamamos dedicação. Sua dedicação sempre diz respeito à sujeição a uma ordem ou a
alguém que lhe dá ordens. Sua lealdade o faz ser dedicado ao seu senhor - seja ele quem
for. E é fiel. Mas também gosta de ser senhor de si mesmo, um lutador responsável por
si mesmo e pela vida.
Na vida do guerreiro, é difícil mesmo ele descansar, pois sempre que descansa ele é
acometido pela vontade de vencer e alimenta fantasias pelas quais vale a pena lutar. Se
combatermos essa vontade de vencer do guerreiro, eliminaremos sua alegria de viver. O
guerreiro tem de lutar, tem de vencer para fazer suas energias fluírem pelos canais
corretos. As outras essências anímicas nem sempre compreendem isso. Muitas vezes,
elas se perguntam por que um guerreiro se dá tanto trabalho e se esforça tanto por algo
que poderia conquistar por caminhos diferentes.
Mas o guerreiro quer conquistar de forma ativa. Uma vitória que lhe caia do céu sem
que tenha se esforçado ou feito algum sacrifício não tem valor nenhum. Contudo, um
guerreiro também precisa de paz. Ele - mais do que os outros -, precisa prestar atenção
para resguardar períodos de trégua e para não ter o sentimento de que é inútil quando os
canhões se calam.
Quando o guerreiro descansa, ele deve ficar atento para não continuar lutando em
seus sonhos. Se houver uma trégua, isso lhe dará forças e o fará perceber quando vale e
quando não vale a pena lutar, pois o que faz um guerreiro desabrochar completamente é
ter um objetivo correto. Ele tem a tendência de se sobrecarregar com objetivos
desnecessários e supérfluos. Quando reconhece que não faz sentido lutar pela mera
vontade de lutar, quando descobre que existem objetivos que de fato valem a pena e
outros que não valem, ele lucra muito com isso.
O guerreiro também pode aprender que ele não precisa ser um guerreiro solitário.
Ele gosta de se ver assim, pois desse modo defende seu conceito de honra e de vitória
honrosa. Contudo, ao entrar no exército, obtém tanto o prestigio como uma proteção. A
alma guerreira teme e quer estar só. No entanto, quando consente que os outros lutem a
seu lado, tem chance de descansar com maior freqüência ou de provar sua coragem para
a luta de uma forma que seria impossível se estivesse sozinha. Ao comparar-se com a
realidade das suas almas irmãs, ao medir forças, o guerreiro sente sua realidade.
Como o guerreiro se prevalece de sua própria atividade, ele acha fácil dar ordens aos
que estão sob o seu comando e aos que forem menos ativos. Convém que o guerreiro
pergunte a si mesmo se seu desejo de poder e de obter uma vitória a qualquer preço é,
de fato, uma grande conquista ou se não seria melhor e mais significativo obter essa
vitória por meio da política ou da estratégia. Afinal, o guerreiro corre o risco de ser
levado pelo próprio espírito de luta e de, no calor da batalha, esquecer-se de que a
violência e todas
duradouras, as vitórias
mas vitórias queobtidas
induzemporaomeio da pressão
motim e do medo
e à revolução. não são
Ele pode vitóriasos
convencer
outros da justiça de seus objetivos e, assim, conquistar a verdadeira vitória. Esse deve
ser o seu objetivo. Que ele não se esqueça de que também na guerra e na batalha o que
traz mais fama e a mais elevada honra é o amor ao próximo.

Exemplos:
Konrad Adenauer foi um guerreiro que, ao longo da vida, aprendeu a convencer em
vez de impor. Compreendeu que era possível obter grandes vitórias na luta pela
renovação do Estado, se fizesse prevalecer a lealdade, e não a sua fama. Na sua posição
de guerreiro lançava mão da diplomacia e também da obstinação para vencer os
obstáculos que surgissem em seu caminho. Com o correr dos anos, sua força de
convicção foi aumentando, na mesma medida em que crescia seu amor pela nação que
lhe foi confiada e por cuja confiança lutava. Era incorruptível, sempre disposto a
despender todas as suas forças, sem temer a morte nem o diabo. Além disso, tinha uma
persistência que, como guerreiro, só lhe podia fazer bem. Se tivesse sido um guerreiro
impaciente, nunca teria alcançado o que queria. Seu lema, no entanto, era a
perseverança. Sempre tratou de se convencer de que havia tempo suficiente, embora
ninguém tivesse tanta pressa quanto ele. Mas não permitia que seus adversários
percebessem isso. Ele os “controlava” com facilidade e só mostrava as armas quando os
outros já haviam deposto as suas.

Mohandas Karamchand Gandhi, dito Mahatma, chegou a uma etapa do seu


desenvolvimento anímico em que, como um velho guerreiro, teve de cumprir outra
forma de exigência de sua essência anímica; em vez de lutar contra alguma coisa, ele
quis aprender, preencher e disseminar. Ausência de violência, resistência passiva, luta
contra as forças do espírito e a força de vontade em vez de armas foram para ele
possibilidades novas, que surpreenderam o mundo com seu efeito e, de certa maneira, o
tomaram de surpresa. A esperteza e a resistência com que lutou com o império, o
respeito que conquistou junto aos ingleses e junto aos seus conterrâneos superaram os
limites das comunidades religiosas e das nações e, de certa forma, foram convincentes.
Só um velho guerreiro experiente em todas as formas de luta estaria na posição de poder
convencer. O amor pelos seres humanos lhe deu forças que nunca teria desenvolvido se
tivesse buscado a srcem dos seus impulsos e de suas motivações unicamente no ódio
contra os opressores estrangeiros.

4 - O Erudito
Princípio: Aprender/Ensinar.
- teórico; conhecedor +

Desde o primeiro até o último dia da sua vida e também no período entre as vidas, o
erudito se distingue pelo fato de se mostrar interessado em aprender, em adquirir
conhecimento e, assim, tomar-se o que é. Ele deseja que os seus conhecimentos - que
não devem ser confundidos com sabedoria - sejam transmitidos e quer ensiná-los aos
demais na medida em que esses conhecimentos forem úteis ao bem-estar da sua alma e
na medida em que ele puder ter certeza de que os outros aprenderam algo com ele.
Se compararmos o sábio com o erudito e enfatizarmos que o sábio sempre precisa de
um público ou de um campo de ação, isso não quer dizer que o erudito não tenha
igualmente o seu orgulho. Ele também gosta de ser elogiado pelo que sabe. Na verdade,
ele nãomas
sábio, depende tanto for,
seja como da admiração dos seusquer
o erudito também semelhantes e contemporâneos
ser ouvido comogosta
e respeitado. O sábio o
de apresentar sua própria síntese. O erudito, ao contrário, sente mais alegria ao separar
os detalhes do seu conhecimento para poder recorrer aos mesmos sempre que quiser.
Para ele, a fragmentação e a análise dos elementos é mais importante do que a
conclusão final.
O erudito concentra-se na aprendizagem. E quando já aprendeu bastante, ele
encontra de um modo ideal a coragem de ensinar o que aprendeu. Para continuar
aprendendo, está disposto a se encontrar com os sábios. Precisa submeter-se a eles para
aprender algo novo. Isso pode expressar-se no grande campo das ciências, mas também
pode acontecer de o erudito encontrar alguém que lhe possa ensinar algo em outro
campo bem diferente. Como essência anímica, o erudito não visa unicamente aprender
algo e continuar sempre aprendendo. Algum dia, ele descobre que sua realização
consiste em passar adiante o que aprendeu, em divulgar seu verdadeiro conhecimento,
compartilhando-o com os outros. Primeiro é preciso reconhecer a autoridade dos outros
para então desenvolver a própria.
A essência do erudito precisa de períodos de isolamento, de distanciamento e de
reflexão sobre si mesmo. Só então suas teorias podem transformar-se em conhecimento
real. O retraimento, o distanciamento são o meio alquímico de transformar teorias
vazias de sentido no ouro do autêntico conhecimento.
Para o erudito, é importante e significativo escolher determinado campo de ensino
ou fazer uma especialização. Ele quer obter tanto conhecimento quanto possível, seja lá
qual for o campo escolhido. Para tanto ele se concentra em determinada área,
aprofundando-se nela. O plano para o qual volta a sua atenção é indiferente. Ele quer
descobrir o maior número possível de fatos sobre o que lhe interessa. Quando tiver a
certeza de ter abarcado a área e de tê-la elaborado - ainda que seja pequena - e para isso
está disposto a fazer muitos sacrifícios, ele obterá a segurança pessoal para dedicar-se a
campos mais amplos de aprendizagem.
No entanto, como, ao buscar conhecimento, ele tem de lidar com o resultado dos
pensamentos de muitas pessoas, ele corre o risco de adotar facilmente as idéias dos
outros, em vez de examiná-las primeiro. Assim, seu conhecimento é meramente teórico.
Ele tem de pesquisar e de experimentar, de usar e comprovar, caso contrário a sua
aprendizagem será sem vida e insípida.
Esse papel anímico nem sempre se especializará em campos ligados à compreensão
e à erudição. Um erudito também pode se interessar pela natação. Nesse caso, tentará
adquirir todo conhecimento sobre tudo o que existe relativo à natação - teoria e prática -,
sobre a água, sobre as condições físicas do ato de nadar, sobre as técnicas e sua história
e assim por diante. Da mesma forma, o erudito pode ser um mestre de trabalhos
manuais, que se diverte tricotando e que busca sempre descobrir e conhecer, aprender e
testar tantas técnicas e modelos quanto possível. Assim poderá passar esse
conhecimento prático para os outros. O erudito quer perfeição. O sábio que fizesse o
mesmo trabalho, logo escolheria um ponto de tricô dentre todos os que existem e se
contentaria em usá-lo com uma técnica especial e com a maior perfeição. Em seguida, o
ofereceria ao público, aos alunos, como se essa fosse a apoteose na arte de tricotar.
O erudito, pelo contrário, quer dominar o mais amplo espectro possível de
conhecimentos e se orgulha de ter esse conhecimento à disposição sempre que for
preciso. A meta do erudito é ser uma autoridade, seja lá em que campo for. Transformar
teorias vazias em certeza é seu objetivo. Dissemos que ele está disposto a fazer muitos
sacrifícios para alcançar esse objetivo. Limitar-se a certas perspectivas na conquista do
seu conhecimento é um pouco mais difícil do que para os outros. Também lhe custa
retirar-se, contemplar
pessoas fatores reais deasperturbação.
coisas à distância. E por só
Um erudito isso
seque ele considera
transforma as outras
num homem maduro,
excêntrico, quando à sua condição ele acrescenta um padrão reativo fortemente
intelectual e quando vive predominantemente no pólo negativo.
Em geral, o erudito não precisa ter medo disso. Esse perigo é eliminado quando ele
reconhece que certeza e teoria são coisas diferentes, quando fica claro para ele que o seu
ensinamento será aceito sempre com alegria, quando ele se encher de alegria e de amor.
Quando consegue satisfazer-se com os próprios ensinamentos, ele transmitirá aos alunos
essa satisfação, sem esforço. No entanto sempre estará envolto num certo ar de frieza,
que é necessário e que caracteriza o seu papel anímico.
“Frieza” não significa postura “intocável” ou “distante”, mas “não passional”.
Apesar de toda a satisfação, o erudito não conhece o que é entrega pessoal. Na verdade
existem eruditos apaixonados; contudo mesmo essa paixão é fria porque ele só precisa
de si mesmo e de um objetivo. Ele não é - como o sábio - interessado pelos semelhantes
que compartilham sua paixão, seja ela uma coleção de selos ou o estudo das camadas
geológicas do solo. Ele desfrutará dessa paixão como um silencioso fogo interior e não
deixará que as outras pessoas percebam essa paixão, evitando explosões emocionais.
E frieza nesse caso não significa que a essência do erudito não seja temperamental.
Também não significa que ele não se aproxime amorosa, erótica ou emocionalmente
dos outros. Acontece exatamente o contrário. O erudito precisa de um pouco mais de
tempo para adquirir confiança nas pessoas; é fácil conquistar seu afeto quando se
reconhece essa sua tendência de querer saber algo, de pesquisar, reconhecer e
selecionar, quando se consegue apoiá-lo ou, ao menos, não expô-lo ao ridículo. Quando
se sente compreendido e aceito, ele é um amante dedicado, tanto na vida a dois como no
circulo de amizades.
Mas também existe o erudito excessivamente ordeiro, meticuloso, esforçado demais,
que fica inquieto quando as coisas não estão nos devidos lugares, quando não tem tudo
sob seu controle, quando não consegue encontrar de olhos fechados o bilhete que está
na sua carteira. E há o erudito que faz uma desordem terrível em seus papéis e em sua
vida: a desordem não o perturba, ao contrário, é um pressuposto para a organização
interior que surge graças à existência desse caos. O primeiro tipo é o erudito que se
isola, que considera os seres humanos importunos com suas características e desejos,
com uma energia que o perturba e desconcentra. Entre esses seres humanos ele inclui os
familiares, que mais tolera do que ama, e que só consegue suportar quando não se
intrometem em seus negócios. O erudito desordeiro, pelo contrário busca o contato com
os demais. Ele vive das conversas, dos debates. E quanto mais variadas, coloridas ou
ricas forem suas alternativas de contato com o mundo, tanto mais claras se tornam as
suas idéias.
Contudo, ambos os tipos de erudito se unem e concordam com o fato de fazer parte
de uma cadeia infinitamente longa de seres humanos que remonta ao passado e se
estende para o futuro. Essa cadeia é formada por todos os que alguma vez trouxeram à
humanidade uma experiência digna de ser conhecida.
Toda essência do erudito, portanto, faz parte de uma série de antepassados e de
herdeiros que fazem sair do seu distanciamento e até do seu isolamento (linha vertical
de parentesco). Ele gosta de retroceder no tempo e analisar a história no ponto em que
encontra amigos e parentes espirituais. Seu anseio muitas vezes o leva a desvelar o
antigo e velho conhecimento, as doutrinas secretas, os ensinamentos esquecidos dos
antepassados espirituais interpretando-os de maneira nova. E, assim, ele se torna um
propagador de tradições e de conhecimentos que de outra forma talvez pudessem
perder-se.
O papel anímico do erudito demonstra - seja qual for o foco do seu interesse - uma
continuidade entre o antigo e o novo. O novo sempre é aquilo para o qual ele pode
contribuir, ao colecionar, pesquisar, comprovar e experimentar. Ele seleciona o que tem
valor e o que, aparentemente, não tem importância. Os métodos de cura, as visões de
mundo, as artes, as filosofias e os contos de fada sempre lhe interessarão. Ele se inspira
sempre que existe algo para constatar e conhecer. Os livros antigos e os testemunhos do
passado o estimulam, provocando idéias que o enriquecem e que ele pode integrar ao
seu conhecimento, visto que ele mesmo o conquistou no tempo e no espaço da sua atual
encarnação.
A espiritualidade do erudito está voltada para a obtenção de certeza sobre a verdade.
Dependendo da idade da sua alma, do seu desejo de conhecer a verdade, primeiramente
ele se volta para o exercício da influência e de autoridade - do lado de Deus ou do lado
do clero -, ou por meio das práticas de magia. Posteriormente, trata de certificar-se da
existência do seu Deus e de que Ele quer o seu bem. Com uma idade anímica mais
avançada, ele anseia pela segurança interior de que sua alma continua indestrutível ao
abandonar o corpo. Essa certeza de eternidade fundamenta-se no fato de uma ou muitas
pessoas compartilharem da sua crença na imortalidade da alma.
O erudito sempre terá atração pelas tradições religiosas da antiguidade e buscará
estímulos e segurança nos livros sagrados do passado e de outros povos. Os eruditos são
os que cuidam do desenvolvimento espiritual que herdaram. Eles protegem, publicam e
traduzem, juntam provas de tudo o que lhes parece importante e muitas vezes são eles,
mais do que as outras essências anímicas - inclusive a dos sacerdotes -, que sabem como
detectar as mensagens ocultas e quase indecifráveis que estão em todos os textos antigos
de cunho religioso. O erudito sempre precisa de tempo e de um lugar para fazer um
retiro, onde assimilará e integrará toda informação que captou em seu espírito, em seu
corpo e em sua alma. É por isso que o erudito precisa ter tempo para refletir, caso
contrário, pode ficar tenso ou entediado. Ele só transmitirá aos outros o que interiorizou,
pois ensinar teorias não digeridas nem comprovadas pela prática não satisfaz um
erudito. Mas quando ele reconhece o significado do seu papel anímico para o progresso
da humanidade, como uma tendência estimuladora da cultura, como uma instância
espiritual, ele deixa de ser tão tímido ao divulgar o seu conhecimento. Não se acanhará
de plantá-lo no coração e na cabeça dos seus conterrâneos humanos.

Exemplos:
Federico Fellini é um dos eruditos caóticos que busca o contato humano. Ele reuniu
um o conhecimento rico e abrangente sobre a interminável multiplicidade de rostos
humanos e a necessidade expressa nesses semblantes, sem escolher ou avaliar
moralmente esses rostos. Seu olhar volta-se ao mesmo tempo para o presente e para o
passado e, a partir dessa postura incorruptível, indagadora, ele mostra uma parcela da
realidade em seus filmes, povoados de personagens estranhos, muitas vezes
considerados tabus e não raro misteriosos. Ele só chegou a esses personagens graças à
sua incansável atividade de colecionador. Fellini se coloca acima do medo dos seus
colegas, porque vive a partir da certeza de que tem algo para dizer, para mostrar e para
ensinar ao mundo; e nenhum outro consegue tornar isso tão claro quanto ele.

Edward Bach: Levado por uma inabalável certeza do efeito terapêutico e da


utilidade das informações que recebeu mediunicamente, só depois que as comprovou
por meio de experiências, ele desenvolveu sua Teoria dos Florais. A vontade de
encontrar as energias florais e outros efeitos não-materiais, de colecioná-los e de
pesquisá-los, tomou-se
sucedida carreira tão forte
de médico queou
alopata eleseguir
se viusua
diante de um dilema:
inspiração. Se não continuar
se tivessea bem-
recolhido por longos períodos para ouvir sua voz interior, se não tivesse resolvido guiar-
se por ela, dificilmente teria desenvolvido seus estudos sobre as essências florais. Para
conhecer as características sutis das substâncias e essências florais ele precisava ter
conhecimentos científicos e estes, ele adquiriu em sua formação como médico; por
outro lado, precisava da capacidade de solucionar teorias há muito superadas e de obter
um novo conhecimento a partir dos que já tinha. As experiências incansavelmente
repetidas, fundamentadas no desejo de divulgar e de usar o que descobriu,
transformaram-no num pesquisador que colocou á disposição das pessoas do século
XX, e de seus descendentes, uma nova forma de tratamento que também atende às
necessidades do seu estado anímico em evolução.

5 - O Sábio
Princípio: Transmitir.
- falador; expressivo +
O sábio é sábio porque sabe que o conhecimento não é tudo. O sábio é sábio porque
não é obrigado a reconhecer muitos dos fatos que o erudito tem de levar a sério. O sábio
é sábio porque ele não se orienta unicamente pelo conhecimento. Ele o busca de uma
forma que não é facilmente acessível aos outros papéis anímicos. Quer sempre estar em
estreito contato com seus semelhantes porque estes, não importa como se apresentem,
tornam a vida compreensível. É nas relações humanas que o sábio testa a sua sabedoria.
É por meio da comunicação que o seu ser vem a florescer.
O sábio tem o olhar voltado para o todo, enquanto o erudito adora os detalhes. O
sábio enxerga além dos pormenores. Ele os consegue apreender muito bem. Ele quer
transformar os vários elementos da sua experiência e da vida num grande todo
compreensível que seus olhos consigam abranger. Sua sabedoria não nasce de uma
teoria, porém diretamente da fonte da sua experiência; é por isso que, muitas vezes, ele
se sentirá rechaçado ou traído pelas instituições que se dizem eruditas por transmitir o
conhecimento.
O sábio se interessa por examinar e observar como o mundo, a humanidade, os
outros, o próximo reagem à sua existência. Ele precisa dessa repercussão, gosta de ser
ignorado, apesar de ser muito humilde. Ele sempre dá um jeito de ser notado, seja pelas
suas palavras, seja pelo seu silêncio. Um sábio de alma muito evoluída se fará notar
muito mais pelo silêncio, ou por algumas poucas palavras escolhidas, do que por falar
demais. Contudo, o objetivo é o mesmo: ele quer ser levado a sério. Ele quer causar
uma impressão inimitável sobre as pessoas que fazem parte do seu mundo. Portanto, o
que o preocupa é cultivar a expressão da sua personalidade, a expressão do seu ser, de
mil maneiras diferentes. Ele quer se expressar e essa expressão deve ser respeitada pelos
outros.
O sábio é suficientemente inteligente para entender que não pode criar tudo outra
vez a partir do princípio. É por isso que aceita com prazer e gratidão os resultados
parciais dos feitos dos outros, para organizá-los num grande todo. Sem se sentir
insatisfeito consigo mesmo, ele é um praticante, uma pessoa que usa o que tem à
disposição. Ele se alegrará em poder declamar um poema escrito por outra pessoa. Ele
se considerará feliz de poder dar vida à composição musical de um mestre, por meio do
seu próprio instrumento. E toda e qualquer idéia pela qual possa se orientar, que possa
usar como uma pedrinha de mosaico no quadro de sua análise interior, será
desenvolvida por ele e destinará a um fim que muitas vezes é totalmente diferente do
objetivo srcinal.
Essa essência anímica busca aprender com as experiências alheias e aproveitá-las.
Como ela irá assimilar as experiências dos outros, dependerá deles. A fala nesse caso,
coloca-se em primeiro lugar. A essência anímica pode adquirir essa experiência da
mesma forma pela observação, pelas leituras ou levantando questões. Enquanto o sábio
não compreender, não entender e não examinar a questão em profundidade, ele
continuará insatisfeito. Assim, pelo eu trabalho, ele vai juntar peça por peça, sendo isso
o que o estimula e o interessa. Ele quer compreender o mundo e só terá descanso
quando conseguir fazer isso. Num estado avançado de desenvolvimento, o sábio
também pode aprender muito consigo mesmo, confirmando suas próprias experiências
por meio da introspecção, observando o que aprendeu nesta vida e nas anteriores, à
medida que tira suas conclusões e faz uma síntese que só tem valor para ele mesmo.
Para ele torna-se mais fácil entender quando lança mão das experiências dos outros
junto com as próprias. É por isso que ele precisa da troca de informações; é por isso que
opta por relacionar-se com pessoas que fizeram experiências semelhantes ou diferentes
das suas. Pode tratar-se de livros, da história ou de fatos atuais. Ele quer juntar, da
melhor forma possível, todas as facetas do que deseja sondar pessoalmente.
Não é o desempenho individual nem a srcinalidade a qualquer preço que vai deixar
o sábio satisfeito; não é em nada disso que ele busca sua felicidade. O sábio tem uma
grande visão geral das coisas graças á sua experiência. Ele não olha as coisas de longe,
mas do alto. Ele enxerga mais do que os outros porque tem a capacidade de síntese o
sábio não é um analítico. Os fragmentos e sua coleção ele gostaria de compô-los num
novo todo, e a capacidade que de abranger tudo com os olhos lhe dá a possibilidade de
criar um todo com os elementos isolados disponíveis, um todo que ele considere
harmonioso; então ele pode transmitir esse todo aos outros, como um resultado
convincente do que entendeu.
Já dissemos que o sábio só pode obter satisfação total quando é honrado e respeitado
pelos outros. Quando um sábio é possuído pelo medo de não obter receptividade
suficiente, ele lutará por ela e tentará influenciar especialmente aquelas pessoas que lhe
negam consideração. E, visto que é impulsionado pelo medo de ser ignorado, fará tudo
para chamar a atenção sobre si mesmo. Ele rumará diretamente para seu objetivo e
cuidará de chamar a atenção, mesmo que seja de forma inconveniente. Em geral, isso o
incomoda pouco, pois, seja como for, atingiu seu objetivo.
Ao andar pelas ruas, talvez vocês se surpreendam ao ver pessoas que falam alto, que
se enfeitam demais, que falam sozinhas e que permitem que os interessados participem
da conversa, sem estabelecer com eles um contato real. Talvez vocês se admirem
quando, de repente, pessoas alcoolizadas começam a falar, como se um dique se tivesse
rompido. Admiram-se quando pessoas que vocês conhecem de repente se põem a falar,
inundando-os com uma torrente de palavras que mal poderá ser contida. Vocês também
sabem que o fato logo começa a entediá-los, mesmo que essas histórias muitas vezes
tenham conteúdo dramático e não lhes faltem elementos que as tornariam interessantes,
caso houvesse uma energia por trás do relato. Vocês sentem nitidamente que alguém
está tentando chamar a atenção, embora esse alguém tenha perdido contato consigo
mesmo. Trata-se dos sábios que, de tanto medo de não serem vistos, não estão em
condições de expressar realmente o conhecimento adquirido. “Eles vivem uma vida de
segunda mão” e procuram irritar os nervos dos outros, visto que sua necessidade de
compartilhar é vazia e inesgotável.
Um sábio que não ceda á tentação de se tornar prolixo por causa do medo, e que
possa prescindir da atenção, sabe o que é equilíbrio. Ele se tomará uma pessoa receptiva
edededicada aos outros.para
forma consciente, Estava
quena situação
possa haverdeuma
usarcomunicação
suas possibilidades
autênticadeentre
relacionamento
ele e os
seus semelhantes. Só então ele poderá ouvir bem, juntar tudo de forma congruente e
transmitir aos outros o que compreendeu em seu íntimo. Seu melhor meio de expressão
são as palavras e ele as usa para demonstrar a ligação que existe entre ele e o mundo.
No entanto, sua capacidade de expressão também produz resultados em outras áreas. Ele
consegue mostrar sua capacidade de se concentrar e de se expressar de modo
convincente, compartilhando uma síntese dos seus conhecimentos sobre pintura, sobre a
arte da cura, sobre arquitetura, sobre psicoterapia, sobre música ou sobre a arte teatral;
ou consegue viver satisfatoriamente por ter o domínio sobre uma atividade.
Na maioria das vezes, ele dará preferência à profissão ou á atividade que possibilite
uma expressão na qual estabeleça um contato direto com os outros. Encontramos sábios
em todos os palcos, nos púlpitos e em todos os partidos políticos. E como todo sábio
gosta de congregar pessoas, ele também é considerado um interlocutor, um hóspede e
um anfitrião agradável e querido. Sua necessidade de merecer respeito e
reconhecimento é diretamente atendida quando ele segue seu impulso de unir as pessoas
- seja do modo que for. Muitas vezes ele é um bom orador, um artista na formulação dos
pensamentos. Ele sabe que toda palavra é importante, e irradia uma aura de gentileza
que desperta confiança, desde que evite falar demais.
Sua espiritualidade está voltada para a experiência pessoal direta da divindade e para
a comunicação direta com o Altíssimo. É um anseio constante do coração estabelecer
contato com suas vozes interiores ou com as forças de expressão do amor inspirado, que
ele sente ao se comunicar com outras almas. Mas ele sempre faz com que o resultado
dessa comunicação seja diferente. Dogmas, tradições ou regras escritas preestabelecidas
pouco significam para ele; sua experiência pessoal é tudo o que lhe importa.
O papel anímico do sábio dá sua contribuição para o grande todo, à medida que ele
traz à expressão direta o que os outros pesquisaram, sentiram, postularam, aquilo pelo
que outros lutaram ou que outros defenderam como certo. Ele se distingue do artista
pelo fato de a sua capacidade de expressão só ser desenvolvida no contato íntimo com
outras almas e com o mundo. Sua capacidade de comunicação também estabelece
ligações entre os representantes de outras essências anímicas. Ele é um construtor de
pontes. As verdades que compartilha e conquista pela experiência direta são um
enriquecimento para todos.

Exemplos:
Papa João XXIII. O papa João uniu no seu ser as qualidades essenciais da energia 5,
pois, como sábio, ele se dedicou às pessoas, foi bondoso e de grande visão. No que se
refere às crenças, ele tinha vontade de juntar seus conhecimentos pessoais às
modificações energéticas conscientes da comunidade global e de seus expoentes. O seu
Concilio Vaticano II transformou-se, portanto, na expressão de uma grande síntese de
tradição e de atualidade, do plano pessoal e do plano global. O sábio no Papa João
XXIII nunca perdeu totalmente o bom humor e a transbordante alegria de viver, nem a
disposição de deixar o coração falai mais alto, apesar de suas numerosas
responsabilidades e das pesadas funções que tinha de exercer. Sua capacidade de aceitar
os fatos manifestou-se em primeiro lugar pela ampla aceitação que obteve como ser
humano e príncipe da Igreja e, em segundo, por adotar sempre uma posição firme,
mesmo quando afirmava que determinados fenômenos - quando os reconhecia -, eram
passíveis de modificação dentro da Igreja e, nesse sentido, inaceitáveis na forma atual.
Usou todo o seu empenho para impedir que a sua percepção interior entrasse
exageradamente emcortesia.
prejudicial falta de conflito Nesse
com a ser
doshumano
outros, mostrando uma desnecessária
é possível reconhecer e a
nitidamente
verdadeira autoridade que pode existir sem que haja imposição do poder que humilha e
provoca divisão.

Claude Monet: Ele sabia a hora de falar e a hora de calar. Sua arte é extremamente
eloqüente, tranqüila, silenciosa. Ele seguiu inequivocamente o seu caminho e, com o
passar dos anos, tomou-se uma autoridade sobre si mesmo. Isso lhe possibilitou tornar-
se cada vez mais simples, sem medo e fiel à sua maneira de ver as coisas, o que o levou
a conseguir expressar as mais complexas nuances de luz e o inter-relacionamento das
cores. Quanto mais silêncio proporcionava a si mesmo, tanto mais expressivamente
trabalhava com o pincel. Mesmo assim, isso não o impediu de celebrar a vida com as
pessoas, bem como com o sol, com as estrelas, com as plantas e consigo mesmo. A
serenidade que se difunde em seus quadros é expressão de uma alegria sobre o todo da
Criação; e essa serenidade é a que se reflete também no rosto dos que contemplam seus
quadros.
Michail Gorbatchov realizou a obra da sua vida, o rompimento das fronteiras, por
meio das suas qualidades essenciais de sábio. Em comparação com seus antecessores,
ele sempre faz questão do contato e da comunicação e, por isso mesmo, quando fala,
jamais profere palavras vazias de sentido. Até mesmo através da televisão ele procura
alcançar as pessoas com o olhar, e essas se emocionam com isso. Sua autoridade - tanto
na vida pública quanto na vida particular -, está na sua capacidade de estabelecer um
diálogo. Embora saiba como usar seu poder e o tenha usado para lutar pela posição de
vanguarda num sistema adverso, pode-se reconhecer sua disposição de aceitação e sua
bondade em todas as suas ações e no modo de se expressar. O sábio que existe nele
tornou-o capaz de aceitar que o seu tempo já havia passado. Sua habilidade para
confrontar pessoas e ideologias torna-o um mediador desejado, um bom orador e um
interlocutor querido.

6 - O Sacerdote
Princípio: Consolar.
- zeloso demais; compassivo +

O sacerdote é uma essência anímica que vive do que não está presente, do que é
inalcançável, do que não é real no sentido do que é aparente. Mas isso está presente nos
sentimentos, nos ideais dele. Ele se sente um agente da compaixão divina, da bondade
sobre-humana e da misericórdia cósmica. O sacerdote sempre quer estar onde não está,
no plano mais elevado, no melhor, no mais puro. E ele também quer ajudar os outros a
reconhecer que lá fora, lá em cima, há algo mais puro e melhor.
O sacerdote quer pôr-se a serviço de um ideal mais elevado, mas também tem uma
grande preocupação que podemos ver no fato de querer transmitir aos outros o que ele
considera ideal, na medida em que os consola, anima, tem pena deles e lhes dá
conselhos. Ele quer ajudar enquanto aconselha. Ele quer ajudar transmitindo clareza,
esclarecendo a pessoa. E seria um engano imaginar que sempre se trata de assuntos
espirituais ou religiosos. Acontece exatamente ao contrário: a essência de um sacerdote
também pode ser ativa na transmissão pensamentos esclarecedores acerca da política, de
movimento ecológico, como pioneiro num determinado estilo de vida, ou como
divulgador de certa
Não importa dieta
onde alimentar.vai buscar o seu ideal, ele fará tudo para realizá-lo de
o sacerdote
forma animadora e com muita freqüência, estará convencido de que seus conceitos são
os únicos corretos. Esse é o problema da essência do sacerdote. O sacerdote manifesta
certo desprezo por todos os que não compartilham de seus ideais.
A tolerância não é o seu forte, embora pudesse ser. Via de regra, exatamente no caso
de sacerdotes do ciclo de almas jovens ou maduras, encontra-se certa intolerância pelos
conceitos e ideais dos outros. O sacerdote muitas vezes fracassa em seu desejo de
transmitir sua vontade e verdade aos semelhantes. É então que ele se sente só e
desamparado. O desamparo e a solidão, com muita freqüência se transformam em medo
e, quando um sacerdote sente medo, ele fará tudo para convencer os outros da exatidão
dos seus conceitos – em certos casos, até por meio da violência. Ele se esforçará por ser
um missionário e, nisto, não importar o tema que escolheu. Entretanto, sempre se tratará
de um ideal, de uma apresentação daquilo que seria mais bonito, maior e melhor.
Uma alma com papel anímico de sacerdote nem sempre é um sacerdote no sentido
religioso do termo. Com mais freqüência que as outras essências anímicas, com tudo,
ele escolhe profissões que incluem funções de sacerdócio. O sacerdote quer consolar.
Ele sabe fazer isso excepcionalmente bem, aproximando-se daqueles que perderam a fé
ou o contato com Deus, mas que estão buscando uma verdade superior que podem sentir
em si mesmos, embora não consigam apreender. É por isso que na época atual
encontram-se muitos sacerdotes trabalhando nas áreas do esoterismo, do
aconselhamento, da psicologia e da psicoterapia. Embora também trabalhem com
colchões ortopédicos que melhoram o sono das pessoas ou com revestimento que
abafam os sons, livrando os aposentos de ruídos. A maioria das pessoas que quer
reformar o mundo e é ansiosa defensora da felicidade alheia tem a essência do
sacerdote. Vocês sabem que o ideal das almas que representam o papel de sacerdote não
pertence necessariamente ao plano religioso, divino ou ao reino cósmico; eles podem
referir-se a assuntos mundanos e ao entrelaçamento entre fatos históricos.
Nem sempre um sacerdote precisa ser um assistente social ou um padre. Nem
sempre ele se sente bem em atividades relacionadas com as instituições da Igreja e com
seus dogmas. Acontece exatamente o contrário. O sacerdote tem uma ligação muito
natural com sua verdade pessoal, a ponto de acabar constatando que as religiões não
advogam a mesma verdade que lhe é revelada interiormente; para ele isso é uma
decepção. Por isso, ele acaba se afastando mais facilmente delas do que as outras
essências anímicas, e procura entrar em contato com o plano elevado em si mesmo.
Normalmente, o sacerdote tem muitas vidas passadas nas quais exerceu diferentes
funções sacerdotais. Pode ter sido um xamã, um monge budista ou pode ter sido um
monge ou uma freira na fé cristã. Também pode ter sido um funcionário do templo, um
sineiro, um mestre-de-obras que construía templos ou alguém que limpa e varre o
templo depois do culto. Mesmo quando viaja, ele sempre se sente atraído por lugares
sagrados. E em nenhum lugar ele se sente tão bem como em ambientes mágicos ou
sagrados. Em viagens, o sacerdote sempre se sentirá atraído por templos antigos, por
locais de culto ou por lugares que emitam uma irradiação mágica. Ele é
excepcionalmente sensível às vibrações do plano divino, e parece-lhe bastante natural
pertencer a duas dimensões, tão natural quanto o fato de ter duas pernas; uma apoiada
na terra e a outra ensaiando dar um passo numa dimensão mais elevada.
A relação do sacerdote com a religião é sempre um tanto incomum. Mais que todas
as outras essências anímicas, em suas muitas vidas ele escolheu profissões que o põem
em contato com os sistemas de crença que ele adota. No entanto, entre as essências de
sacerdotes encontram-se muitos médicos, artistas, figuras protetoras de mães queridas,
enfim, muitas personagens
papel anímico do sacerdotecuja atividade
é diferente do era consolar
papel anímicoalmas, fazendo-as
do agente elevar-se.
de cura pelo fatoOde
o sacerdote trabalhar, em primeiro lugar, ajudando as pessoas, sempre disposto a ouvir,
a ser solidário e a dar conselhos.
O sacerdote não se importa de sofrer. Nisso há um risco que pode impedi-lo de
conseguir se desenvolver de forma positiva. O sacerdote não sofre como um mártir, mas
como alguém que se declara disposto a compartilhar o sofrimento das outras pessoas.
Muitas vezes confunde compaixão com simpatia. Esta é uma forma de amor que tem
pouca coisa em comum com a compaixão. Quando um ser humano está sofrendo e o
sacerdote se vê obrigado a compartilhar esse sofrimento, a única coisa que acontece é
que, então, são dois a sofrer. Mas quando ele descobre como a compaixão genuína pode
ser salutar, é mais provável que já não haja mais duas pessoas sofrendo, e sim,
nenhuma. Portanto, o sacerdote deve evitar identificar-se demais com a dor da pessoa a
quem quer ajudar. Sua missão não é tornar sua a dor alheia, ou melhor, carregar a dor do
mundo nos ombros. No entanto, o sacerdote vive tentando fazer isso. Muitas vezes ele
faz isso por medo de ser reprovado pelo seu Deus caso não se sacrifique.
Caso o sacerdote queira viver seu pólo positivo - a compaixão - quando quer fazê-lo
com todo o amor, ele tem de evitar aproximar-se demais das pessoas a quem quer
ajudar, senão não perceberá mais que se trata de duas pessoas, a dele e a de uma outra
pessoa que precisa de apoio. O amor exige um distanciamento que possibilite ver o
outro como uma pessoa à parte.
O sacerdote tem dificuldade em se sentir bem e à vontade no mundo material.
Despreza o dinheiro, que considera um mal necessário. Teme cair na banalidade, na
não-espiritualidade se for obrigado a ganhar seu sustento, pois isso impediria que se
dedicasse ao seu ideal de vida, que é ajudar e consolar os outros. Mas, se tiver de
exercer alguma função que exclua o inter-relacionamento humano, ele ficará muito
infeliz, a menos que seja procurado nas horas de folga pelas pessoas, colegas ou
parentes que estejam precisando dos conselhos dele.
As pessoas que têm a essência do sacerdote muitas vezes são severas demais
consigo mesmas. Sempre estão em busca de ideais elevados. Elas examinam
inexoravelmente os efeitos interiores e exteriores da sua moralidade. Como consideram
importante ter sempre razão, costumam ser teimosas. A disposição de reconhecer os
próprios erros por meio da observação atenta deve ser desenvolvida. Por isso, é muito
importante que as pessoas com essência de sacerdote mostrem primeiro compaixão por
si mesmas e por sua própria humanidade. Só assim poderá surgir a compaixão pelos
outros.
O sacerdote tenta desesperadamente encobrir a confusão pela qual muitas vezes é
tomado, no que se refere ás suas ações e às conseqüências delas. Acha lamentável que
os outros constatem que seus objetivos e ideais não são tão sólidos quanto ele desejaria
que fossem. Sente-se facilmente vulnerável e teme que procurem convencê-lo de todas
as maneiras, pois erros e enganos parecem pôr em cheque a sua filiação divina. Para
evitar isso, o sacerdote prefere questionar os outros e tentar impor-lhes a sua verdade -
ainda que esta seja bastante imperfeita. Quanto maior o seu medo de não ser ouvido,
tanto mais ele exerce o papel de missionário, difundindo seus conhecimentos e
objetivos. Para ele tanto faz se está ou não convencendo alguém das grandes idéias
contidas no ateísmo ou no comunismo, no fundamentalismo ou num rigoroso
reducionismo.
A essência do sacerdote aprenderá a ser compassiva quando ele sentir empatia pelas
necessidades das outras pessoas, sentindo o que elas sentem. Quando imaginar quais são
os sentimentos delas e tentar fazê-las desistir de suas convicções procurando impor-lhes
novas
aceitarverdades,
verdades eque
quando imaginar
não são comoele
as próprias, elascomeça
se sentem quando
a fazer bemele
seutenta forçá-las a
trabalho
missionário.
A compaixão também é necessária quando se trata de necessidades terrenas,
puramente físicas, que a ideologia do sacerdote tem prazer em renegar. Entre essas
necessidades básicas estão a alimentação, a segurança, a sexualidade, o contato, o
conforto e a riqueza material. A sexualidade parece especialmente suspeita à essência
do sacerdote, visto que aparentemente é confundida com os impulsos inferiores dos
instintos. Por outro lado, contudo, é da maior importância e tem grande valor espiritual
que toda essência de sacerdote cuide bem do corpo, satisfazendo suas necessidades,
quer se trate de um homem ou de uma mulher. A sexualidade, bem como a ingestão
prazerosa de alimentos mantém a energia do sacerdote junto ao corpo, e embora a
essência do sacerdote recuse essa amarra ou sinta isso como algo não-espiritual, ela lhes
acaba fazendo bem. Quando os sacerdotes tentam reprimir ou limitar a sexualidade e
outros aspectos que proporcionam prazer na vida terrena, devido aos ideais que têm,
eles se distanciam da sua humanidade e, conseqüentemente, do pólo positivo da
misericórdia.
O papel anímico do sacerdote sempre se define pela ascensão e pela queda. Para ele
a sua ligação com o mundo material é por assim dizer problemática durante a
encarnação. Mas o sacerdote deve prestar muita atenção á sua fixação na matéria, pois,
do contrário, poderá tornar-se facilmente um fanático religioso, um fanático em
qualquer área, pois o fanatismo faz parte da sua manifestação do medo. O fanático
também pode facilmente tornar-se arrogante, visto que está sempre convencido de que
só ele e mais ninguém conhece a verdade.
Quando vocês observarem alguém defendendo uma causa com grande entusiasmo e,
muitas vezes, sendo arrogante em vez de demonstrar tolerância, podem ter certeza de
que se trata de um sacerdote, que fará tudo para conseguir impor a sua idéia sem
mostrar consideração ou compaixão pelas pessoas que defendem outros pontos de vista.
No entanto, vocês poderão conquistar o amor dele se apelarem para a sua simpatia, sua
compaixão, tentando explicar-lhe, gentilmente, que ele não precisa ter medo de que a
verdade subjetiva dele não seja ouvida, mesmo que os outros não aceitem essas idéias
sem um exame mais acurado. E vocês poderão também reconhecer um sacerdote
quando se sentirem descontraídos, confiantes, confortados, compreendidos e bem
aceitos na sua companhia. Quando o sacerdote doa seu amor, ele consegue ser um bom
ouvinte; ele dá conselhos com satisfação e conforta as pessoas; irradia uma aura que
proporciona bem-estar, simpatia e cura.

Exemplos:
Napoleão Bonaparte era um sacerdote. Seu ideal pessoal estava repleto de
pensamentos novos. Seus ideais eram a justiça, a reforma, as estruturas sociais e uma
ampliação global dos objetivos que a Revolução Francesa havia desenvolvido. Não se
tratava de mera fome de poder, mas de um zelo missionário de fazer a Europa entrar em
contato com o seu ideário. Para conseguir isso, ele não se importou nem com custos
nem em poupar vidas humanas. Como essência de sacerdote, a secularização era um de
seus ideais, pois achava que as estruturas rígidas da Igreja e o papado eram empecilhos
para o desenvolvimento da sua verdade pessoal. As guerras que iniciou e sua presença
constante em todos os campos de batalha destinavam-se a fazer acender outra vez em
seus generais e soldados a centelha da idéia que ele mesmo defendia. Por esse motivo,
eles estavam dispostos a dar a vida, dispostos a defender o ideal de Napoleão. Nas
antigas casas reais
dessas pessoas da Europa
ao mesmo ele era
tempo em considerado um arrivista.
que, como sacerdote, Ele sentia
estava o desprezo
convencido de que
todos os homens são iguais diante de Deus. Por isso, como um “enviado”, ele merecia
mais consideração e reconhecimento do que lhe eram concedidos. Como estava
convencido do seu valor pessoal por vários motivos, tinha grande convicção; a
indiferença com que era tratado pela nobreza levou-o a ascender socialmente. Napoleão
era incansável na sua ânsia frenética de se destacar.

Albert Schweitzer era um velho sacerdote que vivia em contato com Deus e com os
seus ideais em três planos: num deles, dedicava sua vida a consolar e a medicar as
pessoas pelas quais sentia compaixão. No outro plano, estimulava os semelhantes ao
tocar no órgão músicas em grande medida inspiradas em seus ideais. E no terceiro, era
teólogo e pesquisador da vida de Jesus, buscando uma verdade histórica que
correspondesse a uma certeza religiosa profundamente pessoal, sentida no âmago do seu
ser.

Alice Schwarzer é uma sacerdotisa jovem, com fortes elementos matriciais de


guerreira. Visando organizar as mulheres da sociedade, engajou-se no ideal feminista
por estar certa da justificação dos próprios ideais, e convicta do fervor religioso que
tinha. Os objetivos de Alice eram adequados à sua época; no entanto, o zelo sacerdotal
excessivo com que foram perseguidos causou mais danos do que benefícios à causa que
ela defendia.

7 – O Rei.
Princípio: Reinar.
- autocrático; altivo +

Não existem muitas pessoas com essência de rei. É por isso que vocês encontrarão
poucas pessoas que se identifiquem com essa essência. Mas quando encontrarem uma
delas, logo terão a sensação de reconhecimento e isso acontece mais depressa do que
acontece com as outras essências anímicas. Além disso, poderão entender-se melhor
com essa essência anímica do que com as outras.
O motivo disso é o fato de que o rei tem uma irradiação imponente de poder, que
independe totalmente do temperamento que tenha escolhido para determinada vida. Um
rei enche o ambiente à sua volta, quer queira quer não. E não terá de fazer nada para
chamar a atenção dos outros; embora não goste do fato, ainda assim é uma figura que
dificilmente passará despercebida. O rei tem a tendência de optar por uma estatura física
grande para a maioria das suas vidas, se é que não para todas as encarnações. Ele
escolhe um corpo que não seja pequeno e que não tenha pouca imponência. E dentro do
seu papel sexual ele corresponde a limites que estão acima da média. É raro haver reis
de baixa estatura. No entanto, o mundo todo se admira como conseguem parecer
impressionantes e imponentes mesmo quando são baixinhos.
Para ser respeitado, um rei não precisa falar nem agir. No entanto, quando fala ou
age conquista facilmente a atenção e o respeito daqueles com quem convive. Com toda
naturalidade forma-se uma corte em volta dele. E ele nem precisa erguer a voz para
conseguir isso. Um rei que grita para fazer-se ouvir, por certo não tem essência de rei.
Em geral, quando não se tornam tiranos, os reis são amados por todos. São admirados e
podem gozar de uma simpatia que não se costuma ter pelas outras essências anímicas.
Essa é a recompensa pela responsabilidade que os reis estão dispostos a assumir. A
autoridade deles
É por isso queé reconhecida
há tão poucossem
reis,que tenham
pois de lutar
nenhuma excepcionalmente
das outras por ela.quer
essências anímicas
assumir tantas responsabilidades numa vida como as que a alma do rei acha natural
assumir. Responsabilidade é a palavra-chave para a essência do rei. Como vocês sabem
cada indivíduo é responsável por si mesmo e também pelos outros. Mas o rei converte a
responsabilidade em tema, não só no que é essencialmente humano, mas também como
missão que cumpre durante todas as vidas com grande naturalidade, mesmo que isso
também represente um fardo para ele carregar.
Um rei age melhor quando não é autocrático e se serve de hábeis conselheiros para
conduzir o reino. Por isso, o rei, na essência como na vida prática, é uma figura que
raramente está só. Ele é do tipo que acha difícil reservar um pouco de tempo para ficar
sozinho. Sempre haverá outras pessoas orbitando em volta dele, querendo sua atenção;
além disso, os conselheiros de cujas diretrizes ele depende a ele se dedicam e sentem-se
incomodados por se afastarem dele.
Um rei precisa de bons amigos e, por isso, ele os encontrará em cada uma das suas
vidas. No entanto, um rei também é alguém que sabe como suportar a verdadeira
inimizade com dignidade. Ele está tão consciente do seu papel, da função que exerce e
das suas tarefas de modo que nada abala a sua autoconfiança. Quando um rei age com
amor, ele reina com justiça e argúcia, sem querer impor sua vontade aos seus
subordinados, ao seu povo anímico. Como rei, porém, ele também tomará conhecimento
dos seus deveres, não deixando ao povo a tarefa de tomar uma decisão que tem de partir
dele. Um rei é como um pai bondoso que dá grande liberdade aos filhos e filhas para
que possam se desenvolver sem, entretanto, deixá-los despreparados e sem orientação
para a vida. Ele estabelece medidas que provêm da sua experiência pessoal e não aplica
leis e regras como se essas fossem dadas por Deus.
No entanto, é muito raro que um rei suba ao trono real numa vida no planeta Terra.
Essa é exceção e os poucos reis que vivem entre vocês, no entanto, mal têm a
oportunidade de assumir uma posição que corresponda às suas necessidades essenciais
de poder político em algumas das vidas. Isso também significa que as almas de reis se
sentem compelidas e dispostas a manifestar-se em todas as atividades que tenham
alguma forma ou nuance de responsabilidade, poder, domínio ou influência, ou um
modelo de ação.
Um rei muitas vezes sentirá a necessidade de optar por uma vida em que possa, por
assim dizer, fazer experiências em que esteja incógnito ou sob disfarce, e que lhe
possibilitem uma soberania inteligente, pois um rei que não sabe nada sobre a vida do
seu povo nunca fará um governo que faça justiça às necessidades desse povo. Quando,
no entanto, um rei resolve representar o papel dos outros para saber como é a vida de
um agente de cura, tentando descobrir como se sente quem, em virtude do emprego que
tem, precisa servir em vez de mandar, como se sente a pessoa que não tem nenhuma
capacidade de decisão ou quando se coloca no papel dos seus sacerdotes a fim de
reconhecer que existem forças superiores ao seu próprio controle, cumprirá o papel que
ele mesmo escolheu com grande dedicação e responsabilidade. E então vocês
perceberão que o rei, seja qual for sua profissão ou posição na vida, sempre irradia uma
aura de inimitável dignidade; e mesmo como um mendigo morto de fome ainda terá
uma postura majestosa e imponente cuja aparência não é fácil esquecer.
Quando alguém teme representar o papel de rei devido ao poder que ele tem ou ao
desejo de liderar, facilmente cairá na tentação de transformar a autoridade em tirania.
Quando, portanto, um rei fica com medo de que a sua palavra não seja ouvida ou o seu
poder não seja reconhecido, ele fará questão de ser respeitado e tentará fazer qualquer
coisa para impor sua vontade.

esseSeu
medo medo o faz fingir
impede-o que os
de ouvir estáargumentos
agindo corretamente
dos outros em qualquer
ou de levar ascircunstância,
necessidadese
deles em consideração. Ele está tão convencido de seu direito, de ser exatamente como é
e de fazer o que quer, que não consegue mais afastar-se dessa posição. Se não for
sempre reconhecido pelos outros, ele mesmo terá de se presentear com todo
reconhecimento e admiração. Pelo fato de estar acostumado a ser naturalmente colocado
em posição de destaque pelos semelhantes, dificilmente consegue renunciar a essa
posição elevada. Mas quando fica com medo de não ser aceito da forma que deseja, sua
irradiação dominadora se modifica, fazendo-o tornar-se um déspota, o que lhe garante
obter tudo o que lhe foi prometido, tudo o que lhe pertence, segundo o seu modo de ver.
Nesse caso, ele se vangloria e se exibe diante da sua corte rebelde, sem perceber que
perdeu contato interior com ela. Em seu isolamento ele se envaidece como se fosse o
rei-sol, toma as decisões sem consultar os conselheiros, evita qualquer comunicação
com as pessoas que possam contestar a sua autoridade, só para não cair do seu trono de
despotismo. Uma atitude como essa causa dificuldades aos demais quando eles têm de
lidar com esse papel anímico. Vocês perceberão que é difícil entrar em contato com um
rei quando ele se isola em seu medo. É preciso dar-lhe tempo até que ele sinta vontade
de restabelecer o contato, substituindo o despotismo pelo contato controlado, autêntico,
amoroso e enriquecedor com os outros.
É evidente que um rei que esteja para ser destronado e que se sinta ameaçado lutará
pelo seu trono. E caso se sinta obrigado a renunciar por motivo de sua história anímica
pessoal, sua postura será de extraordinária majestade. Assim, ele renunciará
voluntariamente à possibilidade de exercer o domínio e a tirania e se moverá
temporariamente em esferas que farão com que a renúncia pareça valer a pena. Um rei
exilado reúne as suas forças e os seus amigos para, finalmente, poder fazer outra vez jus
às suas funções.
E quando um rei atingir a maturidade anímica ou ultrapassá-la, ele será um ser
humano cuja luz brilhará além do tempo e do espaço. Ele deixará uma profunda
impressão na história da humanidade, de sorte que tantos pertencerão à sua corte, que
não será mais possível contá-los. E ele liderará grandes grupos, promoverá enormes
movimentos. Ou talvez ele prefira tornar-se um filósofo, para ensinar muitas coisas aos
que se sentirem atraídos pela grandeza que ele conquistou, em virtude de suas várias
viagens por diversos planos de existência.

Exemplos:
John F. Kennedy foi um rei jovem, que deveu grande parte do seu sucesso e da sua
popularidade mundial a uma irradiação majestosa e convicta da vitória; isso não só deu
à sua figura certa imponência, mas também uma autoconfiança praticamente inabalável.
Com certeza ele conhecia bem a família em que encarnou, que tinha a estrutura de uma
linhagem real, o que lhe permitiu, naquele contexto, a "sucessão do trono”. Pessoas de
todo o mundo aplaudiram-no, respeitando-o como o rei mítico da nação norte-
americana. Enquanto ele agiu nos domínios isentos do medo, o seu ser soberano
transformou-o num herói dos povos. No entanto, muitos dos que trabalhavam
diretamente com ele ou que afirmavam ter um lugar em sua vida particular, o
consideravam um autocrata. Ele estava acostumado a fazer tudo o que queria e
suportava pouca contestação. Sua convicção de pensar em tudo e de estar sempre com a
razão impediu que ele demonstrasse consideração pelos outros. Ele também estava
convencido de sua invulnerabilidade mítica; por isso, muitas vezes deixou de tomar as
necessárias medidas de segurança até ser atingido por uma bala num atentado à sua
vida.
Theodore Heuss foi um rei maduro que dedicou sua vida à Alemanha por alguns
anos a fim de melhorar a reputação dessa nação, bastante prejudicada, e mostrar ao
mundo político internacional, com o maior empenho, que é possível modificar um
pouco os seus justificáveis preconceitos e julgamentos contra a nação alemã.

Anne Frank foi um rei velho. Ela havia assumido a tarefa de suportar tudo o que lhe
acontecesse com dignidade e consciência e de se esforçar para que seu caso tivesse
grande repercussão. Conseguiu alcançar sua meta, ainda que isso lhe parecesse quase
impossível. Apesar de tratar-se de diários e de documentos totalmente particulares, em
todos os países da Terra eles atingiram um público que, além de comover-se com suas
experiências, também sentiu-se tocado pelo que Anne Frank tinha a dizer.

II – A CARACTERÍSITICA PRINCIPAL DO MEDO

Visão Geral
As Principais Características do Medo
EXPRESSÃO
5 – A Avidez. 2 – A Auto-Sabotagem.
Medo de carência. Medo da vivacidade.
- insaciável; presunçoso + - autodestrutivo; sacrificado +
INSPIRAÇÃO
6 – O Orgulho 1 – A abnegação
Medo de ser ferido Medo da incompetência
- vaidoso; orgulhoso + - submisso; modesto.
AÇÃO
7 – A Impaciência 3 – O Martírio.
Medo da negligência. Medo da inutilidade.
- impaciente; ousado + - autopunitivo; abnegado +
ASSIMILAÇÃO
4 – A Obstinação.
Medo da Inconstância
- obstinação; decidido +

Importante: - Na característica principal do medo não há nada de positivo. Os pólos


positivos
medo e nãopodem ser entendidos
pelo amor, como “falsas
como acontece com osvirtudes”, pois sãomatriciais.
outros elementos determinados pelo
O medo
básico, oculto por trás da característica principal, influencia os pólos negativos de todos
outros elementos matriciais.

Sobre a Característica Principal do Medo

Cada um de vocês tem seus medos. Vocês vivem com eles, orientam-se de acordo
com eles e permitem que eles os conduzam. O objeto do desejo de vocês é viver sem
esses medos, o que para vocês é viver em condições paradisíacas. Quando falamos
sobre a característica principal do medo, não estamos falando desses medos. A
característica principal do medo é parte integrante do padrão anímico e, como tal, é um
fator importante e necessário ao desenvolvimento anímico. *
As sete características principais do medo são: abnegação, auto-sabotagem, martírio,
obstinação, avidez, orgulho e impaciência. Elas escondem os sete medos básicos: medo
da própria incapacidade, da vivacidade, da inutilidade, da inconstância, da carência, de
ser ferido e da negligência. Todos vocês conhecem esses medos básicos em estado
suportável e bem consciente. No entanto, quem tiver escolhido um deles como
característica principal, como parte integrante do seu padrão anímico, tem a experiência
desse medo básico como uma dominante, ou seja, a pessoa será dominada por ele. Ele
estará arraigado em seu inconsciente, com suas inúmeras ramificações.
As características principais do medo têm dois pólos. Também nesse caso trata-se de
um pólo negativo e de um pólo positivo; no entanto, os pólos da característica principal
do medo se distinguem das outras polaridades matriciais pelo fato de ambos os pólos
serem determinados pelo medo. O pólo positivo de cada característica principal é
definido por uma máscara de força e simpatia. Normalmente, apresenta-se como virtude
e como tal é considerado por muitos. No entanto, nós assinalamos com toda ênfase para
o fato de que, nesse caso - como expressão da característica principal -, trata-se de uma
falsa virtude, pois a verdadeira virtude nunca pode criar a raízes no medo. No sentido
próprio da palavra, a virtude é expressão de amor. O pólo negativo, ao contrário, é
facilmente reconhecido pelo observador. Cada um de vocês é capaz de reconhecer
facilmente nos outros as formas de expressão do medo descritas pelo pólo negativo. Só
que vocês acham difícil identificar os aspectos do medo que se tornaram muito
conhecidos e naturais como manifestações da característica principal do medo de vocês.
Se, contudo, o seu olhar se voltar para a sua característica principal, já se tomará um
pouco mais fácil.
_____
* Compare com os capítulos "Die Funktions von Angst [A função do medo], e “Das
Böse ist ein Mangelzustand” [O mal é um estado de medo] in Welten der Seele.

A alma escolhe a característica principal para poder senti-la nos conflitos com os
semelhantes. O medo não é supérfluo, ele pertence imprescindivelmente ao plano físico
e à essência do ser humano. E cada olhar, voltado para ele e para suas manifestações,
enaltece a humanidade de que vocês estão revestidos. Se vocês permitem que o medo se
instale por completo na escuridão do inconsciente ele não vai ajudar vocês a crescer
espiritualmente.
Quando uma alma prepara a sua próxima encarnação, no contexto do seu novo
padrão anímico ela se decide por uma das características principais. E escolhe os pais,
bem como as circunstâncias da vida física, pensando em como esse medo e os atritos
criados por ele podem estimular o crescimento com a correspondente geração de
animação. Quando uma criança é gerada, começa a formar-se a característica principal
do medo, com o medo básico oculto que está nela. O nascimento oferece o primeiro
motivo para tornar a criança mais forte. E, durante os primeiros anos de vida, a alma da
criança passará por uma série de mudanças que levarão à fixação traumática do medo
básico.
O medo escolhido assemelha-se às raízes de uma grande árvore. Todos os outros
medos ou receios formam seus ramos e galhos. E assim como as raízes de uma árvore,
em geral, não estão visíveis aos olhos, assim também o medo básico foge à consciência
de vocês. E ainda assim, os medos básicos, com suas características principais, são os
acionadores decisivos das ações e reações de vocês, embora não tenham consciência
disso. Que essas observações com relação às raízes mais profundas da estrutura do
medo os ajudem a chegar às razões mais profundas dos atos de vocês, e a levá-los a
perder o medo
Sempre quedo medo.
vocês procurarem analisar as manifestações e os efeitos do medo, darão
um passo à frente no caminho da libertação. A característica principal do medo é como
um marco e serve para lhes dar uma indicação sobre o medo básico oculto por ela. Ou,
em outras palavras: vocês podem reconhecer as características do medo básico mediante
a característica principal. Logo descobrirão que lidar com a característica principal do
medo e com os medos básicos subjacentes os ajuda de uma forma que não só é
necessária para o conhecimento de si mesmos e para a clareza interior, mas também
fortalece o amor próprio e os leva a uma maior compreensão dos semelhantes. Nós não
dizemos: amem as características principais do medo! Nós não dizemos: apóiem e
fomentem o trabalho dele. Nossa recomendação é simplesmente: prestem atenção à
existência dele, tomem conhecimento da característica principal do medo e observem
seus efeitos.
Se vocês quiserem começar a se ocupar com esse medo, que forma uma proteção em
torno da capacidade de amar a sua consciência, a fim de penetrar cada vez mais nessa
proteção, é bom que vocês exponham cuidadosamente as raízes dele, para saber do que
se trata. Nós demos a entender que as circunstâncias de vida e os pais são parcialmente
responsáveis pela formação da característica principal do medo. Isso, no entanto, não
significa que os pais e as circunstâncias da vida sejam os culpados. A criança também
não tem culpa de a sua alma precisar do desafio do medo para seu desenvolvimento. A
vida tampouco é culpada por fazer surgir os atritos necessários e os imprescindíveis
desafios.
Nós evitamos fazer qualquer julgamento e vocês devem fazer o mesmo. Nenhum
medo é pior do que outro, nenhum é melhor ou mais fácil de suportar do que o outro.
Cada um de vocês sente a dificuldade de carregar o próprio medo. Pode-se, com efeito,
suportar muito bem o fato de os outros também carregarem a característica principal de
seus medos de acordo com as circunstâncias; mas a verdade é que os medos das outras
pessoas perturbam vocês com seus efeitos. E, é por isso que vocês exigem dessas
pessoas o que não é possível para vocês mesmos, ou seja, que se desfaçam da
característica principal do medo ou renunciem ás suas manifestações.
Vocês não têm consciência do alcance que tem o medo básico dos seus semelhantes,
da mesma forma que não têm consciência de quanto estão enraizadas as suas próprias
falsas virtudes. Muitas delas são aceitas pelas tradições espirituais ou religiosas da
sociedade em que vocês vivem e por meio de imagens que vocês mesmos criaram, pois
nenhum de vocês gosta de contemplar o medo à plena luz do dia.
No entanto, não é simples coincidência que uma série de características principais
do medo por nós descritas, esteja relacionada com os sete vícios ou pecados capitais da
tradição cristã. Outras religiões também fizeram paralelos. Contudo, dificilmente os
sacerdotes dirão que os vícios e os pecados são formas de expressão do medo. Eles
condenam os pecados e não desconfiam de que aumentam o medo e acarretam
exatamente o que pretendem evitar. Eles castigam o pecador aumentando o infortúnio
dele. Reconhecer, entender, observar e aceitar ajudarão a pessoa consideravelmente a
não deixar-se dominar mais pelo medo, visto que isso é necessário para o
desenvolvimento da alma.
Não se insista em dizer que o medo básico deva desaparecer. O anseio por uma vida
isenta de medo é compreensível; contudo, enquanto a alma viver num corpo físico,
vocês não poderão viver totalmente livres dele. E algumas recordações assustadoras são
levadas de uma vida para outra. Essas recordações continuam tendo força até mesmo no
mundo astral. O medo só perde sua função depois da união energética da família
anímica e da mudança para o mundo causal da consciência.
Se vocês
contra querem
ele, pois enfrentar
ele reage o medo
ao ataque comprincipal, nós lhesou
força redobrada recomendamos não lutar
com uma retirada pouco
benéfica ao subsolo psíquico. O fato de o medo não gostar de se ver observado ou
analisado é uma experiência antiga. Quanto mais vocês se mostrarem interessados nele
e quanto menos vocês julgarem as formas de expressão de um medo, quanto menos
vocês desprezarem o medo principal e o medo básico subjacente e se castigarem por tê-
los, tanto mais se surpreenderão com o fato de o medo derreter suavemente como uma
geleira à luz do sol de verão.

A Característica Secundária

Nós dissemos que a característica principal representa as raízes da árvore do medo;


o pólo negativo dos diversos elementos matriciais forma os ramos e as folhagens. Os
galhos principais, contudo, se compõem da característica secundária e de seus pólos.
Também a característica secundária é escolhida por vocês dentre sete medos básicos.
Essa segunda característica do medo, que se junta à principal, também tem, como a
primeira, funções significativas. A primeira e mais importante função da característica
secundária é captar e encobrir os aspectos do ser que ainda não foram atingidos pelo
medo. Esses são os aspectos da vida a dois, dos colegas de escola, das discussões com
os membros da família; são aspectos que só começam a fazer efeito à medida que vocês
forem crescendo. Também na idade avançada eles dão trabalho, à medida que vocês
forem entrando em conflito com eles.
A primeira função da característica secundária do medo deve ser descrita como a
necessidade psíquica de incluir na vida os aspectos livres de medo, colocando-os sob o
domínio do mesmo. Isso soa como uma contradição, parece cinismo; no entanto,
normalmente, vocês não se sentem à vontade se não puderem sentir um pouco de medo.
Essa estrutura foi se formando ao longo de muitos milhares de anos. Vamos dar-lhes
um exemplo. A maioria de vocês cresceu num ambiente familiar em que a preocupação
dos pais com os filhos era mais importante do que o amor que tinham por eles. Em vez
de amor, muitos pais se refugiaram na postura da preocupação. Eles acreditavam que
quanto mais se preocupassem com os filhos, mais amor demonstravam. E "ter”
preocupações significava "temer” pelo filho. Quando se tornam adultos, vocês adotam
essa maneira de pensar e começam a se preocupar com os próprios filhos e com os pais,
já idosos. E isso, segundo pensam, é uma expressão do amor que sentem por eles. No
entanto, lhes dizemos que se trata de uma expressão do medo. Como quer que expresse
esse medo secundário, por meio da obstinação ou da avidez, do orgulho ou do martírio,
reconhecerão, quando for o caso, que isso contribui para que assumam uma postura
idealista, realista, espiritualista ou cínica diante da vida. Todas essas mentalidades são
marcadas por seus medos secundários e, assim sendo, vocês podem liquidar, por
exemplo, maldosamente a preocupação com a mãe idosa e, portanto, condenar essa
preocupação às regiões mais profundas da personalidade; ou então, podem sacrificar-se
altruisticamente por essa mãe idosa, embora nem ela nem a vida lhes exijam tanto
altruísmo assim.
Como dissemos, em todos os âmbitos do medo vocês podem usar todas as sete
características que, juntas, formam um modelo pessoal de medo. A característica
secundária então assume o comando, no caso de vocês terem de transcender o medo
principal em alguma vida. Isso sempre volta a acontecer: chega um ponto em que o
medo irrompe como um tumor, supura, ameaça envenenar tudo e depois se cura.
Quando o medo principal se tiver dissipado - em geral, juntamente com um motivo
facilmente reconhecível -, o medo secundário assume a função srcinal do medo
principal
seu maioreincentivo.
permite que vocês continuem
Contudo, vivendo numa
o medo secundário nuncasociedade que fez
exercerá sobre do medo
vocês o
o domínio
que a característica principal exerce.
O medo secundário sempre é menos desenvolvido do que o principal. Isso fica claro
sempre que se apresenta a possibilidade de ele interferir, especialmente no âmbito da
família, da parceria e da amizade; sempre que os relacionamentos humanos ocasionarem
certa intimidade, surge então o medo característico dessa proximidade. A segunda
função do medo secundário, portanto, é a regularização de proximidade e
distanciamento.
É por isso que a proximidade é o que indica o medo secundário. Quando ele se torna
perceptível, vocês podem perguntar a si mesmos: Quem é que se aproximou de mais de
mim ou de quem desejo aproximar-me mais? O medo principal é válido em vários
aspectos da vida que apenas indiretamente têm relação com as outras pessoas. O medo
secundário, pelo contrário, é ativado quando alguém se aproxima de vocês - ou, como
vocês acham muitas vezes essa pessoa se aproxima demais. “Perto demais” significa
que vocês se sentem pressionados, ameaçados ou vulneráveis, a ponto de ficar com
medo de não conseguir suportar a proximidade, ou com medo de desejarem que a
pessoa se aproxime ainda mais. Quando a proximidade é excessiva, vocês perdem o
controle que lhes é tão importante. O modo de vocês lidarem com a proximidade
humana dos semelhantes, o modo de lidarem com a intimidade, que nós consideramos
parte integrante do verdadeiro amor, cunha a posição de vocês diante desse sentimento.
No conjunto, o medo principal, o medo secundário e o pólo negativo formam a
estrutura do medo que existe em cada alma. Ambos os medos são escolhidos no período
entre vidas. As circunstâncias de cada encarnação são planejadas de tal modo que os
medos básicos podem fixar-se na infância por meio de situações traumáticas.

1 - A Abnegação
Medo da Incompetência.
- submisso; modesto +

Vocês estão dispostos a ouvir e, portanto, queremos dar-lhes informações sobre um


medo básico e sua característica principal. Muitos de vocês estão familiarizados com
ele, mesmo que não tenham esse medo básico. No entanto, todos vocês conhecem
pessoas que são dominadas por esse medo. Trata-se do medo da incompetência. É o
medo que se expressa por meio da abnegação. É o medo que se reconhece
freqüentemente quando uma pessoa é esforçada e ambiciosa, trabalha mais do que os
outros na empresa e, ainda assim, fica modestamente em segundo plano ou tem de
justificar e comprovar constantemente que está consciente do que faz.
A pessoa abnegada nega as próprias necessidades e dá muita importância às dos
semelhantes. Em geral, se apresenta de tal forma que pode ser facilmente aceita pelas
pessoas próximas: muitas vezes é considerada agradável visto que não cria problemas; e
mesmo a pessoa que sente abnegação, de início, nunca suspeita que seja algo
perturbador ou dissociável.
A abnegação, o medo da inutilidade, de não ser apta o suficiente ou de ser incapaz
revela-se em momentos de modéstia variados e agradáveis. Todos vocês conhecem
essas pessoas: "Ah, não, não ouso fazer isso. Vocês são bem melhores do que eu. Isso
não combina com meu estilo. Não posso fazer isso. É melhor eu ficar fora disso. Isso
não é para mim. Outros poderão enxergar isso de forma mais clara. Não entendo nada
do assunto! Posso ter um pouco da sua atenção? Mas o que fiz para merecer tanta coisa
boa?”
pessoaQuando esse medo
o demonstra da incompetência
por meio é inconscientemente
das seguintes afirmações: negado,
"Posso fazer tudomuitas vezes a
o que eu
quiser, quando quiser. Ainda vou mostrar a eles. Eu não cometo erros. Quando me
esforço para ser perfeito, gostam mais de mim”.
O ser humano que esconde de si mesmo e dos outros as necessidades pessoais e os
sentimentos, mas especialmente as aptidões, sabe como fazer para que os que estão à
sua volta se sintam grandes e competentes. Como ela se julga pequena e incapaz, todos
os que estiverem por perto parecerão maiores e mais importantes. Enquanto não
reconhecer que isso é fruto do medo, ele será aceito apenas por aqueles que logo se
sentem maiores, melhores e mais fortes na presença dele.
A pessoa que é atormentada pelo medo de não ser suficientemente bom, de não ser
competente, dá um jeito de fugir das situações em que se espera algo dela. Mas basta
uma pequena solicitação para despertar nela um sentimento de incompetência. Então ela
se esforça bastante para fazer alguma coisa, embora continue muito humilde. Trata-se,
no entanto, de uma falsa humildade, de uma atitude de submissão enraizada no medo,
uma submissão servil que deve anestesiar o medo. Os outros sempre são melhores, mais
corajosos, mais fortes do que ela. São mais saudáveis, estão mais evoluídos no caminho
espiritual e são mais bonitos e espertos. E essa atribuição aos outros fica oculta nos já
mencionados ímpetos de modéstia.
E aqueles que se sentem presos ás raízes da fé cristã têm muita facilidade para fazer
isso, pois a modéstia é considerada uma grande virtude e lhes abre um amplo espaço em
que podem desenvolver bem essa falsa modéstia. Mas também os que freqüentam os
círculos esotéricos ou os que trilham um caminho rumo à espiritualidade usam mal os
novos conhecimentos e as novas técnicas para se sentirem pequenos e insignificantes
diante do grande cosmo, diante dos iluminados e de todos aqueles que estão mais
adiantados do que eles. Eles próprios podem sentir-se muito pequenos, muito imaturos e
muito ignorantes diante da incomensurável amplidão e grandeza das dimensões
espirituais.
O medo da incompetência pode manifestar-se de forma muito ameaçadora quando a
pessoa que não confia ou confia muito pouco em si mesma se vê diante de um rival, de
uma entrevista profissional ou quando tem de se submeter a um exame. A pessoa com a
característica principal da abnegação atormentar-se-á até julgar-se totalmente
insignificante ou incapaz e, por isso, facilmente ficará para trás porque não acredita em
si mesma. E quando tem de fazer um exame, ela se convence tanto do fato de não saber
nada, de não ter aprendido nada, de ter esquecido tudo que não consegue abrir a boca; e
de que, seja como for, ela não será levada a sério. Não percebe que pode influenciar a
situação do exame. Ou quando não tem muita consciência do seu medo, por insegurança
ela estuda por tanto tempo e com tanto empenho que, no final, fica sabendo três vezes
mais do que é necessário saber para fazer o exame.
A modéstia se manifesta, em geral, como perfeccionismo ou auto-humilhação. As
várias possibilidades que a pessoa tem de se comparar com os outros serão apreciadas
por ela com prazer, e usará as manobras necessárias para colocar-se na posição em que
possa minimizar ou superestimar o seu valor. Contudo, como a modéstia e a submissão
são consideradas valores superiores, essa pessoa gosta de se identificar com essa
postura, orgulhando-se por isso; e ela se vê fortalecida pelo fato de os outros não se
sentirem incomodados com o seu medo, mas ao contrário, parecerem sublimados e
felizes. A pessoa com medo da incompetência precisará ter esses bocados de coragem
para reconhecer esse medo e para se libertar de todos os julgamentos pseudo positivos
dos quais chega a ter conhecimento em meio à sociedade.
A apessoa
tende negar com a característica
sua força, principal
seus talentos, da abnegação
sua capacidade nega oseu
de amar, próprio potencial.sua
calor humano, Ela
grandeza, e também a sua raiva, o seu ódio por todos aqueles que são maiores,
melhores, mais bonitos ou mais inteligentes do que ela. E é evidente que essas pessoas
existem. Há pessoas que têm mais a oferecer, segundo os critérios atuais. Mas a pessoa
que tem medo da própria incompetência “usa” esse fator real como prova da sua falta de
habilidade. Ela faz comparações sobre qualidade onde essas diferenças de qualidade se
tornam visíveis.
Às vezes, quando é criticada, essa pessoa se sente um pouco melhor, e pode até
dispor-se a se esforçar ainda mais. Ela acredita ainda mais na própria incompetência
quando lhe dizem que não é capaz de fazer algo, que é incompetente, que não sabe tudo.
Nesse caso, ela se sente à vontade, pois o que dizem dela corresponde à idéia que ela
tem de si mesma. Mas quando, ao contrário, a elogiam mencionando as qualidades que
tem, muitas vezes ela se sente mal, fica insegura e acha que estão zombando dela. A
pessoa que tem a característica principal de abnegação verá que os outros não
comprovam as suas qualidades. E o que recebe deles de um modo, de certa forma
misteriosa, nunca é suficiente. Essa pessoa, geralmente, terá de se esforçar muito para se
elevar, partindo do ponto para o qual ela mesma se rebaixou, pois qualquer aprovação
da parte dos outros despertará nela novos sentimentos de modéstia. Ela sempre acha que
não merece o elogio que lhe estão fazendo. Ela ainda tem de ser mais perfeita.
Na maioria das vezes, a pessoa com a característica da abnegação tem qualidades e
talentos admiráveis. Mas tem medo e se envergonha de se apresentar diante dos
semelhantes com esses talentos e qualidades. Em geral, na infância, ela passou por uma
ou várias experiências em que, como ser humano jovem, no auge de sua afirmação
pessoal, teve de enfrentar a rejeição por parte dos pais ou dos professores; isso a fez
ficar confusa entre sua afirmação pessoal e a aprovação dos outros. Como o jovem, com
sua já existente estrutura de incompetência em estado latente não costuma fazer
prevalecer o seu pensamento, mas o das autoridades que o criticam, ele lhes dará o
direito de decidir sobre ele, logo acreditará nos julgamentos negativos de pessoas
respeitáveis, certo de que isso é só uma comprovação da própria inutilidade.
A falta de valor, no entanto, não se baseia em conceitos morais e no valor como
pessoa - como acontece com os mártires -, mas na sua capacidade. Por isso, afirmações
do tipo “Não posso fazer isto. Não sei como fazê-lo. Preciso saber fazer tudo, ou ao
menos fingir que sei”, são mais freqüentes entre pessoas com medo da incompetência
do que entre as que têm o martírio como característica principal. O mártir sempre está
pronto para enfrentar qualquer problema e disposto a dar tudo de si para resolvê-lo. A
pessoa com a característica da abnegação nem sequer tentará fazer algo. Desde o inicio,
terá a sensação de que não está em situação de fazer algo, e que sua disposição, caso
tente, não será levada a sério por ninguém.
Prefere afastar-se, recolher-se em si mesma. Ela tem a tendência de querer - e passar
despercebida e de elevar pouco a voz. Quanto maiores forem os talentos que estão
adormecidos no seu íntimo, tanto menos gostará de mostrá-los. Por isso, é
especialmente triste para essas pessoas andar eternamente pela vida com uma carapuça e
ter de constatar, no final, que não foram vistas porque não se mostraram.
O ser humano com a característica principal da abnegação tem uma vida interior
rica, intensa e cheia de fantasia. Mas exteriormente muito pouco aparece, visto que tem
muito medo de ser julgado pelo que pensa sobre si mesmo. O medo básico da
incompetência logo passa a ser algo oculto que gera fantasias de grandeza como: “Um
dia eu vou mostrar a vocês do que sou capaz!” Essa pessoa almeja para si mesma tudo
aquilo que não considera possível na realidade. Por isso, gosta de dormir. Seus sonhos
muitas
alguémvezes se forte,
grande, relacionam com o atoPor
ou importante. dc voar,
outro elado,
freqüentemente a mostram
essa pessoa sofre como que
com sonhos
lhe infundem medo, nos quais ela vê os outros como seres superpotentes e a si mesma
como uma pessoa impotente, incapaz, desamparada, que não consegue lidar com o
poder excessivo dos outros. A pessoa com a característica principal da abnegação espera
sempre, intimamente, pelo dia em que alguém descubra nela aquilo que ela é capaz de
fazer. Ela espera que alguém lhe arranque o véu do rosto e se surpreenda com a
grandeza, a beleza, a bondade, a argúcia e a maturidade nele estampadas.
Portanto, seria muito útil que as pessoas atormentadas por esse medo tirassem
gradualmente as máscaras que as separam da realidade. É importante que essas pessoas
consigam identificar frases que mencionamos anteriormente, e que a vestem com trajes
da incapacidade, da incompetência e da ignorância, que possam detectar essas frases e,
sempre que se tornarem conscientes delas, juntá-las a uma pequena frase complementar
que diz: "Só eu espero isso de mim mesma.
Vamos dar-lhes um exemplo. Quando uma dessas pessoas diz: "Sinto que me
esforcei demais nesse caso”, ela tem de acrescentar: "Só eu espero isso de mim mesma”.
Quando ela disser: “Não posso fazer isto”, ela acrescenta: “Só eu espero isso de mim
mesma”. Ao dizer, “Você sabe fazer isso muito melhor do que eu”, ela pode
acrescentar: “Só eu espero isso de mim mesma”. Esse pensamento adicional também
não precisa ser dito em voz alta. Basta que seja acrescentado às frases-padrão que a
pessoa usa para se diminuir ou para se vangloriar, como um apelo à consciência.
Também é importante reconhecer que uma humildade que brota apenas do medo de
ser desprezado ou notado, de chamar a atenção e de ser castigado por isso, ou brota do
fato de se ver obrigado a se mostrar em toda a sua beleza e grandeza natural, presentes
em todo ser humano, não é uma humildade autêntica, mas uma lamentável muleta, um
ponto de apoio que usa o medo para poder continuar exercendo seu domínio. A
síndrome de ficar só, que brota da falsa humildade, em geral pode ser resolvida com um
grande ato de libertação de si mesmo. Esse ato muitas vezes assume a forma de uma boa
gargalhada. É por isso que o bom humor é uma ajuda valiosíssima para todos os que
sofrem com esse sentimento de incompetência. Vocês também podem estimular as
pessoas pelas quais se sentem amadas e respeitadas e ajudá-las a ver essa incompetência
com um pouco mais de bom humor. O bom humor é a melhor maneira de eliminar o
medo.

