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FACULDADE DE EDUCAÇÃO
DISCENTE: MÔNICA NUNES
PROFESSOR: Drº MARCELO MAC CORD
DISCIPLINA TÓPICOS ESPECIAIS EM HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO
FICHAMENTO 1
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humano são essenciais para seu crescimento e compreensão a respeito da vida e
suas implicações.
O inglês Guilherme III e seu Ato de Tolerância marca a direção de um novo
olhar sobre aquilo que se entende por liberdade religiosa e, com ele, discípulos da
Igreja Protestante contam com mais autonomia para nas práticas religiosas. A partir
desse movimento, a Igreja Católica passa a ser mais questionada acerca das suas
imposições. Todavia, Locke postula que os conflitos entre as diferentes religiões
atravessam negativamente a emancipação do homem e tornam a intolerância mas
difícil de ser superada. Nesse contexto, os religiosos que se mostrarem incapazes
de entender e aceitar que têm por direito a liberdade individual de pensar diferente e,
portanto, o pensador os chamará de monstros, por conta da cegueira oriunda de
suas ideias intolerantes.
Com o rompimento ocorrido nesta época entre a monarquia britânica e a
Igreja Católica, as relações entre elas seguem cada vez mais estreitas e, Locke,
demonstrará sua preocupação com a tensão gerada entre o poder civil e o poder
religioso. Como resultado, defenderá na Carta que o poder civil não deve ter
ingerência sobre os artigos de fé, dos cultos ou das doutrinas religiosas, sendo,
portanto, atribuição da Igreja manutenir todas as questões de cunho religioso. Dito
isto, para ele, a liberdade individual, bem como o direito à propriedade tencionados
em razão da ameaça advinda da intolerância estariam em risco e assim postula a
necessidade de se questionar e legitimar o direito à liberdade e a propriedade
individual.
De forma mais esclarecedora, Voltaire norteará sua análise a partir da
condenação de um religioso protestante acusado, apesar dos indícios de suicídio,
pela morte de seu filho, Jean Callas, que era adepto do catolicismo. Sua proposta é
refletir levando em conta tal julgamento e a intolerância que o envolve, tomando,
então, objeto de reflexão as questões sobre a intolerância, a tolerância e o fanatismo
que envolvem a liberdade de consciência e crenças. Os argumentos de Voltaire
giram em torno do abuso da religião e o dogmatismo exagerado que havia vitimado
muitas pessoas. Ele defendia a expressão de uma realidade adequada para
viabilizar a convivência pacifica entre as religiões da Europa do Século 18, uma vez
que as relações entre católicos e protestantes se mantinham sob tensão,
inviabilizando um estado hegemônico entre as partes, visto que cada uma poderia
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contribuir com a nação. Entretanto, ele chama a atenção para a disputa de espaço e
legitimidade entre as diferentes vertentes religiosas, que culminavam em atos
violentos após intensa perseguição. A fim de embasar seus argumentos, Voltaire,
faz uma comparação entre as relações da Antiguidade Clássica, nas quais gregos e
romanos conviviam cada qual com sua religiosidade e as conexões conflitantes
entre os religiosos de sua época. Para ele, a controvérsia que existia era pertinente
ao desenvolvimento de uma importante reflexão e indagação se a intolerância seria
ou não considerada de direito natural ou humano. Logo, seria imprescindível definir
o que seria direito natural e o direito humano. Isto posto, ele avalia que o direito
natural é indicado a todos os homens por natureza, enquanto o direito humano se
funda no direito de natureza, aparecendo, portanto, em ambos o princípio universal
de não fazer ao outro o que não gostaria que fizessem contigo.
Segundo Voltaire, a intolerância não poderia ser considera de direito humano,
uma vez que a tendência de atos violentos é gerar mais violência. Assim, ele
desconstrói as narrativas e doutrinas do catolicismo, buscando um ponto em comum
entre o culto aos mártires, a natureza do martírio e a intolerância praticada pela
Igreja diante das diversas vertentes religiosas. Com isso, defende que o sangue
derramado pelos mártires, exaltado no catolicismo, nem sempre poderia ser
relacionado com o suplício vivido por aquele que se tornou mártir. Nesse sentido, os
mártires, se observado a luz da intolerância, foram aqueles que rebelados contra os
falsos deuses se manifestaram de forma violenta contra o culto oposto. Ele enfatiza
que tolerar é preciso, haja vista que sem a tolerância os homens seriam afligidos e
devastados pelo fanatismo.
Diante do exposto, Carneiro conclui que sua pretensão é apenas remontar a
discussão que se refere aos tratados de Locke e Voltaire a fim de apontar que tais
estudos nos induzem a refletir sobre a tensão que, nos dias de hoje, ainda paira
entre as diferentes vertentes religiosas. Há que se pensar na sociedade brasileira
tão marcada por distintas realidades sociais e os constantes conflitos que surgem
entre os limites da tolerância e da intolerância religiosa.
Ago/21