2 - A auto-sabotagem.
Medo da Vivacidade:
- autodestrutivo; sacrificado +

A auto-sabotagem é a expressão do medo de perder o controle do que parece


importante, necessário, imprescindível à vida. Quando, de certa forma, a pessoa fica
com medo de não conseguir controlar a própria vida, ela tenta destruir a realidade,
eliminá-la, apagá-la. Com isso, tenta não deixar a própria alegria de viver transbordar,
pois isso seria ameaçador demais.
Essa necessidade compulsiva pode conter tantas facetas, assumir tantas formas
quantos são os dias de vida de um ser humano. Quando, portanto, surge o medo de não
poder manter o controle sobre um relacionamento amoroso, a pessoa com medo da
alegria de viver prefere acabar com esse relacionamento a tentar viver e amar sem esse
controle. Quando alguém fica com medo de não poder controlar todos os aspectos da
vida profissional, ele decide inconscientemente fazer algo para encerrar essa carreira,
esbanjando dinheiro
próprio sucesso, ou cometendo
mesmo que ponha um erro desse
a culpa gravefracasso
de investimento. EleQuando
nos outros. mesmoessa
impede o
pessoa fica com a impressão de que o seu corpo não lhe pertence mais, ela de repente
resolve ficar doente, ela contrai infecções ou coloca à prova o seu sistema imunológico,
tentando destruir o próprio corpo, em vez de corrigir uma postura rígida ou
proporcionar ao corpo uma nova sensibilidade.
Se a pessoa com medo da alegria de viver estiver diante do risco de uma falência,
ela prefere arriscar o resto do seu dinheiro e perdê-lo no jogo do que admitir que não
pode bancar todas as exigências do mercado financeiro ou da bolsa de valores.
Como se pode ver, existem inúmeras possibilidades de uma pessoa sabotar a si
mesma, de destruir o que ela mesma construiu, de questionar o que e importante para
ela. Muitas outras medidas contribuem para abalar uma vida bem estruturada, intata;
abuso de medicamentos, abuso de drogas, consumo exagerado de álcool, suposta
liberdade de arriscar a saúde por meio de atividades esportivas exageradas ou
acrobáticas, escalando montanhas, mergulhando em profundidade, levando uma vida
supostamente ativa, em que a pessoa não concede a si mesma um minuto de descanso e
vive em busca do prazer aparente, para então ter um colapso nervoso ou, por excesso de
esforço, provocar um acidente grave.
O medo de não ter o controle da própria vida nas mãos em alguns ou em todos os
âmbitos faz as pessoas com a característica principal da auto-sabotagem tomar todo tipo
de medidas passivas ou também exercer atividades que de alguma forma tenham a
aparência externa de destrutividade; mas, com a prática e freqüência, essas atividades
fazem com que o corpo, o espírito, o relacionamento e a segurança dessa pessoa sejam
perturbados.
Quando uma pessoa com a característica principal da auto-sabotagem não quer
voltar sua agressividade contra si mesma, ela pode optar pela possibilidade de agir de
forma destrutiva com os outros, tirando-lhes a alegria de viver, diminuindo o nível de
energia do ambiente, sendo um desmancha-prazeres ou um eterno pessimista, fazendo
intrigas e destruindo o que é caro e sagrado para os outros. Essa pessoa acredita que
assim está exteriorizando as suas forças; no entanto, em última análise, o que faz contra
os outros está fazendo contra si mesma, contribuindo para que nem amizades nem
relacionamentos profissionais, nem uma paternidade satisfatória cheguem a representar
um papel duradouro em sua vida. Ela está constantemente presa aos esforços
inconscientes de não tolerar nada seguro e sólido em sua vida, pois todo o seu empenho
está voltado para roubar de si mesma o que poderia lhe dar essa segurança usando a
auto-sabotagem.
Quando percebe que em sua vida nada é estável - os casamentos fracassam, o
trabalho é insatisfatório, não leva ao sucesso ou ela é despedida, a saúde está arruinada,
a situação financeira lhe parece sem saída, essa pessoa resolve pôr fim à vida. Contudo,
o suicídio é o último passo levado em consideração. Uma vez que a vida da pessoa com
medo de viver está repleta de medidas para destruir a si mesma, freqüentemente ela
escolhe o suicídio como uma saída, sem perceber isso conscientemente: ela atribui a
culpa e as conseqüências dos seus atos aos outros.
Raramente a pessoa com esse medo ativo põe fim à vida. Mas quando faz isso, é
levada pela idéia de controlar a última coisa que lhe pertence. Como o pensamento de
não poder controlar nem a própria vida é insuportável, ela decide quando e como sua
vida deve terminar.
No entanto, a destruição de si mesma, provocada pelo medo da alegria de viver,
deve ser observada, em primeiro lugar, como uma auto-sabotagem quase imperceptível
na vida cotidiana. Tomemos como exemplo algo que mostra de forma impressionante a
banalidade
vestido que da
viuautodestruição diária:
na vitrine de uma lojauma mulherResolve
elegante. tem vontade de comprar
comprá-lo, mas a um
peçabelo
custa
muito mis do que a quantia de dinheiro que ela tem. Ela só poderá fazer a compra se
renunciar a algo importante, como a viagem anual de férias. Apesar da hesitação, ela
compra o vestido, veste-o logo, com a alegria de quem tomou uma decisão. Segue para
uma cafeteria elegante para festejar, e derrama café no vestido, tornando-o imprestável e
impedindo-a de vesti-lo outra vez. Esse é um exemplo típico de auto-sabotagem
inconsciente. A mulher da qual estamos falando não suporta tanta alegria, tanto prazer e
amor por si mesma; inconsciente e involuntariamente ela tem de destruir imediatamente
o que deu motivo para produzir tanto bem- estar e o aumento de alegria de viver.
Outro exemplo. Um homem marca um encontro com uma mulher com quem
simpatizou. Como essa situação o deixa muito inseguro, por não saber a reação da
mulher ao primeiro encontro e por não ter certeza de que terá sucesso na conquista, a
sua psique encontra uma maneira de ele exercer um pseudo controle sobre o
acontecimento. Por um lado, ele teme pelo pior e que ele fique num estado de
indisposição e mau humor graças às projeções sombrias da mente e aos maus
pressentimentos. Por outro lado, ele desenvolve um mau hálito insuportável por reprimir
a alegria do encontro e a excitação da expectativa; além disso, o rosto dele encheu-se de
espinhas e de manchas. O resultado é que a mulher, que também esperava pelo encontro
com alegria, voltou atrás e entraram em cena todas as suas reservas interiores que
passaram a ativar todas as suas próprias inseguranças e medos. Assim, o receio de não
conseguir controlar esse primeiro encontro e as reações da parceira fizeram com que a
situação fugisse das mãos do jovem e, no final, acontecesse exatamente o que ele temia.
Todos esses fatores e fenômenos, nós os definimos como auto-sabotagem. Toda
pessoa que demonstra ter essa característica principal passa na vida por uma
multiplicidade de acontecimentos semelhantes ou comparáveis e toma medidas
inconscientes que destroem aquilo que ela almeja obter. No entanto, raras vezes ela
toma conhecimento de que é ela mesma quem provoca tudo o que acontece, devido ao
medo que sente de não conseguir manter o controle da situação.
Como pólo de falsa virtude, a auto-sabotagem inclui a abnegação. Isso significa que
uma pessoa com a característica principal da autodestruição também tem a tendência de
sacrificar-se por uma causa ou idéia, por um ser humano ou por um projeto. Essa pessoa
negligencia as próprias necessidades, vontades e desejos, como se fossem
insignificantes, e procura reprimi-los nos calabouços recônditos da sua personalidade
não-verdadeira e aí eles se tornam invisíveis para quem está próximo.
A pessoa com a característica principal da auto-sabotagem sacrifica a si mesma no
altar dos seus medos. Diferentemente do mártir, ela faz isso em silêncio e sem queixar-
se. Ela não ousa sentir ou dizer o que lhe faria bem e a deixaria feliz. Ela não consegue
comunicar-se com os outros, ou porque pensa desde o inicio que ninguém atenderá seus
desejos, consolará suas dores, lhe dará um presente ou porque ela se recusa a expressar
suas necessidades aos outros por julgar que esses só reagiriam de forma negativa,
zombando dela ou talvez desejando destruí-la. A vontade de controlar a reação dos
outros leva-a a antecipar essa reação que, na maioria das vezes, ela imagina que será
negativa. Não é raro acontecer de o parceiro, um colega ou parente não estar a par dos
desejos dessa pessoa, admirando-se com o fato de ela rejeitá-lo e descartá-lo, embora
ele estivesse disposto a fazer tudo para torná-la feliz.
A pessoa que tem medo da alegria de viver, na verdade não quer ser feliz. Ela
acredita que a felicidade existe e fica imaginando como é, embora não seja honesta
quanto a isso e tenha decidido, sem perceber, não ter nenhuma chance de ser feliz.
Afinal, esse sentimento poderia desenvolver uma dinâmica própria sobre a qual ela não
teria
alguémmais
quecontrole.
se isola Portanto,
porque nãocom freqüência,
acredita que osela é umapossam
outros pessoainteressar-se
solitária, excêntrica,
pelo que ela
considera importante.
A falsa virtude do sacrifício pessoal também fica visível no caso de uma pessoa que
se preocupa tanto com um parente doente e se sacrifica tanto por ele que não vê os
próprios limites, abandonando a si mesma. Ela passa anos sem tirar um dia de folga,
distribui pessoalmente os remédios embora o doente não esteja paralisado nem seja
incapaz de se locomover, não admite a presença de uma freira ou do médico junto ao
doente, cuida de tudo e nunca deixa de dar a medicação prescrita.
Logo fica claro que, com esse comportamento, ela pretende não perder o controle
sobre o desamparo do doente, Este terá dificuldade para sarar, pois uma convalescença
tornaria a tirar, pouco a pouco, o poder do acompanhante, colocando-o em seu devido
lugar. O acompanhante aparenta ter muito amor pelo doente, no entanto, muitas vezes
esse amor tem a conotação de uma antiga antipatia não manifestada ou de uma
necessidade de vingança subjacente, que agora é vivida na forma distorcida de um
sacrifício altruísta.
O comportamento autodestrutivo manifesta-se de várias formas e encontra uma
maneira de fazer fracassar tudo o que a pessoa começa a fazer. Ela faz com que os
outros tirem vantagem dela, que o destino aja de forma cruel, que nunca lhe dêem razão
nos tribunais e que seja abandonada por todos os parceiros. Essas formas grosseiras de
auto-sabotagem, de muitas maneiras, predispõem ao suicídio, pois o acúmulo de
acontecimentos perturbadores faz com que o tipo de pessoa de quem estamos falando
acabe perdendo totalmente o controle e também se destrua fisicamente de modo ativo, a
fim de preservar um resto de controle pessoal e dignidade. No entanto, nós dissemos
que o suicídio - a destruição inconsciente, passiva de “acabar consigo mesmo” quando
não há outra solução - acontece com mais freqüência com essa essência anímica, mas de
forma menos chamativa e apresentando traços que despertam a compaixão dos outros.
Quem ouve a expressão “destruição de si mesmo” pensa imediatamente na destruição
do corpo com as próprias mãos. Contudo, o que nós entendemos por destruição de si
mesmo é diferente, embora inclua o suicídio como uma das muitas possibilidades.
Muitas vezes pode-se observar que a pessoa com característica principal do medo,
que tenha passado pela auto-sabotagem na infância em seu ambiente familiar, estava
disposta a fazer fracassar ou até mesmo destruir suas pequenas alegrias e prazeres.
Nesse caso, um dos irmãos pode ter quebrado seus brinquedos prediletos ou os pais
podem ser culpados por não promoverem a alegria infantil do filho devido a seus
próprios problemas. Eles podem ter agido com a convicção de que é preciso advertir a
criança contra esperar grandes alegrias na vida, ou de que é necessário prepará-la de
forma realista para as agruras da vida, dizendo, então, para o filho: “Não se alegre
demais! É provável que isso não dê certo. Isso não vai dar certo! Não fique tentando o
diabo, O passarinho que canta pela manhã, à noite vira comida de gato” e assim por
diante.
A destrutividade que permanece latente numa postura como essa, é pouco
perceptível, mas sua eficácia é bem duradoura. Na vida real pode haver uma perda
traumática na primeira infância, como a morte do pai ou da mãe, o fato de ser obrigada
a viver com parentes, de ser criada num orfanato e com métodos educativos
extremamente cruéis, como surras e castigos que destruíram o que havia de mais caro e
belo para a criança, aquilo com que ela se alegrava mais. Para não ter mais de suportar o
sofrimento, a criança resolve inconscientemente não se alegrar mais com nada; assim,
ela destrói o próprio brinquedo, combate as fantasias e distancia-se dos amigos
prediletos, antes que essas possibilidades de satisfação e de alegria sejam destruídas
pelos
Emoutros.
conseqüência disso, quando essa criança atinge a idade adulta, tem a impressão
inconsciente de que não existe na vida nenhum motivo para se ter alegria. O medo da
alegria de viver é tão grande que torna a pessoa cega às possibilidades naturais, sempre
presentes, de sentir alegria e de gozar a vida. Quando uma pessoa começa a reconhecer
que, de muitos modos, está sabotando a si mesma, é aconselhável que comece a
perceber desde cedo o grande potencial de alegria à sua disposição.
Isso acontece de forma mais duradoura por meio da memorização dos pequenos e
grandes momentos de alegria; pois esse tipo de pessoa costuma esquecer bem depressa.
Convém manter um diário em que se possa anotar, a todo instante, esses momentos
aprazíveis - mesmo os que pareçam insignificantes - e acontecimentos que lhe
trouxeram alegria e vivacidade; em pouco tempo, a pessoa que costuma sabotar a si
mesma mudará sua postura diante da vida, tornando-se mais positiva, além de começar
a encarar de outra forma a alegria de viver.
Vivacidade é alegria. O sentido dessas duas palavras é o mesmo. Até mesmo no
sofrimento existe uma parcela de alegria. Vale a pena tornar a descobrir as dimensões
da alegria e integrá-las no âmbito das dolorosas experiências anteriores.
3 - O Martírio
Medo da Inutilidade:
- autopunitivo; abnegado +

O medo de ser inútil, que pode aumentar até tornar-se a certeza dolorosa da
inutilidade, faz com que a pessoa faça o papel de mártir. Ela se transforma numa mártir
porque acredita que é capaz de oferecer-se como alguém que enfrenta uma situação e
permite que a magoem mesmo quando todos os demais já fugiram do perigo. Isso
confere-lhe um valor que só é atenuado pelo medo de ser castigada pela mentira.
O ser humano com a característica principal do martírio está tão profundamente
convencido da própria inutilidade, que não consegue desvencilhar-se dessa convicção.
Ele nega o seu direito à existência. Em muitos casos, essa pessoa foi uma criança
indesejada ou abandonada. E porque não consegue viver com a sensação de não ser
digna de amor, ela passa a vida toda tratando de provar o próprio valor.
Essa pessoa prova seu valor para si mesma e para os outros em todos os momentos;
e faz isso dia e noite. Nesse empenho é incansável, justamente porque a certeza que
busca nunca é alcançada e porque, com o passar dos anos, seus medos aumentam e ela,
como um viciado, tem de fazer sempre mais, oferecendo-se sempre de modo altruístico
como alvo de repreensões e de culpa, para manter intato o seu frágil equilíbrio.
Na vida do mártir, a culpa representa o papel principal. E como atribui a si mesmo a
culpa de tudo o que acontece com ele e com os outros, só para aumentar o seu valor,
logo chega ao ponto em que não consegue mais carregar o fardo e, portanto, tem de
atribuir a culpa aos outros para descarregar um pouco seu fardo. Como
conseqüentemente se sente culpado por fazer isso, pode imaginar-se em má situação
outra vez; e aí o fato comprova que ele não vale nada. E num passo subseqüente ele
renunciará ainda mais à sua personalidade, entregar-se-á mais ainda às possibilidades de
sair ferido e à sua disposição de sofrer, para aliviar o sofrimento dos semelhantes.
O mártir acha que não vale mais a pena ser valorizado pelos outros. Ele teme
despertar o ódio dos demais e da sociedade se tiver uma imagem saudável de si mesmo.
E para evitar isso, ele assume uma posição moralmente irrepreensível, para que possa
julgar que quem o ataca ou lhe faz criticas não reconheceu o valor que ele tem. Ele
busca a maior
defender estejasatisfação
num grauno fato deem
inferior não se defender.
relação Acredita que
à sua dignidade. Ele toda tentativa
se compraz emde se
deixar-se magoar para poder recolher-se à sua torre de marfim, na qual ele se
engrandece e aumenta o seu valor, e de onde pode olhar de cima para os que precisam
criticar os semelhantes e mostrar-lhes sua incompreensão.
Ele chantageia emocionalmente todas as pessoas à sua volta, na expectativa de que
essa pressão as faça reconhecer que ele tem valor. E para exercer essa pressão, sem ter
de agir ativamente, o mártir se recolhe, alegando ter alguma doença que preenche duas
funções, segundo seu padrão de valor. Por um lado, ele acredita que uma pessoa só pode
adoecer quando se estressou colocando-se a serviço dos outros e, portanto, sofre um
colapso causado por esgotamento. Por outro lado, está convencido de que a sua doença
o lança em dificuldades, sem culpa, e lhe dá a oportunidade de finalmente merecer a
atenção e a dedicação dos outros, que ele nega a si mesmo. Só quando não está mais em
condições de se sacrificar em silêncio porque ficou doente, ele acredita que os
semelhantes - pelo fato de ele ter ficado impossibilitado de agir - cheguem à conclusão
da verdade, tendo por fim de reconhecer tudo o que ele fez, tudo o que conquistou e
tudo o que conseguiu realizar. E espera que eles sejam tocados pelo arrependimento.
O mártir fica satisfeito quando, por meio da doença, consegue aquilo que tentou
obter por seu altruísmo - gratidão, atenção admiração e amor -, deixando de ver, no
entanto, que para isso, perder a saúde é um preço muito caro a pagar. Ele costuma sofrer
de doenças crônicas, de longas enfermidades, de males que despertam a compaixão dos
outros. Visto que não está na condição e nem quer defender-se ativamente, e visto que
só a passividade pode mitigar os seus medos, normalmente ele sofrerá calado e
heroicamente, sem fazer alarde das suas dores e dificuldades; assim, mais una vez
obrigará os outros a cuidar dele e a tomar como verdadeiro o seu sofrimento, sem que
ele tenha de fazer algo para isso. Seja como for, os outros devem admirá-lo pela sua
capacidade de resistir ao sofrimento ou, ao menos, sentir-s culpados diante de tanta
coragem de sofrer sem se queixar.
Ele exige consideração, não com palavras, mas por meio dos seus atos, e ao mesmo
tempo exerce tirania sobre os que estão à sua volta valendo-se de seu sofrimento
silencioso. Assim, todos fazem o que ele quer e lhe dão o que precisa, sem que ele
mesmo tenha de pedir e sem que ele tenha de se submeter à rejeição ou ofensa.
O mártir se compraz em não fazer exigências e em estar sempre disponível para os
outros, no intuito de repreendê-los pelo fato de o explorarem e de não reconhecerem os
seus legítimos direitos. Ele não gosta de cuidar de si mesmo, embora se preocupe
excessivamente com os outros. Ele não tem facilidade para controlar as circunstâncias
da própria vida a fim de garantir segurança e proteção. Ele renuncia aos seus direitos na
esperança de que os outros os garantam a ele de livre e espontânea vontade ou que eles
lhe sejam atribuídos por consolo. Em última análise, ele espera que reconheçam seu
valor na hora da sua morte. Então, sim, ele acredita, todos sentirão sua falta e, por fim,
tomarão conhecimento do que ele significava para eles, reconhecendo o seu valor. E se
ele tiver uma forte ligação com a religião, o mártir acredita que será recompensado no
reino dos céus pelos seus sofrimentos e ofensas, pela sua atitude de renúncia e pelo seu
altruísmo.
O mártir é uma repreensão ambulante no ambiente em que vive. Perto dele as
pessoas têm mais sentimentos de culpa do que podem suportar. O que o mártir quer
evitar - ser abandonado, rejeitado e ignorado como uma coisa sem valor -, acontece
facilmente e confirma a sua inutilidade, Pois conseguimos nos livrar da pressão moral
exercida pelo mártir se nos afastamos ou temos discussões acaloradas que, no entanto,
precisam
de uma vezterminar bem,Isso
por todas. pois o valor doe mártir
o acalmará é indiscutível
o deixará e tem
confiante por umdebreve
ser comprovado
lapso de
tempo, pois a certeza que lhe é dada não corresponde ás suas expectativas. O mártir
descobre novos motivos para se desvalorizar e para lutar para ser valorizado, porque ele
precisa disso para viver.
Porém um ser humano com a característica principal do martírio, disposto a dar sua
vida para ser valorizado, é facilmente manipulado. Ele está disposto a dar tudo de si
para obter uma prova definitiva do seu direito à vida, para ter certeza do seu valor
pessoal. Ele se vende e se trai na esperança interminável de um dia não precisar mais
que os outros o valorizem, e poder defender esse valor firmemente dentro de si mesmo,
por ter juntado provas suficientes para isso. Ele se oferece e jura lealdade a qualquer um
que lhe atribua ainda que um mero sopro de valor. E está convencido de que uma boa
coleção de pequenas constatações de seu valor, no final, será suficiente para comprovar
a sua qualidade.
O mártir não gosta de pedir, pois isso desmascararia sua carência. Ele gosta que os
outros adivinhem e percebam as suas necessidades. De certa forma, o mártir é orgulhoso
a seu modo. Ele não consegue sair dessa situação por iniciativa própria, mas espera
passivamente que o seu valor seja reconhecido; ele não ousa exigir um gesto positivo de
aprovação, pois tem muito medo de que esse gesto lhe seja negado, que seus desejos
secretos não sejam dignos de serem adivinhados por alguém com quem conviva - um
esforço, afinal, tão pequeno! Quando o mártir faz um pedido e é atendido, ele não
consegue mais ter alegria com o que obteve. Sente que seu desamparo foi confirmado e
reage amargamente ao fato de ter sido obrigado a pedir, em vez de ser presenteado com
o que queria. Ele prefere conformar-se com o fato de que não é reconhecido nem
amado, do que ter de lutar para que lhe sejam concedidos direitos que, na verdade,
ninguém lhe nega a não ser na sua fantasia.
O mártir cultiva a falsa virtude do altruísmo em medida excepcional. Ele se esforça
para ser sempre generoso e abnegado e, assim, procura apresentar um espelho para os
outros, pois só quando acha que os que estão à sua volta são menos nobres e abnegados
do que ele mesmo, eles também têm menos valor. Assim, o seu valor pessoal de mártir é
maior. Quando percebe que sua abnegação não é aceita, que ninguém realmente dá
valor ao seu sacrifício, ele prefere castigar os que estão à sua volta. Mas isso, por sua
vez, exige uma ação ativa, uma ação com a qual teria de se expor, de se confessar. Mas
como expor-se é sua maior dificuldade, prefere castigar a si mesmo, atribuir a si mesmo
todas as coisas pelas quais quer castigar os outros por sua suposta falta de amor.
A tendência a punir a si mesmo se mostra não só por meio das já mencionadas
doenças crônicas e psicossomáticas, mas também pelos acontecimentos externos, por
catástrofes e tragédias que acontecem com o mártir porque, na opinião dele, ele é a
personificação da inocência e da bondade, o que contribui para que lhe aconteçam
coisas que os outros nunca atrairiam sobre si. Tudo por falta de precaução. Ele tem
dificuldade para perceber que suas catástrofes e tragédias pessoais são um resultado da
sua energia de medo. Pelo contrário, ele acha que essas catástrofes são uma confirmação
de que a vida o trata como se fosse uma madrasta, e ele sente que está entregue
desamparadamente ao mais ignóbil e vil destino: “Dediquei-me a vida inteira aos outros
e agora estou aqui sozinho; ninguém se preocupa comigo. A vida de fato é injusta.
A atenção dele está sempre voltada para os que ele ama e de cujo amor ele depende.
Ele tenta fazer com que essas pessoas dependam dele, para assim diminuir o medo que
sente pelo fato de ele se recolher em si mesmo e deixar as coisas para mais tarde, em
quase todos os aspectos da vida. Isso faz com que as pessoas que o amam sintam a
consciência pesada e tenham sentimentos de culpa. O mártir renuncia aos seus direitos.
Ele cumpre com dedicação
responsabilidades que aindatodos os deveres,assumir.
não conseguiu sem se Quando
queixar, não
alémtem
de parentes
acumularpróximos
todas as
para torná-los seus dependentes, arca com o sofrimento do mundo e a responsabilidade
por todas as questões políticas, ecológicas ou comportamentais possíveis, para não se
desequilibrar emocionalmente, devido ao medo.
A pessoa com a característica principal do mártir renuncia ao amor. Também
renuncia ao reconhecimento, às exigências que outras pessoas fariam como, por
exemplo, um salário justo ou um lugar confortável para dormir, um local de trabalho em
que não haja correntes de ar. As palavras “bem feito para minha mãe se minhas mãos
congelarem. Por que ela não compra luvas para mim?”, é a expressão típica do mártir.
Ele quer ser louvado pelo fato de sacrificar sua saúde e sua vida em favor de uma causa.
E considera essa convicção o seu bem mais precioso. Sejam quais forem os ideais dele,
estes podem ser reduzidos às seguintes idéias: "Se eu renunciar a tudo, um dia serei
recompensado”.
E como o mártir só pensa nessa recompensa, quando se rende, ele dificilmente
conseguirá deixar o medo de lado e começar a reivindicar seus direitos naturais ao ar, à
luz e à vida, ao amor e ao reconhecimento.
O mártir não gosta de ser ajudado, pois ele acha que receber ajuda é uma
constatação da sua inutilidade. No entanto, precisa do apoio de outra pessoa, seja de um
médico ou terapeuta, uma vez que não consegue conformar-se com o fato de ser tão
pouco competente e, ao mesmo tempo, tão desamparado. Por isso, é especialmente
difícil para uma pessoa com a característica principal do martírio admitir o seu medo e
suas fraquezas, pois a abnegação a leva a não confiar em ninguém a ponto de deixar que
cuidem dela.
Quando uma pessoa com o medo de ser inútil aceita ajuda, seja para pendurar as
cortinas ou para dominar seus medos, ela é arremessada ao precipício de novos medos,
unicamente pelo fato de que essa ajuda tornou sua vulnerabilidade aparente. Por isso,
ela só consegue sentir alívio quando se dispõe a questionar os seus conceitos de valor.
Quando o mártir consegue decidir-se a analisar se de fato vale a pena esforçar-se tanto
para fazer tudo sozinho, mantendo os outros a distância, se vale a pena ser sempre
aquele que dá e que nunca recebe, negando aos semelhantes a chance de fazer algo bom
por ele, ele tem de levar em conta se o orgulho que tira da sua abnegação realmente lhe
da aquilo que promete.
À sua maneira, o mártir também está tão isolado, devido ao medo que sente de sua
vida ser inútil, quanto o orgulhoso, que se mantêm distante dos outros por medo de ser
magoado. O mártir precisa dos outros para que esses confirmem constantemente o seu
valor ou a sua inutilidade, mas não pode de fato ficar perto deles, uma vez que não
permite que tenham idéias próprias com relação ao valor das pessoas e decidam por eles
mesmos se acham ou não dignas de seu amor as pessoas com a característica principal
do martírio. Ele se fecha em si mesmo negando constantemente o amor que lhe é
oferecido, sem perceber, visto que se fecha ou, como crê, se mantém “à salvo”,
afirmando que não tem necessidade desse amor. Quando as pessoas que têm um mártir
por perto ou na família querem cuidar dele e ajudá-lo a deixar de ter medo, também é
necessário agir com a máxima cautela. É preciso fazê-lo entender - da melhor forma
possível - que ele é amado, mesmo quando é egocêntrico ou egoísta; além disso, é
preciso prestar atenção ao fato de que a idéia que os mártires têm desses conceitos é
diferente da de outras pessoas. Para um mártir, entrar no banheiro antes dos outros
membros da família ou servir-se de uma colher a mais de pudim já significa ser egoísta.
O mártir sempre espera ser recompensado e amado por atitude de renúncia. Quando
brincamos com ele, tentando
trabalho, exagerando um pouco questionar
sem, no seu papelferi-lo,
entanto, de mártir na família ouque
assegurando-lhe no local de
reconhecemos seus méritos, mas não estamos dispostos a aceitar que se apodere de
todas as chances de ser abnegado sozinho, romperemos o isolamento dele e lhe daremos
a entender que o seu valor independe das suas ações. Mostramos que ele não precisa
esforçar-se tanto para ser reconhecido, e que ele - bem ao contrário do que acredita -
encontrará mais consideração, simpatia quando se mostrar como é e cortar uma bela
fatia do bolo da vida e consumi-la com prazer, em vez de renunciar generosamente a
ela, tirando dos outros a satisfação de vê-lo tendo esse prazer.
Um indivíduo com medo da própria inutilidade se queixará freqüentemente de que
os outros tiram proveito dele. Tem poucas possibilidades de ver o quanto contribui para
que os outros ajam assim com ele, e o quanto a compreensão que tem de si mesmo
depende do fato de os outros lhe roubarem energia. Para mudar essa atitude de medo do
mártir é preciso que as pessoas que o amem rejeitem gentilmente, mas com firmeza, as
ofertas dele para que o explorem, dando a entender que se sentem ofendidas por não
terem oportunidade de mostrar o amor, o carinho e a consideração que sentem por ele.
O maior anseio da pessoa com o medo básico da inutilidade é ser uma pessoa de
valor. No entanto, ela acredita que o valor só pode ser adquirido por ações abnegadas ou
conquistado pela renúncia. Quando consegue reconhecer que aquele que acredita no
próprio valor é importante, sem que tenha de comprová-lo ou vê-lo comprovado ou
desmentido pelos outros, ela se sente salva. Não precisamos provar nosso valor por
meio do trabalho. O valor existencial de um ser humano sempre está presente; ele nasce
da dignidade da sua alma, não há possibilidade de negá-lo. O valor de um ser humano
está na beleza eterna da alma. O valor da alma não pode ser outorgado nem tirado dela.
Ele é sua propriedade, seu bem incontestável. E é isso que o mártir não consegue
acreditar. Ele está convencido de que ações "boas” ou "más” podem alterar o peso da
sua alma. Por isso, uma pessoa com essa característica principal pode ajudar-se melhor,
procurando ter confiança no valor da sua alma, que é inimitável e incomparável.

4 - A Obstinação.
Medo da Inconstância
- obstinado; decidido +

Nenhum dos medos básicos é mais freqüente do que o medo da mudança. Todos
vocês acham que estão interessados em viver algo novo, diferente, em modificar sua
situação, em progredir, em não ficar estagnados. Mas isso não passa de um mero desejo.
A maioria das pessoas que vive num corpo, faria o máximo para que tudo continuasse
sempre igual, caso isso fosse possível. Com o que elas conhecem, elas se sentem
seguras. Querem que aquilo em que confiam nunca mude.
Poucos de vocês estão dispostos, nem que seja apenas filosoficamente, a considerar
que a vida e a mudança estão inseparavelmente ligadas uma à outra, que viver significa
mudar. A cada respiração o seu corpo se modifica, cada centésimo de segundo o planeta
se modifica. A vida é e continua sendo imprevisível. A única coisa que permanece
constante é o próprio princípio da mudança. E negar esse princípio significa negar a
vida. Mas as pessoas que têm medo de mudanças imprevisíveis, no entanto, tentam
negar esse medo. E isso as torna obstinadas.
Se a pessoa com esse medo foi mais feliz por certo tempo, como todas as outras, ela
quer preservar essa felicidade, quer fixar essa sorte; e se predispõe a fazer tudo para que
a felicidade não se vá, sem reconhecer que é justamente essa atitude que põe em perigo
aquilo que elaelaquer
certo tempo, logopreservar.
se adaptaEàssecondições
a pessoa com
que medo da incerteza
provocaram foi infeliz durante
sua infelicidade. Embora
ela viva dizendo que gostaria que as coisas fossem diferentes, certa de que gostaria
realmente de modificar a situação, o seu medo faz com que ela crie uma série
inacreditável de argumentos para provar que o que ela tem ainda é melhor do que o
desconhecido que poderia ter de enfrentar.
O medo da mudança é o medo do desconhecido. O ser humano conhece o que
existe. Aquilo que não existe inspira-lhe medo, porque foge do seu controle. Ele não
sabe o que pode provir dele. E ele quer muito passar de uma situação conhecida para
outra, pois a insegurança lhe inspira um medo profundo. Quando, portanto, as mudanças
são inevitáveis, a pessoa com a característica principal da obstinação se decidirá
extraordinariamente depressa pelo novo, e ela se adaptará firmemente e com
determinação à situação; ela muda para poder, tanto quanto possível, sujeitar-se à
mesma. Ela gosta de ser admirada pelo fato de tirar de cada situação o melhor. O
desconhecido, o novo, lhe infundem medo - e é por isso que movida pelo medo, ela logo
busca encontrar o novo, enfrentá-lo com decisão, na verdade até buscá-lo, observá-lo
em todos os seus aspectos, tornar-se conhecedora de tudo o que desconhece, a fim de
poder apoderar-se disso e assim eliminar outra vez o medo. Isso pode relacionar-se com
pessoas novas, com mudanças no emprego, mudanças no status social, mudanças na
saúde, mudanças em tudo o que compõe as facetas da vida.
A atitude decisiva que uma pessoa obstinada manifesta quando uma mudança é
inevitável e, ao mesmo tempo, imprevisível, dá a ela uma sensação de força. Depois de
tomar uma decisão que há tempos era necessária, e que modifica uma situação que ela
manteve igual por tanto tempo até se tornar insuportável, o obstinado sente-se bem mais
animado. A possibilidade de largar o velho, e a suspeita de não ter ainda o domínio
sobre o novo, confere a ela um momento de lucidez entre duas fases do medo. Seus
olhos brilham e, embora o medo a domine, ela tem de deixar temporariamente de lado a
idéia de dominar a situação.
Não saber o que vai acontecer é horrível e, ao mesmo tempo, fascinante. Estar outra
vez aberto, ficar livre da obstinação é como libertar-se de uma prisão. Mas muito
depressa a pessoa obstinada - por medo de não conseguir assimilar o novo -, construirá
para si outras prisões. E então se admira por tudo estar outra vez igual ao que já foi um
dia, depois de ter feito tanto para provocar a mudança. E quando outra pessoa quer
modificar essa situação, quando as mudanças incômodas lhe forem impostas pelos
outros, ele tende a adotar uma postura rígida e obstinada, recusando-se a aceitar essas
mudanças, persistindo obstinadamente em sua opinião, para que assim o novo não
venha a acontecer.
É difícil convencer o obstinado da sua sorte. Ele quer realizar tudo do jeito que lhe
parece certo. E aquilo que lhe parece certo, na maioria das vezes é errado. Contudo, ele
se recusa a ver isso. Tem grande dificuldade para reconhecer o que de fato o faz
progredir, pois, progredir, crescer, desenvolver-se sempre significa mudança. O
crescimento da alma é incerto para a mente racional, visto que segue regras próprias.
Todas as pessoas obstinadas sofrem - sem o saber - por causa da idéia de que elas
podem, sozinhas, modelar a própria vida. Quem tem medo da mudança, quem tem medo
do novo e, principalmente, quem tem medo dos aspectos imprevisíveis daquilo que
ainda não conhece, tenta muitas vezes negar que a vida seja responsável por tudo, que
tem forças dinâmicas próprias, e procura moldar tanto quanto possível a própria
existência. Assim, essa pessoa deixa pouco espaço, pouco tempo e poucas
oportunidades para a preservação daquilo que no indivíduo as forças antepostas podem
realizar e concretizar em conjunto.

peloPortanto,
novo. A apessoa
pessoaobstinada
obstinadanão
ficaé presa
aquelaentre
que seus
nuncadesejos pelo velho
quer modificar e seuSóanseio
nada. que ela
precisa determinar quando, como e de que maneira deve haver uma mudança. Todas as
pessoas que querem modificar o obstinado terão de gastar muita saliva. Só poderão
contar com algum sucesso quando oferecerem à pessoa obstinada a oportunidade de
decidir por si mesma.
A obstinação é uma expressão da necessidade, um caminho pedregoso para evitar o
desamparo e sentimentos de pesar e de solidão. O obstinado está decidido a percorrer o
caminho íngreme, árduo e difícil e a tropeçar muitas vezes porque a necessidade de
superar grandes dificuldades e de sobreviver, apesar de todo sofrimento, tornou-se um
hábito antigo e criou uma ilusão de força e de resistência que o mantém com vida. O
obstinado costuma temer que os atos de resistência que preservaram sua auto-imagem
possam mostrar-se desnecessários e, assim, tirar-lhe grande parte de sua identidade e do
seu sentido de viver.
O obstinado, muitas vezes, tem dificuldade para lidar com subordinados, e tem
dificuldade em ter de admitir e ter de ceder. Muitas vezes isso se deve ao fato de, na
infância, não ter podido demonstrar uma teimosia saudável. Isso impediu o
desenvolvimento da vontade e por isso, na idade adulta, ele tem de impô-la, batendo os
pés; por isso tem de teimar obstinadamente dizendo: "Farei do jeito que eu quiser,
mesmo que isso me prejudique. Não me importo”.
O medo da mudança, que leva à vontade de que tudo continue como está ou que
volte ao estado conhecido, muitas vezes tem suas raízes em experiências da primeira
infância que provocaram uma grande insegurança. Em geral, a criança que, na idade
adulta, sente medo de mudanças teve pais pacientes e afetuosos ou, ao menos, uma mãe
carinhosa e cheia de calor humano; portanto, ela viveu os primeiros meses de vida
cercada de proteção e acha que nunca a perderá. Porém, logo chega o dia em que a mãe
ou os pais passam a ter outras preocupações e exigem da criança que ela fique mais
independente. Talvez eles estejam esgotados ou doentes, talvez tenham chegado ao
limite das suas forças e possibilidades.
Muitas vezes, pode tratar-se apenas de uma fase temporária, mas para a criança de
poucos meses, deixada sozinha, por alguns dias, com pessoas estranhas, por exemplo,
essa fase dura uma eternidade e, de certo modo, é assustadora, de uma forma que não
seria para uma criança que, desde o inicio da vida, recebeu poucos cuidados e carinhos.
A súbita mudança de uma situação em que ela se sentia protegida e feliz, para a
sensação de abandono, da falta de orientação, que se assemelha a uma queda no vazio, é
uma experiência fatal que deixa na criança uma semente de medo com relação a toda
mudança repentina e inesperada. Não são as diferenças graduais que afligem uma
pessoa com a característica principal da obstinação. São os acontecimentos imprevistos,
marcantes e surpreendentes que lhe custam esforço para manter o equilíbrio. É o medo
que ataca a pessoa com a característica principal da obstinação, fazendo-a temer que
haja algo que não possa ser calculado, algo com que ela não possa contar, algo
imprevisível. Por isso, ela teme todas as situações que não consegue controlar bem e
que não conhece ao menos um pouco. Um acontecimento inesperado que vier com certa
veemência pode fazê-la cair num abismo e na depressão, que perduram por muito tempo
até que a pessoa consiga livrar-se deles.
Quem escolheu obstinação como característica principal deve fazer uma
retrospectiva e procurar reviver alguns acontecimentos traumáticos da infância. O fato
de conseguir relembrar alguns acontecimentos em que ela teve de se adaptar a algumas
mudanças súbitas e radicais chamará a atenção dela. Entre esses acontecimentos podem
estar uma descoberta, uma decepção, uma perda, um abandono – todos imprevisíveis e
incontornáveis.
Como todos vocês sabem, a incerteza é parte inerente à existência. No entanto, a
pessoa obstinada gostaria de aniquilar essa lei natural. Com o medo de que o mesmo
pânico mortal, que sentiu quando perdeu a proteção pela primeira vez, possa ser
suscitado novamente, ela projeta para o futuro uma seqüência interminável de
acontecimentos semelhantes, embora de forma mais atenuada. E como, naturalmente,
assim como acontece com todos os seres humanos, ela constata isso a cada momento em
cada vida, vai se tornando cada vez mais nítida a idéia de que ela tem de se precaver
contra mudanças súbitas - com toda a força e energia que tem, da melhor forma
possível. Portanto, a pessoa obstinada fará tudo para antecipar-se diante do
incontrolável e do imprevisível. Ou, quando isso não for possível, ela passará por cima
de todos os obstáculos tão corajosamente quanto puder, com uma coragem
decididamente mortal. Mas como, para ela, isso representa um perigo, quando surgirem
novos acontecimentos imprevisíveis, ela também terá forças para fazer frente às
situações que, a seu ver, ameaçam sua vida. Essa pessoa torna a se empenhar ao
máximo para prever o momento em que uma ameaça se aproxima dela no sentido
descrito.
Esse domínio decisivamente corajoso das dificuldades chamamos "determinação”.
Outrora ela foi apropriada, ao instalar-se pela primeira vez no caráter do ser humano,
pois, na verdade, na primeira situação traumática de perda, tratou-se de uma questão de
sobrevivência. Mas depois, na idade adulta, não se trata mais de uma questão de vida ou
morte. No entanto, as forças são evocadas como se assim fosse.
Teimosia, rigidez, obstinação, inflexibilidade são fenômenos interiores.
Contrariamente, a pessoa obstinada muitas vezes age como se ninguém gostasse tanto
de mudanças freqüentes quanto ela. Sua vida está em constante movimentação e, sem
cessar, ela busca novas possibilidades para mostrar para si mesma e para o mundo que é
flexível e está sempre disposta a mudar. Mas isso não passa de uma forma sofisticada de
luta contra o medo, pois enquanto a pessoa obstinada se mantém em movimento por
vontade própria, e enquanto mantêm as coisas mobilizadas ao seu redor, ela não tem
necessidade de ter medo. A pessoa obstinada tem mais medo do que as outras de ficar
presa e de morrer de sede na prisão do que é irreversível.
Sua ferrenha determinação a ajuda a ultrapassar as fases de estagnação com rapidez.
A estagnação que essa pessoa observa em si mesma e nos outros provoca abominação.
A pessoa obstinada diz ser corajosa, ter força de vontade e confiança. Sua vontade é
sagrada. Quando outra pessoa se dispuser a ir contra a vontade dela, não terá sucesso. Se
uma pessoa obstinada chegar ao pólo negativo da rigidez, da obstinação, da
inflexibilidade e da teimosia, não há nada no mundo que a faça desistir do seu ponto de
vista ou de permanecer em determinada situação.
Dissemos que a obstinação é a mais freqüente característica principal. Se de fato
fosse assim como vocês pensam, que todos vocês gostassem de mudar e de buscar o
novo, haveria muito mais mudanças positivas a registrar no mundo. Mas, assim que
surge uma grande mudança, os obstinados que se encontram entre vocês cuidam para
que logo tudo se acomode outra vez. E os conservadores, os tradicionalistas, que muitas
vezes personificam a obstinação nas instituições, querem por sua vez voltar ao antigo,
retornar ao que eles já conhecem, pois era lá que se sentiam a salvo. Conforme o ponto
de vista, vocês consideram a Antigüidade uma época saudosamente bela ou sentem
vontade de deixar o passado para trás tão depressa quanto possível. Os impacientes
entre vocês mal conseguem esperar pelo surgimento da Nova Era, pois têm medo de
perder algo do que venha a acontecer.
Do nosso
de vocês, ponto de vista,
da perspectiva o novo
do plano não ésob
físico, melhor do que
os limites daso leis
velho.
da Mas do ponto
dualidade, de vista
vocês têm
de oscilar como pêndulos entre os pólos do velho e do novo. O velho, na verdade, não é
melhor do que o novo, o novo não é melhor do que o velho. A mudança em si não é boa
nem má. Ela é uma lei da natureza. No entanto, vocês vivem com medo de perder a
proteção do velho e de ficar completamente abandonados, perdidos e isolados. Pessoas
com a característica principal da obstinação sofrem devido ao medo de serem
abandonadas ou de que as deixem cair. Sempre que esse medo tentar apoderar-se de
vocês, vai servir-lhes de bom meio o contato pessoal, para terem outra vez consciência
da solidariedade e a sensação de que não correm nenhum perigo.
Por contato pessoal entendemos duas coisas. Quando um ser humano afetuoso
constata que uma pessoa obstinada está presa nas garras do medo, e não consegue
escapar delas por si mesma, muitas vezes basta tocá-la na mão, passar o braço ao redor
dos seus ombros ou acariciar seu rosto. Caso o medo se torne excessivo, não há nada
que possa ajudar a eliminá-lo mais rápida e definitivamente do que pegar o obstinado
nos braços irradiar-lhe calor humano ou até carregá-lo no colo como se fosse uma
criancinha, pois a falta de proteção e o medo de ser abandonado são exatamente o que
provocou a sua característica principal.
Se, contudo, o contato físico com outra pessoa não for possível, a pessoa obstinada
pode pôr em prática a maravilhosa experiência, a ponto de amainar o seu medo,
começando o contato físico consigo mesma, passando as mãos pelo corpo, acariciando
suas próprias faces ou seus próprios braços. Seria uma pena se ela quisesse desistir
dessa possibilidade, que encerra segurança para si mesma. O contato físico e o ser-
contatado-fisicamente são os meios terapêuticos que dissipam a tensão, a rigidez
dominada pelo medo e a aferrada obstinação, e que podem livrar o obstinado de sua
determinação rebelde, povoada de medo, que a convence de praticar certas ações, por
mais vezes do que ela gostaria, o que não lhe faz bem.

5 – A Avidez.
Medo da Carência:
- insaciável; presunçoso +

O medo da carência leva a pessoa a manifestar a característica principal da avidez.


Trata-se do medo de não ter o suficiente, de ficar atrás, de passar fome, de ficar sem
alimento, de ter de fazer algum tipo de renúncia. Para pessoas diferentes existem
fenômenos de vida diversamente benéficos que lhes parecem imprescindíveis. Se
marcada pela característica da avidez, a pessoa sente que quer ter, na vida, cada vez
mais de uma determinada coisa, à medida que quer prescindir menos dela, e entra em
pânico quando não consegue o suficiente.
O que será que ela cobiça? Os objetos dos seus desejos são tão multifacetados
quanto a própria vida. A pessoa ávida quer ter mais daquilo que, aos olhos dela, está
faltando: mais vivacidade, mais felicidade mais sucesso, mais dinheiro, mais atenção,
mais paz, mais consideração, mais amor, mais perdão, mais direitos, mais saúde, mais
clareza, mais crescimento, mais beleza e mais substância. A lista poderia se estender
longamente e quanto mais antiga for a alma com essa característica da avidez, mais
sofisticados serão os objetos que ela cobiça. Ela não cobiçará as mesmas coisas que uma
alma jovem. Em primeiro plano não estão mais a carreira, o sucesso, o reconhecimento
ou os bens materiais; cada vez mais o medo a fará preocupar-se com a falta de contato
com outras pessoas, de amor e de gratidão.

faltaAconquistar.
avidez levaAo
a pessoa a usarela
que parece, toda
estásua energiaapara
disposta obter
deixar parao trás
que as
presumivelmente
coisas sem lhe
importância, renunciando às mesmas desde que consiga obter em medida suficiente
aquilo que o seu medo lhe apresenta como indispensável. E o ávido sempre fará com
que seu objetivo esteja bastante longe, ou seja, até mesmo inalcançável, pois só assim a
sua cobiça pode ser mantida e ele pode viver da energia que ele projeta nela. Quando
uma pessoa é ávida por dinheiro, lhe será negada a sensação de satisfação que os outros
sentem com a conquista de uma determinada quantia. O dinheiro nunca será suficiente.
O medo sempre lhe dirá: "Só quando tiver tanto ou tanto você estará seguro.
E quando a pessoa está ansiosa pelo sucesso, esse sucesso nunca lhe bastará. Ela
sempre desejará ter mais. O mesmo acontece com a avidez por reconhecimento ou
atenção, por conhecimentos espirituais e por uma determinada quantidade de
experiências. O cobiçoso sempre tenta, devido ao medo que sente, receber em medida
suficiente o que quer. Ele sempre dá um jeito de nunca ficar realmente contente com o
aspecto da sua existência que suscita a avidez.
Como a avidez é considerada um defeito grave na sociedade, o cobiçoso se vê
forçado a voltar o seu medo da carência para áreas reconhecidas pela sociedade - como
o sucesso ou os bens materiais. Ou, então, ele decide não mostrar sua cobiça para
ninguém e adota uma postura de resignação que simula para si mesmo, como também
para os outros, fingindo poder viver com pouco ou com quase nada. Assim, por
exemplo, afirma que pode muito bem renunciar ao amor, à atenção, ao sucesso e
também aos bens materiais. Com freqüência, são justamente aqueles que vivem em
ascese voluntária os que não conseguem lidar com o medo da carência; por isso mesmo,
preferem “atrair” essa carência, entregar-se voluntariamente a ela, a admitir a avidez
que sentem e a recriminarem-se com severas normas interiores.
A característica principal da avidez está, em grande medida, por trás das normas
ideológicas ou éticas de determinadas sociedades, grupos de pessoas ou classes sociais,
pois, como vocês sabem, em alguns círculos não se recrimina a avidez por alimentos
sofisticados ou por aventuras inusitadas; outros círculos aceitam o fato de se cobiçar a
iluminação ou experiências transcendentais sem ser rejeitado. Em outros grupos ainda, é
natural o empenho para se ganhar dinheiro e obter fama. Muitas vezes, o que é
considerado tabu num círculo, em outros é considerado o essencial e é encoberto por
altas valorizações. E a pessoa ávida terá de orientar-se por esses critérios.
Uma pessoa que cobiça a vivacidade num ambiente familiar ou social em que a
vivacidade é encarada como ameaça à ordem vigente, transforma-se numa pessoa
inquietante e incômoda por seu individualismo e praticamente incapaz de sentir que é
censurada pelo que considera imprescindível. Então, ela tem a possibilidade de libertar-
se das normas que não lhe servem mais ou, então - o que acontece com mais freqüência
-, reprimir sua avidez, interiorizá-la e transformá-la em seu oposto. Nesse caso, ela
pode, por exemplo, retrair-se bastante na vida, refugiando-se nos sonhos e mostrando-se
ainda mais inativa do que o meio exige.
A avidez declarada é para aquele que a sente e a expressa, mas também para os que
a observam, sempre dolorosa ou até mesmo estranha. As pessoas que estejam perto de
um ávido que demonstre claramente sua cobiça, logo se sentem ameaçadas e tentam
posicionar essa pessoa dentro de seus limites, pois o cobiçoso está inclinado a abusar.
Ele está determinado a ter o máximo possível daquilo que gostaria de ter, apoderando-se
das coisas; e seu medo não lhe permite calcular as reações dos outros, que consistem na
rejeição e no abandono. A sua avidez acaba afastando os outros e é causa de separação.
Mas muitas formas de avidez não contrariam radicalmente as normas da sociedade,
como, por exemplo, a avidez pela justiça ou pela comida; elas se tornam tão evidentes -
no
maisandamento de um
do que o seu processo
meio ou num
imediato. peso
Ela não corporalcontrolar-se
consegue excessivo que a pessoanão
e também ávida sofre
consegue frear. Ela tem a impressão de que morrerá se não conseguir aquilo que pode
mitigar o seu medo - seja a avidez por justiça, seja a avidez por comida.
A pessoa ávida às vezes ouve dos outros que ela espera demais da vida ou se
apropria de mais do que deve. Com muito mais freqüência, no entanto, essa pessoa
ávida deixa claro para as outras ou para os expoentes de grupos sociais que eles é que
não têm vergonha, que estão enriquecendo indevidamente, que cometem faltas contra as
formas da modéstia e da ascese religiosa e as formas socialmente postuladas. A pessoa
ávida é muito mais sensível à cobiça dos outros do que à própria.
A pessoa ávida tem medo de morrer de fome, por isso vocês entenderão quando lhes
dizemos que essa característica do medo, a carência, é predominantemente estimulada
numa criança quando, por excesso de zelo a alimentação, apesar de ministrada com
dedicação incondicional, é muito insuficiente. Mães que são de opinião de que seus
filhos só devem ser amamentados em horários fixos predeterminados, mães que por
causa das próprias incertezas se esquecem de alimentar os filhos a tempo, geram em
seus bebês o medo constante de nunca ter comida suficiente, Isso leva a criança, muito
cedo, a esforçar-se por comer mais e armazenar mais do que pode digerir. E logo se
desenvolve na criança a seguinte idéia: “Comer é amar; tenho de tomar cuidado, tenho
de prestar atenção para obter o suficiente, tenho de comer o que puder, pois nunca se
sabe se oferecerão alimento outra vez”.
E quando uma criança engorda muito porque come demais por ter medo de que
depois vá sentir falta, ela é mantida intencionalmente sob dieta rigorosa pela mãe, o que
reforça o medo da carência. Esse medo se manifesta anos depois, na forma de uma
visível redução de peso, devido a uma obsessão por regime ou bulimia, ou por uma
obesidade pronunciada, em que a pessoa armazena gordura como medida de precaução
para tempos difíceis. Só quando esse medo de não receber o suficiente for sublimado,
ele pode fixar-se em âmbitos menos concretos.
Já dissemos que a avidez por conhecimento e sucessos espirituais também é uma
expressão do medo; medo de não chegar na hora certa ao lugar que se pretende chegar,
medo de desperdiçar a vida, medo de ir para o inferno ou de ser castigado por motivos
kármicos. Tudo isso pode provocar formas de avidez que se tornam visíveis ao
observador atento, mas que dão à pessoa oportunidades suficientes de justificar seu
medo da carência. O mesmo acontece no caso da avidez por uma boa saúde, por um
relacionamento sem conflitos, por satisfação sexual ou diversão e distração.
A avidez leva, como vocês podem imaginar, imperceptivelmente a algum tipo de
vício. Por isso, vocês encontrarão muitas pessoas com medo da carência entre os
viciados que, desamparados, estão entregues à sua cobiça. O medo de não poder se
descontrair leva os viciados às pílulas, o medo da falta de sensações fortes se mostra
constantemente no vicio das drogas alucinógenas; o alcoolismo não raro é expressão de
uma falta de proteção e da vontade de esquecer algo. Contudo, com os viciados em
busca de sucesso, de amor ou de riqueza acontece o mesmo. Sempre que o medo da
carência assumir o controle da pessoa ávida, ela será dominada pelo vício a ponto de
não conseguir mais se controlar.
Quando a pessoa cobiçosa consegue dominar o medo de não conseguir o suficiente -
seja lá o que -, para livrar-se do jogo do medo, é aconselhável que ela saiba primeiro em
que aspectos da vida pode submeter-se a uma ascese voluntária. Pois a ascese é o lado
oculto e, portanto, mais perigoso da avidez. Em seguida, ela poderá pedir conselhos
para outras pessoas e refletir sobre o que lhe parece ser mais importante e mais difícil de
obter na vida. Para a pessoa ávida é extraordinariamente importante identificar
claramente o objeto
aqueles aspectos quedaidentificou:
sua cobiça.“Será
Então,
queelaposso
podeobter
começar
maisadisso?
questionar
Possoe ganhar
a examinar
mais?
Posso demonstrar o que quero?” Isso porque o medo do castigo por uma manifestação
pública de avidez está profundamente arraigado e bastante difundido no cobiçoso. Essas
pessoas vivem com medo de que lhes tirem o que querem ter e, por assim dizer, lhes
batam nos dedos quando estenderem as mãos para apoderar-se das coisas.
A pessoa ávida pode tornar-se amiga de sua cobiça quando ela lhe for favorável,
pois então verá que já tem e já recebeu muito mais do que conseguiu notar. A pessoa
cobiçosa sempre se acha pobre com relação àquilo que cobiça. Nesse sentido, ela se
considera um verdadeiro mendigo. Só diante de uma observação mais acurada, diante da
tentativa de confessar a si mesma a sua avidez, tornar-se-á claro para ela que ela não é
uma pobre criatura desamparada diante da vida, como pensava; agora que é adulta não
existe mais ninguém que lhe possa negar a alimentação básica e que possa ameaçar a
sua vida. Ela poderá reconhecer que está em condição de comprar os próprios
alimentos, que não depende mais de outra pessoa para alimentá-la ou para carregá-la no
colo; sem maiores problemas, no momento certo, ela pode dar a si mesma dedicação e
amor de que sente falta. Então, ela pode descontrair-se e constatar subitamente que
recebe dos outros mais do que antes, visto que não envolve mais sua avidez com o
manto da crença; seja como for, nunca tal pessoa receberá o suficiente daquilo de que
precisa.
Quanto maior a freqüência com que a pessoa com a característica principal da
avidez e com o medo da carência conseguir satisfação nas pequenas coisas do dia-a-dia,
seja com doze pedaços de torta ou com uma tórrida noite de amor, seja comprando
conscientemente tudo o que sempre quis ter, mesmo que isso abra um rombo em sua
conta bancária, ela poderá lidar com seu medo de não ganhar o suficiente e com muito
mais facilidade, poderá minimizá-lo. Assim, ela se tornará um ser humano mais livre,
descontraído e satisfeito.
Todo exercício desse tipo ajudará a pessoa a reconhecer que sua situação de
carência não é tão ameaçadora quanto ela achava que fosse. E quando ela, com esses
exercícios, puser na cabeça que é capaz de amainar o vento das velas do barco da
avidez, essa então será uma medida sensata a ser adotada pelas pessoas que têm o medo
essencial da carência.

6 - O Orgulho.
Medo de Ser Ferido.
- vaidoso; orgulhoso +

O orgulho é uma reação ao medo de não ser visto, de não ser considerado e de, por
isso, ser ferido. O orgulho é a característica principal de todo aquele que teme ser
passado para trás ou ignorado. Também surge naqueles que não ousam mostrar-se, mas
que insistem em que os outros reparem neles. E quando os outros não fazem isso, são
considerados antipáticos e tolos.
Falamos aqui de um orgulho que é alimentado nas fontes do medo. Também há
outras formas de orgulho que provém da presunção social, ou o orgulho que se deve à
boa aparência física. Esses tipos de orgulho nem sempre surgem do medo de não ser
admirado.
O orgulho é uma característica principal que separa as pessoas muito mais do que
todas as outras características principais, pois é exatamente isso que o orgulhoso quer:
ser diferente dos outros, destacar-se, ser admirado pela sua excentricidade e,
especialmente, por do
uma idéia confusa suaque
superioridade. Como
seja amar e ser acontece
amado tantaspara
é o motivo vezes, também
uma forma nesse
de caso
expressão do medo. A pessoa orgulhosa sente-se mais isolada do que as outras; e ela
explora esse isolamento sem perceber, de uma forma constante, a ponto de o orgulho
tornar-se um sentimento vital. Contudo, ela acredita que só pode conquistar o amor ao
se apresentar para o próximo como alguém que sabe mais, que pode mais e que, em
princípio, tem acesso a segredos que estão ocultos aos demais. Um desses segredos é ela
mesma. A idéia de que tem de ser amada e admirada unicamente pela sua singularidade
está profundamente arraigada. Nenhum fracasso pode levá-la a deixar de acreditar que a
superioridade é o único meio de que dispõe para granjear a simpatia dos outros.
Já dissemos que uma pessoa com a característica do orgulho se isola muito mais dos
outros do que pessoas com outras características. A barreira que constrói entre ela e
aqueles por quem quer ser amada é o seu muro de proteção. A pessoa orgulhosa é tão
vulnerável, tão sensível, tão facilmente ofendida em sua auto-estima que acredita que só
pode sobreviver se proteger-se constantemente da proximidade dos outros. Ela é muito
carente, mas não sabe por que; também não deixa que os outros percebam sua carência.
É vulnerável, principalmente porque tem baixa auto-estima e precisa de medidas
enérgicas para manter-se forte. Ela está pessoalmente convencida da superioridade do
seu valor. Isso a torna diferente das pessoas com a característica da abnegação, bem
como das que se valem do martírio para expressar o medo.
Geralmente, o orgulhoso é ainda mais cheio de si do que parece. Acha insuportável
quando seu valor é posto em discussão. O seu valor pessoal é a sua obstinação e o seu
castelo. Mesmo que nenhuma das pessoas à sua volta tenha reconhecido ou vá
reconhecer o seu valor, ele sabe que esse valor existe. Mas é óbvio que ele superestima
esse valor, por ter medo de que possa ser posto em dúvida.
O orgulhoso é como um negociante que vende uma mercadoria rara em determinado
país; por exemplo, alguém que vende miçangas num lugar em que elas são muito
cobiçadas. Afinal, ele tem consciência de que a mercadoria que tem para vender é rara
e, por isso, pede por ela uma quantia que ninguém estará disposto a pagar, visto que é
exorbitante. Se aparecer alguém vendendo miçangas por um preço mais baixo, o preço
despropositado do primeiro negociante terá de cair imediatamente.
Assim sendo, a pessoa com essa característica principal vive atormentada com o
medo secreto de que surja alguém que seja maior, mais inteligente, mais capaz e de
maior valor do que ela, pondo em xeque o altíssimo valor que estabeleceu para si
mesma.
Assim, para se proteger, essa pessoa tem de menosprezar todas as pessoas que
pareçam constituir, mesmo que de longe, uma ameaça em seu círculo de convivência. E
mais orgulhosa ainda será a sua atitude para com as pessoas que, segundo o seu
julgamento, não chegam nem aos pés dela. Por essas pessoas demonstra grande
simpatia, sente afeto e demonstra interesse, ao passo que com aquelas que possam ter as
mesmas aptidões que ela, ainda que de fato não as tenham, passará facilmente a ter uma
relação competitiva ou de rivalidade; a pessoa orgulhosa fará tudo para triunfar sobre
elas ou para deixá-las no lugar onde mereçam estar.
O orgulhoso tenta administrar o seu medo, na medida em que se retrai para não ter
de sentir o isolamento que ele mesmo provoca. Ele gosta de ficar a sós porque, nesse
caso, ninguém pode atacá-lo ou deixá-lo inseguro. Com freqüência, trata-se de um
grande ególatra, pois o fato de fazer algo que ninguém mais faz, de pensar em algo em
que ninguém mais pensou, lhe dá a certeza da sua grandeza e do fato de ser
insubstituível; e ele precisa dessa certeza para não sentir solidão. Muitas vezes, ele tem
dificuldades devido à rigidez que domina o seu corpo, pois o estado de tensão é
permanente em sua se
admite que alguém vida e serve dele.
aproxime para manter
Essa é aintatos os seus muros
sua preocupação de defesa.
principal. Ele não
Ao mesmo
tempo, anseia por um contato verdadeiro e profundo, por um contato que o envolva e o
faça ter a expectativa de ser aceito e amado, caso ouse sair do seu refúgio e se mostre
desprotegido diante dos seus semelhantes; quer ser aceito mesmo que os outros fiquem
sabendo como ele é em uma hora de fraqueza: vulnerável, tímido, inseguro e
extraordinariamente carente de amor.
As pessoas com a característica principal do orgulho se dividem em dois grupos
distintos, Aquele que projeta sua arrogância para fora pode ser rapidamente identificado
por vocês, pois facilmente se dá a conhecer. Eles são suficientemente corajosos e
capazes de estabelecer contato e de subestimar, repreender ou mostrar abertamente a
tolice ou a incompetência do próximo.
O outro grupo esconde o orgulho por trás de um muro de silêncio. Desse grupo
fazem parte todos os que são tão inibidos, tímidos e vulneráveis, que guardam a imagem
que têm da própria grandeza e do próprio valor como se fosse um segredo perigoso. São
aqueles que não confiam esse segredo a ninguém, os que se isolam mais ainda e os que,
mais do que os outros, temem que alguém chegue bastante perto para descobrir esse
segredo. Caso isso aconteça, o segredo se desfará imediatamente, não terá mais valor e
não cumprirá sua função de proteção.
A pessoa com a característica principal do orgulho sempre é acanhada ou tímida. No
entanto, as pessoas do primeiro grupo vencem esse acanhamento, enquanto que as do
segundo não vêem nenhuma possibilidade de romper o muro de separação por meio de
palavras eloqüentes ou observações afáveis. As pessoas que vivem sua arrogância
somente no íntimo, são aquelas que nunca dizem nada, embora pensem bastante. Elas
nunca nos fariam suspeitar que se sentem superiores a todos os outros. Acontece
exatamente o contrário; elas ocultam essa certeza, visto que temem não ser capazes de
superar seus semelhantes; ocultam dos outros a sua suposta grandeza, para não os
molestar ou assustar e para não lhes dar a impressão de que são pequenas e
insignificantes.
O orgulhoso é mais sensível do que qualquer outra pessoa quando se trata de
descobrir a hipocrisia, a expressão de falsidade no falar e as inverdades em geral. É por
isso que nunca nos podemos aproximar dele por meio de adulações, de falsos
sentimentos ou da admiração e do falso respeito. O medo de ser magoado e
desmascarado aguça de tal forma sua sensibilidade, que o orgulhoso prefere
desmascarar os outros, fazendo isso com sucesso. Assim, o orgulhoso deixa de ver que
com suas estratégias de desmascarar as pessoas, ele afasta aquelas que, em sua maneira
desajeitada e amedrontada, procuram aproximar-se dele. Por isso, quem se predispuser a
amar uma pessoa arrogante, terá de ficar atento para nutrir por ela apenas sentimentos
autênticos e honestos, seja de perto, seja à distância. A pessoa com a característica
principal do orgulho consegue suportar melhor quando o parceiro ou algum membro da
família lhe dá a entender que não concorda com suas atitudes ou com o seu modo de
expressão. Isso ela sente mais claramente, como uma prova de amor, da mesma forma
como, ao contrário, desde o inicio descarta como falsas as promessas e juras de amor.
Como a pessoa orgulhosa faz questão - e tem de fazer questão - de sua superioridade
moral, espiritual, prática ou teórica, ela deseja ver ao seu redor pessoas que reconheçam
essa superioridade, sem serem afugentadas por ela, mas que lhe deixem também a
possibilidade de tirar temporariamente a sua “couraça” ao menos “em casa”. Assim
poderá viver o ser humano que reprime em seu interior, mas do qual toma
crescentemente conhecimento à medida que envelhece: um ser humano que tem a pele
mais
que asdelicada,
que não mais fina, mais
conhecem sensível
o medo do quedaamágoa.
destruidor dos outros. Ela é mais vulnerável do
A pessoa com a característica principal do orgulho está sempre com medo de ser
magoada, embora não consiga admitir facilmente essa possibilidade, pois quer ser e
ficar incólume. Prefere separar-se dos demais e sentir-se incompreendido, prefere
recusar todo tipo de proximidade, em vez de assumir a possibilidade imaginária de ficar
decepcionada caso deixe alguém se aproximar, forçando passagem pelo seu muro, a
ferir.
Por isso, é importante que as pessoas que amam uma pessoa com a característica
principal do orgulho tenham muita paciência e mantenham uma distância segura a fim
de minimizar a defesa do orgulhoso. Todo impulso impetuoso demais fortalecerá os
muros que ele criou para se defender, ao passo que uma atitude cuidadosa, sem
cobranças, paciente, de expectativa, dá ao orgulhoso uma possibilidade de abandonar
lentamente o tormento da sua solidão e de reconhecer que as portas fechadas em seu
íntimo podem ser abertas com facilidade; e que poderá trancá-las outra vez a qualquer
momento, quando o seu medo assim exigir.
Estabilidade, lealdade e sempre novas oportunidades não exigentes de amor são a
libertação mais eficaz da prisão do medo que uma pessoa orgulhosa erigiu em volta do
âmago do seu ser. Quando ela reconhecer e aceitar que as expressões do seu orgulho e
da sua condescendência são, primariamente, uma forma de expressão do seu medo de
ser ferida, ela achará mais fácil abandonar o castelo em que se refugiou, tal como
acontece com a maioria que é atormentada pelos seus medos básicos; pois ela logo
sentirá o extraordinário alívio e o crescente calor físico e mental quando, apesar desse
medo de aproximação, deixar que o parceiro e os outros a amem. A altivez que a
tornava uma pessoa inacessível se desfará. Ela se deixará tocar quando tiver certeza da
fidelidade do parceiro e da lealdade dos amigos.

A Impaciência.
Medo da Negligência
- impaciente; ousado +

A impaciência é expressão do medo de perder uma boa oportunidade. O impaciente


conhece muitos modos de justificar sua impaciência, pois sua impetuosidade, sua
vontade de acelerar tudo e se precipitar na direção dos seus objetivos, em geral são
consideradas por ele emoções muito positivas; e o fato de ter pressa raramente é tido
como chocante no contexto social da sua vida. No entanto, no curso da vida, a pessoa
impaciente poderá reconhecer - e caso queira crescer terá de reconhecer - que o seu
esforço para fazer tudo com tanta rapidez e eficiência é devido ao seu medo apresentar-
se como um obstáculo em seu caminho; ela terá de reconhecer que essa necessidade a
separa daquilo que busca de todas as maneiras alcançar, ou seja, a impede de ser a
pessoa que está no lugar devido na hora certa.
O impaciente não consegue aceitar o momento como verdadeiro. Ele acha difícil
aceitar como perfeito o que existe hoje e agora. Está sempre à espera que aconteça
alguma coisa diferente, alguma coisa nova, alguma coisa melhor; e tem medo de se
tornar apático por recear perder essa outra coisa nova e melhor. Por isso separa-se
daquilo que o poderia tornar pleno: uma paz que brota da consciência de que tudo o que
existe agora sempre é o certo. Ninguém é capaz de reconhecer menos isso do que a
pessoa impaciente.
Quem tem a característica principal da impaciência põe a si mesma e aos outros sob
forte pressão.
impaciente Pelo
nega a sifato de sempre
mesmo querer tudo
a possibilidade dediferente do que épessoal.
obter satisfação no momento,
Ele estáo sempre
correndo o risco de trocar o perigo, a satisfação, pelo tédio. A satisfação lhe parece uma
situação sem graça de estagnação. Só quando tem um objetivo pelo qual se esforçar
incansavelmente e que possa perseguir com impaciência ele se sente feliz. Quando
alcança o objetivo, um vazio desagradável toma conta do seu ser e isso o impede de
aproveitar os frutos da sua busca.
O impaciente pode conseguir muitas coisas na vida, mas sempre terá dificuldade
para alegrar-se com o que obteve, pois cada etapa da sua longa viagem, passando de
uma oportunidade para outra, o deixará com a impressão de estar dividindo: ele aceitará
o que obteve como um degrau da escada que leva a uma suposta felicidade. A
impaciência provoca inquietação. O impaciente sofre por não conseguir parar. Ele se
agita e, mais do que isso, agita os outros, que ele emprega como ajudantes na realização
dos seus objetivos turbulentos, que com a revolta dos seus medos - os quais, em última
análise, levam todos ao medo da morte prematura.
A impaciência como característica principal muitas vezes surge quando o recém-
nascido corre o risco de perder a vida durante a gravidez, no parto ou nos primeiros
anos de vida, ou quando não tem certeza sobre se quer viver ou não a encarnação
escolhida, com todas as suas conseqüências. Essa hesitação, esse medo de viver faz com
que a alma da criança prefira sempre não estar no lugar em que está. Ela quer voltar ao
colo materno ou ao plano astral, onde esteve durante certo tempo para descansar. E
como esse descanso lhe fez bem, tem saudade; anseia voltar para lá. No entanto, no
plano astral, ela tinha a certeza de que queria encarnar outra vez para dedicar-se a
missões e deveres que ela mesma se impôs. A ânsia por paz, que surge em meio à
inquietação do nascimento e dos primeiros meses de vida - especialmente se a criança
tem alguma doença ou deformidade - determina a sua vida, despertando nele o desejo de
paz eterna. Contudo, a criança vive e não quer destruir essa vida que acabou de obter
com tanto esforço. No entanto, ela preferiria estar em outro lugar e em outro estado.
Quando a alma compreende que ambas as coisas são impossíveis, ela não vê outra
solução senão viver a vida, de modo tão rápido, eficiente e metódico quanto possível. E
nisso consegue ser extraordinariamente paciente. E sempre que o seu jeito impaciente
de agir diminui de intensidade, o que do nosso ponto de vista pode fazer surgir a
verdadeira qualidade de vida, a concentração e a paz, a pessoa impaciente se sente mal,
começa a duvidar e, de preferência, quer por um fim na sua vida, visto que considera
esse tempo de paz uma fase em que nada acontece; ela acha que sua vida perdeu o
sentido.
Nós já dissemos que a impaciência se deve ao medo de ter de morrer antes da hora,
pois uma pessoa que não consegue ter certeza absoluta de que a sua vida se prolongará
por tanto tempo quanto a alma precise para cumprir as suas tarefas, sempre terá medo de
não ter tempo suficiente e de ter de se separar do corpo antes que tenha alcançado a
pretendida satisfação. O medo da morte prematura e em hora inoportuna gerará a
mencionada intranqüilidade, uma inquietação existencial que faz com que a pessoa
caracteristicamente impaciente busque incansável e desesperadamente o sentido da
vida; essa busca impede que ela perceba que o “fato de estar viva” encerra o sentido da
sua vida, que não há sentido a ser buscado fora dela, em outro lugar, em outro estado,
em outra atividade, em outra satisfação, a não ser no próprio fato de estar viva e de dar à
alma a possibilidade de cumprir suas responsabilidades num corpo, e percorrer o
próprio caminho que escolheu com cuidado, sem jamais questionar essa escolha.
Ao contrário, a pessoa controlada pelo orgulho sempre se vê tentada a colocar a
saúde e a vida em risco, enfrentando desafios arriscados e apressando-se em enfrentar as
dificuldades da vida
por assim dizer, por meio defazer
lhe asseguram ousados empreendimentos
escolhas mais acertadas.espirituais ou físicos,
Simbolicamente, issoque,
pode significar que seja o que for que ela fizer contra si mesma, e seja qual for o perigo
a que se exponha, a morte foge dela e o além, pelo qual sente atração por um lado, e
medo pelo outro, a rejeita. Por conseguinte, ela espera se libertar de forma tão rápida e
turbulenta quanto possível da eterna dúvida sobre se vale ou não vale a pena viver.
O impaciente quer que a vida lhe prove clara e definitivamente que ele é digno de
viver, que é necessário e que é amado do jeito que é e no lugar em ele que está. As
provocações atrevidas, as ações ousadas o hábito de se expor a algum tipo de perigo -
seja no campo do relacionamento humano, seja por meio das forças da natureza -,
transmitem à pessoa marcadamente impaciente a forte sensação de estar viva. Nesses
períodos, ela acalenta a esperança de que o seu objetivo de dar sentido e validade à vida
logo será alcançado.
No entanto, em outros casos, tem medo de que tenha de desperdiçar a sua vida com
a ilusão da falta de sentido da sua vida. Nós nos expressamos assim, mas para o
impaciente não se trata de uma ilusão. Ele então se despreza tanto por essa razão que,
conforme se percebe, não consegue dar sentido à vida, caindo ainda mais fundo no
desespero, na confusão e na falta de horizonte.
Nesse caso, ele se torna impaciente consigo mesmo; e, para não se martirizar demais
nem ficar paralisado, projeta nos outros a impaciência e o desprezo que sente por si
mesmo e o medo da falta de sentido da sua vida. Todos os que, segundo sua opinião,
ainda não fazem o bastante para dar um sentido à vida, e os que não defendem os
objetivos que ele traçou são alvo de um feitiço que quase lhes tira o direito à vida. Isso o
faz ser intolerante com os que são bem diferentes dele, contra aqueles que não
compartilham as suas idéias sobre o que é uma vida significativa, mas antes de tudo,
contra aqueles que ameaçam ou põem em risco a sua segurança inconstante na própria
vida.
Quando não é intolerante, o impaciente pode parecer irresistível e muito motivado.
Quando ele se sente bem e não se impacienta com os outros mesmo estando no ponto
máximo da sua crise, ele é uma criatura que se aproveita maravilhosamente do seu
medo, na medida em que o focaliza num objeto, num projeto ou numa estrutura que lhe
parece repleta de sentido. Como parece ser tão atraente, ele tem as qualidades de um
chefe: e poderá ser aceito como um bom patrão ou projetista, enquanto o seu medo de
não concretizar o projeto com perfeição não o tornar intolerante ou exigente demais, e
enquanto não o levar a colocar os seus colaboradores sob uma forte e por vezes
insuportável tensão, até que eles - da mesma forma que ele - tenham de usar todas suas
forças para reconhecer os objetivos que orientam o projeto, o sentido e o conteúdo da
sua vida. Mas, como nem todos sentem tanta impaciência quanto ele, sentem-se
pressionados, o que é compreensível. Mas essa sensação não pode ser fundamentada
objetivamente e as condições do trabalho conjunto não só foram aprovadas e co-criadas
por eles, mas também são frutos de um compromisso.
A chave está no fato de a pessoa impaciente tê-los envolvido imperceptivelmente no
objetivo de lutar contra o medo da vida e da morte. No entanto, tendo em vista que esse
objetivo está tão escondido no íntimo do impaciente que ele mesmo desconhece a sua
existência, da mesma forma misteriosa ele afasta os outros dos objetivos deles, sem que
fiquem claramente conscientes da situação.
O impaciente se vê dividido entre o empenho para cultivar uma paciência angelical
e o empenho para desenvolver a sua resistência interior. Ele hesita entre tomar uma
decisão eficaz e satisfatória ou letargicamente deixar de tomar uma decisão. Tudo
depende da intensidade do medo que ele sente de perder alguma coisa. Ele hesita entre
uma audácia eque
impaciência, ousadia quenele
desperta despertam a admiração
uma forte defesa. Ado próximo
atitude e uma que
impulsiva aguda
tão bem
caracteriza a pessoa impaciente, além do seu empenho para nunca estagnar ou deixar
que haja tédio, tornam-na uma parceira interessante, dinâmica e vivaz, tanto no âmbito
da vida particular quanto no da vida pública; muitas vezes, justamente devido à sua
audácia nas pequenas e grandes manifestações da vida, ela se torna uma pessoa
encantadora, quando a sua impaciência não a leva a modificar com demasiada
impulsividade o seu medo ou a ânsia de morrer.
Se o impaciente apenas confiasse no fato de que ele também vive sem a incrível
energia que gasta para dar um sentido à sua vida, se confiasse no fato de a sua vida e o
seu direito de existir serem alimentados por fontes bem diversas das do seu medo, se
soubesse que o seu medo de não estar no lugar certo, no corpo certo e de fazer o certo
na hora certa é inteiramente injustificado, o impaciente poderia mobilizar todas as
forças criativas por si inerentes à vida para alcançar tudo aquilo que obteve até o
presente com intranqüilidade, ousadia ou impaciência. E poderia progredir também sem
sentir essas sensações negativas. Ele pode realizar seus objetivos, suas tarefas, seus
acordos consigo mesmo e com os outros quando não se apressa tanto, mas concede a si
mesmo uma pausa para saborear o momento presente.
III – O OBJETIVO DE DESENVOLVIMENTO

VISÃO GERAL – OS OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO


Expressão
5 – Aceitação 2 – Recusa
- falsa amabilidade; bondade + - preconceito; discernimento +
Inspiração
6 – Aceleração 1 – Demora
- confusão; conhecimento + - retirada; retospecção +
Ação
7 – Domínio 3 – Subordinação
- ditadura; direção + - submissão; dedicação +
Assimilação
4 – Estagnação
- solidificação; paralisação +

Sobre o Objetivo de Desenvolvimento

Quem fica na atmosfera intemporal e destituída de espaço entre as vidas - quando


está se decidindo por uma nova encarnação -, em grande medida se concentra primeiro
em determinar um novo objetivo, pois a escolha do objetivo de crescimento e de
desenvolvimento determina a maioria dos outros fatores que são coordenados por esse
objetivo e subordinados a ele.
Assim, por exemplo, a decisão de optar por uma determinada raça ou por um
determinado ambiente cultural depende do objetivo que a alma estabeleceu para uma
encarnação. O objetivo determina, em grande medida, as experiências que um ser
humano está disposto a fazer. E, em sentido inverso, as experiências que uma pessoa
faz, em grande medida, correspondem ao objetivo que ela estabeleceu para si mesma.
Vocês não precisam se preocupar com a sua essência, pois ela continua sempre viva
em todo lugar. Vocês não precisam fazer um seguro de vida para ela. Também a escolha
do medo básico exige poucos cuidados. De boa vontade e de forma quase automática,
vocês tomarão o primeiro medo que se apresente ou o que estiver mais perto e se
apropriarão dele. Mas a escolha de um objetivo de desenvolvimento, que deverá ser
válido para toda uma vida terrena, exige muito cuidado, e a introdução nele, com
vantagem, da concentração e da reflexão.
Geralmente, a escolha do objetivo também é feita em conjunto com outras almas,
que se aproximam de quem faz a escolha, pois almas da mesma família muitas vezes

têm de ser
realizar umchamadas
objetivo depara apoiar
vida, o objetivodedeencarnação,
um objetivo desenvolvimento.
é precisoNesse sentido,ou
cooperação, para
seja,
o trabalho ativo em conjunto de vários companheiros anímicos; estes, segundo o acordo
feito, terão de estar dispostos a executar aquelas ações e a tomar aquelas decisões que
tornarão mais fácil o crescimento de quem escolhe, ou também de exigir que ele tome
determinadas decisões. Para tanto, colocam obstáculos no caminho da alma para que ela
se desenvolva rapidamente ou faça um esforço para superá-los.
Todo objetivo de desenvolvimento exige conflitos. Assim como a criança que
muitas vezes faz um grande avanço em seu crescimento físico e espiritual quando se
defronta com dificuldades ou quando uma doença grave a obriga a ficar de cama
durante certo tempo, a alma também fará progressos notáveis em seu desenvolvimento
quando a vida, ou outras pessoas lhe apresentarem algumas contrariedades, para que ela
possa medir forças com elas.
Nós dissemos: vocês não têm de se preocupar com a sua essência; e também o medo
surge como que por si mesmo. Pois bem, o objetivo também tem de causar um certo
resultado espontâneo. Com essa informação queremos dizer que, depois que vocês
estabeleceram e escolheram o objetivo, ele não pode ser mudado; ele é espontâneo no
sentido de que, como um farol, ilumina a vida. Tudo o que fizerem e viverem e que
sempre, quer saibam disso ou não, quer o percebam consciente ou inconsciente, dá
valor, rumo e uma orientação à vida, sem que se exija um esforço maior ou mais
cansativo.
Portanto, vocês não precisam lutar para encontrar seu caminho com ajuda de uma
bússola, mas sim saber que seu objetivo está sempre presente a fim de iluminá-los nas
trevas. Seja o que for que fizerem ou deixarem de fazer - isso serviu para fazê-los
chegar mais perto desse objetivo. Toda omissão, mais cedo ou mais tarde, leva ao
conhecimento de que vocês fizeram um pequeno desvio. Mas vocês sempre encontrarão
a rua principal outra vez. Vocês também sentirão nitidamente quando se aproximarem
um pouco mais do seu objetivo, o grande farol. A percepção, seja ela consciente ou não,
sempre está desperta para as exigências do objetivo de desenvolvimento.
Corno acontece com os outros elementos do padrão anímico, também com respeito
ao objetivo vocês podem averiguar se estão se aproximando dele ou se optaram por um
desvio. Vocês não podem se distanciar do seu objetivo, pois se trata de um tema vital,
que vocês analisam de todos os lados, e vivem ativa ou passivamente. Mais cedo ou
mais tarde, vocês o alcançarão. E se, no final da vida, vocês ainda não tiverem chegado
ao lugar de onde lhes acena o farol, estarão bastante perto para reconhecer seus
contornos e seu efeito reconfortante.
O objetivo que vocês estabelecem para si mesmos pode ser repetido na próxima vida
ou
vidaemlhes
algum outropodem
fez bem, momento.
optarQuando
por uma perceberem
segunda ouque a direção
terceira vez que
pelatomaram em uma
mesma. Com a
mesma perfeição e prazer, vocês podem estabelecer um novo objetivo para cada uma
das vidas, e, assim, numa seqüência bela e constante, analisar todos os objetivos, pois,
em última análise, todos os faróis estão na mesma grande ilha.

1 - A Demora
- retirada; retrospecção +

As condições sociais e culturais em que vocês vivem e fazem com que o


crescimento e o progresso sejam incentivados, enquanto o pólo oposto natural desses
fatores, ou seja, a demora ou o atraso, seja negligenciado, por ser considerado algo que
se deve evitar, algo que não é conveniente, como uma mancha, uma carência ou uma
lepra. A nossa grande preocupação é livrar vocês desse mal-entendido difundido pela
cultura e mostrar-lhes que a valorização do progresso os leva rapidamente a não
compreender o valor que há na demora.
A demora em todas suas manifestações é tão valiosa quanto a pressa, não só como
um objetivo de desenvolvimento da alma, mas também por principio. O que seria de um
carro sem freios? Se vocês apenas o acelerassem, não conseguiriam fazê-lo parar ao
chegar ao seu objetivo.
A arte de frear, a arte da desaceleração encontra em muitos aspectos da vida um
amplo campo de atividade. As pessoas que dominam a arte da desaceleração, seja
durante o ato sexual, seja na declamação de uma poesia, aprenderão outras coisas com a
situação e a aproveitarão de forma diferente que as pessoas que fazem às pressas o que
querem fazer.
E não se deve ter pena dessas pessoas que estabeleceram a demora como objetivo de
desenvolvimento; nem se deve pensar que elas precisam de mais tempo do que as outras
para fazer algo. Vocês, antes de mais nada, devem notar que, nas condições em que
encarnaram, essas pessoas mostram uma disposição especial para nadar contra a maré.
Justamente por estarem cercadas de gente - por uma quantidade excessiva de pessoas,
para as quais nada acontece suficientemente rápido e que fortalecem o seu ego na
constante mudança, encontrando o desenvolvimento em constantes avanços
progressivos, as pessoas com o objetivo da demora buscam os pontos de repouso da
vida, sem conseguir encontrá-los com muita facilidade.
A pessoa que se desenvolve por meio da demora, encontra dificuldades na sua vida
em sociedade; luta para que reconheçam sua teimosia na demora, fazendo questão que
lhe permitam essa demora sem que tenha de se defrontar com a sujeição. O lema dessas
pessoas é: “Pare, não vá tão depressa! Tenho de analisar o assunto mais uma vez!” Isso
não significa que lhe falte inteligência ou capacidade de compreensão: não significa que
a pessoa com o objetivo de desenvolvimento da demora tenha algum atraso mental ou
problemas de coordenação motora, embora essas atitudes de retardamento muitas vezes
sejam adotadas para garantir sucesso em todas as circunstâncias da vida.
Demora significa ganho de tempo. Demora significa poder pensar exaustivamente
em tudo, antes de dar o próximo passo. Demorar não significa desprezar os detalhes
para contemplar o todo, mas dividir o todo em suas partes e ter o trabalho de examiná-
las com uma lupa, com paciência para decompor esse todo e montá-lo outra vez.
A pessoa que estabelece como objetivo a demora, na maioria dos casos deixou para
trás um longo período de crescimento rápido. No presente ela se decidiu por outra
maneira
Ela nuncadeadmitirá
crescer.que
Suahaja
almaestagnação,
perdeu o fôlego e precisa
porém, de umapara
pode permitir pausa para descansar.
si mesma um
progresso em passos lentos. Não precisa parar, mas pode aproveitar o tempo para voltar-
se para trás, analisar o passado, reconhecer o seu valor em vez de não reparar nele ou
até mesmo recusá-lo devido à pressa. Ela também pode aproveitar o tempo para passear
e, assim, fará experiências impossíveis a uma pessoa apressada. Por isso, a pessoa de
compasso lento e a apressada não são nem melhores nem piores do que as outras que
buscam objetivos que também estimulam o seu crescimento de uma maneira muito
pessoal e particular.
Como já dissemos, as pessoas que tornam seus passos mais demorados precisam
olhar para trás e analisar o passado minuciosamente. Com isso estamos mencionando o
pólo positivo da retrospecção. Retrospecção significa examinar mais uma vez tudo
aquilo que foi deixado para trás no caminho, avaliando seu conteúdo e valor para
reconhecer que muito daquilo continua sendo útil e não perdeu sua beleza, embora tenha
saído um pouco de moda.
Aquele que escolhe a demora como objetivo, em geral encontrará alegria nas
estruturas sociais, nos mitos e nas artes do passado. Apreciará estudar sua própria
história e a história do seu meio, o passado do seu povo e dos outros povos. De
preferência, ele “analisa” os tempos primordiais que despertam nele recordações que
dificilmente uma outra pessoa compartilharia. Essa retrospecção lhe dá força, pois ela
lhe mostra que a continuidade da vida tem sua própria verdade e isso lhe dá a certeza de
ser eterno.
A pessoa que faz uma retrospecção tem a chave que lhe abre as portas para abismos
escuros e profundos, não só da própria alma, como também de toda a humanidade. Ela
nunca despreza aquilo que é obscuro, inexplicável e, para muitos, até mesmo
reprovável. Nada a comove tanto quanto o que é rude, irregular, arcaico, selvagem. Ela
sente uma ânsia de assimilar e de integrar em si mesma esses âmbitos não aplainados. E,
por isso, gosta de se ligar aos fatos, sejam reais, históricos ou literários, que
demonstrem essas qualidades.
Em seus melhores momentos, a pessoa que se volta para o passado, de acordo com
seu objetivo anímico de desenvolvimento, está ligada á natureza - não só do reino
vegetal ou animal, mas também ao humano - de uma forma especial. Ninguém precisa
tanto quanto ela do contato direto com a terra, com a água, com as árvores e, tanto
quanto possível, com as nuvens. Ela pode ultrapassar seus limites de um modo peculiar,
à medida que se torna una com tudo o que existe, com tudo o que já existiu.
No entanto, essa mesma pessoa tende facilmente a se isolar e a se recolher quando
tomada pelo medo. Ela muitas vezes procura planos em que seus semelhantes não
podem mais alcançá-la. Quando alguém com o objetivo da demora não se sente bem, se
vê importunada ou cai num estado de ânimo em que o medo a domine, ela tende ao
isolamento. Ela se sentirá muito pequena e desamparada e preferirá retirar-se para um
lugar em que esteja completamente só. Se tivesse uma caverna, esse seria o seu lar, mas
a cama também serve. E o útero materno, com muita freqüência, lhe parecerá o lugar
que oferece mais proteção durante o estado de medo. Mas não é só o corpo que precisa
de um refúgio. Também a psique arranja lugares sutis para os quais pode se retirar. A
infantilidade, uma ingenuidade que promete uma proteção que não é real, muitas vezes
tem de servir para afastar de si a ameaça do mundo, que submete tudo à bandeira do
progresso. Mudanças rápidas, apressadas, causam horror à pessoa com o objetivo da
demora, especialmente quando elas impedem sua lenta contemplação e lhe roubam a
oportunidade de diminuir o ritmo, quando quer compreender melhor em que nível
precisa de proteção, onde quer evitar realizar depressa demais uma experiência que lhe é
importante
ou exterior eque
valiosa. Por isso, chegar
lhe possibilite é especialmente vantajoso
perto do seu para
objetivo, ela criarum
a demora; umlugar
lugarque
interior
seja
estável, que não se modifique, que lhe dê proteção e onde ela possa passar o tempo que
quiser, observando todos os ângulos e, em determinados aspectos, tudo o que acontece
consigo.
A pessoa que tem a demora como objetivo e como temática de sua existência atual é
um verdadeiro ruminante. Como uma boa vaca leiteira, ela precisa ter a possibilidade de
regurgitar o que já engoliu, saboreá-lo outra vez, digeri-lo e fazê-lo passar por todos os
seus vários estômagos. Se nada disso lhe for permitido, ou se ela mesma não se der um
tempo para fazê-lo, não fornecerá um bom leite. Mas quando ela não vê suas
necessidades como uma carência ou um fardo, mas como uma grande necessidade, o
leite será muito doce e seu conteúdo muito forte; e ela poderá sustentar a si mesma e aos
outros com ele. A srcinalidade desse processo pode ser um motivo para que ela mesma
crie as circunstâncias em que possa calmamente fazer suas experiências sem ser
perturbada. Quando uma vaca de leite valiosa é obrigada a caminhar de um lado para
outro do campo, apanhando com o chicote quando está fazendo a digestão, o camponês
não deve se admirar se o leite secar.
Por isso, para todos os que escolheram esse objetivo, vale o conselho: estabeleçam
as metas com calma. Vocês conquistam o essencial quando recusam claramente as
normas da sociedade vigente, ditadas pela pressa e pelo progresso. Pois essas normas os
deixam com a consciência pesada, afirmando perceptivelmente que lentidão significa
falta de capacidade e rapidez indica vitória.

2 - A Recusa
- preconceito; discernimento +

A palavra, a idéia, o conceito, a proposta global da “aceitação” é agradável a vocês.


Ela desperta saudade e a idéia de amplidão, de amor e de proteção. Todos vocês se
esforçam arduamente para serem aceitos, e todos vocês também reconhecem - ao menos
teoricamente - o valor que está contido no ato de aceitar.
No entanto, como dói ouvir a palavra "recusa”. Quando a ouvem, alguma coisa em
vocês se contrai. Vocês ficam com medo e em seguida se sentem ameaçados. Por isso,
vocês acham muito estranho a idéia de que a recusa também pode ser algo positivo.
Como almas que estão num corpo, vocês estão submetidos á lei da dualidade, e
percebem - consciente ou inconscientemente - que tudo o que vocês sentem como vida é
formado de polaridades. Se quiserem aprender o que significa aceitar, vocês terão,
primeiro, de aprender como a recusa, o fato de poder ser recusado, o fato de sermos
recusados são importantes para o objetivo da aceitação.
O objetivo da recusa, em todos os seus aspectos, é exatamente o requisito para que
vocês saibam reconhecer o significado da aceitação. E por isso, o estabelecimento de
um objetivo de recusa é o necessário curso elementar para o objetivo da aceitação.
Aqueles dentre vocês que escolheram o objetivo da aceitação, tiveram de lidar com a
recusa na vida anterior, ou em vidas ainda mais longínquas. E essa seqüência - primeiro
conhecer a recusa; depois, a aceitação - se repete várias vezes no curso de seu ciclo de
encarnação. O mesmo vale para as seqüências “demora e pressa”, "domínio e
submissão”.
O que significa "recusar”? Primeiramente, é importante vocês tirarem da palavra o
contexto de ameaça, para que possam compreender a idéia da “recusa” como expressão
da força interior,
necessária para aque
para filtrar vocês entendam
verdade. o significado
Quando vocês ouvem a do processo
palavra que torna
"recusa”, vocêsa recusa
reagem
a ela exatamente como reagem à palavra “aceitar”. Vocês querem ser aceitos e têm
medo de serem rejeitados. Assim, vocês reagem medrosamente à aceitação, bem como à
recusa, como se não se tratasse de aceitar e também de recusar. E nisso há uma
sabedoria muito mais profunda. Para recusar é necessário muita coragem. Dizer “não” a
algo que não lhes é conveniente exige coragem, dá força, torna as coisas claras e
bonitas.
A circunspecção, que a tudo envolve, ajuda vocês a entender a recusa como um
processo que se ocupa com classificação e escolhas, com seleção e escolha de pessoas,
de empregos, de idéias, de filosofias, de reações, de ações e assim por diante, que
beneficiam ou não vocês, que os deixam felizes ou deprimidos, que lhes fazem bem ou
os prejudicam, que os fazem progredir ou impedem o seu progresso. Esse fenômeno de
seleção e escolha é chamado por nós de "recusa e designa um objetivo anímico de
desenvolvimento. E isso por uma boa razão. Pois, se vocês se apoiarem demais no que
os outros lhes oferecem, estarão se apoiando em muletas muito ruins. Se recusarem as
muletas, estarão livres para ir aonde quiserem, no ritmo que preferirem.
Dissemos que a recusa exige muita coragem. Vocês podem imaginar que a todo ato
de recusa amorosa, de seleção e de escolha está ligado o risco da reação de uma pessoa,
de uma situação ou de uma coisa. A pessoa que se vê ou se sente recusada reagirá à sua
maneira. E nem sempre é fácil entender e suportar essas reações. Mas o contraste entre
o que é bom para vocês e aquilo que outros lhes aconselham como bom ou que lhes
querem impingir a fim de protegerem a si mesmos ou aos seus interesses, ajuda vocês a
consolidar o que vocês são, e a alcançar o seu verdadeiro objetivo.
Nós desejamos que vocês aprendam a dar mais ênfase à medida terapêutica da
recusa, do ato de dizer “não”. O dizer “sim” só tem valor quando podemos dizer “não”,
caso contrário, logo se transformará em chantagem objetiva. Dizer “não” e dizer “sim”
são aspectos da liberdade. Quem não consegue dizer “sim”, está imobilizado. Da mesma
forma, está imobilizado aquele que não consegue dizer “não”. Se vocês aprenderem a
compreender a recusa como algo a que vocês mesmos têm direito, sem se sentirem
rejeitados por isso; ou quando, apesar de tudo, forem rejeitados e conseguirem aceitar
isso vocês podem crescer com a atitude que permite também aos outros recusar, ainda
que vocês mesmos sejam afetados por essa recusa.
O grande medo que sentem de serem recusados provém, antes de tudo, do fato de
verem a recusa como uma atitude tão associada à falta de amor que vocês não têm
dúvida de que ela há deferi-los. Procurem separar a recusa da idéia de frieza, de
crueldade e de rejeição. Recusa e rejeição são dois aspectos diferentes de uma realidade.
Por recusa entendemos a legação clara, afetuosa e enérgica de algo que não faz bem. E
ela é de fundamental importância para todo crescimento e para todo desenvolvimento. A
rejeição ou a repulsão nós as definimos como a expressão de falta de carinho, que brota
da incapacidade para suportar a proximidade.
Pelo fato de considerarem esses dois termos como sinônimos, vocês reagem a uma
recusa como reagiriam a uma rejeição. E não é só isso: vocês não sentem pelo que foi
recusado; acham que foram rejeitados como pessoas. Só quando vocês mesmos
considerarem a recusa como algo que pode ser útil e vantajoso e conseguirem praticá-la
como amor, vocês conseguirão aceitar que os outros os recusem também.
Quem tiver estabelecido o objetivo da recusa será confrontado com a temática da
recusa durante toda a vida, quer se trate do aspecto passivo ou ativo desse objetivo.
Muitas vezes essa pessoa se sentirá como alguém estranho na sociedade. Dificilmente
conseguirá
desgostosa,se adequar
além a ela. Sentirá
de causar-lhe que, no íntimo, é uma rebelde e isso a deixa
dificuldades.
As pessoas intolerantes - aquelas que se rebelam contra o objetivo da recusa, em vez
de usarem-no como apoio; as que exercitam a coragem de ser bons cidadãos e no
melhor sentido, são meticulosas quando se trata das próprias necessidades, desejos e
interesses - muitas vezes são tachadas de perturbadoras da paz; também as chamam de
individualistas, de agitadoras, pessoas que não sabem aceitar ordens, dissidentes e
eternos rebeldes que não colaboram com nada, além disso, nunca estão satisfeitas. Mas
esse é o ponto de vista, repleto de medo, daqueles que não sabem como recusar. Nada é
mais forte do que a rejeição que sentem diante dessas supostas ovelhas negras.
Quem escolhe o objetivo da recusa opta por uma vida de desafios que,
especialmente no aspecto social, tornam-se difíceis de suportar. Também na vida
particular dessa pessoa a recusa desempenha um grande papel. Ela tem medo de ser
recusada, visto que sente uma grande necessidade de recusar. Uma pessoa como essa
precisará muitas vezes de bastante tempo para conseguir se relacionar com seus
semelhantes, e não é fácil obter sua confiança. Mas assim que passou a confiar em
alguém, depois de uma longa avaliação e seleção, ninguém conseguirá demovê-la do
fato de que sua confiança é justificável.
Quem tem o objetivo da recusa não costuma aceitar tudo que o parceiro faz, e, por
isso, será um mestre exigente, mas prestimoso para todo amante que tiver. Ele
demonstra o seu amor não se dando por satisfeito com superficialidades. Ele dá provas
do seu amor tendo confiança suficiente de recusar o parceiro que não seja conveniente
para si naquele momento. Por isso, está na posição de viver o amor do companheiro
numa profundidade a que os outros dificilmente hão de chegar.
Uma pessoa com o objetivo da recusa mudará mais freqüentemente de emprego ou
de profissão do que alguém que tenha optado pelo objetivo da aceitação. Mas entendam
como esses objetivos estão relacionados. A pessoa com o objetivo da recusa, com
freqüência aceita mais a si mesma do que aquela que, com esforço, luta para alcançar o
objetivo da aceitação. Só quando o mundo ficar grande demais, essa pessoa também
recusará a si mesma. E quando está insatisfeita consigo mesma, ela se recusa, se julga,
se odeia, se repreende; então, a pessoa com o objetivo da recusa, em grande medida está
instruída para permitir que outra pessoa reconheça seu medo, se preocupe com ela e lhe
mostre que é aceita, mesmo que recuse a si mesma.
Lutar tanto pelo objetivo da recusa para que se mantenha um equilíbrio sadio entre
uma recusa saudável e a possibilidade de fazer inimigos, que tornam impossível uma
análise geral dos fatos, é um ato de amor-próprio, que brota de um esforço altamente
artístico. Descobrir a forma correta de recusar é uma arte. A arte está em recusar sem
perturbar, recusar sem prejudicar a si mesmo e sem irradiar impulsos ao mundo
circunstante, que os faça retroceder a ponto de se romper o contato.
A recusa prudente sempre leva em consideração o fato de que os outros também
sentem medo. Para unir a recusa ao amor é preciso que se saiba analisar a si mesmo; ou
seja, é preciso averiguar as próprias motivações e a honesta manutenção das proporções
que resultam do fato de o objetivo da recusa - o crescimento anímico - só poder ser
alcançado quando o ato da recusa não for provocado pelo ódio ou pela inimizade, mas
pelo amor ou pelo amor-próprio.

3 - A Subordinação
- submissão; dedicação +

O objetivo
formando de desenvolvimento
um todo da alma,
harmônico e também comoaprender como encarnar
se subordinar ao desejonadeforma humana
uma presença
exterior a si mesma, é de especial importância para todos os que se dispõem a percorrer
o caminho da encarnação. Por um lado, é preciso entender que a alma - pouco importa
se ela se encarna ou não num corpo humano - sabe que a subordinação é um fenômeno
energético, com o qual ela está familiarizada. Ela está acostumada a se subordinar aos
objetivos de sua família anímica, sem que para isso seja preciso renunciar aos seus
objetivos pessoais. Ela está acostumada a adaptar-se à carinhosa imposição de vontade
do crescimento geral. Ela sabe como faz bem entregar-se ao curso dos acontecimentos,
ao desenvolvimento espontâneo e aquilo que vocês denominam, neste planeta, de
destino; nós, da nossa perspectiva, designamos isso como realização de um plano maior,
do qual a própria alma é parte decisiva. Portanto, todos vocês estão familiarizados com
a subordinação. No entanto, a subordinação também tem de ser aprendida pelo corpo.
Para isso serve o objetivo que iremos analisar.
A maioria dos que escolheram o objetivo da subordinação para esta vida, anseia pela
dedicação e, ao mesmo tempo, tem medo dela. Desse objetivo, contudo, também faz
parte a rebelião, com a qual nos insurgimos contra a repressão.
Em primeiro lugar, a subordinação é considerada desagradável pela maioria das
pessoas, como algo que pode ser comparado a um jugo ou escravidão. Isso se deve ao
fato de a maioria de vocês viver num tempo e sob circunstâncias históricas em que o
dia-a-dia não está impregnado dessa subordinação, considerada torturante, desagradável
e limitadora; contudo, vocês trazem experiências de muitas vidas anteriores, que em
grande parte se cumpriram através de diversas formas de repressão e de submissão, nas
quais não havia possibilidade de escolha, visto que a estrutura da sociedade, seja a casta
ou a posição socia1, não especulavam se uma pessoa queria obedecer ou não.
É por isso que, ainda hoje, o objetivo da subordinação inspira tanto medo. O ser
humano que está num corpo feminino, tem ainda mais dificuldade para entender que a
subordinação não se opõe à ânsia de liberdade, de emancipação com relação à idéia de
papéis tradicionais para homens e mulheres. No entanto, é necessário entender a beleza
e o valor desse objetivo. Também nesse caso ocorrem associações desagradáveis entre
os conceitos de subordinação e de submissão. Quem já fez experiências com a negação
de si mesmo ou o martírio, estará disposto a pôr a culpa da voluntária despersonalização
em outra pessoa, repreendendo-a por aceitar um sistema de subordinação.
A subordinação, entretanto, é um ato de liberdade e uma necessidade da alma; ao
passo que a submissão, como pólo negativo desse objetivo, ocorre quando uma pessoa
se vê forçada a se resignar devido ao medo que sente do castigo, do desamparo, do ódio
e da raiva, e também devido a uma sensação de fraqueza, que a faz se submeter ao outro
ou às circunstâncias - sejam elas quais forem. Esse tipo de submissão nunca traz uma
sensação de liberdade, o que é possível no pólo positivo da subordinação, ao qual
chamamos “dedicação”.
Dedicação significa a solução de um aspecto do ego que manifesta e expressa uma
vontade medrosa a fim de se proteger, a fim de estabelecer limites para si e defender-se
diante da vida ou dos semelhantes. Quando essas necessidades da falsa personalidade
forem se atenuando paulatinamente, quando os muros forem abaixo, quando o desejo de
entrar em contato com as pessoas se tomar cada vez mais forte, a dedicação se torna
uma felicidade. Muitas vezes ela harmonizará a energia da pessoa com o objetivo de
subordinação, mostrando como a dedicação a inunda de amor, de suavidade e de boa
disposição, e traz a ela muito mais benefícios do que o seu medo de que alguém possa
decidir por ela. Pois é aí que reside a dificuldade da pessoa que tem como objetivo a
subordinação.
muito flexível Ela quer evitar
e receptiva, que alguém
a ponto de ficardê ordens
sob a ela. de
o domínio Elaoutra
tem medo
pessoa,desem
se mostrar
chance
de se defender. Mas a verdadeira força - que ela conhecerá durante o curso da vida com
freqüência cada vez maior - consiste na receptividade e na dedicação em relação àquilo
que vem ao encontro da vontade de todos, e que só pode ser alcançado quando duas ou
mais pessoas se submetem ao consenso geral.
Assim como uma carruagem puxada por seis cavalos e guiada por um condutor não
pode chegar com segurança ao seu destino se nem todos os cavalos fizerem força,
submetendo-se à vontade do condutor e movendo-se de forma regular e subordinada, da
mesma maneira a pessoa não pode alcançar determinadas metas se não aprender a se
subordinar e aceitar essa subordinação. A isso também se soma a revolta. Quem quiser
se desenvolver para atingir o objetivo da subordinação, terá de praticar também a recusa
e a rebeldia.
Como a subordinação é o objetivo arquetípico da essência do guerreiro, gostaríamos
de usar as imagens das táticas bélicas para esclarecer melhor essa questão. Enquanto um
soldado não estiver preparado para cumprir ordens dadas por um posto de comando,
opinião ou planejamento mais elevados, mostrando nisso a expressão individual de
vontade, um exército não poderá atacar os inimigos de surpresa, nem será possível
nenhuma mobilização estratégica. Quando tudo fica confuso e cada um faz o que quer
ou o que considera necessário, não se pode pensar em sucesso nem em vitória. O
mesmo vale para as pessoas que, na ânsia de alcançar um ideal, aliam-se a uma grande
organização, confiando o estabelecimento do objetivo a uma instância superior, com a
consciência de que sozinhas não estariam em condições de realizar esse desejo.
Algumas pessoas descobrem sua capacidade de dedicação por meio de uma idéia ou
de uma presença não-humana, e não por meio da subordinação a uma vontade social ou
de um parceiro. Quem confia no que chama de “divino”, pratica a verdadeira dedicação.
Quem confia na vida, com seus altos e baixos, sem querer influenciá-la com seu ego e
com as forças da sua falsa personalidade, quem ouve a própria intuição, o Eu Superior
ou os irmãos anímicos, pratica a dedicação à medida que aprende a suportar a falta de
isolamento ou ausência de limites, sem o medo de ter que se submeter a uma força que
não pode controlar nem negar. Mas existe também a subordinação de caráter pessoal,
que a pessoa tem de suportar na família ou num relacionamento a dois. Muitas pessoas
lidam com isso sem problemas; outras, no entanto, encontram dificuldades, porque
sentem ainda mais medo de ter de submeter-se à vontade do parceiro ou dos pais.
Caso vocês tenham escolhido o objetivo da subordinação, é da maior importância
que deixem a dedicação assumir o lugar da submissão medrosa ou resignada. A pessoa
com o objetivo da subordinação tem de criar na vida circunstâncias que lhe dêem a
oportunidade de praticar a subordinação e de conhecer tanto a dedicação quanto a
submissão. Ela pedirá, contudo - e isso em interesse próprio -, que os outros também
estejam dispostos a se submeter a ela. Pois tal como acontece com todos os objetivos,
também neste caso é preciso viver o espectro global da experiência, com todos os seus
aspectos.
Portanto, a subordinação não é essencialmente um objetivo passivo. Ele pertence à
popularidade da ação e por isso também precisa se manifestar de forma ativa. A pessoa
com o objetivo da subordinação, e que já esteja suficientemente madura, tem o dom
especial de motivar as outras pessoas a se dedicarem. Ou, quando o seu medo se torna
forte demais existe o risco de ela forçar os outros a se submeterem a ela e à sua vontade.
Normalmente, as pessoas com o objetivo da subordinação têm uma enorme
capacidade de se impor, por meio de uma vontade bem marcante. Exatamente por ter
essa capacidade e aptidões, é um desafio especial para essa pessoa praticar a dedicação
eocupem
renunciar
umaà vontade de se impor
posição inferior sobre os semelhantes, os subordinados ou colegas que
à dela.
Muitas pessoas com o objetivo da subordinação preferem não ser muito ativas, nem
querer submeter-se às experiências dos outros, o que faz com que se retraiam e evitem
relacionar-se com os outros para não pender para a polarização negativa. Como elas
mesmas cultivam um grande medo de serem submetidas às exigências da sociedade ou
às imposições de pessoas e de situações, elas fogem desse perigo e, ao mesmo tempo,
do perigo de ter de mandar nos outros, fazendo com que estes tenham de se render à
vontade forte da personalidade dela sem oferecer resistência.
Mas essa não é necessariamente a melhor solução. Pessoas com o objetivo da
subordinação precisam da experiência de viver em comunidade. Elas precisam de
oportunidades de testar suas forças por meio da amizade, do trabalho e da parceria, e de
poder escolher entre a dedicação ao coletivo, com suas exigências mais elevadas e uma
submissão impregnada pela aversão, pelo desespero e pelo ódio. A capacidade de amar
que é aumentada em grande medida pela dedicação, visto que esta rompe barreiras e
inunda o coração com uma suavidade resplandecente, como nenhum outro objetivo faz,
desenvolve-se somente a partir da decisão espontânea de modificar a vontade de tal
forma que ela possa concretizar-se em meio a uma força positiva.
4 - A Estagnação
- solidificação; paralisação +

Que a estagnação possa ser um objetivo de desenvolvimento parecerá a vocês um


paradoxo. E que a estagnação tenha seu valor, parecer-lhes-á uma tolice. Vocês que
pertencem a uma cultura em que as pessoas estão sempre com pressa, correndo de um
lado para o outro, atribuem á estagnação um significado negativo, pura e simplesmente.
Aos olhos de vocês, a estagnação é igual ao momento em que nada acontece. Ela lhes
parece paralisante, desagradável e assustadora. Todos vocês querem progredir; e quase
todos acham que o progresso não se ajusta à idéia de estagnação.
Por isso, desde o início, queremos explicar que estagnação e crescimento anímico
não se contradizem. Para muitas pessoas, a paralisação proporciona mais crescimento
do que o movimento constante.
Aqueles de vocês que já praticaram algum tipo de meditação silenciosa com
seriedade sabem como são preciosos os momentos em que nada acontece, nem deve
acontecer, e nos quais, no entanto, acontece tanta coisa. A delícia do vazio dourado, da
libertação da eterna exigência, o “não querer mais nada” trazem tanta felicidade e são
tão profícuos para o desenvolvimento das forças interiores que uma paralisação feita
com a ajuda de técnicas de meditação é uma experiência extraordinária para todos os
que puderem se alegrar com ela.
Se vocês adotarem a qualidade dessas poucas horas como modelo de suas várias
encarnações, firmar-se-á naturalmente um desejo de incluir uma vida dedicada à
paralisação no ciclo incansável de desenvolvimento ativo.
E vocês poderão avaliar como é importante e valiosa essa pausa para descanso; esse
tempo de silêncio e de aparente falta de acontecimentos, exatamente quando vocês
deixaram para trás uma encarnação em que fizeram um grande desenvolvimento
anímico - como se tivessem caminhado para a frente com botas de sete léguas -, mas
que também lhes deixou na alma uma sensação de esgotamento e um cansaço de alma.
Durante uma longa viagem sempre convém ficar alguns dias ou até semanas num
único
não selugar para
destina se recuperar.
unicamente O mesmo acontece
à recuperação notambém
física, mas período ao
entre as vidas.
ócio, Essa pausa
para analisar o que
já serviu e para preparar o que ainda está pela frente, bem como para a integração das
impressões e para reunir novas forças. É também necessário, no ciclo das encarnações
seqüenciais, planejar uma vida em que se possa descansar ou se recompor depois de um
período de muito nervosismo e cansaço, no nível da alma.
A vida com o objetivo da estagnação não há de passar de modo dramático nem
trágico no âmbito externo. O drama e a tragédia são muito bem conhecidos. A pessoa
então fica pronta para integrar aquilo por que passou. E, numa vida dedicada à
estagnação, em primeiro lugar a pessoa se dedicará à análise tranqüila e silenciosa do
seu eu e das suas possibilidades.
Quem escolheu o objetivo da estagnação pelos motivos descritos precisa de bastante
tempo, e de muito mais silêncio - interior e exterior - para se dedicar a esse objetivo. E,
com freqüência, essa pessoa preferirá viver solteira, visto que um parceiro, a seu ver,
traz muita agitação, muitos desafios; além disso, ela se esforçará para ter um
relacionamento que lhe possibilite cultivar sua paz interior e viver um amor que não
dependa de dramas violentos nem de brigas para dar certo.
A pessoa com o objetivo da estagnação fará bem em buscar na vida circunstâncias
que lhe possibilitem a paralisação. E por paralisação entendemos, em primeiro lugar,
poder ficar quieto, sem ser pressionado ou forçado; poder reservar um tempo para
observar todas as coisas, fenômenos e acontecimentos; poder dar bastante descanso ao
corpo, sem renunciar totalmente à atividade; desenvolver a alegria de dedicar-se a
ocupações tranqüilizantes; dedicar-se também à música, à natureza, à apreciação da arte,
à vida contemplativa, à introspecção e a outros aspectos da vida; a irradiar paz e não
desgastar-se na afobação e na pressa.
A pessoa com esse objetivo precisa de bastante tempo para refletir, para
compreender os sentimentos e para se dedicar a reminiscências. Ela precisa de uma
moradia tranqüila, que não exija mudanças constantes. Ela também precisa de um local
no qual possa permanecer por longos períodos, para sentir-se saudável e bem e, quando
for possível, precisa de um cômodo só seu, onde possa se recolher. A pessoa com o
objetivo da estagnação gosta de ficar só, mas apenas temporariamente, pois só se pode
ficar parado se antes se ficou em movimento. Por isso seria um erro concluir que a
paralisação é a única possibilidade e capacidade da pessoa que interiorizou esse
objetivo.
A paralisação é definida como a cessação do movimento. Isso vale, no sentido mais
amplo, para a vida do corpo, mas também dentro de uma encarnação; pode-se então
esperar uma alternância significativa e benéfica do movimento físico e espiritual, da
atividade sexual e as fases seguintes de calma e silêncio absolutos.
Essas atividades, e o subseqüente descanso, podem alternar-se num ritmo agradável
diariamente ou em intervalos maiores. Quem escolheu o objetivo da estagnação muitas
vezes fica inquieto quando nada se movimenta em sua vida ou se movimenta muito
pouco. E a pessoa não compreende por que todas as outras estão constantemente se
renovando ou mudando, enquanto que, com ela, nunca parece acontecer algo decisivo.
O mal-entendido está na idéia de que, durante a estagnação, nada acontece. É
exatamente o contrário: quanto menos a vida exterior parece mudar, tanto mais
modifica-se algo no íntimo da pessoa.
E quando ela se vê impelida a apressar sua vida de modo desagradável, devido às
pressões exteriores, e a pautar seu trabalho, seu tempo livre, nas normas do meio
ambiente, condicionado pela agitação, a pessoa cujo objetivo é a estagnação
inconscientemente
necessidade de ficarresolverá
parada. ficar doente para legitimar por meio da doença sua
Muitas vezes, essas doenças relacionam-se com o aparelho de locomoção ou com os
nervos responsáveis pela locomoção. E isso leva a uma paralisia temporária ou
duradoura, seja por meio de uma lesão na coluna vertebral, do lumbago. De uma queda
com fratura nas pernas, ou por meio de uma esclerose múltipla e de outras doenças
crônicas que impedem a pessoa de se locomover. O empenho em esclarecer a relação
entre a doença e o objetivo da estagnação ajuda muitas pessoas a se livrar de uma
doença. Muitas conseguem integrar as pausas necessárias à psique, adotando um novo
estilo de vida, que torne desnecessário o lumbago ou a paralisia dos nervos.
Em certas circunstâncias, a paralisia provocada por um acidente, por exemplo, pode
ser uma expressão da necessidade de se ficar imobilizado. Quando uma pessoa
reconhece que seu objetivo de crescimento é a estagnação, ela passa a correr menos
perigo de se ver repentinamente imobilizada, de ter um entorpecimento ou uma paralisia
psicológica.
O pólo positivo do objetivo da estagnação é o ato de parar. Parar significa fazer uma
pausa para contemplar tudo minuciosamente e com vagar; para poder fazer novos
planos, para ter uma visão geral daquilo por que se passou, daquilo que se criou, que se
conseguiu, e para tirar conclusões. O ato de parar também é uma oportunidade de
executar, com espírito lúcido e corpo descansado, novas tarefas que precisem de tempo,
de persistência, de paciência, e que não podem ser cumpridas por meio de uma pressa
fictícia, mas só por meio de um planejamento e de uma execução a curto prazo, com um
objetivo certo.
Quando a alma não vê mais nenhuma possibilidade de descansar por meio de
condições normais sadias, ela se culpará por ter escolhido um corpo inadequado desde o
nascimento, que torna a pressa, os movimentos impetuosos e as pressões exteriores
impossíveis para alcançar alguma coisa. Essa deficiência muitas vezes é menos triste e
chocante para a própria pessoa do que para um observador ou para um membro
solidário da família. Este parte das próprias necessidades de locomover-se e,
irrefletidamente, transfere sua angústia para a criança deficiente, como se todo ser
humano precisasse dos mesmos desafios.
Quem, ao observar os filhos, perceber que um deles costuma se agitar muito para
depois ficar imóvel num canto durante bastante tempo, olhando para a frente sem
parecer infeliz, deverá levar em consideração a possibilidade de ele ter escolhido o
objetivo da estagnação.
Esse objetivo não está diretamente ligado a uma lentidão mental ou uma limitação
intelectual. Bem ao contrário: o espírito de uma pessoa com o objetivo da estagnação é
extremamente ativo. Ele se ocupa consigo mesmo e com a compreensão de tudo aquilo
que vive. A pessoa que sabe fazer pausas é muito perspicaz. Capta do mundo exterior
muito mais detalhes do que os outros, mas precisa de lazer e de silêncio para elaborar e
integrar tudo que captou.
E, muitas vezes, ainda restam lembranças de existências passadas, cujos sofrimentos
foram dominados por meio de grande esforço e dores intensas. Uma criança assim não
deve ser constantemente perturbada ou distraída, estimulada a agir. Ela se desenvolverá
melhor e mais racionalmente quando a deixarmos em paz.
Porém, os pais querem filhos animados e vivazes; só que vivem castigando-os
quando são barulhentos e agitados. Uma criança tranqüila não dá trabalho, mas
preocupa os pais porque não corresponde ao normal. Uma criança com o objetivo da
estagnação tende a ficar nervosa se for tirada muitas vezes de seus devaneios e se suas
necessidades de recolhimento não forem atendidas. Se isso acontecer de modo muito
impositivo,
estagnação ecomo últimode
a ausência recurso ela se refugia
perturbação. noaoautismo,
Mas, se, querespeitarmos
contrário, lhe garantiráaavontade
que ela tem de se isolar, de se integrar à contemplação, de forma nenhuma ela se verá na
contingência de se refugiar no entorpecimento.
Quando um ser humano com o objetivo da estagnação receia não alcançar seu
objetivo, por não lhe permitirem gozar da calma de que precisa, ele também pode cair
num entorpecimento físico ou mental que impeça todo e qualquer movimento, o que é
extremamente penoso para ele mesmo e para todos os que o cercam.
Para a pessoa com o objetivo da estagnação, o entorpecimento significa a mais
profunda depressão, a expressão da recusa de todo contato. Esse entorpecimento pode
ser temporário, durando até o medo se dissolver, ou então continuar por meses ou até
por vários anos. Quem compreende que por trás desse entorpecimento pode ocultar-se o
desejo de parar, que não foi atendido, poderá ajudar, libertar a pessoa, como se a tirasse
de uma “geladeira”. Será possível insuflar nova vida no doente e informá-lo de que, no
futuro, ele poderá parar sempre que quiser para atender às suas necessidades, e assim
poder realizar seu objetivo de desenvolvimento.
A estagnação é criativa. A estagnação cria um mundo interior de indescritível
riqueza, de grande colorido, de alegre vivacidade que, no entanto, só raramente se
irradia para fora; e esse mundo também não requer uma participação ativa de outras
pessoas.
Quem estiver próximo de uma pessoa com o objetivo da estagnação e quiser se
relacionar bem com ela, primeiro terá de respeitar a paralisação dessa pessoa e, depois,
escolher e cultivar formas de comunicação que não sejam impetuosas e ruidosas,
agitadas ou insistentes. Então poderá ter certeza do amor e da gratidão dessa pessoa e
alegrar-se com o fato de estar ajudando o ente querido a continuar seu desenvolvimento.
Esse desenvolvimento acontece por meio da paralisação. O paradoxal dessa situação
é meramente superficial. Nas camadas mais profundas da psique, todos sabem que parar
significa curar o corpo e melhorar o estado de ânimo; todos sabem que o medo de cair
num pântano e de não poder continuar progredindo por causa disso é totalmente
injustificado.
O amor e a auto-estima devem estabelecer um equilíbrio entre movimentação e
estagnação, que se completam muito bem. O trabalho e a vida particular contribuem de
modo significativo para atingir esse objetivo, quando são vividos de forma
contemplativa, introspectiva e meditativa.

5 – A Aceitação
- falsa amabilidade; bondade +

Muitos de vocês, se não a maioria, confundem aceitação com resignação. Essa


confusão vai tão longe que muitos de vocês podem diferenciar essas atitudes. O que
vocês imaginam que seja aceitação, com freqüência é uma resignação mais ou menos
penosa. Mas o que nós entendemos por aceitação é um importante objetivo de
desenvolvimento, algo totalmente diferente.
Aceitar significa dizer "sim” a alguma coisa. E o "sim” não representa nada, se não
for dito com alegria. Aceitar significa admitir. Aceitar significa querer. Desse desejo,
desse dizer "sim”, dessa admissão autêntica ao que é, nasce a bondade, a verdadeira
forma do amor incondicional.
Por certo, seria desnecessário colocar a palavra “incondicional” depois da palavra
“amor”,
infância,se nemforam
vocês todos treinados
vocês soubessem e tivessem
e condicionados observado
a sentir que,
o amor desde acomo
somente primeira
amor
condicional. Vocês dizem e acreditam que o amor materno é verdadeiramente um amor
incondicional. Contudo, todos vocês sabem que em quase todos os dias sentiram que o
amor da mãe estabelecia condições. Em poucas ocasiões se sentiram
incondicionalmente aceitos. Assim sendo, tinham de usar o piniquinho quando a mãe
queria, e eram recompensados quando conseguiam fazê-lo. Então eram amados. Vocês
todos conhecem isso. Vocês todos sabem disso e, contudo, tomaram isso como amor,
pois só raramente viveram algo diferente. Vocês aprenderam muito cedo a aceitar esse
amor condicional com resignação. Por isso não é fácil para vocês entender o que a
verdadeira aceitação pode ser; quanta alegria, quanto êxtase pode vir de uma alegre
resposta afirmativa ao que amamos. Vocês também associam aceitação a situações ou
reações desagradáveis e negativas. Vocês sentem dificuldade em imaginar que é
igualmente possível haver a aceitação de algo belo.
Dizemos: Aceitar tudo o que existe - seja o que é bom, seja o que é mau, seja o que
é belo, seja o que é triste - um objetivo que não estabelece diferenças e não impõe
condições. Vocês ouviram a exortação: Vivam no aqui e no agora. Sendo uma
exortação, ela exercerá pressão e lhes imporá uma condição. Mas se vocês imaginarem
como pode ser glorioso ver o que existe sem desejar coisa diferente, entenderão que a
idéia que está por trás dessa advertência de fato é excelente.
Como vocês aprendem desde muito cedo, com os seus pais ou como as outras
pessoas, como os educadores têm de fazer justiça, vocês acham difícil separar essa
reação medrosa da falsa amabilidade e da exagerada gentileza da idéia de amor.
Observamos que vocês sempre querem se convencer de que o amor é algo que vocês
fazem por outra pessoa contra as inclinações, contra o propósito, contra a vontade e
contra a energia que têm. Mas isso não é amor no sentido da verdadeira bondade.
O amor como expressão de uma bondade autêntica simplesmente age, sem se
perguntar constantemente: “Quero ou não quero? Faço isto porque faço. Amo porque
amo. Ajo porque ajo. Eu digo não porque digo não. Digo sim porque digo sim, pois isso
parece correto no aqui e agora, porque isso agora me compete fazer”. Isso faria bem a
muitos de vocês, independentemente do grande objetivo da aceitação. Seria bem mais
fácil enfrentar as sempre presentes contrariedades da vida se, por meio da falsa
amabilidade, vocês não se distanciassem tão freqüentemente do amor. Vocês não têm de
fingir amabilidade, vocês são amáveis pelo fato de existir.
Quando suportarem algo por outra pessoa, seja no sentido ideal ou prático,
observem se isso lhes traz verdadeira alegria. Pois só nesse caso estarão no pólo do
amor e da bondade incondicionais. Mas se fizerem o que fazem, contrariados, se
tiverem realmente de se esforçar muito, quando esperam conquistar por meio de alguma
ação o amor do outro ou o respeito, a admiração dele, então vocês estão no plano da
falsa amabilidade.
Contudo, temos de chamar a atenção de vocês para mais um fato: quem sempre
estabeleceu na vida o objetivo da aceitação e se empenha para atingi-lo, não poderia
deixar de oscilar freqüente e persistentemente entre ambos os pólos desse objetivo de
desenvolvimento. Vocês nunca terão de impor a si mesmos a pretensão de ficar apenas
no lado positivo dessa característica. Isso seria um visível sinal de não-aceitação de si
mesmos. Não convêm que se julguem pelo fato de não conseguirem permanecer por
muito tempo no plano da bondade.
“Aceitar” tão significa “suportar tudo” e “dizer sim a tudo”. A bondade fictícia, a
falsa amabilidade, não deixa que vocês resistam aos outros quando preciso, e os outros
fazem vocês de gato e sapato, fazem com que não se recusem a fazer coisa nenhuma.
Ela também
limites impede
e dizem "não”.atritos positivos,
Portanto, quemeescolheu
enche vocês de culpa
o objetivo da sempre queterá
aceitação estabelecem
de passar
toda a vida procurando descobrir em que ponto começa a própria fraqueza e,
conseqüentemente, onde ela enfraquece os outros. Se a força se manifestar por meio de
uma firmeza afetuosa que visa o verdadeiro bem-estar dos outros, sem deixar de prestar
atenção às necessidades do próprio eu, então trata-se de aceitação.
Quando vocês falam de bondade ilimitada, com freqüência estão falando, sem ter
consciência disso, da bondade que não estabelece limites, que torna fácil explorar uma
pessoa. A bondade ilimitada é naturalmente comparada com ingenuidade e burrice.
Quem se empenha em demonstrar uma falta de amabilidade por medo, gosta de dizer:
"Sou bom demais para este mundo. A pessoa diz isso medrosamente, apenas
parcialmente satisfeita consigo mesma. Ser bom demais para este mundo é para ela sinal
de que tem uma qualidade humana especial. Essas pessoas são desmedidamente
generosas, dando tudo de presente: são as excessivamente dóceis, que não têm vontade
própria, a não ser o desejo de estar sempre prontas e à disposição apenas para não ver
sua auto-imagem questionada: são as pessoas muito condescendentes, que não
respeitam a própria dignidade. Uma super oferta de bondade como essa, na verdade,
deixa as outras pessoas tomadas de pena e, não raras vezes, também de antipatia.
Queremos lembrá-los mais uma vez de que nem sempre o pólo positivo da
“bondade” é incondicional, como o descrevemos. Bem ao contrário, todos os que têm o
objetivo da aceitação precisam saber distinguir claramente o “aceitar tudo” do “suportar
tudo”. Neste contexto, “incondicional” significa: "Estou disposto a amar
incondicionalmente e, ao fazer isso, respeitar as condições a que estão sujeitos os meus
semelhantes, bem como as minhas próprias condições”.
A necessidade de aceitar não deve valer apenas para situações desagradáveis - em
geral a maioria - em que vocês se virem envolvidos, ou para as situações relacionadas
com outras pessoas. O objetivo do crescimento que envolve a aceitação muitas vezes
está relacionado, em primeiro lugar, com vocês mesmos. Portanto, se não conseguem
aceitar a si mesmos, tratem de fazer isso. Aceitem o fato de que vocês nem sempre são
bons. Aceitem o fato de que nem sempre é possível amar. Assim o coração de vocês
ficará mais leve. Vocês não devem se julgar por isso. Terão mais oportunidade de
concretizar esse objetivo se conscientemente, de vez em quando, vocês também forem
egoístas ou se anularem os outros porque têm medo deles.
A pessoa que tenha por objetivo a aceitação, antes de mais nada está intimada a
aceitar o próprio medo. De nada lhe servirá tentar sorrir amavelmente para superar o
medo e tentar ficar sempre no pólo positivo desse objetivo. Quem não estiver disposto a
dizer sim ao próprio medo, reconhecendo-o e fazendo dele parte significativa do seu
crescimento, terá dificuldade para realizar seu objetivo. Mas quem estiver disposto a
transformar o medo num serviçal à disposição do desenvolvimento, dará grandes passos
no caminho rumo à luz do farol.

6 – A Aceleração
- confusão; conhecimento +

O objetivo da aceleração sempre é escolhido pela alma que tem coragem e força
para realizar coisas e mais coisas muito importantes em determinadas circunstâncias,
fazendo experiências e vivendo melhor do que nas vidas anteriores. Mas isso é
extenuante demais,
essa alma usará embora tragadoumcoletivo
as constelações grandeanímico
avanço no
que,desenvolvimento. Ou,das
independentemente então,
necessidades particulares de cada alma, torna possível um crescimento considerável e
rápido.
Essas constelações são usadas quando um número mais elevado de membros da
mesma família anímica se coloca à disposição para viver grandes conflitos; quando
muitos desses irmãos anímicos encarnam ao mesmo tempo e de tal forma que possa
haver, naturalmente e com freqüência contatos agradáveis e desagradáveis entre eles. O
objetivo da aceleração muitas vezes é escolhido quando circunstâncias históricas ou
políticas apresentam um quadro especial que torna possível a elaboração de temas que,
em outras ocasiões não estariam acessíveis de forma tão sensível e impressionante.
Pode tratar-se, por exemplo, da época de grandes guerras ou de um período de
progresso material ou científico muito grande, ou ainda de um período de queda dos
grandes reinos ou da migração dos povos. Vocês podem imaginar como deve ser difícil
para as pessoas que pautaram seu programa biológico em segurança, na estabilidade e
no lar, valerem-se dessa estabilidade e dessa lealdade para encontrar-se de repente numa
situação em que se vejam obrigadas a renunciar ao lar e a pôr-se a caminho, deixando
de criar raízes, perdendo membros da família ou passando pessoalmente por situações
de grande risco, que nunca ocorreriam se pudessem se estabelecer em determinada
região e lá ficar com o seu povo.
Esse tipo de situação se manifestou uma vez, logo depois da II Guerra Mundial, em
toda a Europa e provocou grandes fugas em massa. Trata-se de uma situação típica,
além de extremamente estressante, escolhida pela pessoa cujo centro de atenção é o
tema da aceleração. Todo desafio em que o ser humano se veja diante da chance de um
grande crescimento, será aceito e enfrentado de uma maneira ou de outra.
Portanto, a aceleração sempre busca situações difíceis, que exigem grande coragem
e determinação. Mas, naturalmente, o crescimento não tem de necessariamente
acontecer por meio de dificuldades. Muito pelo contrário: a alma madura ou antiga, que
busca desenvolvimento acelerado, terá de aprender a não ficar parada quando nada
acontece, quando tudo corre bem, quando não há dificuldades ou desafios a vencer.
Nesse caso, ela se sente impelida a criar problemas onde eles não existem ou a aumentar
a gravidade dos mesmos, simplesmente porque precisa do problema para seu próprio
desenvolvimento. Em toda parte, ela vê desafios e dificuldades, onde outros apenas
ficariam maravilhados. E quando essas dificuldades não são mais tão evidentes no
mundo exterior, ela as buscará em si mesma e as encontrará. E, visto que ela então se
volta para a própria profundeza, para a sua psique e o seu inconsciente, ela será alguém
que cresce com predileção em situações conflitantes, e que não tem paz enquanto não
esgotar os motivos do seu desejo de progredir e enquanto tiver a sensação de que
realmente está fazendo progressos.
O crescimento tem em si a característica de avançar por meio de um processo de
“pare e ande”. O crescimento nunca é contínuo; ele se faz aos trancos. Quando se tem o
objetivo da aceleração do crescimento, precisa-se aproveitar tudo o que estiver à
disposição para se ampliar a consciência. Para uma pessoa que fez do objetivo da
aceleração o seu principal objetivo, é importantíssimo identificar as fases anteriores às
fases de crescimento, e não discutir quando a psique e também a alma resolvem deter-se
um pouco, antes de dar o máximo grande passo. Vocês sabem que, depois de uma fase
de doença em que uma criança se vê obrigada a guardar o leito, os pais em geral
constatam com surpresa o fato de ela ter crescido alguns centímetros, com uma rapidez
que não seria possível no estado de saúde.
Por isso, a pessoa com o objetivo da aceleração precisa freqüentemente de fases de
calma, de recolhimento,
aceleração. quasepara
Sem essas pausas de regressão,
descanso,para se preparar
ela não chegará para um novo tempo
ao conhecimento nemdeà
compreensão. O estado de não-compreensão se estabelecerá e ficará mais forte.
Nenhum ser humano, nenhum animal, nenhum fruto pode crescer sempre e
ininterruptamente. Os períodos de preparação também são um elemento importante do
crescimento. Só que eles não se mostram de maneira muito óbvia. Quem não descansar,
acabará ficando profundamente confuso.
O ser humano que tenha a aceleração como objetivo muitas vezes se perguntará,
desesperado, até que ponto ainda terá de crescer. Ele percebe em si e fora de si
reivindicações que o deixam muito cansado, e ele gostaria de, mais ou menos ansioso,
lutar contra o fato de ter de continuar se desenvolvendo continuamente. Já falamos
sobre a espontaneidade do objetivo. E assim, como é válido para todos os objetivos,
também para o objetivo da aceleração é preciso que uma certa espontaneidade, um certo
automatismo façam parte do progresso. Assim como vocês podem mandar instalar um
câmbio automático no carro para não precisar preocupar-se mais com a mudança de
marchas, assim também, na vida de todos que concordaram com o crescimento
acelerado existe um câmbio automático que lhes possibilita pensar temporariamente em
outra coisa, bem diferente do fato de terem de evoluir.
Para as pessoas com o objetivo da aceleração, a meditação e os momentos de
tranqüilidade têm um significado muito especial. E quando não concedem a elas
mesmas essa tranqüilidade, acham mais difícil suportar a insatisfação que as atormenta
sempre que deixam de fazer os progressos impostos pelo seu padrão reativo e pela sua
norma interior, sempre muito exigentes. Com freqüência, a tranqüilidade é considerada
erradamente o pólo contrário do crescimento interior. Mas isso não é verdade,
principalmente quando se trata de pessoas que aceleram a evolução da alma. O não
fazer nada consciente é de considerável importância para o crescimento interior e
exterior, pois dele nasce o mais elevado conhecimento. Aprender a suportar com
sinceridade a impotência, o desamparo, a confusão passageiros é um desafio com o qual
se depara toda a alma que interiorizou o objetivo da aceleração.
Seres humanos com esse objetivo estabelecem para si mesmos desafios elevados,
muitas vezes elevados até demais. Eles anseiam por um tipo de provocação, pois vencer
grandes dificuldades lhes parece ser o sentido da vida. Mas eles odeiam a
complementação necessária para conseguir a lucidez, o conhecimento que querem obter.
Eles se defendem da confusão porque não conseguem definir a falta de clareza, e são
acometidos pelo medo de que ela possa durar para sempre.
No entanto, para as pessoas cujo objetivo é a aceleração, a confusão é como o
combustível que coloca o motor em movimento. Sem confusão não é possível nenhum
conhecimento. Só quem se deixa levar pelos sentimentos angustiantes do medo de ver o
chão faltar debaixo dos pés, e de não saber para onde leva o caminho e que caminho tem
de seguir, pode esperar aprender coisas novas.
Quem escolheu a aceleração como temática de vida muitas vezes vê uma grande
vantagem em torná-la tão difícil quando possível. Nós, contudo, queremos lembrá-los
de que nenhum dos objetivos de desenvolvimento tem a função de dificultar uma
existência, uma vida, uma encarnação, até torná-la insuportável. Por isso, aconselhamos
a todos aqueles cujas almas sentem a necessidade de, numa única encarnação, dar
grandes passos, tão rápido quanto possível, a confiar em sua dinâmica inerente,
aceitando que a alma, como que por si mesma, busca os desafios apropriados. Uma vida
terrena já contém suficientes áreas de atrito, sendo portanto desnecessário que lhe sejam
acrescentados outros desafios e exigências pela psique e pela razão.
O objetivo da aceleração se equipara ao vôo rápido de um pássaro. Pesos de chumbo
impedem
capacidadeo pássaro de voar.
de se apoiar A leveza, asão
nos momentos graça e a imprescindível
características que todaconfiança na objetivo
pessoa com
da aceleração também tem. Essas qualidades se manifestam à medida que o
conhecimento de sua habilidade inata torna-se consciente.

7 - O Domínio
- ditadura; direção +

É do conhecimento de todos os que refletem sobre a sociedade em que vivem que


não seria possível vencer os desafios da era industrial se não houvesse pessoas que,
graças à força da sua natureza, graças à sua disposição e aptidões, estiveram dispostas a
assumir grande dose de responsabilidade e a desenvolver a capacidade de liderança para
dar às pessoas com outros objetivos, a oportunidade de realizá-los.
Na mesma sociedade que tanto necessita de domínio, toda pretensão de soberania é
contemplada com criticismo, até mesmo com repulsa e desconfiança, como se fosse
algo moralmente condenável. Por isso, a maioria das pessoas não consegue aceitar o
objetivo do domínio, temendo os efeitos negativos desse objetivo. O pólo negativo é a
"ditadura - e a ditadura é de fato uma razão para se contemplar o domínio com
desconfiança.
Todo aquele que reconhece e confirma que tem o objetivo do domínio, precisa
praticar a autocrítica e proteger-se dos efeitos que o próprio medo exerce sobre esse
objetivo. Pois a tentação de considerar o domínio como uma carta branca, como
permissão para impor sua vontade aos outros, obrigando-os a executar ações que lhes
fazem mal e pelas quais sentem aversão é extremamente grande para aquele cujo
objetivo é o domínio. O pólo positivo, que se manifesta por meio da liderança
responsável, disposta a correr riscos, sempre trará conseqüências positivas quando essa
pessoa aprende a se controlar e a usar sua natureza amorosa para alcançar o objetivo.
Isso significa que todos que fizerem do objetivo do domínio o centro dos seus esforços,
terão primeiramente de aprender a controlar as próprias forças. O primeiro passo
consiste em reconhecer como o domínio natural, como uma deferência a uma atitude
exigente, age na infância, na juventude e no início da idade adulta sobre o meio
ambiente em que a pessoa vive.
A pessoa com o objetivo do domínio, em geral, não está consciente do fato de que
pode representar uma ameaça para os outros. Ela tem a tendência de impor sua vontade
e de desconsiderar as necessidades mais fracamente admitidas dos demais; e quando
isso não é possível mediante os meios de uma discussão franca, ela tentará manipular as
pessoas para alcançar aquilo que considera seu direito natural.
Essas manipulações podem acontecer fazendo-se uso de pirraças ou de adulação, do
charme ou da rejeição. A pessoa com o objetivo do domínio, entretanto, raras vezes terá
de renunciar aos seus propósitos ou à realização dos seus desejos. Muito mais
freqüentemente, serão os pais, o parceiro, os amigos e colegas que cederão, pois não se
sentem aptos a enfrentar a pressão maciça e deliberada do oponente. Por isso,
indulgente ou resignadamente, abdicam da sua posição.
Isso pode facilmente levá-los a não opor suficiente resistência ao jovem com o
objetivo do domínio, e de não lhe tornar visíveis os limites entre comando e tirania.
Deixam-se dominar por ele e só mostram ressentimento de forma indireta. O
dominador, que não tem muita consciência do seu jogo de forças e que se move como
um gigante em terra de pigmeus, então reconhece os efeitos de suas exigências
descontroladas, que chegam
companhia e amizade, a ser
traz-lhe ditatoriais,
solidão como algo que em vez de lhe trazer
e isolamento.
O passo seguinte é o de que o dominador fica com medo de mostrar suas exigências
de poder. Ele continuará a exercer o poder; contudo, sua psique desenvolverá um
relacionamento muito tenso com os efeitos de suas necessidades. Ele tomará
consciência de seu desejo de dominar a tudo e a todos, e se envergonhará de ter obtido a
vitória graças a isso, ainda que precise urgentemente dessa vitória para dar sentido à sua
existência.
O objetivo do domínio é muito difícil de controlar na juventude e no inicio da idade
adulta. Só nos anos de maturidade é que o dominador reconhecerá a natureza ditatorial
do seu domínio, desistindo da tirania e desenvolvendo um autêntico papel de liderança.
Com freqüência cada vez maior, a autoridade, a influência e a responsabilidade
inseparavelmente ligada a essas, substituem a irrefletida vontade de dar ordens aos
outros. A atitude manipulativa arrefece e é identificada como uma expressão do medo
de não conseguir se impor, visto que a imposição é considerada como objetivo e
necessidade existencial.
A pessoa madura cujo objetivo é o domínio torna-se mais calma, mais segura. Ela
chega ao estágio de usar sua força de modo comedido, carinhoso e realmente vantajoso.
E o seu autodomínio vai se identificando; ela não tem mais a necessidade de provar, em
cada situação, que ela é maior, mais forte, mais inteligente do que os outros. Sua
autoridade natural se transmitirá ao meio ambiente mais pela sua maneira de ser do que
pela de agir.
O dominador pode-se tornar um modelo para os outros. Com cada vez mais
freqüência ele pode exigir para si a liderança, graças à sua experiência. Não mais terá de
lutar pelo reconhecimento desse domínio de forma tão extenuante quanto antes, pois
essa liderança lhe será concedida com toda naturalidade. Por isso diminui o nível do seu
medo, e ele não sente mais, como antes, a necessidade de exigir, por meios ditatoriais,
aquilo que não consegue obter por meio do amor.
Quando a pessoa com o objetivo do domínio, por determinados motivos de cunhe
social, educativo ou por causa de uma neurose individual, tem poucas ou nenhuma
oportunidade de testar sua capacidade como líder, dirigente ou ditador, ela cederá aos
outros o controle sobre a sua vida. Ela alcançará seu objetivo, ao fazer experiências com
o tema do domínio, na medida em que se deixar dominar, na medida em que, junto com
essas experiências, cultivar sentimentos de ódio e de rejeição contra aqueles que
comandam e que comandam melhor do que ela. Com isso, terá problemas com as
autoridades, com os poderosos e com os que estiverem no poder, seja na sociedade, na
política ou no ambiente doméstico, onde transformará em inimigos os pais ou outras
pessoas que vivem o objetivo do domínio em ambos os pólos.
A pessoa com o objetivo do domínio tende a ter inveja daqueles que conseguem
articular-se melhor do que ela em sua capacidade de liderança. Quando consegue
reconhecer o domínio dos outros sem se sentir dominada pelo medo, ela os transforma
em modelos, em ideais ou em ídolos, em figuras de liderança, nas quais procurará
espelhar-se. No inicio da idade adulta, no entanto, ela terá de questioná-los outra vez,
para descobrir a própria autoridade e força de comando. Caso contrário, ela continuará
ocultando-se por trás da grandeza dessas figuras de liderança. E cultivará sua fraqueza
em vez de assumir a responsabilidade pela própria personalidade.
O ato de esconder a própria força leva as pessoas com esse objetivo ao servilismo
que nega o próprio valor, que encontra expressão nas formas de controle e da prática de
poder sobre as que elas consideram mais submissas e frágeis.
O ser humano cujo objetivo de desenvolvimento alcançar a liderança, deve prestar
atenção
fraquezaspara não ou
físicas oprimir a família
doenças como
crônicas paraum tirano doméstico,
monopolizar e par
a atenção denão usar suas
todos.
Para ele, é muito importante desenvolver uma sensibilidade para a medida correta de
poder. Também no círculo de amigos e colegas, ele pode assumir um papel de líder
incontestável, quando quer alcançar seus objetivos, sem exercer uma pressão muito
grande sobre os outros pela pressão do medo. Sempre é bom lembrar-se que só lhe
contestarão a liderança e o invejarão, a tirarão dele, ou atrairá medidas punitivas contra
si se procurar concretizá-la por meio de formas ditatoriais. No entanto, quando consegue
mandar de modo amável e carinhoso, quando não inibe os outros, mas lhes garante a
liberdade, sem que tenham de prescindir da liderança, então, nesse caso, o dominador
pode ser um pai, um patrão, ou um político extraordinário.
O autocontrole, do qual já falamos, terá seus bons efeitos sobre o objetivo do
domínio. Quanto maior a moderação de uma pessoa com relação a esses traços de
domínio, tanto mais convenientemente ela conseguirá utilizar suas forças. E quando
conseguir unir a autocrítica, o autoconhecimento e o controle com o objetivo de
crescimento da liderança, ela desenvolverá uma personalidade que granjeará respeito
natural; ela será amada respeitada, e a ela será entregue a direção porque os demais
percebem e reconhecem a sua força, sabendo que podem contar com ela.
No campo dos relacionamentos pessoais - sejam eles de amor ou de amizade - a
pessoa com o objetivo de desenvolver o domínio, precisa da assistência de
personalidades que tenham uma consciência sadia de si mesmas e uma capacidade
natural de saber impor-se e de força instintiva. Quando o líder se depara com pouca
resistência, ou ele inconscientemente adota atitudes de domínio, ou não conseguirá se
refrear, ou então castigará a pequena força de resistência de seus parceiros, com o
desprezo.
Para poder amar uma pessoa que quer concretizar o objetivo do domínio, é preciso
impor-lhe limites e dizer-lhe energicamente quando está sendo um ditador, colocando os
outros sob o regime do medo. Nós dissemos que uma pessoa com esse objetivo não tem
consciência das conseqüências de suas forças e que, por isso, é difícil para o seu meio
revoltar-se contra ela.
Por um lado, essa pessoa mostra àqueles que são menos dominantes e menos fortes,
a falta de força de vontade deles ou a falta de consciência de si mesmos embora, por
outro lado, ela mesma chega a temer o domínio dos outros quando os outros se rebelam
contra ela ou contra suas usurpações, ela se sente ameaçada e atacada diante das
tentativas de lhe tirarem a liderança, tal como um rei que é confrontado com um golpe
de estado por parte dos seus generais. Então pode haver lutas impetuosas nos
relacionamentos particulares, que só chegarão ao término com um acordo de paz, assim
que ambos os lados reconhecerem que agem por medo e não por amor.
Os pais podem aprender a estabelecer limites e barreiras claras para os filhos que
têm uma forte necessidade de dominar a família, sem eliminar totalmente o papel de
liderança do filho e sem aniquilar sua vontade, pois um ser humano com o objetivo de
crescimento da liderança precisa, desde o começo, de um reino no qual possa ser o líder
incontestável. Quando, portanto, os pais reconhecerem que este é o objetivo do filho,
convém arranjar-lhe um campo em que ele possa exercer o seu papel de líder, a sua
inteligência e a sua capacidade de domínio, onde possa continuar incontroverso e onde
possa ser acompanhado com alegria.
Uma criança com o objetivo do domínio também precisa ter a possibilidade de
assumir a liderança no círculo de amigos. Ela só deve ser criticada ou punida quando
limita ou pressiona os companheiros além do suportável. Caso contrário, essa criança
logo se sentirá levada para o desvio, e vai descobrir que ninguém quer brincar com ela,
eaovendo-se na contingência
menos poder prová-las nodemundo
se refugiar em fantasias
imaginário do seude grandeza
reino mental,e já
deque
poder,
nãoapoderá
fim de
levá-las a efeito no mundo exterior. Limites são necessários, mas prescrições rígidas
demais prejudicam o poder de liderança da criança ou ao longo dos anos, a ponto de ela
ter de negar suas forças srcinais ou ser obrigada a encontrar saídas neuróticas para
dominar o uso da sua capacidade.
Enfatizamos mais uma vez como é necessário, em todo tipo de sociedade, confiar
nas pessoas encarregadas de tarefas de liderança que tenham uma autoridade saudável e
que estejam dispostas a exercer a chefia com responsabilidade e amor. É por isso que
aqueles que escolheram o objetivo do domínio são em grande medida chamados a
executar suas tarefas de líder, seja na vida particular, social ou política, ou nos negócios,
no comércio ou na administração. Quem sempre dispôs dessas forças, deve cultivar sua
capacidade e praticar o autocontrole e a direção responsável.
As forças naturais inatas desse ser humano libertam-no da necessidade de ter de se
impor ou de ter de lutar violentamente contra as manifestações da vontade dos outros.
Quanto mais profunda for a confiança dele em seus resultados, em sua influência
positiva, na força do seu próprio ser, tanto mais perto de concretizar seu objetivo ele
estará, e tanto mais plena será sua vida.
Enquanto outras formas de expressão desse objetivo lhe parecerem seguras e
praticáveis, ampliar-se-á sua sensação de inadequação e o problema da falta de sentido
de vida e de não-realização. Só a realização do objetivo do domínio livra um ser
humano do medo de não poder demonstrar seu domínio natural. Assim, ele pode
respirar aliviado e aceitar a idéia de que ele também pode ser necessário e amado do
jeito que é.
E ele sentirá que uma onda de admiração e de simpatia irá ao seu encontro e lhe
confirmará o dom da liderança, dissipando o medo de poder fazer mal aos outros com
sua força e desejos, com suas qualidades e idéias.

IV – OS MODOS DE AÇÃO

VISÃO GERAL
OS MODOS DE AÇÃO
EXPRESSÃO
5 – Poder 2 – Precaução
- tutela; - nervosismo
autoridade + excessivo;
circunspecção +
INSPIRAÇÃO
6 – Paixão 1 – Discrição
- fanatismo; - inibição;
carisma + repressão +
AÇÃO
7– 3 – Perseverança
Agressividade - irremovibilidade;
- mania de persistência +
discutir;
dinâmica +
ASSIMILAÇÃO
4 – Observação
- vigilância; visão clara +

Sobre o Modo de Ação

O modo de ação determina a maneira como atingimos o nosso objetivo de


desenvolvimento; determina a maneira de conduzirmos melhor a vida.
A informação sobre os padrões anímicos que vocês analisaram até agora já lhes deu
um quadro homogêneo e com força de expressão; contudo, esse quadro é como um
filme em preto-e-branco ou um desenho a carvão; o modo de ação traz colorido a esse
quadro.
O modo de ação não é simplesmente a maneira como vocês pensam realizar seu
objetivo de vida, embora essa seja a sua função principal; é também a maneira como
vocês dão colorido às suas experiências e aos seus intentos nesta vida em particular.
Assim sendo, os modos de ação têm mais que ver com a alegria de viver e com a
possibilidade de corrigir os erros, isto é, com a atenuação de exigências muito grandes e
impetuosas que a alma muitas vezes se impõe no arrebatamento e na coragem de
encarnar.
Portanto, o modo de ação pode servir como um corretivo, por exemplo, ocultando
sob a poeira ou na neblina uma imagem muito rude e repleta de sombras de violência,
ou dando colorido e contraste a um quadro cuja perspectiva ficou monótona demais. O
que seria da vida de vocês sem essas cores?
Também poderíamos entender o modo de ação como uma espécie de aprendizagem
sobre os temperamentos humanos, ou seja, como uma possibilidade de descrever e
determinar o ritmo e o temperamento com que vocês criam e vivem a vida.
O modo de ação, como vocês já ouviram dizer, a concentração na realização dos
objetivos individuais de desenvolvimento. Esses objetivos humanos com freqüência são
difíceis e contraditórios e, geralmente, o modo de ação serve para ajudá-los a descobrir
quais são esses objetivos, além de dar a vocês outros impulsos, mostrando como usar
melhor e com mais propriedade a energia para alcançar o que pretendem.
Quem tiver escolhido a discrição como modo de ação não deve acreditar que por
isso tenha de ser discreto em todas as situações da vida. Quem escolheu o domínio
como modo de ação não precisa prevalecer-se da sua autoridade em todo lugar, ou a
todo tempo. Muito mais importante é lembrar sempre: quando eu cultivo o pólo positivo
do meu modo de ação sem me esforçar demais pan isso, promovo meu objetivo de
desenvolvimento, sem ter de trabalhar diretamente nesse objetivo.
Portanto, quem mostrar o objetivo da recusa no seu padrão anímico pode obter
muito mais por meio da recusa controlada. Basta concentrar-se no controle. Quem ligar
o objetivo da recusa ao modo de ação da paixão, pode confiar em seu carisma. Sua
recusa faz efeito com base na plena irradiação da pessoa, sem que ela tenha que
entabular grandes conversas ou fazer grandes negociações. O modo de ação é uma
oferta da matriz, que alivia e desobstrui muita coisa na vida.
E como vocês podem saber se se encontram no pólo positivo ou no pólo negativo de
seu modo de ação? Nós já dissemos: o modo de ação é uma fonte de alegria. Sempre
que vocês, a seu modo, para promover o objetivo de desenvolvimento, sentirem alegria,
e sempre que com essa alegria se fizer presente uma sensação de liberdade interior,
vocês
mesmos estarão
e por no pólo
parte dopositivo. E, visto que éesse
mundo circunstante pólo positivo
percebido por parte de
como agradável vocês
e benfazejo,
ser-lhes-á fácil dinamizá-lo; e ainda mais fácil será para vocês relembrarem todas essas
dificuldades, lembrança que os presenteou com uma permanência excessivamente longa
no pólo negativo no passado.
Vocês não podem evitar de modo conseqüente o pólo negativo, nem aqui, nem em
outra parte da matriz. Se vocês, contudo, se tomarem conscientes de suas energias
características, torna-se fácil transferi-las para a zona do pólo negativo. Todos vocês, na
primeira metade da vida, estarão um tanto mais freqüentemente no pólo negativo do que
no pólo positivo de seu modo de ação. A segunda metade da vida há de transcorrer no
sentido inverso.

1 - A Discrição
- inibição; repressão +
A discrição - modo de ação no campo da inspiração - pode ser analisada como uma
alternativa com relação à paixão. Enquanto o apaixonado se entrega em todos os
âmbitos da vida, a pessoa discreta se controla em todos os aspectos da sua vida. Essa
pessoa não se deixa arrebatar por suas necessidades e sentimentos. Ela sabe o quanto é
benfazejo, para si mesma e para o seu meio, refrear sua força, sua vontade, sua cobiça,
mas também seu medo, sua raiva e sua luxúria. No entanto, quando ela não só controla,
mas também inibe esses sentimentos -, ela reprime excessivamente a sua personalidade,
a sua essência. Nesse caso ela não consegue mais sair de si mesma, não mais age pela
liberdade que reside na repressão, mas torna-se uma escrava das próprias inibições. A
repressão e a inibição, como pólos positivo e negativo desse modo de ação, se
relacionam com a necessidade de reprimir uma energia existente. Essas repressões e
inibições seriam, pois, completamente supérfluas se não houvesse o que reprimir.
Muitas pessoas com esse modo de ação têm uma irradiação energética refreada, não
transparente quando o medo as domina e, então, a inibição por se entregar e por se
mostrar é tão grande que tentam tornar-se invisíveis, resultando essa irradiação
energética refreada apenas no medo de serem levadas por essa energia se ficarem
desinibidas. Por isso a pessoa inibida constrói tantos muros e introduz tantas comportas
na correnteza das suas forças, que ela pode partir disso para mantê-las sempre sob
controle. Na verdade, porém, seus muros e suas comportas há muito tempo têm essa
pessoa sob controle. Essas coisas se tornaram autônomas e a pessoa que se inibe sem
cessar desde a juventude, achará muito difícil derrubar esses empecilhos para correr
novamente com toda sua força, podendo mobilizar-se em liberdade.
O inibido, portanto, é um prisioneiro e, ao mesmo tempo, o guarda do presídio. Ele
é a água e o guardião das comportas. O seu guarda de comportas, contudo, é uma figura
extremamente tímida e cautelosa. Só agirá cumprindo ordens superiores. Nunca vai
confiar em si e nunca ousará dispor arbitrariamente da afluência de energia e, se os
serviços públicos negligenciarem a fiscalização, dará preferência a paralisar tudo, a
deixar secar e tornarem-se áridas regiões inteiras a tomar uma decisão que traga um
risco de poder ser castigado pela sua arbitrariedade.
Assim, a pessoa discreta prefere organizar-se em suas inibições e para isso agüentar
que sua paisagem anímica fique deserta. Essa pessoa só se sente segura em seus diques
e barreiras: em todo caso ela se põe a especular com essa possibilidade: “O que
aconteceria se eu não tivesse nenhuma inibição?”
Não obstante isso, a pessoa tem medo de submeter à comprovação os efeitos
práticos dessa especulação. Por outro lado, entretanto, sua psique também intui como
poderia ser glorioso
Contudo, não ter inibições
há, atualmente, e poder
muitos meios fluir livremente
e caminhos comoinibições
de eliminar as águas.que estão à
disposição a qualquer momento; um desses meios é o álcool. Por isso há muitas pessoas
com o modo de ação da discrição que de toda maneira querem livrar-se de suas
inibições e, para tanto, lançam mão da bebida. Pois uma boa dose de bebida libera, em
pouco tempo, ao menos temporariamente, o inibido de sua prisão. Sua língua se desata,
seus membros se tornam mais flexíveis, ele faz coisas que nunca imaginaria ser capaz
de fazer. Toda a especulação do seu ego se torna visível, ele começa a se gabar e a
vangloriar-se, e a supervalorizar suas forças na mesma medida em que, em seu estado
normal, ele as desvaloriza. Nessa condição é muito difícil ele reprimi-se. O relaxamento
e a excitação provocados pelo súbito fluxo de energias que percorrem seu corpo e se
irradiam para fora são tão envolventes, que a idéia de uma repressão equilibrada do seu
ímpeto nem lhe passa pela cabeça. O mesmo efeito pode ser observado no caso dos
remédios para dormir e das drogas, pois o inibido, com freqüência e em geral, está tenso
demais devido ao esforço de manter intatos os seus muros de defesa; e os medicamentos
têm um efeito libertador, visto que suas tensões desaparecem temporariamente com sua
ajuda.
A timidez do inibido é diferente da timidez do orgulhoso. O inibido, via de regra,
não chega a intuir sua verdadeira força. Ele sempre tem a possibilidade de substituir sua
inibição por uma repressão sadia. Enquanto o orgulhoso está muito consciente de suas
forças e possibilidades, se sobressai aos demais e constrói um muro que há de distingui-
lo dos outros, a pessoa discreta, e principalmente a inibida, muitas vezes não está em
situação de se expor, visto que ela não pode prescindir totalmente de sua discrição, ao
passo que o orgulhoso fica livre assim que deixa seu medo para trás.
A pessoa discreta, ao contrário, sempre haverá de querer efetuar uma certa repressão
em todos os âmbitos de sua vida. Mesmo quando está livre do medo, ela não é
exibicionista, mas continua tranqüila, precisa de tempo e raras vezes reage
imediatamente. Quanto menos ela se deixar dominar pelo medo, tanto mais agradável é
a sua discrição. Ela não é hostil, ela não é indiferente, é simplesmente calma e prudente.
Sua atitude se assemelha à do cauteloso, só que ela parece mais retraída. Ela não
tem a intenção de avaliar os prós e os centras de uma situação, porém, muito mais
deseja analisar os próprios sentimentos. Para ela não se trata tanto da objetividade e de
um julgamento sadio e adequado como acontece com a pessoa prudente. Para a pessoa
discreta importa muito mais fazer as suas necessidades, sentimentos e sensibilidade
entrar em sintonia com a situação do momento. E como isto exige uma atitude que não
reage imediatamente ou logo faz tomar iniciativa, a pessoa discreta é alguém que
primeiro se recolhe e se aconselha consigo mesma antes de tomar uma decisão.
Voltamos outra vez à afirmação de que este modo de ação pertence à polaridade da
inspiração. Isto significa que a pessoa discreta está em ligação tanto com a polarização
positiva quanto com a polarização negativa deste modo, com suas vozes interiores, mas
também com as inspirações por meio de forças que estão além de seu ser. E como vocês
sabem, para ouvir as vozes que não podem ser captadas com os ouvidos físicos, é
preciso que haja silêncio exterior, para que a pessoa que ouve não perca a concentração
devido às atividades que possam distraí-la.
A pessoa discreta, portanto, ansiará tanto mais por silêncio e tranqüilidade quanto
menos for atormentada pelo medo. Para aproximar-se do pólo amoroso do seu modo de
ação, ela precisa ter oportunidade de aconselhar-se consigo mesma, de testar suas
vibrações, suas respostas aos acontecimentos e analisá-los em profundidade. E quanto
mais freqüentemente tomar uma decisão depois de ter certeza e estar segura do que
corresponde
e voltará sua melhor
energiaao seuodesejo,
para mundo tanto mais facilmente renunciará à extrema discrição
exterior.
Como o modo de ação da discrição tem o número ordinal 1 e assim se relaciona com
o papel anímico arquetípico do agente de cura, vocês compreenderão quando dissermos:
a pessoa discreta espera por orientação. Ela busca essa orientação em seu intimo, junto
ao seu Eu Superior ou em Deus, ela busca em tudo o que seja fonte de inspiração. E só
quando tiver percebido essa orientação, quando tiver ouvido a voz inaudível estará
pronta para agir. Isso não quer dizer que a pessoa discreta sempre seja passiva. Ela
apenas sente simplesmente qual ação é mais apropriada. A pessoa cautelosa, ao
contrário pensa antes de agir.
A discrição, portanto, é um componente altamente positivo e importante quando se
expressa por meio de uma repressão descontraída, não-tensa e tranqüila. Por outro lado,
porém, ela se torna um adversário da pessoa com este modo de ação quando
predominantemente se expressa por meio de inibições que impedem de tal maneira o
fluxo natural das energias, que apenas o medo dá motivação para todas as decisões.
Assim como muros e comportas podem ser destruídos, assim também essa forma de
inibição pode ser eliminada. Não é somente a própria pessoa discreta que pode
investigar e observar em que condições seu medo arrefece, de que desafios ela precisa
em sua vida particular e em seu lugar de trabalho, para não ser impelida ainda mais
profundamente para o seu medo de que haja uma descontração; também os amigos, os
membros da família e os terapeutas podem contribuir substancialmente para diminuir a
inibição e transformá-la em discrição, assim que tiverem compreendido que uma pessoa
com este modo de ação nunca será desinibida, nunca desejará ser o centro das atenções
e sempre evitará tomar decisões sem antes consultar seus sentimentos.
Quem levar isso em consideração e não esperar que por ter eliminado as inibições a
pessoa discreta se transforme num leão de chácara ou numa mulher fatal, adotando uma
atitude exibicionista que só é possível quando se elimina artificialmente a inibição
juntamente com a discrição, poderá alcançar muita coisa com um trabalho paciente de
descontração. Contudo, quando se obriga uma pessoa demasiado inibida ou uma pessoa
moderadamente discreta a abandonar totalmente a discrição e por meio de manipulações
se tentar introduzi-la numa situação de vida em que se sinta exposta e só faça algo por
amor a alguém, o que fere com persistência a sua sensibilidade, isso a mandará mais
depressa de volta ás suas dolorosas inibições em vez de libertá-la.
Quem, porém, respeitar esse modo de agir numa pessoa em vez de tentar destruí-lo a
qualquer preço, dedicando-se amorosamente à pessoa discreta, poderá contar com a
simpatia duradoura da mesma. Em contrapartida, para pessoas fortemente determinadas
pelos modos de ação do poder, da paixão e da agressividade é especialmente difícil lidar
carinhosamente com a discrição, pois é exatamente a discrição que muitas vezes lhes é
desconhecida. Acham que até mesmo uma forma amena de discrição pode ser
equiparada à timidez doentia ou a problemas não solucionados. Além do mais, o único
problema consiste em que pessoas fortemente voltadas para a ação têm pouca
experiência e menos compreensão ainda para com os modos de ação mais passivos.
No entanto, em geral, acontece que a cautela, a discrição ou a persistência só são
escolhidas como modos de ação quando antes foram feitas experiências com modos de
ação bastante extrovertidos. Só quando uma pessoa dispõe realmente de uma força que
valha a pena canalizar, ela pode introduzir efetivamente esse processo. Dessa forma, é
freqüente poder observar que uma alma escolhe uma ou várias vezes um modo de ação
voltado para fora e só quando esgotou as possibilidades de desenvolvimento oferecidas
por esse modo de ação ela se recolherá: dessa distância recém-conquistada, ela
procurará reprimir e moderar as próprias forças de expressão, de inspiração e de ação,
masMuitas
sem perdê-las
pessoastotalmente.
com esse modo de ação, que sofrem devido às suas inibições, têm a
convicção de que se sentiriam melhor se não as tivessem; assim sendo, sonham com um
ideal confuso de não ter inibições, um ideal que teoricamente é viável, embora não
esteja à disposição das pessoas que optaram pela discrição como modo de ação.
Por isso ê da maior importância que uma pessoa discreta aprenda a defender sua
discrição e a avaliá-la positivamente. Seu medo e suas inibições às vezes lhe dão a
impressão de que só conseguirá atingir os ideais da sua personalidade se se comportar
de modo passional, agressivo ou imponente. No entanto, ela se orienta pelos modos de
ação que por um bom motivo não estão à disposição. Nós dizemos: por bom motivo,
porque a alma tem um desejo consciente e escolheu agir com discrição a fim de
experimentar algo novo.
Portanto, a melhor maneira de uma pessoa discreta livrar-se de suas inibições é
reconhecer o valor da sua atitude básica e não obrigar-se a mudar de posição. Para ela, a
discrição é fonte de conhecimento. O disfarce contraído e a ignorância de seus limites
naturais repletos de sentido, levá-la-iam de volta aos planos há muito tempo explorados
e que agora, na atual encarnação, antes a afastam do seu objetivo de desenvolvimento
do que a aproximam dele.
Lembrem-se sempre de que o modo de ação descreve a maneira pela qual uma
pessoa chega ao seu respectivo objetivo de desenvolvimento, mais rápida, significativa
e duradouramente. A pessoa discreta pode e deve garantir uma forma de repressão
descontraída, calma e não-tensa. Ela ficará feliz à medida que se aproximar do objetivo
por meio da análise das suas reações sentimentais, por meio da audição reflexiva da voz
interior que lhe dá orientação.

2 - A Precaução
- nervosismo excessivo; circunspecção +

A precaução é um modo de agir que protege vocês contra o fato de fazer tudo sem
refletir, apaixonadamente, rumando com demasiado ardor para a realização dos seus
objetivos, sem levar em conta que são pessoas e têm de viver de acordo com a
finalidade das coisas.
Finalidade quer dizer que é preciso considerar vários fatores limitadores, fatores que
não lhes querem obedecer, que vocês não podem controlar. Dentre esses fatores estão
em primeiro lugar as outras pessoas. Em segundo lugar, estão as suas modalidades de
ser, a sua disposição, os seus posicionamentos, os seus limites de personalidade. E
também o que vocês podem fazer num determinado momento e não podem fazer em
outro, e o que pretendem e acham possível fazer.
Em seguida, vêm todas as limitações que a sociedade lhes impõe. Há as leis, a
moral, há a sua psique que reflete a psique coletiva, há a educação pessoal que
receberam e que se manifesta na mentalidade educacional da sociedade e, por último,
mas não menos eficazes, há os limites impostos pela biologia humana, a química do
corpo, o seu vínculo com a Terra e com o cosmo a serem considerados.
Se não lidarem com esses fatores do modo aconselhado pela sua cautela, vocês
verão constantemente que o que pretendem fazer, os objetivos que desejam alcançar,
fracassam, pois antes de se darem conta, “já deram com os burros na água”. Quando, no
entanto, vocês querem alcançar os objetivos a curto prazo, não demora e vocês desistem
deles, pois se esforçaram demais e passaram por cima das outras pessoas, sem levar em
consideração as necessidades delas. Essas pessoas, por sua vez, se ressentem, pois
sentem
impondoque se exigiu
limites demasiado
a vocês: esforço
elas farão delas.
de tudo paraE,mostrar-lhes
assim sendo,o devolverão o ataque,
lugar que lhes cabe de
sorte que vocês ficam frustrados, aborrecidos, decepcionados, enfraquecidos em suas
pretensões. Por isso, logo hão de propor-se que não farão nova tentativa, que irão
resignar-se. E isso é uma pena.
Se vocês usarem de cautela, isso fará de vocês pessoas prudentes, pois vocês
incluirão em seus cálculos aquilo que poderá ser um obstáculo em seu caminho: isso
significa que vocês não fixam os olhos no objetivo, mas que, embora o mantenham sob
o alcance dos seus olhos, vocês estendem de tal forma o olhar que não vão pela vida
com os olhos vendados vendo apenas aquilo que está bem na sua frente. Ampliem o
ângulo visual de vocês e contemplem muitas coisas que estão à sua frente, perto de
vocês, atrás, em cima e embaixo, levando-as em conta, sem que essa consideração seja
falsa.
Ser precavido significa ser realista. Ser cauteloso significa ter visão de longo
alcance. Muitos só conseguem realizar seu objetivo de vida quando incluem também o
que está à esquerda e à direita do caminho, quando não excluem as realidades da vida,
porém contam realisticamente com elas, de maneira que a cautela lhes diz: “Agora você
está indo longe demais!” Ou então: “No momento você dá mais prejuízo a si mesmo do
que lucro; espere mais um pouco. Vá devagar! Verifique o chão sobre o qual está
pisando, pois poderia acontecer de você estar pisando em solo pantanoso: dê um passo
por vez e tome cuidado para não afundar. Depois que estiver enterrado no pântano até o
pescoço será mais difícil tirá-lo para que possa continuar rumo ao objetivo, teria sido
melhor dar alguns passos cautelosos buscando terra firme em que pudesse ficar em pé!”
A cautela gosta de aconselhar: "Nem todos têm capacidade para caminhar sobre as
águas. A grande maioria se afoga ao tentar fazê-lo. A cautela lhes diz para usar um
barco. E a cautela. aconselha a escolher um barco grande, talvez até mesmo um
transatlântico, se quiserem fazer uma longa viagem por mar. Quanto mais distante o
objetivo estiver de vocês, tanto mais difícil será atingi-lo e tanto melhores têm de ser os
preparativos. E vocês têm de ser mais prudentes, se quiserem chegar a ele de uma
maneira que valha a pena”.
Quando, por exemplo, uma pessoa com o objetivo do domínio escolhe o modo de
ação da cautela, terá grande significado usar esse modo de agir para que controle seus
apetites autoritários. Se ela tiver escolhido um outro objetivo ativo, por exemplo, o
objetivo da aceleração, muitas vezes será necessário colocar freios, ou cautelosamente
controlar a velocidade, de maneira que uma sobrecarga não leve a uma recaída ou a um
revés.
O modo de ação da precaução naturalmente tem dois lados. Como os outros modos
de ação ele tem dois pólos, tal como acontece com os outros elementos matriciais. Do
pólo positivo, do pólo que provém do amor, nós já falamos um pouco. Trata-se da
circunspecção, da prudência, da cautela inteligente e a consideração cheia de amor. A
circunspecção permite que a pessoa se avalie, a circunspecção congrega força antes de
dar o grande salto. A circunspecção não se desfaz à toa das forças e não admite ter de
desistir antes de alcançar o verdadeiro objetivo. Mas quem se deixa conduzir pelos seus
medos, facilmente será preso de um medo excessivo e abordará tudo e todos com
cautela exagerada. Ele se defenderá exageradamente de todo tipo de exigências, por
isso, raras vezes ou nunca, saberá onde estão seus limites e como poderá ultrapassá-los.
Uma pessoa medrosa, excessivamente medrosa com o modo de ação da precaução,
sempre terá bons motivos para fugir aos desafios da vida, voltando-lhe as costas,
fechando-se e repetindo desde a manhã até a noite: “Isso é demais para mim. Não
consigo fazer isso. Não tenho competência. Prefiro deixar isso de lado”. Na verdade, o
seu Uma
medopessoa
a leva aexcessivamente
substituir a precaução
nervosa pelo excesso
que se de nervosismo.
aproxime mais do pólo negativo do que
do pólo positivo da precaução muitas vezes cairá na tentação de achar que não tem
competência para nada e achará preferível viver em “fogo brando”, achará melhor ser
inativa, preguiçosa e pusilânime, buscando sempre bons motivos para isso, os quais lhe
são sugeridos pelo medo. Sua aura será cinzenta e sem vida, ao passo que a aura da
pessoa que cultiva a circunspecção é tranqüila, de um azul médio, contando com um
sopro cor-de-rosa quando ela reconhece os efeitos positivos da sua circunspecção e os
deixa agir sobre si mesma e sobre os outros. A pessoa excessivamente nervosa que foge
de todas as dificuldades, exigências ou supostos perigos como um animalzinho tímido e
que gostaria de se esconder, irradia uma aura de invisibilidade ao seu redor.
Uma pessoa precavida que cultive um excesso de nervosismo sentirá prazer em ver
perigos à espreita por toda parte. A vida dela consiste então de coisas incalculáveis e se
quiser apresentar-se à vida tem de enfrentar uma parte desses riscos. A pessoa precavida
vê perigos em toda ação e em todo movimento. Tenta manter-se medrosamente longe da
sujeira, das agressões, de brigas acaloradas. Não sai à rua porque pode escorregar. Evita
o ar fresco porque pode resfriar-se. Não vai ao médico porque pode contagiar-se no
consultório dele. Não come nada porque talvez não lhe faça bem. Sua vida toda é uma
reflexão em torno do que lhe poderia acontecer, ameaçar, torná-la viva. Mas essa idéia
de que algo possa torná-la viva é disfarçada com a idéia de que algo pode deixá-la
doente, ameaçá-la ou levá-la à morte.
Como educador, como mãe ou pai, uma pessoa excessivamente nervosa cria um
grande impedimento para a independência do filho. As frases prediletas de uma pessoa
precavida que cultive o medo, são: “Cuidado! Preste atenção para que nada lhe
aconteça! Cuidado para não bater o carro! Cuidado para não cair! Preste atenção para
não aborrecer ninguém! Cuidado, não vá se machucar! Cuidado, não vá se ferir!”
No entanto, quando uma pessoa cautelosa se decide pelo amor, quando ela se
descontrai, consegue banir os fantasmas das suas fantasias e chega a ter acesso à sua
vivacidade e à luz do dia, ela consegue ser um bom pai, um pai prudente e ajuizado -
além de orientado pelos sentimentos; ou então, pode ser uma mãe bem protetora, que
não isola o filho da vida, mas que o ensina a lidar com ela, de modo cuidadoso, prudente
e cautelosamente.
Uma pessoa cautelosa deve ter a consciência – e para isto deve ser circunspecta ao
menos durante alguns minutos ou horas -, de que isto a aproxima da realização do seu
objetivo de desenvolvimento e de que ela sempre vai se sentir bem quando agir e reagir
com cautela, tomando tempo para examinar tudo exaustivamente, sem dizer logo sim ou
não, aproximando-se, no entanto, cuidadosamente do objetivo.
Ela também deveria considerar que a circunspecção pode muito bem protegê-la de
muitos perigos e fatos imponderáveis; considerar, porém, que a circunspecção não a
prive do fio da vida. A circunspecção sempre está presente quando a pessoa com o
modo de ação da cautela ainda consegue respirar calma e livremente. O nervosismo
excessivo, pelo contrário, é imediatamente identificável pelo fato de que a respiração
vai ficando pouco profunda, entrecortada, superficial, ofegante, pelo fato de a voz quase
sumir e de a garganta parecer fechada por um nó, os olhos quase se fecham, como se
não pudessem suportar uma visão mais ampla. Visto que a pessoa com o modo de ação
da precaução, mesmo assim tende a retrair-se da agitação do mundo, dando alguns
passos para trás e mantendo distância, será muito mais fácil ela observar sua respiração
e o movimento dos seus olhos.
E quando a pessoa estiver no estado de circunspecção ou quando ela se retrair
passando do estado de nervosismo excessivo para o estado de circunspecção por meio
da
querespiração
este perigotranqüila, ela pode
é real? Estou acostumar-se
de fato a fazer
sob ameaça? Seráestas perguntas
que tenho mesmoa side
mesma:
reagir “Será
medrosamente, como sugere o meu medo? Será que tenho de me afastar tanto da
vivacidade a ponto de não poder mais sentir a mim mesma e aos outros, só para me
proteger? Acaso tenho de tomar tanto cuidado a ponto de me tornar uma pessoa
sombria, distante e invisível? Já não fiz a experiência de que é exatamente quando sou
assim que me torno mais vulnerável, dou mais depressa com os burros na água, tropeço
ou me machuco?”
Portanto, a pessoa cautelosa não desiste facilmente de ter cautela - pois isso não é
conveniente -, mas ela usa a cautela para afirmar seu amor-próprio e para demonstrar
amor pelos outros. Assim, por exemplo, imaginem vocês um médico ou um terapeuta
descuidado, que não tem cautela, um ajudante que sobrecarrega a pessoa a quem
procura ajudar; essa pessoa satisfaz seu ego, mas estimula a recusa dos pacientes a
ponto de não fazer mais nenhum progresso. Vocês hão de concordar que isto não pode
ser bom e que seria melhor progredir cautelosamente, passo por passo, para não
despertar reações de defesa muito intensas da pessoa precavida. Imaginem também pais
que exijam mais da criança do que ela tem capacidade de realizar, irritando-a demais de
uma forma nada prudente. Na pior das hipóteses uma criança assim se refugiará no
autismo, que pode valer como uma medida radical para uma pessoa excessivamente
nervosa.
A precaução, o modo de ação com o número ordinal 2, portanto, é um elemento do
mais alto significado e da maior importância na vida. A cautela protege vocês de um
risco grande demais, da ousadia irrefletida, de ameaças contra o seu corpo físico, da
desatenção e da antipatia que muitos de vocês deixam florescer quando são vitimas dos
mecanismos da autodestruição. A precaução é expressão de amor, quando se manifesta
de forma ponderada. Sejam cautelosos consigo mesmos e com os outros, sem serem
excessivamente medrosos. Então, sim, vocês poderão utilizar este modo de agir da
melhor maneira. Uma pessoa com o modo de ação que tende à cautela será um bom
membro da comunidade, demonstrará ter uma personalidade agradável, quando não é
medrosa como um rato, protegendo-se contra tudo e contra todos e mantendo-se
retraída. A ponderação e a circunspecção são qualidades muito desejáveis numa época
em que tudo avança tão depressa e muitas vezes de forma tão atabalhoada.
"Devagar, devagar!” é o lema da pessoa circunspecta. "Deixe-me pensar um
momento no assunto!” é a sua divisa.

3 - A Perseverança
- irremovibilidade; persistência +

Em outro lugar falamos sobre o modo de ação da agressividade e lhes explicamos


que ela provém de uma energia muito forte. O modo de ação da perseverança com o
número ordinal 3 também se encontra neste plano de forte energia. Tal como a
agressividade, ele também pertence à polaridade da ação. No entanto, distingue-se da
agressividade pelo fato de não se manifestar intermitentemente, aos arrancos ou por
meio de explosões emocionais, porém, ao contrário, por uma exteriorização regular e
duradoura de energia - podendo tratar-se de dias, semanas e meses.
Quem escolhe este modo de agir tende a esforçar-se por alcançar seus objetivos com
inabalável perseverança, sejam quais forem esses objetivos. Aqui não estamos falando
do objetivo comum de desenvolvimento, que não passa de um fenômeno de eficácia
duradoura e será
os planos que resolvido
dizem com
respeito aootrabalho
tempo, emas tambémosdos
à família, propósitos
projetos da vida
que uma cotidiana;
pessoa
pretende realizar a fim de obter certos resultados e que requerem uma atitude paciente e
de espera e que, ao mesmo tempo, requerem uma atenção viva que não arrefece. É raro
encontrarmos uma pessoa precavida que seja também irresoluta. No entanto, com maior
freqüência observaremos que uma pessoa com esse modo de agir tem dificuldade de se
desapegar das coisas, pois quando um pólo positivo com o conceito de “perseverança” é
bem apreendido, o pólo negativo se mostra numa tendência de deixar tudo como está,
mudando o menos possível, não permitindo inovações e, principalmente, acabando com
toda mudança; a mudança que vem de fora e também a mudança que acontece devido à
modificação natural da própria personalidade ao longe dos anos.
Uma pessoa que vive o seu modo de ação a partir do pólo negativo da resistência
repleta de medo, tem grandes dificuldades para permitir a mudança, pois quando resolve
fazer algumas coisas e tomar as medidas necessárias - seja no local de trabalho ou no
casamento, seja no lar ou numa amizade -, fará tudo para que nada mais seja modificado
nas estruturas que montou para que elas mantenham a forma estabelecida, e ela não se
veja na contingência de tomar outras providências devido a acontecimentos imprevistos,
devido à mudança que a obriguem a tomar outras atitudes ou às quais tenha de
submeter-se c adaptar-se adotando flexibilidade, pois toda forma de resistência sugerida
pelo medo só poderá ser vivida por ela quando o objeto da resistência não se modifica,
não se move. Essa forma de resistência tem algo de rígido, de inanimado, de
“irremovível” e por isso nós sugerimos o conceito de "irremovibilidade” como pólo
negativo da idéia de perseverança. Ela descreve a rigidez, mas também a resistência
combativa que esse pólo contêm, e o medo da mudança que o sustenta.
É fácil reconhecer como a persistência da polaridade positiva é significativa e útil,
mas se não houvesse seres humanos dispostos a concentrar-se por meses ou anos a fio
num projeto levando-o adiante teimosamente - não importa se fazem atendendo a um
impulso de entusiasmo ou se a execução desse projeto lhes traga alegria - não haveria
confiança nem compromissos. No entanto, eles perseveram e levam os projetos até o
final planejado.
Nós lhes damos alguns exemplos para mostrar como a perseverança positiva é
decisiva para o funcionamento da sociedade e também para determinadas obras
culturais. Por exemplo, a publicação de um dicionário requer não só um planejamento
muito preciso, mas também, e antes de mais nada, uma persistência paciente até que o
tesouro de termos que terá de conter esteja completo de A até Z. Só uma pessoa
persistente poderá encarar o trabalho com uma obra assim durante vinte anos ou mais. A
pintura da Capela Sistina precisou de um planejamento considerável e de uma infinita
perseverança, não só na manutenção de um trabalho artístico regular, mas também na
disposição física para o trabalho que chegou às raias da exaustão. Os esportistas que
treinam o corpo durante anos e décadas a fim de chegar a determinado objetivo também
têm de ser persistentes, pois uma outra pessoa talvez não renunciasse a tudo para
dedicar a vida toda à obtenção da excelência física. Dedicar-se a um projeto unicamente
por orgulho não motiva as pessoas por tanto tempo nem traz os mesmos resultados.
Perseverança no pólo positivo mostram ter aqueles políticos que realizam seu trabalho
em diversas partes do mundo trabalhando incansavelmente da manhã até a noite, os
conferencistas que vão de uma palestra para outra, os empresários que vão de um
almoço de negócio para outro, sem demonstrar muito cansaço e sem chegar ao
esgotamento para depois de alguns meses, como aconteceria com alguém que não agisse
desse modo especial.
Resistência no sentido de perseverança constante é uma irradiação regular de
energia que possibilita
responsável. Esta formaum tipo de
regular dovida
uso amorosa, altamente
e da obtenção desgastante,
de energia pode seraltamente
atribuída ao
modo de ação da perseverança. Essa forma regular de agir não pode ser explicada
unicamente pelo desejo de obter fama, ou pelo orgulho, muito menos pela luta para
alcançar o poder.
A perseverança que muitas pessoas demonstram ter no âmbito da vida pessoal ao se
dedicarem a tarefas das quais outras pessoas se distanciariam, deve ser mencionada
aqui. Quem cuida do cônjuge com toda paciência durante anos a fio sem perder a
capacidade de amá-lo e sem cair na rotina ou num frio cumprimento de um dever, é
resistente como a pessoa que resolveu encerrar os estudos e assumir uma cátedra em
determinada matéria apesar de circunstâncias domésticas desfavoráveis. Afinal, este é
um empreendimento que tem de ser planejado e cultivado durante mais de trinta anos
para obter sucesso.
O colecionador que começa sua coleção na juventude e adquire ao longo dos anos
todos os objetos que contribuam para completar sua coleção - independentemente de
quanto ou de onde tenha de adquiri-los -, em geral tem de recorrer ao modo de ação da
perseverança. Ele dá provas de perseverança quando a coleção lhe dá alegria, alegria
autêntica de acrescentar mais uma peça à sua coleção. Mas enquanto não se instaura
essa alegria, a nova aquisição simplesmente serve para a tranqüilização do seu medo
compulsivo de não poder completar a coleção e para mostrar o pólo negativo desse
modo de ação, a irremovibilidade, pois nesse caso a pessoa não consegue mais dormir
em paz e no é suficientemente flexível para poder imaginar que existem outros valores,
talvez ainda maiores, além de colecionar e catalogar objetos.
Há duas energias que podem sustentar a frase "enfim, isso é assim mesmo”. A
energia alegre, amorosa e positiva que planifica essa sentença, faz com que uma pessoa
possa ajustar-se perseverantemente a um fato e a sintonizar-se com ele sem resignar-se,
sem desenvolver resistência e sem tornar-se um escravo. Quando, em contrapartida, a
frase, “enfim, isso é assim mesmo” é suportada com repulsa porque a pessoa sente a
irremovibilidade das coisas como fardo ou um tormento embora se apegando a elas,
usando-as, por assim dizer, como justificativa para sua preguiça, em vez de imaginar
desde que tenha escolhido ser persistente que está com medo, ou que ele mesmo não
reconhece, pois já implicaria uma mudança de sua posição. Quando ele se mobiliza
perto do pólo negativo, isso significa, em geral, que a pessoa vai se tornando bastante
insensível. As circunstâncias e aquilo que afinal foi começado determinam a sua vida. A
pessoa deixa de ser dona da situação. Quem não consegue desapegar-se, ainda que o
objeto do apego faça mais mal do que bem, mostra uma falsa perseverança. Quem não
se desapega, ainda que esse apego gere cada vez mais medo e falta de amor, cultiva a
imutabilidade. Apega-se aos seus princípios e impede a alegria de viver que, em
princípio, está sujeita à mudança e que nela vai buscar força, da mesma forma como
aquele que reprime a agressividade natural.
A perseverança tem de se ajustar. A perseverança visa fazer a pessoa alcançar o que
é duradouro. Ela dosa suas formas ativas de expressão de maneira consciente, paciente e
econômica. Quando uma pessoa perseverante proíbe a si mesma de agir ajustando-se, ou
impede que os outros o façam, ela pode pressupor que está agindo em virtude do pólo
dominado pelo medo. Nesse caso, a pessoa renuncia à sua liberdade de mudar alguma
coisa. No entanto, a perseverança só tem sentido quando as mudanças que caracterizam
a vida e a existência podem ser incluídas juntas num conceito de durabilidade.
Quando uma pessoa com o modo de ação da perseverança deseja evitar ser
freqüentemente manipulada pelo medo, e se esforça para aproximar-se cada vez mais
dos aspectos positivos da perseverança, será para ela muito útil observar quantas vezes
costuma proferir
caso só tenho uma ou outra das
de conformar-me. seguintes
Estou frases:
submetida “Não
a mil é possívelSinto-me
obrigações. mudar isso. Nesse
manipulada pelos outros” e assim por diante. Só quando consegue ver como está
contribuindo para criar a irremovibilidade e a imutabilidade da situação com toda
clareza, essa pessoa conseguirá analisar o fato de que há outras possibilidades de ser
perseverante sem colocar empecilho para a própria alegria de viver.
A perseverança é o modo de ação da energia arquetípica do guerreiro com numero
ordinal 3. Isso significa que até certo ponto nenhum espírito de luta é impedido de
resistir. Este modo de agir faz com que a pessoa se empenhe com denodo por algo e lute
persistentemente para consegui-lo. Mas se o espírito de luta estiver enfraquecido e tudo
parecer inútil, a pessoa que age com perseverança não estará mais agindo a partir do
pólo positivo do seu elemento matricial. Então é conveniente que ela deixe claro para si
mesma que a mudança é um componente essencial e constante de toda a vida, tanto no
microcosmo quanto no macrocosmo, e que nem ela nem a situação em que se encontra
estão excluídos dessa lei cósmica.
Quando, portanto, a pessoa se convencer de que não há possibilidade de mudar algo
em pane ou no todo, o medo de ser incapaz de agir se intensificará mais ainda. Mas se
ela analisar a hipótese de que também aquilo que parece imutável pode ser influenciado
pelas pequenas coisas, ainda que não possa ser modificado nas grandes, e se considerar
que, além disso, a sua estrutura se modifica mesmo que o homem não queira tomar
conhecimento do fato por teimar por causa da imutabilidade, ela conseguirá livrar-se do
entorpecimento causado pelo medo de voltar ao âmbito flexível da perseverança. Isso
ajudará a pessoa a desbloquear-se, a libertar-se e a tomar fôlego. Isso fará com que seja
novamente capaz dc agir.
A menor mudança já contribui para proporcionar nova coragem de viver e novas
forças, sobretudo uma energia nova em sua vida, em seu corpo. Uma pessoa com o
modo de ação da perseverança que se detém com demasiada freqüência no pólo
negativo, tende à petrificação, inclusive formando pedras no âmbito de sua saúde física.
A eliminação da petrificação significa movimento. E uma pessoa nesse estado deve
prestar atenção ao movimentar-se e prestar atenção para que ela e seu corpo fiquem em
movimento, pois o movimento constante e duradouro provoca mais do que a aceleração
da circulação e mais do que a eliminação das toxinas. O movimento constante dos
membros também mantém o seu espírito em movimento Quando um dos seus passos se
modifica, a mudança de pontos de vista não pode ser omitida. Por isso tipos de esporte
tranqüilos são também apropriados para os que têm tendência para as doenças
reumáticas e para as doenças paralisantes. Essas pessoas podem afastar-se bastante dos
seus medos quando paulatinamente, mas de modo continuo, se puserem em movimento.
Esse modo de ação produz os mais belos frutos quando uma pessoa observa
persistentemente a si mesma e se volta para dentro dela mesma e quando dessa
observação ela delineia um objetivo de crescimento e de desenvolvimento; pois sua
intuição, a sua voz interior lhe indicam um caminho, ainda que esse caminho não esteja
voltado para um objetivo muito claro, e que lhe pareça acidentado e espinhoso. Mesmo
só pela aspiração a uma mudança que dure -, seja por meio de uma psicoterapia, seja por
meio de uma meditação, seja por meio da vontade firme de usar a própria força para
obter essa modificação, já vai se realizar tanto como em nenhum outro modo de ação.
Nesse caso, a perseverança é a garantia da obtenção e da bem-sucedida realização de
um plano; e para a pessoa com esse modo de ação, desde a alma de idade madura não há
outro objetivo mais nobre para a sua perseverança do que o dedicar-se à introspecção e
ao crescimento interior, sem tornar-se vacilante e sem mudar de método com demasiada
freqüência.
Portanto,
tempo quem
o desejo adotou a perseverança
de dedicar-se comoaomodo
persistentemente de ação, expressou
seu desenvolvimento ao mesmo
anímico, O que
é uma aspiração que não pode ser alcançada com qualquer outro modo de ação com a
mesma certeza. Pois só quem não desiste facilmente pode alegrar-se constantemente
com os frutos de suas ações e pensamentos.

4 - A Observação
- vigilância; visão clara +

Vocês podem reconhecer facilmente as pessoas com o modo de ação da observação


por sua mímica vivaz e, especialmente, pelos seus olhos que estão em constante
movimento e quase não se fixam sobre um objeto ou um rosto, sem logo mudar de foco.
Vocês também os reconhecerão pelo fato de eles não terem facilidade para se concentrar
numa única coisa, pois esse modo de ação requer que estejam ao mesmo tempo
concentrados em várias coisas, que voltem simultânea e incansavelmente suas energias
para os múltiplos objetos de seu interesse.
Quem escolheu este modo de ação, facilmente age de uma maneira irrequieta. Seus
canais de percepção estão totalmente abertos. Por isso tal pessoa acha difícil lidar com
todas as impressões que fluem ininterruptamente por ele, e digeri-las de modo que não a
perturbem. É por isso que junto com o modo de ação da observação anda uma tendência
para dificuldades digestivas. A pessoa que observa necessita de muito tempo para
assimilar as impressões que seus sentidos lhe transmitiram - não só os olhos, mas
também todos os outros sentidos -, e é exatamente isto que ela acha difícil, pois ela toma
o tempo necessário para assimilar as coisas a contragosto. Acha que pode escapar-lhe
alguma coisa, que seria urgente observar. Quando não há outro jeito, ela passa a metade
da noite revendo diante dos olhos interiores os acontecimentos do dia, suas alegrias,
dores e excitações, submetendo-os a um exame até certificar-se de que os entendeu. Só
então encontra paz, só então consegue descansar, só então ela também consegue deixar
a noite passar diante da sua vida interior.
O modo de ação da observação leva a pessoa que o escolheu a ver tudo, a não deixar
escapar nada, a perceber tudo mesmo que não possa reagir diretamente ao fato, a cheirar
e saborear, pois seus chakras estão bem abertos. No entanto, tudo depende de como ela
assimila os frutos dessa observação: se os açambarca medrosamente ou os valoriza, se
os deixa passar por ela e os passa para a frente como resultados que levam à verdade e à
clareza.
Enquanto uma pessoa submete seu mundo exterior e seu mundo interior a uma
observação analítica, por medo ela fica presa em sua inquietação que dessa maneira se
desperta. Sua tendência de controlar constantemente tudo o que acontece ou o que lhe
possa acontecer, o seu hábito de ficar constantemente “com o pé atrás” no que se refere
a possíveis perigos, ataques, supostos ferimentos a transformam numa personalidade
cronicamente desconfiada. No entanto, gosta de ser considerada confiável,
principalmente porque ela consegue confiar ao menos numa coisa: acha que observa sua
situação de vida e o seu meio tão bem que com facilidade e flexibilidade pode evitar
qualquer ataque. Por essa razão, de fato raramente lhe acontece aquilo que
inconscientemente mais teme: ser agredida pelas costas.
Quanto maior o seu medo tanto maior o esforço com que tenta manter os seus
possíveis rivais - que podem ser todas as outras pessoas - sob suas vistas. Ela treina o
uso de todos os seus sentidos, todos os seus centros físicos para, como um aparelho de
radar,
semanasrastrear os possíveis
ou meses antes de perigos a fimum
se tornarem de solapá-los ou eliminá-los
risco para ela. - muitas
Desse estado vezes
de coisas torna-
se facilmente compreensível que uma pessoa assim observadora deve achar difícil viver
no aqui e no agora, de forma descontraída. Ou ela se ocupa com as impressões do
passado ou projeta para o futuro as possíveis ameaças, preparando-se para enfrentá-las
pela observação de cada sintoma que possa indicar o surgimento de um caso sério,
tirando muitas vezes precocemente conclusões definitivas. “Vigilância” é, portanto, a
palavra-chave para o pólo negativo, o medo da pessoa com o modo de ação do
observador. A pessoa que age dessa forma quer ter tudo sob seu controle por meio da
observação. Ela não quer dominar, ela não quer exercer domínio - seu número ordinal é
o 4 que é nutro -, ela só quer saber agora para o que, na pior das hipóteses, ela tem de se
preparar.
Embora haja diferenças fundamentais entre a observação e o medo básico da
vivacidade, isto é, com a característica da auto-sabotagem com sua tristeza inerente,
ainda existem determinados paralelos, especialmente o hábito de tirar falsas conclusões
da observação e de fazer a profilaxia da decepção. O mau pressentimento de que algo
possa dar errado quando não se presta atenção é incorretamente avaliado pelo
mecanismo da observação, que trabalha sob tensão e mantém tudo sob controle, uma
vez que uma sobre-excitação leva a falsas ligações. Observação ininterrupta, vigilância
medrosa de fato são fatigantes. Vocês podem imaginar que uma pessoa cujo íntimo se
assemelha à sala de controle de uma usina nuclear com mil monitores ligados
simultaneamente não pode se descontrair, pois ela tem medo de se desligar e de por essa
razão correr algum perigo, ela tem medo de cometer um erro grosseiro impossível de
consertar, à medida que deixa de ver algo importante porque não consegue mais abarcar
tudo com seus olhos, E aquilo que ela teme se assemelha a uma delegacia pessoal de
polícia. Ela considera sua vigilância absolutamente imprescindível.
Quando o medo cede, a pessoa com o modo de ação da observação suaviza o seu
hábito de vigiar tudo, transformando-o num dom de observação extremamente preciso,
duradouro e em introspecção. Quando não observa por medo, mas por amor, revelam-se
para ela muitos inter-relacionamentos, muitas verdades que outras pessoas facilmente
deixariam de ver. Como ela tem a capacidade de incrivelmente levar muita coisas em
consideração, de observar e de avaliar tudo simultaneamente, ela tem sucesso em fazer
sínteses que precisam surpreender os outros.
Esta pessoa também tende à auto-observação e quando essa capacidade é usada de
forma positiva e amorosa, ela pode almejar grandes e duradouros sucessos, à medida
que avança usando suas aptidões para obter conhecimento e visão clara observando seus
motivos interiores, seus mecanismos de aceleração e seus inter-relacionamentos
psíquicos, que não se encontram com freqüência em pessoas que têm outros modos de
ação. Quem sabe observar bem, faz a experiência de que ela também pode tirar
conclusões que levam a novos conhecimentos. Neste modo de ação, trata-se de uma
capacidade que fica muito bem para qualquer cientista e qualquer pesquisador. Não
importa qual seja o conteúdo das suas pesquisas. Decisivo é que este modo de ação é
excepcionalmente adequado para uma atividade em que devam ser feitas experiências
que tenham de ser completadas, avaliadas e, finalmente, interpretadas.
Apesar de o observador ser muito animado e alegrar-se com cada descoberta sua,
muitas vezes ele também age um pouco superficialmente, visto que o seu modo de agir
deixa nos outros a impressão de que ele não será mais capaz de concentrar-se por muito
tempo numa coisa só. Contudo, ele tem muita paciência. Muitas vezes fica calmamente
sentado, calado e dá a impressão de estar distante. Enquanto isso, sua percepção faz
altas viagens. Sua capacidade de observação é tão extraordinária que raras vezes se
sente
vezes esgotado. Ele vê tudo
parece distraído. Mas de
eleuma
está só vez. Tentaaorganizar
acostumado o que viu e,de
usar sua capacidade porobservação
isso, às e
vigilância até os limites, e enquanto isso, não pensa em mais nada.
Com freqüência, o observador age como um curioso, quando cede à tentação de
formular constantemente suas observações e de transmiti-las aos ouvintes. E, de fato,
ele é curioso. Quer ver tudo, compreender tudo e saber tudo. Quando observa algo que
não entende, gosta de fazer perguntas: “O que você está fazendo, o que está pensando, o
que você está sentindo?”, interroga ele quando fica seguro de si para levar algo em
consideração, de que ele não interpreta tudo tão corretamente. Ele se informa, não
porque tenha alguma idéia sobre os processos que observa, mas porque quer testar suas
observações. E as perguntas servem também para minimizar os medos que são
despertados pelo que se sentiu e pelo que se viu, os muitos fatos isolados,
desorganizados.
Para uma pessoa com este modo de ação é sempre melhor perguntar e certificar-se
do que tirar falsas conclusões. Mas quando os outros se sentem ininterruptamente
observados e interpretados, eles ficam facilmente nervosos ou agressivos. Seus próprios
medos são despertados devido à impressão de que nenhuma novidade passa
despercebida ao observador, de que ele vigia e observa tudo, de que “lançou os seus
sensores para todos os lados”, invadindo profundamente sua esfera privada, sua
intimidade por meio de perguntas e sondagens constantes, ou por meio de uma muda
observação.
O observador tem dificuldade para desligar-se. Mas exatamente isso é o que poderia
livrá-lo dos seus medos. Quando puder fazer isso, quando puder recolher seus sensores
e conseguir isolar-se ao menos durante uma hora ou alguns dias em meditação,
pensando unicamente em si mesmo, ele começará a relaxar. Sentir-se-á menos
ameaçado e poderá descansar melhor. Para uma pessoa com esse modo de ação é de
suma importância que ela se certifique clara e essencialmente de que seu medo de ser
atacada inesperadamente é infundado. Seu mundo de forma nenhuma é constituído só
por inimigos que tenha de observar dia e noite para que não a ataquem pelas costas ou a
agridam fazendo uma emboscada.
De todos os modos de ação, a observação é o mais freqüente. A desconfiança que
provém da freqüência estatística desse modo de ação, impregna todas as esferas e seções
da sociedade de vocês. Basta observar quantas pessoas não conseguem relaxar no
restaurante ou numa sala de espera se tiverem de sentar-se de costas para a porta. Podem
avaliar quanta tensão se acumula num aposento em que muitas pessoas se vejam
obrigadas a adotar essa posição desprotegida. Muitas vezes a pessoa com esse medo
remonta a experiências desagradáveis de uma vida passada e então elas de qualquer
modo têm de ser evitadas na nova encarnação.
Mas aqui vale o mesmo que vale para os outros elementos matriciais: uma vigilância
por puro medo não acarreta o resultado oculto no potencial positivo do modo da
observação. Só quando esse modo é usado amorosamente para a auto-análise, só quando
mantém sua função também no contexto da observação dos outros, no caso uma
observação que deva ajudá-los a conhecer-se melhor, a tomar mais conhecimento da
realidade e a obter conhecimentos que antes pareciam difíceis de obter, é que esse modo
fará justiça à própria finalidade.
A capacidade de observação pode realizar muitas coisas boas e úteis em todos os
âmbitos da vida. Quem tiver o tempo e a paciência necessários para voltar seus canais
sensíveis de percepção para o conhecimento positivo dos inter-relacionamentos causais,
alcançando a visão clara e usando-a excepcionalmente bem para realmente viver no
momento e perceber o que está agora e só agora acontecendo diante dele, conseguirá o
melhor que provém desse modo de ação e poderá usá-lo para seu bem e para o bem dos
seus semelhantes.

5 - O Poder
- tutela; autoridade +

Quando usamos o conceito “poder” para caracterizar um modo de ação,


primeiramente não nos referimos à maneira de agir, mas a uma maneira de ser. O poder
como um modo de ser é essencialmente diferente do exercício do poder por medo.
A palavra “poder”, usada isoladamente, vocês a empregam raramente sem estar
inserida num contexto do exercício do poder. Vocês aceitam automaticamente que,
quem tem poder, também o exerce, e vocês geralmente entendem o poder, como
potência, como poder político, como uma forma de opressão, de jugo e de determinação
por parte do outro. Ter o poder, contudo, é algo diferente do que exercer poder sobre os
outros. É por isso que queremos lhes pedir para não ter medo do poder como modo de
ser e de não recusá-lo como algo que, em essência, o ser humano só usa mal ou para
detrimento ou dano de outra pessoa. O poder é um fator necessário num sistema que
apresenta a convivência humana, a sociedade e a comunidade como um pressuposto
essencial para o crescimento. Uma pessoa que tenha escolhido o modo de ação do poder
com a aspiração de alcançar o objetivo de desenvolvimento, é alguém que tem de lançar
mão de sua autoridade interior, natural.
O poder como modo de ação, com o número ordinal 5, é a energia arquetípica do
sábio. E, como vocês podem imaginar, o sábio representa um papel anímico que dispõe
de um considerável poder, influência e força de imaginação, contanto que forme sua
vida de acordo com sua essência. Quando, portanto, falamos do modo do poder,
estamos falando da capacidade de usá-lo sabiamente, O poder usado e praticado
sabiamente leva a uma autoridade sadia, obtida sem esforço.
Todos vocês conhecem exemplos de pessoas que são extraordinariamente
respeitadas e amadas pelo fato de irradiar essa autoridade, sem que tenham de submeter
os outros ao seu jugo em seu ambiente, ou obrigá-los a fazer algo que não queiram ou
que não corresponda ao desejo ou vontade deles. A autoridade tranqüila e sem causar
tensão nas pessoas com o modo de ação do poder atua convincentemente e de forma
bastante agradável sobre os outros, de tal modo que esses não protestam contra ela, não
precisam submeter-se a ela, porém, simplesmente a reconhecem como a atitude de uma
personalidade que assume a direção de forma responsável, apresentando-se de modo a
despertar a confiança de todos, podendo dar sua contribuição num contexto inteligente,
prospectivo e orientado para o objetivo.
A pessoa que detém o poder tem a missão de transformar seu poder numa autoridade
desse tipo. Para isso tem de resistir à tentação de tutelar e de oprimir os outros num
esforço medroso de exercer o poder de qualquer jeito, mesmo quando o medo da
rejeição determinar seu modo de agir ou de falar. Uma pessoa que não tenha tido ainda
acesso à sua autoridade natural, cairá facilmente na tentação de expressar sua
necessidade de poder, à medida que, em vez de ser sábia, acha que sabe tudo melhor
que os outros; em vez de assumir a liderança, conduz os outros em andadeiras; em vez
de dar liberdade aos outros, torna-os dependentes dela. Ao mesmo tempo, ela
desprezará os outros para que se submetam a ela, e para que deixem que ela dite as
regras. Por outro lado, seu medo de não “alcançar o trem”, não lhe tornará fácil
renunciar à tutela.
De qualquer modo, uma pessoa com o modo de ação do poder é um pouco rígida,
enquanto se deixarasdominar
não ousa suportar pelos seus
conseqüências. medos
Não básicos.
acredita em siEla tem de
mesma no viver o poder,
sentido de mas
verdadeiramente poder ser uma autoridade para os outros, e por isso se esforça de forma
bastante enérgica para obter respeito e reconhecimento à medida que limita os outros e
quer integrá-los ao seu âmbito de poder.
O tipo ideal de quem tem poder é aquele em quem muitos confiam, com amor e
dedicação, porque sentem que sob sua égide encontram a si mesmos, a sua auto-
segurança, as suas capacidades de liderança, sem se enredarem em confusões devidas ao
medo. O sábio que detém poder não encontra alegria em usar mal seu poder. Mas goza
da alegria que o atinge e aos outros, quando o seu poder faz com que grandes objetivos
sejam visados e alcançados conjuntamente.
Uma pessoa atormentada por um medo excessivamente intenso, com o modo da
ação do poder, tentará fazer de tudo para tirar a liberdade dos outros, para silenciá-los,
para escravizá-los psíquica ou fisicamente, para privá-los ou impedi-los de tomar
decisões, dando-lhes de fato a impressão de que só ela pode dispor sobre o bem-estar
dos que dependem dela e que ninguém mais tem a capacidade de sentenciar sobre o que
é bom, útil ou necessário. No entanto, ela pode viver o pólo negativo também
passivamente, como é possível com todos os elementos matriciais, dando aos outros
poder demais sobre ela e deixando-se tutelar.
Quando uma pessoa que detém o poder e age por medo ocupa uma posição-chave na
política, na religião ou no âmbito social, ela dita normas e leis que tiram o poder dos
outros. Quanto maior o medo, tanto maior a rigidez do poderoso, que se expressa
impondo que tudo seja normatizado por regulamentos, acordos e leis, de forma que o
indivíduo, que se vê obrigado a ceder a esse poder, mal tenha a possibilidade de
estabelecer as próprias regras e seguir seus impulsos pessoais. No âmbito privado ou
familiar, o detentor do poder que se deixa dominar pelo medo, é um membro da família,
amigo ou parceiro que compulsivamente presta atenção para que nenhuma outra pessoa
tome liberdades, para que tudo tenha sua ordem, para que ninguém, além dele, possa
tomar decisões de alguma envergadura.
E quando outra pessoa ameaça contestar seu poder dentro de um relacionamento
pessoal, ele, mais do que depressa se sente impelido a uma posição de total desamparo,
tendendo então para, de forma subversiva, apoderar-se outra vez do poder, à medida que
cria situações em que, por sua vez, ele é o único que sabe das coisas e pode tomar
decisões que os outros têm de aceitar.
Isso pode ir tão longe que uma pessoa exerça poder sobre sua família, estabelecendo
regras rígidas por causa de uma doença que determinam sua dieta, seu tempo de
descanso, o descuido em tomar os medicamentos, o espaço em que se encontra e muitas
outras coisas, dando um jeito para que em seu meio só se ande na ponta dos pés e onde
reine um medo constante de fazer algo errado. A tutela que se expressa desta forma,
fazendo com que o espaço vital do doente influencie o espaço vital dos sãos ou dos
ainda sadios, dá à pessoa com o modo de ação do poder em seu pólo negativo, a
segurança que ele acredita não poder obter mediante uma autoridade equilibrada e de
uma dedicação amigável.
Esse exercício do modo de ação do poder enfatizado pelo medo, muitas vezes é
confundido com o despotismo ou o domínio. No entanto, a razão é outra. O medo de
não obter prestígio e não poder viver a sabedoria interior, faz com que a pessoa de poder
elabore um sistema de normas com prescrições internas e externas com as quais não só
protege a si mesma e aos outros, mas principalmente protege a si mesma diante do fato
de assumir e de exercer o poder verdadeira, aberta e honestamente e, com autoridade,
porém não de
Quando forma despótica,
a pessoa comodocorresponde
que tem medo a seu
poder não fica ser e a seu modo
pessoalmente de ela
doente, ação.
gosta de
observar as pessoas que adoecem em seu ambiente, na vida profissional ou particular,
para que possa tutelá-las à medida que consegue prescrever-lhes tudo o que considera
correto, a fim de libertar-se da prepotência de suas prescrições interiores. E tanto mais
desgostosamente ofendida ela se sente, quando as regras que ela - sem consultar a
pessoa doente - prescreveu para essa convalescença não são cumpridas ou quando
simplesmente são desprezadas.
Como o modo de ação do poder é atribuído ao plano da expressão, efetivamente não
se pode deixar de manifestar o poder. O detentor do poder terá de comunicar-se e
representar positiva ou negativamente. Quando procura reprimir sua necessidade de
poder, que é totalmente natural e legítima; quando não a quer aceitar, quando tenta
disfarçá-la, ele mesmo se obrigará a expressar seu modo de agir de forma antipática e
prejudicial.
Muitos dos que escolheram este modo de agir sentem-se libertados e aliviados
quando constatam que viver é de fato algo que provoca alegria e prazer. Quando se
lembram de que escolheram esse modo de ação para poder alcançar o seu objetivo de
desenvolvimento e, antes de tudo, para dar uma contribuição necessária e esperada para
a estrutura global da comunidade humana e anímica, não lhes custará tanto viver de
acordo com esse modo, ter alegria de exercer o poder e de dar aos outros a alegria de
conhecer uma pessoa que causa uma forte impressão, que tem uma irradiação
imponente, sem parecer carente de amor, sem tirar o espaço e o ar dos outros.
Quem visa alcançar seu objetivo de desenvolvimento por meio do modo de agir do
poder, terá de se acostumar a ser um modelo para os outros. Terá de lidar com sua
timidez, com suas inibições. No entanto, poderá alcançar seu objetivo apenas quando se
revelar e fascinar os outros com seu encanto, quando lhes transmitir sua força e deixá-
los participar de sua missão de vida.
Um ser humano com o modo de ação do poder não faz bem em se isolar. Na
verdade, o poder só pode ser mostrado no intercâmbio com os semelhantes. Caso
contrário, a pessoa que detém o poder perder-se-á em fantasias que giram em torno do
tema: “O que aconteceria se...?” Ele se eleva ou se humilha, e permite que outros vivam
por ele aquilo de que ele mesmo não se julga capaz.
Nesse caso, a pessoa reage amargurada e aborrecida contra todos os que contestam a
sua autoridade. Ele entrará em conflito com as autoridades, sentir-se-á dominado por
forças sobre as quais não tem nenhuma influência. Em caso afirmativo, negará para seus
semelhantes, e de modo neurótico, todo poder sobre si mesmo e sobre os demais, ou
então adotará uma filosofia de impotência existencial. Por isso, e por todos os outros
motivos já mencionados, incentivamos todos os que escolheram este modo de ação, que
lidem com suas possibilidades e conseqüências e criem um pequeno ou grande foro no
qual possam exercer seu poder, suas funções de modelo, sua força, orientando os outros
e motivando-os a agir.

6 - A Paixão
- fanatismo; carisma +

Como modo de ação, a paixão é uma expressão de totalidade, mas também a


expressão de grande espírito de sacrifício, de vitalidade e plenitude energética, que
tornam marcante um ser humano. Uma pessoa com o modo de ação da paixão, em
grande medida busca ânimo e satisfação em seu objetivo, suas pretensões e seus
interesses. O número
integrante de ordinal
uma energia 6, atribuído
inspirada, a esse emodo
sacerdotal de agir, adefine-o
a animação, como
inspiração queparte
caracterizam a pessoa apaixonada e lhe dão forças que surpreendem a ela mesma
provêm dessa posição na estrutura dos sete modos de agir.
Mas vocês todos ouviram dizer que a paixão está destinada a causar sofrimento. E
assim, a pessoa apaixonada também pode sofrer sob a plenitude de seu entusiasmo, sob
sua totalidade, pois a paixão a arrebata, não toma em consideração sua constituição,
levando-a muitas vezes a ultrapassar seus limites físicos.
A paixão enche de preferência o espírito e atua enlevando o implicado, de tal forma
que ele perde o solo embaixo dos pés e a relação com as possibilidades reais e com o
que é pragmaticamente realizável, estabelecendo objetivos difíceis ou impossíveis de
ele mesmo realizar.
Seja como for, quando motivada pelo amor em vez de ser motivada pelo medo, a
paixão tem a tendência de dominar o meio e de marcá-lo à medida que tenta conquistá-
lo para suas pretensões, seus desejos radicais e seus ideais, sem perguntar se os outros
de fato querem compartilhar esses ideais. Por isso a pessoa apaixonada age
fanaticamente em seu medo de que os outros poderiam não partilhar da sua opinião e de
seus interesses, porque ela acredita na inspiração dos seus objetivos, não conseguindo
aceitar que o que considera certo só valha para ela, sem ter valor para as pessoas que
gostaria de modificar, converter, esclarecer ou tornar sadias.
O ser humano apaixonado é um contemporâneo incômodo quando seu medo o leva
a obrigar a caminhar juntos aqueles que não se deixam levar pelas suas imagens. Como
ele mesmo está disposto a morrer pelos seus ideais, ele exige dos outros a mesma
disposição para o sacrifício. Mas quando chega a depender disso, prefere deixar os
outros morrer para salvar-se, visto que está cem por cento convencido da sua missão,
não importa para onde ela apontar. Enquanto os outros têm a possibilidade de se
defender contra o fanatismo de um reformador, ele não pode fazer muito mal. Ele será
considerado uma pessoa caprichosa, estranha ou bastante teimosa. Mas ai das outras
pessoas quando um fanático assume uma posição que lhe dê muito poder - seja na
política ou no âmbito da religião -, sendo que então pode acontecer que ele chegue a
passar, de fato, por cima de cadáveres e que imponha à chicotadas os ideais e objetivos
que ele mesmo considera os únicos verdadeiros, sem preocupar-se sequer com os
sacrifícios, ferimentos físicos e mortes que os outros têm de enfrentar para que ele
realize seus objetivos.
A pessoa apaixonada é uma grande oradora. Ela dispõe de uma força de convicção
envolvente. Pode tratar-se de uma pessoa demagoga quando ousa espalhar seus planos
com uma grande divulgação. Quando uma pessoa com o modo de agir da paixão se
apropria da causa do amor, todas as suas forças transbordantes serão dirigidas para uma
direção em que podem ser mudadas para o positivo, sem causar mal.
A irradiação dominante que está à disposição de uma pessoa apaixonada sem que
ela tenha de esforçar-se, atua sobre os semelhantes alegrando-os e motivando-os.
Quanto mais tranqüila e amorosamente se desenvolve a personalidade da pessoa que age
deste modo, tanto mais forte é a sua atuação carismática. Ela é a única que encontra
certas dificuldades com isso, pois a reação, que observa à sua personalidade, em seu
ambiente, de inicio a perturba, impõe-lhe medo, a assusta e a enche de pavor pelo fato
de poder usar mal o seu carisma e estabelecê-lo inconscientemente como objetivo que
não consegue mais controlar. Por isso, para ela é importante saber que seu carisma não
pode fazer mal nenhum, enquanto deixar fluir sua totalidade em alegria e liberdade. Sua
paixão só se torna perigosa para ela e para os outros quando percebe que o esforço, a
contração e o exagero de força de vontade estão ligados à realização de seus objetivos.
Vocês
entanto, atéassociam a palavraintencionalmente
agora deixamos paixão em primeiro
foralugar com sexualidade
este aspecto e erotismo.
para mostrar-lhes queNo
a
paixão sexual física é uma das várias possibilidades de viver este modo de ação de
forma positiva ou negativa. Muitas vezes, a pessoa que age com paixão tem tendência
de canalizar sua paixão limitando-a a determinados aspectos da vida, visto que vive com
medo de que ela possa dominá-la, explodir, que tenha um efeito tão devastador como o
de um vulcão cuja lava sepulta tudo - inclusive a ela mesma -, destruindo tudo o que
encontra. Por isso, vocês poderão observar que um colecionador apaixonado raras vezes
é ao mesmo tempo um bom amante, que uma cozinheira ou uma florista apaixonada
voltam suas energias para o que gostam de fazer, evitando assim sentir-se muito
dependentes de um parceiro. A paixão não se volta unicamente para outro ser humano.
Com maior freqüência acontece de ela concentrar-se num objeto abstrato ou que não
represente risco para o individuo. Quanto menos uma pessoa que age com paixão
confiar em si mesma, quanto maior for a vergonha com que lida com seu potencial
carismático, tanto mais reservadamente sua paixão há de se mostrar; ela será como a
fênix sob as cinzas e ainda assim poderá, a qualquer tempo, pôr fogo numa casa ou
numa cidade.
A pessoa apaixonada precisa fazer menos esforço do que todas as outras para se
impor e lutar por seus objetivos. Acontece exatamente o contrário: quanto mais claro
ficar para ela que sua energia fluí mais forte e mais luminosa quando se descontrai, e faz
o menos possível para impressionar os outros para convencê-los do poder das suas
idéias, tanto mais as outros se impressionarão com ela, e tanto mais serão contagiados
pelo seu carisma; e então lhe serão dados muito mais atenção, admiração e cuidados.
Apenas quando a pessoa apaixonada acredita não conseguir obter o que quer de forma
carinhosa, ela se esforçará fanaticamente para chamar a atenção dos outros de qualquer
outra forma.
Como um modo sacerdotal de ação, a paixão esconde em si o perigo do zelo
missionário e da presunção. O apaixonado - já esclarecemos isto - é um representante da
totalidade. Muitas vezes ele fica cego diante das aspirações e necessidades dos seus
contemporâneos, visto que está tão repleto dos próprios interesses que nem consegue
levar em consideração uma opinião divergente ou a recusa, que acha insignificante e
perturbadora. O apaixonado gosta de alimentar ilusões. Muitas vezes se satisfaz quando
imagina que todos dançam conforme sua música e se desenvolvem conforme seu
exemplo. Por isso não é raro haver uma separação entre ele e as pessoas que ele tenta
arrastar atrás de si. Tais pessoas se defendem contra seu excesso de poder, à medida que
aparentemente dizem sim a tudo e o acalmam corno se faz com um louco, para
arranjarem espaço livre onde possam respirar aliviadas outra vez.
Quem escolheu esse modo de ação alcançará seu objetivo de desenvolvimento em
qualquer caso, se souber evitar o fanatismo, pois a paixão não dá tréguas. Ela confere
grande capacidade de concentração. O objetivo de desenvolvimento é o centro do
esforço durante toda uma vida. A totalidade do modo de ação da paixão cuida
ininterruptamente para que as energias fiquem concentradas no objetivo e que todos os
outros interesses se organizem segundo esse objetivo.
Se o apaixonado quiser evitar que sua paixão seja orientada pelo medo, ele deve
reagir muito atentamente às tentativas dos outros de repelir seu fanatismo. Ele perceberá
que corre o risco de passar por cima do parceiro de vida, de negócios ou de conversa
quando este lhe dá a entender que algo já é demais, que está cansado e precisa repousar,
que precisa de distância ou quando se afasta silenciosamente. Nesse caso, o apaixonado
descobre que se deixou arrastar pela paixão sem levar em conta a disposição, as
necessidades e a capacidade
nota que o parceiro de aceitação
ou o público do seu
tem o rosto interlocutor.
corado, Quando,
demonstrando ao contrário,
ânimo, ele
fazendo cada
vez mais perguntas, ou quando o semblante parece desperto e tenso, ele sabe que não
caiu na armadilha do exagero fanático. Ele faz bem em espelhar-se em seus
semelhantes. O que não pode é impedir sua paixão de se manifestar. Isso também não
teria sentido, pois este modo de ação precisa de válvula de escape do entusiasmo
materializado.
Com certeza, também há paixões vividas em silêncio e que passam despercebidas.
Contudo, na maioria das vezes, elas são o resultado de inibições. Essas paixões não
querem mostrar-se, participar, deixar os outros tomar parte. Só quando o modo de ação
da paixão for suportado com amoroso e desinibido fervor, o apaixonado pode ficar
totalmente satisfeito consigo mesmo. Ele encontra realização na animação que brota do
seu interior a partir da alegria íntima. Porém, na maioria dos casos, a pessoa apaixonada
quer compartilhar sua paixão com outra pessoa. Esta também pode ser uma participação
indireta, seja por meio de um livro que ela escreve, seja uma peça musical que compõe
ou seja uma idéia que lance para o público.
Queremos dizer mais uma vez que a pessoa apaixonada, por natureza é uma criatura
que não precisa preocupar-se com a impressão que causa nos outros. A impressão já
existe sem que tenha de esforçar-se por ela. A personalidade de uma pessoa com este
modo de ação é a chave para sua realização; a ação, ao contrário, a leva a tomar
medidas fanáticas.
Independentemente de para onde a pessoa apaixonada volte suas energias - para uma
coleção de selos, uma reforma política ou religiosa, um projeto de pesquisa científica,
organização e limpeza da sua casa, a alimentação, o prazer artístico, viagens e muitas
outras coisas -, ela sempre será um ser humano que se compraz com tudo, que tira
energia dos objetos do seu interesse e que dá força aos outros à medida que os anima
com sua experiência, sabedoria e carisma.

7 - A Agressividade
- mania de discutir; dinâmica +

De todos os modos de ação, a agressividade é o que tem mais energia. Isso traz
implícita a dificuldade de a pessoa manter sob significativo controle tanta energia. Os
arrebatamentos emocionais, naturalmente ligados a esse modo de agir, devem ser
canalizados e dirigidos numa direção em que não se tornem destrutivos.
Mais ainda do que o modo de agir apaixonado, o modo agressivo pode relacionar-se
com o plano exterior. Raras vezes, e somente em circunstâncias identificadas como
desajustes de personalidade, esse modo de agir vai se voltar para dentro, contra a
própria pessoa e contra o próprio corpo.
O modo de ação agressivo é extraordinariamente enérgico. Ele dispõe de uma
dinâmica criativa que pode dar frutos quando usada adequadamente. A agressividade é
uma postura básica que pode ser atribuída predominantemente ao princípio masculino,
sendo que ela força e insiste, não desiste e procura aquilo de que precisa.
A agressividade, portanto, dispõe de uma dinâmica que impele à ação, que só se
alcança com sacrifícios, que se sente limitada de forma inadmissível quando é obrigada
tão-somente ao imobilismo. A agressividade quer se expandir e como uma energia
impulsiva e dinâmica ela é criativa. Simbolicamente entendida ela representa o sêmen e
não o ovo. E assim como o sêmen é um fenômeno básico da vida, assim também a
agressividade é um elemento imprescindível da vivacidade. Uma pessoa que não mais
consegue sairidentificar-se
impulso para de si mesma, com
que não ambiciona
o princípio mais nada,
masculino, quepessoa
é uma não sente
que,mais nenhum
a bem dizer,
está morta. A vivacidade e a agressividade estão em estreita ligação mútua, e disso
resulta outra ligação necessária da agressividade com a saúde.
A dinâmica como pólo positivo desse modo de ação significa que algo está em
movimento e, se não houver movimento, que será posto em movimento. Ser saudável
significa estar em movimento. Quando a energia flui corretamente, quando os fluidos
corporais estão no fluxo, quando uma pessoa sente a vontade espontânea de se
movimentar, quando quer agir e é capaz de fazê-lo, quando se interessa pelo próximo e
consegue relacionar-se com ele, então essa pessoa é sadia.
No entanto, do fenômeno da dinâmica sadia e da agressividade muito viva também
faz parte a capacidade de se defender. Mas aí se trata com menor intensidade de uma
forma passiva de divisão ou de negação. Muito mais com uma agressividade positiva no
sentido da dinâmica, quer se fazer menção à disposição de sair da defesa e mostrar as
próprias fronteiras, defendê-las enquanto o oposto é agarrado, repelido ou mantido
efetivamente à distância.
A pessoa com dinâmica agressiva, na melhor das hipóteses está na situação de
delimitar seu campo de poder e de repelir com êxito cada ataque, sem se enfraquecer. O
que a diferencia da pessoa cautelosa, da pessoa discreta, da pessoa apaixonada e da
pessoa poderosa é a dignidade e a força natural que usa, além da disposição de mostrar
essa agressividade, o que a torna vulnerável sem que com isso perca a honra.
Uma pessoa que vive sua dinâmica sem o temor constante de ser julgada ofensiva e
agressiva, granjeia respeito e mostra coragem. Será admirada por seu arrojo e sua
coragem civil e raras vezes terá de lidar com a rejeição que ela teme nos momentos de
fraqueza. No entanto, nós confessamos que não é fácil viver o modo de ação da
agressividade em sua maneira puramente dinâmica e energética, pois a energia contida
nele é imprevisível, muitas vezes avassaladora ou difícil de controlar. Por isso uma
pessoa que escolheu esse modo de ação terá de fazer muitas experiências com a
canalização de energia. Ela sentirá várias vezes que ultrapassou o objetivo de atacar o
seu suposto oponente a fim de defender seus limites, em vez de estabelecer ativamente
esses limites sem ofender seus semelhantes a ponto de não mais ser possível uma
discussão dos fatos.
Por isso, é de especial importância que uma pessoa com este modo de agir aprenda a
lidar positivamente com sua agressividade. Na sociedade em que vocês vivem, essa
relação positiva é canalizada de duas maneiras. Os muito inibidos e medrosos gostariam
de eliminar toda agressividade, visto que não estão em contato com a própria vontade de
atacar, com a raiva e com o ódio e não querem envolver-se, nem envolver os outros.
Ao falar de agressividade, não estamos nos referindo á atitude agressiva que resulta
em atos de violência. Não queremos falar sobre violência psíquica, verbal ou factual,
mas pura e simplesmente sobre a capacidade que o ser humano tem de investir em suas
energias dinâmicas e criativas, de modo que também os outros tirem proveito delas.
Há, portanto, os que querem banir a agressividade da vida, pois temem as agressões,
os ferimentos e os atos de violência, que eles rejeitam essencialmente por motivos
filosóficos ou empíricos. Os demais, ao contrário, gostariam de liberar a agressividade
do ser humano, e o fazem de um modo que estimula a exteriorização das agressões. Mas
eles não compreendem que a agressividade é uma forma de energia e que essa energia
não pode ser liberada porque, senão, pessoas ou coisas serão destruídas. A partir desse
erro, eles estimulam principalmente o pólo negativo do modo de ação agressivo, ou seja,
a mania de discutir. Eles acreditam que podem libertar a agressividade das suas amarras,
à medida que as estimulam a procurar desinibidamente as discussões e as brigas. Só que
essa vontade de brigar na maioria das vezes atrapalha e só traz contrariedades e
frustrações.
Com isso não queremos absolutamente dizer que uma briga no sentido de uma
discussão não libere energia. Bem ao contrário: a pessoa agressiva precisa mais do que
as outras dos conflitos verbais. Ela precisa de um oponente que não leve a mal esses
rituais de purificação e que saúde alegremente a energia positiva que eles escondem. No
entanto, quando uma pessoa agressiva está constantemente possuída pelo medo de estar
à mercê das reações agressivas dos outros, e projeta as suas energias malconduzidas
sobre o meio, ela procurará a briga sempre que puder e provocará os outros, partindo da
idéia de que toda briga é justificável, uma vez que ajuda a pessoa a livrar-se da pressão
que ameaça sufocar sua energia vital.
Para uma pessoa medrosa com este modo de agir, muitas vezes basta um motivo
mínimo para fazer transbordar o seu pote de energia e provocar uma explosão
emocional que assusta a todos, inclusive a ela mesma. Isso leva a atos destrutivos nem
sempre facilmente controláveis. O maníaco por discussões procura a briga, acaba
usando palavrões ou age ferindo o corpo físico, chegando à vontade de matar. Tudo isso
só serve para libertar as forças energéticas bloqueadas que não conseguiram achar uma
válvula positiva de escape.
O ideal seria aconselhar os pais a estimular e a permitir a agressividade natural dos
filhos agressivos. No entanto, na maioria dos casos, isso não é possível. A agressividade
é indesejável, impõe medo a todos e, conseqüentemente, é considerada tabu, de forma
que a criança quase nunca está na situação de medir suas forças, suas energias - sejam
elas destrutivas ou criativas, observando-as e mantendo-as sob um controle sadio.
O modo de agir agressivo tem o número ordinal 7 e, portanto, é atribuído ao papel
anímico essencial do rei. Em sua modalidade pura, ele é proporcionalmente raro e por
isso enfatizamos mais uma vez que não se deve confundir este modo de ação com as
agressões de cada individuo - tanto faz o modo de ação que tenha escolhido - como
expressão básica da sua vivacidade, da sua autodefesa, do seu ódio, do seu rancor. O
medo de ação com número ordinal 7 exige que haja certo domínio e uma ilimitada
reivindicação senhorial na agressividade. Ao mesmo tempo, trata-se de uma força que
pode realizar e alcançar muito, especialmente em âmbitos da vida e da sociedade em
que sejam imprescindíveis a opinião e a expressão fortes da vontade, o estimulo
dinâmico de idéias, a capacidade de se impor e as promessas corajosas de investir em
âmbitos desconhecidos.
A pessoa que age com agressividade é o pioneiro nato. Ela se aventurará onde os
outros têm medo. Ela banirá os perigos à medida que os ignora. Ela poderá ser exemplo
e modelo para os outros. Ela representa o tipo do general imperial, o que se coloca à
frente do seu exército e arrisca sua preciosa vida para levar seus homens à vitória -
mesmo diante de uma grande superpotência inimiga.
Quando uma pessoa investe lucrativamente em sua dinâmica inata e, em sentido
mais amplo, com amor, ela conseguirá mais do que ousa sonhar. Ela nunca pertencerá
aos que atuam em segundo plano, na defensiva. Uma pessoa como essa nunca será uma
eminência parda, mas brilhará com o fulgor de sua própria luz, contanto que consiga
controlar sua mania de discutir e não suspeite que em todos os fenômenos da vida haja
animosidade e antagonismo, pois é isso o que atormenta a pessoa agressiva: ela atribui a
culpa da agressividade e das agressões aos outros sempre que não confia em si mesma
para deixar que suas energias fluam livremente, quando impõe inibições fortes demais à
sua agressividade, quando não libera a energia do pensamento, quando a energia se
torna independente e a leva a cometer atos destrutivos.
A força criativa e a força destrutiva contidas nesse modo de ação não devem ser
separadas uma damuito
pode diferenciar outra.bem
Nãoentre
obstante,
o quepara reconhecer
é criativo o seu de
no sentido potencial, uma
dar frutos pessoaque
e aquilo
destrói nela mesma e nos outros tudo o que está vivo, se investir em sua consciência e
em sua capacidade de amar.
Quando uma pessoa agressiva quer entrar em contato com a dinâmica do pólo
positivo do seu modo de ação, ela deve, antes de mais nada, acostumar-se a observar
quando é que ela projeta sua agressividade sobre os outros. Quanto mais ela sentir que o
seu meio a recebe agressivamente, cortando seus direitos, ferindo-a ou atentando contra
o seu mundo de poder, tanto mais claro deve ficar para ela que não está vivendo
positivamente a própria energia. Quanto mais vezes a pessoa for vítima de atos de
violência ou alvo de ferimentos físicos, tanto maiores são as indicações de que ela
mesma inibe sua agressividade, canalizando-a mal e de que precisa delegá-la a outros,
inclusive a instituições. Portanto, quando a história da vida de alguém mostrar de forma
contundente esses elementos, quando uma mulher apanha freqüentemente ou é
violentada ou quando um homem é sempre vítima de novos assaltos ou seu carro
sempre está envolvido em acidentes dos quais não tem culpa, quando os colegas vivem
humilhando-o sem motivo, vale a pena refletir se essa pessoa não está se esforçando
demais para não ser agressiva, para comportar-se calma e submissamente em vez de se
defender e mostrar as garras para os outros. Uma pessoa com o modo de ação da
agressividade torna-se facilmente uma vítima se não viver positivamente a sua
agressividade. Ela arrisca o corpo e a vivacidade quando deixa para os outros o trabalho
de usufruir o benefício dessas energias estagnadas, reprimidas.
Quem for sincero consigo mesmo, reconhecerá que muitas vezes é vítima porque se
julga bom demais para tomar a iniciativa de agredir. Ele cultiva um falso ideal, um ideal
egocêntrico de serenidade e de superioridade. Teme que o mundo caia se ele uma vez
erguer a voz ou se bater com o punho na mesa. Quem tem muitos motivos,
aparentemente justificáveis para não ser agressivo e, mais ainda, quem acredita não ter
sentimentos agressivos deveria partir basicamente da hipótese de que sua agressividade
natural deve ter sido reprimida.
Muitas das pessoas excessivamente inibidas no que se refere à agressividade,
escolheram o modo de ação agressivo para esclarecer o tema da violência e da
brutalidade de um ângulo que não tem de levar obrigatoriamente à destruição, pois em
vidas passadas fizeram a experiência pessoal e com os outros em que ações agressivas, a
morte e a deteriorização representaram o papel central. Quando uma alma está pronta
para mudar de posição diante dessas experiências e a fazer outras experiências com a
agressividade, isso não quer dizer que se tenha imediatamente de condenar toda
agressividade.
Na verdade, quando se quer desistir de um velho hábito ou transformar qualquer
tipo de irritação em força combativa, quando se quer transcender esse impulso, raras
vezes fará sentido eliminá-lo completamente Será mais instrutivo acrescentar outro
ponto de vista a esse hábito e tornar a avaliá-lo descobrindo novas possibilidades de
reagir de outra forma, de um modo que exclua a agressividade como componente básico
da vivacidade humana.
Quem investe na violência positiva tem a oportunidade de exercer grande influência
e objetivar efeitos violentos. Só este fato deveria valer para muitas pessoas tirarem o
manto cinzento da falsa serenidade e arriscarem tornar a agressividade visível em toda a
sua força. A inibição que certas pessoas demonstram ter, na maioria dos casos é uma
armadura que deve servir para reprimir uma vivacidade muito perigosa, orientada pelo
medo, pois quando a pessoa agressiva expressa sua força dinâmica de propulsão por
amor, ela é uma figura de grande vigor, com força criativa transbordante e enorme
influência no seu mundo.

V – A MENTALIDADE

VISÃO GERAL
AS MENTALIDADES
EXPRESSÃO
5 – Idealista 2 – Cética
- exaltada; amoldada + - desconfiada; investigadora +
INSPIRAÇÃO
6 – Espiritualista 1 – Estóica
- crédula; analítica+ - resignada; serena+
AÇÃO
7 – Realista 3 – Cínica
- presunçosa; cuidadosa + - difamadora; crítica+
Assimilação
4 – Pragmática
- obstinada; prática +

Sobre a Mentalidade

Como parte integrante do padrão anímico, a mentalidade descreve a colocação, a


posição de uma pessoa diante da sua realidade individual, bem como a sua visão de
mundo e o modo como ela entende esse mundo. E nesse caso, trata-se de noções que
correspondem à sua estrutura mental, aos seus padrões de pensamento, às idéias que ela
desenvolve e usa para compreender a sua existência e a sua realidade.
A mentalidade de um ser humano deixa a marca da sua visão de mundo e da
compreensão que consegue obter da vida. Como se trata de sistemas mais ou menos
fechados que têm uma certa pretensão exclusiva de tentar descrever a vida, as
mentalidades servem para dar às pessoas uma estrutura mental de certezas que lhes
possibilitam atuar sem se verem obrigadas a ter de mudar constantemente de parâmetros
e de posições, pois essa mudança acarretaria uma grande insegurança.
Por isso, a mentalidade faz parte do padrão anímico escolhido antes da encarnação,
e vocês podem observar que a pessoa pode realmente mudar a importância e a agudeza
de suas convicções, mas não pode mudar a convicção básica propriamente dita.
Num grupo de criancinhas da mesma faixa etária vocês podem observar que elas
dispõem de possibilidades bem diversas para elaborar mentalmente os pequenos
acontecimentos do dia-a-dia. Uma delas quer que tudo seja diferente do que é, a outra
aceita com grande indiferença o que lhe é oferecido, enquanto uma terceira se auto-
analisará para saber se sua percepção é justificável e se deve aceitar o que lhe oferecem.
Essas atitudes básicas não são fruto da formação ou da educação, mas expressam um
desejo da alma que quer organizar-se dentro do todo por meio de suas capacidades
mentais; essas só são dadas às pessoas que mantêm um distanciamento interior ao que
acontece com elas.
Cada uma das sete mentalidades apresenta um sistema de dogmas, e por meio desse
sistema a realidade é descrita e entendida; além disso, ele também cunha a realidade
individual de uma maneira que estabelece para cada pessoa: "Isto é assim, e não pode
ser diferente!
maneira, e nãoMinha ligação com a vida, com o mundo e com o universo funciona desta
de outra”.
E a diferença entre as mentalidades com suas convicções em parte conciliadoras em
parte radicalmente delimitadoras, também marca o relacionamento entre as pessoas,
pois não é fácil indivíduos com mentalidade extremamente diferente encontrarem uma
base comum para entendimento. As pessoas que compartilham mentalidade parecida ou
igual, entendem-se melhor do que as que têm mentalidade diversa ou cujas
mentalidades estejam em conflito mútuo. Visto que as mentalidades são provenientes do
berço, essas diferenças levam a atritos entre pais e filhos, irmãos, colegas de escola e
amigos.
Ao contrário, um parentesco de mentalidades gera união formando uma rede de
relacionamentos que consegue unir as pessoas mais do que seria o normal. Esse
parentesco de mentalidades permite que as pessoas se comuniquem, ultrapassando as
fronteiras de nacionalidade, de raça e de língua. Visto que a mentalidade do individuo
não se expressa unicamente por meio das formas de pensamento, mas também por meio
das correntes cerebrais fisicamente mensuráveis, isso resulta que entre duas ou mais
pessoas que tenham a mesma mentalidade se estabeleça facilmente um sentimento de
harmonia, de camaradagem e de lealdade.
Gostaríamos de desenvolver um quadro simbólico para explicar este processo. A
cada mentalidade pode ser atribuída uma determinada figura geométrica, por exemplo,
um triângulo, um quadrilátero, um cilindro, um circulo uma pirâmide e assim por
diante. E quando duas ou mais pessoas têm o mesmo tipo mental, produz-se entre elas
um padrão de pensamento que corresponde a essa forma básica.
Vocês sentem isso quando dizem: “Entendo-me muito bem com essa pessoa.
Consigo acompanhá-la perfeitamente”. Essa compreensão mútua prende-se à
preparação automática de modelos de pensamentos idênticos que podem sobrepor-se e
levar a uma sensação de congruência.
E para isso nem sempre são necessárias palavras. A comunicação verbal é apenas
um dos muitos meios capaz de produzir essa congruência. Muitas vezes as pessoas
falam umas passando pelas outras. Cada uma procura fazer-se entender e sente
claramente que a outra pessoa não consegue criar padrões semelhantes de pensamentos
congruentes que levem à compreensão imediata.
Nesse sentido, a mentalidade é, de fato, um fator mental; contudo, ela não tem nada
que ver com formação ou com educação, com inteligência ou escolaridade. As pessoas
com a mesma mentalidade se sentem atraídas pelas outras e, com freqüência, se
admiram por conseguirem entender-se, se bem que haja diferenças no nível cultural e na
srcem.

1 - O Estóico
- resignado; sereno +

Vocês conseguem imaginar um idealista que não queira melhorar o que existe? Um
estóico está convencido de que tudo está bem como está. E, além disso, quando fica
com medo ou sente dor, ele não tenta modificar a situação. Quando o que existe já não
está bom, paciência, ele acha que é assim mesmo. E não há nada para mudar.
A pessoa com mentalidade estóica aceita os fatos como eles são. Ela fica passiva
diante do que percebe como verdade e realidade, achando que essa deve ser a sua
atitude, que nela está o que é bom para ela. Aceitando o que existe, ela consegue
entender que o mundo é correto e bem organizado porque é a expressão de uma vontade
superior
pois issoenão
de uma totalidade
a faria feliz. inspirada. Para ela, não faz sentido recusá-la ou negá-la,
Quando uma pessoa com a atitude básica de um estóico sente a vida como uma
seqüência duradoura de acontecimentos desagradáveis, dolorosos, que a deixam com
medo no corpo e na alma, ela facilmente cairá numa forma resignada de passividade
estóica. Tentará tomar-se insensível, evitando o sofrimento e assumindo o papel de
vítima: assim, amargamente ela não pode mudar nada do que lhe acontece.
Um estóico com medo acredita, portanto, que o destino rege a sua vida e que ele não
tem nenhuma participação na formação do mesmo. Ele acha que tem de dar um jeito
para lidar com os acontecimentos e tentar sobreviver. Ele se retrai, torna-se cada vez
mais passivo e cai numa resignação apática para não ficar à mercê dos seus medos e
sofrimentos. Já nem ousa lamentar-se, como se temesse despertar a ira dos deuses se se
queixasse em voz muito alta.
A resignação facilmente transforma-se em energia de baixa freqüência e deixa o
estóico fisicamente doente. Uma atitude como essa, que aceita tudo resignadamente, faz
com que a vida não seja mais vivida, mas apenas suportada, O estóico resignado acha
que essa atitude o protege melhor contra o ataque de tormentos ainda maiores,
provocados por forças arbitrárias que ele não consegue reconhecer, muito menos
avaliar, O resignado sente a vida como uma escravidão, como um vale de lágrimas,
como um castigo eterno do qual só pode escapar por meio de uma resistência passiva ou
de um gradativo auto-aniquilamento.
No entanto, para pessoas que em determinada vida escolheram a mentalidade
estóica, existe a possibilidade de, a qualquer momento, aceitar o que existe, com
serenidade, sem ficarem zangadas, sem alimentar expectativas de grandes mudanças
engendradas por elas mesmas. E quando isso dá certo, conquistam a rara capacidade de
viver no momento presente e reconhecer que todos os acontecimentos, sentimentos e
reações têm a mesma validade e idêntico valor.
Essa forma de serenidade, que tem pouco ou quase nada que ver com a resignação,
traz uma espécie de felicidade à sua maneira. É expressão de uma forma especial de
curiosidade que leva a pessoa a observar todas as facetas isoladas da vida cotidiana e os
acontecimentos extraordinários como uma manifestação do todo. Um estóico permanece
sereno, quer esteja doente ou sadio, quer seja pobre ou rico, alegre ou triste. Ele se
posiciona no centro. Ele não se alegra, não se aborrece. Interessa-se em saber como o
seu ser responde aos diferentes estados e experiências da vida. Ele não quer interferir no
rumo do mundo ou da própria história.
A passividade da pessoa serena dá a impressão de uma grande paz, cujo efeito não
pode deixar de ser levado em consideração. É preciso diferenciar efeito de influência
ativa. O estóico se destaca exatamente porque não vê sentido - imediato ou mais
elevado - em influenciar os acontecimentos. Ele reconhece o potencial do que existe.
Considera mudanças ativas uma manipulação inadmissível da vontade. E quando
renuncia conscientemente a essa influência, ele fica sereno. Mas se sentir-se
desamparado diante do todo da sua vida, sua passividade se transforma em abatimento,
letargia ou triste resignação.
Com certeza, uma pessoa com mentalidade estóica conhece ambos esses estados,
ambas as sensações. Porém, antes de tudo, muitas vezes entra em atrito com as reações
medrosas dos seus semelhantes que não conseguem adotar essa atitude básica - quer de
serenidade ou de resignação. De vez em quando, o estóico é admirado ou deplorado,
mas na maioria das vezes ele se vê diante da incompreensão, pois as pessoas à sua volta
acham que atividade sempre é melhor do que passividade. No entanto, o estóico vive a
sua grandeza no fato de não lutar contra o medo por meio de atividades ou ações. Ele
também não finge
compartilhada comadotar
poucasuma atitude que despede respeito, mesmo que ela seja
pessoas.
Podemos afirmar que há mais estóicos resignados do que estóicos serenos.
Entretanto, muitas vezes uma pessoa com essa mentalidade consegue livrar-se dessa
duradoura resignação ao chegar à idade avançada, quando adota uma atitude serena.
Juventude e serenidade não se coadunam. Um pressuposto necessário para se manter
sereno é o controle dos próprios desafios. Só quem aceita a vida e o que o destino lhe
reservou pode descobrir como reagir. Muitas vezes um estóico constatará que a vida
está mais repleta de acontecimentos dolorosos do que a da maioria das pessoas. E esses
acontecimentos permitirão que o estóico teste sua capacidade de escolher entre a
serenidade e a resignação.
Neste ponto queremos mencionar que quando a auto-estima de uma pessoa se
manifesta por meio de uma atitude serena, isto não quer dizer que ela tenha renunciado
às lágrimas ou ao riso. Só uma pessoa resignada não chora quando sofre, mas isso
também a impede de rir. No sentido positivo, nem todos os acontecimentos têm o
mesmo valor, mas a pessoa resignada se torna indiferente a tudo o que lhe acontece.
A mentalidade estóica, à qual se atribui o número ordinal 1, faz parte do arquétipo
do agente de cura. Isto torna compreensível o fato de o estóico não desejar nem poder
manipular os acontecimentos da vida. Ele se sente como um agente de cura da vida,
como um ser humano destinado à submissão, na liberdade ou na pressão, em todos os
casos submetendo-se às indicações provindas do grande todo. A pessoa medrosa
entenderá as indicações como um golpe do destino ou um castigo. A pessoa que ama a
si mesma e a vida, sentirá diante dos mesmos acontecimentos que está sendo protegida,
recebendo uma proteção semelhante à que surge num relacionamento afetivo entre um
ajudante e o seu patrão. Ela não precisa tomar decisões sozinha, pode e deve pedir
orientação. E quando encontra o mestre não só no todo humano, mas também no todo
amoroso, ela pode deixar-se levar pelas ondas da vida, como um navio que se lança ao
mar e cujos passageiros confiam no capitão. Assim que se sente em solo firme, essa
pessoa observa os acontecimentos serenamente, sem perder a confiança de que no
tempo certo chegará a um porto seguro.
Da mesma forma que o espiritualista, o estóico também está convencido de que uma
ordem foi colocada à sua disposição; e a sua confiança nessa ordem é o seu elixir da
vida. O espiritualista receia submeter a sua crença à prova e teme analisá-la, Já o estóico
não sente essa necessidade. Ele se analisa - ele se submete à prova. A serenidade que se
tornou o centro da sua mentalidade faz dele, mais do que dos outros, um instrumento
útil na criação. O estóico renuncia inteiramente à vontade de dominar os
acontecimentos. Ele não luta nem se revolta. Ele adapta a sua vontade ao que acontece e
ao que lhe deve acontecer. Assim, ele entra na mais bela sintonia entre ele mesmo e a
criação - desde que coloque o amor acima do medo.

2 - O Cético
- desconfiado; investigador +

O cético busca a verdade, embora não esteja certo de como essa verdade é plasmada,
onde ela pode ser encontrada, o que significa e se de fato existe.
O cético faz da dúvida a sua verdade; e com a mesma freqüência com que a dúvida
o liberta do sofrimento de não saber com exatidão, ela também faz com que o cético se
sinta cada vez mais perdido, duvidando de tudo, inclusive da sua dúvida; e faz com que
ele não tenha mais orientação e perca a confiança de que todo ser humano precisa para
sentir-se tranqüilo.
por ninguém, que sePortanto,
previne uma
contrapessoa quemas
ilusões, duvida
que épor
alguém
outro que
lado,não se deixa
muitas enganar
vezes sente
falta de um quadro de referências, pois, além de não ter confiança no destino, também
não tem confiança nos outros e nem na existência de uma ordem superior que seja
maior.
O cético não quer confiar em nada, e nem pode. Por isso sente-se abandonado por
Deus e pelo mundo. Contudo, muitas vezes, ele se esquece de que é apenas o medo de
ter de confiar em alguma coisa que faz com que ele se sinta tão inseguro e sozinho. Ele
busca a verdade. Mas não tem certeza de poder encontrá-la, pois duvida que ela exista.
No entanto, por causa da sua dúvida, devido ao seu questionamento ele penetra em áreas
que lhe permitem enxergar a verdade com uma profundidade, com uma agudeza que
muitas vezes ficam imperceptíveis aos outros.
E quando falamos sobre a verdade, queremos mencionar tanto a verdade individual
em si mesma, quanto a verdade que caracteriza os inter-relacionamentos aos quais o
cético dedica sua atenção; e ainda quanto às verdades universais, superiores que o cético
pressupõe embora não queira submeter-se a elas sem questionamentos. O cético é
alguém que duvida; conforme suas dúvidas forem orientadas pela liberdade, pelo amor
ou pelo medo, suas indagações serão marcadas por um espírito investigador ou por uma
desconfiança destruidora.
Quando um cético lida com a pergunta: “O que é o amor?”, ele pode fazê-lo de duas
maneiras. Ele pode analisar a si mesmo e aos outros estudando suas motivações, ações,
manifestações, questionando-se quanto ao desejo de descobrir a essência do amor. Em
tudo o que percebe, cabe a pergunta: “Isto é realmente feito por amor, ou por trás dessa
aparente expressão de simpatia e compreensão oculta-se certo medo?” Se ele mesmo
não confiar no amor, não confiará nos próprios sentimentos, analisará qualquer
sentimento com desconfiança e achará que toda manifestação de amor contém uma
falsidade. Ele se sentirá mais seguro se aceitar a idéia de que ninguém pode amá-lo
porque não descobriu em si mesmo o verdadeiro amor; e há de contestar que sua
percepção possa ter-se confundido porque simplesmente tem certeza de que os outros é
que estão se iludindo.
A dúvida é uma forma de pensamento. Aplaudimos a possibilidade da dúvida e a
consideramos como um dos aspectos mais importantes da capacidade de expressão do
ser humano, pois ela leva ao autoconhecimento desde que não seja usada como um
instrumento de destruição; além disso, a dúvida cria um distanciamento da pessoa em
relação a si mesma e em relação ao mundo e permite que haja crescimento.
Portanto, o cético dá uma contribuição muito valiosa com seu hábito de investigar,
de desfazer ilusões, de renunciar a credulidade, mesmo que suas ações provoquem
insegurança nas outras mentalidades, mesmo que faça perguntas incisivas, muitas vezes
importunas, mas acertadas para abalar a certeza do idealista e a esperança do
espiritualista. O idealista mostra-se insatisfeito quando constata que os seus ideais são
difíceis de atingir; contudo, ele não duvida de que eles estão ao seu alcance. O cético, ao
contrário, fará perguntas com base em sua mentalidade: “Que valor tem um ideal? Ele
pode ser atingido? Ele é necessário? Para que é que ele serve? Ele pode causar algum
prejuízo? Como ele pode ser contestado? A quem ele pode perturbar? Para que o
homem precisa ter um ideal? Será que não se sentiria melhor se renunciasse aos ideais?”
Com todo esse ceticismo, às vezes, o cético deixa de ver que a dúvida também
representa um ideal para ele. E ele o utiliza para avançar até as camadas profundas da
verdade; e o seu ceticismo só consegue cumprir suas funções quando esse pressupõe a
existência pela qual vale a pena levantar questões.

Ele O cético opode


percebe estar
divino porprofundamente ligadoe fora
pesquisá-lo dentro à religião, emboraEle
de si mesmo. ele omesmo duvide
descobre à dela.
medida que elimina camadas de crença, tradições, desejos, que os homens lhe
impuseram. Com seus contínuos questionamentos, o cético cria um conceito individual
sobre o que significa verdade para ele; e, como ele mesmo engendrou tudo para si
mesmo, ninguém o demoverá dos resultados a não ser que ele mesmo tenha outras
dúvidas e descubra novos aspectos da realidade.
O cético quer chegar ao âmago de tudo o que existe. Todo o seu questionamento,
toda a sua indagação e desconfiança são criadas por esse anseio. O seu medo poderia ser
descrito como o medo de ter de constatar, para seu espanto, que sua busca e seu anseio
foram inúteis.
O cético ao qual se atribui o número ordinal 2 representa o arquétipo do artista.
Como o artista trabalha na criação de uma forma, deduzimos que o cético também visa
obter uma forma pura. Assim como um escultor tira de um grosseiro bloco de pedra a
necessária inspiração para descobrir uma forma oculta na pedra, e não se dá por
satisfeito enquanto não tiver transformado sua idéia no material concreto
correspondente, mediante um trabalho árduo e paciente, também o cético trabalha
pacientemente, às vezes chegando à exaustão, no bloco das suas idéias até avistar o
cerne, que então não cai no esquecimento da dúvida.
Sua análise e sua capacidade de duvidar tanto podem ser amigas como podem ser
inimigas. Como se trata de motivações, ele é chamado a sondar as vibrações do medo e
do amor que o fazem ter dúvidas. Mas quando uma pessoa leva seu ceticismo até o
ponto em que passa a duvidar da existência do amor e da verdade no mundo, convém
que ela não pare aí, mas que duvide do resultado de suas pesquisas, pois é possível que,
num passe de mágica, o seu medo se transforme numa certeza interior de que esse
conhecimento é ilusório. E ele fica na dúvida sem saber se ama e é amado, e se tem
acesso ao plano divino.

3 - O Cínico
- difamador; crítico +

Muitos de vocês consideram a mentalidade do realista como algo insuperável. E


assim como enaltecem uma conduta realista, vocês desvalorizam a conduta de uru
cínico. Como ela lhes inspira medo, vocês a julgam com sua compreensão imperfeita e a
condenam como uma ação destrutiva, francamente patológica.
Nosso ponto de vista difere um pouco do de vocês. Portanto, primeiro lhes pedimos
que aceitem o fato de que a mentalidade cínica é tão importante e tão valiosa quanto
todas as outras mentalidades que formam o padrão anímico. O cínico pretende
congregar a verdade e a realidade com a sabedoria. Sua pretensão mental de
compreender o que existe, diz: “Eu não sei” E ele espera chegar a ter uma certeza
profunda pelo fato de não saber.
E é por isso que encara todas as formas de esperança, crença e presunção com tanta
crítica. Ele não consegue compreender como alguém pode acreditar em algo de que não
tem certeza. E, para se livrar dessa tensão, ele resolve não saber nada, fazendo uma
crítica a toda e qualquer situação. Enquanto faz isto motivado por um interesse autêntico
pelo conhecimento e enquanto continuar carinhoso e interessado, ele atuará como um
rebelde bem-sucedido em “sacudir” os semelhantes, em levá-los a pensar e a confortar-
se com as questões primordiais.
Mas sea osua
constatar cínico se sentireleexposto
ignorância, sentirádiante
o chãodofaltar-lhe
medo desob
queosvenham definitivamente
pés, e negará a
a existência
do que considera valioso, principalmente o fato de saber; ele também injuria os que
acham que sabem alguma coisa. Assim, a pessoa crítica se transforma em critiqueira.
Como tem medo de criticar alguma coisa em tudo e em todas as pessoas, inclusive em si
mesmo, o cínico fica insatisfeito, contido e destrutivo, uma vez que não dá valor a nada
que possa convencê-lo de que existe algo digno de amar, digno de saber, digno de viver,
além da impressão de que tudo é supérfluo, inútil e sem importância. Para ele, essa
posição parece significar a salvação de um naufrágio; e ele luta pela sobrevivência à
medida que afasta de perto todos os que imaginam saber algo que possa ajudá-lo.
Como o realista, o cínico está convencido de que a sua é a única visão verdadeira do
mundo e que a dos outros é ingênua ou maldosa. E enquanto ele se posiciona em torno
do pólo negativo do medo, nos outros ele só enxerga inimigos que querem armar-lhe
uma armadilha para vê-lo cair nela. Vocês reconhecem o cínico principalmente pelas
manifestações do seu pólo negativo. Um cínico carinhoso atua sobre vocês conto um
paradoxo. No entanto para a pessoa com essa mentalidade é perfeitamente possível
conceder ao seu amor a expressão diante de sua posição mental básica, à medida que ela
usar a sua disposição crítica, bem como a sua capacidade crítica para resolver os
aspectos da vida que lhe pareçam obscuros, nocivos e prejudiciais, purificando-os.
Um cínico positivo parte do fato de não ao acreditar em nada enquanto não se tiver
convencido plenamente de que aquilo que vê ou que lhe é oferecido corresponde à
verdade. E, segundo sua natureza, não é fácil convencê-lo. Isso torna o cínico uma
pessoa de muita firmeza. Os que querem convencê-lo de alguma coisa, vêem-se
continuamente obrigados a desenvolver uma clareza de sua parte e afirmar seus pontos
de vista, buscando novas provas conclusivas para solidificar a firmeza do ponto de vista,
o que em circunstâncias normais nem lhes pareceria necessário, pois ninguém, exceto
um cínico, lhes oporia tanta resistência e tanta crítica.
O cínico é mais atuante do que o cético. Ele parte para a ofensiva, ele ataca e atiça
sem parar enquanto não consegue uma resposta que emudeça a sua crítica e que
satisfaça seu espírito sedento. Enquanto o cético com dúvidas faz perguntas, o cínico
não as faz. Seu método consiste em provocar diretamente os outros e em negar o que
eles dizem. Assim, ele obriga o oponente a apresentar provas do que afirma. E o cínico
acha que é muita pretensão separar o ser do parecer. De maneira especial, o cínico é
mais justo como representante das outras mentalidades, pois para ele, o ser não é visível
nem tem uma estrutura simples. O ser consiste muito mais em vários aspectos e facetas
cintilantes.
O cínico, com a sua postura básica, é o único que acha possível e natural que
realidade e verdade sejam diferenciáveis segundo os vários pontos de vista e que exista
mais de uma verdade. Enquanto conseguir viver com a insegurança da ignorância,
enquanto isso lhe der prazer e não se tornar uma fixação, sua negatividade não o
vencerá. No entanto, assim que odiar o mundo e odiar a si mesmo por não ter certeza se
a verdade existe porque não a consegue encontrar, ele se transformará num ser humano
duro, de língua ferina, que diminuirá e desvalorizará tudo o que causa alegria e estímulo
a outros.
O cínico, em seu medo, dificilmente é capaz de suportar a satisfação e a felicidade
alheias. Por meio da negação direta desse estado de coisas ele tentará, embora sem
argumentos, desmascarar essa felicidade subjetiva afirmando que se trata de uma
mentira: essa é a técnica de desmascaramento de que o cínico amedrontado mais gosta
de fazer uso. Como não quer ter ilusões que possam encobrir ou falsear a verdade, ele
constitui
nos pólosum enormenegativos
matriciais desafio para os que agem
- enquanto como
não agir idealistas,
e pensar espiritualistasEle
destrutivamente. e realistas
age
intranqüilamente com relação aos outros, visto que não lhes oferece nenhuma verdade
concreta como substituto de suas perdidas ilusões. E é exatamente isto que constitui a
sua mentalidade: o cínico enaltece o não-saber, o princípio da dúvida, do suporte da
insegurança, elegendo tudo isso como seu fio condutor.
Ao cínico é atribuído o número ordinal 3, que representa o arquétipo do guerreiro. É
por isso que ele gosta de atacar e o seu comportamento muitas vezes é ostensivo. Ele
quer convencer e ser convencido, em caso de necessidade, até por meio da violência.
Seu desejo é impor-se ativamente. Suas sondagens, cavações e sua insistência mostram
a força de propulsão masculina que o anima. Como uma serra de metal pode quebrar
devido à dureza de certos materiais e devido à forte resistência, o cínico também é capaz
de opor resistência psíquica profundamente oculta ou liberar suas próprias decepções,
desde que ele não ressalte ameaçadora ou destrutivamente o medo e a sensibilidade dos
semelhantes. Mas quando seu cinismo se voltar contra ele mesmo, destruirá os valores
pessoais internos e externos, e sua postura bélica será tão defensiva e ofensiva que
acabará caindo sozinho sobre a própria espada.
Uma pessoa cínica está sempre com a faca na mão. Com ela pode cortar para curar,
como também para matar. Ele corta tudo o que possa causar doença; corta todo tipo de
tumor e tudo quanto não seja da essência do homem. O cínico é um extraordinário
cirurgião mental e dá sua contribuição para o restabelecimento da humanidade. Mas
como os outros têm medo dele e de sua faca, só terão confiança nele quando ele fizer
seus cortes com mão firme e carinhosa, quando estiver disposto a suturar as feridas que
causou por bons motivos. Então o cínico será procurado por todos os que desejam
livrar-se do que é supérfluo e nocivo; será procurado por todos os que quiserem
descobrir a verdade sobre si mesmos e por todos os que desejam chegar à própria
verdade sem usar mascaras.

4 - O Pragmático
- obstinado; prático +

Como corresponde à sua posição 4 na estrutura das variáveis matriciais, o


pragmático analisa as diferentes mentalidades alheias, bem como todos os fenômenos da
vida, especialmente os sistemas de fé por meio dos quais se entende a verdade e a
realidade de diferentes maneiras mantendo certa distância em relação a eles. O
pragmático se auto-analisa e pergunta: “Para que serve isto? O que é que eu posso
iniciar com isso? Que efeito e que mudanças isso provoca?” Na verdade, a atitude do
pragmático coloca o efeito e o uso de uma estrutura em primeiro lugar, em primeiro
plano. Uma idéia que não possa ser usada e que não traga conseqüências, para ele, não
tem valor.
A mentalidade do pragmático não se orienta pela crença ou pela sabedoria, e muito
menos pela dúvida. Ele se concentra na ação. Ele não se preocupa com todas as forças
de pensamento. Dentre as diversas possibilidades de aprender a verdade e a realidade,
ele usa as que lhe pareçam de fato aplicáveis, as que tornam sua existência
compreensível e as que facilitam sua vida no dia-a-dia. Ele busca uma solução viável
para o dilema em que basicamente se encontra o ser humano, ou seja, o dilema entre as
exigências da sua manifestação física e das suas idéias, e as esperanças e lembranças
que associa à sua condição humana.
O pragmático
tradicional. está disposto
Ele experimenta, a experimentar
observa em em
e anota tudo si mesmo o que
sua auto- imagina
análise, ou se
como o que é
fosse
um cientista. Contudo, ele também mostrará interesse por incluir em suas pesquisas as
experiências concretas das outras pessoas. À medida que constata que a cosmo visão de
um idealista, de um espiritualista ou de um estóico é interessante, ele fica curioso e quer
obter informações, e resolve sistematizar suas experiências, reavaliá-las e dar-lhes uma
forma transmissível e útil. No entanto, quando o pragmático constata que algum método
- quer se destine à ampliação do estado de consciência ou a uma redução de peso - não
tem êxito ou a sua aplicação é muito complicada, ele o recusará categoricamente e não o
vai querer para uso pessoal nem o recomendará para uso dos outros.
O pragmático entra em êxtase quando comprova que alguma coisa funciona! Nesse
caso, ele acha que um novo tesouro foi entregue ao mundo, um presente de valor
perene, que não só é interessante teoricamente, mas também pode ser testado na prática,
estando, portanto, integrado à realidade como uma verdade examinada, empiricamente
comprovada.
Por mais que um pragmático se oriente pelo funcionamento das coisas ainda assim
ele cai na tentação de reduzir tudo às suas funções sempre que fica com medo; nesse
caso, ele deixa a curiosidade de lado, seu princípio global reduz-se ao agora imediato e
ao que ele consegue fazer. Seu horizonte estreito lhe é revelado pelo fato de não poder
mais analisar e observar com indiferença, especialmente se o objeto de sua análise traz
resultado para os outros, mesmo que para ele não represente nenhum sucesso. Aí ele se
transforma num ser humano desgostoso, fechado e inacessível para o que é novo; ele
acha que as experiências não têm sentido. que não é necessário testar algo novo porque
o velho que é preservado, embora velho, bem ou mal cumpre sua função. E ele pode
apegar-se a velhos hábitos mesmo que esses não causem mais efeitos positivos, não
irradiem impulsos novos e não tragam mais acusações de felicidade e satisfação.
A obstinação que prende o pragmático às tradições ou aos hábitos por ele sentir um
medo muito grande das mudanças, pode traduzir-se tanto numa aborrecida prática de
meditação - todos os dias na mesma hora, no mesmo lugar, isso durante anos -, como no
apego a hábitos de alimentação, lugares de trabalho, relacionamentos, vestuário e
modas, todos juntos válidos e funcionalmente adequados em determinada época do
passado e que, há tempos, perderam sua funcionalidade, sendo, portanto, um peso
morto. O mesmo vale para as reações autoprovocadas e para atitudes sentimentais
automaticamente criadas que tiveram sua época de valor, embora atualmente não façam
mais justiça à realidade e à verdade interior da sua personalidade. E assim, o pragmático
age entre os pólos da sua satisfação de fazer experiências por um lado, e a comprovação
prática do novo e o receio de que, por outro lado, os outros recusem o novo. Ele se
apega ao que já foi comprovado, apenas para que não haja muito espaço para o
desconhecido.
O pragmático se apega aos seus hábitos mas fica satisfeito consigo mesmo quando
consegue substituí-los por outros novos. Mas quando, sem que tome consciência do
fato, ele é dominado pelos hábitos, ele se esquece do amor próprio. Portanto, declarar-se
disposto a mudar voluntariamente de hábitos lhe faz bem -, como, por exemplo,
viajando ou mudando de lugar de trabalho ou de profissão. Para não se tornar rígido,
executando sempre os mesmos atos como se fossem um ritual, o pragmático fará bem
em mudar de estilo de vida.
Mas enquanto insistir que as condições do lugar que escolheu para passar as férias
sejam as mesmas que tem em casa, ou enquanto uma mudança de colegas de trabalho, a
instalação de máquinas novas ou uma alteração na estrutura profissional lhe trouxerem
grandes dificuldades e despertarem medos intensos, ele verá que sua obstinação o isola
do ritmo pulsante
A pessoa com da vida.
mentalidade pragmática, bem como todas as outras mentalidades, dá
uma condição importante para o bom funcionamento do todo. Se ao realista, ao cínico,
ao cético e ao estóico cabem a análise do conteúdo da realidade e da verdade, resta para
o pragmático a tarefa de concretizar o que for teórico, generalizá-lo, filtrar a essência da
teoria e testar sua aplicabilidade.
Na verdade, ao pragmático interessa o essencial, que ele filtra para isolá-lo do valor
fugaz e para lhe dar uma intemporalidade que, basicamente, encerra valor. É com base
nisso que o pragmático gosta de pesquisar os métodos e as conquistas do passado
histórico, tirando essas coisas da bruma do esquecimento e deixando claro que não
perderam sua validade. Com isso, o pragmático não raras vezes é também um
historiador. Ele gosta daquilo que o passado preservou, mas tem de prestar atenção para
não se tornar um prisioneiro desse passado.
A mentalidade do pragmático corresponde ao arquétipo do erudito. Este é um
observador. O erudito se mantêm neutro e, por isso, não se envolve na luta mental
empreendida pelas demais mentalidades. Ele apenas se interessa pela validade das
diversas apresentações básicas da realidade. Verdadeiro, para ele, é o que tem utilidade
para o homem. O pragmático é um historiador e o secretário dos conhecimentos
policromos, diferentes. Sem a sua atividade e sem os seus serviços honestos e
imparciais, muitos fatos continuariam sendo teorias ou uma apresentação ideal de
desejos. Contudo, o pragmático dispõe de instrumentos para converter pensamentos em
ações, em feitos e efeitos.

5 - O Idealista
- exaltado; amoldado +
Para o idealista, nada do que existe é perfeito. Ele agüenta e suporta as coisas, mas
não fica satisfeito ao aceitá-las. Ele encontra sua satisfação e plenitude ao elevar na
imaginação o fato de que ainda não foi alcançada a perfeição, de que não está esgotada
a capacidade de melhorar e de merecer mais.
O idealista olha para a frente e para cima. Ele tem uma visão mais ou menos clara
do que pode ser feito, ser atingido, do que é desejável e do que traz felicidade. Isso vale
tanto para ele mesmo como para os seus semelhantes. E se aplica tanto ao mundo da
matéria quanto aos valores do mundo imaterial.
Todas as mentalidades são tentativas de apreender a verdade. De descrevê-la e de
dar-lhe forma, assim o idealista não vê a verdade onde ela está, mas, antes, onde ela não
está. Contudo, para ele, a verdade é como uma faixa luminosa escrita no céu. Ele se
esforça para ler e aprender o que está escrito e aplicar a si mesmo o ensinamento nele
contido. Ele não tem nenhuma dúvida de que a verdade, a clareza, a justiça e o amor
existem. Mas ele se vê distante desses valores, que considera determinantes para a vida
como um todo; de vez em quando ele chega a sentir-se excluído. No entanto, ele não
desconhece esses valores.
Quanto mais distante ele está dos seus ideais, tanto mais difícil o idealista acha ficar
satisfeito consigo mesmo e com os outros, O idealista é uma pessoa eternamente na
busca. O fato de não desejar encontrar o que busca é um segredo que ele guarda a sete
chaves, pois encontrar o que busca saciaria o seu anseio. E sem esse anseio o idealista
não consegue viver. Sempre que um dos seus ideais se transforma em realidade, ele logo
arranja outro bem distante e põe-se a buscar continuamente esse novo ideal. Na verdade,
o que é muito válido para ele é isto: o caminho é que é o objetivo.
Infeliz
ideais o idealista
a atingir, fica em duas situações:
pois temporariamente ele não
conseguiu se sente
realizar tudobem
o quequando
queria.não há mais
E não se
sente bem também quando está longe de conseguir realizar seus ideais: o seu senso de
valor se ressente e então, ele mesmo é alvo do próprio desprezo.
Muitas vezes o idealista se sente dividido entre o desejo ou a obrigação de cumprir
todos os seus desejos éticos e o reconhecimento de que não está em situação de fazê-lo.
Na verdade, quase ninguém à sua volta consegue corresponder às normas éticas por ele
estabelecidas. Isso lhe causa amargura, tristeza e decepção. Ele pode chegar a punir-se
severamente por todas as suas falhas levando em consideração seus conceitos ideais.
Freqüentemente, ele dá a impressão de não ligar para si mesmo; ele só se encontra
quando está em contato com as próprias normas ou práticas éticas. Nesse caso ele se
sente feliz quando se certifica de ter recebido a aprovação dos outros, quando tem a
certeza de que não está tão longe de Deus quanto temia.
Como o idealista não aprecia estar na Terra, ele procura estar no “céu”. O resultado
é que fica com tanto medo de não corresponder aos próprios ideais, que ao menos
exteriormente ele procura conduzir suas ações de acordo com o ideal usando uma
obstinada força de vontade. Assim ele dá a impressão de estar subindo no ar, como
alguém que segura uma porção de balões de gás nas mãos, sendo carregado por eles
para o céu. O idealista perde o contato com o chão da realidade. Ele parece alheio, visto
não querer admitir que esse distanciamento é real. Com freqüência, o idealista é também
um ilusionista. Ele alimenta ilusões sobre a posição que ocupa com relação ao seu ideal
celestial.
No entanto, quando ele finalmente chega a um acordo consigo mesmo, identificando
seus ideais como ideais, deixando de julgar-se quando não consegue realizá-los; e,
quando desiste de julgar os outros quando estes não correspondem às suas regras, ele
pode ser visto cercado de brilho intenso, o brilho de ser uno com o todo. Ele se funde
com o todo sem perder sua identidade. Ser um consigo mesmo não significa renunciar à
sua busca e às suas aspirações. Significa muito mais compreender em que estágio da
longa jornada entre o medo e o amor ele se encontra.
O idealista olha para o horizonte distante e para cima. É por isso que ele reconhece
também o que é possível. Melhor do que as outras mentalidades, ele sente o grande
potencial do ser humano e do mundo. E se não houvesse ninguém mais que
compreendesse intuitivamente esse grande potencial e lhe possibilitasse o acesso a ele,
então também as portas ficariam fechadas para os outros seres humanos. Portanto, o
idealista é aquele que conhece o objetivo, que aponta o caminho e que abre as portas.
O número ordinal 5 mostra que a mentalidade do idealista corresponde à energia do
sábio. Este reconhece que existe algo maior, mais elevado, e que é possível e desejável
descobrir o acesso para esses âmbitos longínquos. Mas, o sábio é sábio porque
afetuosamente declara que - apesar de ver seu ideal constantemente diante dos olhos
com toda sua glória - ele ainda continua um espectador, um observador, ou seja, um ser
humano dotado de toda sua condição humana.
O idealista sábio aprecia as próprias fraquezas. Quando consegue levar em conta as
próprias fraquezas, fica mais fácil para ele aceitar os semelhantes do jeito que eles são,
sem tentar mantê-los parados. Ele lhes mostra o que podem alcançar e, delicadamente,
os conduz à estrada que leva à luz. Ele os toma pela mão, mas não porque quer tornar-se
um modelo inatingível de severidade, e fazer com que os outros acreditem que ele já
cumpriu as normas e atingiu os ideais, e sim porque de lá, de onde de está, é de onde ele
incentiva seus irmãos a marchar junto com ele.

6- crédulo;
- O Espiritualista
analítico +

O idealismo tem anseios e esperanças. O ceticismo duvida e tem esperança. O


espiritualista acredita. Ele acredita firmemente na verdade. Ele acredita que há verdade
em todos os fenômenos da existência e que, tanto para ele como para todos os outros, a
meta deve ser desvendar a verdade.
Muitas vezes o espiritualista não conhece a verdade. No entanto, ele está convencido
de sua presença em todas as coisas. Quando alguém resolve analisar o mundo com a
mentalidade do espiritualista, quando ele presta homenagens a uma atitude espiritualista
básica, isto significa para ele estar em contato direto com as dimensões do plano
espiritual.
O espiritualismo também responde pela sensação do sopro ininterrupto por
intermédio do espírito da Criação. O espiritualista sente-se um só com a criação. Ele não
encontra separação entre o que o inspira e o que ele é. Ele se considera uma engrenagem
no mecanismo do relógio universal. Ele se sente orientado e conduzido. Ele acredita que
nunca está só. O divino, o princípio espiritual, a vontade universal são conceitos que ele
conhece bem, e nada o deixa tão inseguro como imaginar que alguma outra pessoa
possa renunciar conscientemente a essa vinculação universal, que alguém possa negar
que pertence a um contexto repleto do princípio espiritual, pois ele, o espiritualista, o
considera impreterível e comprovado.
E, assim, já revelamos diante do que o espiritualista tem mais medo. Ele receia
descobrir um dia que, apesar de tudo, está só, separado do todo, e que em última análise,
o todo não vela por ele como uma mãe ou um pai que o protege de todos os reveses da
vida. E porque, de um lado, ele é atormentado por esse medo secreto e, por outro lado,
ele sabe que não deve deixar sobreviver nenhuma dúvida em relação à sua fé, pois isso
seria contrário à sua mentalidade, ele decidiu ser um crente. Ele quer dar-se, entregar-se
a uma convicção, a uma idéia que pareça oferecer-lhe consolo, sem ceticismo, sem a
mais leve dúvida, pois só quando eliminar toda insegurança poderá controlar o medo
diante de um desagradável despertar.
Nós vemos o espiritualista como alguém que tem tanto medo diante da verdade que
se refugia num sistema de crenças cujas referências lhe prometem segurança contra as
dúvidas pessoais. É por isso que muitas vezes ele acredita na autoridade, nos dogmas e
no sistema. Mas de forma alguma acredita somente nas dimensões espirituais. O
espiritualista está muito mais propenso a acreditar em tudo o que lhe apresentam de
forma convincente. Sem ter consciência do fato, ele acreditará em qualquer protesto
solene que lhe traga segurança, não importa que esteja relacionado com o amor
conjugal, com acordos financeiros, com futuro feliz, com profecias, ofertas de
companhias de seguro, com propostas de amizade ou com o diagnóstico de um médico.
Portanto, o espiritualista é crédulo e ingênuo. Ele acha que sua boa-fé pode mantê-lo
a salvo das desilusões. Prefere envolver-se em tudo quanto for possibilidade a renunciar
ao seu sistema pessoal de segurança ou a questioná-lo. Por isso ele depende tanto dos
protestos solenes. Ele precisa de promessas. Afinal, ele quer acreditar. Ele anseia por
promessas que nunca sejam rompidas, nem por Deus, nem pelos santos, e nem pelos
pais, parceiros ou pelas companhias de seguro. Quem estiver preparado a prometer-lhe
algo com garantia, terá nele um adepto condescendente, uma pessoa que tem muitas
expectativas e esperanças, sinalizando incessantemente, de muitas maneiras: “Por favor,
não me decepcione nunca, para que eu possa continuar acreditando em você!”
No entanto, apesar de tudo, ele acaba descobrindo que as promessas das pessoas não
são confiáveis e, assim, ele volta suas esperanças e sua fé para um plano que considera
confiável
ou de seu por estar
Deus, nãoacima dotenha
porque planouma
humano. Ele acredita
confiança autênticananisso
amorosa
tudo,habilidade
mas porqueda vida
simplesmente não consegue tolerar a idéia de não poder confiar em nada.
Pois bem, vocês podem pensar que nós não negamos a existência de um plano
amoroso voltado para a orientação e proteção dos homens. Não queremos nem podemos
negá-lo, pois estamos convencidos da sua existência. Contudo, o espiritualista não sofre
porque esse plano não existe; ele sofre porque ele quer acreditar nele. Ele sofre porque
prefere ser crédulo, continuar ingênuo em vez de questionar, porque o questionamento o
obriga a ouvir as respostas. E dessas respostas o espiritualista tem medo. O espiritualista
tem medo do perigo. Ele não quer descobrir se essa proteção, essa dedicação, esse amor
incondicional de fato existem. Por isso, ele tem de ter fé.
Contudo, isso só vale para quando o medo vencer sua capacidade de ter fé. Quando
uma pessoa com mentalidade de espiritualista se sente bem, quando ela encontra
proteção em seu amor, realmente ela está na condição de correr certos riscos,
verificando se a ponte que existe entre ela e o espírito todo-amoroso suporta o seu peso.
Seu bastão de viagem - que a leva até a margem da verdadeira segurança inspiradora -, é
o desejo e a vontade de controlar e de testar aquilo em que acredita. E só é possível
fazer isso quando existe a possibilidade de fazer perguntas.
Essas indagações não são idênticas às dúvidas de um cético. O espiritualista não
pergunta: “Posso confiar mesmo em você? Será que devo confiar em você? Será que
você é digno de confiança? Acaso estarei me iludindo com você? Será que convém
confiar?” O espiritualista tem de arriscar-se de outro modo. O cético se detém diante da
ponte e duvida da existência da própria ponte. O espiritualista sente-se bem quando
caminha em direção à ponte e constata que ela existe, e se põe a verificar se é segura ou
frágil. E, à medida que dá um passo depois do outro, com todo o seu medo de não
chegar ao outro lado, ou se descobrirá lá que não há nada nem ninguém à sua espera, ele
vai adquirindo segurança.
Para o espiritualista é válido, pouco a pouco, deixar de ser crédulo e descobrir se
aquilo em que acredita existe de fato, inclusive para ele. Essa insegurança ninguém
pode tirar dele. E nisso consiste o seu crescimento. Mesmo que quisesse neutralizar o
medo da verdade constatando a própria realidade por meio da fé, ainda assim ele teria
de fazer indagações para obter respostas válidas. Mas, essa insegurança, esse risco,
representam um grande sofrimento para ele, pois sempre deu grande valor à fé, um valor
que o eleva acima dos homens do seu tempo que não têm fé. Enquanto acredita sem
fazer indagações, ele está protegido num rochedo em meio a um incêndio devastador.
Está em segurança, só que se esqueceu de que está completamente só nesse rochedo. E,
como um náufrago que acaba de se salvar não teria a idéia de perguntar que navio o
levaria de volta à segurança junto dos outros homens, também o espiritualista corre o
risco de esquecer-se de que existe algo melhor do que o isolamento.
Portanto, o espiritualista que resolveu percorrer o caminho do risco amoroso
despede-se do rochedo da credulidade e abre-se, confiante, a um novo questionamento
que mereça confiança. Esse questionamento não põe em dúvida a possibilidade de obter
ajuda, mas algumas de suas perguntas soam assim: “Estou de fato preparado para me
deixar guiar? Quero mesmo aceitar essa ajuda na qual acredito, em vez de reservá-la
para o dia em que realmente precise dela - mesmo que eu espere que nunca chegue esse
dia? Tenho a coragem de descobrir se essa ajuda de fato me será concedida?” Depois
disso é que o espiritualista poderá fazer as experiências tão importantes para ele.
A mentalidade do espiritualista corresponde ao princípio energético do sacerdote.
Seu número ordinal é o 6. E se vocês associarem essa mentalidade com a imagem que
têm do papel do sacerdote, entenderão por que o espiritualista tem medo de um dia ter
de reconhecer
vive que a fé o alimentada
todos os momentos enganou, que
comeleaestá
idéiasozinho, pois a divina,
da orientação essênciadadoinspiração
sacerdotee da
união com o Altíssimo, da existência de uma verdade que abrange tudo. E quando
alguém com a essência do sacerdote começa a questionar o motivo por que se entrega
tão confiantemente, ver-se-á diante da própria desconfiança - outro termo para definir a
credulidade ingênua, embora o termo tenha uma conotação indecente - tão colocada
numa posição de confronto, que essa essência sacerdotal tem a inclinação de duvidar de
sua própria essência. Contudo, a postura do espiritualismo amoroso aproxima o papel
anímico do sacerdote de qualquer outra essência que para uma determinada vida
escolheu a mentalidade espiritualista, à realidade superior ou divina. Confiança e
controle não se excluem mutuamente. A confiança é uma dádiva de amor; a credulidade
é uma expressão do medo.
A fé cega destrói a confiança.
A verdade existe. Ela é acessível e não se furta a nenhuma pergunta. Todos os
elementos matriciais com o número ordinal 6 caracterizam pessoas que temem destruir
com perguntas a aura do sagrado. Elas acham que causarão a impressão de serem
pessoas impiedosas se se puserem a analisar em matéria de fé. A verdade, no entanto,
torna-se mais clara e bela quando vocês tirarem da face os véus do medo e da tristeza,
da credulidade cega e cheia de medo. Quando um espiritualista ousar ter confiança e
renunciar à segurança da tendência ingênua à credulidade, ele viverá os mais belos
momentos de felicidade.

7 - O Realista
- presunçoso; cuidadoso +

Tal como acontece com as outras mentalidades, o realista se vê às voltas com a


realidade e a verdade. E a pessoa é realista porque imagina que a verdade e a realidade
estão exatamente onde ela se encontra. Para o realista, a realidade não está longe, não
está acima ou abaixo dele, nem dentro nem fora de si mesmo. O realista vive uma fusão
total com o que é real. Por conseguinte, o realista está convencido de que só existe uma
dimensão de realidade, exatamente aquela cuja interdependência ele conhece. O seu
meio também o considera realista pelo fato de esforçar-se continuamente por fiscalizar o
teor de realidade dos acontecimentos, experiências, inclusive dos desejos e planos.
O realista toma como verdadeiro tudo o que os outros desejam, duvidam, acreditam
ou suportam. Com sua percepção, ele alcança uma amplitude e uma clareza
extraordinariamente úteis para o controle dos diversos fenômenos da vida. Mas há algo
que o realista não percebe: os limites de sua capacidade de percepção. Isso faz com que
tenha a tendência de negar o potencial de percepção das outras mentalidades. Ele
considera as pessoas com outras mentalidades sonhadoras com características que as
tornam dignas de amor, mesmo que não estejam em contato com a realidade. O realista
não percebe que, além do plano que considera real, existem outras realidades que
implicam outros tipos de visão, além das que ele consegue captar. E há mais alguma
coisa que muitas vezes ele deixa de ver. Ele tem dificuldade para perceber quando sua
percepção perde a qualidade de clareza e pureza e se transforma numa conjectura. Por
isso, acontece muitas vezes que ele percebe alguma coisa que tem procedência e está
correta, mas ele amplia essa percepção com uma coroa ornamental de conjecturas que já
não corresponde à realidade.
Os limites entre percepção e conjectura, entre visão real e imaginária são fluidos,
enquanto analisados da perspectiva do realista. No entanto, outras mentalidades sentem
logo quando
realidade os limites
ou até mesmosão ultrapassados
começa e quando
a fantasiá-la. Vistooque
realista começacom
o individuo a desviar-se da
mentalidade
realista está inegavelmente convencido de que a sua visão de mundo é a única real e
verdadeira, ele se ilude quanto à sua clareza de visão. Isso o faz ver mais do que o que
de fato existe - não estamos dizendo que vê outra coisa -, ele vê mais. Isto significa que
ele aprendeu algo corretamente e que graças ao exagero de ficar satisfeito com esse
reconhecimento, ele o transforma em algo mais significativo do que de fato é. Então ele
começa a achar que o que percebeu é real e verdadeiro, tornando difícil convencê-lo do
contrário, e, quando é atingido pelo medo e pela necessidade, ele tende a desprezar os
que não vêm a realidade do modo como ele a vê. O realista acha que os demais são
ingênuos ou excessivamente medrosos, tolos ou simplesmente não-realistas e isto, do
seu ponto de vista equivale a uma injúria.
Portanto, o realista tem dificuldade para admitir outros ângulos de percepção além
do seu. Porém, também seu esforço para entender a realidade como ela se apresenta e
para compreender que ele mesmo faz parte dessa verdade e realidade, uma parte
essencialmente real; e quando leva em consideração que sua percepção talvez pudesse
ser turva por causa do medo, então sua visão se torna clara novamente e ele consegue
reconhecer os inter-relacionamentos, as cadeias de causalidade, as motivações, o
fingimento, as ilusões e as mentiras da vida, muito mais depressa do que qualquer outra
mentalidade.
O realista tem uma vontade enorme de se ver livre de falsas idéias para gozar a
liberdade. Tudo o que é falso ou que soa falso aos seus ouvidos o perturba, e ele quer
manter-se longe dessa falsidade. Quando enxerga claro e a sua percepção vem
acompanhada de amor, ele coloca à disposição do próximo uma ajuda valiosa, pois dá
grande valor à honestidade: para ele, ser honesto significa separar a realidade do sonho.
Assim como cético, o realista também gosta de fazer a pergunta: “Isso é realmente
assim?” No entanto, ao fazê-la, não sente uma dúvida atroz, mas, simplesmente, a
necessidade de descobrir a verdade que para ele existe de forma absoluta. Em última
análise, o cético duvida da existência da verdade, muito embora sinta medo de receber
uma resposta negativa. O realista só duvida raras vezes. A dúvida tem pouco espaço em
seu sistema. Ele se esforça por analisar o que existe por tanto tempo quanto seja
necessário para compreendê-lo. Ele não busca ajuda fora de si mesmo, porém tem
confiança no fato de ter em si mesmo todas as possibilidades de entrar em contato direto
com a realidade.
O realista facilmente se coloca acima das outras mentalidades, pois sua força de
imaginação não é suficiente para valorizar modos de ver que sejam diferentes do seu.
Ele pode levá-los em conta como aspectos da realidade, assim como pode dizer: “Na
minha visão de mundo a multiplicidade tem seu lugar”. Entretanto, considera a atitude
do idealista, do espiritualista ou do estóico uma contribuição exótica, que só tem
justificativa como enfeite do que é verdadeiro. Com a atitude do cético e do pragmático
ele se sente à vontade, porém, muitas vezes não consegue compreender por que o cético
faz perguntas, visto que para ele tudo está tão claro; também não compreende por que o
pragmático quer examinar se o que reconheceu como real é exeqüível.
Para o realista não se trata de fazer algo com a realidade. Basta-lhe analisá-la e
alegrar-se com ela. Um realista dispõe de uma fantasia vivaz que o pragmático
considera algo temível. Para o realista, a sua fantasia não é suspeita visto que ele intui
que tem a tendência de considerá-la real. Rapidamente, ele classifica os produtos de sua
força de imaginação como realidades. Gosta de fazer conjecturas sobre o futuro e sobre
o passado e observa como se tivesse sido atingido por um curto-circuito: “Isso é assim
mesmo”. Quando um pensamento, uma opinião, um acontecimento tiverem
desenvolvido
compreensão queparaele
eletem
aspectos reais, são
da verdade. Porreais
isso para ele,completamente
ele fica e esse modo deconfuso
ver ele confia
quandoà
lhe dizem que desde o início o seu modo de ver inabalavelmente realista era produto da
sua fantasia.
A mentalidade realista é atribuída arquetipicamente ao papel anímico número 7, a
essência do rei. Um rei pode fazer política ou, de fato, criar um mundo para si - visto
que é poderoso -, e nessa política fará valer as próprias idéias e regulamentos,
desenvolvendo uma sistemática fechada. A realidade para o rei ou é uma absoluta
transferência de sua percepção ou o resultado de um consenso. Quando analisa o seu
mundo com amor, consegue reconhecer a verdade dos inter-relacionamentos e
manifestações, quando ele induz os súditos a dizer ou fazer algo diferente daquilo que
eles pensam. Mas se o próprio rei tiver medo de perder seu prestígio e sua autoridade,
ele não reconhece as mentiras e imagina que são verdades.
Na análise da realidade, ainda há outra variante. Trata-se da submissão a motivações
inverídicas e irreais por medo de ser questionado sobre a visão pessoal do mundo. O rei
arquétipo tende a dizer que o seu modo de ver é absoluto e a negar os conhecimentos
dos outros, ou a falar mal deles acusando-os de mentirosos.
Assim sendo a pessoa com mentalidade realista tem um vasto campo de ação no
qual pode analisar a clareza de sua percepção. Um realista disposto a questionar essa
clareza de visão, por assim dizer, limpando a lente dos óculos para olhar outra vez, dará
uma contribuição insubstituível para o bem-estar geral.
Quando reconhecidas com amor, a verdade e a realidade são libertadoras, protetoras
e nutritivas. Manipular a realidade mediante a subordinação a uma verdade
inquestionável é perturbador. Se o realista negar e desprezar outros modos de ver as
coisas, isso o levará à cegueira que ele quer evitar.
Tal como o espiritualista, o realista fundamenta sua esperança na experiência
concreta. No entanto, ele está menos preocupado com que o contato com a realidade
possa decepcioná-lo mortalmente. O que ele mais teme é irreal. Tudo o que não
consegue entender ou captar para ele é insignificante. Ele o recusa e não lhe dá valor.
Mas ao fazer isso, esquece-se de que muitas vezes enxerga mais do que de fato existe.
No entanto, ele só enxerga no plano da percepção e não no da esperança, da dúvida, da
fé ou da aceitação, sem que se discuta.
O realista obtém ajuda se ficar em contato com a realidade efetiva e se estiver
disposto a focar melhor sua visão, à medida que amplia sua capacidade de percepção
por meio da análise de todas as ações relacionadas com os pólos positivos das outras
mentalidades e sua influência sobre os homens e o mundo. Um realista se considera
tolerante e perspicaz. Ele até pode vir a isso; ser e ficar sendo quando não se exclui do
sistema global das verdades humanas, à medida que se considera o único que pode
reconhecer esse sistema de verdades.

VI - SOBRE O CENTRO E O PADRÃO REATIVO

VISÃO GERAL – CENTROS


EXPRESSÃO
5 – Espiritual 2 - Intelectual
- telepático; - racional;
inspirado + pensativo +
INSPIRAÇÃO
6 – Estático 1 – Emocional
- sensitivo; - sentimental;
místico + sensível +
AÇÃO
7 – Motor 3 – Sexual
- agitado; - sedutor;
incansável + criativo +
ASSIMILAÇÃO
4 – Instintivo
- irrefletido; espontâneo +

SOBRE O CENTRO E O PADRÃO REATIVO

A ênfase dada a um ponto de onde o homem controla diretamente o seu meio e tudo
o que está fora dele, portanto o ponto em que estabelece relações com seu modo de ser é
descrito como “centralização”. Nessa centralização, em primeira linha, trata-se da
ligação do padrão anímico com o corpo físico, com a realidade corporal do ser humano.
Encontram-se, nesse caso, dois planos: o plano energético e o plano físico. Os
elementos, de certa forma, podem ser comparados com os centros energéticos do corpo
físico, chamados de “chakras”. Trata-se dos pontos energéticos, não só dos centros
energéticos mas também de locais no corpo, acentuados diferentemente em cada pessoa.
Assim como um chakra se relaciona com determinada glândula, o centro ou ponto de
onde o ser humano reage está ligado a um determinado local do seu corpo.
A “reação” é uma resposta direta a uma situação não habitual, nova ou
amedrontadora; uma resposta que a pessoa dá a partir dos centros que funcionam da
melhor maneira e sem atritos. Esse centro pode estar localizado na cabeça, na região do
tórax ou do baixo-ventre. O padrão reativo é constituído da combinação de dois centros,
a “centralização” e a “orientação”, numa proporção de cerca de setenta por trinta por
cento. Assim, por exemplo, uma pessoa pode ter uma reação intelectual-emocional ou
motora-emocional, ou emocional-instintiva. Os centros 5 e 6 não têm parte no padrão
reativo, tornam-se, no entanto, ativos em situações de grande intensidade, especialmente
no relaxamento profundo e na tensão extrema.
Normalmente, o local de onde as pessoas reagem espontaneamente pode ser
encontrado no mapa astrológico radical. Será difícil vocês encontrarem uma pessoa
emocionalmente centrada em cujo horóscopo haja carência do elemento Água.
Tampouco encontrarão uma pessoa que reage intelectualmente sem o elemento Ar no
seu mapa astral. Na maioria dos casos, a energia sexual e a energia motora refletem-se
dando grande ênfase ao elemento Terra. Essas analogias não valem em todos os casos,
mas na maioria deles.
Há ainda um outro aspecto que precisa ser considerado e esse é o aspecto da
compensação. Quando, por exemplo, uma pessoa optou por uma concentração na parte
superior do corpo, ela tem pouca ligação com o elemento Terra, e, para equilibrar, às
vezes como contrapeso, vai fazer o possível para buscar uma firme ligação com a Terra
no horóscopo do nascimento. A localização do padrão reativo é formada pela junção do
centro principal e do centro secundário com o centro com o qual se realiza a reação
imediata e com o centro com que se há de dar expressão a essa reação. Esse padrão
reativo tem a função de transformar processos energéticos em sensações físicas, a fim
de possibilitar
A localizaçãoparadoo padrão
ser humano uma
reativo noforma
corpo especial de senso
dá à pessoa de identidade.
que reage uma idéia de que
forças e talentos são estimulados quando ela se vê diante de uma situação que ela tem de
resolver. Os aspectos corporais do padrão reativo e, portanto, sua localização no corpo,
estão ligados aos primitivos mecanismos de sobrevivência que partem do cérebro. O
cérebro está ligado a todas as glândulas endócrinas e, srcinalmente, destinava-se a
dominar diretamente e da forma mais rápida todas as situações que surgissem, à medida
que ativava os centros adequados do corpo.
Atualmente, a sobrevivência das pessoas do mundo ocidental não é mais ameaçada
com tanta freqüência assim, é possível formar-se uma diferenciação típica que não faz
nada mais que ordenar que todas as células do corpo funcionem igualmente depressa.
Então gerou-se uma diferenciação no meio cultural, pois somente o alinhamento dos
diferentes centros do corpo com suas energias visivelmente diferentes cria uma
multiplicidade de possibilidades que favorecem reações diferentes, como impulsos
artísticos, filosóficos e terapêuticos.
Nós sugerimos o conceito de “padrão reativo” para que os dois elementos
complementares - centralização e orientação - fiquem bem claros. Vocês precisam fixar
na consciência um dado muito importante, ou seja, o de que o padrão reativo sempre
implica uma localização no corpo. Para tornar isso mais claro, repetimos que o padrão
reativo serviu srcinalmente à sobrevivência, embora com o decurso do tempo ele tenha
perdido essa função em muitos casos e assim ficou livre para tarefas que introduzem o
poder de expressão de um ser humano na sociedade.
A complexidade das realizações culturais baseia-se predominantemente na
diversificação e na diferenciação dos padrões reativos de vocês. Se a reação de vocês
diante de uma e da mesma situação não fosse tão diferente, isso tornaria possível
interpretá-la. Mas isso se torna impossível porque uma pessoa reage emocionalmente
diante de uma situação; outra reage intelectualmente, uma terceira de forma motora e a
quarta instintivamente, e assim por diante.
Por outro lado, não raras vezes é impossível para vocês comprovar realmente a
centralização, o padrão reativo de outra pessoa. Quando vocês tentam fazê-lo, deparam
com barreiras instintivas, relacionadas com o fato de vocês estarem convencidos, com
base na sua história evolutiva, que só o padrão reativo de vocês possibilita realmente a
sobrevivência e que todas as outras pessoas, cujo padrão reativo é diferente, se arranjam
menos bem neste mundo.
Como cada um de vocês acredita nisso, achamos apropriado reagir a essa evidente
heresia com certo senso de humor. Não é preciso sequer que cada um compreenda tão
bem o outro como se estivesse na sua pele; muito mais importante e necessário é
reconhecer e respeitar o fato de que cada um é único e, por causa dessa singularidade,
tem o direito fundamental de viver.
Os centros também convidam a ceder à tentação de desvalorizar e desprezar aquilo
que não sabemos fazer tão bem quanto os outros. Portanto, o intelectual tende
facilmente a diminuir o emocional; e este, ao contrário, vangloria-se dos seus
sentimentos e castiga o intelectual com seu desprezo. O que vive consciente e
prazerosamente no seu corpo talvez inveje o intelectual pelo seu trabalho, embora ele
também lhe cause a impressão de viver em regiões que, em sentido efetivo, são irreais.
É por isso que os padrões reativos provocam muitos mal-entendidos e uma
condescendência secreta quando se manifestam exteriormente a partir do pólo negativo;
gostaríamos de ver isso atenuado, pois não nos parece necessário, embora
compreendamos vocês em virtude da história da sua raça.
Mas vocês se desenvolveram muito em vários aspectos da vida a ponto de se
afastarem das funções
hora de analisar também srcinais do seu
os pólos própriodos
negativos ser.padrões
Assim,reativos
parece-nos quede
usando chegou
uma a
autocrítica sadia. Por outro lado, pelo fato de existir uma ligação deles com o corpo,
torna-se mais compreensível o motivo de vocês se identificarem tão intensamente com
os próprios padrões reativos e de tão raramente conseguirem prestar atenção ao padrão
reativo das outras pessoas. Vocês se identificam, tanto antes quanto depois, com o
próprio corpo. E sempre que ficam com medo de que exista uma ameaça à
sobrevivência desse corpo, por menor que seja, todos os mecanismos de defesa são
acionados.
O padrão reativo presta-se ainda mais claramente do que os outros elementos
matriciais à auto-análise e à crescente auto-compreensão. E mais fácil classificá-lo e
examiná-lo todos os dias, do que os outros elementos matriciais. Via de regra, o padrão
reativo não representa nenhum problema. Vocês têm facilidade para aceitar a si mesmos
como pessoas que reagem emocional ou intelectualmente, ou de forma motora.
Portanto, o padrão reativo pode facilmente ser objeto de amor-próprio, e então a pessoa
tem de começar a aceitar-se como é e como exige a localização específica e individual
dos centros físicos e energéticos do corpo.
Convêm não censurar-se por ter agido de uma ou de outra maneira em determinada
situação, optando por um estilo pessoal de agir. Isso apenas impedirá uma resposta
espontânea e levará vocês a usar máscaras que deformam o contato imediato com a
situação e, em última análise, irá desacreditá-los diante dos outros. Aceitem o seu
padrão reativo e sua localização no corpo, respeitem essa localização e estimulem-na,
sem ficar com a impressão de que deveriam ser diferentes do que são. Os centros e sua
localização são um presente da alma, na medida em que seu corpo enfatizou o local em
que tem certeza de que vocês articulam melhor e mais claramente os seus anseios.
Já lhes explicamos que os centros estabelecem uma ligação entre as energias
anímicas e o corpo, que conforme sua natureza representa um papel importante e
especial durante a encarnação. A centralização e a orientação formam o padrão reativo.
Os centros de 1 a 4 lhes dão a Terra, os planetas e as condições que vocês escolheram
para a jornada. Eles estabelecem o contato com a Terra e com os semelhantes. Eles
também impõem limites decisivos e benéficos que vocês aceitam como naturais. Vocês
aceitam esses limites porque eles os tornam extremamente humanos.
Os centros 5, 6 e 7, ao contrário, têm a função de não permitir que esses limites se
transformem em muros por cima dos quais vocês não consigam olhar e que também não
lhes dêem passagem. Os centros espiritual, extático e também o motor, quando estão
ativos e abertos, permitem uma permeabilidade no sentido de uma eliminação dos
limites. Mas essa permeabilidade não pode ser mantida ininterruptamente sem que haja
danos à necessária fixação do ser humano ao próprio corpo e à terra. O centro motor 7,
que em oposição aos centros 5 e 6 pode ser parte integrante de um padrão reativo,
também pode trazer essa delimitação por meio de movimentação constante, tal como os
centros 5 e 6, e permite que uma pessoa centrada de forma motora experimente uma
súbita e temporária alteração da consciência; por exemplo, por meio de uma dança, de
uma longa viagem ou de um treinamento esportivo.
A permanência nos pólos positivos dos centros 5 e 6 não raro leva à fraqueza e a
estados de esgotamento, e como um eco, muitas vezes acontecem fenômenos psíquicos
de dissolução os quais, por sua vez, têm de ser trabalhados ou elaborados com extrema
cautela, O corpo e o espírito não está mais em condições perfeitas de se preocupar com
as necessidades da existência quando esses centros atuam e quando os respectivos
chakras estão abertos. Outro motivo importante é que a capacidade de abrir
repetidamente
manter um ritmoos natural
pólos negativos e positivos
de concentração desses centros
e descontração. está
Até ligadauma
mesmo ao fato de se
pessoa
extraordinariamente sensitiva não deve trabalhar mais do que duas horas por dia com
essa capacidade e assim mesmo, só em casos excepcionais.
É Importante observar que, por esse motivo decisivo, os centros 5 e 6 não têm parte
em padrões reativos genericamente disseminados da matriz. O centro 7, com suas
possibilidades de romper limites, é mais fácil de ser integrado e, portanto, pode ser parte
de um padrão reativo, tanto como centralização quanto como orientação.
Assim, os centros 5 e 6, o espiritual e o extático, representam uma exceção. E para
explicar sua função, gostaríamos de lhes dar uma idéia de seu funcionamento. Fica
estabelecido que cada pessoa - independentemente do padrão reativo escolhido para
determinada encarnação - tenha acesso tanto ao centro espiritual quanto ao centro
extático.
Queremos dizer-lhes que os centros energéticos delimitadores do seu corpo sempre
podem ser tocados ou abertos, mas que vocês ofensivamente não podem fazer nada para
isso. Vocês só podem deixar que aconteça. Assim como não é possível provocar
ativamente um estado de meditação por meio da técnica ou da força de vontade, mas
apenas por circunstâncias especiais que favoreçam esse tipo de experiência, assim vocês
só podem fazer preparativos para a abertura dos centros 5 e 6. Mas, para falar a verdade,
não é possível provocar essa abertura. Os centros se abrem por si mesmos. Vocês não
podem determinar quando é que uma flor se abrirá. Contudo, podem ficar atentos e
esperar. Vocês podem colocar a flor em água morna, podem protegê-la do frio intenso.
Da mesma forma, vocês podem preparar as condições corretas e adequadas sob as quais
vocês poderão se abrir. Porém, se esse desejo será ou não atendido, isso não está
estabelecido. Quando isso acontece, trata-se de um presente e não se pode exigir um
presente.
Assim, podemos dizer-lhes que esses dois centros em cada um de vocês sempre
estão preparados para fazer a alma encarnada transcender temporariamente, e por breves
momentos, seus limites terrenos, para que vocês não se esqueçam do seu parentesco
com as dimensões extraterrenas e dos seus vínculos com grande número de irmãos
anímicos e com velhos amigos de vidas passadas.
Esses dois planos energéticos estimulam a pessoa encarnada a transcender seus
sentimentos e pensamentos da rotina cotidiana e daquilo que está ao seu redor. Na
verdade, eles são ativados em situações extraordinárias não rotineiras, em situações de
extrema intensidade, mediante esforços, mediante um medo ou uma alegria muito
fortes, mediante o stress, agradável ou desagradável, bem como mediante um
relaxamento inusitadamente intenso. E quando, por imposição dos mencionados fatores
estimulantes, eles começam a atuar, muitas vezes não é só um que funciona com
exclusão do outro, porém ambos os âmbitos, o espiritual e o extático, podem tocar-se ou
fundir-se, transmitindo alternadamente impulsos e, como se fizessem um movimento de
pêndulo, tocando tanto o pólo positivo quanto o negativo de ambos os centros.
No entanto, é de se observar que, dependendo da embreagem - mas também
dependendo da estrutura da personalidade e dos correspondentes exercícios que a
pessoa tenha praticado -, começam a atuar preferencialmente o centro espiritual ou o
extático. As glândulas correspondentes, a hipófise e a pineal, como se pode observar
também no caso da glândula do timo, não são igualmente desenvolvidas em todas as
pessoas. E se nunca, ou se raramente forem usadas no sentido que descrevemos, elas
podem atrofiar-se paulatinamente.
Crianças que ainda sejam receptivas às, aparentemente extraordinárias, inspirações e
visões, e que também conseguem chegar a estados alterados de consciência por meio de
simples
sede nãomovimentos
corrompida descontraídos,
de instrução, emcrianças queas
geral têm ainda sentemdafortes
glândulas cabeçaemoções e umade
trabalhando
forma flexível e incansável. No entanto, como tudo o que não é usado deixa de prestar
serviço ao corpo, também a glândula pineal e a hipófise podem deixar de cumprir suas
funções.
Por outro lado, é possível ativar as glândulas quase atrofiadas e restabelecer suas
funções por meio da intensificação da atenção, do envio de energia e pela disposição de
desejar e de valorizar o que elas podem transmitir. Portanto, quando vocês não têm
medo de entrar em contato com estados mais ou menos intensamente alterados de
consciência, entrando em contato com os planos de dissolução de limites, vocês podem
treinar as capacidades dos centros 5 e 6. Vocês podem estimular as possibilidades
oferecidas por esses centros por meio de diferentes métodos e de exercícios
apresentados por todas as religiões. Vocês não só podem voltar a ter estados de
inspiração e de união mística, que muitos conhecem da primeira infância, mas também
podem transcendê-los rumo aos planos da sua própria divindade, que continuam válidos
para vocês, ainda que vocês mesmos sejam matéria.
Correspondência entre centros, chakras e glândulas
Centro Chakra Glândula
1. Emocional 4. Coração Glândula do timo

2. Intelectual 5. Garganta Glândula tireóide

3. Sexual 2. Umbigo Glândula generativa

4. Instintivo 1. Base (bacia) Supra-renais

5. Espiritual 6. Testa Hipófise

6. Extático 7. Vértice (cabeça) Glândula pineal

7. Motor 3. Plexo solar Pâncreas

Chakra Centro Glândula


1. Base 4. Supra-
(bacia) Instintivo renais

2.
Umbigo 3. Sexual Glândula
generativa

3. Plexo 7. Motor Pâncreas


solar
4. 1. Glândula
Coração Emocional timo
5. 2. Glândula
Garganta Intelectual tireóide
6. Testa 5. Hipófise
Espiritual
7. 6. Extático Glândula
Vértice pineal.
(cabeça)

1 - O Centro Emocional
- sentimental; sensível +

Todas as pessoas têm sentimentos, sensações, emoções. No entanto, apenas uma


parte delas é emocionalmente centrada ou orientada. Uma centralização emocional
significa que uma pessoa reage em primeiro lugar e de forma direta emocionalmente, e
assim, a partir do quarto chakra (chakra do coração), colocando os seus sentimentos
antes da ação e do pensamento, dando uma resposta individual característica embora
diferente a tudo o que lhe acontece.
Também significa que as capacidades mentais ou os movimentos do corpo só
começam quando oalegre
um acontecimento sentimento tiver identificado
ou perturbador atinge a apessoa
situação. Assim sucedecentrada,
emocionalmente que, quando
ela
logo de início será incapaz de se manifestar ou de se movimentar. Só poderá falar e
ordenar seus pensamentos depois de ele sentir quando seus sentimentos exigem
expressão, e só então é que ela vai entrar em ação.
Pessoas emocionalmente centradas só são falantes e animadas quando as emoções
não são atingidas e ativadas com toda força. Por outro lado, quanto mais fortemente o
centro emocional for solicitado, tanto maior será o silêncio com que essas pessoas
reagirão; elas podem parecer pregadas ao chão ou congeladas, pois seus membros só
conseguem soltar-se quando surge a reação primária. Em todo caso, elas podem chegar
a dar gritos involuntários ou a fazer gestos instintivos atabalhoados, gestos de alegria ou
de susto que, no entanto, não devem ser confundidos com os movimentos das pessoas
que têm uma reação primária motora. Trata-se, antes, de gestos intermitentes ou
convulsivos que proporcionam uma emoção intensa e logo se congelam outra vez, sem
novos movimentos.
A pessoa emocionalmente centrada leva uma vida interior muito rica, muitas vezes
secreta e, freqüentemente, inconsciente; e quanto mais forte e intensa for essa vida, mais
ela protegerá a pessoa. Podemos diferenciar dois tipos fundamentais de pessoas: o tipo
que consegue exteriorizar seus sentimentos mediante o choro, o riso e a raiva. Muitas
vezes esse tipo parece descontrolado para as pessoas intelectualmente centradas,
contudo, sob vários aspectos, ele é mais descontraído e livre do que o segundo tipo,
cujos sentimentos são tão envolventes e intensos que dificilmente ele consegue lidar
com eles de forma descontraída, pois as emoções ameaçam sufocá-lo ou asfixiá-lo; por
isso ele pretende manter-se no controle, para não se sentir constantemente dominado ou
ameaçado por elas.
Como a pessoa primeiramente sente e depois pensa ou se movimenta, ela precisa da
possibilidade de se retirar. Ela sempre pode deve ficar sozinha a fim de trabalhar as
impressões, caso contrário logo terá problemas digestivos, psíquicos e físicos, pois não
conseguirá mais digerir; no entanto, ela busca ao mesmo tempo todas as oportunidades
para sentir ainda mais, para tomar-se ainda mais sensível e para cavalgar na crista de
suas emoções.
As pessoas intelectualmente centradas, a pessoa centrada na emoção, acha-as frias,
embora admiravelmente decentes. Gostam de pedir-lhes conselhos e, no entanto, raras
vezes sentem-se compreendidas. Ela acha difícil suportar e manter o equilíbrio
emocional, visto que se identifica com suas emoções de uma forma que para ela
significa o mesmo que viver e sentir.
E, não obstante isso, é importante que toda pessoa emocionalmente centrada dê um
passo
equaçãoimportante e necessário
e não deve emdos
esperar tudo seuseus
processo de aprendizado:
sentimentos não
e não deve deve manter essa
sobrecarregar-se de
compromissos dos quais não conseguirá dar conta. Por isso é bom que consiga
conquistar um maior ou menor discernimento das emoções - inclusive das que se
referem ao passado -, não lhes dando prioridade absoluta, O tipo temperamental, com
emoções voltadas para fora, muitas vezes está desempenhando o papel anímico do
sábio, ao passo que o tipo silencioso, fechado e tímido não raro está no papel do agente
de cura que arquetipicamente também faz parte do centro emocional com o número
ordinal 1.
Ambos são calorosos e dispõem de uma radiação que não só convida os outros a se
envolver um pouco mais com as emoções, mas também lhes ensina como é bom perdoar
espontaneamente e ter uma compreensão livre de argumentações contrárias, pois a
pessoa emocionalmente centrada sabe como estabelecer proximidade e como mantê-la,
mesmo que isso muitas vezes lhe cause medo. Ela depende da proximidade, e a
intimidade com outro ser humano tem grande significado para ela. Ela compreende sem
ter de descobrir as razões para isso. Sua percepção, sua apreensão do outro é rápida e
direta, e essa capacidade lhe dá uma segurança que se reflete no seu oponente.
Igualmente fortes podem ser sua rejeição, seu julgamento e sua má vontade quando se
sente atacada, quando a sua sensibilidade é tocada e seu medo é ativado. Então ela reage
da mesma forma direta, sem pedir explicações e sem examinar mentalmente o motivo
da rejeição; ela se transforma num inimigo amargurado, da mesma forma como pode ser
um amigo caloroso e compreensivo.
Basicamente, uma pessoa emocionalmente centrada busca o carinho e a
compreensão muito mais do que uma sexualidade que cumpra sua finalidade. Para ela a
proximidade, que também pode provir de um contato sexual, é mais importante do que
o ato sexual propriamente dito. Todo toque, toda penetração mútua em primeiro lugar se
destina a despertar emoções, fazendo-a regalar-se com esperanças, sonhos, recordações
e outras imagens, em vez de satisfazer seu desejo instintivo. O anseio do seu coração é
entender o parceiro e ser entendido por ele, não precisando separar-se dele nunca mais e
está em primeiro plano em suas sensações de prazer. Só as pessoas emocionalmente
centradas ou orientadas conhecem essas extremas necessidades de uma ligação amorosa
romântica e eterna, o desejo de fusão e unidade. Por isso, são facilmente magoadas em
seus sentimentos quando têm de constatar que nem todo parceiro compartilha do seu
anseio.
Embora a pessoa emocionalmente centrada consiga compreender diretamente e ter
acesso ao próximo segundo a sua natureza, falta-lhe, todavia, por outro lado, uma
compreensão empática por aquelas pessoas que sentem de forma diferente da sua. Ela
logo fica confusa, sua capacidade de imaginar-se na pele do outro é insuficiente, uma
vez que ela não é bastante imparcial e não mantém distância. É então que surge a
recusa, motivada pela falta de compreensão; no entanto, isso é sentido pelo outro como
uma rejeição e registrado como uma ofensa.
Uma pessoa emocionalmente centrada e, além disso, intelectualmente informada,
terá mais facilidade para pôr em sintonia os sentimentos com a realidade exterior. Ela
atua mais direta e menos controladamente do que o tipo emocionalmente centrado e ao
mesmo tempo orientado pelo centro motor que expressa suas emoções acompanhando-
as de movimentos enérgicos, como o esporte, com gesticulação intensa e trejeitos
animados. A orientação intelectual deixa a orientação emocional parecer mais contida,
no entanto, leva a pessoa a negar suas emoções e a reprimi-las quanto mais forte ou
ofensivamente elas a atingirem.
A centralização - convém afirmar isto neste ponto - nada tem que ver com
inteligência. Comprova-se
importa se orientada assim que uma
pela coordenação pessoa
motora ou emocionalmente centrada,
pelo intelecto, pode dispor não
de uma
inteligência igualmente superior quanto a de alguém que é primária e intelectualmente
centrada. Essa inteligência vai se exteriorizar de forma muito diferente; em primeiro
lugar, não o fará em âmbitos intelectuais, porém, nos que pressupõem uma sensibilidade
direta e aprimorada.
Pessoas emocionalmente centradas levam tudo a sério, tanto o que causa alegria
como o que causa dor. Por isso, mais do que outras, estão sujeitas a sofrer do coração e
de moléstias circulatórias, doenças que podem ser atribuídas a fortes oscilações de
humor e às pulsações irregulares do organismo.
Os pulmões também podem ser atingidos, visto que as emoções e a respiração estão
diretamente inter-relacionadas; e o tipo silencioso prende ou torna superficial a
respiração para não ser dominado pelos seus sentimentos. Ao centro emocional
corresponde a glândula timo.
A ligação entre centralização emocional e orientação sexual, no padrão reativo
pessoal, desloca as emoções para um setor altamente produtivo e criativo, que pode ir de
um grande amor por crianças até o cultivo de novas plantas, da composição de música
intensamente tocante até a reformulação de paisagens inteiras. Embora a pessoa
emocionalmente centrada dependa, em primeiro lugar, da proximidade e da fusão com o
outro, a orientação sexual exige a vivência direta de sensações físicas, sensuais, sem
ênfase exagerada no componente romântico, de forma que uma atividade erótica
considerável pode levar a uma fixação á terra, o que pode fazer a pessoa emocional-
intelectual perder-se com a mesma intensidade com que quer livrar-se da ameaça
representada por suas partes emocionais por meio da razão.
A pessoa emocional-instintiva é a mais direta e espontânea de todas. Contudo, é a
que tem mais dificuldade para não se envolver com suas sensações. Ela é altamente
impulsiva em suas reações sentimentais e, não raras vezes, arrepende-se, tendo em vista
a rapidez de suas respostas e dos seus atos. Por outro lado, ela dispõe do maior
conhecimento humano instintivo, de uma intuição emocional que se expressa de
maneira elementar - elementar no sentido de que ela atrai a pessoa, sem mais nem
menos, para tudo o que promete ser positivo e agradável e, com sinais exatamente tão
nítidos, mantém afastado tudo o que pode representar perigo.
Pessoas emocionalmente centradas amam e odeiam com a mesma intensidade. Não
conseguem entender como outros conseguem falar tão despreocupadamente sobre amor
e ódio; elas entendem menos ainda como pode haver pessoas que conseguem manter as
emoções sob controle diante de si mesmas e diante dos outros, usando argumentos
racionais. Mas elas também conhecem muitos procedimentos e técnicas psíquicas para
não “sentir” seus sentimentos quando, por um motivo ou outro, esses sentimentos não
lhes parecerem oportunos ou parecerem perigosos demais.
A capacidade muitas vezes caótica e, na melhor das hipóteses, desordenada de sentir
desse tipo emocional, deixa-o na situação de imaginar a vida em toda a sua plenitude de
forma desorganizada. Ele vê e reconhece inter-relacionamentos que ocorrem fora do
sistema lógico e é acessível à beleza e ao encanto do que é srcinal, direto e contestador.
O chakra do coração é especialmente ativo nas pessoas emotivas, tanto no estado
aberto como no fechado. Muitas vezes há uma expansão da caixa torácica, nas
mulheres, os seios são grandes, e homens franzinos têm tórax largo e braços fortes -
expressão do seu desejo de abrigar todo mundo em seu coração e de abraçar o universo
em sua caótica plenitude.
A elevada sensibilidade da pessoa emocionalmente centrada torna-a impressionável
e melindrosa. Essa sensibilidade proporciona momentos felizes de sinceridade quando
ela
queaprende a não sóQuando
se manifestem. confiar uma
em suas emoções
pessoa como
emotiva temtambém
medo dea seus
reconhecê-las e deixar
sentimentos e não
ousa senti-los sem filtrá-los, ela facilmente cai no sentimentalismo. Ela falseia os
sentimentos e os encobre com todo tipo de invólucros protetores, que contam com
componentes morais, religiosos e românticos para satisfazer a sua grande necessidade
de sempre flutuar nas ondas dos sentimentos intensos. A identificação direta dos
sentimentos com o fato de estar viva leva a pessoa a buscar excitação em toda a parte,
afastando-se do presente para regalar-se com a saudade do passado e de um futuro
distante.

2 - O Centro intelectual
- racional; pensativo +

Quando a parte superior do corpo de uma pessoa - a cabeça, os mecanismos da fala,


o cérebro, os olhos, os ouvidos e a garganta - estiver completamente cheia de energia,
falamos de uma centralização intelectual. Isso não significa que essa pessoa não tenha
sentimentos, mas que sua ênfase recai no intelecto. A força de expressão e a capacidade
de criação são deslocadas para âmbitos intelectuais. Elas se manifestam
predominantemente nos efeitos do pensamento e por meio dos mecanismos da fala. O
centro intelectual corresponde ao chakra da garganta e está ligado à glândula tireóide. O
chakra da testa, ao contrário, corresponde ao 5º centro ou centro espiritual, que dá a
capacidade da terceira visão; no entanto, ele não é usado por qualquer pessoa e nem em
situações da vida cotidiana.
Pessoas intelectualmente centradas sentem prazer em pensar, refletir, argumentar e
discutir. Elas se alegram com cada nova idéia que captam, criam ou conseguem analisar.
Sentem uma satisfação singular quando se põem a construir e demolir estruturas de
pensamento, a criar inter-relacionamentos ou a analisá-las com precisão. Sua mente é
ágil. Eles se interessam por compreender o mundo e por decifrar as mensagens do que
existe, de uma maneira que lhes dá satisfação não só por terem compreendido, mas
também por terem conseguido expressá-lo por pensamentos e palavras.
Enquanto a pessoa emocionalmente centrada muitas vezes tem dificuldade para se
expressar, e essa dificuldade é muito maior quando essa pessoa se sente atingida pela
profundidade dos seus sentimentos, a pessoa intelectual acha fácil exteriorizar o que
entendeu, falar sobre isso e estimular os outros a pensar com ela, completando suas
extraordinárias associações de pensamento.
A pessoa intelectualmente centrada gosta de ser apreciada principalmente pelo seu
brilhantismo. Mas há também um tipo de pessoa que guarda os pensamentos para si
mesma, ou pensa demais e não se atreve a divulgar os resultados da sua análise, como se
tivesse de pô-los à prova.
Intelectuais, no sentido da centralização no corpo, têm para tudo bons argumentos.
Cadeias causais pretensamente inequívocas de causa e efeito parecem tranqüilizá-los e
raramente eles percebem - a maioria só percebe depois - que se deixaram enganar ou
imaginaram algo sensato para dominar o medo diante do que é ilógico, do que é caótico.
Eles também sentem, sem conseguir compreender muito bem, que passaram pela sua
própria realidade humana levantando argumento. Estão sempre se esforçando para
racionalizar as próprias sensações e sentimentos, neutralizando-os por meio de medidas
sensatas. Buscam argumentos esclarecedores e explicações para todas as dores do corpo
e da psique. Isto parece tranqüilizá-los, mas ainda resta um pouco de inquietação que os
confunde, porque percebem que, na verdade, não conseguem entender suas sutilezas.
A pessoa
passar intelectualmente
esse tempo a sós ou comcentrada precisa de
outras pessoas; muitosetempo
quando retirapara
a fimrefletir. Ela pode
de organizar seus
pensamentos, ela se prepara em silêncio para apresentar os resultados e pô-los em
prática. No entanto, muitas vezes também considera satisfatório buscar no diálogo, na
discussão com os outros os estímulos que renovam suas idéias, dão-lhes novos impulsos
e as aprimoram de modo que ela possa usar esse enriquecimento obtido por meio da
troca em silêncio, comparando suas idéias com as dos outros ou integrando-as às suas.
Quando não encontra ou não consegue reservar algum tempo para refletir muitas
vezes ela se vê obrigada a treinar sua capacidade de modo a conseguir pensar com a
rapidez de um raio; então, sua reflexão natural transforma-se numa angustiada
engenhosidade intelectual que tem o objetivo de chegar tão depressa quanto possível a
um resultado, evitando erros, abafando o medo. Sua reflexão, a expressão de sua
elevada disposição de amar a si mesmo e ao mundo, é prejudicada. No entanto, muitas
pessoas intelectualmente centralizadas acreditam que a rapidez com que organizam seus
pensamentos, com que captam os inter-relacionamentos e tomam decisões deve-se à sua
grande força e brilhantismo.
Já dissemos que vários desses intelectuais - sejam instruídos ou não - se esforçam
por refletir demais. Isso também significa que consideram a lógica e a razão o seu mais
elevado bem e tornam-se muito inseguros e inquietos quando esbarram nos limites de
sua análise lógica. Contudo, quanto mais amedrontados e inquietos ficam - mais
insistem na validade geral da seqüência lógica e do inter-relacionamento das suas idéias;
isso os impede de incluir sistemas ilógicos em suas reflexões ou, o que vai além disso,
de abrir espaço para o direito de ter pensamentos caóticos. Eles se prendem às supostas
regras da razão. Transformam a razão em sua divindade, considerando-a a medida de
todas as coisas, atribuindo-lhe uma força curativa diante do que as pessoas com
centralização não-intelectual só balançam a cabeça com desaprovação.
Na pessoa intelectualmente centrada, os dois hemisférios do cérebro não são
igualmente ativos; a metade esquerda trabalha mais, ao passo que, nas pessoas
emocionalmente centradas, é a metade direita que trabalha melhor e é mais
intensamente irrigada pelo sangue. O centro intuitivo no meio das sobrancelhas é
acessível a ambas igualmente, no entanto, os seus raios de conhecimento se voltam mais
para a clareza dos pensamentos de uma vez, e de outra, para a integração dos
sentimentos.
Assim é principalmente o chakra da garganta que está disponível para as pessoas
centradas no intelecto. Ele regulariza a recepção e a transmissão de informações, a
elaboração de impressões e o esclarecimento e a organização dos conhecimentos
recebidos, que são transmitidos como expressões do pensamento por meio da fala.
E, visto que esses âmbitos com freqüência são enfaticamente levados em
consideração e, por isso, são usados em excesso, à medida que o medo de não entender
e de não se fazer entender da pessoa intelectualmente centrada aumenta, a possibilidade
de enfraquecimento físico se torna mais óbvia: doenças dos ouvidos, dos mecanismos
da fala, tensão na vértebra cervical, perturbações visuais, dor de cabeça e alterações no
cérebro, bem como males no âmbito do olfato e do paladar muitas vezes têm sua causa
na ênfase exagerada nas energias mentais, achando razoável que as forças da razão
devem ser usadas em primeiro lugar, ou exclusivamente para resolver os problemas da
vida, sem levar em consideração o fato de que ser homem significa mais do que poder
pensar e encontrar explicações facilmente compreensíveis para os mistérios da vida.
A pessoa centrada no intelecto, intimamente tem medo de fazer uso total de seus
sentidos. Ela os usa predominantemente para manter seus pensamentos em ordem e para
certificar-se e assegurar-se de que ainda mantém mentalmente seu mundo sob controle e
para
Assim,queo não aconteça
intelectual nada
corta que ele não possa
a possibilidade organizar
de perceber e regulamentar
o mundo racionalmente.
em sua plenitude e
totalidade e se esquece de que percepção significa mais do que organização intelectual e
compreensão mental.
Para entender a diferença do padrão reativo entre uma pessoa intelectualmente
centrada e ao mesmo tempo emocionalmente orientada, e outra emocionalmente
centrada, mas intelectualmente orientada, convém ter em mente que as parcelas estão
numa proporção de setenta por trinta.
Então fica mais fácil reconhecer que uma pessoa intelectualmente centrada com
parcelas emocionais reage, antes de mais nada, a tudo o que lhe acontece com reflexão e
só adicionalmente considera, ou até mesmo registra, os correspondentes sentimentos, ao
passo que para o outro tipo de pessoa acontece exatamente o contrário. Ela reage
primeiro de forma emocional e só depois procura esclarecer e entender por que reagiu
assim. A reflexão e a análise só entram em jogo depois que os sentimentos se
mobilizam, ao passo que o intelectual começa a sentir quando seus pensamentos e sua
febril tentativa de organizar e de entender tudo arrefecem.
O intelectual com orientação emocional sente melhor quando se encontra em fases
de pensamento livre, por exemplo, antes de dormir, depois de acordar, durante as
atividades motoras ou ao ouvir música. Ele também acha fácil sentir ao ler, ao comparar
ou identificar-se com sentimentos alheios.
Uma pessoa centrada no intelecto que escolheu a orientação motora para
complementação tende a exigir movimentação regular e intensa a fim de dirigir e
controlar seus pensamentos por caminhos corretos. Ela consegue refletir, arrazoar, tirar
conclusões de modo melhor quando anda de um lado para outro, quando viaja, caminha,
pratica esportes ou executa as tarefas domésticas. Muitas mulheres, por exemplo, podem
obter os melhores resultados de reflexão enquanto usam o aspirador na limpeza da casa
ou passam a roupa. Elas ficariam inquietas se tivessem de sentar-se em silêncio para
pensar. E algo análogo acontece com outras pessoas quando dirigem o carro. O centro
motor pede movimento não só no sentido corporal ativo, mas no sentido passivo, como
sentir-se tocado por alguma coisa. Os tipos de esporte mais adequados para uma pessoa
com padrão reativo intelectual-motor são os que exigem movimentos regulares, como
por exemplo, o ciclismo, as caminhadas ou o remo, enquanto que a dança se presta mais
ás pessoas com padrão reativo emocional-motor.
Quem reage de forma intelectual-sexual gosta de usar o pensamento para criar algo
novo, para trazer à luz o inaudito, o até então ainda não pensado. Ele atua criativamente
no âmbito por ele escolhido, no sentido de que liga idéias revolucionárias ou
desconhecidas com uma grande vitalidade em executá-las; muitas vezes, um tipo
intelectual como esse, também é extraordinariamente ativo no âmbito sexual, não
porque o contato sexual lhe interesse tanto, mas porque a tensão anterior ao ato sexual, e
a descontração posterior, são para ele formas especialmente criativas e que ele tem de
enquadrar em pensamentos bem estruturados e claros.
O tipo intelectualmente instintivo é uma pessoa inteligente ou esperta que não tem
interesse em elucubrações mentais complexas, mas em usar seus pensamentos e idéias
para os negócios e para obter êxito. Seu modo de pensar, refletir e agi é orientado para
todos os planos materiais. Ele pensa em como obter conforto, fama e prosperidade e,
visto que suas idéias sempre circulam em volta dos melhores métodos para alcançar o
que deseja, na maioria das vezes obtém sucesso - à medida que as circunstâncias do
coletivo não o impeçam -, não só em sobreviver melhor do que os outros, mas também
em fechar melhores negócios, não importa quais sejam as circunstâncias. Ele capta
diretamente o que o mercado pede, o que o próximo precisa e quer, e tem muitas idéias
inteligentes
Quando deumalhepessoa
dar o que almeja.
intelectualmente centrada trabalha com áreas que não
estimulam o seu medo, mas que ativam a sua capacidade de amar, ela pode voar com as
asas da mente para as mais altas regiões do mundo e da autocontemplação. No sentido
mais verdadeiro, ela tem acesso filosófico ao universo, mas é amiga do conhecimento e
da sabedoria. Ela não só consegue explorar a combinação de todos os fenômenos, mas
consegue reconhecê-los e descrevê-los, à medida que são acessíveis à espécie humana.
A pessoa intelectualmente centrada é maravilhosa para esclarecer e explicar, é boa
na análise pura e sistemática e não se deixa enganar facilmente quando se trata de
diferenciar ideais, fantasias e ideologias ou sistemas fechados de crença, quando se trata
de fazer um julgamento crítico dos fatores reconhecíveis com base nos próprios
pensamentos e exames. Sua capacidade crítica lhe permite examinar o teor de verdade
do que já foi pensado, e, se for conveniente, comprovar o que está superado, limitado ou
cheio de conceitos dogmáticos. Isso incomoda pouco a pessoa emotiva. O intelectual, ao
contrário, fica profundamente aborrecido quando tem de reconhecer, pela própria
reflexão, que se enganou, pois considera o engano um fato proveniente da confiança
depositada em resultados de pensamentos já estabelecidos.
Sua mente é ativa; ele é animado e um observador que demonstra interesse. Esses
componentes do seu ser lhe permitem também meditar de uma forma que leva em conta
os movimentos do seu raciocínio. Embora sinta dificuldade em não se pôr a pensar,
muitas vezes, contudo, ele consegue manter certa incapacidade diante dos seus
pensamentos e de raciocinar sobre eles, muitas vezes até mesmo percebendo suas
limitações. E, com freqüência, ele deseja apenas sentir, enquanto a pessoa
emocionalmente centrada gostaria de ver-se livre do torvelinho dos sentimentos e chega
a ter inveja da clareza de visão do intelectual.
Uma pessoa com centralização intelectual levanta muitas questões. E curiosa quer
entender e penetrar nos segredos da vida, à medida que pensa sobre eles. Ela procura
descobrir os inter-relacionamentos entre o mundo e Deus, entre o homem e o cosmo, à
medida que os transporta para o arcabouço de um sistema ou de uma visão filosófica do
mundo para poder reuni-los e contemplá-los. A agudeza do seu olhar, a
incorruptibilidade do seu julgamento e o seu desejo de integridade intelectual a tornam
um contemporâneo que pode ajudar o próximo. Ela não se entrega às ilusões que
acompanham uma emoção sentimental, uma atividade febril ou um modo de agir
impensado, assim como as tentações do dia-a-dia, que podem arrastar as coisas consigo.
Contanto que uma pessoa intelectualmente centrada volte sua capacidade de
conhecimento e seus pensamentos para desejos e vontades positivos, e contanto que
deixe espaço conveniente para o amor em seus pensamentos, ela não corre o risco de
usar a aguda capacidade de pensamento contra si mesma e contra os semelhantes, visto
que sabe como justificar tudo. Se, ao contrário, ela racionalizar, ela será visivelmente
infeliz. Quem convive com ela pode ajudá-la a redescobrir sua clareza de raciocínio, à
medida que, cuidadosamente, a faz prestar atenção ao fato de que sua inteligência não
está na condição de entender tudo.

3 - O Centro Sexual
- sedutor; criativo +

Embora quase todos os corpos tenham glândulas generativas, que são ou eram
funcionais, e embora quase todas as pessoas tenham um ou outro tipo de atividade
sexual,
isto logosónouminício
número muitoexposição
da nossa reduzido de pessoas
para deixaréclaro
sexualmente centralizado.
que a centralização Dissemos
sexual, ou
seja, uma ênfase do padrão reativo no centro polar da ação não é o mesmo que atividade
sexual.
Quase toda pessoa é ou já foi capaz de procriar; contudo, uma minoria de pessoas
tem consciência da força que pode haver numa ênfase ou centralização sexual. Essa
força torna a pessoa capacitada para a ação e a deixa dinâmica; essa força é criativa num
plano elementar e pode criar coisas novas inconcebíveis quando o centro é usado e
ativado conscientemente. Mas tal como acontece com todos os outros centros,
normalmente também este não ê percebido conscientemente, ou só é usado
inconscientemente quando está aberto, especialmente pelo sexo feminino; ele é visto
como uma ameaça ou limitação, ou até mesmo como algo que deve ser escondido com
escrúpulos, em vez de usar-se a potência que se aglomera nesse centro como expressão
elementar da vida.
Este centro é chamado por nós de sexual; porém isso não significa que sua atividade
seja, tenha de ser ou será sempre ligada ao aparelho genital e sexual. Da nossa
perspectiva, a sexualidade é mais abrangente; ela vai mais fundo e vai muito mais além
do que a mera exteriorização de forças vitais elementares como expressão das energias
procriadoras, seja no plano mental, artístico ou no plano vital.
O centro sexual está situado na polaridade da ação e, por isso, tem que ver com ação
e movimento. A pessoa sexualmente centrada, portanto, tem de movimentar-se e agir,
tem de seguir com a correnteza para manter viva a vibração dessa força criativa
elementar que pode estender-se por todos os planos da vida e, por fim, usá-la. A pessoa
sexualmente equilibrada agirá e poderá reagir diretamente a partir do abdômen ao se
tornar cada vez mais consciente dessa força. Trata-se de uma grande concentração de
energias que também podem criar muita movimentação ao seu redor e carregar sem
esforço outras pessoas de forças vitais e energias básicas, ou seja, energia vital, pois a
energia sexua1 não se expressa unicamente por meio do sexo, mas é usada como uma
forma de energia que tem um raio mais amplo, que é transmitida e captada sem
intermediações. Com isso não se quer dizer que essa força motriz só produz efeitos
quando se renuncia à atividade sexual propriamente dita. Ao contrário, pessoas
sexualmente centradas precisam da animação provocada pela atividade sexual ou ao
menos das fantasias associadas ao sexo. Mas também precisam da carga física que lhes
permite desenvolver a força motriz, uma capacidade de procriação que ultrapassa a
capacidade da procriação biológica.
Pessoas centradas no sexo em geral estão em contato mais intenso com seu corpo do
que as pessoas emocional ou intelectualmente centradas. Nisso elas se assemelham às
pessoas instintivamente centradas e às que têm centralização motora, pois todos esses
três tipos de pessoas reconhecem o valor do corpo por meio das experiências
prazerosas; e elas sabem usá-lo sem cair no erro de considerar a matéria algo inferior ou
algo a ser negligenciado, como as pessoas emocional ou intelectualmente centradas o
fazem com muita facilidade.
Quando uma pessoa centrada no sexo está em pé de guerra com todos os planos
materiais, inclusive com o dinheiro, com alimentação ou com o corpo, quando, portanto,
mantém um relacionamento confuso com a materialidade, não importa a causa, sua
força vital será mais fraca ou buscará canais de expressão que, por assim dizer,
representam válvulas de escape para a energia que tenta abrir novos horizontes. Por isso
é muito importante que pessoas centradas no sexo mantenham um bom relacionamento
com toda a matéria. Então elas se sentem mais arraigadas à terra e mais contentes, mais
saudáveis e íntegras
uma orientação sadia,quando
em vezcuidam e afirmam
de negar tudo. aquilo que lhes é possível por meio de
Já dissemos que, na centralização sexual, há uma força criativa elementar que é
inerente; e essa força criativa elementar só é usada no plano que é ativado a partir da
combinação do centro sexual com outro centro, seja o mental-intelectual ou o
emocional, seja o motor ou o instintivo.
Uma pessoa centrada no sexo deveria prestar atenção às suas sensações de prazer
em tudo o que faz e empreende. Ela estará em sintonia com o seu centro sempre que
transformar o bem-estar físico em sua diretriz, não como um estado neutro, mas como
uma sensação de prazer perceptível ela se acha em consonância com o seu centro; e essa
sensação de prazer pode ser proveniente dos outros centros, bem como do próprio
centro sexual.
Alguém com padrão reativo sexual-motor nunca terá de fato satisfação física se se
mantiver sempre passivo, à espera; essa pessoa tem de movimentar-se e lidar ativamente
com a vida. Ativamente no sentido de movimentação física e mental. Os dois centros se
fortalecem mutuamente e levam a um forte impulso de atividade que tem de ser
satisfeito antes que sobrevenham fases de repouso.
Quando uma pessoa combina o centro sexual com a orientação emocional, a
atividade é contida e é preciso mais tranqüilidade para ela captar as sensações de prazer.
Estas se expressarão por meio do calor e da descontração, mais do que pelos
movimentos.
A pessoa intelectualmente orientada e sexualmente centrada encontra a satisfação do
prazer ao criar e contemplar estruturas de idéias. Ela direcionará sua criatividade para as
ligações sempre surpreendentes e extraordinárias de idéias que até então estavam
isoladas, mas ao lado das outras, para a união do que até então estava desvinculado no
plano das idéias. Isso lhe dará uma satisfação especial, quase física. O novo é o
inaudito, o extraordinário. E é isso que a satisfaz e que a locupleta de uma ativa força
motriz.
Teoricamente, muitas vezes é possível reconhecer as pessoas com centralização
sexual pela acentuação da parte inferior do corpo, num sentido de expansão e
concentração que fornece espaço para a plenitude de sensações prazerosas dos
elementos Terra e Fogo. Quanto mais distantes verticalmente os centros estiverem da
superfície do solo, tanto mais elevada será a freqüência energética e, conseqüentemente,
tanto menor será a criatividade direta. Ela será sublimada à medida que for distribuída
pelos chakras superiores.
De muitos pontos de vista, a pessoa sexualmente centrada é andrógina, visto que
tanto gera ativamente quanto concebe passivamente. Em cada ato de concepção surge
um novo produto. A pessoa está em condições de criar a partir de si mesma, visto que
pode fecundar a si mesma. Este centro está relacionado com o chakra do baixo-ventre (o
chakra sacro ou sexual), que fica logo abaixo do umbigo e está em ligação com as
glândulas generativas, com os canais seminíferos e com os ovidutos.
Até agora falamos principalmente da centralização sexual. Gostaríamos de
acrescentar que pessoas com centralização sexual gostam de entregar-se à sexualidade
carnal movidas pelo desejo instintivo, que representa a condição para que todas as
outras formas elementares de força-motriz lidem com o corpo e a geração. Essa
necessidade é basicamente atenuada nas pessoas nas quais a orientação sexual é o
segundo componente dos demais padrões reativos, embora não chegue a desaparecer.
A centralização sexual se expressa através dos instintos descontrolados quando o
medo e as limitações dominam a pessoa, principalmente proibições ou formação de
tabus dos quais não
mais estimulado, consegue
a pessoa se desligar.
sexualmente Mas quando
centrada chegaoaomedo desaparece,
êxtase físico, livreoue não é
libertador, pois não é mais impedida por barreiras morais, Esse êxtase lhe dá uma
aparência fisicamente integrada, luminosa e dedicada, uma extraordinária imagem de
relaxamento e de impressionante vitalidade. Seus traços fisionômicos não estão mais
contraídos nem se escondem por trás de máscaras, mas se revelam em toda a sua
condição humana, dando- lhe a aparência de um bebê de peito em ligação com um
espírito amadurecido.

4 - O Centro Instintivo
- irrefletido; espontâneo +

Originalmente, há milhares de anos, todos os que estavam num corpo físico,


inclusive vocês mesmos, tinham contato muito mais íntimo com o centro instintivo do
que têm hoje. O centro instintivo garantia a sobrevivência, reações rápidas que
salvavam a vida. E ainda hoje o centro instintivo entra em ação quando existe realmente
perigo quanto aos alicerces da vida.
Ao surgir uma situação em que um de vocês subitamente se vir ameaçado de morte
e lhe restarem poucos minutos para buscar salvação, o seu centro intelectual ou
emocional será de pouca serventia, no entanto, o centro instintivo e também os outros
dois centros ativos, motor e sexual, serão ativados muito mais forte e diretamente.
O centro motor lhes dará condições para fugir. O centro sexual lhes garantirá a
sobrevivência da espécie. Por isso, há casos freqüentes em que homens têm uma ereção
na hora da morte. No entanto, é o centro instintivo que domina todos os outros quando
ocorre uma situação de perigo. Entretanto, ele não existe unicamente para lhes mostrar
uma saída quando o intelecto ou os sentimentos mais primorosos fracassarem. O centro
instintivo é o campo do corpo que capta as múltiplas informações desarticuladas e as
converte em informações que inundam o seu corpo: no plano físico, vocês estão sujeitos
a essas informações, pois seria impossível vocês trabalharem todas essas influências a
que estão sujeitos em todos os segundos de sua vida com as forças mentais ou
emocionais.
O centro instintivo, por exemplo, reage a uma irradiação perturbadora que de uma
forma incompreensível é desagradável ao corpo. Ele reage a odores desagradáveis, mas
também reage aos agradáveis. Ele capta vibrações e as transmite como fonte de
informação ao estado de ânimo das pessoas ao seu redor, mas também ao estado de
ânimo coletivo daquelas pessoas que vocês não conseguem ver. Assim, por exemplo,
vocês sabem se existe uma atmosfera de agressividade numa sala, mesmo que tenham
acabado de entrar e não tenham presenciado nenhuma discussão. Assim também vocês,
mediante o seu centro instintivo, captam se há uma tempestade que se aproxima, se há
ameaça de guerra mesmo que não ouçam a notícia no rádio nem tenham se informado
por meio da leitura dos jornais.
Quanto melhor for o funcionamento do centro instintivo, tanto maior será a
intensidade com que essa pessoa viverá a partiu de reações irrefletidas. Isso pode ser
uma vantagem, mas também uma desvantagem, pois sempre que lhe exigirem
explicações do motivo de ter feito ou organizado algo desta ou daquela maneira, ela não
saberá responder, pois não tem acesso mental às próprias decisões, No entanto, tomará
suas decisões com grande convicção e não se deixará demover por nada e por ninguém
de que aquilo por que se decidiu é o correto, mesmo que não possa justificar o porquê.
Em certo sentido, portanto, as pessoas com ênfase especial no centro instintivo são
dignas
vêem àsdevoltas
inveja,
compois muitas vezes
dificuldades de fazem o que é certo nos casos em que os outros se
decisão.
Quase não há ninguém que tenha centralização instintiva, pois quase sempre o
homem do mundo de vocês vive a partir de um padrão reativo que integra o centro
instintivo como um segundo componente. Se uma pessoa tivesse escolhido o centro
instintivo para seu centro principal, ela não teria condições de ter um pensamento
lógico, muito menos de movimentar-se de forma normal na sociedade sem parecer
totalmente descontrolada. Existem de fato pessoas com ênfase nesse centro instintivo,
mas, normalmente, vocês não as encontrarão em seu ambiente próximo. Trata-se
daquelas pessoas que não assumirão nenhuma responsabilidade durante certa
encarnação, pessoas com aparência animalesca que se comportam como animais,
voltadas para si mesmas, muitas vezes mentalmente perturbadas; elas se retraem da
sociedade com suas obrigações e tudo fazem para serem protegidas pelos demais, pois
seus instintos são impulsos incontroláveis que não lhes permitem integrar-se numa
comunidade ou obter alguma satisfação. Isso as faz sentir-se incapazes de ter uma
profissão ou de freqüentar uma escola.
Raras vezes uma pessoa com centralização instintiva tem uma idade anímica
avançada. Geralmente, pessoas instintivamente centradas são almas recém-nascidas ou
infantis. Vocês sabem que basicamente a criancinha vive intensamente os seus instintos,
por exemplo, sabendo exatamente qual alimento é nutritivo ou salutar, igual ao que se
passa com um animal. E a educação é amplamente orientada no sentido de embaraçar
esses instintos colocando em seu lugar as regras de comportamento. Não estamos
criticando esse fato; achamos que se trata de uma forma admissível de socialização, pois
não convêm que uma pessoa em crescimento dependa inteiramente dos seus instintos,
visto que, na maioria das vezes, estes correspondem ao estado de desenvolvimento da
humanidade; e este não é o mais adequado à sociedade em que a pessoa cresce.
No entanto, achamos que faria bem que todos os que aqui estão reunidos se
concentrem um pouco mais nas dádivas preciosas que o centro instintivo pode nos dar.
Como vocês sabem, o centro instintivo corresponde á posição neutra e por isso não só
está à disposição de todos, mas todos podem recorrer a ele. Vocês estão bem
desenvolvidos e isso faz com que anseiem pela formação da intuição e das capacidades
de inspiração. Isso nos deixa muito contente e nós valorizamos os esforços de vocês. No
entanto, gostaríamos de lembrar-lhes, por exemplo, que intuição está uma oitava mais
alta que o instinto. Quem não confiar nos próprios instintos, raras vezes ou nunca terá
acesso à intuição. Da mesma forma, a capacidade de inspiração está uma oitava acima
da intuição. Portanto, resulta num tritono formado pelo instinto, a intuição e a
inspiração; e todos os três estão amarrados por um fio, de tal forma que mesmo a
inspiração só será eficaz quando o instinto se afirmar verdadeiramente, O instinto se
apresenta como os pés, a inspiração como a cabeça, a intuição como o estômago. Quem
é que gostaria de viver sem pés, sem cabeça ou sem estômago? Só a trindade formada
por esses órgãos e capacidades transforma o homem numa totalidade.
Alguém que escolheu o centro do instinto como segundo componente do seu padrão
reativo, muitas vezes agirá irrefletidamente e tomará suas decisões da mesma forma, por
medo de se ver diante da obrigação de decidir. Rapidamente, essa pessoa se retrai,
apoiando-se em seu instinto - só para livrar-se do tormento de ter de tomar decisões; ela
reage irrefletidamente: não estamos falando de uma reação positiva com srcem na
segurança instintiva, mas de uma reação precipitada controlada pelo medo, que também
satisfaz os instintos, mas não vai além, e, sendo assim, chega mais a frear o crescimento
do que a estimulá-lo.

5 - O Centro Espiritual
- telepático; inspirado +

O centro espiritual representa uma qualidade que não delimita o que é expressivo e
mental. A qualidade que precisa ser descrita tem a ver com a espiritualidade, com o ser
preenchido pelo espírito e pelo princípio espiritual de energia; por isso, o nome “centro
espiritual” é adequado.
Quando falamos de um centro espiritual, usamos o conceito "espiritual ou
"espiritualidade” em sentido restrito, bem definido. Com esse conceito não nos
queremos referir a âmbitos de fé e de religiosidade, de esoterismo ou de ocultismo.
Essas palavras designam muito mais o âmbito do espírito humano libertado
transitoriamente de suas limitações, um espírito não mais tocado pelas obrigações
racionais e do pensamento condicionado, um espírito que se libertou das experiências e
recordações individuais e que, com essa súbita e inusitada neutralidade e pureza, deu
passagem às inspirações por meio de energias exteriores a si mesmo. Isso exclui aquelas
forças e vozes que denominamos “eu interior”, distinto do “Eu Superior”, * pois elas
ainda pertencem ao indivíduo, uma vez que não subsistem fora dele.
______
* Ver Welten der Seele, pp. 165ss.

Nesta situação, depende do que uma pessoa quer e pode receber. O pólo positivo
deste centro, “inspirado”, significa: franqueza espiritual incondicional e disposição de
receber misericordiosa dissolução dos limites mentais. Uma pessoa não pode influenciar
isso ativamente; ela tem de deixar que aconteça. Além disso, no entanto, é possível ela
atuar no âmbito da telepatia, formando-o com a ajuda de um parceiro; o âmbito da
inspiração, ao contrário, não está mais sob o domínio da sua vontade; mas como alcança
a dimensão não-física, ele está numa relação de troca com o desejo de inspiração das
fontes extracorporais.
O pólo positivo que o homem sente como inspiração, ou seja, como um ser tocado
pelo espiritual, está livre de todo tipo de medo. Enquanto o centro, com o pólo positivo,
ficar aberto, não sentimos pânico ou preocupação nem dúvidas. Essas reações, contudo,
podem surgir de novo mais tarde como um movimento contrário à grande abertura,
quando o centro estiver fechado outra vez.
Inspiração significa clareza, consciência, certeza. Ela não se caracteriza por uma
insurreição de sentimentos, mas pelo fato de estar livre deles. Trata-se de um estado
isento de emoção e, por isso mesmo, de um estado em grande medida consciente que
caracteriza a ausência de todos os sentimentos que possam julgar a inspiração ou reagir
à mesma, organizando-a ou afugentando-a. Com a ajuda dessas características podemos
reconhecer o pólo positivo: ele está livre de sentimentos, de pensamentos, reflexões, de
qualquer direcionamento em busca do objetivo. Ele é atemporal, não filtrado, intensivo,
repleto de claridade, silencioso, imóvel, indiferente, justamente porque a participação de
uma força externa é totalmente permitida.
Conforme a natureza, esses fenômenos só podem ser suportados durante um tempo
limitado pelo corpo humano. Que sirva de estimulo e ao mesmo tempo de consolo para
vocês descobrir que os que conseguem suportar a claridade da centralização espiritual
por mais de algumas horas devem ser enumerados entre os iluminados. E também entre
estes ninguém está em situação de continuar ininterruptamente inspirado pelo resto de
sua vida.

umaOqualidade
pólo positivo inclui ossómundos
semelhante, extracorpóreos.
que se refere apenas aoOplano
pólofísico
negativo,
e ao "telepático”, tem
âmbito terreno,
ao âmbito do semelhante. Quando se descreve o “telepático” como a transmissão de
dados mentais de fontes da experiência de vocês, esse conceito é apropriado e correto.
Nele não há nada negativo. Trata-se, contudo, de um pólo negativo mesmo que apenas
em comparação com o pólo positivo. Com pólo negativo queremos significar menos
energia, menos abertura, uma freqüência vibratória mais baixa e menos descontração.
Um estado de receptividade telepática pode ser treinado, assim que o necessário
âmbito de freqüência tenha sido identificado e tenha se integrado no sistema mental.
Então esse estado também pode ser usado e aproveitado para exercer o controle de
diferentes maneiras. É por isso que o acesso ao centro espiritual relacionado com ele é
atribuído ao pólo negativo. O controle no seu mais elevado aprimoramento e no seu
caráter aparentemente mais nobre contém um sopro de tensão medrosa.
A permanência no centro espiritual-mental com o número 5 então é comprovável se
se tratar de dádivas e informações abstratas, não-emocionais. No entanto, sempre que
vocês forem tocados pela freqüência mais emocional do amor incondicional, abrem-se
também os canais do centro 6. Talvez vocês se surpreendam com o fato de ambos os
centros serem acessíveis ao mesmo tempo. Queremos enfatizar que essa simultaneidade
pode atingir até mesmo todos os quatro pólos desses centros 5 e 6, abrindo
respectivamente os quatro canais em rápida troca, como é necessário para um trabalho
de transmissão mediúnica, flexível.
Este centro espiritual é acessível a cada um de vocês, independentemente do padrão
reativo de cada um, presumindo-se que vençam o medo do contato com as forças e
energias que estão fora de seus limites. E isso não será possível antes de se atingir o
ciclo de alma jovem. E também a alma jovem tem medo de constatar que é alcançada
por outras pessoas por meios telepáticos, permitindo que algo estranho entre em seu
espírito, forme seus pensamentos e transmita-lhe impulsos, tirando-lhe a ilusão de poder
ilimitado sobre si mesma. E, assim, uma capacidade telepática numa alma jovem vai se
concentrar principalmente para alcançar e influenciar os outros, O canal será ajustado
mais para transmitir do que captar mensagens.
Mas se uma pessoa com essa idade anímica buscar uma abertura confiante por meio
dos estados meditativos descontraídos e ilimitados do espírito através da oração, da
concentração interior ou por meio de fases de meditação comunitária, ela pode tomar-se
inspirada por outro espírito humano, bem como pelo espírito daqueles que pairam no
mundo astral, entre uma vida e outra. Ou também pelas instâncias desencarnadas do
mundo causal. Isso inclui os membros da respectiva família de almas e todos os seres
que estiverem ligados ao indivíduo por laços de amor.
Em casos mais raros, são possíveis contatos inesperados, com freqüências e fontes
ainda mais elevadas de inspiração divina para almas bem antigas em estados espirituais
excepcionais. No entanto, gostaríamos de assinalar para vocês que a união com outros
servos do divino tem uma qualidade animadora que vocês sentirão sempre que
estiverem dispostos a se entregar a eles.

6 - O Centro Extático
- sensitivo; místico +

O êxtase é um estado de sensibilidade sem limites, incontrolável. Esse estado surge


quando todos os sentimentos e pensamentos, recordações e dores pessoais tiverem
deixado a pessoa e, assim, ela se torne receptiva para sensações que provêm de fontes
exteriores
Fazemos a ela
umamesma.
grande diferença entre os conceitos “sentimento” e “sensação”, pois
as sensações estão livres das tempestades da excitação, que impedem qualquer
imparcialidade diante do próprio eu. Segundo a nossa definição, os sentimentos sempre
estão ligados a lembranças, ao passo que as sensações baseiam-se na percepção direta
vivida em dado momento.
O êxtase, como enlevo, também significa o afastamento do intrincado mundo dos
sentimentos. Êxtase significa disposição incondicional de ser amado, uma alegria
gratuita. Isso só pode acontecer quando nada mais é determinado, planejado ou
desejado. Essas sensações não podem ser sintonizadas. Elas não podem ser traduzidas.
Elas acontecem quando vocês as deixam acontecer, e isto não pode se dar
constantemente. Elas tomam conta de vocês, mas vocês não podem retê-las.
O êxtase revolve uma pessoa até o âmago do seu ser, sem que ela se veja obrigada a
reprimir suas sensações, sem que se sinta obrigada a julgá-las. O êxtase se manifesta
como uma vivência pura do ser indiviso, da não separatividade. O enlevo em dimensões
de sensações ilimitadas possibilita a experiência da ausência de tempo e espaço, porém
não em claridade e silêncio como acontece no centro espiritual, mas numa insuspeita
movimentação. E essa movimentação se passa no íntimo da pessoa. Seu objetivo não é
obter uma clareza capaz de curar, e sim, uma saudável confusão.
A pessoa sente coisas que nunca sentiu antes. Sente ligações de um novo tipo, mas
sua organização e avaliação só podem ser feitas depois, pois enquanto a pessoa
permanece no centro extático, não é possível nenhum tipo de processo mental. A
palavra “arrebatamento” indica um enlevo extático livre de qualquer pensamento, um
prazer pela própria capacidade de sentir. Contudo, quando vocês falam em
“arrebatamento místico” sem terem pessoalmente experimentado esse estado, imaginam
em geral um lapso de tempo em completa inconsciência em que a pessoa perde a
própria identidade e se desliga temporariamente. De fato, a perda da individualidade e o
desligamento são características da abertura do centro extático; contudo eles não vêm
juntos com a perda da consciência. Mas o conceito de “consciência” é atribuído por
vocês essencialmente ao campo da mente. Por isso, estabelecemos uma diferença entre
uma consciência totalmente mental e uma consciência totalmente sensível; entre
capacidade de conhecer e capacidade de contemplar.
Uma parada no centro espiritual 5 permite o reconhecimento instantâneo do todo, ao
passo que uma parada no centro extático 6 possibilita uma intensa e direta observação
de toda unidade e do amor universal. Isto vale especialmente para o pólo positivo, para
a união mística em que são desfeitos todos os limites que se formam normalmente por
medo dos sentimentos das outras pessoas ou pelo receio do temor sagrado que um toque
mediante os servos do divino pode provocar.
O pólo negativo circunscreve uma sensitividade mais ou menos abrangente que, no
entanto, conforme o caso, pode ser ligada ou desligada á vontade, e em caso normal
continua sob controle do indivíduo, embora quem se encontre neste centro tenha muita
dificuldade para se auto-determinar. Quanto mais uma pessoa ficar neste pólo, tanto
mais sensível ela se tornará. Essa sensitividade leva a perturbações pelo medo de a
pessoa ter de se transportar ao plano místico contra a vontade; no entanto, essa
sensibilidade é usada para impedir a passagem para o pólo positivo, da união mística.
Sensitividade não é algo negativo. No melhor sentido, ela pode ser aplicada para
sentir, confirmar e entender a união entre seres humanos, entre os seres humanos e a
natureza e entre os seres humanos e o cosmo. A imensurável rede de relacionamentos e
possibilidades de contato, sem dúvida não é inteiramente perceptível no pólo negativo
desse centro
permitir que da sensitividade;
as pessoas contudo,
percebam as possibilidades
a imensurável de unidade
riqueza da acesso são suficientes
universal e depara
seus
efeitos sobre cada um de nós.
Sempre que o sexto centro se abre - neste caso não podemos mais falar de uma
ativação -, normalmente acontece que o pólo negativo faz seu trabalho em primeiro
lugar. A sensitividade com todos seus efeitos é percebida pela pessoa implicada e pelos
seus semelhantes. Ela ainda se deixa descrever e expressar, mas aqui é preciso prestar
atenção no fato de que ninguém - chamamos muito a atenção para isto - deveria
esforçar-se ou tentar ficar com muita freqüência ou ininterruptamente nesse pólo.
Alertamos para o fato de como é importante e necessário que o fechamento que se segue
à abertura espontânea ou obtida por meio de determinadas técnicas deve ser feito
conscientemente, visto que a abertura do chakra da coroa, não importa em qual
polaridade, depois de algum tempo por dia provoca, como conseqüência, certo
enfraquecimento e confusão, pois o padrão reativo escolhido fica desprovido de forças.
Além disso, pedimos a vocês para não equipararem mais uma elevada sensibilidade em
todos os âmbitos da vida com a sensitividade obtida por meio da abertura do sexto
centro.
Nós já dissemos: a vivência mística assemelha-se a uma contemplação, mas não
com os olhos da carne. Depende da capacidade de a alma encarnada suportar sua
simbiose com o todo. É preciso suportar a verdade que predomina, essa verdade que
tanto está oculta na lembrança da alma quanto na sua visão do possível. Ela provém do
todo e se funde com o todo. Contudo, disso ela nada sabe fora do estado de
deslumbramento místico, oculto. E quanto dizemos “sabe”, não estamos falando de um
pressentimento nem de uma impressão teórica, nem de um intenso desejo de acreditar
nisso. Quem passar pelo pólo positivo do sexto centro, ainda que seja apenas por
segundos, sabe algo que antes apenas intuía, esperava ou acreditava.
Uma parada no centro espiritual 5 no pólo da inspiração ainda possibilita o
surgimento de dúvidas sobre a validade da força mental experimentada, do
conhecimento e da sua transmissão; na seqüência de uma visão mística, não é possível
haver qualquer dúvida. A impressão dessa visão na memória é indelével. O ser humano
que a teve mais tarde conhece apenas uma dificuldade: ele não pode compartilhá-la com
ninguém. Sua visão, e as mudanças que ela provoca, não podem ser descritas com
palavras, e além disso, são tão únicas que se tornam incomunicáveis. Como se trata de
sensações pós-verbais, que em sua intensidade são tão parecidas com os sentimentos
pré-verbais, muitas vezes fazem-se tentativas de transmiti-las de uma forma qualquer,
seja por meio da poesia ou da música. Contudo, para o poeta ou o compositor que tentar
fazê-lo sempre resta uma impressão de insuficiente capacidade de transposição.
O chakra que corresponde ao sexto centro é o sétimo chakra, o do ponto culminante,
também chamado chakra da coroa. Ele se liga ao corpo por meio da glândula pineal. A
glândula pineal possibilita a ligação da alma com o corpo. As tradições de vocês tentam
mostrar essa ligação como um fio não- material que brota do peito, da boca ou da testa e
liga a alma ao corpo. Trata- se de uma espiral de energia, de um remoinho sutil e,
contudo, denso que algumas pessoas sensitivas ou dotadas de clarividência percebem
como um fio ou um cordão prateado. Quando a alma está dentro do corpo, esse fio é
invisível. Só quando a alma deixa o corpo é que se pode observar outra vez esse
remoinho de energia, enquanto a alma ainda não tiver se desprendido totalmente do seu
envoltório carnal.
Quando a alma abandona o corpo no final de uma encarnação, não são apenas a
respiração e os batimentos cardíacos que deixam o envoltório material, mas a glândula
pineal cessa suaa atividade
físico. Durante vida, sua em primeiro
função lugar. Ela
se equipara corta a ligação
á manutenção da alma
da alma comootempo
durante corpode
uma encarnação. Com sua capacidade de estabelecer contatos extracorporais, ela
também mantém a continuidade de comunicação com sua srcem divina.
O sexto centro, ligado ao sétimo chakra, corresponde arquetipicamente ao papel
anímico do sacerdote. No entanto, como a todos os sete papéis anímicos em
determinado tempo e em situações especiais é dado acesso ao centro extático, cada ser
humano também, durante sua encarnação, tem a capacidade de exaurir todas as
possibilidades que esse centro apresenta. A saudade de uma união da alma com seu lar
de srcem mora em todo corpo físico.

7 - O Centro Motor
- agitado; incansável +
A ênfase no centro motor caracteriza pessoas de grande mobilidade. Essa
movimentação pode expressar-se em todas as formas da existência: na flexibilidade do
corpo, nos fortes movimentos do espírito e das emoções, mas também no desejo de estar
sempre a caminho, de mudar freqüentemente de residência e de círculo de amizades.
Mobilidade e motricidade, portanto, não significam apenas o desejo e a necessidade
de movimentar os membros com atividade física, porém também a necessidade de
movimentar-se de um ponto para outro no plano mental e emocional.
A centralização motora pertence à esfera da ação e, sendo assim, pessoas com
ênfase nesse centro motor são de incansável atividade. Dificilmente elas descansam,
estão sempre alertas, querem fazer tudo na mesma hora, estão sempre dispostas a aceitar
um novo ponto de vista interior ou que vem de fora com uma rapidez que os outros com
freqüência consideram surpreendente ou perturbadora. Elas mesmas, no entanto, não
vêem nada demais nessa mudança de posição, pois estão acostumadas a isso; além
disso, têm a impressão de que estão em vários lugares ao mesmo tempo. A facilidade
com que podem mudar sua concentração para temas diversos e cenários diferentes sem
fazer esforço lhes dá uma forte sensação subjetiva de vivacidade.
E assim como as pessoas intelectualmente centradas anseiam por maior certeza
quanto aos sentimentos e as emocionalmente centradas desejam organizar melhor seus
pensamentos, a pessoa com centralização motora anseia por ser menos inquieta e,
muitas vezes, sente certa timidez em demonstrar sua inquietação por meio de
movimentos físicos, disfarçando-a de energia, uma vez que teme tornar-se ainda mais
inconstante até se ver envolvida num turbilhão que não consiga mais controlar. Quem
tem concentração motora, portanto, nem sempre é um esportista feliz. Ao contrário:
para não pôr em risco sua vivacidade, ela pode se comportar como uma preguiçosa ou
como se estivesse cansada de concentrar toda sua mobilidade nos planos interiores.
Vida é movimento. Isso vale especialmente para personalidades anímicas com
centralização motora. Entretanto, muitas vezes pais de filhos com centralização motora
acham que a criança é inquieta e insuportavelmente vivaz fazendo com que ela represe
sua mobilidade; essa criança logo fará uma experiência: certas expressões de vivacidade
e mobilidade são indesejáveis no seio da família. Assim, ela tentará manter-se quieta,
apenas para - caso não tenha êxito nisso - passar para uma fase posterior de
hiperatividade que, como conseqüência, atrairá novos aborrecimentos e castigos.
Uma pessoa com centralização motora cuja vontade de se movimentar seja
reprimida forçosamente torna-se nervosa, pois a tensão que a torna viva e que tem de
exteriorizar-se
leva para dentropor meiotensão
como de movimentos visíveis parasua
muscular, deslocando fluir de forma para
mobilidade agradável, ela a
os centros
próximos, o que a faz parecer infatigável e muitas vezes doentia em sua atividade. Sua
intranqüilidade é transmitida para todos os outros, mas ela só toma conhecimento desse
fato de forma vaga, uma vez que acredita que ainda está em harmonia com suas
necessidades básicas, sem saber com precisão que sua agitação é expressão do seu medo
de não conseguir manter sob controle sua agitação motora.
A pessoa com centralização motora está sempre pretendendo fazer alguma coisa. Ela
não suporta o tédio, que quase não conhece. O dia é curto demais para ela. Suas várias
atividades em todas as esferas dão-lhe o que fazer. Raramente ela tem um sentimento de
satisfação por concluir um trabalho ou por tê-lo feito, visto que seu espírito já saiu na
frente buscando novos projetos, seu corpo já faz movimentos antes de concluir os
anteriores, seus sentimentos já estão voltados para novos deleites ou perigos, que ela
procura com avidez enorme para enfrentar todas as possibilidades com grande rapidez
de reação.
Ela esta sempre pronta a agir imediatamente e a reagir com presteza, e só é impedida
de fazê-lo por um medo considerável de praticar a ação errada. Só mesmo um pânico
assim pode detê-la levando a sua mobilização à paralisação, deixando-a
temporariamente fora de ação. No entanto, essa paralisação nunca durará muito tempo,
mas será desfeita numa tempestade mental ou emocional antes que novos
procedimentos imponham sua força.
O centro motor localiza-se na região do alto ventre, no estômago e no plexo solar; e
como regula a mobilidade, ele também é competente para executar os movimentos mais
intensos do temperamento - raiva, ódio e ira incontroláveis -, ligados às ações; mas
também para todos aqueles sentimentos de medo que forem despertados pela ameaça
real por meio de ataques verbais, censuras ou xingamentos.
Quando esse chakra (plexo solar ou chakra umbilical) se fecha totalmente, uma
pessoa com centralização motora acometida de raiva ou de um medo incurável sente-se
inteiramente incapaz de fazer qualquer movimento. Temporariamente ela é incapaz de
fazer ou de sentir qualquer coisa. Sua capacidade de raciocínio também fica
prejudicada, e só quando essa imobilidade se desfizer é que ela estará novamente em
condições de se expressar. Então, sentir-se-á bem se movimentando, chorando ou até
mesmo gritando, dependendo da constituição de seu padrão reativo.
O modo infatigável com que uma pessoa com ênfase no centro motor, em sintonia
consigo mesma, persevera ativamente num projeto e a tenacidade com que seu corpo
responde a esforços maiores, devem-se ao fato de o seu espírito manter sempre o todo,
e, especialmente, o objetivo em vista, de maneira que uma dinâmica muito grande faça-
a impelir-se para o objetivo. Ela sempre acredita que sabe o que quer e o que pode
alcançar; e enquanto não se tornar doentia, perdendo com isso sua capacidade de
concentração, ela também pode usar sua mobilidade com a segurança de um dançarino
ou jogador.
Quando essa pessoa não deixa que a tensão interior se torne excessiva, certa graça e
dignidade compartilham seu modo de agir. Apenas quando se torna vítima da
enfermidade é que ela se irrita a si mesma, e aos outros, com uma atividade exagerada.
Nesse caso, ela quer fazer tudo ao mesmo tempo e em todos os lugares; e não dispõe
mais do mesmo ritmo lento para dedicar-se a cada um dos seus projetos e gozar os
efeitos dos seus pensamentos, sentimentos e ações. O que é doentio não pode nem deve
permanecer, ao passo que o fato de não se cansar a faz persistir até sobrevir uma nova
mobilização.
Quanto mais uma pessoa com centralização motora sofre de tensão também na
esfera dos músculos,
mobilidade tanto maiscomo
natural, vivendo-a clarodesvio,
fica quecomo
ela não
um sabe lidar bem
mecanismo com sua
interior. Nesse caso,
existem duas possibilidades de fazê-la voltar ao equilíbrio. Uma delas consiste em fazê-
la externar sua inquietação por meio de movimentos corporais intensos e duradouros.
Quando o lado doentio já tiver levado a pessoa aos limites da exaustão, uma segunda
possibilidade será proporcionar ao corpo um descanso que lhe fará bem, apesar de todas
as resistências. Quanto maior for o esgotamento, mais tempo o corpo terá de descansar,
muitas vezes durante dias inteiros, até que a tensão seja eliminada e um impulso natural
de movimentação se torne outra vez perceptível, surgindo como que por si mesmo.
O esgotamento nervoso e o excesso de trabalho, com suas conseqüências, são
doenças típicas das pessoas com centralização motora, bem como os distúrbios do
aparelho locomotor, tais como o reumatismo, a artrose, as doenças da coluna, além das
úlceras do estômago, das inflamações do pâncreas, das dificuldades de digestão pelo
fato de comer depressa demais e sem concentração; a pessoa também pode ter dor de
cabeça sempre que haja muitas coisas a serem resolvidas de uma só vez. A cabeça está
repleta de tantas tarefas e projetos que exigem demais, ou o mundo dos sentimentos está
sobrecarregado de contatos que a pessoa com centralização motora gosta de cultivar,
sem perceber que, nesse caso, em algum ponto ela pode chegar aos limites do que dela
se pede.
Esse tipo de pessoa na maioria das vezes tem muitos amigos e conhecidos com os
quais mantêm um contato variado. O modo incansável com que consegue dedicar-se aos
seus relacionamentos transforma-se de sobreexcitação numa completa recusa de
contatos e completa falta de vontade - por motivo da sobrecarga física do corpo -, visto
que se requer para repouso uma pausa mais longa que revigora novamente as forças
recebidas em condições pouco saudáveis.
O centro motor 7, diferentemente dos centros 5 e 6, sempre é acessível. Mas é
exatamente essa estabilidade e intensidade que causa muitas das dificuldades associadas
a ele. Os centros espiritual, extático e também o centro motor são esferas ilimitadas. Por
isso, juntamente a pessoa com centralização motora tende a sobrecarregar-se e a excitar-
se demais. Ela não quer ou mal consegue reconhecer seus limites. Ela sempre se
encontra à beira de um esgotamento, visto que sente prazer no movimento incansável,
na ação e na atividade emocional ou mental. Ela busca a correspondente abundância de
estímulos e os encontra onde esperam por ela - o que é estranho - a aventura e o
inconvencional. A pessoa com centralização motora está em busca de tensão. Quanto
maior a tensão, tanto mais intenso é o seu sentimento de estar viva. Contudo, ela não
consegue ver com clareza que só pode suportar essa grande atividade na medida em que
procura para si períodos de descanso e de total descontração, períodos em que não
acontecerá nada de importante, para que, finalmente, ela possa voltar às elevadas
regiões de intensa e estimulante movimentação.
Já dissemos que o padrão reativo estabelece o tipo motor; por isso, é necessário
levar cm conta a orientação momentânea da pessoa com centralização motora. O padrão
motor-inteleetual mostra predominantemente a mobilidade como a força de
compreensão, a capacidade de captar também as contradições numa fração de segundo,
a capacidade de tirar conclusões e de responder às propostas mentais. Mas também a
capacidade de perceber os pensamentos dos outros, sem que estes os tenham
manifestado verbalmente, ligando-os aos próprios pensamentos, é um dom das pessoas
motoras-intelectuais. A mobilidade e a rapidez de reações são diferentes das de uma
pessoa intelectualmente centrada que se mantém predominantemente nas alturas e nas
profundezas do pensamento; porém, não concentra seu interesse no quadro geral e na
capacidade
A pessoademotora-intelectual
uma rápida combinação
está nade pensamentos.
condição de executar muitas tarefas ao mesmo
tempo, mas também de armazenar e arquivar muitas unidades de pensamento na
consciência, mantendo, além disso, uma visão geral dos fatos. Seus pensamentos
acontecem simultaneamente em diferentes esferas e ela gosta de, nessas esferas, saltar
de um para outro processo que lhe dá muita alegria, mas perturba e confunde os outros
que não têm centralização motora e não sabem de qual das muitas camadas mentais
surgirá a próxima resposta ou o argumento seguinte.
Uma pessoa assim precisa dos movimentos do corpo para, em meio ao mundo de
seus pensamentos, fecundar-se a si mesma. As melhores idéias, as instantâneas e
criativas intuições não surgirão quando ela estiver descansando, mas quando se
movimentar e quando, aparentemente, estiver ocupada com esses movimentos;
enquanto sua mente segue os próprios movimentos, pode chegar a saltos mentais que
não seriam possíveis nem mesmo com a maior reflexão.
O princípio planetário de Urano, com sua dinâmica e inquietação criativas,
representa, na maioria das vezes, um papel considerável no astrológico das pessoas
motoras e intelectuais. Suas idéias súbitas não raro têm um componente de genialidade,
que provém do fato de que seus pensamentos ligados a aventuras e ousadias fazem sua
razão vibrar deixando a pessoa num êxtase de fantasia que tem de ser transformado no
plano inferior para poder ter uma forma concreta e chegar a ser executado.
O padrão reativo motor-emocional, ao contrário, busca a grande mobilização, o que
provoca comoção e, muitas vezes, comoção dramática no mundo das sensações. Esse
tipo de pessoa é marcado por revoluções interiores, por oscilações extremas de humor,
por altos e baixos de sentimentalismo e depressões numa alternância rápida, por
instabilidade de posições e pelo simultâneo sentir de continuidade, mas também pela
sempre presente sensação de intranqüilidade, de não estar no local certo, de ainda não
ter encontrado o que é certo - um sentimento de vida que anda pari passu com uma
crônica falta de serenidade.
Seu padrão reativo está associado às influências de Plutão, aos princípios da
mudança repentina, às profundas inseguranças existenciais, seguidas da mais elevada
certeza interior de que está sob a proteção da vida. Uma pessoa com centralização
motora-emocional sente-se impelida e sacudida, exposta e entregue, e acha difícil
perceber o quanto contribui com o pólo negativo dos seus elementos matriciais para a
formação e interpretação dos inter-relacionamentos. Por outro lado, ela está em
condições de ter amigos e casos de amor de muita fidelidade. Sua sensibilidade está
impregnada pela capacidade de captar e de se ajustar com grande rapidez aos sinais
emocionais dos outros. Ela também dispõe de uma extraordinária sensibilidade para
motivar as pessoas, arrebatá-las, de assumir a direção nas esferas do sentimento, o que é
convincente e causa a impressão de uma atitude carismática.
A centralização motora, ligada a uma orientação emocional, desloca as pessoas
suscetíveis para uma mobilização de sentimentos, que nelas provoca uma inesquecível
comoção e profundas mudanças. Essa movimentação se comunica, e assim, uma pessoa
motora-emocional está em condições de estimular e de comover positivamente não só
indivíduos, mas também grandes grupos de pessoas.
A movimentação física é de grande significado para este padrão reativo; no entanto,
a pessoa com centralização motora-emocional muitas vezes tem medo da ativação
exagerada dos seus sentimentos que forçosamente acompanha os exercícios mais
vigorosos. Ela tem medo de perder o controle sobre si mesma e chegar ao ponto em que
tudo o que acabou de aquietar-se seja agitado outra vez por causa da aceleração do seu
metabolismo e da sua respiração. Contudo, ela não deveria evitar a possibilidade de um
arejamento
uma atividaderegular das suas
corporal emoções.- mesmo
ou esportiva A oxigenação mais altasódo
que suportada sangue
a curto - resultado
prazo, de
presta-lhe
mais serviços do que horas a fio de análise das suas sensações ou do fato de as ficar
remoendo.
Pessoas com centralização motora-sexual são as mais ativas no âmbito do intercurso
sexual. Elas estão incansavelmente na busca de tensão e descontração eróticas; têm
necessidade de estimular-se constantemente das mais diversas maneiras e sofrem com o
fato de as normas sociais, muitas vezes, apresentarem rígidas sanções a uma vida
erótico-sexual tão agitada como a sua. A desaprovação a que estão sujeitas leva-as a
reprimir de uma forma prejudicial para elas o impulso para a troca rápida de parceiro ou
a intensa troca de fluidos. Elas começam a dominar sua energia básica, perturbando com
isso uma criatividade magnífica e uma extraordinária vitalidade que lhes são muito
características. Ninguém consegue ficar tão rígido e frio como uma pessoa motora-
sexual que, por várias razões sociais ou pessoais, nega seu padrão reativo. Assim,
facilmente pode acontecer de as suas necessidades sofrerem uma reviravolta e ela
buscar válvulas de escape, que acabam despertando ainda mais a reprovação da
sociedade.
Esse tipo de reação opera sem cessar e de modo extraordinário, mas também de
modo totalmente fascinante e sedutor. Ele tem a força de atração extremamente forte,
uma irradiação de interesse integral por seus semelhantes. A pessoa com centralização
motora, como a maioria das outras, não se concentra predominantemente numa esfera
intelectual ou emocional, mas inclui nessa troca todo o seu corpo. Ela gosta de contatos
que sempre contenham nuances de erotismo, sem que exerçam pressão direta no sentido
de obter satisfação sexual. Sua companhia é estimulante, visto que sua energia é capaz
de movimentar todos os humores corporais, todas as funções glandulares. Muitas vezes,
essas pessoas são amantes da beleza, tendo dotes estéticos e artísticos. Seus olhos,
coração e corpo se deleitam com a magnificência da criação, com todas as suas formas e
cores. Essas pessoas dão a impressão de serem de puro-sangue, sensuais e muitas vezes
temperamentais. Pessoas com centralização motora-sexual têm personalidade forte; elas
riem das convenções e com grande objetividade buscam a satisfação dos desejos.
Entre os tipos motores-instintivos também estão os esportistas mais dignos de
admiração, os trabalhadores e artesãos mais famosos, as pessoas mais pacientes e
perseverantes. Elas não têm medo de investir no corpo e de obter satisfação por meio do
trabalho feito com as próprias mãos, satisfação proibida a muitas pessoas desta forma
elementar. Uma pessoa motora-instintiva precisa de uma profissão que a mantenha em
incessante atividade, seja por meio da movimentação dos membros, seja pelo fato de
passivamente deixar-se movimentar. No caso pode tratar-se de um professor de dança
ou de uma bailarina, de um operador de guindaste, de um motorista de caminhão, de um
proprietário de cavalos de corrida ou de um corredor de longa distância.
O prazer de se movimentar apenas por se movimentar caracteriza as pessoas
motoras-instintivas. Contudo, suas reações motoras muitas vezes são tão rápidas e
comandadas pelos instintos que elas se vêem diretamente necessitadas de atacar sempre
que se sentirem feridas nos seus sentimentos ou na sua razão. Como reagem
instintivamente, elas pensam ou sentem primeiro e, em seguida, o movimento acontece
tão diretamente que não é mais possível detê-lo. Uma pessoa motora e instintivamente
centrada pode aproximar-se de outra mais depressa, bem como fugir dela, conforme se
sinta atraída pela simpatia ou afastada dela pela sua antipatia. Ela tende a abraçar
calorosamente o seu semelhante e a aproximar-se dele; mas da mesma forma pode
voltar-lhe inesperadamente as costas e sair pela porta se o seu sistema motor pedir essa
reação.
Uma centralização motora é basicamente a expressão de uma dinâmica rica em
vibrações da personalidade. Mas ela também contribui substancialmente para que os
movimentos da alma obtenham uma nova força em seu crescimento organizado. Um ser
humano que em determinada encarnação queira transformar o que estiver paralisado ou
mover coisas encalhadas, em geral escolhe uma centralização motora. Essa
centralização garante que no curso de sua vida ela nunca ficará encalhada, O fato de ser
incansável ou a sua agitação a impelirá para a frente, não lhe dando sossego em sua
busca pelo novo, pelo outro, pela mudança, e a orientação do seu padrão reativo mostra
uma renovação e modificação de longo alcance no âmbito que ela visa alcançar.
Portanto, uma centralização motora é uma vantagem para todos aqueles que em
várias vidas se ocuparam com determinada temática e agora querem chegar a uma
conclusão que os liberte de estruturas incrustadas e de comportamentos encadeados. A
vivacidade de uma pessoa com centralização motora a leva a reconhecer pessoas e a
buscar países que correspondam aos seus objetivos anímicos. Ela é ágil e torna as
pessoas ágeis também. Sua contribuição está na sua capacidade de ultrapassar limites,
os seus próprios e também os do seu mundo.
VII – A IDADE DA ALMA

VISÃO GERAL
A IDADE DA ALMA
Expressão
5 – Alma 2 – Alma
Antiga infantil
Inspiração
6 – Alma 1 – Alma
Transpessoal Recém-
nascida
AÇÃO
7 – Alma 3 – Alma
Transliminar Jovem
ASSIMILAÇÃO
4 – Alma Madura

Os Cinco Ciclos da Alma no Corpo

Não falamos para vocês como homens. A alma de vocês, que não se encontra num
corpo humano pela primeira vez, renovou-se, unindo-se a um corpo. Sempre que isso
acontece, não só se converte em realidade, num plano para uma nova vida, mas também
a alma de vocês se sente num novo nível de conhecimento ao longo do seu caminho de
evolução.
Quando descrevemos o lapso de tempo que abrange todo o caminho da encarnação
de uma alma humana, falamos de cinco ciclos anímicos no corpo. Nós descrevemos
esses cinco ciclos anímicos de forma que correspondesse à experiência de vocês com as
imagens e conteúdos de possibilidades de concretização num corpo humano, desde o
nascimento até a morte natural. Da mesma forma como há formas de vida não corpórea
para todos os seres humanos depois da morte física, formas de vida acessíveis que ainda
lhes pertencem, os cinco ciclos anímicos têm de ser completados por meio de duas
outras manifestações da alma no corpo, cujas características são o intercâmbio entre
dimensões corporais e não-corporais.
Os cinco ciclos da alma no corpo, nós os examinaremos da seguinte maneira:
· A alma recém-nascida (1)
· A infância da alma (2)
· A juventude da alma (3)
· A idade madura da alma (4)
. A velhice da alma (5)

Falamos também da alma recém-nascida, da alma infantil, da alma jovem, da alma


madura e da alma antiga. Esses cinco ciclos, em suas condições e possibilidades de
resultados anímicos, correspondem amplamente ao que um homem experimenta durante
cada encarnação, contanto que alcance uma idade de setenta a oitenta anos. Além disso,
também existem, como já insinuamos, outros dois estados de um corpo animado e que
convém serem mencionados expressamente neste ponto -, que não pertencem ao plano
do desenvolvimento de cada alma isolada. Trata-se da alma transpessoal, com o número
ordinal 6, e da alma transliminar, com o número ordinal 7.
De tudo o que temos a dizer-lhes sobre cada ciclo da alma, para nós nada é mais
importante e essencial do que mostrar-lhes, com todo amor e ênfase, que uma alma
antiga não é melhor ou mais evoluída, do ponto de vista qualitativo, do que uma alma
jovem, da mesma forma que um homem de setenta anos não é indiscutivelmente
“melhor” do que um homem de vinte anos. Nós enfatizamos isso, pois sabemos como é
extraordinariamente difícil para vocês, que lidam com os aspectos do crescimento
anímico e com os assuntos do mundo não-material, diante de tantos esforços e de tanto
trabalho investido em seu desenvolvimento psíquico-mental, renunciar às vantagens do
auto-elogio e se livrar do ilusório sentimento de grandeza de ter obtido o progresso
espiritual e do ideal enganoso de terem alcançado a meta; nós lhes dizemos isto para
diminuir o seu orgulho. Cada um de vocês, não importa em que ciclo anímico sua alma
esteja, encontra-se exatamente no lugar em que deve estar. Não existe a possibilidade de
uma ultrapassagem de segmentos isolados de aprendizado e de crescimento, nem há
retrocessos como castigo para a indolência espiritual ou para as assim chamadas más
ações.
Em seu ritmo próprio, determinado por vocês mesmos, cada um de vocês chegará a
seu tempo, e conforme suas necessidades anímicas, ao final do quinto ciclo, um pouco
mais cedo ou um pouco mais tarde do que os irmãos da sua família anímica. Toda alma
algum dia já foi uma alma recém-nascida, e toda alma, sem exceção, será um dia uma
alma antiga. Por isso, deixem de orgulhar-se intimamente com seus progressos naturais
no caminho do conhecimento e parem de desprezar no íntimo os que vêm atrás de vocês
no caminho, pois isso só se deve ao fato de eles terem iniciado mais tarde sua
peregrinação.
O último grande fluxo de encarnações de almas em seu planeta, usando pela
primeira vez um corpo para atingir seus objetivos, completou-se por volta do ano 1680,
segundo o método de vocês de contar o tempo. Antes disso, houve vários fenômenos de
distribuição global de almas do mundo astral as quais marcaram seu desenvolvimento
anímico, suas culturas e suas religiões. Isto aconteceu num ritmo de cerca de dois mil
anos, começando há cerca de 6.500 a.C., em seguida por volta de 4.300, 2.600, e há
exatamente 500 anos pela contagem de tempo de vocês. Naturalmente, antes houve uma
seqüência de primeiro
Antes do outros fluxos
fluxodedeencarnação.
encarnação precedentemente mencionado, sobraram
umas poucas almas muito antigas que assumiram grandes e importantes tarefas na Terra
de vocês - embora nem sempre fossem publicamente conhecidas - e com mão
experiente elas dirigiram a história de grupos maiores de almas. As almas que
atualmente pertencem ao ciclo de almas maduras e antigas provêm em grande parte do
segundo fluxo de almas. As almas que, por esse cálculo, pertencem às almas jovens,
encarnaram-se pela primeira vez há aproximadamente dois mil e quinhentos anos. Isso
explica o fato de a grande maioria que ouve nossas palavras agora, e consegue entendê-
las, poder ser incluída entre as almas que estão no final da juventude, entre as almas
maduras e as antigas.
O número de fragmentos anímicos distribuídos sempre foi diferente, pois a vida
depende dos alimentos disponíveis, da proteção que se possa procurar e conservar, das
condições climáticas. Por isso, não há razão para espanto se observarem que, em sua
época de vida, está havendo uma explosão populacional. Pois vocês, com o crescente
avanço tecnológico e as possibilidades que ele apresenta, põem à disposição muito
alimento e proteção, de maneira que cada vez mais almas buscam um corpo no qual
encarnar, para poderem manifestar-se na matéria em condições muito mais favoráveis e
agradáveis, comparadas com as de outras épocas históricas. Desde 1680 não houve mais
distribuição de almas e, segundo as previsões, não haverá outra, visto que o planeta
Terra está cansado e precisa de uns cem mil anos para recuperar-se, caso não se dê
preferência à sua extinção pelo fogo.
No entanto, nós lhes asseguramos que todas as almas que agora estão no ciclo de
almas recém-nascidas e infantis, de uma ou de outra maneira encontrarão possibilidades
de existência em seu planeta. Não há motivos para preocupações. A consciência humana
tem participação no grande processo evolutivo do cosmo. Ninguém será privado de seu
desenvolvimento anímico. Por certo, essas almas não desejarão fazer nem farão as
mesmas experiências que vocês. Elas têm o direito de estabelecer os próprios passos na
vida.
O período de tempo de uma reencarnação, desde a primeira até a última
manifestação carnal, com seus ciclos corpóreos, dura, segundo a maneira de vocês
calcularem o tempo, de seis a oito mil anos, raras vezes mais, de vez em quando menos.
A intensidade da concretização quase essencial ligada a determinadas características do
caminho percorrido pode acelerar ou retardar o processo. No entanto, a aceleração - e
queremos enfatizar isso também - não é nenhum indício de qualidade, da mesma forma
que o retardamento não é uma desvantagem. Seja como for, só nos elevamos a um plano
vibracional mais elevado do mundo físico-astral quando todos os irmãos de uma família
anímica tiverem encerrado seu ciclo de encarnação.
Portanto, não é só a alma fragmentada, isolada a responsável pelas possibilidades de
sua manifestação, mas também a estrutura de sua família anímica; e as possibilidades
que essa família encontra no planeta também contribuem para fazer justiça ao
cumprimento de sua missão. Mesmo que a alma isolada se esforce para obter o
desenvolvimento, para crescer e conquistar altos conhecimentos ou ampliar sua
consciência - se temporariamente as condições do trabalho objetivado pela família
anímica a impedirem de fazer isso, ela terá de esperar até surgir nova oportunidade.
Essa espera pode ocorrer durante uma manifestação no corpo, contudo, na maioria das
vezes, acontece entre as encarnações, no período de tempo e nos espaços mais sutis das
regiões do mundo astral...

1 - A Alma Recém-Nascida
Quando uma alma escolhe um corpo pela primeiríssima vez e se manifesta por meio
dele, se sente como uma criança recém-nascida nas primeiras semanas e meses de vida:
muito sensível, indefesa, dependente, precisando de cuidados, de contato pessoal e da
companhia de pessoas da comunidade.
A alma que se manifesta pela primeira vez num corpo físico é como um recém-
nascido dominado por sensações que só o corpo conhece e que a alma desconhece
enquanto ela se move pelas regiões em que não tem um corpo.
Então surgem as sensações de calor e de frio, de prazer e de dor, de claridade e de
escuridão, de ser tocado e de não ser tocado, de fome e de sede e as funções excretórias.
Pela primeira vez, então, ocorre um crescimento na forma material e tudo isso provoca
medo, confusão e perturbação. Por isso uma alma recém-nascida se encarna somente
quando é possível viver em circunstâncias e em comunidades de seres humanos que
preencham duas condições: Primeiramente, a possibilidade de sair outra vez do corpo
sem grande sensação e sem que haja muitos sentimentos de medo e de susto
relacionados com isso. Em segundo lugar, a possibilidade de levar uma vida que
encontre sua forma de expressão numa comunidade estritamente social e, sobretudo,
também física. Ambas as possibilidades são possíveis em determinados países da Terra
e em grupos humanos que vocês, que ouvem o que dizemos, chamariam de
“primitivos”. No entanto, esse primitivismo, que tem uma qualidade ímpar preenche os
desejos e as necessidades de uma alma recém-nascida em grande medida e por isso não
merece nem desprezo nem compaixão.
Imaginem que proteção psíquica representa para a alma recém-nascida o hábito de
muitas mães de tribos primitivas que não deixam o filho furtar-se ao seu olhar até a
criança ter dois ou três anos de idade; elas o carregam junto ao corpo de modo que o
recém-nascido, e depois a criança pequena, sintam ininterruptamente a presença segura
e tranqüilizadora da mãe. Para a alma recém-nascida é de enorme significado ser
carregada, apoiada e alimentada durante todo o tempo.
Uma alma assim só pode continuar a se desenvolver quando forem sendo afastadas
as ameaças mais brutais da nova forma de vida. Ao mesmo tempo, no entanto, nós
dissemos que essas sociedades primitivas atendiam a uma ou a outra dessas condições,
ou seja, a presença da morte mediante ações e táticas de guerra provocava uma grande
mortalidade infantil devido às doenças. A alma recém-nascida precisa de uma espécie
de seguro que lhe permita poder recolher-se outra vez quando quer viver em um corpo e
que lhe permita fazer isso a qualquer momento. Muitas vezes ela não tomará
conhecimento dessa oferta; mas isso a ajuda a adaptar-se á nova condição,
amedrontadora e desconhecida.
Cerca de 15% da atual população do mundo é composta de almas recém- nascidas.
Na Alemanha, vivem cerca de 6% de almas nessa etapa de desenvolvimento. A China e
a Índia são países em que vive um grande número de almas recém-nascidas.
As primeiras encarnações no planeta de vocês começaram há mais de trezentos mil
anos. Há tempos, apenas poucos agrupamentos e famílias de almas foram distribuídos, e
esses haviam assumido a missão de testar a possibilidade de um desenvolvimento
anímico no planeta Terra. Em diferentes pontos do planeta formaram-se grupos que
viveram e se multiplicaram durante alguns milhares de anos em associações fechadas
para depois irem para o plano astral a fim de fundir-se e, no estado não-corporal,
purificado, criar um corpo para os que ainda não haviam tentado ter, ou para usarem um
corpo disponível, encorajando-os a dar informações sobre as possibilidades e perigos
relacionados com o fato.
O início
menos do verdadeiro
noventa grande
mil anos. Nessa fluxoum
época, encarnatório aconteceu
grande número há cerca
de famílias de de maishavia
almas ou
encerrado um ciclo de vida terrena, e chegado ao mundo causal, o que possibilitava
zelar por um número consideravelmente maior de almas recém-encarnadas. Além disso,
as existências isoladas no corpo eram de duração relativamente pequena. A expectativa
de vida era limitada. Os ciclos eram percorridos mais depressa, de modo que podia
ocorrer um acelerado intercâmbio de famílias anímicas. No entanto, também nessa
época se formaram grupos isolados de encarnados com unidades ainda separadas por
causa da raça e da cultura, as quais também durante os ciclos de encarnação não se
misturavam com outros grupos. Esse estágio de possibilidades só ocorreu bem mais
tarde, quando se garantiu que o que se aprendesse num plano também fosse válido em
outro. No âmbito cultural-anímico aprenderam-se formas de convivência, técnicas de
sobrevivência, possibilidades de dominar o medo, canalização de sentimentos de amor,
rituais e formas de expressar a criatividade.
Quando alguém, por séculos ou milênios, se encarna nos Pirineus, não pode de
inicio, simplesmente e sem mais nem menos, fazer a escolha de ter uma vida no vale do
Eufrates ou na África, visto que o que aprendeu não o preparou suficientemente para
essa mudança. Mas, à medida que determinados grupos de almas encontraram sua
firmeza interior, eles também podem escolher uma vida num lugar e em outro, ou uma
vida aqui e vinte vidas acolá. E também isto vai parecer possível e interessante
especialmente para corajosos e apressados fragmentos anímicos.
Contudo, não era só nos primórdios do desenvolvimento da estirpe que havia almas
recém-nascidas, ou em países de cultura primitiva, em que a tecnologia e a medicina
não eram desenvolvidas; em porcentagens mínimas elas existiam também nas
sociedades de nações industriais, principalmente naquelas em que vocês podem
concluir: há um ser humano totalmente dependente, que precisa de ajuda não só nos
primeiros anos de vida, mas até bem depois, na sua idade adulta.
Nesses casos, trata-se de pessoa física e mentalmente deficiente. No entanto, a partir
dessa deficiência não devemos chegar imediatamente à conclusão de que sempre se trate
de uma alma recém-nascida. Na verdade, uma alma antiga também pode escolher
muitas vezes esse tipo de vida a fim de fazer determinadas experiências que migram por
aí com dependência e desamparo.
No entanto, muitas dessas pessoas, que têm de ser cuidadas durante toda a sua vida,
são almas do ciclo dos recém-nascidos, que não estão dispostas a sair outra vez da
recém-escolhida vida, pois isso deveria acontecer quase irremediavelmente se uma
pessoa espasticamente entrevada, com danos cerebrais ou com grave deficiência física,
avistasse a luz do sol numa comunidade tribal.
Quando, portanto, uma alma recém-nascida consegue armar-se de coragem para, por
fim, se encarnar e, além disso, por exemplo, escolha o modo de ação da persistência ou
o objetivo de desenvolvimento da aceleração, ela dará preferência por se encarnar onde
houver ajuda e conhecimentos médicos disponíveis, de tal modo que ela possa alcançar
o trigésimo ou até o quadragésimo ou mesmo o qüinquagésimo ano de vida. Pois
quando a alma recém- nascida ultrapassa a metade dos anos da vida média, ela se
acostuma mais facilmente ás exigências do corpo e, portanto, necessita de menos vidas
isoladas nesse ciclo do que quando tem de fazer várias tentativas para adaptar-se ao
corpo, para abandoná-lo logo no primeiro ano de vida ou antes de chegar ao décimo.
A alma recém-nascida tem medo do fato de ter de viver separada do todo, de viver
fisicamente separada dos irmãos de sua família de almas, de viver isolada como
individuo e limitada pela sua pele. Ela se sente abandonada e perdida e, por isso,
aproveita cada possibilidade para superar esse sentimento ou então para negá-lo. Ela se
sente melhor dormir
insuportável quandosozinha
consegue
numgozar de tanto
quarto, buscacontato físico quanto
a proximidade possível.
de animais Ela acha
e plantas,
visto que ainda não perdeu totalmente a lembrança de estar ligada à totalidade de todas
as manifestações e fenômenos naturais.
Ela precisa do conjunto de ações e responsabilidades comunitárias, visto que, como
individuo, não está na condição nem está disposta a seguir impulsos independentes ou a
assumir a responsabilidade pelos próprios atos. Tudo o que a separa do grupo, da
família ou da sua estirpe lhe dá um medo insuportável, tanto que prefere não ficar
sozinha consigo mesma em nenhum momento de sua vida. Isso só acontece quando está
gravemente doente ou quando, por algum motivo social, for excluída da comunidade.
Nesse caso, porém, a morte é uma conseqüência inevitável para a alma recém-nascida,
visto que não está em condições de se movimentar e de se proteger longe das outras.
Entretanto, também a fixação aos hábitos e aos rituais da raça ou da tribo são tão fortes
que a alma recém-nascida não consegue sobreviver numa vida em que fique isolada.
Ela ainda se sente amarrada como que por um cordão umbilical ao todo; seja como
for, esse cordão já foi cortado. E essa ligação também pode ser observada em seu
comportamento diante do divino, tal como ela o entende. Para ela, o divino está presente
em toda parte, mas não como manifestação de amor, porém como presença que provoca
medo e horror, e que tem de ser constantemente apaziguada.
A alma recém-nascida esqueceu-se de que ela mesma escolheu tornar-se humana.
Ela se sente rejeitada, castigada pelo fato de ter de viver num corpo desamparado,
vulnerável, em vez de manter-se leve e facilmente no mundo astral; ela sente falta da
certeza de que é um fragmento do todo e do espírito divino, pois agora não pode e não
deve mais recordar-se do que deixou para trás, mas tem de voltar seu olhar para suas
tarefas e seus planos.
O divino é resguardado como algo presente, mas como uma presença má e punitiva;
por isso, a alma recém-nascida nada mais pode fazer do que suavizar a suposta presença
vingativa e detestável por meio de sacrifícios de sangue e compreendê-la como uma
cópia do próprio medo e ameaça, como algo semelhante e, no entanto, diferente. Ela
sacrifica o corpo de animais representando o seu próprio. É por isso que também são
oferecidas comidas e bebidas aos símbolos do divino, às figuras do culto, aos totens, ás
pedras e aos amedrontadores seres da natureza; pois alimentos e bebidas, e também a
proteção de uma caverna ou de uma cabana, são aquilo de que a alma recém-nascida
mais precisa e o que somente com grande sacrifício também pode oferecer à divindade.
Medo e desamparo marcam as primeiras vidas de uma alma recém-nascida. Esse
medo, esse desamparo revelam-se em seu rosto; principalmente, em seus olhos. Os
olhos, ou estão totalmente abertos e, na maioria das vezes, cheios de horror, ou então
quase fechados, pois a alma assustada acredita que tem de se proteger por meio de uma
desconfiança fundamental ou de uma postura de defesa; essa atitude é adotada pelo fato
de a alma, no estágio de recém-nascida, não submeter o mundo a um exame, pelo fato
de não o observar, mas por tentar impedir que as impressões do mundo a penetrem.
Ela acredita que, ao fechar os olhos, conseguirá dominar o medo de tudo o que
representa uma grande ameaça. É por esse motivo que seus olhos são freqüentemente
atingidos por doenças que levam à extrema fraqueza de visão ou até mesmo à cegueira;
sendo que com isso são atingidas duas coisas: um estado oficialmente reconhecido de
desamparo e a impossibilidade de tomar conhecimento da verdade por meio dos olhos.
No entanto, há um terceiro fator de grande importância, pois, muito embora a alma
recém-nascida deseje contato, bem como uma segurança que lhe preserve a vida, ela
quer gozar desse contato principalmente com os olhos fechados aí no escuro. O que lhe
causa
contatoa maior perturbação
a assusta é o contato
até a medula visual
dos ossos. Essedireto coma os
contato fazsemelhantes, poisainda
lembrar de que esse
existem possibilidades de ligação com o que acabou de perder. Entretanto, a alma
recém-nascida está “zangada” com o abrigo do mundo astral que acabou de deixar, e
não quer ser lembrada pela não-separatividade que ficou para trás. Um contato visual
que seja mantido por mais de um segundo é para uma alma assim um motivo de medo e
de sentimentos de ódio. É por isso que esse olhar é evitado ou interpretado como “mau
olhado”.
A alma recém-nascida não se interessa por política. Para ela, é inimaginável que a
política possa ter influência sobre a história do seu grupo, do seu povo ou da Terra. Para
ela é impossível desejar algo que esteja além do atendimento das suas limitadas
necessidades ou lançar um olhar além do seu horizonte. Diante daqueles que
determinam o curso dos seus dias ou determinam seu destino profissional, ela sente um
desamparo tão grande quanto o que sente diante da divindade. Ela não se sente mais
uma parte do todo e não está consciente de ser membro de uma sociedade ou grupo que
represente determinadas solicitações ou deseje modificações. Apesar disso, exatamente
porque a alma recém-nascida é tão dependente de orientação e da companhia das outras
almas, ela também é dependente no âmbito dos inter-relacionamentos humanos, sociais
e culturais. Ela deixa que a empurrem de um lado para outro, e obedece sempre, sem
conseguir desenvolver uma opinião própria. Ela também não compreende qual seja a
sua missão, visto que não consegue entender o entrelaçamento dos fatos.
A alma recém-nascida está numa forma de vida em que tem de se preocupar o
mínimo possível: ela apenas tem de cuidar da sobrevivência física e da reprodução da
espécie. Ela não anseia por mais nada. Está disposta a trabalhar, na medida em que suas
necessidades por amparo e proteção o permitirem, mas confia passivamente no apoio da
família, da estirpe ou do Estado, assim que sua imediata sobrevivência e seus interesses
forem ameaçados. Ela acha difícil dedicar-se a alguém; quer que os outros se
preocupem com ela.
Nesse estágio de desenvolvimento anímico o corpo precisa de muito sono, porque só
por meio do inconsciente a pessoa consegue ter acesso às dimensões extracorpóreas.
Durante o sono, a alma recém-nascida busca o consolo e a proteção que parecem
necessárias à sua vida e que, no entanto, tantas vezes lhe faltam.
Sua sexualidade está direcionada para a satisfação freqüente e indiscriminada dos
sentidos. Ela deseja ter uma prole numerosa, visto que a alma recém-nascida não gosta
de estar só em seu corpo. A certeza da existência de grande número de parentes
consangüíneos e de dependentes lhe dá a certeza de que não ficará sozinha e também de
ser cuidada e protegida na velhice.
Durante a primeiríssima fase da encarnação, a alma é verdadeiramente feliz quando
pode fazer uma refeição na companhia de muitas pessoas amigas, de preferência
parentes. E quando, além disso, pode deitar-se sem ter de se separar do calor humano e
dos cuidados dos outros. Nada lhe parece mais belo do que ver atendidas imediata e
freqüentemente suas necessidades básicas de alimentação, segurança e satisfação
sexual. Ela não se sente ameaçada e não ofende a ninguém. E, ainda assim, essa alma
sente que não deve ficar por muito mais tempo nesse estado de pura bem aventurança a
fim de cumprir sua tarefa no ciclo geral da encarnação. Depois de cerca de dez vidas,
ela toma consciência de que tem de se libertar dessa proteção e dependência e preparar-
se para o estágio da alma infantil. Esse estágio a tirará da fraqueza que até então fora
aceita com gratidão.

2 - A Alma infantil
O estágio da alma infantil assinala uma fase do desenvolvimento humano
impregnado pela ambivalência e pelo conflito entre uma dependência considerada
dolorosa, por um lado, e o desejo pela independência, pelo outro.
A alma infantil sente nitidamente a sua curiosidade, a necessidade de se aproximar
do desconhecido e, para tanto, aceitar como inevitável a separação do grupo que lhe dá
segurança. Contudo, assim que a curiosidade, junto com a separação a ela ligada,
atingirem um ponto crítico em que surge o medo provocado pela separação, a alma
infantil sente os seus anseios por independência como culpados e volta-se para o colo de
sua comunidade anímica ou social, a fim de garantir para si mesma e para os outros, que
ainda está disposta a considerar a dependência como algo bom e bonito. Ela confessa,
cheia de remorso, que foi um exagero buscar uma aventura, colocar-se em perigo e
assumir riscos que tiveram por única conseqüência provocar um distanciamento crítico
da pretendida e esperada segurança que ela espera sentir sempre se não se separar do
grupo.
Mas ela quer se separar, e tem de separar-se dele. As fases da existência corporal,
que estão unidas ao desenvolvimento da alma nesse estágio, levam a um distanciamento
cada vez maior do coletivo, que continua a ser vivenciado com medo mas que, por outro
lado, é tão atraente que renunciar às incursões ao reino da independência parecem ter
ficado cada vez menos possível.
Neste ciclo de alma infantil, todas as vidas estão a serviço da experiência de provar
a separação, com a simultânea exigência ainda importante de saber que terá abrigo: elas
têm de colocar todas as forças a serviço de uma autocompreensão incipiente e
familiarizar-se com o fato de ter se concretizado a fragmentação da família de almas da
totalidade anímica primitiva. A alma recém-nascida não podia e não queria aceitar esse
fato. No entanto, a alma infantil já o aceita e, pouco a pouco, ela ganha em alegria, até
mesmo o prazer de ter-se tornado um individuo.
Contudo, assim como uma criança, no seu primeiro vôo para fora do ninho, para os
planos da experiência pessoal, tem de se certificar de poder segurar a mão do pai ou de
refugiar-se na barra da saia da mãe, assim também a alma infantil depende da
comunidade como um fundamento estável na sua primeira vida neste ciclo. E não
estamos falando somente da comunidade social, mas também da comunidade de almas
que se encontram no mesmo estágio de desenvolvimento e que têm as mesmas
necessidades, de modo que haja sempre uma harmonia e uma oportunidade adequadas
de amparo.
A alma infantil é curiosa. Ela quer conhecer o mundo, e com muita cautela quer
conhecer o outro. Quer saber quem ela é, quando não se segura e, em conseqüência
disso, obtém as primeiras respostas. Mas essas respostas ao mesmo tempo confundem,
pois trazem junto com os primeiros conhecimentos sobre a realidade da fragmentação,
também certa dor e uma falta de saída que faz sentir a saudade de querer voltar ao todo
e, ao mesmo tempo, assenta de modo irrevogável a impossibilidade de realizar seu
intento.
Agora a alma reconhece que só pode seguir em frente; e porque a dor que nasce de
uma saudade para uma volta ao abrigo se torna insuportável, ela promete não olhar mais
para trás, separando-se dele voluntária e involuntariamente. Sua espontaneidade é
aparente; contudo, a alma infantil agora faz questão de tomar as próprias decisões.
Para ela, é novo o conhecimento de que não deve assumir a culpa nem atribuí-la aos
outros. E, dependendo de como a matriz dos fragmentos é estruturada em determinada
vida, será percorrido um caminho ou outro. A capacidade de ser vítima ou de fazer
vítimas
tambémésãoapresentada,
tecidos os pela primeira
primeiros vez,
laços nesse estágio
kármicos. de desenvolvimento.
Enquanto Agoraainda
a alma recém-nascida
sacrificava animais para aliviar-se do seu medo e dos seus sentimentos inconscientes de
culpa, agora a alma infantil está pronta para se oferecer ou oferecer seus semelhantes
como sacrifício. Quando prefere deixar os outros expiar pela culpa de seus medos - e
isso é inevitável neste ciclo de desenvolvimento - significa ao mesmo tempo em que os
outros assumem o papel de vítimas. É dessa maneira que são criadas ligações que, num
estágio posterior, têm de ser desfeitas, na maioria das vezes no ciclo de almas maduras
ou antigas.
Para percorrer esse ciclo com vantagem para sua evolução, a alma infantil precisa
ter a possibilidade de eximir-se da culpa e de atribuí-la às outras pessoas. Visto que não
consegue compreender o próprio sofrimento nem as próprias razões pois, para isso,
ainda lhe falta consciência, ela segue segundo o esquema de castigo e recompensa, e
aplica o castigo aos outros para se sentir melhor. Ela não deixa o castigo com uma
autoridade superior porque entende o divino como uma mera presença para a qual pode
voltar-se para vencer suas dificuldades. Portanto, ela precisa pegar em armas concretas,
sejam estas espirituais ou materiais, para executar o que acha necessário na sua posição.
Ela mata para poder sobreviver - não por motivos morais, não pelo desejo de ajudar a
obter vitória para um ideal, mas porque, assim, cria um espaço livre para as próprias
ações e desejos de desenvolvimento.
A alma infantil não está em condições, nem está preparada para assumir
responsabilidades pelo que faz - para impor-se e tornar-se independente. Para ela,
responsabilidade é um conceito que, eventualmente, pode ser compreendido no sentido
material. Da mesma forma que um camponês se sente responsável pela sua vaca porque
ela lhe presta serviços e o sustenta, e ele a perde se não a ordenhar, também a alma
infantil contempla o meio ambiente e o próximo como criados para atender às suas
necessidades. Á medida que eles executam sua função atendendo a seus desejos, ela
assume a responsabilidade por eles. No âmbito da formação da sociedade e da política, a
atitude da alma infantil leva a uma revolta cheia de desamparo, que é caracterizada pelo
fato de “os outros”, ou “os lá de cima”, sempre terem a culpa quando algo perturba ou
prejudica a alma infantil.
A alma recém-nascida não aceita nenhuma influência. A alma infantil, ao contrário,
se articula por queixas e reações, sem que isso esteja ligado a um modo de agir
conseqüente ou modificador. A alma infantil nunca se importa em mudar algo por si
mesma. Ela só realizará algo quando os outros assumirem a responsabilidade pela sua
ação, pois ela não entende o fato de que grandes mudanças pressupõem mudanças
pequenas. Quando as coisas não acontecem como ela deseja, isso tem a ver com os
outros a quem cabe a culpa. Ela é a vítima das circunstâncias, ou ao menos ela se sente
assim; neste caso, também não está em condições de assumir a responsabilidade pela
organização global.
Mas ao aproximar-se do final desse ciclo de desenvolvimento anímico, sua
perspectiva se modifica e a alma infantil começa a reconhecer que também ela pode dar
sua contribuição para a formação da própria vida. E ela desenvolve um novo prazer, não
só em se recusar a fazer tudo o que exigem dela, mas também em fazer sugestões para
mudanças em geral. Ela também desenvolve ideais e, agora, consegue imaginar como o
mundo poderia ser se não fosse como é. Com isso, ela volta seu anseio para o perfeito,
que contrasta visivelmente com o que ela vê. Ela faz pedidos e reza para sua presença
divina, a fim de dar expressão à sua esperança para alcançar uma mudança de vida e das
exigências da vida atual. Contudo, ainda é uma força exterior a ela a única que pode
melhorar-lhe o destino.
A religiosidade
O mal também tem da umaalma
sérieinfantil volta-se paraAum
de representantes. grande
alma número
infantil de figuras
cria um panteãodivinas.
de
presenças às quais pode dirigir-se e pelas quais se sente dominada. O céu dos deuses e
os templos estão cheios de imagens e de estátuas que tanto trazem tranqüilidade como
também confusão. A tranqüilidade é alcançada pelo fato de a alma infantil poder dirigir-
se a uma figura esculpida à semelhança dos deuses, mas também à semelhança humana,
para obter seus pedidos. A confusão é criada pela pergunta sem resposta: o divino, a
divindade isolada ou a manifestação de um Boddhisattva podem atender de fato aos
seus desejos? A imagem que se adora de fato recebe o amedrontado fragmento anímico
ou continua calada, imóvel e impiedosa?
Nesse sentido, a responsabilidade também fica totalmente com a imagem criada pela
alma infantil. Contudo, quando as orações não são ouvidas, ela atribui a si mesma parte
da culpa e se sente na obrigação de tomar novas medidas para mostrar sua submissão ou
para aplacar a ira da divindade. A divindade ou o sagrado tem de ser obrigado a
conseguir aquilo que a alma infantil não acha que é capaz de realizar. E ela insistirá
nisso por tanto tempo até ter passado ao estágio de alma jovem; e então, como reação,
resolverá fazer tudo sozinha, para nunca mais ter de depender da ajuda de ninguém.
A alma infantil gosta de brincar com a vida e com as possibilidades que moldam a
sua existência. Para tanto, prefere movimentar-se pelas regiões do “como se” e do “o
que aconteceria se”. Para ela é importante experimentar algo novo sem ter de correr
riscos grandes demais, sem ter de sofrer as conseqüências. Ela se manifesta, porém
precisa da possibilidade de retrair-se de novo a qualquer momento. Seus desejos e
fantasias são impressionantes; no entanto, são poucas as providências que toma para
transformá-los em realidade. Muitas vezes, basta-lhe “viajar” com os pensamentos e
com o potencial que considera digno de realização. Ela também brinca com os
relacionamentos, não com má intenção ou por falta de amor, mas pela necessidade de
não ter de comprometer-se. Ela não acha nada demais nisso, e também não sente nada
demais pelo fato de se unir temporariamente com alguém para depois abandoná-lo, quer
se trate de um parceiro, de um amigo ou um filho.
A alma infantil não consegue concentrar-se por muito tempo no mesmo ponto do
seu desenvolvimento. Como um gatinho que ainda não sabe muito bem o que fazer com
o rato que ele viu, caçou e transformou em sua presa, assim a alma infantil lida com
suas experiências, deixa-as fluir de um lado para outro, observa-as, curiosa, e quando a
curiosidade estiver saciada deixa que se vão.
A sexualidade da alma infantil também se caracteriza por essa atitude. As fantasias
representam um papel muito especial; contudo, raras vezes são compartilhadas com o
parceiro. Elas se limitam ao “o que aconteceria se”. Sua vida sexual é marcada por
“perdas” e por recuos infantis. O medo de perder os limites da recém-adquirida
individualidade determina a vida sexual. O medo de responsabilidades grandes demais
faz com que nem sempre seja possível gerar e dar nascimento a uma prole numerosa;
porém, isso não acontece pelo desejo de querer assumir mais responsabilidade por um
número menor de filhos, mas para não se sentir pressionada demais. A alma infantil já
está pronta e se sente chamada a tomar providências conscientes, protetoras, para não
perder a identidade ainda instável. Para isso ela está disposta a aceitar voluntariamente
certas limitações. O Tu é compreendido como Tu, mas como algo estranho e
essencialmente separado do Eu.
Como a alma infantil num corpo não espera poder dividir seu interior inseguro com
qualquer outra pessoa, ela renuncia à expressão de seus sentimentos, de forma que ao
mundo exterior só se tornam visíveis os resultados ou modos de expressão de emoções
já elaboradas ou reprimidas.
A saúde física da pessoa com alma infantil, via de regra, é boa e estável, Ela só é
prejudicada por influências aparentemente ocasionais do destino, provocadas por outras
pessoas, através de acidentes, prisão, catástrofes naturais ou tratamentos médicos
errados. A alma infantil parte essencialmente do princípio de que nada pode acontecer
com seu corpo se ela for suficientemente cuidadosa, observando o exterior ou fugindo
instintivamente dos perigos. E como está convencida de que é invencível e imortal
graças ao uso das forças do seu ego, ela se presta inconscientemente a todas as
intervenções possíveis que lhe permitam viver o imprevisível e o incompreensível,
mesmo que também os resultados prejudiciais sejam projetados para fora. Ela mesma
nada tem a ver com tudo isso. Coisas horríveis lhe acontecem e a fazem de vítima e ela
nada pode fazer contra os fatos.
Nos olhos da alma infantil reflete-se uma ingenuidade peculiar e, muitas vezes,
também uma vulnerabilidade ligada à posição de vitima inconsciente que acabamos de
descrever. A alma infantil irradia duas mensagens A primeira diz: “Ninguém pode me
fazer nada”. E a segunda: “Você não pode fazer isto comigo!” E as outras pessoas
reagem a essas mensagens. Elas sentem o impulso de poupar a pessoa com alma
infantil; e, no entanto, sempre são provocadas de novo, de algum modo, por essa
ingenuidade e pela falta de proteção que elas estimulam - mesmo sem querer - a fim de
comprovar a atitude da alma infantil, mostrando que ela mesma é pura e inocente e que
o mal só pode ser encontrado fora dela.
Com relação à população total do planeta Terra, a proporção de almas infantis no
final do século XX é de cerca de 18%. O Continente Africano, bem como algumas
nações do sudoeste asiático - Indonésia, Coréia, Burma, Vietnã - são povoados, em
grande parte, por almas infantis. Também na América do Sul e nos pólos, até um terço
dos que lá vivem pertencem a esse ciclo anímico. Na Alemanha, o tipo de alma infantil
representa 16% da população.
Para fazer e integrar todas as experiências deste ciclo, uma alma precisa viver
encarnada pelo espaço de quinze a vinte existências. Ao chegar ao final do ciclo, ela
desenvolve uma crescente disposição para assumir responsabilidades por si mesma e
pelos outros. Depois de passar por vários sofrimentos, ela percebe que a vida não é uma
brincadeira. Ela começa a encarar a formação de sua vida e compreende que custa
trabalho e esforço criar e desejar criar. Compreende e não ficará satisfeita, aceitando seu
destino, vivendo-o passivamente. Ela se prepara para uma fase de grande atividade e
autodeterminação, que lhe será proporcionada pelo ciclo da alma jovem.

3 - A Alma Jovem

Se vocês compreenderem os exatos setenta anos que representam a média geral de


um ciclo de reencarnação com os setenta anos da vida de um ser humano, o ciclo da
alma jovem dura mais ou menos do décimo quinto até o trigésimo quinto ano de vida,
portanto, uns bons vinte anos.
A alma jovem não é mais “criança”. Porém, ela também ainda não está madura.
Contudo, ela crescerá durante o ciclo da juventude. Ter crescido e ser maduro são duas
coisas diferentes. Depois do estágio da alma recém-nascida e da alma infantil, começa
um período que dura relativamente bastante e, por isso, oferece muito espaço para o
desenvolvimento. Nenhum outro ciclo dura tantas vidas, pois a alma jovem estabelece
nesse período as bases para um novo desenvolvimento. Essas bases consistem numa
orientação provisória, na formação de um sistema de valores, na prova das forças, num
conflito com
Muitas o mundo,
vidas na satisfação
são sacrificadas parados desejos eas
reconhecer narelações
formação das oforças
entre eu e odomundo,
intelecto.
e
para sondar até que ponto vão as possibilidades, o que será necessário e o que basta para
controlar a si mesmo e ao mundo.
Assim como nas historinhas o jovem herói deixa o pai e a mãe para percorrer o
mundo, para cometer erros e alcançar o sucesso, assim também a alma jovem deixa o
abrigo da sua dependência, torna-se autônoma, pega o bastão do viajante e conquista o
mundo. Ela se mete em aventuras e está preparada a levar tropeços, a fracassar e a
suportar todos os riscos possíveis, só para satisfazer essa sua sede de aventuras. Isto não
significa que ela esteja de fato consciente dos perigos e das adversidades. Ela as
considera possíveis; no entanto - exatamente no inicio deste ciclo -, tenta ignorá-las
porque senão não terá coragem para se aventurar. É por isso que a alma jovem ainda é
de uma ingenuidade quase infantil na primeira fase desse ciclo; essa ingenuidade ao
mesmo tempo a protege de várias dificuldades e lhe sugere que tudo o que lhe acontece
de desagradável não é tão ruim e que é fácil livrar-se desses percalços.
A alma jovem luta pelo sucesso visível, exterior. Para ficarmos com a imagem dos
contos de fada - ela gostaria de voltar vitoriosa para casa e presentear os pais com o
triunfo alcançado sobre aquilo com relação ao qual eles a tinham prevenido. Assim, a
alma jovem é uma corajosa matadora de dragões, uma pessoa que parte para ir colher os
frutos da árvore da vida e também para comê-los a fim de conquistar riqueza e poder - e
estamos falando propositadamente de riqueza e de poder e não de prosperidade e
influência. Prosperidade e influência são conceitos que devem ser atribuídos às
necessidades da alma madura. A alma jovem não se satisfaz com a prosperidade. Ela
está decidida a chegar aos limites do que é factível para, se for o caso, ultrapassá-los. E
exercer poder é atraente para ela. Afinal, ela quer ação e movimento, e quer decidir
sempre ativamente sobre sua vida e não despreza a chance de interferir, também
ativamente, no destino dos outros sempre que se apresenta uma oportunidade.
A partir das diversas variáveis matriciais, vocês sabem que tudo o que existe pode
ser usado de forma positiva ou negativa. Isso também vale para a riqueza e o poder. A
alma jovem de forma alguma tenciona fazer mal ou usar mal as conquistas do
progresso. Bem ao contrário: ela quer passar pela vida sem se tornar culpada de nada.
Exatamente isso mostra a sua ingenuidade, pois nesse ciclo ela desejará passar por
experiências em que, sem ter culpa, ela se tornará culpada, o fato de se envolver em
situações em que terá de fazer escolhas: laços kármicos são inevitáveis.
Embora a alma jovem queira o melhor, ela comete inevitavelmente os erros mais
grosseiros, visto que ainda lhe faltam experiência, serenidade e sabedoria, que são
obtidas no ciclo de almas maduras e antigas numa proporção cada vez maior. O ciclo de
almas jovens, portanto, é um período de desenvolvimento que traz consigo o necessário
contato com a injustiça, com o mau uso do direito, com a crueldade, com o egoísmo,
com a falta de respeito e com o fanatismo. Também significa que a maioria dos laços
kármicos são firmados nesse período. Os entrelaçamentos em que se enreda uma alma
por meio de atitudes kármicas são necessários, visto serem pressupostos para o
conhecimento das regularidades do todo e constituírem o aumento da capacidade de
amar. Trata-se de um período de turbulência, de ascensão e de queda, de grandes
contrastes. Todas as fronteiras são medidas com passos, não só no plano ativo da ação,
mas também no plano passivo do sofrimento. Contudo, não são só experimentados o
sofrimento e a sujeição ao sofrimento, mas também os primeiros atos conscientes de
amor e desamor.
A alma recém-nascida e a alma infantil fazem muita coisa, fazem o que é digno de
afeto ou não. No entanto, de forma alguma elas têm conhecimento disso. No melhor
sentido
começa pode-se dizer que
a reconhecer delas:
as não sabem
ações, tantoo as
que fazem.
boas comoAoascontrário, a alma
más, trazem jovem
conseqüências.
Ela ainda não consegue ver a dimensão das conseqüências e também tenta fechar os
olhos para não vê-las. Contudo, a atitude já não é tão clara. As certezas mais firmes
começam a oscilar. Visto que a alma jovem se considera toda-poderosa, e de fato
consegue alcançar grande êxito no controle do seu próprio mundo, ela não quer nem
pode imaginar que de fato algum dia terá de pagar pelo que fez. E porque esta
derradeira conseqüência é negada, a idéia de culpa, castigo, pecado e penitência
desempenha um papel tão grande no mundo dos pensamentos, da ética e da moral da
alma jovem. E visto que para ela não é possível levar em consideração uma
compensação num ciclo anímico posterior, ela tudo faz para que todo castigo lhe seja
dado aqui e agora. Ela promulga leis mais severas e também rende homenagem a
princípios religiosos como a um juiz inexorável que impõe penitências pesadas para
todo pecado na Terra, no além ou por parte dos deuses. A penitência tem de ser sentida
no próprio corpo através de sofrimentos, da morte e da tortura, pelo corte dos membros
a golpes de machado, pelo cárcere perpétuo ou pelo fogo do inferno.
A alma jovem ainda não consegue perdoar verdadeiramente a si mesma pelo fato de
não ser perfeita; a partir dessa tensão interior ela faz muitas coisas destinadas a ensinar a
perfeição aos outros; contudo, trata-se de uma perfeição no sentido de que não deve
mais existir nenhum erro. E quando há erro, ele é penalizado com castigos draconianos.
A alma jovem também precisa manter longe de si todos aqueles que possam lembrá-la
de suas próprias deficiências. Assim que ela consegue conquistar poder e riqueza, e o
correspondente status, a alma jovem só gosta de circular entre seus iguais. Ela não quer
saber se há os outros que passam mal, que têm fome ou passam frio, que estão doentes
ou são infelizes. Tudo isso representa uma grande ameaça para ela e abala a sua crença
de que foi premiada com a prosperidade por uma presença divina devido à sua
honestidade e à correção de suas atitudes. Ela conclui que as pessoas que passam mal,
não só são responsáveis pelo próprio estado, mas também têm de ser castigadas na Terra
e no além pelos seus erros.
Isto torna fácil para a alma jovem distinguir entre o bem e o mal. E assim, ela
também cai no fundo do poço quando em algum momento a sorte lhe é negada, quando
fica doente ou quando a traem. É então que se sente enganada pelo destino e se sente
culpada, embora não saiba por que, e transfere seus sentimentos de culpa e o ódio por si
mesma para outros, para gente mais fraca. Essas pessoas tornam-se, então, os bodes
expiatórios das dificuldades pelas quais a alma jovem tem de passar.
Esse ciclo dura muito tempo - como já dissemos -, e está para tornar-se ainda mais
longo, levando em consideração mais vidas do que antes, justamente pelo desejo das
muitas pessoas no planeta de vocês que querem permanecer jovens durante o maior
tempo possível, conquistando cada vez mais riquezas, desenvolvendo a necessidade de
apegar-se por mais tempo aos valores desse cicio. O ciclo de almas maduras só pode
começar quando as conquistas antes dignas de esforço e para as quais ela usava toda a
sua energia não parecerem mais tão abençoadas à alma; quando a alma começa a
questionar a felicidade exterior e sente certo desagrado em continuar a esforçar-se por
essas conquistas, o ciclo jovem termina. No entanto, enquanto os sistemas de valores da
sociedade de vocês continuarem a colocar a juventude, o sucesso, a riqueza e a saúde
acima de tudo o mais, a maioria das almas não conseguirá libertar-se definitivamente do
ciclo de almas jovens, embora ele já tenha se estendido bastante.
Não há nada que a alma nesse estágio de desenvolvimento deseje mais do que uma
comprovação válida da sua existência. A alma recém-nascida e a alma infantil existem,
mas não têm dúvidas nem consciência desse fato. A alma jovem conquista lentamente
um
sou distanciamento interior
eu? Para que estou de E
aqui?” si mais:
mesma“Eu
e pela primeira
existo vez, surge a pergunta:
verdadeiramente?” “Quem
Por isso, em
grande medida ela se volta para a reflexão e a confirmação, por assim dizer, como prova
da sua existência. Busca reflexos e provas por meio de valores externos, visto que esses
lhe parecem mais compreensíveis e têm maior força de comprovação. Ela conhece a si
mesma quando se contempla através dos olhos das outras pessoas. Não importa se se
trata de um engraxate, que põe todo seu orgulho no brilho dos sapatos alheios e se
identifica com o elogio que recebe quando executa seu trabalho a contento do freguês,
ou de um político que avalia seu valor pelo número de votos ou pela fama dentro do seu
partido. O brilho exterior e a repercussão que o acompanha é o que fortalece a auto-
estima da alma jovem; e esse brilho tem de ser mantido mediante um constante
polimento.
Isto se revela na conceituação que vocês associam com a palavra “auto-imagem”. O
cantor popular, os arautos que anunciam o despertar, o líder de uma banda juvenil ou o
melhor aluno da classe também zelam pela sua imagem. Todos dependem da admiração
construtiva e da confiança do meio; e essa admiração deve manifestar-se, se possível,
também por meio de valores materiais, pois o valor material e o valor pessoal estão
diretamente interligados no modo de ver da alma jovem.
Portanto, a alma jovem precisa do semelhante para se assegurar constantemente de
que está viva. Isso ela também faz oportunamente quando tenta livrar-se de todos os
compromissos, num orgulho repleto de medo, para descobrir se também pode viver sem
o apoio da confirmação alheia. A recusa do elogio, a excessiva necessidade de
estabelecer limites e a saudade de uma autonomia absoluta mostram a carência que está
por trás do desejo de não depender de ninguém. A alma jovem dá muito valor ao
progresso, às melhorias e à ascensão. Seu caminho não se assemelha a uma estrada na
planície, mas apresenta-se como uma escada ou uma escadaria íngreme. A alma jovem
acha a subida cansativa, mas fica muito orgulhosa e contente cada vez que consegue
superar essa fadiga.
A alma jovem volta seu olhar para o degrau mais alto e para aqueles que estão acima
dela. Progresso, neste caso, sempre significa algo mais: mais fama, mais sucesso, mais
reconhecimento e mais confirmação. E visto que sempre mantêm os olhos voltados para
o alto, ela também sofre com sentimentos de inveja que não cedem enquanto existirem
degraus e melhorias que ainda não foram atingidos.
A alma jovem mal tem consciência do seu valor como indivíduo; por isso, ela se
compara incessantemente com os outros para se definir. E para não ficar sempre por
baixo nessa comparação - pois há sempre pessoas que têm mais, que representam mais
-, a alma jovem lança mão da postura protetora do desprezo e, franca ou veladamente,
faz pouco do vizinho que possui campos maiores ou um automóvel mais caro ou uma
mulher mais bonita, só para não ter de se humilhar constantemente fazendo uma
comparação pessoal. A alma jovem tem dificuldade para reconhecer seus sentimentos
de inveja. Antes, espera que sempre haja alguém que fique com inveja dela. E visto que
dispõe de motivações interiores tão intensas, que a estimulam a agir e lhe dão forças
para querer e obter algo, ela de fato consegue coisas grandes e impressionantes - seja lá
que for que no seu meio possa ser considerado formidável e impressionante. Ao
estabelecer relacionamentos sociais, familiares ou administrativos, comerciais ou
políticos, ela conduz ativamente seu próprio destino e o destino dos que confiam nela. A
alma jovem vibra pelo seu direito de ter um séquito e faz meticulosamente distinção
entre inimigos e amigos. Quem for seu amigo pode, sem sombra de dúvida, esperar boas
coisas dela. Um inimigo há de sentir inimizade não desfeita, porém sempre saberá qual
é a sua situação.
A alma
organiza jovem
seus precisadedemodo
interesses clareza e cria
claro, essa clareza.
quando Ela se sente
sabe exatamente muito
o lugar debem
cadaquando
objeto,
quando sabe em quem pode confiar, o que deve ser feito em seguida e qual é o seu
objetivo. A insegurança lhe traz dificuldades. Em grande medida, a alma jovem é
dinâmica e se movimenta bastante.
O tipo clássico da alma jovem é o lavador de pratos, que sobe na vida tornando-se
um milionário, ou o aprendiz de moleiro que se casa com a princesa. A vida, assim
como a alma jovem a entende, deixa abertas todas as possibilidades. Na sua dinâmica,
digna de admiração, também há uma criatividade direta que se apóia numa riqueza
fundamental de idéias; fundamental porque serve à sobrevivência triunfante e à
realização triunfal vencendo a oposição. A alma jovem dá asas a este pensamento: “Eu
ainda vou mostrar para vocês!”
Esse pensamento mobiliza todas as energias disponíveis e aumenta sua força de
vontade. A esperança de que melhorem as circunstâncias, de que haja satisfação plena e
de que a subida da escada do sucesso se realize, essa esperança nunca se esgota. E se a
vida atual não concretizar essa esperança, a ponto de a alma jovem quase chegar a
duvidar de seus ideais, esta volta suas pretensões de elevação para os planos após a
morte. Depois de morrer, por certo acontecerá tudo o que esperava que acontecesse na
Terra: brilho e glória, pompa com exibição de pessoas, saúde eterna e magnificência,
mas também satisfação de todos os desejos instintivos que lhe foram negados durante a
vida no corpo por motivos incompreensíveis.
O caráter sexual da alma jovem, que se expressa por meio de uma forte sensualidade
que anseia pela satisfação imediata dos desejos, une-se à idéia básica de que o que está
disponível não basta e que a salvação está no aumento da quantidade da oferta. É por
isso que a alma jovem precisa de muitos contatos sexuais ou de vários parceiros. O
desejo da conquista, o anseio pela comprovação a faz desejar exatamente as pessoas que
se opõem a ela ou que se esquivam, pois sua dinâmica interior é estimulada por
pensamentos do tipo “isto você não pode ter imediatamente”, o que libera uma enorme
tendência para conseguir a necessária satisfação. Conforme a sociedade em que a alma
jovem vive admira ou considera tabu essa atitude, a exibição do parceiro sexual
conquistado, ou a manutenção oficial dos próprios desejos em segredo, é de grande
importância. O anseio não é o de reprimir a sexualidade; quando ela é castigada por
sanções, ainda resta a fantasia como válvula de escape, uma fantasia que lida com o
tema da conquista, da humilhação, com a conquista à força e com o triunfo, pois a alma
jovem quer alcançar algo em todos os âmbitos da sua vida, algo que lhe pareça digno de
esforço e nada a deixa mais insatisfeita do que uma satisfação transitória.
Como a alma jovem é irrequieta e também se sente basicamente insegura, ela busca
incessantemente a segurança. Ela acha que encontrará essa segurança na posse de terras,
no acúmulo do dinheiro, que não deve ser gasto, num casamento impecável e em
relacionamentos com parentes e religiosos que revelem um tesouro dogmático seguro,
indiscutível, de diretrizes pelas quais ela possa orientar-se. Ela quer saber o que é
apropriado e o que é proibido; ela precisa de leis e prescrições que digam o que é certo e
o que é errado; e quer poder contar a qualquer tempo com a segurança do conhecido, do
habitual.
Quanto mais cheia de mandamentos, proibições e tabus for uma postura religiosa,
tanto mais atende às necessidades da alma jovem. Ela consegue atenuar sua inquietação
no plano espiritual pelo fato de ter sempre diante dos olhos o que é permitido e
desejável ou o que é pecaminoso, portanto, sujeito a castigo. Enquanto a alma recém-
nascida e a alma infantil veneram de preferência religiões da natureza ou formas
xamânicas de culto e ritos de conjuração com sacrifícios de animais, movimentos de
dança e cerimônias
divindades, com queima
a alma jovem dereligiões
tende às incenso, monoteístas
êxtases corporais e adoração
por motivos de várias
de segurança;
nelas há uma severa divindade paternal ou maternal que vela sobre tudo, determinando
com exatidão o que serve para apaziguá-la e o que vai contra suas regras. O
estabelecimento de limites claros e de definições nítidas não isenta a alma jovem
totalmente de suas dúvidas no que se refere ao bom comportamento, pois sempre resta
algo incompreensível que traz insegurança, quer se trate de uma expressão de
misericórdia ou de uma forma despótica de castigo. A divindade que tudo dirige e que
tudo vê, de certa maneira é imprevisível, pois lhe são atribuídos um desejo e uma
onipotência que a alma jovem acha muito confusos e a que se considera
desamparadamente entregue. Por mais que ela preste atenção para não pecar contra os
mandamentos divinos, mais ela estará consciente de que um único erro cometido por
desatenção basta para acarretar a condenação. Em muitos casos, isto faz com que a alma
jovem diga para si mesma: “Ou vai ou racha!”, agindo rigorosamente contra as
prescrições, já que não pode confiar em algo tão inseguro quanto a misericórdia e o
perdão.
Ela ainda não tem acesso ás leis kármicas da compensação. Como vive muito
enfronhada na matéria e no plano físico, acha que, com o desaparecimento do corpo,
tudo chega ao fim. Então para que se esforçar, para que ser bom, quando isso talvez não
seja reconhecido por Deus? Também nesse caso o reconhecimento e a confirmação têm
grande importância. Quando uma alma jovem não consegue manter sua crença no além,
no sentido de um dogma religioso, com um céu ou com um paraíso, inferno ou
purgatório, ela não se vê motivada a seguir os mandamentos. Bem ao contrário, ela quer
descobrir se o que lhe é prometido de fato é verdade, e segundo sua opinião, ela só pode
fazer algo na medida em que faz uma experiência apesar de todo o medo que tem do
inferno.
Segurança e insegurança como dois aspectos da mesma necessidade também ficam
visíveis aqui. A alma jovem anseia por autenticidade e perfeita segurança. Ela gostaria
de poder confiar cem por cento em todas as promessas, também nas promessas de um
sacerdote. Para certificar-se se elas são válidas, ela tem de pecar contra os
mandamentos. Com isso a alma jovem torna-se fortemente insegura, insegurança que
por sua vez leva a uma necessidade mais intensa de segurança.
A manutenção dos rituais que lhe propiciam segurança, dá-lhe grande satisfação e
lança os alicerces da tão desejada segurança. Rituais em família, no contexto religioso,
mas também na vida dos negócios, na bolsa de valores, no decorrer da vida cotidiana,
no trajar, nos cuidados com o corpo e com a alimentação determinam a sua vida e lhe
dão apoio. Ela precisa de apoio e o busca nas formas de agir, visto que só raras vezes o
encontra em si mesma. Os rituais lhe dão a proteção da comunidade e a possibilidade de
se definir como membro de uma família, de um grupo, de uma tribo ou de um povo. A
definição da própria identidade ainda está presa às normas da comunidade. O apoio vem
de fora. Um outro apoio não é procurado.
O trabalho que uma alma jovem dedica à construção e à manutenção do seu mundo
a deixa satisfeita, e quando esse mundo chega a ruir por qualquer motivo, ela logo
começa a construí-lo outra vez. A alma jovem gosta de trabalhar; o trabalho lhe dá
segurança; ela sabe que pode influenciar o curso da sua vida por meio dele. Essa
sensação sempre a deixará feliz. Assim, ela lida com mais facilidade com o destino do
que a alma madura, passando por cima dos obstáculos, arregaçando as mangas e
recomeçando quando necessário.
A alma jovem nunca desistirá e até o último suspiro não duvidará da possibilidade
de ser feliz. E como luta pela felicidade com o que conseguiu, ela lança suas conquistas
epor
sucessos
eles. Elaemsesua conta
sente pessoaldee tudo
orgulhosa também está
o que disposta aOreconhecer
conquistou. destino, osos erros e a pagar
entrelaçados
caminhos da vida, as razões conscientes e também os planos da própria alma não raro
continuam sem serem levados em conta. Eles são postos para o lado ou ignorados, para
que apenas fique na consciência o brilho do trabalho bem feito. No entanto, isso faz
com que a alma jovem também tenha sucesso para alcançar estados de satisfação que
são únicos e que só acontecem uma vez. No elevado sentimento proporcionado pelo fato
de dominar a vida, a alma jovem encontra uma grande certeza e a aproveitará até
ultrapassar o limiar para o ciclo da alma madura.
Perto do final do século XX, segundo a contagem que vocês fazem do tempo, haverá
na Terra, ao todo, cerca de 41% de almas jovens. A maioria delas vive no Continente
norte-americano e na Europa, mas também no Japão, na Tailândia e na Malásia. Na
Austrália há um número maior de pessoas cuja alma se encontra nesse ciclo de
desenvolvimento. Nos países da antiga União Soviética vive uma porcentagem de 10%
de almas jovens. Na Alemanha a participação de almas jovens é de 45% da população.

4 - A Alma Madura
A alma madura descobre um novo mundo. Enquanto está nos estágios de alma
recém-nascida, infantil e jovem, a alma dedica-se totalmente à pesquisa e à obtenção de
condições exteriores e possibilidades de encarnação; a alma madura se depara com
níveis de realidade até então desconhecidos que, além disso, não a interessavam antes.
Agora, a idéia de ter uma psique e uma alma torna-se uma realidade concreta. A alma
madura vivencia uma discórdia interior, mas também passa por um ininterrupto diálogo
entre suas experiências interiores e exteriores.
Dissemos que a alma madura descobre um mundo novo. Ela se sente como uma
pessoa que veste um equipamento de mergulho e se arremessa às ondas do mar; cheia
de um espanto imensurável e de um certo grau de angústia, ela vê pela primeira vez o
mundo submarino com sua multiplicidade de formas fantásticas e coloridas. Muita coisa
desperta-lhe a curiosidade, outras, porém, representam uma ameaça. Ela não sabe
organizar o que vê, tem medo e está à mercê do desconhecido. Ela não sabe onde está o
perigo e onde pode sentir-se segura. Quer aprofundar-se, mas não conhece as condições
e regras que regem o reino das profundezas com seu espaço repleto de vida misteriosa e
inexplorada.
E assim como o mergulhador tem de voltar à superfície para respirar, encher o
equipamento de oxigênio ou para não ficar por demasiado tempo sujeito à pressão da
profundidade, assim também a pessoa cuja alma atingiu o estágio de maturidade
anímica tem de aprender a lidar cuidadosamente com as condições das dimensões que
acaba de conquistar. Ela não deve se aproximar continuamente das profundezas da sua
realidade interior. Justamente no início deste ciclo ela deve cuidar de ficar
predominantemente nas esferas da realidade exterior, que chegou a conhecer muito bem
durante os três primeiros grandes ciclos anímicos de desenvolvimento. Eles estão à sua
disposição e ela os domina, à medida que podem ser dominados.
A alma madura começa a reconhecer problemas em toda parte onde antes parecia
não haver dificuldade. Uma alma jovem está sempre pronta a negar ou a deixar de lado
todos os seus problemas, conflitos e dificuldades com muita empáfia. Ela acha que tem
solução para tudo e que tudo pode ser feito; o que parece escapar-lhe ao controle, ela
simplesmente ignora, visto que não quer gastar energia com incertezas relativas à
própria fé. A alma madura consegue enfrentar melhor seu medo frente aos problemas e
por issoela
dentro, também
agora tem maisdescobre
também problemas. E como
abismos seu olhar
e zonas começa
escuras a voltar-se
que antes de fora
não viu. Agorapara
ela não pode mais ignorar o que a impele para o alto, e com crescente coragem ela
estrutura sua vida de tal forma que a problemática dos relacionamentos, do trabalho, das
posses, da saúde e do sucesso podem desempenhar um papel cada vez mais importante
em sua vida.
E quanto maior for a freqüência com que uma alma entra em contato com as forças
de sua existência ao fazer uma auto-análise, tanto mais dolorosas serão suas discussões
com a estrutura da própria identidade. Ela mergulha nas profundezas, na escuridão da
psique e sempre volta à tona para aprender a conhecer melhor a própria vida. Ela
descobre a profunda insegurança contida na pergunta “Quem sou eu?” E, no entanto,
ouve também novas respostas que, ao menos temporariamente, a consolam e lhe dão a
certeza de que também vive independentemente da aprovação das outras pessoas, da
norma social, da nação e da raça.
Com a crescente consciência de si mesma, a alma madura reconhece as ligações que
se estendem aos planos físico, psíquico, mental e anímico. Agora ela não busca mais os
que são iguais a ela, como se isso fosse natural, mas aproxima-se de pessoas que
exercem uma atração sobre ela exatamente pelas diferenças, o que estimula o seu
crescimento. Uma diferenciação na visão do mundo, na direção de vida ou na formação
dos relacionamentos não é mais considerada uma ameaça pela alma madura ou algo a
ser castigado com o desprezo. Uma pessoa com alma madura busca novos
relacionamentos e também sente uma nova solidariedade pelos outros.
Mas não é só a descoberta das pessoas, como a sua multiformidade colorida, que
satisfaz uma alma nesse ciclo, mas é também sua ligação com a natureza que adquire
novos aspectos. O mundo dos fenômenos físicos, químicos, biológicos ou geológicos
desperta nela um respeito até então desconhecido. Ela começa a pesquisar os inter-
relacionamentos entre o micro e o macrocosmo, pois seu olhar tem um alcance que vai
além do que pode ser diretamente percebido. Aos poucos ela vai reconhecendo que uma
força espiritual liga todos os fenômenos da sua vida; e então consegue ver a si mesma
como uma partícula significativa do todo que compõe a existência.
A alma jovem tinha uma experiência sobre si mesma principalmente pelas suas
ações. A alma que vai amadurecendo vê a ação como uma necessidade que, no entanto,
não lhe dá significado. E com a mesma freqüência com que uma alma madura busca o
sentido da vida em todas as esferas, visíveis e invisíveis, com a mesma freqüência ela
duvida da possibilidade de descobrir esse sentido. Agora ela leva a vida no corpo mais a
sério do que antes, e a seriedade de vida torna-se consciente de forma diferente do que
acontece com a alma jovem. Na verdade, só agora ela entende que o sofrimento, a
desesperança, a tortura não são fenômenos provocados pela falta de amor ou pelo
pecado, mas que pertencem diretamente à sua vida e ao seu acúmulo de experiências.
Para a alma madura não é fácil lidar com esse lado sombrio da vida. Contudo, nesse
ciclo, ela o sente em maior profundidade do que antes ou do que o sentirá depois. Com a
experiência, ela adquire também uma grande compreensão do desgosto dos
semelhantes. É por isso que a alma madura opta por atividades que a façam entrar em
contato com os que estão em má situação: os pobres, os doentes, os infelizes e os
desesperados; ela entra em contato com os que sofrem alguma perda ou com os que são
prejudicados. Desse modo, a alma nesse ciclo faz muitas experiências sobre os aspectos
sombrios da existência sem ter de confrontar-se pessoalmente com eles em cada vida do
corpo.
Sua visão de mundo se modifica. O guia de todos os desejos e ações não é mais o
sucesso exterior, mas uma satisfação de plenitude interior, baseada numa avaliação
pessoal
artística,depor
valor.
maisAfragmentada
ética e a moral tomam-seque
ou maçante mais individuais
possa e também
ser, presta a expressão
mais homenagem à
massa, mas é reflexo de uma consciência da carência, da humanidade nua, da
transitoriedade da vida no corpo.
Agora também é assumida a responsabilidade numa medida que ainda era estranha à
alma jovem, e que a alma antiga mais tarde deixará de lado. Enquanto a alma jovem
gosta de assumir tarefas no mundo exterior, a alma madura tende a assumir
responsabilidades sociais. Ela se importa com o bem- estar da comunidade e não só com
o bem-estar dos mais favorecidos, porém com o bem estar dos que não têm força para
cuidar de si mesmos. A responsabilidade também representa um papel relevante no
plano psíquico. Como a alma madura mostra grande disposição para analisar os próprios
desejos e motivações e para tomar conhecimento das fraquezas pessoais, ela se põe
melhor em contato com o que lhe é possível e impossível realizar. Freqüentemente, no
entanto, acontece que essa responsabilidade se transforma numa responsabilidade que
provém do medo, de um bloqueio e também do fato de ter de assumir responsabilidades
adicionais. Então, quando acontece alguma coisa que não fazia parte de seus planos, a
alma madura atribui a si mesma a culpa, e o faz de maneira exagerada. Ela sofre com
seu fracasso, cai em auto- incriminação e em depressão porque não reconhece que
exigiu demais de si mesma. Ela tem saudade de um apoio, como o que conquistou nos
ciclos anímicos anteriores de desenvolvimento. Mas não encontra mais esse apoio na
esfera do essencialmente factível. Ela só o encontra quando analisa o próprio interior,
quando analisa o âmago do seu ser e quando consegue ancorar-se nele, concretizando
sua identidade.
Para vocês já ficou claro que este ciclo de desenvolvimento anímico não é fácil de
levar a cabo. Ele representa uma prova de fogo para a alma, à medida que ela deseja
cristalizar essas experiências de vida nos primeiros ciclos. Esta é uma fase de grandes
desafios e assemelha-se a um teste que se estende por muitas vidas. Normalmente, uma
alma precisa de vinte e cinco encarnações para chegar à plena maturidade.
Essas encarnações também são caracterizadas pelo fato de a pessoa reconhecer pela
primeira vez os vínculos kármicos com vidas anteriores. A alma começa a soltar-se
lentamente por meio de ações e de atitudes conscientes. O que provocava sofrimento, é
agora curado da melhor forma possível. A capacidade de amar da alma madura cresce
passo a passo, etapa por etapa à medida que as obrigações kármicas são reconhecidas e
aceitas. Justamente porque a alma madura não se mobiliza mais como antes com a
proteção do coletivo, mas luta cada vez mais pelo isolamento, ela fica extremamente
grata com qualquer encontro com o semelhante cuja alma já conheça de encarnações
anteriores, seja por meio de experiências prazerosas ou dolorosas.
Para a alma madura, ainda não é possível em cada caso o reconhecimento imediato
de uma vibração de confiança, mas ao chegar ao final desse ciclo a sensação de
reconhecimento anímico aumenta. No entanto, mesmo que os encontros não sejam
vividos conscientemente, ainda assim são válidos e, neste ciclo, são mais freqüentes do
que nos anteriores. E a alma madura vive esses encontros com uma intensidade jamais
conhecida. Basicamente ela está preparada para viver da mesma forma a alegria e a dor,
obtendo experiência pessoal, medindo seus limites, aceitando-os assim que os alcança.
Quase todas as encarnações dedicar-se-ão à missão de abrir ao menos uma ligação
kármica de consciência ou desfazer algumas dessas ligações perturbadoras. Fazendo
isso, a alma em vias de amadurecimento sempre chega outra vez ao ponto de desejar ser
boa e amorosa, compassiva e generosa, embora nem sempre seja bem-sucedida nisso,
porque ela mesma é muito carente devido à sua sensibilidade e ao seu sofrimento, que
ultrapassam os limites do seu amor.
Embora
sucesso tenhamos
exterior dito quedos
e no domínio a alma
seusmadura nãomas
desafios, busca
quemais
ela seo volta
seu bem-
paraestar no
o interior,
procurando reconhecer que a busca pela verdade individual e pela personalidade
autêntica lhe abre dimensões que ainda não haviam sido exploradas até então, isso não
significa que essas mudanças para as profundezas da própria psique façam a alma
madura renunciar prazerosamente à segurança material, à prosperidade e ao conforto.
Ao contrário: a alma madura precisa da segurança no âmbito da vida exterior para
poder voltar-se para o seu interior. E como ela está disposta a assumir seriamente
grande responsabilidade, freqüentemente ela se vê em posições sociais de influência,
que lhe permitem dispor de bens e de dinheiro. Ao contrário da alma jovem, contudo, a
alma madura não se identifica diretamente com o que conseguiu ou com o que
acumulou. Basta-lhe uma certa proporção de reconhecimento público e de prosperidade.
A alma madura verdadeiramente pode gozar do que está à sua disposição. Mas também
poderia arranjar-se com menos. Afinal, ela sabe que a moldura material de sua vida
física não passa de uma moldura e não é um objetivo, uma finalidade ou um conteúdo. E
como ela não está mais tão apegada aos bens materiais e como não se sente dependente
do sucesso e da riqueza durante toda a vida, inclusive na vida psíquica, ela consegue
lidar com o que lhe pertence e com o que vem às mãos de uma forma bem diferente.
Muitas vezes ela será generosa e liberal quando não houver o elemento matricial da
cobiça como característica anímica. E grande parte do que possui ela gastará para obter
bens não-materiais para si mesma: sabedoria, experiência, conhecimento e impressões.
No entanto, com isso não estamos querendo dizer que todas as almas maduras são
abastadas. Aqui falamos apenas de uma riqueza relativa, que depende do contexto
sociocultural do momento em que a alma madura se manifesta fisicamente. Porém,
como faz parte das etapas de aprendizado da alma madura reconhecer que sua vida
psíquica e espiritual segue outros regulamentos que não os do mundo da conquista e da
segurança material, é necessário para ela conhecer pessoalmente o contraste entre as
duas esferas, a interior e a exterior. Assim, muitas vezes acontece que uma alma madura
nasce num lar em que os pais lhe garantem uma infância despreocupada e
materialmente segura, mas que ela mais tarde tem de passar por uma perda a ponto de
não lhe restar nada, a não ser a certeza de que sua humanidade continua intocada no seu
interior, com todo o seu valor. Ou a pessoa nasce em circunstâncias de pobreza e,
posteriormente, chega à tão almejada prosperidade. Ao mesmo tempo, ela tem de
comprovar que é grata por essa vida, embora não possa deixar de admitir que toda a sua
prosperidade só serve como um meio para alcançar um objetivo, não sendo nunca o
objetivo em si. Ninguém melhor do que a alma madura sabe que o dinheiro não traz
felicidade, pois ela pode comprovar em si mesma e em outras pessoas com as quais
convive que muitas vezes acontece exatamente o contrário.
É por isso que a pessoa nesse estágio anímico é grata por todo momento de
felicidade. Ela aprecia esses momentos ou períodos mais intensamente do que a alma
jovem ou do que a alma antiga, visto que a alma jovem sempre acredita que a
verdadeira felicidade é algo que reside no futuro que ela não alcançou ainda; e a alma
antiga anseia tanto por uma felicidade que não pertence a este mundo que raras vezes
fica satisfeita com o que acontece no presente. Somente a alma madura no curso de suas
várias encarnações conhece momentos de reflexão tranqüila e repleta de felicidade.
A alma madura também precisa da família e dos amigos para sentir essa felicidade.
No entanto, mesmo quando está cercada por muitas pessoas que lhe querem bem, ainda
se sentirá um pouco isolada, pois suas necessidades no nível anímico, e também no
nível psíquico, são diferentes das necessidades dos seus entes queridos. Visto que se
esforça tanto para agir e sentir com mais consciência do que nos estágios anteriores da
sua evolução,
formação a almados
espiritual madura dáàmuito
alunos, valor
ação da suaàpersonalidade
educação dos sobre
seus descendentes,
a humanidadeàcomo
um todo. Em todos os aspectos da vida humana encontram-se almas maduras
representando o papel de professores, educadores, artistas, cientistas e políticos, bem
como de médicos e sacerdotes, artesãos e técnicos. Elas exercem influência sobre o
semelhante por meio de suas ações e também pelo seu modo de ser. Sempre que
exercem essa influência sobre seus semelhantes elas visam, em primeiro lugar,
transmitir o conhecimento que for possível por meio de alguma ação.
Uma pessoa que abriga uma alma madura é religiosa à sua maneira. Visto que não é
mais afetada diretamente pelo espírito coletivo, busca uma ligação religiosa mediante a
via individual do conhecimento. Uma atitude monoteísta ou atéia, raras vezes militante,
oferece-lhe a melhor possibilidade de sentir em si mesma a ressonância do princípio
divino. Ela descobre formas próprias, insubstituíveis, de contato e de adoração em
relação à divindade. Se ela pertencer a alguma comunidade de fé, ficará seriamente
empenhada em descobrir a verdade pessoal ou espiritual que está por trás dos dogmas
ou do conteúdo da crença. Dúvida e melancolia tomam conta dela simultaneamente.
Ninguém faz tantas perguntas quanto uma alma madura. E ninguém descobre respostas
satisfatórias com tanta raridade. A busca, a dúvida e o desespero de não encontrar nada
faz com que a pessoa de alma madura diga: “Não acredito em mais nada!”
É, no entanto, exatamente nessa afirmação que se manifesta o crescimento anímico
da consciência adequada para esse período, pois a alma madura deixa muita coisa para
trás, deixa para trás o que lhe prometera e lhe dera apoio no estágio de alma jovem. A
característica desse novo estágio maduro é que a segurança, o consolo e a proteção não
são mais encontrados exclusivamente nos rituais tradicionais e nas convicções
comunitárias de crença, em instituições de diretrizes eticamente determinadas. Uma
alma madura não pode mais pensar sem analisar bem o seu modo de pensar. Ela
alcançou um estágio no qual aquilo que ela chegou a ser não lhe parece natural.
A saúde de uma alma madura é menos estável do que a de uma alma jovem, pois a
alma madura quer fazer experiências que têm relação com a transitoriedade de tudo o
que é físico e frágil. Nesse ciclo, suportam-se doenças dolorosas, limitações e acidentes
com conseqüências graves para que se possam descobrir os limites da própria
identificação com o corpo físico, pois são exatamente os sofrimentos crônicos que
servem para testar se a estabilidade interior conquistada consegue manter-se diante de
uma ameaça física.
Neste ciclo anímico, o sofrimento é um tema importante, e isso vale tanto para os
sofrimentos físicos quanto para os psíquicos. Como a pessoa com alma madura está
disposta a assumir responsabilidade pelo corpo e pela saúde, ela reconhece pela
primeira vez que pode fazer algo pelo seu bem-estar; ela entende que tem de fazer
vários sacrifícios para manter a saúde. Ela sabe que não pode cometer mais as loucuras
que cometia no ciclo de alma jovem. Seu fluxo energético se aprimora, sua alimentação
é outra e ela precisa de mais paz e de mais proteção. Torna-se mais suscetível às
influências do ambiente e mais sensível a todo tipo de venenos aos quais o corpo é
submetido.
Mas nós também temos de mencionar que pessoas com alma madura muitas vezes
ficam tão perturbadas com os problemas da vida que elas se revoltam; isso as leva a usar
todo tipo de drogas, principalmente aquelas que as levam a esquecer-se dos tormentos
da existência. Nesse rol não cabem as assim chamadas drogas do prazer apenas, mas
também todas as pílulas e drogas que provocam sono e esquecimento, ou então uma
alteração no estado de consciência. Nesse caso, é importante entender que as drogas
permitem
natural nãoque a alma
teria acessomadura tenhaanteriores.
nos ciclos uma visãoAgora,
psíquica de planos
o desejo aos quais
de ampliar suade modo
consciência é muito grande; porém o medo de uma ilimitada alteração precoce da
consciência ainda é maior.
A vida cotidiana pode ser considerada insuportavelmente difícil, daí por que muitas
almas maduras preferem negá-la ou recusá-la por considerarem-na monótona. Muitas
vezes a alma madura escolhe uma saída para seu dilema, à medida que desiste
totalmente de entender e de desejar controlar seu dia-a-dia. Nesse ciclo de
desenvolvimento anímico com freqüência é necessário pesquisar a loucura, a perda da
razão. Nem todas as almas têm de percorrer esse caminho no estágio da maturidade. Ele
também pode ser trilhado no ciclo de alma recém-nascida ou mais tarde, durante as
últimas encarnações. Como, no entanto, se trata de um desenvolvimento imperdível para
a experiência da alma, ela terá de percorrer os mencionados ciclos de desenvolvimento.
Queremos enfatizar que, no caso de pessoas com alma madura, quase sempre se
trata de pessoas extremamente corajosas que seguem seus objetivos anímicos com
grande seriedade e estão dispostas a enfrentar as dificuldades da vida e também a
superá-las. Existem coisas como doenças crônicas, separação precoce dos pais, morte de
filhos, perda do lar, julgamento injusto e perda da liberdade, perda súbita do parceiro de
vida mais amado, brigas amargas com a alma gêmea, todo tipo de ajustes kármicos,
mudanças para ambientes e culturas diferentes, parceria com pessoas de outras raças,
perda de bens, inesperada conquista de riqueza, expressão artística incorretamente
avaliada. Desse contexto de dificuldades fazem parte o ter de tomar conta de um parente
durante anos a fio, implicando enorme sacrifício pessoal, nascimento de um filho
deficiente e a necessidade dos relativos cuidados, quebra de convenções e de tradições
familiares inclusive no sentido profissional, e toda a temática de ser acusado
injustamente: de inconscientemente provocar um incêndio, de morte no trânsito por
negligência ou na guerra, além de ser empregado fiel de um mau patrão.
Pode-se dizer que quase toda encarnação nesse ciclo encerra-se com a compreensão
e aceitação das situações de vida encontradas, mesmo que despertem medo. Em muitos
casos, pessoas no ciclo de almas maduras morrem de forma tranqüila depois de uma
vida agitada, turbulenta; mas não se deve dizer que a realização seja um sinal
característico de uma existência feliz, quase sem acontecimentos dignos de nota. A
sabedoria e a capacidade de amar agora sempre aumentam com o reconhecimento e o
domínio dos problemas. As limitações e medos fundamentais dos ciclos anteriores
desaparecem. Raras vezes a alma madura acrescenta novo karma ao que já trouxe. Ela
trabalha muito mais eficazmente para entender e formar seu passado anímico.
A alma madura ama profunda e duradouramente. Ela está disposta a se sacrificar por
amor. Faz parte do tema deste ciclo passar a vida toda com uma pessoa - parceiro,
marido ou filho - sem simplesmente aceitar essa ligação, mas cumprindo-a com amor e
sensibilidade e com consciência. Porém, também pode acontecer que uma alma madura
procure determinada alma para companheira porque ela a escolheu entre as vidas; e, por
isso, ela tem de trocar mais vezes de marido, mulher ou parceiro, enquanto o encontro
decisivo não tiver se efetivado.
A sexualidade serve em grande medida para a pessoa se aproximar verdadeiramente
de outra, abrindo-se, sentindo e mostrando a própria vulnerabilidade. Também é usada
para atrair um parceiro que já havia tido contato com sua alma em encarnações
anteriores. Os filhos nascidos de uma união dessas, não raro, também são almas
conhecidas ou parentes, com as quais já haviam estabelecido acordos no plano astral, no
período entre vidas, e que se declararam dispostas a ser úteis aos futuros pais em
determinados passos importantes de seu desenvolvimento.

medoComo
e dasasinibições,
almas desse ciclo anímico
na maioria derramam
das vezes elas têmmuitas
olhos lágrimas
claros. Ospara se libertar
olhos de uma do
pessoa cuja alma é madura observam o mundo com autocrítica e bondade. Esses olhos
dão a impressão de buscar alguma coisa; eles parecem fixos no horizonte longínquo às
vezes, irradiam um brilho quase metálico. Seu olhar é penetrante, mas a musculatura
desses olhos raras vezes relaxa e o contato visual não pode ser suportado por muito
tempo, embora a intensidade desse olhar, mesmo por átimos de segundo, baste para dar
à alma madura acesso à alma das outras pessoas. Mesmo que o seu coração humano não
possa estar o tempo todo repleto de amor, ainda assim, em cada uma das almas isoladas
nesse ciclo, há muitas horas em que os olhos de uma pessoa como essa demonstram
amor, tornando-se ternos e aveludados.
No momento em que estamos transmitindo estas informações, há na Terra 22% de
almas maduras. Elas deram preferência a países onde houvesse grandes desafios e que
pudessem oferecer inovações como algumas nações do Oriente, ou países que lhes
pudessem dar paz e contemplação, como muitas províncias da China e as menos
populosas regiões da Índia e da Indonésia, mas também a Islândia, Portugal e Nova
Zelândia. O Líbano, Israel e a Turquia, ao contrário, são regiões preferidas para a
encarnação daquelas almas maduras que ainda têm de sofrer algum retrocesso em seu
esforço de encarnação, sem que sejam logo retirados todos os perigos da sua vida. Uma
série de nações industrializadas altamente desenvolvidas também abrigam almas
maduras, e elas são numerosas. A Itália, a Inglaterra, a França, a Hungria, a Suíça e a
Suécia oferecem ricas possibilidades ás pessoas de alma madura, que nelas podem
desenvolver seu potencial de interiorização. Na Alemanha, existem 22% dessas almas.

5 - A Alma Antiga
O ciclo da alma antiga refere-se ao que se pode descrever com os termos solidão e
solidariedade. Enquanto nos ciclos anteriores valia libertar-se do coletivo e obter uma
crescente individualização, buscando a liberdade e a consciência da alma, agora a
consciência aproxima-se do ponto máximo no corpo, e a alma reconhece
irrevogavelmente sua fragmentação. Ela tenta negar esse conhecimento no início deste
ciclo, tenta fingir que ela não existe; no entanto, não consegue mais fechar os olhos
diante da sua verdade essencial. E essa verdade diz: ela está só no plano físico.
De inicio, ela está isolada porque em seu ambiente imediato há bem poucas pessoas
que também têm alma antiga e com as quais possa compartilhar essas experiências, as
bênçãos e dores desse estágio anímico. É por isso que uma pessoa com alma antiga se
depara desde o nascimento com um ambiente de incompreensão, estranheza e
distanciamento. Neste estágio, é preciso muita força para manter intato o contato com o
próprio interior, que parece ser o único ponto de apoio. No entanto, seria lamentável se
essa alma quisesse romper o contato com a vida da forma como a escolheu por medo de
sofrer, pois a alma antiga nunca deve se esquecer de que a atual encarnação - da forma
como se apresenta - foi desejada, pois representa uma tarefa importante nascer nessas
circunstâncias de lugar, vivendo dessa forma. Caso contrário, ela nem estaria aqui.
Mas há outra coisa que caracteriza o ciclo de almas antigas. Trata-se da sensação e
da experiência real de uma crescente solidariedade - não no plano físico, mas no plano
da consciência do mundo astral e do mundo causal. Essa solidariedade pode acontecer e
só acontecerá quando o isolamento de fato for aceito e reconhecido pela alma antiga. A
solidariedade surge a partir de uma nova orientação de vida. A alma antiga compreende
a consciência e a inconsciência de uma forma nunca antes conhecida e se manifesta por
meio de podem
que não uma disposição telepática,
ser atribuídas visionária
diretamente e espiritual,normal.
à consciência pelo contato com energias
Em primeiro lugar, trata-se de imagens do Eu interior; em seguida, dos
relacionamentos com todos os que demonstrem ter parentesco anímico com o fragmento
isolado. Trata-se dos irmãos anímicos, mas também de entidades que transcendem o
âmbito familiar. A capacidade de receber planos de consciência mais elevados aumenta
de modo intuitivo e inspirado, e há a possibilidade de aprender com entidades
transpessoais.
A alma antiga sente saudade da união com o seu todo anímico que ficou por um
tempo no plano psíquico, tempo que lhe parece longo demais. Ela realiza essa ligação
com todos os meios e métodos à sua disposição. Ela se completa em cada momento de
silêncio, durante a meditação, no sono, por meio das relações sexuais, em todas as horas
em que o coração se expande e os olhos brilham de excitação. Mas como a alma nesse
estágio reconhece seu desenvolvimento, como reconhece o fato de que está e não está
só, ela busca ajuda chamando por aqueles que de alguma forma já estão com ela. E
assim, ela tem acesso a âmbitos que começaram a se abrir durante o estágio da alma
madura, mas que só agora representam uma realidade que pode ser percebida.
Por esse motivo, a alma antiga sente certa insegurança no início deste ciclo. Seus
sentimentos estão impregnados de grandes contradições. Ela está totalmente só e,
contudo, não está só. Ela se sente abandonada pelas outras pessoas e, mesmo assim,
conquista amor e amizade, calor humano e proximidade de seres e entidades que não
são visíveis numa realidade física. Mas no mundo físico a alma antiga também
conquista, junto a um pequeno número de almas antigas encarnadas, um amor que não
depende mais do fato de duas pessoas entrarem em harmonia, de se compreenderem ou
de desejarem compartilhar seu dia-a-dia.
A alma antiga conhece - em comparação com fases de desenvolvimento nunca antes
vividas - um novo conflito. Ela vive num corpo e é inequivocamente um ser humano,
vivendo de acordo com as regras do plano físico. Mas mostra-se alheia a essas regras e
não sabe muito bem qual é o seu lugar. Como pode sentir-se à vontade numa terra em
que sua alma sente a solidariedade, o amor e a proximidade muito mais nitidamente em
outras esferas do que as que sente onde seu corpo se manifesta? Deve ela ficar aqui ou
lá? Acaso ela quer ficar aqui ou em outro plano?
Com freqüência, seu corpo passa por estados generalizados e vagos de fraqueza. Ela
não está doente, mas também não está sadia. A alma antiga é excessivamente sensível e
tende a fugir das tarefas e das incômodas exigências físicas. A vida com suas
necessidades diárias que incluem o comer, o beber e o dormir, a conquista pelo pão de
cada dia, a necessidade de manter relacionamentos, o desejo de proximidade e
reconhecimento, muitas vezes lhe parece desolador. A alma antiga tem a tendência de
negligenciar situações ou de alguma maneira esquivar-se delas. Ela anseia pela maior
distância possível em relação à realidade cotidiana.
Ela despreza e faz pouco daqueles que se dedicam aos prazeres sensuais. Busca um
estado de simplicidade, que corresponderia melhor a uma vida fora do corpo; e, no
entanto, em todas as horas da sua vida tem de passar pela experiência de que não é
possível viver e, ao mesmo tempo, dizer não à vida. Nisso reconhecemos a maior
dificuldade que caracteriza o ciclo anímico das almas antigas: as encarnações - de dez a
quinze - têm de ser vividas e experimentadas conscientemente. Elas têm de ser aceitas e
usufruídas para poder atravessar cada uma das etapas, o que possibilita que o círculo
total das encarnações seja encerrado. Portanto, para a alma antiga, o desafio consiste em
manter-se realmente no aqui e no agora, ultrapassando os limites da experiência física
comBasicamente,
a sua consciência.
as almas antigas estão cansadas para batalhar pela existência material
e pelo que é básico para uma vida no mundo real. Já fizeram tantas coisas e já viveram
tanto! Deixaram tantas coisas para trás, e preferem recolher-se a um pequeno nicho,
deixando que os outros cuidem delas e as protejam só para não terem de fazer
pessoalmente essas coisas que para elas se tornaram cansativas. Elas gostariam de
descobrir um modo de vida em que se sentissem protegidas, em que recebessem uma
renda e em que pudessem confiar nas pessoas que as tomassem sob a sua proteção. Isso
as deixaria livres da assustadora e aborrecida tarefa de se preocupar com a
sobrevivência material. Elas gostariam de ficar em posição de dependência e de
entregar-se à tendência de trabalhar sem chamar a atenção, de trabalhar sem merecer a
consideração de que precisavam nos ciclos anteriores, de trabalhar sem a obrigação de
se tornarem conhecidas ou famosas, de trabalhar sem a intenção de realizar grandes
feitos.
As almas antigas, mais do que as jovens, são chamadas a testar as coisas, tomando-
se pelo seu valor real, examinando e questionando tudo, analisando se se trata de algo
válido para elas mesmas e não apenas para os outros. Respeitando-se as exceções, em
geral elas têm dificuldade com as autoridades e com prescrições que visem limitar e
controlar sua personalidade incomum. Por outro lado, as almas antigas também
precisam de diretrizes, mas têm de ter a liberdade de afirmá-las ou de negá-las de
acordo com as necessidades no presente.
Já dissemos antes que as almas antigas voltam o olhar para um horizonte distante.
Muitas vezes, elas observam mais do que vêem; parecem não enxergar o que é visível
para todos nos fenômenos da vida, mas enxergam aspectos transcendentais ou
simbólicos. Consideram sua realidade apenas quando em relação com outras realidades.
E isto significa também que, aparentemente, vêem formas isoladas dos relacionamentos
da vida que são reconhecidas pelas outras pessoas como algo válido. Ás vezes parece
até que a alma antiga se liga outra vez às sensações instintivas das práticas xamânicas
ou com os pontos de vista cabalísticos da realidade. Mas em vez da ritualização pura e
mental das correlações, que fascina as almas jovens e maduras, as almas antigas sentem
todo esse sistema de correlações como um fenômeno energético que pode ser
experimentado.
Na vida de uma pessoa com alma antiga, a energia, em suas múltiplas
manifestações, representa um papel importante. Assim como essa pessoa aprimora seu
próprio sistema de energia física e continua aprimorando-o, assim ela também tem
acesso às energias que podem atingi-la numa freqüência vibratória superior; isso a torna
mais sensível aos fluxos de energia que se cruzam ou a perturbam.
Como em determinado plano tudo é energia, o corpo de uma alma antiga também
consegue incluir-se nesse espectro de vibrações. Para ela passa a ser possível perceber
melhor as diferentes freqüências da própria energia; assim, ela consegue brincar com
elas, modificá-las, e até usá-las. Isso ela pode fazer enquanto medita ou analisa os seus
sonhos; enquanto relaxa profundamente e reconhece seu corpo energético e o das outras
pessoas; enquanto faz viagens astrais e usa os inter-relacionamentos sutis que ajudam a
curar o corpo. Ela pode dar energia física de presente a outros corpos físicos e usar a
consciência para entender e refletir várias fraquezas do corpo em outras dimensões.
Por isso, é bom e está certo que uma alma antiga escolha tratamentos com energia
suave no caso de doenças físicas. Isto a distingue essencialmente das almas dos três
primeiros ciclos de evolução. Seja como for, às vezes é mais conveniente para as almas
maduras encontrar acesso aos métodos de cura mais suaves, uma vez que se tornaram
muito sensíveis aos tóxicos.
EssaNinguém
antiga. sensibilidade
sofre diante das drogas
tanto com continua
a sujeira, a seeintensificar
o barulho no ninguém
o mau cheiro, estágio daé alma
tão
atormentado por substâncias aparentemente inócuas, em nenhum lugar há tanta
dificuldade para manter intacto o sistema imunológico do que nesse ciclo, pois o corpo
de uma alma antiga torna-se cada vez mais permeável. Como ela está se aproximando
da derradeira libertação da sua existência física, ela já sente essa transparência em
algumas encarnações anteriores à última, que ao mesmo tempo ela transforma num
filtro que tem de sugar toda energia possível para irradiá-la outra vez.
Quando a alma nesse estágio tenta proteger-se das influências do plano físico aos
quais está sujeita, ela nada faz de bom para si mesma. Para ela, é mais importante
aprender a deixar o indesejado fluir por ela sem que isso a afete e invocar em seu
auxílio o espírito com toda sua potência dominadora, a fim de filtrar e eliminar
elementos nocivos e energias de desamor. Caso contrário, teria de manter-se distante de
tudo e de todos. Isso não lhe faria bem.
Seria lamentável que quisesse evitar o contato com a vida da forma que escolheu por
ter medo dos sofrimentos, pois uma alma antiga nunca deve se esquecer de que desejou
a atual encarnação - nas circunstâncias em que ela é e não de outra forma. É sua missão,
e foi sua escolha, viver nesse lugar, nessas circunstâncias; e ela também optou por lidar
com isso. Ela também deve lembrar-se de que assumiu tarefas em sua realidade físico-
anímica, ou ainda pode assumi-las, e essas tarefas podem contribuir para tornar-lhe esta
vida mais suportável. Da mesma forma, não queremos ocultar o fato de que uma alma
antiga sofrerá sob múltiplas sensibilidades e que elas são necessárias para um aumento
da sensitividade mental e espiritual. Com isto, não queremos dizer que as almas antigas
têm clarividência ou visões do mundo por meio do pensamento. Muita coisa permanece
inconsciente, embora a consciência tenha se ampliado em comparação com a
consciência dos outros ciclos; porém, muitas coisas que estavam nas trevas agora são
reconhecidas e analisadas.
No entanto, as intuições e inspirações são usadas para dar o passo planejado,
importante e necessário, que a alma incorporada quer dar com a máxima precisão a cada
vida. As poucas vidas da alma antiga oferecem uma seqüência bastante compacta da
plenitude de experiências e acontecimentos que ainda têm de ocorrer visando a
conquista da perfeição. Além disso, é preciso encontrar os membros mais importantes
de sua família anímica que ainda se encontram no corpo; ao encontrar-se com eles,
deve-se estabelecer algum tipo de contato telepático.
Como a maioria das pessoas segue as intuições ou as orientações do seu Eu Superior
até a sua última vida na Terra, embora não saibam disso conscientemente, há um
contato com irmãos de alma diversos e também com outros companheiros anímicos de
destaque que, em muitas vidas anteriores, representaram um papel importante, seja no
plano consciente ou no semiconsciente. E a consciência, no seu sentido mais
abrangente, não é absolutamente imprescindível para deixar a última encarnação para
trás. Toda alma, não importa a escolha do caminho, chega ao seu objetivo. O importante
é que só trilhe o seu caminho e nenhum outro.
Os derradeiros laços kármicos são desfeitos. Quanto mais velha fica a alma e quanto
mais se aproxima da sua última encarnação, tanto maior é a freqüência desses contatos
com velhos conhecidos e amados companheiros de alma. Os encontros são esperados
com grande alegria; e a união só pode ocorrer quando todos os membros dessa família
tiverem encerrado sua vida através de várias encarnações.
A dimensão transcendental que a alma antiga conquista passo a passo, e também o
campo de energia transpessoal que cria a seu redor, dão aos seus olhos uma expressão
que pode ser definida como espiritualizada; isso também dá a capacidade de manter um
contato visual
alma antiga inusitado
consegue que gostamos
recuperar de descrevere vulnerabilidade
uma ingenuidade como “olhar comidêntica
o coração”. A
à da alma
recém-nascida que, no entanto, teve de perdê-la durante a fragmentação. Essa nova
ingenuidade provêm de uma franqueza desamparada unida à sabedoria conquistada
durante milênios. A alma antiga comove o coração das outras pessoas à medida que faz
com que seu coração fale por meio dos olhos e enquanto mantém um contato visual
duradouro com seus semelhantes. Queremos apenas dizer com isso que, quando ela se
livra da sua medrosa desconfiança, ela consegue ter esse olhar. Essa desconfiança pode
ser resultado do medo de ficar à mercê das intempéries do mundo sem nenhuma
proteção.
Para a alma antiga, religião significa essencialmente uma negação de todas as velhas
formas estabelecidas de crença e de dogma. A fé é substituída pela consciência,
contudo, para ter essa consciência, a alma precisa passar por muitas incertezas, Ela
procura pelo fator de união, pelo fator que abrange tudo. Ela sente o princípio divino em
si mesma, mas nem sempre sabe como manifestá-lo, abrangê-lo ou compreendê-lo. Ela
busca por ligações com o todo e acha as pontes para obter as forças a que se entrega
confiante. Mesmo assim, ela se entrega a bem poucas pessoas, à natureza e ao próprio
coração.
O anseio de obter uma nova proteção, que não tem nada a ver com a segurança que a
alma recém-nascida ou a alma infantil buscam, é grande e raras vezes é satisfeito. A
alma antiga sabe que tudo o que é manifestado, inclusive a sua vida, está impregnado do
grande Espírito, e ela quer deixar-se levar por esse Espírito. No entanto, ela também
sente que, para a alma que se encontra no corpo, essa confiança não é natural nem fácil
de conseguir. Assim, passam-se várias vidas nesse ciclo numa tensão entre o desejo
interminável de estar ligada e a consciência de que a religião não pode ser sentida
diretamente - e, se for sentida, só por pouquíssimo tempo. Nesse estágio de
desenvolvimento anímico, a alma no plano físico vê o divino sempre e por toda parte,
no sentido de um panteísmo. Mas sofre por se ver excluída, e não consegue
compreender isso. Esse fato pode ser explicado através da discrepância entre o
conhecimento interior da alma e a percepção limitada pelo medo.
Do que a alma antiga tem medo? Ela tem medo da dissolução, embora viva
esforçando-se por alcançá-la. Tem medo da dissolução dos limites; no entanto, a pratica
todos os dias. Ela se assusta com o conhecimento da solidariedade; mas isso é tudo o
que ela deseja. Ela agora sabe quase tudo e, no entanto, refugia-se num aparente
desconhecimento. Sente-se sábia e queixa-se de sua insuficiência. Seus parâmetros são
elevados; por isso julga-se a cada demonstração de maldade. Ela quer a paz e, no
entanto, luta pelo fato de ser assim. Ela tem percepção da insignificância de todos os
problemas, mas é um enorme problema para si mesma. E embora esteja convencida de
que todas as facetas de sua personalidade repousam sobre decisões da própria alma, e
que ela mesma está acima disso, seja qual for o passo que der e seja qual for o rumo que
ela tomar, ela teme as conseqüências de uma realidade assim tão clara e definida.
Quanto mais perto uma alma antiga chega do final de uma jornada encarnatória,
mais claramente surgem as regularidades da sua existência. A disposição de amar
aumenta incessantemente. Esse amor incondicional torna-se a missão central da vida da
alma antiga; ligada a ela, está também a não- objetividade dos seus sentimentos, pois a
alma antiga quer e precisa reconhecer que tudo, inclusive os desejos e as esperanças, em
última análise, são quimeras da materialidade.
Por isso, ela só pode admitir os dramas, os êxtases, as tragédias dos inter-
relacionamentos humanos como uma brincadeira. As parcerias não se posicionam mais
no ponto central dos seus esforços. Seu amor volta-se para muitas pessoas e é dividido
entre
melhorelas. Não querdo
a fidelidade mais amarrar-se
coração do quepor
as toda
almasvida a uma
mais só pessoa,
jovens. Ela nãoembora conheça
está mais disposta
a investir energia para manter por longos anos um casamento ou parcerias duradouros.
Ela prefere associar-se a alguém com quem seja possível uma união que possa ser
mantida sem grande esforço psíquico; ou escolhe relacionamentos que lhe permitam
uma grande dose de liberdade pessoal e possibilidades de desenvolvimento.
A canalização e concentração dos sentimentos numa única pessoa e nos filhos,
frutos dessa união, são a forma de que necessitam especialmente as almas jovens e
maduras, para se exercitarem no amor. No entanto, assim que uma alma atinge o último
período de vida corporal, uniões pessoais exclusivas têm pouco significado. A alma
antiga irradia um amor que está cada vez mais livre das emoções outrora sentidas, e ela
o irradia para os que convivem com ela, e o faz num raio maior, sem concentrar-se
especialmente numa única pessoa. Mesmo que nem sempre consiga fazer isso, esse é o
seu desejo.
Há uma terceira possibilidade no terreno amoroso, e ela é aceita com grande
disposição: ficar sozinha despreocupadamente, renunciando à proximidade constante
das pessoas e à satisfação sexual - não por falta de capacidade de se relacionar, mas por
lembrar-se de que em outras vidas já gozou e esgotou todos os encontros e
relacionamentos possíveis.
Não é mais necessário gerar filhos para fazer experiências decisivas. E mais
desejável encontrar-se com amor, deixar fluir todas as energias da própria psique e
concentrar-se em estabelecer ligações íntimas com pessoas que não são as mais certas
como parceiros sexuais - crianças, pessoas idosas, um grande número de amigos. O
pressuposto necessário é que essas pessoas tenham uma vibração e um campo
energético que possibilitem o fluxo energético da alma antiga sem que esta tenha de se
esforçar. Então o calor e o amor da alma antiga irradiam-se incondicionalmente para
todos os que quiserem aquecer-se neles.
Até agora, descrevemos a imagem da alma antiga pura. Gostaríamos de voltar a
falar do seu medo, que faz com que dois terços ou três quartos do seu tempo de vida
sejam desperdiçados em contendas e brigas entre a personalidade limitada e a identidade
anímica ilimitada.
A alma antiga abandona atividades que nos dois estágios anteriores a tornavam
muito irrequieta. Ela sente que agora há pouco para fazer e terminar. Não fica mais com
pressa por nada e por ninguém. As grandes motivações de antes, como a conquista do
dinheiro, do sucesso e da fama, não a estimulam mais. Quando tem a persistência de
aprender uma profissão difícil, ela faz isso para alcançar uns poucos objetivos; por
exemplo, oferecer a seus irmãos de alma determinadas ajudas ou para resgatar laços
kármicos que não podem ser desfeitos de outra maneira. No entanto, ela prefere não ter
de se esforçar mais. Ela quer tornar-se outra vez dependente, deixando que os outros
cuidem dela; ou então prefere uma atividade ligada à meditação que não a leve para o
redemoinho da busca de sucesso ou para as amargas desilusões provocadas pelo
fracasso.
Uma pessoa com alma antiga tem muitas aptidões e talentos. Os conhecimentos que
obteve em várias vidas passadas estão latentes e inconscientemente à disposição. Por
isso, muitas vezes essa pessoa não sabe que tendência deve seguir, e, não raro, é um
prazer para ela deixar-se sustentar por uma instituição ou família. Gosta de ser
sustentada pela atividade dos outros. Muitas vezes, ela não se importa de ficar sentada
num canto ensolarado de rua vivendo como um sem-teto, só para não ver-se limitada
por quaisquer prescrições ou instancias.
Assim
quais vocêssendo, almasRaramente
têm pena. antigas podem ser encontradas
a pessoa exatamente
que está no final de suas entre as pessoas
viagens pela vidadas
corresponderá à imagem que vocês fazem dela. Nem sempre ela é feliz e sábia, e de
forma nenhuma e mais saudável do que as almas mais jovens; também não é sempre
que ela é descontraída e boa. É possível que vocês conheçam uma dessas pessoas de
alma antiga exatamente num momento em que se encontre descontraída, livre de medo.
Mas essas fases não são uma constante.
A sabedoria, a bondade, a descontração, a fraqueza, a humildade e a prestatividade
são mais acessíveis às almas antigas do que às almas jovens. Mas a alma antiga passa
pelo medo dos processos de limitação e, conseqüentemente, esses estados não são
duradouros. Ela vive com muita consciência e é exatamente isso que se transforma em
parte irrefutável do seu sofrimento. Na verdade, em contraste com a alma jovem, ela
sabe, afinal, o que lhe seria possível realizar, e ela viveu isso no próprio corpo. Por isso,
a perda das vibrações amorosas que nem sempre sentiu e a lembrança do que perdeu
jogam-na num vazio que, neste ciclo de desenvolvimento anímico, não é fácil suportar.
Mas esse vazio tem de ser suportado.
As experiências inebriantes de êxtase tornam-se cada vez mais freqüentes, e
acontecem sem meios de ajuda e sem exercícios ou técnicas especiais. A alma antiga
está cansada de métodos e de usá-los de vez em quando, tenta algum deles, mas sente
que o silêncio, o êxtase verdadeiro e a deliciosa harmonia com as vibrações do amor
cósmico estão além de todos os esforços. A satisfação é somente dela e da sua coragem
de ultrapassar os limites e o medo. Quanto mais a viagem pela vida se aproxima do
final, tanto mais naturais e numerosos tornam-se os grandes e pequenos momentos de
união extática com o todo no plano da união energética e da dissolução dos limites.
Mesmo que continuem a habitar o corpo, as camadas de energia desprendem-se cada
vez mais desse corpo. Retrocessos não significam mais distanciamento e transgressão da
personalidade comum por desatenção, inconsciência, só detectáveis posteriormente, mas
são vividas conscientemente como momentos, horas ou dias do mais elevado
arrebatamento. Então observa-se realmente a unidade, o fato de ser solidário, a
harmonia, o amor e a paz em vez de apenas deixar-se conduzir pela saudade de tudo
isso, por uma intuição de que existe, por um pensamento de que tudo isso seria real se
as coisas fossem como deveriam ser.
Embora muitas vezes a alma antiga não esteja em sintonia consigo mesma, e embora
o dilema entre sua manifestação física e sua concepção anímica seja doloroso, todos os
que convivem com essa pessoa, e que também tenham almas antigas ou maduras, vêem
com toda nitidez o suave brilho luminoso, a aura que envolve essa alma. E esse brilho
aumenta à medida que ela se aproxima do seu objetivo. Essa irradiação pode ser
percebida como calor humano ou através da aura. Essa irradiação independe da situação
subjetiva que toma conta da psique ou do corpo de uma pessoa com alma antiga. Quem
tiver a felicidade de ter contato com uma alma que esteja no quinto, sexto ou sétimo
degrau do ciclo de almas antigas num momento de paz ou de arrebatamento, terá uma
impressão inesquecível do potencial que é liberado e que também, em alguma ocasião
próxima ou distante, estará à sua disposição.
Aquilo a que muitos de vocês chamam de “iluminação” - numa forma temporária ou
duradoura de manifestação -, só será possível em qualquer momento da última etapa
desse ciclo de desenvolvimento anímico. E quando dizemos “a qualquer momento”, isso
significa que a alma nessa etapa de desenvolvimento, sem disciplinas rígidas ou
métodos pretensamente estimuladores da iluminação, pode ficar ciente de poder ver a
claridade da própria perfeição sem ficar cega. Depois disso, ela nunca mais será a
mesma, e na maioria dos casos não terá mais grande impulso para viver sua vida no
corpo.
famíliaMas, dependendo
anímica, do papel
terá de viver certoanímico
períodoescolhido, e dascorpo
de tempo num tarefasa que recebeu
fim de daum
irradiar sua
brilho que outros possam compartilhar.
Seja como for, a experiência pessoal não pode ser transmitida aos outros. Mas o
conhecimento, o que se observou pode ser descrito e ensinado, da melhor forma
possível. Se a experiência de iluminação acontecer antes da última encarnação, digamos
na sétima etapa de desenvolvimento do último ciclo, isso de nenhum modo significa que
é possível diminuir o ciclo de encarnação, pois a sexta e a sétima etapas têm suas
próprias qualidades. Elas buscam e oferecem possibilidades de experiência que são
independentes das estruturas de experiência da iluminação acima descritas. Elas têm de
ser vividas. O encerramento de um ciclo de encarnação não implica apenas o
conhecimento do todo, nem da solução definitiva de enredamentos kármicos; mas
depende somente de que a alma alcance a capacidade abrangente de amar, de sentir, de
viver e de passar por experiências. E como ela também experimenta o amor no contato e
na intimidade com outras almas encarnadas, é preciso que uma alma antiga se declare
disposta até o final da vida a encontrar-se com pessoas que lhe possam dar o que não
pôde criar por conta própria e com suas forças, porque isso não foi possível no mundo
físico.
No momento, existem na Terra ao todo 4% de almas antigas, mas em alguns países
essa porcentagem é maior do que em outros. Em nenhum lugar, no entanto, ultrapassa a
cifra dos 10%. Mas vocês poderão perceber a presença de algumas centenas delas se
sintonizarem com elas, pois o campo energético de uma alma antiga pode ser muito
abrangente e impregna o meio ambiente numa medida que não seria possível para uma
alma madura ou jovem.
Almas antigas estão vivendo no Peru e no México, na Groenlândia, nas ilhas do
norte da Escócia, na Suíça e na Finlândia, porém também nas repúblicas do Báltico.
Uma grande parte dessas almas estabeleceu-se nos Países Baixos, em Caxemira, no
Sudão e no Iêmen. Na Alemanha, a porcentagem das almas antigas não chega a 6%.
Algumas culturas superiores que desapareceram foram criadas por almas maduras e
antigas. Entre elas estão os grupos populacionais pré-colombianos, astecas e egípcios.
Se estamos dizendo isso para vocês, é porque estamos querendo preveni-los para não
ficarem pensando que povos antigos que conseguiram notáveis conquistas tecnológicas
tinham uma alta porcentagem de almas antigas. As culturas citadas dispunham de até
70% de almas antigas, mas as verdadeiras conquistas técnicas brilhantes foram
realizadas pelas poucas almas jovens e maduras que haviam permanecido nessas
culturas, pois como vocês ouviram, as almas antigas não se importam muito com as
coisas exteriores. Elas não querem mais impressionar o mundo e não almejam deixar
grandes construções ou enormes sistemas de canalização de água para a posteridade.
Elas têm a pretensão de colocar à disposição dos que ainda trabalham para realizar algo
no mundo material, seu poder mental e seus contatos transpessoais, sua inspiração e sua
sabedoria espiritual, proporcionando a si mesmas uma agradável estada no planeta.
Muitas vezes, vocês se indagam: "Como foi possível realizar tudo isso naquela
ocasião? Nós lhes afirmamos que era possível e não era difícil, mas vocês devem
continuar imaginando como, enquanto o número de almas antigas em seu planeta não
chegou a ultrapassar o número limite de 50%. E quando essa ocasião chegar de novo,
em que determinadas nações ou populações tiverem um tão grande número de almas
antigas, abrir-se-ão para vocês outras possibilidades de compreensão, possibilidades de
que não se dispunha há milhares de anos.

6 - A Alma Transpessoal
Quando mais da metade dos membros de uma família anímica tiverem percorrido
seu caminho, e seu centro de gravidade repousar na “não corporalidade”, a energia
conjunta que fica no terceiro território do plano astral * pode cogitar na possibilidade de
usar um corpo para se manifestar outra vez, não mais como alma isolada, porém com a
força unida e habitual de muitas centenas de almas. Com essa energia coletiva ela entra
no corpo que um de seus irmãos anímicos abandonou ao encerrar a grande jornada
encarnatória que, portanto, tenha vivido sua última vida na sétima etapa do ciclo das
almas antigas.
______
* Ver Welten der Seele, pp. 142ss.

Assim concretiza-se um capítulo do desenvolvimento anímico, raras vezes usado, ou


usado somente em casos excepcionais e significativos, necessários ao desenvolvimento
da alma. Esse ciclo é independente dos outros cinco ciclos acessíveis a todas as almas e
a todos os corpos, porque aqui é uma comunidade de almas que se transporta
vibratoriamente aos mundos causais, por um amor especial às almas irmãs ainda no
corpo e cujo crescimento elas visam auxiliar. Essa alma transpessoal é capaz de
atuações extraordinárias no plano físico. Muitas vezes, trata-se de não mais do que
cinco ou até dez seres reanimados, distribuídos pelo universo, os quais - e cada um à sua
maneira - tomam sob as suas asas um círculo de almas antigas que normalmente provêm
de uma família anímica própria, ou de famílias anímicas aparentadas da mesma
comunidade.
Agora não se pode mais falar de um ciclo anímico no sentido literal do termo, visto
que a manifestação dessa força anímica coletiva não se estende por várias existências.
Também não se pode dizer que se trate de “encarnação”. O próprio conceito de “vida”
também deve ser usado com reservas, pois o coletivo de almas que usa o corpo já
desgastado, de um membro da família anímica, enche esse corpo com uma vibração e
uma nova vida que tem muito pouco em comum com a vida de uma alma isolada.
Eis como se apresenta este processo para os semelhantes: ali está um moribundo
que, como por milagre, fica bom outra vez, embora deixando entrever mudanças
incompreensíveis de personalidade. Ao perceber essas mudanças e desejar descrevê-las,
vocês dirão: “Esse homem está completamente mudado”. O que aconteceu, na verdade,
é uma morte não notada e uma reanimação também invisível de um e do mesmo corpo.
Na maioria das vezes, esse processo ocorre durante a noite e os parentes não o
percebem.
Vocês conhecem uma nova reanimação apenas em relação com um novo corpo; mas
quando um corpo que uma alma individual abandonou é ocupado novamente pela força
de uma coletividade de almas irmãs modifica-se a vibração correspondente. Vocês
diriam que a personalidade mudou; nós, no entanto, chamamos sua atenção para o fato
de que depois de uma dessas mudanças, um corpo não dispõe mais de uma
personalidade como a que tinha antes. As forças do ego que parecem imensamente
aumentadas para vocês, na verdade apenas foram liberadas, O corpo com sua nova alma
está envolto em irradiação e luminosidade, o que nem todos os olhos conseguem ver.
As almas transpessoais são entidades de grande sensibilidade e não trabalham diante
do grande público. Elas empreendem uma atividade de ensino, que não depende mais de
palavra e de conteúdos mentais, mas vive da transmissão direta de energia. Poucas
pessoas estão perto delas, visto que a maioria não acha atraente esse campo magnético -
que, no entanto, é realmente agradável - nem consegue suportá-lo muito bem. Essas
pessoas
por elas não
nemconseguem deixar-secom
querem misturar-se tocarelas:
por sentem-se
essas energias, não podemrejeitadas,
amedrontadas, ser impregnadas
perturbadas, bastando para isso o campo energético dos adeptos que cercam o mestre, os
alunos da mesma família de almas, que formam um circulo em volta do centro da força.
Essas almas que estão em corpos comuns podem receber e transmitir ensinamentos que
são transmitidos pelas palavras e ensinamentos do mestre. Mas têm de tomá-los menos
profundos e têm de prepará-los para que se tornem compreensíveis. O fenômeno só
acontece quando muitos membros do fluxo encarnatório tiverem atingido o ciclo de
almas antigas, pois isso traz ao planeta uma vibração que permite a aparição luminosa
desse coletivo anímico.
As almas transpessoais são úteis à medida que mostram a pequenos grupos de
pessoas dispostas a aprender, as últimas possibilidades de abertura e de fusão sob as
condições do plano físico, e ao mesmo tempo servem para tirar- lhes o medo natural das
esferas não-corporais da vida, que esperam ter de enfrentar depois da última encarnação.
Embora o anseio de deixar definitivamente o corpo físico se torne imperativo, existe ao
mesmo tempo um medo inominável de ter de desistir das inúmeras vidas cujas formas
se tornaram conhecidas ao longo de milênios e existências. Como os irmãos da família
de almas que já estão no mundo astral ousaram dar esse salto no vazio, eles podem
mostrar e comprovar energeticamente que a alma muda sua forma de existência, embora
não tenha de renunciar a ela.

7 - A Alma Transliminar

Outro fenômeno anímico une o mundo causal com o mundo físico de um modo
intenso, incomum e atuante, que raras vezes é tomado em consideração no curso da
história universal do desenvolvimento dos mundos da alma (Ver Welten der Seele,
pp200ss). No entanto, trata-se de famílias de almas que há muito tempo estão
desencarnadas e que tornam a se juntar e trabalham somente no mundo causal, pois por
amor a si mesmas e aos seres humanos estão dispostas a tomar o corpo de uma alma
antiga depois que essa pessoa encerrou sua última encarnação terrena. Sua alma é
trocada no mundo astral, acontece uma nova reanimação, mas esta se diferencia da
reanimação da alma transpessoal pelo fato de que, no caso, não são almas que
pertencem à própria família anímica do falecido, mas de almas mais desenvolvidas, de
entidades em que ele confiava; estas não podem trabalhar no planeta Terra a não ser
mediante um envoltório carnal que esteja na condição de abrigar sua energia acumulada,
pois energias elevadas em forma humana atenuam o medo diante da transformação.
Almas transliminares que derrubam todos os limites e que não conhecem fronteiras,
manifestam-se num ou noutro planeta. Isso acontece raramente e só quando é
imprescindivelmente necessário para a continuação de grupos maiores de almas.
Enquanto as almas transpessoais trabalham como “parteiras” no caso de transição de
grupos grandes e almas de um ciclo anímico para outro, sempre que um grupo de almas
antigas quer ousar o grande salto definitivo para dimensões em que não terão corpo, as
almas transliminares colocam à disposição a sua força; mas só o fazem a cada dois mil
anos.
Não se trata de uma forma de vida, mas da animação de um envoltório carnal já vivo
durante certo período por meio de uma entidade causal. Isso também significa que a
alma transliminar está livre das habituais limitações às quais estão sujeitos os seres
vivos como almas encarnadas individuais. O corpo da alma transliminar compõe-se de
carne e de sangue como antes: ele se movimenta, o coração bate, os olhos vêem, a boca
fala. Masnecessidades
que são este corpo não pode não
sexuais, ser ferido
precisanem é mortal. Ele
alimentar-se nemnão
temenvelhece, não sabe oSua
funções excretoras.
função consiste simplesmente em provocar uma grande mudança energética em todos os
seres humanos que o avistam, tocam ou ouvem.
A capacidade desse corpo com nova alma, repleto das forças do mundo causal
consiste também em poder materializar-se e desmaterializar-se à vontade, pois o mundo
causal está livre das leis do tempo e do espaço. Esse corpo pode aparecer em qualquer
lugar da Terra sem ter de submeter-se à viagem física, enquanto isso for considerado
útil e necessário, mas ele não é visível para todas as pessoas. Só quem tiver uma
estrutura energética que o capacite a estabelecer contato com a energia transbordante da
alma transliminar poderá reconhecer a forma que se abriga nesse corpo.
Da família anímica do recém-falecido que usou o corpo abandonado exige-se um
grande sacrifício, mas que, no entanto, deve ser feito por amor ao todo, pois ele não
pode efetivar a fusão definitiva tão ansiada e passar ao mundo causal com uma
freqüência energética mais forte. Isso se deve ao fato de a união não poder ocorrer
enquanto a última alma não se despedir definitivamente do seu corpo e de todas as
ligações que forem estabelecidas na sua última encarnação. Todos os processos
definitivos da iluminação têm de aguardar. Depois da última encarnação de um
fragmento anímico, todos os decursos de todas as encarnações têm de ser analisados
mais uma vez; os exames duram ainda mais do que entre as vidas isoladas. Quando o
último fragmento tiver sua última encarnação já superada, a família anímica mais uma
vez há de contemplar tudo, ordenar tudo e tudo compreender. Isso leva mais tempo do
que a purificação e o planejamento entre as vidas. O decurso geral das encarnações
precisa ser valorizado. As experiências têm de ser integradas. E enquanto o último
fragmento de alguma forma ainda estiver preso ao corpo, isso não será possível.
Quando vocês, seres humanos, querem descrever a maior capacidade de expressão
de uma consciência dentro de um corpo humano, vocês usam a expressão Consciência
de Buda, Consciência de Cristo ou Consciência de Krishna. Esses conceitos descrevem
de forma impressionante o que é uma alma transliminar. Vocês deveriam diferenciar
continuamente entre Siddharta, a pessoa, e o envoltório carnal dessa pessoa repleta de
consciência transliminar, e também entre Krishna, a pessoa, e a consciência de Krishna,
da mesma forma que vocês estabelecem uma diferença clara e nítida entre Jesus e
Cristo.
Quando vocês se esforçam para conseguir esse tipo de consciência, ver-se-ão diante
dos limites irrenunciáveis de suas possibilidades como almas isoladas encarnadas.
Vocês se alegram respeitosamente com a idéia de conseguir transpor esses limites. Para
nós, é ainda mais importante dizer-lhes que vocês, que agora povoam o planeta Terra,
foram tocados pela consciência das almas transliminares e estão sentindo seus efeitos,
mesmo que nunca pensem nisso.
A alma transliminar escolhe a encarnação a fim de elevar o nível generalizado de
consciência de toda a população de um planeta; e, como se trata de um processo
energético, ele não pode ser revertido nem pode ser anulado. Ele se completa sempre
que um grande número de almas antigas, proporcional à população da Terra, abandona
o planeta e surge uma nova era. Então, os fragmentos que são lançados não começam
seu caminho de consciência no mesmo lugar que os antecedentes, mas a alma
transliminar forma as condições de que os novos fragmentos necessitam para o seu ciclo
encarnatório durante os próximos milênios.
Há uma considerável diferença de uma alma recém-nascida que começou seu
caminho no eixo do tempo há cinqüenta mil ou há dois mil anos. As condições que ela
encontra foram impregnadas por um grande número de outras energias. As famílias de
almas
com suaencarnadas
parte, parae desencarnadas fizeram
que a consciência o seupudessem
e o amor trabalho. desenvolver-se.
Cada fragmentoPor
contribuiu
isso é
importante compreender que o trabalho não se perdeu, mas que estabeleceu uma base
para todos os que vão recomeçar.

As Sete Etapas do Desenvolvimento

Cada um dos cinco ciclos de desenvolvimento anímico no corpo compõe-se de sete


etapas de desdobramento que são percorridas a partir de uma força interior tal como o
programa do caminho total das encarnações a contém e prescreve.
Nós comparamos essas cinco vezes sete etapas com o programa biológico- genético
de uma planta ou de um ser vivo que percorre seu caminho desde o aparecimento ou
concepção até a morte natural, desde a primeira divisão celular até sua destruição. Para
isso, não há necessidade de um esforço especial, de um trabalho árduo ou de uma
consciência constantemente estimulada pelo esforço. Percorrer um trecho do caminho
leva à maior capacidade de amar e à consciência. Alcançar essa consciência é o
objetivo; senti-la é o sentido do caminho.
Cada etapa do desenvolvimento leva em média duas vidas terrenas, muitas vezes
três ou quatro encarnações. A alma permanece por tanto tempo numa etapa até ter feito
todas as experiências que caracterizam essa etapa, até ter cumprido a missão que
programou para essa etapa com seus irmãos de alma.
Em cada novo ciclo, a alma começa outra vez pela primeira etapa. Ela se sente
insegura, fraca e desamparada, depois de ter dominado a sétima etapa do ciclo anterior
com segurança e plenitude, com satisfação e realização. Nenhuma etapa pode ser
evitada ou saltada. Quem acelerar demais numa etapa, na próxima ou nas seguintes terá
um impulso natural de adiamento. As etapas estão sujeitas a uma troca pulsante de
extroversão e introversão. As etapas 1, 3, 5 e 7, portanto as energias com os números
ímpares, estão nitidamente mais no mundo exterior, em contato com a vida ativa, mais
do que as etapas 2, 4 e 6, que se dedicam à reunião de novas forças, à integração e ao
controle.
A mudança de uma etapa para outra, da 7ª para a lª, da 3ª para a 4ª ou da 5ª para a 6ª,
pode completar-se durante uma encarnação no corpo, mas também no mundo astral. A
exigência para acontecer essa mudança da etapa de desenvolvimento é sempre passar
por uma fase de reflexão e de balanço, unida ao reconhecimento, à vontade de mudar, a
uma grande tensão e à conseqüente descontração. Concretamente, observa-se que a
troca de uma etapa de desenvolvimento para outra seguinte, na maioria das vezes é
acompanhada de uma aparente crise existencial, de doenças, perdas, sofrimento, da
sensação de uma insustentável falta de sentido, de depressão e desespero. Nesse estágio
de transição, nada parece justificar que a vida continuará como era antes.
A passagem para a etapa seguinte do desenvolvimento se equipara à penetração
numa parede de fogo com a conseqüente mudança da pele. Uma pessoa que durante
uma encarnação terrena passa de uma etapa para a seguinte, sente que mudou
profundamente, sente-se como recém-nascida. Além disso, nessa crise, há primeiro uma
grande sensibilidade devido às grandes mudanças no campo energético, pois a transição
em primeira linha é uma troca de freqüência energética à qual o corpo tem de se
acostumar lenta e cuidadosamente. É por isso que muitas almas preferem completar a
iniciação no mundo astral. A freqüência vibratória desacostumada é mais facilmente
dominada nesse mundo astral. Há ajuda para fazer o balanço, pois os irmãos
desencarnados e outras presenças ajudam a chegar à verdade.
Cada fragmento
compreender de alma
cada etapa, dispõe
fazer de tanto tempo
as experiências e espaço
previstas de quantonaprecisar
e ancorar-se para
visão intuitiva
conquistada. É por isso que e número de encarnações individuais que compõem a
totalidade dos cinco ciclos, com suas sete etapas, é tão diferente. Não há pressão nem
esforço em demasia. Ninguém tem pressa - do ponto de vista do ciclo completo de
encarnações, pois a pressa como aceleração de desenvolvimento da alma poderia
despertar nela medos desconhecidos.
A alma dispõe de uma grande liberdade e de uma tendência inata natural para ficar
em seu caminho individual. Os irmãos de alma estão natural e amorosamente dispostos
a esperar, mas também a apoiar o desenvolvimento característico de cada fragmento, até
que este tenha feito todas as experiências e tenham sido esgotadas todas as
possibilidades.
Cada uma das sete etapas de desenvolvimento dentro das idades de cada alma tem
um lema:
Etapa 1 – Eu ganho nova coragem.
Etapa 2 - Eu busco estabilidade
Etapa 3 - Eu me alegro por ser empreendedor.
Etapa 4 – Eu colho os frutos.
Etapa 5 - Eu fico inquieto.
Etapa 6 - Preciso de paz e de harmonia.
Etapa 7 – Ponho em prática o que aprendi.

Etapa 1 – Lema: eu ganho nova coragem.

Não importa a posição de vocês; vocês podem estar na primeira encarnação ou


podem ter aceito o último encargo que lhes permite a passagem da idade anímica
madura para o mundo das almas antigas; mas convém confessar que todo inicio é muito
difícil.
Todo início é difícil e, por isso, cada um de vocês precisa, na primeira etapa, de uma
nova fase de desenvolvimento, de uma coragem especial. Em outra passagem do livro já
dissemos como é preciso ter coragem para entrar pela primeira vez num corpo humano
aceitando as dificuldades da encarnação, e responder a elas afirmativamente.
Da mesma forma, é assustador para cada pessoa com um corpo submeter-se a novos
desafios anímicos no início de um novo período de vida - seja a passagem da alma
infantil para alma jovem, seja da passagem da alma madura para o estágio de alma
antiga - a alma precisa de muito tempo para arranjar- se nesse mundo com o qual não
está acostumada. Na primeira etapa do novo período de aprendizagem, ela terá saudade
das antigas circunstâncias. Sentir-se-á dividida entre o que deixou para trás e a respeito
do qual ela sabe por experiência que não serve mais, e o que tem diante de si, a respeito
do qual ela não sabe nada a não ser que será novo e difícil.
Vocês podem comparar essa etapa com e momento em que pisam pela primeira vez
num novo ambiente de trabalho; estão dispostos a encarregar-se do trabalho sem saber
realmente o que se espera de vocês. Por certo, vocês fazem alguma idéia, pois lhes
contaram muitas coisas e lhes fizeram algumas promessas. No entanto, não sabem se o
que os espera será adequado e se conseguirão dar conta da função, como também não
sabem se o trabalho corresponderá às suas expectativas. E muitas vezes se sentirão
inseguros e lamentarão ter saído do antigo emprego. Ele lhes parecia seguro, mesmo
que fosse um pouco monótono. A antiga posição também não lhes trazia mais alegria,
mas ao menos vocês sabiam onde estavam. As velhas maneiras de proceder que
treinaram por tanto tempo ainda são parcialmente válidas, só que de certa forma já
parecem inadequadas.
Vocês se enchem de coragem e todos os dias têm de dizer a si mesmos: “Vai dar
certo, eu vou conseguir”. Essa fase, essa etapa é de grande importância, pois ela
estabelece as diretrizes para a continuação do processo. Na verdade, nada se desperdiça,
inclusive nenhum momento de dúvida ou de desespero; no entanto muita coisa se
formará de acordo com os rumos que vocês estabelecerem agora.
Pensem mais uma vez no exemplo do novo lugar de trabalho. O modo como vocês o
organizarem hoje terá de servir durante muito tempo. Os contatos que fizerem no
primeiro dia, e que provarem ser significativos, serão marcados por poucas, porém por
duradouras impressões. Agora a nova idade anímica será um lugar de trabalho para
muitos anos de vida.
Será bom vocês se darem um tempo para olhar bem em volta, para se integrarem nos
diversos aspectos do trabalho, e começarem tudo com coragem e visão, as tarefas serão
levadas até o fim.
É por isso que cada alma usa mais tempo na primeira etapa de um novo período do
que nas subseqüentes. Se disséssemos que, em média, são gastas duas vidas em cada
etapa, na primeira seriam adequadas três. Pode tratar-se de vidas longas ou curtas. Não
depende do numero de anos, mas da qualidade e da rapidez com que vocês se
familiarizam com esse novo período da primeira etapa da nova idade da alma.

Etapa 2 - Lema: Eu busco estabilidade.

Enquanto a primeira etapa foi um tempo de insegurança, em que muita coisa nova
lhes foi imposta porque tiveram de se familiarizar com fatores desconhecidos, a segunda
etapa serve para se estabelecerem nela, sentindo-se em casa.
O objetivo mais importante da segunda etapa é o trabalho primoroso, é o esgotar dos
detalhes de suas possibilidades. Não importa se vocês são uma alma jovem, madura ou
antiga - a segunda etapa lhes dá a possibilidade de se ancorar e de deitar raízes. Agora
vocês entenderão melhor onde estão, e quem vocês são fica mais claro do que na
primeira etapa. Aconteceram as primeiras intuições quanto ao sentido desse novo
período de vida; aumenta a disposição de persistir e a vontade de analisar melhor fica
cada vez maior.
A segunda etapa é uma fase de tranqüilidade, depois das tormentas da primeira, que
ainda está presa a muitos retrocessos no âmbito da consciência. A segunda etapa deixa a
tranqüilidade e a estabilidade entrar na consciência de vocês. Não falamos aqui das
esferas dos acontecimentos e dos relacionamentos, mas única e exclusivamente da
disposição da consciência, seja em que idade anímica for, de dar acesso ao que o
respectivo ciclo lhes quer ensinar. A afirmação do objetivo fica mais forte; o ser
humano sente-se seguro do que quer e precisa agora.
A segunda etapa, de todo modo, não é uma etapa de grandes turbulências. Aqui não
há muito espaço para dramas e acontecimentos trágicos. Mas a aflição representará um
grande papel. Aflição significa a capacidade de poder aceitar o que é. Lamentar algo
não significa recusá-lo, e também não deve ser confundido com resignação, solidão,
fixação, com o ficar onde se está, o que caracteriza a segunda etapa. Uma sensação de
solidão que marca a vivência da alma do início da segunda etapa, leva direta e
indiretamente a uma nova contemplação do Tu. Uma segunda força é levada em
consideração na disposição de viver e de formar o Eu e o mundo. Na segunda etapa, o
Eu sai do seu egocentrismo. Agora ele pode dedicar-se de fato a um outro ser humano.
Essa é a pessoa que está mais perto, a que fica nas proximidades e é identificável. No
início da aparentemente
um fator terceira etapa essa capacidade é assegurada. Um outro fator será acrescentado,
imprevisível.
Quem estiver na segunda etapa - não importa de que ciclo anímico -, passará duas
ou três vidas nela, desenvolverá meios e métodos para conseguir a paz, pois quer
preparar-se para a terceira etapa turbulenta. A segunda etapa, se comparada com a
antecedente, entra predominantemente em contato com o medo no final, quando a
preocupação com um estado febril aumenta e vocês resolvem dar os passos
correspondentes para iniciar uma purificação do estado.
Na segunda etapa de desenvolvimento, vocês sentem que chegaram lá. Ainda não
chegaram ao objetivo definitivo, mas a uma estação intermediária protegida que lhes
permite fazer novas experiências. Vocês chegaram; portanto, olhem em volta e
comecem a sondar o novo lugar. Nesse meio-tempo, vocês se acostumaram ao estado
elevado e modificado de energia. Para isso serviu a primeira etapa. Agora vocês podem
se organizar.
A existência de vocês nessa etapa do desenvolvimento se parece com uma moradia
fixa, de onde vocês podem partir e fazer incursões por regiões mais distantes, sem
perderem seu ponto de referência. Vocês examinam tudo, aprendem a conhecer coisas
novas e outras pessoas sem ter de deixar o ambiente conhecido. Vocês descobrem novos
amigos, que fazem experiências semelhantes às de vocês e com quem as podem
compartilhar. Vocês sondam todas as possibilidades, as vantagens e desvantagens que
essa moradia lhes oferece.
Decisivo nesta fase é a intenção firme de ficar onde vocês estão, pois pela segurança
que essa disposição da vontade cria, abrem-se novas perspectivas no interior. Como há
certa tranqüilidade à sua volta, vocês se sentem impelidos a analisar as inquietações mal
perceptíveis em seu interior. Elas são como uma temperatura do corpo ligeiramente
alterada para mais; essas inquietações não são motivo para preocupações, mas são uma
razão para vocês fazerem uma averiguação rápida ou longa, para descobrir os motivos
dessa indisposição da alma.

Etapa 3 - Lema: Eu me alegro por ser empreendedor.

Uma pessoa, ao ancorar bem na segunda etapa e ao estabelecer uma base de


reflexão, paz e estabilidade, está preparada para sair renovada dessa base e ousar
avançar em esferas que não lhe são habituais.
E voltemos outra vez ao exemplo do lugar de trabalho: depois que a pessoa conhece
seu lugar de trabalho e se sente segura nele, ela pode introduzir melhorias - não só no
seu próprio setor restrito -, mas também no interesse do todo. Ela pode investir, pode
arriscar e pode ampliar sua sensação devido à segurança do seu ancoramento, no intuito
de aprender algo mais e de se aventurar; essas aventuras só terão sentido se ela não
perder completamente o contato dos pés com o chão firme, mas puder integrar
positivamente no trabalho o que aprendeu com suas aventuras.
A terceira etapa é marcada por certa leveza, por uma multiplicidade de interesses.
Agora, muita coisa é experimentada. Cada vida nessa etapa se caracteriza por um
grande número de talentos e capacidades que são entrelaçadas e ligadas. É um período
de um conjunto de impressões, um período de experiências mais ou menos cuidadosas,
mas também uma época em que a pessoa que se comporta audaciosamente comete
alguns erros a fim de aprender com eles. Ela compreende como é importante correr
riscos autênticos e elaborar os fracassos, as decepções, as dificuldades que existem no
risco legítimo.
Nessa as
possíveis etapa, a segurança
experiências. Elanão teráunicamente
serve grande significado. Ela àapenas
para colocar serveos
disposição para tornar
meios
destinados às viagens de aventura. Essas viagens têm seus objetivos no mundo interior e
no mundo exterior, mas o significado da terceira etapa está em primeira linha ligado à
segurança da segunda etapa com a disposição de conquistar algo totalmente novo,
territórios desconhecidos, ampliando assim os horizontes e integrando-os.
A terceira etapa é uma fase de agitação. Ela pode ser comparada com a agitação que
toma conta da pessoa ao sair pela primeira vez da casa dos pais para fazer sua primeira
viagem. Ela nunca saiu sozinha antes, e é possível que lhe aconteça toda sorte de coisas;
pela primeira vez, sentirá a solidão da existência na sua forma mais clara e desenvolverá
suas forças criativas. Rápidos avanços, retrocessos violentos, o movimento das ondas do
destino e o bem- estar psíquico são objetivos de seu esforço interior.
Nessa terceira etapa de desdobramento, vocês se deixam influenciar por muitas
idéias. A criatividade se alterna com longas fases de estagnação. Se não houvesse essa
estagnação, nada de novo lhes aconteceria. Muitas idéias só ficam no projeto e não são
concretizadas. Em grande medida, vocês dependem do apoio de outras almas, pois
apenas um grande trabalho de equipe poderá concretizar os planos ambiciosos que o
fragmento isolado de alma idealizou. Então, a terceira etapa se parece com uma abertura
para o exterior. O eu e o tu estão em estreito relacionamento desde a segunda etapa; eles
são previsíveis e estão integrados sem grandes medos. A abertura para fora, de que
acabamos de falar, acontece agora à medida que o fragmento de alma não só aceita o tu
que lhe está próximo, mas também o caótico, porque deixa que outras almas totalmente
desconhecidas participem coletivamente de sua consciência, à medida que aumenta
tanto as forças coletivas dos semelhantes quanto as forças da família anímica, que inclui
a ação e os processos de conhecimento do fragmento de alma neles incluído.
Em cada ciclo, a terceira etapa se caracteriza pelo caos criativo. Enquanto vocês
achavam que encontraram uma identidade na segunda etapa, na terceira ela será
questionada para que possa acontecer o imprevisível, para que possam ser introduzidas
mudanças que cada um de vocês não introduziria conscientemente. O caos, a desordem,
a falta de planejamento parecem impregnar essa fase. No entanto, por trás dessas
vivências de primeiro plano desenvolvem-se um plano e um estabelecimento do rumo
que, posteriormente, na quarta etapa, terá suas conseqüências.

Etapa 4 - Lema: Eu colho os frutos

A quarta etapa de cada ciclo da alma mostra o ser humano voltando de sua viagem e
como ele logo deve apresentar-se em sua segurança.
Ele, de novo, há de ficar mais calmo e a quarta etapa serve para ele trabalhar todas
as impressões, organizar as imagens, contar sobre suas experiências, fazer escolhas
sobre o que quer guardar entre as coisas que aprendeu, e para dar uma forma a ser
valorizada das visões que tomam conta de seu espírito, uma forma que possa avaliar e
integrar. Esta fase está repleta de alegria com o já vivido, e ao mesmo tempo de alegria
pela volta ao lar em segurança, repleta de prazer por obter a certeza de que nada se
perdeu e de que agora terá a oportunidade de acrescentar novidades e coisas nunca
ouvidas, a fim de sentir o antigo, não só como algo seguro, mas também como algo
enriquecido e enriquecedor.
A quarta etapa é a etapa da interiorização, a etapa da consciência, a etapa da
transmissão de conhecimentos, de impressões e experiências. As pessoas que se
encontram na quarta etapa agora podem ser muito úteis para motivar as outras a
empreender a viagem
Como nesta quartapara o desconhecido.
etapa o ser humano pode ser um grande amigo e agente de cura
para os que estão na segunda etapa, que ainda não estão em condições de ousar
empreender a grande viagem, mas estão prestes a fazê-la, da mesma forma, aquele que
está na terceira etapa pode ser muito útil para os que estão na primeira. Na quarta etapa
a pessoa tem tanta coisa para relatar, ela compreendeu tantas coisas a respeito de tudo
aquilo que ela experimentou que, mesmo sem muitas palavras, pode ser um exemplo
animador para os que têm os mesmos objetivos e só precisam de um último estímulo.
As condições para a quarta etapa são menos excitantes do que tranqüilizadoras. A
introspecção é mais importante do que o contato com a multidão, mas esse contato é de
grande significado, pois sem ele a pessoa da quarta etapa não conseguirá transmitir e
disseminar suas experiências. O contato assume formas inteiramente novas. Existe aí a
possibilidade de ensinar, a possibilidade de apoiar, de exercer o trabalho de “parteira”
em qualquer sentido. E ninguém que esteja na quarta etapa desejará furtar-se
completamente a essas tarefas, da mesma forma que não se esquivará das circunstâncias
da sua vida ou da sua estrutura psíquica.
Na quarta etapa de cada ciclo anímico, as pessoas vivem, pela primeira vez nesse
grande período, momentos de verdadeira satisfação e plenitude, pois colhem os frutos
de seu espírito empreendedor e de seu corajoso reconhecimento das lutas da terceira
etapa. Elas sabem o que têm, e estão conscientes de que depois de terminar com sucesso
uma viagem excitante, nem sempre isenta de riscos, estarão dispostas a fazer outras
viagens que as levarão para regiões ainda desconhecidas ou não exploradas.

Etapa 5 = Lema: Eu fico inquieto

Na quarta etapa de desenvolvimento de sua longa viagem anímica, o ser humano


havia voltado para casa, havia se tranqüilizado e comunicara suas experiências aos
outros. A quinta etapa o leva a pensar e a fazer novos planos. Ele sabe que ainda não viu
tudo, mesmo que a viagem tenha sido estimulante. Agora ele fica sabendo de outros que
já escolheram locais interiores que para ele ainda são desconhecidos, mas que parecem
ser bastante atraentes; ele fica sabendo que de modo nenhum é impossível chegar a
esses lugares; mas que é preciso muita determinação e muito esforço para chegar até
eles.
E o ser humano na quinta etapa de desenvolvimento de cada um dos ciclos torna-se
inquieto, ansiando por uma nova mobilização, por uma saída para outro lugar. Ele, no
entanto, não tem certeza se conviria assumir outra vez as fadigas todas, as quais ele
ainda traz na lembrança. Por isso, ele está bastante interessado e também motivado a
perguntar a cada um que já esteve lá como deve preparar sua saída; quer saber o que
precisa levar, qual deve ser seu equipamento interior e exterior. E acima de tudo, ele
está ávido em poder experimentar o que ele puder vivenciar lá.
A quinta etapa, portanto, estimula a vontade de saber, gera curiosidade. Ela se
parece com a época em que a pessoa se prepara para uma viagem de férias ou de
pesquisa - esta comparação nos parece adequada por muitos pontos de vista - e isto não
quer dizer apenas folhear prospectos, mas também que ela se propõe a descobrir a
história do povo, à geografia do país, aprender a língua, tomar as vacinas necessárias no
local, estudar os mapas. Tal preparativo exige muito tempo e quando tudo só é
aprendido nos livros e não por meio de perguntas aos que estiveram no lugar, o
conhecimento teórico não ficará verdadeiramente sedimentado.
No entanto, a pessoa no estágio 5 de desenvolvimento tende fortemente a obter
informações
ocupa com o de quesegunda mão.os
escreveram Elaque
lê muito sobre
sondaram as experiências
esses dos outros.
locais interiores, e só porEla se do
volta
final desta etapa ela estará preparada para o contato direto com os que possam transmitir
uma impressão viva, renovada do local.
Mas então, arrebata-a a vontade de viajar e os longos preparativos dão-lhe coragem
para partir para o desconhecido. De repente ela decide viajar, e há tempos desejava fazer
e começa a deixar de lado todas as preocupações, acha que conseguirá vencer os riscos,
um por um, à medida que mergulhar de cabeça, e se deixar levar pelo desencadear dos
acontecimentos. A cautela inicial transforma-se em arrojo. No entanto, ela sente que sua
inquietação pode ser atenuada através de intensas atividades.
Pode acontecer de ela ir para um ashram, para passar ali o resto de sua vida; ou ela
pode renunciar à sua profissão e tornar-se um político engajado. O que a sacode em sua
quinta etapa e a faz empreender viagens de prazer, é algo que depende da sua idade
anímica. Característico é o fato de que ela desconhece reservas e de muitas maneiras a
dinâmica da quinta etapa se fará refletir também em sua vida como indivíduo. Não raro
será uma pessoa que terá passado a metade de sua vida em recolhimento, e então,
subitamente, sente em si mesma uma força extraordinária que começa a produzir frutos
em todas as facetas da sua vida.
Aqui vemos também aqueles que viveram muitos anos sozinhos e, em idade
avançada, estabelecem um relacionamento forte e profundo com alguém, que muitas
vezes tem um segundo plano kármico, ou então os que só conseguem desenvolver uma
atividade artística bem tarde na vida, os que se dedicam a uma nova profissão ou
freqüentam a universidade como aposentados; ou os que se estabelecem em país
estrangeiro, distante, metendo-se em aventuras e que geram inseguranças.
Também nessa etapa as pessoas se transformam em exemplos. Elas se comportam
de modo animador, mesmo que perturbador para muitas outras. No entanto, elas não
entendem conscientemente essa sua função de espelho. Elas apenas se admiram pelo
fato de que as outras que têm menos coragem ou estão numa fase de tranqüilidade as
admirem. Elas mesmas são movidas por potentes forças interiores, e têm a impressão de
que estão fazendo algo especial que pode levar as outras a imitá-las.
As pessoas na etapa 5 de cada idade anímica são individualistas declaradas. Elas se
esquivam de todos os hábitos e atividades de massa. Querem algo diferente, algo novo,
mas não se arrojam por muito tempo para tornar seus sonhos uma realidade. A dinâmica
tardia corresponde à inquietação anterior. Essas almas descobrem a felicidade
tardiamente. E vivem a vida como nitidamente dividida em duas partes em sua captação
de energia. Para essas pessoas, a coisa se passa como se fossem duas pessoas que vivem
uma e a mesma vida. Elas mal se reconhecem quando chegam à segunda fase do seu
desenvolvimento.
Elas também estão entre as pessoas que são procuradas pelos outros. Não são
espontâneas em se doar aos outros depois de darem o grande salto, em se doar aos que
se amedrontam diante do risco ou a outros que acabam de voltar para casa depois dessa
viagem. Elas muitas vezes se separam do passado e das pessoas que conheceram na
primeira fase da quinta etapa de desdobramento.
É mais fácil observar que, depois do grande salto, que impressiona por ser
estimulante e ao mesmo tempo tranqüilizador, muitas têm contato anímico com os que
conheceram na terceira etapa do desenvolvimento anímico. A quinta etapa está repleta
do poder da expectativa refreada e da tensão liberada. A liberação é enorme e dura por
muito tempo. Muita coisa que parecia adiada eternamente agora se realiza. E como a
quinta etapa, se dominada com sucesso, custa muita energia e leva a certo cansaço
natural, segue-se na sexta etapa uma nova, fase de retrocesso e de reflexão.

Etapa 6 - Lema: Preciso de paz e de harmonia

Existe uma tranqüilidade que antecede a tempestade, existe uma tranqüilidade que
sucede a tempestade. Antes da tempestade existe tensão e expectativa. Depois da
tempestade, no entanto, acontece uma grande descontração, mesmo que as sensações
ainda estejam agitadas pela lembrança e os sentimentos só voltem ao estado de
equilíbrio aos poucos. A sexta etapa de cada idade anímica é comparável com essa paz
depois da tempestade, ao passo que a quinta etapa descreve a tensão que existe antes de
dar o grande salto e sofrer a natural e conseqüente agitação.
A sexta etapa é sustentada por um sereno sentimento de felicidade proveniente da
alegria pelo que se conquistou. É um tempo de colheita, não no sentido de que a colheita
dá muito trabalho, mas porque a pessoa então pode alegrar-se com a colheita dos frutos
de suas ações. E quando um ser humano quer se alegrar, ele não pode viver sob ameaça.
Ele não está na condição de se descontrair e, ao mesmo tempo, ficar tenso. Mas nesta
etapa do desenvolvimento é necessário, primeiro, aprender de fato a se descontrair. É
por isso que muitos se dedicam a todas as formas possíveis de meditação, sejam elas
estruturadas ou não, sejam as divulgadas por escolas diferentes ou pertençam às escolas
tradicionais.
Aqui a meditação é tudo o que atende às necessidades de paz e harmonia da alma na
sexta etapa de desenvolvimento. Pode tratar-se de uma horinha no bosque ou de assistir
a um concerto, pode tratar de passar uma vigília junto à cama de uma criança doente,
bem como de uma forma concentrada de atividade física que conduz o espírito por
rumos determinados e o ajuda a não ficar passando de um pensamento para outro. Mas
existem várias meditações conscientemente orientadas e dirigidas que muitos preferem,
porque sua educação e formação raras vezes ou nunca permitem que gozem de um
momento de paz no decorrer da vida cotidiana. Não estamos falando aqui apenas dos
ocidentais, mas das pessoas como um todo. Um camponês africano que trabalha duro da
manhã até a noite para ganhar seu sustento, pode chegar a formas de meditação quando
vai atrás do seu gado, quando ara seu campo ou quando se senta junto ao fogo à noite:
mas ele também pode cumprir determinados rituais de tempos em tempos, que sempre
acompanham seu estímulo meditativo e sua conseqüente tranqüilização.
Uma pessoa que está vivendo a sexta etapa de sua idade anímica freqüentemente se
encarnará em culturas e países que oferecem uma possibilidade tradicional garantida
para a vida de reflexão, como, por exemplo, onde vivem os esquimós, e onde as grandes
cidades ficam distantes; onde haja muita harmonia com o meio ambiente, o clima e a
alimentação; onde as famílias ainda vivem em comunidades bem organizadas que não
jogam toda a responsabilidade ou toda a desgraça sobre um individuo.
Na verdade, conflitos não agradam à pessoa na sexta etapa de desenvolvimento
anímico. É claro que não pode evitá-los sempre; no entanto, ela os abomina porque já
fez suficientes experiências com eles. Agora a pessoa precisa de uma harmonia que é
mais do que uma harmonia aparente. Por isso preferirá formas de vida que estimulem
comparativamente poucos conflitos com os semelhantes. Muitas vezes, terá a tendência
de permanecer solteiro, a fim de não ter de enfrentar os conflitos junto com um cônjuge.
Neste estágio, isso não é uma carência e nenhum sinal de comportamento neurótico de
afastamento, porém, uma necessidade interior profunda. Nada é mais importante para a
pessoa na sexta etapa do que a verdadeira harmonia consigo mesma, que forme uma
circulação com as possibilidades da natureza. Também isso não significa que essa
pessoa viva sem contato com outras pessoas ou sem relacionamentos humanos; no
entanto,
visto quenessa fase,interesse
não tem ela achaem
agradável
trabalharnão se comprometer
problemas ou fazertotalmente
um esforçonem se perder,
íntimo
consideráveis.
Se ficamos com a imagem abrangente da viagem da vida ou da existência, então esta
é a época em que a pessoa começa uma viagem mais longa de férias que, em primeiro
lugar, é dedicada à recuperação. Não se trata mais de conhecer muitas novidades, de
visitar muitos lugares e de viver aventuras. O objetivo dessa viagem é muito mais o de
juntar forças e reconquistar uma saúde anímica que ficou fraca ou que se perdeu durante
os esforços do grande salto. Uma viagem de férias como essa, livre de todas as tensões e
imagens negativas que se apresentam com tanta riqueza em outras fases de transição e
em outras etapas de desenvolvimento, é uma recompensa merecida por todo o trabalho
que foi empreendido pela alma exatamente na quinta etapa quando ela reuniu forças e
deu o grande salto sobre o abismo do próprio eu repleto de medo.
Desse tipo de férias fazem parte muitas alegrias. Enquanto um parceiro proporcionar
predominantemente essas alegrias harmônicas, ela de forma nenhuma será desprezada.
Mas uma pessoa na sexta etapa se desliga do parceiro quando o relacionamento fica
difícil demais, ou quando busca um parceiro que também precisa descansar dos
conflitos, sem rejeitar totalmente esse tipo de relacionamento. O local de trabalho de
uma pessoa na sexta etapa, não importa qual seja a sua cultura, deve oferecer-lhe um
cenário tranqüilo, pois sempre será infeliz e se sentirá deslocada se for submetida à
pressão e ao excesso de tensão.
Naturalmente, a sexta etapa também tem seu lado difícil. A pessoa que busca paz e
harmonia, e que de fato precisa delas, muitas vezes se deixa pressionar e, então, perde
seu objetivo de vista. Não raro ela é vítima dos que parecem desejar algo dela, algo que
não pode oferecer nem quer realizar. No entanto, podemos observar que existe um
dilema entre suas reais necessidades e aquilo que sua psique estabeleceu como ideal ou
como norma.
Assim a pessoa na sexta etapa de seu desenvolvimento pode ter crescido num meio
em que eram valorizadas demais a aplicação e a disposição para o trabalho, e com isso
ela se sente obrigada a negar sua necessidade de agradar aos outros. Uma pessoa nessa
sexta etapa também está cansada de se submeter às exigências de sua formação
religiosa. Ela ainda aprecia fazer suas orações a fim de não se ver censurada, o que a
transforma num agnóstico morno, pois suas convicções não significam muito para ela.
A pessoa na sexta etapa busca paz e harmonia no seu interior. Isso significa que cria
condições para sua visão de mundo e para suas crenças, pois terá de adaptar-se às
exigências de cada situação. Portanto, é uma pessoa cujo espírito e psique são flexíveis,
chegando a parecer alguém instável. Essa capacidade de adaptação é o seu meio interior
de garantir o necessário equilíbrio interior.
Quando não é possível alcançar essa paz e harmonia por outros meios, a pessoa na
sexta etapa mostra-se disposta a ficar a sós por muito tempo. A forma de vida do
ermitão pode ser encontrada em todas as culturas e formas de sociedade. Ela pode ser
observada no pesquisador que trabalha num ramo em que não depende da presença de
colegas nem do seu trabalho, bem como no velejador solitário que decide passar
semanas e meses sozinho no mar. O carvoeiro em sua cabana no meio da floresta ou a
mulher idosa, que só sai de casa para fazer as compras e que não sente falta do convívio
com as pessoas, muitas vezes, é um ser humano que se encontra na sexta etapa de
desenvolvimento. O tipo do eremita de forma nenhuma é sempre religiosamente
definido. Ele simplesmente é impelido pelo desejo de ficar só, de ficar em paz para
encontrar a harmonia interior que poderia ser perturbada por terceiros.
Toda essa fase, que muitas vezes dura um pouco mais do que as outras etapas, serve
para elaborar,e registrar,
experiências digerir o Elas
desenvolvimento. que as outras primeiras
liberaram cinco aetapas
ação e, assim, sexta trouxeram
etapa do como
desenvolvimento total da alma representa umas férias de quatro semanas, em
contraposição a onze meses de trabalho árduo.
Só depois que essa fase de recuperação se completar em seus processos de
elaboração e apaziguamento, é possível pensar em assumir a sétima etapa, aquela que
mostra a capacidade integradora de usar tudo o que a longa e trabalhosa jornada pela
vida ensinou, a partir da soberania da compreensão, da prática e do conhecimento.

Etapa 7 - Lema: Ponho em prática o que aprendi

A sétima etapa do ciclo de desenvolvimento da alma, por sua vez, é uma etapa de
trabalho. Chegou a hora em que usar o que se aprendeu não é mais visto como
dificuldade, tarefa ou exigência, mas como vontade de aplicar as convicções e
capacidades que foram conquistadas; antes isso só era realizado de forma imperfeita e
com grande trabalho.
A sétima etapa é um período de trabalho. Mas esse trabalho não é o do aprendiz ou
do colega, mas o trabalho de um mestre. Quem domina seu instrumento de trabalho e
pode fabricar ou apresentar o que faz, não só no sentido material, mas também no
espiritual; o trabalho é feito de outra forma, o resultado também é diferente.
O mestre trabalha com descontração e soberania, porque ele domina sua profissão e
também os instrumentos e a teoria; e, além disso, ele associa o pensamento ao seu
trabalho, que deve ser executado de modo totalmente independente. O trabalho é fruto
da sua formação, do seu esforço, mas também fruto da sua experiência e da conquista da
segurança. Certeza gera isenção de medo.
Aqui se trata de uma genuína tranqüilidade obtida graças ao tesouro das próprias
experiências e de uma certeza que também admite a incerteza, que continua flexível, em
vez de firmar pé no que quer obter; trata-se de uma certeza que é prazerosa e
corresponde ao deleite da pessoa que depois do medo inicial da água supera sua timidez
e toma aulas de natação, desenvolvendo assim confiança na força de sustentação da
água, mas que tem de superar um medo maior quando se atreve a entrar num mar de
ondas altas, para depois afastar-se do contato com os elementos ameaçadores; em
seguida, com nova coragem, enfrenta aulas de natação, aprendendo a técnica com a qual
se supera, estabelecendo com o elemento líquido uma tal camaradagem que se
movimenta na água como se fosse um peixe, seguro de sua capacidade de nadar e que
não precisa mais ter dúvidas quanto ao fato de não afundar, a não ser que ocorra algo
que ultrapasse suas capacidades naturais ou a deixe sem forças.
Usar o que a alma aprendeu sem ter medo, o que provocaria uma certa insegurança,
é a característica da sétima etapa de desenvolvimento anímico. E nesse estágio a alma
aprendeu tanto, ela tem tanta informação à disposição quanto ao conteúdo e quanto ao
estrutural, que ela cria a partir de uma abundância e, até, de uma superabundância, e
nem sequer sabe o que deve escolher primeiro, a fim de experimentar o prazer do que
foi conseguido, o prazer do domínio da matéria. A riqueza de possibilidades age de
modo perturbador. Tantos talentos são manifestos, tantas características do próprio ser,
que surge uma nova insegurança que não provém do medo, mas da presunção de ter de
saber tudo.
A vida de uma pessoa que se encontra na sétima etapa do seu ciclo de
desenvolvimento é caracterizada pela fartura. Essa pessoa, antes de tudo, precisa
perscrutar
domínio dos suas múltiplasantes
problemas aptidões
de seedecidir
tambéma fazer
o âmbito de conhecimento humano e do
sua escolha.
A certeza de que mais vidas estão à disposição dela para esgotar a riqueza de
possibilidades e seu uso pode servir-lhe de consolo. E seria uma pena se capitulasse
diante da multiplicidade de tesouros disponíveis só para não ter de decidir qual tesouro
de experiência escolherá e porá em uso.
Para um indivíduo, esse tesouro será um elo com a música, a matemática e a
meditação; para outro, a arte teatral associada à orientação de pessoas e o exercício do
poder mediante o desempenho de papéis teatrais. Finalmente, um terceiro desejará
experimentar a vida na sua totalidade, dedicando-se à educação de crianças, à leitura e à
escrita, capacidades que até então não conseguira juntar.
Até agora nos referimos a três capacidades, mas com freqüência elas são dez, vinte
ou até mais. No que nos diz respeito, trata-se do seguinte: para a sétima etapa, é
imprescindível que se busque uma síntese, uma integração que leve as divergências a
uma enriquecedora isenção de divergências que espontaneamente permita combinar
disparates. Não a renúncia, porém a união dos anseios antes sentidos como repletos de
conflitos e contradições caracteriza essa fase.
Agora, a necessidade de unir tudo entre si, pode levar à postura de um “faz-tudo”.
Com isso, não mencionamos a fraqueza, designada como desperdício, mas a
superficialidade que acompanha a pretensão de conhecer tudo. Da necessidade de fazer
uma escolha já falamos, mas escolha obriga à análise das próprias possibilidades, uma
análise que não seja pressionada pelo medo de ter de renunciar ou de deixar passar
alguma coisa.
Portanto, quem for atormentado pela cobiça ou pela impaciência, terá mais
dificuldades para escolher algo da riqueza do seu potencial do que a pessoa obstinada e
que se assusta diante do que oferece demasiada insegurança. A pessoa que nega as
próprias qualidades, do contrário, não usa suficientemente as possibilidades oferecidas e
disponíveis. O orgulhoso, por sua vez, usa as capacidades presentes como arma contra
os outros e contra si mesmo. O mártir trabalha excessivamente, porque quer fazer
justiça a tudo e a todos; o auto-sabotador faz tudo o que pode fazer, mas evita a
animação de fazer e a alegria com o fruto do seu trabalho.
Assim, fica claro que a característica principal e o peso do medo momentâneo
cobrem ou turvam a capacidade de usar o que se aprendeu, imprescindivelmente
necessária na sétima etapa e que está presente em todos os casos. A sétima etapa encerra
um ciclo de experiências anímicas e, por isso, não se refere apenas a capacidades,
talentos e experiências mundanas, mas também, e antes de tudo, aos processos de
aprendizagem correspondentes a cada ciclo, por meio do amor e do medo. A sétima
etapa é sempre a que permite que a pessoa lide de forma mais intensa e, ao mesmo
tempo, mais descontraída com o amor e o medo, permitindo sua presença e chegando
mesmo a estabelecer um bom relacionamento com eles.
Visto que a alma dessa pessoa agora conhece todas as vantagens e desvantagens que
existem em cada ciclo, quando se trata de determinados posicionamentos ou
comportamentos, e modos, de demonstrar amor e medo, ela não está completamente
livre das dificuldades que também se apresentam nessa etapa, mas ela sabe lidar melhor
com elas porque está numa fase em que não se enreda como antes, mas tem uma clareza
e segurança que só desaparecem na primeira etapa de um novo ciclo.
Isto significa que o indivíduo está mais consciente de suas possibilidades e limites
do que aqueles que se movimentam em outras etapas. Na sétima etapa, a pessoa põe em
prática o que aprendeu e nisso ela encontra a sua realização. Ela sabe o que sabe e está
mais ou menos
no mundo para dolorosamente consciente
se aprimorar a partir do que não
da experiência sabe. Ela trabalha
conquistada, emésipara
visto que mesma
si e
mesma e para os outros um pólo de repouso - não porque se retrai, como nas vidas da
sexta etapa, mas porque está na posição de viver o sobe e desce da vida, a dor e a
alegria, o desamparo e o poder, sem se sentir obrigada a se fixar num dos pólos.
Os opostos que determinaram os seis primeiros ciclos vão se desfazendo
paulatinamente. E a alma e a pessoa na sétima etapa estão em condições de reconhecer o
elemento que une os opostos. Por isso, na sétima etapa as pessoas muitas vezes têm uma
visão de mundo abrangente e um senso de humor que as pessoas em outros ciclos de
desenvolvimento não conseguem exibir.
Distanciamento e engajamento, proximidade e distância, retração e disposição total
são exigências para permitir uma vida na comunidade humana: tudo isso a pessoa na
sétima etapa consegue unir em si e sentir com alegria como o fato a deixa coesa. Ela
realiza um bom trabalho, o que significa: tudo o que faz para si mesma, ela o faz
simultaneamente para a comunidade de seres humanos e de almas. Também nisso não
há mais separação.
A sétima etapa encerra o respectivo ciclo anímico. E quando algo se encerra, é
também válido despedir-se. A despedida sempre está associada à tristeza e muitas vezes
ao sofrimento. Independentemente de qual ciclo - se o primeiro, um intermediário ou o
último -, quando ele chega ao fim, a alma se sente ligada ao antigo com amor e gratidão,
e se esforça pelo novo com a certeza de que tem de continuar evoluindo. Ela não pode
fixar-se num lugar. Seu anseio está invariavelmente voltado ao reconhecimento de
novas dimensões.

APÊNDICE
OS SETE PADRÕES ARQUÉTIPOS DA ALMA
Energia Papel da alma Principal característica Objetivo de desenvolvimento
1 Agentedecura Abnegação Demora
2 Artista Auto-Sabotagem Recusa
3 Guerreiro Martírio Subordinação
4 Erudito Obstinação Estagnação
5 Sábio Avidez Aceitação
6 Sacerdote Orgulho Aceleração
7 Rei Impaciência Domínio

MODODEAÇÃO
Discrição ASMENTALIDADES
Estóica CENTRO
Emocional
Precaução Cética Intelectual
Perseverança Cínica Sexual
Observação Pragmática Intelectivo
Poder Idealista Espiritual
Paixão Espiritualista Extático
Agressividade Realista Motor

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